Se você é do tipo que diz não ter
um minuto livre para atividades
que não lembrem suas tarefas
profissionais ou deveres domésticos,
saiba que sua chance de desenvolver o
estresse e todos os problemas que ele
traz é maior que a das pessoas que têm
um hobby. E mais: encontrar tempo
para uma ocupação capaz de desviar
sua atenção das preocupações com o
trabalho é uma questão muito simples,
basta definir prioridades.
Ao se dedicar a atividades de lazer
- sem descuidar de suas obrigações -
você quebra a rotina do dia, alivia as
tensões e (como um argumento para
sensibilizar aqueles que consideram o
trabalho a única coisa que interessa)
aumenta a disposição para encarar
as tarefas profissionais. “O organismo
humano pode ser comparado a
um carro”, diz a médica Alexandrina
Meleiro, do Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas de São Paulo.
“Colocá-lo para trabalhar
durante horas
seguidas todos
os dias da semana
pode provocar superaquecimento
e diminuir a vida
útil do motor”.
Encontrar
tempo para
as atividades
extras
é mais
fácil do
8
CAPA
JORNALVERAN49
www.veran.com.br
que parece. E quando sua diversão
lembra a infância, é melhor ainda.
“Quando a pessoa faz algo por prazer,
o tempo deixa de ser um problema.
Atividades que fazem as pessoas se
lembrar de épocas felizes da vida -
como é o caso da infância - são boas
escolhas”, sugere o psicólogo Luiz
Carlos Torres.
E como descobrir a atividade que
mais combina com você? Isso depende.
A forma de avaliar se o hobby é
adequado ou não é subjetiva. Qualquer
atividade pode transformarse
num hobby. A pessoa pode, por
exemplo, dedicar-se a uma coleção
de selos. Ou praticar algum esporte.
Ou trocar mensagens com desconhecidos
pela internet. Ou ainda tomar
aulas de danças de salão ou assistir a
filmes clássicos. Um cuidado importante
é impedir que o hobby termine
por tomar todo o tempo livre e acabe
afastando a pessoa da convivência
com a mulher, o marido, filhos ou
amigos. “A vida social também é importante.
O hobby deve ser um passatempo,
não ocupar todo o tempo da
pessoa”, adverte.
E fica um alerta: é preciso ter o cui-
dado de evitar que o passatempo se
transforme em obsessão e em fonte de
preocupação. “Quem for tão exigente
com seu desempenho no passatempo
quanto é no ambiente de trabalho
nunca conseguirá relaxar”, diz o psicólogo.
“A atividade profissional também
deve ser prazerosa, para que os
momentos de lazer não se reduzam a
mera compensação das frustrações do
escritório”.
Voltando a ser criança
Brinquedos, bonecas, super-heróis,
camisetas de desenho animado. Você
deve estar pensando: tudo isso é coisa
de criança! Na verdade, é muito comum
encontrar adultos que gostam
de usar e ter objetos que lembrem a
sua infância. A febre é tão grande que
existe um termo para designar as pessoas
que têm este comportamento.
Elas são chamadas de kidults, mistura
de criança com adulto.
É o caso de Mariéllen Emidio Figueroa.
A nutricionista de 25 anos não
esconde a paixão por um hobby que
tem desde criança: colecionar bonecas.
E não é só isso. “Sempre gostei de
tudo relacionado às bonecas, desde
menina”. Tudo comemeçou quando ela tinha ha
10 anos. “Minha tia
me comprou uma booneca de presente de
natal. A partir daí, aí,
não parei mais. Todo do
aniversário eu pedia ia
uma”, conta.
O tempo foi passsando, a coleção ão
crescendo. Ela tammbém.
“Conforme fui
ficando mais velha, ha,
parei de ganhar as
bonecas. Mas semempre cuidei delas, e
toda vez que passaava perto de uma loja oja
de brinquedos ficava ava
com aquela vontade”, de”,
se diverte. “Depois comecei
a estudar fora ora e
a coleção parou de e vez.
Mas quando voltava a para
casa, a primeira coisa isa que
fazia era ir ver como mo elas
estavam”, diz.
E foi nessa época a que o
hobby começou a ajudar.
“Eu trabalhava, estudava studava e
morava longe de casa, asa, da família.
Comecei a sentir falta
disso e levei as bonecas necas comigo.
Montei um quarto rto para elas
dentro do meu e comprei um
iate para elas”, explica. lica. E não foi
só ela quem aprovou ou a mudança.
“As minhas amigas as não saíam lá
de casa! Todo mundo ndo as adorava, a
gente brincava, parecíamos recíamos crianças
mesmo”.
