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Presidente do Conselho de Administração da R.T.P., S.A. Rec. nº 50 ...

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<strong>Presi<strong>de</strong>nte</strong> <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Administração</strong> <strong>da</strong> R.T.P., S.A.<br />

<strong>Rec</strong>. <strong>nº</strong> <strong>50</strong>/ A/94<br />

Proc.:R-2453/91<br />

Data:1994-02-24<br />

Área: A 5<br />

ASSUNTO:Situação profissional <strong>do</strong> jornalista.<br />

Sequência:Não acata<strong>da</strong><br />

0 jornalista .... solicitou a minha intervenção a propósito <strong>da</strong> sua situação profissional na R.T.P., que consi<strong>de</strong>ra<br />

prejudica<strong>da</strong> por uma <strong>de</strong>ficiente interpretação <strong>de</strong> várias Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> Serviço e Despachos <strong>de</strong>sta Empresa, face às<br />

normas legais e convencionais vigentes.<br />

Estan<strong>do</strong> em causa a sucessão, no tempo, <strong>da</strong>queles Despachos e Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> Serviço, cumpre elencar os que, no<br />

caso em apreço, se revelam <strong>de</strong> importância <strong>de</strong>cisiva para a boa resolução <strong>da</strong> questão:<br />

- Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 40/83, <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> Julho - Nomeação "com carácter interino, mas com to<strong>da</strong>s as<br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s inerentes às funções", para o cargo <strong>de</strong> Director <strong>de</strong> Informação Não Diária, <strong>do</strong> jornalista ... .<br />

- Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 61/83, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> Setembro - Aprovação <strong>da</strong> reestruturação <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> Informação. 0<br />

jornalista em questão é indica<strong>do</strong> no organograma anexo a esta O.S. como responsável pelo Departamento <strong>de</strong><br />

Informação não Diária.<br />

- Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 80/83, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Novembro - Aprovação <strong>da</strong> reestruturação <strong>da</strong> Informação - 0<br />

Departamento <strong>de</strong> Informação Não Diária e o seu responsável não figuram no organograma <strong>de</strong>ste serviço.<br />

- Despacho <strong>nº</strong> 31/83, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Novembro - 0 jornalista é nomea<strong>do</strong> "para iniciar os estu<strong>do</strong>s relativos às<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> um Centro Regional <strong>da</strong> R.T.P. no Algarve...", esclarecen<strong>do</strong>- se ain<strong>da</strong> que "o<br />

exercício <strong>de</strong>ssas funções conta- se para to<strong>do</strong>s os efeitos, nomea<strong>da</strong>mente salariais e nível <strong>do</strong> cargo<br />

anteriormente <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong>".<br />

- Despacho <strong>nº</strong> 2/85, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Janeiro - Termina<strong>da</strong>s as funções <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o jornalista havia si<strong>do</strong><br />

incumbi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> Despacho <strong>nº</strong> 31/83, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Novembro, <strong>de</strong>termina- se a sua transferência para a<br />

Direcção <strong>de</strong> Informação.<br />

Entre a <strong>da</strong>ta <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>spacho e a <strong>de</strong> uma nova reestruturação <strong>da</strong> Direcção <strong>de</strong> Informação - 21/01/86 - o<br />

jornalista manteve o nível salarial que lhe fora atribuí<strong>do</strong> na sequência <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 40/83 e<br />

posteriormente confirma<strong>do</strong> pela Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 61/83 e pelo Despacho <strong>nº</strong> 31/83 (o então nível 1).<br />

Após 21/01/86, foi o <strong>Rec</strong>lamante enquadra<strong>do</strong> no nível 13, escalão base - e não no nível 14, 3º escalão, como<br />

pretendia - por se enten<strong>de</strong>r que "não titulava o nível 1 <strong>de</strong> vencimento" (cfr. ofº <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1991,<br />

assina<strong>do</strong> pelo Exmº Chefe <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> <strong>Rec</strong>ursos Humanos <strong>da</strong> R.T.P., em resposta à reclamação <strong>do</strong><br />

jornalista acerca, precisamente, <strong>do</strong> enquadramento <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela R.T.P.).


