Cá estou de volta no filme 'De ida para o passado* - cpvsp.org.br
Cá estou de volta no filme 'De ida para o passado* - cpvsp.org.br
Cá estou de volta no filme 'De ida para o passado* - cpvsp.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
• Nossa proposta básica é a <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve haver uma<<strong>br</strong> />
política específica <strong>de</strong> intervenção <strong>no</strong>s cortiços. Essa polí-<<strong>br</strong> />
tica <strong>de</strong>ve garantir o direito dos moradores em permane-<<strong>br</strong> />
cer morando ) em condições <strong>de</strong>centes - nas regiões on-<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> já resi<strong>de</strong>m atualmente. Isto porque nós trabalhadores<<strong>br</strong> />
temos o direito <strong>de</strong> morar <strong>no</strong>s bairros melhor servidos e<<strong>br</strong> />
mais próximos dos locais<strong>de</strong> trabalho. Por isso, náo po-<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>mos continuar aceitando ser empurrados <strong>para</strong> bairros<<strong>br</strong> />
cada vez mais distantes, como se esta fosse a única al-<<strong>br</strong> />
ternativa possível <strong>de</strong> moradia popular.<<strong>br</strong> />
Ao famoso argumento <strong>de</strong> que a moradia nas áreas<<strong>br</strong> />
próximas ao centro saem muito caras aos cofres públi-<<strong>br</strong> />
cos, é preciso contrapor o fato <strong>de</strong> que nestas regiões, a<<strong>br</strong> />
existência <strong>de</strong> toda re<strong>de</strong> <strong>de</strong> infra-estrutura e serviços, vai<<strong>br</strong> />
dispensar o po<strong>de</strong>r público dos gastos que ele necessita-<<strong>br</strong> />
ria fazer na periferia: asfalto, transporte, água, luz, esgo-<<strong>br</strong> />
to, creches, escolas, hospitais, etc.<<strong>br</strong> />
Para viabilizar a concretização <strong>de</strong>ssas propostas,<<strong>br</strong> />
apontamos três alternativas possíveis <strong>para</strong> a construção<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s conjuntos habitacionais <strong>para</strong> a população<<strong>br</strong> />
moradora das habitações coletivas:<<strong>br</strong> />
a) Desapropriação <strong>de</strong> cortiços, principalmente <strong>no</strong>s ca-<<strong>br</strong> />
sos em que há uma concentração maior (por ex., vários<<strong>br</strong> />
cortiços <strong>no</strong> mesmo quarteirão). E on<strong>de</strong> os moradores es-<<strong>br</strong> />
tão mobilizados.<<strong>br</strong> />
b) Desapropriação <strong>de</strong> prédios, casarões e ferremos<<strong>br</strong> />
particulares vazios.<<strong>br</strong> />
c) Aproveitamento dos terre<strong>no</strong>s públicos sem <strong>de</strong>stina-<<strong>br</strong> />
ção, ainda vazios, que se encotram nessas regiões.<<strong>br</strong> />
Pela experiência mais recente, principalmente <strong>no</strong> Jar-<<strong>br</strong> />
dim São Francisco, achamos importante que os movi-<<strong>br</strong> />
mentos conquistem também a AUTO-GESTÃO dos pro-<<strong>br</strong> />
jetos, ou seja, que os movimentos não se limitem a es-<<strong>br</strong> />
perar que os técnicos govemamentais elaborem, admi-<<strong>br</strong> />
nistrem, construam e entreguem as moradias prontas,<<strong>br</strong> />
mas exigir a participação em todas as fases dos projetos<<strong>br</strong> />
habitacionais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planejamento até a execução da<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>a, o gerenciamento do mutirão, etc. Essa participação<<strong>br</strong> />
é importante tanto <strong>para</strong> apressar o andamento dos proje-<<strong>br</strong> />
tos quanto, principalmente, <strong>para</strong> garantir <strong>no</strong>sso papel <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
sujeitos nesses processos <strong>de</strong> conquistas, o amadureci-<<strong>br</strong> />
mento dos movimentos e a criação das condições ne-<<strong>br</strong> />
cessárias <strong>para</strong> a continu<strong>ida</strong><strong>de</strong> da <strong>org</strong>anização.<<strong>br</strong> />
Outra questão importante é avançar na questão da<<strong>br</strong> />
proprieda<strong>de</strong>. As experiências <strong>no</strong>s cortiços da Madre <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Deus, na Moóca e Celso Garcia, <strong>no</strong> Brás, on<strong>de</strong> se discu-<<strong>br</strong> />
te a proprieda<strong>de</strong> coletiva do futuro conjunto habitacional<<strong>br</strong> />
