i2r Greve Geral: 12 Milhões param ik Governo investe ... - cpvsp.org.br
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232<br />30/06/96<br />/\<br />-<br />#<br />05 ÍINCO COMPROMI^t<br />, VE3A COMO a APEWS 1 ANO E MEIO CE eOVEBNO,<br />FW W CUMPRIU SBB COMPROMISSOS CE CWKHHA-<br />•tPlrMEW- g BOTÍMAS' ESTE? 'SETORES"<br />«UáSÍlSrfBn- SAUZO) 0 SONHO DO*<br />oePEssovsi<br />fom<br />cntrAeífr *aj UAM ^evA Discim w<br />*SnW% : AS Mosõs, MEUíORANCD MUITOO<br />BEM- ECTiR 06STE& INSEXiS<br />P15*? Q<br />AsAúcefteucADWí<br />OBA" MÜS *1 HÚSPTWL<br />SO PBA eeMTEl 1<br />V<br />•A£»klllTlílá'CRl0UOMWSrá2l0»Wa?CRMAAeRAEW EBWAOnE CEU THJRí<br />AOS SEM-1H2fô!!! ^. ^<br />i2r Greve Geral: 12 Milhões param<br />ik Governo investe em chacinas<br />& A Reforma Agrária ontem e hoje<br />tV Os ratos comeram<br />ik Despenca a popularidade de FHC<br />ik Estados Unidos: Aspectos do<br />Panorama Sindical<br />Custo unitário desta edição: R$ 2,50
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05 ÍINCO COMPROMI^t<<strong>br</strong> />
, VE3A COMO a APEWS 1 ANO E MEIO CE eOVEBNO,<<strong>br</strong> />
FW W CUMPRIU SBB COMPROMISSOS CE CWKHHA-<<strong>br</strong> />
•tPlrMEW- g BOTÍMAS' ESTE? 'SETORES"<<strong>br</strong> />
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BEM- ECTiR 06STE& INSEXiS<<strong>br</strong> />
P15*? Q<<strong>br</strong> />
AsAúcefteucADWí<<strong>br</strong> />
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AOS SEM-1H2fô!!! ^. ^<<strong>br</strong> />
<strong>i2r</strong> <strong>Greve</strong> <strong>Geral</strong>: <strong>12</strong> <strong>Milhões</strong> <strong>param</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ik</strong> <strong>Governo</strong> <strong>investe</strong> em chacinas<<strong>br</strong> />
& A Reforma Agrária ontem e hoje<<strong>br</strong> />
tV Os ratos comeram<<strong>br</strong> />
<strong>ik</strong> Despenca a popularidade de FHC<<strong>br</strong> />
<strong>ik</strong> Estados Unidos: Aspectos do<<strong>br</strong> />
Panorama Sindical<<strong>br</strong> />
Custo unitário desta edição: R$ 2,50
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
Jornal Fraternizar - Junho/96 - N 0 92<<strong>br</strong> />
Mundialização da solidariedade<<strong>br</strong> />
Trabalhadores cristãos de todo o mundo reuniram no Porto e deixam um grito<<strong>br</strong> />
"Tecer novas solidariedades para vi-<<strong>br</strong> />
ver dignamente". Foi para gritar ao mun-<<strong>br</strong> />
do esta palavra de ordem, mais do que<<strong>br</strong> />
urgente, e para tentar desco<strong>br</strong>ir em con-<<strong>br</strong> />
junto caminhos ainda não andados e prá-<<strong>br</strong> />
ticas globais ainda não experimentadas<<strong>br</strong> />
que nos permitam alcançar aquele obje-<<strong>br</strong> />
tivo, que delegados de mais de 50 <strong>org</strong>a-<<strong>br</strong> />
nismos filiados no Movimento Mundial<<strong>br</strong> />
de Trabalhadores Cristãos (MMTC),<<strong>br</strong> />
oriundos de 40 países dos diversos con-<<strong>br</strong> />
tinentes do globo, vieram, pela primeira<<strong>br</strong> />
vez, até ao nosso país, mais concretamen-<<strong>br</strong> />
te, até à Casa Diocesana de Vilar, no<<strong>br</strong> />
Porto. Na semana de 6 a 10 de Maio úl-<<strong>br</strong> />
timo, realizaram "conversações intercon-<<strong>br</strong> />
tinentais" que precederam a 8 a Assem-<<strong>br</strong> />
bléia <strong>Geral</strong> do MMTC, ocorrida na se-<<strong>br</strong> />
mana seguinte, de 13 a 17. Jornal<<strong>br</strong> />
Fratemízar viveu integralmente um dia<<strong>br</strong> />
da primeira semana com estes compa-<<strong>br</strong> />
nheiros e companheiras, precisamente, o<<strong>br</strong> />
dia 8 de Maio. O que viu e ouviu, nas<<strong>br</strong> />
diversas sessões de partilha de testemu-<<strong>br</strong> />
nhos vivos, foi bastante para perceber,<<strong>br</strong> />
de forma ainda mais palpável, todo o so-<<strong>br</strong> />
frimento humano que, neste final de sé-<<strong>br</strong> />
culo e de milênio, cresce em toda a terra,<<strong>br</strong> />
num imenso clamor que sobe até ao co-<<strong>br</strong> />
ração do Deus da Vida, e que não pode<<strong>br</strong> />
ficar sem resposta. Por isso, saiu desta<<strong>br</strong> />
expenência ainda mais confirmado na sua<<strong>br</strong> />
convicção de que uma tão imensa sexta-<<strong>br</strong> />
feira santa intercontinental e até cósmi-<<strong>br</strong> />
ca, como é a que, hoje, se vive so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
terra, só pode estar a anunciar, igualmen-<<strong>br</strong> />
te, a madrugada duma Nova Ordem Eco-<<strong>br</strong> />
nômica Mundial. Ou seja, como reação-<<strong>br</strong> />
resposta a mundialização da economia<<strong>br</strong> />
sem entranhas de misericórdia que hoje<<strong>br</strong> />
conhecemos e que faz vítimas sem conta<<strong>br</strong> />
em todos os povos e continentes, começa<<strong>br</strong> />
já a ganhar corpo a mundialização da<<strong>br</strong> />
solidariedade. E, enquanto a mundializa-<<strong>br</strong> />
ção da economia fez-se em nome do Ca-<<strong>br</strong> />
pital contra a humanidade, e, por isso,<<strong>br</strong> />
semeou sofrimento e solidão, exclusão e<<strong>br</strong> />
morte, a mundialização da solidarieda-<<strong>br</strong> />
de, porque está a fazer-se em nome da<<strong>br</strong> />
vida e vida em abundância para todos sem<<strong>br</strong> />
exceção, colocará o Capital ao serviço<<strong>br</strong> />
das pessoas e dos povos e há-de-levar a<<strong>br</strong> />
humanidade a formas superiores de vida,<<strong>br</strong> />
estruturalmente, fraterna e comunitária.<<strong>br</strong> />
Avisados andaremos, pois, se, desde<<strong>br</strong> />
já, fizermos apontar para esta direção<<strong>br</strong> />
toda a nossa esperança e todo o nosso<<strong>br</strong> />
empenho pessoal e político.<<strong>br</strong> />
Concentrar o capital e controlar as<<strong>br</strong> />
populações. Eis a principal estratégia das<<strong>br</strong> />
transnacionais do mundo, hoje cada vez<<strong>br</strong> />
em menor número, para, asssim, pode-<<strong>br</strong> />
rem ser mais poderosas do que nunca.<<strong>br</strong> />
Porém, a generalidade dos indivíduos e<<strong>br</strong> />
dos povos não se dá conta sequer que vi-<<strong>br</strong> />
vemos cada vez mais sob o domínio e o<<strong>br</strong> />
império do poder financeiro. A situação<<strong>br</strong> />
é tal, que até os próprios governos dos<<strong>br</strong> />
múltiplos Estados do mundo, praticamen-<<strong>br</strong> />
te, já não governam. Apenas coordenam<<strong>br</strong> />
as políticas que, em última instância, in-<<strong>br</strong> />
teressam à estratégia das transnacionais.<<strong>br</strong> />
As coisas, neste momento, vão tão lon-<<strong>br</strong> />
ge, que as transnacionais já nem preci-<<strong>br</strong> />
sam de esconder que preferem confiar a<<strong>br</strong> />
execução da sua estratégia a agências<<strong>br</strong> />
internacionais, da sua escolha e confian-<<strong>br</strong> />
ça, do que a governos saídos de eleições<<strong>br</strong> />
mais ou menos democráticas.<<strong>br</strong> />
A revelação foi feita, no final das ati-<<strong>br</strong> />
vidades do dia 8, quando um pento liga-<<strong>br</strong> />
do ao MMTC foi convidado a comentar<<strong>br</strong> />
e a perspectivar os depoimentos e as par-<<strong>br</strong> />
tilhas dos diversos delegados que, durante<<strong>br</strong> />
a manhã e a tarde, haviam dado voz às<<strong>br</strong> />
dores e aflições que grossam nos seus<<strong>br</strong> />
países e continentes.<<strong>br</strong> />
Com as suas palavras, vigorosamente<<strong>br</strong> />
lúcidas, Marc Maesschalk ajudou a tirar<<strong>br</strong> />
as escamas dos nossos olhos, para, as-<<strong>br</strong> />
sim, nos tomarmos verdadeiramente su-<<strong>br</strong> />
jeitos, capazes de conduzirmos a nossa<<strong>br</strong> />
própria vida e ajudarmos a conduzir a<<strong>br</strong> />
vida do mundo, em vez de nos resignar-<<strong>br</strong> />
mos a ser simples coisas ou objetos que<<strong>br</strong> />
se deixam conduzir por poderes sem ros-<<strong>br</strong> />
to e demoníacos, sempre prontos a devo-<<strong>br</strong> />
rar-nos a alma, para mais e melhor nos<<strong>br</strong> />
transformarem a todos em súditos.<<strong>br</strong> />
Mundialízar a solidariedade<<strong>br</strong> />
"Um movimento como a MMTC será<<strong>br</strong> />
que pode promover a mundialização da<<strong>br</strong> />
ação solidária? Será que a solidariedade<<strong>br</strong> />
pode mundialízar-se como a economia?"<<strong>br</strong> />
Ninguém respondeu, na ocasião, a estas<<strong>br</strong> />
perguntas-desafio, formuladas pelo pen-<<strong>br</strong> />
to. Nem era para responder. A hora era de<<strong>br</strong> />
ver e julgar-refletír. O agir virá, depois, e<<strong>br</strong> />
há-de acontecer no país de cada delega-<<strong>br</strong> />
do e em cada continente. Mas até visto<<strong>br</strong> />
que a resposta não pode ser senão afir-<<strong>br</strong> />
mativa.<<strong>br</strong> />
Nem que as transnacionais se mordam,<<strong>br</strong> />
o futuro da humanidade e do próprio uni-<<strong>br</strong> />
verso não pode continuar à sua mercê. Esta<<strong>br</strong> />
é, por enquanto, a sua hora, a hora do<<strong>br</strong> />
poder das trevas, a hora do terror do Ca-<<strong>br</strong> />
pital contra a humanidade. Mas nada ga-<<strong>br</strong> />
rante que será eterno o seu reinado.<<strong>br</strong> />
O imenso clamor que se ergue em toda<<strong>br</strong> />
a terra, por parte de milhões e milhões de<<strong>br</strong> />
excluídos, nomeadamente, da Ásia, da<<strong>br</strong> />
África e da América Latina, mas tam-<<strong>br</strong> />
bém da Europa capitalista quejá não sabe<<strong>br</strong> />
o que fazer com tantos desempregados e<<strong>br</strong> />
com tantas pessoas sem casa e sem dig-<<strong>br</strong> />
nidade, sem comida e sem companhia, e,<<strong>br</strong> />
para mais, com multidões de famintos de<<strong>br</strong> />
outros continentes que forçam as suas<<strong>br</strong> />
fronteiras para entrar e ocupar as cida-<<strong>br</strong> />
des já so<strong>br</strong>elotadas e irrespiráveis, cons-<<strong>br</strong> />
titui, em toda a sua fraqueza, a força que<<strong>br</strong> />
irá derrubar a atual ordem econômica das<<strong>br</strong> />
transnacionais.<<strong>br</strong> />
Sempre foram os exércitos de famin-<<strong>br</strong> />
tos de pão e de justiça, de casa de digni-<<strong>br</strong> />
dade que, através dos séculos, derruba-<<strong>br</strong> />
ram o poder do império de tumo. E é o<<strong>br</strong> />
que está para acontecer, uma vez mais,<<strong>br</strong> />
agora que o terceiro milênio está à porta,<<strong>br</strong> />
com a mundialização da solidariedade no<<strong>br</strong> />
seu bojo.<<strong>br</strong> />
Os caminhos políticos para lá chegar-<<strong>br</strong> />
mos, não podem ser traçados em linha<<strong>br</strong> />
reta, como, na sua mais que justificada<<strong>br</strong> />
impaciência, os empo<strong>br</strong>ecidos do mundo<<strong>br</strong> />
certamente gostanam que fossem Serão<<strong>br</strong> />
caminhos com muitas curvas, mas que<<strong>br</strong> />
hão de ser percorridos, quaisquer que<<strong>br</strong> />
sejam os obstáculos que as transnacionais<<strong>br</strong> />
levantem. Ninguém, até hoje, alguma vez<<strong>br</strong> />
conseguiu deter, para sempre, o ímpeto<<strong>br</strong> />
da água de um rio, por mais barragens<<strong>br</strong> />
que lhe erguesse no caminho.<<strong>br</strong> />
Optar pelos po<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />
Mas para darmos corpo a esta revo-<<strong>br</strong> />
lução libertadora, têm os Estados e os<<strong>br</strong> />
respectivos governos - á semelhança do<<strong>br</strong> />
quem já fizeram, depois do Concilio<<strong>br</strong> />
Vaticano II, bastante bispos católicos e<<strong>br</strong> />
bastante Igrejas locais - de fazer, tam-<<strong>br</strong> />
bém eles, uma corajosa e conseqüente<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
opção pelos po<strong>br</strong>es, melhor empo<strong>br</strong>eci-<<strong>br</strong> />
dos, dos seus países. Trata-se duma op-<<strong>br</strong> />
ção verdadeiramente salvadora, porque<<strong>br</strong> />
realizada em nome da vida para todos.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, e como frisou também<<strong>br</strong> />
o perito convidado pelo MMTC, esta<<strong>br</strong> />
opção pelos empo<strong>br</strong>ecidos, por parte dos<<strong>br</strong> />
Estados e respectivos governos, é o ca-<<strong>br</strong> />
minho mais curto para garantirmos futu-<<strong>br</strong> />
ro á democracia, também ela, hoje em<<strong>br</strong> />
perigo de desaparecer, quer porque as<<strong>br</strong> />
transnacionais operam muito mais á von-<<strong>br</strong> />
tade sem ela, quer porque as populações<<strong>br</strong> />
devoradas pela fome são sempre tenta-<<strong>br</strong> />
das a recorrer a métodos e processos que<<strong>br</strong> />
passam muito ao lado dos métodos e dos<<strong>br</strong> />
processos democráticos.<<strong>br</strong> />
E fácil concluir que democracia sem<<strong>br</strong> />
pão e sem casa, sem justiça e sem digni-<<strong>br</strong> />
dade para todos, é uma farsa de todo o<<strong>br</strong> />
tamanho. E só quem quiser ser cego é que<<strong>br</strong> />
não vê que populações inteiras se mostram,<<strong>br</strong> />
hoje cada vez menos dispostas a suportar<<strong>br</strong> />
por muito mais tempo essa farsa.<<strong>br</strong> />
Não se paise que, aitão, está tudo per-<<strong>br</strong> />
dido. Pelo contrário. Nunca, como hoje,<<strong>br</strong> />
as coisas estiveram tão perto de mudar<<strong>br</strong> />
radicalmente. Haverá muitas dores, mas<<strong>br</strong> />
a força dos po<strong>br</strong>es do mundo é imparável.<<strong>br</strong> />
E, aliás, a única capaz de deraibar os<<strong>br</strong> />
múltiplos altares do deus-Dinheiro e dis-<<strong>br</strong> />
persar os respectivos sacerdotes que ope-<<strong>br</strong> />
ram jiuito deles, isto é, todos aqueles que<<strong>br</strong> />
se prestam a render homenagens aos tira-<<strong>br</strong> />
nos, só porque estes vestem roupas caras<<strong>br</strong> />
e garantem privilégios a quem se mostre<<strong>br</strong> />
disposto a servi-los incondicionalmaite.<<strong>br</strong> />
Não são assim os po<strong>br</strong>es. Na sua fome<<strong>br</strong> />
de pão e dejustiça, de casa e de dignidade,<<strong>br</strong> />
eles são como o exército do Deus da vida<<strong>br</strong> />
que não deixa pedra so<strong>br</strong>e pedra dos múlti-<<strong>br</strong> />
plos covis de ladrões que por aí funcionam<<strong>br</strong> />
como se fossem templos da democracia.<<strong>br</strong> />
Diferença substantiva<<strong>br</strong> />
Po<strong>br</strong>es sempre houve. E, hoje, não<<strong>br</strong> />
serão mais do que noutras épocas da His-<<strong>br</strong> />
tória da humanidade. Mas há uma dife-<<strong>br</strong> />
rença substantiva entre a situação de hoje<<strong>br</strong> />
e a de outras épocas.<<strong>br</strong> />
Pela primeira vez na História da hu-<<strong>br</strong> />
manidade, os po<strong>br</strong>es sabem uns dos ou-<<strong>br</strong> />
tros, em todo o mundo. Os meios de co-<<strong>br</strong> />
municação das transnacionais, por mais<<strong>br</strong> />
que tentem, não conseguem esconder a<<strong>br</strong> />
realidade. E encontros, como os do<<strong>br</strong> />
lVlMTC-%, no Porto, aí estão a gritá-la<<strong>br</strong> />
deforma irreprimível.<<strong>br</strong> />
Ora, po<strong>br</strong>es com consciência da exis-<<strong>br</strong> />
tência de milhões e milhões de outros<<strong>br</strong> />
companheiros seus, em todos os conti-<<strong>br</strong> />
nentes, são po<strong>br</strong>es diferentes dos po<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />
de outras épocas.<<strong>br</strong> />
Se a este dado, se acrescentar o da to-<<strong>br</strong> />
mada de conscièicia de que a existâicia<<strong>br</strong> />
de tantos po<strong>br</strong>es não é fruto duma fatali-<<strong>br</strong> />
dade intransponível, menos ainda da von-<<strong>br</strong> />
tade do Deus da vida, mas é apenas farto<<strong>br</strong> />
da mundialização duma economia sem<<strong>br</strong> />
entranhas de misericórdia e do demoníaco<<strong>br</strong> />
deus-Dinheiro que a abençoa será fácil<<strong>br</strong> />
concluir que, pela primeira vez na sua his-<<strong>br</strong> />
tória, a humanidade está em condições de<<strong>br</strong> />
dar um salto qualitativo em frente.<<strong>br</strong> />
As vozes que se ouviram, durante a<<strong>br</strong> />
manhã e a tarde do dia 8, desde a Europa<<strong>br</strong> />
à Ásia, da África á Aménca, tanto do sul<<strong>br</strong> />
como do Norte, apontaram todas nesta<<strong>br</strong> />
direção. O sofrimento é aiomie. A exclu-<<strong>br</strong> />
são é massiva. Mas os po<strong>br</strong>es, uma vez<<strong>br</strong> />
articulados, protagonizarão a mudança.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, mesmo entre os po-<<strong>br</strong> />
vos do Primeiro Mundo, cresce a consci-<<strong>br</strong> />
ência de que a presente situação mundial<<strong>br</strong> />
tem muito a ver com comportamentos<<strong>br</strong> />
criminosos nossos, durante os últimos<<strong>br</strong> />
cinco séculos, nomeadamente, desde as<<strong>br</strong> />
chamadas "descobertas e conquistas".<<strong>br</strong> />
Foi da vizinha Espanha, que veio o<<strong>br</strong> />
alerta, mais propriamaite, da delegada da<<strong>br</strong> />
HOAC: O Ocidente - disse - primeiro,<<strong>br</strong> />
conquistou e explorou as colônias; depois,<<strong>br</strong> />
utilizou a sua mão de o<strong>br</strong>a, como escra-<<strong>br</strong> />
vos; e, agora, pretende fechar as suas fron-<<strong>br</strong> />
teiras, para que as filhas e os filhos dos<<strong>br</strong> />
explorados e escravizados de ontem não<<strong>br</strong> />
vaiham sentar-se a nossa mesa.<<strong>br</strong> />
Com as coisas neste pé, não há outra<<strong>br</strong> />
saída, saião ousarmos a mundialização da<<strong>br</strong> />
solidariedade. Igrejas e governos de todos<<strong>br</strong> />
os países do inundo, sindicatos e partidos<<strong>br</strong> />
políticos, <strong>org</strong>anizações não govemamai-<<strong>br</strong> />
tais e outras instituições, as mais diver-<<strong>br</strong> />
sas, terão, fínalmaite, o bom senso, cada<<strong>br</strong> />
qual ao seu jeito, de acolher o clamor dos<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es e fazer aliança solidána com eles.<<strong>br</strong> />
As transnacionais sairão derrotadas<<strong>br</strong> />
deste confronto. Em nome da vida. En-<<strong>br</strong> />
tão, nunca mais nem o Capital contra a<<strong>br</strong> />
humanidade, nem o trabalho contra o<<strong>br</strong> />
Capital. Mas o Capital ao serviço da vida<<strong>br</strong> />
e vida em abundância para todos. Com a<<strong>br</strong> />
pessoa humana e os povos como prota-<<strong>br</strong> />
gonistas, numa fraternidade solidária<<strong>br</strong> />
cada v^m ais de^nvcüvife. □<<strong>br</strong> />
Jornal do D1AP - Maio/Junho/96 - N 0 115<<strong>br</strong> />
Livre circulação de trabalhadores é<<strong>br</strong> />
As perspectivas de concretização do<<strong>br</strong> />
Projeto Mercosul ainda estão longe de um<<strong>br</strong> />
resultado final, mas pelo menos nas rela-<<strong>br</strong> />
ções trabalhistas, os princípios que for-<<strong>br</strong> />
mam os sistemas jurídicos e também nas<<strong>br</strong> />
estruturas legais de custos trabalhistas,<<strong>br</strong> />
as leis dos quatro países envolvidos -<<strong>br</strong> />
Argentina, Brasil, Uaiguai e Paraguai -<<strong>br</strong> />
não atrapalhariam o processo de<<strong>br</strong> />
integração. O boletim do DIAP, edição<<strong>br</strong> />
de março, avaliou que "as leis dos quatro<<strong>br</strong> />
países são bastante semelhantes".<<strong>br</strong> />
O próximo ponto a ser negociado pela<<strong>br</strong> />
coordenação do Projeto é a livre circula-<<strong>br</strong> />
o próximo tema do Mercosul<<strong>br</strong> />
ção dos empregados, ou seja, a liberdade<<strong>br</strong> />
para o trabalhador de um país disputar<<strong>br</strong> />
vagas no mercado de trabalho em outro<<strong>br</strong> />
país do bloco.<<strong>br</strong> />
A idéia da livre circulação é que, por<<strong>br</strong> />
exemplo, um trabalhador <strong>br</strong>asileiro pos-<<strong>br</strong> />
sa ser tratado de forma diferenciada de<<strong>br</strong> />
outros trabalhadores estrangeiros em<<strong>br</strong> />
qualquer um dos demais países que inte-<<strong>br</strong> />
gram o Mercosul, usufruindo dos demais<<strong>br</strong> />
benefícios assegurados aos trabalhado-<<strong>br</strong> />
res locais.<<strong>br</strong> />
Para tentar equiparar os quatro paí-<<strong>br</strong> />
ses existe uma coordenação, conhecida<<strong>br</strong> />
como subgrupo 10, que trata das rela-<<strong>br</strong> />
ções trabalhistas, emprego e seguridade<<strong>br</strong> />
social. Desde 1991 que a coordenação<<strong>br</strong> />
vem realizando estudos para estimar cus-<<strong>br</strong> />
tos, comparar legislações e apontar as<<strong>br</strong> />
principais diferenças nas relações indi-<<strong>br</strong> />
viduais e coletivas do trabalhador latino-<<strong>br</strong> />
americano.<<strong>br</strong> />
Esta tarefa tem o objetivo de garantir<<strong>br</strong> />
á área das relações de trabalho uma par-<<strong>br</strong> />
ticipação mais profunda e eficaz no pro-<<strong>br</strong> />
cesso de integração. O bloco já chegou a<<strong>br</strong> />
admitir a livre contratação, restringindo<<strong>br</strong> />
a patamar de proteção, ao qual o traba-<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
lhador não pode recusar no momento da<<strong>br</strong> />
sua contratação. Outro ponto em comum<<strong>br</strong> />
é o pnncipio de territoriedade, asseguran-<<strong>br</strong> />
do ao trabalhador que o seu contrato seja<<strong>br</strong> />
regido pela lei do pais em que estiver.<<strong>br</strong> />
"É importante não esquecer que o em-<<strong>br</strong> />
pregador terá o poder, caso o projeto seja<<strong>br</strong> />
aprovado, de dispensar livremente o em-<<strong>br</strong> />
pregado, mas será o<strong>br</strong>igado a pagar uma<<strong>br</strong> />
indanzação", observa o DIAP. A liberda-<<strong>br</strong> />
de de demissão é restnngida nos casos em<<strong>br</strong> />
que o empregado é protegido por estabili-<<strong>br</strong> />
dade decorrente de mandato sindical.<<strong>br</strong> />
Nas questões de direitos trabalhistas,<<strong>br</strong> />
como por exemplo do 13 o salário, a fisca-<<strong>br</strong> />
lização do trabalho e seguro desemprego,<<strong>br</strong> />
os paises voltam a ter semelhanças, com<<strong>br</strong> />
exceção do Paraguai, onde o trabalhador<<strong>br</strong> />
não tem direito ao seguro. A Argentina<<strong>br</strong> />
partiu na frente em relação a flexibilização<<strong>br</strong> />
das leis trabalhistas. No ano passado, fo-<<strong>br</strong> />
ram aprovadas duas leis que modificam<<strong>br</strong> />
alguns procedimentos jurídicos para as<<strong>br</strong> />
pequenas e médias empresas.<<strong>br</strong> />
"A experièicia aigaitina mostra clara-<<strong>br</strong> />
maite que a desregulamaitação não teve<<strong>br</strong> />
um impacto positi vo so<strong>br</strong>e o mercado de tra-<<strong>br</strong> />
balho", analisou Cláudio Salvadon Dedec-<<strong>br</strong> />
ca, professor da Unicamp, an artigo publi-<<strong>br</strong> />
cado na iB/ÉtaO (Des) Emprego no País<<strong>br</strong> />
do Real, do Partido dos Trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Segundo Dedecca, a flexibilização dos<<strong>br</strong> />
direitos trabalhistas na Argentina tem<<strong>br</strong> />
sido acompanhada de niveis de emprego<<strong>br</strong> />
fonnal cada vez mais baixos. "Existe uma<<strong>br</strong> />
progressiva heterogeneidade e precarie-<<strong>br</strong> />
dade das condições de emprego, além da<<strong>br</strong> />
perda de renda do trabalho e de uma alar-<<strong>br</strong> />
Garantias Básicas do Trabalhador<<strong>br</strong> />
Jornada<<strong>br</strong> />
semanal<<strong>br</strong> />
Férias anuais<<strong>br</strong> />
remuneradas<<strong>br</strong> />
Feriados<<strong>br</strong> />
anuais<<strong>br</strong> />
Licença<<strong>br</strong> />
Maternidade<<strong>br</strong> />
Licença<<strong>br</strong> />
Paternidade<<strong>br</strong> />
Aviso Prévio<<strong>br</strong> />
(dias)<<strong>br</strong> />
Remuneração por<<strong>br</strong> />
despedida<<strong>br</strong> />
13° salário<<strong>br</strong> />
Argentina Brasil Paraguai Uruguai<<strong>br</strong> />
48h 44h 48 h 44h (com.)<<strong>br</strong> />
48h (ind.)<<strong>br</strong> />
14 a 35 dias<<strong>br</strong> />
(tempo de serviço)<<strong>br</strong> />
30 dias<<strong>br</strong> />
corridos<<strong>br</strong> />
<strong>12</strong> a 30 dias<<strong>br</strong> />
(tempo de serviço)<<strong>br</strong> />
20 dias úteis<<strong>br</strong> />
10 dias 11 dias 10 dias 5 dias<<strong>br</strong> />
45 dias antes<<strong>br</strong> />
e depois<<strong>br</strong> />
<strong>12</strong>0 dias depois 6 semanas<<strong>br</strong> />
antes e depois<<strong>br</strong> />
6 semanas<<strong>br</strong> />
antes e depois<<strong>br</strong> />
2 dias 5 dias 2 dias não há lei<<strong>br</strong> />
30dias, até 5 anos e<<strong>br</strong> />
60, mais de 5 anos<<strong>br</strong> />
1 mês ou fração de<<strong>br</strong> />
3 meses<<strong>br</strong> />
1/<strong>12</strong> mensais<<strong>br</strong> />
de salário<<strong>br</strong> />
30 dias 30 a 90 dias não tem<<strong>br</strong> />
40% do total<<strong>br</strong> />
depositado no FGTS<<strong>br</strong> />
1/<strong>12</strong> mensais<<strong>br</strong> />
do salário<<strong>br</strong> />
15 dias ou<<strong>br</strong> />
fração de 06 meses<<strong>br</strong> />
1/<strong>12</strong> mensais<<strong>br</strong> />
do salário<<strong>br</strong> />
1 mês ou fração<<strong>br</strong> />
e 6 meses<<strong>br</strong> />
1/<strong>12</strong> mensais<<strong>br</strong> />
do salário<<strong>br</strong> />
Horas extras 30 p/ mês 2 p/dia 3 p/dia 8 /semana<<strong>br</strong> />
Salário mínimo US$ 200 US$ 107,5 US$184 US$85<<strong>br</strong> />
Mercado<<strong>br</strong> />
informal<<strong>br</strong> />
10% 43% 10% -<<strong>br</strong> />
Assalariados 69,6% 66% 52,9% 78,8%<<strong>br</strong> />
PEA (milhões) <strong>12</strong>,6 67,8 1,7 1,4<<strong>br</strong> />
Fonte; Boletim de Integr. Latino-Americana e Centro Interdísciplinar de Estudos so<strong>br</strong>e o Desenvolvimento do Uruguai<<strong>br</strong> />
mante situação de desemprego, que no<<strong>br</strong> />
momento atinge 20% da força de traba-<<strong>br</strong> />
lho da Grande Buaios Ares".<<strong>br</strong> />
Para o DIAP, mesmo com uma legis-<<strong>br</strong> />
lação sintonizada com os demais paises<<strong>br</strong> />
que integram o Mercosul, o Brasil ainda<<strong>br</strong> />
tem que fortalecer a negociação coletiva<<strong>br</strong> />
e dar mais autaiticidade ao movimento<<strong>br</strong> />
sindical. "E preciso que o pais continue<<strong>br</strong> />
negociando junto os três governos um<<strong>br</strong> />
acordo multilateral, que assegure aos tra-<<strong>br</strong> />
balhadores do Mercosul gozar, onde es-<<strong>br</strong> />
tiverem, os benefícios previdência ri os a<<strong>br</strong> />
que tiverem direito".<<strong>br</strong> />
Outra discussão será em tomo do valor<<strong>br</strong> />
do saláno minimo, que vana de US$ 85,00<<strong>br</strong> />
no Uruguai, a US$ 200,00, na Argentina,<<strong>br</strong> />
quase o do<strong>br</strong>o do Brasil 3<<strong>br</strong> />
Boletim DIEESE -A<strong>br</strong>il/96 - N 0 181<<strong>br</strong> />
Nosso futuro não precisa ser o desemprego<<strong>br</strong> />
O desemprego é, sem dúvida, parte<<strong>br</strong> />
da agenda mundial. O assunto dominou<<strong>br</strong> />
as discussões da Conferência do Empre-<<strong>br</strong> />
go, realizada no início de a<strong>br</strong>il, na cida-<<strong>br</strong> />
de francesa de Lille, pelo grupo dos sete<<strong>br</strong> />
paises mais desenvolvidos do mundo (G-<<strong>br</strong> />
7). No entanto, não não resultaram desse<<strong>br</strong> />
encontro deliberações efetivas para tra-<<strong>br</strong> />
tar do problema. Houve apenas a<<strong>br</strong> />
reafirmação dos modelos já existentes: o<<strong>br</strong> />
norte-americano, de alta flexibilidade no<<strong>br</strong> />
mercado de trabalho e baixas taxas de<<strong>br</strong> />
desemprego, mas com geração de ocu-<<strong>br</strong> />
pações de baixa qualidade, os chamados<<strong>br</strong> />
Macjobs; e o modelo europeu, com regu-<<strong>br</strong> />
lação do mercado e seguridade social<<strong>br</strong> />
avançada, porém com predominância de<<strong>br</strong> />
altas taxas de desemprego. Naihuma pro-<<strong>br</strong> />
posta foi feita no sentido da geração de<<strong>br</strong> />
políticas ativas de emprego, coordenadas<<strong>br</strong> />
por esforços macroeconômicos globais de<<strong>br</strong> />
reativação do crescimento econômico,<<strong>br</strong> />
que continua muito abaixo dos niveis<<strong>br</strong> />
verificados desde o pós-guerra até mea-<<strong>br</strong> />
dos dos anos 70.<<strong>br</strong> />
Frente à inação dos paises que coman-<<strong>br</strong> />
dam a economia global, surge um saiti-<<strong>br</strong> />
mento de inexorabilidade de um futuro<<strong>br</strong> />
sem empregos. E o pior: assiste-se cada<<strong>br</strong> />
vez mais á precarização das relações de<<strong>br</strong> />
trabalho, resultado da modernização<<strong>br</strong> />
tecnológica, da instabilidade gerada por<<strong>br</strong> />
mercados financeiros globalizados e da<<strong>br</strong> />
perda de governabilidade dos estados<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a regulação desses processos, ago-<<strong>br</strong> />
ra nitidamente dependentes das estraté-<<strong>br</strong> />
gias competitivas das empresas transna-<<strong>br</strong> />
cionais.<<strong>br</strong> />
Mas é preciso perguntar se os proble-<<strong>br</strong> />
mas vividos pelas economias mais desai-<<strong>br</strong> />
volvidas se reproduzem da mesma fonna<<strong>br</strong> />
no Brasil, e em que dimensão. Se, por um<<strong>br</strong> />
lado, é correto prever que os setores mais<<strong>br</strong> />
dinâmicos da economia estarão incorpo-<<strong>br</strong> />
rando tecnologias e fonnas de gestão da<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
produção altamente produtivas epoupado-<<strong>br</strong> />
ras de mão-de-o<strong>br</strong>a, por outro, deve-se con-<<strong>br</strong> />
siderar que a heterpgeneidade da economia<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileira, no sentido de capacidades em-<<strong>br</strong> />
presariais, financeiras e tecnológicas<<strong>br</strong> />
assimétricas por setores e regiões, impli-<<strong>br</strong> />
cam trajetórias de difusão mais lentas des-<<strong>br</strong> />
sas inovações tecnológicas e <strong>org</strong>aniza-<<strong>br</strong> />
cionais do que aquelas vigentes nos países<<strong>br</strong> />
da Organização para Cooperação e Desen-<<strong>br</strong> />
volvimento Econômico (OCDE).<<strong>br</strong> />
No caso <strong>br</strong>asileiro, as razões do de-<<strong>br</strong> />
semprego são mais complexas e suas for-<<strong>br</strong> />
mas de manifestação também. Nesse sen-<<strong>br</strong> />
tido, é importante detalhar o atual fenô-<<strong>br</strong> />
meno de desemprego que afeta a econo-<<strong>br</strong> />
mia do pais. Há três tipos básicos de de-<<strong>br</strong> />
semprego ocorrendo ao mesmo tempo e,<<strong>br</strong> />
muitas vezes, interligados. O desempre-<<strong>br</strong> />
go conjuntural, provocado pela gestão da<<strong>br</strong> />
política econômica; o tecnológico, resul-<<strong>br</strong> />
tante dos processos de introdução de no-<<strong>br</strong> />
vas tecnologias, de técnicas <strong>org</strong>anizacio-<<strong>br</strong> />
nais e de racionalização do processo pro-<<strong>br</strong> />
dutivo; e o de exclusão, decorrente da<<strong>br</strong> />
desqualificação para o trabalho nos nú-<<strong>br</strong> />
cleos mais dinâmicos da economia.<<strong>br</strong> />
Nos últimos meses, o desemprego<<strong>br</strong> />
conjuntural tem aumentado de forma alar-<<strong>br</strong> />
mante. Em pouco tempo foram perdidos<<strong>br</strong> />
os postos de trabalho gerados desde o<<strong>br</strong> />
inicio do Plano Real. A política de juros<<strong>br</strong> />
elevados e o a<strong>br</strong>upto corte de créditos<<strong>br</strong> />
destinados à produção e ao consumo,<<strong>br</strong> />
mais do que desaquecer a economia,<<strong>br</strong> />
como pretende o governo, estão cami-<<strong>br</strong> />
nhando rapidamente no sentido de uma<<strong>br</strong> />
situação de crescimento pífio de longo<<strong>br</strong> />
prazo, aquém do necessário para reduzir<<strong>br</strong> />
o desemprego e absorver aqueles que todo<<strong>br</strong> />
ano ingressam no mercado de trabalho.<<strong>br</strong> />
Esses fatos aumentam as incertezas<<strong>br</strong> />
em relação ao futuro. São milhares de<<strong>br</strong> />
trabalhadores desempregados todos os<<strong>br</strong> />
dias, principalmente na indústria, que não<<strong>br</strong> />
sabem quanto tempo terão de esperar por<<strong>br</strong> />
um novo emprego, e em que condições.<<strong>br</strong> />
O desemprego tecnológico é ainda<<strong>br</strong> />
mais sério, pois não tem a mesma visibi-<<strong>br</strong> />
lidade e transparência necessárias para a<<strong>br</strong> />
mobilização da sociedade e tende a per-<<strong>br</strong> />
manecer como causa da falta de oportu-<<strong>br</strong> />
nidades de trabalho por muitos anos. A<<strong>br</strong> />
reestruturação produtiva está em anda-<<strong>br</strong> />
mento, aumentando a produtividade da<<strong>br</strong> />
economia, mas traz poucos benefícios aos<<strong>br</strong> />
trabalhadores. O nível de emprego indus-<<strong>br</strong> />
trial é hoje menor que o verificado em<<strong>br</strong> />
1985, o crescimento da produção indus-<<strong>br</strong> />
trial é feito sem novos empregos e isso é<<strong>br</strong> />
resultado da racionalização e das novas<<strong>br</strong> />
