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"Os acionistas ordinários são, então, os <strong>de</strong>tentores do fluxo <strong>de</strong> caixa<br />
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PatrimônioLíquido."<br />
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"Despesas <strong>de</strong> capital"<br />
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"Dispêndios<strong>de</strong> capital"<br />
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custos financeiros em seus preços <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>, estes custos já foram consi<strong>de</strong>rados<br />
como <strong>de</strong>spesas na <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> resultados do exercício."<br />
Por:<br />
"Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que ocorre é que eventuais <strong>de</strong>spesas .assocla<strong>da</strong>s à<br />
manutenção <strong>de</strong>stes capitais foram <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>s do cômputo <strong>de</strong> NOPLAT, como<br />
o foram as dos passivos financeiros, isto é, se, por exemplo, os<br />
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estes custos já forarn consi<strong>de</strong>rados corno <strong>de</strong>spesas na <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong><br />
resultados do exercício. "<br />
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"O Custo <strong>de</strong> Capital Mélio Pon<strong>de</strong>rado é um conceito fun<strong>da</strong>mental para o<br />
sucesso <strong>da</strong> tarefa <strong>de</strong> valuation."<br />
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"O Custo <strong>de</strong> Capital Médio Pon<strong>de</strong>rado é um conceito fun<strong>da</strong>mental para o<br />
sucesso <strong>da</strong> tarefa <strong>de</strong> valuation."
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"O Modo~ • _o. C AP.M."<br />
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o Cálculo do Valor Utilizando-se os Métodos do Fluxo <strong>de</strong><br />
Caixa Descontado e do Lucro Econômico: Aplicação em uma<br />
Empresa Industrial Brasileira<br />
Banca Examinadora<br />
Prof. Orientador: José Carlos Guimarães Alcântara<br />
Prof.: Piero Te<strong>de</strong>schi<br />
Prof.: João Carlos Douat
cn<br />
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())<br />
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS<br />
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO<br />
ALLAN DE AZEVEDO BARRETO<br />
o Cálculo do Valor Utilizando-se os Métodos do Fluxo <strong>de</strong><br />
Caixa Descontado e do Lucro Econômico: Aplicação em<br />
uma Empresa Industrial Brasileira<br />
Fun<strong>da</strong>ção <strong>Getulio</strong> Vargas ,<br />
GV<br />
Escola <strong>de</strong> Administração<br />
<strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> SAo Paulo<br />
Biblioteca<br />
I<br />
1199902590<br />
Dissertação apresenta<strong>da</strong> ao curso <strong>de</strong> MBA <strong>da</strong><br />
<strong>FGV</strong>/EAESP<br />
Área <strong>de</strong> Concentração: Administração Contábilfinanceira,<br />
como requisito para a obtenção do título <strong>de</strong><br />
mestre em Administração.<br />
Orientador: Prof. José Carlos Guimarães Alcântara<br />
SÃO PAULO<br />
1999<br />
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:1590/99<br />
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'Barreto, A. B. (1999). O Cálculo do Valor Utilizando-se os Métodos do Fluxo <strong>de</strong><br />
Caixa Descontado e do Lucro Econômico: Aplicação em ume Empresa Industrial<br />
Brasileira. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, <strong>FGV</strong>/Escola <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Empresas<br />
<strong>de</strong> São Paulo, São Paulo.<br />
Resumo: Apresenta os métodos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas baseados nos<br />
<strong>de</strong>scontos <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> caixa futuros, enfocando dois mo<strong>de</strong>los, o do Fluxo <strong>de</strong><br />
Caixa Descontado (DCF) e o do Lucro Econômico. Analisa ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes<br />
