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LULA - 100 DIAS DE GOVERNO - INFRA-ESTRUTURA

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REGULADORAS<br />

Mariana Mazza<br />

Desde a posse do novo presidente da República,<br />

Luiz Inácio Lula da Silva, as agências<br />

reguladoras vem sofrendo um verdadeiro<br />

bombardeio. O governo tem baseado<br />

suas críticas contra as agências em<br />

uma possível concorrência de poderes<br />

com os ministérios. Analistas de mercado<br />

pensam o contrário. “Não acho que<br />

exista essa concorrência”, afirma a economista<br />

Fabiana Fantoni, em entrevista à<br />

InvestNews. “O ministério cria as políticas<br />

e as agências cumprem. Só isso.”<br />

Segundo o governo, a Agência Nacional<br />

de Energia Elétrica (Aneel), a Agência Nacional<br />

do Petróleo (ANP) e a Agência Nacional<br />

de Telecomunicações (Anatel) estariam<br />

criando políticas para as áreas de<br />

infra-estrutura, papel exclusivo dos ministérios<br />

de Minas e Energia e de Comunicações,<br />

respectivamente. Também se questiona<br />

o poder das agências para controlar<br />

as tarifas públicas. Em fevereiro, o presidente<br />

Lula afirmou que ficava sabendo do<br />

aumento de tarifas de telefone pelos jornais.<br />

Foi o início do ataque mais ferrenho<br />

às agências.<br />

“A Anatel tem cumprido o seu papel. Não é<br />

ela quem decide o reajuste. Ele está firmado<br />

em contrato e a agência o está respei-<br />

Infra-estrutura<br />

Infra-estrutura e Crédito<br />

<strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> CONTRA AS AGÊNCIAS REGULADORAS<br />

Governo vê concorrência de poderes entre agências reguladoras e ministérios.<br />

“O funcionamento<br />

das agências só é<br />

completo se houver<br />

isenção política. Tirar<br />

essa característica<br />

das agências não faz<br />

sentido, pois elas<br />

perderão sua função<br />

regulatória”<br />

FABIANA FANTONI<br />

tando”, falou à InvestNews Adriano Piloni,<br />

analista de telecomunicações da Tendências<br />

Consultoria. Não é o que pensam alguns<br />

deputados da bancada do PT. Em<br />

audiência pública realizada recentemente<br />

na Câmara dos Deputados sobre o reajuste<br />

tarifário, entre outros assuntos, a deputada<br />

Mariângela Duarte (PT/SP) defendeu<br />

a posição do governo federal. “É uma inversão<br />

de papéis”, disse a deputada. “Se<br />

isso está na lei, é preciso reformá-la e<br />

adequá-la ao interesse público.”<br />

Mais nacionalismo na<br />

Petrobras<br />

Sabrina Lorenzi<br />

O desenvolvimento do País ganhou<br />

força nos três primeiros meses em<br />

que a Petrobras passou a ser<br />

comandada pelo governo petista. À<br />

frente da companhia, José Eduardo<br />

Dutra manteve conceitos adotados<br />

por seus antecessores Francisco<br />

Gros e Henri Philippe Reichstul, mas<br />

acrescentou a eles doses de<br />

nacionalismo, patriotismo e<br />

emprego.<br />

Dutra mudou o edital de licitação de<br />

plataformas e se prepara para<br />

modificar regras para a construção<br />

de gasodutos, a exemplo do que<br />

fará em futuras concorrências para<br />

alavancar a indústria nacional. E<br />

priorizou a construção de uma<br />

refinaria no País em vez de<br />

optar por comprá-la no exterior,<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 1


REGULADORAS<br />

Contra as agências não existem somente<br />

as palavras do governo. Pelo<br />

menos três projetos que afetam diretamente<br />

a estrutura das agências reguladoras estão<br />

tramitando no Congresso Nacional. De<br />

autoria do deputado Mário Assad Júnior<br />

(PL/MG), o PL 465/2003 aumenta o prazo<br />

da quarentena dos conselheiros e diretores<br />

das agências para um ano. A deputada<br />

Telma de Souza (PT/SP) quer restringir<br />

a autonomia das agências e dar poderes<br />

ao presidente da República para exonerar<br />

conselheiros e diretores (PL 413/2003).<br />

Hoje só se pode exonerar um dirigente de<br />

agência se ele for condenado por<br />

improbidade administrativa.<br />

No Senado Federal, está tramitando o<br />

PLS 38, do senador Arthur Virgílio (PSDB/<br />

AM), que pretende instituir o controle externo<br />

das agências reguladoras. Além disso,<br />

existem vários requerimentos na Câmara<br />

dos Deputados convidando diretores<br />

das agências para prestar esclarecimentos<br />

de suas áreas.<br />

“O funcionamento das agências só é<br />

completo se houver isenção política. Tirar<br />

essa característica das agências não<br />

faz sentido, pois elas perderão sua função<br />

regulatória”, comenta Fabiana. No<br />

programa de governo apresentado pelo<br />

presidente Lula durante sua campanha só<br />

há menção de reorganizar as atribuições<br />

da Aneel. A ANP também é citada, mas<br />

como atuante no controle social das empresas<br />

petrolíferas em conjunto com o<br />

Congresso Nacional.<br />

“No caso da Aneel, a verdade é que o<br />

governo, durante esses <strong>100</strong> dias, não<br />

Infra-estrutura<br />

Neste momento,<br />

pelo menos três<br />

projetos que<br />

afetam diretamente<br />

a estrutura<br />

das agências<br />

reguladoras estão<br />

em tramitação no<br />

Congresso<br />

Nacional.<br />

definiu a política energética para o País.<br />

E isso não é alçada da Aneel e sim do<br />

Ministério e do Governo Federal”, afirma<br />

Armando Franco, consultor no setor elétrico<br />

e em transportes, à InvestNews.<br />

Mas às vezes aparece um elogio entre<br />

tantas farpas contra as agências. “Diferente<br />

do que os outros ministros têm passado<br />

com suas agências, não tenho nada<br />

a reclamar da ANTT (Agência Nacional de<br />

Transportes Terrestres) e da Antaq (Agência<br />

Nacional de Transportes Aquaviários),<br />

afirmou o ministro dos Transportes,<br />

Anderson Adauto, em audiência pública<br />

na Câmara dos Deputados. “Eles fizeram<br />

um ótimo trabalho de levantamento da<br />

situação dos transportes no Brasil.” Para<br />

o governo, parece que o caso de Adauto<br />

é uma exceção.<br />

como estava definido assim que<br />

assumiu.<br />

Prova da disposição em focar e<br />

alavancar investimentos no parque<br />

brasileiro está na definição dos cortes<br />

de recursos. Forçada pela<br />

necessidade de elevar seu superávit<br />

primário, a Petrobras reduziu<br />

investimentos em cerca de US$ 1,5<br />

bilhão, dos quais pelo menos metade<br />

deixou de aportar na área<br />

internacional. Comandada por Nestor<br />

Cervero, a diretoria viu seu<br />

orçamento minguar de US$ 1,6<br />

bilhão para US$ 700 milhões.<br />

E pensar que na gestão de Gros,<br />

falava-se em adquirir uma refinaria no<br />

Golfo do México por até US$ 3<br />

bilhões.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 2


REGULADORAS<br />

Governo Governo ameniza ameniza críticas<br />

críticas<br />

Mariana Mazza<br />

Infra-estrutura<br />

Houve uma evolução na visão do governo com relação às agências reguladoras<br />

nesses primeiros <strong>100</strong> dias de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.<br />

Esta é a análise dos juristas do setor de infra-estrutura. Desde o ano passado,<br />

existem posições conflitantes sobre o papel das agências reguladoras e sua<br />

autonomia funcional. Este conflito acirrou-se no início do governo Lula mas,<br />

gradativamente, foi sendo abrandado com a percepção da importância das<br />

agências no contexto do setor, hoje privatizado em grande parte.<br />

O governo já tem dado declarações claras sobre esta mudança. Em audiência<br />

pública realizada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (8), a ministra<br />

de Minas e Energia, Dilma Rousseff, amenizou o tom quando falou sobre as<br />

agências. “Elas são imprescindíveis. Só há uma hipótese onde não se<br />

precisaria de agências que é quando há um monopólio público”, comentou<br />

Dilma.<br />

A solução adequada para a discussão sobre as agências seria a criação de<br />

políticas pelo poder executivo, que mostrem qual caminho deve ser seguido<br />

pelas reguladoras. Isso não afetaria a autonomia decisória dessas autarquias,<br />

importante para a realização de regulamentos para o setor e fiscalização das<br />

empresas.<br />

Para os analistas, o problema entre os ministérios e as agências foi gerado por<br />

