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Prevalência de Lesões em Jogadores Amadores de Futebol da ...

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ARTIGO ORIGINAL<br />

<strong>Prevalência</strong> <strong>de</strong> <strong>Lesões</strong> <strong>em</strong> <strong>Jogadores</strong> <strong>Amadores</strong> <strong>de</strong> <strong>Futebol</strong> <strong>da</strong><br />

Região do Algarve e a Influência do Tipo <strong>de</strong> Piso: um estudo<br />

analítico e transversal<br />

Beatriz Minghelli 1, Carla Nunes 2 , Nuno Alves 3 , Filipe Figueiredo 3 Fábio Martins 3 , João Gil 3 , Bruno Dias 3 & Miguel Palmeira 4<br />

Beatriz Minghelli<br />

Doutoran<strong>da</strong> <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Pública<br />

pela Escola Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Pública. Mestre <strong>em</strong> Ciências <strong>da</strong><br />

Fisioterapia pela Facul<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Motrici<strong>da</strong><strong>de</strong> Humana. Docente<br />

do Cursos <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong><br />

Fisioterapia <strong>da</strong> Escola Superior<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Jean Piaget do<br />

Algarve (ESSJPA) 1<br />

bmachado@silves.ipiaget.org<br />

Carla Nunes<br />

Docente <strong>de</strong> Estatística na<br />

Escola Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Pública e Investigadora no<br />

CIESP/ENSP e CMDT.LA/<br />

UNL, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Nova <strong>de</strong><br />

Lisboa 2<br />

Nuno Alves, Filipe<br />

Figueiredo, Fábio Martins,<br />

João Gil, Bruno Dias<br />

Licenciado <strong>em</strong> Fisioterapia<br />

pela ESSJPA 3<br />

Miguel Palmeira<br />

Aluno do 4º Ano <strong>de</strong><br />

Licenciatura <strong>em</strong> Fisioterapia<br />

na ESSJPA 4<br />

>RESUMO<br />

Introdução: No futebol os jogadores estão submetidos a diversos fatores que po<strong>de</strong>m predispor às lesões,<br />

como as condições do campo. Objetivo: Verificar a prevalência <strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> jogadores amadores <strong>de</strong> futebol<br />

e investigar a influência do tipo <strong>de</strong> piso na prevalência <strong>de</strong>stas lesões. Relevância: O futebol é muito<br />

praticado <strong>em</strong> Portugal sendo fun<strong>da</strong>mental equacionar as condições <strong>em</strong> que <strong>de</strong>ve ser executa<strong>da</strong>, uma vez que<br />

o tipo <strong>de</strong> piso po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como causador <strong>de</strong> um risco aumentado <strong>de</strong> lesão. Metodologia: A<br />

amostra foi constituí<strong>da</strong> por 352 atletas masculinos <strong>de</strong> Clubes <strong>de</strong> futebol amador do Algarve, com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

entre 17 e 56 anos. Foi aplicado um questionário que incluiu características sócio-<strong>de</strong>mográficas e condições<br />

sobre a prática <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, e o Índice <strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> Oswestry para Lombalgia. Resultados: Verificouse<br />

uma prevalência <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> lesão <strong>em</strong> 280 (79,5%) atletas, sendo que 138 (39,2%) referiram<br />

lombalgia. Dos atletas que referiram presença <strong>de</strong> lesões, 123 (34,9%) treinavam <strong>em</strong> relvado sintético, 94<br />

(26,7%) <strong>em</strong> relvado natural e 63 (17,9%) <strong>em</strong> campo pelado (p>0,05). 66 (18,8%) atletas que<br />

apresentaram lombalgia treinavam <strong>em</strong> relvado sintético, 42 (11,9%) no relvado natural e 30 (8,5%) no<br />

campo pelado (p>0,05). Discussão: Os resultados do estudo revelaram uma eleva<strong>da</strong> prevalência <strong>de</strong> lesões<br />

<strong>em</strong> jogadores amadores <strong>de</strong> futebol sendo observado, apesar <strong>de</strong> não estatisticamente significativo, que os<br />

atletas que treinavam <strong>em</strong> relvado sintético foram os que apresentaram um maior número <strong>de</strong> lesões.<br />

Conclusão: Os diferentes tipos <strong>de</strong> piso não apresentaram influência na prevalência <strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> jogadores<br />

<strong>de</strong> futebol amador.<br />

Palavras-chaves: futebol, amador, lesões, tipo <strong>de</strong> piso, estudo epi<strong>de</strong>miológico<br />

>ABSTRACT<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

Introduction: The amateur football players are subjected to various factors that may predispose to injury,<br />

as conditions in the camp. Objective: This study was to assess the prevalence of injuries in amateur soccer<br />

players and investigate the influence of floor type on the prevalence of these lesions. Relevance: The<br />

football is must practiced in Portugal, being fun<strong>da</strong>mental to equate the conditions that must be executed,<br />

since the type of flooring can be consi<strong>de</strong>red as a potential cause of increased risk of injury. Methods: The<br />

sample consisted of 352 amateur male athletes from amateur football clubs in the Algarve region with ages<br />

between 17 and 56 years. A questionnaire was administered that inclu<strong>de</strong>d socio-<strong>de</strong>mographic<br />

characteristics, the conditions on the sport, and characterized the Oswestry Disability In<strong>de</strong>x for Low Back<br />

Pain. Results: The results revealed a prevalence of any type of injury in 280 (79,5%) athletes, and 138<br />

(39,2%) had low back pain. The athletes who reported the presence of lesions, 123 (34,9%) trained on<br />

synthetic floor, 94 (26,7%) in natural grass and 63 (17,9%) on the floor naked (p> 0,05). 66 (18,8%)<br />

athletes with low back pain trained in synthetic floor, 42 (11,9%) on natural grass and 30 (8,5%) in the<br />

floor naked (p> 0,05). Discussion: The results of this study revealed a high prevalence of injuries in<br />

amateur soccer players being observed, although not statistically significant, the athletes who trained and<br />

played on synthetic turf were those with a higher number of lesions. Conclusion: The different types of<br />

flooring had no influence on the prevalence of injuries in amateur soccer players.<br />

Keywords: football, amateur, injuries, type of floor, epi<strong>de</strong>miological study<br />