mo<strong>de</strong>los em termos <strong>de</strong> seus componentes e explicita o inter-relacionamento<br />
<strong>de</strong>stes últimos. Expõe a importância dos direcionadores <strong>de</strong> valor, que, entendidos<br />
<strong>de</strong> uma forma mais ampla, incluem, além <strong>de</strong> ROIC (retorno sobre o capital<br />
investido), g (taxa <strong>de</strong> crescimento) e NOPLAT (lucro operacional líquido já<br />
<strong>de</strong>scontado dos efeitos do imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>), o WACC (custo médio pon<strong>de</strong>rado<br />
<strong>de</strong> capital) e o capital investido, entre outros. Apresenta um estudo <strong>de</strong> caso,<br />
tendo uma companhia industrial brasileira <strong>de</strong> capital fechado como seu objeto.<br />
Analisa os resultados <strong>de</strong>ste estudo, principalmente as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s encontra<strong>da</strong>s<br />
no processo <strong>de</strong> cálculo do valor. Relaciona estas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s à natureza do<br />
controle <strong>de</strong> capital - fechado - <strong>da</strong> companhia estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Extrai conclusões,<br />
apresenta algumas limitações e·sugere pesquisas e <strong>de</strong>senvolvimentos futuros.<br />
Palavras-chaves: Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado - Lucro Econômico -<br />
Direcionadores <strong>de</strong> Valor - ROle - g - NOPLAT - WACC - Capital lnvestido -<br />
Estudo <strong>de</strong> caso
SUMÁRIO<br />
1- INTRODUÇAO 1<br />
, ,<br />
2 - ANALISE TEORICA 4<br />
2.1 - A Abor<strong>da</strong>gem do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado............................... 4<br />
2.1.1 - O Mo<strong>de</strong>lo DCF 4<br />
2.1.2 - O Mo<strong>de</strong>lo do lucro Econômico 10<br />
2.2 - Os Direcionadores do Valor 14<br />
2.2.1 - NOPlAT 20<br />
2.2.2 - Capital Investido 24<br />
2.2.3 - Calculando ROIC, FCl e lucro Econômico 34<br />
2.2.3.1 - ROIC 34<br />
2.2.3.2 - Tópicos Especiais na Computação <strong>de</strong> ROIC 36<br />
2.2.3.3 - Tópicos Especiais na Computação <strong>de</strong> FCl 38<br />
2.2.3.4 - Tópicos Especiais na Computação do lucro<br />
Econôm ico 40<br />
2.2.4 - WACC 43<br />
2.2.4.1 - Componentes do Capital.......................... 44<br />
2.2.4.2 - Impostos 45<br />
2.2.4.3 - Custo Histórico e Custo Marginal........................ 45<br />
2.2.4.4 - Custo do Passivo Financeiro............................... 45<br />
2.2.4.5 - Custo <strong>de</strong> Ações Preferenciais 47<br />
2.2.4.6 - Custo <strong>de</strong> lucros Retidos 47<br />
2.2.4.6.1 - O Método CAPM 48<br />
2.2.4.6.2 - A Abor<strong>da</strong>gem do Fluxo <strong>de</strong> Caixa<br />
Descontado (DCF) 53<br />
2.2.4.6.3 - A Abor<strong>da</strong>gem Bond-Yield-Plus-Risk-<br />
Premium 56<br />
2.2.4.7 - Custo <strong>de</strong> Novas Ações Ordinárias 57<br />
2.2.4.8 - A Obtenção e o Significado do WACC 58<br />
2.3 - A Estimação do Valor Continuado (Continuing Value) 60
2.3.1 - Seleção <strong>de</strong> uma Técnica Apropria<strong>da</strong> 61<br />
2.3.2 - Decisão quanto ao Horizonte <strong>de</strong> Previsão........................ 64<br />
2.3.3 - Estimando os Parâmetros e Descontando o FCl ao<br />
Presente........................................................................... 65<br />
3 - ESTUDO DE CASO 66<br />
3.1 - Descrição <strong>da</strong> Empresa ' 66<br />
3.2 - Análise Histórica <strong>de</strong> Desempenho.................................... 67<br />
3.2.1 - Introdução 67<br />
3.2.2 - Demonstrações Financeiras 69<br />
3.2.3 - Cálculo dos Direcionadores do Valor 77<br />
3.2.3.1 - NOPlAT 77<br />
3.2.3.2 - Capital Investido................................................. 79<br />
3.2.3.3 - ROIC 81<br />
3.2.3.4 - FCl 84<br />
3.2.3.5 - lucro Econômico...................... 87<br />
3.2.4 - Uma Digressão a Respeito do Contexto Histórico em que<br />
a TECSIS Operou no Período em Destaque 88<br />
3.2.5 - Indicadores Econômico-financeiros 94<br />
3.3 - Avaliação (Valuation) 98<br />