um vácuo de políticas para o setor. Como não havia políticas, as agências<br />

acabaram decidindo por elas mesmas suas posições com o mercado. Embora<br />

o modelo das agências seja muito transparente, o setor não é mais o mesmo<br />

que há cinco anos, quando foram criadas as reguladoras. Por isso, o<br />

questionamento do sistema é importante: para que o modelo seja atualizado.<br />

Indefinição pode<br />

mexer com o mercado<br />

Adriana Serrano<br />

O professor da Faculdade de<br />

Economia e Administração do Ibmec<br />

Educacional, Juan Pedro Jensen<br />

alertou para a indefinição quanto ao<br />

papel das agências reguladoras no<br />

novo governo. Para ele, essa<br />

polêmica é preocupante, pois pode<br />

voltar a estressar os mercados<br />

financeiros com o risco de quebra<br />

de contratos. “Não se sabe ainda se<br />

o governo vai intervir ou não nas<br />

agências. É uma questão obscura<br />

que pode trazer pontos de stress<br />

para o mercado, no risco de mexer<br />

em contratos feitos pelo governo<br />

anterior”, afirmou.<br />

Apesar de estar construindo as<br />

bases macroeconômicas para o<br />

crescimento sustentável da<br />

economia, as questões<br />

microeconômicas, que também<br />

afetam a credibilidade no longo<br />

prazo, deverão ficar para depois.<br />

Para Jensen, o foco<br />

microeconômico pode surgir no ano<br />

que vem, depois da aprovação das<br />

reformas estruturais e de uma fase<br />

de ajustes gerais da economia. “A<br />

partir do momento em que se estiver<br />

arrumado o lado macroeconômico é<br />

que se pode transferir o foco para o<br />

micro”, afirmou.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 3


EMPREGO<br />

Adriana Serrano<br />

Infra-estrutura<br />

O O desemprego desemprego aumenta aumenta e e a a renda renda diminui<br />

diminui<br />

Passados <strong>100</strong> dias da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a<br />

população ainda não pôde sentir mudanças significativas em seu dia-a-dia. O<br />

desemprego aumentou, a renda das famílias diminuiu e as dificuldades de<br />

crédito continuam, mas o primeiro passo para que a implementação de uma<br />

nova forma de governo chegue à população já está dado.<br />

A melhora das perspectivas dos investidores internacionais em relação ao Brasil<br />

e o otimismo das expectativas, manifestado por indicadores como o câmbio e o<br />

Risco País, abrem condições favoráveis para que o desemprego - que está no<br />

fim do ciclo econômico e demora algum tempo para absorver mudanças na<br />

economia - recue a partir do segundo semestre, disse o pesquisador da área<br />

de mercado de trabalho da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas<br />

(Fipe), Hélio Zylberstajn.<br />

“O emprego não evolui por conta da atividade econômica muito fraca, que é<br />

resultado de uma política monetária e fiscal restritiva”, explicou o economista.<br />

Essa política pouco amigável ao emprego, no entanto, começou a ser<br />

implementada pelo governo anterior, mas teve de ser continuada pelo atual em<br />

razão do controle das expectativas.<br />

“O que já é resultado do governo Lula é essa virada impressionante na atitude e<br />

expectativas do mercado. Esse já é o primeiro passo para vermos melhorias na<br />

situação do emprego no segundo semestre”, afirmou o analista.<br />

Em fevereiro, o desemprego atingiu 11,6% da População Economicamente<br />

Ativa (PEA), o equivalente a 2,4 milhões de pessoas, segundo o Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa crescimento<br />

de 4,2% em relação a janeiro. Somente na Região Metropolitana de São Paulo,<br />

a mais rica do País, cerca de 1,785 milhão de pessoas, ou 19,1% da PEA,<br />

permaneceram sem emprego, num movimento que se mantém alto desde o<br />

início do ano passado (ver gráfico).<br />

em %<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

EVOLUÇÃO DA TAXA <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>SEMPREGO POR TIPO<br />

0<br />

Fev/02 Abr Jun Ago Out Dez Fev/03<br />

Região Metropolitana de São Paulo – Fevereiro/02 - Fevereiro/03<br />

TOTAL<br />

ABERTO<br />

OCULTO<br />

Fonte: SEP<br />

Convênio<br />

Seade-Diese<br />

Reformas Estruturais<br />

Adriana Serrano<br />

Hélio Zylberstajn, pesquisador da<br />

área de mercado de trabalho da<br />

Fundação Instituto de Pesquisas<br />

Econômicas (Fipe) afirmou que a<br />

aprovação das reformas tributária e<br />

previdenciária, consideradas como<br />

prioridade para o governo, ajudam<br />

‘tanto no longo como no curto<br />

prazo’ para a geração de<br />

empregos, já que devem reduzir o<br />

impacto dos encargos trabalhistas<br />

e gerar expectativas favoráveis<br />

quanto ao apoio político do novo<br />

governo. “Com isso, se começa a<br />

construir um movimento positivo<br />

para o emprego”, avaliou.<br />

Já a reforma trabalhista deve ficar<br />

para mais tarde, em função da<br />

complexidade dos debates com a<br />

‘origem social’ do PT. “A tendência é<br />

mexer primeiro na reforma sindical,<br />

que é um vespeiro tanto nos<br />

sindicatos como no Congresso”,<br />

explicou.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 4


SEGUROS<br />

Solange G. Silva<br />

Infra-estrutura<br />

Indústria Indústria apóia apóia lei lei para para modernizar modernizar o o setor<br />

setor<br />

O mercado de seguros está otimista com o governo Lula. A nomeação de René<br />

Garcia para a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e de Lídio Duarte<br />

para o IRB Brasil Re, juntamente com o andamento da Reforma da Previdência<br />

e a aprovação da emenda que altera o Artigo 192 da Constituição (sobre o<br />

sistema financeiro) que abre caminho para uma nova lei básica de seguros,<br />

animaram os executivos do setor nestes primeiros <strong>100</strong> dias de governo.<br />

A indústria seguradora já começa a se organizar para que a Lei Complementar que<br />

irá normatizar o mercado seja aprovada o mais rápido possível. Essa lei deverá<br />

modernizar o setor, regido atualmente pelo Decreto 73/66 em vigor há mais de 35<br />

anos, e esclarecer alguns pontos do novo Código Civil no que tange às questões<br />

de direito do seguro.<br />

A Reforma da Previdência, que só por estar novamente na ordem do dia tem<br />

impulsionado as vendas de planos de aposentadoria privados, tem conseguido um<br />

apoio até inesperado das empresas que atuam no setor. Todas elas esperançosas<br />

em abocanhar a previdência complementar do funcionalismo público, gerir os<br />

fundos de pensão de estados e municípios ou simplesmente oferecer produtos<br />

novos para a grande faixa da população que não contará com a previdência pública.<br />

A privatização do IRB, que já foi um ponto de acirrada discussão entre as<br />

seguradoras e o partido do presidente Lula, pode voltar a ser discutida agora em<br />

outro parâmetro. A resseguradora estatal passa pela melhor fase de sua história e<br />

registrou no ano passado um crescimento de 97,6% em seu lucro líquido que<br />

passou de R$ 170,43 milhões em 2001 para R$ 336,77 em 2002.<br />

Todo o processo anterior de privatização - cujos leilões foram interrompidos por<br />

uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) movida pelo PT em 2001 -<br />

poderá ser substituído por uma nova e simples proposta elaborada pelas<br />

seguradoras: a transferência do controle acionário para os sócios privados do<br />

IRB por meio da troca das ações nominais por ordinárias.<br />

O papel da Susep também está mudando. A autarquia, nesta nova fase, acena<br />

com a criação de comitês de auto-regulamentação do setor e com a revisão<br />

das regras do mercado segurado. “Temos regras demais e regras algumas<br />

vezes equivocadas”, afirmou Garcia. O novo superintendente está engajado na<br />

elaboração de um planejamento estratégico para o setor de seguros.<br />

O que vem a calhar já que o setor, a despeito do crescimento apurado nos<br />

últimos anos, ainda tem muito o que desenvolver. Enquanto o Brasil ocupa a<br />

11ª posição entre as maiores economias do mundo, o mercado segurador<br />

brasileiro está no 24º lugar no ranking mundial.<br />

Retração nas obras<br />

públicas afeta seguro<br />

garantia<br />

Solange G. Silva<br />

O desaquecimento do setor de<br />

obras públicas e de construção civil<br />

neste início de governo Lula já<br />

reflete no ramo de seguro garantia.<br />

Com menos obras em andamento, a<br />

venda de apólices para cobertura<br />

das construções de pontes,<br />

estradas e grandes edifícios também<br />

reduziu nos últimos <strong>100</strong> dias.<br />

“A grande queda no ritmo de obras<br />

públicas, seja porque o presidente<br />

está conhecendo primeiro a casa, ou<br />

seja porque está fazendo retenção<br />

de custos, deu uma retraída no<br />

seguro garantia”, constata o gerente<br />

de Produtos Financeiros da AON<br />

Risks Services, Guilherme Mendes.<br />

O executivo acredita que a retomada<br />

da construção civil, importantíssima<br />

para o Produto Interno Bruto (PIB),<br />

vai depender da velocidade com<br />

que forem aprovadas as reformas,<br />

principalmente a fiscal “quando o<br />

governo terá onde arrumar dinheiro<br />

para fazer obras e investir em infraestrutura”,<br />

diz.<br />

Mendes está otimista. “Acredito que<br />

o governo está fazendo bem o<br />

papel dele. Na área econômica,<br />

onde tinha-se a maior dúvida de<br />

que se saíria bem, ele está melhor<br />

que na área social, onde havia um<br />

maior alarde.”<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 5


FUNDOS<br />

Flávia Lima<br />

Infra-estrutura<br />

Captação Captação manterá manterá crescimento crescimento mensal<br />

mensal<br />

Queda do dólar e do risco Brasil ajudam a ampliar as captações.<br />

O balanço dos <strong>100</strong> dias de governo de Luiz Inácio Lula da Silva para o setor de<br />

fundos de investimento é bastante positivo. O saldo ancora-se na queda do dólar e<br />

do risco Brasil, os principais fatores a colaborar com as fortes captações registradas<br />

pelo setor no período, de acordo com o gerente de pesquisas da consultoria<br />

Thomson Financial, Guillermo Mazzoni. “É o reflexo do aumento da confiança dos<br />

investidores e do maior otimismo que toma conta dos mercados”, afirma.<br />

Para Mazzoni, o ritmo forte de captação dos fundos nos três primeiros meses do ano<br />

repete o compasso de entradas registradas em igual período do ano passado. Mas<br />

para o gerente as turbulências registradas após os primeiros meses de 2002 darão<br />

lugar à manutenção de um crescimento entre 2% e 3% na captação líquida mensal<br />

do setor, se não houver mudanças radicais na condução da política do governo.<br />

