Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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diáLoGo entRe SimetRiA e ASSimetRiA nA múSicA
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Juliano Lima Lucas (EMAC/UFG)
j.l.lucas@hotmail.com
Resumo: Este trabalho discute a presença da assimetria na música e seu diálogo com a simetria. Para isso nos servimos dos
pensamentos de alguns estudiosos, que já focaram a presença da assimetria na arte, e os aplicamos na visão musical por
meio da observação desse diálogo em alguns exemplos já consagrados da literatura musical e na obra Música para Violino
e Contrabaixo de Estércio Marquez Cunha. O estímulo da percepção de uma obra pode estar na presença de elementos
assimétricos em estruturas simétricas ou vice-versa. A criação artística constitui um delicado jogo em que simetria pode e,
porque não dizer, deve coexistir com a assimetria.
palavras-chave: Simetria na música, Assimetria na música.
dialogue between Symmetry and Asymmetry in music
Abstract: This paper discusses the presence of asymmetry on music and its dialogue with the symmetry. We used the thoughts
of some scholars who have focused on the presence of asymmetry in the art, then we applied the musical vision through the
observation of this dialogue in some works of the musical literature and in the Music for Violin and Bass by Estércio Marquez
Cunha. The encouraging awareness of a work may be in the presence of asymmetric information in symmetric structures.
Artistic creation is a delicate game that symmetry must coexist with asymmetry.
Keywords: Symmetry in music, Asymmetry in Music.
Simetria ou Assimetria
Desde a antiguidade, a beleza foi muitas vezes relacionada com a proporção. Pitágoras, na
tentativa de dar ordem e compreensibilidade às coisas, sustentava o número como princípio de tudo.
Encontra-se, em suas idéias e nas de seus seguidores, a noção de que a Natureza possa ser descrita
por meio de relações matemáticas e constituída de princípios simétricos que se refletem na ordem
fundamental existente nas coisas (GLEISER, 2010). Essas ideias, estéticas e matemáticas, fizeram com
que o ocidente buscasse por muito tempo a simetria para efeitos de harmonia e beleza de um conjunto. Se
o universo era regulado por relações numéricas precisas, as criações, principalmente artísticas, também
deveriam seguir esse modelo.
Rohde (1997, p. 143-147) cita numerosas razões a favor da grande utilização da simetria nas
atividades humanas: antropomórficas (gostamos de objetos simétricos porque lembram a nós mesmos),
estruturais (relacionada à distribuição de tensões), econômicas (para eficiência produtiva), políticas
(identificando a simetria com o poder estabelecido) e religiosas (Deus é a figura mais simétrica). Ela
está igualmente associada aos requisitos de conforto, funcionalidade, estabilidade, equilíbrio e repouso.
Dorfles (1986, p. 92 e 93) atribui-lhe os mesmos efeitos tranquilizantes dos pensamentos religiosos e
delirantes, bem como ser uma âncora que evita a angústia do assimétrico: “a simetria está na divindade
e o assimétrico no demoníaco”. Na música, essa ideia baseada no equilíbrio e na proporcionalidade foi
transmitida até a Idade Média por meio da obra de Boécio e fixada por muito tempo como princípio
composicional. Corroborando este pensamento, Solomon (1973, p. 4) afirma, inclusive, que a simetria é
determinante na composição musical e nela é baseada a maioria das relações encontradas.
Com tantos juízos favoráveis, dá-se a entender que a simetria dentro das artes seja uma
fórmula vitoriosa no embate com seu oposto, a assimetria. No entanto, essa supremacia não é amparada
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