tecnologias.<<strong>br</strong> />
Há uma conexão entre desemprego<<strong>br</strong> />
conjuntural e tecnológico. As empresas<<strong>br</strong> />
geralmente aproveitam as circunstânci-<<strong>br</strong> />
as geradas pela política econômica não<<strong>br</strong> />
só para reduzir temporariamente a mão-<<strong>br</strong> />
de-o<strong>br</strong>a necessária para suas operações,<<strong>br</strong> />
mas também para realizar cortes estru-<<strong>br</strong> />
turais. Assim, parte dos empregos per-<<strong>br</strong> />
didos durante o "desaquecímento" da<<strong>br</strong> />
economia não voltará mais a existir,<<strong>br</strong> />
mesmo que as condições de crédito me-<<strong>br</strong> />
lhorem e os juros reais caiam. Isso tem<<strong>br</strong> />
ocorrido claramente no setor bancário e<<strong>br</strong> />
nas indústrias de ponta.<<strong>br</strong> />
Esse ambiente de transformação es-<<strong>br</strong> />
trutural da economia agrega ao contin-<<strong>br</strong> />
gente dos já excluídos, em função do pa-<<strong>br</strong> />
drão de desenvolvimento anterior, novos<<strong>br</strong> />
contingentes. Períodos prolongados de<<strong>br</strong> />
desemprego provocam a perda das apti-<<strong>br</strong> />
dões criadas por anos de exercício do tra-<<strong>br</strong> />
balho e, mais rapidamente, quanto maior<<strong>br</strong> />
for o ritmo de inovações tecnológicas e<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>anizacionais. Dessa forma, esses tra-<<strong>br</strong> />
balhadores começam a procurar alter-<<strong>br</strong> />
nativas de so<strong>br</strong>evivência a partir das in-<<strong>br</strong> />
serções precárias, com baixa remunera-<<strong>br</strong> />
ção em relação à sua situação salarial<<strong>br</strong> />
anterior, e sem vínculos regulares e pro-<<strong>br</strong> />
tegidos pela legislação.<<strong>br</strong> />
VÍDEO A VENDA NO CPV<<strong>br</strong> />
'Liberdade''<<strong>br</strong> />
Combater essas várias formas de de-<<strong>br</strong> />
semprego não étarefa simples, tampouco<<strong>br</strong> />
pode ser realizada em curtos períodos.<<strong>br</strong> />
Há que se mudar alguns parâmetros de<<strong>br</strong> />
natureza institucional, como a duração<<strong>br</strong> />
da jornada de trabalho, no sentido de re-<<strong>br</strong> />
duzi-la; o uso abusivo de horas-extras e<<strong>br</strong> />
as facilidades para a dispensa imotiva-<<strong>br</strong> />
da. Trata-se de mudanças possíveis, con-<<strong>br</strong> />
siderando que desde 1992 os aumentos<<strong>br</strong> />
de produtividade na economia <strong>br</strong>asileira<<strong>br</strong> />
chegam a mais de 42%.<<strong>br</strong> />
Também é necessário um programa<<strong>br</strong> />
de investimentos na infra-estrutura pro-<<strong>br</strong> />
dutiva e social O Brasil tem rodovias que<<strong>br</strong> />
precisam ser criadas e reconstruídas e<<strong>br</strong> />
portos a serem modernizados e amplia-<<strong>br</strong> />
dos. Há necessidade também de expan-<<strong>br</strong> />
dir as redes de energia, telecomunicações<<strong>br</strong> />
e de abastecimento de água e esgoto. São<<strong>br</strong> />
investimentos que aumentam a produti-<<strong>br</strong> />
vidade da economia e criam novos em-<<strong>br</strong> />
pregos. Na área social, é urgente a<<strong>br</strong> />
melhoria do sistema educacional e de saú-<<strong>br</strong> />
de, tanto em razão de situações de emer-<<strong>br</strong> />
gência e humanitárias, como em função<<strong>br</strong> />
de seus efeitos de longo prazo so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
competiu- vidade do país. A reforma<<strong>br</strong> />
agrária, mais uma vez, deve ser ressalta-<<strong>br</strong> />
da como medida necessária, principal-<<strong>br</strong> />
mente porque a situação do desemprego<<strong>br</strong> />
na área rural tende a piorar com a ado-<<strong>br</strong> />
ção de novas tecnologias de cultivo e ges-<<strong>br</strong> />
tão, ampliando os conflitos no campo.<<strong>br</strong> />
Essa agenda é tipicamente <strong>br</strong>asileira,<<strong>br</strong> />
o que diferencia o Brasil dos países de-<<strong>br</strong> />
senvolvidos. Nestes, as soluções são di-<<strong>br</strong> />
fíceis em função da sua homogeneidade<<strong>br</strong> />
social e saturação produtiva. No caso<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileiro, desigualdade social e exclu-<<strong>br</strong> />
são são elementos que impedem a ampli-<<strong>br</strong> />
ação do mercado interno e o crescimaito<<strong>br</strong> />
sustentado. O desemprego é um dos pro-<<strong>br</strong> />
blemas mais sérios do país, mas pode não<<strong>br</strong> />
ser inexorável, basta trabalhar para que<<strong>br</strong> />
aspiDÊcasmo 3aauto-realben . D<<strong>br</strong> />
E um vídeo documentário so<strong>br</strong>e a situação dos cortiços na baixada do Glicério, na cidade de São Paulo. O vídeo revela<<strong>br</strong> />
as condições e porque uma grande parte da população de baixa renda, vive em condições sub-humanas.<<strong>br</strong> />
Direção: Argemiro F. Almeida e André Luiz Barbosa<<strong>br</strong> />
Produção: Carmo Vídeo<<strong>br</strong> />
Original: S-VHS<<strong>br</strong> />
Duração: 10 minutos<<strong>br</strong> />
Preço: R$ 30,00<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 6 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
GRAVE - Sindíquímica - 27 a 31/05/96 - N° 519<<strong>br</strong> />
Uma política nacional para geração<<strong>br</strong> />
de empregos. Esta é uma das principais<<strong>br</strong> />
reivindicações da CUT e dos mais<<strong>br</strong> />
diversoso movimentos sociais e popula-<<strong>br</strong> />
res. Só na nossa categoria, desde janeiro<<strong>br</strong> />
de 96 foram registradas 370 demissões.<<strong>br</strong> />
A campeã é a COPENE, onde 78 traba-<<strong>br</strong> />
lhadores foram dispensados. Apesar das<<strong>br</strong> />
manifestações contra o desemprego que<<strong>br</strong> />
acontecem em todo o pais, as empresas<<strong>br</strong> />
do Pólo continuam demitindo. Nos últi-<<strong>br</strong> />
mos dez dias foram 87, ou seja, 23,5%<<strong>br</strong> />
do total de todo o ano. Onzena Poli<strong>br</strong>asil,<<strong>br</strong> />
18 na Politeno, 18 da Prochrom e 15 da<<strong>br</strong> />
Química Bahia. Na última quarta-feira,<<strong>br</strong> />
mais de 25 da Ciba Geigy.<<strong>br</strong> />
Apesar da pompa com que o govemo<<strong>br</strong> />
FHC vem enfrentando a imprensa e as<<strong>br</strong> />
mobilizações, é impossível esconder seu<<strong>br</strong> />
desgaste. Pesquisa realizada pelo Institu-<<strong>br</strong> />
PSTU - Opinião Socialista - 26/06 a 02/07/96 - N 0 4<<strong>br</strong> />
Empregos já!<<strong>br</strong> />
to Vox Populi em oito capitais, revela a<<strong>br</strong> />
queda da popularidade do "homem". De<<strong>br</strong> />
zero a dez, ficou abaixo de cinco em to-<<strong>br</strong> />
dos setores, inclusive no item combate à<<strong>br</strong> />
inflação. Na área de Saúde, com Adib<<strong>br</strong> />
Jatene, Bráulio etudo mais, a nota foi 2,6.<<strong>br</strong> />
Em Educação, o Brasil finalmente acor-<<strong>br</strong> />
dou; 3,6 para o ministro Paulo Renato.<<strong>br</strong> />
Até mesmo os patrões, co-responsá-<<strong>br</strong> />
veis pela situação do país, e que ocupa-<<strong>br</strong> />
ram Brasília na semana passada exigin-<<strong>br</strong> />
do a reforma tributária, disseram que o<<strong>br</strong> />
presidente "está simplesmente fora da<<strong>br</strong> />
realidade, não sabe o que está acontecen-<<strong>br</strong> />
do no país". O govemo nega que tenha<<strong>br</strong> />
barganhado com ruralistas, banqueiros,<<strong>br</strong> />
empreiteiros e parlamentares. E um ho-<<strong>br</strong> />
mem franco: "Só dei o que é justo".<<strong>br</strong> />
Diante deste quadro, os trabalhado-<<strong>br</strong> />
res mostram sua reação. Na semana pas-<<strong>br</strong> />
sada estavam mobilizados vigilantes, pro-<<strong>br</strong> />
fessores da rede particular, e os rodoviá-<<strong>br</strong> />
rios, que fizeram uma greve de advertên-<<strong>br</strong> />
cia de duas horas. Os trabalhadores da<<strong>br</strong> />
Ciba se solidarizaram com os demitidos<<strong>br</strong> />
e só entraram na fá<strong>br</strong>ica depois de uma<<strong>br</strong> />
negociação aitre sindicato e empresa. Na<<strong>br</strong> />
Bahiafarma, apesar dos golpes baixos da<<strong>br</strong> />
administração para privatizar a fá<strong>br</strong>ica<<strong>br</strong> />
e impedir a mobilização dos funcionári-<<strong>br</strong> />
os, eles realizaram um ato significativo<<strong>br</strong> />
em frente à Secretaria de Saúde do Esta-<<strong>br</strong> />
do. Todas essas manifestações mostram<<strong>br</strong> />
que a greve geral é o grande instrumento<<strong>br</strong> />
de luta de todos os trabalhadores. Atra-<<strong>br</strong> />
vés dela questionamos quem produz afi-<<strong>br</strong> />
nal a riqueza desse país, além de revelar<<strong>br</strong> />
nossa unidade e mostrar nossa <strong>org</strong>aniza-<<strong>br</strong> />
ção contra a situação de miséria em que<<strong>br</strong> />
nos encontramos. □<<strong>br</strong> />
<strong>12</strong> <strong>Milhões</strong> pararam na greve geral<<strong>br</strong> />
O govemo e praticamente toda a im-<<strong>br</strong> />
prensa burguesa, com diferentes tons,<<strong>br</strong> />
tentaram impor a versão de que a <strong>Greve</strong><<strong>br</strong> />
<strong>Geral</strong> do dia 21 foi "um fracasso", ou<<strong>br</strong> />
"inútil", ainda que fossem o<strong>br</strong>igados a se<<strong>br</strong> />
referir ao "clima de feriado" nas princi-<<strong>br</strong> />
pais capitais do país.<<strong>br</strong> />
O fato é que houve uma paralisação<<strong>br</strong> />
grande em todo o país, <strong>12</strong> milhões se-<<strong>br</strong> />
gundo o levantamento das centrais sindi-<<strong>br</strong> />
cais, ainda que com muitas desigualda-<<strong>br</strong> />
des. Nas principais capitais do Brasil,<<strong>br</strong> />
como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto<<strong>br</strong> />
Alegre e Brasília, houve uma adesão bas-<<strong>br</strong> />
tante grande à greve, mesmo onde os ôni-<<strong>br</strong> />
bus circularam, como foi o caso de São<<strong>br</strong> />
Paulo. Os ônibus funcionaram; no entan-<<strong>br</strong> />
to, não tinham passageiros.<<strong>br</strong> />
Os ataques do govemo, o arrocho e o<<strong>br</strong> />
desemprego vão continuar. No campo,<<strong>br</strong> />
por exemplo, o govemo não só está mo-<<strong>br</strong> />
vendo uma campanha e uma verdadeira<<strong>br</strong> />
farsa contra os sem terras, buscando<<strong>br</strong> />
mostrá-los como assassinos, como está<<strong>br</strong> />
transformando-os em caso de "seguran-<<strong>br</strong> />
ça nacional"., de modo a usar o exército<<strong>br</strong> />
na repressão ao movimento.<<strong>br</strong> />
Por tudo isso, há que ter continuidade<<strong>br</strong> />
o movimento que iniciamos com a greve<<strong>br</strong> />
do dia 21. Se não houver continuidade, o<<strong>br</strong> />
Mariúcha Fontana<<strong>br</strong> />
Mas esta greve teve inúmeras desigual-<<strong>br</strong> />
dades. Do ponto de vista dos setores or-<<strong>br</strong> />
ganizados, ainda que tenham parado ca-<<strong>br</strong> />
tegorias fundamentais, a paralisação foi<<strong>br</strong> />
aquém da de 1989. Anda assim, a adesão<<strong>br</strong> />
da população no geral foi maior já que<<strong>br</strong> />
desta vez havia transporte funcionando na<<strong>br</strong> />
grande maioria das capitais, ou seja, ha-<<strong>br</strong> />
via como as pessoas irem ao trabalho.<<strong>br</strong> />
Essas desigualdades se devem, ao nos-<<strong>br</strong> />
so ver, tanto á confusão nas bandeiras da<<strong>br</strong> />
greve, no início de sua preparação,<<strong>br</strong> />
comotambém à falta de <strong>org</strong>anização na<<strong>br</strong> />
base dos sindicatos. A agitação que foi<<strong>br</strong> />
criado o clima de que haveria greve foi<<strong>br</strong> />
suficiente para levar inúmeros setores a<<strong>br</strong> />
aderir. No entanto, onde exigia mais uni-<<strong>br</strong> />
dade e segurança e, portanto, mais <strong>org</strong>ani-<<strong>br</strong> />
Preparar já os próximos passos<<strong>br</strong> />
esforço que fizemos e o acúmulo quantita-<<strong>br</strong> />
tivo que teve o movimento, seperderá. Alan<<strong>br</strong> />
do quê, se não houver perspectiva clara de<<strong>br</strong> />
avanço na mobilização, o govemo e a clas-<<strong>br</strong> />
se dominante farão eco com sua campanha<<strong>br</strong> />
de que a greve não serve para nada.Tem<<strong>br</strong> />
grande importância a reunião da Executi-<<strong>br</strong> />
va da CUT no dia 25, bem como a reunião<<strong>br</strong> />
das Centrais no próximo dia 8 de julho.<<strong>br</strong> />
Desde já é necessário discutir, em to-<<strong>br</strong> />
dos os sindicatos e na base, a importân-<<strong>br</strong> />
cia de se construir uma jornada de lutas<<strong>br</strong> />
zação interna, so<strong>br</strong>etudo em função da<<strong>br</strong> />
ameaça de desemprego, ao ficar só na<<strong>br</strong> />
agitação e não haver <strong>org</strong>anização, a gre-<<strong>br</strong> />
ve não ocorreu.<<strong>br</strong> />
A greve do dia 21 não só existiu, como<<strong>br</strong> />
foi um movimento positivo e importante,<<strong>br</strong> />
que fortalece toda a classe trabalhadora<<strong>br</strong> />
na sua resistência aos planos de FHC.<<strong>br</strong> />
Porém este fortalecnnento ainda é quan-<<strong>br</strong> />
titativo. Houve um acúmulo que cna mais<<strong>br</strong> />
e melhores condições para lutar.<<strong>br</strong> />
Apesar de muito importante como um<<strong>br</strong> />
ensaio e um primeiro passo, a greve do<<strong>br</strong> />
dia 21 ainda não possibilitou alterar a<<strong>br</strong> />
correlação de forças entre o movimento<<strong>br</strong> />
de massas e o govemo. Ainda não conse-<<strong>br</strong> />
guimos bater com a força suficiente, de<<strong>br</strong> />
modo a colocar FHC na defensiva.<<strong>br</strong> />
pela redução da jornada sem redução do<<strong>br</strong> />
salário, pela Reforma Agrária e punição<<strong>br</strong> />
dos assassinos dos sem-terras, por au-<<strong>br</strong> />
mento geral dos salários, em defesa da<<strong>br</strong> />
manutenção dos direitos dos trabalhado-<<strong>br</strong> />
res e contra as reformas de FHC.<<strong>br</strong> />
E preciso um cronograma de lutas que<<strong>br</strong> />
aponte para uma nova <strong>Greve</strong> <strong>Geral</strong>, para<<strong>br</strong> />
derrotar FHC e conquistar nossas reivin-<<strong>br</strong> />
dicações. Esse é o único caminho para<<strong>br</strong> />
encurralar o govemo e derrotar defmiti-<<strong>br</strong> />
vamaiteffiapiqptDneQLbeiaL D<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
PT Noticias - 24 a 30 de Junho/96 - N 0 4<<strong>br</strong> />
<strong>Greve</strong> <strong>Geral</strong>: amplo apoio<<strong>br</strong> />
"É apenas o início de uma grande jornada de luta contra as políticas do governo FHC"<<strong>br</strong> />
A tranqüilidade foi uma das principais<<strong>br</strong> />
marcas da greve gerai da 6 : ' feira passa-<<strong>br</strong> />
da, que teve manifestações nas principais<<strong>br</strong> />
cidades do Pais, com atos públicos, pas-<<strong>br</strong> />
seatas, caminhadas e alguns bloqueios de<<strong>br</strong> />
estradas por trabalhadores sem terra e<<strong>br</strong> />
pequenos produtores rurais.<<strong>br</strong> />
Para o presidaite do PT, José Dirceu,<<strong>br</strong> />
esta greve - convocada pelas três principais<<strong>br</strong> />
caitrais sindicais do País (CUT, CGT-Con-<<strong>br</strong> />
federação. Força Sindical) e o Fomm das<<strong>br</strong> />
Oposições - "é apaias o início de uma gran-<<strong>br</strong> />
de jornada de luta contra as políticas do<<strong>br</strong> />
governo FHC, e foi amplamente vitori-<<strong>br</strong> />
osa, pelo inequívoco apoio da opinião<<strong>br</strong> />
pública".<<strong>br</strong> />
Para José Dirceu, esta greve geral<<strong>br</strong> />
apresaitou uma característica medita no<<strong>br</strong> />
País, "a clara solidanedade ao desempre-<<strong>br</strong> />
gado, ao sem-terra e ao aposentado, de-<<strong>br</strong> />
monstrando a insatisfação da sociedade<<strong>br</strong> />
com o governo. Foi uma greve política,<<strong>br</strong> />
que teve a participação dos mais varia-<<strong>br</strong> />
dos setores dos trabalhadores e, de for-<<strong>br</strong> />
ma muito significativa, de um expressi-<<strong>br</strong> />
vo número de pequenos empresários,<<strong>br</strong> />
principalmente comerciantes".<<strong>br</strong> />
Ainda para o presidaite do PT, a gre-<<strong>br</strong> />
Sindiluta - 24 a 28 de Junho/96 - N 0 62<<strong>br</strong> />
<strong>Greve</strong> <strong>Geral</strong>: um alerta frente<<strong>br</strong> />
Trânsito tranqüilo nas ruas, pou-<<strong>br</strong> />
co movimento nas lojas e altos índi-<<strong>br</strong> />
ces de ausências nas empresas com-<<strong>br</strong> />
provam que o Brasil parou, pelo me-<<strong>br</strong> />
nos parcialmente.<<strong>br</strong> />
Primeira mobilização nacional articu-<<strong>br</strong> />
lada deforma conjunta entre as três princi-<<strong>br</strong> />
pais Caitrais sindicais do pais (CUT, CGT<<strong>br</strong> />
e Força Sindical), a greve geral do dia 2 1<<strong>br</strong> />
de junho aitra para a história do movimai-<<strong>br</strong> />
to sindical <strong>br</strong>asileiro. Indepaidaite da po-<<strong>br</strong> />
lêmica estabelecida so<strong>br</strong>e o alcance da gre-<<strong>br</strong> />
ve, o fato é que, a partir desta data, toda a<<strong>br</strong> />
sociedade está atenta para questões como<<strong>br</strong> />
desemprego, baixos salános e necessidade<<strong>br</strong> />
da refomia agrária e redução da jornada<<strong>br</strong> />
de trabalho como medidas capazes de ge-<<strong>br</strong> />
rar novos empregos.<<strong>br</strong> />
Para Fernando Henrique "não é com<<strong>br</strong> />
greves que vamos resolver o problema do<<strong>br</strong> />
desemprego". Mas a pergunta é, o que vem<<strong>br</strong> />
fazendo o Presidente para gerar novos<<strong>br</strong> />
postos de trabalho 9 Aliás, essa era mais<<strong>br</strong> />
uma das suas promessas de campanha; e,<<strong>br</strong> />
até o momento, a única proposta do go-<<strong>br</strong> />
verno é uma permissão aos empresários<<strong>br</strong> />
para contratarem mão-de-o<strong>br</strong>a em cará-<<strong>br</strong> />
ter temporário por até dois anos que, na<<strong>br</strong> />
prática, significa a tentativa de eliminar<<strong>br</strong> />
conquistas sociais dos trabalhadores como<<strong>br</strong> />
direito de férias, 13 o salário e outros<<strong>br</strong> />
Se os meios de comunicação informam<<strong>br</strong> />
que o dia da greve parecia um feriado e os<<strong>br</strong> />
^as questões sociais<<strong>br</strong> />
empresários divulgam que houve signi-<<strong>br</strong> />
ficativos índices de ausências nas em-<<strong>br</strong> />
presas, é uma contradição afirmar que<<strong>br</strong> />
a paralisação foi um fracasso. Mas o<<strong>br</strong> />
que conta, nesse caso, é o jogo de inte-<<strong>br</strong> />
resses colocados numa movimentação<<strong>br</strong> />
dessa natureza Por que os meios de co-<<strong>br</strong> />
municação e os empresários falariam<<strong>br</strong> />
que o movimento atingiu seus objetivos 9<<strong>br</strong> />
Solidariedade Internacional<<strong>br</strong> />
A greve geral também contou com o<<strong>br</strong> />
apoio de entidades sindicais, nos Esta-<<strong>br</strong> />
dos Unidos. No mesmo dia, em frente<<strong>br</strong> />
aos consulados <strong>br</strong>asileiros, em cidades<<strong>br</strong> />
como Miami, Nova York, Boston, São<<strong>br</strong> />
Francisco e Los Angeles, a central sin-<<strong>br</strong> />
dical AFL-CIO realizou manifestações<<strong>br</strong> />
em solidariedade aos trabalhadores <strong>br</strong>a-<<strong>br</strong> />
sileiros e suas reivindicações. E a pri-<<strong>br</strong> />
meira vez que a central norte-america-<<strong>br</strong> />
na solidariza-se com um movimento in-<<strong>br</strong> />
ternacional dessa natureza.<<strong>br</strong> />
Também no Canadá, em Montreal,<<strong>br</strong> />
Ottawa, Toronto e Vancouver houve<<strong>br</strong> />
manifestações de solidariedade á greve<<strong>br</strong> />
geral realizada no Brasil, dia 21 de ju-<<strong>br</strong> />
nho último. Jerome Levingson, advoga-<<strong>br</strong> />
do e conselheiro da AFL-CIO, afirmou<<strong>br</strong> />
que o apoio á manifestação dos <strong>br</strong>asi-<<strong>br</strong> />
leiros deve-se "á necessidade de serem<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>anizadas ações internacionais para<<strong>br</strong> />
lutar contra um modelo econômico que<<strong>br</strong> />
ve, além do protesto, teve uma caracte-<<strong>br</strong> />
rística propositiva, ligando-se aos pro|e-<<strong>br</strong> />
tos em favor da reforma agrária em<<strong>br</strong> />
tramitação no Congresso Nacional, à pro-<<strong>br</strong> />
posta de Lei do Emprego apresentada<<strong>br</strong> />
pelo Partido, as pautas de geração de<<strong>br</strong> />
emprego e renda e de redistntuição de<<strong>br</strong> />
renda, além da "reforma democrática da<<strong>br</strong> />
Previdência".<<strong>br</strong> />
O movimento contou a adesão de mais<<strong>br</strong> />
de 5 milhões de trabalhadores no campo<<strong>br</strong> />
cutista, além dos sindicatos ligados a<<strong>br</strong> />
Confederação <strong>Geral</strong> dos Trabalhadores<<strong>br</strong> />
e á Força Sindical. "1<<strong>br</strong> />
afeta os trabalhadores" Perguntado so-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>e por que o apoio aos <strong>br</strong>asileiros e não<<strong>br</strong> />
aos mexicanos ou argentinos, Jerome<<strong>br</strong> />
Levingson afirmou que é "porque o Bra-<<strong>br</strong> />
sil tem um movimento sindical forte e<<strong>br</strong> />
atuante" "1<<strong>br</strong> />
A VENDA<<strong>br</strong> />
NO<<strong>br</strong> />
CPV<<strong>br</strong> />
R$ 18,00<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 8 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
FECESP-Maio/96-N 0 92<<strong>br</strong> />
Patrões falham, empregados assu-<<strong>br</strong> />
mem. Viram donos das dívidas e das<<strong>br</strong> />
incertezas. Vale tudo para driblar o<<strong>br</strong> />
desemprego<<strong>br</strong> />
Uma nova realidade está chegando às<<strong>br</strong> />
mesas dos sindicatos de trabalhadores do<<strong>br</strong> />
Pais. Na era da flexibilização e da que-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>a de regras, e por melhores condições<<strong>br</strong> />
de trabalho têm agora uma nova catego-<<strong>br</strong> />
ria sob sua égide; os empregados que se<<strong>br</strong> />
tomaram também patrões.<<strong>br</strong> />
"O sistema econômico mundial mudou<<strong>br</strong> />
radicalmente nos últimos cinco anos.<<strong>br</strong> />
Globalização, abertura de mercado, novas<<strong>br</strong> />
tecnologias, tudo isso abalou muito o em-<<strong>br</strong> />
prego Antes o desemprego era sazonal, hoje<<strong>br</strong> />
é estartural. Era preciso criar alternativas",<<strong>br</strong> />
diz Aparecido Fana, economista que atua-<<strong>br</strong> />
va no Dieese e hoje é diretor técnico da<<strong>br</strong> />
Associação Nacional dos Trabalhadores em<<strong>br</strong> />
Empresas de Autogestão e Participação<<strong>br</strong> />
Acionária (Anteag).<<strong>br</strong> />
A Anteag foi oficialmente fundada em<<strong>br</strong> />
93 com incumbências como coordenação<<strong>br</strong> />
técnica dos processos de autogestão, con-<<strong>br</strong> />
tatos e negociações com sindicatos de tra-<<strong>br</strong> />
balhadores, estudos de viabilidade e ori-<<strong>br</strong> />
entação aos trabalhadores. Sempre que é<<strong>br</strong> />
procurada para analisar uma possibili-<<strong>br</strong> />
dade de autogestão ou de co-gestão, a<<strong>br</strong> />
entidade vai à empresa, conversa com os<<strong>br</strong> />
empregados para saber se a decisão é da<<strong>br</strong> />
maioria, estuda os livros para fazer a<<strong>br</strong> />
análise de viabilidade técnica e contata o<<strong>br</strong> />
sindicato da categoria para expor a situ-<<strong>br</strong> />
ação e buscar seu apoio "Se os traba-<<strong>br</strong> />
lhadores não concordarem, não há pro-<<strong>br</strong> />
jeto", diz Faria.<<strong>br</strong> />
A primeira experiência aconteceu com<<strong>br</strong> />
a Makerli, indústria calçadista de Franca/<<strong>br</strong> />
SP, em Ql Para não ser fechada, a fábn-<<strong>br</strong> />
ca foi assumida por seus trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Em um ano, ela aumentou seus quadros<<strong>br</strong> />
de 150 para 350 contratados. A Coberto-<<strong>br</strong> />
res Parahyba, de São José dos Campos/<<strong>br</strong> />
SP, também está vivenciando o novo con-<<strong>br</strong> />
ceito. Empresa do falecido senador Seve-<<strong>br</strong> />
ro Gomes (PMDB/SP), ela ficou sem<<strong>br</strong> />
rumo após sua morte (em c )4) e acabou<<strong>br</strong> />
saído assumida por seus próprios traba-<<strong>br</strong> />
lhadores. Quando passaram a controlar as<<strong>br</strong> />
contas da empresa, uma surpresa: há 10<<strong>br</strong> />
anos não era recolhido oFundo de Ga-<<strong>br</strong> />
rantia do Tempo de Serviço (FGTS).<<strong>br</strong> />
Do outro Lado da Mesa<<strong>br</strong> />
Tais Fuocii<<strong>br</strong> />
Hoje são cerca de 33 as empresas que<<strong>br</strong> />
implantaram ou estão em estágio de im-<<strong>br</strong> />
plantação desses processos. A iniciativa<<strong>br</strong> />
envolve cerca de 5800 trabalhadores em<<strong>br</strong> />
todo o Brasil. Só no mês de a<strong>br</strong>il foram<<strong>br</strong> />
mais de 4 projetos abertos pela Anteag.<<strong>br</strong> />
"Muitos empregados se mostram assus-<<strong>br</strong> />
tados por não ter quem lhes diga o que<<strong>br</strong> />
fazer e por não saber se seu salário será<<strong>br</strong> />
pago em dia", diz Faria. Por isso, tam-<<strong>br</strong> />
bém faz parte das atividades da Anteag<<strong>br</strong> />
reeducar o trabalhador para que assimile<<strong>br</strong> />
essa nova realidade e se engaje mais no<<strong>br</strong> />
universo profissional em que vive.<<strong>br</strong> />
O Banco Nacional de Desenvolvimai-<<strong>br</strong> />
to Econômico e Social (BNDES) já se<<strong>br</strong> />
solidarizou com essa nova realidade. Fi-<<strong>br</strong> />
nanciou cinco projetos em que as empre-<<strong>br</strong> />
sas precisavam de capital para se<<strong>br</strong> />
reerguer. Destinou, inclusive, um diretor<<strong>br</strong> />
para cuidar exclusivamente dos proces-<<strong>br</strong> />
sos de financiamento á autogestão.<<strong>br</strong> />
Surpresa<<strong>br</strong> />
A indústria de móveis de cozinha Sakai,<<strong>br</strong> />
de Ferraz de Vasconcelos/SP, vinha apre-<<strong>br</strong> />
sentando uma situação aparaitemaite nor-<<strong>br</strong> />
mal até dezem<strong>br</strong>o de 94. Em janeiro de 95,<<strong>br</strong> />
no aitanto, seus empregados foram suipre-<<strong>br</strong> />
aididos com dificuldades no fomecimaito<<strong>br</strong> />
de maténa-pnma e atrasos no pagamaito<<strong>br</strong> />
dos salários. A empresa ficou parada nos<<strong>br</strong> />
meses de fevereiro, março e a<strong>br</strong>il.<<strong>br</strong> />
" Percebemos que não havena outro ca-<<strong>br</strong> />
minho saião fechar as portas Para garan-<<strong>br</strong> />
tir nossos direitos trabalhistas e colocar a<<strong>br</strong> />
fábnca novamaite em operação, nos dis-<<strong>br</strong> />
pusemos a assumir a empresa. A idéia não<<strong>br</strong> />
foi aceita de imediato pelos propnetános.<<strong>br</strong> />
Eles ainda taitaram buscar recursos nos<<strong>br</strong> />
bancos, ou fazer com que outros empresá-<<strong>br</strong> />
rios assumissem a empresa. Mas nada con-<<strong>br</strong> />
seguiram", diz Valdirde Paula Silvara, hoje<<strong>br</strong> />
presidente da Cooperativa dos Trabalha-<<strong>br</strong> />
dores da Sakai.<<strong>br</strong> />
Através de um acordo entre o sindi-<<strong>br</strong> />
cato e os trabalhadores da empresa, to-<<strong>br</strong> />
dos foram demitidos. A divida trabalhis-<<strong>br</strong> />
ta foi assumida pelo Cooperativa. Assim,<<strong>br</strong> />
conseguiram sacar o FGTS, que foi co-<<strong>br</strong> />
locado á disposição para a aquisição de<<strong>br</strong> />
matéria-prima. Em a<strong>br</strong>il, esse valor re-<<strong>br</strong> />
presentou R$ 43 mil.<<strong>br</strong> />
"Agora mantemos diariamente unia<<strong>br</strong> />
carteira de pedidos nunca inferior a R$<<strong>br</strong> />
100 mil. Nosso faturamento/mês já atin-<<strong>br</strong> />
giu R$ 350 mil. Não crescemos mais ra-<<strong>br</strong> />
pidamente por falta de capital de giro",<<strong>br</strong> />
diz Silveira. Os 100 empregados que tra-<<strong>br</strong> />
balham na Cooperativa são associados.<<strong>br</strong> />
Os salários variam de R$ 340,00 a R$<<strong>br</strong> />
2.040,00 (o maior nunca é superior a seis<<strong>br</strong> />
vezes o menor). "Todos têm um bom re-<<strong>br</strong> />
lacionamento e consciência de que, ape-<<strong>br</strong> />
sar das dificuldades, a luta está valendo<<strong>br</strong> />
a pena", segundo o presidente<<strong>br</strong> />
Co-(i estão<<strong>br</strong> />
A forjaria Conforja, de Diadema/SP,<<strong>br</strong> />
estava em dificuldades financeiras desde<<strong>br</strong> />
94, quando pediu concordata e passou a<<strong>br</strong> />
atrasar os salários de seus trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Como tinham muita desconfiança em re-<<strong>br</strong> />
lação á situação real em que se encontra-<<strong>br</strong> />
va a empresa, os empregados resolveram<<strong>br</strong> />
assumir a crise juntamente com os direto-<<strong>br</strong> />
res. Chamaram a Anteag e iniciaram um<<strong>br</strong> />
processo de co-gestão em setem<strong>br</strong>o de 95.<<strong>br</strong> />
Foi formada uma Associação com 21<<strong>br</strong> />
representantes dos trabalhadores e estes,<<strong>br</strong> />
junto aos 3 mem<strong>br</strong>os da comissão de fá-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ica e o sindicato dos metalúrgicos da<<strong>br</strong> />
região do ABC, decidem os rumos da<<strong>br</strong> />
empresa junto aos diretores. Para ter po-<<strong>br</strong> />
der de decisão. Associação recebeu 25%<<strong>br</strong> />
das ações da empresa na forma de doa-<<strong>br</strong> />
ção de seus diretores<<strong>br</strong> />
O maçanqueiro Sérgio Munloda Glo-<<strong>br</strong> />
ria não conhecia nada do trabalho admi-<<strong>br</strong> />
nistrativo, mas foi escolhido para presidir<<strong>br</strong> />
a Associação e hoje já está mais familia-<<strong>br</strong> />
rizado com o assunto "Passamos a fisca-<<strong>br</strong> />
lizar as contas da empresa e a saber que<<strong>br</strong> />
a situação era realmaite difícil", diz ele<<strong>br</strong> />
Para driblar as dificuldades do fim do<<strong>br</strong> />
processo concordatáno, os empregados<<strong>br</strong> />
decidiram reduzir a jornada de trabalho<<strong>br</strong> />
de 5 para 4 dias por semana "Agora os<<strong>br</strong> />
trabalhadores estão mais conscientes de<<strong>br</strong> />
que as dificuldades existem e de que pre-<<strong>br</strong> />
cisam se empenhai, afinal são donos de<<strong>br</strong> />
25% de tudo isto", afirma Murilo<<strong>br</strong> />
Todos Demitidos<<strong>br</strong> />
Em 93, os funcionários da indústria<<strong>br</strong> />
plástica Brakofix, de São Bernardo do<<strong>br</strong> />
Campo/SP, foram noticiados de que a<<strong>br</strong> />
empresa seria transferida para Sumaré,<<strong>br</strong> />
interior de São Paulo, e os empregados,<<strong>br</strong> />
demitidos. A alegação era de que, em<<strong>br</strong> />
Sumaré, a empresa tinha uma sede pio-<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
pria e não precisaria pagar aluguel como<<strong>br</strong> />
fazia. Do total de 450 empregados, um<<strong>br</strong> />
grupo de menos de 10% resolveu arris-<<strong>br</strong> />
car e seguir a proposta da Anteag para<<strong>br</strong> />
que fundassem sua própria empresa. Vi-<<strong>br</strong> />
sitaram a Makerli para entender como<<strong>br</strong> />
funcionava o processo de autogestão e<<strong>br</strong> />
se inteiraram do assunto. Nasceu a Skill<<strong>br</strong> />
Coplast.<<strong>br</strong> />
"Fizemos um estudo so<strong>br</strong>e tudo o que<<strong>br</strong> />
iríamos precisar, equipamentos, móveis<<strong>br</strong> />
de escritório, toda a infra-estrutura e, a<<strong>br</strong> />
partir dai, entramos com um pedido de<<strong>br</strong> />
financiamento junto a BNDES. Estáva-<<strong>br</strong> />
mos totalmente a zero", diz Manoel Alves<<strong>br</strong> />
da Paz, um dos 44 que se arriscou a fi-<<strong>br</strong> />
car. Só possuíam a Brakofix como pri-<<strong>br</strong> />
meiro cliente, para a qual prestavam ser-<<strong>br</strong> />
viços manuais como acabamento e<<strong>br</strong> />
rebarbação de peças.<<strong>br</strong> />
"Quase todas as pessoas que aposta<<strong>br</strong> />
Inverta - 1 o a 15 de Julho/96 - N" 75<<strong>br</strong> />
ram na experiência vinham da linha de<<strong>br</strong> />
montagem e tiveram muito que aprender<<strong>br</strong> />
para poder administrar a empresa que es-<<strong>br</strong> />
tava sendo formada. Hoje é um verdadei-<<strong>br</strong> />
ro mutirão. Eu passo meia hora aqui, e<<strong>br</strong> />
volto para a fá<strong>br</strong>ica. Não há secretárias.<<strong>br</strong> />
Quando precisamos de um xerox ou de<<strong>br</strong> />
algum papel, nós mesmos providenciamos.<<strong>br</strong> />
Fazemos contato com clientes, fechamos<<strong>br</strong> />
contratos e vamos para as máquinas dar<<strong>br</strong> />
conta das encomendas", conta Paz.<<strong>br</strong> />
Em março de 95 receberam o valor<<strong>br</strong> />
de R$ 1,1 milhão do BNDES para serem<<strong>br</strong> />
pagos em 8 anos. Adquiriram máquinas<<strong>br</strong> />
usadas pela Tintas Coral e montam efe-<<strong>br</strong> />