A interpretação que o jornalista em questão faz <strong>do</strong>s factos <strong>de</strong>scritos e <strong>do</strong>s normativos indica<strong>do</strong>s leva- o a<br />

concluir, como é, sobejamente, <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong> V.Exª., que o enquadramento profissional assim<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela R.T.P. afectou direitos que já lhe haviam si<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo o direito a <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

categoria e, consequentemente, a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> vencimento.<br />

Ouvi<strong>do</strong> o <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Administração</strong> <strong>da</strong> R.T.P., nos termos <strong>do</strong> disposto no artigo 34º <strong>da</strong> Lei <strong>nº</strong> 9/91, <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong><br />

Abril, <strong>de</strong>cidi formular a presente <strong>Rec</strong>omen<strong>da</strong>ção por consi<strong>de</strong>rar que as razões aduzi<strong>da</strong>s para justificar a<br />

posição <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> por esta Empresa ce<strong>de</strong>m perante a aplicação, ao caso concreto, <strong>de</strong> regras e princípios<br />

básicos <strong>do</strong> direito laboral.<br />

Ten<strong>do</strong> presentes os esclarecimentos faculta<strong>do</strong>s à Prove<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Justiça através <strong>do</strong> ofício <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />

1991, <strong>do</strong> então <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> Gerência <strong>da</strong> R.T.P., complementa<strong>do</strong>s pelos constantes <strong>do</strong> recente ofício <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong><br />

Janeiro p.p., <strong>do</strong> <strong>Conselho</strong> <strong>de</strong> <strong>Administração</strong> a que V.Exª. presi<strong>de</strong>, procurarei <strong>de</strong>monstrar os motivos pelos<br />

quais enten<strong>do</strong> não assistir, neste caso, razão à R.T.P..<br />

I - Dos referi<strong>do</strong>s ofícios resulta consi<strong>de</strong>rar esta Empresa que as nomeações constantes <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong><br />

40/83, <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> Julho e <strong>do</strong> Despacho <strong>nº</strong> 31/83, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Novembro, consubstanciam o exercício, pela enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

patronal, <strong>do</strong> jus variandi, consagra<strong>do</strong> no <strong>nº</strong> 2 <strong>do</strong> artigo 22º <strong>do</strong> Regime Jurídico <strong>do</strong> Contrato Individual <strong>de</strong><br />

Trabalho, aprova<strong>do</strong> pelo Decreto- Lei <strong>nº</strong> 49.408, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1969, que me permito transcrever:<br />

« Salva estipulação em contrário, a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patronal po<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> o interesse <strong>da</strong> empresa o exija, encarregar<br />

temporariamente o trabalha<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviços não compreendi<strong>do</strong>s no objecto <strong>do</strong> contrato, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tal mu<strong>da</strong>nça<br />

não implique diminuição <strong>da</strong> retribuição, nem modificação substancial <strong>da</strong> posição <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r».<br />

Ora, se no caso <strong>da</strong> nomeação para iniciar os estu<strong>do</strong>s relativos à instalação <strong>de</strong> um Centro Regional <strong>da</strong> R.T.P.<br />

no Algarve, se <strong>de</strong>tectam, sem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, os requisitos exigi<strong>do</strong>s pela supra cita<strong>da</strong> disposição legal e objecto<br />

<strong>de</strong> amplo <strong>de</strong>senvolvimento pela jurisprudência (v., por to<strong>do</strong>s, o Acórdão <strong>do</strong> Supremo Tribunal <strong>de</strong> Justiça, <strong>de</strong> 5<br />

<strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1985, in Acórdãos Doutrinais, <strong>nº</strong> 289, págs. 98 e seguintes, com <strong>de</strong>staque para a <strong>do</strong>utrina e<br />

jurisprudência referi<strong>da</strong>s em anotação ao mesmo Acórdão), já no que concerne à nomeação com carácter<br />

interino para o cargo <strong>de</strong> Director <strong>de</strong> Informação Não Diária, o factor interini<strong>da</strong><strong>de</strong> é susceptível <strong>de</strong> falsear a<br />

apreciação <strong>do</strong> requisito <strong>do</strong> carácter necessariamente temporário indispensável ao exercício <strong>do</strong> jus variandi.<br />