No três primeiros meses do ano, segundo dados da Associação Nacional dos<br />

Bancos de Investimento (Anbid), os fundos de investimento captaram R$ 18,716<br />

bilhões em recursos líquidos, puxados por entradas registradas pelas carteiras<br />

de Renda Fixa (R$ 8,217 bilhões), fundos Mistos (R$ 5,243 bilhões) e DIs (R$<br />

4,735 bilhões). Em 2002, em decorrência das perdas causadas por turbulências<br />

melhor refletidas nas cotas dos fundos por conta da antecipação das regras de<br />

marcação a mercado, os saques superaram os R$ 50 bilhões.<br />

Mazzoni lembra que em 2002 as incertezas com relação às eleições<br />

presidenciais, a crise financeira e principalmente o episódio da marcação a<br />

mercado resultaram em um período bastante ruim para o setor de fundos. “A<br />

partir da definição das políticas macroeconômicas do novo governo, essas<br />

incertezas foram demovidas em parte e a confiança prova que está voltando<br />

rapidamente”, afirma.<br />

“O que está ocorrendo irá se prolongar. Estou otimista, mesmo ante um contexto<br />

internacional longe de ser favorável, dentre outros fatores, porque os investidores<br />

internacionais estão jogando a favor do Brasil”, diz o gerente da Thomson.<br />

Entre as opções de fundos disponíveis, Mazzoni destaca os investimentos em<br />

renda variável e as carteiras atreladas ao Certificado de Depósito Interbancário<br />

(CDI). “A bolsa tem se destacado e os investidores conservadores estão<br />

ganhando sem correr muitos riscos. Acho que as duas aplicações apresentam<br />

as melhores perspectivas”, finaliza.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 6


FUNDOS<br />

Flávia Lima<br />

Infra-estrutura<br />

Governo Governo faz faz o o que que pode pode para para reduzir reduzir volatilidade<br />

volatilidade<br />

Risco fica por conta de eventuais incertezas no cenário externo.<br />

O professor do Laboratório de Finanças da Universidade de São Paulo<br />

(Labfin), Ricardo Humberto Rocha avalia que em <strong>100</strong> dias o governo de Luiz<br />

Inácio Lula da Silva tem feito o que está a seu alcance para reduzir os riscos<br />

de volatilidade que podem atingir o setor de fundos de investimento. Para<br />

Rocha, o governo tem mostrado responsabilidade do ponto de vista fiscal e<br />

monetário e esse comportamento, diz o professor, tem interferido de modo<br />

positivo nesse mercado.<br />

“Com a queda do dólar e melhora do risco-Brasil, a volatilidade dos fundos<br />

tem diminuído e isso tende a puxar para cima o movimento de captação”,<br />

afirma Rocha, ao ressaltar que seria arriscado e imprudente apostar na<br />

reversão do forte volume de saques registrado em 2002, acima de R$ 50<br />

bilhões.<br />

O professor lembra que o setor não está imune a notícias negativas, as quais<br />

podem trazer perdas aos fundos como em 2002, no episódio de mudanças<br />

das regras de marcação a mercado.<br />

No ano passado, a Instrução Normativa (IN) 365 divulgada pela Comissão de<br />

Valores Mobiliários (CVM), antecipou de setembro para maio o prazo para que<br />

FIFs, FACs e Fiex adotassem os procedimentos de marcação a mercado -<br />

registro dos títulos em carteira pelo preço de mercado. A medida pegou de<br />

surpresa os profissionais da área, gerando cotas negativas para alguns<br />

fundos que ainda não faziam a marcação.<br />

Rocha afirma que um cenário externo negativo pode refletir no desempenho<br />

dos fundos, mas ressalta que é preciso ficar claro que “o governo não tem<br />

nada a ver com isto”.<br />

O professor avalia que a gestão monetária e fiscal do novo governo<br />

surpreende positivamente e que a partir de agora os esforços devem se<br />

concentrar na questão das reformas tributária e previdenciária. Ainda assim,<br />

Rocha acredita que o governo tende a restringir discussões às bases<br />

partidárias, e isso tem de ser alargado para todo o Congresso.<br />

“No mais, a condução é correta. Não adianta criticar dizendo que estão<br />

fazendo tudo igual ao que fazia o governo anterior porque eles estão fazendo<br />

certo”, conclui.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 7


CRÉDITO<br />

Infra-estrutura<br />

Inadimplência Inadimplência em em alta alta no no início início de de mandato<br />

mandato<br />

Inadimplência de pessoas físicas cresceu 10,3% no primeiro bimestre.<br />

A concessão desordenada de crédito salvou o comércio e a indústria no final do<br />

ano passado, e ajudou os setores - sufocados pela baixa demanda por<br />

produtos originada da queda consecutiva dos níveis de renda da população - a<br />

manter algum fluxo de caixa em meio à situação difícil acumulada durante o<br />

segundo semestre. O preço dessa estratégia de vendas, no entanto, veio ao<br />

longo dos <strong>100</strong> primeiros dias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da<br />

Silva: a inadimplência subiu 4,9% somente no primeiro bimestre do ano, puxado<br />

pelo segmento pessoa física, e em março já atinge recorde histórico.<br />

De acordo com o assessor econômico da Serasa, que calcula mensalmente o<br />

Indicador de Inadimplência Serasa, Carlos Henrique de Almeida, o próximo<br />

bimestre está longe de registrar arrefecimento dos índices de falta de pagamento,<br />

que podem se manter altos até o dia das Mães - segunda data mais importante<br />

para as vendas do comércio - e recomeçar o mesmo processo desordenado de<br />

crédito que acaba elevando os índices. “O consumidor partiu para as compras<br />

graças a ações conjuntas de marketing da indústria e comércio, que precisavam<br />

aumentar seu caixa. Com a renda caindo, desemprego e juros elevados, o único<br />

apelo ao consumo era o crédito, a facilidade de pagamento”, explicou.<br />

A inadimplência de pessoas físicas cresceu 10,3% no primeiro bimestre deste ano<br />

na comparação com mesmo período de 2002, quando já havia crescido 44% ante<br />

os primeiros dois meses do ano anterior. No segmento de pessoas jurídicas, a<br />

inadimplência foi 2,1% menor que no primeiro bimestre do ano passado, mas já<br />

havia sido superior em 31,2% em relação ao ano anterior. (ver gráficos) ‘Não<br />

podemos considerar esse movimento um efeito do governo atual, mas um<br />

aumento de inadimplência nunca é confortável para a economia’, afirmou Almeida.<br />

Ele explicou que a alta desses indicadores impede que os juros reais da<br />

economia e o spread bancário retrocedam, o que dificulta o afrouxamento da<br />

política monetária restritiva à produção, emprego e renda. O analista informou<br />

que a quebra no comprometimento de pagamentos é um dos principais fatores<br />

considerados na formação da taxa média de juro que se aplica na economia.<br />

‘Hoje, a expectativa é tudo na economia’, disse.<br />

INDICADOR SERASA <strong>DE</strong> INADIMPLÊNCIA TOTAL<br />

35,9%<br />

JAN/<strong>DE</strong>Z<br />

01/00<br />

VARIAÇÃO ACUMULADA<br />

(JANEIRO A <strong>DE</strong>ZEMBRO)<br />

15,4%<br />

JAN/<strong>DE</strong>Z<br />

02/01<br />

36,0%<br />

JAN/FEV<br />

02/01<br />

VARIAÇÃO ACUMULADA<br />

(JANEIRO A FEVEREIRO)<br />

4,9%<br />

JAN/FEV<br />

03/02<br />

ESTUDO<br />

SERASA<br />

Otimismo está longe<br />

da economia real<br />

E pode ser revertido rapidamente.<br />

Carlos Henrique Almeida considera<br />

que o recente otimismo que se criou<br />

nos mercados financeiros em relação<br />

ao Brasil, manifestado pela queda do<br />

dólar, retração do Risco País e<br />

valorização dos títulos da dívida<br />

externa, só deverá perdurar de forma<br />

sustentável pelo segundo semestre se<br />

o governo conseguir aprovar as<br />

reformas prioritárias (Tributária e<br />

Previdenciária). “Há uma confiança<br />

grande no País, mas os mercados<br />

apresentam volatilidade muito grande,<br />

e esse otimismo pode ser revertido a<br />

qualquer momento”, disse.<br />

Assim como o emprego e a renda, a<br />

inadimplência se situa no fim do ciclo<br />

econômico e, portanto, depende do<br />

comportamento geral do nível de<br />

atividade. Para o assessor da Serasa,<br />

a redução dos índices de<br />

inadimplência deverá se dar somente<br />

quando os reflexos do mercado<br />

financeiro chegarem à economia real,<br />

da mesma forma como os atuais<br />

indicadores mostram movimentos do<br />

mercado ocorridos num passado<br />

anterior à posse de Lula. “A reversão<br />

da inadimplência depende da<br />

formação de uma conjuntura melhor,<br />

manifestada no crédito. Demora um<br />

pouco até que os efeitos do mercado<br />

financeiro cheguem ao setor”,<br />

declarou Almeida.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 8


CRÉDITO<br />

Flavia Lima<br />

Infra-estrutura<br />

Operações Operações de de Crédito Crédito do do Sistema Sistema Financeiro<br />

Financeiro<br />

Cresceram Cresceram em em F FFevereiro<br />

F evereiro<br />

O volume das operações de crédito apresentou crescimento moderado em<br />

fevereiro com relação ao mês anterior, segundo relatório mais recente<br />

divulgado pelo Banco Central. O ritmo do crescimento refletiu, principalmente,<br />

