Coletânea de Jurisprudência do STF em Temas Penais
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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL<br />
Ministro GILMAR Ferreira MENDES (20-6-2002), Presi<strong>de</strong>nte<br />
Ministro Antonio CEZAR PELUSO (25-6-2003), Vice-Presi<strong>de</strong>nte<br />
Ministro José CELSO DE MELLO Filho (17-8-1989)<br />
Ministro MARCO AURÉLIO Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Farias Mello (13-6-1990)<br />
Ministra ELLEN GRACIE Northfleet (14-12-2000)<br />
Ministro CARLOS Augusto Ayres <strong>de</strong> Freitas BRITTO (25-6-2003)<br />
Ministro JOAQUIM Benedito BARBOSA Gomes (25-6-2003)<br />
Ministro EROS Roberto GRAU (30-6-2004)<br />
Ministro Enrique RICARDO LEWANDOWSKI (9-3-2006)<br />
Ministra CÁRMEN LÚCIA Antunes Rocha (21-6-2006)<br />
Ministro José Antonio DIAS TOFFOLI (23-10-2009)<br />
2
Diretoria-Geral<br />
Alci<strong>de</strong>s Diniz da Silva<br />
Secretaria <strong>de</strong> Documentação<br />
Janeth Aparecida Dias <strong>de</strong> Melo<br />
Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Divulgação <strong>de</strong> <strong>Jurisprudência</strong><br />
Lei<strong>de</strong> Maria Soares Corrêa César<br />
Seção <strong>de</strong> Preparo <strong>de</strong> Publicações<br />
Cíntia Macha<strong>do</strong> Gonçalves Soares<br />
Seção <strong>de</strong> Padronização e Revisão<br />
Rochelle Quito<br />
Seção <strong>de</strong> Distribuição <strong>de</strong> Edições<br />
Maria Cristina Hilário da Silva<br />
Capa: Jorge Luis Villar Peres<br />
Da<strong>do</strong>s Internacionais <strong>de</strong> Catalogação na Publicação (CIP)<br />
(Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral – Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)<br />
Brasil. Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (<strong>STF</strong>).<br />
Coletânia <strong>de</strong> jurisprudência <strong>do</strong> <strong>STF</strong> <strong>em</strong> t<strong>em</strong>as penais<br />
[recurso eletrônico] / Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. – Brasília :<br />
Secretaria <strong>de</strong> Documentação, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Divulgação<br />
<strong>de</strong> <strong>Jurisprudência</strong>, 2009.<br />
Mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> acesso: World Wi<strong>de</strong> Web: < http://www.<br />
stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=publicacaoPublicacaoT<strong>em</strong>atica<br />
><br />
1. Tribunal Supr<strong>em</strong>o, jurisprudência, Brasil. I. Título.<br />
CDD-341.419104<br />
3
<strong>Coletânea</strong> <strong>de</strong> <strong>Jurisprudência</strong> <strong>do</strong> <strong>STF</strong> <strong>em</strong> T<strong>em</strong>as <strong>Penais</strong><br />
SUMÁRIO<br />
Ação Penal 7<br />
Agravantes / Atenuantes 11<br />
Aplicação da Lei Penal 13<br />
Atos <strong>de</strong> Comunicação Processual 16<br />
Causas <strong>de</strong> Aumento / <strong>de</strong> Diminuição <strong>de</strong> Pena 19<br />
Circunstâncias Judiciais 24<br />
Concurso <strong>de</strong> Crimes 26<br />
Concurso Formal / Material 26<br />
Crime Continua<strong>do</strong> 29<br />
Concurso <strong>de</strong> Pessoas 33<br />
Contravenção Penal 36<br />
Crimes <strong>em</strong> Espécie 37<br />
Crimes Contra a Administração Pública 39<br />
Crimes Contra a Dignida<strong>de</strong> Sexual 44<br />
Crimes Contra a Fé Pública 48<br />
Crimes Contra a Pessoa 50<br />
Crimes Contra o Patrimônio 52<br />
Crimes <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> 55<br />
Crime Hedion<strong>do</strong> 56<br />
Armas 59<br />
Criança e A<strong>do</strong>lescente 62<br />
Drogas 64<br />
Falência 70<br />
Lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Capitais 72<br />
Licitação 74<br />
Meio Ambiente 74<br />
Or<strong>de</strong>m Tributária, Econômica e Relações <strong>de</strong> Consumo 76<br />
Previdência Social 77<br />
Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional 79<br />
Trânsito 82<br />
Denúncia / Queixa 86<br />
4
Direito <strong>de</strong> Defesa 94<br />
Defesa Prévia 102<br />
Defesa Preliminar 103<br />
Sustentação Oral 103<br />
Direito Penal <strong>do</strong> Trabalho 104<br />
Direito Penal Eleitoral 105<br />
Direito Penal Militar 107<br />
Efeitos da Con<strong>de</strong>nação 111<br />
Dolo / Culpa 112<br />
Execução da Pena 114<br />
Comutação da Pena 117<br />
Detração da Pena 118<br />
Execução Provisória da Pena 119<br />
Livramento Condicional da Pena 121<br />
Regime <strong>de</strong> Cumprimento da Pena 122<br />
Extinção da Punibilida<strong>de</strong> 131<br />
Anistia / Graça / Indulto 133<br />
Prescrição 134<br />
Habeas Corpus 141<br />
Imputabilida<strong>de</strong> 155<br />
Inquérito Policial / Judicial 155<br />
Juiza<strong>do</strong> Especial Criminal 159<br />
Jurisdição / Competência 166<br />
Liberda<strong>de</strong> Provisória 181<br />
Medida <strong>de</strong> Segurança 186<br />
Ministério Público 187<br />
Nulida<strong>de</strong>s 190<br />
Pena Restritiva <strong>de</strong> Direito / Multa 195<br />
Prazos 196<br />
5
Princípios <strong>Penais</strong> e Processuais <strong>Penais</strong> 198<br />
Princípio da Ampla Defesa 205<br />
Princípio da Dignida<strong>de</strong> da Pessoa Humana 207<br />
Princípio da Insignificância 207<br />
Princípio da Isonomia 211<br />
Princípio da Legalida<strong>de</strong> 212<br />
Princípio da Motivação 213<br />
Princípio da Não Auto-Incriminação 213<br />
Princípio da Não Culpabilida<strong>de</strong> 214<br />
Princípio da Publicida<strong>de</strong> 218<br />
Princípio da Razoável Duração <strong>do</strong> Processo 218<br />
Princípio <strong>do</strong> Contraditório 220<br />
Princípio <strong>do</strong> Devi<strong>do</strong> Processo Legal 221<br />
Prisão 225<br />
Prisão <strong>em</strong> flagrante 227<br />
Prisão preventiva 229<br />
Prisão t<strong>em</strong>porária 240<br />
Provas 240<br />
Diligência 243<br />
Interceptação telefônica 245<br />
Interrogatório 247<br />
Perícia 249<br />
Prova <strong>do</strong>cumental 250<br />
Prova ilícita 250<br />
Prova test<strong>em</strong>unhal 255<br />
Qualifica<strong>do</strong>ras 256<br />
Questões Diversas 259<br />
Revisão Criminal 264<br />
Recursos 265<br />
Substituição da Pena 270<br />
Suspensão Condicional da Pena 272<br />
Trata<strong>do</strong>s Internacionais 273<br />
Tribunal <strong>do</strong> Júri 274<br />
Tribunal Penal Internacional 284<br />
6
Ação Penal<br />
“É pública incondicionada a ação penal por crime <strong>de</strong> sonegação fiscal.”<br />
(Súmula 609)<br />
“No crime <strong>de</strong> estupro, pratica<strong>do</strong> mediante violência real, a ação penal é pública<br />
incondicionada.” (Súmula 608)<br />
“O pagamento <strong>de</strong> cheque <strong>em</strong>iti<strong>do</strong> s<strong>em</strong> provisão <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s, após o recebimento<br />
da <strong>de</strong>núncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.” (Súmula 554)<br />
“Arquiva<strong>do</strong> o inquérito policial, por <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> juiz, a requerimento <strong>do</strong><br />
Promotor <strong>de</strong> Justiça, não po<strong>de</strong> a ação penal ser iniciada, s<strong>em</strong> novas provas.”<br />
(Súmula 524)<br />
“É concorrente a legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, mediante queixa, e <strong>do</strong> Ministério<br />
Público, condicionada à representação <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, para a ação penal por<br />
crime contra a honra <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r público <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> suas<br />
funções.” (Súmula 714)<br />
“A Turma, superan<strong>do</strong> a restrição fundada no Enuncia<strong>do</strong> 691 da Súmula <strong>do</strong><br />
<strong>STF</strong>, conce<strong>de</strong>u, <strong>de</strong> ofício, habeas corpus para extinguir, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a orig<strong>em</strong>,<br />
processo penal instaura<strong>do</strong> contra advoga<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> pela suposta prática <strong>de</strong><br />
crimes contra a honra <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong>. No caso, o paciente fora <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>,<br />
com co-réu, pelo Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral como incurso nos artigos 138, 139<br />
e 140, to<strong>do</strong>s c/c o art. 141, II, <strong>do</strong> CP, <strong>em</strong> concurso formal, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong><br />
representação formulada por juiz fe<strong>de</strong>ral que, no exercício <strong>de</strong> suas funções,<br />
sentira-se ofendi<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua honra subjetiva com expressões utilizadas pelo<br />
paciente nas razões <strong>de</strong> apelação por ele apresentadas nos autos <strong>de</strong> ação<br />
penal que tramitava perante aquele juízo. Enten<strong>de</strong>u-se que a inicial acusatória<br />
oferecida pelo parquet teria extrapola<strong>do</strong> os limites materiais <strong>de</strong>linea<strong>do</strong>s na<br />
representação. Salientou-se que esta constitui <strong>de</strong>latio criminis postulatória,<br />
traduzin<strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento subordinante e condicionante <strong>do</strong> ajuizamento, pelo<br />
Ministério Público, da ação penal <strong>de</strong> que é titular. Consignou-se que, <strong>em</strong>bora o<br />
ofendi<strong>do</strong>, <strong>em</strong> sua representação, tivesse si<strong>do</strong> claro ao manifestar a sua<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o autor das expressões reputadas contumeliosas respon<strong>de</strong>sse,<br />
unicamente, por injúria (CP, art. 140), o órgão ministerial, <strong>em</strong> ação penal<br />
condicionada à representação, agira ultra vires, porquanto ultrapassara os<br />
limites materiais previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s <strong>em</strong> tal peça, da<strong>do</strong> que proce<strong>de</strong>ra a uma<br />
ampliação objetiva in<strong>de</strong>vida. Por conseguinte, estaria inválida a mencionada<br />
exordial acusatória relativamente aos <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> calúnia e <strong>de</strong> difamação (CP,<br />
artigos 138 e 139, respectivamente), permanecen<strong>do</strong>, porém, pertinente ao<br />
crime <strong>de</strong> injúria.” (HC 98.237, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 15-12-<br />
09, 2ª Turma, Informativo 572).<br />
“Ante a imunida<strong>de</strong> prevista no artigo 53 da Carta Fe<strong>de</strong>ral, a utilização da<br />
tribuna da Casa Legislativa, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> certo contexto liga<strong>do</strong> a frustrada<br />
7
comissão parlamentar <strong>de</strong> inquérito, apontan<strong>do</strong>-se corrupção <strong>em</strong> órgão público,<br />
não enseja ação penal.” (Inq 2.815, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 25-<br />
11-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“No caso, a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>screveu, suficient<strong>em</strong>ente, os fatos supostamente<br />
ilícitos, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scabi<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento requeri<strong>do</strong> na impetração.<br />
Denúncia que permitiu aos acusa<strong>do</strong>s o mais amplo exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa. Pelo que não é <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como fruto <strong>de</strong> um arbitrário<br />
exercício <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r-<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> promover a ação penal pública. O quadro <strong>em</strong>pírico<br />
<strong>do</strong> feito não permite enxergar a flagrante ausência <strong>de</strong> justa causa da ação<br />
penal quanto ao <strong>de</strong>lito contra a or<strong>de</strong>m tributária. Isso porque a impetração não<br />
<strong>de</strong>monstrou, minimamente, a pendência <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> crédito<br />
tributário objeto da acusação ministerial pública. Além disso, a natureza<br />
filantrópica da fundação investigada também não é <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a afastar, <strong>de</strong><br />
plano, eventual prática <strong>de</strong> crime tributário. Por outro la<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>núncia objeto<br />
<strong>de</strong>ste habeas corpus, no tocante ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> quadrilha, é mera<br />
reiteração <strong>de</strong> acusação que tramita no Juízo processante da causa, tanto que<br />
se trata <strong>de</strong> simples transcrição literal da inicial previamente ajuizada. A<br />
constituir patente situação <strong>de</strong> bis in i<strong>de</strong>m, o que autoriza o trancamento da<br />
ação penal, no ponto.” (HC 92.959, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento <strong>em</strong> 17-<br />
11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-2-10). Vi<strong>de</strong>: HC 81.611, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-12-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-5-05.<br />
“Pratica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is roubos <strong>em</strong> seqüência e oferecida a <strong>de</strong>núncia apenas quanto a<br />
um <strong>de</strong>les, nada impe<strong>de</strong> que o MP ajuíze nova ação penal quanto <strong>de</strong>lito<br />
r<strong>em</strong>anescente. Incidência <strong>do</strong> postula<strong>do</strong> da indisponibilida<strong>de</strong> da ação penal<br />
pública que <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens jurídicos que ela tutela. Inexiste<br />
dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito <strong>do</strong> inquérito policial,<br />
<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser o pedi<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> expressamente, a teor <strong>do</strong> disposto no art. 28<br />
<strong>do</strong> Código Processual Penal. Inaplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio da indivisibilida<strong>de</strong> à<br />
ação penal pública.” (RHC 95.141, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento<br />
<strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09)<br />
“O trancamento da ação penal, <strong>em</strong> habeas corpus, constitui medida<br />
excepcional que só <strong>de</strong>ve ser aplicada quan<strong>do</strong> indiscutível a ausência <strong>de</strong> justa<br />
causa ou quan<strong>do</strong> há flagrante ilegalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrada <strong>em</strong> inequívoca prova<br />
pré-constituída” (RHC 95.958, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong><br />
18-8-09, 1ª Turma, DJE 4-9-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.909, Rel. Min.<br />
Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 17-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-12-09.<br />
“Diante da formulação <strong>de</strong> proposta <strong>de</strong> suspensão condicional <strong>do</strong> processo pelo<br />
Ministério Público, o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> t<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong> aguardar a fase <strong>de</strong><br />
recebimento da <strong>de</strong>núncia, para <strong>de</strong>clarar se a aceita ou não. A suspensão<br />
condicional <strong>do</strong> processo, <strong>em</strong>bora traga ínsita a idéia <strong>de</strong> benefício ao<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>, que se vê afasta<strong>do</strong> da ação penal mediante o cumprimento <strong>de</strong><br />
certas condições, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> representar constrangimento, caracteriza<strong>do</strong><br />
pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> submeter-se a condições que, viesse a ser exonera<strong>do</strong> da<br />
acusação, não lhe seriam impostas. Diante da apresentação da acusação pelo<br />
Parquet, a interpretação legal que melhor se coaduna com o princípio da<br />
presunção <strong>de</strong> inocência e a garantia da ampla <strong>de</strong>fesa é a que permite ao<br />
8
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> <strong>de</strong>cidir se aceita a proposta após o eventual <strong>de</strong>creto <strong>de</strong><br />
recebimento da <strong>de</strong>núncia e <strong>do</strong> conseqüente reconhecimento, pelo Po<strong>de</strong>r<br />
Judiciário, da aptidão da peça acusatória e da existência <strong>de</strong> justa causa para a<br />
ação penal. Questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m que se resolve no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> permitir a<br />
manifestação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s, quanto à proposta <strong>de</strong> suspensão condicional<br />
<strong>do</strong> processo, após o eventual recebimento da <strong>de</strong>núncia.” (Pet 3.898, Rel. Min.<br />
Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 27-8-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“Alegação <strong>de</strong> inépcia da <strong>de</strong>núncia e falta <strong>de</strong> justa causa para a ação penal. (...)<br />
Inviável, no acanha<strong>do</strong> procedimento <strong>do</strong> habeas corpus, a apreciação das<br />
afirmativas <strong>do</strong>s Impetrantes, porque <strong>de</strong>mandariam análise <strong>do</strong> conjunto<br />
probatório <strong>em</strong> se<strong>de</strong> judicial própria. (...) Não se tranca ação penal, quan<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>scritos, na <strong>de</strong>núncia, comportamentos típicos, ou seja, quan<strong>do</strong> factíveis e<br />
manifestos os indícios <strong>de</strong> autoria e materialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litivas. (...) O exame da<br />
alegada inocência <strong>do</strong> Paciente não se coaduna com a via processual eleita,<br />
sen<strong>do</strong> essa análise reservada aos processos <strong>de</strong> conhecimento, nos quais a<br />
dilação probatória t<strong>em</strong> espaço garanti<strong>do</strong>.” (HC 95.270, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 24-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09)<br />
“A impetração <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, após o lançamento <strong>de</strong>finitivo <strong>do</strong><br />
crédito tributário, não t<strong>em</strong> o condão <strong>de</strong> impedir o início da ação penal,<br />
principalmente porque a or<strong>de</strong>m foi <strong>de</strong>negada <strong>em</strong> 1º grau e a apelação<br />
interposta, ainda pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento, não t<strong>em</strong> efeito suspensivo.” (HC<br />
95.578, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
17-4-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 95.108, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento<br />
<strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09. Vi<strong>de</strong>: HC 81.611, Rel. Min.<br />
Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-12-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-5-05.<br />
“Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosseguimento da ação penal quanto à acusação <strong>de</strong><br />
exercício ilegal da profissão <strong>de</strong> árbitro, ou media<strong>do</strong>r (art. 47 da Lei <strong>de</strong><br />
Contravenções <strong>Penais</strong>). Ausência <strong>de</strong> requisito necessário à configuração <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>lito, conti<strong>do</strong> na expressão ‘s<strong>em</strong> preencher as condições a que por lei está<br />
subordina<strong>do</strong> o exercício’. Profissão cuja regulamentação é objeto <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong><br />
Lei, <strong>em</strong> trâmite no Congresso Nacional. Parecer acolhi<strong>do</strong> para <strong>de</strong>terminar, tão<br />
somente, o tratamento da ação penal pela acusação <strong>de</strong> exercício ilegal da<br />
profissão <strong>de</strong> árbitro, ou media<strong>do</strong>r. (HC 92.183, Rel. Min. Carlos Britto,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-3-08, DJE <strong>de</strong> 23-5-08)<br />
“A afirmação da legitimida<strong>de</strong> ad causam <strong>do</strong> parquet, no caso, se confun<strong>de</strong> com<br />
a própria necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se instruir a ação penal, pois é no momento da<br />
sentença que po<strong>de</strong>rá o Juiz confirmar o tipo penal aponta<strong>do</strong> na inicial<br />
acusatória. Qualquer capitulação jurídica feita sobre um fato na <strong>de</strong>núncia é<br />
s<strong>em</strong>pre provisória até a sentença, tornan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>finitiva apenas no instante<br />
<strong>de</strong>cisório final. Não cabe ao Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, <strong>em</strong> habeas corpus,<br />
antecipar-se ao Magistra<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1º grau e, antes mesmo <strong>de</strong> iniciada a instrução<br />
criminal, firmar juízo <strong>de</strong> valor sobre as provas trazidas aos autos para tipificar a<br />
conduta criminosa narrada. A jurisprudência <strong>de</strong>ste Tribunal é firme no senti<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> que o trancamento da ação penal, <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> habeas corpus, por ausência<br />
<strong>de</strong> justa causa, constitui medida excepcional que, <strong>em</strong> princípio, não t<strong>em</strong> lugar<br />
quan<strong>do</strong> os fatos narra<strong>do</strong>s na <strong>de</strong>núncia configuram crime <strong>em</strong> tese. É na ação<br />
9
penal que <strong>de</strong>verá se <strong>de</strong>senvolver o contraditório, na qual serão produzi<strong>do</strong>s<br />
to<strong>do</strong>s os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> convicção <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>r e garanti<strong>do</strong> ao paciente to<strong>do</strong>s os<br />
meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa constitucionalmente previstos. Não é o habeas corpus o<br />
instrumento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para o exame <strong>de</strong> questões controvertidas, inerentes ao<br />
processo <strong>de</strong> conhecimento.” (HC 90.187, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento<br />
<strong>em</strong> 4-3-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 25-4-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 99.397, Rel.<br />
Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 1º-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
"O crime foi pratica<strong>do</strong> na vigência da antiga Lei <strong>de</strong> Tóxicos (n. 6.368/76), que<br />
r<strong>em</strong>etia a questão da liberda<strong>de</strong> provisória à Lei n. 8.072/90 (art. 2º, inc. II),<br />
aplicação <strong>do</strong> princípio t<strong>em</strong>pus regit actum. Com o advento da Lei n. 11.464/07,<br />
que <strong>de</strong>u nova redação ao cita<strong>do</strong> dispositivo, a norma aplicável tornou-se mais<br />
benigna para o paciente (art. 5, inc. XL, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral). A Lei n.<br />
11.343/06, <strong>em</strong>bora seja norma mais específica que a lei <strong>do</strong>s crimes hedion<strong>do</strong>s,<br />
não é <strong>de</strong> ser observada quanto aos <strong>de</strong>litos ocorri<strong>do</strong>s antes <strong>de</strong> sua vigência,<br />
pois, apesar <strong>de</strong> constituir inovação processual, seus efeitos são <strong>de</strong> direito<br />
material e prejudicam o réu (art. 5, inc. XL, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral). Não<br />
obstante as consi<strong>de</strong>rações feitas sobre a sucessão das leis no t<strong>em</strong>po, é <strong>de</strong> verse<br />
que, no caso <strong>em</strong> apreço, estão evi<strong>de</strong>nciadas a gravida<strong>de</strong> da conduta, a<br />
periculosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente e a potencial viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>, volte a<br />
<strong>de</strong>linqüir." (HC 91.118, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 2-10-07, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 14-12-07)<br />
"O presente habeas corpus, que visa ao trancamento <strong>de</strong> eventual inquérito e<br />
ação penal, não se justifica, quan<strong>do</strong> se cuida <strong>de</strong> fatos simplesmente noticia<strong>do</strong>s<br />
<strong>em</strong> reportagens jornalísticas s<strong>em</strong> referência a ato da autorida<strong>de</strong> tida como<br />
coatora. O trancamento <strong>de</strong> inquéritos e ações penais <strong>em</strong> curso – o que não se<br />
vislumbra na hipótese <strong>do</strong>s autos – só é admissível quan<strong>do</strong> verificadas a<br />
atipicida<strong>de</strong> da conduta, a extinção da punibilida<strong>de</strong> ou a ausência <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos<br />
indiciários <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> autoria e prova da materialida<strong>de</strong>. Prece<strong>de</strong>ntes."<br />
(HC 89.398, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 20-9-07, Plenário, DJ <strong>de</strong><br />
26-10-07). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 87.310, Rel. Min. Carlos Britto, <strong>de</strong>cisão<br />
monocrática, julgamento <strong>em</strong> 30-11-05, DJ <strong>de</strong> 13-12-05; RHC 86.535-MC, Rel.<br />
Min. Cezar Peluso, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 31-8-05, DJ <strong>de</strong> 13-9-<br />
05.<br />
"Nos crimes contra os costumes, uma vez caracterizada a pobreza da vítima, a<br />
ação penal passa a ser pública condicionada à representação, ten<strong>do</strong> o<br />
Ministério Público legitimida<strong>de</strong> para oferecer a <strong>de</strong>núncia. Inteligência <strong>do</strong> art.<br />
225, § 1º, <strong>do</strong> Código Penal. Não afasta tal titularida<strong>de</strong> o fato <strong>de</strong> a vítima ter à<br />
sua disposição a Defensoria Pública estruturada e aparelhada. Opção <strong>do</strong><br />
legisla<strong>do</strong>r, ao excepcionar a regra geral contida no artigo 32 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal e possibilitar a disponibilida<strong>de</strong> da ação penal, tão-somente, até<br />
o oferecimento da <strong>de</strong>núncia." (RHC 88.143, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 24-4-07, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 8-6-07)<br />
“Ação penal pública condicionada: prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência da representação se<br />
conta <strong>do</strong> conhecimento inequívoco da autoria, não <strong>de</strong> meras suspeitas (...).”<br />
(HC 89.938, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 14-11-06, 1ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 15-12-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.657, Rel. Min. Dias Toffoli,<br />
julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
10
"O oferecimento da representação, condição <strong>de</strong> procedibilida<strong>de</strong> da ação penal<br />
pública condicionada, não exige requisito formal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser suprida pela<br />
manifestação expressa da vítima ou <strong>de</strong> seu representante, no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
prosseguimento da ação penal contra o autor. Se a vítima, apesar <strong>de</strong> menor,<br />
<strong>de</strong>monstra interesse no prosseguimento da persecução penal, a representação<br />
formal, oferecida por cura<strong>do</strong>r especial após o oferecimento da <strong>de</strong>núncia, supre<br />
a formalida<strong>de</strong>, já que ratifica a manifestação anterior." (HC 88.387, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 10-10-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-11-06).<br />
"A ação penal relativa aos crimes tipifica<strong>do</strong>s nos artigos 171 e 177 <strong>do</strong> Código<br />
Penal é pública incondicionada. A ação penal privada subsidiária da<br />
pública,prevista no artigo 29 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal, só t<strong>em</strong> cabimento<br />
quan<strong>do</strong> há inércia <strong>do</strong> Ministério Público, o que não ocorreu no caso sob exame.<br />
Hipótese <strong>em</strong> que o parecer <strong>do</strong> Ministério Público, no senti<strong>do</strong> da rejeição da<br />
queixa-crime, por atipicida<strong>de</strong>, equivale, na verda<strong>de</strong>, à requisição <strong>de</strong><br />
arquivamento <strong>do</strong> feito." (Inq 2.242-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 7-<br />
6-06, Plenário, DJ <strong>de</strong> 25-8-06)<br />
“Somente hipóteses excepcionalíssimas autorizam o trancamento da ação<br />
penal <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> habeas corpus; ou seja, quan<strong>do</strong> os fatos narra<strong>do</strong>s na<br />
<strong>de</strong>núncia não consubstanci<strong>em</strong> crime, quan<strong>do</strong> se dê a prescrição, ou quan<strong>do</strong><br />
ocorre <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> forma, consi<strong>de</strong>rada a peça inicial acusatória. Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>núncia que faz clara exposição <strong>de</strong> fato que, ao menos <strong>em</strong> tese, constitui<br />
crime, com as <strong>de</strong>vidas circunstâncias <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, mo<strong>do</strong> e espaço,<br />
individualizan<strong>do</strong>, ainda, a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> e portan<strong>do</strong> rol <strong>de</strong><br />
test<strong>em</strong>unhas, imperioso é o prosseguimento <strong>do</strong> processo crime.” (HC 86.786,<br />
Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 2-5-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 84.841, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 19-10-04,<br />
1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-11-04.<br />
"Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> ação penal privada, o oferecimento <strong>de</strong> queixa-crime somente<br />
contra um ou alguns <strong>do</strong>s supostos autores ou partícipes da prática <strong>de</strong>lituosa,<br />
com exclusão <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais envolvi<strong>do</strong>s, configura hipótese <strong>de</strong> violação ao<br />
princípio da indivisibilida<strong>de</strong> (CPP, art. 48), implican<strong>do</strong>, por isso mesmo,<br />
renúncia tácita ao direito <strong>de</strong> querela (CPP, art. 49), cuja eficácia extintiva da<br />
punibilida<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>-se a to<strong>do</strong>s quantos alegadamente hajam intervin<strong>do</strong> no<br />
suposto cometimento da infração penal (CP, art. 107, V, c/c o art. 104).<br />
Doutrina. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 88.165, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
18-4-06, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-6-07)<br />
"A <strong>de</strong>sistência da ação penal privada po<strong>de</strong> ocorrer a qualquer momento,<br />
somente surgin<strong>do</strong> óbice intransponível quan<strong>do</strong> já existente <strong>de</strong>cisão<br />
con<strong>de</strong>natória transitada <strong>em</strong> julga<strong>do</strong>." (HC 83.228, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 1º-8-05, Plenário, DJ <strong>de</strong> 11-11-05)<br />
"Peça acusatória que, ao revés, <strong>de</strong>screve fato previsto na lei penal. A<br />
presença, ou não, <strong>de</strong> causa exclu<strong>de</strong>nte da culpa haverá <strong>de</strong> ser verificada no<br />
curso da instrução criminal. A<strong>de</strong>mais, a falta <strong>de</strong> justa causa para a ação penal<br />
11
somente po<strong>de</strong> ser reconhecida e afirmada quan<strong>do</strong> manifesto que o fato narra<strong>do</strong><br />
não constitui crime." (HC 79.359, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 10-8-<br />
99, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 8-10-99)<br />
Agravantes / Atenuantes<br />
“(...) o artigo 67 <strong>do</strong> Código Penal é claro ‘ao dispor sobre a prepon<strong>de</strong>rância da<br />
reincidência sobre outras circunstâncias, <strong>de</strong>ntre as quais enquadram-se a<br />
confissão espontânea. Afinal, a confissão não está associada aos motivos<br />
<strong>de</strong>terminantes <strong>do</strong> crime, e – por diferir <strong>em</strong> muito <strong>do</strong> arrependimento – também<br />
não está relacionada à personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente, tratan<strong>do</strong>-se apenas <strong>de</strong><br />
postura a<strong>do</strong>tada pelo réu <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a conveniência e estratégia para sua<br />
<strong>de</strong>fesa’.” (HC 99.446, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 18-8-09, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 11-9-09)<br />
"A reincidência é óbice à substituição da pena restritiva da liberda<strong>de</strong> pela<br />
restritiva <strong>de</strong> direitos. (...) Prepon<strong>de</strong>ra, no concurso <strong>de</strong> agravantes e atenuantes,<br />
a reincidência." (HC 93.515, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09)<br />
“Con<strong>de</strong>nação criminal. Pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Execução. Livramento<br />
condicional. Unificação <strong>de</strong> penas. Reincidência. Inocorrência. Último fato<br />
cometi<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> das con<strong>de</strong>nações. Inteligência <strong>do</strong> art. 83,<br />
I, <strong>do</strong> Código Penal. Cumprimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 1/3 da pena. Benefício <strong>de</strong>feri<strong>do</strong>.<br />
Concessão da or<strong>de</strong>m. Não se consi<strong>de</strong>ra reinci<strong>de</strong>nte qu<strong>em</strong> pratica fato<br />
criminoso antes <strong>do</strong> trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação penal por fato diverso.”<br />
(HC 96.997, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
26-6-09)<br />
“A só reincidência não constitui razão suficiente para imposição <strong>de</strong> regime <strong>de</strong><br />
cumprimento mais severo <strong>do</strong> que a pena aplicada autorize.” (HC 97.424, Rel.<br />
Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-09)<br />
"Pena fixada no mínimo legal. Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução, abaixo <strong>de</strong>sse<br />
patamar, com fundamento na circunstância atenuante da menorida<strong>de</strong>.<br />
Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 94.243, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09)<br />
"Os juízos <strong>de</strong> primeiro e segun<strong>do</strong> graus mantiveram-se silentes quanto ao<br />
requisito subjetivo liga<strong>do</strong> à reincidência genérica para a substituição da pena<br />
corporal pela restritiva <strong>de</strong> direitos. Embora tenha a falta <strong>de</strong> prequestionamento<br />
<strong>do</strong> t<strong>em</strong>a leva<strong>do</strong> ao não-conhecimento <strong>do</strong> recurso especial no STJ, subsiste o<br />
constrangimento ilegal contra o paciente. A falta <strong>de</strong> fundamentação no tocante<br />
à <strong>de</strong>negação <strong>do</strong> benefício previsto no art. 44 <strong>do</strong> Código Penal ofen<strong>de</strong> o<br />
princípio da individualização da pena. Prece<strong>de</strong>nte. Or<strong>de</strong>m concedida <strong>em</strong> parte<br />
para que o juiz <strong>de</strong> primeira instância profira nova <strong>de</strong>cisão quanto à questão.”<br />
(HC 94.990, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 2-12-08, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 19-12-08)<br />
12
“É firme a jurisprudência <strong>de</strong>sta Supr<strong>em</strong>a Corte no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, ao contrário<br />
<strong>do</strong> que ocorre com as causas <strong>de</strong> diminuição, as circunstâncias atenuantes não<br />
po<strong>de</strong>m reduzir a pena aquém <strong>do</strong> mínimo legal. Prece<strong>de</strong>ntes.” (HC 94.446, Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 14-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 31-10-<br />
08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.243, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 31-3-<br />
09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09; RE 597.270-RG-QO, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 26-3-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-6-09; HC 94.552, Rel. Min. Carlos<br />
Britto, julgamento <strong>em</strong> 14-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-3-09; HC 94.337, Rel.<br />
Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 3-6-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 31-10-08; HC<br />
92.926, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 27-5-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-<br />
08.<br />
“O aumento da pena <strong>em</strong> função da reincidência encontra-se expressivamente<br />
prevista no art. 61, I, <strong>do</strong> CP, não constituin<strong>do</strong>, bis in i<strong>de</strong>m.” (HC 92.626, Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 25-3-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 2-5-08).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.449, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong><br />
1º-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09; HC 95.398, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-9-09; HC 94.816, Rel. Min. Eros<br />
Grau, julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09.<br />
"Há <strong>de</strong> ser reconhecida a circunstância atenuante <strong>de</strong> confissão espontânea <strong>do</strong><br />
paciente, que, durante a instrução criminal, mostrou-se arrependi<strong>do</strong> e<br />
consciente <strong>do</strong> fato a ele imputa<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> corrobora<strong>do</strong> com as <strong>de</strong>mais provas <strong>do</strong>s<br />
autos. Todavia, é inócua a anulação <strong>do</strong> julga<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>, nesse ponto,<br />
porque a pena-base aplicada no mínimo legal (12 anos <strong>de</strong> reclusão) pelo<br />
Conselho Sentenciante foi mantida pelo Superior Tribunal Militar. O acórdão<br />
inaugural <strong>de</strong>ixou claro, quanto à aplicação da pena, que ‘avaliou as questões<br />
relacionadas à <strong>do</strong>simetria da pena, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> por confirmá-la <strong>em</strong> sua<br />
inteireza, na esteira <strong>do</strong>s fundamentos constantes da Sentença <strong>de</strong> primeiro<br />
grau, transcrita quase que integralmente’, que aten<strong>de</strong>u ao princípio<br />
constitucional da individuação da pena, como assinala<strong>do</strong> no parecer da<br />
Procura<strong>do</strong>ria-Geral da República. A fundamentação insuficiente para o<br />
agravamento da pena, incompatível com os el<strong>em</strong>entos existentes nos autos,<br />
consolida<strong>do</strong>s na sentença, autoriza o restabelecimento <strong>de</strong>sta, preservada a<br />
natureza <strong>do</strong> habeas corpus no que diz com o reexame <strong>de</strong> provas." (HC 90.659,<br />
Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 12-2-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-3-08)<br />
"<strong>Jurisprudência</strong> <strong>de</strong> ambas as Turmas <strong>de</strong>sta Corte no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o fato que<br />
serve para justificar a agravante da reincidência não po<strong>de</strong> ser leva<strong>do</strong> à conta<br />
<strong>de</strong> maus antece<strong>de</strong>ntes para fundamentar a fixação da pena-base acima <strong>do</strong><br />
mínimo legal (CP, art. 59), sob pena <strong>de</strong> incorrer <strong>em</strong> bis in i<strong>de</strong>m." (HC 80.066,<br />
Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 13-6-00, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-10-00). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 74.023, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento <strong>em</strong> 13-6-00,<br />
Plenário, DJ <strong>de</strong> 6-10-00; HC 75.889, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 17-3-98, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-6-98.<br />
Aplicação da Lei Penal<br />
13
“A Lei penal mais grave aplica-se ao crime continua<strong>do</strong> ou ao crime<br />
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuida<strong>de</strong> ou da<br />
permanência.” (Súmula 711)<br />
“O pedi<strong>do</strong> da recorrente está prejudica<strong>do</strong> ante a revogação <strong>do</strong> art. 411, <strong>do</strong><br />
Código <strong>de</strong> Processo Penal, pela Lei n° 11.689/2008, que introduziu, no art. 415,<br />
novas regras para a absolvição sumária nos processos da competência <strong>do</strong><br />
Tribunal <strong>do</strong> Júri. (...) As novas regras, mais benignas, aplicam-se<br />
retroativamente.” (RE 602.561, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 27-10-<br />
09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09)<br />
"Não po<strong>de</strong> o julga<strong>do</strong>r, por analogia, estabelecer sanção s<strong>em</strong> previsão legal,<br />
ainda que para beneficiar o réu, ao argumento <strong>de</strong> que o legisla<strong>do</strong>r <strong>de</strong>veria ter<br />
disciplina<strong>do</strong> a situação <strong>de</strong> outra forma." (HC 94.030, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 20-5-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-08)<br />
"Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação fracionada <strong>do</strong> artigo 366 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo<br />
Penal, na redação dada pela Lei nº 9.271/96, pois, muito <strong>em</strong>bora o dispositivo<br />
tenha, também, conteú<strong>do</strong> processual, sobressai a sua feição <strong>de</strong> direito penal<br />
material. Além disso, por se tratar <strong>de</strong> dispositivo que, <strong>em</strong> geral, agrava a<br />
situação <strong>do</strong>s réus, não po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> retroativamente à edição da lei nova."<br />
(HC 92.615, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 13-11-07, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 14-12-07)<br />
"O crime foi pratica<strong>do</strong> na vigência da antiga Lei <strong>de</strong> Tóxicos (n. 6.368/76), que<br />
r<strong>em</strong>etia a questão da liberda<strong>de</strong> provisória à Lei n. 8.072/90 (art. 2º, inc. II),<br />
aplicação <strong>do</strong> princípio t<strong>em</strong>pus regit actum. Com o advento da Lei n. 11.464/07,<br />
que <strong>de</strong>u nova redação ao cita<strong>do</strong> dispositivo, a norma aplicável tornou-se mais<br />
benigna para o paciente (art. 5, inc. XL, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral). A Lei n.<br />
11.343/06, <strong>em</strong>bora seja norma mais específica que a lei <strong>do</strong>s crimes hedion<strong>do</strong>s,<br />
não é <strong>de</strong> ser observada quanto aos <strong>de</strong>litos ocorri<strong>do</strong>s antes <strong>de</strong> sua vigência,<br />
pois, apesar <strong>de</strong> constituir inovação processual, seus efeitos são <strong>de</strong> direito<br />
material e prejudicam o réu (art. 5, inc. XL, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral). Não<br />
obstante as consi<strong>de</strong>rações feitas sobre a sucessão das leis no t<strong>em</strong>po, é <strong>de</strong> verse<br />
que, no caso <strong>em</strong> apreço, estão evi<strong>de</strong>nciadas a gravida<strong>de</strong> da conduta, a<br />
periculosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente e a potencial viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>, volte a<br />
<strong>de</strong>linqüir." (HC 91.118, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 2-10-07, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 14-12-07)<br />
"O art. 90 da lei 9.099/1995 <strong>de</strong>termina que as disposições da lei <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s<br />
Especiais não são aplicáveis aos processos penais nos quais a fase <strong>de</strong><br />
instrução já tenha si<strong>do</strong> iniciada. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> natureza<br />
processual, a exceção estabelecida por lei à regra geral contida no art. 2º <strong>do</strong><br />
CPP não pa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> vício <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong>. Contu<strong>do</strong>, as normas <strong>de</strong><br />
direito penal que tenham conteú<strong>do</strong> mais benéfico aos réus <strong>de</strong>v<strong>em</strong> retroagir<br />
para beneficiá-los, à luz <strong>do</strong> que <strong>de</strong>termina o art. 5º, XL da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Interpretação conforme ao art. 90 da Lei 9.099/1995 para excluir <strong>de</strong> sua<br />
abrangência as normas <strong>de</strong> direito penal mais favoráveis ao réus contidas nessa<br />
lei." (ADI 1.719, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 18-6-07, Plenário,<br />
DJ <strong>de</strong> 3-8-07)<br />
14
"Não se po<strong>de</strong> mesclar o regime penal comum e o castrense, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />
selecionar o que cada um t<strong>em</strong> <strong>de</strong> mais favorável ao acusa<strong>do</strong>. Tal proce<strong>de</strong>r<br />
geraria um ‘hibridismo’ incompatível com o princípio da especialida<strong>de</strong> das leis.<br />
S<strong>em</strong> contar que a disciplina mais rigorosa <strong>do</strong> Código Penal Castrense funda-se<br />
<strong>em</strong> razões <strong>de</strong> política legislativa que se voltam para o combate com maior rigor<br />
daquelas infrações <strong>de</strong>finidas como militares. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 86.854, Rel.<br />
Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 14-3-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 2-3-07). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 91.225, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 19-6-07, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 10-8-07.<br />
"Supressão <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento (CP, art. 305). Violação <strong>do</strong> painel <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>. A<br />
obtenção <strong>do</strong> extrato <strong>de</strong> votação secreta, mediante alteração nos programas <strong>de</strong><br />
informática, não se amolda ao tipo penal previsto no art. 305 <strong>do</strong> CP, mas<br />
caracteriza o crime previsto no art. 313-B da Lei 9989, <strong>de</strong> 14.07.2000.<br />
Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retroação da norma penal a fatos ocorri<strong>do</strong>s anteriormente a<br />
sua vigência (CF, art. 5º, XL). Extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação ao crime <strong>de</strong><br />
violação <strong>de</strong> sigilo funcional (CP, art. 325). Denúncia rejeitada por atipicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conduta." (Inq 1.879, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 10-9-03, Plenário,<br />
DJ <strong>de</strong> 7-5-04)<br />
"Supressão <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento (CP, art. 305). Violação <strong>do</strong> painel <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>. A<br />
obtenção <strong>do</strong> extrato <strong>de</strong> votação secreta, mediante alteração nos programas <strong>de</strong><br />
informática, não se amolda ao tipo penal previsto no art. 305 <strong>do</strong> CP, mas<br />
caracteriza o crime previsto no art. 313-B da Lei 9989, <strong>de</strong> 14.07.2000.<br />
Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retroação da norma penal a fatos ocorri<strong>do</strong>s anteriormente a<br />
sua vigência (CF, art. 5º, XL). Extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação ao crime <strong>de</strong><br />
violação <strong>de</strong> sigilo funcional (CP, art. 325). Denúncia rejeitada por atipicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conduta." (Inq 1.879, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 10-9-03, Plenário,<br />
DJ <strong>de</strong> 7-5-04)<br />
"Medida provisória: sua inadmissibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> matéria penal – extraída pela<br />
<strong>do</strong>utrina consensual – da interpretação sist<strong>em</strong>ática da Constituição –, não<br />
compreen<strong>de</strong> a <strong>de</strong> normas penais benéficas, assim, as que abol<strong>em</strong> crimes ou<br />
lhes restring<strong>em</strong> o alcance, extingam ou abran<strong>de</strong>m penas ou ampliam os casos<br />
<strong>de</strong> isenção <strong>de</strong> pena ou <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong> punibilida<strong>de</strong>." (RE 254.818, Rel. Min.<br />
Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 8-11-00, Plenário, DJ <strong>de</strong> 19-12-02)<br />
“Direito intert<strong>em</strong>poral: ultra-ativida<strong>de</strong> da lei penal quan<strong>do</strong>, após o início <strong>do</strong><br />
crime continua<strong>do</strong>, sobrevém lei mais severa. Crime continua<strong>do</strong> (CP, artigo 71,<br />
caput): <strong>de</strong>litos pratica<strong>do</strong>s entre março <strong>de</strong> 1991 e <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1992, <strong>de</strong> forma<br />
que estas 22 (vinte e duas) condutas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas, por ficção <strong>do</strong><br />
legisla<strong>do</strong>r, como um único crime, inicia<strong>do</strong>, portanto, na vigência <strong>de</strong> lex mitior<br />
(artigo 2º, II, da Lei n. 8.137, <strong>de</strong> 27-12-90) e fin<strong>do</strong> na vigência <strong>de</strong> lex gravior<br />
(artigo 95, d e § 1º, da Lei n. 8.212, <strong>de</strong> 24-7-91). Conflito <strong>de</strong> leis no t<strong>em</strong>po que<br />
se resolve mediante opção por uma <strong>de</strong> duas expectativas possíveis:<br />
retroativida<strong>de</strong> da lex gravior ou ultra-ativida<strong>de</strong> da lex mitior, vez que não se<br />
po<strong>de</strong> cogitar da aplicação <strong>de</strong> duas penas diferentes, uma para cada perío<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> que um mesmo e único crime foi pratica<strong>do</strong>. Orientação jurispru<strong>de</strong>ncial <strong>do</strong><br />
Tribunal no senti<strong>do</strong> da aplicação da lex gravior.” (HC 76.978, Rel. Min. Maurício<br />
Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 29-9-98, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-2-99)<br />
15
"(...) para efeito <strong>de</strong> direito intert<strong>em</strong>poral, jamais se cogitou <strong>de</strong> assimilar a<br />
mudança da orientação jurispru<strong>de</strong>ncial <strong>do</strong>minante à superveniência da lei nova:<br />
para nós, <strong>em</strong> cada caso <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>, a interpretação aplicada se reputa válida<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vigência da norma <strong>em</strong> que se pretenda fundamentada." (HC 75.793,<br />
voto <strong>do</strong> Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 31-3-98, 1ª Turma, DJ<br />
<strong>de</strong> 8-5-98)<br />
"O princípio da retroativida<strong>de</strong> da lex mitior, que alberga o princípio da<br />
irretroativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lei mais grave, aplica-se ao processo <strong>de</strong> execução penal e,<br />
por conseqüência, ao livramento condicional, art. 5, XL, da Constituição<br />
Fe<strong>de</strong>ral e § único <strong>do</strong> art. 2º <strong>do</strong> Código Penal (Lei nº 7.209/84). Os princípios da<br />
ultra e da retroativida<strong>de</strong> da lex mitior não autorizam a combinação <strong>de</strong> duas<br />
normas que se conflitam no t<strong>em</strong>po para se extrair uma terceira que mais<br />
benefície o réu. Tratamento <strong>de</strong>sigual a situações <strong>de</strong>siguais mais exalta <strong>do</strong> que<br />
contraria o princípio da isonomia." (HC 68.416, Rel. Min. Paulo Brossard,<br />
julgamento <strong>em</strong> 8-9-92, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-10-92)<br />
“Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> lei penal nova e mais benéfica, é <strong>de</strong> ser aplicada, ope<br />
constitutionis, aos casos pretéritos. A aplicação da lex mitior compete ao Juiz<br />
da Execução, nos termos da legislação e da Súmula 611 <strong>do</strong> <strong>STF</strong>. Com o<br />
advento da nova Parte Geral <strong>do</strong> Código Penal, tornou-se juridicamente<br />
impossível a imposição <strong>de</strong> medida <strong>de</strong> segurança, por periculosida<strong>de</strong> real ou<br />
presumida, aos agentes plenamente imputáveis. Com a abolição da medida <strong>de</strong><br />
segurança para os imputáveis, essa extinção opera retroativamente,<br />
esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se aos fatos cometi<strong>do</strong>s anteriormente à vigência da Lei 7.209/84.<br />
<strong>Jurisprudência</strong> <strong>do</strong> <strong>STF</strong>." (HC 68.571, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
1º-10-91, 1ª Turma, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 12-6-92)<br />
Atos <strong>de</strong> Comunicação Processual<br />
“No Processo Penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da<br />
juntada aos autos <strong>do</strong> manda<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> carta precatória ou <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m.” (Súmula<br />
710)<br />
“Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, <strong>em</strong>bora<br />
não transcreva a <strong>de</strong>núncia ou queixa, ou não resuma os fatos <strong>em</strong> que se<br />
baseia.” (Súmula 366)<br />
“É nula a citação por edital <strong>de</strong> réu preso na mesma unida<strong>de</strong> da fe<strong>de</strong>ração <strong>em</strong><br />
que o juiz exerce a sua jurisdição.” (Súmula 351)<br />
“(...) Intimação via postal. (...) Inaplicabilida<strong>de</strong>, a processos <strong>de</strong> natureza<br />
criminal, da Lei n° 8.710/93, que alterou o Código <strong>de</strong> Processo Civil. Recurso<br />
não conheci<strong>do</strong>. Súmula 710. Continua <strong>em</strong> vigor, <strong>em</strong> relação aos processos <strong>de</strong><br />
natureza criminal, o art. 798, § 5°, <strong>do</strong> CPP, que estabelece que a contag<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />
prazo se inicia da intimação.” (AI 750.082-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10).<br />
16
“Não há nulida<strong>de</strong> na intimação <strong>do</strong> contribuinte por edital, quan<strong>do</strong> infrutíferas as<br />
tentativas <strong>de</strong> intimação pessoal, no en<strong>de</strong>reço constante <strong>de</strong> seu cadastro junto<br />
ao Fisco, nos termos <strong>do</strong> disposto no art. 23 <strong>do</strong> Dec. 70.235/72." (RHC 95.108,<br />
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> procedimento <strong>de</strong> natureza penal, o prazo para apresentação<br />
da exceção da verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser conta<strong>do</strong> da data da intimação feita à parte e<br />
não da data da juntada <strong>do</strong> manda<strong>do</strong> aos autos, nos termos <strong>do</strong> art. 798, § 5º, a,<br />
<strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal. A jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é<br />
firme no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ‘o início <strong>do</strong> prazo, <strong>em</strong> se<strong>de</strong> processual penal, há <strong>de</strong> se<br />
contar da data da efetiva ocorrência da intimação, e não da data <strong>em</strong> que se<br />
registrou, <strong>em</strong> momento ulterior, a juntada, aos autos, <strong>do</strong> respectivo manda<strong>do</strong>.’<br />
(AI 557.351-AgR/RS, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, DJ <strong>de</strong> 3-3-06). Tal<br />
entendimento restou consolida<strong>do</strong> na Súmula 710 <strong>de</strong>sta Supr<strong>em</strong>a Corte.” (HC<br />
92.618, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-<br />
12-09)<br />
“É entendimento reitera<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta Corte que a prerrogativa <strong>de</strong> intimação pessoal<br />
<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> réus <strong>de</strong> ação penal é inerente aos <strong>de</strong>fensores dativos, por<br />
força <strong>do</strong> art. 370, § 4º, <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal, e <strong>de</strong>corrente da própria<br />
Constituição, que assegura o direito à ampla <strong>de</strong>fesa <strong>em</strong> procedimento estatal<br />
que respeite as prerrogativas <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal. A falta <strong>de</strong> intimação<br />
pessoal <strong>do</strong> <strong>de</strong>fensor dativo qualifica-se como causa gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong><br />
processual absoluta, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>snecessária a comprovação, nesta hipótese, <strong>do</strong><br />
efetivo prejuízo para que tal nulida<strong>de</strong> seja <strong>de</strong>clarada.” (HC 98.802, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 20-10-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-11-09). Vi<strong>de</strong>:<br />
HC 89.315, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-9-06, 1ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 13-10-06.<br />
“É válida a citação por edital realizada quan<strong>do</strong> esgotadas as diligências<br />
necessárias à localização <strong>do</strong> réu, <strong>em</strong> obediência ao disposto no art. 361 <strong>do</strong><br />
CPP.” (HC 85.473, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-9-06, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 24-11-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 91.475, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09.<br />
“A expedição <strong>de</strong> cartas rogatórias para oitiva <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unhas resi<strong>de</strong>ntes no<br />
exterior condiciona-se à <strong>de</strong>monstração da imprescindibilida<strong>de</strong> da diligência e<br />
ao pagamento prévio das respectivas custas, pela parte requerente, nos termos<br />
<strong>do</strong> art. 222-A <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal, ressalvada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
concessão <strong>de</strong> assistência judiciária aos economicamente necessita<strong>do</strong>s. A<br />
norma que impõe à parte no processo penal a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a<br />
imprescindibilida<strong>de</strong> da oitiva da test<strong>em</strong>unha por ela arrolada, e que vive no<br />
exterior, guarda perfeita harmonia com o inciso LXXVIII <strong>do</strong> artigo 5º da<br />
Constituição Fe<strong>de</strong>ral.” (AP 470-QO4, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento<br />
<strong>em</strong> 10-6-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 2-10-09)<br />
“É firme a jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser válida a<br />
citação editalícia, feita com observância das normas legais respectivas, se a<br />
citação pessoal não se torna possível, por não se encontrar o réu no en<strong>de</strong>reço<br />
resi<strong>de</strong>ncial indica<strong>do</strong> nos autos e não se faz prova idônea <strong>do</strong> contrário.<br />
17
Prece<strong>de</strong>ntes.” (HC 96.540, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 26-5-09, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 12-6-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 93.415, Rel. Min. Menezes<br />
Direito, julgamento <strong>em</strong> 18-3-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 2-5-08; HC 72.235, Rel. Min.<br />
Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 28-3-95, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09.<br />
"Carta rogatória – Órgão <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> – Legitimida<strong>de</strong>. Cumpre perquirir a<br />
legitimida<strong>de</strong> para expedição <strong>de</strong> carta rogatória, <strong>em</strong> processo penal,<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os artigos 784 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal e 12, § 2º, da Lei <strong>de</strong><br />
Introdução ao Código Civil, no que versam a expedição por autorida<strong>de</strong><br />
estrangeira competente, não exigin<strong>do</strong>, até mesmo ante trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> cooperação<br />
jurídica <strong>em</strong> matéria penal, que o órgão expedi<strong>do</strong>r esteja integra<strong>do</strong> ao<br />
Judiciário." (HC 91.002-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 24-3-09, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 22-5-09)<br />
“Equivale à intimação pessoal a entrega <strong>do</strong> ofício no gabinete da test<strong>em</strong>unha<br />
<strong>de</strong>tentora <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> Deputa<strong>do</strong> Estadual.” (AP 458 petição avulsa-AgR, Rel.<br />
Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 12-3-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 29-10-09).<br />
Vi<strong>de</strong>: AP 421, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 22-10-09, Plenário,<br />
Informativo 564.<br />
“A ausência <strong>de</strong> intimação para oitiva <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unha no juízo <strong>de</strong>preca<strong>do</strong> não<br />
consubstancia constrangimento ilegal. Haven<strong>do</strong> ciência da expedição da carta<br />
precatória, como no caso se <strong>de</strong>u, cabe ao paciente ou a seu <strong>de</strong>fensor<br />
acompanhar o andamento <strong>do</strong> feito no juízo <strong>de</strong>preca<strong>do</strong>. Peculiarida<strong>de</strong> <strong>do</strong> caso.<br />
Efetiva violação <strong>do</strong> princípio da ampla <strong>de</strong>fesa resultante da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
atuação da <strong>de</strong>fesa técnica. O advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong> paciente teve, a partir da ciência da<br />
expedição da carta precatória, sete dias úteis para <strong>de</strong>slocar-se <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro a Belém <strong>do</strong> Pará, o que, na prática, inviabilizou seu comparecimento.<br />
Nomeação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor dativo para atuar <strong>em</strong> momento importante <strong>do</strong> processo,<br />
cuja inicial contém quatrocentas páginas. Satisfação apenas formal da<br />
exigência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa técnica ante a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação eficiente.” (HC<br />
91.501, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-2-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 8-5-09)<br />
"Se o acusa<strong>do</strong>, cita<strong>do</strong> por edital, não comparece n<strong>em</strong> constitui advoga<strong>do</strong>, po<strong>de</strong><br />
o juiz, suspenso o processo, <strong>de</strong>terminar colheita antecipada <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />
prova test<strong>em</strong>unhal, apenas quan<strong>do</strong> esta seja urgente nos termos <strong>do</strong> art. 225 <strong>do</strong><br />
Código <strong>de</strong> Processo Penal." (HC 85.824, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento<br />