AGEM-4.10.90<<strong>br</strong> />
Conversão da<<strong>br</strong> />
dív<strong>ida</strong><<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileira<<strong>br</strong> />
A julgar pelo <strong>de</strong>staque que a gran<strong>de</strong> imprensa<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>u à formação <strong>de</strong> um consórcio <strong>de</strong> 13 gran<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>anizações não-govemamentais (ONGs)<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>stinado a gerenciar a conversão <strong>de</strong> parte da<<strong>br</strong> />
div<strong>ida</strong> externa em projetos <strong>de</strong> meio ambiente, o<<strong>br</strong> />
c<strong>ida</strong>dão comum po<strong>de</strong> acreditar que existe plena<<strong>br</strong> />
concordância so<strong>br</strong>e o assunto entre as ent<strong>ida</strong><strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
do chamado movimento ambientalista.<<strong>br</strong> />
A gran<strong>de</strong> imprensa e os meios <strong>de</strong> comunicação<<strong>br</strong> />
em geral têm dado, progressivamente, me<strong>no</strong>r<<strong>br</strong> />
Trabalhadores<<strong>br</strong> />
por pane <strong>de</strong> uma <strong>org</strong>anização representativa dos mora-<<strong>br</strong> />
dores, serão importantes <strong>para</strong> os próximos projetos.<<strong>br</strong> />
3 - Continuar o processo <strong>de</strong> <strong>org</strong>anização autô<strong>no</strong>ma -<<strong>br</strong> />
Em todo lugar on<strong>de</strong> se consiga alguma conquista, é im-<<strong>br</strong> />
portante constituir imediatamente instrumentos que ga-<<strong>br</strong> />
rantam a continu<strong>ida</strong><strong>de</strong> da <strong>org</strong>anização, como associação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> moradores, trabalhadores, etc. Essa <strong>org</strong>anização au-<<strong>br</strong> />
tô<strong>no</strong>ma será necessária <strong>para</strong> a continu<strong>ida</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s lutas<<strong>br</strong> />
por transporte, creche, etc, assim como <strong>para</strong> garantir um<<strong>br</strong> />
permanente processo <strong>de</strong> politização e conscientização.<<strong>br</strong> />
4 - Lutar pelo Salário Mínimo Real - Lutar pelo salá-<<strong>br</strong> />
rio significa atacar a causa fundamental do problema da<<strong>br</strong> />
moradia. Permite ao mesmo tempo, enten<strong>de</strong>r e direcio-<<strong>br</strong> />
nar a luta contra o sistema capitalista como um todo,<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong>sso objetivo último. Conseguir uma casa mantendo o<<strong>br</strong> />
baixo salário, significa colocar em risco essa própria con-<<strong>br</strong> />
quista. Basta ver o exemplo das muitas pessoas que lu-<<strong>br</strong> />
taram pela casa e <strong>de</strong>pois náo conseguiram segurá-la:<<strong>br</strong> />
pouco tempo <strong>de</strong>pois a ven<strong>de</strong>ram <strong>para</strong> co<strong>br</strong>ir suas neces-<<strong>br</strong> />
s<strong>ida</strong><strong>de</strong>s financeiras.<<strong>br</strong> />
5 - Lutar pelas 40 horas semanais - Não adianta ter<<strong>br</strong> />
uma moradia e não se ter tempo nem <strong>para</strong> cu<strong>ida</strong>r e nem<<strong>br</strong> />
<strong>para</strong> estar nela mais a vonta<strong>de</strong> com a família e amigos.<<strong>br</strong> />
Trabalhando 10 horas por dia, mais 4 horas gastas com o<<strong>br</strong> />
transporte, a maioria dos trabalhadores só fica em casa<<strong>br</strong> />
algumas horas, insuficientes até <strong>para</strong> matar o so<strong>no</strong>.<<strong>br</strong> />
6 - Lutar pelo controle do FGTS - Enquanto os tra-<<strong>br</strong> />
balhadores não controlarem o FGTS, ele sempre será<<strong>br</strong> />
usado <strong>para</strong> outros fins e nunca se terá recursos <strong>para</strong> su-<<strong>br</strong> />
prir a carência habitacional <strong>no</strong> país.<<strong>br</strong> />
7 - Unir o movimento operário e popular: A luta é uma<<strong>br</strong> />
só - Por fim, <strong>para</strong> que as lutas por moradia <strong>no</strong> país intei-<<strong>br</strong> />
ro tenham maior eficácia e qual<strong>ida</strong><strong>de</strong>, é importante que o<<strong>br</strong> />
movimento operário assuma essas lutas em conjunto<<strong>br</strong> />
com o movimento popular. Não como "apoio" ou <strong>para</strong> dar<<strong>br</strong> />
