Fechamento Percutâneo do Canal Arterial com a Prótese Amplatzer ...
Fechamento Percutâneo do Canal Arterial com a Prótese Amplatzer ...
Fechamento Percutâneo do Canal Arterial com a Prótese Amplatzer ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Arq Bras Cardiol<br />
2001; 77: 520-5.<br />
A prótese de <strong>Amplatzer</strong> (AGA Medical Corporation,<br />
Golden Valley MN, USA) para oclusão <strong>do</strong> canal arterial é um<br />
dispositivo auto-expansível, <strong>com</strong> formato de cogumelo ou<br />
bala de revólver, feito de uma malha metálica de nitinol <strong>com</strong><br />
espessura de 0,004 polegadas que possui uma memória intrínseca<br />
(fig. 1) 12,13 . Existe um disco ou saia de retenção distal,<br />
4mm maior que o diâmetro <strong>do</strong> dispositivo, designa<strong>do</strong><br />
para ancoramento na ampola aórtica <strong>do</strong> canal. Retalhos de<br />
fibras de poliester são costura<strong>do</strong>s à malha metálica na<br />
porção interna <strong>do</strong> dispositivo, sen<strong>do</strong> responsáveis pela<br />
indução de trombose local <strong>com</strong> conseqüente interrupção<br />
<strong>do</strong> fluxo pelo canal. Um pino fêmea de aço inoxidável é solda<strong>do</strong><br />
a laser na extremidade proximal <strong>do</strong> dispositivo. O cabo<br />
libera<strong>do</strong>r, feito de aço inoxidável, conecta-se a este pino por<br />
um mecanismo de parafusar. Uma bainha tipo Mullins (fabricada<br />
pela AGA), um carrega<strong>do</strong>r de plástico e um dispositivo<br />
designa<strong>do</strong> para rodar o cabo libera<strong>do</strong>r <strong>com</strong>pletam o<br />
sistema para implante.<br />
A prótese está disponível em cinco tamanhos, correspondentes<br />
a <strong>do</strong>is diâmetros <strong>do</strong> cone interno; um mais proximal<br />
e outro perto da saia de retenção (fig. 1). As próteses 6-<br />
4 e a 8-6 possuem 7mm de extensão e as restantes 8mm. O<br />
perfil das bainhas necessárias para o implante varia de 5 a<br />
7Fr, conforme o diâmetro <strong>do</strong> dispositivo seleciona<strong>do</strong> (tab. I).<br />
Um cateterismo esquer<strong>do</strong>/direito diagnóstico de<br />
Dimensões da <strong>Prótese</strong><br />
10 mm - 8 mm<br />
Fig. 1 - Desenho da prótese vista de perfil, mostran<strong>do</strong> suas dimensões: proximal e<br />
distal junto a saia de retenção.<br />
Tabela I - Dimensões das próteses e perfil das bainhas necessárias<br />
para o implante<br />
<strong>Prótese</strong> Bainha Extensão<br />
6-4 5-6 Fr 7mm<br />
8-6 5-6 Fr 7mm<br />
10-8 6-7 Fr 8mm<br />
12-10 6-7 Fr 8mm<br />
14-12 6-7 Fr 8mm<br />
Simões e cols<br />
<strong>Fechamento</strong> percutâneo <strong>do</strong> canal arterial<br />
rotina foi realiza<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os pacientes antes <strong>do</strong> implante.<br />
Um introdutor 4 ou 5Fr foi utiliza<strong>do</strong> para a artéria femoral<br />
e um 6 ou 7Fr para a veia. Anestesia geral <strong>com</strong> intubação<br />
orotraqueal ou máscara laríngea foi empregada nos lactentes<br />
e crianças de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> a prática local de cada centro 15 .<br />
Heparina foi utilizada de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> a preferência <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r<br />
(<strong>do</strong>se inicial entre 75 e 150U/kg). Uma aortografia na<br />
aorta descendente em projeção lateral esquerda foi realizada<br />
para caracterização angiográfica <strong>do</strong> canal, segun<strong>do</strong> a classificação<br />
de Krishenko 16 e para mensuração de seu menor<br />
diâmetro através de méto<strong>do</strong> digital <strong>com</strong> correção da magnificação.<br />
