Marcos Portugal - Caravelas - Núcleo de Estudos da História da ...
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PORTUGAL, Marcos António António Jorge Marques Abril 2012 Ampliação retirada da monografia de Manoel P. Peixoto d’Almeida Carvalhaes, Marcos Portugal na sua música dramática, entre as pp. 2 e 3 (extra-texto). A miniatura referida na legenda deverá datar de c. 1790-1795. Em 1933 pertencia a Júlio Brandão. www.caravelas.com.pt 2
Dicionário Biográfico Caravelas Núcleo de Estudos da Historia da Música Luso-Brasileira A publicação da primeira biografia de Marcos Portugal no sétimo volume (1841) da vastamente influente e seminal Biographie Universelle des Musiciens et Bibliographie Générale de la Musique 4 de François-Joseph Fétis, 5 teve marcada repercussão na imagem e divulgação do compositor em Portugal e no estrangeiro. Se, por um lado, foi responsável pela inclusão de Marc-Antoine (ou Marco) Portogallo nas principais enciclopédias generalistas e de música a nível mundial, por outro criou e contribuiu para perpetuar as muitas informações incorrectas ou efabulatórias aí incluídas. Estes efeitos foram ampliados e ainda mais disseminados com a publicação da segunda edição da obra. 6 Os estudos realizados e as biografias publicadas em Portugal entre a primeira edição da obra de Fétis e 1900 7 – data da publicação do Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes de Ernesto Vieira – corrigiram alguns erros, mas, no geral, o inatacável estatuto internacional do musicólogo belga, e a enorme influência e divulgação da sua obra, fez prevalecer a biografia Marc-Antoine Portogallo publicada na Biographie Universelle des Musiciens […]. Além disso, em Portugal e especialmente no Brasil, houve um aproveitamento político da persona do compositor, que ficou para a história como vaidoso, intriguista, traidor, adúltero e verdugo do compositor brasileiro José Maurício Nunes Garcia, mestre das Capelas Real e Imperial no Rio de Janeiro. 8 O carácter essencialmente panfletário e 4 Paris-Bruxelas, Fournier-Meline, Cans et Co., 1ª ed. 1835-1844, 8 vols.. A entrada de Portogallo está nas pp. 291-2. 5 Musicólogo, crítico, professor, compositor e teórico belga, François-Joseph Fétis (1784-1871) foi professor no Conservatório de Paris entre 1821 e 1833, ano em que, a instâncias de Leopoldo I, foi nomeado director do Conservatório de Bruxelas. As suas pesquisas e escritos sobre música de outras culturas e épocas, lançaram as fundações para o que viria a ser conhecido como “musicologia comparada”. Os estudos para a Biographie Universelle […], o mais importante e influente dos seus trabalhos, principiaram em 1806, 29 anos antes do início da sua publicação. 6 Paris, Librairie de Firmin Didot Frères, Fils et Cie., 2ª ed., 1860-1880, 8 vols. + 2 vols. (suplemento e complemento). A entrada de Portogallo está no sétimo volume (1864), pp. 105-6. 7 As mais importantes são: Innocêncio Francisco da SILVA, «Marcos Antonio Portugal» Archivo Pittoresco, vol. XI, pp. 241-2, 290-2, 311-2, 334-6, 350-1; José Ribeiro GUIMARÃES, «Marcos Antonio Portugal. (Estudo biographico)» Jornal do Commercio, 10, 11, 12, 17 e 22 de Fevereiro de 1870; Joaquim de VASCONCELLOS, Os Musicos Portuguezes. Biographia-Bibliographia, Porto, Imprensa Portugueza, 1807, vol. II, pp. 44-132; Ernesto VIEIRA, Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes, Lisboa, Typographia Mattos Moreira & Pinheiro, 1900, vol. II, pp. 191-230. 8 A fonte que mais contribuiu para moldar o péssimo retrato da persona de Marcos Portugal (MP) foi o conjunto de cartas manuscritas escritas no Rio de Janeiro pelo “ajudante das Reaes bibliotecas” Luiz Joaquim www.caravelas.com.pt 3
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Dicionário Biográfico <strong>Caravelas</strong><br />
<strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>da</strong> Historia <strong>da</strong> Música Luso-Brasileira<br />
A publicação <strong>da</strong> primeira biografia <strong>de</strong> <strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong> no sétimo volume (1841) <strong>da</strong><br />
vastamente influente e seminal Biographie Universelle <strong>de</strong>s Musiciens et Bibliographie<br />