17


Introdução<br />

O futebol é consi<strong>de</strong>rado o mais popular <strong>de</strong>sporto<br />

do mundo praticado por mais <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong><br />

pessoas <strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 150 países, com 200 mil<br />

jogadores profissionais e 240 milhões <strong>de</strong><br />

amadores (Cohen, Ab<strong>da</strong>lla, Ejnisman, Amaro,<br />

1997; Reilly, 2003; Witvrouw, Danneels,<br />

Asselman, D´have, Cambier, 2003; Olsen et al.,<br />

2004; Wong & Hong, 2005; Volpi, 2006;<br />

Selistre, Taube, Ferreira, Barros, 2009). Esta<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> exige dos jogadores a aquisição <strong>de</strong><br />

diversas vertentes físicas, como resistência,<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>, força, agili<strong>da</strong><strong>de</strong> e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e se<br />

caracteriza pelo intenso contato físico,<br />

movimentos curtos, rápidos e não contínuos,<br />

como a aceleração, <strong>de</strong>saceleração e mu<strong>da</strong>nças<br />

súbitas <strong>de</strong> direção (Cohen et al., 1997; Reilly,<br />

2003; Witvrouw et al., 2003; Wong & Hong,<br />

2005; Volpi, 2006; Palácio et al., 2009). Estas<br />

exigências físicas ca<strong>da</strong> vez maiores obrigam os<br />

atletas a exercitar<strong>em</strong>-se próximo dos limites<br />

máximos <strong>de</strong> exaustão, levando uma maior<br />

predisposição à ocorrência <strong>de</strong> lesões (Cohen et<br />

al., 1997; Hawkins, Hulse, Wilkinson, Hodson,<br />

Gibson, 2001; Price, Hawkins, Hulse, Hodson,<br />

2004; Palácio et al., 2009).A prática do futebol<br />

consiste na maior causa <strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> atletas <strong>de</strong><br />

todo o mundo (Rahnama, Reilly, Lees, 2002;<br />

Junge, Cheung, Edwards, Dvorak, 2004;<br />

Hagglund, Waldén, Bahr, Ekstrand, 2005; Wong<br />

& Hong, 2005; Merron, Selfe, Swire, Rolf,<br />

2006), sendo estas responsáveis por mais <strong>de</strong><br />

50% <strong>da</strong>s lesões <strong>de</strong>sportivas ocorri<strong>da</strong>s na Europa<br />

(Palácio et al., 2009). A maior parte <strong>de</strong>stas<br />

lesões envolve as articulações dos m<strong>em</strong>bros<br />

inferiores, assim como a sua musculatura (Reilly,<br />

2003; Witvrouw et al., 2003; Woods, Hawkins,<br />

Hulse, Hodson, 2003; Price et al., 2004; Wong<br />

& Hong, 2005; Fonseca, Ocarino, Silva, Bricio,<br />

Costa, Wanner, 2007; Pfeiffer & Mangus,<br />

2007). A maioria <strong>da</strong>s lesões que ocorre nesta<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> é causa<strong>da</strong> por trauma (Reilly, 2003;<br />

Junge et al., 2004), principalmente quando o<br />

jogador tenta obter a posse <strong>de</strong> bola,<br />

especialmente nas áreas perto <strong>da</strong> zona <strong>de</strong> baliza,<br />

on<strong>de</strong> ocorr<strong>em</strong> as joga<strong>da</strong>s específicas do ataque e<br />

<strong>de</strong>fesa (Rahnama et al., 2002; Wong & Hong,<br />

2005). Além <strong>da</strong>s exigências físicas que envolv<strong>em</strong><br />

o futebol, outros fatores po<strong>de</strong>m predispor à<br />

ocorrência <strong>de</strong> lesões, como as condições físicas, o<br />

género, a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, o condicionamento físico do<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

atleta, as condições climáticas, o tipo <strong>de</strong> calçado<br />

utilizado, o equipamento utilizado, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> treinos e jogos, a motivação, as condições do<br />

campo, entre outras (Cohen et al., 1997; Reilly,<br />

2003; Peterson & Renström, 2005; Volpi, 2006;<br />

Fonseca et al., 2007; Pfeiffer & Mangus, 2007;<br />

Selistre et al., 2009). Os tipos dos campos <strong>de</strong><br />

futebol também são uma fonte potencial <strong>de</strong><br />

lesões (Volpi, 2006).Cohen et al. (1997)<br />

encontraram associação entre as lesões no<br />

futebol e o tipo <strong>de</strong> relva ou solo utilizado,<br />

indiciando que as superfícies <strong>de</strong> relvas sintéticas<br />

proporcionam uma maior tendência para lesões<br />

articulares e tendinosas <strong>de</strong>vido à rigi<strong>de</strong>z <strong>da</strong><br />

superfície (Bartlett, 2005).<br />

A Fe<strong>de</strong>ração Internacional <strong>de</strong> <strong>Futebol</strong> Associado<br />

(FIFA) constatou que as superfícies artificiais<br />

não estão a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para os jogos que envolv<strong>em</strong><br />

atletas <strong>de</strong> rendimento <strong>de</strong> alto nível, po<strong>de</strong>ndo<br />

estas ser utiliza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> atletas <strong>de</strong> nível amador<br />

<strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas vantagens económicas (Reilly,<br />

2003). No entanto, nos últimos anos, houve um<br />

enorme crescimento no uso <strong>de</strong> relvado artificial<br />

como superfície <strong>de</strong> jogo para a prática <strong>de</strong>sportiva<br />

(Pérez-Soriano, llana-belloch, Cortell-Tormo,<br />

Pérez-Turpin, 2009). As recentes investigações<br />

na área <strong>da</strong> biomecânica sobre a absorção <strong>de</strong><br />

impactos, <strong>de</strong> atritos, <strong>de</strong> tração e <strong>de</strong> outros<br />

fatores que estão associados ao jogador e à sua<br />

interação com a relva artificial estão sendo<br />

realiza<strong>da</strong>s utilizando uma ampla diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

metodologias e instrumentos. Desta forma, a<br />

lógica que o relvado artificial possa ser<br />

responsável pelo maior número <strong>de</strong> lesões<br />

comparado com o natural está <strong>em</strong> reformulação<br />

<strong>de</strong>vido à nova introdução <strong>de</strong> materiais com<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que permit<strong>em</strong> obter condições<br />

similares às <strong>da</strong> relva natural (Pérez-Soriano et<br />

al., 2009). Apesar <strong>de</strong>stas novas investigações, o<br />

piso artificial ain<strong>da</strong> possui uma maior rigi<strong>de</strong>z e<br />