tivamente a fá<strong>br</strong>ica. "Os primeiros me-<<strong>br</strong> />
ses foram muito difíceis. Mas a partir de<<strong>br</strong> />
fevereiro deste ano o mercado começou<<strong>br</strong> />
a reagir e estamos conseguindo ter cres-<<strong>br</strong> />
cimento, ainda que lento", diz o sócio.<<strong>br</strong> />
A situação econômica até que é boa<<strong>br</strong> />
em relação a outras empresas do porte.<<strong>br</strong> />
Em setem<strong>br</strong>o do ano passado tinham<<strong>br</strong> />
faturamento de R$ 40 mil, em outu<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
já saltaram para R$ 80 mil e em março<<strong>br</strong> />
já eram R$ 84 mil. Em maio o<<strong>br</strong> />
faturamento está batendo na casa dos R$<<strong>br</strong> />
116 mil. "Nosso objetivo é chegar nos<<strong>br</strong> />
R$300 mil".<<strong>br</strong> />
Os dois anos que duraram o processo<<strong>br</strong> />
de implantação fez muitos dos fundado-<<strong>br</strong> />
res desistirem. Dos 44 iniciais, so<strong>br</strong>aram<<strong>br</strong> />
16. Com o reaquecimento, 24 novos tra-<<strong>br</strong> />
balhadores foram contratados pela CLT.<<strong>br</strong> />
Eles passarão a ser sócios depois de 2<<strong>br</strong> />
anos caso mostrem interesse e sejam acei-<<strong>br</strong> />
tos. Para todos os sócios, a regra é a<<strong>br</strong> />
mesma: se optarem por sair da Skill, não<<strong>br</strong> />
podem vender suas cotas para terceiros,<<strong>br</strong> />
só para o própria Associação. A inten-<<strong>br</strong> />
ção é que a empresa permaneça nas mãos<<strong>br</strong> />
dos empregados para sempre. D<<strong>br</strong> />
Desagravo às vítimas do latifúndio?<<strong>br</strong> />
Foi preciso que ocorresse, no bojo de<<strong>br</strong> />
mais uma repulsiva chacina de Sem-Ter-<<strong>br</strong> />
ra, um gaipo que integra o amplo seg-<<strong>br</strong> />
mento dos excluídos sociais deste pais,<<strong>br</strong> />
que já se impôs, no cenário internacio-<<strong>br</strong> />
nal, como o império da injustiça e das<<strong>br</strong> />
contradições, para que FHC viesse a sen-<<strong>br</strong> />
sibilizar-se, não sabemos ainda em que<<strong>br</strong> />
grau e com que conseqüências, com um<<strong>br</strong> />
problema de dimensão secular - a estru-<<strong>br</strong> />
tura fundiária colonial do país.<<strong>br</strong> />
Mas, de outro lado, não nos animam<<strong>br</strong> />
e muito nos convencem os propósitos,<<strong>br</strong> />
mesmo explícitos, de um governo que, na<<strong>br</strong> />
composição de seu suporte politico-par-<<strong>br</strong> />
tidário não demonstrou um mínimo de<<strong>br</strong> />
constrangimento de recorrer às forças do<<strong>br</strong> />
espectro conservador mais anacrônico da<<strong>br</strong> />
nação, aitre elas a bancada ruralista, uma<<strong>br</strong> />
poderosa corporação com cerca de cen-<<strong>br</strong> />
taia meia de parlamentares extremamen-<<strong>br</strong> />
te flexíveis na preservação, a qualquer<<strong>br</strong> />
preço, de seus intocáveis interesses.<<strong>br</strong> />
Não é igualmente passível de<<strong>br</strong> />
confiabilidade um governo que, na data<<strong>br</strong> />
consagrada aos trabalhadores, põe em<<strong>br</strong> />
execução medidas de radical caieldade, em<<strong>br</strong> />
detnmento das classes virtualmente anco-<<strong>br</strong> />
radas na indigâicia social quase absoluta<<strong>br</strong> />
e a elas, num ímpeto de sadismo, atribui,<<strong>br</strong> />
depois de um anos de arrocho, que ja-<<strong>br</strong> />
mais ocorreu com os preços, reajustes<<strong>br</strong> />
José de A<strong>br</strong>eu Ramos<<strong>br</strong> />
salariais e proventuais da ordem de <strong>12</strong>%<<strong>br</strong> />
e 15%, o que não deixa de configurar uma<<strong>br</strong> />
humilhação sem precedentes, possivel-<<strong>br</strong> />
mente uma das razões que teria motiva-<<strong>br</strong> />
do o sociólogo sensível e progressista,<<strong>br</strong> />
Herbert de Souza, o Betmho, a desligar-<<strong>br</strong> />
se formalmente, do cargo de conselheiro<<strong>br</strong> />
do Programa Comunidade Solidária, ca-<<strong>br</strong> />
pitaneado pela p rimei ra-dama.<<strong>br</strong> />
Nem assim o governo de FHC, adep-<<strong>br</strong> />
to fervoroso da globalização econômica,<<strong>br</strong> />
que catalisa desemprego e uma torrente<<strong>br</strong> />
de conseqüência nocivas já conhecidas,<<strong>br</strong> />
sinalizando, portanto, perspectivas caó-<<strong>br</strong> />
ticas e aviltantes, deixa o autoritário ti-<<strong>br</strong> />
tular do Planalto de insistir, com obses-<<strong>br</strong> />
são, no velhaco estereótipo segundo o<<strong>br</strong> />
qual, na sua gestão, teria ocorrido<<strong>br</strong> />
sigficativo aumento na distribuição de<<strong>br</strong> />
renda, ainda que em flagrante contradi-<<strong>br</strong> />
ção com a realidade, que reflete um trau-<<strong>br</strong> />
mático e explosivo aumento dos índices<<strong>br</strong> />
de desempregados e subempregados, fato<<strong>br</strong> />
irrefutável que as elites empresariais e a<<strong>br</strong> />
imprensa conservadora sequer imitam.<<strong>br</strong> />
Desenvolver no campo o seu potenci-<<strong>br</strong> />
al econômico, com prioridade social, e<<strong>br</strong> />
conseqüente geração de empregos, pres-<<strong>br</strong> />
supõe a deflagração de um processo de<<strong>br</strong> />
reforma agrária pleno, detenninado e sem<<strong>br</strong> />
engodo. Mas, em face da presença de in-<<strong>br</strong> />
teresses vitais das classes ultraconserva-<<strong>br</strong> />
doras, que constituem o cerne do gover-<<strong>br</strong> />
no, somos compelidos a encarar com re-<<strong>br</strong> />
servas a sua anunciada disposição de re-<<strong>br</strong> />
formar sem sofísmas, a estrutura fundiána<<strong>br</strong> />
do país, que pode, assim redundar num<<strong>br</strong> />
rotundo malogro, ou confinar-se a um<<strong>br</strong> />
mero e vazio discurso, convertendo-se,<<strong>br</strong> />
possivelmente em paliativo, ou em pro-<<strong>br</strong> />
jeto com resultado pífio ou "fajutinho".<<strong>br</strong> />
Não nos parece, também, ocioso lem-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ar que a neo-UDN, em síntese do<<strong>br</strong> />
PSDB, PFL, PPB, PMDB, PTB E PL,<<strong>br</strong> />
redutos de latifundiários emperdinados<<strong>br</strong> />
que estão atentos e vigilantes na condu-<<strong>br</strong> />
ção do processo que, na sua visão, não<<strong>br</strong> />
pode assumir a audácia de bulir nos seus<<strong>br</strong> />
bens rurais improdutivos, uma<<strong>br</strong> />
excrecência há muito sem sintonia com<<strong>br</strong> />
a realidade contemporânea e muito me-<<strong>br</strong> />
nos com a perspectivas de novo milênio<<strong>br</strong> />
queasavÉiiha. O<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 10 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
Radioativo - Maio/96 - N 0 4<<strong>br</strong> />
No Pará 19 trabalhadores sem terra<<strong>br</strong> />
são assassinados pela Policia Militar.<<strong>br</strong> />
Os profissionais que estavam fazendo<<strong>br</strong> />
a cobertura do massacre foram presos,<<strong>br</strong> />
ameaçados de morte e tiveram seus<<strong>br</strong> />
equipamentos apreendidos. Mas não<<strong>br</strong> />
conseguiram calar as imagens que en-<<strong>br</strong> />
vergonharam o Brasil.<<strong>br</strong> />
"Somos Todos Trabalhadores", foi o<<strong>br</strong> />
último grito dos "Sem-Terra" antes do<<strong>br</strong> />
massacre de Eldorado, Carajás-PA. Nas<<strong>br</strong> />
contas oficiais, foram 19 mortos, nas<<strong>br</strong> />
contas do MST, entre mortos e desapa-<<strong>br</strong> />
recidos o número chega a 60. Porque<<strong>br</strong> />
chegou-se a esse limite?<<strong>br</strong> />
Chacinas como a da Candelária,<<strong>br</strong> />
Corumbiara, Carandirú e o próprio<<strong>br</strong> />
Eldorado, são conseqüências de uma po-<<strong>br</strong> />
lítica, que visa única e exclusivamente,<<strong>br</strong> />
atender às necessidades das grandes cor-<<strong>br</strong> />
porações internacionais.<<strong>br</strong> />
E impossível, para o governo FHC,<<strong>br</strong> />
agradar a seus patrões internacionais e<<strong>br</strong> />
ter o seu governo melhorando as condi-<<strong>br</strong> />
ções de saúde, educação e trabalho. Fa-<<strong>br</strong> />
zer a Reforma Agrária então é o mesmo<<strong>br</strong> />
Sem Fronteiras - Junho/96 - N 0 241<<strong>br</strong> />
<strong>Governo</strong> <strong>investe</strong> em chacinas<<strong>br</strong> />
que matar a mãe (o que para alguns de-<<strong>br</strong> />
les não seria problema).<<strong>br</strong> />
Foram várias as Leis, aprovadas no<<strong>br</strong> />
Planalto, mas nenhuma posta em prática.<<strong>br</strong> />
Infelizmente para o Sem-Terra, a exem-<<strong>br</strong> />
plo dos Petroleiros, só restou uma saída,<<strong>br</strong> />
"tudo ou nada". Todos são chefes de fa-<<strong>br</strong> />
mília, mas acima de tudo trabalhadores<<strong>br</strong> />
lutando conscientes e <strong>org</strong>ulhosos de per-<<strong>br</strong> />
tencerem a uma classe que luta por um<<strong>br</strong> />
Brasil melhor para seus filhos e netos.<<strong>br</strong> />
Após anos, taitando de maneira pacífi-<<strong>br</strong> />
ca, o reconhecimento da necessidade da<<strong>br</strong> />
distribuição de terras devolutas e improdu-<<strong>br</strong> />
tivas, para a pequena produção. Várias fo-<<strong>br</strong> />
ram as negociações, por parte do governo,<<strong>br</strong> />
e sempre mentirosas. O limite chegou. E a<<strong>br</strong> />
única maneira de tomar pública a questão<<strong>br</strong> />
agrária no Brasil, foi a de sair do discurso<<strong>br</strong> />
para a prática, provando in locu, que os<<strong>br</strong> />
projetos dos trabalhadores são viáveis, po-<<strong>br</strong> />
dendo inclusive reverter o fluxo migrató-<<strong>br</strong> />
rio do campo para a cidade, minimizando<<strong>br</strong> />
assim, alguns dos problemas ditos "urba-<<strong>br</strong> />
nos", além de uma melhor distnbuição e<<strong>br</strong> />
produção de alimentos entre outros.<<strong>br</strong> />
Como o governo FHC, estas são<<strong>br</strong> />
questões pequenas, também é a sua<<strong>br</strong> />
visão social.<<strong>br</strong> />
Trabalhadores estão morrendo por<<strong>br</strong> />
acreditarem em um futuro melhor. Quem<<strong>br</strong> />
os mata é o governo para supnr as ne-<<strong>br</strong> />
cessidades IMEDIATAS de alguns em-<<strong>br</strong> />
presários inescrupulosos, que em conjun-<<strong>br</strong> />
to matam as crianças na Candelária e os<<strong>br</strong> />
Sem-Terra pelo Brasil. Lideranças sin-<<strong>br</strong> />
dicais airais, como Chico Mendes, são<<strong>br</strong> />
assassinadas em nome da modemidade e<<strong>br</strong> />
crescimento do país.<<strong>br</strong> />
Até quando, nós trabalhadores em Em-<<strong>br</strong> />
presa de Comunicação, iranos pennitir que<<strong>br</strong> />
essas discussões não cheguem ao público.<<strong>br</strong> />
Os meios de comunicação, se não todos, a<<strong>br</strong> />
grande maioria, estão comprometidos com<<strong>br</strong> />
a "ordem vigente". Nós, que somos traba-<<strong>br</strong> />
lhadores do meio de Comunicação, sabe-<<strong>br</strong> />
mos bem dessa tnste verdade. Somos nós<<strong>br</strong> />
que filmamos, editamos, as matérias que<<strong>br</strong> />
eles adulteram ou permitem que sejam<<strong>br</strong> />
transmitidas para o "povão".<<strong>br</strong> />
Até quando será preciso morrer traba-<<strong>br</strong> />
lhador para temios um país melhor? O<<strong>br</strong> />
Massacre de Sem-Terra<<strong>br</strong> />
O Posicionamento oficial da igreja católica no Brasil so<strong>br</strong>e o massacre de sem-<<strong>br</strong> />
terra em Eldorado dos Carajás, Estado do Pará, ocorrido no dia 17 de a<strong>br</strong>il.<<strong>br</strong> />
Dos bispos do Brasil<<strong>br</strong> />
A nação não tolera mais o<<strong>br</strong> />
adiamento da reforma agrária.<<strong>br</strong> />
"Este fato nos leva a repudiar nova-<<strong>br</strong> />
mente a violência e a arbitrariedade, ain-<<strong>br</strong> />
da mais quando vinda da parte daqueles<<strong>br</strong> />
que têm por o<strong>br</strong>igação proteger a vida e<<strong>br</strong> />
preservar a ordem social.<<strong>br</strong> />
Urgimos a imediata apuração dos fa-<<strong>br</strong> />
tos e a ngososa responsabilização dos<<strong>br</strong> />
culpados, para que a impunidade não<<strong>br</strong> />
continue provocando vítimas inocentes...<<strong>br</strong> />
Proclamamos mais uma vez nossa<<strong>br</strong> />
convicção de que a solução desses con-<<strong>br</strong> />
flitos só será encontrada por uma imedi-<<strong>br</strong> />
ata e eficaz reforma agrária, acompanha-<<strong>br</strong> />
da de adequada política agrícola, cujo adi-<<strong>br</strong> />
amento a nação não mais tolera".<<strong>br</strong> />
Da Comissão Pastoral da Terra<<strong>br</strong> />
<strong>Governo</strong>s estadual e federal<<strong>br</strong> />
são responsáveis.<<strong>br</strong> />
"A Comissão Pastoral da Terra (CPT)<<strong>br</strong> />
repudia e condaia mais esse massacre pra-<<strong>br</strong> />
ticado contra os trabalhadores rurais sem<<strong>br</strong> />
terra e responsabiliza diretamente o go-<<strong>br</strong> />
vernador Almir Ga<strong>br</strong>iel e o comando da<<strong>br</strong> />
Polícia Mlitar pelos crimes cometidos em<<strong>br</strong> />
Eldorado dos Carajás. Anteriomiaite, o<<strong>br</strong> />
governo do Pará já havia admitido não ter<<strong>br</strong> />
controle so<strong>br</strong>e a Polícia Militar, que na-<<strong>br</strong> />
quele Estado se constitui em um poder<<strong>br</strong> />
paralelo em concluio com os fazaideiros.<<strong>br</strong> />
A CPT entaide que o govemo federal<<strong>br</strong> />
também é responsável pelo massacre,<<strong>br</strong> />
porque criou expectativas não realizadas<<strong>br</strong> />
em relação à reforma agrária: reduziu<<strong>br</strong> />
drasticamente os recursos destinados ao<<strong>br</strong> />
assentamento dos sem-terra, mantém no<<strong>br</strong> />
ministério da Agricultura José Eduardo<<strong>br</strong> />
Vieira, que é radicalmente contra a re-<<strong>br</strong> />
forma agrária, e sucateou o Incra".<<strong>br</strong> />
Do bispo Luiz Demétrio<<strong>br</strong> />
Valentini<<strong>br</strong> />
Superar resistências contra<<strong>br</strong> />
a reforma agrária.<<strong>br</strong> />
"Por respeito aos mortos do Eldorado<<strong>br</strong> />
dos Carajás, vamos superar as resistên-<<strong>br</strong> />
cias contra a reforma agrária! Que se faça<<strong>br</strong> />
logo o assentamento de todos os acam-<<strong>br</strong> />
pados. Que se deixe de lado a violência.<<strong>br</strong> />
Que, neste país de tanta miséria, se en-<<strong>br</strong> />
vergonhem os que gozam de privilégios<<strong>br</strong> />
escandalosos. Que termine a impunida-<<strong>br</strong> />
de, que incentiva novos crimes.<<strong>br</strong> />
E que todos colaboremos para a cons-<<strong>br</strong> />
tmção de um Brasil justo e fraterno. Para<<strong>br</strong> />
que, de fato, a Justiça e a Paz se a<strong>br</strong>a-<<strong>br</strong> />
cem verdadeiramente". □<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 11 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - de 31/05 a 11/06/96 - N 0 1<<strong>br</strong> />
"PMfaz serviço depistolagem no Pará"<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista entrevistou José<<strong>br</strong> />
Galvão, líder de trabalhadores rurais,<<strong>br</strong> />
mem<strong>br</strong>o da direção nacional do PSTU e<<strong>br</strong> />
da CUT/Pará. Ele nos falou dos confli-<<strong>br</strong> />
tos pela terra no Pará, da <strong>br</strong>utalidade<<strong>br</strong> />
dos latifundiários, dos governos estadu-<<strong>br</strong> />
ais e da resistência dos trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - Passados quase<<strong>br</strong> />
dois meses, o que se pode dizer so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
massacre de Eldorado dos Carajás?<<strong>br</strong> />
Galvão - Primeiro, o massacre de<<strong>br</strong> />
Eldorado do Carajás não pode ser visto<<strong>br</strong> />
como um caso isolado. Em Paraopebas,<<strong>br</strong> />
no sul do Pará, há mais de dois anos um<<strong>br</strong> />
fazendeiro mandou matar os posseiros e<<strong>br</strong> />
os assassinos tomaram o sangue dos<<strong>br</strong> />
mortos. Na fazenda Jandaia, no munici-<<strong>br</strong> />
pio de Curionópolis, s fazendeiros mata-<<strong>br</strong> />
ram os trabalhadores e deram para os<<strong>br</strong> />
animais comerem. Há aproximadamente<<strong>br</strong> />
três anos, entre os municipios de Eldorado<<strong>br</strong> />
e Curionópolis, encontraram quatro sa-<<strong>br</strong> />
cos com corpos debaixo de uma ponte,<<strong>br</strong> />
estavam totalmente irreconheciveis. Du-<<strong>br</strong> />
rante o governo Hélio Gueiros, os garim-<<strong>br</strong> />
peiros que ocupavam uma ponte foram<<strong>br</strong> />
mortos lá mesmo.<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - E fora do Pará?<<strong>br</strong> />
Galvão - Brasil afora tem muito mais.<<strong>br</strong> />
Corumbiara, em Rondônia, é um exem-<<strong>br</strong> />
plo disto Além disso, temos as mortes<<strong>br</strong> />
de trabalhadores anônimos que não to-<<strong>br</strong> />
mamos conhecimento e, também, dos di-<<strong>br</strong> />
rigentes sindicais como os Canutos, João<<strong>br</strong> />
Batista, Paulo Ponteies, Arnaldo e Chico<<strong>br</strong> />
da Curva, ambos de Eldorado, com cer-<<strong>br</strong> />
teza podemos afirmar que o enfrentamen-<<strong>br</strong> />
to em Eldorado, assim como não foi o<<strong>br</strong> />
primeiro, não será o ultimo.<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - Normalmente,<<strong>br</strong> />
qual é a áíítude dos governos<<strong>br</strong> />
paranaenses?<<strong>br</strong> />
Galvão - São coniventes, quando não<<strong>br</strong> />
são um dos principais mandantes como<<strong>br</strong> />
foi agora no caso de Eldorado dos<<strong>br</strong> />
Carajás. O papel dos governos tem sido<<strong>br</strong> />
de proteger, favorecer e defender a pro-<<strong>br</strong> />
priedade privada e suas políticas, inclu-<<strong>br</strong> />
sive as crediticias.<<strong>br</strong> />
Não é por acaso que a Policia Militar<<strong>br</strong> />
sempre se confundiu com a pistolagem<<strong>br</strong> />
do Pará. Hoje assume o seu serviço, ou<<strong>br</strong> />
seja, o papel direto do extermínio da<<strong>br</strong> />
massa camponesa. Isso se dá por sua pró-<<strong>br</strong> />
pria condição social despreparada, mal<<strong>br</strong> />
remunerada e incitada a agir com violên-<<strong>br</strong> />
cia contra os trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - De que formas<<strong>br</strong> />
os trabalhadores se defendem no Para?<<strong>br</strong> />
Galvão - Através dos grupos de pro-<<strong>br</strong> />
dução do campo que, na ampla maioria,<<strong>br</strong> />
se <strong>org</strong>anizam dentro dos sindicato de tra-<<strong>br</strong> />
balhadores rurais. Por outro lado, uma<<strong>br</strong> />
boa parcela do movimento, ao não ver<<strong>br</strong> />
alternativa nesses sindicatos que assu-<<strong>br</strong> />
mem uma postura policlassista, procu-<<strong>br</strong> />
ram se <strong>org</strong>anizar autonomamente via as-<<strong>br</strong> />
salariados, povos da floresta, os atingi-<<strong>br</strong> />
dos pelos projetos como os da barragem<<strong>br</strong> />
de Tucurui.<<strong>br</strong> />
E o caso também do MST, que é um<<strong>br</strong> />
movimento que ressurgiu na última dé-<<strong>br</strong> />
cada. Já tinha existido há algumas déca-<<strong>br</strong> />
das, mas com características diferentes<<strong>br</strong> />
do atual. Ele surge como alternativa aos<<strong>br</strong> />
atuais sindicatos rurais que não dão res-<<strong>br</strong> />
postas à luta pela terra.<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - Como tem atua-<<strong>br</strong> />
VIDEO A VENDA NO CPV<<strong>br</strong> />
"Cidadania: um voto pela esperança"<<strong>br</strong> />
do a Federação dos Trabalhadores na<<strong>br</strong> />
Agricultura?<<strong>br</strong> />
Galvão - A Fetagri foi uma conquis-<<strong>br</strong> />
ta, mas que, não trabalhando efetivamente<<strong>br</strong> />
a luta, não conseguiu se afirmar como<<strong>br</strong> />
grande instrumento neste sentido. Os gri-<<strong>br</strong> />
tos da terra, da Amazônia, foram uma<<strong>br</strong> />
grande conquista do movimento, não só<<strong>br</strong> />
dela, mas que a fortaleceram. A partir de<<strong>br</strong> />
93, a Fetagri começa a se adaptar à or-<<strong>br</strong> />
dem estabelecida através das questões<<strong>br</strong> />
crediticias, o que levou ao seu total rom-<<strong>br</strong> />
pimento com a política de enfrentamento<<strong>br</strong> />
inclusive da CUT.<<strong>br</strong> />
Opinião Socialista - Após Eldorado<<strong>br</strong> />
dos Carajás, o que poderá acontecer 9<<strong>br</strong> />
Galvão - Vão continuar ocorrendo<<strong>br</strong> />
confrontos e de forma mais dura. Pela pró-<<strong>br</strong> />
pna situação da classe trabalhadora, as<<strong>br</strong> />
novas tecnologias e a maquinaria, o que<<strong>br</strong> />
leva ao desemprego da cidade e faz com<<strong>br</strong> />
que os trabalhadores corram para o cam-<<strong>br</strong> />
po e lutem pela terra. Na luta contra as<<strong>br</strong> />
agroindústrias, muitas vezes os trabalha-<<strong>br</strong> />
dores têm que assumi-las quando estas<<strong>br</strong> />
que<strong>br</strong>am. Um exemplo disto foi a greve<<strong>br</strong> />
quetenrunamos de realizar durante 30 dias<<strong>br</strong> />
na fazenda e fábnca da Paracrévea Bor-<<strong>br</strong> />
racha, ligada à Goodyear, contra os cor-<<strong>br</strong> />
tes salariais e as demissões. Hoje a em-<<strong>br</strong> />
presa propõe entregar a fazenda ao lucra.<<strong>br</strong> />
A <strong>br</strong>iga pelo crédito também<<strong>br</strong> />
aprofunda os conflitos O governo dá di-<<strong>br</strong> />
nheiro aos banqueiros corruptos, libera<<strong>br</strong> />
a divida dos grandes propnetanos e aper-<<strong>br</strong> />
ta o pequeno produtor. Não se tem políti-<<strong>br</strong> />
ca de auxilio aos pequenos produtores, o<<strong>br</strong> />
que nos leva à miséria, intensificando os<<strong>br</strong> />
enfrentamentos. H<<strong>br</strong> />
Numa cidade do interior o povo se reúne para um comício. Um político tenta fazer o povo de palhaço com<<strong>br</strong> />
o seu interminável blá-blá-blá. Mas aí aparece um palhaço de verdade e dá uma lição de cidadania, mostrando<<strong>br</strong> />
que a verdadeira política se constrói com a participação de todos.<<strong>br</strong> />
Direção: 3. C. Sibila Barbosa<<strong>br</strong> />
Produção: Verbo Filmes - 1995<<strong>br</strong> />
Duração: 21 minutos<<strong>br</strong> />
Preço: 30,00<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 <strong>12</strong> Trabalhadores<<strong>br</strong> />
Documento/SP - Junho/96<<strong>br</strong> />
"A Reforma Agrária Ontem e Hoje "<<strong>br</strong> />
"Existem cada vez menos razões téc-<<strong>br</strong> />
nicas que possam impedir que os po<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
do campo tenham no aumento de suas<<strong>br</strong> />
capacidades produtivas o elemento cha-<<strong>br</strong> />
ve de sua emancipação social. " R.<<strong>br</strong> />
A<strong>br</strong>amovay e I. Sachs - FSP 19/05/96.<<strong>br</strong> />
O MST tem o mérito de haver<<strong>br</strong> />
recolocado o tema em debate nos últimos<<strong>br</strong> />
anos. E o sangue dos massacrados de<<strong>br</strong> />
Corumbiara e Carajás tomaram-no man-<<strong>br</strong> />
chete o<strong>br</strong>igatória da grande imprensa de<<strong>br</strong> />
alguns meses para cá.<<strong>br</strong> />
Impressionante, que a luta pela terra, di-<<strong>br</strong> />
ferentemente das demandas sociais urbanas,<<strong>br</strong> />
sanpre soa tingida pelo sangue dos campo-<<strong>br</strong> />
neses. Porque? De um lado, paiso eu, pda<<strong>br</strong> />
violência decorrente do predomínio do "ima-<<strong>br</strong> />
ginário do coronel", para usar uma expres-<<strong>br</strong> />
são do meu amigo e prof. João Gualberto,<<strong>br</strong> />
em seu livro "A Invenção do Coronel". De<<strong>br</strong> />
outro, a singularidade do dirato de proprie-<<strong>br</strong> />
dade so<strong>br</strong>e a terra faz com que essa questão<<strong>br</strong> />
seja tratada muito mais no terraio emocio-<<strong>br</strong> />
nal que no racional. Querelas de limites,<<strong>br</strong> />
mesmo entre pequaios propnetános, costu-<<strong>br</strong> />
mam trazer o nsco da morte.<<strong>br</strong> />
Com certa facilidade, conseguimos<<strong>br</strong> />
aceitar a idéia do direito de propriedade<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e uma casa, uma roupa ou um auto-<<strong>br</strong> />
móvel, por exemplo. Eles são produzi-<<strong>br</strong> />
dos e comprados pelos homens. Mas a<<strong>br</strong> />
terra não. Por volta do "big-bang" ou da<<strong>br</strong> />
criação do paraiso por Jeová, não havia<<strong>br</strong> />
nem homens nem cartórios. Nenhum de<<strong>br</strong> />
nós - proprietários de latifúndio, de um<<strong>br</strong> />
simples lote, ou que repousa nos "sete<<strong>br</strong> />
palmos" - nem de nossos antepassados,<<strong>br</strong> />
estava no Brasil antes de 1500...<<strong>br</strong> />
De onde veio então o direito de pro-<<strong>br</strong> />
pnedade so<strong>br</strong>e toda essa extensão do ter-<<strong>br</strong> />
ritório <strong>br</strong>asileiro? Na verdade, a proprie-<<strong>br</strong> />
dade so<strong>br</strong>e a ferra decorreu da prévia<<strong>br</strong> />
ocupação - seja ela pacifica ou violenta -<<strong>br</strong> />
das áreas disponiveis. Depois, foram fei-<<strong>br</strong> />
tas as leis, os cartórios e os jagunços...<<strong>br</strong> />
Vejam só, no Brasil, felizmente, as prai-<<strong>br</strong> />
as ainda são públicas. Mas alguns mais<<strong>br</strong> />
espertos começam cercá-las. Os prefei-<<strong>br</strong> />
tos do litoral, a pretexto de mantê-las lim-<<strong>br</strong> />
pas, ao invés de colocar tambores de lixo<<strong>br</strong> />
e distribuir sacos plásticos, procuram<<strong>br</strong> />
barrar o acesso do povão.<<strong>br</strong> />
Penso que, o direito de propriedade<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e a terra seja idêntico a um suposto<<strong>br</strong> />
José Aususío Azevedo<<strong>br</strong> />
direito de propriedade privada so<strong>br</strong>e o ar<<strong>br</strong> />
que respiramos ou so<strong>br</strong>e os oceanos, que<<strong>br</strong> />
existem, apaias em função das dificulda-<<strong>br</strong> />
des de concretizar a posse. Não fosse isso...<<strong>br</strong> />
Exatamente pelo fato de não "produ-<<strong>br</strong> />
zirmos" terra, da finitude incontomável<<strong>br</strong> />
de sua área, a simples existência da pro-<<strong>br</strong> />
priedade fundiária e, principalmente sua<<strong>br</strong> />
forma concentrada, provoca estrangula-<<strong>br</strong> />
mentos econômicos, sociais e políticos.<<strong>br</strong> />
Em nosso Pais a luta pela terra é muito<<strong>br</strong> />
antiga e violenta. Nas décadas de 50 e 60<<strong>br</strong> />
queríamos a reforma agrária para:<<strong>br</strong> />
1 - Eliminar os latifundiários en-<<strong>br</strong> />
quanto classe social<<strong>br</strong> />
Os latifundiários formam, aqui ou<<strong>br</strong> />
alhurem, a classe mais conservadora e<<strong>br</strong> />
reacionária da sociedade. Como regra,<<strong>br</strong> />
utilizam a propriedade rural para reser-<<strong>br</strong> />
va de valor. As chamadas sesmanas são<<strong>br</strong> />
formadas, ao longo do tempo, muitas<<strong>br</strong> />
vezes pela violência, pela expulsão ou<<strong>br</strong> />
eliminação física de posseiros e peque-<<strong>br</strong> />
nos proprietários. Quando produzem,<<strong>br</strong> />
quase sempre o fazem de forma predató-<<strong>br</strong> />
na e extensiva. Formam um sólido obs-<<strong>br</strong> />
táculo ao aumento da produção agrícola,<<strong>br</strong> />
especialmaite aquela voltada para o abas-<<strong>br</strong> />
tecimento do mercado interno. Parasitas<<strong>br</strong> />
da terra, são parasitas também da eco-<<strong>br</strong> />
nomia. A posse de vastas extensões lhes<<strong>br</strong> />
confere forte poder político, o que possi-<<strong>br</strong> />
bilita, entre outras coisas, tomam emprés-<<strong>br</strong> />
timos nos bancos oficiais a juros<<strong>br</strong> />
baixíssimos, e em alguns casos até ojuro<<strong>br</strong> />
zero, para realizar determinadas o<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />
que não fazem. Em seguida, aplicam o<<strong>br</strong> />
dinheiro em apartamentos no Leblon ou<<strong>br</strong> />
Guarujá e, ainda por cima, caloteiam o<<strong>br</strong> />
Banco do Brasil. A "barganha" recente<<strong>br</strong> />
de Fernando Hennque com os "analista",<<strong>br</strong> />
pela qual aquele Banco está impedido de<<strong>br</strong> />
co<strong>br</strong>ar os 5% de grandes proprietários<<strong>br</strong> />
caloteiros devedores de 3,3 bilhões de<<strong>br</strong> />
reais não é coisa nova. Desde 1940 escu-<<strong>br</strong> />
to clamores por "anistia para os<<strong>br</strong> />
pecuaristas". Diga-se de passagem que,<<strong>br</strong> />
tais anistias e maracutaias só beneficiam<<strong>br</strong> />
os grandes. Quando aos pequaios, estes<<strong>br</strong> />
já vaideram suas propriedades para pa-<<strong>br</strong> />
gar o Banco...<<strong>br</strong> />
Por outro lado, com a influência po-<<strong>br</strong> />
lítica adquinda nomeiam delegados de<<strong>br</strong> />
polícia e outros funcionários do apare-<<strong>br</strong> />
lho do estado, pressionam com êxito o<<strong>br</strong> />
judiciário na maioria das vezes, o que<<strong>br</strong> />
lhes facilita o exercício da violência<<strong>br</strong> />
(como Carajás acaba de comprovar mais<<strong>br</strong> />
uma vez), e ainda, a impunidade para<<strong>br</strong> />
seus crimes. Elegem parlamentares em<<strong>br</strong> />
todos os níveis, com número suficiente<<strong>br</strong> />
para obstaculizar o avanço do processo<<strong>br</strong> />
democrático e dos direitos sociais, e de-<<strong>br</strong> />
fender exitosamente todo tipo odioso de<<strong>br</strong> />
privilégio.<<strong>br</strong> />
Portanto, o objetivo primeiro da re-<<strong>br</strong> />
forma agrária é eliminar o latifundiário<<strong>br</strong> />
como classe. Imenso benefício para o<<strong>br</strong> />
campo e para a cidade. Penso que, por<<strong>br</strong> />
exemplo, teríamos no Congresso, bem<<strong>br</strong> />
maios dos 300 picaretas que Lula tão mo-<<strong>br</strong> />
destamente quantificou...<<strong>br</strong> />
2 - Outra meta da reforma agrária<<strong>br</strong> />
era introdução do capitalismo no campo<<strong>br</strong> />
Entendido como tal surgimento de<<strong>br</strong> />
empresas airais, o trabalho assalariado,<<strong>br</strong> />
a utilização de máquinas, tratores,<<strong>br</strong> />
colheitadeiras e adubos; tratos culturais<<strong>br</strong> />
batizados pela ciência epela técnica. Ou<<strong>br</strong> />
seja, a ida do capital para o campo, o<<strong>br</strong> />
surgimento da burguesia rural concorre-<<strong>br</strong> />
ria para eliminar as relações da produ-<<strong>br</strong> />
ção atrasadas. A idéia era dar acesso ao<<strong>br</strong> />
crédito fácil e barato para os médios e<<strong>br</strong> />
pequenos proprietários; aos métodos<<strong>br</strong> />
modemos de produção: a uma rede de<<strong>br</strong> />
armazéns e silos e/ou sistema cooperati-<<strong>br</strong> />
vo, e transporte, que reduzisse ao míni-<<strong>br</strong> />
mo as perdas de estocagem e movimen-<<strong>br</strong> />
tação, possibilitando comercializar a sa-<<strong>br</strong> />
fra fora do guante de financiadores e in-<<strong>br</strong> />
termediários. Através desse crédito os<<strong>br</strong> />
médios modemizariam seu modo de pro-<<strong>br</strong> />
dução. Quanto aos pequenos, além do<<strong>br</strong> />
crédito rural haveria o aluguel de<<strong>br</strong> />
implementos agrícolas do estado e aqui-<<strong>br</strong> />
sição de adubos a baixo custo nas anti-<<strong>br</strong> />
gas "Casa do Lavrador", para possibili-<<strong>br</strong> />
tar-lhes o acesso á modernização. A pro-<<strong>br</strong> />
dução de alimentos para o mercado in-<<strong>br</strong> />
terno então - característica da média e<<strong>br</strong> />
pequena propriedade - se elevaria e, o<<strong>br</strong> />
custo de vida ficaria cada vez menor.<<strong>br</strong> />
3 - A Democratização da propri-<<strong>br</strong> />
edade rural, provocaria substanci-<<strong>br</strong> />
al melhoria na distribuição de ren-<<strong>br</strong> />
da e enorme ampliação do merca-<<strong>br</strong> />
do interno.<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRÁTICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 13 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
O parcelamento do latifúndio impro-<<strong>br</strong> />
dutivo em módulos de tamanho condici-<<strong>br</strong> />
onado pela correlação de forças políti-<<strong>br</strong> />
cas, tradição local e fertilidade do solo,<<strong>br</strong> />
provocana o surgimento de uma grande<<strong>br</strong> />
camada de médios e pequenos proprietá-<<strong>br</strong> />
rios com elevado poder aquisitivo que<<strong>br</strong> />
impulsionaria a produção industrial, o<<strong>br</strong> />
comércio e os serviços.<<strong>br</strong> />
Nossos companheiros mais românti-<<strong>br</strong> />
cos sonhavam com a consigna "a terra<<strong>br</strong> />
para quem a trabalha", pura e simples-<<strong>br</strong> />
mente. Os mais objetivos, pensavam tan-<<strong>br</strong> />
to nessa forma de propriedade puramen-<<strong>br</strong> />
te individual, como na propriedade cole-<<strong>br</strong> />
tiva, ambas, amparadas por forte rede de<<strong>br</strong> />
cooperativas de produção rural.<<strong>br</strong> />
Naquela época, 70% da população<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileira habitava o campo. Se pensar-<<strong>br</strong> />
