Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp
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<strong>de</strong>sejos, <strong>de</strong> vez que toda filha mais velha <strong>de</strong> uma família numerosa constrói em seu inconsciente<br />
a fantasia <strong>de</strong> tornar-se a segunda esposa <strong>do</strong> pai, com a morte da mãe. Se esta está enferma ou<br />
morre, a filha mais velha assume naturalmente seu lugar em relação aos irmãos e irmãs mais<br />
novos e po<strong>de</strong> mesmo assumir certa parte das funções da esposa, com respeito ao pai. O <strong>de</strong>sejo<br />
inconsciente preenche a outra parte.<br />
Encontro-me agora quase ao final <strong>do</strong> que <strong>de</strong>sejo dizer. Po<strong>de</strong>ria, contu<strong>do</strong>, acrescentar a<br />
observação <strong>de</strong> que os exemplos <strong>de</strong> mensagens ou produções telepáticas aqui estuda<strong>do</strong>s estão<br />
claramente vincula<strong>do</strong>s a emoções pertinentes à esfera <strong>do</strong> complexo <strong>de</strong> Édipo. Isso po<strong>de</strong> soar<br />
como espantoso, contu<strong>do</strong> não preten<strong>do</strong> apresentá-lo como uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta. Preferiria<br />
remeter-me ao resulta<strong>do</strong> a que chegamos pela investigação <strong>do</strong> sonho que consi<strong>de</strong>rei em<br />
primeiro lugar. A telepatia não possui relação com a natureza essencial <strong>do</strong>s sonhos e não po<strong>de</strong><br />
em absoluto aprofundar o que já compreen<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>les através da análise. Por outro la<strong>do</strong>, a<br />
psicanálise po<strong>de</strong> realizar algo para fazer avançar o estu<strong>do</strong> da telepatia, na medida em que, com<br />
auxílio <strong>de</strong> suas interpretações, muitas das enigmáticas características <strong>do</strong>s fenômenos telepáticos<br />
po<strong>de</strong>m tornar-se mais inteligíveis para nós; ou então <strong>outros</strong> fenômenos, ainda duvi<strong>do</strong>sos,<br />
po<strong>de</strong>m, pela primeira vez e <strong>de</strong>finitivamente, ser confirma<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> natureza telepática.<br />
Resta apenas um elemento da vinculação aparentemente íntima entre a telepatia e os<br />
sonhos, não influencia<strong>do</strong> por nenhuma <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações: o fato incontestável <strong>de</strong> o sono<br />
criar condições favoráveis à telepatia. O sono, na verda<strong>de</strong>, não é indispensável à ocorrência <strong>de</strong><br />
processos telepáticos, originem-se eles <strong>de</strong> mensagens ou da ativida<strong>de</strong> inconsciente. Se ainda<br />
não sabem, aprendê-lo-ão <strong>do</strong> exemplo da<strong>do</strong> por nossa segunda correspon<strong>de</strong>nte, da mensagem<br />
<strong>do</strong> jovem que chegou entre as 9 e as 10 da manhã. Deve-se acrescentar, contu<strong>do</strong>, que ninguém<br />
tem o direito <strong>de</strong> protestar contra as ocorrências telepáticas se o evento e a notificação (ou<br />
mensagem) não coinci<strong>de</strong>m exatamente em tempo astronômico. É perfeitamente concebível uma<br />
mensagem telepática po<strong>de</strong>r chegar contemporaneamente ao evento e, contu<strong>do</strong>, só penetrar na<br />
consciência na noite seguinte, durante o sono (ou, mesmo na vida <strong>de</strong>sperta, somente após<br />
algum tempo, durante alguma pausa na ativida<strong>de</strong> da mente). Como sabem, somos <strong>de</strong> opinião<br />
que a própria formação onírica não espera necessariamente o início <strong>do</strong> sono para começar.<br />
Repetidamente os pensamentos oníricos latentes po<strong>de</strong>m ter esta<strong>do</strong> preparan<strong>do</strong>-se durante to<strong>do</strong><br />
o dia, até que, à noite, processam o contato com o <strong>de</strong>sejo inconsciente que os mo<strong>de</strong>la em um<br />
sonho. Mas, se o problema da telepatia é apenas uma ativida<strong>de</strong> da mente inconsciente, então,<br />
naturalmente nenhum problema novo se nos apresenta. Po<strong>de</strong>-se, assim, pressupor que as leis<br />
da vida mental inconsciente se aplicam à telepatia.<br />
Dei-lhes porventura a impressão <strong>de</strong> que estou secretamente inclina<strong>do</strong> a apoiar a<br />
realida<strong>de</strong> da telepatia no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> oculto? Se for assim, lamentaria muito que seja tão difícil<br />
evitar dar essa impressão. Isso porque, na realida<strong>de</strong>, estive ansioso por ser estritamente<br />
imparcial. Tenho todas as razões para sê-lo, visto não possuir opinião sobre o assunto e nada