3.3.1 - Cenários 98<br />
3.3.2 - Consi<strong>de</strong>rações a Respeito do Comportamento dos<br />
Mercados para o Período Explícito <strong>de</strong> Previsão 100<br />
3.3.3 - Consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Cunho Estratégico 105<br />
3.3.4 - Principais Investimentos para a Realização dos<br />
Objetivos Estratégicos e Comerciais 112<br />
3.3.5 - Demonstrações Financeiras Projeta<strong>da</strong>s 115<br />
3.3.5.1 - Introdução 115<br />
3.3.5.2 - Apresentação <strong>da</strong>s Demonstrações Financeiras. 116<br />
3.3.5.3 - NOPlAT 131<br />
3.3.5.4 - Capital Investido 132<br />
3.3.5.5 - WACC 133<br />
3.3.5.6 - ROIC 135<br />
3.3.5.7 - FCl e lucro Econômico 136<br />
3.3.5.8 - Comparação entre as Demonstrações<br />
Financeiras Realiza<strong>da</strong>s e Projeta<strong>da</strong>s 138<br />
3.3.6 - Valor Continuado 139
4 - CONCLUSÃO<br />
5-ABSTRACT<br />
3.3.7 - Cálculo do Valor 141<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
3.3.7.1 - Abor<strong>da</strong>gem DCF 142<br />
3.3.7.2 - Abor<strong>da</strong>gem do Lucro Econômico 143<br />
3.3.7.3 - Comentários Finais 143
1- INTRODUÇÃO<br />
A metodologia <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas é, basicamente, um corpo teórico<br />
<strong>de</strong>senvolvido nos EUA. A referência <strong>de</strong>ste corpo teórico é a empresa <strong>de</strong> capital<br />
aberto dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma administração contábil relativamente refina<strong>da</strong>. O que<br />
acontece, então, quando se transplanta esta metodologia para a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
negócios brasileira e, em adição, quando procura-se aplicá-la em uma empresa<br />
<strong>de</strong> capital fechado? Esta é, em essência, a questão a ser apresenta<strong>da</strong> neste<br />
trabalho.<br />
Estando a justiticá-la, além <strong>de</strong> qualquer outra coisa, estão as próprias mu<strong>da</strong>nças<br />
verifica<strong>da</strong>s no panorama econômico brasileiro nesta última déca<strong>da</strong>.<br />
Com efeito, a abertura <strong>da</strong> economia brasileira nos anos 90 <strong>de</strong>u um outro<br />
significado à palavra "competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>". Possuir este atributo passou a ser a pedra<br />
<strong>de</strong> toque <strong>da</strong> sobrevivência <strong>da</strong>s empresas brasileiras, expostas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, e <strong>de</strong><br />
maneira crescente, à competição internacional. Entre outras consequências disto,<br />
espera-se ca<strong>da</strong> vez mais a ocorrência <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> fusão e aquisição<br />
envolvendo tanto empresas brasileiras, isola<strong>da</strong>mente, quanto em associação com<br />
empresas estrangeiras. Dado que uma parte significativa, se não majoritária, do<br />
universo <strong>da</strong>s empresas instala<strong>da</strong>s no Brasil, constitui-se <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> capital<br />
fechado, e que, <strong>de</strong>ntre elas, certamente muitas não possuem sistemas refinados<br />
<strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e controle, então, crê-se, justifica-se buscar um melhor<br />
entendimento <strong>da</strong> questão acima coloca<strong>da</strong>.<br />
Para tanto, este trabalho se dividirá em duas partes distintas, além <strong>de</strong>sta<br />
Introdução e <strong>de</strong> uma Conclusão, ao final. A primeira <strong>de</strong>las - Análise Teórica - irá<br />
apresentar e <strong>de</strong>screver o corpo teórico básico <strong>de</strong> valuation. A próxima - Estudo<br />
<strong>de</strong> Caso - apresentará o caso <strong>de</strong> uma empresa para a qual procurou-se aplicar<br />
os conceitos <strong>de</strong> valuation e comentar as conseqüências e os resultados <strong>de</strong>sta<br />
1
aplicação. Não se procurará, então, respon<strong>de</strong>r-se à questão proposta <strong>de</strong> maneira<br />
analítica ou teórica; ao contrário, isto <strong>de</strong>verá ocorrer a partir do estudo <strong>de</strong> um<br />
caso prático.<br />