É que, implican<strong>do</strong> sempre o provimento em cargos <strong>de</strong> estrutura a nomeação em regime <strong>de</strong> interini<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

durante os primeiros seis meses (cfr. <strong>nº</strong> 5 <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 24/80, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Junho), não po<strong>de</strong>,<br />

posteriormente, invocar- se a situação "precária" - no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sujeita a confirmação posterior - em que o<br />

trabalha<strong>do</strong>r se encontra durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> interini<strong>da</strong><strong>de</strong> para, fin<strong>do</strong> aquele perío<strong>do</strong>, vir "esclarecer" que,<br />

afinal, o carácter interino <strong>da</strong> nomeação significava, não uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira interini<strong>da</strong><strong>de</strong> no senti<strong>do</strong> que lhe dá a<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 24/80, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Junho, mas antes uma alega<strong>da</strong> temporarie<strong>da</strong><strong>de</strong> que se preten<strong>de</strong><br />

comprovativa <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> jus variandi.<br />

A ser assim, <strong>de</strong>svirtua<strong>do</strong> ficaria to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> nomeação para cargos <strong>de</strong> estrutura ao abrigo <strong>da</strong>quela<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço quan<strong>do</strong> o que aquele processo preten<strong>de</strong> assegurar é, precisamente, o rigor na escolha <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res que <strong>de</strong>verão ocupar tais cargos. Aliás, quanto ao outro jornalista nomea<strong>do</strong> interinamente através<br />

<strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 40/83, não veio a invocar- se, que se saiba, o exercício <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> direito <strong>de</strong> variação.<br />

Em suma, se o carácter temporário <strong>da</strong> tarefa atribuí<strong>da</strong> ao <strong>Rec</strong>lamante pelo Despacho <strong>nº</strong> 31/83, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong><br />

Novembro, resulta claro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à própria natureza <strong>da</strong>quela tarefa (iniciar estu<strong>do</strong>s relativos à<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> Serviço <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patronal no Algarve), na<strong>da</strong> indicava, face à<br />

nomeação interina para Director <strong>de</strong> Informação Não Diária, que o jornalista regressaria à sua categoria<br />

anterior logo que o interesse <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patronal o <strong>de</strong>terminasse, como teria <strong>de</strong> acontecer se se tivesse


possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> Serviço <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patronal no Algarve), na<strong>da</strong> indicava, face à<br />

nomeação interina para Director <strong>de</strong> Informação Não Diária, que o jornalista regressaria à sua categoria<br />

anterior logo que o interesse <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patronal o <strong>de</strong>terminasse, como teria <strong>de</strong> acontecer se se tivesse<br />

exerci<strong>do</strong>, também neste caso, o direito <strong>de</strong> variação.<br />

II - Também quanto à interferência, em to<strong>do</strong> o processo, <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 80/83, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Novembro,<br />

não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> discor<strong>da</strong>r <strong>da</strong> posição assumi<strong>da</strong> pela R.T.P..<br />

Afirma esta Empresa que, nessa <strong>da</strong>ta, directa e automaticamente por força <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço, o<br />

jornalista .... <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ocupar o cargo <strong>de</strong> Director <strong>de</strong> Informação Não Diária, isto é, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ocupar o cargo <strong>de</strong><br />

estrutura para que fora nomea<strong>do</strong> interinamente sem ter ultrapassa<strong>do</strong> o respectivo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> interini<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

É indiscutível que o referi<strong>do</strong> jornalista <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ocupar tal cargo - não seria materialmente possível ocupar<br />

um cargo extinto pela cita<strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 80/83, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Novembro.<br />