uma redução na absorção <strong>de</strong> impactos quando<br />

comparado às superfícies naturais, levando a<br />

uma maior ocorrência <strong>de</strong> lesões como entorses,<br />

<strong>de</strong>vido ao bloqueio do pé na superfície enquanto<br />

o corpo continua <strong>em</strong> movimento (Pérez-Soriano<br />

et al., 2009). A maioria <strong>da</strong>s lesões <strong>em</strong> relvado<br />

artificial está associa<strong>da</strong> à a<strong>da</strong>ptação do<br />

movimento às superfícies rígi<strong>da</strong>s, provocando um<br />

aumento na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> muscular excêntrica e<br />

mu<strong>da</strong>nças nos padrões <strong>de</strong> movimentos <strong>da</strong>s<br />

articulações do joelho e tornozelo. Além disso,<br />

nas superfícies artificiais as forças <strong>de</strong> tração são<br />

18


maiores e estão agrava<strong>da</strong>s pela maior absorção<br />

<strong>de</strong> calor e pela falta <strong>de</strong> humi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ambos<br />

transmitidos ao pé do jogador. Em contraste, o<br />

relvado natural absorve a humi<strong>da</strong><strong>de</strong> natural<br />

através <strong>da</strong>s suas raízes, promovendo o<br />

arrefecimento <strong>da</strong> superfície do jogo. No entanto,<br />

recent<strong>em</strong>ente exist<strong>em</strong> pisos artificiais com<br />

sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> regas instalados <strong>de</strong> forma a tentar<br />

reduzir o coeficiente <strong>de</strong> atrito e as lesões<br />

associa<strong>da</strong>s (Pérez-Soriano et al., 2009). Outro<br />

fator que po<strong>de</strong> contribuir para o aumento do<br />

número <strong>de</strong> lesões no relvado artificial po<strong>de</strong> ser a<br />

uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu terreno que permit<strong>em</strong> ao<br />

atleta atingir maiores veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, não<br />

necessitando <strong>de</strong>sta forma, realizar compensações<br />

durante a corri<strong>da</strong> para se <strong>de</strong>slocar <strong>da</strong>s<br />

irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s do terreno existentes <strong>em</strong><br />

terrenos naturais, no entanto a maior veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

atingi<strong>da</strong> po<strong>de</strong> estar associa<strong>da</strong> a um maior<br />

número <strong>de</strong> lesões (Pérez-Soriano et al., 2009).<br />

A redução na absorção do impacto aumenta<strong>da</strong> no<br />

relvado sintético t<strong>em</strong> sido associa<strong>da</strong> a uma maior<br />

<strong>de</strong>generação <strong>da</strong> cartilag<strong>em</strong> articular, ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento precoce <strong>de</strong> osteroartrite e a<br />

lombalgias (Pérez-Soriano et al., 2009). Os<br />

<strong>da</strong>dos referentes às lesões na coluna lombar<br />

provenientes <strong>da</strong> prática do futebol são limitados,<br />

uma vez que não está <strong>de</strong>finido se existe diferença<br />

na prevalência <strong>de</strong> dor lombar <strong>em</strong> atletas<br />

comparados a não-atletas (Hoskins et al., 2009).<br />

As lesões por sobrecarga na coluna vertebral são<br />

o resultado <strong>de</strong> uma interação entre os fatores<br />

intrínsecos, como a i<strong>da</strong><strong>de</strong> e a própria morfologia<br />

do jogador, e fatores extrínsecos, como os<br />

fatores mecânicos. As mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> direção, os<br />

contatos físicos, saltos e que<strong>da</strong>s, as interceções e<br />

a marcação dos adversários, características<br />

necessárias no futebol, são as principais causas<br />

do uso excessivo e <strong>de</strong> sobrecarga na coluna<br />

(Woolf & Glaser, 2004; Volpi, 2006).<br />

Da<strong>da</strong> à inexistência <strong>de</strong> estudos nacionais que<br />

relacion<strong>em</strong> a prevalência <strong>de</strong> lesões no futebol e o<br />

tipo <strong>de</strong> piso, especialmente <strong>em</strong> jogadores<br />

amadores e na região do Algarve, os objetivos<br />

<strong>de</strong>ste estudo foram verificar a prevalência <strong>de</strong><br />

lesões <strong>em</strong> jogadores amadores <strong>de</strong> futebol na<br />

região do Algarve e investigar a influência do<br />

tipo <strong>de</strong> piso na prevalência <strong>de</strong>stas lesões.<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

Métodologia<br />

O estudo foi <strong>de</strong> natureza transversal e analítica.<br />

No âmbito <strong>de</strong> um projeto do Centro <strong>de</strong> Promoção<br />

e Educação para a Saú<strong>de</strong>, a Direção <strong>da</strong> Escola<br />

Superior <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Jean Piaget <strong>de</strong> Algarve<br />

enviou um pedido <strong>de</strong> autorização para a<br />

realização do estudo às Direções dos 28 Clubes<br />

Desportivos existentes na região do Algarve.<br />

Três clubes não aceitaram participar no estudo.<br />

Os Clubes que permitiram a realização do estudo<br />

possuíam a representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> geográfica <strong>da</strong><br />

região do Algarve, on<strong>de</strong> 12 dos 16 concelhos<br />

participaram.<br />

Após a autorização dos clubes para a recolha <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>dos, os atletas que aceitaram participar no<br />

estudo foram esclarecidos sobre os objetivos do<br />

estudo, informados <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>sistir <strong>em</strong><br />

qualquer altura, sendo-lhes assegura<strong>da</strong> a<br />

confi<strong>de</strong>nciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados, o direito à<br />

auto<strong>de</strong>terminação e à intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, respeitando,<br />

<strong>de</strong>sta forma, os princípios éticos <strong>da</strong> investigação<br />

pelo que assinaram um termo <strong>de</strong> consentimento.<br />

População<br />

A população do estudo envolveu todos os atletas<br />

que jogavam <strong>em</strong> Clubes <strong>de</strong> futebol amador <strong>da</strong><br />

região do Algarve nos anos <strong>de</strong> 2010/2011,<br />

totalizando 28 Clubes, sendo um número<br />

estimado <strong>de</strong> 616 atletas, com 22 atletas por<br />

clube.<br />

Os critérios <strong>de</strong> inclusão envolveram os jogadores<br />

do género masculino, que realizaram o treino no<br />

mínimo 3 vezes por s<strong>em</strong>ana, que praticavam a<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> durante os últimos 3 meses, que<br />

concor<strong>da</strong>ram <strong>em</strong> participar, que assinaram o<br />

termo <strong>de</strong> consentimento informado e que<br />

estiveram presentes no dia <strong>da</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.<br />