uma ajuda", e sim, como uma das tarefas necessárias a<<strong>br</strong> />
emancipação <strong>de</strong> toda <strong>no</strong>ssa classe. A participação do<<strong>br</strong> />
movimento operário teria como resultado principal uma<<strong>br</strong> />
mudança <strong>de</strong> qual<strong>ida</strong><strong>de</strong>, a politização das lutas, clareando<<strong>br</strong> />
a relação entre o salário e moradia e viabilizando a união<<strong>br</strong> />
entre a luta operária e as lutas do movimento popular.<<strong>br</strong> />
São Paulo, agosto <strong>de</strong> 1990.<<strong>br</strong> />
aoerlura às manifestações e posições das milhares<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pequenas ONGs, ambientalistas ou não.<<strong>br</strong> />
No caso da dív<strong>ida</strong> externa, não se publicou<<strong>br</strong> />
uma única Unha so<strong>br</strong>e a posição aprovada pelas<<strong>br</strong> />
ent<strong>ida</strong><strong>de</strong>s ambientalistas paulistas presentes ao 5 f<<strong>br</strong> />
Congresso Paulista <strong>de</strong> Ecologistas e Pacifistas (ver<<strong>br</strong> />
texto a seguir). Não se divulgou a posição dos<<strong>br</strong> />
coletivos <strong>de</strong> ONGs ambientalistas do Nor<strong>de</strong>ste, da<<strong>br</strong> />
Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Ent<strong>ida</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina (Feec),<<strong>br</strong> />
das Ape<strong>de</strong>mas (Assembléias Permanentes <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Ent<strong>ida</strong><strong>de</strong>s em Defesa do Meio Ambiente) do Rio e<<strong>br</strong> />
São Paulo, do Congresso <strong>de</strong> Ecologistas do Rio<<strong>br</strong> />
Gran<strong>de</strong> do Sul. E <strong>de</strong> ent<strong>ida</strong><strong>de</strong>s tradicionalmente<<strong>br</strong> />
compromet<strong>ida</strong>s com a <strong>de</strong>fesa do meio ambiente e<<strong>br</strong> />
melhoria da qual<strong>ida</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> v<strong>ida</strong>, como a SBPC<<strong>br</strong> />
(Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>para</strong> o Progresso da<<strong>br</strong> />
Ciência) e a União das Nações Indígenas. Os<<strong>br</strong> />
recursos <strong>de</strong>stinados aos projetos ambientais (via<<strong>br</strong> />
conversão da dív<strong>ida</strong>) saem dos bolsos da<<strong>br</strong> />
total<strong>ida</strong><strong>de</strong> do povo <strong>br</strong>asileiro. É justo, portanto, que<<strong>br</strong> />
o estabelecimento das prior<strong>ida</strong><strong>de</strong>s <strong>para</strong> sua<<strong>br</strong> />
aplicação ocorra num fórum <strong>de</strong>mocrático, acessível<<strong>br</strong> />
ENDEREÇO PARA CONTATOS: Rua Canuto Saraiva, 795<<strong>br</strong> />
Bairro Moóca - SP<<strong>br</strong> />
CEP 03113<<strong>br</strong> />
a todas as pessoas e ONGs <strong>de</strong>ste país. Hoje,<<strong>br</strong> />
portanto, é o Parlamento <strong>br</strong>asileiro que <strong>de</strong>ve tomar<<strong>br</strong> />
a frente <strong>de</strong>ste processo, promovendo<<strong>br</strong> />
primeiramente amplo <strong>de</strong>bate so<strong>br</strong>e uma política<<strong>br</strong> />
nacional <strong>de</strong> meio ambiente, em que se <strong>de</strong>finam as<<strong>br</strong> />
fontes <strong>de</strong> recursos, as questões prioritárias e as<<strong>br</strong> />
responsabil<strong>ida</strong><strong>de</strong>s <strong>para</strong> o gerenciamento dos<<strong>br</strong> />
projetos.<<strong>br</strong> />
Compete aos parlamentares e aos meios <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
comunicação dar voz a todas as ONGs<<strong>br</strong> />
preocupadas com a questão ambiental, <strong>para</strong> que<<strong>br</strong> />
se tomem posições representativas das<<strong>br</strong> />
necess<strong>ida</strong><strong>de</strong>s e anseios da maioria do povo<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />
Neste boletim apresentamos diferentes<<strong>br</strong> />
opiniões so<strong>br</strong>e a questão. (Marcos Sorrenti<strong>no</strong>,<<strong>br</strong> />
biólogo, mem<strong>br</strong>o da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Defesa do Meio<<strong>br</strong> />
Ambiente <strong>de</strong> Piracicaba e da coor<strong>de</strong>nação da<<strong>br</strong> />
Assembléia Permanente <strong>de</strong> Ent<strong>ida</strong><strong>de</strong>s em Defesa<<strong>br</strong> />
do Meio Ambiento do Estado <strong>de</strong> São Paulo)