17.05.2013 Views

Newsletter nº. 3 - Maio 2011 - Administração Regional de Saúde do ...

Newsletter nº. 3 - Maio 2011 - Administração Regional de Saúde do ...

Newsletter nº. 3 - Maio 2011 - Administração Regional de Saúde do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Newsletter</strong> <strong>Maio</strong> <strong>2011</strong> Grupo Tabagismo Região Centro<br />

EDITORIAL<br />

O hábito <strong>de</strong> fumar (tabagismo) - acto voluntário <strong>de</strong> inalar o fumo da queima <strong>do</strong> tabaco - in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da qualida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong> ou frequência, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) a<br />

principal causa <strong>de</strong> morte evitável em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

A educação tem um papel importante na prevenção pois o i<strong>de</strong>al é não começar a fumar. A promoção da<br />

saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve começar ce<strong>do</strong>, na escola e nos locais <strong>de</strong> trabalho. Como é pouco frequente o hábito <strong>de</strong> fumar<br />

começar <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>s 18 anos, a prevenção primária durante a infância e a a<strong>do</strong>lescência será essencial para<br />

reduzir o número <strong>de</strong> fuma<strong>do</strong>res. Os jovens treina<strong>do</strong>s para resistirem à pressão social, os que sabem das<br />

dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fumar e os que conhecem as consequências <strong>do</strong> tabagismo para a saú<strong>de</strong>, têm<br />

maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não começarem a fumar.<br />

O controlo global <strong>do</strong> tabagismo inclui a prevenção da iniciação ao hábito <strong>de</strong> fumar, a eliminação das fontes<br />

<strong>de</strong> exposição involuntária ao fumo <strong>do</strong> tabaco e o apoio/promoção aos programas <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> tabaco.<br />

Isto implica que, para além <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, têm responsabilida<strong>de</strong>s nesta área as forças culturais,<br />

sociais e políticas.<br />

O tabaco é um <strong>do</strong>s maiores inimigos da saú<strong>de</strong>. Vamos contribuir com o primeiro passo para uma vida sem<br />

fumo.<br />

Autores:<br />

Dra. Cátia Magalhães, Psicóloga Clínica<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Viseu<br />

Dr. Bruno Carraça, Psicólogo Clínico<br />

ACES DÃO Lafões II.<br />

Judite Maia<br />

Chefe <strong>de</strong> Serviço <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública<br />

Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública e Planeamento da ARS Centro IP<br />

Como Tirar o Tabaco lá <strong>de</strong> Casa?!<br />

Hodiernamente, fumar e as suas consequências, são umas das principais causas <strong>de</strong> morte<br />

prematura nas socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais industrializadas. Para<strong>do</strong>xalmente, a informação sobre os riscos para a<br />

saú<strong>de</strong> e as consequências negativas <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> fumar têm si<strong>do</strong> disseminadas activamente pelas<br />

socieda<strong>de</strong>s nos últimos anos.<br />

O consumo <strong>de</strong> tabaco pelos a<strong>do</strong>lescentes tem si<strong>do</strong> objecto <strong>de</strong> diversos estu<strong>do</strong>s empíricos e<br />

científicos. No entanto, as taxas <strong>de</strong> consumo continuam altas na população, e se tivermos em atenção, a<br />

faixa etária da a<strong>do</strong>lescência em Portugal, ainda se torna mais alarmante, pois as taxas <strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong><br />

consumo diário em indivíduos portugueses entre os 15-24 anos são <strong>de</strong> 26,2% e nas mulheres entre os 15-24<br />

anos <strong>de</strong> 14,1% (INS, 2006).


Então, porque é que os a<strong>do</strong>lescentes fumam ou porque é que continuam a iniciar o consumo em <strong>nº</strong><br />

tão significativo?<br />

De acor<strong>do</strong> com o relatório INS (<strong>2011</strong>), a maior parte da população começou a fumar entre os 15 e os<br />

19 anos (55,6%), com maior evidência na população com menos <strong>de</strong> 25 anos (65,1%). Segun<strong>do</strong> ECOS-<br />

Infotabaco (2010) a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciação <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> tabaco nos fuma<strong>do</strong>res diários e ocasionais <strong>de</strong> 17,6<br />

anos (16,5; 18,7), revelan<strong>do</strong>, adicionalmente, evidência <strong>de</strong> que os homens começam a fumar (16,7 anos) um<br />

pouco antes das mulheres (19,6 anos). Isto implica que a maioria <strong>do</strong>s fuma<strong>do</strong>res começou a fumar na<br />

a<strong>do</strong>lescência, ou seja, numa altura em que muitos ainda vivem com os pais. Assim, a família representará<br />

um papel muito importante na a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> comportamentos, quer seja na transmissão <strong>de</strong> comportamentos <strong>de</strong><br />

risco (ex: fumar), quer seja na promoção <strong>de</strong> comportamentos saudáveis e resilientes.<br />

É claro que existem múltiplos factores <strong>de</strong> risco que interagem nesta dinâmica, contu<strong>do</strong> o aumento <strong>do</strong><br />

consumo nos jovens, leva-nos a pensar que porventura as famílias não estão a ter sucesso no seu papel <strong>de</strong><br />

agentes <strong>de</strong> prevenção.<br />

A revisão da literatura, centrada principalmente nos factores <strong>de</strong> risco e protecção familiares face ao<br />

consumo <strong>de</strong> drogas legais e ilegais, atestam a importância <strong>do</strong>s programas parentais e familiares na<br />

prevenção <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s e problemas <strong>do</strong>s filhos.<br />

