14.05.2013 Views

O poeta e a cidade no mundo romano - Universidade de Coimbra

O poeta e a cidade no mundo romano - Universidade de Coimbra

O poeta e a cidade no mundo romano - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mnemosyne kai Sophia<br />

O presente volume oferece, pois, diversas abordagens da <strong>cida<strong>de</strong></strong> presentes<br />

nas obras <strong>de</strong> Virgílio, Horácio, Tibulo, Propércio, Ovídio, Marcial, Estácio,<br />

Juvenal e Claudia<strong>no</strong>. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Roma impõe-se <strong>de</strong> maneira esmagadora <strong>no</strong>s<br />

seus elementos eter<strong>no</strong>s e <strong>no</strong>s elementos em mutação. O mote é a <strong>cida<strong>de</strong></strong>. Mas<br />

Roma afirma-se, como seria <strong>de</strong> esperar, como pólo aglutinador <strong>de</strong> culturas,<br />

<strong>de</strong> línguas e <strong>de</strong> <strong>poeta</strong>s, e como centro irradiador <strong>de</strong> civilização e critério <strong>de</strong><br />

rigor linguístico e literário. Aqui se apresenta a Urbe Eterna e a sua missão<br />

cantada pelos vates seus filhos naturais ou adoptados, em vários géneros, que<br />

vão da epopeia ao epigrama, da o<strong>de</strong> à elegia, da sátira ao panegírico. Vamos<br />

<strong>de</strong>parando com a <strong>cida<strong>de</strong></strong> enquanto projecto <strong>de</strong> pátria <strong>de</strong> Eneias, a <strong>cida<strong>de</strong></strong> real<br />

e a <strong>cida<strong>de</strong></strong> i<strong>de</strong>al, mas também a <strong>cida<strong>de</strong></strong> em metamorfose física ou institucional.<br />

Somos transportados sucessivamente através da Roma do final da República,<br />

dos Júlio-Cláudios, dos Flávios, dos primeiros Antoni<strong>no</strong>s, e <strong>de</strong> uma Roma<br />

mais tar<strong>de</strong> órfã dos imperadores, visitada por Honório, escassos a<strong>no</strong>s antes do<br />

trauma do saque <strong>de</strong> Alarico.<br />

A Urbe <strong>de</strong> tijolo e <strong>de</strong> mármore também está bem presente. Percorremos<br />

os seus lugares imortalizados: os pórticos, as bibliotecas, os templos, as vias, os<br />

fora, os teatros, as termas, os palácios, os edifícios públicos e privados que ecoam<br />

as vozes urbanas e inspiram prosopopeias da <strong>cida<strong>de</strong></strong>. A Urbe é amiú<strong>de</strong> pretexto<br />

para o diálogo entre a literatura e a arquitectura e apresenta-se sobretudo como<br />

o cenário privilegiado dos referidos <strong>poeta</strong>s: representa o espaço da beleza e da<br />

<strong>de</strong>formida<strong>de</strong>, o espaço do amor, do ódio e da sátira, o espaço da propaganda<br />

imperial, o espaço da política e do cosmopolitismo. Mas a <strong>cida<strong>de</strong></strong> tem a sua<br />

face <strong>de</strong> Babilónia e torna-se por vezes o lugar da alienação do <strong>poeta</strong>, pelo que<br />

somos também conduzidos ao inevitável confronto entre <strong>cida<strong>de</strong></strong> e campo.<br />

Pela mão daqueles autores po<strong>de</strong>mos seguir as metamorfoses da <strong>cida<strong>de</strong></strong><br />

eterna nas fracturas e continuida<strong>de</strong>s do trajecto da República para o Império <strong>de</strong><br />

Augusto, <strong>no</strong>s efeitos políticos e culturais do alargamento do próprio conceito<br />

<strong>de</strong> cidadão, <strong>no</strong> evoluir das dinastias do tempo da chamada Pax Romana; mas<br />

também perceber as diferenças religiosas e políticas ocorridas entre o alvor dos<br />

Antoni<strong>no</strong>s, on<strong>de</strong> ficamos com Juvenal, e o limiar do século V, a que Claudia<strong>no</strong><br />

<strong>no</strong>s transporta, quando a Urbe já pouco mais é que o símbolo da majesta<strong>de</strong><br />

passada. Terminamos assim o volume com o retor<strong>no</strong> a uma Roma que, tal<br />

como <strong>no</strong> mítico episódio da fundação, aparece, <strong>no</strong> final, paradoxalmente<br />

dividida pelos laços frater<strong>no</strong>s, transformados em ban<strong>de</strong>iras da tensão entre<br />

Oriente e Oci<strong>de</strong>nte.<br />

Como fruto <strong>de</strong> colaboração entre Lisboa e <strong>Coimbra</strong> numa das aulas<br />

presenciais do seminário “O <strong>poeta</strong> e a <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>no</strong> Mundo Roma<strong>no</strong>” do<br />

doutoramento em Poética e Hermenêutica da FLUC, resultou a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> criar<br />

este volume, <strong>de</strong> modo a recolher a pesquisa realizada <strong>no</strong> âmbito da disciplina,<br />

com alargamento a outros autores antigos e estudiosos mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s, para servir <strong>de</strong><br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!