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Faleceu Ênio Imbuzeiro, o artista do jornalismo de Vila Isabel

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Márcia Alves <strong>Imbuzeiro</strong> (*)<br />

Falar <strong>de</strong> alguém muito especial é difícil. Não <strong>de</strong>finimos<br />

com facilida<strong>de</strong> o ponto que <strong>de</strong>vemos tomar<br />

como início. Quanto mais nos apaixonamos mais<br />

somos parciais, envolvi<strong>do</strong>s, e mais e mais nos misturamos<br />

às histórias das pessoas a quem amamos. Essa<br />

é uma história parcial. Não há nenhuma preocupação<br />

com isenção. O que nossa narrativa quer fazer é<br />

<strong>de</strong>senvolver o nosso mito familiar com to<strong>do</strong> o fascínio<br />

que nos é por <strong>de</strong>mais conheci<strong>do</strong>.<br />

Vamos falar <strong>do</strong> companheiro, <strong>do</strong> pai, <strong>do</strong> irmão,<br />

<strong>do</strong> amigo, <strong>do</strong> avô, <strong>do</strong> sogrão, <strong>do</strong> tio meio pai,<br />

<strong>do</strong> primo traquinas, <strong>do</strong> neto fanfarrão e <strong>do</strong> filho <strong>de</strong><br />

um casal orgulhoso que um dia o trouxe ao mun<strong>do</strong>,<br />

vó Elzira e vô Noquinha.<br />

Eu, como to<strong>do</strong>s sabem, sou sua fã número<br />

um. Apaixonadíssima, uni minha história à <strong>de</strong>le e,<br />

magicamente, formamos esse grupo lin<strong>do</strong>, gran<strong>de</strong> e<br />

barulhento, mas que nos enche <strong>de</strong> orgulho. Nossos<br />

filhos, distribuí<strong>do</strong>s entre as crianças e os meninos<br />

são: Murilo, Nan<strong>do</strong>, Ricar<strong>do</strong>, Anisley e Melo.<br />

Nossa personagem tem muitos codinomes,<br />

aten<strong>de</strong> na vizinhança por Sô Enis.<br />

Graças ao seu jeito <strong>de</strong> menino, irrecuperável,<br />

diga-se <strong>de</strong> passagem, será sempre garotinho.<br />

Era uma vez um garotinho chama<strong>do</strong> Ennio.<br />

Irmão <strong>de</strong> Zizi, Eni e Luís Sérgio, correu pelas ruas<br />

<strong>do</strong>s subúrbios <strong>do</strong> Rio e foi parar num en<strong>de</strong>reço encanta<strong>do</strong>,<br />

lá na Rua Marumbi 12. Apesar <strong>de</strong> sua origem<br />

presbiteriana, chegou à Igreja metodista <strong>de</strong> <strong>Vila</strong><br />

<strong>Isabel</strong> e lá se juntou à minha família, para aflição <strong>do</strong><br />

velho Itiberê, conselheiro <strong>do</strong>s juvenis. Foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

por minha avó como seu filho. Passou a fazer<br />

parte <strong>do</strong> clã <strong>do</strong>s Alves. Os tios Márcio, Zezé, Bebeto<br />

e Célia, falam muito <strong>de</strong>sse tempo. Olhem só que<br />

confusão nós <strong>do</strong>is juntos já arranjamos <strong>de</strong> saída.<br />

Ele e meu pai, com apenas 16 anos fundaram<br />

a Moto Revista, meninos que <strong>de</strong> tão novinhos que<br />

eram precisaram que Daniel assinasse por eles para<br />

que a revista pu<strong>de</strong>sse existir. Não haviam atingi<strong>do</strong> a<br />

maiorida<strong>de</strong>, mas que importância isso tinha? Os<br />

sonhos precisavam mover a realida<strong>de</strong>, e assim eles<br />

se colocavam em movimento.<br />

Em 1977 nos reencontramos, apesar <strong>de</strong> todas<br />

as dificulda<strong>de</strong>s que nos ro<strong>de</strong>avam resolvemos que a<br />

partir dali nossa história seguiria em parceria. Reunimos<br />

nossos filhos, com cuida<strong>do</strong>s especiais tratamos<br />

esses diversos encontros, até que realmente<br />

fossemos uma família coesa. Eu o elegi como o<br />

gran<strong>de</strong> companheiro. Ele, que me conhecia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que cheguei ao mun<strong>do</strong>, aceitou minha eleição. Podia<br />

fazer uma boa análise <strong>de</strong> contexto já que havia passea<strong>do</strong><br />

pelos campos da minha história. Nada era<br />

Ao Ennio, em seu aniversário<br />

segre<strong>do</strong> para ele que vivia nas casas <strong>de</strong> minha gente<br />

antes que eu me apropriasse <strong>de</strong>las. Meus queri<strong>do</strong>s<br />

eram seus ama<strong>do</strong>s e assim, apesar <strong>do</strong> susto que nossa<br />