A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> envolvimento parental interage com várias variáveis, nomeadamente, bem-estar<br />

psicológico, stress, suporte social e na previsão <strong>de</strong> comportamentos anti-sociais e no uso e abuso <strong>de</strong><br />

substâncias psicoactivas (Yoshikawa, 1994). Logo, quan<strong>do</strong> os factores <strong>de</strong> risco familiares são mais fortes,<br />

surgem comportamentos <strong>de</strong>linquentes, consumo <strong>de</strong> drogas, entre outros, sobretu<strong>do</strong> na fase da a<strong>do</strong>lescência.<br />

Apesar da pressão por parte <strong>do</strong>s pares ter si<strong>do</strong> apontada <strong>de</strong> forma consistente como o factor <strong>de</strong>cisivo<br />

para o uso ou abuso <strong>de</strong> drogas, investigações recentes apontam para os processos familiares como<br />

media<strong>do</strong>res da associação entre uso <strong>de</strong> drogas e grupo <strong>de</strong> pares <strong>de</strong>sviantes (CSAP, 2001; Resnick et al.,<br />

1997; Kumpfer, Alvara<strong>do</strong> & Whitesi<strong>de</strong>, 2003). Alguns estu<strong>do</strong>s longitudinais (Brook & Brook, 1992), incluin<strong>do</strong> o<br />

National Longitudinal A<strong>do</strong>lescent Health Survey (Resnick et al., 1997) que acompanhou pré-a<strong>do</strong>lescentes<br />

durante os perío<strong>do</strong>s normalmente associa<strong>do</strong>s ao uso <strong>de</strong> drogas, concluiu que, apesar <strong>do</strong>s factores<br />

associa<strong>do</strong>s aos pares se tornarem mais importantes entre a pré-a<strong>do</strong>lescência e a a<strong>do</strong>lescência, os factores<br />

parentais não parecem per<strong>de</strong>r a sua importância nesta fase <strong>do</strong> ciclo. Coombs, Paulson e Richardson (1991)<br />

referem que a influência parental foi, <strong>de</strong> facto, apontada como a mais importante para a influência exercida<br />

pelos pares nas razões que os jovens apresentaram para usarem drogas.<br />

Outros estu<strong>do</strong>s revelam que a supervisão parental na monitorização <strong>do</strong>s comportamentos da criança<br />

(por exemplo, saber on<strong>de</strong> a criança está, o que está a fazer…) po<strong>de</strong> prevenir ou atrasar o uso <strong>de</strong> drogas.<br />

Esta influência po<strong>de</strong> ser directa, na medida em que a mantém afastada das drogas, ou indirecta, no senti<strong>do</strong><br />

em que diminui o contacto <strong>de</strong>sta com grupo <strong>de</strong> pares que consomem.<br />

Outros estu<strong>do</strong>s indicam que, níveis eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coesão familiar aparentam diminuir os níveis iniciais <strong>de</strong> uso<br />

<strong>de</strong> álcool, tabaco e marijuana, e po<strong>de</strong>m inclusive atrasar o aumento <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> tabaco (Duncan, 1995).<br />

Também encontramos evidências <strong>de</strong> que existe uma relação directa entre o funcionamento familiar, o


comportamento <strong>de</strong> fumar pelos pais e o uso <strong>de</strong> tabaco pelo a<strong>do</strong>lescente. A interpretação remete para a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> que um nível baixo <strong>de</strong> coesão predispõe o a<strong>do</strong>lescente para comportamentos <strong>de</strong>sviantes, especificamente<br />

para os que são mo<strong>de</strong>la<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s pais, e que estes, em famílias com um nível baixo <strong>de</strong> coesão, não<br />

tem influência suficiente para controlar os seus filhos (Doherty, 1994).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Welsh (Smith, 1995) revela que o acto <strong>de</strong> fumar <strong>do</strong>s pais está relaciona<strong>do</strong><br />

positivamente com a experimentação <strong>de</strong> tabaco nos rapazes, assim como as mães com as raparigas.<br />

Andrews (Andrews, Hops, Ary, Til<strong>de</strong>sley & Harris, 1993) refere que o comportamento parental influencia<br />

significativamente os a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong>s 11 aos 15 anos, na iniciação e na continuação <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> álcool,<br />

tabaco e marijuana.<br />

Os pais po<strong>de</strong>m influenciar os objectivos a longo-prazo e os valores <strong>do</strong>s seus filhos. Um estu<strong>do</strong><br />

longitudinal sobre o comportamento <strong>de</strong> fumar realiza<strong>do</strong> na Noruega (Oygard, Klepp, Tell & Vellan, 1995)<br />

revelou que na baseline e passa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos, o acto <strong>de</strong> fumar nos a<strong>do</strong>lescentes estava fortemente<br />

associa<strong>do</strong> ao comportamento <strong>de</strong> fumar <strong>do</strong>s amigos e parentes, enquanto que passa<strong>do</strong>s 10 anos, o acto <strong>de</strong><br />

fumar das mães aparece como o factor predictor mais importante <strong>do</strong> fumar diário <strong>do</strong>s jovens adultos.<br />