Instrumento <strong>de</strong> medi<strong>da</strong><br />

Para a recolha dos <strong>da</strong>dos, foi aplicado um<br />

questionário composto por 2 partes: a 1ª parte<br />

envolveu perguntas acerca <strong>da</strong>s características<br />

sócio-<strong>de</strong>mográficas <strong>da</strong> amostra e sobre as<br />

condições sobre a prática <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> e a 2ª<br />

parte foi constituí<strong>da</strong> pelo Índice <strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Oswestry para Lombalgia, versão 2.<br />

O questionário foi aplicado <strong>em</strong> apenas um<br />

momento a ca<strong>da</strong> jogador no período entre abril<br />

<strong>de</strong> 2010 a fevereiro <strong>de</strong> 2011.<br />

Os avaliadores estiveram presentes durante a<br />

aplicação dos questionários para esclarecer<br />

19


eventuais dúvi<strong>da</strong>s que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> surgir durante o<br />

seu preenchimento.<br />

- Questionário com perguntas sobre as<br />

características sócio-<strong>de</strong>mográficas <strong>da</strong> amostra<br />

e as condições sobre a prática <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A 1ª parte do questionário envolveu perguntas<br />

sobre a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, situação profissional, clube, tipo<br />

<strong>de</strong> piso, posição, anos <strong>de</strong> prática <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

peso e altura atuais, regulari<strong>da</strong><strong>de</strong> dos treinos/<br />

jogo, duração <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> sessão <strong>de</strong> exercício físico,<br />

tipo <strong>de</strong> calçado, utilização <strong>de</strong> palmilhas <strong>de</strong> gel,<br />

diagnóstico <strong>da</strong> última lesão, tipo <strong>de</strong> lesão,<br />

presença <strong>de</strong> lombalgia, o momento relativo ao<br />

treino/jogo que costuma sentir dores na região<br />

lombar e se apresenta dor irradia<strong>da</strong> para o<br />

m<strong>em</strong>bro inferior. Esta parte não questionário<br />

não sofreu um processo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong>ção, no entanto<br />

foi discutido com profissionais <strong>de</strong> fisioterapia.<br />

O Índice <strong>de</strong> massa corporal foi calculado a partir<br />

dos <strong>da</strong>dos obtidos do peso e <strong>da</strong> altura [IMC =<br />

peso (kg) / estatura (m) 2] e os atletas foram<br />

classificados como: normopeso, magreza,<br />

excesso <strong>de</strong> peso e obesi<strong>da</strong><strong>de</strong> (ACSM, 2006).<br />

Os estudos epi<strong>de</strong>miológicos <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> o termo<br />

lesão <strong>de</strong>sportiva <strong>de</strong> diversas formas (Junge et<br />

al., 2004; Wong & Hong, 2005; Pfeiffer &<br />

Mangus, 2007), no entanto ain<strong>da</strong> não existe uma<br />

<strong>de</strong>finição única e internacional que <strong>de</strong>fina lesão<br />

<strong>de</strong>sportiva. A lesão t<strong>em</strong> sido <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como um<br />

comprometimento que levaria a um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

afastamento <strong>de</strong> treinos/jogos. No entanto, os<br />

jogadores lesionados po<strong>de</strong>m participar do treino<br />

através <strong>da</strong> sua a<strong>da</strong>ptação e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong><br />

importância do jogo, eles po<strong>de</strong>m ou não<br />

participar, conforme a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

tratamento (Ribeiro & Costa, 2006).<br />

De acordo com o Conselho <strong>da</strong> Europa, a lesão<br />

<strong>de</strong>ve apresentar pelo menos uma <strong>da</strong>s<br />

consequências a seguir: redução <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ou frequência do treino, requisição <strong>de</strong><br />

intervenção médica e apresentar consequências<br />

sócio-económicas <strong>de</strong>sfavoráveis (Ribeiro &<br />

Costa, 2006).<br />

Quanto ao termo lesões utilizado no estudo, estas<br />

f o r a m d e fi n i d a s c o m o q u a l q u e r<br />

comprometimento acontecido durante o treino/<br />

jogo, seja <strong>de</strong> contato ou não com outro atleta,<br />

não tendo sido leva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração as suas<br />

consequências <strong>em</strong> relação ao afastamento<br />

subsequente <strong>de</strong> treinos ou jogos.<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

As lesões <strong>de</strong> não contato (não-traumáticas)<br />

inclu<strong>em</strong> lesões por sobrecarga, como fraturas por<br />

stress, estiramentos músculo-tendinosos e lesões<br />

ligamentares <strong>de</strong>vido às irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />

relvado ou pela <strong>de</strong>ficiência do controlo motor. As<br />

lesões por contato (traumáticas) apresentam<br />

como consequência as contusões, lacerações,<br />

entorses articulares, lesões na cartilag<strong>em</strong>, entre<br />

outros (Pfeiffer & Mangus, 2007).<br />

Conforme referido anteriormente, uma <strong>da</strong>s<br />

últimas perguntas <strong>da</strong> 1ª parte do questionário<br />

era relativa à presença ou ausência <strong>de</strong><br />

lombalgia; caso o atleta apresentasse lombalgia,<br />

este continuava o preenchimento <strong>da</strong> 2ª parte do<br />

questionário.<br />

A lombalgia foi caracteriza<strong>da</strong> pela presença <strong>de</strong><br />

sintomas na região lombar que inclu<strong>em</strong> dor,<br />

tensão muscular ou rigi<strong>de</strong>z (NHS Centre for<br />

Reviews and Diss<strong>em</strong>ination, 2000).<br />

- Índice <strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> Oswestry para<br />

Lombalgia<br />

O índice <strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> Oswestry para<br />

Lombalgia é um dos instrumentos mais usados<br />

pelos fisioterapeutas na avaliação <strong>da</strong><br />

funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> coluna<br />

lombar. Esta ferramenta <strong>de</strong> trabalho t<strong>em</strong> sido<br />

<strong>de</strong>scrita como fiável e sua vali<strong>da</strong><strong>de</strong> t<strong>em</strong> sido<br />

comprova<strong>da</strong> por vários autores que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o<br />

seu uso <strong>em</strong> questões <strong>de</strong> dor lombar (Davidson &<br />