<strong>de</strong>cisão causou, nossas famílias nos amaram e <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> muito especial nos protegeram.<br />

Sua vida foi feita <strong>de</strong> acontecimentos especiais,<br />

e ele os absorveu com muita sensibilida<strong>de</strong>. Seus<br />

amigos, seus companheiros <strong>de</strong> trabalho formam uma<br />

verda<strong>de</strong>ira irmanda<strong>de</strong>. Entre eles o tempo não ur<strong>de</strong><br />

tramas, não cria distância. Quan<strong>do</strong> estão juntos, tu<strong>do</strong><br />

o que houve entre os encontros <strong>de</strong>saparece magicamente<br />

e eles num balanço enigmático, seguem para<br />

novas aventuras. Que bem o fale o Nadinho.<br />

Deus o fez in<strong>de</strong>strutível. não há mazelas que<br />

o <strong>de</strong>rrubem, as revascularizações que o digam. Mais<br />

pródigo em vidas <strong>do</strong> que os felinos, segue certo <strong>de</strong><br />

encontrar-se no colo <strong>do</strong> Pai Celestial. E Este, sempre<br />

o abençoa e renova suas forças até à próxima bal<strong>de</strong>ação.<br />

Dota<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma sensibilida<strong>de</strong> especial, é capaz<br />

<strong>de</strong> traduzir em uma cena <strong>de</strong> cartum toda uma<br />

gama <strong>de</strong> idéias que se viéssemos a narrá-las usaríamos<br />

<strong>de</strong> um estúpi<strong>do</strong> palavrório. Ele a traduz com<br />

insinuantes traços, capazes <strong>de</strong> silenciar nossas conjecturas.<br />

Esse é o nosso menino, leva<strong>do</strong> pela Nina<br />

para o cinema com apenas seis meses <strong>de</strong> vida.(Às<br />

vezes me pergunto se não haveria <strong>de</strong> ser ela, com a<br />

magia cinematográfica, a responsável por esse mo<strong>do</strong><br />

especial <strong>de</strong>le ver a vida). (...)<br />

Hoje, nos reunimos aqui para um abraço<br />

muito especial. É bom po<strong>de</strong>r falar a quem amamos.<br />

Ver reunida a vida no sorriso <strong>de</strong> cada pessoa querida.<br />

É bom comemorar a vida. Queremos dizer bem<br />

alto e em bom som “até aqui nos fez chegar o Senhor”.<br />

Foi Ele quem colocou cada um <strong>de</strong> vocês em<br />

nosso caminho. Vocês são nossa bênção maior.<br />

O ano que passou nos fez viver experiências<br />

incríveis. Ainda hoje pensamos que elas realmente<br />

não são críveis. Mas, contu<strong>do</strong>, provamos o imenso<br />

amor <strong>do</strong> nosso Deus por cada um <strong>de</strong> nós. Deus nos<br />

fez fortes o suficiente para passarmos pelo caminho<br />

estreito, e agora po<strong>de</strong>mos dizer que Ele tem si<strong>do</strong> o<br />

nosso gran<strong>de</strong> escu<strong>do</strong> contra o mal e tem levanta<strong>do</strong><br />

em cada amigo o companheiro necessário a todas as<br />

travessias.<br />

Em cada ato <strong>de</strong> nossa história, cada um, a<br />

seu mo<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sempenhou um papel abençoa<strong>do</strong>. Essa<br />

é a razão <strong>de</strong> termos to<strong>do</strong>s vocês à nossa mesa. Deus<br />

abençoe a cada um a quem amamos tanto.<br />

Ao nosso menino <strong>de</strong> 71 anos, mais <strong>do</strong> que os<br />

parabéns quero dizer: Garotinho ama<strong>do</strong>, Deus te fez<br />

gigante e somos felizes com você!<br />

(*) texto escrito em 2004

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