Para ela, o hobby y faz parte da vida.
“Eu não me vejo sem em essas bonecas.
Até hoje quando alguma amiga de in-
fância vem aqui, a gente brinca, se diverte.
Já pedi para minha tia que mora
no no exterior me mandar uma nova que
foi lançada na Europa e a coleção vai
crescer sempre”, promete. promete.
E a mensagem para quem tem vergonha
de “voltar a ser criança” é bem bem
clara: “Todos nós já fomos criança um
dia e é uma época muito legal. Faz bem
para a mente, é divertido. Quem não
gosta de diversão?”, defende.
Mas não são apenas as bonecas que
despertam a criança nos adultos. O
supervisor supervisor de TI Eduardo José Rodrigues
tem 42 anos e pratica aeromodelismo
há 10. Esse interesse
surgiu da paixão pela aviação,
que começou ainda na infância.
Para ele, o ideal seria praticar
todo final de semana, porémrém
não tem sido possível. possível. O
rádio (equipamento que serve
para controlar o avião)
está precisando de uma
revisão geral e não pode
ser utilizado, fato que que não
o impede de estar com os
amigos na pista, para jo-
gar uma conversa fora e observar as
mmáquinas
voadoras.
Para ele, ter um hobby pode ajudar
a superar situações de estresse. “Meu
primeiro p avião, por exemplo, comprei
de d um senhor que estava sofrendo de
depressão d
e o médico incentivou a
procurar p uma distração. Foi quando
ele e iniciou no aeromodelismo e, desde
d então, não largou mais. Hoje, é sua
grande g paixão e a depressão foi embora”,
r relata.
“No hobby acabamos nos desligando
g dos problemas, preocupações
e correrias que a vida moderna nos
impõe i e focamos naquilo que nos dá
prazer. p Quando estou com meu avião,
transformo-me t
numa criança com seu
brinquedo, b
o que é muito bom. Não
vejo v problemas, preocupação, só vejo
distração d e alegria”.
Esporte também
é hobby
Seja coletivo ou individual, esporte é
sinônimo s de diversão para muita gente.
t Natação, corrida e até a pelada de
final f de semana valem. O importante é
colocar c o corpo em movimento.
A securitária Luzinete Ferreira de
MMelo,
de 33 anos, é um bom exemplo.
CCorre
quatro vezes por semana e pra-
ttica
musculação. “Quando estou em
aatividade
física com uma boa música,
ssaio
de órbita, esqueço de tudo. Se fico
ttrês
dias sem ir para a academia, mi-
nnhas
pernas doem, fico insuportável”,
rrevela.
Outro hobby é o surf, influência de
um u ex-namorado. Pelo menos duas vezes
z por mês ela vai à praia. Além disso,
s já viajou para pegar onda na Costa
Rica. R “O surf é mágico! As ondas, mesmo
m sendo marolinhas, são mágicas.
Pratico P há sete anos”, conta.
Na opinião dela, ter um hobby é
muito m importante: “Faz parte do meu
dia d a dia. Se tive um dia difícil e sei
que, q ao sair do trabalho, vou fazer o
que q gosto, tudo muda”.
Música para relaxar
Outro hobby comum é a música. Tocar
c um instrumento distrai e faz bem
para p a alma. A estudante Fabiana Alves
v Ferreira, 25 anos, descobriu o interesse
t pela música ainda na infância.
“Aos “ 7 anos já cantava no coral infantil
da d igreja. Quando tinha 15, aprendi a
tocar t violino”.
Até os 18 anos, ela praticava uma
hora h por dia. Depois, com o trabalho
e os estudos, a prática passou para os
A coleção de Mariéllen é diversão para ela e as amigas
Música: hobby que ajudou Fabiana a ser mais disciplinada
fins de semana. “Eu costumava tocar
no quarto dos fundos da casa, pois minha
família já não aguentava mais ouvir
os mesmos exercícios e melodias. É
um instrumento que exige muita disciplina
e paciência”, ressalta.
A paixão e dedicação à música levou
Fabiana a ensinar crianças a tocar violino.
“Foi uma experiência fascinante”,
conta. Para ela, o hobby traz muitos
benefícios para a saúde física e mental.
“Além de aliviar o estresse, me tornei
uma pessoa mais centrada e disciplinada
em vários aspectos da minha vida
pessoal e profissional. A música exige
muito da pessoa. Você desenvolve raciocínio
lógico, coordenação motora e
aprende a arte da improvisação”.
E você, tem um hobby? Tá esperando
o quê pra começar a se divertir?
JORNALVERAN49
www.veran.com.br
9