A escolha do objeto (empresa) a ser avaliado, percebe-se, é <strong>de</strong> extrema<br />
relevância. De pouco adiantaria, por exemplo, estu<strong>da</strong>r-se a filial brasileira <strong>de</strong><br />
capital fechado <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> corporação estrangeira, pois, provavelmente, sua<br />
administração contábil e sua controladoria seriam tão sofistica<strong>da</strong>s quanto a <strong>da</strong><br />
própria matriz. Restaria, então, a análise do impacto <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira <strong>de</strong><br />
negócios sobre os resultados <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> metodologia <strong>da</strong> avaliação, além, é<br />
claro, <strong>de</strong> inevitáveis ajustes <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> diferenças nas legislações contábeis.<br />
A escolha i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>veria recair sobre uma empresa preferencialmente <strong>de</strong> capital<br />
nacional, não dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> práticas contábeis e <strong>de</strong> controle sofisticados, mas, por<br />
outro lado, exposta já há algum tempo à competição internacional e, ain<strong>da</strong>,<br />
razoavelmente reconheci<strong>da</strong> pelo mercado. Por fim, os controladores <strong>de</strong>veriam ter<br />
algum interesse na avaliação do empreendimento. Por possuir to<strong>da</strong>s estas<br />
características, a TECSIS Lt<strong>da</strong>., empresa produtora <strong>de</strong> equipamentos industriais,<br />
localiza<strong>da</strong> em Sorocaba/SP, foi escolhi<strong>da</strong> como objeto do estudo <strong>de</strong> caso acima<br />
referido.<br />
Além disto, TECSIS já foi alvo <strong>de</strong> duas tentativas <strong>de</strong> aquisição nos últimos quatro<br />
anos. Estes dois negócios não foram concluídos por razões distintas, mas, a ligá-<br />
las, está o fato <strong>de</strong> que, em nenhum momento, houve um genuíno acordo entre as<br />
partes quanto à questão do valor do empreendimento. Este é, hoje em dia, um<br />
incentivo a mais para os controladores se interessarem por um trabalho que<br />
abor<strong>de</strong> a questão <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> empresa. Assim, todos eles, sem exceção,<br />
apoiaram o presente esforço.<br />
2
(<br />
Como resultado disto, produziu-se uma série <strong>de</strong> resultados e observações, que,<br />
nas próximas páginas, juntamente com a Análise Teórica acima referi<strong>da</strong>, serão<br />
apresentados em <strong>de</strong>talhes.<br />
3
2 - ANÁLISE TEÓRICA<br />
2.1 - A ABORDAGEM DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO<br />
Na abor<strong>da</strong>gem do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado (DCF), o valor <strong>de</strong> um negócio ou <strong>de</strong><br />
uma companhia é igual ao valor <strong>de</strong> seus fluxos <strong>de</strong> caixa futuros estimados,<br />
<strong>de</strong>scontados a uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto apropria<strong>da</strong>. Dois, então, são os conceitos<br />
fun<strong>da</strong>mentais aqui: fluxo <strong>de</strong> caixa e taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto.<br />
Nesta seção, serão utiliza<strong>da</strong>s duas abor<strong>da</strong>gens distintas, a do DCF propriamente<br />
dito (the entity DCF mo<strong>de</strong>l) e a do lucro econômico (the economic profit<br />
mo<strong>de</strong>l).<br />
2.1.1 - O Mo<strong>de</strong>lo DCF<br />
Este mo<strong>de</strong>lo avalia um negócio como sendo o valor <strong>de</strong> suas operações menos o<br />
valor <strong>de</strong> seus débitos (fun<strong>da</strong>mentalmente, débitos junto a instituições financeiras -<br />
empréstimos e financiamentos) e <strong>de</strong> outras obrigações junto a investidores que<br />
tem or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> superior à dos acionistas ordinários, com ca<strong>da</strong> um<br />
<strong>de</strong>stes elementos <strong>de</strong>scontados a uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto que reflita o seu<br />