O que não po<strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, extrair- se <strong>da</strong>quela constatação, é que a extinção <strong>do</strong> cargo que ocupava<br />

interinamente tenha <strong>de</strong>volvi<strong>do</strong> o jornalista, sem mais, ao lugar que ocupava antes <strong>de</strong> ser nomea<strong>do</strong> -<br />

interinamente, por imposição <strong>do</strong>s regulamentos vigentes na Empresa - para o cargo agora extinto.<br />

O Acórdão <strong>do</strong> Supremo Tribunal Administrativo supra cita<strong>do</strong> a propósito <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> jus variandi refere,<br />

também, curiosamente, a jurisprudência <strong>do</strong>minante acerca <strong>de</strong>sta outra questão, len<strong>do</strong>- se a págs. 104 <strong>da</strong><br />

publicação já referi<strong>da</strong> que:<br />

« É evi<strong>de</strong>nte que uma empresa tem to<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> reestruturar a sua orgânica ain<strong>da</strong> que seja por razões <strong>de</strong><br />

política expansionista, mas isso não po<strong>de</strong> constituir motivo para violar a Lei <strong>do</strong> Contrato <strong>de</strong> Trabalho e,<br />

proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> arbitrariamente, modificar substancialmente a categoria <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res ou baixá- los <strong>de</strong><br />

categoria », e ain<strong>da</strong> que:<br />

« É jurisprudência assente que uma empresa po<strong>de</strong> reestruturar os seus serviços <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que coloque os<br />

trabalha<strong>do</strong>res em cargos equivalentes aos que vinham exercen<strong>do</strong> ».<br />

Ora,o cargo que o <strong>Rec</strong>lamante vinha exercen<strong>do</strong> era, efectivamente, um cargo <strong>de</strong> estrutura, <strong>de</strong> direcção, pelo<br />

que, tal como enquadrou o jornalista ..... no novo organograma anexo à Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 80/83, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong><br />

Novembro, a R.T.P. <strong>de</strong>veria ter enquadra<strong>do</strong> o jornalista .... atenta a similitu<strong>de</strong> <strong>da</strong> situação <strong>de</strong> ambos.<br />

Admite- se, porém, que esta Empresa não preten<strong>de</strong>sse confirmar a promoção <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> jornalista.<br />

A regulamentação em vigor, nomea<strong>da</strong>mente o <strong>nº</strong> 9 <strong>da</strong> cláusula 31ª <strong>do</strong> ACT celebra<strong>do</strong> entre a Radiotelevisão<br />

Portuguesa, E.P. e o Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s Telecomunicações e outros, publica<strong>do</strong> no BTE, 1ª série,<br />

<strong>nº</strong> 27, <strong>de</strong> 22/7/79, permitia- lhe fazê- lo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, para tal, lançasse mão <strong>de</strong> um acto expresso.<br />

Não o fez a R.T.P. . E, por esse motivo, mal an<strong>do</strong>u quan<strong>do</strong>, na sequência <strong>da</strong> reestruturação opera<strong>da</strong> por via <strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 80/83, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Novembro, simplesmente omitiu o nome <strong>do</strong> jornalista em causa sem<br />

cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong>, simultaneamente, esclarecer os motivos <strong>de</strong> tal omissão.<br />

A nomeação, três dias <strong>de</strong>pois, <strong>do</strong> mesmo jornalista para as já referi<strong>da</strong>s funções <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para a instalação <strong>de</strong><br />

um Centro Regional <strong>da</strong> R.T.P. no Algarve, não po<strong>de</strong> consubstanciar o acto expresso a que alu<strong>de</strong> o cita<strong>do</strong> <strong>nº</strong> 9,<br />

<strong>da</strong> Cláusula 31ª, <strong>do</strong> ACT em vigor na Empresa.<br />

Pelo contrário, ao garantir- se ao trabalha<strong>do</strong>r que " o exercício <strong>de</strong>ssas funções conta- se para to<strong>do</strong>s os efeitos,<br />

nomea<strong>da</strong>mente salariais e nível <strong>do</strong> cargo anteriormente <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong>" - indiscutivelmente, o cargo <strong>de</strong><br />