a retração sazonal na demanda de recursos por parte do setor produtivo.<br />

Entre os empréstimos contratados por famílias, o relatório indica que<br />

permaneceu a cautela, por conta da redução da renda real e da elevação do<br />

custo do crédito. O documento aponta também uma postura seletiva das<br />

instituições financeiras na concessão de financiamentos, com predominância<br />

de operações de menor risco e renovação de contratos de grandes empresas.<br />

O estoque de crédito do sistema financeiro, que inclui recursos livres e<br />

direcionados, somou R$ 380,3 bilhões em fevereiro, com alta de 0,6% no mês.<br />

As operações com pessoas jurídicas registraram aumento de 0,5% em<br />

fevereiro, alcançando R$ 136,4 bilhões. O incremento mostrou-se mais<br />

relevante nos empréstimos de curto prazo destinados à recomposição do fluxo<br />

de caixa das empresas.<br />

As liberações de recursos para pessoas jurídicas registraram queda de 7% no<br />

total concedido em fevereiro, por conta do menor número de dias úteis naquele<br />

mês, e da maior seletividade nas contratações. A retração mais significativa, de<br />

18,9%, relacionou-se às operações de capital de giro. Já o estoque de crédito<br />

lastreado em moeda estrangeira manteve-se estável.<br />

Com crescimento de 1,2% no período, o saldo das operações com pessoas<br />

físicas atingiu R$ 78,9 bilhões.<br />

Recursos para<br />

Financiamento de<br />

Veículos Novos São<br />

Reduzidos<br />

Maria de Lourdes Chagas<br />

A preocupação com a condução da<br />

política econômica no governo Lula<br />

levou os bancos ligados as<br />

montadoras a reduzirem os recursos<br />

para o financiamento de veículos<br />

novos. De acordo com a estimativa<br />

do diretor executivo da Associação<br />

Nacional das Empresas Financeiras<br />

das Montadoras (Anef), José Romélio<br />

Brasil Ribeiro, o total de recursos<br />

liberado deve atingir R$ 1,6 bilhão,<br />

ante os R$ 1,7 bilhão liberados entre<br />

janeiro e março de 2002.<br />

No período as taxas de juros<br />

apresentaram evolução,<br />

acompanhando o movimento da<br />

Selic. No primeiro trimestre do ano<br />

as taxas foram de 2,79%, 2,83% e<br />

2,85%, respectivamente, para prazos<br />

de financiamento de 24 a 36 meses.<br />

A taxa básica subiu de 25,50% em<br />

janeiro, para 26,5% em março. No<br />

primeiro quarto de 2002 os juros<br />

foram de 2,36%, 2,20%, e 2,12%, e a<br />

Selic declinou de 19% para 18,5%.<br />

Brasil Ribeiro avalia que os <strong>100</strong> dias<br />

de governo Lula foram necessários<br />

para tomar conhecimento do que é<br />

preciso fazer para a economia<br />

brasileira. “O mercado trabalhou<br />

com maior cautela e os investidores<br />

estavam mais apreensivos, com as<br />

conseqüências que a guerra poderá<br />

trazer para a economia mundial.”<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 9


CRÉDITO<br />

Maria de Lourdes Chagas<br />

Infra-estrutura<br />

Endividamento Endividamento pessoal pessoal força força demanda demanda de de crédito<br />

crédito<br />

Levantamento feito pelo Serviço de Mercado e Cotações da InvestNews (SMC) junto<br />

à instituições financeiras constatou que as taxas de crédito pessoal prefixado no<br />

primeiro trimestre do ano oscilaram entre 3,70% e 6,60%. No mesmo período de<br />

2002, a variação do juro nesse segmento foi de 3% a 6,20%. Segundo técnicos<br />

entrevistados pelo SMC, esse aumento reflete a alta da taxa Selic, e o aumento da<br />

alíquota do recolhimento do compulsório sobre depósitos à vista, de 45% para 60%<br />

Apesar da taxa alta, uma grande instituição financeira revela que no período, a<br />

concessão de crédito pessoal cresceu 40% na comparação com o primeiro quarto<br />

de 2002. “Mesmo com o juro elevado, houve demanda por este segmento em razão<br />

do “endividamento da população”, observa um profissional, ressaltando que<br />

“mantidas as tendências macroeconômicas atuais a expectativa é de que estes<br />

volumes venham a manter tendência de crescimento ao longo do ano.”<br />

As taxas de juros das modalidades de crédito de curto prazo para as empresas<br />

registraram os maiores aumentos na comparação primeiro trimestre de 2003 contra<br />

primeiro trimestre de 2002. No hot money, crédito que vence em até 29 dias, a taxa<br />

mensal variou de 2,90% a 4%, para 4,40% a 5,20%.<br />

TAXAS<br />

4,90%<br />

4,70%<br />

4,50%<br />

4,30%<br />

4,10%<br />

3,90%<br />

3,70%<br />

3,50%<br />

3,30%<br />

HOT MONEY<br />

JAN/02 FEV/02 MAR/02 JAN/03 FEV/03 MAR/03<br />

Nas operações com capital de giro, as taxas entre jan-mar/02 variaram de 33% a<br />

57% ao ano, para 51% a 74% ao ano no primeiro trimestre deste ano.<br />

As operações com desconto de duplicata e cheque registraram taxas entre 2,90% a<br />

4,20%, cerca de 0,50% superiores as verificadas entre janeiro e março de 2002.<br />

Para financiamento com vendor a taxa média ficou entre 43% e 61% ao ano ante<br />

28% e 44% ao ano, verificada nos primeiros três meses do ano passado. No mesmo<br />

período de comparação, as taxas do segmento de conta garantida oscilaram entre<br />

4,10% e 5,40%, contra 2,80% e 4,40%.<br />

TAXAS<br />

64,00%<br />

62,00%<br />

60,00%<br />

58,00%<br />

56,00%<br />

54,00%<br />

52,00%<br />

50,00%<br />

48,00%<br />

46,00%<br />

44,00%<br />

CAPITAL <strong>DE</strong> GIRO<br />

JAN/02 FEV/02 MAR/02 JAN/03 FEV/03 MAR/03<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 10


CRÉDITO<br />

Silvia Torres<br />

As linhas de crédito à exportação começam a voltar ao Brasil. Essa é a<br />

percepção de Leandro Miranda, diretor da Principal Partners (casa de<br />

renda fixa, que representa os interesses de 150 investidores<br />

estrangeiros).<br />

Ele avalia que o pior momento para o setor foi o que antecedeu as<br />

eleições presidenciais no ano passado. “A candidatura de Lula gerava<br />

muitas incertezas. Os investidores internacionais estavam cautelosos<br />

porque o candidato era contra as reformas no Congresso, pregava<br />

política de juro baixo e falava muito em ação social”, observa,<br />

ressaltando, que o medo era de que o governo fizesse esses ajustes sem<br />

recursos, podendo vir a abrir mão do orçamento fiscal.<br />

Essas incertezas puxaram o risco-Brasil de 850 pontos em julho do ano<br />

passado, para mais de 2.000 pontos no fim de 2002. “O momento foi de<br />

muita cautela para os investidores. Com isso, as linhas de financiamento<br />

à exportação - ACC/ACE - e pré pagamentos, sofreram redução<br />

acentuada.”<br />

Os bancos reduziram as linhas de crédito em cerca de 40%, e desse total,<br />

as instituições estrangeiras responderam por 50%. “Também houve uma<br />

maior restrição ao crédito, sendo acessível somente às empresas de<br />

primeiríssima linha.”<br />

Infra-estrutura<br />

Crédito Crédito à à exportação: exportação: há há sinais sinais de de melhora<br />