Keating, 2002; Santos, Ramos, Estêvão, Lopes,<br />

Pascoalinho, 2005; Coelho, Siqueira, Ferreira,<br />

Ferreira, 2008). A vali<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> versão<br />

portuguesa para Portugal foi realiza<strong>da</strong> por Filipe<br />

e colaboradores (Santos et al., 2005).<br />

Este índice é constituído por 10 seções (viajar,<br />

vi<strong>da</strong> social, vi<strong>da</strong> sexual, dormir, estar <strong>de</strong> pé,<br />

sentar-se, an<strong>da</strong>r a pé, levantar pesos, cui<strong>da</strong>dos<br />

pessoais e intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> dor) que avaliam o<br />

impacto <strong>da</strong> lombalgia <strong>em</strong> diversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

funcionais. São apresenta<strong>da</strong>s 6 opções <strong>de</strong><br />

respostas, po<strong>de</strong>ndo apenas ser assinala<strong>da</strong> uma<br />

afirmação por seção. Ca<strong>da</strong> resposta apresenta<br />

um valor <strong>de</strong> 0 a 5, sendo que o maior valor<br />

correspon<strong>de</strong> à presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. O<br />

resultado final representa a soma <strong>de</strong> todos os<br />

itens e é expresso <strong>em</strong> percentag<strong>em</strong> (Coelho et<br />

al., 2008); esta última é obti<strong>da</strong> através <strong>da</strong><br />

divisão do valor obtido pela soma <strong>da</strong>s respostas<br />

sobre 50, que representa o valor total que<br />

po<strong>de</strong>ria ser obtido (Fairbank & Pynsent, 2000).<br />

20


A percentag<strong>em</strong> entre 0 e 20% indica<br />

incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima, <strong>de</strong> 21% a 40% revela<br />

incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, <strong>de</strong> 41% a 60%,<br />

incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> severa, <strong>de</strong> 61% a 80% acusa<br />

incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> muito severa, on<strong>de</strong> o indivíduo<br />

apresenta dor <strong>em</strong> todos os aspetos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, e <strong>de</strong><br />

81% a 100% o sujeito é classificado com<br />

invali<strong>de</strong>z, estando possivelmente acamado<br />

(Fairbank & Pynsent, 2000).<br />

Análise dos <strong>da</strong>dos<br />

A análise estatística foi efetua<strong>da</strong> com a aplicação<br />

do Statistical Package for the Social Sciences<br />

(SPSS), versão 19.0 para o sist<strong>em</strong>a operativo<br />

Windows.<br />

Como primeira abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> foi feita uma análise<br />

<strong>de</strong>scritiva basea<strong>da</strong> <strong>em</strong> medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tendência<br />

central, <strong>de</strong> dispersão e <strong>de</strong> frequência.<br />

Para <strong>de</strong>terminar a relação entre as variáveis <strong>em</strong><br />

estudo foi utiliza<strong>da</strong> a estatística inferencial,<br />

particularmente o teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência do Quiquadrado.<br />

Por questões metodológicas verificouse<br />

necessário um agrupamento <strong>da</strong> variável<br />

classificação do IMC, tendo sido consi<strong>de</strong>rados<br />

apenas 2 grupos – o grupo 1 foi constituído por<br />

indivíduos classificados com normopeso e<br />

magreza e grupo 2 incluiu indivíduos com<br />

excesso <strong>de</strong> peso e obesi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O nível <strong>de</strong><br />

significância estatística foi <strong>de</strong>finido <strong>em</strong> 5%.<br />

Resultados<br />

A amostra foi constituí<strong>da</strong> por 352 atletas<br />

amadores dos 25 Clubes <strong>de</strong>sportivos, com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

compreendi<strong>da</strong>s entre os 17 e os 56 anos<br />

(25,5±5,5 anos).Quanto à situação profissional,<br />

209 (59,4%) dos atletas trabalhavam a t<strong>em</strong>po<br />

inteiro, 28 (8%) a t<strong>em</strong>po parcial e 115 (32,7%)<br />

não trabalhavam.<br />

Dos clubes analisados, 149 (42,3%) treinavam<br />

<strong>em</strong> relvado sintético, 125 (35,5%) <strong>em</strong> relvado<br />

natural e 78 (22,2%) <strong>em</strong> piso pelado.<br />

Quanto à posição adota<strong>da</strong> pelos atletas, 41<br />

(11,6%) eram guar<strong>da</strong>-re<strong>de</strong>s, 107 (30,4%)<br />

<strong>de</strong>fesas, 147 (41,8%) médios e 57 (16,2%)<br />

avançados.<br />

Relativamente aos anos <strong>de</strong> prática do futebol, 36<br />

(10,2%) dos atletas referiram treinar cerca <strong>de</strong> 4<br />

a 8 anos, 86 (24,4%) <strong>de</strong> 9 a 12 anos, 107<br />

(30,4%) <strong>de</strong> 13 a 16 anos, 48 (13,6%) <strong>de</strong> 17 a<br />

20 anos e 75 (21,3%) revelaram que treinavam<br />

a mais <strong>de</strong> 20 anos.<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

A maioria dos atletas (296 atletas - 84,1%) foi<br />

classifica<strong>da</strong> através do cálculo do IMC com<br />

normopeso, 3 (0,9%) <strong>de</strong>stes como magros, 52<br />

(14,8%) com excesso <strong>de</strong> peso e 1 (0,3%) com<br />

obesi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Quanto à regulari<strong>da</strong><strong>de</strong> s<strong>em</strong>anal <strong>de</strong> treino, 261<br />

(74,1%) atletas treinavam com uma frequência<br />

<strong>de</strong> 3 vezes e 91 (25,9%) treinaram 4 vezes por<br />

s<strong>em</strong>ana. Quanto à duração <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> sessão <strong>de</strong><br />

treino, 332 (94,3%) atletas treinavam durante 1<br />

hora e 30 minutos e 20 (5,7%) treinavam por<br />

um período <strong>de</strong> 2 horas.<br />

A maioria dos jogadores (320 jogadores –<br />

90,9%) fazia uso <strong>de</strong> pitões <strong>de</strong> borracha nos<br />

treinos e jogos, 28 (8%) utilizavam sapatilhas e<br />

apenas 4 (1,1%) pitões <strong>de</strong> alumínio. O mesmo<br />

foi verificado quanto ao uso <strong>de</strong> palmilhas, on<strong>de</strong> a<br />

maioria (321 atletas – 91,2%) não a utilizavam.<br />

Quanto à presença <strong>de</strong> lesão, 280 (79,5%) dos<br />

atletas revelaram apresentar algum tipo <strong>de</strong><br />

lesão, sendo 25 (7,1%) <strong>de</strong>stas lesões<br />

classifica<strong>da</strong>s como do tipo óssea, 95 (27%) como<br />

ligamentar, 9 (2,6%) como meniscal, 135<br />

(38,4%) muscular e 16 (4,5%) não foram<br />

classifica<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stas nomenclaturas.<br />