mos que cada um dos milhões de campo-<<strong>br</strong> />
neses passasse a consumir 2 pares de sa-<<strong>br</strong> />
patos por ano, ao invés de 1 a cada 2<<strong>br</strong> />
anos, dá para imaginarmos a revolução<<strong>br</strong> />
que ocorrena na indústria de calçados.<<strong>br</strong> />
O mesmo valeria para a indústria têxtil,<<strong>br</strong> />
detratores, etc. <strong>Milhões</strong> de novos postos<<strong>br</strong> />
de trabalho senam abertos na cidade! Os<<strong>br</strong> />
salários subinam.<<strong>br</strong> />
Conseqüência: mais educação, mais<<strong>br</strong> />
saúde, menos prostituição, menos fome,<<strong>br</strong> />
menos miséria... Naquela época, violência<<strong>br</strong> />
urbana, drogas e presidiários estavam lon-<<strong>br</strong> />
ge de se constituir uma forte preocupação.<<strong>br</strong> />
Porém, sonhos e lutas a parte, des-<<strong>br</strong> />
de 1964 os militares buscaram levar o<<strong>br</strong> />
capitalismo ao campo. Mas descartaram<<strong>br</strong> />
a democratização da propriedade e opta-<<strong>br</strong> />
ram pela "via prussiana". Ou seja, pro-<<strong>br</strong> />
moveram a modernização da agro-pecu-<<strong>br</strong> />
ária através de créditos e facilidades para<<strong>br</strong> />
a grande empresa capitalista - com capi-<<strong>br</strong> />
tais de origem urbana ou mesmo rural -<<strong>br</strong> />
explorar extensas glebas, voltada,<<strong>br</strong> />
pnoritanamente, para exportação.<<strong>br</strong> />
Pan passou à modernização da pro-<<strong>br</strong> />
dução agropecuária, e por conseqüência<<strong>br</strong> />
dela, os parceiros, arrendatários,<<strong>br</strong> />
meieiros, e pequenos proprietários que<<strong>br</strong> />
ficaram à margem dos novos métodos,<<strong>br</strong> />
foram sendo expulsos para as periferias<<strong>br</strong> />
das grandes cidades, ou transformados<<strong>br</strong> />
em "boias-fnas". Sem democratizar a<<strong>br</strong> />
propriedade fundiária não houve lugar<<strong>br</strong> />
para eles. Assim como, não restou pos-<<strong>br</strong> />
sibilidades para permanência no campo,<<strong>br</strong> />
dos filhos dos médios e pequenos propri-<<strong>br</strong> />
etários, e dos minifundiários, que iam<<strong>br</strong> />
nascendo.<<strong>br</strong> />
Não se pode negar o considerável au-<<strong>br</strong> />
mento de produtividade ocorrido nos úl-<<strong>br</strong> />
timos 30 anos, que alcançou até certa<<strong>br</strong> />
parcela de médios e pequenos proprietá-<<strong>br</strong> />
rios rurais sob forma de migalhas do ban-<<strong>br</strong> />
quete. Todavia, a produção básica de ali-<<strong>br</strong> />
mentos para o mercado interno continuou<<strong>br</strong> />
nas mãos das propriedades médias e pe-<<strong>br</strong> />
quenas. As quais, sem acesso á rede de<<strong>br</strong> />
armazéns e silos e prisioneira de meios<<strong>br</strong> />
para aumentar a oferta e, so<strong>br</strong>etudo, ba-<<strong>br</strong> />
ratear os preços.<<strong>br</strong> />
Essa modernização prussiana não<<strong>br</strong> />
ampliou, significativamente, a pequena<<strong>br</strong> />
burguesia rural, com poder aquisitivo<<strong>br</strong> />
para revolucionar o mercado inteiro. Ao<<strong>br</strong> />
contrário provocou maior concentração<<strong>br</strong> />
de riqueza e propriedade. Nessas condi-<<strong>br</strong> />
ções, o aumento do potencial produtivo<<strong>br</strong> />
rural tomou-se inócuo para elevar a oferta<<strong>br</strong> />
de alimentos, na medida em que, sem<<strong>br</strong> />
melhoria na distribuição de renda a pro-<<strong>br</strong> />
cura cresceu apenas vegetativãmente.<<strong>br</strong> />
Assim, a modernização do campo pro-<<strong>br</strong> />
movida pela ditadura militar, embora te-<<strong>br</strong> />
nha elevado a produtividade, deixou de<<strong>br</strong> />
criar, ou até reduziu em número relativos<<strong>br</strong> />
o mercado consumidor, pelo aviltamento<<strong>br</strong> />
poder de compra dos trabalhadores ru-<<strong>br</strong> />
rais e urbanos.<<strong>br</strong> />
Ora, a partir dos anos 70 dois fenô-<<strong>br</strong> />
menos paralelos começaram a se fazer sen-<<strong>br</strong> />
tir mais fortemente no mundo. De um lado,<<strong>br</strong> />
eliminação progressiva de postos de tra-<<strong>br</strong> />
balho decorrente da revolução microele-<<strong>br</strong> />
trônica. De outro, ascenso do neo-libera-<<strong>br</strong> />
lismo e sua politica voltada resolutamai-<<strong>br</strong> />
te, para a estabilidade e moeda, para a<<strong>br</strong> />
recessão. Isto foi conseqüência do proces-<<strong>br</strong> />
so crescente de autonomia do capital fi-<<strong>br</strong> />
nanceiro especulativo, que a microele-<<strong>br</strong> />
trônica possibilita hoje deslocar-se em<<strong>br</strong> />
questão de segundos do México para<<strong>br</strong> />
Hong-Kong. Desestabilizando economias<<strong>br</strong> />
e totalmente fora do controle dos gover-<<strong>br</strong> />
nos nacionais. A este capital financeiro au-<<strong>br</strong> />
tônomo só interesse os juros, o câmbio<<strong>br</strong> />
e o preço das ações. Emprego, produção e<<strong>br</strong> />
desenvolvimento são metas que não con-<<strong>br</strong> />
sultam de perto seus interesses.<<strong>br</strong> />
E o processo de criação de riquezas,<<strong>br</strong> />
a produção de mercadorias, a causa da<<strong>br</strong> />
existência da mercadoria dinheiro. Mas,<<strong>br</strong> />
depois do fetiche da mercadona, o desen-<<strong>br</strong> />
volvimento do capitalismo produziu o<<strong>br</strong> />
fetiche do dinheiro: essa riqueza escriturai<<strong>br</strong> />
autônoma, descolada do processo produ-<<strong>br</strong> />
tivo e hoje, sem qualquer ligação com o<<strong>br</strong> />
padrão ouro. Apenas para ilustrar: aquele<<strong>br</strong> />
arremedo que, aqui no Brasil, convencio-<<strong>br</strong> />
nou-se chamar de "ciranda financeira",..<<strong>br</strong> />
A perversa união do êxodo maciço dos<<strong>br</strong> />
camponeses para a cidade, que aqui che-<<strong>br</strong> />
gavam às favelas, como que para junta-<<strong>br</strong> />
rem-se ao exército industrial de reser-<<strong>br</strong> />
va que, por sua vez, começava ultrapas-<<strong>br</strong> />
sar suas taxas históricas de existência,<<strong>br</strong> />
redundou - como não podena deixar de<<strong>br</strong> />
ser - num processo de violência urbana e<<strong>br</strong> />
miséria jamais conhecido antes em toda<<strong>br</strong> />
a nossa história!<<strong>br</strong> />
Aliás, segundo estatísticas recentes do<<strong>br</strong> />
EBGE, parte considerável dos desempre-<<strong>br</strong> />
gados - vítimas da política recessiva e da<<strong>br</strong> />
tal de "reengenharia"- estana retomando<<strong>br</strong> />
ás suas regiões de ongan e tomando mais<<strong>br</strong> />
dramática e explosiva a situação lá. Isto,<<strong>br</strong> />
também explicaria o incremento das ocu-<<strong>br</strong> />
pações de terras, e conseqüentemente, das<<strong>br</strong> />
chacinas...<<strong>br</strong> />
Hoje os dados demográficos se inver-<<strong>br</strong> />
teram. Mas, apesas de termos 70% da<<strong>br</strong> />
população na cidade, os problemas do<<strong>br</strong> />
campo não só permaneceram como até<<strong>br</strong> />
se agravaram.<<strong>br</strong> />
Segundo a revista "Repórter FecesP",<<strong>br</strong> />
da Federação dos Comerciános deste Es-<<strong>br</strong> />
tado, O Brasil "possue 580 milhões de<<strong>br</strong> />
hectares aproveitáveis... Explora-se so-<<strong>br</strong> />
mente 14% desse potencial agrícola.<<strong>br</strong> />
Aproximadamente 48 % dedica-se à cri-<<strong>br</strong> />
ação de gado. E o que surpreende: resta<<strong>br</strong> />
uma África do sul inteira como terra<<strong>br</strong> />
ociosa! Outro dado alarmante: 1% dos<<strong>br</strong> />
latifundiários detêm metade da terra<<strong>br</strong> />
cultivável do País e menos de 3% per-<<strong>br</strong> />
tence a 3,1 milhões de produtores ru-<<strong>br</strong> />
rais. Há 250 milhões de hectares de ter-<<strong>br</strong> />
ras devolutas" (grifo nosso). E, com tudo<<strong>br</strong> />
isso so<strong>br</strong>ando, 4,8 milhões de famílias<<strong>br</strong> />
sem terras.<<strong>br</strong> />
Daí acreditarmos que tenha aumenta-<<strong>br</strong> />
do, e muito, no seio da sociedade <strong>br</strong>asilá-<<strong>br</strong> />
ra, inclusive entre os políticos dos partidos<<strong>br</strong> />
da ordem (no dizer do velho Florestan) o<<strong>br</strong> />
aitendimento so<strong>br</strong>e a necessidade de uma<<strong>br</strong> />
solução imediata para a questão agrária,<<strong>br</strong> />
particularmente pela força da atividade do<<strong>br</strong> />
MST, da Pastoral da Terra, dos sindicatos<<strong>br</strong> />
de trabalhadores rurais, e dos mortos de<<strong>br</strong> />
Carajás... Todavia não podemos nos ilu-<<strong>br</strong> />
dir. Muita gente defaidendo medidas avan-<<strong>br</strong> />
çadas, como vimos no caso do boicote da<<strong>br</strong> />
bancada govermsta no Senado Federal ao<<strong>br</strong> />
projeto Hélio Bicudo, hipoteticamente de-<<strong>br</strong> />
fendido por Fernando Hainque.<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 14 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
As propostas estão fluindo. Renasceu<<strong>br</strong> />
a velha tese de forçar a redistribuição<<strong>br</strong> />
das terras através de imposto, idéia cara<<strong>br</strong> />
aos editorialista da "Folha de São Pau-<<strong>br</strong> />
lo", na qual segundo seus entusiastas,<<strong>br</strong> />
uma solução maios traumática e eficaz,<<strong>br</strong> />
muito mais, acho eu, por contornar a vi-<<strong>br</strong> />
olência direta contra a sagrado direito à<<strong>br</strong> />
propriedade privada, portanto, a desapro-<<strong>br</strong> />
priação de terras no campo poderia a<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />
um sério precedente...<<strong>br</strong> />
Talvez num país territorialmente pe-<<strong>br</strong> />
queno, ou em outras condições sociais e<<strong>br</strong> />
políticas, o uso do imposto desse resul-<<strong>br</strong> />
tados. No Brasil, a existência do ITR por<<strong>br</strong> />
quase 30 anos provou o contrário.<<strong>br</strong> />
Com as dimensões continentais de<<strong>br</strong> />
nosso País a Receita Federal deveria pos-<<strong>br</strong> />
suir um quadro infinitamente maior de<<strong>br</strong> />
funcionários especializados, para ter con-<<strong>br</strong> />
dições de fiscalizar e co<strong>br</strong>ar com eficiên-<<strong>br</strong> />
cia 3.270.973 propriedades espelhadas<<strong>br</strong> />
em 8 milhões de Km2. Inexistindo tal<<strong>br</strong> />
aparato, a Lei facultou ao próprio lati-<<strong>br</strong> />
fundiário classificar perante o fisco sua<<strong>br</strong> />
terra como produtiva ou não, e em qual<<strong>br</strong> />
proporção... Por outro lado, toma-se in-<<strong>br</strong> />
gênuo acreditar que os diversos chefes<<strong>br</strong> />
da Receita, e particularmente seus supe-<<strong>br</strong> />
riores, sempre tiveram vontade ou con-<<strong>br</strong> />
dições políticas para atuar e autuar: Pois,<<strong>br</strong> />
saído o latifúndio um senhor todo pode-<<strong>br</strong> />
roso na região e fora dela, so<strong>br</strong>am-lhe<<strong>br</strong> />
condições para, num primeiro momento<<strong>br</strong> />
tentar subornar o funcionário público; em<<strong>br</strong> />
seguida, amedrontá-lo e escorraçá-lo; por<<strong>br</strong> />
último, falhando as duas primeiras ten-<<strong>br</strong> />
tativas, simplesmente matá-lo como vi-<<strong>br</strong> />
mos no conhecido "caso da mandioca".<<strong>br</strong> />
Nessas condições não é de surpreen-<<strong>br</strong> />
der que, a sonegação ultrapasse os 70%,<<strong>br</strong> />
sendo que em 1994 o imposto sequer foi<<strong>br</strong> />
co<strong>br</strong>ado. E justo hoje, acabo de ler no<<strong>br</strong> />
jomal que a co<strong>br</strong>ança do ITR deste ano<<strong>br</strong> />
foi suspensa cine die. Sendo que isto nun-<<strong>br</strong> />
ca ocorre com impostos urbanos, temos<<strong>br</strong> />
que éprivilégio demais... Não contentes<<strong>br</strong> />
com tudo isso, so<strong>br</strong>a-lhes ainda meio para<<strong>br</strong> />
fracionar no papel suas propriedades,<<strong>br</strong> />
criando inúmeras escrituras em nome de<<strong>br</strong> />
seus filhos, parentes e vassalos.<<strong>br</strong> />
Mesmo esse ITR simbólico já mostra<<strong>br</strong> />
uma dívida enorme. Um imposto pesado<<strong>br</strong> />
e progressivo, daria uma sonegação n<<strong>br</strong> />
vezes maior. Aí, que Poder Público iria<<strong>br</strong> />
executar as dívidas tributárias dos lati-<<strong>br</strong> />
fundiários? Aquele que, segundo a Mídia,<<strong>br</strong> />
teria seqüestrado Diolinda para trocar por<<strong>br</strong> />
Zé Rainha? Ou aquele que rapidamente<<strong>br</strong> />
con(»teliminares dedespejocontra sem-ter-<<strong>br</strong> />
ras, e por outro lado, não move uma palha<<strong>br</strong> />
para condenar seus assassinos? E isto, ape-<<strong>br</strong> />
sar de toda a grita nacional e internacional.<<strong>br</strong> />
A premência do assunto exige rapi-<<strong>br</strong> />
dez do Poder Público. Através das medi-<<strong>br</strong> />
das legais específicas, e sérias, seria pos-<<strong>br</strong> />
sível urgenciar o processo. Mas, o atual<<strong>br</strong> />
<strong>Governo</strong> com sua composição majorita-<<strong>br</strong> />
riamente conservadora, e esse Congres-<<strong>br</strong> />
so refém dos latifundiários, espontanea-<<strong>br</strong> />
mente não farão a reforma agrária. De<<strong>br</strong> />
um lado, será preciso que o Movimen-<<strong>br</strong> />
to Sindical Urbano entenda que, hoje,<<strong>br</strong> />
o principal passo para a redução do<<strong>br</strong> />
desemprego é a reforma agrária. Isto<<strong>br</strong> />
significa, colocar a questão na ordem do<<strong>br</strong> />
dia, mobilizando, <strong>org</strong>anizando e<<strong>br</strong> />
conscientizando os trabalhadores em cada<<strong>br</strong> />
fá<strong>br</strong>ica, bairro por bairro, em cada cida-<<strong>br</strong> />
de e estado para - nas ruas - pressionar o<<strong>br</strong> />
<strong>Governo</strong> e o Congresso pela reforma<<strong>br</strong> />
agrária já. A vida está cansada de nos<<strong>br</strong> />
mostrar que, sem as massas na rua, os<<strong>br</strong> />
problemas do povo nunca foram resolvi-<<strong>br</strong> />
dos, e Collor jamais seria cassado.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, precisamos repensar<<strong>br</strong> />
o futuro da moradia do mundo. O<<strong>br</strong> />
"Habitat 11" em Istambul, indica que nes-<<strong>br</strong> />
sa matéria, a perspectiva única seriam as<<strong>br</strong> />
cidades. Não se trata de subestimar os<<strong>br</strong> />
graves problemas delas. Mas, passarmos<<strong>br</strong> />
a ter em conta que o retomo à vida no<<strong>br</strong> />
campo, por grandes parcelas da popula-<<strong>br</strong> />
ção, é uma das soluções mais importan-<<strong>br</strong> />
te, para alcançarmos condições mais sau-<<strong>br</strong> />
dáveis e confortáveis de existência.<<strong>br</strong> />
Não é preciso ser muito inteligoite para<<strong>br</strong> />
perceber que a concentração populacional<<strong>br</strong> />
vai tomando inviável a vida urbana. Gran-<<strong>br</strong> />
des concentrações - por parodoxal que seja<<strong>br</strong> />
- promove, junto com os efeitos da Mdia<<strong>br</strong> />
(lem<strong>br</strong>emo-nos da "Aldeia Global"), e da<<strong>br</strong> />
microeletrônica, progressivo isolamento<<strong>br</strong> />
do ser humano. Daí, a falta, cada vez<<strong>br</strong> />
maior, de participação política e social, e<<strong>br</strong> />
a extinção da vida comunitária; o ser hu-<<strong>br</strong> />
mano toma-se, progressivamente, um<<strong>br</strong> />
mero expectador dos acontecimento, pela<<strong>br</strong> />
tela de sua TV ou de seu Mero. Como<<strong>br</strong> />
conseqüência, temos a falta de compro-<<strong>br</strong> />
misso político, social e humano que traz<<strong>br</strong> />
tolerância como resposta única aos pro-<<strong>br</strong> />
blemas decorrente do convívio social.<<strong>br</strong> />
Digo, aqui, que a violência não tem raízes<<strong>br</strong> />
apenas na miséria.<<strong>br</strong> />
De outro lado, as crianças criadas em<<strong>br</strong> />
apartamento ignoram a natureza e são<<strong>br</strong> />
potencialmente agressivas. O "toque de<<strong>br</strong> />
recolher" imposto pela marginalidade na<<strong>br</strong> />
periferia, dificulta a vida comunitária e<<strong>br</strong> />
provoca igual agressividade em seus<<strong>br</strong> />
moradores.<<strong>br</strong> />
Paralelamente, a concentração urba-<<strong>br</strong> />
na cada vez maior, vai inviabilizando o<<strong>br</strong> />
abastecimento de água, infra-estrutura<<strong>br</strong> />
sanitária, e levando o caos ao trânsito e<<strong>br</strong> />
transporte urbanos O cidadão vê<<strong>br</strong> />
sacrificadas no deslocamento diário mais<<strong>br</strong> />
e mais horas de descanso, de renda que<<strong>br</strong> />
remanejam, constantemente, o local de<<strong>br</strong> />
moradia dos trabalhadores, colocam obs-<<strong>br</strong> />
táculos ao planejamento do transporte<<strong>br</strong> />
urbano. A poluição cresce e, com ela,<<strong>br</strong> />
descresce a saúde e sobem os gastos nes-<<strong>br</strong> />
se setor. Também a limpeza urbana tor-<<strong>br</strong> />
na-se mais cara e deficiente.<<strong>br</strong> />
É possível residir no campo. A refor-<<strong>br</strong> />
ma agrária seria um importante passo<<strong>br</strong> />
para estancar o exôdo rural e a<strong>br</strong>ir con-<<strong>br</strong> />
dições para o retomo ao campo (claro<<strong>br</strong> />
que não nos moldes sonhados por Pol<<strong>br</strong> />
Pot), à vida comunitária, ao contato di-<<strong>br</strong> />
reto com a natureza. Faria um bem imen-<<strong>br</strong> />
so a humanidade so<strong>br</strong>e todos os pontos<<strong>br</strong> />
de vista, tanto para camponeses quanto<<strong>br</strong> />
para os cidadãos urbanos, agora, bem em<<strong>br</strong> />
menor número.<<strong>br</strong> />
A CONTAG fundada por Líndolfo<<strong>br</strong> />
Silva e outros companheiro procurou cum-<<strong>br</strong> />
prir o seu papel mas foi massacrada pelo<<strong>br</strong> />
Golpe Mlitar de 64. O mesmo se deu com<<strong>br</strong> />
a Ligas Camponesas de Pemambuco, de<<strong>br</strong> />
Gregório e Julião; e de Sapê de Paraíba,<<strong>br</strong> />
do José Pedro Teixeira. Mas hoje, passa-<<strong>br</strong> />
da a borrasca, a CONTAG e grande parte<<strong>br</strong> />
dos sindicatos de trabalhadores rurais,<<strong>br</strong> />
voltaram à luta com todo o vigor, não se<<strong>br</strong> />
podendo ignorar, também o extraordiná-<<strong>br</strong> />
rio papel desempenhado pela Pastoral da<<strong>br</strong> />
Terra, especialmente nos marcos do regi-<<strong>br</strong> />
me ditatorial.<<strong>br</strong> />
M as o fenômeno MST, é digno de<<strong>br</strong> />
nota. Outro dia, um amigo perguntou-me<<strong>br</strong> />
que atribuía essa performance. Respon-<<strong>br</strong> />
di que, além do agravamento contínuo das<<strong>br</strong> />
condições de vida nos campos e nas ci-<<strong>br</strong> />
dades, entendia que a origem campone-<<strong>br</strong> />
sa, a firmeza de propósitos e a postura<<strong>br</strong> />
jacobína da maioria de seus dirigentes<<strong>br</strong> />
no campo da honestidade, e na prática de<<strong>br</strong> />
uma conduta espartana, dava-lhe auto-<<strong>br</strong> />
ridade suficiente para conquistar e diri-<<strong>br</strong> />
gir grandes massas camponesas. Impres-<<strong>br</strong> />
siona que, na contramão dos fortes ven-<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 15 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
tos neo liberais que estão soprando no<<strong>br</strong> />
mundo inteiro, vai, diutumamente, pon-<<strong>br</strong> />
do em prática o seu ocupar, resistir e<<strong>br</strong> />
produzir. E, inegavelmente, a grande<<strong>br</strong> />
pressão e exemplo que temos nos últimos<<strong>br</strong> />
anos pela reforma agrária. Primeiro, cri-<<strong>br</strong> />
ando uma situação de fato que o<strong>br</strong>iga o<<strong>br</strong> />
Poder Público a se mexer e a Mídia re-<<strong>br</strong> />
fletir. Depois, desmentindo na prática<<strong>br</strong> />
Jornal do Sem-Terra - Junho/96 - N 0 159<<strong>br</strong> />
aqueles que, fugindo ao problema, falam<<strong>br</strong> />
em escrever que basta dar terra aos cam-<<strong>br</strong> />
poneses: os assentados, <strong>org</strong>anizados tan-<<strong>br</strong> />
to sob forma de propriedade individual<<strong>br</strong> />
como coletiva, respaldados por uma im-<<strong>br</strong> />
portante rede de cooperativas<<strong>br</strong> />
(CONCRAB) produzem não só para o<<strong>br</strong> />
mercado interno como até já exportam;<<strong>br</strong> />
com acesso a cursos de formação técni-<<strong>br</strong> />
ca e associativa promovidos pelo MST<<strong>br</strong> />
só ou através de convênios; com traba-<<strong>br</strong> />
lho de educação infantil premiado pela<<strong>br</strong> />
UN1CEF, atuando em parceria com enti-<<strong>br</strong> />
dades governamentais e ONG'S, etc. Este<<strong>br</strong> />
é o efeito demonstração que vai minando<<strong>br</strong> />
as hostis inigimigas da reforma agrária,<<strong>br</strong> />
e ajudando despertar os "bóias fnas" para<<strong>br</strong> />
a conquista da terra. 1<<strong>br</strong> />
Bancada Ruralista: o latifúndio no Congresso<<strong>br</strong> />
Reflexo do arcaico sistema eleitoral<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileira, a chamada "bancada ruralista"<<strong>br</strong> />
é o maior entrave que a luta pela Reforma<<strong>br</strong> />
Agrária enfrenta no Congresso Nacional.<<strong>br</strong> />
As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oes-<<strong>br</strong> />
te têm uma representação numérica mai-<<strong>br</strong> />
or no Congresso, com muito mais parla-<<strong>br</strong> />
mentares por eleitores que nas regiões su-<<strong>br</strong> />
deste e sul. E lá prevalece há décadas a<<strong>br</strong> />
vontade dos setores mais atrasados do la-<<strong>br</strong> />
tifúndio <strong>br</strong>asileiro, que compõem a maio-<<strong>br</strong> />
ria de suas bancadas. Essa situação refle-<<strong>br</strong> />
te-se em leis que atrasam e dificultam a<<strong>br</strong> />
realização da Reforma Agrária.<<strong>br</strong> />
Segundo um levantamento feito pelo<<strong>br</strong> />
Inesc (Instituto de Estudos Sócio-Econô-<<strong>br</strong> />
micos), em termos regionais, o ruralistas<<strong>br</strong> />
estão numericamente mais presente na<<strong>br</strong> />
Região Nordeste com 35 analistas. As<<strong>br</strong> />
regiões Sudeste e Norte com 3 l e 24. O<<strong>br</strong> />
sul possui 20 e o Centro-Oeste, <strong>12</strong> depu-<<strong>br</strong> />
tados vinculados à Bancada Ruralista.<<strong>br</strong> />
O maior número de deputados<<strong>br</strong> />
ruralistas estão nos estados do Norte e<<strong>br</strong> />
Nordeste. Juntas perfazem um número<<strong>br</strong> />
extremamente sigiificativo: são 5Q depu-<<strong>br</strong> />
tados, representando 51% da Bancada<<strong>br</strong> />
Ruralista.<<strong>br</strong> />
Nominalmaite os ruralistas estão mais<<strong>br</strong> />
presentes na Região Nordeste (35). Em<<strong>br</strong> />
seguida, as regiões Sudeste e Norte con-<<strong>br</strong> />
tribuem com 3 1 e 24 deputados, respec-<<strong>br</strong> />
tivamente. O sul possui 17 e o Centro-<<strong>br</strong> />
Oeste tem <strong>12</strong> ruralistas em suas fileiras.<<strong>br</strong> />
Proporcionalmente é a região Centro-<<strong>br</strong> />
Oeste que possui mais ruralistas em sua<<strong>br</strong> />
bancada. Por terem um peso grande nas<<strong>br</strong> />
bancadas destes estados super-represen-<<strong>br</strong> />
tados, desde que foi implantada a "Nova<<strong>br</strong> />
República" no Brasil, os ruralistas têm<<strong>br</strong> />
conseguido fazer prevalecer seus interes-<<strong>br</strong> />
ses nas leis promulgadas pelo Congresso<<strong>br</strong> />
Nacional.<<strong>br</strong> />
Na época da elaboração da Consti-<<strong>br</strong> />
tuição de 1988, este grupo conseguiu se<<strong>br</strong> />
articularno "Caitrão" e deixar nossa Carta<<strong>br</strong> />
Magna mais atrasada em tennos de Re-<<strong>br</strong> />
forma Agrária do que o Estatuto da Terra<<strong>br</strong> />
do governo Militar. Depois, já no governo<<strong>br</strong> />
Collor, tinha como representante máximo<<strong>br</strong> />
Ronaldo Caiado, presidente da extinta<<strong>br</strong> />
UDR, aitidade responsável pelo recrudes-<<strong>br</strong> />
cimaito cnminoso da violàicia no cam-<<strong>br</strong> />
po, no final da década de 80.<<strong>br</strong> />
Felizmente, as eleições vieram e o voto<<strong>br</strong> />
da população refletiu seu rechaço á pos-<<strong>br</strong> />
tura truculaita de muitos destes fazendei-<<strong>br</strong> />
ros. Mas, como lem<strong>br</strong>a Edelcio de Olivei-<<strong>br</strong> />
ra, assessor do Inesc (Instituto de Estudos<<strong>br</strong> />
Sócio-Econômicos), como Fernando<<strong>br</strong> />
Hairique Cardoso se aliou ao PFL para<<strong>br</strong> />
vaicer as eleições e implantar o projeto<<strong>br</strong> />
neoliberal, "trocou sua vinculação com o<<strong>br</strong> />
movimaito popular para vincular-se com<<strong>br</strong> />
as forças conservadoras", para quem rea-<<strong>br</strong> />
lização da Reforma Agrária é muito desa-<<strong>br</strong> />
gradável. O resultado disso é visivel em<<strong>br</strong> />
todos os jornais. Volta e meia seu governo<<strong>br</strong> />
tem seus projetos de refonna constitucio-<<strong>br</strong> />
nal barrados por este grupo com interes-<<strong>br</strong> />
ses bastante objetivos, que vau acumu-<<strong>br</strong> />
lando vários sucessos nas barganhas em<<strong>br</strong> />
nome de interesses próprios.<<strong>br</strong> />
Oriundos do campo, espalhados por<<strong>br</strong> />
grandes partidos que fazem parte do go-<<strong>br</strong> />
verno, estes parlamentares estão vincu-<<strong>br</strong> />
lados aos temas agrícolas, setor que pas-<<strong>br</strong> />
sa por cnse violenta desde a implanta-<<strong>br</strong> />
ção do Plano Real. Por esta razão, mes-<<strong>br</strong> />
mo tendo elegido como inimigo principal<<strong>br</strong> />
um tema popular como a Reforma Agrá-<<strong>br</strong> />
ria, estes parlamentares conseguem ter<<strong>br</strong> />
bastante força por integrar em suas pro-<<strong>br</strong> />
postas demandas mais gerais da socieda-<<strong>br</strong> />
de. Segundo Edélcío, que elaborou um<<strong>br</strong> />
estudo so<strong>br</strong>e a bancada airahsta, a força<<strong>br</strong> />
desta bancada não vem de seu número<<strong>br</strong> />
propriamente dito e sim da capacidade<<strong>br</strong> />
de articulação de seus líderes com outras<<strong>br</strong> />
forças políticas. Hoje Nelson Marquezelli<<strong>br</strong> />
(PTB-SP), Hugo Bihel (PPB-SC), Val-<<strong>br</strong> />
dir Colato (PMDB-RS) e Abelardo<<strong>br</strong> />
Lupion (PFL-PR) são as principais lide-<<strong>br</strong> />
ranças da bancada Como ele observa,<<strong>br</strong> />
cada um pertence a um partido o que<<strong>br</strong> />
amplia e muito sua capacidade de articu-<<strong>br</strong> />
lação. Segundo Edélcío, outra razão para<<strong>br</strong> />
esta grande capacidade de articulação é<<strong>br</strong> />
o fato de que cada um dos quatro tem um<<strong>br</strong> />
papel diferenciado e complementar neste<<strong>br</strong> />
processo. Marquezelli atua junto á FIESP<<strong>br</strong> />
e aos industriais do Rio e São Paulo. Vale<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>ar que hoje grande parte dos lati-<<strong>br</strong> />
fúndios <strong>br</strong>asileiros estão nas mãos de in-<<strong>br</strong> />
dustriais, banqueiros e multinacionais,<<strong>br</strong> />
portanto o espaço de atuação de<<strong>br</strong> />
Marquezelli é central. Bihel trabalha mais<<strong>br</strong> />
com questões relativas á exportação dos<<strong>br</strong> />
produtos agrícolas. Colato traz o discur-<<strong>br</strong> />
so do pequeno e do médio produtor rural<<strong>br</strong> />
do Sul. E Lupion, que já foi presidente<<strong>br</strong> />
do UDR do Paraná, é o "trator", o que<<strong>br</strong> />
tem o "discurso agressivo" com as decla-<<strong>br</strong> />
rações bombásticas que sempre agradam<<strong>br</strong> />
a imprensa.<<strong>br</strong> />
Até recentemente o governo FHC vi-<<strong>br</strong> />
nha se apresentando constantemente<<strong>br</strong> />
como refém dos ruralistas em troca do<<strong>br</strong> />
apoio às reformas constitucionais do go-<<strong>br</strong> />
verno. Na base deste sistema de "troca-<<strong>br</strong> />
troca", os airalistas já conseguiram acor-<<strong>br</strong> />
dos que lhes permitem dar mais calote<<strong>br</strong> />
no Banco do Brasil (cerca de 4 bilhões<<strong>br</strong> />
só neste ano) e juros bastante favoráveis<<strong>br</strong> />
nos créditos agrícolas. Segundo Rolf<<strong>br</strong> />
Hackbath, assessor do PT no Congres-<<strong>br</strong> />
so, uma das razões para este grupo par-<<strong>br</strong> />
lamaitar ter tanta força perante FHC é o<<strong>br</strong> />
fato de estarem espalhados majontana-<<strong>br</strong> />
mente nos partidos que compõem este<<strong>br</strong> />
governo e conseguirem negociar suas<<strong>br</strong> />
demandas dentro de seus partidos No<<strong>br</strong> />
'A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 16 Trabalhadores<<strong>br</strong> />
entanto, nada que o presidente não pu-<<strong>br</strong> />
desse contornar se quisesse de fato en-<<strong>br</strong> />
caminhar as propostas dos movimentos<<strong>br</strong> />
populares.<<strong>br</strong> />
Bancada Ruralista<<strong>br</strong> />
e seus partidos<<strong>br</strong> />
Segundo o levantamento realizado<<strong>br</strong> />
pelo Inesc, a bancada ruralista é com-<<strong>br</strong> />
posta por 115 deputados. Corresponde a<<strong>br</strong> />
22,42% ou um pouco menos de 1/4 do<<strong>br</strong> />
total dos deputados (513). Este percentual<<strong>br</strong> />
lhe dá a primazia de ser a segunda maior<<strong>br</strong> />
bancada da Câmara.<<strong>br</strong> />
Os partidos que numencamente mais<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>igam os ruralistas são os Blocos Par-<<strong>br</strong> />
lamentares PFL/PTB (44), o PPB/PL<<strong>br</strong> />
(31) e o PMDB/PSD/PMN/PSL/PSC<<strong>br</strong> />
(20). Os maiores percentuais de ruralistas<<strong>br</strong> />
estão nos Blocos Parlamentares PSC-<<strong>br</strong> />
PMN (56,25%) e PFL-PTB (35,48%).<<strong>br</strong> />
Em seguida temos o PSDB (11) e o<<strong>br</strong> />
PSB (7). Para melhor visualização ela-<<strong>br</strong> />
boramos o seguinte quadro:<<strong>br</strong> />
O quadro demonstra que o número<<strong>br</strong> />
maior de ruralistas (75) se a<strong>br</strong>igam nos<<strong>br</strong> />
partidos conservadores (PFL, PTB, PPB,<<strong>br</strong> />
O Trabalho - 09/Junho/96 - N 0 395<<strong>br</strong> />
Quem aponta o dado é o TCU (Tri-<<strong>br</strong> />
bunal de Contas da União): 82% do or-<<strong>br</strong> />
çamaito federal previsto para programas<<strong>br</strong> />
com crianças e adolescentes, no ano de<<strong>br</strong> />
1995 não foi utilizado. Ou seja, as já pre-<<strong>br</strong> />
cárias verbas não foram aplicadas por um<<strong>br</strong> />
governo que, cada vez mais, faz do pro-<<strong>br</strong> />
blema da infância no pais figura retórica<<strong>br</strong> />
para discurso hipócritas.<<strong>br</strong> />
Diante das sucessivas denúncias de<<strong>br</strong> />
exploração do trabalho de crianças, a<<strong>br</strong> />
custo zero ou a preço de banana, o go-<<strong>br</strong> />
verno finge que faz alguma coisa. Em<<strong>br</strong> />
outu<strong>br</strong>o, no mesmo dia em que se reu-<<strong>br</strong> />
nia em Brasília o Tribunal Nacional<<strong>br</strong> />
contra o Trabalho Infantil, FHC fazia<<strong>br</strong> />
a festa com artistas na campanha de<<strong>br</strong> />
delação de exploradores da prostitui-<<strong>br</strong> />
ção infantil. Agora enrola o Plano Na-<<strong>br</strong> />
cional de Direitos Humanos, onde in-<<strong>br</strong> />
clui a questão de Convenção 138 da<<strong>br</strong> />
OIT (Organização Internacional do<<strong>br</strong> />
Trabalho), enquanto diz que é<<strong>br</strong> />
inconstitucional proibir trabalho a me-<<strong>br</strong> />
nores de 15 anos no Brasil.<<strong>br</strong> />
E, quando "faz" alguma coisa, se-<<strong>br</strong> />
guindo a mesma lógica que leva ao des-<<strong>br</strong> />
manche dos serviços públicos, "com-<<strong>br</strong> />
pensa" os miseráveis com trocados,<<strong>br</strong> />
O governo anunciou recentemente sua<<strong>br</strong> />
política para o pretenso combate à ex-<<strong>br</strong> />
PARTIDO BANCADA RURALISTAS % DA BANCADA % DA CÂMARA<<strong>br</strong> />
BL. PFL/PTB <strong>12</strong>7 30+<strong>12</strong>=42 33,1 8,19<<strong>br</strong> />
BL. PMDB/PSD<<strong>br</strong> />
/PMN/PSL/PSC 105 18+1+1+0+0=20 19,1 3,9<<strong>br</strong> />
BL. PP+PL 95 27+4=31 32,7 6,1<<strong>br</strong> />
PSDB 85 11 <strong>12</strong>,95 2,1<<strong>br</strong> />
PDT oc A 16 0,8<<strong>br</strong> />
PSB <strong>12</strong> 7 58,34 0,14<<strong>br</strong> />
Outros 64 0 — —<<strong>br</strong> />
Total 513 115 — 22,42<<strong>br</strong> />
PL, PSB E PMN). Entre os partidos con-<<strong>br</strong> />
siderados progressitas, só o PSB e o PDT<<strong>br</strong> />
contribuem com a Bancada Ruralista (11).<<strong>br</strong> />
Os partidos considerados de Centro<<strong>br</strong> />
(PMDB, PSDB) somam 29 ruralistas. É<<strong>br</strong> />
esta distnbuição dos airalistas em vários<<strong>br</strong> />
partidos que lhes possibilitam esta grande<<strong>br</strong> />
capacidade de articulação política.<<strong>br</strong> />
Segundo este mesmo levantamento do<<strong>br</strong> />
Inesc, houve migração partidária aitre os<<strong>br</strong> />