melhora<br />

Participação do BB no mercado de câmbio exportação no ano de 2002:<br />

23,1%, no ano de 2003 já se percebe um incremento em torno de 10 a 15%<br />

no segmento:<br />

Quantidade de operações<br />

contratadas de ACC/ACE<br />

1999 16.928<br />

2000 20.254<br />

2001 21.766<br />

2002 23.390<br />

Volume contratado de<br />

câmbio exportação<br />

1999 US$ 8.492.721 mil<br />

2000 US$ 10.819.649 mil<br />

2001 US$ 11.842.013 mil<br />

2002 US$ 14.126.760 mil<br />

Governo é Racional<br />

Silvia Torres<br />

A posse de Lula foi marcada por muita<br />

expectativa e ele provou que a<br />

racionalidade em seu governo está<br />

acima de qualquer segmento político,<br />

avalia o diretor da Principal Partner,<br />

Leandro Miranda. A preocupação com o<br />

ajuste fiscal, com a reforma tributária e<br />

com a redução dos gastos do estado,<br />

são alguns dos fatores que despertaram<br />

a confiança do investidor, analisa. “Por<br />

sua política coerente o governo hoje<br />

encontra apoio de organismos<br />

multilaterais e investidores estrangeiros<br />

de renda fixa”, diz. Esses fatores têm<br />

contribuído para que as linhas de crédito<br />

à exportação comecem a voltar ao País.<br />

“Os volumes estão se recuperando e uma<br />

grande parte das operações de ACC/ACE<br />

estão tendo seus prazos ampliados de 90<br />

para 180 dias, e as transações de préembarque<br />

de 180 para 360 dias.”<br />

Dinheiro Volta, Mas<br />

Ainda é Caro<br />

O diretor da área Internacional do Banco do<br />

Brasil (BB), Augusto Brauna, também<br />

ressalta que as linhas de crédito “estão<br />

voltando ao mercado”. A questão é que em<br />

termos gerais os custos ainda não<br />

acompanharam a queda do risco-Brasil e<br />

se mantêm num patamar muito elevado.<br />

No final do ano passado, o BB financiava<br />

23,1% das exportações, hoje a participação<br />

nesse mercado chega a 30%. “O avanço é<br />

atribuído ao bom humor do mercado em<br />

relação à política do presidente Lula e<br />

também ao compromisso da instituição na<br />

concessão de crédito ao exportador.”<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 11


INVESTIMENTOS<br />

Maria de Lourdes Chagas<br />

Infra-estrutura<br />

Aumento Aumento da da Selic Selic faz faz investidor investidor sair sair de de CDB<br />

CDB<br />

A captação de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) prefixados teve forte<br />

queda no primeiro trimestre do ano na comparação com o mesmo período de<br />

2002. Segundo levantamento feito junto à instituições financeiras, neste início<br />

do ano houve resgate de CDBs de cerca de R$ 2 bilhões, contra R$ 435<br />

milhões no mesmo período de 2002. Para alguns analistas do setor, a<br />

possibilidade de novos aumentos na taxa Selic em razão de um agravamento<br />

no conflito entre os Estados Unidos e o Iraque, levou os poupadores a<br />

migrarem para operações em fundo DI, que acompanham o movimento da<br />

Selic. Ao contrário dos CDBs prefixados que têm suas taxas firmadas na<br />

consolidação da operação e, caso haja algum alteração da Selic no período, o<br />

investimento não é remunerado. Atualmente, a taxa básica é de 26,5% ao ano.<br />

Os prazos mais procurados pelos investidores variam de 30 a 90 dias. A<br />

tendência, segundo profissionais, é de melhora no cenário econômico com a<br />

desaceleração na inflação e a expectativa de queda na Selic.<br />

TAXAS<br />

25<br />

20<br />

15<br />

CDB prefixado negociado nas agências bancárias<br />

10<br />

1.000 a 9.999,99 MAR/02 10.000 a 39.999,99 MAR/02 acima de 40.000 MAR/02<br />

1.000 a 9.999,99 MAR/03 10.000 a 39.999,99 MAR/03 acima de 40.000 MAR/03<br />

MESES E VOLUME<br />

Em janeiro de 2002 a taxa Selic estava em 19% ao ano, os CDBs para 30 dias,<br />

negociado para um volume de R$ 10.000,00 a R$ 39.999,99 nas agências<br />

bancárias, indicavam taxas de 15% a 18% ano. No início do ano, a taxa girava<br />

em torno de 17% a 24,60% ao ano, com a Selic em 25,50% ao ano.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 12


SINDICATOS / ASSOCIAÇÕES: Anfavea<br />

Reforma Reforma trabalhista trabalhista é<br />

é<br />

considerada considerada a a mais mais difícil<br />

difícil<br />

Franklin Almeida de Mendonça<br />

A abertura de um canal de comunicação com a<br />

sociedade e o encaminhamento das reformas<br />

tributária, previdenciária e trabalhista são os destaques<br />

positivos dos primeiro <strong>100</strong> dias do governo Luiz Inácio<br />

Lula da Silva, na avaliação do presidente da<br />

Associação Nacional de Fabricantes de Veículos<br />

Automotores (Anfavea), Ricardo Carvalho. A elevada<br />

carga tributária e o patamar de juros, um complicador<br />

para o setor que depende, para suas vendas, de 70%<br />

de financiamento, são as maiores preocupações. Entre<br />

as reformas, a trabalhista é considerada a mais difícil<br />

mas, uma “aposta muito importante”. Segundo<br />

Carvalho “hoje o empregado custa muito e recebe<br />

pouco”.<br />

Neste primeiro trimestre, o setor automotivo vem<br />

mantendo uma tendência de estagnação, se<br />

comparado aos mesmo período do ano passado.<br />

“Vamos ter quadros iguais no mercado interno em<br />

relação ao ano passado”, disse. A avaliação do diretor<br />

da Anfavea é de que isto será muito ruim para o setor<br />

em função da grande aposta que as montadoras<br />

fizeram no País desde 1994, com investimentos que<br />

chegaram a US$ 30 bilhões.<br />

O setor está se sustentando com o bom desempenho<br />

nas exportações. Em relação ao mesmo período do<br />

ano passado houve um aumento de 20% no valor<br />

exportado chegando a R$ 4.8 bilhões. “No entanto,<br />

com relação ao mercado interno precisamos repensar<br />

um pouco e ver que medidas poderão alavancar”.<br />

Ricardo Carvalho garante que não há nenhum<br />

discussão do setor com o governo em relação a carros<br />

populares ou outra medidas que possam aquecer as<br />

vendas internas.<br />

Infra-estrutura<br />

SINDICATOS / ASSOCIAÇÕES: Abrinq<br />

Empresário Empresário vê<br />

vê<br />

excesso excesso de de cautela<br />

cautela<br />

Franklin Almeida de Mendonça<br />

Excesso de cautela. Essa é opinião do presidente da<br />

Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos<br />

(Abrinq), Synésio Batista da Costa, sobre os primeiros<br />

<strong>100</strong> dias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da<br />