respectivo grau ou nível <strong>de</strong> risco.<br />
Os acionistas ordinários são, então, os <strong>de</strong>tentores do fluxo <strong>de</strong> caixa residual, que,<br />
aqui, é o próprio valor <strong>da</strong> companhia.<br />
Segundo Copeland (1995-96, p. 139), o valor <strong>da</strong>s operações <strong>de</strong> uma companhia<br />
é igual ao valor presente (ou NPV) dos fluxos <strong>de</strong> caixa livres futuros. Um fluxo <strong>de</strong><br />
caixa livre (FCl), por seu turno, é igual ao lucro líquido <strong>de</strong>pois dos impostos<br />
(doravante <strong>de</strong>nominado lucro líquido ou ll), mais <strong>de</strong>spesas contábeis que não<br />
4
epresentam saí<strong>da</strong> efetiva <strong>de</strong> caixa, menos investimentos em capital <strong>de</strong> giro, em<br />
máquinas e equipamentos, instalações, e outros ativos. Nenhum fluxo <strong>de</strong> caixa<br />
<strong>de</strong> caráter financeiro é incluído nesta computação do valor <strong>da</strong>s operações. Assim,<br />
o fluxo <strong>de</strong> caixa livre é, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o caixa gerado pela companhia, por suas<br />
operações, e que é livre ou disponível para fun<strong>de</strong>ar pagamentos <strong>de</strong>stinados aos<br />
fornecedores <strong>de</strong> capital, tanto <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> "empréstimo" quanto <strong>de</strong><br />
"investimento" (<strong>de</strong>bt and equity, respectivamente).<br />
A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto a ser aplica<strong>da</strong> aos fluxos <strong>de</strong> caixa livres futuros <strong>de</strong>ve ser uma<br />
taxa tal que reflita o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os fornecedores <strong>de</strong> capital,<br />
pon<strong>de</strong>rado pela participação relativa <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um na estrutura <strong>de</strong> capital <strong>da</strong><br />
companhia. Esta taxa é normalmente <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> Custo <strong>de</strong> Capital Mdio<br />
Pon<strong>de</strong>rado (que, doravante, será referido como WACC, a sigla em inglês para<br />
'Weighted Average Cost of Capital").<br />
Os fluxos <strong>de</strong> caixa livres são estimados para um <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> anos,<br />
para os quais assume-se a existência <strong>de</strong> uma certa visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> no ambiente <strong>de</strong><br />
negócios (tanto geral quanto específico à companhia) capaz <strong>de</strong> permitir a<br />
elaboração <strong>de</strong> previsões mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s. Após este período - <strong>de</strong> cinco, seis,<br />
sete, e até mais anos - esta visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> não mais existe, mas, por outro lado,<br />
permanece a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se estimar os fluxos <strong>de</strong> caixa livres "ad lntinltunt'<br />
(na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, isto não é literalmente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, como se verá mais adiante. Mas,<br />
por enquanto, <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>sta forma). Tem-se, então, duas previsões<br />
distintas <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa livre: uma, que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> explícita ou<br />
<strong>de</strong> período <strong>de</strong> previsão explícito (COPELAND, 1995-96, p. 139), realiza<strong>da</strong><br />
período a período (ano a ano, usualmente), e outra, que trata <strong>da</strong> previsão dos<br />
fluxos após o período <strong>da</strong> previsão explícita. Assim:<br />
Valor = (NPV dos fluxos <strong>de</strong> caixa durante o período <strong>de</strong> previsão explícito) + (NPV<br />
dos fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>pois do período <strong>de</strong> previsão explícito)<br />
5
o valor após a previsão explícita é também conhecido como valor continuado<br />