<strong>em</strong> 5-8-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 22-8-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.325, Rel.<br />
Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 19-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-8-09.<br />
"O termo ad qu<strong>em</strong> para a interposição da apelação sequer se iniciou <strong>em</strong> face<br />
<strong>do</strong> réu não ter si<strong>do</strong> pessoalmente intima<strong>do</strong> da sentença. Dev<strong>em</strong> ser intima<strong>do</strong>s o<br />
<strong>de</strong>fensor e o réu, mostran<strong>do</strong>-se insuficiente, para haver o curso <strong>do</strong> prazo<br />
recursal, a intimação apenas <strong>do</strong> primeiro – artigos 261, 263 e 392 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal. Prece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>STF</strong>." (AP 428, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 12-6-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 28-8-09)<br />
“A interpretação ampliativa <strong>do</strong> artigo 266 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal autoriza<br />
concluir que antes <strong>de</strong> se confiar à Defensoria Pública o ônus <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o réu,<br />
<strong>de</strong>ve ser intima<strong>do</strong> a fazê-lo o advoga<strong>do</strong> que o acompanhou durante o inquérito<br />
18
policial. Concedida a or<strong>de</strong>m para anular o processo penal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
oferecimento da <strong>de</strong>fesa prévia.” (HC 93.415, Rel. Min. Menezes Direito,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-3-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 2-5-08)<br />
"A nulida<strong>de</strong> que vicia a citação pessoal <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>, impedin<strong>do</strong>-lhe o exercício<br />
da auto-<strong>de</strong>fesa e <strong>de</strong> constituir <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> sua livre escolha causa prejuízo<br />
evi<strong>de</strong>nte. Tal vício po<strong>de</strong> ser alega<strong>do</strong> a qualquer t<strong>em</strong>po, por tratar-se <strong>de</strong><br />
nulida<strong>de</strong> absoluta. É imprescindível a intimação pessoal <strong>do</strong> <strong>de</strong>fensor público<br />
para sessão <strong>de</strong> julgamento, por força <strong>do</strong> disposto <strong>em</strong> lei. Prece<strong>de</strong>ntes da<br />
Corte." (HC 92.569, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 11-3-08, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 25-4-08)<br />
"Aplica-se à justiça militar, por força <strong>do</strong> que dispõe o art. 3º, a, <strong>do</strong> CPPM, a<br />
orientação firmada pela Corte no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, a partir da edição da Lei<br />
9.271/96, que incluiu o § 4º ao art. 370 <strong>do</strong> CPP, os <strong>de</strong>fensores nomea<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong>ntre os quais se inclui o <strong>de</strong>fensor dativo, passaram também a possuir a<br />
prerrogativa da intimação pessoal. Com base nesse entendimento, a Turma<br />
<strong>de</strong>feriu habeas corpus para, mantida a con<strong>de</strong>nação penal, <strong>de</strong>sconstituir a<br />
certidão <strong>de</strong> trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> e assegurar ao paciente o direito <strong>de</strong> ver<br />
pessoalmente intima<strong>do</strong> o seu <strong>de</strong>fensor dativo para que este possa, queren<strong>do</strong>,<br />
recorrer da <strong>de</strong>cisão que negara seguimento ao seu recurso extraordinário. No<br />
caso, o paciente, capitão <strong>do</strong> Exército, fora absolvi<strong>do</strong> pelo Conselho Especial <strong>de</strong><br />
Justiça Militar. Contra essa <strong>de</strong>cisão, o Ministério Público Militar apelara, sen<strong>do</strong><br />
seu recurso provi<strong>do</strong> pelo STM. A <strong>de</strong>fesa opusera, então, <strong>em</strong>bargos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>claração que, rejeita<strong>do</strong>s, ensejaram a interposição <strong>de</strong> recurso extraordinário,<br />
cujo seguimento fora nega<strong>do</strong> pelo presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tribunal a quo. Ocorre que a<br />
advogada dativa não fora pessoalmente intimada <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>cisão, o que<br />
inviabilizara a apresentação <strong>de</strong> agravo <strong>de</strong> instrumento. Por conseguinte, a<br />
con<strong>de</strong>nação transitara <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> e o processo <strong>de</strong> execução da pena fora<br />
inicia<strong>do</strong>. Enfatizou-se que, na espécie, a prerrogativa da intimação pessoal não<br />
fora observada, ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong> apenas a publicação no Diário <strong>de</strong> Justiça, não<br />
obstante já vigente a referida Lei 9.271/96 com a nova redação." (HC 91.247,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 20-11-07, 2ª Turma, Informativo 489)<br />
"É válida a citação por edital quan<strong>do</strong> o pressuposto fático previsto nos artigos<br />
361 e 362 – ‘se o réu não for encontra<strong>do</strong>’ – está <strong>de</strong>vidamente confirma<strong>do</strong> nos<br />
autos. A pretensão <strong>do</strong> impetrante <strong>de</strong> reconhecer a nulida<strong>de</strong> da referida citação<br />
só po<strong>de</strong> estar vinculada, portanto, ao reexame <strong>de</strong> matéria fático-probatória, o<br />
que não se admite na via estreita <strong>do</strong> habeas corpus. (...) Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
aplicação fracionada <strong>do</strong> artigo 366 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal, na redação<br />
dada pela Lei nº 9.271/96, pois, muito <strong>em</strong>bora o dispositivo tenha, também,<br />
conteú<strong>do</strong> processual, sobressai a sua feição <strong>de</strong> direito penal material. Além<br />
disso, por se tratar <strong>de</strong> dispositivo que, <strong>em</strong> geral, agrava a situação <strong>do</strong>s réus,<br />
não po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> retroativamente à edição da lei nova." (HC 92.615, Rel.<br />
Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 13-11-07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-12-07)<br />
"O artigo 292 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal Militar dispõe a propósito da<br />
<strong>de</strong>cretação da revelia quan<strong>do</strong> o acusa<strong>do</strong>, cita<strong>do</strong> por edital, não comparecer<br />
n<strong>em</strong> constituir advoga<strong>do</strong>. O artigo 366 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal Comum<br />
preceitua que ‘se o acusa<strong>do</strong>, cita<strong>do</strong> por edital, não comparecer, n<strong>em</strong> constituir<br />
19
advoga<strong>do</strong>, ficarão suspensos o processo e o curso <strong>do</strong> prazo prescricional’. A<br />
transposição <strong>de</strong> normas mais benéficas <strong>de</strong> um para outro sub-or<strong>de</strong>namento<br />
não se justifica. Não se a po<strong>de</strong> consumar já no plano normativo se ela não foi<br />
anteriormente consumada no plano legislativo." (HC 91.225, Rel. Min. Eros<br />
Grau, julgamento <strong>em</strong> 19-6-07, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 10-8-07)<br />
"Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> notificação prévia (CPrPenal, art. 514). É da jurisprudência <strong>do</strong><br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal (v.g. HC 73.099, 1ª T., 3-10-95, Moreira, DJ <strong>de</strong> 17-5-96) que<br />
o procedimento previsto nos arts. 513 e seguintes <strong>do</strong> C.Pr.Penal se reserva<br />
aos casos <strong>em</strong> que a <strong>de</strong>núncia veicula tão-somente crimes funcionais típicos<br />
(C.Penal, arts. 312 a 326). (...) Ao julgar o HC 85.779, Gilmar, Inf.<strong>STF</strong> 457, o<br />
plenário <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> entendimento anterior da<br />
jurisprudência, assentou, como obter dictum, que o fato <strong>de</strong> a <strong>de</strong>núncia se ter<br />
respalda<strong>do</strong> <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> informação colhi<strong>do</strong>s no inquérito policial, não<br />
dispensa a obrigatorieda<strong>de</strong> da notificação prévia (CPP, art. 514) <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>."<br />
(HC 89.686, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 12-6-07, 1ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 17-8-07). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 95.969, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 12-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-6-09; HC 96.058,<br />
Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 17-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09.<br />
"A partir da edição da Lei 9.271/96, que incluiu o parágrafo 4º ao art. 370 <strong>do</strong><br />
CPP, os <strong>de</strong>fensores nomea<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ntre os quais se inclui o <strong>de</strong>fensor dativo,<br />
passaram também a possuir a prerrogativa da intimação pessoal." (HC 89.315,<br />
Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-9-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 13-<br />
10-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 91.567, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
2-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-9-08; HC 90.963, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-8-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-12-08; HC 89.081, Rel. Min.<br />
Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 13-2-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 27-4-07; HC 89.710,<br />
Rel. Min. Carmén Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 12-12-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07.<br />
Vi<strong>de</strong>: HC 98.802, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 20-10-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 27-11-09.<br />
"A intimação <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> para a inquirição <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unhas no juízo<br />
<strong>de</strong>preca<strong>do</strong> é <strong>de</strong>snecessária; imprescindível apenas a intimação da expedição<br />
da carta precatória. No caso, haven<strong>do</strong> incerteza quanto à intimação da<br />
expedição da carta precatória, afigura-se correta a aplicação, pelo Tribunal a<br />
quo, da Súmula 155/<strong>STF</strong>, que proclama ser ‘relativa a nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo<br />
criminal por falta <strong>de</strong> intimação da Carta Precatória para a inquirição <strong>de</strong><br />
test<strong>em</strong>unha’." (HC 89.186, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-10-06, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 6-11-06)<br />
"Citação por edital. O artigo 366 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal r<strong>em</strong>ete,<br />
necessariamente, às balizas da preventiva fixadas no artigo 312 <strong>do</strong> mesmo<br />
diploma, não caben<strong>do</strong> a automaticida<strong>de</strong> da custódia ante a circunstância <strong>de</strong> a<br />
ré não haver si<strong>do</strong> encontrada." (HC 86.599, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento<br />
<strong>em</strong> 21-3-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 5-5-06)<br />
<strong>Jurisprudência</strong> anterior<br />
20
"A alegação <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> da citação, por não ter si<strong>do</strong> expedi<strong>do</strong> manda<strong>do</strong> judicial<br />
juntamente com o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> requisição <strong>do</strong> réu preso, esta superada pelo<br />
comparecimento <strong>em</strong> juízo, on<strong>de</strong> foi constatada a <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento<br />
<strong>do</strong> interrogatório. A <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> interrogatório para a mesma data <strong>em</strong> que<br />
expedida a requisição não afeta o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>, seja porque<br />
não existe na lei processual exigência <strong>de</strong> interregno (HC n. 69.350), seja<br />
porque, preso há quase um mês, não po<strong>de</strong>ria causar surpresa o fundamento<br />
da acusação, que e antecipa<strong>do</strong>, <strong>em</strong> linhas gerais, pela nota <strong>de</strong> culpa ou pelo<br />
manda<strong>do</strong>, <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> preventiva, possibilitan<strong>do</strong>, assim, a elaboração <strong>de</strong> um<br />
esboço <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa ou mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa técnica para oferecimento <strong>em</strong><br />
juízo. A<strong>de</strong>mais, a celerida<strong>de</strong> na fixação <strong>do</strong> interrogatório aten<strong>de</strong>u ao próprio<br />
interesse <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>, que se encontrava preso." (HC 71.839, Rel. Min. Ilmar<br />
Galvão, julgamento <strong>em</strong> 4-10-94, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 25-11-94)<br />
Causas <strong>de</strong> Aumento / <strong>de</strong> Diminuição <strong>de</strong> Pena<br />
"Os <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> auxílio ao tráfico <strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong> associação para o tráfico,<br />
previstos na Lei n. 6.368/76, são autônomos, assim, a causa <strong>de</strong> aumento<br />
consistente na transnacionalida<strong>de</strong> inci<strong>de</strong> sobre cada um <strong>de</strong>les <strong>de</strong> forma<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Não ocorrência <strong>do</strong> bis in i<strong>de</strong>m." (HC 97.979, Rel. Min. Cármen<br />
Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 3-11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09)<br />
"O latrocínio não consubstancia tipo autônomo. Essa pr<strong>em</strong>issa afasta a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar-se <strong>em</strong> tentativa. O § 3º <strong>do</strong> artigo 157 <strong>do</strong> Código Penal<br />
encerra causa <strong>de</strong> aumento no que, consi<strong>de</strong>rada a subtração <strong>de</strong> coisa móvel<br />
alheia mediante grave ameaça ou violência a pessoa, consagra a majoração da<br />
pena fixada no artigo quan<strong>do</strong> da citada violência resulta lesão corporal <strong>de</strong><br />
natureza grave ou morte. A pena, então, num e noutro caso, é aumentada,<br />
respectivamente, <strong>de</strong> sete a quinze anos e <strong>de</strong> vinte a trinta anos. Em outras<br />
palavras, para chegar-se à aplicação <strong>do</strong> § 3º <strong>do</strong> artigo 157, faz-se<br />
indispensável a ocorrência <strong>de</strong> lesão corporal <strong>de</strong> natureza grave ou <strong>de</strong> morte.<br />
Nesse caso, as balizas referentes à pena são outras, não mais as constantes<br />
da cabeça <strong>do</strong> artigo – <strong>de</strong> quatro a <strong>de</strong>z anos –, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser majorada<br />
consi<strong>de</strong>radas as causas <strong>de</strong> aumento previstas no § 2º <strong>do</strong> artigo 157 <strong>em</strong><br />
comento. Em síntese, não há como assentar-se a existência <strong>de</strong> crime tenta<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> se trata, na verda<strong>de</strong>, não <strong>de</strong> tipo autônomo, mas <strong>de</strong> causas <strong>de</strong><br />
aumento das penas-base e teto." (RHC 94.775, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Marco<br />
Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 7-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 77.240, Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento <strong>em</strong> 8-9-98, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 30-6-00.<br />
“A imputação da causa <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena por inobservância <strong>de</strong> regra técnica<br />
<strong>de</strong> profissão, objeto <strong>do</strong> disposto no art. 121, § 4º, <strong>do</strong> Código Penal, só é<br />
admissível quan<strong>do</strong> fundada na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> fato diverso daquele que constitui<br />
o núcleo da ação culposa.” (HC 95.078, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong><br />
10-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-5-09)<br />
21
“(...) não se po<strong>de</strong>, mediante ato <strong>do</strong> intérprete, criar figura típica, sob pena <strong>de</strong><br />
grave e ostensiva violação ao princípio da legalida<strong>de</strong> penal. (...) a legislação<br />
penal não prevê figura <strong>de</strong> homicídio culposo qualifica<strong>do</strong> por inobservância <strong>de</strong><br />
regra técnica. Note-se que isso não significa seja a causa <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena<br />
inaplicável (...) mas apenas que é mister a concorrência <strong>de</strong> duas condutas<br />
distintas, uma para fundamentar a culpa, e outra para configurar a majorante.<br />
(...) o próprio conceito <strong>de</strong> negligência, enquanto fundamento da culpa imputada<br />
às ora pacientes, exige a preexistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> objetivamente<br />
atribuí<strong>do</strong> ao agente. Em outras palavras, só há <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> agir quan<strong>do</strong> haja<br />
<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>, expresso, ou não, <strong>em</strong> normas regulamentares, até porque a<br />
responsabilida<strong>de</strong> penal da omissão <strong>de</strong>corre, <strong>em</strong> última análise, <strong>do</strong> disposto no<br />
art. 13, § 2º, <strong>do</strong> Código Penal.” (HC 95.078, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-5-09)<br />
“Tráfico <strong>de</strong> drogas pratica<strong>do</strong> sob a vigência da Lei n. 6.368/76. Impossibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> aplicação da causa <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong> pena prevista no § 4º <strong>do</strong> art. 33 da Lei<br />
n. 11.343/06. Paciente que se <strong>de</strong>dicava à ativida<strong>de</strong> criminosa. Para que a<br />
redução da pena prevista no § 4º <strong>do</strong> art. 33 da Lei n. 11.343/06 seja concedida,<br />
não basta que o agente seja primário e tenha bons antece<strong>de</strong>ntes, sen<strong>do</strong><br />
necessário, também, que ele não se <strong>de</strong>dique às ativida<strong>de</strong>s criminosas n<strong>em</strong><br />
integre organização criminosa. O voto <strong>do</strong> <strong>em</strong>inente Ministro Felix Fischer,<br />
Relator <strong>do</strong> habeas corpus ora questiona<strong>do</strong>, muito b<strong>em</strong> explicitou o motivo pelo<br />
qual não foi possível a aplicação daquele benefício ao paciente, ressaltan<strong>do</strong><br />
que ‘o Tribunal a quo negou provimento ao recurso <strong>de</strong>fensivo, a uma, por<br />
enten<strong>de</strong>r que o paciente se <strong>de</strong>dicava a ativida<strong>de</strong> criminosa, fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
comércio <strong>de</strong> drogas seu meio <strong>de</strong> vida, a duas, porque a causa <strong>de</strong> diminuição<br />
da pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/06 só se aplicaria àquele que<br />
como fato isola<strong>do</strong> ven<strong>de</strong> substância entorpecente, a três, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que a<br />
sua aplicação é restrita às con<strong>de</strong>nações ocorridas com base na Lei n.<br />
11.343/06, não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, assim, a pretexto <strong>de</strong> se aplicar a lei mais benéfica,<br />
combinar partes diversas das duas normas, porquanto isso implicaria, <strong>em</strong><br />
última análise, na criação <strong>de</strong> uma terceira lei.’” (RHC 94.802, Rel. Min.<br />
Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 10-2-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-3-09). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.844, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-12-<br />
09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 98.366, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento <strong>em</strong><br />
1º-12-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 94.848, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-5-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
95.435, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 7-10-08, 2ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 7-11-08.<br />
"Não se aplica a causa <strong>de</strong> aumento prevista no art. 157, § 2º, inc. I, <strong>do</strong> Código<br />
Penal, a título <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, se esta não foi apreendida n<strong>em</strong><br />
periciada, s<strong>em</strong> prova <strong>de</strong> disparo." (HC 95.142, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-12-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
96.865, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE 7-<br />
8-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 99.446, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
18-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-9-09; HC 94.616, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-5-09, 2ª Turma, Informativo 547; HC 96.099, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-2-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-6-09.<br />
22
"No que se refere à impugnação da qualifica<strong>do</strong>ra pelo <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> arma <strong>de</strong><br />
fogo, têm razão os impetrantes. A arma nunca foi apreendida, e, portanto, não<br />
foi periciada. Não há, pois, como afirmar-lhe a lesivida<strong>de</strong>. E a qualifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong><br />
art. 157, § 2º, somente inci<strong>de</strong> nos casos <strong>em</strong> que a arma apresente condições<br />
<strong>de</strong> ser utilizada como tal (...)" (HC 95.142, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-12-08)<br />
“A regra <strong>do</strong> art. 155, § 4º, IV, <strong>do</strong> CP não po<strong>de</strong> ser substituída pela disposição<br />
constante <strong>do</strong> art. 157, § 2º, <strong>do</strong> mesmo Co<strong>de</strong>x, sob a alegação <strong>de</strong> ofensa ao<br />
princípio da proporcionalida<strong>de</strong>. Não é possível aplicar-se a majorante <strong>do</strong> crime<br />
<strong>de</strong> roubo ao furto qualifica<strong>do</strong>, pois as qualifica<strong>do</strong>ras relativas ao furto – que<br />
possu<strong>em</strong> natureza jurídica <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> tipo – não se confun<strong>de</strong>m com as<br />
causas <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena na hipótese <strong>de</strong> roubo.” (HC 95.351, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-11-08).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 98.406-MC, Rel. Min. Ellen Gracie, <strong>de</strong>cisão<br />
monocrática, julgamento <strong>em</strong> 30-3-09, DJE <strong>de</strong> 7-4-09. Vi<strong>de</strong>: HC 96.843, Rel.<br />
Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09.<br />
“É firme a jurisprudência <strong>de</strong>sta Supr<strong>em</strong>a Corte no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, ao contrário<br />
<strong>do</strong> que ocorre com as causas <strong>de</strong> diminuição, as circunstâncias atenuantes não<br />
po<strong>de</strong>m reduzir a pena aquém <strong>do</strong> mínimo legal. Prece<strong>de</strong>ntes.” (HC 94.446, Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 14-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 31-10-<br />
08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.243, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 31-3-<br />
09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09; HC 94.552, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento<br />
<strong>em</strong> 14-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-3-09; RE 597.270-RG-QO, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 26-3-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-6-09; HC 94.337, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 3-6-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 31-10-08; HC 92.926,<br />
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 27-5-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-08.<br />
“Ação penal. Con<strong>de</strong>nação. Pena. Privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Prisão. Causa <strong>de</strong><br />
diminuição prevista no art. 33 da Lei 11.343/2006. Cálculo sobre a pena<br />
cominada no art. 12, caput, da Lei 6.368/76, e já <strong>de</strong>finida <strong>em</strong> concreto.<br />
Admissibilida<strong>de</strong>. Criação jurisdicional <strong>de</strong> terceira norma. Não ocorrência. Nova<br />
valoração da conduta <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> ‘pequeno traficante’. Retroativida<strong>de</strong> da lei<br />
mais benéfica. HC concedi<strong>do</strong>. Voto venci<strong>do</strong> da Min. Ellen Gracie, Relatora<br />
original. Inteligência <strong>do</strong> art. 5º, XL, da CF. A causa <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong> pena<br />
prevista no art. 33 da Lei n. 11.343/2006, mais benigna, po<strong>de</strong> ser aplicada<br />
sobre a pena fixada com base no disposto no art. 12, caput, da Lei 6.368/76.”<br />
(HC 95.435, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 7-10-08, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 7-11-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.149, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-12-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-9-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
96.844, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
5-2-10; HC 94.848, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 14-4-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 15-5-09; RHC 94.802, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 10-2-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-3-09.<br />
"Furto qualifica<strong>do</strong>. Princípio da insignificância. Não-incidência no caso.<br />
Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> privilégio. (...) A questão <strong>de</strong> direito tratada<br />
neste writ, consoante a tese exposta pelo impetrante na petição inicial, é a<br />
suposta atipicida<strong>de</strong> da conduta realizada pelo paciente com base na teoria da<br />
23
insignificância, o que <strong>de</strong>verá conduzir à absolvição por falta <strong>de</strong> lesivida<strong>de</strong> ou<br />
ofensivida<strong>de</strong> ao b<strong>em</strong> jurídico tutela<strong>do</strong> na norma penal. O fato insignificante (ou<br />
irrelevante penal) é excluí<strong>do</strong> <strong>de</strong> tipicida<strong>de</strong> penal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, por óbvio, ser objeto<br />
<strong>de</strong> tratamento mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>em</strong> outras áreas <strong>do</strong> Direito, como ilícito civil ou<br />
falta administrativa. Não consi<strong>de</strong>ro apenas e tão somente o valor subtraí<strong>do</strong> (ou<br />
pretendi<strong>do</strong> à subtração) como parâmetro para aplicação <strong>do</strong> princípio da<br />
insignificância. Do contrário, por óbvio, <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> haver a modalida<strong>de</strong> tentada<br />
<strong>de</strong> vários crimes, como no próprio ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> furto simples, b<strong>em</strong> como<br />
<strong>de</strong>saparecia <strong>do</strong> or<strong>de</strong>namento jurídico a figura <strong>do</strong> furto privilegia<strong>do</strong> (...). A lesão<br />
se revelou significante não apenas <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> b<strong>em</strong> subtraí<strong>do</strong>, mas<br />
principalmente <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> concurso <strong>de</strong> três pessoas para a prática <strong>do</strong> crime<br />
(o paciente e <strong>do</strong>is a<strong>do</strong>lescentes). De acor<strong>do</strong> com a conclusão objetiva <strong>do</strong> caso<br />
concreto, não foi mínima a ofensivida<strong>de</strong> da conduta <strong>do</strong> agente, sen<strong>do</strong><br />
reprovável o comportamento <strong>do</strong> paciente. Compatibilida<strong>de</strong> entre as<br />
qualifica<strong>do</strong>ras (...) e o privilégio (...), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja imposição apenas da<br />
pena <strong>de</strong> multa ao paciente." (HC 94.765, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
9-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-9-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.051, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 13-10-09, 1ª Turma, Informativo 563; HC 96.003,<br />
Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-<br />
09; HC 96.752, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 17-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
14-8-09; HC 94.439, Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 3-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
3-4-09.<br />
“Dosimetria da pena. Furto qualifica<strong>do</strong>. Integração da norma. Majorante <strong>do</strong><br />
crime <strong>de</strong> roubo com concurso <strong>de</strong> agentes. Inadmissibilida<strong>de</strong>. (...) As questões<br />
controvertidas neste writ – acerca da alegada inconstitucionalida<strong>de</strong> da<br />
majorante <strong>do</strong> § 4º, <strong>do</strong> art. 155, CP (quan<strong>do</strong> cotejada com a causa <strong>do</strong> aumento<br />
<strong>de</strong> pena <strong>do</strong> § 2, <strong>do</strong> art. 157, CP) (...) – já foram objeto <strong>de</strong> vários<br />
pronunciamentos <strong>de</strong>sta Corte. No que tange à primeira questão, inexiste lacuna<br />
a respeito <strong>do</strong> quantum <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena no crime <strong>de</strong> furto qualifica<strong>do</strong> (art.<br />
155, § 4º, CP), o que inviabiliza o <strong>em</strong>prego da analogia. A jurisprudência <strong>de</strong>sta<br />
Corte é tranqüila no que tange à aplicação da forma qualificada <strong>de</strong> furto <strong>em</strong> que<br />
há concurso <strong>de</strong> agentes mesmo após a promulgação da Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />
<strong>de</strong> 1988 (HC 73.236, Rel. Min. Sidney Sanches, 1ª Turma, DJ 17-5-1996)” (HC<br />
92.926, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 27-5-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-<br />
08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 95.425, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento<br />
<strong>em</strong> 4-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09.<br />
“A causa <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena <strong>do</strong> § 2º <strong>do</strong> art. 327 <strong>do</strong> Código Penal se aplica<br />
aos agentes <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> mandato eletivo. Interpretação sist<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> art.<br />
327 <strong>do</strong> Código Penal. Teleologia da norma. A admissibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>núncia se<br />
afere quan<strong>do</strong> satisfeitos os requisitos <strong>do</strong> artigo 41, s<strong>em</strong> que ela, <strong>de</strong>núncia,<br />
incorra nas improprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> artigo 43 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal. Na<br />
concreta situação <strong>do</strong>s autos, a <strong>de</strong>núncia increpa ao <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> o retardamento<br />
<strong>de</strong> ato <strong>de</strong> ofício por suposto ‘espírito <strong>de</strong> corpo’. A mera referência ao<br />
corporativismo não concretiza o el<strong>em</strong>ento subjetivo <strong>do</strong> tipo. Inépcia da<br />
<strong>de</strong>núncia.“ (Inq. 2.191, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 8-5-08, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 08-5-09)<br />
24
“A jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral firmou-se no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />
são suscetíveis <strong>de</strong> cúmulo material a qualifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> quadrilha ou<br />
ban<strong>do</strong> e o <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> roubo agrava<strong>do</strong>.” (HC 71.263, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-2-95, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09)<br />
"Con<strong>de</strong>nação pelo crime <strong>de</strong> roubo pratica<strong>do</strong> mediante <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> arma e<br />
concurso <strong>de</strong> pessoas (CP, art. 157, § 2º, I e II). Dosimetria penal. Alegada<br />
inobservância <strong>do</strong> princípio da individualização da sanção penal e <strong>do</strong> critério<br />
trifásico. Pena-base fixada acima <strong>do</strong> mínimo legal comina<strong>do</strong> ao crime.<br />
Pretendida omissão da sentença. Inocorrência. Circunstâncias atenuantes<br />
reconhecidas <strong>em</strong> favor <strong>do</strong> paciente. Sanção penal reduzida ao seu mínimo na<br />
segunda etapa da operação <strong>de</strong> <strong>do</strong>simetria da pena. Inexistência <strong>de</strong> prejuízo.<br />
Conseqüente ausência <strong>de</strong> interesse na discussão <strong>de</strong>ssa matéria. Aumento <strong>de</strong><br />
pena, motiva<strong>do</strong> pela existência <strong>de</strong> causa especial, que se situou entre os<br />
parâmetros estabeleci<strong>do</strong>s na lei. Legitimida<strong>de</strong> da aplicação da sanctio juris <strong>em</strong><br />
nível superior ao mínimo legal. Inocorrência <strong>do</strong> suposto erro na fixação da<br />
pena." (HC 72.666, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 6-6-95, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 4-12-09)<br />
“A majoração <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> concurso formal ou i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos não <strong>de</strong>ve incidir<br />
sobre a pena-base, mas sobre aquela a que já se ache acresci<strong>do</strong> o quantum<br />
resultante da aplicação das causas especiais <strong>de</strong> aumento a que se refere o §<br />
2º <strong>do</strong> art. 157 <strong>do</strong> Código Penal.” (HC 70.787, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-6-94, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09)<br />
Circunstâncias Judiciais<br />
“A apelação <strong>do</strong> Ministério Público <strong>de</strong>volve ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça local a análise<br />
<strong>do</strong>s fatos e <strong>de</strong> seu enquadramento. Valorar os mesmos fatos anteriormente<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s pelo Juízo <strong>de</strong> 1º grau para aplicar uma pena maior e modificar o<br />
regime prisional para um mais gravoso está no âmbito da competência <strong>do</strong><br />
Tribunal <strong>de</strong> Justiça, s<strong>em</strong> que isso configure ofensa ao art. 93, inc. IX, da CF.”<br />
(RHC 97.473, Rel. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento <strong>em</strong> 10-11-09, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“O fato <strong>de</strong> o réu ser vicia<strong>do</strong> <strong>em</strong> drogas não constitui critério idôneo para que se<br />
lhe eleve a pena-base acima <strong>do</strong> mínimo, porquanto o vício não po<strong>de</strong> ser<br />
valora<strong>do</strong> como conduta social negativa.” (HC 98.456, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-11-09)<br />
"O fundamento da garantia da or<strong>de</strong>m pública é inidôneo quan<strong>do</strong> alicerça<strong>do</strong> na<br />
credibilida<strong>de</strong> da justiça e na gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime. De igual mo<strong>do</strong>, circunstâncias<br />
judiciais como a gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime, o motivo, a frieza, a pr<strong>em</strong>editação, o<br />
<strong>em</strong>prego <strong>de</strong> violência e o <strong>de</strong>sprezo pelas normas que reg<strong>em</strong> a vida <strong>em</strong><br />
socieda<strong>de</strong> não confer<strong>em</strong> base concreta à prisão preventiva para garantia da<br />
or<strong>de</strong>m pública. Circunstâncias <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m hão <strong>de</strong> refletir-se – e apenas isso –<br />
na fixação da pena. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 99.379, Rel. Min. Eros Grau, julgamento<br />
<strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09)<br />
25
“A concretização da sanção penal, pelo Esta<strong>do</strong>-Juiz, impõe que este, s<strong>em</strong>pre,<br />
respeite o itinerário lógico-racional, necessariamente funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> base<br />
<strong>em</strong>pírica idônea, indica<strong>do</strong> pelos arts. 59 e 68 <strong>do</strong> Código Penal, sob pena <strong>de</strong> o<br />
magistra<strong>do</strong> – que não observar os parâmetros estipula<strong>do</strong>s <strong>em</strong> tais preceitos<br />
legais – incidir <strong>em</strong> comportamento manifestamente arbitrário, e, por se colocar<br />
à marg<strong>em</strong> da lei, apresentar-se totalmente <strong>de</strong>sautoriza<strong>do</strong> pelo mo<strong>de</strong>lo jurídico<br />
que rege, <strong>em</strong> nosso sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> direito positivo, a aplicação legítima da<br />
resposta penal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.” (HC 96.590, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento<br />
<strong>em</strong> 9-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09)<br />
“Não é nula a sentença que consi<strong>de</strong>ra, para a elevação da pena-base pelos<br />
maus antece<strong>de</strong>ntes e para a configuração da agravante <strong>de</strong> reincidência,<br />
con<strong>de</strong>nações distintas.” (HC 94.839, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 8-<br />
9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.023, Rel. Min.<br />
Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09. Vi<strong>de</strong>: HC<br />
98.803, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 18-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-9-<br />
09.<br />
"Inteligência <strong>do</strong> art. 59, caput, <strong>do</strong> CP. É nulo o capítulo da sentença que<br />
reconhece circunstância judicial <strong>de</strong> exacerbação da pena-base, quan<strong>do</strong> seu<br />
fundamento tenha si<strong>do</strong> foi afasta<strong>do</strong> pelo tribunal <strong>em</strong> grau <strong>de</strong> apelação." (AI<br />
763.729, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 25-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
23-10-09)<br />
"A <strong>do</strong>simetria da pena exige <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>r uma cuida<strong>do</strong>sa pon<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s<br />
efeitos ético-sociais da sanção penal e das garantias constitucionais,<br />
especialmente as garantias da individualização <strong>do</strong> castigo e da motivação das<br />
<strong>de</strong>cisões judiciais. No caso, o Tribunal <strong>de</strong> Justiça (...) redimensionou a pena<br />
imposta ao paciente, reduzin<strong>do</strong>-a para um patamar pouco acima <strong>do</strong> limite<br />
mínimo (quatro anos e oito meses <strong>de</strong> reclusão). O que fez <strong>em</strong> atenção à<br />
primarieda<strong>de</strong> e aos bons antece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> paciente, à falta <strong>de</strong> restrições, à sua<br />
conduta social, b<strong>em</strong> como às consequências <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito. Os fundamentos<br />
lança<strong>do</strong>s pelo Juízo processante da causa para justificar a fixação da pena <strong>em</strong><br />
patamar superior ao mínimo legal (culpabilida<strong>de</strong>, motivos e circunstâncias <strong>do</strong><br />
crime) – afinal manti<strong>do</strong>s pelo TJ(...) e STJ – não aten<strong>de</strong>m à garantia<br />
constitucional da individualização da pena, <strong>de</strong>scrita no inciso XLVI <strong>do</strong> artigo 5º<br />
da CF/88. Fundamentos, esses, que se amoldam muito mais aos el<strong>em</strong>entos<br />
constitutivos <strong>do</strong> tipo incrimina<strong>do</strong>r <strong>em</strong> causa <strong>do</strong> que propriamente às<br />
circunstâncias judiciais <strong>do</strong> artigo 59 <strong>do</strong> Código Penal. Pelo que se trata <strong>de</strong><br />
matéria imprestável para aumentar a pena-base imposta ao acusa<strong>do</strong>." (HC<br />
97.509, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 12-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 25-9-<br />
09)<br />
"A questão <strong>de</strong> direito versada nestes autos diz respeito à noção <strong>de</strong> maus<br />
antece<strong>de</strong>ntes para fins <strong>de</strong> estabelecimento <strong>do</strong> regime prisional mais gravoso,<br />
nos termos <strong>do</strong> art. 33, § 3°, <strong>do</strong> Código Penal. Não há que confundir as noções<br />
<strong>de</strong> maus antece<strong>de</strong>ntes com reincidência. Os maus antece<strong>de</strong>ntes representam<br />
os fatos anteriores ao crime, relaciona<strong>do</strong>s ao estilo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> e, para<br />
tanto, não é pressuposto a existência <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>finitiva por tais fatos<br />
anteriores. A data da con<strong>de</strong>nação é, pois, irrelevante para a configuração <strong>do</strong>s<br />
26
maus antece<strong>de</strong>ntes criminais, diversamente <strong>do</strong> que se verifica <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong><br />
reincidência (CP, art. 63). Levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta o disposto no art. 33, § 3°, <strong>do</strong><br />
Código Penal, a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> regime inicial <strong>de</strong> cumprimento da pena<br />
privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar os maus antece<strong>de</strong>ntes criminais (CP,<br />
art. 59), não haven<strong>do</strong> qualquer ilegalida<strong>de</strong> ou abuso na sentença que impõe o<br />
regime fecha<strong>do</strong> à luz da presença <strong>de</strong> circunstâncias judiciais <strong>de</strong>sfavoráveis ao<br />
con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, como é o caso <strong>do</strong>s maus antece<strong>de</strong>ntes." (HC 95.585, Rel. Min.<br />
Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-12-08). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.472, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong><br />
20-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09; HC 70.680, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 31-5-94, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09.<br />
“O habeas corpus não é a via a<strong>de</strong>quada para a análise da pena-base quan<strong>do</strong><br />
sua exasperação tiver apoio nas circunstâncias judiciais constantes <strong>do</strong> artigo<br />
59 <strong>do</strong> Código Penal.” (HC 95.056, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 3-<br />
2-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-3-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.776, Rel. Min.<br />
Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09; HC 95.796,<br />
Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 25-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 22-5-09; HC<br />
90.045, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 10-2-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
20-3-09; RHC 93.469, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 28-10-08, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 3-4-09.<br />
“A regra <strong>do</strong> art. 59, <strong>do</strong> Código Penal, cont<strong>em</strong>pla oito circunstâncias judiciais<br />
que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas pelo juiz sentenciante na fixação da pena-base<br />
(CP, art. 68). Relativamente ao paciente, o magistra<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rou a existência<br />
<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas apreendidas. O fato <strong>de</strong>, no bojo <strong>do</strong> voto<br />
<strong>do</strong> relator <strong>do</strong> STJ, haver si<strong>do</strong> consignada a primarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> paciente, não se<br />
revela suficiente para <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar as circunstâncias expressamente<br />
consignadas na sentença. Art. 33, § 3°, <strong>do</strong> Código Penal, consi<strong>de</strong>ra a<br />
necessida<strong>de</strong> da valoração das circunstâncias judiciais para fins <strong>de</strong><br />
estabelecimento <strong>do</strong> regime inicial <strong>de</strong> cumprimento da pena corporal. O paciente<br />
também foi con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> à pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> pelos crimes <strong>de</strong> tráfico<br />
ilícito <strong>de</strong> substância entorpecente e associação para fins <strong>de</strong> tráfico (arts. 12 e<br />
14, da Lei 6.368/76), <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> haver a soma das penas privativas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />
para que seja possível a estipulação <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> cumprimento da pena<br />
corporal, com base na regra <strong>do</strong> caput, <strong>do</strong> art. 69, <strong>do</strong> Código Penal, ou seja, o<br />
concurso material <strong>de</strong> crimes. Com base nisso, o habeas corpus foi <strong>de</strong>nega<strong>do</strong>.”<br />
(HC 91.350, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 10-6-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
29-8-08)<br />
"Não há nulida<strong>de</strong> na <strong>de</strong>cisão que majora a pena-base e fixa o regime inicial<br />
mais gravoso consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as circunstâncias judiciais <strong>de</strong>sfavoráveis<br />
(Código Penal, art. 59)." (RHC 93.818, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong><br />
22-4-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-5-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 90.747, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 1º-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09; HC<br />
97.134, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 30-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
18-9-09; HC 93.515, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 1º-7-09; HC 97.776, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09; HC 70.680, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
31-5-94, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09.<br />
27
"Inquéritos policiais e ações penais <strong>em</strong> andamento configuram, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
<strong>de</strong>vidamente fundamenta<strong>do</strong>s, maus antece<strong>de</strong>ntes para efeito da fixação da<br />
pena-base, s<strong>em</strong> que, com isso, reste ofendi<strong>do</strong> o princípio da presunção <strong>de</strong> nãoculpabilida<strong>de</strong>."<br />
(AI 604.041-AgR, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento<br />
<strong>em</strong> 3-8-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 31-8-07)<br />
"Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se como maus antece<strong>de</strong>ntes a existência <strong>de</strong><br />
processos criminais pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> julgamento, com o conseqüente aumento da<br />
pena-base." (RHC 83.493, Rel. p/ o ac. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 4-11-<br />
03, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 13-2-04). Em senti<strong>do</strong> contrário: AI 604.041-AgR, Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 3-8-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 31-8-07.<br />
"Reconhecimento, pelo magistra<strong>do</strong> sentenciante, <strong>de</strong> que a existência <strong>de</strong><br />
referi<strong>do</strong> inquérito policial legitima a formulação <strong>de</strong> juízo negativo <strong>de</strong> maus<br />
antece<strong>de</strong>ntes (...). A mera sujeição <strong>de</strong> alguém a simples investigações policiais<br />
(arquivadas ou não), ou a persecuções criminais ainda <strong>em</strong> curso, não basta, só<br />
por si – ante a inexistência, <strong>em</strong> tais situações, <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação penal transitada<br />
<strong>em</strong> julga<strong>do</strong> –, para justificar o reconhecimento <strong>de</strong> que o réu não possui bons<br />
antece<strong>de</strong>ntes. Somente a con<strong>de</strong>nação penal transitada <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> po<strong>de</strong><br />
justificar a exacerbação da pena, pois, com o trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong>scaracteriza-se a presunção juris tantum <strong>de</strong> não-culpabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> réu, que<br />
passa, então, a ostentar o status jurídico-penal <strong>de</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, com todas as<br />
conseqüências legais daí <strong>de</strong>correntes. Prece<strong>de</strong>ntes. Doutrina." (HC 69.298,<br />
Rel. p/ o ac. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 9-6-92, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 15-<br />
12-06). Em senti<strong>do</strong> contrário: AI 604.041-AgR, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 3-8-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 31-8-07.<br />
Concurso <strong>de</strong> Crimes<br />
Concurso Formal / Material<br />
“O benefício da suspensão condicional <strong>do</strong> processo, previsto no art. 89 da Lei<br />
nº 9.099/95, não é admiti<strong>do</strong> nos <strong>de</strong>litos pratica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> concurso material<br />
quan<strong>do</strong> o somatório das penas mínimas cominadas for superior a 01 (um) ano,<br />
assim como não é aplicável às infrações penais cometidas <strong>em</strong> concurso formal<br />
ou continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva, quan<strong>do</strong> a pena mínima cominada ao <strong>de</strong>lito mais grave<br />
aumentada da majorante <strong>de</strong> 1/6 (um sexto), ultrapassar o limite <strong>de</strong> um (01)<br />
ano.” (HC 83.163, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 16-4-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 19-6-09)<br />
"Evasão fiscal. Imputação <strong>do</strong> crime previsto no art. 22, § único, da Lei nº<br />
7.492/86. Pagamento espontâneo <strong>do</strong>s tributos no curso <strong>do</strong> inquérito. Extinção<br />
da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito tipifica<strong>do</strong> no art. 1º da Lei nº 8.137/90. (...) Qu<strong>em</strong><br />
envia, ilicitamente, valores ao exterior, sonegan<strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong> imposto<br />
sobre a operação, incorre, <strong>em</strong> tese, <strong>em</strong> concurso material ou real <strong>de</strong> crimes, <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> que extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> sonegação não <strong>de</strong>scaracteriza<br />
28
n<strong>em</strong> apaga o <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> divisas." (HC 87.208, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 23-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-11-08)<br />
"A jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é firme no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
configurar-se concurso formal a ação única que tenha como resulta<strong>do</strong> a lesão<br />
ao patrimônio <strong>de</strong> vítimas diversas, e não crime único: Prece<strong>de</strong>ntes." (HC<br />
91.615, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 11-9-07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-<br />
9-07)<br />
"A jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte está sedimentada no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que estupro e<br />
atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r configuram concurso material e não crime<br />
continua<strong>do</strong>." (HC 89.770, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-10-06, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 6-11-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 86.238, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 18-6-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 95.705, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09; HC<br />
96.959, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 17-4-09; RE 589.794, Rel. Min. Menezes Direito, <strong>de</strong>cisão monocrática,<br />
julgamento <strong>em</strong> 2-3-09, DJE <strong>de</strong> 12-3-09; HC 71.399, Rel. Min. Sidney Sanches,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-8-94, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-9-94. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
89.827, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 27-2-07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-4-<br />
07. Vi<strong>de</strong>: HC 96.942, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 19-6-09.<br />
"Ações criminosas resultantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnios autônomos. Submissão teórica ao<br />
art. 70, caput, segunda parte, <strong>do</strong> Código Penal. Con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s réus apenas<br />
pelo <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> genocídio. (...) Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformatio in pejus. Não po<strong>de</strong>m<br />
os réus, que cometeram, <strong>em</strong> concurso formal, na execução <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong><br />
genocídio, <strong>do</strong>ze homicídios, receber a pena <strong>de</strong>stes além da pena daquele, no<br />
âmbito <strong>de</strong> recurso exclusivo da <strong>de</strong>fesa." (RE 351.487, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 3-8-06, Plenário, DJ <strong>de</strong> 10-11-06)<br />
"Na aplicação <strong>de</strong> pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, o aumento <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />
concurso formal ou <strong>de</strong> crime continua<strong>do</strong> não inci<strong>de</strong> sobre a pena-base, mas<br />
sobre a pena acrescida por circunstância qualifica<strong>do</strong>ra ou causa especial <strong>de</strong><br />
aumento." (RHC 86.080, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 6-6-06, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 30-6-06)<br />
"Paciente con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por duplo homicídio duplamente qualifica<strong>do</strong> às penas <strong>de</strong><br />
quinze anos, totalizan<strong>do</strong> trinta anos. Pretensão <strong>de</strong> ser aplicada a regra da<br />
continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Hipótese <strong>em</strong> que o Juiz, face às circunstâncias <strong>do</strong> caso<br />
concreto, <strong>de</strong>sfavoráveis ao paciente, optou por aplicar a regra <strong>do</strong> concurso<br />
material <strong>em</strong> lugar da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva prevista no parágrafo único <strong>do</strong> artigo<br />
71 <strong>do</strong> Código Penal, que, se a<strong>do</strong>tada, po<strong>de</strong>ria levar a pena ao triplo, chegan<strong>do</strong><br />
a quarenta e cinco anos." (HC 88.253, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 2-5-<br />
06, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 26-5-06)<br />
"A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva <strong>de</strong>ve ser reconhecida ‘quan<strong>do</strong> o agente, mediante mais<br />
<strong>de</strong> uma ação ou omissão, pratica <strong>do</strong>is ou mais crimes da mesma espécie e,<br />
pelas condições <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, lugar, maneira <strong>de</strong> execução e outras s<strong>em</strong>elhantes,<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> os subseqüentes ser havi<strong>do</strong>s como continuação <strong>do</strong> primeiro’ (CP, art.<br />
29
71). Evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que as séries <strong>de</strong>lituosas estão separadas por espaço<br />
t<strong>em</strong>poral igual a seis meses, não se há <strong>de</strong> falar <strong>em</strong> crime continua<strong>do</strong>, mas <strong>em</strong><br />
reiteração criminosa, incidin<strong>do</strong> a regra <strong>do</strong> concurso material." (HC 87.495, Rel.<br />
Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 7-3-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-4-06)<br />
"A jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> se<br />
tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> estelionato, este não absorve aquele,<br />
caracterizan<strong>do</strong>-se, sim, concurso formal <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 73.386,<br />
Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento <strong>em</strong> 28-6-96, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 13-9-96).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 83.990, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-8-<br />
04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 22-10-04.<br />
"Correto o acórdão impugna<strong>do</strong>, ao admitir, sucessivamente, os acréscimos <strong>de</strong><br />
pena, pelo concurso formal, e pela continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva (artigos 70, caput, e 71<br />
<strong>do</strong> Código Penal), pois o que houve, no caso, foi, primeiramente, um crime <strong>de</strong><br />
estelionato consuma<strong>do</strong> contra três pessoas e, dias após, um crime <strong>de</strong><br />
estelionato tenta<strong>do</strong> contra duas pessoas inteiramente distintas. Assim, sobre a<br />
pena-base <strong>de</strong>ve incidir o acréscimo pelo concurso formal, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a ficar a<br />
pena <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito mais grave (estelionato consuma<strong>do</strong>) acrescida <strong>de</strong>, pelo menos,<br />
um sexto até meta<strong>de</strong>, pela co-existência <strong>do</strong> crime menos grave (art. 70). E<br />
como os <strong>de</strong>litos foram pratica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> situação que configura a continuida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>litiva, também o acréscimo respectivo (art. 71) é <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>. Rejeitase,<br />
pois, com base, inclusive, <strong>em</strong> prece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>STF</strong>, a alegação <strong>de</strong> que os<br />
acréscimos pelo concurso formal e pela continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva são<br />
inacumuláveis, <strong>em</strong> face das circunstâncias referidas." (HC 73.821, Rel. Min.<br />
Sydney Sanches, julgamento <strong>em</strong> 25-6-96, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 13-9-96)<br />
"Se, no crime <strong>de</strong> roubo, a ameaça e feita contra uma só pessoa, e <strong>de</strong> se ter por<br />
caracteriza<strong>do</strong> crime único, e não concurso formal <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos, ainda que mais <strong>de</strong><br />
um patrimônio seja atingi<strong>do</strong>. Prece<strong>de</strong>ntes. Habeas Corpus <strong>de</strong>feri<strong>do</strong>, <strong>em</strong> parte,<br />
para se excluir, da pena imposta ao paciente, o acréscimo <strong>de</strong> 1/6, pelo<br />
concurso formal." (HC 72.611, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento <strong>em</strong> 24-<br />
10-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 1º-3-96)<br />
“A jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral firmou-se no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que são<br />
suscetíveis <strong>de</strong> cúmulo material a qualifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> quadrilha ou ban<strong>do</strong><br />
e o <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> roubo agrava<strong>do</strong>.” (HC 71.263, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-2-95, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09)<br />
“A majoração <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> concurso formal ou i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos não <strong>de</strong>ve incidir<br />
sobre a pena-base, mas sobre aquela a que já se ache acresci<strong>do</strong> o quantum<br />
resultante da aplicação das causas especiais <strong>de</strong> aumento a que se refere o §<br />
2º <strong>do</strong> art. 157 <strong>do</strong> Código Penal.” (HC 70.787, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-6-94, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09)<br />
Crime Continua<strong>do</strong><br />
30
“Não se admite a suspensão condicional <strong>do</strong> processo por crime continua<strong>do</strong>, se<br />
a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo <strong>de</strong> um<br />
sexto for superior a um ano.” (Súmula 723)<br />
“A Lei penal mais grave aplica-se ao crime continua<strong>do</strong> ou ao crime<br />
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuida<strong>de</strong> ou da<br />
permanência.” (Súmula 711)<br />
“Quan<strong>do</strong> se tratar <strong>de</strong> crime continua<strong>do</strong>, a prescrição regula-se pela pena<br />
imposta na sentença, não se computan<strong>do</strong> o acréscimo <strong>de</strong>corrente da<br />
continuação.” (Súmula 497)<br />
“Ainda que fosse superada a barreira da impossibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> reexame <strong>do</strong>s<br />
el<strong>em</strong>entos fático-probatórios <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> habeas corpus, a <strong>de</strong>cisão atacada<br />
não merece reparo, pois aplicar a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva a espécie traria prejuízo<br />
ao paciente. Caso fosse aplicada a regra <strong>do</strong> crime continua<strong>do</strong>, a pena <strong>do</strong><br />
paciente não seria aumentada <strong>em</strong> apenas um sexto como <strong>de</strong>seja o impetrante,<br />
mas po<strong>de</strong>ria ser elevada ate o triplo, o que, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, lhe seria<br />
<strong>de</strong>sfavorável.” (HC 96.784, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10).<br />
“A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva é, na sist<strong>em</strong>ática penal brasileira, uma criação<br />
puramente jurídica. Espécie <strong>de</strong> presunção, a implicar verda<strong>de</strong>iro benefício<br />
àqueles que, nas mesmas circunstâncias <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, mo<strong>do</strong> e lugar <strong>de</strong> execução,<br />
praticam crimes da mesma espécie. Isso porque, nada obstante a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> condutas cometidas pelo agente, a lei presume a existência <strong>de</strong> um crime<br />
único.” (HC 98.647, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 13-10-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 20-11-09)<br />
“O instituto da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva é modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concreção da garantia<br />
constitucional da individualização da pena, a operar mediante benefício<br />