Silva.<br />

“Tenho certeza de que havia espaço para melhorar a<br />

taxa de juro e deixar o Brasil crescer mais rápido”,<br />

disse. A cautela excessiva prejudica o próprio governo<br />

porque impede o crescimento industrial e a geração<br />

de empregos. “Se quiser gerar empregos não há outra<br />

alternativa a não ser conversar conosco do setor<br />

produtivo”, afirmou.<br />

As reformas tributária e previdenciária também estão<br />

entre as questões consideradas essenciais pelo setor.<br />

Ainda que não se consiga reformas amplas e<br />

completas “ao menos que seja iniciado o processo”.<br />

No primeiro trimestre o setor apresentou uma queda<br />

de vendas de 8,5%, “um contraste ‘terrível’ em relação<br />

ao planejado”. Na avaliação do presidente, o<br />

consumidor está muito retraído. “E isto não tem nada a<br />

ver com guerra. O cidadão perdeu o emprego ou está<br />

com medo de perder”.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 13


SINDICATOS / ASSOCIAÇÕES:<br />

Sindiplast / Abiplast<br />

Setor Setor espera espera crescer<br />

crescer<br />

acima acima de de 7%<br />

7%<br />

Franklin Almeida de Mendonça<br />

Uma grande expectativa que se transformou numa<br />

boa surpresa. A análise é do presidente da Associação<br />

Brasileira da Indústria do Plástico, Merheg Cachum<br />

que ressalta ainda a grande credibilidade do governo<br />

do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Hoje temos<br />

uma credibilidade no governo que entra predisposto a<br />

fazer aquilo que pleiteamos por mais de 10 anos que<br />

são as reformas tributária e previdenciária”, disse.<br />

O desempenho do setor nestes primeiros <strong>100</strong> dias de<br />

governo ainda é problemático. Neste período houve<br />

uma grande elevação nos preços das matérias primas<br />

que alimentam o setor plástico. “Esta famigerada<br />

guerra que criou um tumulto violento”. No entanto o<br />

preço da nafta já começou a baixar e a expectativa é<br />

de um período de tranqüilidade e de ascensão<br />

acentuada para o setor.<br />

O crescimento histórico do setor plástico é de cerca de<br />

10% ao ano. “Vamos ver se este ano nós crescemos<br />

7% ou 8%, o que eu já me daria por feliz”, concluiu.<br />

Infra-estrutura<br />

SINDICATOS / ASSOCIAÇÕES:<br />

Associação Brasileira de Cimento Portland<br />

Sintonia Sintonia com com as as propostas<br />

propostas<br />

de de desenvolvimento desenvolvimento do<br />

do<br />

governo<br />

governo<br />

Franklin Almeida de Mendonça<br />

“Nosso setor está pronto e preparado para ajudar o<br />

Brasil a crescer. Não é só o governo que tem que fazer,<br />

ninguém faz mais nada sozinho”. Para o presidente da<br />

Associação Brasileira de Cimento Portland, Renato<br />

José Giusti, esta é postura que deve ser adotada hoje<br />

em dia. Ele lembra que o setor de cimento significa<br />

habitação social, infra-estrutura, estradas e<br />

saneamento, entre outros.<br />

Giusti defende que o setor da construção civil precisa<br />

de união para entender o que pode ser desenvolvido<br />

em áreas prioritárias para o governo, como a<br />

habitação social, e colaborar. Ele considera cedo ainda<br />

para uma avaliação do governo do presidente Luiz<br />

Inácio Lula da Silva “mas gosto da maneira como ele<br />

vem levando as coisas com uma conversa franca”.<br />

O desempenho do setor nos primeiros meses do ano<br />

mostra uma queda de 10% nos dois primeiros meses<br />

deste ano em relação igual período do ano passado.<br />

Desempenho considerado normal, levando-se em<br />

conta a mudança de governo e que é preciso tempo<br />

para se fazer todos os ajustes.<br />

Uma boa perspectiva para o setor neste início de ano é<br />

com relação à exportação. “Começamos a ter<br />

condição de exportação com a abertura de alguns<br />

portos. Estamos investindo no mercado americano<br />

apesar de a logística nos tirar um pouco a<br />

competitividade”.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 14


SINDICATOS / ASSOCIAÇÕES: Abit<br />

Mais Mais crédito<br />

crédito<br />

para para a a exportação<br />

exportação<br />

Franklin Almeida de Mendonça<br />

A antecipação do envio dos projetos das reformas<br />

tributária e previdenciária para o congresso nacional é<br />

um dos pontos destacados pelo presidente da<br />

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de<br />

Confecção, Paulo Skaf. Para o setor ele reivindica mais<br />

crédito para exportação, redução de juros e da carga<br />

tributária. Apesar de enfrentar problemas como a<br />

pressão inflacionária, as dificuldades ocasionadas pela<br />

guerra, entre outros, ele reconhece que o presidente<br />

Luiz Inácio Lula da Silva está gerenciando bem.<br />

“Ele tomou o Brasil em suas mãos e tem mostrado<br />

liderança e controle”, disse. “Para o setor não eram<br />

esperadas soluções milagrosas”, acrescenta. Há<br />

dificuldades no mercado interno, não está<br />

acontecendo um bom movimento de vendas. O alento<br />

vem das exportações que se comportaram muito bem<br />

no primeiro trimestre. O crescimento foi de 23% nas<br />

exportações com queda de 6% nas importações e<br />

aumento do superávit comercial de 900%, devendo<br />

fechar o ano com cerca de US$ 400 milhões de<br />

superávit comercial.<br />

“Iniciamos o ano bem no que diz respeito a comércio<br />

exterior e no que diz respeito a mercado interno,<br />

apenas regular. Não é animador”, analisa. Skaf<br />

lembrou ainda que a queda do risco Brasil e o dólar<br />

estabilizando na faixa dos R$ 3,00 e “um pouco mais<br />

de tempo” deverão produzir melhorias no mercado<br />

interno.<br />

Infra-estrutura<br />

SINDICATOS / ASSOCIAÇÕES: Abimaq<br />

Recuperação<br />

Recuperação<br />

deve deve vir vir até até junho<br />

junho<br />

Franklin Almeida de Mendonça<br />

O governo vem dirigindo suas ações de forma a<br />

cumprir as promessas realizadas. A reestruturação do<br />

País por meio das reformas o tornarão mais<br />

competitivo mundialmente gerando empregos e<br />

distribuição de renda. Para o presidente da Associação<br />

Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos,<br />

Luiz Carlos Delben Leite, esses são os pontos a<br />

destacar nos primeiros <strong>100</strong> dias de governo do<br />

presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O crescimento das<br />

despesas do estado com o conseqüente crescimento<br />

da carga tributária é um problema que precisa ser<br />

enfrentado, na opinião de Delben. O setor de<br />

máquinas e equipamentos apresentou um<br />

desempenho bastante favorável nos dois primeiros<br />

meses do ano com crescimento do faturamento de<br />

14,8%, considerando os últimos 12 meses até fevereiro<br />

deste ano, em relação ao mesmo período anterior. As<br />

exportações cresceram 34% em relação ao primeiro<br />

bimestre do ano passado e o emprego se manteve<br />

estável.<br />

O problema maior do setor foi o declínio da carteira de<br />

encomendas, porém decorrente das incertezas do<br />

período de transição de governo e da guerra no<br />

Iraque. “Acreditamos que em abril, maio e junho já<br />

tenhamos uma recuperação”, disse.<br />

As maiores reivindicações, segundo Delben, são a<br />

redução do custo do capital e da carga tributária “além<br />

de desburocratizar o cipoal legislativo que vivemos em<br />

relação à carga tributária”.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 15


EMPRESAS<br />

Infra-estrutura<br />

Toyota oyota aposta aposta no no fortalecimento fortalecimento do do Mercosul<br />

Mercosul<br />

Empresa aposta na redução do custo Brasil<br />

para ganhar mais competitividade.<br />

Kathlen Ramos<br />

O fortalecimento do Mercosul durante os primeiros <strong>100</strong> dias da gestão de<br />

Luiz Inácio Lula da Silva foram extremamente importantes para a Toyota,<br />

disse ao InvestNews o presidente da Toyota Mercosul, Hiroyuki Okabe.<br />

“Assim como a Toyota, que recentemente anunciou a criação da Toyota<br />

Mercosul, o governo mostrou acreditar que somos mais fortes e unidos à<br />

Argentina, ao Uruguai e Paraguai”, disse Okabe.<br />

O executivo acredita ainda que o possível fortalecimento com outros<br />

blocos comerciais são também benéficos para o setor. “Apoiamos os<br />

esforços do governo para estabelecer acordos internacionais de comércio,<br />

que possibilitem a negociação com blocos como a Alca e a União<br />

Européia, além de outros países”, concluiu.<br />

A Toyota acredita que todas as empresas multinacionais e nacionais do<br />

setor automotivo esperam por acordos e reformas relacionados ao<br />

comércio internacional, disse ao InvestNews o presidente da Toyota<br />

Mercosul, Hiroyuki Okabe.<br />

Custo Brasil - “A exportação é um dos principais meios para alavancar o<br />

crescimento do País”, disse Okabe. “Para tanto é urgente a redução do<br />

“Custo Brasil”, ou seja, diminuição da carga tributária e dos custos<br />

relacionados à infra-estrutura”, explicou.<br />

Ele lembrou que “no mercado global, mesmo a Toyota Brasil concorre<br />

com outras subsidiárias da matriz na “briga” por novos mercados de<br />

exportação”.<br />

O executivo da Toyota Mercosul ressaltou que a conquista de novos<br />

mercados está diretamente relacionada à qualidade e ao menor preço.<br />

“Desta forma, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social<br />

desempenha um papel importante neste cenário, já que possibilita o<br />

diálogo entre o empresariado, o governo e os trabalhadores”, disse.<br />

Governo controlou<br />

economia com prudência<br />

Kathlen Ramos<br />

Nestes <strong>100</strong> dias de administração, o<br />

governo Lula tem se mostrado “bastante<br />

equilibrado e estratégico”, disse ao<br />

InvestNews o presidente da Toyota<br />

Mercosul, Hiroki Okabe. “O governo<br />

trabalhou questões fundamentais, porém<br />

delicadas, como as reformas tributária,<br />

trabalhista e da previdência”.<br />

Para Okabe, “na economia global é<br />

importante que todos os setores da<br />

sociedade, governo, empresas e<br />

trabalhadores tenham consciência de<br />

que, para o crescimento consistente do<br />

País, é necessário que todos tenham sua<br />

cota de sacrifício no curto prazo”. Neste<br />

contexto, completou o executivo, “estou<br />

contente pelo fato de que o governo vem<br />

controlando a economia com muita<br />

prudência”.<br />

Coca-Cola quer ajudar<br />

governo na busca de<br />

soluções<br />

Renata Dalla Déa<br />

A Coca-Cola considerou positivos os<br />

primeiros <strong>100</strong> dias do governo Lula e<br />

expressou o desejo de ser parceira do<br />

governo na busca de soluções para as<br />

questões sócio-econômicas, disse Brian<br />

Smith, presidente da Coca-Cola Brasil. “A<br />

empresa está certa de que o Brasil trilha<br />

um caminho positivo e acredita que este<br />

ano o País se tornará economicamente<br />

mais forte”. A empresa pretende investir R$<br />

500 milhões no País este ano.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 16