airalistas. Grupo de interesse conserva<<strong>br</strong> />
Demagogia contra as crianças<<strong>br</strong> />
ploração de crianças nas carvoarias do<<strong>br</strong> />
Mato Grosso.<<strong>br</strong> />
Vai pagar um auxilio de R$ 50,00 men-<<strong>br</strong> />
sais para crianças que atualmente traba-<<strong>br</strong> />
lham nas carvoanas, para que voltem à<<strong>br</strong> />
escola. Aplicada por governos estaduais,<<strong>br</strong> />
como Cristovam no Distrito Federa (a bol-<<strong>br</strong> />
sa-escola), ou municipais como Maluf em<<strong>br</strong> />
São Paulo (que "paga" em latas de leite),<<strong>br</strong> />
são as tais "medidas compensatórias" re-<<strong>br</strong> />
comaidadas nos planos de ajuste do FMI.<<strong>br</strong> />
Os mesmos planos que provocam de-<<strong>br</strong> />
semprego em massa e arrocho salanal, que<<strong>br</strong> />
destróem os serviços públicos, que rebai-<<strong>br</strong> />
xam direitos trabalhista. Para acabar com<<strong>br</strong> />
a exploração de crianças, é preciso recom-<<strong>br</strong> />
por, com emprego e salários, a capacida-<<strong>br</strong> />
de de um trabalhador sustentar seus filhos<<strong>br</strong> />
e mantê-los na escola pública.<<strong>br</strong> />
O pacto dos Bandeirantes<<strong>br</strong> />
Em São Paulo o <strong>Governo</strong> Covas as-<<strong>br</strong> />
sinou, em 9 de abnl, um pacto com a Câ-<<strong>br</strong> />
mara Paulista do Setor Sucroalcooleiro<<strong>br</strong> />
e a Fundação A<strong>br</strong>inq pelos Direitos da<<strong>br</strong> />
Criança. Seu texto, depois de muitas "pre-<<strong>br</strong> />
ocupações" com o emprego, a qualidade<<strong>br</strong> />
das relações de trabalho e o trabalho in-<<strong>br</strong> />
fantil, tem como proposta: "participar de<<strong>br</strong> />
projetos que complementem a renda para<<strong>br</strong> />
que as familias possam manter seus fi-<<strong>br</strong> />
lhos na escola".<<strong>br</strong> />
dor, 20 de seus integrantes mudaram de<<strong>br</strong> />
sigla, sem no entanto sair de seu espec-<<strong>br</strong> />
tro ideológico, ou seja, indo para parti-<<strong>br</strong> />
dos de centro e de direita.<<strong>br</strong> />
Em termos de estado, os deputados<<strong>br</strong> />
airalistas estão espalhados por 26 esta-<<strong>br</strong> />
dos. Só não há representante no Distrito<<strong>br</strong> />
Federal. O Estado que numericamente<<strong>br</strong> />
mais contribui para a Bancada é Minas<<strong>br</strong> />
Gerais com (15) deputados, segundo<<strong>br</strong> />
Bahia (<strong>12</strong>) e Paraná (11). D<<strong>br</strong> />
Assinado pelos patrões de setor da cana-<<strong>br</strong> />
de-açúcar, que pagam salános de fome aos<<strong>br</strong> />
bóias-fnas, é pacto da hipocnsia. Os em-<<strong>br</strong> />
presários reconhecem que as rendas fami-<<strong>br</strong> />
liares, quer dizer os salános pagos por eles,<<strong>br</strong> />
não são suficientes para manter as cnan-<<strong>br</strong> />
ças na escola e o governo se oferece para<<strong>br</strong> />
dar uns trocados ás familias.<<strong>br</strong> />
Diz outro item do pacto: "intervir na<<strong>br</strong> />
cadeia produtiva, objetivando eliminar o<<strong>br</strong> />
trabalho infantil, em cumprimento ao ar-<<strong>br</strong> />
tigo 60 da Lei Federal n 0 8.069/90 (Esta-<<strong>br</strong> />
tuto da Cnança edo Adolecente)". Exata-<<strong>br</strong> />
mente o artigo que pennite o trabalho abai-<<strong>br</strong> />
xo de 14 anos na condição de aprendiz.<<strong>br</strong> />
Os estudos do Tribunal Contra o Tra-<<strong>br</strong> />
balho Infantil demonstram que, "na con-<<strong>br</strong> />
dição de aprendiz", crianças limpam<<strong>br</strong> />
cocheira de cavalos em Curitiba. Como<<strong>br</strong> />
"apraidizes" carregam pacotes em super-<<strong>br</strong> />
mercados, carregam peso e fazem faxi-<<strong>br</strong> />
nas nos correios. Tudo patrocinado por<<strong>br</strong> />
programas de governo, dentro da lei.<<strong>br</strong> />
Lei que se opõe à Convenção 138 da<<strong>br</strong> />
OIT a qual proibe trabalho infantil abai-<<strong>br</strong> />
xo de 15 anos, e é uma proteção contra<<strong>br</strong> />
a exploração das crianças e para o pró-<<strong>br</strong> />
prio emprego do conjunto dos trabalha-<<strong>br</strong> />
dores, pois ao mesmo tempo que crian-<<strong>br</strong> />
ças trabalham, o desemprego golpeia os<<strong>br</strong> />
adultos. O<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 17 Economia<<strong>br</strong> />
Dívida Externa - PEDEX - 03/06/96<<strong>br</strong> />
A busca da so<strong>br</strong>evivência no mundo<<strong>br</strong> />
globalizado custará caro aos paises em de-<<strong>br</strong> />
senvolvimento como o Brasil. Os US$ 30<<strong>br</strong> />
tnlhões em capitais especulativos que va-<<strong>br</strong> />
gam pelo planeta castigarão com o desem-<<strong>br</strong> />
prego as nações que não combaterem seus<<strong>br</strong> />
problemas de distribuição de renda. En-<<strong>br</strong> />
quanto todas as riquezas produzidas no<<strong>br</strong> />
planeta somam US$ 10 tnlhões, há uma<<strong>br</strong> />
nuvem muito maior de dinheiro aplicado<<strong>br</strong> />
em papéis financeiros que não têm equiva-<<strong>br</strong> />
lênciana vida real. São os US$ 30 trilhões.<<strong>br</strong> />
Por isso. Márcio Pochmann, diretor-adjun-<<strong>br</strong> />
to do Centro de Estudos Sindicais e da<<strong>br</strong> />
Economia do Trabalho da Universidade de<<strong>br</strong> />
Campinas (Unicamp), prevê que todo o<<strong>br</strong> />
mundo pode sofrer nova e forte crise eco-<<strong>br</strong> />
nômica, como a da década de 30.<<strong>br</strong> />
"A expansão do crédito bancário e a<<strong>br</strong> />
alucinada movimentação de titulos que-<<strong>br</strong> />
Divida Externa - PEDEX - 20/06/96<<strong>br</strong> />
O índice de Desenvolvimento Huma-<<strong>br</strong> />
no (IDH), apurado pela Organização das<<strong>br</strong> />
Nações Unidas para medir a qualidade de<<strong>br</strong> />
vida e o progresso humano, concluiu que<<strong>br</strong> />
existem três "Brasis". O primeiro, melhor<<strong>br</strong> />
situado, é comparado com os países do<<strong>br</strong> />
Leste europeu; o segundo, intermediário,<<strong>br</strong> />
está no nível da maioria dos vizinhos lati-<<strong>br</strong> />
no-americanos, e o terceiro é semelhante<<strong>br</strong> />
à África. Na média, o Brasil está entre o<<strong>br</strong> />
Cazaquistão e a Bulgária.<<strong>br</strong> />
O estágio de desenvolvimento humano<<strong>br</strong> />
do Brasil foi detenninado por três indica-<<strong>br</strong> />
dores - renda da população, escolaridade<<strong>br</strong> />
e esperança de vida ao nascer, que com-<<strong>br</strong> />
põem o IDH, divulgado pelo Programa das<<strong>br</strong> />
Nações Unidas para o Desenvolvimento<<strong>br</strong> />
(PNUD), da ONU.<<strong>br</strong> />
Por esse índice, o Brasil chegou em<<strong>br</strong> />
1991 com 0,797 (o máximo seria 1 e o<<strong>br</strong> />
mínimo zero), considerando um nível in-<<strong>br</strong> />
termediário de desenvolvimento humano.<<strong>br</strong> />
Os primeiros colocados em nível interna-<<strong>br</strong> />
cional são o Canadá e Estados Unidos,<<strong>br</strong> />
com 0,950 e 0,937, respectivamente.<<strong>br</strong> />
O relatório também mostra profunda<<strong>br</strong> />
transfomiação no perfil da população <strong>br</strong>a-<<strong>br</strong> />
sileira - caractenzada pela redução do peso<<strong>br</strong> />
Riscos da Globalização<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ou a bolsa de Nova Iorque há 65 anos,<<strong>br</strong> />
o que pode se repetir em <strong>br</strong>eve. O Brasil<<strong>br</strong> />
não deve ser passivo. Precisa de prote-<<strong>br</strong> />
ger com políticas que aumentem a ren-<<strong>br</strong> />
da da população, gerando emprego nas<<strong>br</strong> />
indústrias e na agricultura", ressalta<<strong>br</strong> />
Pochmann.<<strong>br</strong> />
A soma dos PIBs (Produto Interno<<strong>br</strong> />
Bruto da Aménca do Sul mal alcança o<<strong>br</strong> />
faturamento de R$ 1,42 trilhão, das dez<<strong>br</strong> />
maiores empresas do mundo - Exxon,<<strong>br</strong> />
Ford, General Motors, Itochu, Marubeni,<<strong>br</strong> />
Mitsubishi, Mitsui, Nissho, Shell e<<strong>br</strong> />
Sumimoto. Desse total, elas faturam R$<<strong>br</strong> />
866 milhões (mais de 60%) fora dos pa-<<strong>br</strong> />
íses de origem. Por isso, são chamadas<<strong>br</strong> />
de transnacionais. As cem maiores em-<<strong>br</strong> />
presas do planeta comercializam R$ 2<<strong>br</strong> />
tnlhão entre si, soma equivalente a 33%<<strong>br</strong> />
do comércio mundial.<<strong>br</strong> />
Indicador Social da ONU revela<<strong>br</strong> />
três "Brasis"<<strong>br</strong> />
dos jovens no conjunto dos habitantes<<strong>br</strong> />
e, ao mesmo tempo, pelo aumento do<<strong>br</strong> />
número das pessoas acima de 65 anos.<<strong>br</strong> />
A participação das pessoas abaixo de<<strong>br</strong> />
15 anos na população cairá de 35% para<<strong>br</strong> />
24% entre 1990 e 2020, a faixa entre<<strong>br</strong> />
65 anos crescerá de 60 para 69% e a<<strong>br</strong> />
faixa acima de 65 anos aumentará de 5<<strong>br</strong> />
para 8%.<<strong>br</strong> />
42 milhões de po<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />
O documento estima em 42 milhões<<strong>br</strong> />
o número de po<strong>br</strong>es no Brasil em<<strong>br</strong> />
1990, o que corresponde 30% da po-<<strong>br</strong> />
pulação. Eles estão em dois pólos de<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>eza: O Nordeste rural e as áreas<<strong>br</strong> />
metropolitanas, inclusive São Paulo<<strong>br</strong> />
e Rio de Janeiro. Uma família é con-<<strong>br</strong> />
siderada po<strong>br</strong>e na pesquisa quando<<strong>br</strong> />
sua renda per capita se situa abaixo<<strong>br</strong> />
da linha de po<strong>br</strong>eza, ou seja, é insufi-<<strong>br</strong> />
ciente para adqurir os bens necessá-<<strong>br</strong> />
rios à so<strong>br</strong>evivência de seus mem<strong>br</strong>os.<<strong>br</strong> />
O número de indigentes, incluídos nos<<strong>br</strong> />
42 milhões, não foi especificado. Na<<strong>br</strong> />
região Norte os po<strong>br</strong>es são 42% da<<strong>br</strong> />
população total; No Nordeste, 46%:<<strong>br</strong> />
no Sudeste, 23%; no sul, 20%: e no<<strong>br</strong> />
Centro-Oeste, 25%.<<strong>br</strong> />
O desemprego é outra nuvem ame-<<strong>br</strong> />
açadora nesse final de milênio. So-<<strong>br</strong> />
mente na Europa 19 milhões de pes-<<strong>br</strong> />
soas estão procurando emprego, sem<<strong>br</strong> />
perspectivas de encontrá-lo. Há três<<strong>br</strong> />
décadas, o velho continente não con-<<strong>br</strong> />
segue aumentar o número de vagas em<<strong>br</strong> />
suas fá<strong>br</strong>icas na mesma proporção em<<strong>br</strong> />
que surgem novos trabalhadores. Es-<<strong>br</strong> />
tão desempregadas 23.700.000 pes-<<strong>br</strong> />
soas na Alemanha, Canadá, Estados<<strong>br</strong> />
Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália<<strong>br</strong> />
e Japão, os mais ricos do mundo, que<<strong>br</strong> />
formam o Grupo dos Sete (G-7). Há<<strong>br</strong> />
33 milhões de desempregados nos 25<<strong>br</strong> />
paises mais industrializados do mun-<<strong>br</strong> />
do, que formam a Organização de Co-<<strong>br</strong> />
operação e Desenvolvimento Econô-<<strong>br</strong> />
mico (OCDE).<<strong>br</strong> />
(in: Correio Braziliense) □<<strong>br</strong> />
Uma das maiores<<strong>br</strong> />
desigualdades do mundo<<strong>br</strong> />
O Brasil registrava em 1990 um dos<<strong>br</strong> />
maiores índices de desigualdade do mun-<<strong>br</strong> />
do. Os 20% mais ncos da população deti-<<strong>br</strong> />
nham 65% da renda total e os 50 mais<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es ficavam com <strong>12</strong>%. A renda média<<strong>br</strong> />
dos 10% mais ricos é quase 30 vezes mai-<<strong>br</strong> />
or que a raida média dos 40% mais po-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>es, frente a dez vezes na Aigentina, cin-<<strong>br</strong> />
co vezes na França e 25 vezes no Peru. A<<strong>br</strong> />
parcela da raida apropnado pelos 20%<<strong>br</strong> />
mais ricos cresceu 11 pontos percaituais<<strong>br</strong> />
entre 1960 e 1990, enquanto a dos 50 mais<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es caiu seis pontos e a das classes in-<<strong>br</strong> />
termediárias permaneceu sem alteração.<<strong>br</strong> />
A disparidade de renda no Brasil é<<strong>br</strong> />
maior nos estratos supenores da distri-<<strong>br</strong> />
buição. Aqui, uma pessoa rica é 3,2 ve-<<strong>br</strong> />
zes mais rica que alguém da classe mé-<<strong>br</strong> />
dia alta. Nos Estados Unidos, esta rela-<<strong>br</strong> />
ção é de 1,4, praticamente igual ao Ja-<<strong>br</strong> />
pão, 1,5. Já a diferença de renda entre as<<strong>br</strong> />
demais camadas sociais é compatível com<<strong>br</strong> />
a verificada no resto do mundo.<<strong>br</strong> />
Pelos padrões internacionais, o nível<<strong>br</strong> />
educacional <strong>br</strong>asileiro é intermediário,<<strong>br</strong> />
variando de 0,83 (Distrito Federal e São<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 18 Economia<<strong>br</strong> />
Paulo) a 0,54 (Alagoas) e 0,57 (Paraíba).<<strong>br</strong> />
Esse índice revela o grau de alfabetíza-<<strong>br</strong> />
ção, associados às matrículas combina-<<strong>br</strong> />
das nos três níveis de ensino. O relatório<<strong>br</strong> />
mostra também que os gastos federais<<strong>br</strong> />
com a saúde, que no início da década de<<strong>br</strong> />
80 correspondiam a <strong>12</strong>% da receita, che-<<strong>br</strong> />
garam a subir em 1989 para mais de 17%,<<strong>br</strong> />
mas a partir daí caíram e voltaram em<<strong>br</strong> />
1992 para menos de <strong>12</strong>%. O número de<<strong>br</strong> />
habitantes por médico, em 1991, era de<<strong>br</strong> />
641, variando por regiões.<<strong>br</strong> />
33,3 vivem os índices mais<<strong>br</strong> />
baixos de desenvolvimento<<strong>br</strong> />
No Brasil melhor situado, com IDH<<strong>br</strong> />
acima de 0,8m vive 49,4 da população.<<strong>br</strong> />
Esse país a<strong>br</strong>ange o Sul e Sudeste - Rio<<strong>br</strong> />
Grande do Sul, mais Distrito Federal, São<<strong>br</strong> />
Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro,<<strong>br</strong> />
Paraná e Mato Grosso do Sul - mais o<<strong>br</strong> />
Espirito Santo. O segundo Brasil inclui<<strong>br</strong> />
sete estados de médio desenvolvimento,<<strong>br</strong> />
com IDH entre 0,7 e 0,8, que são: Ama-<<strong>br</strong> />
zonas, Mato Grosso, Goiás, Roraima e<<strong>br</strong> />
Rondônia. Nesta parte do país vivem<<strong>br</strong> />
17,3% dos <strong>br</strong>asileiros.<<strong>br</strong> />
Outros 33,3% da população vivem no<<strong>br</strong> />
Brasil com índices mais baixos de desav<<strong>br</strong> />
volvimaito humano. Este "subpaís" a<strong>br</strong>an-<<strong>br</strong> />
ge o Nordeste inteiro - Sergipe, Bahia,<<strong>br</strong> />
Pernambuco, Rio Grande do Norte,<<strong>br</strong> />
Maranhão, Ceará, Piauí, Alagoas e Paraíba<<strong>br</strong> />
-, mais o Acre e Pará. Esses estados têm<<strong>br</strong> />
IDH maior de 0,7. O Tocantins não foi clas-<<strong>br</strong> />
sificado por falta de estatísticas. (Liliana<<strong>br</strong> />
Laxoatti,raGa2etaM orantil). "1<<strong>br</strong> />
Análise Semanal Conjuntura Econômica - NEP - 20/06/96<<strong>br</strong> />
A Insustentável Leveza do Sr. Mindlin<<strong>br</strong> />
Sem reserva de mercado e sem dinheiro público, os capitalistas industriais da<<strong>br</strong> />
A Metal Leve foi engolida. Era uma<<strong>br</strong> />
das maiores do Brasil no ramo de<<strong>br</strong> />
autopeças. Até pouco tempo atrás, era<<strong>br</strong> />
difícil de imaginar que esta empresa, apa-<<strong>br</strong> />
rentemente moderna que investia em de-<<strong>br</strong> />
senvolvimento tecnológico, que chegou<<strong>br</strong> />
até a instalar duas fá<strong>br</strong>icas no exterior<<strong>br</strong> />
para respirar o ambiente de inovações nas<<strong>br</strong> />
grandes economias, etc não fosse capaz<<strong>br</strong> />
de so<strong>br</strong>eviver ao primeiro solavanco da<<strong>br</strong> />
globalização.<<strong>br</strong> />
Mas foi isso que aconteceu. Na se-<<strong>br</strong> />
mana passada foi engolida sem maiores<<strong>br</strong> />
resistências pela Mahle, da Alemanha,<<strong>br</strong> />
uma grande fa<strong>br</strong>icante mundial de pis-<<strong>br</strong> />
tões, com vendas anuais superiores a 2<<strong>br</strong> />
bilhões, de dólares. A Mahle já está ins-<<strong>br</strong> />
talada no Brasil há muito tempo, com<<strong>br</strong> />
uma unidade produtora de pistões em<<strong>br</strong> />
Mogi Guaçu, uma aprazível cidade do<<strong>br</strong> />
interior do estado de S. Paulo. Participa-<<strong>br</strong> />
ram da hostil captura da Metal Leve, além<<strong>br</strong> />
da Mahle que pagou 51% da compra,<<strong>br</strong> />
bancos internacionais e nacionais<<strong>br</strong> />
(Bradesco) e a Cofap, outra antiga fa-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>icante de ramo, mas que há alguns<<strong>br</strong> />
meses atrás já tinha também transferido<<strong>br</strong> />
o controle para Mahle/Bradesco.<<strong>br</strong> />
Como Mahle, Cofap e Metal Leve<<strong>br</strong> />
fa<strong>br</strong>icam produtos complementares, é<<strong>br</strong> />
provável que agora desapareçam como<<strong>br</strong> />
empresas e dêem lugar a uma nova in-<<strong>br</strong> />
dústria, que concentrará a produção de<<strong>br</strong> />
pistões, anéis e <strong>br</strong>onzinas, transforman-<<strong>br</strong> />
do-se na maior empresa de autopeças do<<strong>br</strong> />
país, com faturamento de 1 bilhão de<<strong>br</strong> />
dólares por ano. O controle desta nova<<strong>br</strong> />
indústria ficará nas mãos de Mahle e<<strong>br</strong> />
Fiesp entram em rápido estado de decomposição.<<strong>br</strong> />
José Martins<<strong>br</strong> />
Bradesco, que já detêm o controle<<strong>br</strong> />
acionário de outras empresas que mono-<<strong>br</strong> />
polizam a produção domestica de blocos,<<strong>br</strong> />
pistões, <strong>br</strong>onzinas e sistemas de exaustão<<strong>br</strong> />
(catalizadores, escapamentos e silencia-<<strong>br</strong> />
dores). Estes componentes representam<<strong>br</strong> />
entre R$ 2 mil e R$ 3 mil do valor final<<strong>br</strong> />
de um veículo vendido ao consumidor por<<strong>br</strong> />
R$ 10 mil.<<strong>br</strong> />
O caso da Metal Leve / Cofap não é<<strong>br</strong> />
um caso isolado. Segundo os capitalis-<<strong>br</strong> />
tas do setor de autopeças, centaias de em-<<strong>br</strong> />
presas estão sendo vendidas a preço de<<strong>br</strong> />
banana. As grandes empresa multinacio-<<strong>br</strong> />
nais apresentam aos proprietários das<<strong>br</strong> />
empresas contratos de fornecimento de<<strong>br</strong> />
componentes, firmados com as matrizes<<strong>br</strong> />
das indústrias automobilísticas dos Es-<<strong>br</strong> />
tados Unidos, Europa e Ásia. Demons-<<strong>br</strong> />
tram assim que não so<strong>br</strong>ará espaço no<<strong>br</strong> />
mercado doméstico e externo. Sem pers-<<strong>br</strong> />
pectiva de so<strong>br</strong>evivência, os capitalistas<<strong>br</strong> />
se rendem à oferta. "Breve não haverá<<strong>br</strong> />
mais empresas para serem negociadas",<<strong>br</strong> />
prevê o presidente do Sindicato Nacio-<<strong>br</strong> />
nal da Indústria de Autopeças<<strong>br</strong> />
(Sindipeças), sr. Paulo Butori. E conclui<<strong>br</strong> />
que "as poucas indústrias que ainda não<<strong>br</strong> />
foram vendidas pennanecem à venda". A<<strong>br</strong> />
violência deste processo de fusões e in-<<strong>br</strong> />
corporações no setor também é confir-<<strong>br</strong> />
mada pela empresa Deloitte Touche, es-<<strong>br</strong> />
pecializada na intermediação deste tipo<<strong>br</strong> />
de negócios, para quem "apenas 300 das<<strong>br</strong> />
quase mil fá<strong>br</strong>icas de autopeças devem<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>eviver".<<strong>br</strong> />
Estes são os fatos. E as explicações<<strong>br</strong> />
são as mais vanadas. Mas todas ficam no<<strong>br</strong> />
terreno superficial da concorrência, dos<<strong>br</strong> />
mercados mundializados, etc, tudo enfia-<<strong>br</strong> />
do no mesmo saco da "globalização". Para<<strong>br</strong> />
o sr. G. Dupas, por exemplo, considerado<<strong>br</strong> />
um "especialista em globalização", a<<strong>br</strong> />
globalização transformou componentes<<strong>br</strong> />
para veículos em commodities. Pode-se<<strong>br</strong> />
imaginar o impacto paralisantenos ouvin-<<strong>br</strong> />
tes de frase tão bombástica. Tão bombás-<<strong>br</strong> />
tica quanto vazia, pois o sr. Dupas está<<strong>br</strong> />
dizaido apenas que a globalização trans-<<strong>br</strong> />
formou componentes para veículos em<<strong>br</strong> />
coisas parecidas com milho, trigo, co<strong>br</strong>e,<<strong>br</strong> />
café em grão e outras commodities (ou<<strong>br</strong> />
mercadonas, em português), que no co-<<strong>br</strong> />
mercio internacional são comumente ne-<<strong>br</strong> />
gociadas em Bolsas de Mercadonas Pode-<<strong>br</strong> />
se imaginar, então, as cotações das<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>onzinas e dos pistões marcadas nos qua-<<strong>br</strong> />
dros da Bolsa de Mercadoria de Chicago,<<strong>br</strong> />
etc. Mas o sr. Dupas tenta uma explica-<<strong>br</strong> />
ção mais aprofundada. Para ele "só existe<<strong>br</strong> />
espaço para quem tem condição de forne-<<strong>br</strong> />
cer o maior volume pelo maior preço, na<<strong>br</strong> />
hora e no local indicados pelas mon-<<strong>br</strong> />
tadoras". Como os capitalistas se carac-<<strong>br</strong> />
tenzam em geral pela total inépcia depen-<<strong>br</strong> />
samaito, preferem se calar e achar que o<<strong>br</strong> />
sr. Dupas é realmente um cara que entai-<<strong>br</strong> />
de muito bem do que está acontecendo. E<<strong>br</strong> />
acabam lhe pagando muito bem por tan-<<strong>br</strong> />
ta sabedoria.<<strong>br</strong> />
Outros acham, como o sr. A.<<strong>br</strong> />
Chiavellato, presidente de Mangels, que<<strong>br</strong> />
"a política de câmbio valorizado e de<<strong>br</strong> />
alíquotas de importação reduzidas não<<strong>br</strong> />
deixou alternativa para os empresários<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileiros". Quer dizer, sem protecionis-<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 19<<strong>br</strong> />
mo e reserva de mercado as empresas <strong>br</strong>a-<<strong>br</strong> />
sileiras não podem mais continuar exis-<<strong>br</strong> />
tindo. Isto não deixa de ser verdade, mas<<strong>br</strong> />
também não sai do terreno das obviedades.<<strong>br</strong> />
Nesta mesma linha de chorar pela abertu-<<strong>br</strong> />
ra do mercado, o sr. Butori resolve lem-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>ar do passado e faz uma confissão sur-<<strong>br</strong> />
preendente para um sócio destacado da<<strong>br</strong> />
Federação da Indústria de S. Paulo<<strong>br</strong> />
(FIESP). "A maiona das indústrias foi<<strong>br</strong> />
instalada com investimentos de recursos<<strong>br</strong> />
públicos. São as conhecidas "viúvas" do<<strong>br</strong> />
Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-<<strong>br</strong> />
nômico (BNDES), que pediram socorro<<strong>br</strong> />
aos órgãos públicos para crescer e con-<<strong>br</strong> />
quistar o mercado internacional".<<strong>br</strong> />
E nós, que sempre fomos cativados<<strong>br</strong> />
pelo discurso da "eficiência do empresa-<<strong>br</strong> />
riado privado", agora desconfiamos que<<strong>br</strong> />
na suntuosa pirâmide da avenida Paulis-<<strong>br</strong> />
Folha de S. Paulo - 21/Junho/96<<strong>br</strong> />
O governo tem a sorte de conviver<<strong>br</strong> />
com o Congresso mais subalterno e me-<<strong>br</strong> />
nos qualificado de quantos houve desde<<strong>br</strong> />
a redemocratização pós-Getúlio, o que lhe<<strong>br</strong> />
permite cometer na administração que<<strong>br</strong> />
bem entenda, sem conseqüências, por<<strong>br</strong> />
exemplo como uma CPI so<strong>br</strong>e o auxílio<<strong>br</strong> />
multibilionáno a bancos e banqueiros.<<strong>br</strong> />
Mas o domínio político não resguarda da<<strong>br</strong> />
permanência corrosiva dos temas envol-<<strong>br</strong> />
tos em obscuridades ou suspeitas. São<<strong>br</strong> />
cadáveres insepultos.<<strong>br</strong> />
O auxílio a bancos e banqueiros é<<strong>br</strong> />
mesmo um bom exemplo. O governo<<strong>br</strong> />
adotou, a começar do próprio presiden-<<strong>br</strong> />
te, a explicação de que os bilhões posto<<strong>br</strong> />
neste auxílio não socorrem banqueiros,<<strong>br</strong> />
servindo, isso sim, para proteger os que<<strong>br</strong> />
têm contas e aplicações nos bancos em<<strong>br</strong> />
dificuldades.<<strong>br</strong> />
Foi nesse linha, sem que faltasse se-<<strong>br</strong> />
quer a pitada de grosseria tão ao gosto<<strong>br</strong> />
do femandismo, que o ministro Pedro<<strong>br</strong> />
Malan falou do programa criado para<<strong>br</strong> />
auxílio ao sistema financeiro, o Proer, em<<strong>br</strong> />
reunião anteontem na Câmara:<<strong>br</strong> />
"E incorreto, um despropósito, a idéia<<strong>br</strong> />
de que o governo criou o Proer para so-<<strong>br</strong> />
correr banqueiros. Isso é discurso de pa-<<strong>br</strong> />
lanque. É uma peça política que alguns<<strong>br</strong> />
querem usar".<<strong>br</strong> />
O problema desse tipo de resposta é<<strong>br</strong> />
que outros alguns, em vez de peça políti-'<<strong>br</strong> />
ca, usam fatos, dados, documentos às<<strong>br</strong> />
ta (sede da FIESP) aninha-se apenas um<<strong>br</strong> />
bando de incompetentes, que só cresce-<<strong>br</strong> />
ram e so<strong>br</strong>eviveram com capitalista às<<strong>br</strong> />
custas das benesses e subsídios de dinheiro<<strong>br</strong> />
público. O sr. Mndlin, principal dirigente<<strong>br</strong> />
da defunta Metal Leve, era considerado um<<strong>br</strong> />
dos expoentes da "burguesia progressista",<<strong>br</strong> />
representante da inteligência de uma "dasse<<strong>br</strong> />
empreendedora e responsável pdo desenvol-<<strong>br</strong> />
vimento da indústria nadonal". Agora, des-<<strong>br</strong> />
co<strong>br</strong>imos também que tudo que de fazia era<<strong>br</strong> />
andar com as muletas dos recursos públicos<<strong>br</strong> />
para montar sua indústria e acumular lu-<<strong>br</strong> />
cros com o trabalho de milhares de ope-<<strong>br</strong> />
rários mal pagos e amontoados nas linhas<<strong>br</strong> />
de produção de <strong>br</strong>onzinas, pistões, etc.<<strong>br</strong> />
Se o sr. Mndlin fosse realmente bem<<strong>br</strong> />
intencionado e ético, ele faria muito bem<<strong>br</strong> />
de devolver aos cofres públicos os 80<<strong>br</strong> />
milhões de dólares que ele e seus sócios<<strong>br</strong> />
Os ratos comeram<<strong>br</strong> />
Jânio de Freitas<<strong>br</strong> />
vezes originários do governo mesmo.<<strong>br</strong> />
Malan encontrou um algum desses ali<<strong>br</strong> />
mesmo, na pessoa do inesgotável depu-<<strong>br</strong> />
tado Milton Temer. Com números pro-<<strong>br</strong> />
cedentes do Banco Central e uma pergun-<<strong>br</strong> />
ta que, no fundo, oferecia a Pedro Malan<<strong>br</strong> />
a melhor oportunidade para comprovar<<strong>br</strong> />
que o Proer nasceu e vive para proteger<<strong>br</strong> />
o dinheiro de parcelas da população.<<strong>br</strong> />
Um documento do Banco Central in-<<strong>br</strong> />
dica que havia no Banco Econômico, ao<<strong>br</strong> />
ser decretada a intervenção, 334.502 de-<<strong>br</strong> />
tentores de contas. O Banco Nacional<<strong>br</strong> />
recebeu o número redondo, com todo o<<strong>br</strong> />
jeito de chute, de 1.800.000 depositantes.<<strong>br</strong> />
Ai estava o total de cidadãos a serem pro-<<strong>br</strong> />
tegidos pelo Proer. O montante da prote-<<strong>br</strong> />
ção não poderia, é lógico, exceder o total<<strong>br</strong> />
dos saldos nas contas existentes em cada<<strong>br</strong> />
um dos bancos. Sempre segundo docu-<<strong>br</strong> />
mento do Banco Central:<<strong>br</strong> />
♦ no Econômico, saldo totais de R$<<strong>br</strong> />
2 bi 130 milhões 700 mil.<<strong>br</strong> />
♦ no Nacional, saldos totais de R$ 2<<strong>br</strong> />
bi 805 milhões.<<strong>br</strong> />
Com outros números de igual proce-<<strong>br</strong> />
dência, o deputado Milton Temer propôs<<strong>br</strong> />
a questão ao mais indicado para<<strong>br</strong> />
esclarecê-la: "Se o Proer é para proteger<<strong>br</strong> />
os depositantes, e não para socorrer ban-<<strong>br</strong> />
queiros, como se explica o Banco Cen-<<strong>br</strong> />
tral tenha posto no Econômico, não os 2<<strong>br</strong> />
bi 130 dos depositantes, mas 6 bi; e no<<strong>br</strong> />
Nacional, não os 2 bi 800 dos depositan-<<strong>br</strong> />
V:::::::::o::::x:;::X;o::::::::::>:;;:::;:::<<strong>br</strong> />
Economia<<strong>br</strong> />
embolsaram na liquidação da Metal Leve.<<strong>br</strong> />
E claro que nada disto vai acontecer. As<<strong>br</strong> />
quatro famílias proprietárias da finada<<strong>br</strong> />
Metal Leve vão repartir entre si os 80<<strong>br</strong> />
milhões da venda e viver com o mesmo<<strong>br</strong> />
luxo que viveram até agora. A única coi-<<strong>br</strong> />
sa que muda para eles é que, de agora em<<strong>br</strong> />
diante, não serão mais "empresários", co-<<strong>br</strong> />
mandantes diretos de um exército de mi-<<strong>br</strong> />
seráveis metalúigicos que labutaram de<<strong>br</strong> />
manhã á noite, durante quarenta e dois<<strong>br</strong> />
anos, nas linhas de produção de capital da<<strong>br</strong> />
sua indústria. Agora, aquelas quatro fa-<<strong>br</strong> />
mílias burguesas passam sem lamentar<<strong>br</strong> />
esse bastão para as grandes corporações<<strong>br</strong> />
multinadonais. Elas ddxaram de ser ca-<<strong>br</strong> />
pitalistas industriais e passam a ser ape-<<strong>br</strong> />
nas rentistas. Deixam de acumular lucros<<strong>br</strong> />
e passam a acumular apenas juros, alu-<<strong>br</strong> />
guéis, rendas em geral. G<<strong>br</strong> />
tes, mas quase 7 bi? Por que a diferença<<strong>br</strong> />
tão grande entre o máximo que poderia<<strong>br</strong> />
injetar, para "proteger" os depositantes,<<strong>br</strong> />
o que injetou de fato?".<<strong>br</strong> />
Como ministro ao qual o BC se su-<<strong>br</strong> />
bordina; como co-responsável pela cri-<<strong>br</strong> />
ação do Proer e, ainda, como autorida-<<strong>br</strong> />
de maior, na área econômica, por tudo<<strong>br</strong> />
o que se refere às relações entre gover-<<strong>br</strong> />
no e sistema financeiro, Pedro Malan<<strong>br</strong> />
deu sua resposta para a esperada expli-<<strong>br</strong> />
cação da diferença multibilionária:<<strong>br</strong> />
"Não sei."<<strong>br</strong> />
O ministro não sabe como e porque<<strong>br</strong> />
uns R$ 8 bilhões saíram dos cofres sob<<strong>br</strong> />
sua responsabilidade e foram destinado<<strong>br</strong> />
a bancos e banqueiros. E olhe que esta<<strong>br</strong> />
conta faz uma suposição camarada: a de<<strong>br</strong> />
que Econômico e Nacional não tivessem<<strong>br</strong> />
um centavo do dinheiro de depositantes,<<strong>br</strong> />
o<strong>br</strong>igando o BC a aplicar R$ 4,93 bi na<<strong>br</strong> />
devolução dos saldos.<<strong>br</strong> />
O canal de dfrões que liga os cofres<<strong>br</strong> />
mal administrados pdo governo aos co<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />
mal administrados por banqudros, ainda<<strong>br</strong> />
que não haja a CPI apropriada, vão conti-<<strong>br</strong> />
nuar corroendo o governo e vários dos sãos<<strong>br</strong> />
ocupantes, por mais que tentem fazer em<<strong>br</strong> />
contrário. Como na vdha <strong>br</strong>incadeira do<<strong>br</strong> />
gato e do rato, quem pergunte cadê o di-<<strong>br</strong> />
nhdro que estava aqui, disfarçado de pro-<<strong>br</strong> />
teção, tem resposta: os ratos comeram. Mas<<strong>br</strong> />
não foram os ratos que comeram o epi-<<strong>br</strong> />
sódio no noticiáio da reunião. □<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 20 Nacional<<strong>br</strong> />
Raízes-A<strong>br</strong>/Jun/96-N 0 17<<strong>br</strong> />
No Brasil de FHC já não se morre ape-<<strong>br</strong> />
nas de inanição no meio da rua. Os espe-<<strong>br</strong> />
cialista do Planalto desco<strong>br</strong>em, a cada<<strong>br</strong> />
dia, novas formas de eliminação dos po-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>es, dos sem-terra e sem-teto, os índios<<strong>br</strong> />
e dos doentes.<<strong>br</strong> />
Sem medo de exagerar e respalda-<<strong>br</strong> />
dos na palavra do antropólogo Darcy Ri-<<strong>br</strong> />
beiro, o "sinistro Ministro" da Justiça,<<strong>br</strong> />
Nelson Jobim, vem trabalhando incan-<<strong>br</strong> />
savelmente para aumentar a dor e a mi-<<strong>br</strong> />
séria do povo <strong>br</strong>asileiro. O decreto 1775/<<strong>br</strong> />
96 permitiu que mais de mil contesta-<<strong>br</strong> />
ções de 70 territórios indígenas fossem<<strong>br</strong> />
feitas, territórios que, segundo declara<<strong>br</strong> />
Darcy, "postos em mãos de latifundiári-<<strong>br</strong> />
os, serão totalmente destruídos, por que<<strong>br</strong> />
fazendeiros não sabe fazer outra coisa<<strong>br</strong> />
com a mata, senão queimá-la e plantar<<strong>br</strong> />
capim. O Brasil acabará convertido<<strong>br</strong> />
