Marcos Portugal - Caravelas - Núcleo de Estudos da História da ...
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PORTUGAL, <strong>Marcos</strong> António António Jorge Marques<br />
Abril 2012<br />
A estratégia e os motivos do Príncipe Regente, e o papel que tinha <strong>de</strong>stinado a<br />
<strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong> eram ain<strong>da</strong> mais abrangentes, como se torna evi<strong>de</strong>nte pela carta que este<br />
recebeu menos <strong>de</strong> 4 meses <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> sua chega<strong>da</strong>:<br />
[...] Pedindo o <strong>de</strong>coro, e a <strong>de</strong>cencia, que as Peças <strong>de</strong> Muzica, que se /<br />
pozerem em Scena nos Theatros Publicos <strong>de</strong>sta Corte nos dias, em que o<br />
Principe Regente Nosso Senhor faz a honra <strong>de</strong> ir as - / sistir, sejaõ executa<strong>da</strong>s<br />
com a regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, e boa or<strong>de</strong>m, que saõ / indispensaveis em taes occasioens, e<br />
concorrendo na Pessoa <strong>de</strong> V. M ce . / to<strong>da</strong>s as circunstancias <strong>de</strong> intelligencia, e<br />
prestimo, que se reque - / rem para bem regular, e reger semelhantes Espetaculos<br />
: Hé o mês - / mo Senhor Servido encarregar a V. M ce . esta Inspecçaõ, e Direcçaõ,<br />
/ na forma, e maneira seguinte. 1º. A Direcçaõ, e Inspecçaõ <strong>de</strong> / V. M ce . terá taõ<br />
somente lugar, pelo que respeita ás Peças <strong>de</strong> Mu - / sica, que se distinarem para<br />
serem representa<strong>da</strong>s na Real Presença / <strong>de</strong> Sua Alteza Real. 2º. Naõ se po<strong>de</strong>rá<br />
meter em Scena nestas oc - / casioens Peça alguma <strong>de</strong> Muzica, que naõ seja<br />
escolhi<strong>da</strong>, e appro - / va<strong>da</strong> / por V. M ce ., recebendo primeiramente as Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />
Sua Alteza Real, / para este fim. [...] 92<br />
As nuances assinala<strong>da</strong>s são significativas: as cerimónias em que o Príncipe Regente<br />
estivesse presente nos teatros públicos eram diferentes <strong>da</strong>s outras, <strong>de</strong> outro grau <strong>de</strong><br />
importância. Isso aplicava-se aos Teatros Públicos, on<strong>de</strong> D. João ia com pouca<br />
frequência, 93 e sobretudo à Capela Real, embora neste caso e em vista dos longos períodos<br />
que aí se <strong>de</strong>morava, as cerimónias correspon<strong>de</strong>ntes se refiram àquelas que contavam<br />
também com a presença <strong>da</strong> Corte e <strong>de</strong> outros altos dignatários. Além disso está implícita<br />
uma encenação que <strong>de</strong>veria acompanhar essas aparições públicas <strong>de</strong> S. A. R., e a música<br />
era claramente um dos ingredientes <strong>de</strong>sses ‘Espectáculos’. No espírito <strong>de</strong> D. João, o estilo<br />
<strong>de</strong> música que durante largos anos <strong>Marcos</strong> vinha <strong>de</strong>senvolvendo, não só fazia parte<br />
integrante <strong>de</strong>ssa encenação, como potenciava a representação simbólica do Po<strong>de</strong>r Real. A<br />
92 Grifos do presente autor. Carta do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aguiar <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1811. V. Livro 4º <strong>da</strong> Corte<br />
(1811-12), BR-Ran, Série Interior – Gabinete do Ministro, IJJ 1 186, ff. 82v, 83. Documento transcrito pela<br />
primeira vez, sem indicação <strong>de</strong> localização, em Ayres <strong>de</strong> ANDRADE, Op. cit., vol. II, pp. 215-6.<br />
93 Pelo contrário, nas duas residências reais, a Quinta <strong>da</strong> Boa Vista e a Fazen<strong>da</strong> <strong>de</strong> Santa Cruz, a prática<br />
musical também era comum, embora, geralmente, com um carácter mais reservado, ou mesmo privado.<br />
Também nessas sessões musicais MP teve papel activo organizando, compondo e dirigindo.<br />
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