TRANSPORTES<br />

Silmara Cassolino<br />

Infra-estrutura<br />

Inflação Inflação não não deve deve motivar motivar compra compra de de veículos<br />

veículos<br />

Juros altos e baixo poder aquisitivo seguram a demanda.<br />

O analista de investimentos da corretora Socopa, José Henrique Triques,<br />

disse que continua “conservador” quanto às expectativas para o setor<br />

automotivo em 2003, principalmente em relação ao mercado interno.<br />

Segundo Triques, a inflação, a taxa de juros, o baixo poder aquisitivo e a<br />

distribuição de renda não devem motivar a compra de automóveis e a<br />

previsão é de que haja um crescimento de apenas 1% a 1,5% nas vendas<br />

internas neste primeiro ano do governo Lula.<br />

Para o analista, o que pode gerar maior expectativa para o segmento<br />

automotivo é a exportação, que deve crescer cerca de 15% em relação ao<br />

ano passado. Embora haja o conflito no Iraque, Triques informou que ele não<br />

deve causar impacto nas vendas externas, já que muitas encomendas foram<br />

feitas antes.<br />

Quanto à produção nacional de veículos, o analista comentou que, embora<br />

tenha atingido 444,5 mil unidades neste primeiro trimestre do governo Lula -<br />

um aumento de 10,5% em relação ao ano passado -, é preciso analisar o<br />

crescimento com cautela, já que o período de 2002, considerado fraco, foi<br />

afetado pela desaceleração da economia americana.<br />

Entretanto, para o segmento de autopeças e carrocerias, o analista deixou a<br />

cautela de lado e fez uma previsão mais otimista. A razão, segundo Triques, é<br />

que empresas como Iochpe, Randon e Marcopolo esperam bons incrementos<br />

nos faturamentos para este ano. Ele disse que a Iochpe pretende alavancar<br />

as vendas em cerca de 35% em 2003. Já a Randon espera um incremento na<br />

receita líquida em torno de 10% a 20% neste ano. Quanto à Marcopolo, ele<br />

informou que a empresa continua investindo no processo de<br />

internacionalização, a fim de aumentar suas exportações.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 17


TRANSPORTES<br />

Queda Queda do do dólar dólar preocupa<br />

preocupa<br />

Silmara Cassolino<br />

Infra-estrutura<br />

Fabricante diz que oscilação acentuada prejudica negócios.<br />

Na concepção do vice-presidente da Marcopolo, José Antonio Fernandes<br />

Martins, os primeiros <strong>100</strong> dias de administração de Luiz Inácio Lula da Silva<br />

foram bons não somente para a empresa, mas para todo o Brasil, “já que a<br />

postura do presidente trouxe ao País a percepção internacional de que se<br />

trata de um governo sério”, disse.<br />

Para ilustrar sua máxima, Martins citou que o bom desempenho de Lula neste<br />

período foi responsável pela queda do risco Brasil, a baixa do dólar e a alta da<br />

Bolsa de Valores. “O País estava merecendo respeito. O simples fato de ter<br />

conseguido a modificação é algo extremamente produtivo”, disse o executivo.<br />

Apesar de estar correndo tudo muito bem, Martins comentou que está<br />

preocupado em relação à queda do dólar. Ele disse que sempre foi a favor de<br />

uma taxa flutuante, sustentável. Entretanto, informou que não há “esquema”<br />

que agüente essa queda. No caso da Marcopolo, que exporta contratos de<br />

médio a longo prazo, Martins disse que não há como chegar ao cliente e dizer<br />

que o dólar caiu. Do lado do importador, a queda é bem interessante, pois faz<br />

com que antecipe suas compras para aproveitar a cotação.<br />

Por conta disso, Martins comentou estar preocupado, além de ansioso, pois<br />

não sabe com qual preço vai fechar seu produto. “Não sei para qual lado<br />

seguir”, disse.<br />

Para solucionar esse “risco”, o executivo da Marcopolo acha que o Banco<br />

Central deveria ir ao mercado e comprar dólares. “Se o governo comprar<br />

dólares, ele vai aumentar as suas reservas. Com isso, a tendência da moeda<br />

é subir, chegando ao patamar que o exportador está procurando”, disse. Para<br />

Martins, a taxa ideal deveria estar hoje entre R$ 3,30 e R$ 3,40.<br />

A expectativa de Martins, agora, fica por conta de como vai reagir o mercado.<br />

Ele espera que melhore, pois a empresa depende da exportação. “No ano<br />

passado, 63% do faturamento da Marcopolo foi em dólar”, comentou o<br />

executivo.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 18


ENERGIA<br />

Clara Barufi<br />

Infra-estrutura<br />

Concessionárias Concessionárias pagam pagam a a conta conta da da inflação<br />

inflação<br />

Empresas enfrentam dificuldades para saldar dívidas no curto prazo.<br />

O analista-chefe da área de energia elétrica do Banco Pactual, Pedro Batista,<br />

considera que a postura do Governo Federal em relação ao setor está muito<br />

“confusa”. “Foram feitas mudanças de regras para se ter controle da inflação e<br />

quem está pagando a conta são as empresas”, critica.<br />

O analista se refere à indecisão com relação ao ressarcimento da<br />

Compensação de Valores de Itens da Parcela A (CVA). Com a intervenção do<br />

Ministério de Minas e Energia no processo de revisão tarifária, as quatro<br />

concessionárias que já tiveram encerrado o processo na última terça-feira -<br />

CPFL, Cemat, Cemig e Enersul - deixaram de receber R$ 1,1 bilhão com a<br />

cobrança de tarifas. “Até agora não foi anunciada nenhuma compensação. Em<br />

princípio, só em 2004 as empresas vão começar a receber esses recursos”<br />

“O problema é que essas companhias têm muitas dívidas vencendo. Elas<br />

precisam de fluxo de caixa para cumprir contratos de curto prazo”, afirma<br />

Batista, acrescentando que sem esses recursos as companhias podem atrasar<br />

o pagamento de fornecedores, incluindo a energia comprada da Itaipu<br />

Binacional, e reduzir o fluxo de investimentos.<br />

Redução de<br />

Investimento já<br />

era Prevista<br />

Clara Barufi<br />

No da semana a Associação<br />

Brasileira de Infra-Estrutura e<br />

Indústrias de Base (Abdib),<br />

divulgou estudo indicando<br />

reduções nas previsões dos<br />

investimentos em expansão dos<br />

sistemas de geração de energia<br />

elétrica. Segundo a entidade, este<br />

ano deve ser investido US$ 9,7<br />

bilhões e haver um acréscimo de<br />

potência instalada de 12.648 MW -<br />

ante previsão anterior de US$ 13,6<br />

bilhões investidos e acréscimo de<br />

18.630 MW no sistema. Para 2004, a<br />

previsão passou para US$ 12,6<br />

bilhões, ou 16.081 MW, ante meta<br />

de US$ 16,4 bilhões e 21.996 MW.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 19


ENERGIA<br />

Clara Barufi<br />

Infra-estrutura<br />

Abraceel Abraceel Elogia Elogia Debate Debate mas mas Critica Critica Indefinições<br />

Indefinições<br />

Presidente da entidade fala em turbulência, mas crê em evolução rápida.<br />

O presidente da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de<br />

Energia Elétrica (Abraceel), Ricardo Lima, avalia que o início do governo de Luiz<br />

Inácio Lula da Silva à frente do setor elétrico é favorável na medida que diversos<br />

participantes do setor estão sendo ouvidos. Ele considera, no entanto, que<br />

ainda há muita “indefinição e turbulência”. “Mas se a evolução continuar nesse<br />

ritmo, os próximos <strong>100</strong> dias serão ótimos”, acrescenta.<br />

Lima considera favorável a decisão indicada pela ministra de Minas e Energia,<br />

Dilma Rousseff, de manter alguns pontos que considera positivos do modelo<br />

atual do setor elétrico no novo modelo. Entre esses pontos, a Abraceel destaca<br />

o apoio à existência dos consumidores livres. “É fundamental e precisa ser<br />

mantida. Isso contribui para a modicidade tarifária” (ou seja, a manutenção de<br />

preços considerados justos).<br />

O presidente da Abraceel também lembra que a ministra destacou em seus<br />

discursos o reconhecimento da importância do incentivo à elasticidade da<br />

demanda para se permitir a utilização de parte expressiva da capacidade hoje<br />

disponível. Ele destaca ainda a questão de se manter o Mercado Atacadista de<br />

Energia (MAE) como mercado de liquidação de diferenças. “O governo atual<br />

não pensa em implantar uma espécie de ‘pool’ dotado de características<br />

estatais, conforme defendem outros técnicos de alto nível do governo”,<br />

informou nota da entidade divulgada na terça-feira. “O modelo de comprador<br />

único não é viável: custa caro e dá margem à corrupção”, acrescenta o<br />

presidente da entidade.<br />

Agências<br />

Reguladoras:<br />

Problemas Precisam<br />

ser Superados<br />

Clara Barufi<br />

Lima lembra que, embora a ministra<br />

tenha dado sinais de que as<br />

agências serão fortalecidas, há<br />

discordância nesse sentido dentro<br />

do próprio governo. Recentemente,<br />

a deputada Telma de Souza (PT-SP)<br />

apresentou projeto de lei no<br />

Congresso que prevê a aprovação<br />

prévia do Ministério de Minas e<br />

Energia dos critérios de reajuste de<br />

tarifas, entre outras medidas, o que<br />

teria efeito contrário.<br />

“É necessário ter clareza de regras<br />

e estabilidade”, afirma o executivo.<br />

“Quando o avião atravessa uma<br />

turbulência, as pessoas pedem só<br />

meio copo de refrigerante”,<br />

compara, lembrando que os<br />

empresários do setor não querem<br />

correr riscos e investir enquanto os<br />

planos do setor não estiverem<br />

definidos.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 20


ENERGIA<br />

Clara Barufi<br />

Infra-estrutura<br />

Biocombustível Biocombustível promove promove inovação<br />

inovação<br />

Tecnologia que permite o uso de gasolina ou álcool, anima o setor canavieiro.<br />

O presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica),<br />

Eduardo Pereira de Carvalho, avalia de maneira muito positiva os <strong>100</strong><br />

primeiros dias do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Para o setor, está<br />

sendo uma experiência excepcional pelo entendimento e pelo diálogo”,<br />

afirma.<br />

Carvalho mostra otimismo com o lançamento de veículos com tecnologia ‘flex<br />

fluel’, que deverão beneficiar o setor canavieiro. Até agora, a Volkswagen e a<br />

Fiat já apresentaram motores no mercado nacional que permitem o<br />

abastecimento com gasolina, álcool ou a mistura dos dois combusíveis em<br />

qualquer proporção. “Trata-se de uma transformação radical do mercado de<br />

automóveis”, disse.<br />

Para Carvalho, há outros entendimentos entre o governo e o setor que<br />

merecem destaque, como a redução da mistura de álcool na gasolina de 25%<br />

para 20% até junho para evitar o desabastecimento, e a antecipação da safra<br />

para o início de abril. Em contrapartida, os usineiros se comprometeram a<br />

ampliar a safra em 1,5 bilhão de litros este ano, para um total de 11,1 bilhões<br />

de litros, e exportar 11 milhões de toneladas de açúcar em 2003, ante 13<br />

milhões em 2002.<br />

O presidente da Unica também lembra dos aspectos macroeconômicos.<br />

“Acho que há elementos claros nesse sentido que eu não preciso repetir”,<br />

disse, referindo-se à queda do Risco-País e à melhora da taxa de câmbio.<br />

“Isso dá segurança para nós empresários”.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 21


POLÍTICA<br />

Sandra Flosi<br />

Infra-estrutura<br />

PMDB PMDB pode pode ser ser “calcanhar “calcanhar de de aquiles” aquiles” do do governo<br />

governo<br />

Reforma ministerial no final do ano pode ser saída<br />

para conquistar mais apoio do partido.<br />

A independência do PMDB tem criado fragilidade no novo governo. Com<br />

seus 70 deputados, o partido poderia significar uma margem de garantia<br />

para a base governista em algumas votações. E é isso o que o governo vem<br />

tentando conseguir neste começo de mandato.<br />

Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto seu ministro-chefe da<br />

Casa Civil já se reuniram diversas vezes com a cúpula do PMDB tentando<br />

encontrar uma forma do partido integrar a base parlamentar de apoio ao<br />

governo.<br />

O problema é que os peemedebistas já deixaram claro que não querem<br />

cargos fora do primeiro escalão. O governo, no entanto, já falou que não<br />

quer mexer nos ministérios antes do final do ano. Então a proposta seria ter<br />

o PMDB em outras posições agora e na primeira reforma ministerial entregar<br />

alguma pasta ao partido.<br />

Durante as negociações entre governo e PMDB o deputado Michel Temer<br />

(PMDB-SP), presidente do partido, chegou a dizer que o PMDB não está em<br />

busca de cargos no governo. Ele foi abertamente contra a idéia, que circulou<br />

nos meios políticos, de que o governo pudesse desmembrar um ministério,<br />

para que o PMDB ocupasse uma nova pasta.<br />

O inimigo<br />

dentro de casa<br />

Sandra Flosi<br />

A força da oposição será sentida a<br />

partir do momento que o presidente<br />

Luiz Inácio Lula da Silva encaminhar<br />

as reformas tributária e<br />

previdenciária ao Congresso. A<br />

expectativa é de que isso ocorra até<br />

o fim deste mês.<br />

O PSDB e o PFL parecem estar bem<br />

entrosados nesta função. Os altos<br />

escalões dos partidos, inclusive,<br />

cada vez mais se aproximam na<br />

hora de trocar informações técnicas<br />

e garantir coerência na oposição.<br />

Apesar de que alguns membros da<br />

alta cúpula do PSDB costumam<br />

brincar dizendo que o PT não precisa<br />

de oposição, porque ele mesmo a faz.<br />

A frase foi repetida diversas vezes por<br />

ocasião das discussões do governo<br />

com a ala radical do PT para encontrar<br />

uma coesão na votação da PEC 53/99.<br />

O PSDB não mostrou ainda sua<br />

posição com relação às reformas. O<br />

partido cobra que o governo primeiro<br />

apresente sua proposta para que<br />

então os parlamentares possam criar<br />

uma opinião a respeito.<br />

No entanto, um senador do partido<br />

comenta, em tom de aviso, que<br />

enquanto o governo não aceitar<br />

‘fatos como a reforma das leis<br />

trabalhistas, reforma previdenciária<br />

e autonomia do Banco Central, eles<br />

estarão consolidando entraves ao<br />

crescimento econômico que<br />

poderia garantir o êxito político do<br />

governo deles.’<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 22


POLÍTICA<br />

Adriana Serrano<br />

Infra-estrutura<br />

Comunidade Comunidade internacional internacional mais mais otimista otimista como como Brasil<br />

Brasil<br />

Corte nos gastos públicos e superávit primário são bem vistos pelo mercado.<br />

A julgar pela condução do País nos primeiros <strong>100</strong> dias de mandato, o Brasil<br />

deverá melhorar muito se a política econômica adotada até agora permanecer<br />

linear pelos próximos quatro anos. A opinião é do professor da Faculdade de<br />

Economia e Administração do Ibmec Educacional, Juan Pedro Jensen. “O<br />

começo tem sido muito bom. Todas as políticas adotadas e sinais têm<br />

aparecido na melhora da política econômica”, afirmou.<br />

Entre os pontos de destaque do governo nos primeiros <strong>100</strong> dias – que têm feito<br />

com que a comunidade internacional fique mais otimista em relação ao Brasil –<br />

Jensen destacou o controle dos reajustes salariais dos funcionários públicos<br />

(que resultou numa queda real entre 1% e 4% dos valores), a desaceleração da<br />

inflação, administração da dívida pública e superávits primários de mais de 7%<br />

do Produto Interno Bruto (PIB) em cada um dois primeiros meses do ano, além,<br />

é claro da agilização das reformas estruturais, aproveitando o bom momento<br />

político. “É a primeira vez que um superávit primário vem acompanhado de<br />

corte de gastos, e não aumento de receitas”, elogiou.<br />

Os resultados práticos desse aparente sucesso, no entanto, não deverão<br />

aparecer à população tão cedo, nem na área social, nem em termos de<br />

crescimento econômico. De acordo com Jensen, o governo está “criando as<br />

condições necessárias para um crescimento sustentável” que só deverá<br />

acontecer a partir do ano que vem. Ele estima um crescimento de cerca de 2%<br />

no PIB em 2003. “É maior que o (crescimento) do ano passado, mas ainda<br />

assim é baixo e muito puxado pelas exportações”, ponderou.<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 23


POLÍTICA<br />

Daniela Ueda<br />

Infra-estrutura<br />

Relatório Relatório do do fundo fundo aborda aborda política política fiscal<br />

fiscal<br />

Compromisso do governo em manter a estabilidade reduziu incertezas.<br />

As vulnerabilidades da economia brasileira ressaltam a importância da<br />

implementação do programa econômico do governo, disse o Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI) em seu relatório, divulgado esta semana, sobre as<br />

perspectivas econômicas mundiais.<br />

O Fundo fez menção especial à necessidade de uma política fiscal rigorosa e<br />

consistente com a redução, no médio prazo, da relação entre dívida e Produto<br />

Interno Bruto (PIB), de reformas tributária e da previdência, uma política<br />

monetária voltada para a retomada da inflação baixa e de avanços nas reformas<br />

estruturais.<br />

O FMI disse ainda que o compromisso do governo de Luiz Inácio Lula da Silva<br />

em manter a estabilidade contribuiu para a redução das incertezas nos<br />

mercados financeiros e começou a atrair novamente os investidores. Desde<br />

setembro - lembrou o Fundo - o risco País caiu “substancialmente”, os preços<br />

das ações subiram e o real teve modesta valorização frente ao dólar norteamericano.<br />

No entanto, explicou o Fundo em seu relatório, as condições de financiamento<br />

externo continuam difíceis, refletindo as necessidades de rolagem da dívida<br />

pública e sua sensibilidade ao câmbio e às taxas de juro.<br />

Assim, o FMI reduziu a previsão de crescimento do Brasil para 2003 para 2,8%.<br />

A previsão anterior a esta, de crescimento de 3,0%, havia sido feita em<br />

setembro do ano passado.<br />

EXPEDIENTE<br />

Agência de Notícias InvestNews<br />

Diretor Executivo: Aloisio Sotero Editora Chefe: Sílvia Araujo Editora Internacional: Daniela Ueda Editora Nacional: Alessandra Taraborelli<br />

<strong>LULA</strong>: <strong>100</strong> <strong>DIAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>GOVERNO</strong> 24

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