àqueles que, nas mesmas circunstâncias <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, mo<strong>do</strong> e lugar <strong>de</strong> execução,<br />
comet<strong>em</strong> crimes da mesma espécie.” (HC 93.536, Rel. Min. Carlos Britto,<br />
julgamento <strong>em</strong> 16-9-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-8-09)<br />
“Para o acusa<strong>do</strong> exercer, <strong>em</strong> plenitu<strong>de</strong>, a garantia <strong>do</strong> contraditório, torna-se<br />
indispensável que o órgão da acusação <strong>de</strong>screva, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> preciso, os<br />
el<strong>em</strong>entos estruturais (essentialia <strong>de</strong>licti) que compõ<strong>em</strong> o tipo penal, sob pena<br />
<strong>de</strong> se <strong>de</strong>volver, ilegitimamente, ao réu, o ônus (que sobre ele não inci<strong>de</strong>) <strong>de</strong><br />
provar que é inocente. Em matéria <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> penal, não se registra,<br />
no mo<strong>de</strong>lo constitucional brasileiro, qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Judiciário, por<br />
simples presunção ou com fundamento <strong>em</strong> meras suspeitas, reconhecer a<br />
culpa <strong>do</strong> réu. Os princípios <strong>de</strong>mocráticos que informam o sist<strong>em</strong>a jurídico<br />
nacional repel<strong>em</strong> qualquer ato estatal que transgrida o <strong>do</strong>gma <strong>de</strong> que não<br />
haverá culpa penal por presunção n<strong>em</strong> responsabilida<strong>de</strong> criminal por mera<br />
suspeita.” (HC 84.580, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 25-8-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09)<br />
“Delitos <strong>de</strong> roubo qualifica<strong>do</strong> e <strong>de</strong> latrocínio. Crime continua<strong>do</strong>.<br />
Reconhecimento. Inadmissibilida<strong>de</strong>. Tipos <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong>s jurídicas distintas.<br />
31
Inexistência da correlação representada pela lesão <strong>do</strong> mesmo b<strong>em</strong> jurídico.<br />
Crimes <strong>de</strong> espécies diferentes. HC <strong>de</strong>nega<strong>do</strong>. Inaplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 71 <strong>do</strong><br />
CP. Não po<strong>de</strong> reputar-se crime continua<strong>do</strong> a prática <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> roubo e <strong>de</strong><br />
latrocínio.” (HC 87.089, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-09)<br />
"Direito Penal. Habeas corpus. Crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r.<br />
Continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Inadmissibilida<strong>de</strong>. Prece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>STF</strong>. Crimes<br />
pratica<strong>do</strong>s contra vítimas diferentes. Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>negada. Esta corte já teve<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solucionar a questão controvertida na esfera <strong>do</strong>utrinária,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser colaciona<strong>do</strong>s julga<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ‘não há falar <strong>em</strong><br />
continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r’ (HC<br />
nº 70.427/RJ, Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 24-9-1993), ainda que<br />
‘perpetra<strong>do</strong>s contra a mesma vítima’ (HC nº 68.877/RJ, Relator Ministro Ilmar<br />
Galvão, 1ª Turma, DJ 21-2-1992). Além disso, consoante se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da<br />
sentença con<strong>de</strong>natória, os crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r<br />
foram cometi<strong>do</strong>s contra duas filhas menores <strong>do</strong> paciente, ou seja, contra<br />
vítimas diferentes, haven<strong>do</strong>, portanto, completa autonomia entre as condutas<br />
praticadas." (HC 96.942, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 90.922, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
“Quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>penda <strong>de</strong> exame profun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatos à luz da prova, não se admite<br />
reconhecimento <strong>de</strong> crime continua<strong>do</strong> <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> habeas corpus.” (HC<br />
84.302, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-<br />
09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 70.580, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
10-5-94, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-9-09. Vi<strong>de</strong>: HC 96.784, Rel. Min. Ellen Gracie,<br />
julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10.<br />
“Assentada, pelas instâncias competentes, a falta <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnios nas<br />
ações praticadas pelo paciente, não há como se reconhecer a continuida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>litiva.” (HC 95.753, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 7-8-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 99.505, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-10-09.<br />
“A jurisprudência <strong>de</strong>sta Casa é pacífica no senti<strong>do</strong> da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
revolvimento <strong>do</strong> conjunto probatório com o fim <strong>de</strong> verificar a ocorrência das<br />
condições configura<strong>do</strong>ras da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. É assente, a<strong>de</strong>mais, na<br />
<strong>do</strong>utrina e na jurisprudência que ‘qu<strong>em</strong> faz <strong>do</strong> crime a sua ativida<strong>de</strong> comercial,<br />
como se fosse uma profissão, inci<strong>de</strong> na hipótese <strong>de</strong> habitualida<strong>de</strong>, ou <strong>de</strong><br />
reiteração <strong>de</strong>litiva, que não se confun<strong>de</strong>m com a da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva’.” (HC<br />
94.970, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 28-11-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 98.831-MC, Rel. Min. Cármen<br />
Lúcia, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 18-5-09, DJE <strong>de</strong> 27-5-09. Vi<strong>de</strong>: HC<br />
84.302, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-<br />
09; HC 95.753, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 1ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 7-8-09; HC 70.580, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 10-5-94, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 4-9-09.<br />
32
"O Direito Penal brasileiro encampou a teoria da ficção jurídica para justificar a<br />
natureza <strong>do</strong> crime continua<strong>do</strong> (art. 71, <strong>do</strong> Código Penal). Por força <strong>de</strong> uma<br />
ficção criada por lei, justificada <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> razões <strong>de</strong> política criminal, a<br />
norma legal permite a atenuação da pena criminal, ao consi<strong>de</strong>rar que as várias<br />
ações praticadas pelo sujeito ativo são reunidas e consi<strong>de</strong>radas fictamente<br />
como <strong>de</strong>lito único." (HC 91.370, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 20-5-08,<br />
2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-6-08)<br />
"Para configurar o crime continua<strong>do</strong>, na linha a<strong>do</strong>tada pelo Direito Penal<br />
brasileiro, é imperioso que o agente: a) pratique mais <strong>de</strong> uma ação ou omissão;<br />
b) que as referidas ações ou omissões sejam previstas como crime; c) que os<br />
crimes sejam da mesma espécie; d) que as condições <strong>do</strong> crime (t<strong>em</strong>po, lugar,<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> execução e outras similares) indiqu<strong>em</strong> que as ações ou omissões<br />
subseqüentes efetivamente constitu<strong>em</strong> o prosseguimento da primeira. É<br />
assente na <strong>do</strong>utrina e na jurisprudência que não basta que haja similitu<strong>de</strong> entre<br />
as condições objetivas (t<strong>em</strong>po, lugar, mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> execução e outras similares). É<br />
necessário que entre essas condições haja uma ligação, um liame, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong><br />
a evi<strong>de</strong>nciar-se, <strong>de</strong> plano, ter<strong>em</strong> si<strong>do</strong> os crimes subseqüentes continuação <strong>do</strong><br />
primeiro. O entendimento <strong>de</strong>sta Corte é no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a reiteração<br />
criminosa indica<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> <strong>de</strong>linqüência habitual ou profissional é suficiente para<br />
<strong>de</strong>scaracterizar o crime continua<strong>do</strong>." (RHC 93.144, Rel. Min. Menezes Direito,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-3-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 9-5-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
98.647, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 13-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-<br />
11-09. RHC 85.577, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 16-8-05, 2ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 2-9-05; HC 70.794, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 14-6-94, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 13-12-02.<br />
"Sonegação fiscal (L. 8137/90, art. 1º, I e II; e 11): parcial reconhecimento <strong>de</strong><br />
continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que o paciente passe a respon<strong>de</strong>r, não a 5,<br />
mas a 3 acusações, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista critério <strong>de</strong> espaçamento t<strong>em</strong>poral entre as<br />
condutas consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> razoável, à vista <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> sonegação <strong>de</strong> tributo <strong>de</strong><br />
recolhimento mensal." (HC 89.573, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento<br />
<strong>em</strong> 13-2-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 27-4-07)<br />
“A jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte está sedimentada no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que estupro e<br />
atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r configuram concurso material e não crime<br />
continua<strong>do</strong>.” (HC 89.770, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-10-06, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 6-11-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 100.314, Rel. Min. Carlos<br />
Britto, julgamento <strong>em</strong> 22-9-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-10-09; HC 86.238, Rel.<br />
Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 18-6-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC<br />
95.705, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
24-4-09; HC 96.959, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09,<br />
1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09; RE 589.794, Rel. Min. Menezes Direito, <strong>de</strong>cisão<br />
monocrática, julgamento <strong>em</strong> 2-3-09, DJE <strong>de</strong> 12-3-09; HC 71.399, Rel. Min.<br />
Sidney Sanches, julgamento <strong>em</strong> 9-8-94, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-9-94. Em senti<strong>do</strong><br />
contrário: HC 89.827, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 27-2-07, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 27-4-07. Vi<strong>de</strong>: HC 96.942, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento<br />
<strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09.<br />
33
"Na aplicação <strong>de</strong> pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, o aumento <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />
concurso formal ou <strong>de</strong> crime continua<strong>do</strong> não inci<strong>de</strong> sobre a pena-base, mas<br />
sobre a pena acrescida por circunstância qualifica<strong>do</strong>ra ou causa especial <strong>de</strong><br />
aumento." (RHC 86.080, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 6-6-06, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 30-6-06)<br />
"Não se aplica aos crimes militares a regra <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva a que se<br />
reporta o art. 71 <strong>do</strong> Código Penal Comum. Isso porque, nos termos <strong>do</strong> art. 12<br />
<strong>do</strong> CP, a inexistência <strong>de</strong> regramento específico <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> contrário é<br />
pr<strong>em</strong>issa da aplicação subsidiária <strong>do</strong> Código Penal às legislações especiais.<br />
No caso, tal pr<strong>em</strong>issa não se faz presente. B<strong>em</strong> ou mal, o Código Penal Militar<br />
cui<strong>do</strong>u <strong>de</strong> disciplinar os crimes continua<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma distinta e mais severa <strong>do</strong><br />
que o Código Penal Comum." (HC 86.854, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento<br />
<strong>em</strong> 14-3-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 2-3-07).<br />
"A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva <strong>de</strong>ve ser reconhecida ‘quan<strong>do</strong> o agente, mediante mais<br />
<strong>de</strong> uma ação ou omissão, pratica <strong>do</strong>is ou mais crimes da mesma espécie e,<br />
pelas condições <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, lugar, maneira <strong>de</strong> execução e outras s<strong>em</strong>elhantes,<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> os subseqüentes ser havi<strong>do</strong>s como continuação <strong>do</strong> primeiro’ (CP, art.<br />
71). Evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que as séries <strong>de</strong>lituosas estão separadas por espaço<br />
t<strong>em</strong>poral igual a seis meses, não se há <strong>de</strong> falar <strong>em</strong> crime continua<strong>do</strong>, mas <strong>em</strong><br />
reiteração criminosa, incidin<strong>do</strong> a regra <strong>do</strong> concurso material." (HC 87.495, Rel.<br />
Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 7-3-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-4-06)<br />
"Nos termos da atual jurisprudência <strong>do</strong> <strong>STF</strong>, formada após a Reforma Penal <strong>de</strong><br />
1984 (art. 71, parágrafo único, <strong>do</strong> CP), a circunstância <strong>de</strong> os <strong>de</strong>litos pratica<strong>do</strong>s<br />
atingir<strong>em</strong> bens jurídicos personalíssimos <strong>de</strong> pessoas diversas não impe<strong>de</strong> a<br />
continuação <strong>de</strong>litiva." (HC 81.579, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 19-2-<br />
02, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 5-4-02)<br />
“Direito intert<strong>em</strong>poral: ultra-ativida<strong>de</strong> da lei penal quan<strong>do</strong>, após o início <strong>do</strong><br />
crime continua<strong>do</strong>, sobrevém lei mais severa. Crime continua<strong>do</strong> (CP, artigo 71,<br />
caput): <strong>de</strong>litos pratica<strong>do</strong>s entre março <strong>de</strong> 1991 e <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1992, <strong>de</strong> forma<br />
que estas 22 (vinte e duas) condutas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas, por ficção <strong>do</strong><br />
legisla<strong>do</strong>r, como um único crime, inicia<strong>do</strong>, portanto, na vigência <strong>de</strong> lex mitior<br />
(artigo 2º, II, da Lei n. 8.137, <strong>de</strong> 27-12-90) e fin<strong>do</strong> na vigência <strong>de</strong> lex gravior<br />
(artigo 95, d e § 1º, da Lei n. 8.212, <strong>de</strong> 24-7-91). Conflito <strong>de</strong> leis no t<strong>em</strong>po que<br />
se resolve mediante opção por uma <strong>de</strong> duas expectativas possíveis:<br />
retroativida<strong>de</strong> da lex gravior ou ultra-ativida<strong>de</strong> da lex mitior, vez que não se<br />
po<strong>de</strong> cogitar da aplicação <strong>de</strong> duas penas diferentes, uma para cada perío<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> que um mesmo e único crime foi pratica<strong>do</strong>. Orientação jurispru<strong>de</strong>ncial <strong>do</strong><br />
Tribunal no senti<strong>do</strong> da aplicação da lex gravior.”. (HC 76.978, Rel. Min.<br />
Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 29-9-98, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-2-99)<br />
“A reiteração <strong>de</strong> práticas criminosas não basta, só por si, para justificar o<br />
reconhecimento da ficção jurídica <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito continua<strong>do</strong>, cuja caracterização não<br />
prescin<strong>de</strong> <strong>do</strong> concurso – necessário e essencial – <strong>de</strong> outros el<strong>em</strong>entos e<br />
fatores referi<strong>do</strong>s pela lei. As práticas criminosas reiteradas, especialmente<br />
quan<strong>do</strong> cometidas <strong>em</strong> bases profissionais, como t<strong>em</strong> sucedi<strong>do</strong> com os <strong>de</strong>litos<br />
<strong>de</strong> roubo, não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ensejar, <strong>em</strong> princípio, o reconhecimento da fictio juris <strong>do</strong><br />
34
<strong>de</strong>lito continua<strong>do</strong>. Constitu<strong>em</strong>, antes, a eloqüente atestação <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong><br />
t<strong>em</strong>ibilida<strong>de</strong> social <strong>do</strong>s que invest<strong>em</strong>, até mesmo com perversida<strong>de</strong>, contra a<br />
vida, a integrida<strong>de</strong> corporal e o patrimônio <strong>de</strong> vítimas inocentes.” (HC 70.580,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 10-5-94, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-9-09)<br />
"A ficção jurídica <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito continua<strong>do</strong>, consagrada pela legislação penal<br />
brasileira, vislumbra, nele, uma unida<strong>de</strong> incindível, <strong>de</strong> que <strong>de</strong>riva a<br />
impossibilida<strong>de</strong> legal <strong>de</strong> dispensar, a cada momento <strong>de</strong>sse fenômeno<br />
<strong>de</strong>lituoso, um tratamento penal autônomo. Não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>sse<br />
mo<strong>do</strong>, isoladamente, para efeitos prescricionais, os diversos <strong>de</strong>litos parcelares<br />
que compõ<strong>em</strong> a estrutura unitária <strong>do</strong> crime continua<strong>do</strong>." (HC 70.593, Rel. Min.<br />
Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 5-10-93, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 17-11-06)<br />
"Crime continua<strong>do</strong>: não reconhecimento integral, da<strong>do</strong> o intervalo superior a 30<br />
dias entre alguns <strong>do</strong>s seis roubos pratica<strong>do</strong>s durante cerca <strong>de</strong> quatro meses:<br />
critério jurispru<strong>de</strong>ncial que, <strong>em</strong> si mesmo, não e ilegal n<strong>em</strong> incompatível com a<br />
concepção objetiva <strong>do</strong> Código, não se ten<strong>do</strong> logra<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstrar que sua<br />
aplicação, nas circunstancias <strong>do</strong> caso, <strong>de</strong>snaturaria a <strong>de</strong>finição legal <strong>do</strong> crime<br />
continua<strong>do</strong>." (HC 69.305, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 28-4-<br />
92, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 5-6-92). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 73.219, Rel. Min.<br />
Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 23-2-96, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 26-4-96. Vi<strong>de</strong>: HC<br />
89.573, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 13-2-07, 1ª Turma, DJ<br />
<strong>de</strong> 27-4-07.<br />
Concurso <strong>de</strong> Pessoas<br />
"Não viola as garantias <strong>do</strong> juiz natural, da ampla <strong>de</strong>fesa e <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo<br />
legal a atração por continência ou conexão <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> co-réu ao foro por<br />
prerrogativa <strong>de</strong> função <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s." (Súmula 704)<br />
“A simples circunstância <strong>de</strong> corréu haver <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> o distrito da culpa não implica<br />
óbice à aplicação <strong>do</strong> artigo 580 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal.” (HC 95.841,<br />
Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-<br />
12-09)<br />
“A observância <strong>do</strong> artigo 580 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal faz-se, presente o<br />
recebimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia ante o envolvimento <strong>de</strong> indícios, no campo da<br />
exceção. (...) O recebimento da <strong>de</strong>núncia surge fundamenta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a<br />
<strong>de</strong>cisão interlocutória proferida r<strong>em</strong>ete a indícios da participação <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>.”<br />
(HC 89.585, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
6-11-09)<br />
“A participação <strong>em</strong> crime próprio é admitida, sen<strong>do</strong>, porém, indispensável<br />
a<strong>de</strong>são subjetiva, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnios entre partícipe e autor, não bastan<strong>do</strong><br />
o nexo causal.” (Pet 3.898, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 27-8-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
35
“Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> concurso <strong>de</strong> pessoas que agiram com unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sígnios e<br />
cujas condutas tiveram relevância causal para a produção <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>, é<br />
inadmissível o reconhecimento <strong>de</strong> que um agente teria pratica<strong>do</strong> o <strong>de</strong>lito na<br />
forma tentada e o outro, na forma consumada. Segun<strong>do</strong> a teoria monista ou<br />
unitária, haven<strong>do</strong> pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes e convergência <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s para a<br />
prática da mesma infração penal, como se <strong>de</strong>u no presente caso, to<strong>do</strong>s<br />
aqueles que contribu<strong>em</strong> para o crime inci<strong>de</strong>m nas penas a ele cominadas (CP,<br />
art. 29), ressalvadas as exceções para as quais a lei prevê expressamente a<br />
aplicação da teoria pluralista.” (HC 97.652, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09)<br />
“No caso <strong>de</strong> concurso <strong>de</strong> agentes (Código Penal, artigo 25), a <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong><br />
recurso interposto por um <strong>do</strong>s réus, se funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> motivos que não sejam <strong>de</strong><br />
caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.” (HC 99.893-MC-<br />
Extensão, Rel. Min. Marco Aurélio, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 14-7-<br />
09, DJE <strong>de</strong> 5-8-09)<br />
“Habeas corpus. Concurso <strong>de</strong> agentes. (...) Inteligência <strong>do</strong> art. 580 <strong>do</strong> CPP. A<br />
absolvição <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s réus por inexistir prova <strong>de</strong> que tenha concorri<strong>do</strong> com a<br />
infração penal não aproveita aos <strong>de</strong>mais que se encontr<strong>em</strong> <strong>em</strong> situação<br />
diversa.” (HC 87.743, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 26-6-09)<br />
“A nomeação <strong>de</strong> um só <strong>de</strong>fensor para co-réus com <strong>de</strong>fesas coli<strong>de</strong>ntes por<br />
ocasião da audiência <strong>de</strong> acareação, não é capaz <strong>de</strong> acarretar a nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
processo, s<strong>em</strong> a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> efetivo prejuízo para a <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />
com o princípio pas <strong>de</strong> nullité sans grief, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo artigo 563 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal. Esta Supr<strong>em</strong>a Corte possui prece<strong>de</strong>ntes no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ‘a<br />
<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> prejuízo, a teor <strong>do</strong> art. 563 <strong>do</strong> CPP, é essencial à alegação<br />
<strong>de</strong> nulida<strong>de</strong>, seja ela relativa ou absoluta’ (HC 85.155, <strong>de</strong> minha relatoria, DJ<br />
15.04.2005). A<strong>de</strong>mais, ‘a jurisprudência <strong>de</strong>ste Tribunal é no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a<br />
alegação <strong>de</strong> colidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas somente po<strong>de</strong> ser reconhecida <strong>em</strong><br />
hipóteses nas quais a impetração comprove, <strong>de</strong> plano, que a tese sustentada<br />
pela <strong>de</strong>fesa na orig<strong>em</strong> com relação a um <strong>do</strong>s co-réus tenha si<strong>do</strong> apta para<br />
atribuir, com exclusivida<strong>de</strong>, os indícios <strong>de</strong> autoria e materialida<strong>de</strong> quanto a<br />
outro(s) co-réu(s). É dizer, a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> paciente <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> habeas corpus<br />
<strong>de</strong>ve apresentar argumentos e <strong>do</strong>cumentos que <strong>de</strong>monstr<strong>em</strong> o efetivo prejuízo<br />
<strong>em</strong> razão da alegada colidência entre as <strong>de</strong>fesas (pas <strong>de</strong> nullités sans grief)’<br />
(HC 85.017, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, DJ 03.08.2007). Por fim, ‘a intimação <strong>do</strong><br />
réu para que constitua outro <strong>de</strong>fensor, queren<strong>do</strong>, só se exige quan<strong>do</strong> ocorre a<br />
renúncia <strong>do</strong> <strong>de</strong>fensor constituí<strong>do</strong>. Não é, todavia, necessária quan<strong>do</strong> o<br />
<strong>de</strong>fensor falta ao <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> atuar’ (HC 85.014/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ<br />
11.03.2005).” (HC 97.062, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09). Vi<strong>de</strong>: HC 99.457, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento<br />
<strong>em</strong> 13-10-09, 1ª Turma, Informativo 563.<br />
”A configuração <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> prevaricação requer a <strong>de</strong>monstração não só da<br />
vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> praticar ato <strong>de</strong> ofício, como também <strong>do</strong><br />
el<strong>em</strong>ento subjetivo específico <strong>do</strong> tipo, qual seja, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfazer<br />
‘interesse’ ou ‘sentimento pessoal’. Instrução criminal que não evi<strong>de</strong>nciou o<br />
36
especial fim <strong>de</strong> agir a que os <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s supostamente ce<strong>de</strong>ram. El<strong>em</strong>ento<br />
essencial cuja ausência impe<strong>de</strong> o reconhecimento <strong>do</strong> tipo incrimina<strong>do</strong>r <strong>em</strong><br />
causa. A acusação ministerial pública carece <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos mínimos<br />
necessários para a con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> parlamentar pelo crime <strong>de</strong><br />
responsabilida<strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>poimentos judicialmente colhi<strong>do</strong>s não evi<strong>de</strong>nciaram<br />
or<strong>de</strong>m pessoal <strong>do</strong> Prefeito <strong>de</strong> não-autuação <strong>do</strong>s veículos oficiais <strong>do</strong> Município<br />
<strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul/RS. A mera subordinação hierárquica <strong>do</strong>s secretários<br />
municipais não po<strong>de</strong> significar a automática responsabilização criminal <strong>do</strong><br />
Prefeito. Noutros termos: não se po<strong>de</strong> presumir a responsabilida<strong>de</strong> criminal <strong>do</strong><br />
Prefeito, simplesmente com apoio na indicação <strong>de</strong> terceiros – por um ‘ouvir<br />
dizer’ das test<strong>em</strong>unhas –; sabi<strong>do</strong> que o nosso sist<strong>em</strong>a jurídico penal não<br />
admite a culpa por presunção. O crime <strong>do</strong> inciso XIV <strong>do</strong> art. 1º <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />
nº 201/67 é <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> mão própria. Logo, somente é passível <strong>de</strong> cometimento<br />
pelo Prefeito mesmo (unipessoalmente, portanto) ou, quan<strong>do</strong> muito, <strong>em</strong><br />
coautoria com ele. Ausência <strong>de</strong> comprovação <strong>do</strong> vínculo subjetivo, ou<br />
psicológico, entre o Prefeito e a Secretária <strong>de</strong> Transportes para a<br />
caracterização <strong>do</strong> concurso <strong>de</strong> pessoas, <strong>de</strong> que trata o artigo 29 <strong>do</strong> Código<br />
Penal.” (AP 447, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 18-2-09, Plenário, DJE<br />
<strong>de</strong> 29-5-09)<br />
“A regra <strong>do</strong> art. 155, § 4º, IV, <strong>do</strong> CP não po<strong>de</strong> ser substituída pela disposição<br />
constante <strong>do</strong> art. 157, § 2º, <strong>do</strong> mesmo Co<strong>de</strong>x, sob a alegação <strong>de</strong> ofensa ao<br />
princípio da proporcionalida<strong>de</strong>. Não é possível aplicar-se a majorante <strong>do</strong> crime<br />
<strong>de</strong> roubo ao furto qualifica<strong>do</strong>, pois as qualifica<strong>do</strong>ras relativas ao furto – que<br />
possu<strong>em</strong> natureza jurídica <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> tipo – não se confun<strong>de</strong>m com as<br />
causas <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena na hipótese <strong>de</strong> roubo.” (HC 95.351, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-11-08).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 98.406-MC, Rel. Min. Ellen Gracie, <strong>de</strong>cisão<br />
monocrática, julgamento <strong>em</strong> 30-3-09, DJE <strong>de</strong> 7-4-09. Vi<strong>de</strong>: HC 96.843, Rel.<br />
Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09.<br />
"É grav<strong>em</strong>ente inepta a <strong>de</strong>núncia que, a título <strong>de</strong> imputação <strong>de</strong> crimes<br />
pratica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> concurso <strong>de</strong> agentes, não <strong>de</strong>screve nenhum fato capaz <strong>de</strong><br />
correspon<strong>de</strong>r às figuras <strong>de</strong> co-autoria ou <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s." (HC 86.520, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 6-2-07 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 8-6-07)<br />
"A capitulação feita na <strong>de</strong>núncia imputa ao paciente o crime <strong>de</strong>scrito no art. 17<br />
da lei 7.492/1986. (...) Efetivamente, parece-me claro que o crime<br />
supostamente pratica<strong>do</strong> pelo paciente é classifica<strong>do</strong> como ‘próprio quanto ao<br />
sujeito ativo’, porque exige <strong>de</strong>ste uma especial qualida<strong>de</strong>, consistente, por<br />
r<strong>em</strong>issão expressa ao art. 25 da mesma lei, <strong>em</strong> ser controla<strong>do</strong>r, administra<strong>do</strong>r,<br />
diretor ou gerente <strong>de</strong> instituição financeira. (...) a especial qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito<br />
ativo é circunstância el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> crime <strong>do</strong> art. 17 da lei <strong>do</strong>s crimes contra o<br />
sist<strong>em</strong>a financeiro. A conseqüência disso encontra-se no art. 30 <strong>do</strong> código<br />
penal (...). Em síntese, apesar <strong>de</strong> não ser o paciente controla<strong>do</strong>r,<br />
administra<strong>do</strong>r, diretor ou gerente <strong>de</strong> instituição financeira, essa qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
ín<strong>do</strong>le subjetiva, lhe é comunicada por expressa previsão legal. (...) Nesses<br />
termos, enten<strong>do</strong> que a condição pessoal <strong>de</strong> ser controla<strong>do</strong>r, administra<strong>do</strong>r,<br />
diretor ou gerente <strong>de</strong> instituição financeira constitui el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong>scrito<br />
37
no art. 17 da lei 7.492/1986. Em conseqüência, aplicável ao caso o art. 30 <strong>do</strong><br />
código penal." (HC 84.238, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong><br />
10-8-04, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 10-9-04)<br />
“A gravida<strong>de</strong> <strong>em</strong> abstrato <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> roubo, mesmo quan<strong>do</strong> houver duas<br />
causas <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena (<strong>em</strong>prego <strong>de</strong> arma e concurso <strong>de</strong> agentes), não é<br />
suficiente para impor o regime fecha<strong>do</strong> ao con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> a pena inferior a 8 anos.<br />
A fixação <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> pena <strong>de</strong>ve pautar-se nos fatos e<br />
circunstâncias judiciais concretamente havi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s, nos termos <strong>do</strong><br />
art. 59 <strong>do</strong> Código Penal. Se a pena-base for fixada no mínimo legal,<br />
reconhecen<strong>do</strong>-se o paciente como primário e <strong>de</strong> bons antece<strong>de</strong>ntes, é possível<br />
estabelecer o regime s<strong>em</strong>i-aberto para o início da execução penal.” (HC<br />
83.520, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-11-03, Plenário, DJ <strong>de</strong><br />
23-11-03)<br />
"Advoga<strong>do</strong> que instrui test<strong>em</strong>unha a prestar <strong>de</strong>poimento inverídico nos autos<br />
<strong>de</strong> reclamação trabalhista. Conduta que contribuiu moralmente para o crime,<br />
fazen<strong>do</strong> nascer no agente a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Art. 29 <strong>do</strong> CP. Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
co-autoria. Relevância <strong>do</strong> objeto jurídico tutela<strong>do</strong> pelo art. 342 <strong>do</strong> CP: a<br />
administração da justiça, no tocante à veracida<strong>de</strong> das provas e ao prestígio e<br />
serieda<strong>de</strong> da sua coleta. Relevância robustecida quan<strong>do</strong> o partícipe é<br />
advoga<strong>do</strong>, figura indispensável à administração da justiça (art. 133 da CF).<br />
Circunstâncias que afastam o entendimento <strong>de</strong> que o partícipe só respon<strong>de</strong><br />
pelo crime <strong>do</strong> art. 343 <strong>do</strong> CP." (RHC 81.327, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento<br />
<strong>em</strong> 11-12-01,1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 5-4-02)<br />
"Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>cisiva a participação <strong>do</strong> paciente, na pratica <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito, segun<strong>do</strong><br />
as provas examinadas na con<strong>de</strong>nação, não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> menor<br />
importância (art. 29, § 1º, <strong>do</strong> C.Penal), s<strong>em</strong> o respectivo reexame, inadmissível<br />
no âmbito estreito <strong>do</strong> writ." (HC 72.893, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento<br />
<strong>em</strong> 24-10-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 8-3-96)<br />
"A norma consubstanciada no art. 29 <strong>do</strong> CP, que contém atenuações ao<br />
princípio da unida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime, não impe<strong>de</strong> que o magistra<strong>do</strong>, ao proferir a<br />
sentença penal con<strong>de</strong>natória, imponha penas <strong>de</strong>siguais ao autor e ao co-autor<br />
da prática <strong>de</strong>lituosa. A possibilida<strong>de</strong> jurídica <strong>de</strong>sse tratamento penal<br />
diferencia<strong>do</strong> justifica-se, quer <strong>em</strong> face <strong>do</strong> próprio princípio constitucional da<br />
individualização das penas, quer <strong>em</strong> função da cláusula legal que, inscrita no<br />
art. 29, caput, in fine, <strong>do</strong> CP, <strong>de</strong>stina-se a ‘minorar os excessos da equiparação<br />
global <strong>do</strong>s co-autores'." (HC 70.022, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
20-4-93, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 14-5-93)<br />
Contravenção Penal<br />
"Infração <strong>de</strong> trânsito: direção <strong>de</strong> veículos automotores s<strong>em</strong> habilitação, nas vias<br />
terrestres: crime (CTB, art. 309) ou infração administrativa (CTB, art. 162, I),<br />
conforme ocorra ou não perigo concreto <strong>de</strong> dano: <strong>de</strong>rrogação <strong>do</strong> art. 32 da Lei<br />
das Contravenções <strong>Penais</strong> (prece<strong>de</strong>nte: HC 80.362, Pl., 7.2.01, Inf. <strong>STF</strong> 217).<br />
38
Em tese, constituir o fato infração administrativa não afasta, por si só, que<br />
simultaneamente configure infração penal. No Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro,<br />
entretanto, conforme expressamente disposto no seu art. 161 – e, cuidan<strong>do</strong>-se<br />
<strong>de</strong> um código, já <strong>de</strong>correria <strong>do</strong> art. 2º, § 1º, in fine, LICC – o ilícito<br />
administrativo só caracterizará infração penal se nele mesmo tipifica<strong>do</strong> como<br />
crime, no Capítulo XIX <strong>do</strong> diploma. Cingin<strong>do</strong>-se o CTB, art. 309, a incriminar a<br />
direção s<strong>em</strong> habilitação, quan<strong>do</strong> gerar ‘perigo <strong>de</strong> dano’, ficou <strong>de</strong>rroga<strong>do</strong>,<br />
portanto, no âmbito normativo da lei nova – o trânsito nas vias terrestres – o<br />
art. 32 LCP, que tipificava a conduta como contravenção penal <strong>de</strong> perigo<br />
abstrato ou presumi<strong>do</strong>. A solução que restringe à órbita da infração<br />
administrativa a direção <strong>de</strong> veículo automotor s<strong>em</strong> habilitação, quan<strong>do</strong><br />
inexistente o perigo concreto <strong>de</strong> dano – já evi<strong>de</strong>nte pelas razões puramente<br />
<strong>do</strong>gmáticas anteriormente expostas –, é a que melhor correspon<strong>de</strong> ao histórico<br />
<strong>do</strong> processo legislativo <strong>do</strong> novo Código <strong>de</strong> Trânsito, assim como às inspirações<br />
da melhor <strong>do</strong>utrina penal cont<strong>em</strong>porânea, <strong>de</strong>cididamente avessa às infrações<br />
penais <strong>de</strong> perigo presumi<strong>do</strong> ou abstrato." (HC 84.377, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 29-6-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 27-8-04)<br />
"Artigo 32, primeira parte, da Lei <strong>de</strong> Contravenções <strong>Penais</strong>. Dispositivo que<br />
resultou revoga<strong>do</strong> pelo Novo Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro – CTB. Se é certo<br />
que não houve revogação expressa <strong>do</strong> dispositivo <strong>em</strong> apreço e, também, que,<br />
<strong>em</strong> tese, não seria ele incompatível com o disposto no art. 309 <strong>do</strong> CTB, a sua<br />
<strong>de</strong>rrogação, na parte indicada, <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> haver o CTB, como é próprio das<br />
codificações, trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> todas as infrações penais comissíveis na condução <strong>de</strong><br />
veículos automotores, o que, <strong>de</strong> resto, ficou expressamente <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> no art.<br />
161." (RHC 80.362, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 14-2-01, Plenário,<br />
DJ <strong>de</strong> 4-10-02)<br />
Crimes <strong>em</strong> Espécie<br />
“Sentença <strong>de</strong> primeira instância concessiva <strong>de</strong> habeas-corpus, <strong>em</strong> caso <strong>de</strong><br />
crime pratica<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> bens, serviços ou interesses da União, está<br />
sujeita a recurso ‘ex officio’.” (Súmula 344)<br />
“O impreciso núcleo <strong>do</strong> tipo penal da quebra <strong>de</strong> sigilo bancário (art. 10 da Lei<br />
Compl<strong>em</strong>entar 105/2001) concretiza-se tanto através ação <strong>de</strong> obter acesso<br />
in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a da<strong>do</strong>s sigilosos – intrusão, como pela ação <strong>de</strong> revelar a terceiros, <strong>de</strong><br />
forma in<strong>de</strong>vida, os da<strong>do</strong>s a que o agente teve acesso legítimo. Na modalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> intrusão, o crime classifica-se como comum, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ter como agente<br />
qualquer pessoa, salvo a que, por força <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional, tenha<br />
natural direito <strong>de</strong> acesso; na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revelação, o crime é próprio, só<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser pratica<strong>do</strong> por aquele que <strong>de</strong>tenha legitimamente a informação.”<br />
(Pet 3.898, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 27-8-09, Plenário, DJE <strong>de</strong><br />
18-12-09)<br />
39
“O tipo <strong>do</strong> artigo 288 <strong>do</strong> Código Penal é autônomo, prescindin<strong>do</strong> quer <strong>do</strong> crime<br />
posterior, quer, com maior razão, <strong>do</strong> anterior.” (HC 95.086, Rel. Min. Marco<br />
Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-8-09)<br />
"Não recepção <strong>em</strong> bloco da Lei 5.250 pela nova or<strong>de</strong>m constitucional. (...)<br />
Incompatibilida<strong>de</strong> material insuperável entre a Lei n° 5.250/67 e a Constituição<br />
<strong>de</strong> 1988. Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliação que, sobre ser <strong>do</strong> tipo material ou <strong>de</strong><br />
substância (vertical), contamina toda a Lei <strong>de</strong> Imprensa: a) quanto ao seu<br />
entrelace <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>s, a serviço da prestidigita<strong>do</strong>ra lógica <strong>de</strong> que para cada<br />
regra geral afirmativa da liberda<strong>de</strong> é aberto um leque <strong>de</strong> exceções que<br />
praticamente tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sfaz; b) quanto ao seu inescondível efeito prático <strong>de</strong> ir<br />
além <strong>de</strong> um simples projeto <strong>de</strong> governo para alcançar a realização <strong>de</strong> um<br />
projeto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, este a se eternizar no t<strong>em</strong>po e a sufocar to<strong>do</strong> pensamento<br />
crítico no País. (...) Aplicam-se as normas da legislação comum, notadamente<br />
o Código Civil, o Código Penal, o Código <strong>de</strong> Processo Civil e o Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal às causas <strong>de</strong>correntes das relações <strong>de</strong> imprensa. O direito <strong>de</strong><br />
resposta, que se manifesta como ação <strong>de</strong> replicar ou <strong>de</strong> retificar matéria<br />
publicada é exercitável por parte daquele que se vê ofendi<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua honra<br />
objetiva, ou então subjetiva, conforme estampa<strong>do</strong> no inciso V <strong>do</strong> art. 5º da<br />
Constituição Fe<strong>de</strong>ral. Norma, essa, ‘<strong>de</strong> eficácia plena e <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong><br />
imediata’, conforme classificação <strong>de</strong> José Afonso da Silva. ‘Norma <strong>de</strong> pronta<br />
aplicação’, na linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, <strong>em</strong><br />
obra <strong>do</strong>utrinária conjunta." (ADPF 130, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong><br />
30-4-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 6-11-09)<br />
“O artigo 322 <strong>do</strong> Código Penal, que tipifica o crime <strong>de</strong> violência arbitrária, não<br />
foi revoga<strong>do</strong> pelo artigo 3º, alínea i da Lei n. 4.898/65 (Lei <strong>de</strong> Abuso <strong>de</strong><br />
Autorida<strong>de</strong>). Prece<strong>de</strong>ntes. Recurso ordinário <strong>em</strong> habeas corpus não provi<strong>do</strong>.”<br />
(RHC 95.617, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 25-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
17-4-09).<br />
"Inteligência <strong>do</strong> art. 1º da Lei n. 2.889/56, e <strong>do</strong> art. 2º da Convenção contra o<br />
Genocídio, ratificada pelo Decreto n. 30.822/52. O tipo penal <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong><br />
genocídio protege, <strong>em</strong> todas as suas modalida<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> jurídico coletivo ou<br />
transindividual, figura<strong>do</strong> na existência <strong>do</strong> grupo racial, étnico ou religioso, a<br />
qual é posta <strong>em</strong> risco por ações que po<strong>de</strong>m também ser ofensivas a bens<br />
jurídicos individuais, como o direito à vida, à integrida<strong>de</strong> física ou mental, à<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção etc." (RE 351.487, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento<br />
<strong>em</strong> 3-8-06, Plenário, DJ <strong>de</strong> 10-11-06)<br />
“Aprovação <strong>de</strong> contas e responsabilida<strong>de</strong> penal: a aprovação pela Câmara<br />
Municipal <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> Prefeito não eli<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste por atos <strong>de</strong><br />
gestão.” (Inq 1.070, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 24-11-04,<br />
Plenário, DJ <strong>de</strong> 1º-7-05)<br />
"Escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazen<strong>do</strong> apologia <strong>de</strong> idéias<br />
preconceituosas e discriminatórias’ contra a comunida<strong>de</strong> judaica (Lei 7716/89,<br />
artigo 20, na redação dada pela Lei 8081/90) constitui crime <strong>de</strong> racismo sujeito<br />
às cláusulas <strong>de</strong> inafiançabilida<strong>de</strong> e imprescritibilida<strong>de</strong> (CF, artigo 5º, XLII).<br />
Aplicação <strong>do</strong> princípio da prescritibilida<strong>de</strong> geral <strong>do</strong>s crimes: se os ju<strong>de</strong>us não<br />
40
são uma raça, segue-se que contra eles não po<strong>de</strong> haver discriminação capaz<br />
<strong>de</strong> ensejar a exceção constitucional <strong>de</strong> imprescritibilida<strong>de</strong>. Inconsistência da<br />
pr<strong>em</strong>issa. (...) Explícita conduta <strong>do</strong> agente responsável pelo agravo revela<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> manifesto <strong>do</strong>lo, baseada na equivocada pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que os ju<strong>de</strong>us não só<br />
são uma raça, mas, mais <strong>do</strong> que isso, um segmento racial atávica e<br />
geneticamente menor e pernicioso. Discriminação que, no caso, se evi<strong>de</strong>ncia<br />
como <strong>de</strong>liberada e dirigida especificamente aos ju<strong>de</strong>us, que configura ato ilícito<br />
<strong>de</strong> prática <strong>de</strong> racismo, com as conseqüências gravosas que o acompanham."<br />
(HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 17-9-03,<br />
Plenário, DJ <strong>de</strong> 19-3-04)<br />
"Subsume-se inconcebível a configuração <strong>de</strong> crime contra a segurança<br />
nacional e a or<strong>de</strong>m política e social quan<strong>do</strong> ausente o el<strong>em</strong>ento subjetivo que<br />
se traduz no <strong>do</strong>lo específico: motivação política e objetivos <strong>do</strong> agente. É <strong>de</strong><br />
repelir-se, no caso concreto, a existência <strong>de</strong> crime político, da<strong>do</strong> que não<br />
<strong>de</strong>monstrada a <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> atentar, efetiva ou potencialmente, contra a<br />
soberania nacional e a estrutura política brasileira. O disposto no parágrafo<br />
único <strong>do</strong> art. 12 da Lei nº 7.170/83 só po<strong>de</strong> ser compreendi<strong>do</strong> com o elastério<br />
que lhe dá o art. 1º, compl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong> pelo art. 2º da mesma Lei. Não se<br />
vislumbran<strong>do</strong> qualificação <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> natureza política, ante os fatos pelos<br />
quais os pacientes foram acusa<strong>do</strong>s e que se resum<strong>em</strong> no extravio <strong>de</strong> material<br />
bélico fabrica<strong>do</strong> exclusivamente para exportação, <strong>de</strong>nota-se implicitamente<br />
contrarieda<strong>de</strong> ao art. 109, IV, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral. Ainda que admiti<strong>do</strong> o<br />
crime <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica pelo pedi<strong>do</strong>, à autorida<strong>de</strong> competente, para<br />
exportar material bélico a país diverso <strong>do</strong> real <strong>de</strong>stinatário, seria o caso <strong>de</strong><br />
absorção <strong>do</strong> crime-meio pelo crime-fim, que não é <strong>de</strong> natureza política." (HC<br />
73.452, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 8-4-97, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-6-<br />
97)<br />
"O crime <strong>de</strong> quadrilha constitui <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> natureza permanente, cujo momento<br />
consumativo se protrai no t<strong>em</strong>po. Enquanto perdurar a associação criminosa<br />
subsistirá o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>lituoso <strong>de</strong>la resultante. Os episódios sucessivos inerentes<br />
ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> associação criminosa compõ<strong>em</strong> quadro evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um<br />
mesmo e só <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> quadrilha ou ban<strong>do</strong>. O agente não po<strong>de</strong> sofrer dupla<br />
con<strong>de</strong>nação penal motivada por seu envolvimento <strong>em</strong> episódios fáticos<br />
subordina<strong>do</strong>s ao mesmo momento consumativo, ainda que ocorri<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />
instantes diversos." (HC 72.642, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 14-<br />
11-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 21-11-97). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 88.978, Rel. Min.<br />
Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 4-9-07, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-09-07.<br />
Crimes Contra a Administração Pública<br />
“É concorrente a legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, mediante queixa, e <strong>do</strong> Ministério<br />
Público, condicionada à representação <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, para a ação penal por<br />
crime contra a honra <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r público <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> suas<br />
funções.” (Súmula 714)<br />
41
“Presença reconhecida <strong>de</strong> indícios <strong>de</strong> que o parlamentar, com o auxílio <strong>do</strong><br />
irmão, <strong>de</strong>sviou, <strong>em</strong> proveito próprio, parte da r<strong>em</strong>uneração <strong>de</strong> assessores<br />
parlamentares, o que configura, <strong>em</strong> tese, o crime <strong>de</strong> peculato, positiva<strong>do</strong> no art.<br />
312, § 1º <strong>do</strong> Código Penal.” (Inq 2.312, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-11-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“No caso, a narrativa da inicial acusatória sinaliza a materialização <strong>do</strong> tipo<br />
penal <strong>do</strong> peculato. Isso porque, <strong>em</strong> primeiro lugar, a Administração Pública<br />
(b<strong>em</strong> jurídico tutela<strong>do</strong> pela norma penal) foi aquela que, mais diretamente,<br />
sofreu com o ruinoso impacto patrimonial da conduta increpada aos<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s; <strong>em</strong> segun<strong>do</strong>, porque os fatos consist<strong>em</strong> na afetação <strong>de</strong> recursos<br />
públicos para fins diversos daqueles para os quais foram confia<strong>do</strong>s à guarda <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> até <strong>de</strong>snecessário frisar que é impensável a possibilida<strong>de</strong><br />
legal <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> faturas forjadas para o re<strong>em</strong>bolso <strong>de</strong> supostas passagens<br />
aéreas. D<strong>em</strong>ais disso, a robusta <strong>do</strong>cumentação que instrui este inquérito<br />
permite i<strong>de</strong>ntificar, na <strong>de</strong>núncia, a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento subjetivo <strong>do</strong> tipo (e <strong>de</strong><br />
seu especial fim <strong>de</strong> agir): a vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar dinheiro,<br />
valor, ou qualquer outro b<strong>em</strong> público móvel ‘<strong>em</strong> proveito próprio ou alheio’. No<br />
caso, <strong>em</strong> benefício <strong>do</strong> <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> e <strong>de</strong> terceiros, fundamentadamente<br />
acusa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> usufruir, in<strong>de</strong>vidamente, da cota <strong>de</strong> passagens aéreas.” (Inq<br />
2.486, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 8-10-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-<br />
09)<br />
“(...) se revela imprópria a locução constitucional ‘crimes <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>’,<br />
que compreen<strong>de</strong>, na realida<strong>de</strong>, infrações <strong>de</strong> caráter político-administrativo, <strong>em</strong><br />
oposição à expressão (igualmente inscrita no texto da Constituição) ‘crimes<br />
comuns’. Com efeito, o crime comum e o crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> são figuras<br />
jurídicas que exprim<strong>em</strong> conceitos inconfundíveis. O crime comum é um aspecto<br />
da ilicitu<strong>de</strong> penal. O crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> refere-se à ilicitu<strong>de</strong> políticoadministrativa.<br />
O legisla<strong>do</strong>r constituinte utilizou a expressão crime comum,<br />
significan<strong>do</strong> ilícito penal, <strong>em</strong> oposição a crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, significan<strong>do</strong><br />
infração político-administrativa. (...) O Código Penal está <strong>em</strong> vigor, cuidan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s crimes contra a administração pública, que po<strong>de</strong>m ser cometi<strong>do</strong>s, inclusive<br />
por Prefeitos. O Prefeito po<strong>de</strong> perfeitamente ser julga<strong>do</strong>, pelo Tribunal <strong>de</strong><br />
Justiça, no caso <strong>de</strong> cometer peculato, <strong>em</strong>prego irregular <strong>de</strong> verbas públicas,<br />
concussão, prevaricação, tu<strong>do</strong> isso não é crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>; tu<strong>do</strong> isso<br />
é crime comum que o Prefeito po<strong>de</strong> cometer e ser julga<strong>do</strong> pelo Po<strong>de</strong>r<br />
Judiciário. Ao la<strong>do</strong> disso, existe o crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, que é uma<br />
infração político-administrativa (...).” (ADI 4.190-MC, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
<strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-09, DJE <strong>de</strong> 4-8-09)<br />
“A ausência da notificação prévia <strong>de</strong> que trata o art. 514 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal constitui vício que gera nulida<strong>de</strong> relativa e <strong>de</strong>ve ser argüida<br />
oportunamente, sob pena <strong>de</strong> preclusão. Prece<strong>de</strong>ntes. O princípio <strong>do</strong> pas <strong>de</strong><br />
nullité sans grief exige a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> prejuízo concreto à parte que suscita<br />
o vício, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da sanção prevista para o ato, pois não se <strong>de</strong>clara<br />
nulida<strong>de</strong> processual por mera presunção. Prece<strong>de</strong>ntes. A jurisprudência <strong>de</strong>ste<br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral assentou o entendimento <strong>de</strong> que o art. 514 <strong>do</strong><br />
Código <strong>de</strong> Processo Penal t<strong>em</strong> por objetivo ‘dar ao réu-funcionário a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a instauração <strong>de</strong> processo t<strong>em</strong>erário, com base <strong>em</strong><br />
42
acusação que já a <strong>de</strong>fesa prévia ao recebimento da <strong>de</strong>núncia po<strong>de</strong>ria, <strong>de</strong> logo,<br />
<strong>de</strong>monstrar <strong>de</strong> to<strong>do</strong> infundada. Obviamente, após a sentença con<strong>de</strong>natória,<br />
não se há <strong>de</strong> cogitar <strong>de</strong> conseqüência <strong>de</strong> perda <strong>de</strong>ssa oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />
superada com a afirmação, no mérito, da procedência da <strong>de</strong>núncia’ (HC<br />
72.198, DJ 26.5.1995).” (HC 97.033, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong><br />
12-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-6-09). Vi<strong>de</strong>: HC 89.686, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 12-6-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 17-8-07.<br />
“A partir <strong>do</strong> julgamento <strong>do</strong> HC 85.779/RJ, passou-se a enten<strong>de</strong>r, nesta Corte,<br />
que é indispensável a <strong>de</strong>fesa preliminar nas hipóteses <strong>do</strong> art. 514 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal, mesmo quan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>núncia é lastreada <strong>em</strong> inquérito policial<br />
(Informativo 457/<strong>STF</strong>). O procedimento previsto no referi<strong>do</strong> dispositivo da lei<br />
adjetiva penal cinge-se às hipóteses <strong>em</strong> que a <strong>de</strong>núncia veicula crimes<br />
funcionais típicos, o que não ocorre na espécie. Prece<strong>de</strong>ntes.” (HC 95.969 Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 12-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-6-09)<br />
”A configuração <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> prevaricação requer a <strong>de</strong>monstração não só da<br />
vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> praticar ato <strong>de</strong> ofício, como também <strong>do</strong><br />
el<strong>em</strong>ento subjetivo específico <strong>do</strong> tipo, qual seja, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfazer<br />
‘interesse’ ou ‘sentimento pessoal’. Instrução criminal que não evi<strong>de</strong>nciou o<br />
especial fim <strong>de</strong> agir a que os <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s supostamente ce<strong>de</strong>ram. El<strong>em</strong>ento<br />
essencial cuja ausência impe<strong>de</strong> o reconhecimento <strong>do</strong> tipo incrimina<strong>do</strong>r <strong>em</strong><br />
causa. A acusação ministerial pública carece <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos mínimos<br />
necessários para a con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> parlamentar pelo crime <strong>de</strong><br />
responsabilida<strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>poimentos judicialmente colhi<strong>do</strong>s não evi<strong>de</strong>nciaram<br />
or<strong>de</strong>m pessoal <strong>do</strong> Prefeito <strong>de</strong> não-autuação <strong>do</strong>s veículos oficiais <strong>do</strong> Município<br />
<strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul/RS. A mera subordinação hierárquica <strong>do</strong>s secretários<br />
municipais não po<strong>de</strong> significar a automática responsabilização criminal <strong>do</strong><br />
Prefeito. Noutros termos: não se po<strong>de</strong> presumir a responsabilida<strong>de</strong> criminal <strong>do</strong><br />
Prefeito, simplesmente com apoio na indicação <strong>de</strong> terceiros – por um ‘ouvir<br />
dizer’ das test<strong>em</strong>unhas –; sabi<strong>do</strong> que o nosso sist<strong>em</strong>a jurídico penal não<br />
admite a culpa por presunção. O crime <strong>do</strong> inciso XIV <strong>do</strong> art. 1º <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />
nº 201/67 é <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> mão própria. Logo, somente é passível <strong>de</strong> cometimento<br />
pelo Prefeito mesmo (unipessoalmente, portanto) ou, quan<strong>do</strong> muito, <strong>em</strong><br />
coautoria com ele. Ausência <strong>de</strong> comprovação <strong>do</strong> vínculo subjetivo, ou<br />
psicológico, entre o Prefeito e a Secretária <strong>de</strong> Transportes para a<br />
caracterização <strong>do</strong> concurso <strong>de</strong> pessoas, <strong>de</strong> que trata o artigo 29 <strong>do</strong> Código<br />
Penal.” (AP 447, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 18-2-09, Plenário, DJE<br />
<strong>de</strong> 29-5-09)<br />
"O artigo 322 <strong>do</strong> Código Penal, que tipifica o crime <strong>de</strong> violência arbitrária, não<br />
foi revoga<strong>do</strong> pelo artigo 3º, alínea i da Lei n. 4.898/65 (Lei <strong>de</strong> Abuso <strong>de</strong><br />
Autorida<strong>de</strong>). Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 87.478, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong><br />
25-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09)<br />
"Recorrente con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pela infração <strong>do</strong> artigo 334, caput, <strong>do</strong> Código Penal<br />
(<strong>de</strong>scaminho). Princípio da insignificância reconheci<strong>do</strong> pelo Tribunal <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>,<br />
<strong>em</strong> razão da pouca expressão econômica <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s tributos iludi<strong>do</strong>s, mas<br />
não aplica<strong>do</strong> ao caso <strong>em</strong> exame porque o réu, ora apelante, possuía registro<br />
<strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes criminais. Habeas corpus <strong>de</strong> ofício. Para a incidência <strong>do</strong><br />
43
princípio da insignificância só <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s aspectos objetivos da<br />
infração praticada. Reconhecer a existência <strong>de</strong> bagatela no fato pratica<strong>do</strong><br />
significa dizer que o fato não t<strong>em</strong> relevância para o Direito Penal.<br />
Circunstâncias <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m subjetiva, como a existência <strong>de</strong> registro <strong>de</strong><br />
antece<strong>de</strong>ntes criminais, não po<strong>de</strong>m obstar ao julga<strong>do</strong>r a aplicação <strong>do</strong> instituto."<br />
