memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
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Na sua sala <strong>de</strong> estar um gran<strong>de</strong> e belo piano contrasta com um mo<strong>de</strong>rno teclado <strong>de</strong>sses<br />
que os adolescentes amam quase tanto como amam as guitarras: atualmente ela ensina música<br />
para adolescentes, está sempre cerca<strong>da</strong> <strong>de</strong> jovens. Com certeza essa mulher veio ao mundo<br />
criar sempre acor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
PARTO É COISA BONITA E É COISA FEIA, NÃO É? A APARÊNCIA DOS<br />
GENITAIS, O SANGUE [...] MAS A CHEGADA DO RECÉM-NASCIDO É A COISA<br />
MAIS LINDA!<br />
Quando Dr. Lememe falou sobre o curso <strong>de</strong> enfermagem a<br />
primeira reação que eu tive foi dizer que eu não tinha<br />
condições, ao que ele respon<strong>de</strong>u: a sra. não po<strong>de</strong> dizer que não<br />
tem condição! Vá, experimente, se conseguir termine, se não<br />
conseguir volte. Eu muito impressiona<strong>da</strong> com aquilo, arrumei a<br />
roupinha: saí <strong>de</strong> Patrocínio em mil novecentos e quarenta<br />
(1940), janeiro <strong>de</strong> quarenta. Fui à Araguari, peguei a<br />
“mogiana” e fui até Goiandira. De Goiandira baldiei para<br />
Goiás, cheguei na escola sozinha, nunca tinha viajado. Fui<br />
fazer Enfermagem em Goiás, na Escola Florense Nighitingale, em<br />
Anápolis. Fiz o curso no período <strong>de</strong> quarenta a quarenta e<br />
três, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> forma<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> fiquei mais uns meses lá.<br />
Estava aqui em Pirapora, uma missionária, Ruth Moron<br />
Virgo, era inglesa, estava aqui com seu marido, eram<br />
missionários que fun<strong>da</strong>ram a igreja Presbiteriana nacional aqui<br />
<strong>da</strong> esquina. (perto <strong>da</strong> casa <strong>de</strong>la existe ain<strong>da</strong> a igreja que ela<br />
e o marido freqüetam). Ela era enfermeira também, enfermeira e<br />
missionária, fez o curso <strong>de</strong> Enfermagem na Inglaterra, em<br />
Essex, e estava precisando <strong>de</strong> uma auxiliar porque ela fazia<br />
partos. E quando se tornou público que ela era parteira ela<br />
não conseguia mais aten<strong>de</strong>r to<strong>da</strong> a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, a procura que tinha<br />
por ela. Nessa época não tinha hospital em Pirapora, havia<br />
apenas o pequeno hospital <strong>de</strong> Buritizeiro, que hoje é o Caio<br />
Martins. Ela então precisava <strong>de</strong> uma auxiliar porque fazia todo<br />
o trabalho <strong>de</strong> enfermagem, além <strong>de</strong> todo mundo chamando para<br />
fazer parto. E a gente cui<strong>da</strong>va <strong>da</strong>quelas senhoras após parto<br />
oito dias, <strong>da</strong>ndo banho <strong>de</strong> leito, aquelas senhoras ricas, cama<br />
<strong>de</strong> lençol <strong>de</strong> linho ponto <strong>de</strong> Paris, e a gente <strong>da</strong>ndo banho <strong>de</strong><br />
leito naquelas mulheres. Fiz isso muito tempo, oito anos<br />
fazendo atendimento domiciliar. Então eu cheguei aqui em março<br />
<strong>de</strong> quarenta e três, e trabalhei até cinqüenta e um, doze <strong>de</strong><br />
março cinqüenta e um, quando inaugurou o hospital do SESP.<br />
Esses hospitais, foram construídos no tempo do Dutra, eles<br />
construíram hospitais nessa região to<strong>da</strong>, até Juazeiro, e para<br />
aquele mundo todo lá, mas não terminaram. Mas voltando a<br />
quarenta e três, eu vim trazi<strong>da</strong> pela enfermeira, em março e<br />
trabalhei até cinqüenta e um aten<strong>de</strong>ndo domiciliar, fazendo<br />
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