numa pastagem só."<<strong>br</strong> />
(Folha de São Paulo - 06/05/96: 1 -2).<<strong>br</strong> />
Mas a culpa de tanta desgraça não<<strong>br</strong> />
cabe apenas à pessoa de um Ministro. A<<strong>br</strong> />
falta de rumo do <strong>Governo</strong> reflete-se, ain-<<strong>br</strong> />
Inverta -16 a 31/05/96 - N" 74<<strong>br</strong> />
E este o Brasil que o povo <strong>br</strong>asileiro<<strong>br</strong> />
está vivendo. Um imperador preside o<<strong>br</strong> />
país achando que sabe tudo. Governa lon-<<strong>br</strong> />
ge e indiferente aos problemas do povo.<<strong>br</strong> />
Em nome da "Democracia" defende in-<<strong>br</strong> />
teresses contrários aos reais interesses da<<strong>br</strong> />
nação. E um traidor, um mentiroso e<<strong>br</strong> />
entreguista que está colocando a sobera-<<strong>br</strong> />
nia nacional em perigo.<<strong>br</strong> />
A nação <strong>br</strong>asileira não suporta mais<<strong>br</strong> />
tanta injustiça, tanto cinismo, tanto faz<<strong>br</strong> />
de conta. Em dois anos do governo FHC,<<strong>br</strong> />
o povo assistiu ao massacre e execução<<strong>br</strong> />
de mais de 50 trabalhadores rurais sem-<<strong>br</strong> />
terra. O primeiro foi em Corumbiara<<strong>br</strong> />
(RO). Os cadáveres nem esfriaram em<<strong>br</strong> />
suas tumbas e outros 20 sem-terra, entre<<strong>br</strong> />
eles crianças e adolecentes, são assassi-<<strong>br</strong> />
nados friamente em Eldorado dos Carajás<<strong>br</strong> />
(PA). O governo nada fez, finge que la-<<strong>br</strong> />
menta e se omite.<<strong>br</strong> />
Os sem-terra assassinados como mi-<<strong>br</strong> />
lhares de outros em todo o pais, sonha-<<strong>br</strong> />
Genocídio<<strong>br</strong> />
da, no massacre continuado dos sem-ter-<<strong>br</strong> />
ra, nas vitimas da hemodiálise de Caruaru<<strong>br</strong> />
e no salário mínimo de R$ 1<strong>12</strong>,00.<<strong>br</strong> />
Só aí temos mais três Ministros im-<<strong>br</strong> />
plicados... Entra água no barco furado<<strong>br</strong> />
do pacto das elites empresariais do País,<<strong>br</strong> />
que nunca tiveram a intenção e a compe-<<strong>br</strong> />
tência de formular um projeto de alcance<<strong>br</strong> />
social para o Brasil.<<strong>br</strong> />
Por isso, precisamos voltar os olhos e<<strong>br</strong> />
o coração para as propostas inovadoras<<strong>br</strong> />
que indicam um rumo novo. Como ga-<<strong>br</strong> />
rantir escola a todas as crianças? Como<<strong>br</strong> />
retira-las da rua e assegurar-lhes alimen-<<strong>br</strong> />
tação e saúde? De que forma garantir o<<strong>br</strong> />
acesso à terra a milhares de trabalhado-<<strong>br</strong> />
res rurais?<<strong>br</strong> />
O Programa de Garantia de Renda<<strong>br</strong> />
Mínima, de autoria do senador Eduardo<<strong>br</strong> />
Suplicy, do Partido dos Trabalhadores, é<<strong>br</strong> />
uma luz que busca resposta a algumas<<strong>br</strong> />
dessas questões. Aprovado pelo Senado<<strong>br</strong> />
em 1991, o programa já vem sendo im-<<strong>br</strong> />
plantado no Distrito Federal, em Campi-<<strong>br</strong> />
nas, Ribeirão Preto e em mais de uma<<strong>br</strong> />
Brasil dos Brasis, dos cães<<strong>br</strong> />
de guerras assassinos<<strong>br</strong> />
vam e lutavam por um pedaço de terra<<strong>br</strong> />
para trabalhar, resistiam desarmados<<strong>br</strong> />
(tanto que não há mortos do lado dos<<strong>br</strong> />
agressores) numa luta justa pela reforma<<strong>br</strong> />
agrária. Esses trabalhadores foram fri-<<strong>br</strong> />
amente executados pelos cães selvagens<<strong>br</strong> />
e assassinos, a mando dos latifundiários<<strong>br</strong> />
com a conivência e omissão do governo.<<strong>br</strong> />
O imperador do Brasil, o presidente-<<strong>br</strong> />
sociólogo, é o culpado por todas essas<<strong>br</strong> />
chacinas, por toda essa barbárie, pela<<strong>br</strong> />
qual toda a sociedade <strong>br</strong>asileira chora e<<strong>br</strong> />
está de luto. O presidente intelectual e es-<<strong>br</strong> />
túpido, que nega suas teses acadêmicas e<<strong>br</strong> />
socialista, pode não sofrer as paias da<<strong>br</strong> />
lei pelos cnmes cometidos contra tantos<<strong>br</strong> />
inocaites, mas não será absolvido pela<<strong>br</strong> />
história. Esta não o perdoará.<<strong>br</strong> />
O FHC entrará na história sim, como<<strong>br</strong> />
o presidente que abafou a custa de su-<<strong>br</strong> />
borno e uso indevido do dinheiro públi-<<strong>br</strong> />
co, vários escândalos, nos quais eviden-<<strong>br</strong> />
temente, estava envolvido até as raízes<<strong>br</strong> />
dezena de municípios <strong>br</strong>asileiros. Foi<<strong>br</strong> />
concebido com o objetivo de "reverter a<<strong>br</strong> />
condição de 3,5 milhões de crianças <strong>br</strong>a-<<strong>br</strong> />
sileiras que se vêem o<strong>br</strong>igadas a traba-<<strong>br</strong> />
lhar e a abandonar precocemente a esco-<<strong>br</strong> />
la porque seus pais não tem o mínimo<<strong>br</strong> />
para so<strong>br</strong>eviver."<<strong>br</strong> />
Em relação ao trabalhadores rurais<<strong>br</strong> />
sem-terra, é inegável o contributo do<<strong>br</strong> />
Movimento dos Sem-Terra. Consciente<<strong>br</strong> />
da importância de terra para a so<strong>br</strong>evi-<<strong>br</strong> />
vência de milhares de famílias, o MST<<strong>br</strong> />
vem enfrentando a sanha dos jagunços<<strong>br</strong> />
que atuam a mando de políticos e lati-<<strong>br</strong> />
fundiários. Apesar dos anúncios pagos<<strong>br</strong> />
pela TFP (Tradição, Família e Proprie-<<strong>br</strong> />
dade), <strong>br</strong>aço religioso dos ruralistas, ape-<<strong>br</strong> />
sar do espaço que a imprensa a<strong>br</strong>e dian-<<strong>br</strong> />
amente aos grandes proprietários e repre-<<strong>br</strong> />
sentantes da força nesse País, os sem-ter-<<strong>br</strong> />
ra prosseguem firmes e decididos a con-<<strong>br</strong> />
quistar o que lhes foi roubado desde 1500.<<strong>br</strong> />
São ações como essas que nos devolvem<<strong>br</strong> />
a auto-estima e o gosto de ser <strong>br</strong>asileiro,<<strong>br</strong> />
apenas de suas elites carcomidas. fl<<strong>br</strong> />
do cabelo. Como o presidente do caso<<strong>br</strong> />
Sivam, da Pasta Cor de Rosa. Que per-<<strong>br</strong> />
doou dívidas contraídas dos bandos pú-<<strong>br</strong> />
blicos (do Brasil e Caixa Econômica)<<strong>br</strong> />
pelos usineiros latifundiários. Que esva-<<strong>br</strong> />
ziou os cofres públicos para comprar di-<<strong>br</strong> />
vidas de bancos falidos (Nacional e Eco-<<strong>br</strong> />
nômico).<<strong>br</strong> />
Finalmente, ficará para o história<<strong>br</strong> />
como o presidente que usou todo o<<strong>br</strong> />
fisiologismo casuísmo (subomo, leilão de<<strong>br</strong> />
cargos públicos - está aí a troca de mi-<<strong>br</strong> />
nistérios que não nos deixa dúvidas - li-<<strong>br</strong> />
beração de verbas e outras maracutaias)<<strong>br</strong> />
só para impedir a instalação da CPI dos<<strong>br</strong> />
Bancos e aprovar as suas reformas<<strong>br</strong> />
neoliberais.<<strong>br</strong> />
As suas reformas também ficarão na<<strong>br</strong> />
história, que<strong>br</strong>a de monopólios, vendas<<strong>br</strong> />
de estatais rentáveis, fim da previdência<<strong>br</strong> />
e de serviço público. De um outro modo,<<strong>br</strong> />
com outros requintes de crueldade, FHC<<strong>br</strong> />
ficará para a história como o presidente<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 21 Nacional<<strong>br</strong> />
que exterminou a classe trabalhadora. Ele<<strong>br</strong> />
já acabou com o emprego, agora quer por<<strong>br</strong> />
fim a direitos e conquistas trabalhistas. O<<strong>br</strong> />
que resta? O saláno mínimo de R$ 1<strong>12</strong>,00.<<strong>br</strong> />
Seria cômico se não fosse tão trágico.<<strong>br</strong> />
O povo <strong>br</strong>asileiro, os <strong>br</strong>asileiros de<<strong>br</strong> />
verdade não podem mais suportar a tudo<<strong>br</strong> />
isso passivamente. Quem sabe faz a hora<<strong>br</strong> />
diz a canção de Vandré. E hora da soci-<<strong>br</strong> />
edade <strong>org</strong>anizada dar um basta na ação<<strong>br</strong> />
dos cães selvagens e assassinos. Clama-<<strong>br</strong> />
mos por justiça. E a justiça só se fará<<strong>br</strong> />
quando todos estes cães forem punidos,<<strong>br</strong> />
condenados, banidos. fl<<strong>br</strong> />
Jaime de Bona - Servidor Público Fe-<<strong>br</strong> />
deral lotado no Arsenal da Marinha no<<strong>br</strong> />
Rio de Janeiro, Pres. do SINFA/RJ<<strong>br</strong> />
Informativo Inesc - Maio/96 - N° 66<<strong>br</strong> />
<strong>Governo</strong> FHC retoma práticas de<<strong>br</strong> />
autoritarismo, exclusão e beneficiamento de<<strong>br</strong> />
Estamos atravessando uma situação<<strong>br</strong> />
limite em relação à área das comunica-<<strong>br</strong> />
ções no Brasil. Nas últimas semanas, as<<strong>br</strong> />
práticas adotadas pelo governo Fernando<<strong>br</strong> />
Henrique Cardoso passaram a desmen-<<strong>br</strong> />
tir, de forma cabal, as promessas de am-<<strong>br</strong> />
pliação da participação da sociedade, a<<strong>br</strong> />
atribuição de transparência ao processo<<strong>br</strong> />
de decisão e de superação de privilégios<<strong>br</strong> />
cartoriais que beneficiam a alguns gru-<<strong>br</strong> />
pos econômicos.<<strong>br</strong> />
O caos jurídico e institucional da área<<strong>br</strong> />
das comunicações está agora sando expli-<<strong>br</strong> />
citamaite alimaitado pelo governo FHC.<<strong>br</strong> />
As práticas que geraram as enormes<<strong>br</strong> />
distorções do atual modelo das comuni-<<strong>br</strong> />
cações no Brasil - desde a década de 30 e,<<strong>br</strong> />
especialmaite, a partir da década de 60,<<strong>br</strong> />
durante o regime militar - passaram a ser<<strong>br</strong> />
reediadas etêm sido a tônica das ações do<<strong>br</strong> />
governo FHC, neste que é um período crí-<<strong>br</strong> />
tico de reestruturação tecnológica e eco-<<strong>br</strong> />
nômica dos sistemas de comunicações.<<strong>br</strong> />
A atual conjuntura <strong>br</strong>asileira está as-<<strong>br</strong> />
sumindo feições mais definidas do pro-<<strong>br</strong> />
cesso de convergência tecnológica - a<<strong>br</strong> />
integração crescente entre as tecnologias<<strong>br</strong> />
de telecomunicações, comunicação so-<<strong>br</strong> />
cial e informática - as práticas governa-<<strong>br</strong> />
mentais, entretanto, desconsideram as<<strong>br</strong> />
potencialidades existentes, mostram-se<<strong>br</strong> />
desprovidas de sentido estratégico e es-<<strong>br</strong> />
tão resultando em conseqüências dramá-<<strong>br</strong> />
ticas. A inexistência de políticas públi-<<strong>br</strong> />
cas conseqüentes hipertrofia os traços<<strong>br</strong> />
mais perversos dos impactos culturais,<<strong>br</strong> />
políticos e econômicos dos novos siste-<<strong>br</strong> />
mas de comunicações.<<strong>br</strong> />
Os fatos que aivolveram a aprovação<<strong>br</strong> />
pela Câmara dos Deputados, no dia 14/5,<<strong>br</strong> />
da chamada "Lei Mínima" das telecomu-<<strong>br</strong> />
nicações, constituem o corolário de um<<strong>br</strong> />
grupos na área das comunicações<<strong>br</strong> />
Fórum Pela üemocráliiação da Cominicação<<strong>br</strong> />
conjunto de ações de governo e de<<strong>br</strong> />
posicionamentos do empresariado e da<<strong>br</strong> />
sociedade. Estes fatos constituem um<<strong>br</strong> />
evidente divisor de águas: definiu-se ali<<strong>br</strong> />
uma conduta de governo - e, mais do que<<strong>br</strong> />
isto, poderíamos dizer, do Estado, em<<strong>br</strong> />
função da participação do Congresso Na-<<strong>br</strong> />
cional e da omissão do Judiciário - que<<strong>br</strong> />
está produzindo descaminhos e graves<<strong>br</strong> />
prejuízos para o interesse público.<<strong>br</strong> />
A aprovação, na Câmara dos Deputa-<<strong>br</strong> />
dos, da "Lei Mínima", está ligada á<<strong>br</strong> />
preocupante situação atual da implanta-<<strong>br</strong> />
ção dos serviços de TV a Cabo, MMDS,<<strong>br</strong> />
DTH e LMDS (novas tecnologias de co-<<strong>br</strong> />
municação). Vincula-se, também, ao en-<<strong>br</strong> />
caminhamento da regulamentação da Ra-<<strong>br</strong> />
diodifusão Comunitária e à tramitação da<<strong>br</strong> />
Lei de Impraisa. Estes fatos e circunstân-<<strong>br</strong> />
cias somam-se á já crônica situação da<<strong>br</strong> />
radiodifusão convencional (rádio AM e<<strong>br</strong> />
FM e TV em VHF) e ao descumpnmento<<strong>br</strong> />
sistemático, pelo Congresso Nacional, por<<strong>br</strong> />
quase cinco anos consecutivos, da Lei n 0<<strong>br</strong> />
8.389 de 30/<strong>12</strong>/91, que detenninou a ins-<<strong>br</strong> />
talação do Conselho de Comunicação So-<<strong>br</strong> />
cial, órgão auxiliar do Congresso Nacio-<<strong>br</strong> />
nal, previsto na Constituição.<<strong>br</strong> />
O Quadro que aqui traçamos não dei-<<strong>br</strong> />
xa dúvidas de que o Estado -<<strong>br</strong> />
notadamente os poderes Executivo,<<strong>br</strong> />
Legislativo e Judiciário federais - está<<strong>br</strong> />
se contrapondo, de forma flagrante, ao<<strong>br</strong> />
interesse público e que a área das comu-<<strong>br</strong> />
nicações, que é estratégica para a cons-<<strong>br</strong> />
trução da democracia e para o desenvol-<<strong>br</strong> />
vimento econômico do país, está sujeita<<strong>br</strong> />
ao apetite de grupos políticos e econô-<<strong>br</strong> />
micos e submetida a um quadro de<<strong>br</strong> />
descumprimento e ausência de leis onde<<strong>br</strong> />
predomina o uso da força, caracterizan-<<strong>br</strong> />
do um estado de barbárie.<<strong>br</strong> />
Ao apresentar publicamente estas<<strong>br</strong> />
considerações, o Fóaim Nacional pela<<strong>br</strong> />
democratização faz um derradeiro esfor-<<strong>br</strong> />
ço para que este quadro seja alterado por<<strong>br</strong> />
atitudes politizadas e de considerações ao<<strong>br</strong> />
interesse público, de parte dos diversos<<strong>br</strong> />
agaites sociais envolvidos. f"}<<strong>br</strong> />
Este texto é parte do DOSSIÊ DÁS CO-<<strong>br</strong> />
MUNICAÇÕES do Fórum<<strong>br</strong> />
VÍDEO A VENDA NO CPV<<strong>br</strong> />
"Canção para<<strong>br</strong> />
Zumbi"<<strong>br</strong> />
"Zumbi: você não morreu!"<<strong>br</strong> />
Este grito já é uma canção coletiva<<strong>br</strong> />
da consciência negra. Ele, Zumbi,<<strong>br</strong> />
vive, revive, em todos os negros e ne-<<strong>br</strong> />
gras que se assumem altivamente li-<<strong>br</strong> />
vres. Vive seu Quilombo dos Palmares<<strong>br</strong> />
em todos os quilombos resistentes por<<strong>br</strong> />
esse Brasil afora. Vive e luta e sonha<<strong>br</strong> />
nesse grande quilombo da convivên-<<strong>br</strong> />
cia na alteridade, da justiça com dig-<<strong>br</strong> />
nidade, da libertação total.<<strong>br</strong> />
Este vídeo é mais uma voz a cores,<<strong>br</strong> />
a sons, a sonhos, nessa grande "Can-<<strong>br</strong> />
ção para Zumbi". Sonhando e voando<<strong>br</strong> />
com o pássaro negro livre. Contem-<<strong>br</strong> />
plando emocionalmente a alma negra,<<strong>br</strong> />
que se afirma diferente e solidária, na<<strong>br</strong> />
arte e no trabalho, na mística e na fes-<<strong>br</strong> />
ta. Assumindo comprometidamente,<<strong>br</strong> />
com todo o Afro<strong>br</strong>asil e a Afroamérica<<strong>br</strong> />
e Africamãe, a mensagem do<<strong>br</strong> />
Quilombo dos Palmares, mais atual do<<strong>br</strong> />
que nunca.<<strong>br</strong> />
Produção: Verbo Filmes<<strong>br</strong> />
Duração: 25 minutos<<strong>br</strong> />
Preço: 30,00<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N° 232 - 30/06/96 22 Nacional<<strong>br</strong> />
SINCOHAB - 23/ 05/96 - N 0 82<<strong>br</strong> />
Despenca a popularidade do governo<<strong>br</strong> />
Pesquisas divulgadas durante o últi-<<strong>br</strong> />
mo fim de semana, pela grande impren-<<strong>br</strong> />
sa, mostram que o presidente Fernando<<strong>br</strong> />
Henrique Cardoso precisa se levantar do<<strong>br</strong> />
"berço esplêndido" caso ele decida evitar<<strong>br</strong> />
vaias nas próximas ocasiões em que man-<<strong>br</strong> />
tiver contatos com a população.<<strong>br</strong> />
Montado no sucesso do plano real,<<strong>br</strong> />
desde a posse no cargo FHC vem<<strong>br</strong> />
esnobando as críticas da oposição e da<<strong>br</strong> />
imprensa. E a cada critica falava da es-<<strong>br</strong> />
tabilidade da moeda, do preço da fran-<<strong>br</strong> />
go, dos índices de aprovação que vinha<<strong>br</strong> />
obtendo e negava o crescimento dos nú-<<strong>br</strong> />
meros do desemprego.<<strong>br</strong> />
Mas os mais de R$ 10 bilhões que FHC<<strong>br</strong> />
distribuiu aos banqueiros, o estrago que<<strong>br</strong> />
Atenção-1996-N 0 6<<strong>br</strong> />
Fernando Henrique<<strong>br</strong> />
o desemprego e os baixos salários estão<<strong>br</strong> />
provocando ente os trabalhadores, a cha-<<strong>br</strong> />
cina dos sem-terra em Eldorado do<<strong>br</strong> />
Carajás, o fisiologismo para garantir a<<strong>br</strong> />
aprovação das reformas do Congresso<<strong>br</strong> />
Nacional e, principalmente, a falta de<<strong>br</strong> />
iniciativas do governo federal na área<<strong>br</strong> />
social - segundo especialistas - acordou<<strong>br</strong> />
a opinião pública e fez despencar os ín-<<strong>br</strong> />
dices de aprovação de Fernando<<strong>br</strong> />
Henrique.<<strong>br</strong> />
Ministros e assessores presidenciais,<<strong>br</strong> />
consultados pela grande imprensa no iní-<<strong>br</strong> />
cio desta semana, diziam ser um "fenô-<<strong>br</strong> />
meno isolado e passageiro". Porém, es-<<strong>br</strong> />
pecialistas na matéria, contrariando as<<strong>br</strong> />
análises "chapas <strong>br</strong>ancas", confirmavam<<strong>br</strong> />
a tendência de queda dos índices de<<strong>br</strong> />
FHC, depois de um período de estabili-<<strong>br</strong> />
dade. Quanto ao fato do isolamento da<<strong>br</strong> />
tendência, explicavam que é assim mes-<<strong>br</strong> />
mo que funciona: começam nos grandes<<strong>br</strong> />
centros e daí irradiam-se para as cidades<<strong>br</strong> />
de pequeno porte.<<strong>br</strong> />
<strong>Greve</strong> <strong>Geral</strong><<strong>br</strong> />
A CUT, CGT e Força Sindical anun-<<strong>br</strong> />
ciaram na segunda-feira, 20/5, a convo-<<strong>br</strong> />
cação conjunta da <strong>Greve</strong> <strong>Geral</strong> para o<<strong>br</strong> />
dia 21 de junho, reivindicando política<<strong>br</strong> />
emergencial de geração de empregos, re-<<strong>br</strong> />
forma agrária, aposentadona e salários<<strong>br</strong> />
justos e manutenção dos direitos dos tra-<<strong>br</strong> />
balhadores que estão ameaçados pelas<<strong>br</strong> />
reformas de FHC. D<<strong>br</strong> />
Intelectual não vai à praia, adere<<strong>br</strong> />
A eleição do sociólogo Fernando<<strong>br</strong> />
Henrique Cardoso suscitou uma ques-<<strong>br</strong> />
tão ainda não respondida: podem os in-<<strong>br</strong> />
telectuais resistir à sedução do poder?<<strong>br</strong> />
Acadêmicos de posturas ideológicas di-<<strong>br</strong> />
versas apresentam várias opiniões so-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>e o problema da participação políti-<<strong>br</strong> />
ca dos profissionais do saber.<<strong>br</strong> />
Nada mais patético que uma reunião<<strong>br</strong> />
de artistas, escritores e jornalistas, que<<strong>br</strong> />
são também intelectuais (embora nem<<strong>br</strong> />
sempre o pareçam), com um presidente<<strong>br</strong> />
da República, para tratar de amenidades.<<strong>br</strong> />
As divindades da cultura popular <strong>br</strong>asi-<<strong>br</strong> />
leira - de Caetano Veloso e Gilberto Gil<<strong>br</strong> />
a Arnaldo Jabor -já foram comer na mão<<strong>br</strong> />
de Fernando Henrique Cardoso e só fal-<<strong>br</strong> />
taram cantar em público o hino da ree-<<strong>br</strong> />
leição. Sinal de tempos? Paradoxos que<<strong>br</strong> />
o exercício da dúvida permanente não<<strong>br</strong> />
consegue resolver.<<strong>br</strong> />
O indomável Caetano Veloso, deus do<<strong>br</strong> />
tropicalismo, manteve-se em silêncio na<<strong>br</strong> />
última reunião de artistas com FHC, em<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>il. Depois, reservadamente, co<strong>br</strong>ou,<<strong>br</strong> />
com timidez, do presidente - mais para<<strong>br</strong> />
agradar a mulher, Paula Lavigne - o ape-<<strong>br</strong> />
tite do hóspede do Planalto por mais qua-<<strong>br</strong> />
tro anos em Brasília. Nada de aborrecer<<strong>br</strong> />
o anfitrião na frente de todo mundo.<<strong>br</strong> />
Juremir Machado da Silva<<strong>br</strong> />
O historiador Sérgio Buarque de<<strong>br</strong> />
Hollanda tinha razão ao afirmar que no<<strong>br</strong> />
Brasil "até a inimizade pode ser cordial".<<strong>br</strong> />
Conhecida por não fazer concessões,<<strong>br</strong> />
a antropóloga Ruth Cardoso, no papel<<strong>br</strong> />
deslocado de primeira-dama, chamou re-<<strong>br</strong> />
centemente, em entrevista a Jô Soares, a<<strong>br</strong> />
chacina dos agricultores sem-terra do<<strong>br</strong> />
Pará de "incidente desagradabilíssimo".<<strong>br</strong> />
Diante da observação do apresentador,<<strong>br</strong> />
de que se tratava de um massacre, a pen-<<strong>br</strong> />
sadora corrigiu-se com ar de ingenuida-<<strong>br</strong> />
de: "Eu não encontrava a palavra certa".<<strong>br</strong> />
Para afagar um po<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
Adversária do reformismo da extinta<<strong>br</strong> />
Legião Brasileira de Assistência, a coor-<<strong>br</strong> />
denadora do programa da Comunidade<<strong>br</strong> />
Solidária não ficou nem um pouco<<strong>br</strong> />
constrangida ao destacar algumas das<<strong>br</strong> />
suas iniciativas para a formação profis-<<strong>br</strong> />
sional dos jovens: cursos de construtor<<strong>br</strong> />
de carros alegóricos, baseados na<<strong>br</strong> />
tecnologia carioca mas voltados ao mer-<<strong>br</strong> />
cado carnavalesco paulista, e estágios<<strong>br</strong> />
para DJs com a intenção de suprir as ne-<<strong>br</strong> />
cessidades das discotecas que "florescem<<strong>br</strong> />
em cada esquina". A intelectual impla-<<strong>br</strong> />
cável, guindada ao poder na função de<<strong>br</strong> />
esposa, aderiu ao reformismo deslavado<<strong>br</strong> />
com requintes teóricos, dado que as trans-<<strong>br</strong> />
formações do capitalismo exigem solu-<<strong>br</strong> />
ções imaginativas para a criação de no-<<strong>br</strong> />
vos empregos.<<strong>br</strong> />
Fernando Henrique Cardoso cercou-<<strong>br</strong> />
se de amigos respeitados nas universida-<<strong>br</strong> />
des. Os ministros Francisco Weffort (Cul-<<strong>br</strong> />
tura), Paulor Renato de Sousa (Educa-<<strong>br</strong> />
ção), José Serra (Planejamento) e Bresser<<strong>br</strong> />
Pereira (Administração) são bons exem-<<strong>br</strong> />
plos da desvairada nau intelectual<<strong>br</strong> />
conduzida por FHC em tempos de Plano<<strong>br</strong> />
Real. Oponentes de ocasião do governo<<strong>br</strong> />
de Fernando Collor ajudam agora a cons-<<strong>br</strong> />
truir um Brasil não muito distante daquele<<strong>br</strong> />
sonhado pelo chefe da "República das<<strong>br</strong> />
Alagoas".<<strong>br</strong> />
Mas o casal presidencial sofre com<<strong>br</strong> />
as estocadas dos acadêmicos que não<<strong>br</strong> />
quiseram - ou não puderam - fixar resi-<<strong>br</strong> />
dência em Brasília. Um caso singular é o<<strong>br</strong> />
do filósofo José Arthur Gianotti, 66 anos,<<strong>br</strong> />
que tem uma trajetória de reflexão em<<strong>br</strong> />
comum com Fernando Henrique Cardo-<<strong>br</strong> />
so. Amigos, ex-marxistas, críticos da di-<<strong>br</strong> />
tadura militar, sonharam com um socia-<<strong>br</strong> />
lismo algo indefinido e empregaram suas<<strong>br</strong> />
energias no estudo dos problemas da<<strong>br</strong> />
sociedade <strong>br</strong>asileira. Hoje, Gianotti, pro-<<strong>br</strong> />
fessor aposentado da USP, experimenta<<strong>br</strong> />
a desconfortável tentativa de apoiar FHC<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 23 Nacional<<strong>br</strong> />
sem perder o senso crítico. Prímeiro-<<strong>br</strong> />
amigo intelectual do chefe da nação,<<strong>br</strong> />
Gianotti tem repetido que o importante<<strong>br</strong> />
é a tensão entre esquerda e direita, fruto<<strong>br</strong> />
da aliança PSDB-PFL, não se inclinar<<strong>br</strong> />
para o conservadorismo. A amizade tal-<<strong>br</strong> />
vez o impeça de enxergar as verdadei-<<strong>br</strong> />
ras oscilações desse pêndulo que não se<<strong>br</strong> />
envergonha de salvar o Banco Econô-<<strong>br</strong> />
mico para satisfazer ACM nem de a<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />
vaga de ministro por exigência de Paulo<<strong>br</strong> />
Maluf. Gianotti exige medidas mais con-<<strong>br</strong> />
sistentes no plano social, mas não hesita<<strong>br</strong> />
em colocar sua inteligência a serviço da<<strong>br</strong> />
"coisa pública".<<strong>br</strong> />
O historiador Marco Aurélio Garcia,<<strong>br</strong> />
54 anos, professor do Departamento de<<strong>br</strong> />
História Contemporânea da Unicamp e<<strong>br</strong> />
secretário de Relações Internacionais do<<strong>br</strong> />
Partido dos Trabalhadores, olha a<<strong>br</strong> />
revoada adesista de muitos de seus pares<<strong>br</strong> />
com desencanto. O poder, salienta, "exer-<<strong>br</strong> />
ce forte atração so<strong>br</strong>e intelectuais em<<strong>br</strong> />
geral", pois cria a idéia, nem sempre rea-<<strong>br</strong> />
lista, da passagem da teoria à prática.<<strong>br</strong> />
Garcia lem<strong>br</strong>a que a tradição de adesão<<strong>br</strong> />
da intelectualidade <strong>br</strong>asileira perde-se no<<strong>br</strong> />
tempo. "No Brasil, praticamente não exis-<<strong>br</strong> />
te o fenômeno de uma camada intelectu-<<strong>br</strong> />
al excluída do poder. Mas o que mais me<<strong>br</strong> />
preocupa no momento é a inação. Boa<<strong>br</strong> />
parte da intelectualidade, mesmo entre os<<strong>br</strong> />
que não se comprometeram com FHC,<<strong>br</strong> />
está pouco critica. Impera o pensamento<<strong>br</strong> />
único", desabafa. De esquerda ou de di-<<strong>br</strong> />
reita, os intelectuais resistem a duvidar<<strong>br</strong> />
de si mesmos.<<strong>br</strong> />
Sujar as mão ou não,<<strong>br</strong> />
eis a questão<<strong>br</strong> />
Com a imprensa "apática ou submis-<<strong>br</strong> />
sa" - salvo exceções como o persistente<<strong>br</strong> />
Carlos Heitor Cony e o debochado José<<strong>br</strong> />
Simão - e as universidades anestesiadas.<<strong>br</strong> />
Marco Aurélio teme pelo futuro. Sem<<strong>br</strong> />
contestar a necessidade de participação<<strong>br</strong> />
dos intelectuais em algum tipo de insti-<<strong>br</strong> />
tuição, logo, de poder, reconhece a con-<<strong>br</strong> />
tradição entre "sujar as mãos" - deixar o<<strong>br</strong> />
discurso e mergulhar na experiência - e<<strong>br</strong> />
permanecer critico. "FHC, como presi-<<strong>br</strong> />
dente da República, não pode ter a mes-<<strong>br</strong> />
ma autonomia que possuia enquanto so-<<strong>br</strong> />
ciólogo",justifica. Poucos se arrependem<<strong>br</strong> />
de trocar a liberdade de pensar pelo pra-<<strong>br</strong> />
zer de comandar.<<strong>br</strong> />
Na dança dos governos, alguns casos<<strong>br</strong> />
provocaram muito polêmica. Entre eles,<<strong>br</strong> />
a presença do ensaísta e diplomado Sér-<<strong>br</strong> />
gio Paulo Rouanet no cargo de secretá-<<strong>br</strong> />
rio da Cultura de Fernando Collor, bem<<strong>br</strong> />
como a de Celso Lafer, especialista em<<strong>br</strong> />
Direito Internacional, no Mnistério das<<strong>br</strong> />
Relações Exteriores. O próprio FHC<<strong>br</strong> />
quase foi seduzido por Collor e só não<<strong>br</strong> />
capitulou porque Mário Covas puxou-<<strong>br</strong> />
lhe as orelhas. Mas a transição que pro-<<strong>br</strong> />
vocou maior falatório foi a do ex-diri-<<strong>br</strong> />
gente petista Francisco Weffort ao gru-<<strong>br</strong> />
po de colaboradores diretos de Fernando<<strong>br</strong> />
Henrique. Weffort, escaldado, não quer<<strong>br</strong> />
falar do assunto. Marco Aurélio Garcia,<<strong>br</strong> />
ao contrário, jogou-se com tudo na are-<<strong>br</strong> />
na e encontrou atenuantes para Rouanet,<<strong>br</strong> />
"um homem sofisticado, sem tradição<<strong>br</strong> />
política, que sucumbiu à atração exercida<<strong>br</strong> />
pelo poder so<strong>br</strong>e a vaidade das pessoas",<<strong>br</strong> />
não perdoou Weffort, que esteve na co-<<strong>br</strong> />
ordenação do programa de governo de<<strong>br</strong> />
Lula e escreveu, durante a campanha elei-<<strong>br</strong> />
toral de 1994, violento artigo contra a<<strong>br</strong> />
aliança PSDB-PFL.<<strong>br</strong> />
Weffort continuou,<<strong>br</strong> />
sem fazer nada<<strong>br</strong> />
"Weffort atacou a união de Fernando<<strong>br</strong> />
Henrique com Antônio Carlos Magalhães<<strong>br</strong> />
num texto intitulado: "A Segunda Re-<<strong>br</strong> />
volução Democrática", publicado no li-<<strong>br</strong> />
vro "Treze Razões Para Votar em Lula",<<strong>br</strong> />
editado pelo PT. No dia 4 de outu<strong>br</strong>o de<<strong>br</strong> />
1994, utilizou o mesmo título na Folha<<strong>br</strong> />
de São Paulo para anunciar sua adesão a<<strong>br</strong> />
FHC", recorda Garcia. Indignado com a<<strong>br</strong> />
"traição", afirma que o mais grave con-<<strong>br</strong> />
siste em Weffort continuar no Ministé-<<strong>br</strong> />
rio da Cultura depois de dezoito meses<<strong>br</strong> />
"sem fazer nada" ou satisfazendo-se em<<strong>br</strong> />
"atrair financiamentos privados para o<<strong>br</strong> />
setor". Marco Aurélio vê em Francisco<<strong>br</strong> />
Weffort o protótipo do estrago que o fas-<<strong>br</strong> />
cínio pelo poder pode fazer no imaginá-<<strong>br</strong> />
rio de um intelectual. Questão de ângu-<<strong>br</strong> />
lo: Weffort acha que está patrocinando<<strong>br</strong> />
uma revolução cultural.<<strong>br</strong> />
Na era da diversidade, a posição de<<strong>br</strong> />
Marco Aurélio Garcia encontra vários<<strong>br</strong> />
tipos de relativização (ou de agravantes).<<strong>br</strong> />
O cientista político José Álvaro Moisés,<<strong>br</strong> />
50 anos, professor da USP e secretário<<strong>br</strong> />
nacional de Apoio à Cultura no ministé-<<strong>br</strong> />
rio de Francisco Weffort, assegura ter<<strong>br</strong> />
uma visão positiva do interesse dos inte-<<strong>br</strong> />
lectuais pelo poder. Segundo ele, também<<strong>br</strong> />
petista em revoada, "o compromisso com<<strong>br</strong> />
a transformação da sociedade e com o<<strong>br</strong> />
combate às desigualdades inaceitáveis"<<strong>br</strong> />
implica sair da cômoda postura contem-<<strong>br</strong> />
plativa e correr os nscos da atuação. "O<<strong>br</strong> />
fascínio pelo poder explica-se pela pos-<<strong>br</strong> />
sibilidade de ultrapassar o domiruo limi-<<strong>br</strong> />
tado das teses acadêmicas e ir á prática",<<strong>br</strong> />
analisa.<<strong>br</strong> />
José Álvaro entende que criticar, in-<<strong>br</strong> />
terpretar e mudar se caizam, exigindo a<<strong>br</strong> />
"utilização das estruturas do poder para<<strong>br</strong> />
concretizar projetos legítimos". Também<<strong>br</strong> />
interessado nas paradigmáticas adesões<<strong>br</strong> />
de Rouanet e Weffort, Moisés relem<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />
com satisfação o fato de ter dito a Bár-<<strong>br</strong> />
bara Freitag, esposa de Sérgio Paulo<<strong>br</strong> />
Rouanet, que se o diplomata considera-<<strong>br</strong> />
va possível fazer algo pela cultura acei-<<strong>br</strong> />
tando o convite de Collor, não devena<<strong>br</strong> />
vacilar. Direto, Moisés defende FHC dos<<strong>br</strong> />
que o repudiam por ter-se aliado aos con-<<strong>br</strong> />
servadores e apresenta três razões para,<<strong>br</strong> />
enquanto intelectual, permanecer no pos-<<strong>br</strong> />
to que ocupa: "O Ministério da Cultura<<strong>br</strong> />
criou condições para democratizar o aces-<<strong>br</strong> />
so da população aos bens culturais, des-<<strong>br</strong> />
centralizou recursos e mobilizou novos<<strong>br</strong> />
investidores e parceiros".<<strong>br</strong> />
Entusiasmado com o apoio de FHC<<strong>br</strong> />
aos programas da Cultura, José Álvaro<<strong>br</strong> />
Moisés destaca a distribuição, em 1995,<<strong>br</strong> />
de 72% dos recursos do Mnistério (de<<strong>br</strong> />
um total de 86 milhões de reais), para as<<strong>br</strong> />
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.<<strong>br</strong> />
Os investimentos privados passaram de<<strong>br</strong> />
15 milhões de reais, em 1994, a 56 mi-<<strong>br</strong> />
lhões de reais, em 1996. Elementos que<<strong>br</strong> />
levam o intelectual a engajar-se na sus-<<strong>br</strong> />
tentação a FHC, a contestar os que o ro-<<strong>br</strong> />
tulam de neoliberal, a valorizar a estra-<<strong>br</strong> />
tégia econômica, a legitimar as medidas<<strong>br</strong> />
adotadas para "salvar" o sistema finan-<<strong>br</strong> />
ceiro da bancarrota e a mostrar-se favo-<<strong>br</strong> />
rável às reformas administrativa e da<<strong>br</strong> />