(RE 514.531, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 6-3-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.309, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 24-3-09, 1ª Turma, DJE 24-4-09; HC 93.482, Rel. Min. Celso <strong>de</strong><br />
Mello, julgamento <strong>em</strong> 7-10-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-3-09.<br />
“A causa <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena <strong>do</strong> § 2º <strong>do</strong> art. 327 <strong>do</strong> Código Penal se aplica<br />
aos agentes <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> mandato eletivo. Interpretação sist<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> art.<br />
327 <strong>do</strong> Código Penal. Teleologia da norma. A admissibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>núncia se<br />
afere quan<strong>do</strong> satisfeitos os requisitos <strong>do</strong> artigo 41, s<strong>em</strong> que ela, <strong>de</strong>núncia,<br />
incorra nas improprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> artigo 43 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal. Na<br />
concreta situação <strong>do</strong>s autos, a <strong>de</strong>núncia increpa ao <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> o retardamento<br />
<strong>de</strong> ato <strong>de</strong> ofício por suposto ‘espírito <strong>de</strong> corpo’. A mera referência ao<br />
corporativismo não concretiza o el<strong>em</strong>ento subjetivo <strong>do</strong> tipo. Inépcia da<br />
<strong>de</strong>núncia.“ (Inq. 2.191, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 8-5-08, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 08-5-09)<br />
“É <strong>de</strong> competência da Justiça estadual processar e julgar agente público<br />
estadual acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> que trata o art. 89 da Lei n. 8.666/93,<br />
não sen<strong>do</strong> suficiente para atrair a competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral a existência<br />
<strong>de</strong> repasse <strong>de</strong> verbas <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> convênio da União com Esta<strong>do</strong>m<strong>em</strong>bro.”<br />
(HC 90.174, Rel. p/ o ac. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 4-12-<br />
07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-3-08)<br />
"A redução <strong>de</strong> vencimentos <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res públicos processa<strong>do</strong>s criminalmente<br />
coli<strong>de</strong> com o disposto nos arts. 5º, LVII, e 37, XV, da Constituição, que<br />
abrigam, respectivamente, os princípios da presunção <strong>de</strong> inocência e da<br />
irredutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vencimentos. Norma estadual não-recepcionada pela atual<br />
Carta Magna, sen<strong>do</strong> irrelevante a previsão que nela se contém <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução<br />
<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> absolvição." (RE 482.006, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 7-11-07, Plenário, DJE <strong>de</strong> 14-12-07). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.742, Rel. Min. Cármen Lúcia, <strong>de</strong>cisão monocrática,<br />
julgamento <strong>em</strong> 1º-4-09, DJE <strong>de</strong> 13-4-09.<br />
"O particular po<strong>de</strong> figurar como co-autor <strong>do</strong> crime <strong>de</strong>scrito no § 1º <strong>do</strong> art. 312<br />
<strong>do</strong> Código Penal (Peculato-furto). Isto porque, nos termos <strong>do</strong> artigo 30 <strong>do</strong> CP,<br />
‘não se comunicam as circunstâncias e as condições <strong>de</strong> caráter pessoal, salvo<br />
quan<strong>do</strong> el<strong>em</strong>entares <strong>do</strong> crime’. Se a condição <strong>de</strong> funcionário público é<br />
el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>scrito no artigo 312 <strong>do</strong> Código Penal, esta é <strong>de</strong> se<br />
comunicar ao co-autor (particular), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ciente este da condição funcional<br />
<strong>do</strong> autor. Prece<strong>de</strong>ntes: HC 74.588, Relator o Ministro Ilmar Galvão; e HC<br />
70.610, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence." (HC 90.337, Rel. Min. Carlos<br />
Britto, julgamento <strong>em</strong> 19-6-07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-9-07)<br />
"Peculato e concussão. Exasperação da pena-base <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>lega<strong>do</strong> exerci<strong>do</strong> pelo paciente. Os crimes <strong>de</strong>scritos nos artigos 312 e 316 <strong>do</strong><br />
44
Código Penal são <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> mão própria; só po<strong>de</strong>m ser pratica<strong>do</strong>s por<br />
funcionário público. O legisla<strong>do</strong>r foi mais severo, relativamente aos crimes<br />
patrimoniais, ao cominar pena <strong>em</strong> abstrato <strong>de</strong> 2 (<strong>do</strong>is) a 12 (<strong>do</strong>ze) anos para o<br />
crime <strong>de</strong> peculato, consi<strong>de</strong>rada a pena <strong>de</strong> 1 (um) a 4 (quatro) anos para o<br />
crime congênere <strong>de</strong> furto. Daí que o acréscimo da pena-base, com fundamento<br />
no cargo exerci<strong>do</strong> pelo paciente, configura bis in i<strong>de</strong>m. A Primeira Turma <strong>de</strong>sta<br />
Corte, no julgamento <strong>do</strong> HC n. 83.510, Rel. o Ministro Carlos Britto, fixou o<br />
entendimento <strong>de</strong> que a condição <strong>de</strong> Prefeito Municipal não po<strong>de</strong> ser<br />
consi<strong>de</strong>rada como circunstância judicial para elevar a pena-base. Substituin<strong>do</strong><br />
o cargo <strong>de</strong> prefeito pelo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>, a hipótese <strong>de</strong>stes autos é a mesma." (HC<br />
88.545, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 12-6-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 31-8-07)<br />
"Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> notificação prévia (CPrPenal, art. 514). É da jurisprudência <strong>do</strong><br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal (v.g. HC 73.099, 1ª T., 3-10-95, Moreira, DJ <strong>de</strong> 17-5-96) que<br />
o procedimento previsto nos arts. 513 e seguintes <strong>do</strong> C.Pr.Penal se reserva<br />
aos casos <strong>em</strong> que a <strong>de</strong>núncia veicula tão-somente crimes funcionais típicos<br />
(C.Penal, arts. 312 a 326). (...) Ao julgar o HC 85.779, Gilmar, Inf.<strong>STF</strong> 457, o<br />
plenário <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> entendimento anterior da<br />
jurisprudência, assentou, como obter dictum, que o fato <strong>de</strong> a <strong>de</strong>núncia se ter<br />
respalda<strong>do</strong> <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> informação colhi<strong>do</strong>s no inquérito policial, não<br />
dispensa a obrigatorieda<strong>de</strong> da notificação prévia (CPP, art. 514) <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>."<br />
(HC 89.686, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 12-6-07, 1ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 17-8-07). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 95.969, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 12-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-6-09; HC 96.058,<br />
Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 17-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09.<br />
"Evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que o Ministério Público requereu a extinção da punibilida<strong>de</strong><br />
quanto ao crime <strong>de</strong> peculato culposo, pela reparação <strong>do</strong> dano, e não <strong>em</strong><br />
relação ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> peculato-furto, a correção <strong>de</strong>sse erro material não<br />
configura, conforme entendimento pacifica<strong>do</strong> nesta Corte, ofensa à coisa<br />
julgada. De mais a mais, a reparação <strong>do</strong> dano só é causa <strong>de</strong> extinção da<br />
punibilida<strong>de</strong> no peculato culposo (CPM, art. 303, §§ 3º e 4º), não no peculatofurto<br />
(CPM, art. 303, § 2º)." (HC 90.012, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 6-<br />
2-07, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-3-07)<br />
"Crime <strong>de</strong> frau<strong>de</strong> processual. (...) O art. 347 <strong>do</strong> Código Penal contém duas<br />
normas autônomas: a <strong>do</strong> caput, que pune artifício ten<strong>de</strong>nte a produzir efeitos<br />
<strong>em</strong> processo civil ou procedimento administrativo já <strong>em</strong> curso; e a <strong>do</strong> parágrafo<br />
único, que pune ato volta<strong>do</strong> a produzir efeitos <strong>em</strong> processo criminal, ainda que<br />
não inicia<strong>do</strong>. (...) Interpretação conjugada <strong>do</strong>s arts. 211 e 347, § único, <strong>do</strong> CP.<br />
O suposto homicida que, para ocultar o cadáver, apaga ou elimina vestígios <strong>de</strong><br />
sangue, não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> pela prática, <strong>em</strong> concurso, <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong><br />
frau<strong>de</strong> processual penal e ocultação <strong>de</strong> cadáver, senão apenas <strong>de</strong>ste, <strong>do</strong> qual<br />
aquele constitui mero ato executório." (HC 88.733, Rel. p/ o ac. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 17-10-06, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 15-12-06)<br />
"Peculato pratica<strong>do</strong> por militar. (...) A circunstância <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> lesão<br />
patrimonial <strong>de</strong> pequena monta, que se convencionou chamar crime <strong>de</strong><br />
bagatela, autoriza a aplicação <strong>do</strong> princípio da insignificância, ainda que se trate<br />
<strong>de</strong> crime militar. Hipótese <strong>em</strong> que o paciente não <strong>de</strong>volveu à Unida<strong>de</strong> Militar<br />
45
um fogão avalia<strong>do</strong> <strong>em</strong> R$ 455,00 (quatrocentos e cinqüenta e cinco) reais.<br />
Relevante, a<strong>de</strong>mais, a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> aconselha<strong>do</strong>, pelo seu<br />
Comandante, a ficar com o fogão como forma <strong>de</strong> ressarcimento <strong>de</strong> benfeitorias<br />
que fizera no imóvel funcional. Da mesma forma, é significativo o fato <strong>de</strong> o<br />
valor correspon<strong>de</strong>nte ao b<strong>em</strong> ter si<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong> ao erário. A manutenção da<br />
ação penal gerará graves conseqüências ao paciente, entre elas a<br />
impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser promovi<strong>do</strong>, traduzin<strong>do</strong>, no particular,<br />
<strong>de</strong>sproporcionalida<strong>de</strong> entre a pretensão acusatória e os gravames <strong>de</strong>la<br />
<strong>de</strong>correntes." (HC 87.478, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 29-8-06, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 23-2-07)<br />
"Não se reveste <strong>de</strong> tipicida<strong>de</strong> penal – <strong>de</strong>scaracterizan<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, o<br />
<strong>de</strong>lito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobediência (CP, art. 330) – a conduta <strong>do</strong> agente, que, <strong>em</strong>bora não<br />
aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m judicial que lhe foi dirigida, expõe-se, por efeito <strong>de</strong> tal<br />
insubmissão, ao pagamento <strong>de</strong> multa diária (astreinte) fixada pelo magistra<strong>do</strong><br />
com a finalida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong> compelir, legitimamente, o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r a cumprir o<br />
preceito. Doutrina e jurisprudência." (HC 86.254, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 25-10-05, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 10-3-06)<br />
"Crime <strong>de</strong> promoção ou facilitação <strong>de</strong> fuga <strong>de</strong> pessoa legalmente presa ou<br />
submetida a medida <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong>tentiva. (...) A violência exercida contra<br />
pessoa, prevista no § 2º <strong>do</strong> artigo 351 <strong>do</strong> Código Penal é punível a título <strong>de</strong><br />
concurso material com o crime <strong>de</strong>scrito no caput <strong>do</strong> artigo, por constituir figura<br />
<strong>de</strong>litiva autônoma. Descabe consi<strong>de</strong>rá-la como agravante ou circunstância<br />
judicial." (HC 86.566, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 25-10-05, 1ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 17-2-06)<br />
"Longe fica <strong>de</strong> configurar crime <strong>de</strong> peculato o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> verba pública <strong>em</strong><br />
obra diversa da programada, fazen<strong>do</strong>-se ausente quer a apropriação, quer o<br />
<strong>de</strong>svio <strong>em</strong> proveito próprio ou alheio. Emprego irregular <strong>de</strong> verba pública (...). A<br />
configuração <strong>do</strong> crime tipifica<strong>do</strong> no artigo 315 <strong>do</strong> Código Penal não prescin<strong>de</strong><br />
da existência <strong>de</strong> lei, <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> formal e material, a prever a <strong>de</strong>stinação da<br />
verba." (AP 375, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 27-10-04, Plenário, DJ<br />
<strong>de</strong> 17-12-04)<br />
"Supressão <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento (CP, art. 305). Violação <strong>do</strong> painel <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>. A<br />
obtenção <strong>do</strong> extrato <strong>de</strong> votação secreta, mediante alteração nos programas <strong>de</strong><br />
informática, não se amolda ao tipo penal previsto no art. 305 <strong>do</strong> CP, mas<br />
caracteriza o crime previsto no art. 313-B da Lei 9989, <strong>de</strong> 14.07.2000.<br />
Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retroação da norma penal a fatos ocorri<strong>do</strong>s anteriormente a<br />
sua vigência (CF, art. 5º, XL). Extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação ao crime <strong>de</strong><br />
violação <strong>de</strong> sigilo funcional (CP, art. 325). Denúncia rejeitada por atipicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conduta." (Inq 1.879, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 10-9-03, Plenário,<br />
DJ <strong>de</strong> 7-5-04)<br />
"Ainda <strong>em</strong> curso o inquérito policial instaura<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> notitia criminis<br />
apresentada pelo paciente, não se admite que seja ele <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> por<br />
<strong>de</strong>nunciação caluniosa substantivada na mesma <strong>de</strong>lação à Polícia: repugna à<br />
racionalida<strong>de</strong> subjacente à garantia <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal admitir-se possa<br />
o aparelho repressivo estatal, simultaneamente, estar a investigar a veracida<strong>de</strong><br />
46
<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>lação e a processar o autor <strong>de</strong>la por <strong>de</strong>nunciação caluniosa." (HC<br />
82.941, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 16-6-03, 1ª Turma, DJ<br />
<strong>de</strong> 27-6-03)<br />
"Crime <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> exação. Tipo penal. Ausência das el<strong>em</strong>entares subjetiva,<br />
consistente no ato comissivo <strong>de</strong> exigir-se tributo ou contribuição social que<br />
sabe ou <strong>de</strong>veria saber in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, e objetiva, por não se enquadrar a taxa <strong>de</strong><br />
iluminação pública na categoria <strong>de</strong> imposto. Atipicida<strong>de</strong> da conduta. Absolvição<br />
<strong>do</strong> paciente. Prece<strong>de</strong>ntes." (RHC 81.747, Rel. Min. Maurício Corrêa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 16-4-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 29-8-03)<br />
"Advoga<strong>do</strong> que instrui test<strong>em</strong>unha a prestar <strong>de</strong>poimento inverídico nos autos<br />
<strong>de</strong> reclamação trabalhista. Conduta que contribuiu moralmente para o crime,<br />
fazen<strong>do</strong> nascer no agente a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Art. 29 <strong>do</strong> CP. Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
co-autoria. Relevância <strong>do</strong> objeto jurídico tutela<strong>do</strong> pelo art. 342 <strong>do</strong> CP: a<br />
administração da justiça, no tocante à veracida<strong>de</strong> das provas e ao prestígio e<br />
serieda<strong>de</strong> da sua coleta. Relevância robustecida quan<strong>do</strong> o partícipe é<br />
advoga<strong>do</strong>, figura indispensável à administração da justiça (art. 133 da CF).<br />
Circunstâncias que afastam o entendimento <strong>de</strong> que o partícipe só respon<strong>de</strong><br />
pelo crime <strong>do</strong> art. 343 <strong>do</strong> CP." (RHC 81.327, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento<br />
<strong>em</strong> 11-12-01, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 5-4-02)<br />
"Falso test<strong>em</strong>unho. Alegada menorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> paciente, quan<strong>do</strong> da ocorrência <strong>do</strong><br />
crime. Alegação improce<strong>de</strong>nte, <strong>em</strong> face da prova contida nos autos. O<br />
paciente, todavia, foi ouvi<strong>do</strong> como simples <strong>de</strong>clarante <strong>em</strong> inquérito policial, na<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> co-autor, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> figurar como sujeito ativo <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> falso<br />
test<strong>em</strong>unho." (HC 75.599, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 2-9-97, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 10-10-97)<br />
"Crime contra a administração da justiça: Falso test<strong>em</strong>unho, art. 342 <strong>do</strong> Código<br />
Penal. Test<strong>em</strong>unha que não prestou compromisso <strong>em</strong> processo civil por ser<br />
prima da parte, mas que foi advertida <strong>de</strong> que suas <strong>de</strong>clarações po<strong>de</strong>riam<br />
caracterizar ilícito penal. A formalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> compromisso não mais integra o tipo<br />
<strong>do</strong> crime <strong>de</strong> falso test<strong>em</strong>unho, diversamente <strong>do</strong> que ocorria no primeiro Código<br />
Penal da República, Decreto 847, <strong>de</strong> 11/10/1890. Qu<strong>em</strong> não é obriga<strong>do</strong> pela lei<br />
a <strong>de</strong>por como test<strong>em</strong>unha, mas que se dispõe a fazê-lo e é adverti<strong>do</strong> pelo Juiz,<br />
mesmo s<strong>em</strong> ter presta<strong>do</strong> compromisso po<strong>de</strong> ficar sujeito as penas <strong>do</strong> crime <strong>de</strong><br />
falso test<strong>em</strong>unho. Prece<strong>de</strong>nte: HC n. 66.511-0, 1ª Turma." (HC 69.358, Rel.<br />
Min. Paulo Brossard, julgamento <strong>em</strong> 30-3-93, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 9-12-94)<br />
"Crime <strong>de</strong> falso test<strong>em</strong>unho. Esse <strong>de</strong>lito se caracteriza pela mera<br />
potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dano a administração da justiça, sen<strong>do</strong>, portanto, crime<br />
formal que se consuma com o <strong>de</strong>poimento falso, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da<br />
produção <strong>do</strong> efetivo resulta<strong>do</strong> material a que visou o agente. Por isso, como<br />
acentua<strong>do</strong> no RHC 58.039 (RTJ 95/573), a extinção da punibilida<strong>de</strong>, por<br />
prescrição <strong>de</strong>clarada no processo que teria havi<strong>do</strong> a prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> falso<br />
test<strong>em</strong>unho não impe<strong>de</strong> que seja este apura<strong>do</strong> e reprimi<strong>do</strong>." (RE 112.808, Rel.<br />
Min. Moreira Alves, julgamento <strong>em</strong> 28-8-87, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 11-12-87)<br />
47
Crimes Contra a Dignida<strong>de</strong> Sexual<br />
“No crime <strong>de</strong> estupro, pratica<strong>do</strong> mediante violência real, a ação penal é pública<br />
incondicionada.” (Súmula 608)<br />
"Direito Penal. Habeas corpus. Crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r.<br />
Continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Inadmissibilida<strong>de</strong>. Prece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>STF</strong>. Crimes<br />
pratica<strong>do</strong>s contra vítimas diferentes. Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>negada. Esta corte já teve<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solucionar a questão controvertida na esfera <strong>do</strong>utrinária,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser colaciona<strong>do</strong>s julga<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ‘não há falar <strong>em</strong><br />
continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r’ (HC<br />
nº 70.427/RJ, Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 24-9-1993), ainda que<br />
‘perpetra<strong>do</strong>s contra a mesma vítima’ (HC nº 68.877/RJ, Relator Ministro Ilmar<br />
Galvão, 1ª Turma, DJ 21-2-1992). Além disso, consoante se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da<br />
sentença con<strong>de</strong>natória, os crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r<br />
foram cometi<strong>do</strong>s contra duas filhas menores <strong>do</strong> paciente, ou seja, contra<br />
vítimas diferentes, haven<strong>do</strong>, portanto, completa autonomia entre as condutas<br />
praticadas." (HC 96.942, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 90.922, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
"A questão <strong>de</strong> direito argüida neste habeas corpus correspon<strong>de</strong> à possível<br />
nulida<strong>de</strong> da perícia realizada na pretensa vítima <strong>do</strong>s crimes previstos nos arts.<br />
213 e 214, ambos <strong>do</strong> Código Penal, a contaminar a sentença e o acórdão que<br />
concluíram no senti<strong>do</strong> da con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> paciente. Nos crimes contra a<br />
liberda<strong>de</strong> sexual cometi<strong>do</strong>s mediante grave ameaça ou com violência<br />
presumida, não se exige, obrigatoriamente, o exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito direto,<br />
porque tais infrações penais, quan<strong>do</strong> praticadas nessas circunstâncias (com<br />
violência moral ou com violência ficta), n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>ixam vestígios materiais.<br />
O exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito indireto, funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> prova test<strong>em</strong>unhal idônea<br />
e/ou <strong>em</strong> outros meios <strong>de</strong> prova consistentes (CPP, art. 167) revela-se legítimo,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, por não mais subsistir<strong>em</strong> vestígios sensíveis <strong>do</strong> fato <strong>de</strong>lituoso, não<br />
se viabilize a realização <strong>do</strong> exame direto." (HC 85.955, Rel. Min. Ellen Gracie,<br />
julgamento <strong>em</strong> 5-8-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 22-8-08)<br />
“A <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça, questionada neste habeas<br />
corpus, está <strong>em</strong> perfeita consonância com o entendimento <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o<br />
sobre a hedion<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r, mesmo<br />
que pratica<strong>do</strong>s na sua forma simples. Não há sustentação jurídica nos<br />
argumentos apresenta<strong>do</strong>s pelo Impetrante para assegurar a concessão <strong>do</strong><br />
benefício <strong>de</strong> livramento condicional ao Paciente, pois não satisfeito o requisito<br />
objetivo <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> 2/3 da pena imposta.” (HC 90.706, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 6-3-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 96.260, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 2-10-09.<br />
“Os <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> estupro e <strong>de</strong> atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r, ainda que <strong>em</strong> sua<br />
forma simples, configuram modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crime hedion<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> irrelevante –<br />
para efeito <strong>de</strong> incidência das restrições fundadas na Constituição da República<br />
(art. 5º, XLIII) e na Lei n. 8.072/90 (art. 2º) – que a prática <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>sses<br />
48
ilícitos penais tenha causa<strong>do</strong>, ou não, lesões corporais <strong>de</strong> natureza grave ou<br />
morte, que traduz<strong>em</strong>, nesse contexto, resulta<strong>do</strong>s qualifica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tipo penal,<br />
não constituin<strong>do</strong>, por isso mesmo, el<strong>em</strong>entos essenciais e necessários ao<br />
reconhecimento <strong>do</strong> caráter hedion<strong>do</strong> <strong>de</strong> tais infrações <strong>de</strong>lituosas.” (HC 82.235,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 24-9-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-2-03).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.778, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 23-6-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 2-10-09; HC 95.705, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09; HC 81.408, Rel. Min.<br />
Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 5-2-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 3-5-02; HC 81.288,<br />
Rel. p/ o ac. Min. Carlos Velloso, julgamento <strong>em</strong> 17-12-01, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 25-<br />
4-03.<br />
<strong>Jurisprudência</strong> anterior<br />
"É pacífica a jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o<br />
eventual consentimento da ofendida, menor <strong>de</strong> 14 anos, para a conjunção<br />
carnal e mesmo sua experiência anterior, não eli<strong>de</strong>m a presunção <strong>de</strong> violência,<br />
para a caracterização <strong>do</strong> estupro." (HC 94.818, Rel. Min. Ellen Gracie,<br />
julgamento <strong>em</strong> 24-6-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-8-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
99.993, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 11-12-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 73.662, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 21-5-96, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 20-9- 96.<br />
"Violência presumida. Representação. Embriaguez da representante. Art. 39 <strong>do</strong><br />
Código <strong>de</strong> Processo Penal. Art. 227, caput, e § 4º, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral. (...)<br />
Os princípios constitucionais constantes <strong>do</strong> art. 227 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />
justificam a <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rigor formal para a representação para fins<br />
penais, no caso <strong>de</strong> atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r." (HC 93.535, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 27-5-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-08)<br />
“A jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte está sedimentada no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que estupro e<br />
atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r configuram concurso material e não crime<br />
continua<strong>do</strong>.” (HC 89.770, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 10-10-06, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 6-11-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 86.238, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 18-6-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 95.705, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09; HC<br />
96.959, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 17-4-09; RE 589.794, Rel. Min. Menezes Direito, <strong>de</strong>cisão monocrática,<br />
julgamento <strong>em</strong> 2-3-09, DJE <strong>de</strong> 12-3-09; HC 71.399, Rel. Min. Sidney Sanches,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-8-94, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-9-94. Vi<strong>de</strong>: HC 96.942, Rel. Min.<br />
Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09.<br />
"São processa<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> ação penal pública condicionada à<br />
representação, os crimes contra a liberda<strong>de</strong> sexual cometi<strong>do</strong>s contra vítima<br />
que não po<strong>de</strong> suportar as <strong>de</strong>spesas <strong>do</strong> processo. A miserabilida<strong>de</strong> da vítima<br />
prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração formal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, inclusive, ser presumida. (...) Há<br />
violência presumida nos crimes contra a liberda<strong>de</strong> sexual, quan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>lito é<br />
cometi<strong>do</strong> mediante violência moral, praticada <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>or reverencial,<br />
49
que retira da vítima a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, diante <strong>do</strong> respeito e obediência<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ao ofensor." (HC 88.387, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento<br />
<strong>em</strong> 10-10-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-11-06)<br />
"Crimes sexuais mediante violência ou grave ameaça (C. Pen., arts. 213 e<br />
214): presunção <strong>de</strong> violência, se a vítima não é maior <strong>de</strong> 14 anos (C. Pen., art.<br />
224, a): caráter absoluto da presunção, que não é inconstitucional, visto não se<br />
tratar <strong>de</strong> presunção <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente, mas <strong>de</strong> afirmação da<br />
incapacida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> menor <strong>de</strong> até 14 anos para consentir na prática<br />
sexual: análise da jurisprudência <strong>do</strong> <strong>STF</strong> - após a <strong>de</strong>cisão isolada <strong>do</strong> HC<br />
73.662, <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> contrário - conforme julga<strong>do</strong>s posteriores <strong>de</strong> ambas as<br />
Turmas (HC 74.286, 1ª T., 22.10.96, Sanches, RTJ 163/291; HC 75.608,<br />
10.02.98, Jobim, DJ 27.03.98): orientação jurispru<strong>de</strong>ncial, entretanto, que não<br />
eli<strong>de</strong> a exigência, nos crimes referi<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> <strong>do</strong>lo <strong>do</strong> sujeito ativo, erro justifica<strong>do</strong><br />
quanto à ida<strong>de</strong> da vítima po<strong>de</strong> excluir." (HC 81.268, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 16-10-01, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 16-11-02)<br />
"Nos crimes contra os costumes, a ação penal, <strong>de</strong> regra, é privada (CP, art.<br />
225). Quan<strong>do</strong>, entretanto, a vítima for menor <strong>de</strong> quatorze anos e o crime<br />
cometi<strong>do</strong> com abuso <strong>do</strong> pátrio po<strong>de</strong>r ou da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padrasto, tutor ou<br />
cura<strong>do</strong>r, a ação penal torna-se pública incondicionada (CP, art. 225, § 1º, II). A<br />
condição <strong>de</strong> padrasto prescin<strong>de</strong> da análise <strong>de</strong> qualquer circunstância havida<br />
anteriormente à nova socieda<strong>de</strong> conjugal, referente a casamento da mãe com<br />
o pai da menor. Hipótese <strong>em</strong> que o Ministério Público t<strong>em</strong> legitimida<strong>de</strong> para<br />
intentar a ação penal, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> representação." (HC 80.378, Rel.<br />
Min. Nelson Jobim, julgamento <strong>em</strong> 5-12-00, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 16-2-01)<br />
"Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito contra os costumes, a palavra da ofendida ganha<br />
especial relevo. Aliada aos exames periciais, ili<strong>de</strong> o argumento da negativa <strong>de</strong><br />
autoria. O erro quanto à ida<strong>de</strong> da ofendida é o que a <strong>do</strong>utrina chama <strong>de</strong> erro <strong>de</strong><br />
tipo, ou seja o erro quanto a um <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos integrantes <strong>do</strong> erro <strong>do</strong> tipo. A<br />
jurisprudência <strong>do</strong> tribunal reconhece a atipicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fato somente quan<strong>do</strong> se<br />
<strong>de</strong>monstra que a ofendida aparenta ter ida<strong>de</strong> superior a 14 (quatorze) anos.<br />
Prece<strong>de</strong>ntes. No caso, era <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> réu que a ofendida tinha 12<br />
(<strong>do</strong>ze) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> menor <strong>de</strong> 14 (quatorze) anos, a<br />
violência, como el<strong>em</strong>ento <strong>do</strong> tipo, é presumida. Eventual experiência anterior<br />
da ofendida não t<strong>em</strong> força para <strong>de</strong>scaracterizar essa presunção legal.<br />
Prece<strong>de</strong>ntes. A<strong>de</strong>mais, a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong>sregra<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma<br />
menina <strong>de</strong> 12 (<strong>do</strong>ze) anos implica <strong>em</strong> revolver o contexto probatório. Inviável<br />
<strong>em</strong> Habeas. O casamento da ofendida com terceiro, no curso da ação penal, é<br />
causa <strong>de</strong> extinção da punibilida<strong>de</strong> (CP, art. 107, VIII). Por analogia, po<strong>de</strong>r-se-ia<br />
admitir, também, o concubinato da ofendida com terceiro. Entretanto, tal<br />
alegação <strong>de</strong>ve ser feita antes <strong>do</strong> trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> da <strong>de</strong>cisão con<strong>de</strong>natória.<br />
O recorrente só fez após o trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong>." (RHC 79.788, Rel. Min. Nelson<br />
Jobim, julgamento <strong>em</strong> 2-5-00, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 17-8-01)<br />
"Ambas as Turmas <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral consi<strong>de</strong>ram a não-ocorrência<br />
<strong>de</strong> bis in i<strong>de</strong>m no reconhecimento da causa <strong>de</strong> aumento <strong>do</strong> art. 9º da Lei nº<br />
8.072/90, <strong>em</strong> face <strong>de</strong> ser a vítima menor <strong>de</strong> quatorze anos, nos crimes <strong>de</strong><br />
estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r tipifica<strong>do</strong> pela violência presumida (art.<br />
50
224, alínea a, <strong>do</strong> Código Penal)." (HC 76.004, Rel. Min. Ilmar Galvão,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-5-98, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 21-8-98). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
74.780, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 11-11-97, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-<br />
2-98.<br />
"O estupro pressupõe o constrangimento <strong>de</strong> mulher à conjunção carnal,<br />
mediante violência ou grave ameaça – artigo 213 <strong>do</strong> Código Penal. A<br />
presunção <strong>de</strong>sta última, por ser a vítima menor <strong>de</strong> 14 anos, é relativa.<br />
Confessada ou <strong>de</strong>monstrada a aquiescência da mulher e exsurgin<strong>do</strong> da prova<br />
<strong>do</strong>s autos a aparência, física e mental, <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> pessoa com ida<strong>de</strong><br />
superior aos 14 anos, impõe-se a conclusão sobre a ausência <strong>de</strong> configuração<br />
<strong>do</strong> tipo penal. Alcance <strong>do</strong>s artigos 213 e 224, alínea a, <strong>do</strong> Código Penal." (HC<br />
73.662, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 21-5-96, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 20-9-<br />
96). Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 94.818, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
24-6-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-8-08.<br />
"Não constitui nulida<strong>de</strong> a falta da certidão <strong>de</strong> nascimento ou <strong>de</strong> perícia médica<br />
que comprove a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> menor estuprada, se a presunção <strong>de</strong> violência<br />
resultou <strong>do</strong> livre convencimento <strong>do</strong> juiz, diante <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> prova<br />
reuni<strong>do</strong>s nos autos. Não e <strong>em</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> habeas corpus que se elidirão as razões<br />
que se enten<strong>de</strong>m com matéria <strong>de</strong> prova, inexaminavel no writ." (HC 69.084,<br />
Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 10-8-92, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 3-4-92)<br />
Crimes Contra a Fé Pública<br />
"Crime <strong>de</strong> falso. (...) Ausência <strong>de</strong> informações na GFIP <strong>do</strong> INSS. (...) Até o<br />
advento da Medida Provisória 83/02 as Prefeituras não estavam obrigadas a<br />
reter e recolher as contribuições previ<strong>de</strong>nciárias <strong>do</strong>s contribuintes individuais.<br />
Não comete o crime <strong>do</strong> art. 297, § 4º, <strong>do</strong> Código Penal, o Prefeito Municipal<br />
que, anteriormente à entrada <strong>em</strong> vigor da MP 83/02, não <strong>de</strong>terminou a inclusão<br />
na GFIP da totalida<strong>de</strong> das r<strong>em</strong>unerações pagas aos contribuintes individuais."<br />
(AP 462, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 25-6-09, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 9-10-09)<br />
“A Lei nº 9.983/2000 acrescentou os §§ 3º e 4º ao art. 297, <strong>do</strong> Código Penal,<br />
para incriminar condutas <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica <strong>em</strong> <strong>do</strong>cumentos e papéis<br />
relaciona<strong>do</strong>s com a Previdência Social, substituin<strong>do</strong> o art. 95, alíneas g, h e i,<br />
da Lei nº 8.213/91. O objeto jurídico protegi<strong>do</strong> é a fé pública, <strong>em</strong> especial a<br />
veracida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos relaciona<strong>do</strong>s à Previdência Social. Ou seja, o<br />
sujeito passivo é, primeiramente, o Esta<strong>do</strong> e, <strong>em</strong> caráter subsidiário, o<br />
segura<strong>do</strong> e seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que vier<strong>em</strong> a ser prejudica<strong>do</strong>s. A norma penal<br />
prevista no art. 297, § 4º, exige a lisura na relação estabelecida pelo<br />
<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>r com o órgão da Previdência Social, constituin<strong>do</strong> os assentamentos<br />
da CTPS os parâmetros legítimos para os cálculos contributivos. O segura<strong>do</strong>,<br />
por sua vez, é protegi<strong>do</strong> porque somente a partir <strong>de</strong> informações válidas serão<br />
alcança<strong>do</strong>s benefícios igualmente váli<strong>do</strong>s. Não se po<strong>de</strong> negar, portanto, a<br />
existência <strong>de</strong> um interesse específico da União, já que se t<strong>em</strong> um dano<br />
potencial aos serviços fe<strong>de</strong>rais que têm a privativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua expedição,<br />
51
estan<strong>do</strong> a eles necessariamente vincula<strong>do</strong>s. Dessarte, sen<strong>do</strong> o b<strong>em</strong> jurídico<br />
tutela<strong>do</strong> a fé pública e o sujeito passivo a Previdência Social, é inegável a<br />
aplicação <strong>do</strong> art. 109, IV, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, significa dizer, a atribuição é<br />
<strong>do</strong> Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral.” (ACO 1.282, Rel. Min. Eros Grau, <strong>de</strong>cisão<br />
monocrática, julgamento <strong>em</strong> 2-2-09, DJE <strong>de</strong> 6-2-09). Vi<strong>de</strong>: HC 84.533, Rel.<br />
Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 14-9-04, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-6-06.<br />
"Con<strong>de</strong>nação. Concurso material. Crimes <strong>de</strong> exercício ilegal da arte<br />
farmacêutica e <strong>de</strong> curan<strong>de</strong>irismo. Inadmissibilida<strong>de</strong>. (...) Pacientes não<br />
ignorantes n<strong>em</strong> incultos. (...) Excluin<strong>do</strong>-se, entre si, os tipos previstos nos arts.<br />
282 e 284 <strong>do</strong> Código Penal, <strong>do</strong>s quais só o primeiro se ajustaria aos fatos<br />
<strong>de</strong>scritos na <strong>de</strong>núncia, <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>lito absolve-se o réu, quan<strong>do</strong> não tenha havi<strong>do</strong><br />
perícia nas substâncias apreendidas." (HC 85.718, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-12-08)<br />
“Moeda falsa. Art. 289, § 1º, <strong>do</strong> Código Penal. Dez notas <strong>de</strong> pequeno valor.<br />
Princípio da insignificância. Inaplicabilida<strong>de</strong>. Desvalor da ação e <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>.<br />
Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quantificação econômica da fé pública efetivamente<br />
lesionada. Desnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dano efetivo ao b<strong>em</strong> supra-individual. Or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>negada. A aplicação <strong>do</strong> princípio da insignificância <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a tornar a<br />
conduta atípica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> que esta seja a tal ponto <strong>de</strong>spicienda que não seja<br />
razoável a imposição da sanção. Mostra-se, todavia, cabível, na espécie, a<br />
aplicação <strong>do</strong> disposto no art. 289, § 1º, <strong>do</strong> Código Penal, pois a fé pública a<br />
que o Título X da Parte Especial <strong>do</strong> CP se refere foi vulnerada. Em relação à<br />
credibilida<strong>de</strong> da moeda e <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a financeiro, o tipo exige apenas que estes<br />
bens sejam coloca<strong>do</strong>s <strong>em</strong> risco, para a imposição da reprimenda. Os limites da<br />
culpabilida<strong>de</strong> e a proporcionalida<strong>de</strong> na aplicação da pena foram observa<strong>do</strong>s<br />
pelo julga<strong>do</strong>r monocrático, que substituiu a privação da liberda<strong>de</strong> pela restrição<br />
<strong>de</strong> direitos, <strong>em</strong> grau mínimo.” (HC 93.251, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski,<br />
julgamento <strong>em</strong> 5-8-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 22-8-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
96.153, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 26-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-<br />
6-09.<br />
"Deve a <strong>de</strong>núncia ser recebida, quanto ao crime <strong>de</strong>scrito no art. 304, c/c o art.<br />
71 <strong>do</strong> Código Penal, porque presentes da<strong>do</strong>s concretos a evi<strong>de</strong>nciar que a<br />
carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> apontada como falsa, da qual o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> era porta<strong>do</strong>r,<br />
foi usada para fazer procuração e substabelecimento públicos, b<strong>em</strong> como para<br />
alterar contrato social <strong>de</strong> pessoa jurídica. A existência <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />
convicção a indicar que o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> obteve um segun<strong>do</strong> CPF, mediante<br />
falsida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica, consistente <strong>em</strong> <strong>de</strong>clarar nome diverso <strong>do</strong> verda<strong>de</strong>iro,<br />
impõe o recebimento da <strong>de</strong>núncia também <strong>em</strong> relação ao crime previsto no art.<br />
299 <strong>do</strong> Código Penal." (Inq 1.695, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong><br />
18-6-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 28-8-09)<br />
"O uso <strong>do</strong>s papéis falsifica<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> pelo próprio autor da<br />
falsificação, configura post factum não punível, mero exaurimento <strong>do</strong> crimen<br />
falsi, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o falsário, <strong>em</strong> tal hipótese, pelo <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> falsificação <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>cumento público (CP, art. 297) ou, conforme o caso, pelo crime <strong>de</strong><br />
falsificação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento particular (CP, art. 298). Doutrina. Prece<strong>de</strong>ntes<br />
(<strong>STF</strong>). Reconhecimento, na espécie, da competência <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário local,<br />
52
eis que inocorrente, quanto ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> falsificação <strong>do</strong>cumental, qualquer das<br />
situações a que se refere o inciso IV <strong>do</strong> art. 109 da Constituição da República.<br />
Irrelevância <strong>de</strong> o <strong>do</strong>cumento falsifica<strong>do</strong> haver si<strong>do</strong> ulteriormente utiliza<strong>do</strong>, pelo<br />
próprio autor da falsificação, perante repartição pública fe<strong>de</strong>ral, pois, tratan<strong>do</strong>se<br />
<strong>de</strong> post factum impunível, não há como afirmar-se caracterizada a<br />
competência penal da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, eis que inexistente, <strong>em</strong> tal hipótese, fato<br />
<strong>de</strong>lituoso a reprimir." (HC 84.533, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 14-<br />
9-04, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-6-09<br />
"O crime <strong>de</strong> moeda falsa exige, para sua configuração, que a falsificação não<br />
seja grosseira. A moeda falsificada há <strong>de</strong> ser apta à circulação como se<br />
verda<strong>de</strong>ira fosse. Se a falsificação for grosseira a ponto <strong>de</strong> não ser hábil a<br />
ludibriar terceiros, não há crime <strong>de</strong> estelionato." (HC 83.526, Rel. Min. Joaquim<br />
Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 16-3-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 7-5-04)<br />
Crimes Contra a Pessoa<br />
“Há crime <strong>de</strong> latrocínio, quan<strong>do</strong> o homicídio se consuma, ainda que não se<br />
realize o agente a subtração <strong>de</strong> bens da vítima.” (Súmula 610)<br />
"A Turma <strong>de</strong>feriu habeas corpus para anular o recebimento <strong>de</strong> exceção <strong>de</strong><br />
verda<strong>de</strong>, dada a sua int<strong>em</strong>pestivida<strong>de</strong>. No caso, juízo <strong>de</strong> primeira instância<br />
reconhecera a t<strong>em</strong>pestivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exceção <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> oposta por querela<strong>do</strong> –<br />
editor <strong>de</strong> jornal – nos autos <strong>de</strong> queixa-crime ajuizada por Deputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral,<br />
para a averiguação da suposta prática <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> calúnia, previsto no art. 20<br />
da Lei 5.250/67 (Lei <strong>de</strong> Imprensa). Discutia-se, na espécie, a ocorrência, ou<br />
não, <strong>de</strong> constrangimento ilegal ao paciente que, na condição <strong>de</strong> parlamentar,<br />
tivera recebida a exceção da verda<strong>de</strong>, oferecida <strong>em</strong> ação penal que tramita<br />
perante o primeiro grau. Observou-se, inicialmente, que o presente writ não<br />
ficaria prejudica<strong>do</strong> com o julgamento da ADPF 130/DF (j. <strong>em</strong> 30.4.2009), pois,<br />
<strong>em</strong>bora não recepcionada a Lei <strong>de</strong> Imprensa, tanto o tipo penal <strong>de</strong> calúnia<br />
quanto o instituto da exceção da verda<strong>de</strong> continuariam a existir no<br />
or<strong>de</strong>namento jurídico brasileiro, nos termos <strong>do</strong> art. 138, caput e § 3º, <strong>do</strong> CP.<br />
Ressaltou-se que, <strong>em</strong> se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> procedimento <strong>de</strong> natureza penal, o prazo<br />
para apresentação da exceção da verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser conta<strong>do</strong> da data da<br />
intimação feita à parte e não da data da juntada <strong>do</strong> manda<strong>do</strong> aos autos, nos<br />
termos <strong>do</strong> art. 798, § 5º, a, <strong>do</strong> CPP. Salientou-se, inclusive, que tal<br />
entendimento restara consolida<strong>do</strong> no Enuncia<strong>do</strong> 710 da Súmula <strong>de</strong>sta Corte<br />
(...). Desse mo<strong>do</strong>, aduziu-se que, ten<strong>do</strong> o querela<strong>do</strong> protocoliza<strong>do</strong> a exceção<br />
da verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias após sua intimação, forçoso o reconhecimento <strong>de</strong> sua<br />
int<strong>em</strong>pestivida<strong>de</strong>, já que ultrapassa<strong>do</strong> o prazo <strong>de</strong> cinco dias fixa<strong>do</strong> no art. 43,<br />
§§ 1º e 3º, da Lei 5.250/67, nos termos <strong>do</strong> art. 798, § 5º, a, <strong>do</strong> CPP. Por fim,<br />
asseverou-se que não se po<strong>de</strong>ria falar <strong>em</strong> preclusão para a verificação da<br />
t<strong>em</strong>pestivida<strong>de</strong> da exceção da verda<strong>de</strong>, pois, sen<strong>do</strong> o <strong>STF</strong> o órgão competente<br />
para o julgamento da exceção da verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ria ele, a qualquer t<strong>em</strong>po,<br />
fiscalizar o cumprimento <strong>de</strong> seus pressupostos <strong>de</strong> admissibilida<strong>de</strong>." (HC<br />
53
92.618, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, Informativo<br />
569)<br />
“Não configura crime <strong>de</strong> coação no curso <strong>do</strong> processo o simples contato <strong>de</strong><br />
familiares <strong>do</strong> réu com test<strong>em</strong>unhas arroladas no processo criminal, inexistin<strong>do</strong><br />
violência ou grave ameaça, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a test<strong>em</strong>unha rejeita,<br />
expressamente, ter-se senti<strong>do</strong> ameaçada.” (HC 87.711, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09)<br />
“(...) não se po<strong>de</strong>, mediante ato <strong>do</strong> intérprete, criar figura típica, sob pena <strong>de</strong><br />
grave e ostensiva violação ao princípio da legalida<strong>de</strong> penal. (...) a legislação<br />
penal não prevê figura <strong>de</strong> homicídio culposo qualifica<strong>do</strong> por inobservância <strong>de</strong><br />
regra técnica. Note-se que isso não significa seja a causa <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> pena<br />
inaplicável (...) mas apenas que é mister a concorrência <strong>de</strong> duas condutas<br />
distintas, uma para fundamentar a culpa, e outra para configurar a majorante.<br />
(...) o próprio conceito <strong>de</strong> negligência, enquanto fundamento da culpa imputada<br />
às ora pacientes, exige a preexistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> objetivamente<br />
atribuí<strong>do</strong> ao agente. Em outras palavras, só há <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> agir quan<strong>do</strong> haja<br />
<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>, expresso, ou não, <strong>em</strong> normas regulamentares, até porque a<br />
responsabilida<strong>de</strong> penal da omissão <strong>de</strong>corre, <strong>em</strong> última análise, <strong>do</strong> disposto no<br />
art. 13, § 2º, <strong>do</strong> Código Penal.” (HC 95.078, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-5-09)<br />
"A difamação pressupõe atribuir a outr<strong>em</strong> fato <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ofensivo à<br />
reputação. Na injúria, t<strong>em</strong>-se veiculação capaz <strong>de</strong>, s<strong>em</strong> especificida<strong>de</strong> maior,<br />
implicar ofensa à dignida<strong>de</strong> ou ao <strong>de</strong>coro." (Inq 2.543, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-6-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 7-8-08)<br />
"A tipicida<strong>de</strong> própria à calúnia pressupõe a imputação <strong>de</strong> fato <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>,<br />
revela<strong>do</strong>r <strong>de</strong> prática criminosa, não a caracterizan<strong>do</strong> palavras genéricas, muito<br />
<strong>em</strong>bora alcançan<strong>do</strong> a honra <strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário. Prece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>STF</strong>. Atipicida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> fato." (AP 428, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 12-6-08, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 28-8-09)<br />
"Injúria e difamação. (...) Ofensa a autorida<strong>de</strong>s militares fe<strong>de</strong>rais, proferidas na<br />
discussão da causa. Competência da Justiça Militar (...). (...) A jurisprudência<br />
<strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral está alinhada no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o advoga<strong>do</strong> t<strong>em</strong><br />
imunida<strong>de</strong> profissional, não constituin<strong>do</strong> injúria e difamação qualquer<br />
manifestação <strong>de</strong> sua parte no exercício <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> juízo ou fora <strong>de</strong>le,<br />
s<strong>em</strong> prejuízo <strong>de</strong> sanções disciplinares perante a Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Brasil. No caso concreto, o recorrente estava postulan<strong>do</strong> na esfera<br />
administrativa <strong>em</strong> favor <strong>de</strong> seu cliente. De outra banda, a representação feita à<br />
Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s foi arquivada, nos termos <strong>do</strong> § 2º <strong>do</strong> art. 73 da Lei n.<br />
8.906/94." (RMS 26.975, Rel.Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 1º-4-08, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 15-8-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 98.237, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 15-12-09, 2ª Turma, Informativo 572.<br />
"O tipo <strong>de</strong> calúnia exige a imputação <strong>de</strong> fato específico, que seja criminoso, e a<br />
intenção <strong>de</strong> ofen<strong>de</strong>r a honra da vítima, não sen<strong>do</strong> suficiente o animus<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndi. O tipo <strong>de</strong> difamação exige a imputação <strong>de</strong> fato específico. A<br />
54
atribuição da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> irresponsável e covar<strong>de</strong> é suficiente para a<br />
a<strong>de</strong>quação típica face ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> injúria. Presente o animus injuriandi." (Inq<br />
2.582, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 21-11-07, Plenário, DJE<br />
<strong>de</strong> 22-2-08)<br />
"Difamação. (...) Simples veiculação <strong>de</strong> fatos, objeto <strong>de</strong> representação,<br />
regularmente formalizada perante a Corrrege<strong>do</strong>ria-Geral da Justiça, contra<br />
juíza <strong>de</strong> direito não constitui crime contra a honra. Direito <strong>de</strong> informar garanti<strong>do</strong><br />
pela CF (art. 220)." (HC 85.629, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 6-9-05,<br />
2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-9-05)<br />
"A tipicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime contra a honra que é a difamação há <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida a<br />
partir <strong>do</strong> contexto <strong>em</strong> que veiculadas as expressões, caben<strong>do</strong> afastá-la quan<strong>do</strong><br />
se t<strong>em</strong> simples crítica à atuação <strong>de</strong> agente público, revelan<strong>do</strong>-a fora das<br />
balizas próprias." (Inq 2.154, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 17-12-04,<br />
Plenário, DJ <strong>de</strong> 1º-4-05)<br />
"O <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> calúnia, cometi<strong>do</strong> por militar <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> contra outro militar <strong>em</strong><br />
igual situação funcional, qualifica-se, juridicamente, como crime militar <strong>em</strong><br />
senti<strong>do</strong> impróprio (CPM, art. 9º, II, a), mesmo que essa infração penal tenha<br />
si<strong>do</strong> praticada por intermédio da imprensa, submeten<strong>do</strong>-se, <strong>em</strong> conseqüência,<br />
por efeito <strong>do</strong> que dispõe o art. 124, caput, da Constituição da República, à<br />
competência jurisdicional da Justiça castrense." (HC 80.249, Rel. Min. Celso <strong>de</strong><br />
Mello, julgamento <strong>em</strong> 31-10-00, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 7-12-00)<br />
"O art. 144 <strong>do</strong> C.P. conce<strong>de</strong> a vítima <strong>de</strong> crime contra a honra a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pedir explicações ao ofensor, <strong>em</strong> juízo, antes ou no lugar <strong>de</strong> pedir a<br />
instauração <strong>de</strong> inquérito ou <strong>de</strong> oferecer a queixa. Explicações que<br />
simplesmente negam a autoria, não convencen<strong>do</strong> o magistra<strong>do</strong>, são<br />
consi<strong>de</strong>radas insatisfatórias e viabilizam o oferecimento da queixa-crime." (HC<br />
72.286, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 28-11-95, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong><br />
16-2-96)<br />
“A intenção <strong>do</strong>losa constitui el<strong>em</strong>ento subjetivo, que, implícito no tipo penal,<br />
revela-se essencial à configuração jurídica <strong>do</strong>s crimes contra a honra. A<br />
jurisprudência <strong>do</strong>s Tribunais t<strong>em</strong> ressalta<strong>do</strong> que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> narrar ou <strong>de</strong><br />
criticar atua como fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaracterização <strong>do</strong> tipo subjetivo peculiar aos<br />
crimes contra a honra, especialmente quan<strong>do</strong> a manifestação consi<strong>de</strong>rada<br />
ofensiva <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> regular exercício, pelo agente, <strong>de</strong> um direito que lhe<br />
assiste (direito <strong>de</strong> petição) e <strong>de</strong> cuja prática não transparece o pravus animus,<br />
que constitui el<strong>em</strong>ento essencial à positivação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> calúnia,<br />
difamação e/ou injúria.” (HC 72.062, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
14-11-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 21-11-97)<br />
<strong>Jurisprudência</strong> anterior<br />
"Os arts. 43 e 57 da Lei 5.250/1967 não exig<strong>em</strong> a <strong>de</strong>gravação oficial pela<br />
Agência Nacional <strong>de</strong> Telecomunicações – ANATEL das <strong>de</strong>clarações<br />
55
supostamente criminosas proferidas <strong>em</strong> programa televisivo. Por outro la<strong>do</strong>, a<br />
ausência da notificação prevista no § 3º <strong>do</strong> art. 58 da mesma lei não po<strong>de</strong> ser<br />
invocada para argüir-se a nulida<strong>de</strong> da prova apresentada, uma vez que tal<br />
dispositivo visa exatamente a impedir a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> indícios eventualmente<br />
úteis à elucidação <strong>do</strong>s fatos, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser li<strong>do</strong> como <strong>em</strong>pecilho à utilização<br />
<strong>de</strong> outros meios <strong>de</strong> prova pelo querelante. (...) Os fatos narra<strong>do</strong>s na inicial<br />
configuram, <strong>em</strong> tese, os <strong>de</strong>litos enuncia<strong>do</strong>s na queixa-crime, existin<strong>do</strong> prova<br />
mínima da autoria e materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cometimento <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> injúria e<br />
difamação previstos nos arts. 21 e 22, combina<strong>do</strong>s com inciso II <strong>do</strong> art. 23 da<br />
Lei 5.250/1967." (Inq 2.134, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 23-3-<br />
06, Plenário, DJ <strong>de</strong> 2-2-07)<br />
"Lei <strong>de</strong> imprensa. Legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> MP para o oferecimento da <strong>de</strong>núncia,<br />
quan<strong>do</strong> a ofensa é dirigida contra parlamentar no exercício <strong>de</strong> suas funções<br />
(Lei 5.250/67, art. 40, I, b). Desnecessida<strong>de</strong> da notificação prevista no art. 57,<br />
quan<strong>do</strong> a suposta ofensa po<strong>de</strong> ser aferida mediante <strong>de</strong>gravação <strong>de</strong> fita<br />
cassete. Animus difamandi não caracteriza<strong>do</strong>. A sugestão feita <strong>em</strong> entrevista<br />
radiofônica, <strong>de</strong> que um certo fato, noticia<strong>do</strong> por outr<strong>em</strong>, supostamente<br />
difamatório, <strong>de</strong>ve ser objeto <strong>de</strong> apuração, não caracteriza crime <strong>de</strong> difamação."<br />
(Inq 2.040, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 27-5-04, Plenário, DJ <strong>de</strong> 18-<br />
6-04)<br />
"A atribuição a alguém <strong>de</strong> fato <strong>de</strong>sonroso, <strong>em</strong>bora não criminoso, constitui o<br />
crime <strong>de</strong> difamação tipifica<strong>do</strong> no art. 21 da Lei <strong>de</strong> Imprensa. De outro la<strong>do</strong>, não<br />
se evi<strong>de</strong>ncia, no caso, o el<strong>em</strong>ento subjetivo da difamação, vale dizer, o animus<br />
diffamandi vel injuriandi. Inocorrência, pois, <strong>do</strong> <strong>do</strong>lo." (Inq 2.032, Rel. Min.<br />
Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 29-10-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 6-2-04)<br />
Crimes Contra o Patrimônio<br />
“Há crime <strong>de</strong> latrocínio, quan<strong>do</strong> o homicídio se consuma, ainda que não se<br />
realize o agente a subtração <strong>de</strong> bens da vítima.” (Súmula 610)<br />
“A competência para o processo e julgamento <strong>de</strong> latrocínio é <strong>do</strong> juiz singular e<br />
não <strong>do</strong> Tribunal <strong>do</strong> Júri.” (Súmula 603)<br />
“Comprova<strong>do</strong> não ter havi<strong>do</strong> frau<strong>de</strong>, não se configura o crime <strong>de</strong> <strong>em</strong>issão <strong>de</strong><br />
cheque s<strong>em</strong> fun<strong>do</strong>s.” (Súmula 246)<br />
“A prisão cautelar <strong>do</strong> paciente foi mantida com base na garantia da or<strong>de</strong>m<br />
pública, <strong>em</strong> razão da gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito e <strong>do</strong> <strong>de</strong>sassossego social provoca<strong>do</strong><br />
