QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA ABERTURA DE AMOSTRAS
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FACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS<br />
<strong>QUÍMICA</strong> <strong>ANALÍTICA</strong> <strong>QUALITATIVA</strong><br />
<strong>ABERTURA</strong> <strong>DE</strong> <strong>AMOSTRAS</strong><br />
ITAÚNA<br />
14 <strong>DE</strong> SETEMBRO <strong>DE</strong> 2007<br />
ALMEIDA; Matheus Venturini
CONCEITO<br />
Abertura de amostras é<br />
uma expressão para a prática<br />
experimental de análise quali e/ou<br />
quantitativa de uma amostra a fim<br />
de indicar e/ou quantificar os<br />
integrantes químicos presentes<br />
numa substância de prova.<br />
Tecnicamente é o mesmo que<br />
digestão de amostra, podendo ser<br />
via úmida ou seca e o<br />
procedimento é com o auxílio de<br />
ácido (digestão ácida), base<br />
(digestão básica) e fótons<br />
(microondas).<br />
Porém a abertura de uma amostra<br />
pode ser realizada com o auxilio<br />
de uma ou mais técnicas,<br />
dependendo do caso. Os<br />
procedimentos descritos acima são<br />
os mais populares, é claro que<br />
existem outros, porém aqui relato<br />
apenas os mais conhecidos e<br />
utilizados em conjunto, com ênfase<br />
em digestão por meio de<br />
microondas.<br />
POR FUSÃO ÁCIDA<br />
O tipo de abertura de amostra que<br />
usa ácidos em gerais é empregado<br />
preferencialmente para a abertura<br />
de sólidos, em que estes<br />
correspondem a amostra e o ácido<br />
é o solvente da reação, aquele que<br />
promove a solvatação ou a<br />
digestão da amostra.<br />
2.1 Gradiente de Magnésio em<br />
Hidróxido de Magnésio:<br />
Para saber a<br />
determinação de Magnésio no leite<br />
de magnésia emprega-se o uso de<br />
Ácido Clorídrico (HCl) para<br />
solubilizar a amostra e obter como<br />
produto final, um sólido cristalino,<br />
e por meio dele a quantidade de<br />
Mg poderá ser estabelecida. A<br />
reação química que ocorre nesta<br />
reação é simples, classificada<br />
como neutralização:<br />
Mg(OH)2 + 2HCl MgCl2 + 2H2O + HCl
Para a abertura de amostras de<br />
silício metálico em pó é sugerida a<br />
seguinte seqüência: (1) iniciar a<br />
análise com 1g de amostra sólida;<br />
(2) adicionar 20mL de HNO3<br />
concentrado e HF, gota a gota, até<br />
cerca de 10mL; (3) após digestão<br />
total da amostra, leva-se o<br />
material residual quase à secura;<br />
(4) retomar a amostra com<br />
10mL de HCl concentrado na<br />
proporção de 1:3; (5) transfere-se<br />
para balão volumétrico de 50mL e<br />
o volume é completado com água<br />
deionizada.<br />
2.2 Digestão acida de lodo de<br />
esgoto (método EPA-3050B):<br />
Primeiramente,<br />
misturam-se bem as amostras<br />
para que ocorra uma<br />
homogeneização completa. Para<br />
cada procedimento de digestão,<br />
transfere-se 1,00g de amostra<br />
úmida para um tubo plástico (tipo<br />
Falcon) de 50mL. Adiciona-se 10mL<br />
de ácido nítrico (HNO3)<br />
concentrado, fecha-se e deixa-se<br />
em repouso por 24 horas. Aquece-<br />
se a 80ºC por 30 minutos. Após o<br />
resfriamento até 5°C, adiciona-se<br />
5mL de ácido nítrico concentrado e<br />
aquece-se por mais 30 minutos.<br />
Após o novo resfriamento,<br />
adicionar 1mL de Peróxido de<br />
Hidrogênio, deixando-se reagir por<br />
um tempo de meia hora,<br />
mantendo o recipiente fechado.<br />
Filtra-se o digerido através de<br />
papel de filtro número 41 (ou<br />
equivalente), e coleta-se o filtrado<br />
em tubo tipo Falcon de 50mL.<br />
As tabelas a seguir<br />
representam os resultados<br />
encontrados no exemplo da<br />
digestão de lodo via método EPA-<br />
3050B:<br />
Metais<br />
quantidade em<br />
mg g-1<br />
Al 3,52<br />
Cu 0,02<br />
Mg 1,6<br />
Mn 0,22<br />
Sr 1,17<br />
Zn 0,05<br />
Fe 7,45<br />
Na 15,53<br />
Zn 0,52<br />
Cd, Cr, Mo, Ni,<br />
Pb, V, Zr e Co<br />