Os estu<strong>do</strong>s apontam para um conjunto <strong>de</strong> práticas parentais que são extremamente importantes para<br />

um <strong>de</strong>senvolvimento positivo e bem sucedi<strong>do</strong> da criança. Na ausência <strong>de</strong>stas práticas, aumenta a<br />

possibilida<strong>de</strong> da a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> comportamentos <strong>de</strong> risco, nomeadamente, problemas <strong>de</strong> comportamento,<br />

consumo <strong>de</strong> drogas e comportamento anti-social.<br />

No entanto, os estu<strong>do</strong>s centram as suas pesquisas essencialmente na influência exercida pelos<br />

pares, quase negligencian<strong>do</strong> as influências familiares, apesar <strong>de</strong> existirem evidências <strong>de</strong> que a família <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rada como um importante espaço <strong>de</strong> intervenção (Kumpfer, 2003; Kumpfer, 1990). O que<br />

contribui para que a maioria <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> prevenção continue a negligenciar a família como alvo<br />

principal para veicular mensagens aos jovens acerca <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> tabaco, álcool e outras drogas (Stern,<br />

1992).<br />

Assim, para aumentar a eficácia <strong>do</strong>s programas, é importante pensarmos em envolver os pais/família em<br />

programas <strong>de</strong> prevenção que envolvam a intervenção em várias áreas Hawkins, Catalano, Morrison, O’<br />

Donnell, Abbott & Day, 1992)<br />

Referências bibliográficas:<br />

-Andrews, J, Hops, H., Ary, D., Til<strong>de</strong>sley, E, & Harris, J. Parental influence on early a<strong>do</strong>lescent substance use: specific<br />

and non-specific effects. Journal of Early A<strong>do</strong>lescence 1993; 13: 285-310.<br />

- Doherty WJ, Allen W. Family functioning and parental smoking as predictors of a<strong>do</strong>lescent cigarette use: a six year<br />

prospective study. Journal of Family Psychology 1994; 8, 3:347 - 53.<br />

- Duncan TE, Til<strong>de</strong>sley E, Duncan SC, Hops H. The consistency of family and peer influences on the <strong>de</strong>velopment<br />

of substance use in a<strong>do</strong>lescence. Addiction 1995; 90, 12:1647 - 60.<br />

- Hawkins, J.D.; Catalano, R.F.; and Associates. Communities That Care. San Francisco: Jossey-Bass, 1992. pp. 84-100.


- Hawkins JD, Catalano RF, Miller JY. Risk and protective factors for alcohol and other drug problems in a<strong>do</strong>lescence and<br />

early adulthood: Implications for substance abuse prevention. Psychological Bulletin 1992;112:64 -105.<br />

-Kumpfer, K.L. & Alvara<strong>do</strong>, R. & Whitesi<strong>de</strong>, H. Family-based interventions for substance use and misuse prevention.<br />

Substance Use & Misuse 2003; 38: 11-13.<br />

- Kumpfer, K.L. & Turner, C.W. The social ecology mo<strong>de</strong>l of a<strong>do</strong>lescent substance abuse: Implications for prevention. Int J<br />

Addict 25(4A):435-463, 1990/1991.<br />

- Kumpfer, K.L, Alvara<strong>do</strong><br />

- Oygard L, Klepp KI, Tell GS, Vellar OD. Parental and peer influences among young adults: ten-year follow-up of<br />

the Oslo youth participants. Addition 1995; 90, 4: 561-69.<br />

- Portugal, Instituto Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>/Instituto Nacional <strong>de</strong> Estatística. Inquérito Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 2005/2006. Da<strong>do</strong>s<br />

gerais. INSA/INE, 2008.<br />

- Portugal, Instituto Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Consumo <strong>de</strong> tabaco na população portuguesa: Análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Inquérito<br />

Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 2005/2006. Lisboa: Instituto Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Doutor Ricar<strong>do</strong> Jorge. Departamento <strong>de</strong><br />

Epi<strong>de</strong>miologia, 2009.<br />

- Smith C, Roberts CC, Moore L. Parents and a<strong>do</strong>lescent smoking. Journal of the Institute of Health Education<br />

1995;33(4):104 -9.<br />

- Yoshikawa H. Prevention as cumulative protection: Effects of early family support and education on chronic<br />

<strong>de</strong>linquency and its risks. Psychological Bulletin 1994;115:28 - 54.<br />

CIGARRO ELECTRÓNICO, ALTERNATIVA À CESSAÇÃO TABÁGICA?<br />

Autora:<br />

Maria Manuel Açafrão<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>Regional</strong> <strong>do</strong> tabagismo da ARS Centro IP<br />

ACES Pinhal Litoral II<br />

O cigarro electrónico foi inventa<strong>do</strong> pela empresa chinesa Gol<strong>de</strong>n Dragon<br />

Group, é constituí<strong>do</strong> por um inala<strong>do</strong>r, um cartucho, um chip e uma bateria<br />

recarregável. Este dispositivo electrónico, em forma <strong>de</strong> cigarro, liberta<br />

vapor e tenta simular o acto <strong>de</strong> fumar,<br />

A FDA (Food and Drugs Administration) em 2009 alertou para a presença,<br />

nos vapores, que estes cigarros libertam, <strong>de</strong> substâncias tóxicas e nocivas para a saú<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong><br />

em alguns cigarros electónicos ou e-cig, nicotina e nitrosamina, composto cancerígeno, e em outros<br />

dietilglienoglicol que é um anticongelante utiliza<strong>do</strong> nos carros.<br />

A OMS não tem nenhuma evidência que <strong>de</strong>monstre a segurança ou a sua eficácia.