Director <strong>de</strong> Informação Não Diária -, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> concluir- se - como fez o jornalista visa<strong>do</strong> - que o<br />

exercício <strong>de</strong>stas funções, <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ao abrigo <strong>do</strong> jus variandi, apenas adiaria o seu enquadramento na nova<br />

estrutura <strong>da</strong> Direcção <strong>de</strong> Informação, tu<strong>do</strong> se passan<strong>do</strong> como se continuasse a exercer um cargo <strong>de</strong> estrutura,<br />

por ser essa a natureza <strong>do</strong> cargo que vinha ocupan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1983.<br />

Alega a R.T.P. que as funções <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para que o jornalista foi nomea<strong>do</strong> pelo Despacho <strong>nº</strong> 31/83 não<br />

consubstanciam o exercício <strong>de</strong> um cargo <strong>de</strong> estrutura. Assim é, <strong>de</strong> facto. Só que, a própria Empresa cui<strong>do</strong>u <strong>de</strong><br />

equiparar, para to<strong>do</strong>s os efeitos, o exercício <strong>da</strong>quelas funções ao <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ste cargo.


Alega a R.T.P. que as funções <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> para que o jornalista foi nomea<strong>do</strong> pelo Despacho <strong>nº</strong> 31/83 não<br />

consubstanciam o exercício <strong>de</strong> um cargo <strong>de</strong> estrutura. Assim é, <strong>de</strong> facto. Só que, a própria Empresa cui<strong>do</strong>u <strong>de</strong><br />

equiparar, para to<strong>do</strong>s os efeitos, o exercício <strong>da</strong>quelas funções ao <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ste cargo.<br />

Nem <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ria ter procedi<strong>do</strong>, sob pena <strong>de</strong> violar os normativos constantes <strong>do</strong>s artigos 22º, <strong>nº</strong> 2<br />

( exercício <strong>do</strong> jus variandi) e 23º (regra <strong>da</strong> proibição <strong>de</strong> baixar a categoria <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r), <strong>do</strong> supra cita<strong>do</strong><br />

Regime Jurídico aprova<strong>do</strong> pelo Decreto- Lei <strong>nº</strong> 49.408, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1969.<br />

Não po<strong>de</strong> colher a argumentação <strong>de</strong> que "... na expressão para to<strong>do</strong>s os efeitos <strong>do</strong> cargo anteriormente<br />

<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> não se incluem os efeitos previstos na Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço <strong>nº</strong> 24/80..." e <strong>de</strong> que "... esta<br />

equiparação, ampla e genérica, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter limitações...".<br />

É que, como já referi, se por um la<strong>do</strong> só o entendimento <strong>de</strong> que se mantêm to<strong>do</strong>s os efeitos <strong>da</strong> aplicação<br />

<strong>da</strong>quela Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Serviço é possível, face à inexistência <strong>de</strong> acto expresso que impeça a confirmação <strong>da</strong><br />

promoção atribuí<strong>da</strong> ao <strong>Rec</strong>lamante, por outro la<strong>do</strong>, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r- se - atenta a re<strong>da</strong>cção <strong>do</strong><br />

Despacho <strong>nº</strong> 31/83, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Novembro - que se preten<strong>de</strong>u a mais ampla <strong>da</strong>s equiparações, não se conceben<strong>do</strong><br />

limitações a posteriori que não têm, na letra <strong>do</strong> Despacho, qualquer suporte.<br />

III - Por último, diga- se, ain<strong>da</strong>, quanto à afirmação <strong>de</strong> que a titulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s cargos <strong>de</strong> estrutura só ocorre<br />

após 18 meses <strong>de</strong> exercício efectivo <strong>da</strong>s funções correspon<strong>de</strong>ntes aos menciona<strong>do</strong>s cargos, que em nenhuma<br />

disposição constante quer <strong>da</strong> lei, quer <strong>do</strong> ACT em vigor, quer, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> qualquer <strong>da</strong>s Or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> Serviço<br />

cita<strong>da</strong>s, mormente <strong>da</strong> O.S. <strong>nº</strong> 24/80, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Junho, se encontra tal exigência.<br />