pela ‘criminalida<strong>de</strong> generalizada’. Ora, cansa-se essa Corte <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir que a<br />
prisão cautelar, <strong>de</strong>cretada sob tais motivações, pa<strong>de</strong>ce <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito evi<strong>de</strong>nte e<br />
intransponível, porque os motivos invoca<strong>do</strong>s são inábeis a sustentar o <strong>de</strong>creto<br />
<strong>de</strong> prisão preventiva. Inicialmente, as referências à gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito não<br />
possu<strong>em</strong> qualquer <strong>em</strong>basamento fático. Cuida-se, afinal, da suposta prática <strong>de</strong><br />
furto tenta<strong>do</strong>, crime contra o patrimônio cometi<strong>do</strong> s<strong>em</strong> violência. Eventual<br />
con<strong>de</strong>nação resultará na aplicação <strong>de</strong> pena <strong>em</strong> regime inicial aberto, caso<br />
56
inaplicáveis os benefícios <strong>do</strong> sursis ou da substituição da pena. Ora, não se<br />
<strong>de</strong>ve olvidar a lição <strong>de</strong> Fabiana Costa Oliveira Barreto , que ao tratar <strong>de</strong> casos<br />
<strong>de</strong> prisão provisória <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> furto, ressaltou: ‘os inúmeros casos <strong>de</strong><br />
pessoas que praticam furto no Brasil e que são presas, assim permanecen<strong>do</strong><br />
por vários meses, enquanto aguardam julgamento. Para<strong>do</strong>xalmente, quan<strong>do</strong><br />
essas pessoas são julgadas, suas sentenças resultam pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente na<br />
aplicação <strong>de</strong> penas restritivas <strong>de</strong> direitos. Ou seja, pren<strong>de</strong>m-se cautelarmente<br />
os autores <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito, s<strong>em</strong> fundamento <strong>de</strong> cunho instrumental e, <strong>em</strong> muitos<br />
casos, constata-se, ao final <strong>do</strong> processo, que a pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> não<br />
é aplicada’ (...). Tais circunstâncias reforçam a impressão <strong>de</strong> que o<br />
in<strong>de</strong>ferimento <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória, funda<strong>do</strong> na gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>lito, está apoia<strong>do</strong> exclusivamente no apelo retórico ao risco à or<strong>de</strong>m pública,<br />
o que não se admite. Mesmo que se tratasse <strong>de</strong> acusação por crime grave, tal<br />
circunstância, por si só, seria inidônea a sustentar a manutenção da custódia.<br />
Com efeito, as referências à ‘criminalida<strong>de</strong> generalizada’ e ao <strong>de</strong>sassossego<br />
social provoca<strong>do</strong> pelos crimes contra o patrimônio escancaram o real<br />
fundamento da prisão preventiva nesse caso, que é antecipar a punição ao<br />
trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> <strong>de</strong> sentença con<strong>de</strong>natória. Mas o encarceramento cautelar<br />
<strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer ao critério da indispensabilida<strong>de</strong> sob a ótica instrumental, a não<br />
ser que se presuma a lesão criminosa antes <strong>de</strong> julgada a causa. E esta Corte<br />
t<strong>em</strong> afirma<strong>do</strong> que tal presunção afronta diretamente a garantia inscrita no art.<br />
5º, LVII, da Constituição da República, que não permite impor ao réu, enquanto<br />
pen<strong>de</strong>nte a causa penal, nenhuma conseqüência danosa fundada ou vinculada<br />
diretamente a um juízo <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong> (...).” (HC 100.395-MC, Rel.<br />
Min. Cezar Peluso, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 21-8-09, DJE <strong>de</strong> 27-8-<br />
09)<br />
"(...) consoante reitera<strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong>sta Corte, quan<strong>do</strong> os crimes <strong>de</strong> falso<br />
e <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento falso constitu<strong>em</strong> meramente um meio, um artifício<br />
para a obtenção da vantag<strong>em</strong> in<strong>de</strong>vida, se exaurin<strong>do</strong> no estelionato, por este é<br />
absorvi<strong>do</strong>. Em relação à frau<strong>de</strong>, induvi<strong>do</strong>so é que esta é um el<strong>em</strong>ento<br />
essencial <strong>do</strong> estelionato, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser compreendida, no caso, como um<br />
tipo penal autônomo. (...) Já <strong>em</strong> relação à imputação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> apropriação<br />
indébita, consubstanciada no fato <strong>de</strong> o extraditan<strong>do</strong> ter aliena<strong>do</strong> 20 máquinas<br />
<strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>, instaladas <strong>em</strong> sua <strong>em</strong>presa (...) não obstante as mesmas<br />
ser<strong>em</strong> objeto <strong>de</strong> ‘hipoteca’, enten<strong>do</strong> que tal fato não correspon<strong>de</strong> ao crime <strong>de</strong><br />
apropriação indébita previsto no art. 168 <strong>do</strong> Código Penal Brasileiro. (...)<br />
enten<strong>do</strong> que a dita ‘hipoteca’ na verda<strong>de</strong> se refere, no nosso or<strong>de</strong>namento<br />
jurídico, ao instituto <strong>do</strong> penhor industrial, previsto nos artigos 1.447 a 1.450 <strong>do</strong><br />
Código Civil. (...) Diante <strong>de</strong>sse entendimento, é possível concluir que a<br />
imputação feita, nesse ponto, encontra equivalente no tipo penal <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>fraudação <strong>de</strong> penhor, previsto no art. 171, § 2º, inc. III, <strong>do</strong> Código Penal<br />
brasileiro. Tal <strong>de</strong>lito é um tipo especial <strong>de</strong> estelionato e consiste na<br />
<strong>de</strong>fraudação, mediante alienação não consentida pelo cre<strong>do</strong>r, da garantia<br />
pignoratícia, quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong> a posse <strong>do</strong> objeto <strong>em</strong>penha<strong>do</strong>." (Ext 1.143, voto <strong>do</strong><br />
Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 21-8-09)<br />
"A conduta <strong>de</strong>scrita no § 1º <strong>do</strong> art. 180 <strong>do</strong> Código Penal é evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente mais<br />
gravosa <strong>do</strong> que aquela <strong>de</strong>scrita no caput <strong>do</strong> dispositivo, eis que voltada para a<br />
prática <strong>de</strong>lituosa pelo comerciante ou industrial, que, pela própria ativida<strong>de</strong><br />
57
profissional, possui maior facilida<strong>de</strong> para agir como recepta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria<br />
ilícita. Não obstante a falta <strong>de</strong> técnica na redação <strong>do</strong> dispositivo <strong>em</strong> comento, a<br />
modalida<strong>de</strong> qualificada <strong>do</strong> § 1º abrange tanto <strong>do</strong> <strong>do</strong>lo direto como o <strong>do</strong>lo<br />
eventual, ou seja, alcança a conduta <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ‘sabe’ e <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> ‘<strong>de</strong>ve saber’<br />
ser a coisa produto <strong>de</strong> crime. Ora, se o tipo pune a forma mais leve <strong>de</strong> <strong>do</strong>lo<br />
(eventual), a conclusão lógica e <strong>de</strong> que, com maior razão, também o faz <strong>em</strong><br />
relação a forma mais grave (<strong>do</strong>lo direto), ainda que não o diga expressamente.<br />
Se o <strong>do</strong>lo eventual está presente no tipo penal, parece evi<strong>de</strong>nte que o <strong>do</strong>lo<br />
direto também esteja, pois o menor se insere no maior. Deste mo<strong>do</strong>, não há<br />
que se falar <strong>em</strong> violação aos princípios da razoabilida<strong>de</strong> e da<br />
proporcionalida<strong>de</strong>, como preten<strong>de</strong> o impetrante.” (HC 97.344, Rel. Min. Ellen<br />
Gracie, julgamento <strong>em</strong> 12-5-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-5-09)<br />
"O latrocínio não consubstancia tipo autônomo. Essa pr<strong>em</strong>issa afasta a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar-se <strong>em</strong> tentativa. O § 3º <strong>do</strong> artigo 157 <strong>do</strong> Código Penal<br />
encerra causa <strong>de</strong> aumento no que, consi<strong>de</strong>rada a subtração <strong>de</strong> coisa móvel<br />
alheia mediante grave ameaça ou violência a pessoa, consagra a majoração da<br />
pena fixada no artigo quan<strong>do</strong> da citada violência resulta lesão corporal <strong>de</strong><br />
natureza grave ou morte. A pena, então, num e noutro caso, é aumentada,<br />
respectivamente, <strong>de</strong> sete a quinze anos e <strong>de</strong> vinte a trinta anos. Em outras<br />
palavras, para chegar-se à aplicação <strong>do</strong> § 3º <strong>do</strong> artigo 157, faz-se<br />
indispensável a ocorrência <strong>de</strong> lesão corporal <strong>de</strong> natureza grave ou <strong>de</strong> morte.<br />
Nesse caso, as balizas referentes à pena são outras, não mais as constantes<br />
da cabeça <strong>do</strong> artigo – <strong>de</strong> quatro a <strong>de</strong>z anos –, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser majorada<br />
consi<strong>de</strong>radas as causas <strong>de</strong> aumento previstas no § 2º <strong>do</strong> artigo 157 <strong>em</strong><br />
comento. Em síntese, não há como assentar-se a existência <strong>de</strong> crime tenta<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> se trata, na verda<strong>de</strong>, não <strong>de</strong> tipo autônomo, mas <strong>de</strong> causas <strong>de</strong><br />
aumento das penas-base e teto." (RHC 94.775, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Marco<br />
Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 7-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 77.240, Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento <strong>em</strong> 8-9-98, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 30-6-00.<br />
"À consumação <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> roubo é suficiente a verificação <strong>de</strong> que, cessada a<br />
clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> ou a violência, tenha o agente ti<strong>do</strong> a posse da coisa subtraída,<br />
ainda que retomada logo <strong>em</strong> seguida." (HC 94.243, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
95.998, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 12-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-6-<br />
09; HC 95.398, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 1ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 4-9-09; HC 96.323, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09,<br />
1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09.<br />
"Tentativa <strong>de</strong> furto. O pleito <strong>de</strong> absolvição funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
vigilância <strong>do</strong> estabelecimento comercial tornou impossível a subtração da coisa<br />
não po<strong>de</strong> vingar. A paciente e seu comparsa <strong>de</strong>ixaram o local <strong>do</strong> crime,<br />
somente sen<strong>do</strong> presos após perseguição, restan<strong>do</strong>, assim, caracterizada a<br />
tentativa <strong>de</strong> furto. Po<strong>de</strong>riam, <strong>em</strong> tese, lograr êxito no intento <strong>de</strong>lituoso. Daí que<br />
o meio para a consecução <strong>do</strong> crime não era absolutamente ineficaz." (HC<br />
95.613, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-<br />
09)<br />
58
“Roubo – Próprio e impróprio. A figura da cabeça <strong>do</strong> artigo 157 <strong>do</strong> Código<br />
Penal revela o roubo próprio. O § 1º <strong>do</strong> mesmo dispositivo consubstancia tipo<br />
diverso, ou seja, o roubo impróprio, o qual fica configura<strong>do</strong> com a subtração<br />
procedida s<strong>em</strong> grave ameaça ou violência, vin<strong>do</strong>-se a <strong>em</strong>pregá-las<br />
posteriormente contra a pessoa.” (RHC 92.430, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 26-8-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-11-08)<br />
"A jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é firme no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
configurar-se concurso formal a ação única que tenha como resulta<strong>do</strong> a lesão<br />
ao patrimônio <strong>de</strong> vítimas diversas, e não crime único: Prece<strong>de</strong>ntes." (HC<br />
91.615, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 11-9-07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-<br />
9-07)<br />
"A inexistência <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong> valor <strong>em</strong> po<strong>de</strong>r da vítima não <strong>de</strong>scaracteriza a<br />
figura típica prevista no art. 157 <strong>do</strong> Código Penal, porquanto o roubo é<br />
modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crime complexo, cuja primeira ação – a violência ou grave<br />
ameaça - constitui início <strong>de</strong> execução." (HC 78.700, Rel. Min. Ilmar Galvão,<br />
julgamento <strong>em</strong> 16-3-98, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 14-5-99)<br />
"O <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> extorsão mediante seqüestro é <strong>de</strong> natureza permanente e sua<br />
consumação se opera no local <strong>em</strong> que ocorre o seqüestro da vítima, com<br />
objetivo <strong>de</strong> obtenção da vantag<strong>em</strong>, e não no da entrega <strong>do</strong> resgate." (HC<br />
73.521, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 16-4-96, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 2-8-<br />
96)<br />
Crimes <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong><br />
"A extinção <strong>do</strong> mandato <strong>do</strong> prefeito não impe<strong>de</strong> a instauração <strong>de</strong> processo pela<br />
prática <strong>do</strong>s crimes previstos no art. 1º <strong>do</strong> Decreto-Lei 201/1967." (Súmula703)<br />
"A competência <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos<br />
crimes <strong>de</strong> competência da justiça comum estadual; nos <strong>de</strong>mais casos, a<br />
competência originária caberá ao respectivo tribunal <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau."<br />
(Súmula 702)<br />
“A Turma iniciou julgamento <strong>de</strong> habeas corpus <strong>em</strong> favor <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barga<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Paraíba <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> pela suposta prática <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>litos <strong>de</strong> quebra da or<strong>de</strong>m cronológica <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> precatórios (CF,<br />
art. 100, § 6º), <strong>de</strong> atuação <strong>em</strong> processo no qual seria suspeito por alegada<br />
amiza<strong>de</strong> íntima (Lei 1.079/50, art. 39, 2), e <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> prevaricação (CP, art.<br />
319), to<strong>do</strong>s ocorri<strong>do</strong>s enquanto exercia as funções <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte daquela<br />
Corte. Requer a impetração <strong>em</strong> síntese: a) que seja <strong>de</strong>cretada a extinção da<br />
punibilida<strong>de</strong> quanto ao crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, na medida <strong>em</strong> que a<br />
permanência no cargo <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tribunal <strong>de</strong>ve ser interpretada como<br />
condição <strong>de</strong> procedibilida<strong>de</strong> para o recebimento da <strong>de</strong>núncia; b) que seja<br />
reconhecida a ilegitimida<strong>de</strong> ativa <strong>do</strong> Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral da peça<br />
acusatória, nos termos <strong>do</strong> art. 41-A da Lei 1.079/50, uma vez que, diante da<br />
natureza distinta das infrações tipicamente penais e os <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong><br />
59
esponsabilida<strong>de</strong>, esses não po<strong>de</strong>riam ter si<strong>do</strong> cumula<strong>do</strong>s na persecução<br />
penal; c) no que se refere ao crime <strong>de</strong> prevaricação (CP, art. 319), que seja o<br />
<strong>de</strong>lito classifica<strong>do</strong> como infração <strong>de</strong> menor potencial ofensivo, para, <strong>de</strong>ste<br />
mo<strong>do</strong>, sujeitar-se à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecimento <strong>de</strong> transação penal pelo<br />
parquet. (HC 87.817, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 16-12-08, 2ª<br />
Turma, Informativo 533). Em conclusão <strong>de</strong> julgamento, a Turma in<strong>de</strong>feriu, por<br />
maioria, habeas corpus (...). No tocante ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> prevaricação, aduziu-se<br />
que, <strong>em</strong> princípio, seria possível a incidência <strong>do</strong> instituto da transação penal,<br />
porquanto a pena máxima cominada <strong>em</strong> abstrato, aplicável ao tipo, é <strong>de</strong> um<br />
ano. Todavia, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta as informações prestadas por Ministra <strong>do</strong> STJ,<br />
consignou-se que a transação penal não fora proposta pelo parquet, e,<br />
tampouco, requerida pela <strong>de</strong>fesa. Nesse diapasão, ressaltou-se que a<br />
transação penal, tal qual consubstanciada no art. 72 da Lei 9.099/95, constitui<br />
providência cabível exclusivamente na fase pré-processual, colocada à<br />
disposição tanto da parte acusatória – que po<strong>de</strong> propô-la – quanto pela <strong>de</strong>fesa<br />
– a qu<strong>em</strong> cabe reclamá-la. Ocorre que, na presente situação, o órgão acusa<strong>do</strong>r<br />
silenciara <strong>em</strong> ofertar a transação e o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> nada requerera no t<strong>em</strong>po<br />
certo, resultan<strong>do</strong> preclusa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua aplicação, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> a ação,<br />
nesse ponto, ter seu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> prosseguimento. Quanto à alegação <strong>de</strong> que a<br />
permanência no cargo <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tribunal configuraria condição <strong>de</strong><br />
procedibilida<strong>de</strong> para a propositura <strong>de</strong> ação por crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>,<br />
enfatizou-se, inicialmente, não haver controvérsia sobre a natureza da infração<br />
supostamente praticada pelo paciente – crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> —, a qual<br />
corporifica ilícito político-administrativo incluí<strong>do</strong> como causa <strong>de</strong><br />
responsabilização na Lei 1.079/50. Salientan<strong>do</strong> as penalida<strong>de</strong>s cominadas a tal<br />
infração (...), consi<strong>de</strong>rou-se ser inadmissível habeas corpus, sob qualquer<br />
aspecto relativo à imputação, seja funda<strong>do</strong> na questão da falta <strong>de</strong> condição <strong>de</strong><br />
procedibilida<strong>de</strong>, seja na <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> ativa <strong>do</strong> Ministério Público, porquanto<br />
essa ação constitucional não se presta à tutela <strong>de</strong> direitos outros que não o da<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção, atingi<strong>do</strong> ou <strong>em</strong> risco <strong>de</strong> sê-lo direta ou indiretamente.<br />
Concluiu-se que, se, no caso, eventual con<strong>de</strong>nação pela infração atribuída ao<br />
paciente jamais po<strong>de</strong>rá implicar-lhe restrição à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção, claro<br />
estaria que o impetrante não t<strong>em</strong> ação <strong>de</strong> habeas corpus. (HC 87.817, Rel.<br />
Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 17-11-09, 2ª Turma, Informativo 568)<br />
“(...) se revela imprópria a locução constitucional ‘crimes <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>’,<br />
que compreen<strong>de</strong>, na realida<strong>de</strong>, infrações <strong>de</strong> caráter político-administrativo, <strong>em</strong><br />
oposição à expressão (igualmente inscrita no texto da Constituição) ‘crimes<br />
comuns’. Com efeito, o crime comum e o crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> são figuras<br />
jurídicas que exprim<strong>em</strong> conceitos inconfundíveis. O crime comum é um aspecto<br />
da ilicitu<strong>de</strong> penal. O crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> refere-se à ilicitu<strong>de</strong> políticoadministrativa.<br />
O legisla<strong>do</strong>r constituinte utilizou a expressão crime comum,<br />
significan<strong>do</strong> ilícito penal, <strong>em</strong> oposição a crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, significan<strong>do</strong><br />
infração político-administrativa. (...) O Código Penal está <strong>em</strong> vigor, cuidan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s crimes contra a administração pública, que po<strong>de</strong>m ser cometi<strong>do</strong>s, inclusive<br />
por Prefeitos. O Prefeito po<strong>de</strong> perfeitamente ser julga<strong>do</strong>, pelo Tribunal <strong>de</strong><br />
Justiça, no caso <strong>de</strong> cometer peculato, <strong>em</strong>prego irregular <strong>de</strong> verbas públicas,<br />
concussão, prevaricação, tu<strong>do</strong> isso não é crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>; tu<strong>do</strong> isso<br />
é crime comum que o Prefeito po<strong>de</strong> cometer e ser julga<strong>do</strong> pelo Po<strong>de</strong>r<br />
Judiciário. Ao la<strong>do</strong> disso, existe o crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, que é uma<br />
60
infração político-administrativa (...).” (ADI 4.190-MC, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
<strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-09, DJE <strong>de</strong> 4-8-09)<br />
”A configuração <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> prevaricação requer a <strong>de</strong>monstração não só da<br />
vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> praticar ato <strong>de</strong> ofício, como também <strong>do</strong><br />
el<strong>em</strong>ento subjetivo específico <strong>do</strong> tipo, qual seja, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfazer<br />
‘interesse’ ou ‘sentimento pessoal’. Instrução criminal que não evi<strong>de</strong>nciou o<br />
especial fim <strong>de</strong> agir a que os <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s supostamente ce<strong>de</strong>ram. El<strong>em</strong>ento<br />
essencial cuja ausência impe<strong>de</strong> o reconhecimento <strong>do</strong> tipo incrimina<strong>do</strong>r <strong>em</strong><br />
causa. A acusação ministerial pública carece <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos mínimos<br />
necessários para a con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> parlamentar pelo crime <strong>de</strong><br />
responsabilida<strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>poimentos judicialmente colhi<strong>do</strong>s não evi<strong>de</strong>nciaram<br />
or<strong>de</strong>m pessoal <strong>do</strong> Prefeito <strong>de</strong> não-autuação <strong>do</strong>s veículos oficiais <strong>do</strong> Município<br />
<strong>de</strong> Santa Cruz <strong>do</strong> Sul/RS. A mera subordinação hierárquica <strong>do</strong>s secretários<br />
municipais não po<strong>de</strong> significar a automática responsabilização criminal <strong>do</strong><br />
Prefeito. Noutros termos: não se po<strong>de</strong> presumir a responsabilida<strong>de</strong> criminal <strong>do</strong><br />
Prefeito, simplesmente com apoio na indicação <strong>de</strong> terceiros – por um ‘ouvir<br />
dizer’ das test<strong>em</strong>unhas –; sabi<strong>do</strong> que o nosso sist<strong>em</strong>a jurídico penal não<br />
admite a culpa por presunção. O crime <strong>do</strong> inciso XIV <strong>do</strong> art. 1º <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />
nº 201/67 é <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> mão própria. Logo, somente é passível <strong>de</strong> cometimento<br />
pelo Prefeito mesmo (unipessoalmente, portanto) ou, quan<strong>do</strong> muito, <strong>em</strong><br />
coautoria com ele. Ausência <strong>de</strong> comprovação <strong>do</strong> vínculo subjetivo, ou<br />
psicológico, entre o Prefeito e a Secretária <strong>de</strong> Transportes para a<br />
caracterização <strong>do</strong> concurso <strong>de</strong> pessoas, <strong>de</strong> que trata o artigo 29 <strong>do</strong> Código<br />
Penal.” (AP 447, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 18-2-09, Plenário, DJE<br />
<strong>de</strong> 29-5-09)<br />
"A responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s governantes tipifica-se como uma das pedras<br />
angulares essenciais à configuração mesma da idéia republicana (RTJ<br />
162/462-464). A consagração <strong>do</strong> princípio da responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Chefe <strong>do</strong><br />
Po<strong>de</strong>r Executivo, além <strong>de</strong> refletir uma conquista básica <strong>do</strong> regime <strong>de</strong>mocrático,<br />
constitui conseqüência necessária da forma republicana <strong>de</strong> governo a<strong>do</strong>tada<br />
pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral. O princípio republicano exprime, a partir da idéia<br />
central que lhe é subjacente, o <strong>do</strong>gma <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os agentes públicos, os<br />
Governa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, <strong>em</strong> particular, são igualmente<br />
responsáveis perante a lei. Responsabilida<strong>de</strong> penal <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />
Os Governa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, que dispõ<strong>em</strong> <strong>de</strong> prerrogativa <strong>de</strong> foro ratione<br />
muneris, perante o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça estão sujeitos, uma vez obtida<br />
a necessária licença da respectiva Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa (RTJ 151/978-979 –<br />
RTJ 158/280 – RTJ 170/40-41 – Lex/<strong>Jurisprudência</strong> <strong>do</strong> <strong>STF</strong> 210/24-26), a<br />
processo penal con<strong>de</strong>natório, ainda que as infrações penais a eles imputadas<br />
sejam estranhas ao exercício das funções governamentais." (HC 80.511, Rel.<br />
Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 21-08-01, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 14-09-01)<br />
Crime Hedion<strong>do</strong><br />
“Para efeito <strong>de</strong> progressão <strong>de</strong> regime no cumprimento <strong>de</strong> pena por crime<br />
hedion<strong>do</strong>, ou equipara<strong>do</strong>, o juízo da execução observará a<br />
61
inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 2º da Lei n. 8.072, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990, s<strong>em</strong><br />
prejuízo <strong>de</strong> avaliar se o con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> preenche, ou não, os requisitos objetivos e<br />
subjetivos <strong>do</strong> benefício, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminar, para tal fim, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
fundamenta<strong>do</strong>, a realização <strong>de</strong> exame criminológico.” (Súmula Vinculante 26)<br />
“A fixação <strong>do</strong> regime inicial fecha<strong>do</strong> <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> pena para os crimes<br />
hedion<strong>do</strong>s <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> expressa previsão legal. A Lei 11.464/2007, no que<br />
tange à alteração promovida na redação <strong>do</strong> art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990,<br />
<strong>de</strong>ve ter aplicação retroativa por ser consi<strong>de</strong>rada mais benéfica ao<br />
sentencia<strong>do</strong>.” (HC 97.984, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 17-<br />
11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 91.360, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 13-5-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-6-09; HC<br />
92.997, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-6-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-8-<br />
08.<br />
“A Lei 11.343/2006 é especial <strong>em</strong> relação à Lei <strong>do</strong>s Crimes Hedion<strong>do</strong>s, não<br />
existin<strong>do</strong> antinomia no sist<strong>em</strong>a jurídico.” (HC 97.463, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09)<br />
“Os <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> estupro e <strong>de</strong> atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r, ainda que <strong>em</strong> sua<br />
forma simples, configuram modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crime hedion<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> irrelevante –<br />
para efeito <strong>de</strong> incidência das restrições fundadas na Constituição da República<br />
(art. 5º, XLIII) e na Lei n. 8.072/90 (art. 2º) – que a prática <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>sses<br />
ilícitos penais tenha causa<strong>do</strong>, ou não, lesões corporais <strong>de</strong> natureza grave ou<br />
morte, que traduz<strong>em</strong>, nesse contexto, resulta<strong>do</strong>s qualifica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tipo penal,<br />
não constituin<strong>do</strong>, por isso mesmo, el<strong>em</strong>entos essenciais e necessários ao<br />
reconhecimento <strong>do</strong> caráter hedion<strong>do</strong> <strong>de</strong> tais infrações <strong>de</strong>lituosas.” (HC 82.235,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 24-9-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-2-03).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.778, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 23-6-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 2-10-09; HC 95.705, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09; HC 81.408, Rel. Min.<br />
Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 5-2-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 3-5-02; HC 81.288,<br />
Rel. p/ o ac. Min. Carlos Velloso, julgamento <strong>em</strong> 17-12-01, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 25-<br />
4-03.<br />
"Direito Penal. Habeas corpus. Crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r.<br />
Continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Inadmissibilida<strong>de</strong>. Prece<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> <strong>STF</strong>. Crimes<br />
pratica<strong>do</strong>s contra vítimas diferentes. Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>negada. Esta corte já teve<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solucionar a questão controvertida na esfera <strong>do</strong>utrinária,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser colaciona<strong>do</strong>s julga<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ‘não há falar <strong>em</strong><br />
continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r’ (HC<br />
nº 70.427/RJ, Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 24-9-1993), ainda que<br />
‘perpetra<strong>do</strong>s contra a mesma vítima’ (HC nº 68.877/RJ, Relator Ministro Ilmar<br />
Galvão, 1ª Turma, DJ 21-2-1992). Além disso, consoante se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da<br />
sentença con<strong>de</strong>natória, os crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r<br />
foram cometi<strong>do</strong>s contra duas filhas menores <strong>do</strong> paciente, ou seja, contra<br />
vítimas diferentes, haven<strong>do</strong>, portanto, completa autonomia entre as condutas<br />
praticadas." (HC 96.942, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 90.922, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
62
"Progressão <strong>de</strong> regime prisional. Fato anterior à Lei 11.464/07. (...) A questão<br />
<strong>de</strong> direito versada nestes autos diz respeito à possibilida<strong>de</strong> (ou não) <strong>de</strong><br />
progressão <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> cumprimento da pena corporal imposta no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
vigência da redação originária <strong>do</strong> art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90. O julgamento<br />
<strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral <strong>em</strong> processos subjetivos, relaciona<strong>do</strong>s ao caso<br />
concreto, não alterou a vigência da regra contida no art. 2º, § 1º, da Lei n.<br />
8.072/90 (na sua redação original). Houve necessida<strong>de</strong> da edição da Lei n.<br />
11.464/07 para que houvesse a alteração da redação <strong>do</strong> dispositivo legal.<br />
Contu<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta que – consi<strong>de</strong>rada a orientação que passou a<br />
existir nesta Corte à luz <strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nte no HC 82.959/SP – o sist<strong>em</strong>a jurídico<br />
anterior à edição da lei <strong>de</strong> 2007 era mais benéfico ao con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>em</strong> matéria<br />
<strong>de</strong> requisito t<strong>em</strong>poral (1/6 da pena), comparativamente ao sist<strong>em</strong>a implanta<strong>do</strong><br />
pela Lei n. 11.464/07 (2/5 ou 3/5, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> caso), <strong>de</strong>ve ser concedida<br />
<strong>em</strong> parte a or<strong>de</strong>m para que haja o exame <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> progressão <strong>do</strong> regime<br />
prisional <strong>do</strong> paciente, levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta o requisito t<strong>em</strong>poral <strong>de</strong> 1/6 da pena<br />
fixada. No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.025/SP, rel. Min. Menezes Direito, 1ª Turma,<br />
DJ 03-06-2008. Neste último julga<strong>do</strong>, ficou expressamente consigna<strong>do</strong> que<br />
‘relativamente aos crimes hedion<strong>do</strong>s cometi<strong>do</strong>s antes da vigência da Lei n.<br />
11.464/07, a progressão <strong>de</strong> regime carcerário <strong>de</strong>ve observar o requisito<br />
t<strong>em</strong>poral previsto nos artigos 33 <strong>do</strong> Código Penal e 112 da Lei <strong>de</strong> Execuções<br />
<strong>Penais</strong>, aplican<strong>do</strong>-se, portanto, a lei mais benéfica’. O art. 2°, § 1°, da Lei n.<br />
8.072/90 (na sua redação original) não po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> como parâmetro <strong>de</strong><br />
comparação com a Lei n. 11.464/07, diante da sua <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />
inconstitucionalida<strong>de</strong>, ainda que no exercício <strong>do</strong> controle concreto, no<br />
julgamento <strong>do</strong> HC 82.959/SP (rel. Min. Marco Aurélio). (...) conce<strong>de</strong>u-se a<br />
or<strong>de</strong>m para consi<strong>de</strong>rar possível a progressão <strong>do</strong> regime prisional <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
atendi<strong>do</strong> o requisito t<strong>em</strong>poral <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> 1/6 da pena, caben<strong>do</strong> ao juiz<br />
da execução da pena apreciar o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> progressão, inclusive quanto à<br />
presença <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais requisitos, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o fator t<strong>em</strong>poral acima indica<strong>do</strong>.”<br />
(RHC 91.300, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 5-3-09, Plenário, DJE <strong>de</strong><br />
3-4-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.659, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento<br />
<strong>em</strong> 13-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09; HC 98.449, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-8-09; HC 86.238, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 18-6-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 98.449, Rel. Min.<br />
Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-8-09; HC 96.586,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 24-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-09;<br />
HC 94.258, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 4-11-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
17-4-09.<br />
"Crime hedion<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>lito a este equipara<strong>do</strong> – Imposição <strong>de</strong> regime<br />
integralmente fecha<strong>do</strong> – Inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> § 1º <strong>do</strong> art. 2º da Lei n.<br />
8.072/90 – Progressão <strong>de</strong> regime – Admissibilida<strong>de</strong> – Exigência, contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong><br />
prévio controle <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais requisitos, objetivos e subjetivos, a ser exerci<strong>do</strong><br />
pelo juízo da execução (LEP, art. 66, III, b), excluída, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, <strong>em</strong> regra,<br />
na linha da jurisprudência <strong>de</strong>sta corte (RTJ 119/668 – RTJ 125/578 – RTJ<br />
158/866 – RT 721/550), a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral,<br />
examinan<strong>do</strong> pressupostos <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le subjetiva na via sumaríssima <strong>do</strong> habeas<br />
corpus, <strong>de</strong>terminar o ingresso imediato <strong>do</strong> sentencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> regime penal menos<br />
gravoso – Reconhecimento, ainda, da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o juiz da execução<br />
or<strong>de</strong>nar, mediante <strong>de</strong>cisão fundamentada, a realização <strong>de</strong> exame criminológico<br />
63
– Importância <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong> exame na aferição da personalida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> grau<br />
<strong>de</strong> periculosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sentencia<strong>do</strong> (RT 613/278) – Edição da Lei n.<br />
10.792/2003, que <strong>de</strong>u nova redação ao art. 112 da LEP – Diploma legislativo<br />
que, <strong>em</strong>bora omitin<strong>do</strong> qualquer referência ao exame criminológico, não lhe<br />
veda a realização, s<strong>em</strong>pre que julgada necessária pelo magistra<strong>do</strong> competente<br />
– Conseqüente legitimida<strong>de</strong> jurídica da a<strong>do</strong>ção, pelo Po<strong>de</strong>r Judiciário, <strong>do</strong><br />
exame criminológico (RT 832/676 – RT 836/535 – RT 837/568)." (HC 88.052,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 4-4-06, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-4-06). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.091, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 22-5-09; HC 92.378, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-9-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 8-5-09; HC 95.111, Rel. Min. Carlos<br />
Britto, julgamento <strong>em</strong> 3-2-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-3-09.<br />
“A <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça, questionada neste habeas corpus,<br />
está <strong>em</strong> perfeita consonância com o entendimento <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o sobre a<br />
hedion<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> estupro e atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r, mesmo que<br />
pratica<strong>do</strong>s na sua forma simples. Não há sustentação jurídica nos argumentos<br />
apresenta<strong>do</strong>s pelo Impetrante para assegurar a concessão <strong>do</strong> benefício <strong>de</strong><br />
livramento condicional ao Paciente, pois não satisfeito o requisito objetivo <strong>de</strong><br />
cumprimento <strong>de</strong> 2/3 da pena imposta.” (HC 90.706, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 6-3-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
96.260, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
2-10-09.<br />
“O excesso <strong>de</strong> prazo, nos crimes hedion<strong>do</strong>s, impõe o relaxamento da prisão<br />
cautelar. Impõe-se o relaxamento da prisão cautelar, mesmo que se trate <strong>de</strong><br />
procedimento instaura<strong>do</strong> pela suposta prática <strong>de</strong> crime hedion<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se<br />
registre situação configura<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> prazo não imputável ao<br />
indicia<strong>do</strong>/acusa<strong>do</strong>. A natureza da infração penal não po<strong>de</strong> restringir a<br />
aplicabilida<strong>de</strong> e a força normativa da regra inscrita no art. 5º, LXV, da<br />
Constituição da República, que dispõe, <strong>em</strong> caráter imperativo, que a prisão<br />
ilegal ‘será imediatamente relaxada’ pela autorida<strong>de</strong> judiciária.” (HC 80.379,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 18-12-00, DJE <strong>de</strong> 25-5-01)<br />
Armas<br />
“Paciente que guardava no interior <strong>de</strong> sua residência 7 (sete) cartuchos<br />
munição <strong>de</strong> uso restrito, como recordação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que foi sargento <strong>do</strong><br />
Exército. Conduta formalmente típica, nos termos <strong>do</strong> art. 16 da Lei 10.826/03.<br />
Inexistência <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> lesiva da munição apreendida,<br />
<strong>de</strong>sacompanhada <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo. Atipicida<strong>de</strong> material <strong>do</strong>s fatos.” (HC 96.532,<br />
Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-<br />
11-09). Vi<strong>de</strong>: HC 96.922, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 17-3-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09.<br />
“A questão <strong>de</strong>batida no presente writ diz respeito à eventual nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
exame pericial <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, que teria si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por pessoas s<strong>em</strong> a<br />
qualificação necessária, <strong>em</strong> <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com os ditames legais <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
64
Processo Penal. Os pacientes foram con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pela prática <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito previsto<br />
no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/03. A pistola apreendida estava<br />
municiada e o lau<strong>do</strong> pericial concluiu que a arma se mostrou eficaz para<br />
produzir disparos. A perícia foi realizada por <strong>do</strong>is policiais, nomea<strong>do</strong>s pelo<br />
Delega<strong>do</strong> <strong>de</strong> Polícia, que assumiram o compromisso, sob as penas da lei, <strong>de</strong><br />
b<strong>em</strong> e fielmente <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar<strong>em</strong> o encargo. Ainda que o lau<strong>do</strong> pericial não<br />
tenha informa<strong>do</strong> se os peritos nomea<strong>do</strong>s para o exame tinham ou não diploma<br />
<strong>de</strong> curso superior, é inegável que, enquanto policiais, possuíam a necessária<br />
habilitação técnica para aferir a eficácia <strong>de</strong> uma arma <strong>de</strong> fogo.” (HC 98.306,<br />
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09)<br />
Vi<strong>de</strong>: HC 94.881, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 28-10-08, 1ª Turma,<br />
Informativo 526.<br />
“No julgamento <strong>do</strong> RHC 89.889, da relatoria da ministra Cárm<strong>em</strong> Lúcia, o<br />
Plenário <strong>de</strong>sta colenda Corte enten<strong>de</strong>u que o <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> que trata o inciso IV <strong>do</strong><br />
parágrafo único <strong>do</strong> art. 16 <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento é Política Criminal <strong>de</strong><br />
valorização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r-<strong>de</strong>ver <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> controlar as armas <strong>de</strong> fogo que<br />
circulam <strong>em</strong> nosso País. Isso porque a supressão <strong>do</strong> número, marca, ou<br />
qualquer outro sinal i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> artefato lesivo impe<strong>de</strong> o seu<br />
cadastramento e controle. A função social <strong>do</strong> combate ao <strong>de</strong>lito <strong>em</strong> foco<br />
alcança qualquer tipo <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo; e não apenas armamento <strong>de</strong> uso<br />
restrito ou proibi<strong>do</strong>. Tanto é assim que o porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo com<br />
numeração raspada constitui crime autônomo. Figura penal que, no caso, t<strong>em</strong><br />
como circunstância el<strong>em</strong>entar o fato <strong>de</strong> a arma (seja ela <strong>de</strong> uso restrito ou não)<br />
estar com a numeração ou qualquer outro sinal i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r adultera<strong>do</strong>,<br />
raspa<strong>do</strong> ou suprimi<strong>do</strong>.” (HC 99.582, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 8-9-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 06-11-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 91.853, Rel. Min.<br />
Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-10-09; RHC 89.889,<br />
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 14-2-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-12-08.<br />
"Porte ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo. Arma <strong>de</strong>smuniciada. Ausência <strong>de</strong> lau<strong>do</strong> pericial.<br />
Atipicida<strong>de</strong>. Inexistin<strong>do</strong> lau<strong>do</strong> pericial atestan<strong>do</strong> a potencialida<strong>de</strong> lesiva da arma<br />
<strong>de</strong> fogo resulta atípica a conduta consistente <strong>em</strong> possuir, portar e conduzir<br />
espingarda s<strong>em</strong> munição." (HC 97.811, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-8-09). Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
94.342, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-<br />
09; HC 95.271, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 28-4-09, 2ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 22-5-09; HC 96.922, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 17-3-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09; HC 93.816, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 6-5-08, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 1º-8-08.<br />
“Porte <strong>de</strong> munição <strong>de</strong> uso restrito. Art. 16 da Lei 10.826/2003. Perícia para a<br />
comprovação <strong>do</strong> potencial lesivo da munição. Desnecessida<strong>de</strong>.” (HC 93.876,<br />
Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 28-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-<br />
11-09). Vi<strong>de</strong>: HC 96.922, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 17-3-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09.<br />
"Para a configuração <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo não importa se a arma<br />
está ou não municiada ou, ainda, se apresenta regular funcionamento. A norma<br />
incrimina<strong>do</strong>ra prevista no art. 10 da Lei 9.437/97 não fazia qualquer menção à<br />
65
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aferir o potencial lesivo da arma. O Estatuto <strong>do</strong><br />
Desarmamento, <strong>em</strong> seu art. 14, tipificou criminalmente a simples conduta <strong>de</strong><br />
portar munição, a qual, isoladamente, ou seja, s<strong>em</strong> a arma, não possui<br />
qualquer potencial ofensivo. A objetivida<strong>de</strong> jurídica <strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos previstos nas<br />
duas Leis transcen<strong>de</strong>m a mera proteção da incolumida<strong>de</strong> pessoal, para<br />
alcançar também a tutela da liberda<strong>de</strong> individual e <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o corpo social,<br />
asseguradas ambas pelo incr<strong>em</strong>ento <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> segurança coletiva que ele<br />
propicia. Despicienda a ausência ou nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> pericial da arma para a<br />
aferição da material; ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito." (HC 96.922, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 17-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 94.342, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 1º-7-09; HC 95.271, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 28-4-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 22-5-09; HC 93.816, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento<br />
<strong>em</strong> 6-5-08, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 1º-8-08. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 97.811, Rel. p/<br />
o ac. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-8-09. Vi<strong>de</strong>:<br />
HC 96.532, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 27-11-09.<br />
"Não se mostra necessária a apreensão e perícia da arma <strong>de</strong> fogo <strong>em</strong>pregada<br />
no roubo para comprovar o seu potencial lesivo, visto que tal qualida<strong>de</strong> integra<br />
a própria natureza <strong>do</strong> artefato. Lesivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> instrumento que se encontra in re<br />
ipsa. A qualifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> art. 157, § 2º, I, <strong>do</strong> Código Penal, po<strong>de</strong> ser evi<strong>de</strong>nciada<br />
por qualquer meio <strong>de</strong> prova, <strong>em</strong> especial pela palavra da vítima – reduzida à<br />
impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência pelo agente – ou pelo <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><br />
test<strong>em</strong>unha presencial. Se o acusa<strong>do</strong> alegar o contrário ou sustentar a<br />
ausência <strong>de</strong> potencial lesivo da arma <strong>em</strong>pregada para intimidar a vítima, será<br />
<strong>de</strong>le o ônus <strong>de</strong> produzir tal prova, nos termos <strong>do</strong> art. 156 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal. A arma <strong>de</strong> fogo, mesmo que não tenha o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> disparar<br />
projéteis, po<strong>de</strong> ser <strong>em</strong>pregada como instrumento contun<strong>de</strong>nte, apto a produzir<br />
lesões graves. Hipótese que não guarda correspondência com o roubo<br />
pratica<strong>do</strong> com arma <strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>." (HC 96.099, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-2-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-6-09). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 94.616, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 19-5-09, 2ª<br />
Turma, Informativo 547; HC 96.861-MC, Rel. Min. Menezes Direito, <strong>de</strong>cisão<br />
monocrática, julgamento <strong>em</strong> 26-11-08, DJE <strong>de</strong> 3-12-08.<br />
"O prazo <strong>de</strong> cento e oitenta dias previsto nos artigos 30 e 32 da Lei n.<br />
10.826/2003 é para que os possui<strong>do</strong>res e proprietários armas <strong>de</strong> fogo as<br />
regulariz<strong>em</strong> ou as entregu<strong>em</strong> às autorida<strong>de</strong>s. Somente as condutas típicas<br />
‘possuir ou ser proprietário’ foram abolidas t<strong>em</strong>porariamente. Delito <strong>de</strong> posse<br />
<strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo ocorri<strong>do</strong> anteriormente à vigência da Lei que instituiu a abolitio<br />
criminis t<strong>em</strong>porária. Não cabimento da pretensão <strong>de</strong> retroação <strong>de</strong> lei benéfica.<br />
Prece<strong>de</strong>nte." (HC 96.168, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 9-12-08, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 90.995, Rel. Min. Menezes<br />
Direito, julgamento <strong>em</strong> 12-2-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-3-08.<br />
"Não se aplica a causa <strong>de</strong> aumento prevista no art. 157, § 2º, inc. I, <strong>do</strong> Código<br />
Penal, a título <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, se esta não foi apreendida n<strong>em</strong><br />
periciada, s<strong>em</strong> prova <strong>de</strong> disparo." (HC 95.142, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-12-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
66
96.865, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE 7-<br />
8-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 99.446, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
18-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-9-09; HC 94.616, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-5-09, 2ª Turma, Informativo 547; HC 96.099, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-2-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-6-09.<br />
“No tocante ao art. 35, sustentou-se não apenas a inconstitucionalida<strong>de</strong><br />
material <strong>do</strong> dispositivo como também a formal. Esta por ofensa ao art. 49, XV,<br />
da Constituição, porque o Congresso Nacional não teria competência para<br />
<strong>de</strong>flagrar a realização <strong>de</strong> referen<strong>do</strong>, mas apenas para autorizá-lo; aquela por<br />
violar o art. 5º, caput, <strong>do</strong> mesmo diploma, nos tópicos <strong>em</strong> que garante o direito<br />
individual à segurança e à proprieda<strong>de</strong>. Tenho que tais pon<strong>de</strong>rações<br />
encontram-se prejudicadas, assim como o argumento <strong>de</strong> que teria havi<strong>do</strong><br />
violação ao art. 170, caput, e parágrafo único, da Carta Magna, porquanto o<br />
referen<strong>do</strong> <strong>em</strong> causa, como é sabi<strong>do</strong>, já se realizou, ten<strong>do</strong> o povo vota<strong>do</strong> no<br />
senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> permitir o comércio <strong>de</strong> armas, o qual, no entanto, convém sublinhar,<br />
como toda e qualquer ativida<strong>de</strong> econômica, sujeita-se ao po<strong>de</strong>r regulamentar<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.” (ADI 3.112, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong><br />
2-5-07, Plenário, DJ <strong>de</strong> 26-10-07)<br />
“A proibição <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> fiança para os <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> ‘porte ilegal <strong>de</strong><br />
arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong> uso permiti<strong>do</strong>’ e <strong>de</strong> ‘disparo <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo’, mostra-se<br />
<strong>de</strong>sarrazoada, porquanto são crimes <strong>de</strong> mera conduta, que não se equiparam<br />
aos crimes que acarretam lesão ou ameaça <strong>de</strong> lesão à vida ou à proprieda<strong>de</strong>.<br />
Insusceptibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória quanto aos <strong>de</strong>litos elenca<strong>do</strong>s nos<br />
arts. 16, 17 e 18. inconstitucionalida<strong>de</strong> reconhecida, visto que o texto magno<br />
não autoriza a prisão ex lege, <strong>em</strong> face <strong>do</strong>s princípios da presunção <strong>de</strong><br />
inocência e da obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundamentação <strong>do</strong>s manda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prisão<br />
pela autorida<strong>de</strong> competente. I<strong>de</strong>ntificação das armas e munições, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />
permitir o rastreamento <strong>do</strong>s respectivos fabricantes e adquirentes, medida que<br />
não se mostra irrazoável. A ida<strong>de</strong> mínima para aquisição <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo po<strong>de</strong><br />
ser estabelecida por meio <strong>de</strong> lei ordinária, como se t<strong>em</strong> admiti<strong>do</strong> <strong>em</strong> outras<br />
hipóteses. Prejudica<strong>do</strong> o exame da inconstitucionalida<strong>de</strong> formal e material <strong>do</strong><br />
art. 35, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta a realização <strong>de</strong> referen<strong>do</strong>. Ação julgada proce<strong>de</strong>nte,<br />
<strong>em</strong> parte, para <strong>de</strong>clarar a inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s parágrafos únicos <strong>do</strong>s<br />
artigos 14 e 15 e <strong>do</strong> artigo 21 da Lei 10.826, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2003." (ADI<br />
3.112, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 2-5-07, Plenário, DJ <strong>de</strong><br />
26-10-07)<br />
"Os artigos 30 e 32 <strong>do</strong> Estatuto <strong>do</strong> Desarmamento refer<strong>em</strong>-se a possui<strong>do</strong>res e<br />
proprietários <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo. O artigo 29 e seu parágrafo único dispõ<strong>em</strong><br />
sobre a autorização para o porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo. Aos possui<strong>do</strong>res e<br />
proprietários a lei faculta, no artigo 30, a regularização, mediante comprovação<br />
da aquisição lícita, no prazo assinala<strong>do</strong>. O artigo 32 obriga, aos que não<br />
pu<strong>de</strong>r<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrar a aquisição lícita, a entrega da arma à Polícia Fe<strong>de</strong>ral, no<br />
prazo que estipula. O artigo 29 e seu parágrafo único, da Lei n. 10.826/2003,<br />
diz<strong>em</strong> respeito às pessoas autorizadas a portar armas <strong>de</strong> fogo. Dispõ<strong>em</strong> sobre<br />
o término das autorizações já concedidas (caput) e a propósito da renovação<br />
(parágrafo único), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que atendidas as condições estipuladas nos seus<br />
artigos 4º, 6º e 10. O prazo legal estipula<strong>do</strong> para regularização das<br />
67
autorizações concedidas não configura vacatio legis, <strong>do</strong> que <strong>de</strong>correria a<br />
abolitio criminis t<strong>em</strong>porária, no que tange ao crime <strong>de</strong> porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo<br />
por pessoa não autorizada. A vingar<strong>em</strong> as razões recursais, chegar-se-ia ao<br />
absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> admitir, no prazo fixa<strong>do</strong> para regularização das autorizações, o<br />
porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo por pessoas e entida<strong>de</strong>s não arroladas nos incisos I a IX<br />
<strong>do</strong> artigo 6º da Lei n. 10.826/2003." (RHC 86.681, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 6-12-05, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 24-2-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC<br />
86.723, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 8-8-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-<br />
11-06; HC 86.559, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 7-2-06, 1ª Turma, DJ<br />
<strong>de</strong> 8-6-07.<br />
"Arma <strong>de</strong> fogo: porte consigo <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, no entanto, <strong>de</strong>smuniciada e<br />
s<strong>em</strong> que o agente tivesse, nas circunstâncias, a pronta disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
munição: inteligência <strong>do</strong> art. 10 da L. 9437/97: atipicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fato (...) Na figura<br />
criminal cogitada, os princípios bastam, <strong>de</strong> logo, para elidir a incriminação <strong>do</strong><br />
porte da arma <strong>de</strong> fogo inidônea para a produção <strong>de</strong> disparos: aqui, falta à<br />
incriminação da conduta o objeto material <strong>do</strong> tipo. Não importa que a arma<br />
verda<strong>de</strong>ira, mas incapaz <strong>de</strong> disparar, ou a arma <strong>de</strong> brinque<strong>do</strong> possam servir <strong>de</strong><br />
instrumento <strong>de</strong> intimidação para a prática <strong>de</strong> outros crimes, particularmente, os<br />
comissíveis mediante ameaça – pois é certo que, como tal, também se po<strong>de</strong>m<br />
utilizar outros objetos – da faca à pedra e ao caco <strong>de</strong> vidro –, cujo porte não<br />
constitui crime autônomo e cuja utilização não se erigiu <strong>em</strong> causa especial <strong>de</strong><br />
aumento <strong>de</strong> pena. No porte <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo <strong>de</strong>smuniciada, é preciso distinguir<br />
duas situações, à luz <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>: (1) se o agente traz<br />
consigo a arma <strong>de</strong>smuniciada, mas t<strong>em</strong> a munição a<strong>de</strong>quada à mão, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
a viabilizar s<strong>em</strong> <strong>de</strong>mora significativa o municiamento e, <strong>em</strong> conseqüência, o<br />
eventual disparo, t<strong>em</strong>-se arma disponível e o fato realiza o tipo; (2) ao<br />
contrário, se a munição não existe ou está <strong>em</strong> lugar inacessível <strong>de</strong> imediato,<br />
não há a imprescindível disponibilida<strong>de</strong> da arma <strong>de</strong> fogo, como tal – isto é,<br />
como artefato idôneo a produzir disparo – e, por isso, não se realiza a figura<br />
típica." (RHC 81.057, Rel. p/ o ac. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 25-<br />
5-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 29-4-05). Vi<strong>de</strong>: HC 97.811, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-8-09; HC 96.922, Rel. Min.<br />
Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 17-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09.<br />
Criança e A<strong>do</strong>lescente<br />
“O princípio da insignificância é aplicável aos atos infracionais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
verifica<strong>do</strong>s os requisitos necessários para a configuração <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong><br />
bagatela.” (HC 98.381, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 20-10-<br />
09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09)<br />
“Para a configuração <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> corrupção <strong>de</strong> menor, previsto no art. 1º da Lei<br />
2.252/54, é <strong>de</strong>snecessária a comprovação da efetiva corrupção da vítima por<br />
se tratar <strong>de</strong> crime formal que t<strong>em</strong> como objeto jurídico a ser protegi<strong>do</strong> a<br />
moralida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s menores.” (HC 92.014, Rel. p/ o ac. Min. Menezes Direito,<br />
julgamento <strong>em</strong> 2-9-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-11-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
68
97.197, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 27-10-09, 2ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 4-12-09.<br />
"Regime <strong>de</strong> s<strong>em</strong>iliberda<strong>de</strong>. (...) Não se vislumbra qualquer contrarieda<strong>de</strong> entre<br />
o novo Código Civil e o Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente relativamente ao<br />
limite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para aplicação <strong>de</strong> seus institutos. O Estatuto da Criança e <strong>do</strong><br />
A<strong>do</strong>lescente não menciona a maiorida<strong>de</strong> civil como causa <strong>de</strong> extinção da<br />