Embora alguns <strong>de</strong>stes cigarros, tenham na sua composição nicotina, não é aconselhada a sua utilização na<br />

cessação tabágica.<br />

Alguns fuma<strong>do</strong>res motiva<strong>do</strong>s para a cessação, optam pelo cigarro electrónico com o argumento <strong>de</strong> não ser<br />

nocivo à saú<strong>de</strong>, o que não é a medida mais a<strong>de</strong>quada pois po<strong>de</strong> vir a adquirir outros hábitos.<br />

A publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes cigarros, po<strong>de</strong> incentivar os jovens e os ex. fuma<strong>do</strong>res a experimentá-lo, atraí<strong>do</strong>s pela<br />

falsa imagem <strong>de</strong> segurança, como também pelo facto <strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> um cigarro sem fumo, não ser proibi<strong>do</strong> o seu<br />

uso nos restaurantes, bares, discotecas etc. A actual legislação <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2007 não abrange estes<br />

cigarros. Em 2008 a Austrália proibiu os e-cig.<br />

A UE está a preparar uma normativa para regulamentar estes produtos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a só serem comercializa<strong>do</strong>s<br />

se passarem pelo controlo sanitário.<br />

Não é aconselha<strong>do</strong> o seu uso na cessação Tabágica pois os fuma<strong>do</strong>res mantêm o hábito /<br />

comportamento <strong>de</strong> fumar, manten<strong>do</strong> assim a <strong>de</strong>pendência, e por outro la<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m adquirir o<br />

comportamento gestual.<br />

Mindfulness e Cessação Tabágica<br />

Autores:<br />

Dr. Bruno Carraça, Psicólogo clínico e da Saú<strong>de</strong><br />

ACES DÃO Lafões II<br />

Dra. Catia Magalhães, Psicóloga Clínica<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Viseu<br />

O stress da vida quotidiana po<strong>de</strong> ser um “po<strong>de</strong>roso gatilho” para o fuma<strong>do</strong>r que procura fazer a<br />

<strong>de</strong>sabituação tabágica. As situações internas (pensamentos automáticos negativos) ou ambientais (conflitos<br />

familiares ou no trabalho) funcionam como condições precipitantes para o fuma<strong>do</strong>r acen<strong>de</strong>r um cigarro.<br />

No entanto, vários estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que estas questões po<strong>de</strong>m ser resolvidas <strong>de</strong> outra forma.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, acreditam que uma abordagem baseada na atenção à redução <strong>do</strong> stress po<strong>de</strong> ser a chave<br />

para lidar com os impulsos <strong>de</strong> consumo tabágico. Neste senti<strong>do</strong>, surgem técnicas como o Mindfulness -<br />

Basea<strong>do</strong> na Redução <strong>do</strong> Stress e Basea<strong>do</strong> na Terapia Cognitiva da Consciência - que revelam sucesso na<br />

gestão <strong>do</strong> stress e no rompimento <strong>de</strong> padrões habituais <strong>de</strong> consumo.<br />

O <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tabaco, em vez <strong>de</strong> voltar a fumar aquan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s primeiros sinais <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>,<br />

apren<strong>de</strong> a utilizar e a implementar técnicas <strong>de</strong> experienciação da consciência, que fornecem tomadas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão alternativas e acessíveis. Desta forma, adquire um conjunto <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s “gatilhos<br />

<strong>do</strong> impulso”, sem necessitar <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r um cigarro.


Neste senti<strong>do</strong>, é pertinente conhecer estas técnicas e como funcionam. O Mindfulness – Basea<strong>do</strong> na<br />

Redução <strong>de</strong> Stress (MBRS): foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Jon Kabat-Zinn (1979). O autor preconiza que o<br />

Mindfulness usa <strong>de</strong> forma intencional, a consciência <strong>do</strong> momento presente, para ajudar o fuma<strong>do</strong>r a<br />

experienciar positivamente o <strong>de</strong>senrolar da sua vida, sem julgamento ou curiosida<strong>de</strong>. O processo, com base<br />

na meditação oriental, ajuda os indivíduos a tornarem-se mais hábeis e criativos nas suas respostas aos<br />

estímulos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real, eliminan<strong>do</strong> padrões <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong>strutivo, por exemplo: o tabagismo<br />

(Kabat-Zinn, 2004).<br />

Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> intervenção é universal e facilmente acessível, permitin<strong>do</strong> aos fuma<strong>do</strong>res adquirir a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver reacções inteligentes e perspicazes para eventos e circunstâncias que lhes estão<br />

a acontecer, e para a construção original, <strong>de</strong> reacções inteligíveis e saudáveis na resposta ao impulso <strong>de</strong><br />

consumir.<br />

Por sua vez, o Mindfulness - Basea<strong>do</strong> na Terapia Cognitiva: É semelhante ao MBRS, na medida em<br />

que combina no momento presente práticas <strong>de</strong> meditação com as técnicas convencionais da terapia<br />

cognitiva. A terapia <strong>de</strong>senvolvida por Zin<strong>de</strong>l Segal, Mark Williams e John Teasdale, com base no mo<strong>de</strong>lo<br />