Previdência. "Estou vivendo a realidade<<strong>br</strong> />
do serviço público; a estabilidade defen-<<strong>br</strong> />
de o emprego, mas também o corporati-<<strong>br</strong> />
vismo", exemplifica. Depois disso, vári-<<strong>br</strong> />
os adversários políticos de Moisés certa-<<strong>br</strong> />
mente obterão para ele uma cadeira cati-<<strong>br</strong> />
va no panteão dos hereges. Sem dar bola,<<strong>br</strong> />
o professor entende que FHC pode e deve<<strong>br</strong> />
fazer mais na área social. Aos intelectu-<<strong>br</strong> />
ais, em contrapartida, cabena encontrar<<strong>br</strong> />
coragem para escapar das "criticas ocas".<<strong>br</strong> />
Alheio ao oposicionismo fervoroso de<<strong>br</strong> />
Marco Aurélio Garcia e ao adesismo<<strong>br</strong> />
apaixonado de José Álvaro Moisés, Le-<<strong>br</strong> />
ôncio Martins Rodrigues, 61 anos, pro-<<strong>br</strong> />
fessor titular de Ciência Política na Uni-<<strong>br</strong> />
camp, acha que o "poder fascina quem<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 24 Nacional<<strong>br</strong> />
gosta de política, intelectual ou não. Para<<strong>br</strong> />
muitos, o poder funciona como afrodisía-<<strong>br</strong> />
co e terapia ocupacional".<<strong>br</strong> />
Rodrigues sublinha que "os intelectu-<<strong>br</strong> />
ais costumam ser críticos do poder capi-<<strong>br</strong> />
talista, mas não do socialista, o super-<<strong>br</strong> />
poder". No Brasil, em todo o caso, as<<strong>br</strong> />
universidades servem de reservatório de<<strong>br</strong> />
quadros para o Estado. "Ao contrário do<<strong>br</strong> />
que ocorre em outros paises", insiste o<<strong>br</strong> />
cientista político, "não existe uma<<strong>br</strong> />
intelectualidade <strong>br</strong>asileira fortemente se-<<strong>br</strong> />
parada da política". A aproximação a<<strong>br</strong> />
FHC, entretanto, não lhe parece motiva-<<strong>br</strong> />
da por relações pessoais, mas pelo fato<<strong>br</strong> />
de que o liberalismo é dominante no mun-<<strong>br</strong> />
do atual e a maioria dos intelectuais, com<<strong>br</strong> />
a derrocada das clássicas utopias de es-<<strong>br</strong> />
querda, denvou para as posições liberais.<<strong>br</strong> />
"Mais resistentes do que estes, só as ba-<<strong>br</strong> />
ratas e os trotskistas", afirma.<<strong>br</strong> />
Se Lula vencesse, os<<strong>br</strong> />
intelectuais adeririam<<strong>br</strong> />
Apesar de ver na separação entre sa-<<strong>br</strong> />
ber e poder um benefício para as ciênci-<<strong>br</strong> />
as, Leôncio Martins Rodngues afirma que<<strong>br</strong> />
não presenciamos nada de novo: FHC não<<strong>br</strong> />
produziu nenhum efeito inusitado ao atrair<<strong>br</strong> />
intelectuais para o seu governo. Deu-se a<<strong>br</strong> />
continuidade de uma tradição, não a ruptu-<<strong>br</strong> />
ra. "Os intelectuais de esquerda", ironiza,<<strong>br</strong> />
"também querem o poder, e Lula, o ex-ope-<<strong>br</strong> />
rário, é uma ilha, cercado de intelectuais<<strong>br</strong> />
por todos os lados. Se o PT ganhar uma<<strong>br</strong> />
eleição presidencial, todos aderirão ao po-<<strong>br</strong> />
der" . Anda mais cédco, o historiador gaú-<<strong>br</strong> />
cho Décio Freitas - intelectual de esquerda<<strong>br</strong> />
que redescobnu Zumbi, escreveu páginas<<strong>br</strong> />
fundamentais da históna dos vaicidos no<<strong>br</strong> />
Brasil e amaigou o exílio durante a ditadu-<<strong>br</strong> />
ra militar - afimia: "Os intelectuais têm,<<strong>br</strong> />
além do fascínio pelo poder, a taitação do<<strong>br</strong> />
autoritarismo, o que é própno de quem<<strong>br</strong> />
julga ser detaitor da verdade". Afínnação<<strong>br</strong> />
que ajuda a compreender os recaites co-<<strong>br</strong> />
mentários, depois desmentidos, de FHC a<<strong>br</strong> />
respeito da hipótese de fechamaito do Con-<<strong>br</strong> />
gresso. Democratas na oposição, os inte-<<strong>br</strong> />
lectuais sentem-se incomodados pelo<<strong>br</strong> />
"formalismo" das instituições etêm von-<<strong>br</strong> />
tade de eliminar os aitraves á realiza-<<strong>br</strong> />
ção de seus projetos sempre apresenta-<<strong>br</strong> />
dos como perfeitos.<<strong>br</strong> />
Enquanto os intelectuais discutem, o<<strong>br</strong> />
povo passa fome, a reforma agrária exi-<<strong>br</strong> />
ge mortes de inocentes para tentar avan-<<strong>br</strong> />
çar, o econômico condena o social a espe-<<strong>br</strong> />
rar e os governantes encontram teorias<<strong>br</strong> />
fantásticas para justificar o injustificável.<<strong>br</strong> />
A imprensa <strong>br</strong>asileira, forte nas necessá-<<strong>br</strong> />
rias denúncias aos desmandos oficiais,<<strong>br</strong> />
atinge o seu nível mais alto de vulgarida-<<strong>br</strong> />
de das últimas décadas e pauta-se pelo<<strong>br</strong> />
horror à reflexão e à análise; as universi-<<strong>br</strong> />
dades chafurdam no marasmo; os paisa-<<strong>br</strong> />
dores estão sujeitos a morrer de tédio. A<<strong>br</strong> />
históna das idéias é a história das ilu-<<strong>br</strong> />
sões e das vaidades. G<<strong>br</strong> />
Juremír Machado da Silva, 34 anos,<<strong>br</strong> />
jornalista e historiador gaúcho, é dou-<<strong>br</strong> />
tor em Sociologia pela Sorbonne de<<strong>br</strong> />
Paris. Professor da Faculdade de Mei-<<strong>br</strong> />
os de Comunicação da PUC-RS, é au-<<strong>br</strong> />
tor de Cai a Noite em Palomas.<<strong>br</strong> />
Boletim Dieese - A<strong>br</strong>il/96 - N 0 181 internacional<<strong>br</strong> />
Entre 21 de outu<strong>br</strong>o e 11 de novem-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>o de 1995, um grupo de dirigentes e<<strong>br</strong> />
assessores sindicais, além de técnicos<<strong>br</strong> />
do DIEESE, visitou os Estados Unidos<<strong>br</strong> />
para conhecer de perto o movimento<<strong>br</strong> />
sindical daquele país, as características<<strong>br</strong> />
das relações de trabalho e como as ques-<<strong>br</strong> />
tões ligadas às inovações tecnológicas<<strong>br</strong> />
têm sido enfrentadas pelos trabalhado-<<strong>br</strong> />
res norte-americanos. Essa missão - a<<strong>br</strong> />
exemplo da relatada no Boletim n" 179<<strong>br</strong> />
-foi realizada no âmbito do Programa<<strong>br</strong> />
de Capacitação desenvolvido em 1994,<<strong>br</strong> />
em Átibaia (SP). Desta vez, o relato de<<strong>br</strong> />
viagem foi elaborado pela subseção do<<strong>br</strong> />
DIEESE na Confederação Nacional<<strong>br</strong> />
dos Trabalhadores na Agricultura<<strong>br</strong> />
(Contag).<<strong>br</strong> />
A programação das visitas aos Esta-<<strong>br</strong> />
dos Unidos foi efetuada com a colabora-<<strong>br</strong> />
ção da principal central sindical norte-<<strong>br</strong> />
americana, a AFL-CIO. Segundo seus<<strong>br</strong> />
assessores, a caitral tem hoje cerca de<<strong>br</strong> />
13,5 milhões de trabalhadores filiados,<<strong>br</strong> />
que representam certa de 15% da Popu-<<strong>br</strong> />
Estados Unidos: Aspectos do<<strong>br</strong> />
Panorama Sindical<<strong>br</strong> />
lação Economicamente Ativa (PEA).<<strong>br</strong> />
Outros 3% são filiados a outras entida-<<strong>br</strong> />
des sindicais não são representados pela<<strong>br</strong> />
central.<<strong>br</strong> />
A base sindical da AFL-CIO é com-<<strong>br</strong> />
posta por 88 sindicatos nacionais ou in-<<strong>br</strong> />
ternacionais, cinqüaita federações esta-<<strong>br</strong> />
duais, mais Porto Rico, e 60 mil sindica-<<strong>br</strong> />
tos de base. Também há departamaitos<<strong>br</strong> />
nos continaites, que têm por finalidade<<strong>br</strong> />
"disseminar idéias"<<strong>br</strong> />
A AFL-CIO foi fundada em 1955,<<strong>br</strong> />
quando duas centrais sindicais indepen-<<strong>br</strong> />
dentes a AFL e a CIO - se uniram. A<<strong>br</strong> />
direção da central, eleita no final de ou-<<strong>br</strong> />
tu<strong>br</strong>o (as eleições ocorreram na primei-<<strong>br</strong> />
ra semana de visitas da missão), propõe-<<strong>br</strong> />
se atuar na defesa dos direitos sociais,<<strong>br</strong> />
que atualmente enfrentam ataques no<<strong>br</strong> />
Congresso norte-americano, de maioria<<strong>br</strong> />
republicana. Outro problema a ser en-<<strong>br</strong> />
frentado pela nova diretoria é a diminui-<<strong>br</strong> />
ção da base sindical além das condições<<strong>br</strong> />
de vida e trabalho, que pioraram signifi-<<strong>br</strong> />
cativamente no país nos últimos tempos.<<strong>br</strong> />
As negociações das questões traba-<<strong>br</strong> />
lhistas são normalmente difíceis nos Es-<<strong>br</strong> />
tados Unidos. O setor empresaria! norte-<<strong>br</strong> />
americano sempre teve uma postura ex-<<strong>br</strong> />
tremamente anti-sindical. Durante o pe-<<strong>br</strong> />
ríodo de crescimento econômico sem<<strong>br</strong> />
competitividade externa (1955/1973), os<<strong>br</strong> />
custos dos reajustes salariais e dos bene-<<strong>br</strong> />
fícios eram repassados aos preços, sob a<<strong>br</strong> />
ótica da filosofia "melhores salános, mais<<strong>br</strong> />
consumo e maior produção". Natural-<<strong>br</strong> />
mente, esse ganho se deu ao longo de<<strong>br</strong> />
muitos anos, tanto que não foi acompa-<<strong>br</strong> />
nhado por um processo infl aciona no<<strong>br</strong> />
A partir da década de 70, os Estados<<strong>br</strong> />
Unidos começaram a se reestruturar para<<strong>br</strong> />
enfrentar a competitividade de outros<<strong>br</strong> />
países, tomando inviável qualquer repas-<<strong>br</strong> />
se dos custos aos preços. Assim, a pos-<<strong>br</strong> />
tura anti-sindical do setor empresarial<<strong>br</strong> />
tornou-se ainda mais evidente,<<strong>br</strong> />
explicitando os conflitos que agora exi-<<strong>br</strong> />
gem que o movimaito sindical repaise<<strong>br</strong> />
suas ações. Além disso, o movimento sin-<<strong>br</strong> />
dical norte-americano e os trabalhadores<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 25 Internacional<<strong>br</strong> />
têm unia postura muito individualista em<<strong>br</strong> />
relação à compreensão e à busca de so-<<strong>br</strong> />
luções de problemas: não discutem o de-<<strong>br</strong> />
semprego do ponto de vista estrutural;<<strong>br</strong> />
não cogitam a solidariedade com o mo-<<strong>br</strong> />
vimento sindical de outros paises; só de-<<strong>br</strong> />
fendem os interesses dos associados; são<<strong>br</strong> />
contra o NAFTA ( o mercado comum da<<strong>br</strong> />
América do Norte) por causa da dimi-<<strong>br</strong> />
nuição do emprego e redução de salári-<<strong>br</strong> />
os de seus associados, não discutindo<<strong>br</strong> />
também as questões de forma mais<<strong>br</strong> />
a<strong>br</strong>angente. Um exemplo disso é a falta<<strong>br</strong> />
de articulação entre os sindicatos norte-<<strong>br</strong> />
americanos, canadenses e mexicanos.<<strong>br</strong> />
A busca da parceria é a tônica que<<strong>br</strong> />
transparece nas descrições das ações do<<strong>br</strong> />
movimento sindical enos relatos dos pró-<<strong>br</strong> />
prios ativistas norte-americanos. Para<<strong>br</strong> />
eles, não há dúvida quanto á busca do<<strong>br</strong> />
lucro da empresa como garantia de em-<<strong>br</strong> />
prego, salários e benefícios.<<strong>br</strong> />
A seguir, destacam-se os principais<<strong>br</strong> />
pontos discutidos durante a viagem.<<strong>br</strong> />
EMPREGO<<strong>br</strong> />
A discussão do emprego é feita por<<strong>br</strong> />
empresa ou setor. Quando se fala do de-<<strong>br</strong> />
semprego, não se discute o tema com uma<<strong>br</strong> />
abordagem mais ampla, como um pro-<<strong>br</strong> />
blema estrutural. Muitos expositores dis-<<strong>br</strong> />
seram que a discussão estrutural deve ser<<strong>br</strong> />
feita pela central. Além, disso, acreditam<<strong>br</strong> />
que, realizando-se o treinamento adequa-<<strong>br</strong> />
do, os trabalhadores que perderem seus<<strong>br</strong> />
empregos estarão aptos a conseguir ou-<<strong>br</strong> />
tra atividade, tanto que estudiosos e sin-<<strong>br</strong> />
dicalistas afirmaram que as taxas de de-<<strong>br</strong> />
semprego têm se mantido estáveis nos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos, mas assiste-se ao aumen-<<strong>br</strong> />
to da precarização do trabalho<<strong>br</strong> />
A maior parte dos trabalhadores con-<<strong>br</strong> />
segue um novo posto de trabalho, um<<strong>br</strong> />
salário menor e menos benefícios, de pior<<strong>br</strong> />
qualidade. Um exemplo desse problema<<strong>br</strong> />
é o caso da AT&T, onde o número de<<strong>br</strong> />
trabalhadores foi reduzido drasticamen-<<strong>br</strong> />
te. Em 1^87, a empresa empregava 28<<strong>br</strong> />
mil telefonistas e , hoje, apenas 3 mil. A<<strong>br</strong> />
tendência é a de que o quadro de funcio-<<strong>br</strong> />
nários diminua ainda mais. No entanto,<<strong>br</strong> />
o número de postos de trabalho no setor<<strong>br</strong> />
de telecomunicações aumentou desde<<strong>br</strong> />
1984, a exemplo do total de empresas do<<strong>br</strong> />
setor, muitas delas terceirizadas.<<strong>br</strong> />
A geração de novos postos de traba-<<strong>br</strong> />
lho concentra-se nas áreas de serviços,<<strong>br</strong> />
responsáveis por 70% das novas coloca-<<strong>br</strong> />
ções. Além disso, há pouco emprego para<<strong>br</strong> />
mão-de-o<strong>br</strong>a não especializada. São co-<<strong>br</strong> />
muns, ainda, os programas de incentivo à<<strong>br</strong> />
aposaitadoria, de danissão voluntária com<<strong>br</strong> />
indenizações e programas de realocação<<strong>br</strong> />
feitos pela empresa e o sindicato.<<strong>br</strong> />
A discussão da redução da jornada de<<strong>br</strong> />
trabalho não está na pauta sindical. Pelo<<strong>br</strong> />
Contrário, os trabalhadores costumam re-<<strong>br</strong> />
alizar horas extras, o que não gera no-<<strong>br</strong> />
vos empregos. Ainda que não seja ape-<<strong>br</strong> />
nas pela utilização de uma jornada ex-<<strong>br</strong> />
traordinária, só a indústria automobilis-<<strong>br</strong> />
tica de Detroit desempregou 150 mil tra-<<strong>br</strong> />
balhadores nos últimos anos.<<strong>br</strong> />
A redução dos empregos atingiu igual-<<strong>br</strong> />
mente outras áreas de atividade. No se-<<strong>br</strong> />
tor público, 100 mil trabalhadores já dei-<<strong>br</strong> />
xaram seus postos através dos progra-<<strong>br</strong> />
mas de incentivo e, nos próximos três<<strong>br</strong> />
anos, devem sair mais 60 mil. A redução<<strong>br</strong> />
de empregos atingiu também o setor têx-<<strong>br</strong> />
til. Em vinte anos, o número de trabalha-<<strong>br</strong> />
dores passou de 200 mil para 100 mil.<<strong>br</strong> />
Atualmente, cerca de 50% das roupas<<strong>br</strong> />
vendidas nos Estados Unidos são impor-<<strong>br</strong> />
tadas de outros países. A estratégia hoje<<strong>br</strong> />
é competir no mercado de roupas mais<<strong>br</strong> />
caras e com melhor qualidade.<<strong>br</strong> />
Uma atuação mais agressiva do movi-<<strong>br</strong> />
mento sindical noite-amencano ocorreu na<<strong>br</strong> />
Xerox. A empresa realizava demissões nos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos e empregava no México.<<strong>br</strong> />
O sindicato entrou na discussão, fez uma<<strong>br</strong> />
proposta de reestartura- ção que garantiu<<strong>br</strong> />
o lucro e trouxe empregos de volta.<<strong>br</strong> />
Apesar desse exemplo, o núcleo de<<strong>br</strong> />
mercado de trabalho está diminuindo nos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos. Não adianta só trabalhar<<strong>br</strong> />
bem: não há estabilidade e confiança no<<strong>br</strong> />
futuro mesmo para quem está empregado<<strong>br</strong> />
REESTRUTURAÇÃO<<strong>br</strong> />
PRODUTIVA<<strong>br</strong> />
Um dos problanas mais destacados nas<<strong>br</strong> />
conversas com os dingaites sindicais diz<<strong>br</strong> />
respeito á queda da qualidade de vida e de<<strong>br</strong> />
trabalho no pai s. Apesar de o padrão de vida<<strong>br</strong> />
ainda ser um dos melhores do mundo, de<<strong>br</strong> />
van caindo muito, com a piora de vános<<strong>br</strong> />
indicadores soaais como saúde, educação,<<strong>br</strong> />
mortalidade infantil e alfabetização.<<strong>br</strong> />
O nível de rendimentos do trabalho<<strong>br</strong> />
também tem se reduzido. Entre 1945 e<<strong>br</strong> />
1973, os salários subiam e, simultanea-<<strong>br</strong> />
mente, diminuíam as diferenças entre os<<strong>br</strong> />
níveis salariais. De 1973 e 1993, o salá-<<strong>br</strong> />
rio real caiu e a renda ficou mais con-<<strong>br</strong> />
centrada: os salários cresceram para os<<strong>br</strong> />
20% mais ricos, mantiveram-se estáveis<<strong>br</strong> />
para outros 20% e diminuíram para os 60%<<strong>br</strong> />
mais po<strong>br</strong>es.<<strong>br</strong> />
A negociação de benefícios, que po-<<strong>br</strong> />
deria contribuir para a maior estabilida-<<strong>br</strong> />
de dos rendimentos ou melhoria do nível<<strong>br</strong> />
de vida, praticamente ocorre apenas nas<<strong>br</strong> />
categorias mais <strong>org</strong>anizadas Nesses ca-<<strong>br</strong> />
sos, os baieficios são a<strong>br</strong>angaites (segu-<<strong>br</strong> />
ro-saúde, fundos de paisão etc). E che-<<strong>br</strong> />
gam a do<strong>br</strong>ar o salário mensal. Porém na<<strong>br</strong> />
maioria das novas colocações, os salári-<<strong>br</strong> />
os são inferiores e os benefícios não exis-<<strong>br</strong> />
tem ou são menores, contribuindo com a<<strong>br</strong> />
queda da renda e da qualidade de vida.<<strong>br</strong> />
Diante de uma situação que se toma<<strong>br</strong> />
mais difícil para os trabalhadores, tem<<strong>br</strong> />
aumentado, nos Estados Unidos, o<<strong>br</strong> />
percentual de pessoas com mais de um<<strong>br</strong> />
emprego e o número de pessoas empre-<<strong>br</strong> />
gadas na família.<<strong>br</strong> />
Ao mesmo tempo, os trabalhadores<<strong>br</strong> />
têm sofrido com novas doenças, algumas<<strong>br</strong> />
que, normalmaite, decorrem da repetição<<strong>br</strong> />
de uni mesmo movimento, comum em de-<<strong>br</strong> />
terminadas profissões. Difícil é o sindica-<<strong>br</strong> />
to provar que a doaiça é profissional, já<<strong>br</strong> />
que alguns sintomas só surgem muito tem-<<strong>br</strong> />
po depois de realizado o trabalho<<strong>br</strong> />
As alterações introduzidas no merca-<<strong>br</strong> />
do de trabalho e o desemprego provoca-<<strong>br</strong> />
do por elas causam impactos psicológi-<<strong>br</strong> />
cos negativos tanto em quem perdeu o<<strong>br</strong> />
emprego quanto em quem o manteve.<<strong>br</strong> />
Quem fica na empresa sente-se um so-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>evivente, mas continua inseguro. Para<<strong>br</strong> />
esses trabalhadores, os projetos de par-<<strong>br</strong> />
ceria entre sindicatos e empresas são po-<<strong>br</strong> />
sitivos, pois conseguem melhores resul-<<strong>br</strong> />
tados na questão da instabilidade, nego-<<strong>br</strong> />
ciando mais garantias<<strong>br</strong> />
Outro problema ocorre nos casos de<<strong>br</strong> />
reestruturação realizada de cima para<<strong>br</strong> />
baixo, quando os trabalhadores se tor-<<strong>br</strong> />
nam mais individualistas, desligados do<<strong>br</strong> />
ponto de vista psicológico, vulneráveis,<<strong>br</strong> />
obedientes e passivos.<<strong>br</strong> />
Para os que mudaram de setor ou de<<strong>br</strong> />
emprego, a qualidade do novo trabalho<<strong>br</strong> />
é muito importante, e não conta apenas<<strong>br</strong> />
a remuneração. A situação, porém, épior<<strong>br</strong> />
para trabalhadores de setores mais tra-<<strong>br</strong> />
dicionais e de empresas mais antigas. Há<<strong>br</strong> />
uma desestruturação social, que se re-<<strong>br</strong> />
flete na vida do trabalhador e de sua fa-<<strong>br</strong> />
mília, segundo avaliações feitas por uma<<strong>br</strong> />
professora da Universidade de Pittsburg.<<strong>br</strong> />
Como forma de diminuir esses pro-<<strong>br</strong> />
blemas, ao menos em alsuns dos casos.<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 26 Internacional<<strong>br</strong> />
há um programa nos Estados unidos - o<<strong>br</strong> />
ESOP - que possibilita aos trabalhado-<<strong>br</strong> />
res assumirem a propriedade e o contro-<<strong>br</strong> />
le da empresa. Muitas vezes, quando<<strong>br</strong> />
uma empresa está em situação muito<<strong>br</strong> />
ruim, com risco de fechar, os trabalha-<<strong>br</strong> />
dores compram suas ações, a recuperam,<<strong>br</strong> />
garantem seus empregos e, na maioria<<strong>br</strong> />
das vezes, a vendem para ganhar algum<<strong>br</strong> />
dinheiro e não terem responsabilidade<<strong>br</strong> />
por sua administração, segundo dizem<<strong>br</strong> />
os próprios sindicalistas.<<strong>br</strong> />
Um exemplo diferente, porém, é o da<<strong>br</strong> />
companhia aérea United Airline. Os fun-<<strong>br</strong> />
cionários - com exceção dos pilotos -<<strong>br</strong> />
compraram 55% das ações da empresa,<<strong>br</strong> />
que estava em boa situação financeira, e<<strong>br</strong> />
se propõem a continuar a administrá-la.<<strong>br</strong> />
O sindicato, em conjunto com os tra-<<strong>br</strong> />
balhadores sindicalizados, está fazendo<<strong>br</strong> />
uma séria de modificações na forma de<<strong>br</strong> />
gestão, com trabalhos experimentais na<<strong>br</strong> />
área de qualidade dos serviços e garantia<<strong>br</strong> />
de emprego. Atualmente, discutem a com-<<strong>br</strong> />
pra da USAir.<<strong>br</strong> />
SALÁRIO E REMUNERAÇÃO<<strong>br</strong> />
Enquanto o salário minimo definido<<strong>br</strong> />
nos EUA é de US$ 4,50 por hora, a média<<strong>br</strong> />
salarial do trabalhador sindicalizado está<<strong>br</strong> />
em tomo de US$ 14,00 por hora, excluí-<<strong>br</strong> />
dos os benefícios. Com sua inclusão, a<<strong>br</strong> />
média sobe para US$ 25,00. No entanto,<<strong>br</strong> />
para os não <strong>org</strong>anizados, a média é de<<strong>br</strong> />
US$<strong>12</strong>,00, podendo haver, ou não, a in-<<strong>br</strong> />
clusão de algum tipo de beneficio.<<strong>br</strong> />
Os benefícios têm um papel muito im-<<strong>br</strong> />
portante para o trabalhador norte-amen-<<strong>br</strong> />
cano. Com eles, o salário pode do<strong>br</strong>ar,<<strong>br</strong> />
além de garantir questões importantes para<<strong>br</strong> />
a qualidade de vida do trabalhador e de<<strong>br</strong> />
sua família. E o caso, por exemplo, de um<<strong>br</strong> />
bom seguro-saúde, que nos Estados Uni-<<strong>br</strong> />
dos - país onde praticamente inexiste aten-<<strong>br</strong> />
dimento pela rede de saúde pública - é<<strong>br</strong> />
muito caro. A complementação da apo-<<strong>br</strong> />
sentadona tem a mesma importância.<<strong>br</strong> />
Nomialmente, esses benefícios são ob-<<strong>br</strong> />
tidos pelos sindicatos e a eles só tem direito<<strong>br</strong> />
o trabalhador sindicalizado. Muitas empre-<<strong>br</strong> />
sas estão mexendo nesses baiefícios, e não<<strong>br</strong> />
nos salános, para reduzir custos.<<strong>br</strong> />
A questão salarial e a perda de pos-<<strong>br</strong> />
tos de trabalho estão entre as razões para<<strong>br</strong> />
que o movimento sindical norte-ameri-<<strong>br</strong> />
cano adote posições contrárias ao<<strong>br</strong> />
NAFTA. A General Motors, por exem-<<strong>br</strong> />
plo, a<strong>br</strong>iu uma empresa no México pa-<<strong>br</strong> />
gando US$ 5,00 por hora aos funcioná-<<strong>br</strong> />
rios, sem benefícios, enquanto um tra-<<strong>br</strong> />
balhador em Detroit ganha US$ 25,00,<<strong>br</strong> />
fora os benefícios. Mesmo assim, o car-<<strong>br</strong> />
ro não chega a um preço mais barato nos<<strong>br</strong> />
Estado Unidos<<strong>br</strong> />
O caso da General Motors não é iso-<<strong>br</strong> />
lado, pois a diferença entre os salários<<strong>br</strong> />
pagos no México e nos Estados Unidos<<strong>br</strong> />
é muito grande. Outras empresas, como<<strong>br</strong> />
a Ford, por exemplo, também estão se<<strong>br</strong> />
transferindo do país, alegando a neces-<<strong>br</strong> />
sidade de reduzir custos.<<strong>br</strong> />
Tanto o surgimento de novos postos<<strong>br</strong> />
quanto as alternativas de investimento<<strong>br</strong> />
oferecidas, como o ESOP, implicam a re-<<strong>br</strong> />
dução de salários. Os níveis de remune-<<strong>br</strong> />
ração mais baixos são caracteiísticos da<<strong>br</strong> />
maioria das novas ocupações. Além dis-<<strong>br</strong> />
so, alguns empregados aceitam o corte em<<strong>br</strong> />
seus rendimentos para investir na empre-<<strong>br</strong> />
sa, às vezes, através da compras de ações.<<strong>br</strong> />
O programa ESOP é uma das formas de<<strong>br</strong> />
participação dos trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Mas não é apenas através da aquisi-<<strong>br</strong> />
ção de ações que os trabalhadores procu-<<strong>br</strong> />
ram participar das empresas. Muitas ne-<<strong>br</strong> />
gociações têm incluído a participação nos<<strong>br</strong> />
lucros ou o estabelecimento de bônus, sem-<<strong>br</strong> />
pre em benefício dos trabalhadores.<<strong>br</strong> />
FORMAÇÃO PROFISSIONAL<<strong>br</strong> />
Os Estados Unidos não dispõem de<<strong>br</strong> />
um programa governamental de forma-<<strong>br</strong> />
ção profissional. Muitas prefeituras, po-<<strong>br</strong> />
rém, apoiam financeiramente programas<<strong>br</strong> />
desenvolvidos por empresas, sindicatos<<strong>br</strong> />
ou através de parcerias.<<strong>br</strong> />
Com relação ás empresas, os investi-<<strong>br</strong> />
mento são maciços, além de serem co-<<strong>br</strong> />
muns os trabalhos de parceria entre a<<strong>br</strong> />
empresa e o sindicato. As razões são bas-<<strong>br</strong> />
tante claras, há a necessidade de fazer os<<strong>br</strong> />
trabalhadores se ajustarem à nova <strong>org</strong>a-<<strong>br</strong> />
nização do trabalho, às novas tarefas e<<strong>br</strong> />
aumentarem sua produtividade.<<strong>br</strong> />
Ao mesmo tempo, a fonnação profis-<<strong>br</strong> />
sional tem sido a grande "arma" do mo-<<strong>br</strong> />
vimento sindical contra o desemprego. Há<<strong>br</strong> />
muitos programas de treinamento e<<strong>br</strong> />
retreinamento tanto para garantir o em-<<strong>br</strong> />
prego de quem fica como para assegurar<<strong>br</strong> />
a obtaição de um novo posto de trabalho<<strong>br</strong> />
para quem vai sair. Mesmo porque o<<strong>br</strong> />
mercado de trabalho tem mudado muito,<<strong>br</strong> />
e não simplesmente reduzido a oferta de<<strong>br</strong> />
emprego. Os sindicalistas acreditam que<<strong>br</strong> />
todo trabalhador encontrará uma nova<<strong>br</strong> />
colocação, desde que disponha de uma<<strong>br</strong> />
boa formação profissional, mesmo que<<strong>br</strong> />
seja para desenvolver um tipo de servi-<<strong>br</strong> />
ço mais precário. De qualquer modo,<<strong>br</strong> />
muitos desses programas só se destinam<<strong>br</strong> />
a trabalhadores sindicalizados, sendo re-<<strong>br</strong> />
alizados fora do horário de trabalho.<<strong>br</strong> />
Por outro lado, a educação fonnal está<<strong>br</strong> />
sendo muito criticada devido à sua ma<<strong>br</strong> />
qualidade, e por não preparar o jovem<<strong>br</strong> />
para a nova realidade do mercado de tra-<<strong>br</strong> />
balho, que exige cada vez mais novas<<strong>br</strong> />
qualificações e habilidades do trabalha-<<strong>br</strong> />
dor, mantendo-se preso a questões obso-<<strong>br</strong> />
letas. Essa crítica atinge tanto o aisino<<strong>br</strong> />
básico quanto o intermediário e supenor.<<strong>br</strong> />
Durante o período de viagem da mis-<<strong>br</strong> />
são, foram visitados vános programas de<<strong>br</strong> />
fonnação em diferentes setores, como os<<strong>br</strong> />
têxteis de Nova York, a Alliance, em Nova<<strong>br</strong> />
Jersey, ligado á empresa AT&T de tele-<<strong>br</strong> />
comunicações, e o da Ford, em Detroit<<strong>br</strong> />
RELAÇÕES (APH AL/<<strong>br</strong> />
TRABALHO<<strong>br</strong> />
Para as empresas, um dos pontos mais<<strong>br</strong> />
importantes, no momento, é o aumento<<strong>br</strong> />
da flexibilidade que lhes permita ganhai<<strong>br</strong> />
qualidade e produtividade. Dizem que a<<strong>br</strong> />
concorrência é a nova guerra mundial.<<strong>br</strong> />
Em conseqüência, adotam as posturas<<strong>br</strong> />
anti-sindicais e gastam milhões de dóla-<<strong>br</strong> />
res com advogados para que defendam<<strong>br</strong> />
seus interesses.<<strong>br</strong> />
Raramente o sistema de contratação<<strong>br</strong> />
é nacional. As negociações normalmente<<strong>br</strong> />
ocorrem por empresa, começando, em<<strong>br</strong> />
geral, pelas mais importantes, que aca-<<strong>br</strong> />
bam servindo de base para as demais ne-<<strong>br</strong> />
gociações Poucas categorias negociam<<strong>br</strong> />
regionalmente.<<strong>br</strong> />
Entre 80% e 90% das negociações são<<strong>br</strong> />
feitas pelos sindicatos, com a ajuda da<<strong>br</strong> />
federação do setor, ou de sua estrutura<<strong>br</strong> />
regional, que fornece os dados mais glo-<<strong>br</strong> />
bais. Há também contratos de vários sin-<<strong>br</strong> />
dicatos com várias empresas. Normal-<<strong>br</strong> />
mente, no setor privado, os contratos têm<<strong>br</strong> />
duração de três anos, prevendo-se rea-<<strong>br</strong> />
justes durante seu período de vigência<<strong>br</strong> />
Os trabalhadores temporários das em-<<strong>br</strong> />
presas não são a<strong>br</strong>angidos pelos contra-<<strong>br</strong> />
tos, mas, em algumas ocasiões, existem<<strong>br</strong> />
cláusulas que garantem alguns direitos<<strong>br</strong> />
Nos Estados Unidos não existe Justi-<<strong>br</strong> />
ça do Trabalho, assim como não ha le-<<strong>br</strong> />
gislação trabalhista nacional Cada esta-<<strong>br</strong> />
do dispões de legislação própria e. por<<strong>br</strong> />
vezes, até os municípios têm normas le-<<strong>br</strong> />
gais próprias.<<strong>br</strong> />
Nos locais onde o movimento sindical<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 27 Internacional<<strong>br</strong> />
participou do processo de reestruturação,<<strong>br</strong> />
houve o fortalecimento do sindicato. Algu-<<strong>br</strong> />
mas federações já estão preparadas, com<<strong>br</strong> />
especialistas ou assessoria própria, para ana-<<strong>br</strong> />
lisar os livros contáveis das empresas.<<strong>br</strong> />
AGRICULTURA<<strong>br</strong> />
Apesar de sua expressiva produção<<strong>br</strong> />
agrícola, apenas 2% da população traba-<<strong>br</strong> />
lha na agricultura, nos Estados Unidos.<<strong>br</strong> />
A utilização de moderna tecnologia,<<strong>br</strong> />
baseada em computadores, satélites, no-<<strong>br</strong> />
vas máquinas e equipamentos, já é uma<<strong>br</strong> />
realidade. São empregadas nas lavouras<<strong>br</strong> />
colheitadeiras com sensor que medem a<<strong>br</strong> />
umidade da planta e colhem seletivamen-<<strong>br</strong> />
te. Também há máquinas que usam ima-<<strong>br</strong> />
gem de satélites para analisar as condições<<strong>br</strong> />
do solo e distribuir o adubo ou agrotóxicos<<strong>br</strong> />
na medida adequada a cada 10 m2. Com<<strong>br</strong> />
isso, o número de trabalhadores nas pro-<<strong>br</strong> />
pnedades rurais é pequeno. Um exemplo<<strong>br</strong> />
usado por um dos expositores revela que,<<strong>br</strong> />
em uma fazenda de arroz com 5 mil ha,<<strong>br</strong> />
trabalha somente oito empregados.<<strong>br</strong> />
As definições de uma a<strong>br</strong>angente po-<<strong>br</strong> />
lítica agrícola ocorrem a cada cinco anos.<<strong>br</strong> />
O trabalho de extensão rural é desen-<<strong>br</strong> />
volvido desde 1814. Os programas são<<strong>br</strong> />
locais e, muitas vezes, financiados pelo<<strong>br</strong> />
próprio condado. Dele participam pesso-<<strong>br</strong> />
as da comunidade, que definem onde será<<strong>br</strong> />
implantado e que tipo de treinamento de-<<strong>br</strong> />
ver ser realizado. Os pequenos produto-<<strong>br</strong> />
res estão em busca de novas alternativas<<strong>br</strong> />
de produção de alimentos, inclusive des-<<strong>br</strong> />
tinados à exportação.<<strong>br</strong> />
As fazendas familiares não são mais<<strong>br</strong> />
consideradas viáveis, atestam vános es-<<strong>br</strong> />
tudos elaborados nos Estados Unidos. As<<strong>br</strong> />
pequenas propriedades e cidades menores<<strong>br</strong> />
estão sendo abandonadas por muitos fa-<<strong>br</strong> />
zendeiros e, principalmente, seus filhos.<<strong>br</strong> />
Mesmo os comerciantes estão migrando<<strong>br</strong> />
para as cidades maiores.<<strong>br</strong> />
Quando as pequenas cidades não são<<strong>br</strong> />
abandonadas, representantes do setor de<<strong>br</strong> />
alimentação revelam que muitos peque-<<strong>br</strong> />
nos e médios proprietários vendem ou alu-<<strong>br</strong> />
gam suas propriedades para o setor<<strong>br</strong> />
agroindustrial, tomando-se empregados da<<strong>br</strong> />
empresa. A produção, no caso da avicul-<<strong>br</strong> />
tura, por exemplo, costuma ser totalmai-<<strong>br</strong> />
te automatizada e padronizada, facilitan-<<strong>br</strong> />
do a ação da empresa.<<strong>br</strong> />
A representação sindical de quem tra-<<strong>br</strong> />
balha na produção rural se dá através do<<strong>br</strong> />
