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a noite do iguana: tennessee williams apropriado e recriado ... - Cielli

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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350<br />

______________________________________________________________________________________________<br />

Podemos admitir sem nenhuma dificuldade que [os] atos de apreensão<br />

são orienta<strong>do</strong>s pelas estruturas <strong>do</strong> texto, mas não completamente<br />

controla<strong>do</strong>s por elas. Aqui se pressente a arbitrariedade. [...]<br />

indeterminação não é um defeito, mas constitui as condições<br />

elementares de comunicação <strong>do</strong> texto que possibilitam que o leitor<br />

participe da produção da intenção textual. [...] Os elementos de<br />

indeterminação permitem sem dúvida um certo espectro de realização,<br />

mas isso não significa que a compreensão seja aleatória, pois<br />

representa a condição central para a interação entre texto e leitor.<br />

(ISER, 1996, v. 1, p. 57)<br />

A partir desta afirmação, pode-se examinar alguns <strong>do</strong>s conceitos propostos por ele,<br />

basea<strong>do</strong>s na relação comunicativa entre texto e leitor: repertório, estratégias e<br />

realização. Para existir comunicação, deve haver relação entre os <strong>do</strong>is pólos, neste caso<br />

texto e leitor. Como os <strong>do</strong>is não estão presentes no ato da comunicação, a relação é<br />

assimétrica, sem espaço comum de referência. Para a comunicação se efetivar, segun<strong>do</strong><br />

Iser:<br />

[...] os textos ficcionais devem trazer consigo to<strong>do</strong>s os elementos que<br />

permitem a constituição de uma situação entre texto e leitor. Isso<br />

significa [...] que o texto ficcional deve apresentar “convenções” e<br />

“procedimentos”, pois não pode se realizar por meio de convenções<br />

estabilizadas e procedimentos usuais. [...] O texto ficcional não se<br />

reduz nem à denotação <strong>do</strong> empírico previamente da<strong>do</strong>, nem aos<br />

valores e expectativas de seu possível leitor. [...] Se o texto não é<br />

idêntico nem ao mun<strong>do</strong> empírico, nem aos hábitos <strong>do</strong> leitor, o senti<strong>do</strong><br />

deve ser constituí<strong>do</strong> pelos elementos que traz consigo. (ISER, 1996, v.<br />

1, p. 129)<br />

O repertório de um texto são os elementos que escapam à sua imanência. É o que o<br />

texto apresenta de familiar, não apenas em relação a textos anteriores, mas também a<br />

normas históricas, sociais e culturais. Essas normas não são apenas cópias, são<br />

recriações. Assim, elas apresentam novas relações, sem perder totalmente as originais.<br />

A renúncia a tal harmonização é um indício na repetição de que o<br />

familiar não interessa por ser familiar, mas porque algo é intenciona<strong>do</strong><br />

com ele que resulta <strong>do</strong> seu uso ainda desconheci<strong>do</strong>. [...] Embora o<br />

familiar de seus elementos se modifique na “repetição”, o repertório<br />

que o texto traz consigo é uma condição elementar para a produção de<br />

uma situação entre texto e leitor. (ISER, 1996, v. 1, p. 131-132)<br />

Portanto, Iser acredita que o repertório <strong>do</strong> texto deve ter alguma equivalência com o<br />

repertório <strong>do</strong> leitor para que a comunicação ocorra. O “traço comum” de ambos é

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