MBSR, permite aos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> tabaco <strong>de</strong>senvolver no aqui e no agora, a consciência a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> que<br />

está acontecer “<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>les” quan<strong>do</strong> fumam.<br />

O MBTC utiliza uma combinação <strong>de</strong> técnicas orientais <strong>de</strong> meditação e terapias cognitivas para ajudar<br />

os pacientes a familiarizarem -se com os diferentes focus da mente, que muitas vezes po<strong>de</strong>m caracterizar as<br />

<strong>de</strong>pendências, como o tabagismo. Através <strong>de</strong>sta técnica, um fuma<strong>do</strong>r abstinente ou em processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sabituação começa a <strong>de</strong>senvolver respostas saudáveis aos estímulos indutores <strong>de</strong> stress que eram<br />

anteriormente geri<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> fumar.<br />

Ao ajudar o fuma<strong>do</strong>r a concentrar-se nas crenças cognitivas mais adaptativas, reestrutura os<br />

pensamentos relativos a comportamentos com potencial negativo, e que po<strong>de</strong>riam ser precipitantes ou<br />

predictores <strong>do</strong> acto tabágico.<br />

Assim, o MBTC ajuda os utentes a romper com comportamentos nocivos, respostas <strong>de</strong>sadaptativas<br />

repetitivas e padrões cíclicos, que po<strong>de</strong>m levar a problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e comportamentos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, e uma vez que um nível <strong>de</strong> stress eleva<strong>do</strong> e intenso, po<strong>de</strong> ser totalmente disfuncional<br />

para o fuma<strong>do</strong>r que tenta parar <strong>de</strong> fumar, a aprendizagem <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> lidar com estas tensões <strong>de</strong> forma<br />

eficaz e em tempo útil po<strong>de</strong> ser a chave <strong>de</strong> sucesso para a cessação tabágica. Assim, cada vez mais será<br />

importante que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s nas equipas multi-profissionais, aprendam e contactem<br />

com estas novas formas <strong>de</strong> intervenção baseadas no Mindfulness, abordan<strong>do</strong>-as com os <strong>do</strong>entes em<br />

sessões estruturadas, ao longo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabituação tabágica. Com o intuito <strong>de</strong> conseguirmos<br />

alcançar <strong>de</strong> uma forma consistente uma fase <strong>de</strong> abstinência mais resiliente e sem recaídas sucessivas.


Referências Bibliograficas:<br />

Hayes, S. C. (2004). Acceptance and commitment therapy and the new behavior therapies: Mindfulness,<br />

acceptance and relationships. Em: S. Hayes; V. Follette & M. Linehan (Orgs.). Mindfulness and Acceptance: Expanding<br />

the cognitive behavioural tradition (pp. 1-29). New York: Guildford.<br />

Hayes, S. C. & Gregg, J. (2000). Funcional contextualism and the self. Em: J. C. Muran (Org.). Self-relations in<br />

the psychotherapy process (pp.291-307). Washington: American Psychological Association.<br />

Kabat-Zinn, J. (1982). An outpatient program in behavioral medicine for chronic pain patients based on the<br />

practice of mindfulness meditation: Theoretical consi<strong>de</strong>rations and preliminary results. General Hospital Psychiatry, 4, 33-<br />

47.<br />

Kabat-Zinn, J.; Lipworth, L.; Burney, R. & Sellers, W. (1986). Four-year follow-up of a meditation-based stress<br />

reduction program for the self-regulation of chronic pain: Treatment outcomes and compliance. Clinical Journal of Pain, 2,<br />

159-173.<br />

Kabat-Zinn, J.; Massion, A. O.; Kristeller, J.; Peterson, L. G.; Fletcher, K. E.; Pbert, L.; Len<strong>de</strong>rking, W. R. &<br />

Santorelli, S. F. (1992). Effectiveness of a meditation-based stress reduction program in the treatment of anxiety<br />

disor<strong>de</strong>rs. American Journal of Psychiatry, 149, 936-943.<br />

Kabat-Zinn, J.; Wheeler, E.; Light, T.; Skillings, Z.; Scharf, M. J. & Cropley, T. G. (1998). Influence of a mindfulness<br />

meditation-based stress reduction intervention on rates of skin clearing in patients with mo<strong>de</strong>rate to severe psoriasis<br />

un<strong>de</strong>rgoing phototherapy (UVB) and photochemotherapy (PUVA). Psychosomatic Medicine, 60, 625-632.<br />

Kaplan, K. H.; Gol<strong>de</strong>nberg, D. L. & Galvin, M. (1993). The impact of a meditation-based stress reduction program<br />

on fibromyalgia. General Hospital Psychiatry, 15, 284-289.<br />

Kohlenberg, R. J.; Tsai, M. & Dougher, M. (1993). The dimensions of clinical behavior analysis. The Behavior<br />

Analyst, 16 (2), 271-282.<br />

Linehan, M. M. (1987). Dialectical behavior therapy for bor<strong>de</strong>rline personality disor<strong>de</strong>r: Theory and method.<br />

Journal of the Menninger Clinic, 51, 261-276.<br />

Ma, S. H. & Teasdale, J. D. (2002). mindfulness -based cognitive therapy for <strong>de</strong>pression: Replication and<br />

exploration of differential relapse prevention effects. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 72, 31-40.<br />