sindicato da alimentação, mas são pou-<<strong>br</strong> />
cos os sindicalizados. Como não existe<<strong>br</strong> />
legislação trabalhista para os trabalha-<<strong>br</strong> />
dores da agricultura, a sindicalização<<strong>br</strong> />
deles toma-se mais difícil. Com isso,<<strong>br</strong> />
os fazendeiros podem pagar abaixo do<<strong>br</strong> />
mínimo, quando não há qualquer tipo<<strong>br</strong> />
de contrato de trabalho.<<strong>br</strong> />
Quase toda a mão-de-o<strong>br</strong>a é com-<<strong>br</strong> />
posta por migrantes que não possuem<<strong>br</strong> />
qualquer direito trabalhista, o que acar-<<strong>br</strong> />
reta condições de trabalho muito precá-<<strong>br</strong> />
ria. Normalmente, eles ganham por pro-<<strong>br</strong> />
dução e há a exploração de mão-de-o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />
de crianças. Os principais estados que<<strong>br</strong> />
empregam mão-de-o<strong>br</strong>a migrante são<<strong>br</strong> />
Califórnia, Novo México e Arizona.<<strong>br</strong> />
MEDIAÇÃO<<strong>br</strong> />
O trabalho de mediação nos Estados<<strong>br</strong> />
Unidos é desenvolvido através da Fe-<<strong>br</strong> />
deral Mediation and Conciliation<<strong>br</strong> />
Service (FCMS), um órgão oficial de<<strong>br</strong> />
mediação e conciliação, que no entan-<<strong>br</strong> />
to, é autônomo dentro do governo, sem<<strong>br</strong> />
pertencer a nenhum ministério.<<strong>br</strong> />
O sistema conta com duzentos medi-<<strong>br</strong> />
adores, espalhados por dezenove distri-<<strong>br</strong> />
tos, com orçamento próprio. O governo<<strong>br</strong> />
incentiva a mediação mas não interfere<<strong>br</strong> />
no processo.<<strong>br</strong> />
A lei de negociação, cnada em 1935,<<strong>br</strong> />
permite que se chame um mediador<<strong>br</strong> />
quando surge um impasse. O pedido<<strong>br</strong> />
deve ser feito pelas duas partes e o nome<<strong>br</strong> />
deve ser de consenso. Não é co<strong>br</strong>ado<<strong>br</strong> />
nada por esse serviço.<<strong>br</strong> />
Os mediadores não são funcionári-<<strong>br</strong> />
os públicos e podem ser demitidos a<<strong>br</strong> />
qualquer momento. Os critérios para<<strong>br</strong> />
admissão são:<<strong>br</strong> />
a. dez anos de experiência como ne-<<strong>br</strong> />
gociador dos trabalhadores ou patronal<<strong>br</strong> />
e que tenha aceitabilidade;<<strong>br</strong> />
b. neutro: sem relações pessoais com<<strong>br</strong> />
qualquer dos lados;<<strong>br</strong> />
c. confidencialidade: não pode reve-<<strong>br</strong> />
lar nada.<<strong>br</strong> />
Cada mediador participa, em média,<<strong>br</strong> />
de duzentas negociações por ano. Seu<<strong>br</strong> />
papel é o de observar, fazer perguntas e<<strong>br</strong> />
argumentar, tentando mudar posições rí-<<strong>br</strong> />
gidas. Se não há consaiso e acordo se<<strong>br</strong> />
toma impossível, não há um tribunal que<<strong>br</strong> />
solucione o conflito. Pode haver greve<<strong>br</strong> />
ou adiamento das negociações. Como<<strong>br</strong> />
não exercem o papel de árbitros, se não<<strong>br</strong> />
há consenso, se retiram. Às vezes, po-<<strong>br</strong> />
dem recomendar algo em particular.<<strong>br</strong> />
Para fazer a mediação, os mediado-<<strong>br</strong> />
res recebem dados da empresa e do sin-<<strong>br</strong> />
dicato, que lhes permitam saber qual a<<strong>br</strong> />
situação exata da negociação. No trans-<<strong>br</strong> />
curso do trabalho, tentam passar a im-<<strong>br</strong> />
pressão de que foram as partes que re-<<strong>br</strong> />
solveram o conflito. Caso existam pon-<<strong>br</strong> />
tos que fiquem em aberto, após o acor-<<strong>br</strong> />
do, o mediador pode voltar para resol-<<strong>br</strong> />
ver pontos pendentes. Normalmente, os<<strong>br</strong> />
pontos que geram mais conflitos são es-<<strong>br</strong> />
tabilidade no emprego, salário, seguro e<<strong>br</strong> />
formação.<<strong>br</strong> />
Os mediadores do FCMS consideram<<strong>br</strong> />
que o fórum é importante para discutir<<strong>br</strong> />
questões novas, como produtividade e<<strong>br</strong> />
salário, integração econômica e<<strong>br</strong> />
tecnologia.<<strong>br</strong> />
Embora existam contratos que duram<<strong>br</strong> />
até quinze anos, os sindicatos preferem<<strong>br</strong> />
que eles sejam estabelecidos com menor<<strong>br</strong> />
duração.<<strong>br</strong> />
O FCMS também está desenvolven-<<strong>br</strong> />
do trabalhos no sentido de implantar a<<strong>br</strong> />
mediação em outros países, como El<<strong>br</strong> />
Salvador, Equador e África do Sul. No<<strong>br</strong> />
entanto, para serviço, o sistema de rela-<<strong>br</strong> />
ções industriais e de mediação não é per-<<strong>br</strong> />
feito, devendo ser copiado e adaptado em<<strong>br</strong> />
cada país, respeitando-se as diferenças<<strong>br</strong> />
e os costumes próprios.<<strong>br</strong> />
ARBITRAGEM<<strong>br</strong> />
Se para a mediação existe um <strong>org</strong>a-<<strong>br</strong> />
nismo oficial, a arbitragem é desenvol-<<strong>br</strong> />
vida por uma entidade privada, sem fins<<strong>br</strong> />
lucrativos, a Associação Amencana de<<strong>br</strong> />
Arbitragem, fundada em 1933.<<strong>br</strong> />
A entidade não recebe dinheiro públi-<<strong>br</strong> />
co, mas co<strong>br</strong>a taxa administrativa de<<strong>br</strong> />
quem utiliza seus serviços e o dos sóci-<<strong>br</strong> />
os. Possui 35 escritórios regionais espa-<<strong>br</strong> />
lhados pelo país e conta com 25 mil ár-<<strong>br</strong> />
bitros em seu quadro de pessoal, 2 mil<<strong>br</strong> />
deles atuando na área trabalhista. Apro-<<strong>br</strong> />
ximadamente a metade deles é constituí-<<strong>br</strong> />
da por advogados, mas há professores e<<strong>br</strong> />
intelectuais, entre outros.<<strong>br</strong> />
A associação trata de aproximada-<<strong>br</strong> />
mente 60 mil casos de arbitragem por<<strong>br</strong> />
ano, algumas inclusive entre empresas.<<strong>br</strong> />
Para atuar, é necessário que uma das<<strong>br</strong> />
partes faça o pedido da arbitragem. Com<<strong>br</strong> />
a solicitação, a entidade envia uma lista<<strong>br</strong> />
com nove nomes de árbitros e seus res-<<strong>br</strong> />
pectivos currículos, tanto para a empre-<<strong>br</strong> />
sa como para o sindicato, e as partes in-<<strong>br</strong> />
teressadas têm dez dias para responder,<<strong>br</strong> />
em ordem de preferência. Caso a lista<<strong>br</strong> />
não seja aceita, é elaborada uma segun-<<strong>br</strong> />
da. Se a arbitragem é pedida por uma<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA E A ELA RETORNA
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 28 Internacional<<strong>br</strong> />
das partes, e a outra se recusa a partici-<<strong>br</strong> />
par, o processo é feito assim mesmo.<<strong>br</strong> />
A mediação precede a arbitragem. Na<<strong>br</strong> />
mediação, as duas partes chegam a um<<strong>br</strong> />
acordo, enquanto na arbitragem os dois<<strong>br</strong> />
lados podem sair não muito satisfátos com<<strong>br</strong> />
o desenrolar do processo, na medida em<<strong>br</strong> />
que uma proposta tem de ser escolhida.<<strong>br</strong> />
O árbitro, em qualquer processo,<<strong>br</strong> />
tem de ser neutro e imparcial, não po-<<strong>br</strong> />
dendo ter discussão privada com ne-<<strong>br</strong> />
nhuma das partes. Não pode, também.<<strong>br</strong> />
conceder entrevistas à imprensa. Du-<<strong>br</strong> />
rante o processo, o árbitro ouve os dois<<strong>br</strong> />
lados, encerra a audiência e tem trinta<<strong>br</strong> />
dias para emitir sua posição final. Às<<strong>br</strong> />
vezes, pede documentos de evidência e<<strong>br</strong> />
pode prorrogar o prazo. Depois de en-<<strong>br</strong> />
tregue a decisão, a associação encer-<<strong>br</strong> />
ra seu trabalho. Se uma das partes, ou<<strong>br</strong> />
as duas, considerar que houve qual-<<strong>br</strong> />
quer cálculo errado, pode pedir a rea-<<strong>br</strong> />
bertura do caso.<<strong>br</strong> />
Caso o processo envolva uma ques-<<strong>br</strong> />
tão muito técnica, é possível optar por<<strong>br</strong> />
árbitos especialistas no assunto. As par-<<strong>br</strong> />
tes também podem levar técnicos que<<strong>br</strong> />
auxiliam na decisão, ou apresentar teste-<<strong>br</strong> />
munhas peritas. Esse comportamento é<<strong>br</strong> />
mais freqüente na área comercial.<<strong>br</strong> />
O trabalho de arbitragem custa cer-<<strong>br</strong> />
ca de US$ 600,00 por dia e o pagamen-<<strong>br</strong> />
to é feito pelas duas partes. As arbitra-<<strong>br</strong> />
gens são pouco freqüentes na negocia-<<strong>br</strong> />
ção coletiva, sendo mais comuns nas<<strong>br</strong> />
questões trabalhistas. □<<strong>br</strong> />
O Trabalho - 22 de Maio a 5 de Junho/96 - N» 394<<strong>br</strong> />
"Renasce " o movimento operário<<strong>br</strong> />
A fundação do Labor Party simboliza a inauguração de uma nova etapa nos EUA,<<strong>br</strong> />
com repercussões importantes no plano internacional<<strong>br</strong> />
Entre os dias 6 e 9 de junho próxi-<<strong>br</strong> />
mos, na cidade operária de Cleveland,<<strong>br</strong> />
ocorrerá o congresso da fundação do<<strong>br</strong> />
Labor Party (Partido do Trabalho) dos<<strong>br</strong> />
Estados Unidos. Ele contará com repre-<<strong>br</strong> />
sentações de sindicatos que têm na base<<strong>br</strong> />
mais de um milhão de trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Sua bandeira principal é: "Os patrões<<strong>br</strong> />
têm dois partidos. Os trabalhadores de-<<strong>br</strong> />
vem tem pelo menos um".<<strong>br</strong> />
A burguesia nos EUA se inquieta com<<strong>br</strong> />
o que chama de "renascimento do movi-<<strong>br</strong> />
mento operário". O congresso não é um<<strong>br</strong> />
fato isolado. Vários são os elementos de<<strong>br</strong> />
reação à piora das condições de vida e<<strong>br</strong> />
trabalho. <strong>Greve</strong>s importantes, como na<<strong>br</strong> />
Boeing ou na General Motors, são faces<<strong>br</strong> />
da resistência que se aprofunda. No re-<<strong>br</strong> />
cente congresso da coitral sindical AFL-<<strong>br</strong> />
CIO, (leia abaixo) uma verdadeira revol-<<strong>br</strong> />
ta botou para correr a antiga direção.<<strong>br</strong> />
Os trabalhadores norte-americanos<<strong>br</strong> />
enfrentam um dos periodos mais difíceis<<strong>br</strong> />
de sua história. O salário médio caiu cer-<<strong>br</strong> />
ca de 30% desde 1973. A ofensiva do<<strong>br</strong> />
capital é <strong>org</strong>anizada pelos dois partidos<<strong>br</strong> />
da burguesia: os republicanos (Reagan-<<strong>br</strong> />
Bush) e os democratas do atual presi-<<strong>br</strong> />
dente Clinton. Foi ele quem assinou o<<strong>br</strong> />
acordo de livre comércio (Nafta), pelo<<strong>br</strong> />
qual milhares de trabalhadores vão per-<<strong>br</strong> />
der seus postos de trabalho, transferidos<<strong>br</strong> />
para o México onde o custo do trabalho<<strong>br</strong> />
é 20 vezes mais baixo.<<strong>br</strong> />
A fundação do Labor Party significa<<strong>br</strong> />
que, pela primeira vez em grande esca-<<strong>br</strong> />
la, a classe operária americana se <strong>org</strong>a-<<strong>br</strong> />
niza em um partido independente, o que<<strong>br</strong> />
lhe permite enfrentar o monopólio da<<strong>br</strong> />
representação política pelos explorado-<<strong>br</strong> />
res. E um fato cuja importância ultra-<<strong>br</strong> />
passa as fronteiras dos EUA. Os mili-<<strong>br</strong> />
tantes norte-americanos da AcIT (Acor-<<strong>br</strong> />
do Internacional dos Trabalhadores) são<<strong>br</strong> />
parte integrante desse processo desde o<<strong>br</strong> />
início.<<strong>br</strong> />
Mobilizações<<strong>br</strong> />
A revista patronal Nation's Business<<strong>br</strong> />
publicou em fevereiro um artigo ("O<<strong>br</strong> />
movimento operário volta á vida") so-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>e a central sindical AFL-CIO. A re-<<strong>br</strong> />
vista afirma:<<strong>br</strong> />
"O movimento operário se desemba-<<strong>br</strong> />
raçou de seus velhos chefes. Seus novos<<strong>br</strong> />
dirigentes são ofensivos, provocativos, e<<strong>br</strong> />
dizem que querem <strong>org</strong>anizar também os<<strong>br</strong> />
trabalhadores não sindicalizados a fim de<<strong>br</strong> />
fazer pressão para obter os melhores acor-<<strong>br</strong> />
dos para seus mem<strong>br</strong>os, usando, muitas<<strong>br</strong> />
vezes, táticas de confrontação. "Vocês ve-<<strong>br</strong> />
rão um movimento operário muito mais<<strong>br</strong> />
<strong>org</strong>anizado no ano 2000. Um movimen-<<strong>br</strong> />
to mais potente e mais numeroso", decla-<<strong>br</strong> />
rou J. Sweeney, novo presidente da AFL-<<strong>br</strong> />
CIO, que pretende mobilizar centenas de<<strong>br</strong> />
quadros profissionalizados para <strong>org</strong>ani-<<strong>br</strong> />
zar os trabalhadores não-sindicalizados,<<strong>br</strong> />
para obter melhores acordos e mobilizar<<strong>br</strong> />
seus apoiadores para transformar a ques-<<strong>br</strong> />
tão do aumento de salários em uma ques-<<strong>br</strong> />
tão nacional."<<strong>br</strong> />
No final de 1995, a vitória da greve<<strong>br</strong> />
na Boeing marcou a luta dos trabalhado-<<strong>br</strong> />
res americanos. Por 69 dias ela mobili-<<strong>br</strong> />
zou 32.500 trabalhadores da empresa em<<strong>br</strong> />
3 estados por melhores salários e garan-<<strong>br</strong> />
tias de emprego. O sindicato obteve qua-<<strong>br</strong> />
se tudo: aumento de salário, compromis-<<strong>br</strong> />
so da Boeing com não remanejamento dos<<strong>br</strong> />
funcionários e assistência médica.<<strong>br</strong> />
"Dormiu no volante"<<strong>br</strong> />
Sweeney foi eleito em outu<strong>br</strong>o pas-<<strong>br</strong> />
sado, derrotando Lane Kirkland que di-<<strong>br</strong> />
rigiu a entidade por 16 anos, com uma<<strong>br</strong> />
plataforma dizendo: "A América preci-<<strong>br</strong> />
sa de um aumento de salários, os lucros<<strong>br</strong> />
aumentam, a produtividade aumenta, os<<strong>br</strong> />
salários dos dingente das empresas au-<<strong>br</strong> />
mentam, mas os salários e assistência<<strong>br</strong> />
médica dos trabalhadores só diminuem".<<strong>br</strong> />
A Eleição de Sweeney deu-se num<<strong>br</strong> />
momento critico para o movimento sin-<<strong>br</strong> />
dical nos EUA, quando o nome de<<strong>br</strong> />
Kirkland estava associado à complacên-<<strong>br</strong> />
cia e ao próprio declínio do movimento<<strong>br</strong> />
nos últimos anos.<<strong>br</strong> />
"O movimento sindical dormiu no<<strong>br</strong> />
volante. Atacado por anos durante os go-<<strong>br</strong> />
vernos Reagan e Bush, ficamos inertes"<<strong>br</strong> />
declarou Vic Kamber, que assessora 18<<strong>br</strong> />
sindicatos. <strong>Geral</strong>d McEntee, presidente<<strong>br</strong> />
da Federação de Empregados Munici-<<strong>br</strong> />
pais e Estaduais, disse: "Nos últimos 20<<strong>br</strong> />
anos, o movimento sindical perdeu uma<<strong>br</strong> />
parte de sua potência e de sua influên-<<strong>br</strong> />
cia. Hoje temos uma segunda chance".<<strong>br</strong> />
E uma observação plena de sentido, so-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>e um processo que será observado com<<strong>br</strong> />
interesse em todo mundo, so<strong>br</strong>e o qual<<strong>br</strong> />
O Trabalho voltará a informar.<<strong>br</strong> />
A AFL-CIO<<strong>br</strong> />
Produto da fusão, nos anos 40, da<<strong>br</strong> />
American Federation of Labor (AFL)<<strong>br</strong> />
com o Congress Industry Organization<<strong>br</strong> />
(CIO), a AFL-CIO é a grande central sin-<<strong>br</strong> />
dical americana. E um dos pilares princi-<<strong>br</strong> />
pais da Confederação Internacional de<<strong>br</strong> />
Organizações Sindicais Livres (CIOSL).<<strong>br</strong> />
A burocracia que a dirigiu sempre<<strong>br</strong> />
apoiou política e financeiramente o Par-<<strong>br</strong> />
tido Democrata. No final dos anos 60 sua<<strong>br</strong> />
direção chegou a sustentar a interven-<<strong>br</strong> />
ção americana no Vietnã.<<strong>br</strong> />
"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 29 Internacional<<strong>br</strong> />
Mas com o resultado da ofensiva do ca-<<strong>br</strong> />
pital contra os trabalhadores, com a<<strong>br</strong> />
precanzação geral das relações de tra-<<strong>br</strong> />
balho, começou a ruir a base so<strong>br</strong>e a qual<<strong>br</strong> />
se sustentava aquela burocracia.<<strong>br</strong> />
Num pnmáro momento, a central se<<strong>br</strong> />
enfraqueceu, e perdeu filiados. Mas uma<<strong>br</strong> />
diferenciação "interna", que também é uma<<strong>br</strong> />
reação, levou à eleição de John Sweeney,<<strong>br</strong> />
dirigaite do Sindicato Internacional dos<<strong>br</strong> />
Empregados nos Serviços (SEIU)por quin-<<strong>br</strong> />
ze anos, que assume agora a central com<<strong>br</strong> />
treze milhões de trabalhadores.<<strong>br</strong> />
Labor rompe monopólio<<strong>br</strong> />
A decisão de criar um Labor Party<<strong>br</strong> />
ganha cada vez mais trabalhadores. Os<<strong>br</strong> />
dois principais partidos são, pura e sim-<<strong>br</strong> />
Carta Capital, <strong>12</strong> Junho/1996 - N 0 25<<strong>br</strong> />
plesmente, dominados pelos patrões e<<strong>br</strong> />
não atendem às aspirações de milhões<<strong>br</strong> />
de trabalhadores. Os Partidários do Par-<<strong>br</strong> />
tido Operário - em inglês, LPA - prepa-<<strong>br</strong> />
raram pacientemente, por 4 anos, a fun-<<strong>br</strong> />
dação de um partido com base nos sin-<<strong>br</strong> />
dicatos, e puderam constatar um interes-<<strong>br</strong> />
se crescente.<<strong>br</strong> />
O LPA é uma <strong>org</strong>anização fundada<<strong>br</strong> />
por dirigentes do importante Sindicato<<strong>br</strong> />
dos Trabalhadores do Petróleo, Quími-<<strong>br</strong> />
ca e Energia nuclear (OC AW) há 4 anos.<<strong>br</strong> />
Diretórios do LPA foram constniídos por<<strong>br</strong> />
todo o pais, apoiados por um número<<strong>br</strong> />
crescente de seções de diferentes sindi-<<strong>br</strong> />
catos (nos EUA os sindicatos, nacionais,<<strong>br</strong> />
tem base em seções locais).<<strong>br</strong> />
Por exemplo, o conselho executivo da<<strong>br</strong> />
seção 876 do Sindicato dos Trabalhado-<<strong>br</strong> />
res do Comércio e da Alimentação<<strong>br</strong> />
(UFCW) - 18 mil associados emprega-<<strong>br</strong> />
dos de supermercados em Detroit - deci-<<strong>br</strong> />
diu por imensa maiona, no dia 26 de<<strong>br</strong> />
março, enviar uma delegação ao congres-<<strong>br</strong> />
so que vai constituir o Partido Operário.<<strong>br</strong> />
Como declarou um fundador do LPA,<<strong>br</strong> />
"no dia 9 dejunho, assim que terminar o<<strong>br</strong> />
congresso, os patrões ainda terão dois<<strong>br</strong> />
partidos, mas, ao menos, nós teremos o<<strong>br</strong> />
nosso".<<strong>br</strong> />
"Quem vai defender os trabalhado-<<strong>br</strong> />
res? " (Panfleto do LPA). O asno e o ele-<<strong>br</strong> />
fante são símbolos tradicionais dos par-<<strong>br</strong> />
tidos Republicano e Democrata. □<<strong>br</strong> />
Pela Jornada de Trabalho<<strong>br</strong> />
de zero às 24 horas!<<strong>br</strong> />
Até a virado do século, o berço da revolução industrial<<strong>br</strong> />
acaba com a rotina das 9 às 5<<strong>br</strong> />
A Grã-Bretanha, berço da revolução<<strong>br</strong> />
industrial, será o primeiro pais europeu<<strong>br</strong> />
a substituir a familiar rotina de trabalho<<strong>br</strong> />
das nove ás cinco por uma cultura de 24<<strong>br</strong> />
horas, na virada do século. Segundo pes-<<strong>br</strong> />
quisa publicada em Londres nesta sema-<<strong>br</strong> />
na, o aumento de trabalho de meio perí-<<strong>br</strong> />
odo, temporário e de contrato, implicam<<strong>br</strong> />
diferentes turnos de trabalho.<<strong>br</strong> />
Cada vez mais, concluiu a Mintel,<<strong>br</strong> />
empresa de pesquisa de mercado, haverá<<strong>br</strong> />
mais turnos de trabalho iniciando nas pri-<<strong>br</strong> />
meiras horas da manhã ou no final da tar-<<strong>br</strong> />
de. Assim, trens e ônibus terão de se adap-<<strong>br</strong> />
tar as mudanças. Vários supennercados<<strong>br</strong> />
Tesco, uma das maiores redes <strong>br</strong>itânicas,<<strong>br</strong> />
já ficam abertos 24 horas; certos bancos<<strong>br</strong> />
oferecem serviço telefônico de 24 horas.<<strong>br</strong> />
Ao mesmo tempo, a força de traba-<<strong>br</strong> />
lho também terá de se tomar mais flexí-<<strong>br</strong> />
vel, segundo a pesquisa. Profissionais de<<strong>br</strong> />
qualquer área terão de estar sempre em<<strong>br</strong> />
sintonia com a evolução tecnológica. A<<strong>br</strong> />
boa noticia é que aqueles com mais de<<strong>br</strong> />
50 anos serão apreciados pela sua expe-<<strong>br</strong> />
riência. Portanto, o sistema de aposen-<<strong>br</strong> />
tadoria hoje existente sofrerá grandes<<strong>br</strong> />
mudanças. Um dado positivo, pois de<<strong>br</strong> />
1995 ao ano 2010 haverá acréscimo de<<strong>br</strong> />
28% na população <strong>br</strong>itânica situada na<<strong>br</strong> />
faixa de 55 a 64 anos; em contrapartida.<<strong>br</strong> />
haverá decréscimo de 22% na popula-<<strong>br</strong> />
ção entre 25 e 34 anos.<<strong>br</strong> />
Embora 70% dos entrevistados te-<<strong>br</strong> />
nham manifestado á Mintel preferên-<<strong>br</strong> />
cia por uma força de trabalho flexí-<<strong>br</strong> />
vel, em que os empregados planejam<<strong>br</strong> />
seus horários de trabalho, a escassez<<strong>br</strong> />
de empregos em empresas que antes<<strong>br</strong> />
mantinham seus empregados durante<<strong>br</strong> />
toda sua vida profissional, parece ser<<strong>br</strong> />
a maior preocupação. Para muitos, a<<strong>br</strong> />
segurança de ter um trabalho passou<<strong>br</strong> />
a ser mais importante que o próprio<<strong>br</strong> />
salário.<<strong>br</strong> />
o FIIIíô DO mim<<strong>br</strong> />
^<<strong>br</strong> />
Os nervos nineties (anos noventa<<strong>br</strong> />
nervosos) não estão sendo nenhum mar<<strong>br</strong> />
de rosas para os <strong>br</strong>itânicos. Dois terços<<strong>br</strong> />
dos entrevistados pela enquete da<<strong>br</strong> />
Mintel disseram que suas preocupações<<strong>br</strong> />
com o trabalho estão afetando suas vi-<<strong>br</strong> />
das comojamais. A grande maioria dos<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>itânicos está ciente de que, cada vez<<strong>br</strong> />
mais, terá de lidar com os riscos eco-<<strong>br</strong> />
nômicos. Em outros tempos eram o<<strong>br</strong> />
Estado e a empresa que arcavam com<<strong>br</strong> />
os riscos econômicos. □<<strong>br</strong> />
Por Gianni Carta, de Londres<<strong>br</strong> />
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"A TEORIA EMERGE DA PRATICA EA ELA RETORNA"
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 30 Internacional<<strong>br</strong> />
Documento -Junho/1996<<strong>br</strong> />
El Senor Presidente<<strong>br</strong> />
Fim de século: cambalacho<<strong>br</strong> />
Quando a loucura toma conta do cotidiano, quando a loucura não é exceção mas<<strong>br</strong> />
regra, é necessário evocar Raul Seixas, o Maluco Beleza, quando canta:<<strong>br</strong> />
"Controlando a minha maluquei,<<strong>br</strong> />
misturada com a minha lucidez, vou fi-<<strong>br</strong> />
car, ficar com certeza maluco beleza ".<<strong>br</strong> />
Os processos de transição democrá-<<strong>br</strong> />
tica na América Latina contemporânea,<<strong>br</strong> />
têm nos presenteado com - no mínimo -<<strong>br</strong> />
cunosas reificações de canções que acre-<<strong>br</strong> />
ditou-se esquecidas em algum porão<<strong>br</strong> />
abandonado de nostalgia e saudade.<<strong>br</strong> />
O Tango Cambalacho, que retrata<<strong>br</strong> />
com a clareza da visão popular a inver-<<strong>br</strong> />
são de valores nos século XX, identifi-<<strong>br</strong> />
cado como um "século problemático e<<strong>br</strong> />
fe<strong>br</strong>il" em que "tanto vale um burro<<strong>br</strong> />
como um grande professor", "tanto vale<<strong>br</strong> />
ser direito como avesso", fornece cha-<<strong>br</strong> />
ves interpretativas que nenhum livro de<<strong>br</strong> />
sociologia poderá fornecer. Mesmo se o<<strong>br</strong> />
seu autor pedir para o esquecer.<<strong>br</strong> />
E difícil esquecer, e nem sempre pos-<<strong>br</strong> />
sível. Isso sabemos. Mas, quando esque-<<strong>br</strong> />
cer é ser cúmplice com o que não se quer<<strong>br</strong> />
NUNCA MAIS, é um dever lem<strong>br</strong>ar. O<<strong>br</strong> />
travestismo intelectual e político devia ser<<strong>br</strong> />
punido nas nossas frágeis democracias<<strong>br</strong> />
latino americanas. Por que suportar em<<strong>br</strong> />
silâicio, alguém que, despudoradamaite,<<strong>br</strong> />
diz na sua cara: enganei um bobo, na cas-<<strong>br</strong> />
ca do ovo.<<strong>br</strong> />
Quando um intelectual pede a um<<strong>br</strong> />
povo que os donos do poder querem<<strong>br</strong> />
desmemonado, que esqueça, deve saber<<strong>br</strong> />
que faz um pedido difícil de ser atendi-<<strong>br</strong> />
do. So<strong>br</strong>etudo por aqueles que, talvez por<<strong>br</strong> />
um erro de apreciação, alguma vez o<<strong>br</strong> />
misturaram com intelectuais da estirpe<<strong>br</strong> />
de um Octávio lanni, um Chico de Oli-<<strong>br</strong> />
veira, aqueles intelectuais que foram e<<strong>br</strong> />
são um exemplo de virtude que Max<<strong>br</strong> />
Weber tanto apreciava quanto praticou<<strong>br</strong> />
até o fim dos seus dias: a integridade.<<strong>br</strong> />
A capacidade de ser leal a si mesmo.<<strong>br</strong> />
As transições democráticas tem pre-<<strong>br</strong> />
senteado os eleitores com surpresas do<<strong>br</strong> />
tipo: votar um presidente "socializante"<<strong>br</strong> />
e desco<strong>br</strong>ir, na verdade que elegeu um<<strong>br</strong> />
presidente privatizante.<<strong>br</strong> />
Presidentes que pedem que se esque-<<strong>br</strong> />
Rolando Latartc*<<strong>br</strong> />
ça o passado que, astutamente, manipu-<<strong>br</strong> />
laram para serem eleitos. Para chegarem<<strong>br</strong> />
aos corredores do poder. "Me esqueça",<<strong>br</strong> />
cinicamente dizem aos imbecis que acre-<<strong>br</strong> />
ditaram nas suas maitiras. Imbecis que<<strong>br</strong> />
taidem a não acordar, nem com os tapas<<strong>br</strong> />
descarados do camaleônico enganador<<strong>br</strong> />
que invade todos os dias as telas da TV.<<strong>br</strong> />
Obviamente, estamos nos referindo<<strong>br</strong> />
a Carlos Saúl Menem, presidente da Ar-<<strong>br</strong> />
gentina.. Um peronista que prometeu<<strong>br</strong> />
uma "revolução produtiva" que iria ge-<<strong>br</strong> />
rar empregos a mil por hora, e inicia<<strong>br</strong> />
seu segundo mandato presidencial com<<strong>br</strong> />
a taxa de desemprego superior a 20%<<strong>br</strong> />
da população economicamente ativa,<<strong>br</strong> />
um pais (Argentina) entregue aos capi-<<strong>br</strong> />
tais privados que abocanharam o capi-<<strong>br</strong> />
tal social (as estatais do petróleo, avi-<<strong>br</strong> />
ões, telefones) constando com o san-<<strong>br</strong> />
gue- mesmo - suor e lágrimas de gera-<<strong>br</strong> />
ções inteiras.<<strong>br</strong> />
Carlos Saúl Menem, um provincia-<<strong>br</strong> />
no de uma das mais po<strong>br</strong>es províncias<<strong>br</strong> />
argentina, La Rioja. Um perseguido pela<<strong>br</strong> />
ditadura de Videla & Cia (1976-83), uma<<strong>br</strong> />
ditadura que arrancou a vida de 30.000<<strong>br</strong> />
argentinos em nome da civilização oci-<<strong>br</strong> />
dental e cristã, supostamente represen-<<strong>br</strong> />
tadas pela fúria homicida com que os<<strong>br</strong> />
militares - com as bênçãos da Igreja -<<strong>br</strong> />
desencadearam contra a população civil<<strong>br</strong> />
desarmada, supostamente para defender<<strong>br</strong> />
essa população da subversão e do terror.<<strong>br</strong> />
Terror e subversão que ninguém exe-<<strong>br</strong> />
cutou melhor do que os mariscais do<<strong>br</strong> />
medo, os anjos do Inferno que assola-<<strong>br</strong> />
ram a Argentina há apenas 20 anos atrás,<<strong>br</strong> />
assaltando a vida pública e privada com<<strong>br</strong> />
ousadia nunca antes vista.<<strong>br</strong> />
Carlos Saúl Menem, um peronista<<strong>br</strong> />
preso por essa ditadura, anistia todos os<<strong>br</strong> />
militares culpados do genocídio e outros<<strong>br</strong> />
delitos contra os direitos humanos, que<<strong>br</strong> />
foram condenados por tribunais civis<<strong>br</strong> />
durante o governo de Alfonsin.<<strong>br</strong> />
O presidente perdoa todos os milita-<<strong>br</strong> />
res que mataram, seqüestraram, tortura-<<strong>br</strong> />
ram, enriqueceram ilicitamente, duran-<<strong>br</strong> />
te o regime de facto de Videla &<<strong>br</strong> />
Algozes. Oferece dinheiro aos parentes<<strong>br</strong> />
de desaparecidos.<<strong>br</strong> />
Qualquer semelhança e/ou coincidên-<<strong>br</strong> />
cia são resultado do mero acaso.<<strong>br</strong> />
Se em qualquer outra parte da Amé-<<strong>br</strong> />
rica Latina, um oportunista e vendido<<strong>br</strong> />
qualquer, presidente de qualquer coisa,<<strong>br</strong> />
sorrir asquerosamente na sua cara para<<strong>br</strong> />
lhe dizer: "você está comendo melhor<<strong>br</strong> />
com seu salário de 1 <strong>12</strong> dólares", não se<<strong>br</strong> />
assuste demasiado. Pode ser um reflexo<<strong>br</strong> />
do seu próprio rosto na tela da TV Sor-<<strong>br</strong> />
ria, o Porco está triste por ter roubado<<strong>br</strong> />
seu dinheiro.<<strong>br</strong> />
E se em algum outro país da Améri-<<strong>br</strong> />
ca Latina, povoado de analfabetos e dou-<<strong>br</strong> />
tores, um doutor aparecer na tela da sua<<strong>br</strong> />
TV, ou no seu ouvido, ou no seu bolso,<<strong>br</strong> />
pedindo para você esquecê-lo, talvez<<strong>br</strong> />
você, como eu, se sinta tentado a cantar:<<strong>br</strong> />
"Tu és aquele difícil de esquecer." - )<<strong>br</strong> />
* Sociólogo. Professor do Departamento de<<strong>br</strong> />
Ciências Sociais da Universidade Federal<<strong>br</strong> />
da Paraíba. Mem<strong>br</strong>o do Setor de Estudos e<<strong>br</strong> />
Assessoria a Movimentos Populares-<<strong>br</strong> />
SEAMPO e da Associação Internacional de<<strong>br</strong> />
Sociologia (ISA/AIS). Autor do livro Max<<strong>br</strong> />
Weber: Ciência e valores, publicado em<<strong>br</strong> />
1996pela Editora Cortei na coleção "Ques-<<strong>br</strong> />
tões da Nossa Época".<<strong>br</strong> />
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Ficha de Assinatura<<strong>br</strong> />
( ) Semestral R$ 25,00 ( ) Anual R$ 50,00<<strong>br</strong> />
( ) Exterior - Semestral US$ 60,00 ( ) Exterior - Anual US$ <strong>12</strong>0,00<<strong>br</strong> />
Nome completo<<strong>br</strong> />
Endereço N" bloco<<strong>br</strong> />
Bairro C. Postal Fone( )...<<strong>br</strong> />
Cidade Estado Cep<<strong>br</strong> />
Profissão/Categona<<strong>br</strong> />
TRABALHO QUE FAZ NO MOVIMENTO:<<strong>br</strong> />
Assinatura: Data:<<strong>br</strong> />
O pagamento deverá ser feito em nome do CPV - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro em cheque nominal caizado, ou<<strong>br</strong> />
vale postal DESDE QUE SEJA ENDEREÇADO PARA A AGÊNCIA BELA VISTA - CEP: 01390-970 Código da Agencia 403.300<<strong>br</strong> />
QUINZENA<<strong>br</strong> />
Publicação do CPV - Caixa Postal 65.107 - Cep: 01390-970 São Paulo, Fone: (OU) 285-6288<<strong>br</strong> />
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Apto.
Quinzena N 0 232 - 30/06/96 32 Cultura<<strong>br</strong> />
Transgressões<<strong>br</strong> />
Todo mandato é minucioso<<strong>br</strong> />
e cruel<<strong>br</strong> />
eu gosto<<strong>br</strong> />
das frugais transgressões<<strong>br</strong> />
por exemplo inventar o bom<<strong>br</strong> />
amor<<strong>br</strong> />
aprender<<strong>br</strong> />
nos corpos e em seu corpo<<strong>br</strong> />
ouvir a noite e não dizer<<strong>br</strong> />
amém<<strong>br</strong> />
traçar<<strong>br</strong> />
cada um o mapa de sua audácia<<strong>br</strong> />
mesmo que nos esqueçamos<<strong>br</strong> />
de esquecer<<strong>br</strong> />
é certo<<strong>br</strong> />
que a recordação nos esquece<<strong>br</strong> />
obedecer cegamente deixa<<strong>br</strong> />
cego<<strong>br</strong> />
crescemos<<strong>br</strong> />
somente na ousadia<<strong>br</strong> />
só quando transgrido alguma<<strong>br</strong> />
ordem<<strong>br</strong> />
o futuro<<strong>br</strong> />
se torna respirável<<strong>br</strong> />
todo mandato é minucioso<<strong>br</strong> />
e cruel<<strong>br</strong> />
eu gosto<<strong>br</strong> />
das frugais transgressões<<strong>br</strong> />
Mario Benedetti<<strong>br</strong> />
O Boletim QUINZENA divulga textos, artigos, e documentos produzidos pelos movimentos. Caso você queira<<strong>br</strong> />
divulgar algimi documento no QUINZENA, basta enviar-nos. Pedimos, dentro do possível, ater-se a S laudas. Textos<<strong>br</strong> />
que ultrapassem este limite estarão sujeitos a cortes, por imposição de espaço.<<strong>br</strong> />
Atenção Poetas do Quinzena: estamos esperando sua contribuição desesperadamenteü!<<strong>br</strong> />
Seja a contra-capa do próximo QUINZENA!<<strong>br</strong> />
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