medida socioeducativa imposta ao infrator: ali se contém apenas a afirmação<br />
<strong>de</strong> que suas normas po<strong>de</strong>m ser aplicadas excepcionalmente às pessoas entre<br />
<strong>de</strong>zoito e vinte e um anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (art. 121, § 5º). Aplica-se, na espécie, o<br />
princípio da especialida<strong>de</strong>, segun<strong>do</strong> o qual se impõe o Estatuto da Criança e <strong>do</strong><br />
A<strong>do</strong>lescente, que é norma especial, e não o Código Civil ou o Código Penal,<br />
diplomas nos quais se contêm normas <strong>de</strong> caráter geral. A proteção integral da<br />
criança ou a<strong>do</strong>lescente é <strong>de</strong>vida <strong>em</strong> função <strong>de</strong> sua faixa etária, porque o<br />
critério a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo legisla<strong>do</strong>r foi o cronológico absoluto, pouco importan<strong>do</strong> se,<br />
por qualquer motivo, adquiriu a capacida<strong>de</strong> civil, quan<strong>do</strong> as medidas a<strong>do</strong>tadas<br />
visam não apenas à responsabilização <strong>do</strong> interessa<strong>do</strong>, mas o seu<br />
aperfeiçoamento como m<strong>em</strong>bro da socieda<strong>de</strong>, a qual também po<strong>de</strong><br />
legitimamente exigir a recomposição <strong>do</strong>s seus componentes, incluí<strong>do</strong>s aí os<br />
menores. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 94.938, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong><br />
12-8-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 3-10-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.355, Rel. Min.<br />
Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 19-5-09, 2ª Turma, Informativo 547; HC 96.745,<br />
Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 28-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-5-09; HC<br />
96.742, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 3-4-<br />
09; HC 94.939, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 14-10-08, DJE <strong>de</strong> 6-<br />
2-09; HC 90.129, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 10-4-07, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 18-5-07; HC 90.248, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 13-3-<br />
07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-4-07.<br />
"O instituto da prescrição não é incompatível com a natureza não-penal das<br />
medidas sócio-educativas. <strong>Jurisprudência</strong> pacífica no senti<strong>do</strong> da<br />
prescritibilida<strong>de</strong> das medidas <strong>de</strong> segurança, que também não têm natureza <strong>de</strong><br />
pena, na estrita acepção <strong>do</strong> termo. Os casos <strong>de</strong> imprescritibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser,<br />
apenas, aqueles expressamente previstos <strong>em</strong> lei. Se o Estatuto da Criança e<br />
<strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente não estabelece a imprescritibilida<strong>de</strong> das medidas sócioeducativas,<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> elas se submeter à regra geral, como <strong>de</strong>termina o art. 12 <strong>do</strong><br />
Código Penal. O transcurso <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po, para um a<strong>do</strong>lescente que está forman<strong>do</strong><br />
sua personalida<strong>de</strong>, produz efeitos muito mais profun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que para pessoa já<br />
biologicamente madura, o que milita <strong>em</strong> favor da aplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> instituto da<br />
prescrição. O parâmetro a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça para o<br />
cálculo da prescrição foi o da pena máxima cominada <strong>em</strong> abstrato ao tipo penal<br />
correspon<strong>de</strong>nte ao ato infracional pratica<strong>do</strong> pelo a<strong>do</strong>lescente, combina<strong>do</strong> com<br />
a regra <strong>do</strong> art. 115 <strong>do</strong> Código Penal, que reduz à meta<strong>de</strong> o prazo prescricional<br />
quan<strong>do</strong> o agente é menor <strong>de</strong> vinte e um anos à época <strong>do</strong>s fatos. Referida<br />
solução é a que se mostra mais a<strong>de</strong>quada, por respeitar os princípios da<br />
separação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res e da reserva legal. A a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> outros critérios, como a<br />
ida<strong>de</strong> limite <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito ou vinte e um anos e/ou os prazos não cabais previstos<br />
no Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente para duração inicial das medidas,<br />
além <strong>de</strong> criar um tertium genus, conduz a diferenças <strong>de</strong> tratamento entre<br />
pessoas <strong>em</strong> situações idênticas (no caso da ida<strong>de</strong> máxima) e a distorções<br />
69
incompatíveis com nosso or<strong>de</strong>namento jurídico (no caso <strong>do</strong>s prazos iniciais das<br />
medidas), <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a gravida<strong>de</strong> <strong>em</strong> si <strong>do</strong> fato pratica<strong>do</strong>, tal como<br />
consi<strong>de</strong>rada pelo legisla<strong>do</strong>r." (HC 88.788, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 22-4-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-6-08)<br />
“(...) a questão que ora se enfrenta diz respeito ao efeito da superveniência da<br />
maiorida<strong>de</strong> penal <strong>do</strong> sócio-educan<strong>do</strong> no curso da medida sócio-educativa que<br />
lhe foi imposta. É evi<strong>de</strong>nte que a aplicação <strong>do</strong> ECA estará s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
da ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente no momento <strong>do</strong> fato (art. 104, parágrafo único). Contu<strong>do</strong>,<br />
afirmar, que, atingin<strong>do</strong> a maiorida<strong>de</strong>, a medida <strong>de</strong>ve ser extinta é fazer ‘tabula<br />
rasa’ <strong>do</strong> Estatuto. Isso porque esta seria inócua para aqueles que cometeram<br />
atos infracionais com mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>zessete anos. Com efeito, no limite, a<strong>do</strong>tada a<br />
tese <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, po<strong>de</strong>r-se-ia admitir medida sócio-educativas com duração <strong>de</strong><br />
apenas um dia, hipótese, data venia, incompatível com os seus objetivos. (..) A<br />
manutenção <strong>do</strong> infrator, maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito e menor <strong>de</strong> vinte e um anos, sob o<br />
regime <strong>do</strong> ECA, <strong>em</strong> situações excepcionais, taxativamente enumeradas, longe<br />
<strong>de</strong> afigurar-se ilegal, t<strong>em</strong> como escopo, exatamente, protegê-lo <strong>do</strong>s rigores das<br />
sanções <strong>de</strong> natureza penal, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta a sua inimputabilida<strong>de</strong>, e<br />
reintroduzi-lo paulatinamente na vida da comunida<strong>de</strong>. O Juízo da Infância e<br />
Juventu<strong>de</strong>, no caso sob exame, agiu corretamente ao <strong>de</strong>terminar a progressão<br />
<strong>de</strong> regime <strong>do</strong> paciente, manten<strong>do</strong>-o, todavia, nessa situação <strong>de</strong> s<strong>em</strong>iliberda<strong>de</strong>,<br />
ainda que completa<strong>do</strong> os <strong>de</strong>zoito anos, <strong>em</strong> atenção ao que dispõe o art. 121 <strong>do</strong><br />
ECA, b<strong>em</strong> assim aos princípios <strong>de</strong> brevida<strong>de</strong>, excepcionalida<strong>de</strong> e respeito à<br />
condição peculiar <strong>de</strong> pessoa <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, que reg<strong>em</strong> o instituto da<br />
internação.” (HC 90.129, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento<br />
<strong>em</strong> 10-4-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 18-5-07)<br />
Drogas<br />
“Salvo ocorrência <strong>de</strong> tráfico com o exterior, quan<strong>do</strong>, então, a competência será<br />
da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, compete à justiça <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s o processo e o julgamento<br />
<strong>do</strong>s crimes relativos a entorpecentes.” (Súmula 522)]<br />
“É legitimo o aumento da pena base com fundamento na elevada quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> entorpecente encontrada <strong>em</strong> po<strong>de</strong>r da paciente.” (HC 96.844, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 99.398, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09. Vi<strong>de</strong>: HC 97.992, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento<br />
<strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09.<br />
“Ação penal. Con<strong>de</strong>nação. Pena. Privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Prisão. Causa <strong>de</strong><br />
diminuição prevista no art. 33 da Lei 11.343/2006. Cálculo sobre a pena<br />
cominada no art. 12, caput, da Lei 6.368/76, e já <strong>de</strong>finida <strong>em</strong> concreto.<br />
Admissibilida<strong>de</strong>. Criação jurisdicional <strong>de</strong> terceira norma. Não ocorrência. Nova<br />
valoração da conduta <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> ‘pequeno traficante’. Retroativida<strong>de</strong> da lei<br />
mais benéfica. HC concedi<strong>do</strong>. Voto venci<strong>do</strong> da Min. Ellen Gracie, Relatora<br />
original. Inteligência <strong>do</strong> art. 5º, XL, da CF. A causa <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong> pena<br />
prevista no art. 33 da Lei n. 11.343/2006, mais benigna, po<strong>de</strong> ser aplicada<br />
70
sobre a pena fixada com base no disposto no art. 12, caput, da Lei 6.368/76.”<br />
(HC 95.435, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 7-10-08, 2ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 7-11-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.149, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-12-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 11-9-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
94.848, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 14-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-<br />
5-09; RHC 94.802, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 10-2-09, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 20-3-09.<br />
“Con<strong>de</strong>nação, por tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, a um ano e oito meses <strong>de</strong> reclusão,<br />
<strong>em</strong> regime fecha<strong>do</strong>. Presença <strong>do</strong>s requisitos necessários à substituição da<br />
pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> por outra restritiva <strong>de</strong> direitos, b<strong>em</strong> assim ao regime<br />
aberto. Constrangimento ilegal evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>, justifican<strong>do</strong> exceção à Súmula 691<br />
<strong>de</strong>sta Corte. Redução <strong>de</strong> 1/6 a 2/3 da pena, prevista no § 4º <strong>do</strong> art. 33 da Lei n.<br />
11.343/2006, vedada a substituição por outra restritiva <strong>de</strong> direitos. Situação<br />
mais gravosa ao paciente. Inaplicabilida<strong>de</strong>. Or<strong>de</strong>m concedida, parcialmente, <strong>de</strong><br />
ofício, para garantir ao paciente a substituição da pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />
por outra restritiva <strong>de</strong> direitos, b<strong>em</strong> assim para que, caso haja reversão, o início<br />
da execução da pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> se dê <strong>em</strong> regime inicial aberto.”<br />
(HC 100.590, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
27-11-09). Vi<strong>de</strong>: HC 84.928, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 27-9-05,<br />
1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 11-11-05.<br />
“A Lei 11.343/2006 é especial <strong>em</strong> relação à Lei <strong>do</strong>s Crimes Hedion<strong>do</strong>s, não<br />
existin<strong>do</strong> antinomia no sist<strong>em</strong>a jurídico.” (HC 97.463, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong><br />
Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09)<br />
“Tráfico <strong>de</strong> drogas pratica<strong>do</strong> sob a vigência da Lei n. 6.368/76. Impossibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> aplicação da causa <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong> pena prevista no § 4º <strong>do</strong> art. 33 da Lei<br />
n. 11.343/06. Paciente que se <strong>de</strong>dicava à ativida<strong>de</strong> criminosa. Para que a<br />
redução da pena prevista no § 4º <strong>do</strong> art. 33 da Lei n. 11.343/06 seja concedida,<br />
não basta que o agente seja primário e tenha bons antece<strong>de</strong>ntes, sen<strong>do</strong><br />
necessário, também, que ele não se <strong>de</strong>dique às ativida<strong>de</strong>s criminosas n<strong>em</strong><br />
integre organização criminosa. O voto <strong>do</strong> <strong>em</strong>inente Ministro Felix Fischer,<br />
Relator <strong>do</strong> habeas corpus ora questiona<strong>do</strong>, muito b<strong>em</strong> explicitou o motivo pelo<br />
qual não foi possível a aplicação daquele benefício ao paciente, ressaltan<strong>do</strong><br />
que ‘o Tribunal a quo negou provimento ao recurso <strong>de</strong>fensivo, a uma, por<br />
enten<strong>de</strong>r que o paciente se <strong>de</strong>dicava a ativida<strong>de</strong> criminosa, fazen<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
comércio <strong>de</strong> drogas seu meio <strong>de</strong> vida, a duas, porque a causa <strong>de</strong> diminuição<br />
da pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/06 só se aplicaria àquele que<br />
como fato isola<strong>do</strong> ven<strong>de</strong> substância entorpecente, a três, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que a<br />
sua aplicação é restrita às con<strong>de</strong>nações ocorridas com base na Lei n.<br />
11.343/06, não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, assim, a pretexto <strong>de</strong> se aplicar a lei mais benéfica,<br />
combinar partes diversas das duas normas, porquanto isso implicaria, <strong>em</strong><br />
última análise, na criação <strong>de</strong> uma terceira lei.’” (RHC 94.802, Rel. Min.<br />
Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 10-2-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-3-09). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.844, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-12-<br />
09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 98.366, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento <strong>em</strong><br />
1º-12-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 94.848, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-4-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 15-5-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
71
95.435, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 7-10-08, 2ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 7-11-08.<br />
“Estan<strong>do</strong> o Paciente preso <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> flagrante por tráfico <strong>de</strong> drogas à época<br />
da sentença con<strong>de</strong>natória, não po<strong>de</strong> recorrer <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>, uma vez que, <strong>em</strong><br />
razão da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória, não está solto<br />
à época da prolação da sentença (‘Apelação <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong> prevista no art. 59<br />
da Lei 11.343/2006 pressupõe a cumulação <strong>do</strong>s pressupostos da primarieda<strong>de</strong><br />
e da inexistência <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes com o fato <strong>de</strong> ter o réu respondi<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
liberda<strong>de</strong> à ação penal, tanto pela inocorrência <strong>de</strong> prisão oriunda <strong>de</strong> flagrante<br />
<strong>de</strong>lito quanto pela inexistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> prisão preventiva’ – HC 94.521-<br />
AgR, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, DJE <strong>de</strong> 1º-8-08).” (HC 97.915, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 98.504, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 1º-12-09,<br />
1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-2-10.<br />
"Ausência <strong>de</strong> proibição expressa na Lei 8.072/90 que impeça a concessão <strong>de</strong><br />
substituição <strong>de</strong> pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> por restritiva <strong>de</strong> direito aos<br />
con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s pela prática <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecente. Definição da<br />
espécie da pena <strong>de</strong>ve ser anterior à fixação <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> seu cumprimento.<br />
Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 85.894, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 19-4-07,<br />
Plenário, DJ <strong>de</strong> 28-9-07). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 101.291, Rel. Min. Eros<br />
Grau, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, Informativo 569; HC 89.976, Rel.<br />
Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 26-3-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 14-8-09. Em<br />
senti<strong>do</strong> contrário: HC 97.843, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09,<br />
2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-8-09.<br />
"Os <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> auxílio ao tráfico <strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong> associação para o tráfico,<br />
previstos na Lei n. 6.368/76, são autônomos, assim, a causa <strong>de</strong> aumento<br />
consistente na transnacionalida<strong>de</strong> inci<strong>de</strong> sobre cada um <strong>de</strong>les <strong>de</strong> forma<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Não ocorrência <strong>do</strong> bis in i<strong>de</strong>m." (HC 97.979, Rel. Min. Cármen<br />
Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 3-11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09)<br />
“Os crimes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas e associação para o tráfico são <strong>de</strong> natureza<br />
permanente. O agente encontra-se <strong>em</strong> flagrante <strong>de</strong>lito enquanto não cessar a<br />
permanência.” (HC 98.340, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-<br />
10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09)<br />
“No caso <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> guarda <strong>de</strong> substância entorpecente, o qual é <strong>de</strong> mera<br />
conduta, não po<strong>de</strong> a pena-base ser fixada no triplo <strong>do</strong> mínimo pela só<br />
quantida<strong>de</strong> da droga apreendida.” (HC 97.992, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09). Vi<strong>de</strong>: HC 96.844, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-12-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10.<br />
"Provi<strong>do</strong> o recurso especial para reformar o acórdão da apelação, con<strong>de</strong>nan<strong>do</strong><br />
o paciente por tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, a competência para fixar a pena é <strong>do</strong><br />
superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça, não <strong>do</strong> Tribunal local." (HC 98.053, Rel. Min. Eros<br />
Grau, julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09).<br />
72
"Tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes. Substituição <strong>de</strong> pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> por<br />
pena restritiva <strong>de</strong> direitos (Lei nº 9.714/98). Incompatibilida<strong>de</strong>. (...) A norma<br />
contida no art. 44, caput, da Lei n° 11.343/06, ao expressamente estabelecer a<br />
proibição da conversão, apenas explicita regra que era implícita no sist<strong>em</strong>a<br />
jurídico brasileiro quanto à incompatibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> regime legal <strong>de</strong> tratamento <strong>em</strong><br />
matéria <strong>de</strong> crimes hedion<strong>do</strong>s e a eles equipara<strong>do</strong>s com o regime pertinente aos<br />
outros crimes." (HC 97.843, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 7-8-09). Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 89.976, Rel. Min. Ellen<br />
Gracie, julgamento <strong>em</strong> 26-3-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 14-8-09; HC 85.894, Rel. Min.<br />
Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 19-4-07, Plenário, DJ <strong>de</strong> 28-9-07. HC 101.291,<br />
Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, Informativo 569.<br />
“A vedação da concessão <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória ao preso <strong>em</strong> flagrante por<br />
tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, veiculada pelo art. 44 da Lei n. 11.343/06, é<br />
expressiva <strong>de</strong> afronta aos princípios da presunção <strong>de</strong> inocência, <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
processo legal e da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana (arts. 1º, III, e 5º, LIV e LVII<br />
da Constituição <strong>do</strong> Brasil). Daí resultar inadmissível, <strong>em</strong> face <strong>de</strong>ssas garantias<br />
constitucionais, possa alguém ser compeli<strong>do</strong> a cumprir pena s<strong>em</strong> <strong>de</strong>cisão<br />
transitada <strong>em</strong> julga<strong>do</strong>, além <strong>do</strong> mais impossibilita<strong>do</strong> <strong>de</strong> usufruir benefícios da<br />
execução penal. A inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> preceito legal me parece<br />
inquestionável.” (HC 99.278-MC, Rel. Min. Eros Grau, <strong>de</strong>cisão monocrática,<br />
julgamento <strong>em</strong> 28-5-09, DJE <strong>de</strong> 5-6-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 101.055, Rel.<br />
Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 3-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09; HC<br />
100.742, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 3-11-09, 2ª Turma,<br />
Informativo 566. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 97.059, Rel. Min. Carlos Britto,<br />
julgamento <strong>em</strong> 19-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09; HC 95.539, Rel. Min. Eros<br />
Grau, julgamento <strong>em</strong> 25-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09; HC 92.495, Rel.<br />
Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 27-5-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-08; HC<br />
93.940, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-5-08, 1ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 6-6-08.<br />
“In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da controvérsia a respeito da (in)constitucionalida<strong>de</strong> da<br />
vedação à liberda<strong>de</strong> provisória ao preso <strong>em</strong> flagrante por tráfico <strong>de</strong><br />
entorpecentes, a peculiarida<strong>de</strong> <strong>do</strong> caso leva à concessão da or<strong>de</strong>m,<br />
notadamente porque não há fundamentação cautelar a justificar a manutenção<br />
<strong>do</strong> paciente no cárcere. O paciente, preso <strong>em</strong> flagrante com um cigarro <strong>de</strong><br />
maconha, foi leva<strong>do</strong> pelos policiais até sua residência, on<strong>de</strong> foram encontradas<br />
20g <strong>de</strong> maconha acondicionada e enterrada na pocilga, pairan<strong>do</strong> fundadas<br />
dúvidas a respeito da acusação <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecentes e da proprieda<strong>de</strong><br />
da droga apreendida.” (HC 95.538, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong><br />
11-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09). Vi<strong>de</strong>: HC 94.916, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 30-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-12-08.<br />
“A majorante da associação eventual para a prática <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> tráfico ilícito<br />
<strong>de</strong> entorpecentes, prevista no art. 18, inc. III, primeira parte, da Lei n. 6.368/76,<br />
foi revogada pela Lei n. 11.343/06. Obediência à retroativida<strong>de</strong> da lei penal<br />
mais benéfica. A Lei n. 11.464/07 – no ponto <strong>em</strong> que disciplinou a progressão<br />
<strong>de</strong> regime – trouxe critérios mais rígi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que os anteriormente estabeleci<strong>do</strong>s<br />
na Lei <strong>de</strong> Execução Penal, vigente à época <strong>do</strong> fato. Não se aplica o<br />
cumprimento da pena imposta pelos critérios da Lei n. 11.464/07, o que<br />
73
significaria afronta ao princípio da irretroativida<strong>de</strong> da lei penal mais gravosa<br />
(art. 5º, inc. XL, da Constituição da República e art. 2º <strong>do</strong> Código Penal).” (RHC<br />
93.469, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 28-10-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 3-<br />
4-09)<br />
"Controvérsia a propósito da possibilida<strong>de</strong>, ou não, <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />
provisória ao preso <strong>em</strong> flagrante por tráfico <strong>de</strong> entorpecentes. Irrelevância para<br />
o caso concreto, face à sua peculiarida<strong>de</strong>. Paciente primária, <strong>de</strong> bons<br />
antece<strong>de</strong>ntes, com <strong>em</strong>prego e residência fixos, flagrada com pequena<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maconha quan<strong>do</strong> visitava o mari<strong>do</strong> na penitenciária. Liberda<strong>de</strong><br />
provisória <strong>de</strong>ferida pelo Juiz da causa, posteriormente cassada pelo Tribunal<br />
<strong>de</strong> Justiça local. Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> prisão expedi<strong>do</strong> há cinco anos, não cumpri<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a irregularida<strong>de</strong> no cadastramento <strong>do</strong> en<strong>de</strong>reço da paciente.<br />
Superveniência <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença contagiosa (AIDS), acarretan<strong>do</strong> outros males.<br />
Intenção, da paciente, <strong>de</strong> entregar-se à autorida<strong>de</strong> policial. Entrega não<br />
concretizada ante o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> morrer no presídio, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong>samparada a filha<br />
menor. Dizer 'peculiarida<strong>de</strong> <strong>do</strong> caso concreto’ é dizer exceção. Exceção que se<br />
impõe seja capturada pelo or<strong>de</strong>namento jurídico, mesmo porque, a afirmação<br />
da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana aco<strong>de</strong> à paciente. A transgressão à lei é<br />
punida <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a lei (= o direito) seja restabelecida. Nesse senti<strong>do</strong>, a<br />
con<strong>de</strong>nação restabelece o direito, restabelece a or<strong>de</strong>m, além <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r<br />
reparar o dano sofri<strong>do</strong> pela vítima. A prisão preventiva antecipa o<br />
restabelecimento a longo termo <strong>do</strong> direito; promove imediatamente a or<strong>de</strong>m.<br />
Mas apenas imediatamente, já que haverá s<strong>em</strong>pre o risco, <strong>em</strong> qualquer<br />
processo, <strong>de</strong> ao final verificar-se que o imediato restabelecimento da or<strong>de</strong>m<br />
transgrediu a própria or<strong>de</strong>m, porque não era <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>. A justiça produzida pelo<br />
Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno con<strong>de</strong>na para restabelecer o direito que ele mesmo põe, para<br />
restabelecer a or<strong>de</strong>m, preten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> reparar os danos sofri<strong>do</strong>s pela vítima. Mas<br />
a vítima no caso <strong>do</strong>s autos não é i<strong>de</strong>ntificada. É a própria socieda<strong>de</strong>,<br />
beneficiária <strong>de</strong> vingança que como que a pacifica <strong>em</strong> face, talvez, da frustração<br />
que resulta <strong>de</strong> sua incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> punir os gran<strong>de</strong>s impostores. De vingança<br />
se trata, pois é certo que manter presa <strong>em</strong> condições intoleráveis uma pessoa<br />
<strong>do</strong>ente não restabelece a or<strong>de</strong>m, além <strong>de</strong> nada reparar. A paciente apresenta<br />
esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>bilita<strong>do</strong> e <strong>de</strong>la <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, inclusive economicamente, uma<br />
filha. Submetê-la ao cárcere, isso é incompatível com o direito, ainda que se<br />
possa ter como a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> à regra. Daí que a captura da exceção se impõe.<br />
Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ferida, a fim <strong>de</strong> que a paciente permaneça <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong> até o trânsito<br />
<strong>em</strong> julga<strong>do</strong> <strong>de</strong> eventual sentença penal con<strong>de</strong>natória." (HC 94.916, Rel. Min.<br />
Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 30-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-12-08)<br />
"Firme é a jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />
não se aplica a atenuante da confissão espontânea para efeito <strong>de</strong> redução da<br />
pena se o réu, <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> por tráfico <strong>de</strong> droga, confessa que a portava apenas<br />
para uso próprio. Neste senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntre outros, Habeas Corpus n. 73.075, Rel.<br />
Ministro Maurício Corrêa, DJ 12.3.1996; 71.903, Rel. Ministro Néri da Silveira,<br />
DJ 9.8.1996. Para a incidência da atenuante genérica da confissão<br />
espontânea, faz-se imprescindível que o Paciente tenha confessa<strong>do</strong> a<br />
traficância: situação não havida na espécie. O exame <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sclassificação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes para o <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />
entorpecentes <strong>de</strong>manda o revolvimento <strong>de</strong> fatos e provas, ao que não se<br />
74
presta o procedimento sumário e <strong>do</strong>cumental <strong>do</strong> habeas corpus: Prece<strong>de</strong>ntes.”<br />
(HC 94.295, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 3-6-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
31-10-08)<br />
“A proibição <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória, nos casos <strong>de</strong> crimes hedion<strong>do</strong>s e<br />
equipara<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>corre da própria inafiançabilida<strong>de</strong> imposta pela Constituição da<br />
República à legislação ordinária (Constituição da República, art. 5º, inc. XLIII):<br />
Prece<strong>de</strong>ntes. O art. 2º, inc. II, da Lei n. 8.072/90 aten<strong>de</strong>u o coman<strong>do</strong><br />
constitucional, ao consi<strong>de</strong>rar inafiançáveis os crimes <strong>de</strong> tortura, tráfico ilícito <strong>de</strong><br />
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como crimes<br />
hedion<strong>do</strong>s. Inconstitucional seria a legislação ordinária que dispusesse<br />
diversamente, ten<strong>do</strong> como afiançáveis <strong>de</strong>litos que a Constituição da República<br />
<strong>de</strong>termina sejam inafiançáveis. Desnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se reconhecer a<br />
inconstitucionalida<strong>de</strong> da Lei n. 11.464/07, que, ao retirar a expressão ‘e<br />
liberda<strong>de</strong> provisória’ <strong>do</strong> art. 2º, inc. II, da Lei n. 8.072/90, limitou-se a uma<br />
alteração textual: a proibição da liberda<strong>de</strong> provisória <strong>de</strong>corre da vedação da<br />
fiança, não da expressão suprimida, a qual, segun<strong>do</strong> a jurisprudência <strong>de</strong>ste<br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal, constituía redundância. Mera alteração textual, s<strong>em</strong><br />
modificação da norma proibitiva <strong>de</strong> concessão da liberda<strong>de</strong> provisória aos<br />
crimes hedion<strong>do</strong>s e equipara<strong>do</strong>s, que continua vedada aos presos <strong>em</strong> flagrante<br />
por quaisquer daqueles <strong>de</strong>litos. A Lei n. 11.464/07 não po<strong>de</strong>ria alcançar o <strong>de</strong>lito<br />
<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas, cuja disciplina já constava <strong>de</strong> lei especial (Lei n.<br />
11.343/06, art. 44, caput), aplicável ao caso vertente. Irrelevância da existência,<br />
ou não, <strong>de</strong> fundamentação cautelar para a prisão <strong>em</strong> flagrante por crimes<br />
hedion<strong>do</strong>s ou equipara<strong>do</strong>s: Prece<strong>de</strong>ntes. Licitu<strong>de</strong> da <strong>de</strong>cisão proferida com<br />
fundamento no art. 5º, inc. XLIII, da Constituição da República, e no art. 44 da<br />
Lei n. 11.343/06, que a jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal consi<strong>de</strong>ra<br />
suficiente para impedir a concessão <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória.” (HC 93.302, Rel.<br />
Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 25-3-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 9-5-08). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 101.259, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento <strong>em</strong> 1º-12-09,<br />
1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10; HC 97.059, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong><br />
19-5-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-6-09; HC 95.539, Rel. Min. Eros Grau,<br />
julgamento <strong>em</strong> 25-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-09; HC 92.495, Rel. Min. Ellen<br />
Gracie, julgamento <strong>em</strong> 27-5-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-6-08; HC 93.940, Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-5-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-6-08.<br />
Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 100.742, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
3-11-09, 2ª Turma, Informativo 566; HC 99.278-MC, Rel. Min. Eros Grau,<br />
<strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 28-5-09, DJE <strong>de</strong> 5-6-09.<br />
"O crime foi pratica<strong>do</strong> na vigência da antiga Lei <strong>de</strong> Tóxicos (n. 6.368/76), que<br />
r<strong>em</strong>etia a questão da liberda<strong>de</strong> provisória à Lei n. 8.072/90 (art. 2º, inc. II),<br />
aplicação <strong>do</strong> princípio t<strong>em</strong>pus regit actum. Com o advento da Lei n. 11.464/07,<br />
que <strong>de</strong>u nova redação ao cita<strong>do</strong> dispositivo, a norma aplicável tornou-se mais<br />
benigna para o paciente (art. 5, inc. XL, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral). A Lei n.<br />
11.343/06, <strong>em</strong>bora seja norma mais específica que a lei <strong>do</strong>s crimes hedion<strong>do</strong>s,<br />
não é <strong>de</strong> ser observada quanto aos <strong>de</strong>litos ocorri<strong>do</strong>s antes <strong>de</strong> sua vigência,<br />
pois, apesar <strong>de</strong> constituir inovação processual, seus efeitos são <strong>de</strong> direito<br />
material e prejudicam o réu (art. 5, inc. XL, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral). Não<br />
obstante as consi<strong>de</strong>rações feitas sobre a sucessão das leis no t<strong>em</strong>po, é <strong>de</strong> verse<br />
que, no caso <strong>em</strong> apreço, estão evi<strong>de</strong>nciadas a gravida<strong>de</strong> da conduta, a<br />
75
periculosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> agente e a potencial viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>, volte a<br />
<strong>de</strong>linqüir." (HC 91.118, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 2-10-07, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 14-12-07)<br />
"Posse <strong>de</strong> droga para consumo pessoal: (art. 28 da Lei n. 11.343/06 – nova lei<br />
<strong>de</strong> drogas): natureza jurídica <strong>de</strong> crime. O art. 1º da LICP – que se limita a<br />
estabelecer um critério que permite distinguir quan<strong>do</strong> se está diante <strong>de</strong> um<br />
crime ou <strong>de</strong> uma contravenção – não obsta a que lei ordinária superveniente<br />
a<strong>do</strong>te outros critérios gerais <strong>de</strong> distinção, ou estabeleça para <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />
crime – como o fez o art. 28 da Lei n. 11.343/06 – pena diversa da privação ou<br />
restrição da liberda<strong>de</strong>, a qual constitui somente uma das opções constitucionais<br />
passíveis <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ção pela lei incrimina<strong>do</strong>ra (CF/88, art. 5º, XLVI e XLVII). Não<br />
se po<strong>de</strong>, na interpretação da Lei n. 11.343/06, partir <strong>de</strong> um pressuposto<br />
<strong>de</strong>sapreço <strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r pelo ‘rigor técnico’, que o teria leva<strong>do</strong> inadvertidamente<br />
a incluir as infrações relativas ao usuário <strong>de</strong> drogas <strong>em</strong> um capítulo<br />
<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> ‘Dos Crimes e das Penas’, só a ele referentes. (Lei n. 11.343/06,<br />
Título III, Capítulo III, arts. 27/30). Ao uso da expressão ‘reincidência’, também<br />
não se po<strong>de</strong> <strong>em</strong>prestar um senti<strong>do</strong> ‘popular’, especialmente porque, <strong>em</strong> linha<br />
<strong>de</strong> princípio, somente disposição expressa <strong>em</strong> contrário na Lei n. 11.343/06<br />
afastaria a regra geral <strong>do</strong> C. Penal (C. Penal, art. 12). Soma-se a tu<strong>do</strong> a<br />
previsão, como regra geral, ao processo <strong>de</strong> infrações atribuídas ao usuário <strong>de</strong><br />
drogas, <strong>do</strong> rito estabeleci<strong>do</strong> para os crimes <strong>de</strong> menor potencial ofensivo,<br />
possibilitan<strong>do</strong> até mesmo a proposta <strong>de</strong> aplicação imediata da pena <strong>de</strong> que<br />
trata o art. 76 da Lei n. 9.099/95 (art. 48, §§ 1º e 5º), b<strong>em</strong> como a disciplina da<br />
prescrição segun<strong>do</strong> as regras <strong>do</strong> art. 107 e seguintes <strong>do</strong> C. Penal (Lei n.<br />
11.343, art. 30). Ocorrência, pois, <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>spenalização’, entendida como<br />
exclusão, para o tipo, das penas privativas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />
resolvida no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a Lei n. 11.343/06 não implicou abolitio criminis<br />
(C.Penal, art. 107)." (RE 430.105-QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,<br />
julgamento <strong>em</strong> 13-2-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 27-4-07)<br />
"É da jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal que não se aplica o princípio da<br />
insignificância ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecentes: prece<strong>de</strong>ntes. De qualquer<br />
sorte, as circunstâncias <strong>do</strong> caso, especialmente se consi<strong>de</strong>rada a espécie da<br />
substância apreendida e a forma como estava acondicionada, não convenc<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong> que o fato pu<strong>de</strong>sse ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> penalmente insignificante." (HC 88.820,<br />
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 5-12-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-12-<br />
06)<br />
"Índio con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelos crimes <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> entorpecentes, associação para o<br />
tráfico e porte ilegal <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo. É dispensável o exame antropológico<br />
<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a aferir o grau <strong>de</strong> integração <strong>do</strong> paciente na socieda<strong>de</strong> se o Juiz<br />
afirma sua imputabilida<strong>de</strong> plena com fundamento na avaliação <strong>do</strong> grau <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong>, da fluência na língua portuguesa e <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança exercida<br />
na quadrilha, entre outros el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> convicção. Prece<strong>de</strong>nte." (HC 85.198,<br />
Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 17-11-05, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 9-12-05)<br />
“A prisão preventiva está fundamentada na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se garantir a<br />
aplicação da lei penal e a preservação da or<strong>de</strong>m pública, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entorpecentes apreendida com o paciente (...).” (RHC 84.480,<br />
76
Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 23-11-04, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 18-2-<br />
05). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 98.504, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong><br />
1º-12-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-2-10.<br />
"Esta Corte firmou entendimento no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> impossibilitar o pleito <strong>de</strong><br />
extradição após a solene entrega <strong>do</strong> certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> naturalização pelo Juiz,<br />
salvo comprova<strong>do</strong> envolvimento <strong>em</strong> tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes e drogas<br />
afins, na forma da lei. A norma inserta no artigo 5º, LI, da Constituição <strong>do</strong> Brasil<br />
não é regra <strong>de</strong> eficácia plena, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong> imediata. Afigura-se<br />
imprescindível a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> legislação ordinária regulamentar.<br />
Prece<strong>de</strong>nte. Ausência <strong>de</strong> prova cabal <strong>de</strong> que o extraditan<strong>do</strong> esteja envolvi<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong> tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes e drogas afins. Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> renovação,<br />
no futuro, <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> extradição, com base <strong>em</strong> sentença <strong>de</strong>finitiva, se<br />
apura<strong>do</strong> e comprova<strong>do</strong> o efetivo envolvimento na prática <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>de</strong>lito."<br />
(Ext 934-QO, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 9-9-04, Plenário, DJ <strong>de</strong> 12-<br />
11-04)<br />
"Quan<strong>do</strong> o tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes se esten<strong>de</strong> por mais <strong>de</strong> uma<br />
jurisdição, é competente, pelo princípio da prevenção, o Juiz que primeiro toma<br />
conhecimento da infração e pratica qualquer ato processual. No caso, o ato<br />
que fixou a competência <strong>do</strong> juiz foi a autorização para proce<strong>de</strong>r a escuta<br />
telefônica das conversas <strong>do</strong> Paciente." (HC 82.009, Rel. Min. Nelson Jobim,<br />
julgamento <strong>em</strong> 12-11-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-12-02)<br />
“A Lei 8.072/90, que dispõe sobre os crimes hedion<strong>do</strong>s, aten<strong>de</strong>u ao coman<strong>do</strong><br />
constitucional. Consi<strong>de</strong>rou o tráfico ilícito <strong>de</strong> entorpecentes como insuscetível<br />
<strong>do</strong>s benefícios da anistia, graça e indulto (art. 2º, I). E, ainda, não possibilitou a<br />
concessão <strong>de</strong> fiança ou liberda<strong>de</strong> provisória (art. 2º, II). A jurisprudência <strong>do</strong><br />
Tribunal reconhece a constitucionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse artigo.” (HC 80.886, Rel. Min.<br />
Nelson Jobim, julgamento <strong>em</strong> 22-05-01, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 14-6-02)<br />
“O tráfico internacional <strong>de</strong> entorpecentes, pratica<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> <strong>de</strong> aeronave, é da<br />
competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral (CF, art. 109, IX). Quan<strong>do</strong> a aeronave ingressa<br />
no espaço aéreo brasileiro, inci<strong>de</strong> a referida competência. Ela não se <strong>de</strong>sloca<br />
para a Justiça Estadual porque a apreensão foi feita no interior <strong>de</strong> aeronave. A<br />
Justiça Estadual t<strong>em</strong> competência se no lugar on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>lito for pratica<strong>do</strong> não<br />
houver Vara da Justiça Fe<strong>de</strong>ral (L. 6.368/76, art. 27). Não se confun<strong>de</strong> o<br />
momento <strong>de</strong> consumação com o da apreensão da droga. A consumação ocorre<br />
quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong> início o transporte, por ser <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> natureza permanente.<br />
Prece<strong>de</strong>nte." (HC 80.730, Rel. Min. Nelson Jobim, julgamento <strong>em</strong> 03-04-01, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 14-12-01)<br />
"Sonegação fiscal <strong>de</strong> lucro advin<strong>do</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> criminosa: non olet. Drogas:<br />
tráfico <strong>de</strong> drogas, envolven<strong>do</strong> socieda<strong>de</strong>s comerciais organizadas, com lucros<br />
vultosos subtraí<strong>do</strong>s à contabilização regular das <strong>em</strong>presas e subtraí<strong>do</strong>s à<br />
<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> rendimentos: caracterização, <strong>em</strong> tese, <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> sonegação<br />
fiscal, a acarretar a competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral e atrair pela conexão, o<br />
tráfico <strong>de</strong> entorpecentes: irrelevância da orig<strong>em</strong> ilícita, mesmo quan<strong>do</strong> criminal,<br />
da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
econômicos <strong>de</strong> fato criminoso – antes <strong>de</strong> ser corolário <strong>do</strong> princípio da<br />
77
moralida<strong>de</strong> – constitui violação <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> isonomia fiscal, <strong>de</strong> manifesta<br />
inspiração ética." (HC 77.530, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong><br />
25-08-98, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 18-9-98)<br />
<strong>Jurisprudência</strong> anterior<br />
"A inobservância <strong>do</strong> rito previsto no art. 38, caput, da Lei nº 10.409/2002, que<br />
prevê <strong>de</strong>fesa e interrogatório prévios <strong>do</strong> <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> por crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong><br />
entorpecentes, implica nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> tenha si<strong>do</strong><br />
con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> o réu." (HC 95.289, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong><br />
21-10-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-11-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.864, Rel. p/<br />
o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 20-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
Falência<br />
<strong>Jurisprudência</strong> anterior<br />
"É da jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal que o inquérito judicial falimentar,<br />
previsto na antiga Lei <strong>de</strong> Falências (DL 7.661/45), constitui peça meramente<br />
informativa, cujas eventuais nulida<strong>de</strong>s, por isso, não contaminam o processo<br />
penal. Prece<strong>de</strong>ntes. O referi<strong>do</strong> inquérito, contu<strong>do</strong>, pressupõe contraditório<br />
prévio, à falta <strong>do</strong> qual são inadmissíveis o oferecimento e o recebimento da<br />
<strong>de</strong>núncia, tanto mais quanto se exige a fundamentação <strong>de</strong>ste (LF, art. 107) (cf.<br />
HC 82.222, 1ª T., 30.09.03, Pertence, DJ 06.08.04)." (RHC 90.632, Rel. Min.<br />
Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 5-6-07, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 22-6-07)<br />
"Crime falimentar: inquérito judicial falimentar: necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contraditório<br />
prévio à instauração <strong>do</strong> processo (DL 7.661/45, arts. 105, 106 e 107): a<br />
ausência <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> para a Defesa se manifestar, pela supressão da fase<br />
<strong>do</strong> art. 106 da antiga Lei <strong>de</strong> Falências, constitui nulida<strong>de</strong> relativa, que, no caso,<br />
ficou sanada, à falta <strong>de</strong> alegação quan<strong>do</strong> da Defesa Prévia (C.Pr.Penal, art.<br />
572, caput; 564, III, e, parte final, e IV)." (HC 86.586, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 19-9-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 10-11-06)<br />
"Nos crimes falimentares, antes da <strong>de</strong>núncia, o Juiz <strong>de</strong>ve abrir prazo para o<br />
fali<strong>do</strong> contestar as argüições contidas nos autos <strong>do</strong> inquérito e requerer o que<br />
achar conveniente (DL. 7.761/45, art. 106). Se o Juiz enten<strong>de</strong>r que os<br />
requerimentos formula<strong>do</strong>s pela <strong>de</strong>fesa não são indispensáveis para os fins da<br />
falência, não fica obriga<strong>do</strong> a <strong>de</strong>feri-los (DL. 7.761/45, art. 107)." (HC 79.106,<br />
Rel. Min. Nelson Jobim, julgamento <strong>em</strong> 10-8-99, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 17-8-01)<br />
"O processo falimentar, segun<strong>do</strong> a lei brasileira, <strong>de</strong>ve ser encerra<strong>do</strong> no curso<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos após a <strong>de</strong>claração da falência (Decreto-lei nº 7.661/45, artigo 132,<br />
§ 1º), ocorren<strong>do</strong> a prescrição <strong>do</strong> crime quan<strong>do</strong> completa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos <strong>do</strong><br />
encerramento (artigo 199 e parágrafo único da mesma Lei). A Súmula 147<br />
interpretou estas disposições legais no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que ‘a prescrição <strong>de</strong> crime<br />
falimentar começa a correr da data <strong>em</strong> que <strong>de</strong>veria estar encerrada a falência<br />
ou <strong>do</strong> trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> da sentença que a encerrar (...)’. Prece<strong>de</strong>ntes." (Ext<br />
78
733, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 10-6-99, Plenário, DJ <strong>de</strong> 18-5-<br />
01). No mesmo senti<strong>do</strong>: Ext 907, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento <strong>em</strong> 1º-<br />
7-04, Plenário, DJ <strong>de</strong> 20-08-04.<br />
"O curso da prescrição, nos crimes falimentares, contada da data <strong>em</strong> que<br />
<strong>de</strong>veria estar encerrada a falência, interrompe-se com o recebimento da<br />
<strong>de</strong>núncia e com a sentença con<strong>de</strong>natória (Súmulas 147 e 592)." (HC 72.563,<br />
Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 26-9-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 24-11-95)<br />
"O micro<strong>em</strong>presário (a) que não mantém escrituração mercantil ou fiscal ou (b)<br />
que a conserva atrasada, lacunosa, <strong>de</strong>feituosa ou confusa, <strong>em</strong> ocorren<strong>do</strong> a<br />
<strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> sua falência – e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cometi<strong>do</strong> o fato até a superveniência<br />
da Lei n. 8.864/94 (art. 11) –, não pratica o <strong>de</strong>lito falimentar previsto no art. 186,<br />
VI, da Lei <strong>de</strong> Falências (DL 7.661/45), eis que o Estatuto da Micro<strong>em</strong>presa<br />
expressamente dispensou o micro<strong>em</strong>presário da obrigação legal genérica <strong>de</strong><br />
manter escrituração contábil (Lei n. 7.256/84, art. 15). Em consequência, não<br />
se reveste <strong>de</strong> tipicida<strong>de</strong> penal o comportamento atribuí<strong>do</strong> ao micro<strong>em</strong>presário<br />
que, até a edição da Lei n. 8.864/94 (art. 11), <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> possuir e/ou manter<br />
escrituração contábil <strong>em</strong> forma regular, sen<strong>do</strong>-lhe juridicamente inaplicável a<br />
cláusula <strong>de</strong> incriminação <strong>de</strong>finida no art. 186, VI, da Lei <strong>de</strong> Falências. A<br />
dispensa legal concedida ao micro<strong>em</strong>presário pelo art. 15 da Lei n. 7.256/84<br />
(Estatuto da Micro<strong>em</strong>presa) cessou a partir da edição da Lei n. 8.864/94, cujo<br />
art. 11, agora, impõe ao micro<strong>em</strong>presário – e, também, ao <strong>em</strong>presário <strong>de</strong><br />
pequeno porte – o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> manter, ainda que <strong>de</strong> forma simplificada, a<br />
necessária escrituração contábil pertinente aos <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> natureza fiscal,<br />
trabalhista e/ou previ<strong>de</strong>nciária, b<strong>em</strong> assim aqueles relativos aos atos negociais<br />
que praticar ou nos quais intervier." (HC 72.691, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello,<br />
julgamento <strong>em</strong> 29-8-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-10-95)<br />
"Crimes Falimentares. Ação penal pretérita, dirigida a outros réus na Vara<br />
especializada da Capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, que não obsta a propositura<br />
<strong>de</strong> outra, perante o Juízo criminal da Jurisdição <strong>do</strong> local das praticas <strong>de</strong>lituosas<br />
(Decreto-lei no 7.661-45, artigos 113 e 194, este combina<strong>do</strong> com o art. 108 e<br />
seu parágrafo único)." (HC 72.720, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento <strong>em</strong><br />
27-6-95, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 15-9-95).<br />
"Crime falimentar. Ação penal: trancamento: impossibilida<strong>de</strong>. Lau<strong>do</strong> pericial<br />
elabora<strong>do</strong> pelo síndico da massa falida, perito conta<strong>do</strong>r, com registro no órgão<br />
<strong>de</strong> fiscalização: inocorrência <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> ensejar o trancamento da<br />
ação penal. A<strong>de</strong>mais, toda a matéria apurada no inquérito, instaura<strong>do</strong> com<br />
base no lau<strong>do</strong> contábil, po<strong>de</strong> ser renovada na instrução criminal." (RHC 68.910,<br />
Rel. p/ o ac. Min. Carlos Velloso, julgamento <strong>em</strong> 22-10-94, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-<br />
12-94)<br />
"São figuras inconfundíveis a <strong>do</strong> liquidante, órgão <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> comercial <strong>em</strong><br />
liquidação e, por isso, equipara<strong>do</strong> ao fali<strong>do</strong> pelo art. 91 da Lei <strong>de</strong> Falências, e a<br />
<strong>do</strong> liquidante, órgão <strong>do</strong> Banco Central na liquidação extrajudicial <strong>de</strong> instituições<br />
financeiras, que o art. 34 da L. 6.024/74 a<strong>de</strong>quadamente equipara, não ao<br />
fali<strong>do</strong>, mas ao síndico da falência. Também no art. 25, parag. único, da L.<br />
7.492/86, para o efeito <strong>de</strong> atribuir-lhes responsabilida<strong>de</strong> penal pelos crimes<br />
79
nela <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, o que se cont<strong>em</strong> e a assimilação, logicamente congruente, <strong>do</strong><br />
liquidante das financeiras ao síndico, não a sua equiparação ao fali<strong>do</strong>,<br />
substancialmente arbitrária; por outro la<strong>do</strong>, a regra é <strong>de</strong> incidência restrita a lei<br />
penal extravagante <strong>em</strong> que inserida e a imputação das infrações criminais nela<br />
<strong>de</strong>finidas, campo normativo que não cabe esten<strong>de</strong>r ao probl<strong>em</strong>a, <strong>de</strong> to<strong>do</strong><br />
diverso, da atribuição ao liquidante administrativo <strong>de</strong> instituição financeira <strong>de</strong><br />
crimes falimentares próprios <strong>do</strong> fali<strong>do</strong> ou a imposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres e sanções<br />
processuais a ele, fali<strong>do</strong>, também exclusivamente dirigida." (HC 70.743, Rel.<br />
Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 24-5-94, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 1º-7-94)<br />
Lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Capitais<br />
“Enten<strong>do</strong> não ser caso <strong>de</strong> inconstitucionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 3º da Lei n. 9.613/98,<br />
mas, sim, <strong>de</strong> interpretação conforme à Constituição, para se interpretar que o<br />
juiz <strong>de</strong>cidirá, fundamentadamente, se o réu po<strong>de</strong>rá, ou não, apelar <strong>em</strong><br />
liberda<strong>de</strong>, verifican<strong>do</strong> se estão presentes, ou não, os requisitos da prisão<br />
cautelar.” (HC 83.868, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 5-3-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 17-4-09)<br />
"A <strong>de</strong>núncia não precisa trazer prova cabal acerca da materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime<br />
antece<strong>de</strong>nte ao <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro. Nos termos <strong>do</strong> art. 2º, II e § 1º, da Lei<br />
9.613/98, o processo e julgamento <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro<br />
‘in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> processo e julgamento <strong>do</strong>s crimes antece<strong>de</strong>ntes’, bastan<strong>do</strong><br />
que a <strong>de</strong>núncia seja ‘instruída com indícios suficientes da existência <strong>do</strong> crime<br />
antece<strong>de</strong>nte’, mesmo que o autor <strong>de</strong>ste seja ‘<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> ou isento <strong>de</strong> pena’.<br />
Prece<strong>de</strong>ntes (HC 89.739, rel. min. Cezar Peluso, DJe-152 <strong>de</strong> 15.08.2008).<br />
Além disso, a tese <strong>de</strong> inexistência <strong>de</strong> prova da materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime anterior<br />
ao <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro envolve o reexame aprofunda<strong>do</strong> <strong>de</strong> fatos e provas,<br />
o que, <strong>em</strong> regra, não t<strong>em</strong> espaço na via eleita." (HC 94.958, Rel. Min. Joaquim<br />
Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 9-12-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-2-09)<br />
“A repatriação <strong>do</strong>s valores objeto <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro não t<strong>em</strong><br />
qualquer conseqüência <strong>em</strong> relação à tipicida<strong>de</strong> da conduta, que já estava<br />
consumada quan<strong>do</strong> da <strong>de</strong>volução <strong>do</strong> dinheiro ao erário al<strong>em</strong>ão. O crime <strong>de</strong><br />
lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro <strong>em</strong> tese pratica<strong>do</strong> no Brasil não se confun<strong>de</strong> com o crime<br />
contra o sist<strong>em</strong>a financeiro nacional pelo qual o paciente está sen<strong>do</strong><br />
processa<strong>do</strong> na Al<strong>em</strong>anha. A lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro é crime autônomo, não se<br />
constituin<strong>do</strong> <strong>em</strong> mero exaurimento <strong>do</strong> crime antece<strong>de</strong>nte. Assim, não há bis in<br />
i<strong>de</strong>m ou litispendência entre os processos instaura<strong>do</strong>s contra o paciente no<br />
Brasil e na Al<strong>em</strong>anha.” (HC 92.279, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong><br />
24-6-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 19-9-08)<br />
"O crime <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro, por ser autônomo, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
instauração <strong>de</strong> processo administrativo-fiscal. Os fatos <strong>de</strong>scritos na <strong>de</strong>núncia,<br />
se comprova<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>m tipificar o crime <strong>de</strong>scrito na norma penal vigente,<br />
<strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, quanto a este, prosseguir a ação penal. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 85.949,<br />
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 22-8-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 6-11-06)<br />
80
"Nos termos <strong>do</strong> art. 4º da Lei Antilavag<strong>em</strong>, somente po<strong>de</strong>m ser<br />
indisponibiliza<strong>do</strong>s bens, direitos ou valores sob fundada suspeição <strong>de</strong><br />
guardar<strong>em</strong> vinculação com o <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> capitais. Patrimônio diverso,<br />
que n<strong>em</strong> mesmo indiretamente se vincule às infrações referidas na Lei nº<br />
9.613/98, não se expõe a medidas <strong>de</strong> constrição cautelar, por ausência <strong>de</strong><br />
expressa autorização legal. A precípua finalida<strong>de</strong> das medidas acautelatórias<br />
que se <strong>de</strong>cretam <strong>em</strong> procedimentos penais pela suposta prática <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong><br />
lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> capitais está <strong>em</strong> inibir a própria continuida<strong>de</strong> da conduta <strong>de</strong>litiva,<br />
ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que o crime <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro consiste <strong>em</strong> introduzir na<br />
economia formal valores, bens ou direitos que provenham, direta ou<br />
indiretamente, <strong>de</strong> crimes antece<strong>de</strong>ntes (incisos I a VIII <strong>do</strong> art. 1º da Lei nº<br />
9.613/98). Daí que a apreensão <strong>de</strong> valores <strong>em</strong> espécie tenha a serventia <strong>de</strong><br />
facilitar o <strong>de</strong>svendamento da respectiva orig<strong>em</strong> e ainda evitar que esse dinheiro<br />
<strong>em</strong> espécie entre <strong>em</strong> efetiva circulação, retroalimentan<strong>do</strong> a suposta ciranda da<br />
<strong>de</strong>litivida<strong>de</strong>. Doutrina. Se o crime <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro é uma conduta que<br />
lesiona as or<strong>de</strong>ns econômica e financeira e que prejudica a administração da<br />
justiça; se o numerário objeto <strong>do</strong> crime <strong>em</strong> foco somente po<strong>de</strong> ser usufruí<strong>do</strong><br />
pela sua inserção no meio circulante; e se a constrição que a Lei Antilavag<strong>em</strong><br />
franqueia é <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a impedir tal inserção retroalimenta<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> ilícitos, além<br />
<strong>de</strong> possibilitar uma mais <strong>de</strong>s<strong>em</strong>baraçada inve stigação quanto à procedência<br />
das coisas, então é <strong>de</strong> se in<strong>de</strong>ferir a pretendida substituição, por imóveis, <strong>do</strong><br />
