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Província, José Bento da Cunha Figueiredo Junior, e encontra-se no Arquivo Público do Estado do Ceará 10 . SANTA CASA DE MISERICÓRDIA Em 1498 a regente de Portugal Dona Leonor fundou o primeiro hospital da Santa Casa de Misericórdia, seguindo os preceitos cristãos de socorrer os enfermos, especialmente os pobres. Essa medida se estendeu às colônias portuguesas. A primeira Santa Casa do Brasil foi fundada na vila de Santos, em 1543, e a segunda em Salvador, em 1550. A Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro foi fundada entre 1567 e 1582. Financiadas por doações 11 e verbas públicas, suas atividades consistiam em abrigar e cuidar dos doentes e, nos casos mais graves, proporcionar assistência religiosa aos moribundos. Conforme Luís Sucupira no artigo intitulado “Origem e desenvolvimento da Santa Casa de Fortaleza” o Hospital da Caridade começou a ser construído em Fortaleza em 1845, durante a gestão do Presidente Coronel Inácio Correia de Vasconcelos, após os estragos causados pela seca ocorrida no mesmo ano, no entanto a obra não foi concluída. A construção foi retomada no ano de 1854, sob a gestão do Presidente Padre Vicente Pires da Mota. 12 O Hospital da Caridade passou a se chamar Santa Casa de Misericórdia, cujo funcionamento regular teve início em 1861 com a criação da Irmandade da Misericórdia de Fortaleza, sendo administrada por um provedor, que era o próprio presidente da província, o qual nomeava os demais membros da mesa administrativa, chamados de mordomos. Os funcionários que compunham a Santa Casa de Misericórdia no ano de 1862 eram os seguintes: médico, escrivão, almoxarife, contínuo, capelão, sacristão, cozinheiro, enfermeiros, coveiros e serventes. 13 10 Santa Casa. Correspondências expedidas do vice-provedor da Santa Casa para o Presidente da Província. Ofício do Dr. Joaquim Alves Ribeiro para o Presidente José Bento da Cunha Figueiredo Junior. 20.09.1862. APEC. 11 No Brasil Colônia até o início do período republicano, quase todas as iniciativas voltadas para a assistência à saúde da população partiam da filantropia, ou seja, da caridade dos cidadãos ricos e da Igreja católica. Cf. TELAROLLI JUNIOR, Rodolpho. Epidemias no Brasil: uma abordagem biológica e social. São Paulo: Moderna, 1995. (Coleção Desafios). p.31. 12 SUCUPIRA, Luís. Origem e desenvolvimento da Santa Casa de Fortaleza. In: Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza: 1985. p. 212-220. 13 Santa Casa. Correspondências expedidas do vice-provedor da Santa Casa para o Presidente da Província. Ofício do Dr. Joaquim Alves Ribeiro para o Presidente José Bento da Cunha Figueiredo Junior. 16.09.1862. APEC. 4
O CÓLERA EM FORTALEZA: CAUSAS, TRATAMENTO E CUIDADO COM OS MORTOS O desconhecimento das causas do cólera levou o Dr. Joaquim Ribeiro a afirmar: o apparecimento da epidemia nesta Cidade, quanto a nós, dormirá em grande obscuridade, o certo é o primeiro caso teria ocorrido no dia onze de maio. Após analisar as estatísticas de tratamento nas clínicas públicas e particulares, e tendo em vista o aumento considerável de desarranjos gástricos e diarrhéa em Fortaleza, desde o mês de março, o médico defendia que somos levados a acreditar na origem miasmática ou domestica do cholera. A medicina da época era adepta da teoria dos miasmas, que pregava que os locais sujos, contendo dejetos e lixo orgânico em decomposição emanavam substâncias invisíveis, nocivas, que seriam as causadoras das doenças. Ao respirar o ar que continha os miasmas o indivíduo contraía as doenças. Porém, a atuação dos miasmas fazia parte de um conjunto de acontecimentos interligados, dentre os quais eram apontadas as modificações climáticas, atmosféricas, e até a propagação do pânico entre a população. Para o Dr. Joaquim Ribeiro a invasão da epidemia foi anunciada pelo augmento das diarrheas com um typo especial, não havendo, portanto, sustentação para a ideia de que a doença teria sido importada de outras localidades, pois não temos exactas observações meteorológicas, que provem as alterações na constituição physica da Capital. Assim, a doença teria surgido na própria cidade, como decorrência dos casos de diarréia, agravados por algum fator por ele desconhecido. Conforme o Bosquejo histórico o tratamento a ser administrado aos coléricos, recolhidos na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, era organizado de acordo com a fase da doença, dessa forma, era dividido em três períodos, correspondendo o último a fase mais grave do cólera. Conforme o Dr. Joaquim Ribeiro, o tratamento mais bem sucedido para os coléricos no primeiro período da doença foi: vomitivos d’ipecacuanha, purgativo de óleo de rícino, infusões diffusivas, narcóticos, ora o ópio, ora a tintura de hyoscyamo negro. Ao estimular os vômitos e evacuações acelerava-se o processo de desidratação do organismo, porém esse sistema de tratamento é a homeopatia, cujo princípio é: semelhante pelo semelhante se cura, assim o tratamento é feito com a utilização de medicamentos, que causam efeitos semelhantes aos da doença, a fim de promover o equilíbrio energético. A homeopatia prega que o homem é a síntese de mente e corpo, portanto, é importante estar atento para as informações fornecidas pelo paciente, que são fundamentais para o médico homeopata, a idéia é dar voz ao paciente, escutar o que ele tem a dizer (SERRANO, 1986: 94- 5
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