Roemer, L. & Borkovec, T. D. (1994). Effects of suppressing thoughts about emotional material. Journal of<br />

Abnormal Psychology, 103, 467-474.<br />

Roemer, L., & Orsillo, S. M. (2002). Expanding our conceptualization of and treatment for generalized anxiety<br />

disor<strong>de</strong>r: Integrating mindfulness /acceptance-based approaches with existing cognitive-behavioral mo<strong>de</strong>ls. Clinical<br />

Psychology: Science and practice, 9, 54-68.<br />

Segal, Z. V. & Ingram, R. E. (1994). Mood priming and construct activation in tests of cognitive vulnerability to<br />

unipolar <strong>de</strong>pression. Clinical Psychology Review, 14, 663-695.<br />

Segal, Z. V.; Williams, J. M.; Teasdale, J. D. & Gemar, M. (1996). A cognitive science perspective on kindling and<br />

episo<strong>de</strong> sensitization in recurrent affective disor<strong>de</strong>r. Psychological Medicine, 26, 371-380.


DIA MUNDIAL SEM TABACO<br />

31 DE MAIO DE <strong>2011</strong><br />

A CONVENÇÃO QUADRO DA OMS PARA O CONTROLO DO TABACO<br />

Autora:<br />

Maria Manuel Açafrão<br />

Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>Regional</strong> <strong>do</strong> tabagismo da ARS Centro IP<br />

ACES Pinhal Litoral II<br />

A Convenção Quadro para o controlo <strong>do</strong> tabaco, é uma iniciativa da<br />

OMS e é o 1º Trata<strong>do</strong> Internacional sobre a Saú<strong>de</strong> Pública.<br />

To<strong>do</strong>s os países que a<strong>de</strong>riram a esta convenção, têm compromissos.<br />

Portugal assinou a sua a<strong>de</strong>são como Esta<strong>do</strong> Membro em Janeiro <strong>de</strong><br />

2004 e rectificou-a em 8 Novembro <strong>de</strong> 2005<br />

No âmbito <strong>de</strong>sta convenção têm si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas e implementadas<br />

Directivas Europeias pelos vários Esta<strong>do</strong>s Membros da UE. To<strong>do</strong>s estes esta<strong>do</strong>s têm um compromisso, <strong>de</strong><br />

a<strong>do</strong>ptar medidas <strong>de</strong> restrição ao consumo <strong>de</strong> cigarros.<br />

Os compromissos a que os esta<strong>do</strong>s membros a<strong>de</strong>rentes conferem são:<br />

-Proteger as políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> outros interesses da indústria <strong>de</strong> tabaco<br />

- Proteger as pessoas <strong>do</strong> fumo <strong>de</strong> tabaco ambiental<br />

- A<strong>do</strong>ptar medidas fiscais e preços, para reduzir o consumo<br />

- Regulamentar o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> tabaco<br />

- Regular as embalagens e a rotulagem <strong>do</strong>s produtos <strong>de</strong> tabaco<br />

- Advertências <strong>do</strong>s perigos<br />

- Proibição da publicida<strong>de</strong>, promoção e patrocínio<br />

- Fornecer ajuda à cessação<br />

- Controlar o comércio ilícito <strong>do</strong>s produtos <strong>de</strong> tabaco<br />

- Proibição <strong>de</strong> venda a menores<br />

O objectivo <strong>de</strong>sta convenção é proteger as gerações presentes e futuras das <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ras consequências<br />

da saú<strong>de</strong>, social, ambiental e económicas <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> tabaco e a exposição ao fumo <strong>de</strong> tabaco<br />

ambiental.<br />

Portugal aguarda alterações à legislação <strong>do</strong> tabaco (lei 37 / 2007 <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Agosto), após relatório <strong>do</strong>s 3 anos<br />

da sua aplicação.


Autoras:<br />

Helena Paiva e Joana Lopes<br />

Enfermeiras<br />

ACES DÃO Lafões III<br />

UCC <strong>de</strong> Carregal <strong>do</strong> Sal.<br />

DESABITUAÇÃO TABÁGICA<br />

O TABACO é o nome comum da<strong>do</strong> às plantas <strong>do</strong> género Nicotiana Tabacum, crê-se originária da América <strong>do</strong><br />

Sul, on<strong>de</strong> era utilizada em rituais aborígenes, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às suas proprieda<strong>de</strong>s alucinogénias. Esta espécie foi<br />

trazida para a Europa no século XVI, atribuin<strong>do</strong>-lhe proprieda<strong>de</strong>s medicinais curativas. No início <strong>do</strong> séc. XX,<br />

com a publicida<strong>de</strong> incrementou-se o seu uso e na década <strong>de</strong> 60 foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública.<br />

A combustão <strong>do</strong> tabaco produz inúmeras substâncias nocivas, como gases e vapores, que passam para<br />

os pulmões através <strong>do</strong> fumo, sen<strong>do</strong> algumas absorvidas pela corrente sanguínea, como o monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

carbono, alcatrão, amoníaco entre outras substâncias irritante e agentes cancerígenos. A nicotina é a<br />

substância que provoca a <strong>de</strong>pendência.<br />

O vício <strong>de</strong> fumar tem-se revela<strong>do</strong> difícil <strong>de</strong> combater. A nicotina provoca <strong>de</strong>pendência por meio <strong>de</strong><br />

processos semelhantes aos da cocaína, álcool e heroína, tem características que preenchem os critérios das<br />

drogas aditivas: uso compulsivo, efeitos psicoactivos e comportamento reforça<strong>do</strong> pela droga, tolerância e<br />