Quando questionados sobre a presença <strong>de</strong> dor<br />

lombar, 138 (39,2%) dos atletas <strong>de</strong> todos os<br />

clubes referiram lombalgia; quanto ao momento<br />

<strong>de</strong> dor referido pelos atletas que apresentaram<br />

lombalgia (100%), 27 (19,6%) revelaram que<br />

s<strong>em</strong>pre sentiam dor <strong>em</strong> todo o período do treino,<br />

24 (17,4%) no início do treino, 18 (13%)<br />

durante o treino, 16 (11,6%) no final do treino e<br />

53 (38,4%) após o treino. Dos atletas com<br />

presença <strong>de</strong> dor lombar (100%), apenas 11<br />

(8%) relataram sentir dor irradia<strong>da</strong> para o<br />

m<strong>em</strong>bro inferior.<br />

Relativamente à classificação obti<strong>da</strong> pelo Índice<br />

<strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Oswestry para lombalgia, dos<br />

138 (100%) atletas com presença <strong>de</strong> dor<br />

l o m b a r , 1 3 1 ( 9 4 , 9 % ) a p r e s e n t a r a m<br />

incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima e 7 (5,1%) incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>. A tabela 1 refere os resultados <strong>da</strong><br />

análise <strong>de</strong>scritiva <strong>da</strong>s variáveis quantitativas.<br />

A tabela 2 apresenta a distribuição do<br />

posicionamento dos atletas pelos diferentes tipos<br />

<strong>de</strong> piso. Esta relação também não apresentou<br />

significância estatística (χ 2 (6)=5,275, p=0,509).<br />

Dos atletas com excesso <strong>de</strong> peso e obesi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

(100%), 26 (49,1%) treinavam <strong>em</strong> clubes com<br />

relvado sintético, 20 (37,7%) <strong>em</strong> relvado<br />

natural e 7 (13,2%) no campo pelado. Dos<br />

21


atletas com normopeso e magreza (100%), 123<br />

(41,1%) treinavam no sintético, 105 (35,1%)<br />

no relvado e 71 (23,7%) no campo pelado. Esta<br />

relação entre a classificação do IMC e o tipo <strong>de</strong><br />

piso não revelou significância estatística (χ 2 (2) =<br />

3,010, p=0,222).<br />

Dos atletas que possuíam algum tipo <strong>de</strong> lesão<br />

(100%), 32 (11,4%) eram guar<strong>da</strong>-re<strong>de</strong>s, 85<br />

(30,4%) adotaram a posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, 118<br />

(42,1%) a posição <strong>de</strong> médio e 45 (16,1%) eram<br />

avançados, não tendo sido esta relação<br />

significativamente estatística (χ 2 (3) =0,117,<br />

p=0,990).<br />

Ao relacionar o tipo <strong>de</strong> piso on<strong>de</strong> os atletas<br />

treinavam e a presença <strong>de</strong> lesões foi observado<br />

que dos 280 (100%) atletas que referiram<br />

presença <strong>de</strong> lesões, 123 (43,9%) treinavam <strong>em</strong><br />

relvado sintético, 94 (33,6%) <strong>em</strong> relvado<br />

natural e 63 (22,5%) <strong>em</strong> campo pelado, sendo<br />

que esta associação não foi estatisticamente<br />

significativa (χ 2 (2)=2,349, p=0,309). A tabela 3<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

Tabela 1: Descrição dos valores <strong>da</strong> estatística <strong>de</strong>scritiva <strong>da</strong>s variáveis quantitativas<br />

Variáveis Média/Desvio padrão Mínimo-máximo<br />

Peso (kg) 73,5±7,2 Kg 54 kg -100 kg<br />

Altura (m) 1,77±6,2 m 1,60 m - 1,96 m<br />

IMC (kg/m 2) 23,4±1,8 kg/m 2 19 kg/m 2 – 30 kg/m 2<br />

Pontuação obti<strong>da</strong> no índice <strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Oswestry<br />

4,2±4,3 pontos 0 – 20 pontos<br />

Tabela 2: Distribuição do posicionamento dos atletas pelos diferentes tipos <strong>de</strong> piso<br />

Guar<strong>da</strong>-re<strong>de</strong>s Defesa Médio Avançado Total<br />

Sintético 17 (11,4%) 53 (35,6%) 59 (39,6%) 20 (13,4%) 149 (100%)<br />

Relvado 16 (12,8%) 35 (28%) 54 (43,2%) 20 (16%) 125 (100%)<br />

Pelado 8 (10,3%) 19 (24,4%) 34 (43,6%) 17 (21,8%) 78 (100%)<br />

apresenta a distribuição dos diferentes tipos <strong>de</strong><br />

lesões apresenta<strong>da</strong>s pelos atletas que treinavam<br />

<strong>em</strong> ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> piso.<br />

A relação entre a presença <strong>de</strong> lombalgia e o tipo<br />

<strong>de</strong> piso revelou que 66 (44,3%) dos atletas com<br />

lombalgia treinavam <strong>em</strong> relvado sintético, 42<br />

(33,6%) no relvado natural e 30 (38,5%) no<br />

campo pelado, sendo que esta associação não<br />

apresentou significância estatística (χ 2 (2)= 3,286,<br />

p=0,193).<br />

Quanto ao nível <strong>de</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> obtido nos<br />

resultados do Índice <strong>de</strong> Incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Oswestry, observou-se que dos atletas que<br />

referiram a presença <strong>de</strong> lombalgia (100%) e que<br />

apresentaram níveis <strong>de</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima, 62<br />

(47,3%) treinavam nos pisos sintético, 42<br />

(32,1%) <strong>em</strong> relvado e 27 (20,6%) no campo<br />

pelado. Os que revelaram níveis <strong>de</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rado (100%), 4 (57,1%) treinavam no<br />

sintético e 3 no campo pelado (42,9%). Nesta<br />

relação não foi possível verificar a significância<br />

estatística do teste <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência do Qui-<br />