Não foram<br />
detectados<br />
Tabela 1 – Quantidade de metais em<br />
amostras de lodo de esgoto segundo<br />
Shulginet al (1998)
Elementos<br />
Porcentagem<br />
químicos<br />
C 51,8<br />
H 2,87<br />
N 0,64<br />
O 44,1<br />
S 0,6<br />
S 6-7<br />
Tabela 2 - Caracteristicas do humus<br />
segundo Shulgin et al (1998)<br />
POR FUSÃO ALCALINA<br />
Emprega-se este tipo de abertura<br />
quando se pretende digerir<br />
completamente a amostra a ser<br />
estudada. Mais uma vez, este tipo<br />
de abertura é mais usual para<br />
amostras sólidas, uma vez que o<br />
ácido ou a base escolhidos tem a<br />
função de reagir com a amostra e<br />
deixa-la em estado final “liquido”,<br />
ou seja, em solução com o agente<br />
empregado.<br />
3.1 Determinação de mercúrio em<br />
cabelo:<br />
Para este tipo de análise é<br />
utilizado o método de vapor frio<br />
modificado por Magos et al.<br />
(1972), que utiliza a pré-digestão<br />
básica das amostras. Vários fios de<br />
cabelo, perfazendo uma massa de<br />
10 a 15mg, são picotados e<br />
colocados em um frasco reacional<br />
juntamente com Hidróxido de<br />
Sódio (45%) e cisteína (1%),<br />
procedendo-se ao aquecimento em<br />
chapa aquecedora, a 90°C,<br />
durante 15 minutos. Após o<br />
resfriamento em recipiente<br />
contendo gelo moído, recompõe-se<br />
com água destilada a perda por<br />
volatilização, via pesagem, e o<br />
volume é completado para 10mL<br />
com cloreto de sódio (1%). Em<br />
seguida, são adicionados em um<br />
reator, a 1 Ll da amostra pré-<br />
digerida, cisteína (para complexar<br />
o mercúrio e, assim, evitar<br />
perdas), Cloreto de Sódio (1%,<br />
como eletrólito suporte), Ácido<br />
Sulfúrico (16 N) e Hidróxido de<br />
Sódio (45%).<br />
A capacidade do Cloreto<br />
de Cádmio de quebrar as ligações<br />
carbono mercúrio possibilita a<br />
determinação do mercúrio total,<br />
incluindo a forma orgânica. O<br />
mercúrio reduzido é vaporizado<br />
com ajuda da reação exotérmica<br />
ocorrida no reator e aspirado por<br />
meio de uma bomba, através do<br />
Monitor de Absorção Atômica (LDC
Analytical, modelo 1255). As<br />
leituras de absorção são feitas por<br />
meio de um milivoltímetro digital e<br />
a concentração de mercúrio<br />
orgânico presente na amostra de<br />
cabelo é obtida pela diferença<br />
entre os teores de Mercúrio total e<br />
Mercúrio inorgânico determinados.<br />
POR MEIO <strong>DE</strong><br />
MICROONDAS<br />
É possível fazer uso de<br />
um aparelho microondas<br />
residencial para abertura de<br />
amostras em um laboratório. É<br />
claro que existem os microondas<br />
destinados a fins laboratoriais,<br />
mas em alguns casos pode-se usar<br />
as ondas (fótons) geradas no<br />
magnétron convencional.<br />
Este tipo de abertura só é<br />
usado em caso de amostras que<br />
contenham moléculas polares em<br />
sua composição; para se obter um<br />
sal anidro partindo de uma<br />
amostra hidratada, por exemplo, é<br />
preciso disponibilizar cerca de 3<br />
horas em uma mufla convencional,<br />
ao passo que por meio de<br />
radiações eletromagnéticas, o<br />
mesmo procedimento duraria 15<br />
minutos.<br />
Para decomposição de silicatos<br />
RANTALA & LORING, 1989, usaram<br />
água régia e ácido Fluorídrico (HF)<br />
em bomba de teflon e microondas<br />
com recuperação > 97% para Al,<br />
Cr e Zn e > 93% para Si. NOETNER<br />
et all, 1990, mostraram a<br />
eficiência da decomposição ácida<br />
em microondas de amostras<br />
geológicas e biológicas<br />
certificadas, usando<br />
espectrometria de massa com<br />
fonte de plasma.<br />
4.1 Análise de solos:<br />
A Espectrometria de Emissão<br />
Atômica é utilizada para<br />
determinação quantitativa de 15<br />
elementos (Ti, Al, Fe, Mg, Ca, Mn,<br />
Sr, Y, V, Cu, Be, Cr, Ni, Zn, Zr e Ba)<br />
em amostras de referência<br />
geoquímica (solo) demonstram<br />