numerário apreendi<strong>do</strong>. Não é <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar venci<strong>do</strong> o prazo a que alu<strong>de</strong> o §<br />
1º <strong>do</strong> art. 4º da Lei nº 9.613/98, que é <strong>de</strong> 120 dias, pois ainda se encontram<br />
inconclusas as diligências requeridas pelo Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral, <strong>em</strong><br />
or<strong>de</strong>m a não se po<strong>de</strong>r iniciar a contag<strong>em</strong> <strong>do</strong> lapso t<strong>em</strong>poral. Questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />
que se resolve pelo in<strong>de</strong>ferimento <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> bens." (Inq<br />
2.248-QO, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 25-5-06, Plenário, DJ <strong>de</strong> 20-<br />
10-06)<br />
"O <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> cheques <strong>de</strong> terceiro recebi<strong>do</strong>s pelo agente, como produto <strong>de</strong><br />
concussão, <strong>em</strong> contas-correntes <strong>de</strong> pessoas jurídicas, às quais contava ele ter<br />
acesso, basta a caracterizar a figura <strong>de</strong> ‘lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> capitais’ mediante<br />
ocultação da orig<strong>em</strong>, da localização e da proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s valores respectivos<br />
(L. 9.613, art. 1º, caput): o tipo não reclama n<strong>em</strong> êxito <strong>de</strong>finitivo da ocultação,<br />
visa<strong>do</strong> pelo agente, n<strong>em</strong> o vulto e a complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> requintada<br />
‘engenharia financeira’ transnacional, com os quais se ocupa a literatura."<br />
(RHC 80.816, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-4-01, 1ª Turma,<br />
DJ <strong>de</strong> 18-6-01)<br />
Licitação<br />
"O Prefeito Municipal, ainda que não seja or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, po<strong>de</strong> ser<br />
processa<strong>do</strong> criminalmente pelos crimes previstos na Lei 8.666/93 – Lei das<br />
Licitações, se a acusação o enquadrar como mentor intelectual <strong>do</strong>s crimes."<br />
(Inq 2.578, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 6-8-09, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 18-9-09)<br />
81
"Denúncia oferecida pela suposta prática <strong>do</strong> crime previsto no art. 24, inc. X, da<br />
Lei n. 8.666/93. (...) a configuração <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> dispensa irregular <strong>de</strong> licitação<br />
exige a <strong>de</strong>monstração da efetiva intenção <strong>de</strong> burlar o procedimento licitatório, o<br />
que não se <strong>de</strong>monstrou na espécie vertente." (Inq 2.648, Rel. Min. Cármen<br />
Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 12-6-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 22-8-08)<br />
"Habeas corpus: crimes previstos nos artigos 89 e 92 da L. 8.666/93: falta <strong>de</strong><br />
justa causa para a ação penal, dada a inexigibilida<strong>de</strong>, no caso, <strong>de</strong> licitação para<br />
a contratação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> advocacia. A presença <strong>do</strong>s requisitos <strong>de</strong> notória<br />
especialização e confiança, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> relevo <strong>do</strong> trabalho a ser contrata<strong>do</strong>, que<br />
encontram respal<strong>do</strong> da inequívoca prova <strong>do</strong>cumental trazida, permite concluir,<br />
no caso, pela inexigibilida<strong>de</strong> da licitação para a contratação <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong><br />
advocacia. Extr<strong>em</strong>a dificulda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong>, da licitação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
advocacia, dada a incompatibilida<strong>de</strong> com as limitações éticas e legais que da<br />
profissão (L. 8.906/94, art. 34, IV; e Código <strong>de</strong> Ética e Disciplina da OAB/1995,<br />
art. 7º)." (HC 86.198, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 17-4-07, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 26-6-07)<br />
Meio Ambiente<br />
"Habeas Corpus. (...) Na concreta situação <strong>do</strong>s autos, a pessoa jurídica da qual<br />
o paciente é representante legal se acha processada por <strong>de</strong>litos ambientais.<br />
Pessoa Jurídica que somente po<strong>de</strong>rá ser punida com multa e pena restritiva <strong>de</strong><br />
direitos. Noutro falar: a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção <strong>do</strong> agravante não está, n<strong>em</strong><br />
mesmo indiretamente, ameaçada ou restringida." (HC 88.747-AgR, Rel. Min.<br />
Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 15-9-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-10-09)<br />
“O art. 2º da Lei nº 9.605/98 prevê expressamente a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
administra<strong>do</strong>r da <strong>em</strong>presa que <strong>de</strong> qualquer forma concorre para a prática <strong>de</strong><br />
crimes ambientais, ou, se omite para tentar evitá-los.” (HC 97.484, Rel. Min.<br />
Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-8-09)<br />
“Responsabilida<strong>de</strong> penal da pessoa jurídica, para ser aplicada, exige<br />
alargamento <strong>de</strong> alguns conceitos tradicionalmente <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s na seara<br />
criminal, a ex<strong>em</strong>plo da culpabilida<strong>de</strong>, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a elas também as<br />
medidas assecuratórias, como o habeas corpus. Writ que <strong>de</strong>ve ser havi<strong>do</strong><br />
como instrumento hábil para proteger pessoa jurídica contra ilegalida<strong>de</strong>s ou<br />
abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r quan<strong>do</strong> figurar como co-ré <strong>em</strong> ação penal que apura a prática<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>litos ambientais, para os quais é cominada pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />
(HC 92.921, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-8-08, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 26-9-08)<br />
“Crimes contra o meio ambiente (Lei n. 9.605/98) e <strong>de</strong> loteamento clan<strong>de</strong>stino<br />
(Lei n. 6.766/79). (...) Tipicida<strong>de</strong> da conduta criminosa inscrita no artigo 40 da<br />
Lei n. 9.605/98. Caracterização da área <strong>de</strong>gradada como 'unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conservação'. Reexame <strong>de</strong> provas. (...) O artigo 40 da Lei n. 9.605/98,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente das alterações inseridas pela Lei n. 9.985/2000 ou da<br />
regulamentação trazida pelo Decreto n. 4.340/02, possuía, já <strong>em</strong> sua redação<br />
82
original, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normativa suficiente para permitir a sua aplicação imediata,<br />
sen<strong>do</strong> certo que essas alterações não implicaram abolitio criminis <strong>em</strong> nenhuma<br />
medida.” (HC 89.735, Rel. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 20-11-07, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 29-02-08)<br />
“O dano grave ou irreversível que se preten<strong>de</strong> evitar com a norma prevista no<br />
artigo 54, § 3º, da Lei n. 9.605/98 não fica prejudica<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>gradação<br />
ambiental prévia. O risco tutela<strong>do</strong> po<strong>de</strong> estar relaciona<strong>do</strong> ao agravamento das<br />
conseqüências <strong>de</strong> um dano ao meio ambiente já ocorri<strong>do</strong> e que se protrai no<br />
t<strong>em</strong>po. O crime capitula<strong>do</strong> no tipo penal <strong>em</strong> referência não é daquele que <strong>de</strong>ixa<br />
vestígios. Impossível, por isso, preten<strong>de</strong>r o trancamento da ação penal ao<br />
argumento <strong>de</strong> que não teria si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito. No caso,<br />
há registro <strong>de</strong> diversos <strong>do</strong>cumentos técnicos elabora<strong>do</strong>s pela autorida<strong>de</strong><br />
incumbida da fiscalização ambiental assinalan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma expressa, o perigo<br />
<strong>de</strong> dano grave ou irreversível ao meio ambiente. Não se reputa inepta a<br />
<strong>de</strong>núncia que preenche os requisitos formais <strong>do</strong> artigo 41 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal e indica minuciosamente as condutas criminosas <strong>em</strong> tese<br />
praticadas pela paciente, permitin<strong>do</strong>, assim, o exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> ampla<br />
<strong>de</strong>fesa." (HC 90.023, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 6-11-07, 1ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 7-12-07)<br />
"Art. 2º da Lei 9.605/1998. Rejeita<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> trancamento <strong>de</strong> ação penal,<br />
dada a expressa previsão legal, nos termos da legislação ambiental, da<br />
responsabilização penal <strong>de</strong> dirigentes <strong>de</strong> pessoa jurídica e a verificação <strong>de</strong> que<br />
consta da <strong>de</strong>núncia a <strong>de</strong>scrição, <strong>em</strong>bora sucinta, da conduta <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s." (HC 86.198, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 8-11-05,<br />
2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 10-3-06)<br />
“Habeas Corpus. Responsabilida<strong>de</strong> penal objetiva. Crime ambiental previsto no<br />
art. 2º da Lei n. 9.605/98. Evento danoso: vazamento <strong>em</strong> um oleoduto da<br />
Petrobrás. Ausência <strong>de</strong> nexo causal. Responsabilida<strong>de</strong> pelo dano ao meio<br />
ambiente não-atribuível diretamente ao dirigente da Petrobrás. Existência <strong>de</strong><br />
instâncias gerenciais e <strong>de</strong> operação para fiscalizar o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação<br />
<strong>do</strong>s 14 mil quilômetros <strong>de</strong> oleodutos. Não-configuração <strong>de</strong> relação <strong>de</strong><br />
causalida<strong>de</strong> entre o fato imputa<strong>do</strong> e o suposto agente criminoso. Diferenças<br />
entre conduta <strong>do</strong>s dirigentes da <strong>em</strong>presa e ativida<strong>de</strong>s da própria <strong>em</strong>presa.<br />
Probl<strong>em</strong>a da assinalagmaticida<strong>de</strong> <strong>em</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco. Impossibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se atribuir ao indivíduo e à pessoa jurídica os mesmos riscos”. (HC 83.554,<br />
Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 16-8-05, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-10-05)<br />
“A conduta imputada ao paciente é a <strong>de</strong> impedir o nascimento <strong>de</strong> nova<br />
vegetação (art. 48 da Lei n. 9.605/98) e não a <strong>de</strong> meramente <strong>de</strong>struir a flora <strong>em</strong><br />
local <strong>de</strong> preservação ambiental (art. 38 da lei ambiental). A consumação não se<br />
dá instantaneamente, mas, ao contrário, se protai no t<strong>em</strong>po, pois o b<strong>em</strong> jurídico<br />
tutela<strong>do</strong> é viola<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma contínua e dura<strong>do</strong>ura, renovan<strong>do</strong>-se, a cada<br />
momento, a consumação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito. Tratan<strong>do</strong>-se, portanto, <strong>de</strong> crime<br />
permanente. Não houve violação ao princípio da legalida<strong>de</strong> ou tipicida<strong>de</strong>, pois<br />
a conduta <strong>do</strong> paciente já era prevista como crime pelo código florestal, anterior<br />
à lei n. 9.605/98. Houve, apenas, uma sucessão <strong>de</strong> leis no t<strong>em</strong>po perfeitamente<br />
legítima, nos termos da Súmula 711 <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. Tratan<strong>do</strong>-se<br />
83
<strong>de</strong> crime permanente, o lapso prescricional somente começa a fluir a partir <strong>do</strong><br />
momento <strong>em</strong> que cessa a permanência.”. (RHC 83.437, Rel. Min. Joaquim<br />
Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 10-2-04, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-4-08)<br />
Or<strong>de</strong>m Tributária, Econômica e Relações <strong>de</strong> Consumo<br />
“Não se tipifica crime material contra a or<strong>de</strong>m tributária, previsto no art. 1º,<br />
incisos I a IV, da Lei no 8.137/90, antes <strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong>finitivo <strong>do</strong> tributo.”<br />
(Súmula Vinculante 24)<br />
“É pública incondicionada a ação penal por crime <strong>de</strong> sonegação fiscal.”<br />
(Súmula 609)<br />
“O recorrente preten<strong>de</strong> ver reconhecida nulida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia oferecida pela<br />
prática <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> sonegação fiscal (art. 1º da Lei 8.137/90), antes <strong>do</strong><br />
encerramento <strong>do</strong> processo administrativo-fiscal. Não há nulida<strong>de</strong> na intimação<br />
<strong>do</strong> contribuinte por edital, quan<strong>do</strong> infrutíferas as tentativas <strong>de</strong> intimação<br />
pessoal, no en<strong>de</strong>reço constante <strong>de</strong> seu cadastro junto ao Fisco, nos termos <strong>do</strong><br />
disposto no art. 23 <strong>do</strong> Dec. 70.235/72. (...) No caso <strong>em</strong> tela, não obstante a<br />
<strong>de</strong>núncia ter si<strong>do</strong> recebida antes <strong>do</strong> encerramento <strong>de</strong>finitivo <strong>do</strong> procedimento<br />
fiscal, a ação penal ficou suspensa durante toda a tramitação <strong>do</strong> processo<br />
administrativo na Receita Fe<strong>de</strong>ral e somente retomou seu curso após o<br />
julgamento <strong>de</strong>finitivo <strong>do</strong> feito pelo Conselho <strong>de</strong> Contribuintes. Ressalte-se que<br />
a suspensão <strong>do</strong> andamento da ação penal até o lançamento <strong>de</strong>finitivo <strong>do</strong><br />
crédito tributário foi requerida ao Magistra<strong>do</strong> <strong>de</strong> primeiro grau pelo próprio<br />
recorrente. De outro giro, a nulida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>núncia por falta <strong>de</strong> justa causa, <strong>em</strong><br />
razão <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> oferecida antes <strong>do</strong> encerramento <strong>do</strong> procedimento<br />
administrativo-fiscal, somente foi alegada pelo recorrente após a sentença<br />
con<strong>de</strong>natória. A jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é firme no senti<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> que ‘os vícios da <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser argüi<strong>do</strong>s antes da prolação da<br />
sentença’ (RHC 84.849/PR, Rel. Min. Eros Grau, DJ 12-8-05) (...) Além disso,<br />
na presente hipótese, não houve prejuízo para o recorrente, já que a ação<br />
penal ficou suspensa, a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua própria <strong>de</strong>fesa, durante to<strong>do</strong> o trâmite<br />
<strong>do</strong> procedimento administrativo-fiscal, somente retoman<strong>do</strong> seu curso após a<br />
constituição <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> crédito tributário. Não se po<strong>de</strong> admitir que agora o<br />
recorrente pretenda anular to<strong>do</strong> o processo, quan<strong>do</strong> foi a pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua própria<br />
<strong>de</strong>fesa que a ação penal foi suspensa até o encerramento <strong>do</strong> procedimento<br />
administrativo-fiscal. De fato, segun<strong>do</strong> o art. 565 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal,<br />
‘nenhuma das partes po<strong>de</strong>rá argüir nulida<strong>de</strong> a que haja da<strong>do</strong> causa, ou para<br />
que tenha concorri<strong>do</strong>’.” (RHC 95.108, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-<br />
11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“No caso, a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>screveu, suficient<strong>em</strong>ente, os fatos supostamente<br />
ilícitos, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scabi<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento requeri<strong>do</strong> na impetração.<br />
Denúncia que permitiu aos acusa<strong>do</strong>s o mais amplo exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa. Pelo que não é <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como fruto <strong>de</strong> um arbitrário<br />
exercício <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r-<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> promover a ação penal pública. O quadro <strong>em</strong>pírico<br />
84
<strong>do</strong> feito não permite enxergar a flagrante ausência <strong>de</strong> justa causa da ação<br />
penal quanto ao <strong>de</strong>lito contra a or<strong>de</strong>m tributária. Isso porque a impetração não<br />
<strong>de</strong>monstrou, minimamente, a pendência <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> crédito<br />
tributário objeto da acusação ministerial pública. Além disso, a natureza<br />
filantrópica da fundação investigada também não é <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a afastar, <strong>de</strong><br />
plano, eventual prática <strong>de</strong> crime tributário. Por outro la<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>núncia objeto<br />
<strong>de</strong>ste habeas corpus, no tocante ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> quadrilha, é mera<br />
reiteração <strong>de</strong> acusação que tramita no Juízo processante da causa, tanto que<br />
se trata <strong>de</strong> simples transcrição literal da inicial previamente ajuizada. A<br />
constituir patente situação <strong>de</strong> bis in i<strong>de</strong>m, o que autoriza o trancamento da<br />
ação penal, no ponto.” (HC 92.959, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento <strong>em</strong> 17-<br />
11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-2-10). Vi<strong>de</strong>: HC 81.611, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-12-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-5-05.<br />
"O tipo penal previsto no artigo 2º, inc. I, da Lei 8.137/90, é crime formal e,<br />
portanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da consumação <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> naturalístico correspon<strong>de</strong>nte<br />
à auferição <strong>de</strong> vantag<strong>em</strong> ilícita <strong>em</strong> <strong>de</strong>sfavor <strong>do</strong> Fisco, bastan<strong>do</strong> a omissão <strong>de</strong><br />
informações ou a prestação <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração falsa, não <strong>de</strong>mandan<strong>do</strong> a efetiva<br />
percepção material <strong>do</strong> ardil aplica<strong>do</strong>. Dispensável, por conseguinte, a<br />
conclusão <strong>de</strong> procedimento administrativo para configurar a justa causa<br />
legitima<strong>do</strong>ra da persecução." (RHC 90.532-ED, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 23-9-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 6-11-09)<br />
“Versan<strong>do</strong> a imputação a prática <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>, mediante constituição <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas<br />
<strong>de</strong> fachada, para fugir-se às obrigações fiscais, mostra-se dispensável<br />
aguardar-se <strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong> processo administrativo.” (HC 95.086, Rel. Min.<br />
Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-8-09)<br />
“A impetração <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, após o lançamento <strong>de</strong>finitivo <strong>do</strong><br />
crédito tributário, não t<strong>em</strong> o condão <strong>de</strong> impedir o início da ação penal,<br />
principalmente porque a or<strong>de</strong>m foi <strong>de</strong>negada <strong>em</strong> 1º grau e a apelação<br />
interposta, ainda pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento, não t<strong>em</strong> efeito suspensivo.” (HC<br />
95.578, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 10-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
17-4-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 95.108, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento<br />
<strong>em</strong> 24-11-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09. Vi<strong>de</strong>: HC 81.611, Rel. Min.<br />
Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-12-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-5-05.<br />
"O crédito tributário somente se constitui com o lançamento (art. 142 <strong>do</strong> Código<br />
Tributário Nacional). Se existe controvérsia na esfera administrativa acerca da<br />
existência ou <strong>do</strong> montante <strong>do</strong> crédito tributário, é imperioso aguardar a<br />
conclusão <strong>do</strong> procedimento, quan<strong>do</strong> o lançamento <strong>do</strong> tributo se tornará<br />
<strong>de</strong>finitivo. Assim, conforme recente manifestação <strong>de</strong>sta Corte sobre o t<strong>em</strong>a (HC<br />
81.611, Rel. Min. Sepúlveda Pertence), o prévio exaurimento da via<br />
administrativa é condição objetiva <strong>de</strong> punibilida<strong>de</strong>. Antes <strong>de</strong>le, não há que se<br />
falar <strong>em</strong> consumação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito. Por via <strong>de</strong> conseqüência, é in<strong>de</strong>vida a<br />
instauração <strong>de</strong> inquérito policial. Tampouco o prazo prescricional da pretensão<br />
punitiva começa a correr antes <strong>de</strong> fin<strong>do</strong> o processo administrativo fiscal." (RHC<br />
90.532, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-08, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 15-5-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 94.096, Rel. Min. Menezes Direito,<br />
julgamento <strong>em</strong> 3-2-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-3-09.<br />
85
"Crime contra a saú<strong>de</strong> pública. Colocação, no merca<strong>do</strong>, <strong>de</strong> duas garrafas <strong>de</strong><br />
refrigerante impróprio para consumo. Art. 7º, inc. IX e § único, cc. art. 11, caput,<br />
da Lei nº 8.137/90. Fato típico. Princípio da insignificância. Impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
reconhecimento <strong>em</strong> habeas corpus. Delito que atenta <strong>de</strong> imediato contra as<br />
relações <strong>de</strong> consumo. HC <strong>de</strong>nega<strong>do</strong>. Constitui, <strong>em</strong> tese, <strong>de</strong>lito contra as<br />
relações <strong>de</strong> consumo, por no merca<strong>do</strong> refrigerantes <strong>em</strong> condições impróprias<br />
para consumo." (HC 88.077, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 31-10-06,<br />
2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 16-2-07)<br />
"Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. Art. 73. Responsabilida<strong>de</strong> penal objetiva.<br />
Inadmissibilida<strong>de</strong>. Por eventual irregularida<strong>de</strong> na prestação <strong>de</strong> informações à<br />
autorida<strong>de</strong> judiciária sobre registros <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>r, <strong>em</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ve<br />
ser responsabiliza<strong>do</strong>, penalmente, o funcionário responsável, e não o<br />
presi<strong>de</strong>nte da instituição." (HC 84.620, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
23-11-04, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 10-12-04)<br />
"Crime material contra a or<strong>de</strong>m tributária (L. 8137/90, art. 1º): lançamento <strong>do</strong><br />
tributo pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> processo administrativo: falta <strong>de</strong> justa<br />
causa para a ação penal, suspenso, porém, o curso da prescrição enquanto<br />
obstada a sua propositura pela falta <strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong>finitivo. Embora não<br />
condicionada a <strong>de</strong>núncia à representação da autorida<strong>de</strong> fiscal (ADI 1.571-MC),<br />
falta justa causa para a ação penal pela prática <strong>do</strong> crime tipifica<strong>do</strong> no art. 1º da<br />
L. 8.137/90 – que é material ou <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong> –, enquanto não haja <strong>de</strong>cisão<br />
<strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> processo administrativo <strong>de</strong> lançamento, quer se consi<strong>de</strong>re o<br />
lançamento <strong>de</strong>finitivo uma condição objetiva <strong>de</strong> punibilida<strong>de</strong> ou um el<strong>em</strong>ento<br />
normativo <strong>de</strong> tipo. Por outro la<strong>do</strong>, admitida por lei a extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
crime pela satisfação <strong>do</strong> tributo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, antes <strong>do</strong> recebimento da <strong>de</strong>núncia (L.<br />
9.249/95, art. 34), princípios e garantias constitucionais <strong>em</strong>inentes não<br />
permit<strong>em</strong> que, pela antecipada propositura da ação penal, se subtraia <strong>do</strong><br />
cidadão os meios que a lei mesma lhe propicia para questionar, perante o<br />
Fisco, a exatidão <strong>do</strong> lançamento provisório, ao qual se <strong>de</strong>vesse submeter para<br />
fugir ao estigma e às agruras <strong>de</strong> toda sorte <strong>do</strong> processo criminal. No entanto,<br />
enquanto dure, por iniciativa <strong>do</strong> contribuinte, o processo administrativo<br />
suspen<strong>de</strong> o curso da prescrição da ação penal por crime contra a or<strong>de</strong>m<br />
tributária que <strong>de</strong>penda <strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong>finitivo." (HC 81.611, Rel. Min.<br />
Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-12-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-5-05). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: Inq 2.486, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 8-10-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09; HC 92.484, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 21-8-09; HC 94.096, Rel. Min. Menezes Direito,<br />
julgamento <strong>em</strong> 3-2-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-3-09; RHC 90.532, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 15-5-09; HC<br />
86.489, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 9-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-<br />
11-08. Vi<strong>de</strong>: HC 92.959, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento <strong>em</strong> 17-11-09, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 12-2-10; HC 95.578, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong><br />
10-3-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 17-4-09.<br />
Previdência Social<br />
“A impetrante preten<strong>de</strong> a aplicação <strong>do</strong> princípio da insignificância alegan<strong>do</strong> que<br />
a quantia não repassada à Previdência Social pelo paciente é inferior ao valor<br />
86
mínimo fixa<strong>do</strong> na Portaria MPAS 4.943/99, para o ajuizamento <strong>de</strong> ação <strong>de</strong><br />
execução. O art. 4º da Portaria MPAS 4.943/99 <strong>de</strong>termina somente o nãoajuizamento<br />
da execução, quan<strong>do</strong> o débito inscrito como Dívida Ativa <strong>do</strong> INSS<br />
for igual ou inferior a R$ 10.000,00 (valor modifica<strong>do</strong> pela Portaria MPAS<br />
1.105/02), s<strong>em</strong>, entretanto, que haja extinção <strong>do</strong> crédito. Não se po<strong>de</strong> invocar<br />
tal dispositivo legal para fazer incidir o princípio da insignificância, visto que,<br />
nesses casos, não há extinção <strong>do</strong> crédito tributário, mas mera autorização para<br />
o não-ajuizamento <strong>de</strong> execução, que, no entanto, po<strong>de</strong>rá ser ajuizada, quan<strong>do</strong><br />
o valor <strong>do</strong> débito ultrapassar o limite indica<strong>do</strong>. A extinção <strong>do</strong> crédito fiscal está<br />
prevista no art. 1º, I, da Lei 9.441/97 e atinge, apenas, os débitos inscritos <strong>em</strong><br />
Dívida Ativa que não ultrapassar<strong>em</strong> o montante <strong>de</strong> R$ 1.000,00 (mil reais). Foi<br />
apura<strong>do</strong> pelo INSS um crédito previ<strong>de</strong>nciário no valor total <strong>de</strong> R$ 13.884,71<br />
(treze mil oitocentos e oitenta e quatro reais e setenta e um centavos),<br />
<strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> não-recolhimento <strong>de</strong> contribuições pelo paciente.” (HC 100.004,<br />
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 20-10-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-11-09)<br />
“Para a configuração <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> apropriação indébita previ<strong>de</strong>nciária, basta a<br />
<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> <strong>do</strong>lo genérico.” (HC 87.107, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
98.272, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-<br />
10-09.<br />
“O crime consubstancia<strong>do</strong> na concessão <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria a partir <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />
falsos é instantâneo, não o transmudan<strong>do</strong> <strong>em</strong> permanente o fato <strong>de</strong> terceiro<br />
haver si<strong>do</strong> beneficia<strong>do</strong> com a frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma projetada no t<strong>em</strong>po. A óptica<br />
afasta a contag<strong>em</strong> <strong>do</strong> prazo prescricional a partir da cessação <strong>do</strong>s efeitos –<br />
artigo 111, inciso III, <strong>do</strong> Código Penal. Prece<strong>de</strong>ntes: Habeas Corpus nºs<br />
75.053-2/SP, 79.744-0/SP e 84.998-9/RS e Recurso Ordinário <strong>em</strong> Habeas<br />
Corpus nº 83.446-9/RS.” (HC 95.564, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 30-6-09, 1ª Turma, DJE 29-10-09). Vi<strong>de</strong>: HC 95.379, Rel. p/ o<br />
ac. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 25-8-09, 2ª Turma, Informativo 557.<br />
"É firme a jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />
para a configuração <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> apropriação indébita previ<strong>de</strong>nciária, não é<br />
necessário um fim específico, ou seja, o animus r<strong>em</strong> sibi habendi (cf., por<br />
ex<strong>em</strong>plo, HC 84.589, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10-12-04), ‘bastan<strong>do</strong> para<br />
nesta incidir a vonta<strong>de</strong> livre e consciente <strong>de</strong> não recolher as importâncias<br />
<strong>de</strong>scontadas <strong>do</strong>s salários <strong>do</strong>s <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s da <strong>em</strong>presa pela qual respon<strong>de</strong> o<br />
agente’ (HC 78.234, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 21-5-99). No mesmo senti<strong>do</strong>:<br />
HC 86.478, <strong>de</strong> minha relatoria, DJ 7.12.2006; RHC 86.072, Rel. Min. Eros<br />
Grau, DJ 28-10-05; HC 84.021, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, DJ 14-5-04; entre<br />
outros). A espécie <strong>de</strong> <strong>do</strong>lo não t<strong>em</strong> influência na classificação <strong>do</strong>s crimes<br />
segun<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong>, pois crimes materiais ou formais po<strong>de</strong>m ter como móvel<br />
tanto o <strong>do</strong>lo genérico quanto o <strong>do</strong>lo específico." (HC 96.092, Rel. Min. Cármen<br />
Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09)<br />
"Inquérito. Crime comum. Deputa<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral. Competência originária <strong>do</strong><br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. Exame da admissibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>núncia. Inicial<br />
acusatória que aten<strong>de</strong> aos requisitos <strong>do</strong> art. 41 <strong>do</strong> CPP. Delito <strong>de</strong> apropriação<br />
indébita previ<strong>de</strong>nciária. Ausência <strong>de</strong> causas impeditivas ou suspensivas da<br />
87
punibilida<strong>de</strong>. Denúncia recebida. (...) Não há que se falar <strong>em</strong> abolitio criminis,<br />
<strong>de</strong>corrente da revogação <strong>do</strong> artigo 95 da Lei nº 8.212/91 (vigente na data <strong>do</strong><br />
primeiro perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> fatos). É que a abolitio criminis, causa <strong>de</strong> extinção da<br />
punibilida<strong>de</strong> que é, constitui uma das hipóteses <strong>de</strong> retroativida<strong>de</strong> da lei penal<br />
mais benéfica. É dizer: a abolição <strong>do</strong> crime significa a manifestação legítima <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>scriminalização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada conduta. Noutro dizer, o<br />
<strong>de</strong>tentor <strong>do</strong> jus puniendi renuncia ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> intervir na liberda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
indivíduos responsáveis pela conduta antes qualificada como <strong>de</strong>lituosa. E o<br />
certo é que a revogação <strong>do</strong> artigo 95 da Lei nº 8.212/91 pela Lei nº 9.983/2000<br />
não implicou a <strong>de</strong>scriminalização da falta <strong>de</strong> repasse à previdência social das<br />
contribuições recolhidas <strong>do</strong>s contribuintes, no prazo e forma legal ou<br />
convencional." (Inq. 2.584, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 7-5-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 5-6-09)<br />
“Crime <strong>de</strong> estelionato. Omissão <strong>do</strong> óbito da então pensionista com a finalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> continuar receben<strong>do</strong> o benefício. Colidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas. Inocorrência: ‘a<br />
alegação <strong>de</strong> colidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas somente po<strong>de</strong> ser reconhecida <strong>em</strong><br />
hipóteses nas quais a impetração comprove, <strong>de</strong> plano, que a tese sustentada<br />
pela <strong>de</strong>fesa na orig<strong>em</strong> com relação a um <strong>do</strong>s co-réus tenha si<strong>do</strong> apta para<br />
atribuir, com exclusivida<strong>de</strong>, os indícios <strong>de</strong> autoria e materialida<strong>de</strong> quanto a<br />
outro(s) co-réu(s)’ (HC n. 85.017, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s), o que, no caso<br />
concreto, não ocorreu. As alegações finais <strong>de</strong> cada co-réu foram, ao contrário<br />
<strong>do</strong> sustenta<strong>do</strong>, subscritas por m<strong>em</strong>bros distintos da Defensoria Pública da<br />
União, s<strong>em</strong> que qualquer <strong>de</strong>les tenha aborda<strong>do</strong> colidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas” (HC<br />
91.332, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 24-4-<br />
09)<br />
“É crime instantâneo <strong>de</strong> efeitos permanentes o chama<strong>do</strong> estelionato contra a<br />
Previdência Social (art. 171. § 3º, <strong>do</strong> Código Penal) e, como tal, consuma-se ao<br />
recebimento da primeira prestação <strong>do</strong> benefício in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, contan<strong>do</strong>-se daí o<br />
prazo <strong>de</strong> prescrição da pretensão punitiva. (HC 82.965, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 12-2-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-3-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
99.503-MC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong><br />
24-6-09, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09; HC 95.564, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 30-6-09, 1ª Turma, DJE 29-10-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC<br />
89.925, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 18-12-06, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
16-2-07; HC 99.363-MC, Rel. Min. Ellen Gracie, <strong>de</strong>cisão monocrática,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, DJE <strong>de</strong> 22-6-09.<br />
“A jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o crime<br />
<strong>de</strong> estelionato pratica<strong>do</strong> contra a previdência social t<strong>em</strong> natureza permanente,<br />
e, por isso, o prazo prescricional começa a fluir a partir da cessação da<br />
permanência e não <strong>do</strong> primeiro pagamento <strong>do</strong> benefício.” (HC 89.925, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 18-12-06, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-2-07). No<br />
mesmo senti<strong>do</strong>: HC 99.363-MC, Rel. Min. Ellen Gracie, <strong>de</strong>cisão monocrática,<br />
julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, DJE <strong>de</strong> 22-6-09. Em senti<strong>do</strong> contrário: HC 82.965,<br />
Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 12-2-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 28-3-08; HC<br />
99.503-MC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong><br />
24-6-09, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09.<br />
88
“Relativamente à tipificação, o Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>cidiu que ‘o artigo<br />
3º da Lei n. 9.983/2000 apenas transmu<strong>do</strong>u a base legal da imputação <strong>do</strong><br />
crime da alínea d <strong>do</strong> artigo 95 da Lei n. 8.212/1991 para o artigo 168-A <strong>do</strong><br />
Código Penal, s<strong>em</strong> alterar o el<strong>em</strong>ento subjetivo <strong>do</strong> tipo, que é o <strong>do</strong>lo genérico.<br />
Daí a improcedência da alegação <strong>de</strong> abolitio criminis ao argumento <strong>de</strong> que a lei<br />
mencionada teria altera<strong>do</strong> o el<strong>em</strong>ento subjetivo, passan<strong>do</strong> a exigir o animus<br />
r<strong>em</strong> sibi habendi’.” (HC 86.478, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 21-11-<br />
06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 07-12-06). O mesmo senti<strong>do</strong>: HC 84.021, Rel. Min. Celso<br />
<strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 4-5-04, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 20-4-06; RHC 86.072, Rel.<br />
Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 16-8-05, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-10-05<br />
Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional<br />
"A interpretação sist<strong>em</strong>ática da Lei nº 7.492/86 afasta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver<br />
gestão fraudulenta por terceiro estranho à administração <strong>do</strong> estabelecimento<br />
bancário." (HC 93.553, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 7-5-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 4-9-09)<br />
"Não houve revogação <strong>do</strong> art. 16, da Lei n. 7.492/86 pelo art. 27-E, da Lei n.<br />
10.303/01, eis que, além da objetivida<strong>de</strong> jurídica <strong>do</strong>s tipos penais ser distinta,<br />
há el<strong>em</strong>entos da estrutura <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos que também não se confun<strong>de</strong>m. Com<br />
efeito, o paciente teria supostamente capta<strong>do</strong>, intermedia<strong>do</strong> e aplica<strong>do</strong><br />
recursos financeiros (e não valores mobiliários) <strong>de</strong> terceiros, funcionan<strong>do</strong> como<br />
instituição financeira (fora <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> valores mobiliários) s<strong>em</strong> a <strong>de</strong>vida<br />
autorização <strong>do</strong> órgão competente para operar enquanto tal (Banco Central <strong>do</strong><br />
Brasil). Tal conduta apresenta os el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong> tipo penal previsto no art. 16,<br />
da Lei n. 7.492/86, e não da norma contida no art. 27-E, da Lei n. 10.303/01. O<br />
b<strong>em</strong> jurídico tutela<strong>do</strong> na Lei n. 7.492/86 é a higi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a financeiro<br />
nacional, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se instituição financeira aquela que tenha por ativida<strong>de</strong><br />
principal a captação, intermediação ou aplicação <strong>de</strong> recursos financeiros <strong>de</strong><br />
terceiros. A seu turno, a Lei n. 10.303/01 objetiva tutelar a higi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> valores mobiliários que, no caso relaciona<strong>do</strong> ao paciente, sequer foi<br />
ameaça<strong>do</strong> pelas práticas apuradas e provadas nos autos da ação penal." (HC<br />
94.955, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-<br />
11-08)<br />
"Evasão fiscal. Imputação <strong>do</strong> crime previsto no art. 22, § único, da Lei nº<br />
7.492/86. Pagamento espontâneo <strong>do</strong>s tributos no curso <strong>do</strong> inquérito. Extinção<br />
da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito tipifica<strong>do</strong> no art. 1º da Lei nº 8.137/90. (...) Qu<strong>em</strong><br />
envia, ilicitamente, valores ao exterior, sonegan<strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong> imposto<br />
sobre a operação, incorre, <strong>em</strong> tese, <strong>em</strong> concurso material ou real <strong>de</strong> crimes, <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> que extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> sonegação não <strong>de</strong>scaracteriza<br />
n<strong>em</strong> apaga o <strong>de</strong> evasão <strong>de</strong> divisas." (HC 87.208, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 23-9-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 7-11-08)<br />
"A <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>screveu suficient<strong>em</strong>ente a participação <strong>do</strong> paciente na prática,<br />
<strong>em</strong> tese, <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> gestão fraudulenta <strong>de</strong> instituição financeira. As condições<br />
<strong>de</strong> caráter pessoal, quan<strong>do</strong> el<strong>em</strong>entares <strong>do</strong> crime, comunicam-se aos co-<br />
89
autores e partícipes <strong>do</strong> crime. Artigo 30 <strong>do</strong> Código Penal. Prece<strong>de</strong>ntes.<br />
Irrelevância <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> o paciente não ser gestor da instituição financeira<br />
envolvida. O fato <strong>de</strong> a conduta <strong>do</strong> paciente ser, <strong>em</strong> tese, atípica – avalização<br />
<strong>de</strong> <strong>em</strong>préstimo – é irrelevante para efeitos <strong>de</strong> participação no crime. É possível<br />
que um único ato tenha relevância para consubstanciar o crime <strong>de</strong> gestão<br />
fraudulenta <strong>de</strong> instituição financeira, <strong>em</strong>bora sua reiteração não configure<br />
pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>litos. Crime aci<strong>de</strong>ntalmente habitual." (HC 89.364, Rel. Min.<br />
Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 23-10-07, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-4-08)<br />
"Denúncia: inépcia: atipicida<strong>de</strong> da conduta <strong>de</strong>scrita (...): suposta prática <strong>de</strong><br />
operação <strong>de</strong> câmbio não autorizada, com o fim <strong>de</strong> promover evasão <strong>de</strong> divisas<br />
<strong>do</strong> país – <strong>de</strong>lito previsto no art. 22 da L. 7.492/86 (Lei <strong>do</strong> Colarinho Branco) –<br />
<strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> cessão ou transferência <strong>de</strong> ‘passe’ <strong>de</strong> atleta profissional<br />
para entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva estrangeira. ‘ Não se irroga ao paciente – simples<br />
procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> atleta a ser cedi<strong>do</strong> – a participação <strong>em</strong> nenhuma ‘operação <strong>de</strong><br />
câmbio’, n<strong>em</strong> o valor negocial <strong>do</strong> ‘passe’ <strong>de</strong> um joga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> futebol po<strong>de</strong> ser<br />
reduzi<strong>do</strong> ao conceito <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>ria e caracterizar ativo financeiro objeto <strong>de</strong><br />
operação <strong>de</strong> câmbio. ‘ No tocante à figura <strong>de</strong>lineada na parte final <strong>do</strong> parágrafo<br />
único <strong>do</strong> artigo 22 da L. 7.492/88, é manifesto que não cabe subsumir à<br />
previsão típica <strong>de</strong> promover a ‘saída <strong>de</strong> moeda ou divisa para o exterior’ a<br />
conduta <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>, pelo contrário, nada fez sair <strong>do</strong> País, mas, nele, tivesse<br />
<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> internar moeda estrangeira ou o tivesse feito <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> irregular. De<br />
outro la<strong>do</strong>, no caput <strong>do</strong> art. 22, a incriminação só alcança qu<strong>em</strong> ‘efetuar<br />
operação <strong>de</strong> câmbio não autorizada’: nela não se compreen<strong>de</strong> a ação <strong>de</strong><br />
qu<strong>em</strong>, pelo contrário, haja eventualmente, introduzi<strong>do</strong> no País moeda<br />
estrangeira recebida no exterior, s<strong>em</strong> efetuar a operação <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong>vida<br />
para convertê-la <strong>em</strong> moeda nacional. Da hipótese restante – a <strong>de</strong> que a parcela<br />
<strong>do</strong>s honorários <strong>do</strong> procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> atleta não <strong>de</strong>clarada à Receita Fe<strong>de</strong>ral se<br />
houvesse manti<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>pósito no exterior – objeto <strong>de</strong> incriminação na parte<br />
final <strong>do</strong> parágrafo único <strong>do</strong> art. 22 da L. 7.492/86 –, só se po<strong>de</strong>ria cogitar se a<br />
<strong>de</strong>núncia se fundasse <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos concretos <strong>de</strong> sua existência, à falta <strong>do</strong>s<br />
quais adstringiu-se a aventar suspeita difusa, da qual não oferece, n<strong>em</strong><br />
preten<strong>de</strong> oferecer, da<strong>do</strong>s mínimos <strong>de</strong> concretu<strong>de</strong>." (HC 88.087, Rel. Min.<br />
Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 17-10-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 15-12-06)<br />
"Crime contra o Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional. As entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensão<br />
estão incluídas no Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional. Frau<strong>de</strong> cometida contra<br />
entida<strong>de</strong> previ<strong>de</strong>nciária. Aplicação da Lei no 7.492/86. Competência da Justiça<br />
Fe<strong>de</strong>ral." (RHC 85.094, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 15-2-05, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 8-4-05)<br />
"O fato <strong>de</strong> o Diploma Maior revelar o Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional, dispon<strong>do</strong><br />
sobre t<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, entre outros, pela legislação<br />
compl<strong>em</strong>entar, não é <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a concluir-se não haver si<strong>do</strong> recebida a Lei nº<br />
7.492/86, no que procedida a equiparação <strong>do</strong>s consórcios, para efeito penal, à<br />
instituição financeira." (RHC 84.182, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong><br />
24-8-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 10-9-04)<br />
"A capitulação feita na <strong>de</strong>núncia imputa ao paciente o crime <strong>de</strong>scrito no art. 17<br />
da lei 7.492/1986. (...) Efetivamente, parece-me claro que o crime<br />
90
supostamente pratica<strong>do</strong> pelo paciente é classifica<strong>do</strong> como ‘próprio quanto ao<br />
sujeito ativo’, porque exige <strong>de</strong>ste uma especial qualida<strong>de</strong>, consistente, por<br />
r<strong>em</strong>issão expressa ao art. 25 da mesma lei, <strong>em</strong> ser controla<strong>do</strong>r, administra<strong>do</strong>r,<br />
diretor ou gerente <strong>de</strong> instituição financeira. (...) a especial qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito<br />
ativo é circunstância el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> crime <strong>do</strong> art. 17 da lei <strong>do</strong>s crimes contra o<br />
sist<strong>em</strong>a financeiro. A conseqüência disso encontra-se no art. 30 <strong>do</strong> código<br />
penal (...) Em síntese, apesar <strong>de</strong> não ser o paciente controla<strong>do</strong>r, administra<strong>do</strong>r,<br />
diretor ou gerente <strong>de</strong> instituição financeira, essa qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le subjetiva,<br />
lhe é comunicada por expressa previsão legal. (...) Nesses termos, enten<strong>do</strong><br />
que a condição pessoal <strong>de</strong> ser controla<strong>do</strong>r, administra<strong>do</strong>r, diretor ou gerente <strong>de</strong><br />
instituição financeira constitui el<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong>scrito no art. 17 da lei<br />
7.492/1986. Em conseqüência, aplicável ao caso o art. 30 <strong>do</strong> código penal."<br />
(HC 84.238, voto <strong>do</strong> Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 10-8-04, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 10-9-04)<br />
"Lei 9.034/95. Superveniência da Lei Compl<strong>em</strong>entar 105/01. Revogação da<br />
disciplina contida na legislação antece<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> relação aos sigilos bancário e<br />
financeiro na apuração das ações praticadas por organizações criminosas.<br />
Ação prejudicada, quanto aos procedimentos que inci<strong>de</strong>m sobre o acesso a<br />
da<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>cumentos e informações bancárias e financeiras." (ADI 1.570, Rel.<br />
Min. Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 12-2-04, Plenário, DJ <strong>de</strong> 22-10-04)<br />
"Consoante dispõ<strong>em</strong> os artigos 1º, parágrafo único, inciso I, e 16 da Lei nº<br />
7.492/86, consubstanciam crimes contra o sist<strong>em</strong>a financeiro a formação e<br />
funcionamento <strong>de</strong> consórcio à marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> balizamento legal <strong>de</strong> instruções <strong>do</strong><br />
Banco Central <strong>do</strong> Brasil. (...) Funcionamento <strong>de</strong> consórcio. À luz <strong>do</strong> artigo 109,<br />
inciso VI, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong> artigo 26 da Lei nº 7.492/86, a ação<br />
penal nos crimes contra o sist<strong>em</strong>a financeiro é promovida pelo Ministério<br />
Público Fe<strong>de</strong>ral perante a Justiça Fe<strong>de</strong>ral." (HC 83.729, Rel. Min. Marco<br />
Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 10-2-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-4-04). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 84.111, Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 15-6-04, 2ª<br />
Turma, DJ <strong>de</strong> 20-8-04.<br />
"Delitos contra o Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional: Lei 7.492/86, arts. 5º, 6º e 7º, II:<br />
impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Esta<strong>do</strong> ser equipara<strong>do</strong> a uma instituição financeira: Lei<br />
7.492/86, art. 1º, parágrafo único: o Esta<strong>do</strong>, ao <strong>em</strong>itir títulos da dívida pública<br />
(Letras Financeiras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>) e colocá-las no merca<strong>do</strong>, para obter recursos<br />
para o Tesouro, não atuou como se fosse instituição financeira. Na aplicação<br />
da lei penal, vigora o princípio da reserva legal. Somente os entes que se<br />
enquadr<strong>em</strong> no conceito <strong>de</strong> instituição financeira, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s no art. 1º e<br />
parágrafo único da Lei 7.492/86, é que respon<strong>de</strong>m pelos tipos penais nela<br />
estabeleci<strong>do</strong>s." (Inq 1.690, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento <strong>em</strong> 4-12-03,<br />
Plenário, DJ <strong>de</strong> 30-4-04)<br />
"Trancamento da ação penal por atipicida<strong>de</strong>, não restou <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>. Acórdão<br />
que <strong>de</strong>stacou expressamente que o <strong>de</strong>lito <strong>do</strong> art. 20 da lei 7.492/96 admite o<br />
concurso <strong>de</strong> pessoas, tanto na forma <strong>de</strong> co-autoria quanto <strong>de</strong> participação ‘e<br />
que nada impe<strong>de</strong> que os pacientes respondam, como funcionários da<br />
instituição financeira responsáveis pela liberação da verba, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
participes <strong>do</strong> crime <strong>em</strong> questão, bastan<strong>do</strong>, para tanto, que se avalie da<br />
91
intenção <strong>do</strong>s mesmos, já que o <strong>do</strong>lo é o el<strong>em</strong>ento subjetivo <strong>do</strong> tipo’." (HC<br />
81.852, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento <strong>em</strong> 23-4-02, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 14-<br />
6-02)<br />
"Compete à Justiça Fe<strong>de</strong>ral o processo e julgamento <strong>de</strong> ação penal por crime<br />
contra o Sist<strong>em</strong>a Financeiro Nacional, nos casos <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>em</strong> lei (art. 109,<br />
VI, da C.F. <strong>de</strong> 1988), como é o caso da obtenção <strong>de</strong> financiamento <strong>em</strong><br />
instituição financeira, mediante frau<strong>de</strong> (artigos 19 e 26 da Lei n 7.492, <strong>de</strong><br />
16.06.1986. Prece<strong>de</strong>nte: RTJ 129/192, <strong>de</strong> 03.03.1989." (HC 80.612, Rel. Min.<br />
Sydney Sanches, julgamento <strong>em</strong> 13-2-01, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 4-5-01)<br />
Trânsito<br />
“O art. 309 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro, que reclama <strong>de</strong>corra <strong>do</strong> fato<br />
perigo <strong>de</strong> dano, <strong>de</strong>rrogou o art. 32 da Lei das Contravenções <strong>Penais</strong> no tocante<br />
à direção s<strong>em</strong> habilitação <strong>em</strong> vias terrestre.” (Súmula 720)<br />
“(...) <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> pronúncia, a existência <strong>de</strong> indícios suficientes<br />
<strong>de</strong> autoria <strong>em</strong> relação aos crimes <strong>do</strong>losos <strong>de</strong> homicídio e lesão corporal, visto<br />
que diversas test<strong>em</strong>unhas afirmaram que o paciente dirigia seu veículo <strong>em</strong> alta<br />
velocida<strong>de</strong> e, após o atropelamento, aparentava estar alcooliza<strong>do</strong>. No caso <strong>em</strong><br />
tela, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o que consta da <strong>de</strong>núncia, o paciente aceitou o risco <strong>de</strong><br />
produzir o resulta<strong>do</strong> típico no momento <strong>em</strong> que resolveu dirigir seu automóvel<br />
<strong>em</strong> velocida<strong>de</strong> excessiva, sob o efeito <strong>de</strong> bebida alcoólica e substância<br />
entorpecente.” (HC 97.252, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 23-6-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 4-9-09)<br />
“A questão central, objeto <strong>do</strong> recurso extraordinário interposto, cinge-se à<br />
constitucionalida<strong>de</strong> (ou não) <strong>do</strong> disposto no art. 302, parágrafo único, da Lei n.<br />
9.503/97 (Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro), eis que passou a ser da<strong>do</strong> tratamento<br />
mais rigoroso às hipóteses <strong>de</strong> homicídio culposo causa<strong>do</strong> <strong>em</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
veículo. É inegável a existência <strong>de</strong> maior risco objetivo <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da<br />
condução <strong>de</strong> veículos nas vias públicas – Conforme da<strong>do</strong>s estatísticos que<br />
<strong>de</strong>monstram os alarmantes números <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes fatais ou graves nas vias<br />
públicas e ro<strong>do</strong>vias públicas – impon<strong>do</strong>-se aos motoristas maior cuida<strong>do</strong> na<br />
ativida<strong>de</strong>. O princípio da isonomia não impe<strong>de</strong> o tratamento diversifica<strong>do</strong> das<br />
situações quan<strong>do</strong> houver el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> discrímen razoável, o que efetivamente<br />
ocorre no t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> questão. A maior freqüência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito, com<br />
vítimas fatais, ensejou a aprovação <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> lei, inclusive com o<br />
tratamento mais rigoroso conti<strong>do</strong> no art. 302, parágrafo único, da Lei 9.503/97.<br />
A majoração das margens penais – Comparativamente ao tratamento da<strong>do</strong><br />
pelo art. 121, § 3º, <strong>do</strong> Código Penal – D<strong>em</strong>onstra o enfoque maior no <strong>de</strong>svalor<br />
<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>, notadamente <strong>em</strong> razão da realida<strong>de</strong> brasileira envolven<strong>do</strong> os<br />
homicídios culposos provoca<strong>do</strong>s por indivíduos na direção <strong>de</strong> veículo<br />
automotor.” (RE 428.864, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 14-10-08, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 14-11-08)<br />
92
"A jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte firmou-se no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que não há crime <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sobediência quan<strong>do</strong> a inexecução da or<strong>de</strong>m <strong>em</strong>anada <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r público<br />
estiver sujeita à punição administrativa, s<strong>em</strong> ressalva <strong>de</strong> sanção penal.<br />
Hipótese <strong>em</strong> que o paciente, aborda<strong>do</strong> por agente <strong>de</strong> trânsito, se recusou a<br />
exibir <strong>do</strong>cumentos pessoais e <strong>do</strong> veículo, conduta prevista no Código <strong>de</strong><br />
Trânsito Brasileiro como infração gravíssima, punível com multa e apreensão<br />
<strong>do</strong> veículo (CTB, artigo 238)." (HC 88.452, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong><br />
2-5-06, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-5-06)<br />
"O ato <strong>de</strong> trafegar na contramão não está compreendi<strong>do</strong> pela norma <strong>do</strong> artigo<br />
311 da Lei nº 9.503/97 - Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro." (HC 86.538, Rel. Min.<br />
Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 25-10-05, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 16-12-05)<br />
"Os Juiza<strong>do</strong>s Especiais não são competentes julgar processos relativos aos<br />
crimes tipifica<strong>do</strong>s nos artigos 303, 306 e 308 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro,<br />
por não se enquadrar<strong>em</strong> no conceito <strong>de</strong> ‘menor potencial ofensivo’." (HC<br />
85.350, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 28-6-05, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 2-9-05)<br />
"Arts. 302 e 303 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). (...)<br />
Con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> o paciente, <strong>em</strong> concurso formal, pela prática <strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong><br />
homicídio culposo e lesões corporais culposas no trânsito, inviável a aplicação<br />
da transação penal ao caso. Prece<strong>de</strong>nte." (HC 85.427, Rel. Min. Ellen Gracie,<br />
julgamento <strong>em</strong> 29-3-05, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 15-4-05)<br />
"Sen<strong>do</strong> a pena máxima <strong>do</strong> crime tipifica<strong>do</strong> no art. 306, <strong>do</strong> CTB, <strong>de</strong> três anos,<br />
não se trata <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> menor potencial ofensivo, razão pela qual falece ao<br />
Juiza<strong>do</strong> Especial Criminal competência para o julgamento <strong>do</strong> feito." (HC<br />
85.019, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 15-2-05, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 4-3-<br />
05). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 89.858, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong><br />
6-3-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07.<br />
"Infração <strong>de</strong> trânsito: direção <strong>de</strong> veículos automotores s<strong>em</strong> habilitação, nas vias<br />
terrestres: crime (CTB, art. 309) ou infração administrativa (CTB, art. 162, I),<br />
conforme ocorra ou não perigo concreto <strong>de</strong> dano: <strong>de</strong>rrogação <strong>do</strong> art. 32 da Lei<br />
das Contravenções <strong>Penais</strong> (prece<strong>de</strong>nte: HC 80.362, Pl., 7.2.01, Inf. <strong>STF</strong> 217).<br />
Em tese, constituir o fato infração administrativa não afasta, por si só, que<br />
simultaneamente configure infração penal. No Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro,<br />
entretanto, conforme expressamente disposto no seu art. 161 – e, cuidan<strong>do</strong>-se<br />
<strong>de</strong> um código, já <strong>de</strong>correria <strong>do</strong> art. 2º, § 1º, in fine, LICC – o ilícito<br />
administrativo só caracterizará infração penal se nele mesmo tipifica<strong>do</strong> como<br />
crime, no Capítulo XIX <strong>do</strong> diploma. Cingin<strong>do</strong>-se o CTB, art. 309, a incriminar a<br />
direção s<strong>em</strong> habilitação, quan<strong>do</strong> gerar ‘perigo <strong>de</strong> dano’, ficou <strong>de</strong>rroga<strong>do</strong>,<br />
portanto, no âmbito normativo da lei nova – o trânsito nas vias terrestres – o<br />
art. 32 LCP, que tipificava a conduta como contravenção penal <strong>de</strong> perigo<br />
abstrato ou presumi<strong>do</strong>. A solução que restringe à órbita da infração<br />
administrativa a direção <strong>de</strong> veículo automotor s<strong>em</strong> habilitação, quan<strong>do</strong><br />
inexistente o perigo concreto <strong>de</strong> dano – já evi<strong>de</strong>nte pelas razões puramente<br />
<strong>do</strong>gmáticas anteriormente expostas –, é a que melhor correspon<strong>de</strong> ao histórico<br />
<strong>do</strong> processo legislativo <strong>do</strong> novo Código <strong>de</strong> Trânsito, assim como às inspirações<br />
da melhor <strong>do</strong>utrina penal cont<strong>em</strong>porânea, <strong>de</strong>cididamente avessa às infrações<br />
93
penais <strong>de</strong> perigo presumi<strong>do</strong> ou abstrato." (HC 84.377, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 29-6-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 27-8-04)<br />
"O crime previsto no art. 306 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro (<strong>em</strong>briaguez ao<br />
volante) é crime <strong>de</strong> perigo, cujo objeto jurídico tutela<strong>do</strong> é a incolumida<strong>de</strong><br />