Générale <strong>de</strong> la Musique 4 <strong>de</strong> François-Joseph Fétis, 5 teve marca<strong>da</strong> repercussão na imagem e<br />
divulgação do compositor em <strong>Portugal</strong> e no estrangeiro. Se, por um lado, foi responsável<br />
pela inclusão <strong>de</strong> Marc-Antoine (ou Marco) Portogallo nas principais enciclopédias<br />
generalistas e <strong>de</strong> música a nível mundial, por outro criou e contribuiu para perpetuar as<br />
muitas informações incorrectas ou efabulatórias aí incluí<strong>da</strong>s. Estes efeitos foram ampliados<br />
e ain<strong>da</strong> mais disseminados com a publicação <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> edição <strong>da</strong> obra. 6<br />
Os estudos realizados e as biografias publica<strong>da</strong>s em <strong>Portugal</strong> entre a primeira edição<br />
<strong>da</strong> obra <strong>de</strong> Fétis e 1900 7 – <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> publicação do Diccionario Biographico <strong>de</strong> Musicos<br />
Portuguezes <strong>de</strong> Ernesto Vieira – corrigiram alguns erros, mas, no geral, o inatacável<br />
estatuto internacional do musicólogo belga, e a enorme influência e divulgação <strong>da</strong> sua obra,<br />
fez prevalecer a biografia Marc-Antoine Portogallo publica<strong>da</strong> na Biographie Universelle<br />
<strong>de</strong>s Musiciens […].<br />
Além disso, em <strong>Portugal</strong> e especialmente no Brasil, houve um aproveitamento<br />
político <strong>da</strong> persona do compositor, que ficou para a história como vaidoso, intriguista,<br />
traidor, adúltero e verdugo do compositor brasileiro José Maurício Nunes Garcia, mestre<br />
<strong>da</strong>s Capelas Real e Imperial no Rio <strong>de</strong> Janeiro. 8 O carácter essencialmente panfletário e<br />
4<br />
Paris-Bruxelas, Fournier-Meline, Cans et Co., 1ª ed. 1835-1844, 8 vols.. A entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Portogallo está nas pp.<br />
291-2.<br />
5<br />
Musicólogo, crítico, professor, compositor e teórico belga, François-Joseph Fétis (1784-1871) foi professor<br />
no Conservatório <strong>de</strong> Paris entre 1821 e 1833, ano em que, a instâncias <strong>de</strong> Leopoldo I, foi nomeado director do<br />
Conservatório <strong>de</strong> Bruxelas. As suas pesquisas e escritos sobre música <strong>de</strong> outras culturas e épocas, lançaram as<br />
fun<strong>da</strong>ções para o que viria a ser conhecido como “musicologia compara<strong>da</strong>”. Os estudos para a Biographie<br />
Universelle […], o mais importante e influente dos seus trabalhos, principiaram em 1806, 29 anos antes do<br />
início <strong>da</strong> sua publicação.<br />
6<br />
Paris, Librairie <strong>de</strong> Firmin Didot Frères, Fils et Cie., 2ª ed., 1860-1880, 8 vols. + 2 vols. (suplemento e<br />
complemento). A entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Portogallo está no sétimo volume (1864), pp. 105-6.<br />
7<br />
As mais importantes são: Innocêncio Francisco <strong>da</strong> SILVA, «<strong>Marcos</strong> Antonio <strong>Portugal</strong>» Archivo Pittoresco,<br />
vol. XI, pp. 241-2, 290-2, 311-2, 334-6, 350-1; José Ribeiro GUIMARÃES, «<strong>Marcos</strong> Antonio <strong>Portugal</strong>. (Estudo<br />
biographico)» Jornal do Commercio, 10, 11, 12, 17 e 22 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1870; Joaquim <strong>de</strong> VASCONCELLOS,<br />
Os Musicos Portuguezes. Biographia-Bibliographia, Porto, Imprensa Portugueza, 1807, vol. II, pp. 44-132;<br />
Ernesto VIEIRA, Diccionario Biographico <strong>de</strong> Musicos Portuguezes, Lisboa, Typographia Mattos Moreira &<br />
Pinheiro, 1900, vol. II, pp. 191-230.<br />
8<br />
A fonte que mais contribuiu para mol<strong>da</strong>r o péssimo retrato <strong>da</strong> persona <strong>de</strong> <strong>Marcos</strong> <strong>Portugal</strong> (MP) foi o<br />
conjunto <strong>de</strong> cartas manuscritas escritas no Rio <strong>de</strong> Janeiro pelo “aju<strong>da</strong>nte <strong>da</strong>s Reaes bibliotecas” Luiz Joaquim<br />
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