Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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oculto. Em conseqüência, o exemplo também pareceria oferecer positivamente uma prova<br />
conclusiva <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r transmitir um <strong>de</strong>sejo inconsciente, assim como os pensamentos e o<br />
conhecimento a ele relaciona<strong>do</strong>s. Apenas posso perceber um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> escapar à conclusivida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sse último caso e, acreditem, não vou ocultá-lo. É possível que, no <strong>de</strong>curso <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze ou treze<br />
anos passa<strong>do</strong>s entre a profecia e sua narração, feita durante o tratamento, a paciente tivesse<br />
forma<strong>do</strong> uma paramnésia: o Professor po<strong>de</strong>ria haver enuncia<strong>do</strong> algum consolo geral e incolor - o<br />
que não seria <strong>de</strong> admirar - e a paciente ter gradualmente inseri<strong>do</strong> nele os números significantes,<br />
tira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seu inconsciente. Se assim foi, teríamos evita<strong>do</strong> o fato que nos ameaçou com<br />
conseqüências tão graves. Alegremente nos i<strong>de</strong>ntificaremos com os céticos que só dão valor a<br />
um relato <strong>de</strong>sse tipo quan<strong>do</strong> feito imediatamente após o fato, e assim mesmo não sem<br />
hesitação. Lembro-me <strong>de</strong> que, após ter si<strong>do</strong> indica<strong>do</strong> para uma cátedra <strong>de</strong> professor, tive uma<br />
audiência com o Ministro [da Educação] para expressar-lhe meus agra<strong>de</strong>cimentos. Quan<strong>do</strong> me<br />
achava a caminho <strong>de</strong> casa, <strong>de</strong> volta da audiência, apanhei-me no ato <strong>de</strong> tentar falsificar as<br />
palavras trocadas entre nós, e nunca mais pu<strong>de</strong> recapturar corretamente a conversa real. Deixo<br />
aos senhores <strong>de</strong>cidir se a explicação que sugeri é sustentável. Não posso prová-la nem negá-la.<br />
Assim, essa segunda observação, embora em si própria mais comovente que a primeira, não<br />
está igualmente isenta <strong>de</strong> dúvidas.<br />
Os <strong>do</strong>is casos que lhes comuniquei acham-se relaciona<strong>do</strong>s com profecias não<br />
realizadas. As observações <strong>de</strong>sse tipo, a meu ver, po<strong>de</strong>m fornecer o melhor material sobre a<br />
questão da transmissão <strong>de</strong> pensamento, e gostaria <strong>de</strong> incentivá-los a coligir outras semelhantes.<br />
Pretendia também trazer-lhes um exemplo basea<strong>do</strong> em um material <strong>de</strong> outra espécie, um caso<br />
em que, durante <strong>de</strong>terminada sessão, um paciente especial falou <strong>de</strong> coisas notavelmente<br />
relacionadas a uma experiência que eu próprio tivera pouco antes. Contu<strong>do</strong>, posso dar-lhes<br />
agora uma prova visível <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> que discuto o assunto sobre ocultismo sob pressão <strong>de</strong><br />
enorme resistência. Quan<strong>do</strong>, em Gastein, procurei as notas que reunira e comigo trouxera [<strong>de</strong><br />
Viena] para este trabalho, a folha on<strong>de</strong> havia anota<strong>do</strong> essa última observação não se encontrava<br />
lá; em seu lugar, porém, encontrei outra folha <strong>de</strong> lembretes irrelevantes sobre um tópico<br />
inteiramente diverso, que trouxera comigo por engano. Nada se po<strong>de</strong> fazer contra uma<br />
resistência tão clara. Devo pedir-lhes que me per<strong>do</strong>em por omitir esse caso, pois não posso<br />
preencher a perda por memória.<br />
Em seu lugar acrescentarei algumas observações sobre alguém muito conheci<strong>do</strong> em<br />
Viena, o grafologista Rafael Schermann, que tem uma reputação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhos muito<br />
espantosos. Diz-se que é capaz não apenas <strong>de</strong> ler o caráter <strong>de</strong> uma pessoa por uma amostra <strong>de</strong><br />
sua letra, mas também <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver sua aparência e adicionar a seu respeito predições que<br />
posteriormente se realizam. Inci<strong>de</strong>ntalmente, muitas <strong>de</strong>ssas notáveis realizações se baseiam em<br />
suas próprias histórias. Certa vez, um amigo meu, sem meu conhecimento prévio, efetuou a<br />
experiência <strong>de</strong> permitir-lhe que sua imaginação divagasse sobre uma amostra <strong>de</strong> minha letra.