Com a ajuda de um fio-guia de ponta reta, o canal foi<br />
cruza<strong>do</strong> anterogradamente da artéria pulmonar para a aorta<br />
e um cateter de furo terminal (tipo Judkins de coronária<br />
direita ou Lehman ou multipurpose) posiciona<strong>do</strong> na aorta<br />
descendente. Este cateter foi troca<strong>do</strong> pela bainha longa tipo<br />
Mulllins (AGA) por sobre um fio-guia de troca 0,035”. O<br />
guia e o dilata<strong>do</strong>r foram retira<strong>do</strong>s e a bainha deixada na aorta<br />
descendente. De acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> trabalhos experimentais e experiência<br />
clínica prévios, o dispositivo escolhi<strong>do</strong> para o implante<br />
foi de 1 a 2mm maior que o diâmetro mínimo <strong>do</strong> canal,<br />
levan<strong>do</strong>-se em conta o diâmetro mais proximal <strong>do</strong> cone da<br />
prótese, que efetivamente fica dentro <strong>do</strong> trajeto <strong>do</strong> canal.<br />
Por exemplo: para um canal de 4mm, a prótese 8-6 era selecionada.<br />
A prótese escolhida foi então aparafusada na extremidade<br />
distal <strong>do</strong> cabo libera<strong>do</strong>r e sob selo d’água, puxada<br />
para dentro <strong>do</strong> carrega<strong>do</strong>r de plástico, introduzi<strong>do</strong> na bainha<br />
tipo Mullins, que, empurran<strong>do</strong> o cabo <strong>com</strong> o cuida<strong>do</strong> para<br />
não rodá-lo, a prótese foi avançada até a extremidade distal<br />
da bainha na aorta descendente. O disco distal da prótese<br />
foi aberto na aorta descendente, puxan<strong>do</strong>-se levemente a<br />
bainha por sobre o cabo. To<strong>do</strong> o sistema (bainha e cabo) foi<br />
então traciona<strong>do</strong> <strong>com</strong>o uma unidade até que o disco ou a<br />
saia distal ficasse bem acoplada na ampola aórtica <strong>do</strong> canal.<br />
Tal posição foi confirmada através de pequenas injeções de<br />
contraste <strong>com</strong> o cateter arterial. Manten<strong>do</strong>-se uma tensão<br />
discreta no cabo libera<strong>do</strong>r, a bainha foi então tracionada por<br />
sobre este, liberan<strong>do</strong>-se o corpo da prótese dentro <strong>do</strong> trajeto<br />
<strong>do</strong> canal arterial. Uma nova aortografia foi realizada para<br />
confirmação da posição da prótese <strong>com</strong> esta ainda conectada<br />
ao cabo libera<strong>do</strong>r. No caso de uma localização não<br />
satisfatória, a prótese era recolocada dentro da bainha e reposicionada<br />
após nova passagem anterógrada pelo canal.<br />
Confirma<strong>do</strong> um posicionamento adequa<strong>do</strong>, a prótese era<br />
liberada giran<strong>do</strong>-se o cabo libera<strong>do</strong>r no senti<strong>do</strong> antihorário,<br />
<strong>com</strong> a ajuda <strong>do</strong> dispositivo plástico conecta<strong>do</strong> à<br />
extremidade proximal <strong>do</strong> cabo. Uma aortografia final foi<br />
realizada após 5-15min <strong>do</strong> implante para avaliação da presença<br />
e <strong>do</strong> grau de shunt residual (figs. 2A a 2E).<br />
Os pacientes foram acorda<strong>do</strong>s e extuba<strong>do</strong>s ainda na<br />
sala de cateterismo após obtenção de hemostasia por <strong>com</strong>pressão<br />
manual local, e transferi<strong>do</strong>s para uma unidade pós<br />
anestésica para observação clínica.<br />
Na manhã seguinte <strong>do</strong> procedimento, uma radiografia<br />
de tórax foi obtida para checagem da posição da prótese e<br />
um ecocardiograma bidimendional <strong>com</strong> Doppler colori<strong>do</strong><br />
realiza<strong>do</strong> para avaliação da presença e <strong>do</strong> grau de shunt resi-<br />
521 521<br />
521