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Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros ... - ceapp

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verda<strong>de</strong>iramente revelar-nos, sem uma investigação especial, se em da<strong>do</strong> caso essa antiga<br />

corrente sexual completa ainda existe sob repressão ou já se exauriu. Mais precisamente: é<br />

inteiramente certo que essa corrente ainda se encontra lá, como forma e possibilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

sempre ser catexizada e novamente colocada em ativida<strong>de</strong> por meio da regressão; a única<br />

questão é (e nem sempre po<strong>de</strong> ser respondida) que grau <strong>de</strong> catexia e força operativa ela ainda<br />

possui no presente momento. Nessa referência, <strong>de</strong>ve-se tomar idêntico cuida<strong>do</strong> em evitar duas<br />

fontes <strong>de</strong> erro: o Sila <strong>de</strong> subestimar a importância <strong>do</strong> inconsciente reprimi<strong>do</strong> e o Carib<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

julgar o normal inteiramente pelos padrões <strong>do</strong> patológico.<br />

Uma <strong>psicologia</strong> que não penetre ou não possa penetrar nas profun<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> que é<br />

reprimi<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ra os laços emocionais afetuosos como sen<strong>do</strong> invariavelmente a expressão <strong>de</strong><br />

impulsos que não possuem objetivo sexual, ainda que <strong>de</strong>rivem <strong>de</strong> impulsos com esse fim.<br />

Temos justificativa para dizer que eles foram <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses fins sexuais, embora<br />

exista certa dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecer uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> objetivo assim, que se<br />

adapte às exigências da meta<strong>psicologia</strong>. A<strong>de</strong>mais, esses instintos inibi<strong>do</strong>s em seus objetivos<br />

conservam alguns <strong>de</strong> seus objetivos sexuais originais; mesmo um <strong>de</strong>voto afetuoso, mesmo um<br />

amigo ou um admira<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>sejam a proximida<strong>de</strong> física e a visão da pessoa que é agora amada<br />

apenas no senti<strong>do</strong> ‘paulino’. Se preferirmos, po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar nesse <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> objetivo um<br />

início da sublimação <strong>do</strong>s instintos sexuais ou, por outro la<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos fixar os limites da<br />

sublimação em algum ponto mais distante. Esses instintos sexuais inibi<strong>do</strong>s em seus objetivos<br />

possuem uma gran<strong>de</strong> vantagem funcional sobre os <strong>de</strong>sinibi<strong>do</strong>s. Des<strong>de</strong> que não são capazes <strong>de</strong><br />

satisfação realmente completa, acham-se especialmente aptos a criar vínculos permanentes, ao<br />

passo que os instintos diretamente sexuais incorrem numa perda <strong>de</strong> energia sempre que se<br />

satisfazem e têm <strong>de</strong> esperar serem renova<strong>do</strong>s por um novo acúmulo <strong>de</strong> libi<strong>do</strong> sexual; assim,<br />

nesse meio tempo, o objeto po<strong>de</strong> ter-se altera<strong>do</strong>. Os instintos inibi<strong>do</strong>s são capazes <strong>de</strong> realizar<br />

qualquer grau <strong>de</strong> mescla com os <strong>de</strong>sinibi<strong>do</strong>s; po<strong>de</strong>m ser novamente transforma<strong>do</strong>s em<br />

<strong>de</strong>sinibi<strong>do</strong>s, exatamente como <strong>de</strong>les se originaram. É bem conheci<strong>do</strong> com que facilida<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senvolvem <strong>de</strong>sejos eróticos a partir <strong>de</strong> relações emocionais <strong>de</strong> caráter amistoso, baseadas na<br />

apreciação e na admiração (compare-se o ‘Beije-me pelo amor <strong>do</strong> grego’, <strong>de</strong> Molière), entre<br />

professor e aluno, recitalista e ouvinte <strong>de</strong>liciada, especialmente no caso das mulheres. Na<br />

realida<strong>de</strong>, o crescimento <strong>de</strong> laços emocionais <strong>de</strong>sse tipo, com seus começos <strong>de</strong>sproposita<strong>do</strong>s,<br />

fornece uma via muito freqüentada para a escolha sexual <strong>de</strong> objeto. Pfister, em sua<br />

Froömmigkeit <strong>de</strong>s Grafen von Zinzen<strong>do</strong>rf (1910), forneceu um exemplo extremamente claro e<br />

certamente não isola<strong>do</strong> <strong>de</strong> quão facilmente até um intenso vínculo religioso po<strong>de</strong> converter-se<br />

em ar<strong>de</strong>nte excitação sexual. Por outro la<strong>do</strong>, também é muito comum aos impulsos diretamente<br />

sexuais <strong>de</strong> pequena duração em si mesmos transformarem-se em um laço permanente e<br />

puramente afetuoso; e a consolidação <strong>de</strong> um apaixona<strong>do</strong> casamento <strong>de</strong> amor repousa em<br />

gran<strong>de</strong> parte nesse processo.

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