<strong>de</strong>pendência física, manifestada por uma síndroma <strong>de</strong> abstinência.<br />

Os sintomas <strong>de</strong> privação incluem, entre outros, a necessida<strong>de</strong> imperiosa <strong>de</strong> fumar, irritabilida<strong>de</strong>,<br />

agressivida<strong>de</strong>, ansieda<strong>de</strong>, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentração, <strong>do</strong>res <strong>de</strong> cabeça, aumento <strong>do</strong> apetite, tonturas.<br />

Os malefícios <strong>do</strong> tabaco não justificam nem compensam os seus benefícios, que se traduzem,<br />

exclusivamente, no prazer que po<strong>de</strong> estar associa<strong>do</strong> ao acto <strong>de</strong> fumar.<br />

É sabi<strong>do</strong> que fumar incrementa o risco <strong>de</strong> pa<strong>de</strong>cer <strong>de</strong> múltiplas <strong>do</strong>enças como, o cancro, <strong>do</strong>enças<br />

pulmonares obstrutivas crónicas, aci<strong>de</strong>ntes vasculares cerebrais e outras.


Porque tentamos erradicar o hábito e fracassamos? Em primeiro lugar porque achamos que <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> fumar é muito difícil e requer um gran<strong>de</strong> esforço ou até mesmo que é impossível. Nestas condições nem<br />

sequer tentamos. Outras vezes tentamos e simplesmente, mais tar<strong>de</strong> ou mais ce<strong>do</strong>, voltamos a reincidir no<br />

hábito.<br />

O que está por trás <strong>de</strong>ste fracasso? Vários factores possíveis: <strong>de</strong>sconhecemos porque realmente<br />

fumamos e assim mantemos o hábito; verda<strong>de</strong>iramente, achamos que não nos apetece; cremos que não<br />

somos capazes <strong>de</strong> passar sem o cigarro; não estamos dispostos a fazer esforço e a “pagar o preço”;<br />

sabemos que existem muitos méto<strong>do</strong>s mas não sabemos qual o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, etc.<br />

Ora, quan<strong>do</strong> se age com base no esforço, ou não se chega a alcançar a meta ou a sua obtenção é<br />

quase sempre produto <strong>de</strong> um processo traumático, com sequelas, pois sentimos que temos <strong>de</strong> abdicar <strong>de</strong><br />

algo ou mesmo <strong>de</strong> partes <strong>de</strong> nós próprios.<br />

A eficácia <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> quanto se acredita em si próprio. Este é o<br />

mecanismo mais central <strong>do</strong> funcionamento humano, partin<strong>do</strong> para a luta se percepcionarmos que somos<br />

capazes <strong>de</strong> levar a cabo uma acção que conduzirá ao efeito <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>. Caso contrário jamais levará a cabo<br />

essa acção ou será perseverante face às dificulda<strong>de</strong>s.<br />

O que acontece é que cada vez que tentamos e fracassamos diminuímos a nossa auto-estima e a<br />

confiança em nós próprios. A <strong>de</strong>sabituação da nicotina é um processo moroso e necessita muitas vezes, <strong>de</strong><br />

intervenção e acompanhamento por profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> especializa<strong>do</strong>s, médicos, enfermeiros,<br />

psicólogos, e outros, assim como terapêutica comportamental e/ou farmacológica. Devemos contar sempre<br />

com o apoio <strong>do</strong>s familiares e amigos pois serão uma mais-valia durante o tratamento e manutenção da<br />

abstinência.<br />

Convém que pense nas consequências positivas que consi<strong>de</strong>re po<strong>de</strong>rem motivá-lo a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fumar.<br />

Consi<strong>de</strong>rar as vantagens <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o tipo, valorizar a<strong>de</strong>quadamente a sua importância e pensar “por<br />

antecipação” nos ganhos que po<strong>de</strong>rá obter.<br />

Deixar <strong>de</strong> fumar trás <strong>de</strong> forma imediata benefícios importantes para a saú<strong>de</strong>, melhoran<strong>do</strong><br />

substancialmente a nossa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Existem diversos benefícios ao <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fumar:<br />

• Após oito horas, os níveis <strong>de</strong> monóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono no organismo baixam e os <strong>de</strong> oxigénio<br />

aumentam;<br />

• Passadas 72 horas, a capacida<strong>de</strong> pulmonar aumenta e a respiração torna-se mais fácil;<br />

• Com cinco anos <strong>de</strong> abstinência <strong>do</strong> tabaco, o risco <strong>de</strong> cancro da boca e <strong>do</strong> esófago é reduzi<strong>do</strong> para<br />

meta<strong>de</strong>;<br />

• Ao final <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, o risco <strong>de</strong> cancro <strong>do</strong> pulmão é já meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> verifica<strong>do</strong> em fuma<strong>do</strong>res, e o <strong>de</strong><br />

outros cancros diminui consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

• Após 15 anos <strong>de</strong> abstinência, o risco <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença cardiovascular é igual ao <strong>de</strong> um não fuma<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

mesmo sexo e ida<strong>de</strong>.