Prejudica<strong>do</strong> fica, pois, o entendimento segun<strong>do</strong> o qual o tempo <strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> no exercício <strong>da</strong>s funções<br />

para que o jornalista foi nomea<strong>do</strong> em 7 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1983 não <strong>de</strong>ve ser leva<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração para<br />

efeitos <strong>da</strong> contagem <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> exercício <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> estrutura que, então, ocupava.<br />

IV - Posto isto, não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> concor<strong>da</strong>r com o <strong>Rec</strong>lamante quan<strong>do</strong>, após o seu retorno à Direcção <strong>de</strong><br />

Informação (Despacho <strong>nº</strong> 2/85, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Janeiro) preten<strong>de</strong> retomar o nível salarial pelo qual auferia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 21<br />

<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1983, sem que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> essa <strong>da</strong>ta, tivesse si<strong>do</strong> informa<strong>do</strong> <strong>da</strong> alteração <strong>do</strong> título pelo qual auferia tal<br />

vencimento e que, legitimamente, concluiu ser o mesmo título que motivara, inicialmente, a atribuição <strong>de</strong>sse<br />

nível: a ocupação <strong>de</strong> um cargo <strong>de</strong> estrutura.<br />

Aliás, assim concluiu, também, a R.T.P., que lhe manteve o referi<strong>do</strong> nível salarial durante mais um ano (até<br />

21/01/86). A afirmação <strong>de</strong> que assim aconteceu por mero lapso não justifica a frustração <strong>do</strong>s direitos e<br />

legítimas expectativas <strong>do</strong> <strong>Rec</strong>lamante, nem, tão- pouco, apresenta credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo por se<br />

terem torna<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos internos <strong>da</strong> Empresa em que a questão era abor<strong>da</strong><strong>da</strong> e <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong><br />

conformemente com o entendimento que tenho vin<strong>do</strong> a perfilhar (é o caso <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong><br />

Fevereiro <strong>de</strong> 1985, assina<strong>do</strong> pelo Sr. ... , com vistos <strong>de</strong> 19/03/85 e <strong>de</strong> 9/04/85).<br />

Pelo exposto, formulo a seguinte <strong>Rec</strong>omen<strong>da</strong>ção:<br />

1. Que seja revoga<strong>do</strong> o acto <strong>de</strong> enquadramento profissional <strong>de</strong> que foi objecto o jornalista ..... , em 21/01/86 -<br />

na sequência <strong>do</strong> qual <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> auferir pelo Nível 1 passan<strong>do</strong>, antes, a auferir pelo Nível 3 - e substituí<strong>do</strong> por<br />

outro que preveja o seu enquadramento em categoria equivalente à que lhe permitia auferir pelo Nível 1, isto<br />

é, à <strong>de</strong> Director <strong>de</strong> Informação Não Diária.<br />

2. Que seja reformula<strong>da</strong> a carreira <strong>do</strong> <strong>Rec</strong>lamante, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a ser- lhe assegura<strong>da</strong> a evolução a que teria ti<strong>do</strong><br />

acesso, em termos <strong>de</strong> categorias atribuí<strong>da</strong>s, caso o enquadramento em questão tivesse ocorri<strong>do</strong> pela forma que<br />

venho referin<strong>do</strong>.<br />

3. Que, na sequência e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a reformulação <strong>da</strong> carreira assim opera<strong>da</strong>, sejam abona<strong>da</strong>s, ao<br />

<strong>Rec</strong>lamante, as diferenças salariais resultantes <strong>da</strong> comparação entre aquilo que recebeu e o que <strong>de</strong>veria ter


3. Que, na sequência e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a reformulação <strong>da</strong> carreira assim opera<strong>da</strong>, sejam abona<strong>da</strong>s, ao<br />

<strong>Rec</strong>lamante, as diferenças salariais resultantes <strong>da</strong> comparação entre aquilo que recebeu e o que <strong>de</strong>veria ter<br />

recebi<strong>do</strong>, entre 21/01/86 e a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> efectivação <strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong>stas diferenças.<br />

O PRPVEDOR DE JUSTIÇA<br />

JOSÉ MENÉRES PIMENTEL

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