Tabela 3: Relação entre o tipo <strong>de</strong> piso e as lesões apresenta<strong>da</strong>s pelos atletas<br />

Óssea Ligamentar Meniscal Muscular Outra Total<br />

Sintético 12 (9,8%) 40 (32,5%) 3 (2,4%) 61 (49,6%) 7 (5,7%) 123 (100%)<br />

Relvado 11 (11,7%) 32 (34%) 3 (3,2%) 43 (45,7%) 5 (5,3%) 94 (100%)<br />

Pelado 2 (3,2%) 23 (36,5%) 3 (4,8%) 31 (49,2%) 4 (6,3%) 63 (100%)<br />

22


quadrado, por não ter<strong>em</strong> sido cumpri<strong>da</strong>s as suas<br />

condições <strong>de</strong> aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Discussão<br />

Os resultados do presente estudo revelaram uma<br />

eleva<strong>da</strong> prevalência <strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> jogadores<br />

amadores <strong>de</strong> futebol na região do Algarve, sendo<br />

que as lesões mais frequentes foram do tipo<br />

muscular segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> ligamentar, totalizando<br />

65,4% <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as lesões. A investigação <strong>de</strong><br />

Agel, Evans, Dick, Putukian e Marshall (2007)<br />

verificou que os tipos <strong>de</strong> lesões mais frequentes<br />

foram as lesões ligamentares, envolvendo as<br />

entorses <strong>da</strong> articulação tíbio-társica e as<br />

musculares, principalmente a nível dos músculos<br />

isquios-tibiais e quadricípite, totalizando 34%<br />

<strong>da</strong>s lesões. Os mesmos resultados foram<br />

observados <strong>em</strong> diversos estudos (Cohen et al.,<br />

1997; Junge et al., 2004; Price et al., 2004;<br />

Morgado, 2007; Ribeiro, Vilaça, Oliveira, Vieira,<br />

Silva, 2007; Palacio, Can<strong>de</strong>loro, Lopes, 2009;<br />

Selistre et al., 2009) e a eleva<strong>da</strong> incidência do<br />

n ú m e r o d e l e s õ e s t i p o l i g a m e n t a r e s ,<br />

principalmente as entorses <strong>da</strong> tibio-társica,<br />

nestes estudos po<strong>de</strong> ser explica<strong>da</strong> pelas<br />

características físicas do futebol, que inclu<strong>em</strong><br />

atos como chutar com a região medial do pé e<br />

tornozelo, b<strong>em</strong> como receber a bola nesta área<br />

(Woods et al., 2003; Wong & Hong, 2005). Já a<br />

eleva<strong>da</strong> incidência <strong>de</strong> lesões musculares,<br />

envolvendo gran<strong>de</strong>s grupos musculares<br />

principalmente <strong>da</strong> coxa, provavelmente ocorre<br />

pela própria área muscular exposta e pelo<br />

elevado esforço ao executar as ações <strong>da</strong> prática<br />

do futebol como chutar a bola, sendo a parte<br />

muscular consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> o centro do braço <strong>de</strong><br />

alavanca do m<strong>em</strong>bro inferior, transmitindo as<br />

forças a partir do tronco por meio <strong>da</strong> cintura<br />

pélvica e do solo através do pé e do tornozelo<br />

(Wong & Hong, 2005).<br />

A relação entre a posição adota<strong>da</strong> pelo jogador e<br />

a presença <strong>de</strong> lesão não apresentou significância<br />

estatística, no entanto verificou-se que a posição<br />

adota<strong>da</strong> pelos atletas que obteve a maior<br />

prevalência <strong>de</strong> lesões neste estudo foi a <strong>de</strong> médio<br />

e <strong>de</strong>fesa, provavelmente porque envolv<strong>em</strong> ações<br />

<strong>de</strong> jogo relaciona<strong>da</strong>s com a contestação <strong>da</strong> posse<br />

<strong>de</strong> bola para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as zonas próximas à baliza<br />

(Rahnama et al., 2002). Selistre et al. (2009)<br />

também observaram uma maior prevalência <strong>de</strong><br />

lesão na posição <strong>de</strong> médio, no entanto a segun<strong>da</strong><br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

posição com maior prevalência <strong>de</strong> lesões foi a <strong>de</strong><br />

avançado. Já Silva, Souto e Oliveira (2008) e<br />

Palacio et al. (2009) observaram que os<br />

avançados foram os atletas que mais se<br />

lesionaram, seguido dos médios e <strong>de</strong>fesas. A<br />

posição <strong>de</strong> guar<strong>da</strong>-re<strong>de</strong>s obteve o menor número<br />

<strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> todos os estudos referidos acima;<br />

esta baixa prevalência <strong>de</strong> lesões nesta posição<br />

po<strong>de</strong> ser explica<strong>da</strong> pelo fato <strong>da</strong> posição <strong>de</strong><br />

guar<strong>da</strong>-re<strong>de</strong>s impor uma exigência fisiológica<br />

menor compara<strong>da</strong> às outras posições (Volpi,<br />

2006).<br />

Conforme já referido, além <strong>da</strong> posição adota<strong>da</strong><br />

pelo jogador ser um fator que po<strong>de</strong> influenciar o<br />

número <strong>de</strong> lesões, alguns fatores <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong><br />

intrínsecos também po<strong>de</strong>m levar a uma maior<br />

prevalência <strong>de</strong> lesões, nomea<strong>da</strong>mente a i<strong>da</strong><strong>de</strong>, o<br />

género, a composição corporal e o nível <strong>de</strong><br />

condição física e domínio <strong>da</strong> tarefa (Reilly,<br />

2003; Volpi, 2006; Pfeiffer & Mangus, 2007).<br />

No caso do presente estudo, os nossos atletas<br />

apresentaram i<strong>da</strong><strong>de</strong>s compreendi<strong>da</strong>s entre os 17<br />

e 56 anos (25,5±5,5 anos), po<strong>de</strong>ndo ser um fator<br />

que explicaria o número elevado <strong>de</strong> lesões, uma<br />

vez que quanto mais i<strong>da</strong><strong>de</strong> apresentar o atleta,<br />