• As mulheres que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> fumar antes <strong>do</strong> primeiro trimestre <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z reduzem<br />

significativamente o risco <strong>do</strong> bebé ser prematuro ou ter peso reduzi<strong>do</strong> em comparação com as que<br />

continuam a fumar.<br />

• Aban<strong>do</strong>nar o consumo <strong>de</strong> tabaco tem efeitos positivos e saudáveis para to<strong>do</strong>s, social e<br />

individualmente, sem esquecer as pessoas que, <strong>de</strong> uma forma ou outra, vêem-se obrigadas a<br />

respirar o fumo <strong>do</strong> tabaco (fuma<strong>do</strong>res passivos).<br />

• Fumar significa estar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma substância, <strong>de</strong>ixar o consumo é libertarmo-nos <strong>de</strong>ssa<br />

<strong>de</strong>pendência.<br />

A cessação <strong>de</strong> fumar traz benefícios <strong>de</strong> toda a or<strong>de</strong>m, ao nível físico (<strong>de</strong>saparecimento <strong>do</strong> cheiro a<br />

tabaco, aumento <strong>do</strong> paladar, diminuição <strong>do</strong> risco <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças…), psicológico (aumenta a auto-estima<br />

reforçan<strong>do</strong> as competências <strong>do</strong> individuo) e socioeconómico (melhoria <strong>do</strong> orçamento familiar e socialmente<br />

aceite)<br />

A aparência renovada, o hálito mais fresco, o travar <strong>do</strong> envelhecimento precoce e a poupança económica<br />

são factores adicionais que po<strong>de</strong>m motivar a sua <strong>de</strong>cisão.<br />

É importante ter a percepção <strong>de</strong> que voltar a ser um indivíduo "não-fuma<strong>do</strong>r" não é apenas um simples<br />

acto, mas um processo on<strong>de</strong> se fazem escolha e mudanças que alteram o seu estilo <strong>de</strong> vida. A Consulta <strong>de</strong><br />

Desabituação Tabágica po<strong>de</strong> ser um meio para conseguir esse objectivo que procura -"uma vida sem fumo".<br />

Quan<strong>do</strong> as pessoas conseguem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fumar, dá-se um incremento na sua auto-estima e orgulho<br />

pessoal, facilitan<strong>do</strong> a prática <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s mais saudáveis e prazerosas.<br />

Aos pais <strong>de</strong>ve ser dirigida uma mensagem especial:<br />

• Não permitam, que se fume, em suas casas;<br />

• Não fumem (se os pais forem fuma<strong>do</strong>res) em presença <strong>do</strong>s seus filhos, qualquer que seja o local,<br />

on<strong>de</strong> se encontrem;<br />

• Não permitam, que as crianças mexam em objectos associa<strong>do</strong>s com o tabaco, como isqueiros,<br />

cinzeiros, caixas <strong>de</strong> tabaco;<br />

• Avisem os seus filhos sobre os malefícios <strong>do</strong> tabaco.<br />

Aos jovens:<br />

• Devem resistir às pressões para fumar;<br />

• Recusar uma oferta é um direito;<br />

• Fumar tem um impacto negativo (directo e indirecto) no ambiente.<br />

• Não fumar é que está na moda;<br />

• São várias as alternativas ao tabaco: conversar, ouvir música, ler, passear, namorar...


Os a<strong>do</strong>lescentes que fumam po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fumar com facilida<strong>de</strong> e basta parar <strong>de</strong> fumar para o conseguir,<br />

pois não estão verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> tabaco.<br />

A luta contra o tabaco atinge to<strong>do</strong> o País. Se Portugal conseguir sensibilizar a sua juventu<strong>de</strong>, milhares <strong>de</strong><br />

euros <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> ser consumi<strong>do</strong>s anualmente no tratamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças provocadas pelo fumo <strong>do</strong> cigarro.<br />

O jovem <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral começa a fumar por um acto <strong>de</strong> rebeldia ou afirmação. Hoje, com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong>sportivas, seria mais saudável que a juventu<strong>de</strong> procurasse sua afirmação<br />

através <strong>do</strong> <strong>de</strong>sporto ou <strong>de</strong> manifestações artísticas, que fazem bem ao organismo, à mente e ao espírito.<br />

O Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carregal <strong>do</strong> Sal disponibiliza 1 hora semanal (quinta das 18 ás 19 horas), para<br />

esta consulta. A equipa até agora foi constituída por uma médica e uma enfermeira. A equipa <strong>de</strong>verá ser<br />

alargada ainda no ano <strong>de</strong> <strong>2011</strong>, integran<strong>do</strong> uma psicóloga, uma nutricionista e uma médica <strong>de</strong>ntista. Estes<br />

profissionais são oriun<strong>do</strong>s da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Recursos Assistenciais Partilha<strong>do</strong>s (URAP) <strong>do</strong> ACES Dão Lafões<br />

III.<br />

.<br />

Se é profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou está liga<strong>do</strong>, <strong>de</strong> alguma forma,<br />

a esta área.<br />

Esta <strong>Newsletter</strong> é sua.<br />

Colabore envian<strong>do</strong> artigos<br />

CONTACTOS: mmanuelacafrao@gmail.com<br />

juditemaia@arscentro.min-sau<strong>de</strong>.pt

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!