que esta técnica é bastante<br />
eficiente, com exatidão e precisão<br />
aceitáveis para aplicações em<br />
rotina, segundo WALSH & HOWIE,<br />
1980; BRENNER et all, 1980;<br />
CHURCH, 1981; e THOMPSON &<br />
WALSH, 1989. O procedimento<br />
para análise de solo por meio de<br />
fótons pode ser feito com 0,2g de
amostra, 5mL de HF 48%, 5mL de<br />
HCl 37% e 1mL de HNO3 65%. Em<br />
seguida a mistura é introduzida<br />
em recipiente de teflon, colocada<br />
em cápsula fechada de fibra de<br />
carbono e finalmente aquecida por<br />
60 minutos a uma potência de<br />
1000 W até 170°C. O segundo<br />
procedimento é após a amostra se<br />
resfriar; deve-se adicionar 5mL de<br />
H3BO3 5% (p/v) e aquecer<br />
novamente por 10 minutos em<br />
1000 W de potência e 150°C. O<br />
terceiro procedimento é após a<br />
amostra resfriar novamente;<br />
completa-se com água destilada a<br />
um volume final de 50mL e<br />
esperar cerca de 24 horas para<br />
que o resíduo final se dissolva.<br />
4.2 Determinação dos teores de<br />
minerais em sucos de frutas:<br />
Para tal análise é utilizado um<br />
digestor de microondas com<br />
sistema fechado, modelo MDS<br />
2000 (CEM, Matthews, USA). Deste<br />
aparato tilizaram-se 7 copos sendo<br />
cinco amostras e dois vazios. Uma<br />
alíquota de 5mL de suco é<br />
transferida para cada copo de<br />
digestão e em seguida adiciona-se<br />
5mL de Ácido Nítrico concentrado.<br />
Cinco estágios são aplicados nesta<br />
digestão; (1) 220MHz de potência,<br />
20 psi de pressão por 40 minutos;<br />
(2) 285MHz de potência, 40 psi de<br />
pressão por 5 minutos; (3) 345MHz<br />
de potência, 60 psi de pressão por<br />
50 minutos; (4) 410MHz de<br />
potência, 60 psi de pressão por 10<br />
minutos; (5) 470MHz de potência,<br />
90 psi de pressão por 15 minutos.<br />
Após o término da digestão os<br />
copos são abertos e as amostras<br />
transferidas quantitativamente<br />
para balões volumétricos de 25mL<br />
completando-se o volume com<br />
ácido clorídrico 20% (v/v).<br />
4.3 Digestão de amostras de peixe<br />
microondas para determinação de<br />
Cd e Pb<br />
Estudos no âmbito de pesquisas<br />
coletaram amostras de peixe em<br />
rios da região amazônica (Rio das<br />
Tropas e Tapajós) no mês de<br />
dezembro de 1999. Cerca de 0,4g<br />
de cada amostra foi colocada em<br />
frasco de hostaflon do sistema de<br />
digestão por microondas<br />
(PROVECTO SISTEMAS<br />
ANALÍTICOS- MO<strong>DE</strong>LO DGT 100),<br />
onde é adicionada a mistura de<br />
reagentes HNO3/H2O2 para a<br />
digestão. Após a digestão das<br />
amostras, as bombas do aparelho
são resfriadas e cada amostra<br />
transferida para o balão de 25mL.<br />
Alíquotas de 1mL são tomadas e<br />
transferidas para a célula<br />
polarográfica, onde acrescenta-se<br />
20mL de água quartex e acetato<br />
de Sódio 1 Mol/L para ajuste de<br />
pH. As determinações<br />
voltamétricas são realizadas com<br />
um polarógrafo PAR 174A,<br />
conectado a um controlador<br />
automático PAR 315 A, a um<br />
registrador Houston x-y e a uma<br />
célula eletroquímica. Por<br />
intermédio do PAR 315 A a<br />
quantidade de Cádmio e Chumbo<br />
presente no peixe é lida e o<br />
controle quanto a estes metais<br />
pesados pode ser elaborado.<br />
A absorção atômica<br />
permite quantificar elementos<br />
metálicos em fase aquosa (meio<br />
polar) a baixos teores. É baseada<br />
na absorção específica que cada<br />
átomo metálico apresenta em suas<br />
transições do estado fundamental<br />
a estados de maior energia. O<br />
material em muitas situações tem<br />
que ser preparado adequadamente<br />
por técnicas de abertura de<br />
amostra às vezes específicas para<br />
cada material e que permitam<br />
solubilizá-lo, conduzindo a uma<br />
solução que é analisada a seguir<br />
no equipamento de absorção<br />
atômica.