15.05.2013 Views

A contribuição dos grupos amadores de teatro para a ... - ECA - USP

A contribuição dos grupos amadores de teatro para a ... - ECA - USP

A contribuição dos grupos amadores de teatro para a ... - ECA - USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

por estar longe das gran<strong>de</strong>s fontes <strong>de</strong> auxílio e incentivo, ousar e inventar o<br />

novo. Os artistas clássicos, consagra<strong>dos</strong>, que Pierre Bourdieu chamava <strong>de</strong><br />

capital financeiro da indústria cultural, inventam menos, ousam menos,<br />

expõem-se menos, pois temem per<strong>de</strong>r o lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque que possuem. Os<br />

artistas e intelectuais novos, que nada têm a per<strong>de</strong>r constituem a renovação e<br />

a vanguarda da produção artística e da intelectualida<strong>de</strong>. Por isso Bourdieu os<br />

chama <strong>de</strong> capital simbólico. As formas <strong>de</strong> repressão são mais po<strong>de</strong>rosas diante<br />

<strong>de</strong>les que ainda não são conheci<strong>dos</strong> nem consagra<strong>dos</strong>. (2006: 263)<br />

A partir <strong>de</strong> 1979, com a segunda crise do petróleo e os governos<br />

passando por dificulda<strong>de</strong>s começam a cortar e diminuir gastos com a cultura e<br />

o <strong>teatro</strong> é novamente prejudicado. Os <strong>grupos</strong> profissionais sofreram muito,<br />

entretanto aqueles que mais apresentaram danos foram os <strong>grupos</strong> <strong>amadores</strong><br />

que não mais possuíam condições financeiras <strong>para</strong> se apresentar, sufoca<strong>dos</strong><br />

pela censura e sofrendo com a falta <strong>de</strong> público.<br />

Ao final da década <strong>de</strong> 1980 se dá a abertura política no Brasil e a<br />

censura oficial é extinta. Porém dá-se início a censura econômica, pois<br />

somente são patrocinadas peças que contém a “moral e os bons costumes”<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> à marca da empresa, ou daquele que será o mecenas. As políticas<br />

culturais também exigem uma a<strong>de</strong>quação e por isso os que precisam e<br />

<strong>de</strong>sejam receber seus incentivos têm que se autocensurar <strong>para</strong> entrar nos<br />

padrões exigi<strong>dos</strong>. Renata Pallottini, dramaturga e professora, no livro<br />

organizado por Maria Cristina COSTA, comenta sobre esta censura atual:<br />

(...) Existe a censura <strong>de</strong> faixa etária na televisão. No cinema, nem sei se<br />

ainda existe. No <strong>teatro</strong> também tem alguma coisa. Mas a censura oficial, tal<br />

como era, não existe mais. Porém, existe ainda com toda certeza uma censura<br />

privada. Hoje em dia o <strong>teatro</strong> brasileiro dificilmente po<strong>de</strong> subsistir sem o<br />

incentivo das gran<strong>de</strong>s empresas. Não creio que se você escrever uma peça<br />

contra o imperialismo norte-americano conseguirá um patrocínio <strong>de</strong> uma<br />

Empresa <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. Assim, um autor precisa ficar fugindo <strong>de</strong> temas<br />

que possam incomodar gregos ou troianos, senão eles não vão mais te ajudar<br />

a montar seus espetáculos. É triste isso. (2006)<br />

Com o país imerso na chamada indústria cultural e o <strong>teatro</strong> enfraquecido<br />

por anos <strong>de</strong> uma censura forte, este último acaba tornando-se um produto que<br />

fica à mercê do mercado. Esse novo esquema dá margem à nova censura<br />

existente, a chamada censura do mercado, on<strong>de</strong> apenas as peças que<br />

condizem com o pensamento <strong>de</strong> empresas conseguem patrocínio <strong>para</strong> serem<br />

encenadas. O <strong>teatro</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ganhou muita força e são estes que<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!