maior a taxa <strong>de</strong> lesões (Volpi, 2006). Quanto ao<br />

género, só foram envolvidos homens, sendo que o<br />

género f<strong>em</strong>inino apresenta uma maior<br />

predisposição às lesões (Ribeiro et al., 2007).<br />

Em relação à composição corporal, os atletas<br />

que apresentam o maior peso estão mais sujeitos<br />

às lesões (Ribeiro et al., 2007), no entanto o<br />

presente estudo envolveu na sua maioria atletas<br />

classificados com normopeso, não sendo um fator<br />

que po<strong>de</strong>ria explicar o número elevado <strong>de</strong> lesões<br />

apresenta<strong>da</strong>s. A condição física e o domínio <strong>da</strong><br />

tarefa apresentado pelos atletas neste estudo<br />

também não foi consi<strong>de</strong>rado um fator que<br />

pu<strong>de</strong>sse influenciar o número <strong>de</strong> lesões, uma vez<br />

que os atletas treinavam com regulari<strong>da</strong><strong>de</strong> no<br />

mínimo há 4 anos, assumindo-se <strong>de</strong>sta forma que<br />

os mesmos apresentavam uma boa condição<br />

física para a prática <strong>de</strong>sportiva.<br />

Os fatores extrínsecos que po<strong>de</strong>riam influenciar<br />

no número <strong>de</strong> lesões analisados no estudo<br />

envolveram o uso <strong>de</strong> equipamentos e os materiais<br />

<strong>de</strong> proteção (Pérez-Soriano et al., 2009).<br />

Quanto ao tipo <strong>de</strong> calçado, a gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

jogadores utilizavam pitões <strong>de</strong> borracha,<br />

tornando difícil a sua associação com a<br />

prevalência <strong>de</strong> lesões. O mesmo ocorreu para o<br />

uso <strong>de</strong> material <strong>de</strong> proteção, nomea<strong>da</strong>mente o<br />

23


uso <strong>de</strong> palmilhas <strong>de</strong> gel, on<strong>de</strong> mais uma vez a<br />

maioria revelou não fazer uso <strong>de</strong>ste material.<br />

Outro fator que po<strong>de</strong> influenciar a prevalência <strong>de</strong><br />

lesões consiste no tipo <strong>de</strong> piso, sendo observado<br />

no presente estudo que os atletas que treinavam<br />

e jogavam <strong>em</strong> relvado sintético foram os que<br />

apresentaram um maior número <strong>de</strong> lesões,<br />

comparativamente aqueles que o faziam no<br />

relvado natural e no campo pelado, no entanto<br />

esta relação não revelou significância estatística.<br />

A presença <strong>de</strong> lombalgias apresenta<strong>da</strong> pelos<br />

atletas do presente estudo também foi eleva<strong>da</strong>,<br />

sendo verifica<strong>da</strong> uma maior prevalência nos<br />

atletas que treinavam <strong>em</strong> relvado sintético, s<strong>em</strong><br />

ter sido verifica<strong>da</strong> significância estatística nesta<br />

relação.<br />

Além <strong>da</strong> prática do futebol, os movimentos<br />

adotados pelos atletas nas tarefas <strong>de</strong> casa e no<br />

trabalho também po<strong>de</strong>m ocasionar as dores<br />

lombares, uma vez que aproxima<strong>da</strong>mente dois<br />

terços dos adultos refer<strong>em</strong> lombalgia <strong>em</strong> algum<br />

momento (Deyo & Weinsteins, 2001). No<br />

entanto, apesar do tipo <strong>de</strong> trabalho realizado por<br />

ca<strong>da</strong> jogador não ter sido questionado no<br />

presente estudo, a investigação <strong>de</strong> Hoskins et al.<br />

(2009) revelou que os atletas que participaram<br />

do campeonato <strong>de</strong> futebol australiano<br />

apresentaram uma maior incidência <strong>de</strong> lombalgia<br />

quando comparados à população não-atlética.<br />

O presente estudo apresentou algumas<br />

limitações, nomea<strong>da</strong>mente a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

comparação dos presentes resultados com os <strong>de</strong><br />

outros estudos, uma vez que o termo lesão po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> diversas formas, levando a<br />

utilização <strong>de</strong> diferentes métodos <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>dos, como o uso <strong>de</strong> questionários, gravações<br />

<strong>em</strong> ví<strong>de</strong>o e avaliação por um fisioterapeuta ou<br />

médico. Além disso, algumas variáveis que não<br />

foram controla<strong>da</strong>s po<strong>de</strong>riam ter contribuído para<br />

a lesão, como a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos exercícios <strong>de</strong><br />

aquecimento nos treinos e jogos e as condições<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> jogo. Também não foi<br />

controla<strong>da</strong> a questão do número <strong>de</strong> anos <strong>de</strong><br />

prática <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong>do que os atletas<br />

po<strong>de</strong>riam ter treinado <strong>em</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> piso<br />

durante a sua prática <strong>de</strong> atleta amador no<br />

período <strong>em</strong> análise no presente estudo.<br />

Uma vez que os estudos nacionais sobre esta<br />

t<strong>em</strong>ática ain<strong>da</strong> são escassos, sugere-se novas<br />

investigações envolvendo não só atletas<br />

amadores, mas também os profissionais, com a<br />

Revista Portuguesa <strong>de</strong> Fisioterapia no Desporto | Volume 6 Número 2<br />

utilização <strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhantes instrumentos <strong>de</strong><br />

medi<strong>da</strong>.<br />

Conclusão<br />

O presente estudo revelou uma eleva<strong>da</strong><br />

prevalência <strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> jogadores amadores <strong>de</strong><br />

futebol na região do Algarve, sendo que os<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> piso (relvado sintético,<br />

natural ou <strong>de</strong> campo pelado) não apresentaram<br />

influência na prevalência <strong>de</strong>stas lesões. Neste<br />

contexto, o conhecimento <strong>de</strong>ste potencial risco<br />

aumentado <strong>de</strong> lesão <strong>em</strong> jogadores amadores <strong>de</strong><br />

futebol po<strong>de</strong> contribuir para os fisioterapeutas do<br />

<strong>de</strong>sporto analisar<strong>em</strong> as suas possíveis causas <strong>de</strong><br />

forma a po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> intervir sustenta<strong>da</strong>mente<br />

através <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> prevenção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

À Diretora <strong>da</strong> ESSJPA, Profª Drª Ana Maria<br />

Almei<strong>da</strong> pela permissão para a realização do<br />

estudo, a todos os clubes e atletas que se<br />

submeter<strong>em</strong> ao projeto.<br />

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