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Marcos Portugal - Caravelas - Núcleo de Estudos da História da ...

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Dicionário Biográfico <strong>Caravelas</strong><br />

<strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>da</strong> Historia <strong>da</strong> Música Luso-Brasileira<br />

acréscimo <strong>de</strong> um benefício (ou 480$000 reis), e pela obrigação <strong>de</strong> escrever uma ópera, mais<br />

meio benefício (ou 240$000 reis), num total <strong>de</strong> 1.392$000 reis anuais. 54<br />

O abortado golpe <strong>de</strong> estado no Outono <strong>de</strong> 1805, e a saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> Catalani em inícios do<br />

ano seguinte, transferiram o centro <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> musical do reino para o Real Palácio-<br />

Convento <strong>de</strong> Mafra, on<strong>de</strong> o Príncipe Regente passou a residir. 55 Até Novembro <strong>de</strong> 1807<br />

registou-se uma produção musical extraordinária e ain<strong>da</strong> não <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Só<br />

<strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong> compôs mais <strong>de</strong> 20 obras religiosas (com particular incidência em 1807)<br />

para as vozes masculinas dos monges arrábidos, e para o conjunto único <strong>de</strong> 6 órgãos <strong>da</strong><br />

Basílica. 56<br />

A crescente apreciação pelo trabalho do compositor por parte <strong>de</strong> D. João traduziu-se<br />

em duas Mercês que pelo Particular lhe foram concedi<strong>da</strong>s. A primeira, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> Outubro<br />

<strong>de</strong> 1804, conce<strong>de</strong> 200$000 reis a Maria Joanna:<br />

A <strong>Marcos</strong> Antonio <strong>Portugal</strong>, Fez merce O Principe Regente Nosso<br />

senhor em <strong>de</strong>zenove <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> mil oittocentos e quatro <strong>de</strong> lhe Man<strong>da</strong>r <strong>da</strong>r<br />

duzentos mil reis por anno, para sua mulher Maria Joanna, pagos aos quarteis<br />

com o vencimento do dia <strong>da</strong> merce: e com a mesma obrigaçaõ que o<br />

53 V. Francisco <strong>da</strong> Fonseca BENEVIDES, O Real Theatro <strong>de</strong> S. Carlos <strong>de</strong> Lisboa, 2 vols., Lisboa, Typographia<br />

Castro Irmão/Typographia e Lithographia <strong>de</strong> Ricardo <strong>de</strong> Souza & Salles, 1883/1902, vol. I, p. 80. Foi esta a<br />

primeira tempora<strong>da</strong> em que, no Real Teatro <strong>de</strong> S. Carlos, foram escriturados dois maestros: MP para a<br />

companhia <strong>de</strong> opera seria, e Valentino Fioravanti para a companhia <strong>de</strong> opera buffa. O or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong>ste último<br />

foi <strong>de</strong> 800$000 reis. Loc. cit.. V. David CRANMER, Op. cit., pp. 40-8.<br />

54 V. [Documentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa do Real Teatro <strong>de</strong> S. Carlos, 1805-1808], Arquivo Histórico do Tribunal <strong>de</strong><br />

Contas (P-Ltc), ER 5419, Doc. 19. À semelhança <strong>de</strong> MP, que ganhou consi<strong>de</strong>ravelmente mais do que na<br />

tempora<strong>da</strong> anterior, também Fioravanti duplicou o seu or<strong>de</strong>nado que passou a ser <strong>de</strong> 1.600$000 reis. V. Loc.<br />

cit.. Nas duas tempora<strong>da</strong>s posteriores as posições inverteram-se, passando MP a ganhar mais do que<br />

Fioravanti, <strong>de</strong>nunciando o crescente prestígio do compositor português: em 1805-6 MP auferiu 2.000$000 reis<br />

anuais, mais 72$000 reis para aluguer <strong>de</strong> casas, e Fioravanti auferiu 1.600$000 reis anuais, mais 72$000 reis<br />

para aluguer <strong>de</strong> casas; em 1806-7 MP auferiu 2.000$000 reis anuais e Fioravanti 1.600$000 reis anuais. V.<br />

Livro Caixa do Real Theatro <strong>de</strong> S. Carlos, 1805, P-Ltc, ER 5414, pp. 4, 8, 11, 14, 17, 21, 24, 28, 32 e 33;<br />

Livro Caixa do Real Theatro <strong>de</strong> S. Carlos, 1806, P-Ltc, ER 5415, pp. 4, 7, 12, 16, 20, 24, 28, 32, 37 e 42; P-<br />

Ltc, ER 5419, Doc. 19.<br />

55 De acordo com Ângelo Pereira, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os princípios <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1806. V. Ângelo PEREIRA, As Senhoras<br />

Infantas Filhas <strong>de</strong> El-Rei D. João VI, Lisboa, Editorial Labor, 1938, p. 19.<br />

56 Cf. «As obras <strong>de</strong> <strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong> na Basílica <strong>de</strong> Mafra» in Jean-Paul SARRAUTTE, <strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Ensaios, Lisboa, Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian, 1979, pp. 83-103; António Jorge MARQUES, Op. cit., pp. 95-<br />

106.<br />

www.caravelas.com.pt 15

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