Artigo Completo
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Análises geométricas em obras do movimento concretista brasileiro: um estudo em Geraldo de Barros.<br />
artes plásticas e na poesia. Por outro lado, os cariocas - numa recusa às formulações<br />
defendidas pelo racionalismo concreto - almejavam não considerar a obra como objeto ou<br />
máquina, mas próxima de uma noção orgânica e do conceito tradicional de arte como<br />
expressão (MAM, 2006).<br />
O grupo paulista, encabeçado por Waldemar Cordeiro, manteve-se firme em relação aos<br />
princípios da arte concreta, que se pautavam nas possibilidades óticas e sensoriais<br />
determinadas pela teoria da Gestalt, denominada, também, Psicologia da Forma ou Teoria da<br />
Forma, a partir do século XIX.<br />
Aberto às transformações culturais e influenciado pelo Neoplasticismo de Mondrian,<br />
pelo construtivismo derivado do De Stijl holandês, pelas vanguardas russas, bem como pela<br />
experiência participativa da Bauhaus e da Escola de Ulm, o grupo concretista preocupava-se<br />
com a questão da reprodução da arte para todos e por todos e ansiava por intervir no centro da<br />
produção industrial.<br />
Oriundos da classe média, os artistas se entrosavam com o clima industrial paulista e<br />
com o campo da cultura e economia. Buscavam uma arte “objetiva” para um novo mundo<br />
industrial e aspiravam à perspectiva igualitária de uma sociedade socialista, funcional, sem<br />
superfluidades. Uma arte, portanto, quase-design, socializável como produtos industriais, que<br />
eliminasse a aura religiosa ou aristocrática do objeto único. Esse ficaria reduzido ao projetoprotótipo,<br />
matriz da serialização. Negavam o “gênio” artesanal, que vendia obras únicas por<br />
preço vultuoso, mas ressaltavam o artista-projetista industrial, “cujas obras-projetos seriam<br />
reproduzidas e encontradas em todos os lares”. (GONÇALVES, 1996, p.10). Daí sua<br />
contribuição para o design, mobiliário, artes gráficas, marcas e logotipos, arquitetura e<br />
paisagismo.<br />
Geraldo de Barros – fotógrafo e pintor<br />
No contexto do grupo concretista de São Paulo destaca-se o pintor, fotógrafo e designer<br />
Geraldo de Barros. Neste artigo são destacadas apenas as fases de fotógrafo e pintor, onde<br />
surgiram os primeiros indícios de geometrização em seu traço.<br />
Ao aperfeiçoar-se na arte da fotografia, Barros retratou várias cenas e objetos: muros,<br />
portões, ferragens... As experimentações ocorriam na revelação dos filmes: o artista<br />
intervinha com bico de pena e nanquim e com o estilete fazia recortes.<br />
Resultantes dessas experimentações surgiram as Fotoformas, um conjunto de fotos<br />
pioneiras no ramo do experimentalismo na fotografia. Elas representaram uma nova fase no<br />
processo de fotografia no Brasil, que, deixando o mero campo da representação, passou a ser<br />
considerada uma nova linguagem artística.<br />
Como se verifica nas figuras seguintes, Geraldo revelava preocupação com a geometria<br />
da foto (figura 1) e nos recortes dos negativos e nos estudos para o encaixe destes (figura 2).<br />
9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design