pública e o sujeito passivo, a coletivida<strong>de</strong>. A ação penal pública condicionada à<br />
representação, referida no art. 88 da Lei nº 9.099/95, se mostra incompatível<br />
com crimes <strong>de</strong>ssa natureza. A ação penal é a pública incondicionada." (RHC<br />
82.517, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 10-12-02, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 21-2-<br />
03)<br />
"Embora o pu<strong>de</strong>sse ter feito, o CTB não converteu <strong>em</strong> infrações penais <strong>de</strong><br />
‘menor potencial ofensivo’, para o fim <strong>de</strong> incluí-los na competência <strong>do</strong>s<br />
Juiza<strong>do</strong>s Especiais, os crimes tipifica<strong>do</strong>s nos seus arts. 303 (lesão corporal no<br />
trânsito), 306 (<strong>em</strong>briaguez ao volante) e 308 (participação <strong>em</strong> competição não<br />
autorizada): no art. 291, caput, a aplicação da Lei <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s Especiais foi<br />
limitada pela cláusula ‘no que couber’, bastante a excluí-la <strong>em</strong> relação aos<br />
<strong>de</strong>litos <strong>de</strong> trânsito cuja pena máxima cominada seja superior a um ano (L.<br />
9.099/95, art. 61); no parágrafo único <strong>do</strong> mesmo artigo, cingiu-se o CTB a<br />
prescrever aos três crimes referi<strong>do</strong>s – to<strong>do</strong>s sujeitos a pena máxima superior a<br />
um ano – os arts. 74 (composição <strong>de</strong> danos civis no processo penal), 76<br />
(transação penal) e 88 (exigência <strong>de</strong> representação para a persecução <strong>de</strong><br />
lesões corporais)." (HC 81.510, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong><br />
11-12-01, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 12-4-02)<br />
"Por meio <strong>do</strong> disposto no art. 309 <strong>do</strong> CTB, preten<strong>de</strong>u o legisla<strong>do</strong>r punir não<br />
apenas o fato <strong>de</strong> dirigir s<strong>em</strong> habilitação, mas, também, a efetivação por parte<br />
<strong>do</strong> agente <strong>do</strong> perigo <strong>de</strong> dano, que, no caso, foi produzi<strong>do</strong> pelo agente quan<strong>do</strong>,<br />
ao conduzir veículo s<strong>em</strong> estar habilita<strong>do</strong>, causou lesão corporal culposa <strong>em</strong><br />
terceiro (art. 303, parágrafo único, <strong>do</strong> CTB). Extinta a punibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> face da<br />
renúncia expressa da vítima ao direito <strong>de</strong> representar contra o paciente pelo<br />
crime <strong>de</strong> lesão corporal culposa na direção <strong>de</strong> veículo, qualificada pela falta <strong>de</strong><br />
habilitação, configura-se constrangimento ilegal a continuida<strong>de</strong> da persecução<br />
criminal instaurada contra ele pelo crime menos grave <strong>de</strong> direção inabilitada,<br />
absorvi<strong>do</strong> que fora por aquele, <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong>. Entendimento assenta<strong>do</strong><br />
pela Primeira Turma no HC nº 80.041, Relator Ministro Octavio Gallotti." (HC<br />
80.422, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento <strong>em</strong> 28-11-00, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 2-3-<br />
01)<br />
"O crime <strong>de</strong> lesão corporal culposa, cometi<strong>do</strong> na direção <strong>de</strong> veículo automotor<br />
(CTB, art. 303), por motorista <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong> <strong>de</strong> permissão ou <strong>de</strong> habilitação para<br />
dirigir, absorve o <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> habilitação ou permissão tipifica<strong>do</strong> no art.<br />
309 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro. Com a extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
agente, quanto ao <strong>de</strong>lito tipifica<strong>do</strong> no art. 303 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro<br />
(crime <strong>de</strong> dano), motivada pela ausência <strong>de</strong> representação da vítima, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />
subsistir, autonomamente, a infração penal prevista no art. 309 <strong>do</strong> CTB (crime<br />
<strong>de</strong> perigo). Prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ambas as Turmas <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral."<br />
(HC 80.303, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 26-9-00, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong><br />
10-11-00)<br />
94
"O crime mais grave <strong>de</strong> lesões corporais culposas, qualifica<strong>do</strong> pela falta <strong>de</strong><br />
habilitação para dirigir veículos, absorve o crime menos grave <strong>de</strong> dirigir s<strong>em</strong><br />
habilitação (artigos 303, par. único, e 309 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro). O<br />
crime <strong>de</strong> lesões corporais culposas é <strong>de</strong> ação pública condicionada à<br />
representação da vítima por expressa disposição legal (artigos 88 e 91 da Lei<br />
nº 9.099/95). Na hipótese <strong>em</strong> que a vítima não exerce a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
representar, ocorre a extinção da punibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crime mais grave <strong>de</strong> lesões<br />
corporais culposas, qualifica<strong>do</strong> pela falta <strong>de</strong> habilitação, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o<br />
paciente ser processa<strong>do</strong> pelo crime menos grave <strong>de</strong> dirigir s<strong>em</strong> habilitação, que<br />
restou absorvi<strong>do</strong>. Prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ambas as Turmas." (HC 80.298, Rel. Min.<br />
Maurício Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 10-10-00, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 1º-12-00)<br />
"No caso presente, o fato <strong>de</strong>lituoso correspon<strong>de</strong>ria a uma lesão corporal<br />
culposa, <strong>em</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trânsito, atribuída a condutor inabilita<strong>do</strong> legalmente,<br />
crime <strong>de</strong> dano previsto no art. 303, parágrafo único, <strong>do</strong> CTB, e não <strong>de</strong> simples<br />
perigo, como consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> no art. 309. E o ofendi<strong>do</strong> não ofereceu a<br />
indispensável representação para a ação penal, no prazo legal <strong>de</strong> seis meses<br />
(artigos 88 e 92 da Lei 9.099/95, 103 e 107, IV, <strong>do</strong> Código Penal). Em face <strong>do</strong>s<br />
princípios da consunção e da absorção, o crime <strong>de</strong> dano efetivo (lesão corporal<br />
culposa imputada a condutor legalmente inabilita<strong>do</strong>), não po<strong>de</strong>ria ser<br />
converti<strong>do</strong> <strong>em</strong> crime <strong>de</strong> perigo (direção inabilitada), para se viabilizar a ação<br />
penal incondicionada, como concluiu o acórdão impugna<strong>do</strong>." (HC 80.221, Rel.<br />
Min. Sydney Sanches, julgamento <strong>em</strong> 8-8-00, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 24-11-00)<br />
Denúncia / Queixa<br />
“É concorrente a legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, mediante queixa, e <strong>do</strong> Ministério<br />
Público, condicionada à representação <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, para a ação penal por<br />
crime contra a honra <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>r público <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> suas<br />
funções.” (Súmula 714)<br />
“Salvo quan<strong>do</strong> nula a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> primeiro grau, o acórdão que provê o recurso<br />
contra a rejeição da <strong>de</strong>núncia vale, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, pelo recebimento <strong>de</strong>la.”<br />
(Súmula 709)<br />
“Os direitos <strong>de</strong> queixa e <strong>de</strong> representação po<strong>de</strong>m ser exerci<strong>do</strong>s,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, pelo ofendi<strong>do</strong> ou por seu representante legal.” (Súmula<br />
594)<br />
“O pagamento <strong>de</strong> cheque <strong>em</strong>iti<strong>do</strong> s<strong>em</strong> provisão <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s, após o recebimento<br />
da <strong>de</strong>núncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.” (Súmula 554)<br />
“Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal, que possibilitam dar nova <strong>de</strong>finição jurídica ao fato <strong>de</strong>lituoso,<br />
<strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> circunstância el<strong>em</strong>entar não contida, explícita ou implicitamente,<br />
na <strong>de</strong>núncia ou queixa.” (Súmula 453)<br />
“Na concreta situação <strong>do</strong>s autos, a <strong>de</strong>fesa, na fase instaurada por força <strong>do</strong> art.<br />
54 da Lei nº 11.343/06, postulou a rejeição da <strong>de</strong>núncia, aduzin<strong>do</strong> a falta <strong>de</strong><br />
indícios <strong>de</strong> materialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. O Juízo, a seu turno, ao receber a inicial<br />
95
acusatória, ressaltou exatamente o oposto: a presença <strong>de</strong> indícios robustos<br />
tanto <strong>de</strong> autoria quanto <strong>de</strong> materialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>litiva. Pelo que não é <strong>de</strong> se ter<br />
como carece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> fundamento a <strong>de</strong>cisão adversada.” (HC 100.908, Rel. Min.<br />
Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 5-2-10)<br />
“Se a peça acusatória <strong>de</strong>screve fatos, que <strong>em</strong> tese constitu<strong>em</strong> <strong>de</strong>lito, e aponta<br />
indícios, ainda que mínimos, <strong>de</strong> que os acusa<strong>do</strong>s são responsáveis pela<br />
conduta criminosa a eles imputada, o recebimento da <strong>de</strong>núncia com o<br />
consequente prosseguimento da persecutio criminis é <strong>de</strong> rigor.” (Inq 2.312, Rel.<br />
Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-11-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-<br />
09)<br />
“No caso, a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>screveu, suficient<strong>em</strong>ente, os fatos supostamente<br />
ilícitos, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scabi<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento requeri<strong>do</strong> na impetração.<br />
Denúncia que permitiu aos acusa<strong>do</strong>s o mais amplo exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa. Pelo que não é <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como fruto <strong>de</strong> um arbitrário<br />
exercício <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r-<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> promover a ação penal pública. O quadro <strong>em</strong>pírico<br />
<strong>do</strong> feito não permite enxergar a flagrante ausência <strong>de</strong> justa causa da ação<br />
penal quanto ao <strong>de</strong>lito contra a or<strong>de</strong>m tributária. Isso porque a impetração não<br />
<strong>de</strong>monstrou, minimamente, a pendência <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> crédito<br />
tributário objeto da acusação ministerial pública. Além disso, a natureza<br />
filantrópica da fundação investigada também não é <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a afastar, <strong>de</strong><br />
plano, eventual prática <strong>de</strong> crime tributário. Por outro la<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>núncia objeto<br />
<strong>de</strong>ste habeas corpus, no tocante ao <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> quadrilha, é mera<br />
reiteração <strong>de</strong> acusação que tramita no Juízo processante da causa, tanto que<br />
se trata <strong>de</strong> simples transcrição literal da inicial previamente ajuizada. A<br />
constituir patente situação <strong>de</strong> bis in i<strong>de</strong>m, o que autoriza o trancamento da<br />
ação penal, no ponto.” (HC 92.959, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento <strong>em</strong> 17-<br />
11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 12-2-10). Vi<strong>de</strong>: HC 81.611, Rel. Min. Sepúlveda<br />
Pertence, julgamento <strong>em</strong> 10-12-03, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-5-05.<br />
“O exame preliminar da <strong>de</strong>núncia é baliza<strong>do</strong> pelos arts. 41 e 395 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal. No art. 41, a lei adjetiva penal indica um necessário conteú<strong>do</strong><br />
positivo para a <strong>de</strong>núncia. É dizer: ela, <strong>de</strong>núncia, <strong>de</strong>ve conter a exposição <strong>do</strong><br />
fato normativamente <strong>de</strong>scrito como criminoso, com suas circunstâncias, <strong>de</strong> par<br />
com a qualificação <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>, a classificação <strong>do</strong> crime e o rol <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unhas<br />
(quan<strong>do</strong> necessário). Aporte factual, esse, que viabiliza a plena <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong><br />
acusa<strong>do</strong>, incorporante da garantia processual <strong>do</strong> contraditório. Já o art. 395 <strong>do</strong><br />
mesmo diploma processual, esse impõe à peça acusatória um conteú<strong>do</strong><br />
negativo. Se, pelo primeiro, há uma obrigação <strong>de</strong> fazer por parte <strong>do</strong> Ministério<br />
Público, pelo art. 395, há uma obrigação <strong>de</strong> não fazer.” (Inq 2.486, Rel. Min.<br />
Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 8-10-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“Pratica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is roubos <strong>em</strong> seqüência e oferecida a <strong>de</strong>núncia apenas quanto a<br />
um <strong>de</strong>les, nada impe<strong>de</strong> que o MP ajuíze nova ação penal quanto <strong>de</strong>lito<br />
r<strong>em</strong>anescente. Incidência <strong>do</strong> postula<strong>do</strong> da indisponibilida<strong>de</strong> da ação penal<br />
pública que <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s bens jurídicos que ela tutela. Inexiste<br />
dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito <strong>do</strong> inquérito policial,<br />
<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser o pedi<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> expressamente, a teor <strong>do</strong> disposto no art. 28<br />
<strong>do</strong> Código Processual Penal. Inaplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio da indivisibilida<strong>de</strong> à<br />
96
ação penal pública.” (RHC 95.141, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento<br />
<strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-10-09)<br />
“A observância <strong>do</strong> artigo 580 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal faz-se, presente o<br />
recebimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia ante o envolvimento <strong>de</strong> indícios, no campo da<br />
exceção. (...) O recebimento da <strong>de</strong>núncia surge fundamenta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a<br />
<strong>de</strong>cisão interlocutória proferida r<strong>em</strong>ete a indícios da participação <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>.”<br />
(HC 89.585, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 6-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong><br />
6-11-09)<br />
“É apta a <strong>de</strong>núncia que, para efeito <strong>de</strong> tipificação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito previsto no art. 304<br />
<strong>do</strong> CP, atribui aos <strong>do</strong>is <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s o uso consciente <strong>de</strong> procurações falsas<br />
para dar início a processo judicial.” (HC 90.191, Rel. Min. Cezar Peluso,<br />
julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09)<br />
“O recebimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia, da qual se infere a existência <strong>de</strong> conduta típica<br />
imputável, <strong>em</strong> tese, ao réu, prejudica-lhe a argüição <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> justa causa ao<br />
inquérito policial.” (RHC 99.238, Rel. Min. Cezar Peluzo, julgamento <strong>em</strong> 8-9-09,<br />
2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09)<br />
“Não há nulida<strong>de</strong> na realização <strong>de</strong> sessão para o recebimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia<br />
antes <strong>do</strong> julgamento <strong>de</strong> habeas corpus ten<strong>de</strong>nte a trancar o inquérito<br />
respectivo, sobretu<strong>do</strong> nos casos <strong>em</strong> que somente se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> pelo recebimento<br />
da após a análise das razões preliminares <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.” (RHC 99.238, Rel. Min.<br />
Cezar Peluzo, julgamento <strong>em</strong> 8-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 16-10-09)<br />
“Antes <strong>do</strong> recebimento da <strong>de</strong>núncia, à falta <strong>de</strong> previsão legal, não se admite<br />
pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sustentação oral pela vítima, ainda que na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistente<br />
da acusação. (...) Inexistência, quanto ao <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> com prerrogativa <strong>de</strong> foro,<br />
<strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos comprobatórios da autoria mediata ou direta <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> quebra<br />
<strong>de</strong> sigilo, na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intrusão, e da sua participação na conduta que<br />
resultou na revelação, a si próprio, <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos cobertos pelo sigilo<br />
bancário. O Ministro da Fazenda e seu assessor <strong>de</strong> imprensa não figuram<br />
<strong>de</strong>ntre os agentes integrantes da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> pessoas autorizadas, <strong>em</strong> lei ou<br />
regulamento, a conhecer, por transferência, da<strong>do</strong>s cobertos pelo sigilo<br />
bancário. Existência <strong>de</strong> base <strong>em</strong>pírica para a configuração <strong>de</strong> justa causa para<br />
a ação penal <strong>em</strong> relação ao então Presi<strong>de</strong>nte da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Embora ten<strong>do</strong> a posse legítima <strong>de</strong> informações acobertadas pelo sigilo<br />
bancário, o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> as revelou in<strong>de</strong>vidamente ao então Ministro da<br />
Fazenda, pessoa não autorizada a conhecê-las. Estan<strong>do</strong> absolutamente<br />
imbricadas as condutas atribuídas pelo Ministério Público aos <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s,<br />
que, à data <strong>do</strong>s fatos, exerciam as funções <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Caixa Econômica<br />
Fe<strong>de</strong>ral, Ministro da Fazenda e assessor <strong>de</strong> comunicação <strong>do</strong> mesmo<br />
Ministério, o reconhecimento da ausência <strong>de</strong> justa causa <strong>em</strong> relação ao<br />
Ministro, ora Deputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral, portanto <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> prerrogativa <strong>de</strong> foro, não<br />
impe<strong>de</strong> a <strong>de</strong>cisão por esta Corte sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recebimento da<br />
<strong>de</strong>núncia <strong>em</strong> relação aos <strong>de</strong>mais, especialmente porque a avaliação e<br />
classificação das respectivas condutas exige o exame <strong>de</strong> toda o<br />
<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento fático. Denúncia rejeitada <strong>em</strong> relação ao ex-Ministro da<br />
Fazenda e assessor <strong>de</strong> imprensa <strong>do</strong> mesmo Ministério e recebida quanto ao<br />
97
então Presi<strong>de</strong>nte da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral.” (Pet 3.898, Rel. Min. Gilmar<br />
Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 27-8-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-12-09)<br />
“O sist<strong>em</strong>a jurídico vigente no Brasil – ten<strong>do</strong> presente a natureza dialógica <strong>do</strong><br />
processo penal acusatório, hoje impregna<strong>do</strong>, <strong>em</strong> sua estrutura formal, <strong>de</strong><br />
caráter essencialmente <strong>de</strong>mocrático – impõe, ao Ministério Público,<br />
notadamente no <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> reato societario, a obrigação <strong>de</strong> expor, na<br />
<strong>de</strong>núncia, <strong>de</strong> maneira precisa, objetiva e individualizada, a participação <strong>de</strong> cada<br />
acusa<strong>do</strong> na suposta prática <strong>de</strong>lituosa. O or<strong>de</strong>namento positivo brasileiro –<br />
cujos fundamentos repousam, <strong>de</strong>ntre outros expressivos vetores<br />
condicionantes da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> persecução estatal, no postula<strong>do</strong> essencial <strong>do</strong><br />
direito penal da culpa e no princípio constitucional <strong>do</strong> due process of Law (com<br />
to<strong>do</strong>s os consectários que <strong>de</strong>le resultam) – repudia as imputações criminais<br />
genéricas e não tolera, porque ineptas, as acusações que não individualizam<br />
n<strong>em</strong> especificam, <strong>de</strong> maneira concreta, a conduta penal atribuída ao<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>.” (HC 84.580, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 25-8-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09)<br />
“Habeas Corpus. Processual Penal. Crime societário. Não há falar <strong>em</strong> inépcia<br />
da inicial quan<strong>do</strong> está suficient<strong>em</strong>ente indicada a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s pela condução da socieda<strong>de</strong> e esta condição não foi afastada, <strong>de</strong><br />
plano, pelo ato constitutivo da pessoa jurídica. Embora a jurisprudência <strong>do</strong><br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral se encaminhe no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> relação aos<br />
<strong>de</strong>litos societários, a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>ve conter, ainda que minimamente, a<br />
<strong>de</strong>scrição individualizada da conduta supostamente praticada por cada um <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s, a observância <strong>do</strong> que disposto no art. 41 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo<br />
Penal <strong>de</strong>ve ser examinada caso a caso, sen<strong>do</strong> também <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o<br />
Tribunal a orientação segun<strong>do</strong> a qual é suficiente para aptidão da <strong>de</strong>núncia por<br />
crimes societários a indicação <strong>de</strong> que os <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s seriam responsáveis, <strong>de</strong><br />
algum mo<strong>do</strong>, na condução da socieda<strong>de</strong>, e que esse fato não fosse, <strong>de</strong> plano,<br />
infirma<strong>do</strong> pelo ato constitutivo da pessoa jurídica.” (HC 94.670, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 24-4-09)<br />
“A <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>ve conter a exposição <strong>do</strong> fato <strong>de</strong>lituoso, <strong>de</strong>scrito <strong>em</strong> toda a sua<br />
essência e narra<strong>do</strong> com todas as suas circunstâncias fundamentais. Essa<br />
narração, ainda que sucinta, impõe-se ao acusa<strong>do</strong>r como exigência <strong>de</strong>rivada<br />
<strong>do</strong> postula<strong>do</strong> constitucional que assegura, ao réu, o exercício, <strong>em</strong> plenitu<strong>de</strong>, <strong>do</strong><br />
direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Denúncia que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estabelecer a necessária vinculação<br />
da conduta individual <strong>de</strong> cada agente aos eventos <strong>de</strong>lituosos qualifica-se como<br />
<strong>de</strong>núncia inepta.” (HC 84.580, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 25-8-<br />
09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09)<br />
"Querela<strong>do</strong> com prerrogativa <strong>de</strong> foro. Crimes contra a honra. (...) Queixa que<br />
não <strong>de</strong>screve fatos sinaliza<strong>do</strong>res da ocorrência <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos constitutivos <strong>do</strong>s<br />
invoca<strong>do</strong>s tipos penais, além <strong>de</strong> não encontrar suporte nos <strong>do</strong>cumentos que<br />
instru<strong>em</strong> a inicial. (...) O contexto da reclamação disciplinar objeto <strong>de</strong>stes autos<br />
insere-se nos ‘limites <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> representar às autorida<strong>de</strong>s<br />
públicas’. Don<strong>de</strong> não se po<strong>de</strong>r concluir que a reclamação objetivou atingir a<br />
honra <strong>do</strong> querelante. Parecer ministerial que se acolhe para a rejeição da<br />
queixa-crime, <strong>em</strong> função da atipicida<strong>de</strong> das condutas imputadas aos<br />
98
querela<strong>do</strong>s." (Inq 2.508-AgR, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 20-8-09,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 25-9-09)<br />
“Não é inepta a <strong>de</strong>núncia que, como no caso, narra, articuladamente, a<br />
ocorrência <strong>de</strong> crime <strong>em</strong> tese, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong>screve as suas circunstâncias e<br />
indica o respectivo tipo penal, viabilizan<strong>do</strong>, assim, o exercício <strong>do</strong> contraditório e<br />
da ampla <strong>de</strong>fesa. A<strong>de</strong>mais, conforme apontou a Procura<strong>do</strong>ria-Geral da<br />
República, a <strong>de</strong>núncia também “logrou <strong>de</strong>monstrar a forma como os pacientes,<br />
<strong>em</strong> tese, praticaram o crime <strong>de</strong> homicídio culposo (comissivo por omissão)<br />
quan<strong>do</strong> po<strong>de</strong>riam e <strong>de</strong>veriam ter impedi<strong>do</strong> a morte da vítima.” (HC 95.761, Rel.<br />
Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 4-8-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09)<br />
“Torna-se importante assinalar que o t<strong>em</strong>a concernente à inépcia da <strong>de</strong>núncia<br />
t<strong>em</strong> relevante projeção no âmbito constitucional, pois o <strong>de</strong>scumprimento, pelo<br />
Ministério Público, <strong>do</strong> seu encargo <strong>de</strong> produzir acusações precisas e apoiadas<br />
<strong>em</strong> fundamento <strong>em</strong>pírico idôneo transgri<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> frontal, os postula<strong>do</strong>s<br />
essenciais da plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, da observância <strong>do</strong> contraditório, <strong>do</strong> due<br />
process of law e da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana, como resulta claro <strong>de</strong><br />
julgamento <strong>em</strong>ana<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (...).” (HC 99.459-MC,<br />
Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-09, DJE <strong>de</strong><br />
4-8-09)<br />
"Na atual redação <strong>do</strong> art. 395, inciso III, <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal (dada<br />
pela Lei n° 11.719, <strong>de</strong> 20-6-08), a <strong>de</strong>núncia será rejeitada quan<strong>do</strong> faltar justa<br />
causa para o exercício da ação penal." (Inq 2.767, Rel. Min. Joaquim Barbosa,<br />
julgamento <strong>em</strong> 18-6-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 4-9-09)<br />
"Sen<strong>do</strong> a perda <strong>do</strong> cargo público, conforme disposto no artigo 92 <strong>do</strong> Código<br />
Penal, consequência da con<strong>de</strong>nação, mostra-se dispensável a veiculação, na<br />
<strong>de</strong>núncia, <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> à impl<strong>em</strong>entação." (HC 93.515, Rel. Min. Marco<br />
Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 9-6-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 1º-7-09)<br />
"Descabe falar <strong>em</strong> insubsistência da <strong>de</strong>núncia quan<strong>do</strong>, na peça, são narra<strong>do</strong>s<br />
os fatos que, <strong>em</strong> tese, consubstanciam crime, fican<strong>do</strong>, assim, viabilizada a<br />
<strong>de</strong>fesa." (HC 93.553, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 7-5-09, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 4-9-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 96.433, Rel. Min. Cármen Lúcia,<br />
julgamento <strong>em</strong> 20-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09.<br />
"Na concreta situação <strong>do</strong>s autos, o processamento da <strong>de</strong>núncia ajuizada contra<br />
o paciente encontra óbice no que dispõe o inciso III <strong>do</strong> art. 395 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />
Processo Penal. É que a <strong>de</strong>núncia não <strong>de</strong>screve fatos integraliza<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s<br />
el<strong>em</strong>entos objetivos e subjetivos <strong>do</strong> tipo penal <strong>de</strong> calúnia. Situação a autorizar<br />
o excepcional trancamento da ação na via processualmente conti<strong>do</strong> no habeas<br />
corpus." (HC 98.631, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 1º-7-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 86.466, Rel. Min. Menezes Direito,<br />
julgamento <strong>em</strong> 30-10-07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 30-11-07.<br />
"Não se po<strong>de</strong> ter como sugestivo <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> quadrilha a mera menção ao<br />
nome <strong>do</strong> impetrante por outros acusa<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> captada <strong>em</strong> interceptações<br />
telefônicas, s<strong>em</strong> qualquer base concreta que <strong>de</strong>monstre, minimamente, a<br />
99
eventual prática <strong>de</strong>litiva. Denúncias genéricas, que não <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> os fatos na<br />
sua <strong>de</strong>vida conformação, não se coadunam com os postula<strong>do</strong>s básicos <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Direito. Não é difícil perceber os danos que a mera existência <strong>de</strong><br />
uma ação penal impõe ao indivíduo. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rigor e prudência<br />
por parte daqueles que têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> iniciativa nas ações penais e daqueles<br />
que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>cidir sobre o seu curso." (HC 89.310, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar<br />
Men<strong>de</strong>s, julgamento <strong>em</strong> 31-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 13-11-09)<br />
"O princípio da indivisibilida<strong>de</strong> não se aplica à ação penal pública. Daí a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aditamento da <strong>de</strong>núncia quan<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> novas diligências,<br />
sobrevier<strong>em</strong> provas suficientes para novas acusações." (HC 96.700, Rel. Min.<br />
Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 17-3-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 14-8-09). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 93.524, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 19-8-08, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 31-10-08.<br />
"Esta Supr<strong>em</strong>a Corte, <strong>em</strong> diversos prece<strong>de</strong>ntes, já afastou a aplicação da<br />
prescrição <strong>em</strong> perspectiva da pretensão punitiva estatal por falta <strong>de</strong> previsão<br />
legal.” (Inq 2.728, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento <strong>em</strong> 19-2-09, Plenário,<br />
DJE <strong>de</strong> 27-3-09)<br />
“A jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral é firme <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />
excepcional o trancamento da ação penal pela via processualmente acanhada<br />
<strong>do</strong> habeas corpus (HC 86.786, da relatoria <strong>do</strong> ministro Carlos Ayres Britto; HC<br />
84.841, da relatoria <strong>do</strong> ministro Marco Aurélio). Quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> apreciar<br />
alegação <strong>de</strong> inépcia <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia ou <strong>de</strong> sua esquali<strong>de</strong>z por qualquer outra<br />
razão, <strong>do</strong>is são os parâmetros objetivos, seguros, que orientam tal exame: os<br />
artigos 41 e 395 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> crime<br />
societário ou <strong>de</strong> gabinete, o Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral não aceita uma<br />
<strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> to<strong>do</strong> genérica, mas admite uma <strong>de</strong>núncia mais ou menos<br />
genérica. É que, nos <strong>de</strong>litos <strong>de</strong>ssa natureza, fica muito difícil individualizar<br />
condutas que são organizadas e quase s<strong>em</strong>pre executadas a portas fechadas.<br />
A peça <strong>de</strong> acusação está <strong>em</strong>basada <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> convicção que sinalizam<br />
a prática <strong>de</strong>litiva. Além <strong>do</strong> que permite ao acusa<strong>do</strong> o exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa.” (HC 92.246, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 11-11-08, 1ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 7-8-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 96.608, Rel. Min. Dias Toffoli,<br />
julgamento <strong>em</strong> 3-11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09.<br />
“Habeas Corpus. Processual Penal. Crime societário. Não há falar <strong>em</strong> inépcia<br />
da inicial quan<strong>do</strong> está suficient<strong>em</strong>ente indicada a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s pela condução da socieda<strong>de</strong> e esta condição não foi afastada, <strong>de</strong><br />
plano, pelo ato constitutivo da pessoa jurídica. Embora a jurisprudência <strong>do</strong><br />
Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral se encaminhe no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que, <strong>em</strong> relação aos<br />
<strong>de</strong>litos societários, a <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>ve conter, ainda que minimamente, a<br />
<strong>de</strong>scrição individualizada da conduta supostamente praticada por cada um <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s, a observância <strong>do</strong> que disposto no art. 41 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo<br />
Penal <strong>de</strong>ve ser examinada caso a caso, sen<strong>do</strong> também <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o<br />
Tribunal a orientação segun<strong>do</strong> a qual é suficiente para aptidão da <strong>de</strong>núncia por<br />
crimes societários a indicação <strong>de</strong> que os <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s seriam responsáveis, <strong>de</strong><br />
algum mo<strong>do</strong>, na condução da socieda<strong>de</strong>, e que esse fato não fosse, <strong>de</strong> plano,<br />
infirma<strong>do</strong> pelo ato constitutivo da pessoa jurídica.” (HC 94.670, Rel. Min.<br />
Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 21-10-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 24-4-09). No mesmo<br />
100
senti<strong>do</strong>: HC 84.580, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 25-8-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09.<br />
"É formal e materialmente apta a <strong>de</strong>núncia que, baseada no contexto fático da<br />
fase pré-processual, aponta condutas que, <strong>em</strong> tese, se amoldam aos <strong>de</strong>litos <strong>de</strong><br />
apropriação indébita previ<strong>de</strong>nciária (inciso I <strong>do</strong> § 1º <strong>do</strong> artigo 168-A <strong>do</strong> CP) e<br />
<strong>de</strong> sonegação <strong>de</strong> contribuição previ<strong>de</strong>nciária (inciso III <strong>do</strong> artigo 337-A <strong>do</strong> CP).”<br />
(Inq 2.049, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 28-8-08, Plenário, DJE <strong>de</strong> 27-<br />
3-09)<br />
“Responsabilida<strong>de</strong> penal da pessoa jurídica, para ser aplicada, exige<br />
alargamento <strong>de</strong> alguns conceitos tradicionalmente <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s na seara<br />
criminal, a ex<strong>em</strong>plo da culpabilida<strong>de</strong>, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a elas também as<br />
medidas assecuratórias, como o habeas corpus. Writ que <strong>de</strong>ve ser havi<strong>do</strong><br />
como instrumento hábil para proteger pessoa jurídica contra ilegalida<strong>de</strong>s ou<br />
abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r quan<strong>do</strong> figurar como co-ré <strong>em</strong> ação penal que apura a prática<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>litos ambientais, para os quais é cominada pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.”<br />
(HC 92.921, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 19-8-08, 1ª Turma,<br />
DJE <strong>de</strong> 26-9-08)<br />
"Não configura contradição o recebimento da <strong>de</strong>núncia <strong>em</strong> relação a <strong>do</strong>is ou<br />
mais crimes imputa<strong>do</strong>s ao réu, com base <strong>em</strong> um mesmo fato narra<strong>do</strong> na<br />
<strong>de</strong>núncia, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da classificação típica que lhe tenha si<strong>do</strong><br />
atribuída pelo Ministério Público. O réu se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos. Não é<br />
contraditório o acórdão fundamenta<strong>do</strong> <strong>em</strong> fato não narra<strong>do</strong> no relatório, cuja<br />
função é apenas <strong>de</strong>screver resumidamente o feito, s<strong>em</strong> apontar fundamentos<br />
ou argumentos que serão expostos no voto. Não há contradição entre a<br />
dispensabilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>scrição minuciosa <strong>do</strong>s atos <strong>de</strong> ofício pratica<strong>do</strong>s pelo<br />
acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong> corrupção passiva e a constatação <strong>de</strong> que, apesar disto, no caso<br />
concreto, a <strong>de</strong>núncia narrou quais seriam estes atos <strong>de</strong> ofício. A omissão apta<br />
a justificar a interposição <strong>de</strong> <strong>em</strong>bargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração é aquela <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong> apreciar algum pedi<strong>do</strong> ou argumento que po<strong>de</strong>ria alterar o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
julgamento. Os <strong>em</strong>bargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração não po<strong>de</strong>m conter mera irresignação<br />
quanto aos fundamentos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelo acórdão, no caso, para o recebimento<br />
da <strong>de</strong>núncia. Do contrário, converter-se-ia <strong>em</strong> verda<strong>de</strong>ira apelação. Os<br />
el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong> tipo <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> peculato foram <strong>de</strong>vidamente analisa<strong>do</strong>s pelo<br />
Plenário, não haven<strong>do</strong> no acórdão qualquer omissão relativa à posse <strong>do</strong>s<br />
recursos <strong>em</strong> tese <strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s pelo acusa<strong>do</strong>. Ausência <strong>de</strong> menção, na <strong>em</strong>enta <strong>do</strong><br />
acórdão, a argumento que não guarda relação com o caso concreto, objeto <strong>do</strong><br />
julgamento, ainda que solicita<strong>do</strong> pela parte, não configura omissão passível <strong>de</strong><br />
<strong>em</strong>bargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração. O Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral não é órgão <strong>de</strong><br />
consulta. Fica prejudica<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> efeito infringente aos<br />
<strong>em</strong>bargos. A contradição passível <strong>de</strong> <strong>em</strong>bargos é a contradição interna, entre<br />
<strong>do</strong>is ou mais fundamentos <strong>do</strong> próprio acórdão <strong>em</strong>barga<strong>do</strong>, e não entre os<br />
fundamentos <strong>de</strong>ste e um diploma normativo ou outro el<strong>em</strong>ento externo. (...)<br />
Embora o Plenário <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral tenha aprecia<strong>do</strong> e recebi<strong>do</strong><br />
todas as imputações dirigidas contra Duda Men<strong>do</strong>nça e Zilmar Fernan<strong>de</strong>s, a<br />
<strong>em</strong>enta <strong>do</strong> acórdão <strong>em</strong>barga<strong>do</strong> foi omissa quanto ao recebimento da <strong>de</strong>núncia<br />
pelo crime <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro, na etapa da r<strong>em</strong>essa <strong>de</strong> divisas ao exterior,<br />
imputa<strong>do</strong> no it<strong>em</strong> c.2 da <strong>de</strong>núncia. Embargos conheci<strong>do</strong>s e parcialmente<br />
101
<strong>de</strong>feri<strong>do</strong>s, para <strong>de</strong>clarar a omissão da <strong>em</strong>enta, mas não <strong>do</strong> julgamento, no que<br />
tange ao recebimento <strong>do</strong> it<strong>em</strong> c.2 da <strong>de</strong>núncia, que cui<strong>do</strong>u da etapa<br />
internacional <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> lavag<strong>em</strong> <strong>de</strong> dinheiro <strong>em</strong> tese pratica<strong>do</strong> pelos réus.”<br />
(AP 470-ED, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 19-6-08, Plenário, DJE<br />
<strong>de</strong> 30-4-09)<br />
"Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> quadrilha ou ban<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>núncia que contém condição<br />
efetiva que autorize o <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> a proferir a<strong>de</strong>quadamente a <strong>de</strong>fesa não<br />
configura indicação genérica capaz <strong>de</strong> manchá-la com a inépcia. No caso, a<br />
<strong>de</strong>núncia <strong>de</strong>monstrou claramente o crime na sua totalida<strong>de</strong> e especificou a<br />
conduta ilícita <strong>do</strong> paciente." (HC 93.291, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento<br />
<strong>em</strong> 18-3-08, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 23-5-08). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.657, Rel.<br />
Min. Dias Toffoli, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09.<br />
“A <strong>de</strong>núncia – enquanto instrumento formalmente consubstancia<strong>do</strong>r da<br />
acusação penal – constitui peça processual <strong>de</strong> indiscutível relevo jurídico. Ela,<br />
antes <strong>de</strong> mais nada, ao <strong>de</strong>limitar o âmbito t<strong>em</strong>ático da imputação penal, <strong>de</strong>fine<br />
a própria res in judicio <strong>de</strong>ducta. A peça acusatória, por isso mesmo, <strong>de</strong>ve<br />
conter a exposição <strong>do</strong> fato <strong>de</strong>lituoso, <strong>em</strong> toda a sua essência e com todas as<br />
suas circunstâncias. Essa narração, ainda que sucinta, impõe-se ao acusa<strong>do</strong>r<br />
como exigência <strong>de</strong>rivada <strong>do</strong> postula<strong>do</strong> constitucional que assegura, ao réu, o<br />
exercício, <strong>em</strong> plenitu<strong>de</strong>, <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Denúncia que não <strong>de</strong>screve,<br />
a<strong>de</strong>quadamente, o fato criminoso e que também <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estabelecer a<br />
necessária vinculação da conduta individual <strong>de</strong> cada agente ao evento<br />
<strong>de</strong>lituoso qualifica-se como <strong>de</strong>núncia inepta.” (HC 83.947, Rel. Min. Celso <strong>de</strong><br />
Mello, julgamento <strong>em</strong> 7-08-07, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong>1º-2-08)<br />
“Se se t<strong>em</strong>, na <strong>de</strong>núncia, simples erro <strong>de</strong> direito na tipificação da imputação <strong>de</strong><br />
fato i<strong>do</strong>neamente formulada é possível ao juiz, s<strong>em</strong> antecipar formalmente a<br />
<strong>de</strong>sclassificação, afastar <strong>de</strong> logo as conseqüências processuais ou<br />
procedimentais <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> equívoco e prejudiciais ao acusa<strong>do</strong>. Na mesma<br />
hipótese <strong>de</strong> erro <strong>de</strong> direito na classificação <strong>do</strong> fato <strong>de</strong>scrito na <strong>de</strong>núncia, é<br />
possível, <strong>de</strong> logo, proce<strong>de</strong>r-se a <strong>de</strong>sclassificação e receber a <strong>de</strong>núncia com a<br />
tipificação a<strong>de</strong>quada à imputação <strong>de</strong> fato veiculada, se, por ex<strong>em</strong>plo, da sua<br />
qualificação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r a fixação da competência ou a eleição <strong>do</strong> procedimento<br />
a seguir.” (HC 89.686, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento <strong>em</strong> 12-6-07,<br />
Plenário, DJE <strong>de</strong> 17-8-07)<br />
"Inquérito. Competência originária <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. (...) Não há<br />
que se falar <strong>em</strong> inépcia da <strong>de</strong>núncia se a <strong>de</strong>scrição das condutas está a<br />
permitir o amplo exercício da <strong>de</strong>fesa pelos acusa<strong>do</strong>s. Preenchi<strong>do</strong>s os requisitos<br />
<strong>do</strong> artigo 41 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal e ausentes causas extintivas da<br />
punibilida<strong>de</strong>, o recebimento da <strong>de</strong>núncia se impõe. Denúncia recebida." (Inq<br />
1.575, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 28-3-07, Plenário, DJ <strong>de</strong> 21-9-07).<br />
No mesmo senti<strong>do</strong>: Inq 2.578, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong><br />
6-8-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 18-9-09.<br />
"É grav<strong>em</strong>ente inepta a <strong>de</strong>núncia que, a título <strong>de</strong> imputação <strong>de</strong> crimes<br />
pratica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> concurso <strong>de</strong> agentes, não <strong>de</strong>screve nenhum fato capaz <strong>de</strong><br />
correspon<strong>de</strong>r às figuras <strong>de</strong> co-autoria ou <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s<br />
102
<strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s." (HC 86.520, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento <strong>em</strong> 6-2-07 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 8-6-07)<br />
"Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> ação penal privada, o oferecimento <strong>de</strong> queixa-crime somente<br />
contra um ou alguns <strong>do</strong>s supostos autores ou partícipes da prática <strong>de</strong>lituosa,<br />
com exclusão <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais envolvi<strong>do</strong>s, configura hipótese <strong>de</strong> violação ao<br />
princípio da indivisibilida<strong>de</strong> (CPP, art. 48), implican<strong>do</strong>, por isso mesmo,<br />
renúncia tácita ao direito <strong>de</strong> querela (CPP, art. 49), cuja eficácia extintiva da<br />
punibilida<strong>de</strong> esten<strong>de</strong>-se a to<strong>do</strong>s quantos alegadamente hajam intervin<strong>do</strong> no<br />
suposto cometimento da infração penal (CP, art. 107, V, c/c o art. 104).<br />
Doutrina. Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 88.165, Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong><br />
18-4-06, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 29-6-07)<br />
"Prisão preventiva. Excesso <strong>de</strong> prazo. Afronta ao princípio constitucional da<br />
duração razoável <strong>do</strong> processo e constrangimento ilegal não caracteriza<strong>do</strong>s.<br />
Complexida<strong>de</strong> da causa. D<strong>em</strong>ora razoável. (...) Denúncia oferecida contra<br />
quatorze acusa<strong>do</strong>s, na qual conta estar <strong>em</strong> processo ininterrupto <strong>de</strong><br />
investigação pelo menos nove fatos <strong>de</strong>lituosos. Peça acusatória com rol <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>ze vítimas e onze test<strong>em</strong>unhas a comprová-los, resi<strong>de</strong>ntes nas mais<br />
diversas localida<strong>de</strong>s da região on<strong>de</strong> os crimes foram cometi<strong>do</strong>s. Decisão <strong>do</strong><br />
Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça que guarda perfeita consonância com a<br />
jurisprudência <strong>de</strong>ste Supr<strong>em</strong>o Tribunal, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> não haver<br />
constrangimento ilegal por excesso <strong>de</strong> prazo quan<strong>do</strong> a complexida<strong>de</strong> da causa,<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> réus e <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unhas justificam a razoável <strong>de</strong>mora para o<br />
encerramento da ação penal." (HC 89.168, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento<br />
<strong>em</strong> 26-9-06, DJ <strong>de</strong> 20-10-06). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 97.076, Rel. Min. Cezar<br />
Peluso, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 26-6-09.<br />
"Des<strong>de</strong> que permitam o exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, as eventuais omissões<br />
da <strong>de</strong>núncia, quanto aos requisitos <strong>do</strong> art. 41 <strong>do</strong> CPP, não implicam<br />
necessariamente a sua inépcia, certo que po<strong>de</strong>m ser supridas a qualquer<br />
t<strong>em</strong>po, antes da sentença final (CPP, art. 569). Prece<strong>de</strong>ntes. Nos crimes <strong>de</strong><br />
autoria coletiva, a jurisprudência da Corte não t<strong>em</strong> exigi<strong>do</strong> a <strong>de</strong>scrição<br />
pormenorizada da conduta <strong>de</strong> cada acusa<strong>do</strong>." (HC 86.439, Rel. Min. Carlos<br />
Velloso, julgamento <strong>em</strong> 11-10-05, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 18-11-05). No mesmo<br />
senti<strong>do</strong>: HC 97.091 Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski , julgamento <strong>em</strong> 10-11-09,<br />
1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 4-12-09; HC 98.156, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong><br />
29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 6-11-09.<br />
"O trancamento da ação penal por órgão diverso <strong>do</strong> retrata<strong>do</strong> como juiz natural<br />
pressupõe que os fatos na <strong>de</strong>núncia não consubstanci<strong>em</strong> crime, ou que haja<br />
incidência <strong>de</strong> prescrição ou <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> forma, consi<strong>de</strong>rada a peça inicial<br />
apresentada pelo Ministério Público." (HC 84.738, Rel. Min. Marco Aurélio,<br />
julgamento <strong>em</strong> 14-12-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 25-2-05). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC<br />
92.183, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 18-3-08, DJE <strong>de</strong> 23-5-08.<br />
"Ação penal privada (...): <strong>de</strong>cadência: C.Pr.Penal, art. 44. O <strong>de</strong>feito da<br />
procuração outorgada pelas querelantes ao seu advoga<strong>do</strong>, para requerer<br />
abertura <strong>de</strong> inquérito policial, s<strong>em</strong> menção <strong>do</strong> fato criminoso, constitui hipótese<br />
<strong>de</strong> ilegitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> representante da parte, que, a teor <strong>do</strong> art. 568 C.Pr.Pen.,<br />
103
‘po<strong>de</strong>rá ser a to<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po sanada, mediante ratificação <strong>do</strong>s atos processuais’<br />
(RHC 65.879, Célio Borja)." (HC 84.397, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,<br />
julgamento <strong>em</strong> 21-9-04, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 12-11-04)<br />
"Inépcia da <strong>de</strong>núncia: a jurisprudência <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral v<strong>em</strong> se<br />
orientan<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que é admitida a narração genérica <strong>do</strong>s fatos, s<strong>em</strong><br />
discriminação da conduta específica <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> (CPP, art. 41),<br />
quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> crime multitudinário, eis que só a instrução po<strong>de</strong> esclarecer<br />
qu<strong>em</strong> concorreu, participou ou ficou alheio à ação ilícita ou ao resulta<strong>do</strong> com<br />
ela obti<strong>do</strong>; no caso, a <strong>de</strong>núncia indica o fato imputa<strong>do</strong> ao paciente e possibilita<br />
o exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Prece<strong>de</strong>nte." (HC 73.208, Rel. Min. Maurício<br />
Corrêa, julgamento <strong>em</strong> 16-4-96, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 7-2-96). No mesmo senti<strong>do</strong>:<br />
HC 82.246, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 15-10-02, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong><br />
14-11-02.<br />
"O <strong>de</strong>spacho que recebe a <strong>de</strong>núncia ou a queixa, <strong>em</strong>bora tenha também<br />
conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>cisório, não se encarta no conceito <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>cisão’, como previsto no<br />
art. 93, IX, da Constituição, não sen<strong>do</strong> exigida a sua fundamentação (art. 394<br />
<strong>do</strong> CPP); a fundamentação é exigida, apenas, quan<strong>do</strong> o juiz rejeita a <strong>de</strong>núncia<br />
ou a queixa (art. 516 <strong>do</strong> CPP), aliás, único caso <strong>em</strong> que cabe recurso (art. 581,<br />
I, <strong>do</strong> CPP). Prece<strong>de</strong>ntes." (HC 72.286, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento<br />
<strong>em</strong> 28-11-95, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 16-2-96). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 87.005,<br />
Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 16-5-06, 2ª Turma, DJ <strong>de</strong> 18-8-06.<br />
"Denúncia: inépcia: preclusão inexistente, quan<strong>do</strong> argüida antes da sentença.<br />
A jurisprudência pre<strong>do</strong>minante <strong>do</strong> <strong>STF</strong> enten<strong>de</strong> coberta pela preclusão a<br />
questão da inépcia da <strong>de</strong>núncia, quan<strong>do</strong> só aventada após a sentença<br />
con<strong>de</strong>natória (prece<strong>de</strong>ntes); a orientação não se aplica, porém, se a sentença<br />
é proferida na pendência <strong>de</strong> habeas corpus contra o recebimento da <strong>de</strong>núncia<br />
alegadamente inepta." (HC 70.290, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento<br />
<strong>em</strong> 30-6-93, Plenário, DJ <strong>de</strong> 13-6-97). No mesmo senti<strong>do</strong>: RHC 96.433, Rel.<br />
Min. Cármen Lúcia, julgamento <strong>em</strong> 20-10-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09; HC<br />
95.701, Rel. Min. Ricar<strong>do</strong> Lewan<strong>do</strong>wski, julgamento <strong>em</strong> 2-6-09, 1ª Turma, DJE<br />
<strong>de</strong> 7-8-09; RHC 95.108, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 18-02-09.<br />
"O Código <strong>de</strong> Processo Penal não reclama explicitu<strong>de</strong> ao ato <strong>de</strong> recebimento<br />
judicial da peca acusatória. O or<strong>de</strong>namento processual penal brasileiro não<br />
repele, <strong>em</strong> consequência, a formulação, pela autorida<strong>de</strong> judiciária, <strong>de</strong> um juízo<br />
implícito <strong>de</strong> admissibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>núncia. O mero ato processual <strong>do</strong> Juiz – que<br />
<strong>de</strong>signa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, data para o interrogatório <strong>do</strong> <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> e or<strong>de</strong>na-lhe a<br />
citação - supõe o recebimento tácito da <strong>de</strong>núncia." (HC 68.926, Rel. Min. Celso<br />
<strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 10-12-91, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 28-8-92)<br />
Direito <strong>de</strong> Defesa<br />
104
“É nula a <strong>de</strong>cisão que <strong>de</strong>termina o <strong>de</strong>saforamento <strong>de</strong> processo da competência<br />
<strong>do</strong> Júri s<strong>em</strong> audiência da <strong>de</strong>fesa.” (Súmula 712)<br />
“É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da<br />
renúncia <strong>do</strong> único <strong>de</strong>fensor, o réu não foi previamente intima<strong>do</strong> para constituir<br />
outro.” (Súmula 708)<br />
“A renúncia <strong>do</strong> réu ao direito <strong>de</strong> apelação, manifestada s<strong>em</strong> a assistência <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>fensor, não impe<strong>de</strong> o conhecimento da apelação por este interposta.”<br />
(Súmula 705)<br />
“No processo penal, a falta da <strong>de</strong>fesa constitui nulida<strong>de</strong> absoluta, mas a sua<br />
<strong>de</strong>ficiência só o anulará se houver prova <strong>de</strong> prejuízo para o réu.” (Súmula 523)<br />
“A alegação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência técnica da <strong>de</strong>fesa prévia apresentada pelo <strong>de</strong>fensor<br />
dativo não encontra respal<strong>do</strong> nos autos, uma vez que os impetrantes não<br />
lograram <strong>de</strong>monstrar eventual prejuízo causa<strong>do</strong> ao paciente <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />
justificar a concessão da or<strong>de</strong>m. A jurisprudência <strong>de</strong>sta Corte é no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
que a nulida<strong>de</strong> por <strong>de</strong>ficiência na <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> réu só <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>clarada se<br />
comprova<strong>do</strong> o efetivo prejuízo. Esse entendimento está, ainda, preconiza<strong>do</strong> na<br />
Súmula nº 523/<strong>STF</strong> (...).” (HC 97.413, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento <strong>em</strong> 24-<br />
11-09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-12-09). No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 91.475, Rel. Min.<br />
Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-11-09; HC 86.763,<br />
Rel. Min. Carlos Brito, julgamento <strong>em</strong> 21-2-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07.<br />
“A questão <strong>de</strong> direito tratada neste habeas corpus diz respeito ao suposto<br />
cerceamento na <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> paciente por ter si<strong>do</strong> nega<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> entrevista<br />
reservada com seu <strong>de</strong>fensor antes da audiência <strong>de</strong> instrução e julgamento. O<br />
direito <strong>de</strong> entrevista prévia e reservada entre o réu e seu <strong>de</strong>fensor está liga<strong>do</strong><br />
ao interrogatório <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong> e não à audiência <strong>de</strong> instrução e julgamento. A<br />
garantia possibilita ao réu que não possua advoga<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong> conversar<br />
antecipadamente com o <strong>de</strong>fensor nomea<strong>do</strong>, para que possa ser orienta<strong>do</strong><br />
sobre as conseqüências <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>clarações, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a não prejudicar sua<br />
<strong>de</strong>fesa. Não há no termo <strong>de</strong> interrogatório qualquer referência quanto à<br />
negativa <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> entrevista reservada com o acusa<strong>do</strong> antes daquele ato<br />
(...). O fato <strong>de</strong> não ter si<strong>do</strong> oportunizada entrevista reservada entre o paciente e<br />
seu <strong>de</strong>fensor antes da audiência <strong>de</strong> instrução e julgamento não é capaz <strong>de</strong><br />
acarretar, por si só, a nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo, s<strong>em</strong> a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> efetivo<br />
prejuízo para a <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o princípio pas <strong>de</strong> nullité sans grief,<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo artigo 563 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal. Dessa forma, não<br />
restou <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> o efetivo prejuízo à <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> paciente causa<strong>do</strong> <strong>em</strong> razão<br />
da negativa <strong>de</strong> entrevista reservada previamente à audiência <strong>de</strong> instrução e<br />
julgamento.” (HC 99.684, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento <strong>em</strong> 24-11-09, 2ª<br />
Turma, DJE <strong>de</strong> 11-12-09)<br />
“Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> alegada <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa técnica, impõe ao acionante a<br />
<strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> prejuízo para o réu, sob pena <strong>de</strong> incidência <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong> nº<br />
523 da Súmula <strong>do</strong> Supr<strong>em</strong>o Tribunal Fe<strong>de</strong>ral.” (HC 86.763, Rel. Min. Carlos<br />
Brito, julgamento <strong>em</strong> 21-2-06, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 23-3-07). No mesmo senti<strong>do</strong>:<br />
105
HC 91.475, Rel. Min. Eros Grau, julgamento <strong>em</strong> 29-9-09, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 20-<br />
11-09.<br />
"A Turma, por maioria, in<strong>de</strong>feriu habeas corpus <strong>em</strong> que se alegava a nulida<strong>de</strong><br />
absoluta <strong>de</strong> processo criminal no qual a <strong>de</strong>fesa da paciente fora realizada por<br />
advoga<strong>do</strong> licencia<strong>do</strong> da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil – OAB. No caso, <strong>em</strong><br />
se<strong>de</strong> <strong>de</strong> revisão criminal, a paciente informara que os patronos <strong>do</strong>s réus<br />
estariam impossibilita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exercer a advocacia e, por conseguinte, seriam<br />
nulos os atos por eles pratica<strong>do</strong>s. O tribunal <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, contu<strong>do</strong>, concluíra que<br />
a regra da pas <strong>de</strong> nulitté sans grief – aplicável tanto às nulida<strong>de</strong> relativas<br />
quanto às absolutas – impediria a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> invalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atos<br />
processuais que não ocasionaram prejuízos às partes. O STJ mantivera esse