Carnaúba dos Dantas Portalegre Entrevista - Fundação Jose Augusto

Poesia Potiguar
Um pouco parco,
um pouco fraco,
barraco.
Um pouco porco,
um pouco corpo,
escopo.
Um pouco eu,
um pouco teu,
ateu.
Um pouco meu,
um pouco deus,
adeus.
Um pouco louco,
um pouco pouco,
Barroco.
Com a dor que trago
minha poesia rumino,
mesmo com o gosto
amargo
que tanto estimo.
Verso por verso
vou fazendo meu destino.
Não se limite
a dizer coisa com causa.
Não beba o eco ou o cio
que brota de versos alheios.
Não se banhe duas vezes
no mesmo vazio,
mesmo estando cheio.
Não caminhe por estradas
conhecidas
e nem queira novas perguntas
para suas velhas respostas.
Não se imite,
perca-se no caminho
da volta.
Tenho medo
de criar alguém
em mim
e não conhecê-lo.
Não que seja mentira
o que sinto,
é que tenho o novelo,
não o labirinto.
O que mais me preocupa
ou incomoda
é como manter o equilíbrio
quando já me cortaram a corda.
É como preencher o vazio
quando ele transborda,
é não se atirar nos abismos
quando se ama a trajetória
da queda
e se odeia a borda.
Quando te vi,
um espinho,
logo tentei te impressionar
e transformei gelo em água,
uva em vinho.
Não me olhaste.
Terminei bêbado
e sozinho.
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