(continuing value). Uma abor<strong>da</strong>gem simples para calculá-lo é consi<strong>de</strong>rar os fluxos<br />
<strong>de</strong> caixa livres como fixos, o que transformaria a questão em um simples cálculo<br />
<strong>de</strong> valor <strong>de</strong> uma perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme segue:<br />
Vp = =,«, (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> BRIGHAM & GAPENSKI, 1997, p. 302)<br />
on<strong>de</strong>,<br />
• Vp = NPV <strong>da</strong> perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
• Pp = pagamento oferecido pela perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
• Kp = taxa <strong>de</strong> retorno requeri<strong>da</strong> pelo investidor neste tipo <strong>de</strong> título.<br />
Para o cálculo do valor continuado com base nesta abor<strong>da</strong>gem, basta<br />
transformar o <strong>de</strong>nominador em WACC e o numerador em uma estimativa <strong>de</strong> FCl<br />
fixo por período, resultando em:<br />
Valor Continuado: VC = FCL/WACC<br />
Os conceitos <strong>de</strong> WACC, fluxo <strong>de</strong> caixa livre e valor continuado serão tratados<br />
com mais profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> um pouco mais adiante neste trabalho. Por ora, será<br />
apresentado um exemplo, mais abaixo, extraído <strong>de</strong> Copeland (1995-96, p. 138 e<br />
140).<br />
Os quadros abaixo apresentam o cálculo do valor <strong>de</strong> uma companhia norte-<br />
americana - a HERSHEY FOODS CORPORATION - e permitem visualizar a<br />
aplicação dos conceitos até aqui apresentados. Primeiramente, no quadro 1,<br />
obtém-se o FCl Operacional (marcado em vermelho no quadro). Para tanto,<br />
ajusta-se o LAJIR para os impostos e soma-se a <strong>de</strong>preciação, obtendo-se, assim,<br />
o Fluxo <strong>de</strong> Caixa Bruto. Em segui<strong>da</strong>, calcula-se o investimento bruto total no<br />
6
período e subtrai-se este resultado ao Fluxo <strong>de</strong> Caixa Bruto, obtendo-se, com<br />
isto, o FCl Operacional, ou, simplesmente, o FCL. Por fim, adicionando-se a este<br />
último o caixa proveniente <strong>de</strong> investimentos não operacionais, obtém-se o Fluxo<br />
<strong>de</strong> Caixa Disponível para os Investidores.<br />
Em segundo lugar, os resultados do quadro 1 são transportados para o quadro 2,<br />
on<strong>de</strong> se <strong>da</strong>rá o cálculo do valor <strong>da</strong> HERSHEY. Para tanto, ca<strong>da</strong> FCl<br />
Operacional, além <strong>da</strong> estimativa do valor continuado, é <strong>de</strong>scontado pelo WACC<br />
<strong>de</strong> 10%, proporcional ao número <strong>de</strong> períodos, resultando no valor <strong>da</strong>s operações,<br />
que, no exemplo em referência, é <strong>de</strong> US$4.115 milhões. A este valor, adiciona-se<br />
o valor dos investimentos não-operacionais e subtrai-se o valor dos débitos,<br />
atingindo-se assim o valor para os acionistas.<br />
7
QUADRO 1<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
CÁLCULO DO FCl - EM US$ MilHÕES<br />
FCl 1991 1992 1993 1994 1995<br />
{prev.) {Prev.) {prev.)<br />
Resultado antes <strong>de</strong> juros e impostos (LAJIR) 401 439 468 506 545<br />
Impostos - base caixa -137 -138 -153 -166 -178<br />
lucro Operacional Líquido ajustado para impostos 264 301 315 340 367<br />
(NOPLAT)<br />
Depreciação 73 84 97 105 115<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa bruto 337 385 412 445 482<br />
Mu<strong>da</strong>nças no capital <strong>de</strong> giro -46 70 33 35 38<br />
Despesas <strong>de</strong> capital 266 235 157 213 232<br />
Aumento líquido em outros ativos -17 -16 -4 -5 -5<br />
Investimento Bruto 203 289 186 243 265<br />
FCl operacional 134 96 226 202 217<br />
Caixa proveniente <strong>de</strong> investimentos não operacionais O -203 228 O O<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa disponível para os investidores 134 -107 454 202 217<br />
FLUXO FINANCEIRO<br />
Despesa líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> juros (ajusta<strong>da</strong> para <strong>de</strong>pois dos 16 17 29 12 8<br />
impostos)<br />
Diminuição (aumento) do valor líquido dos débitos -11 -211 326 80 88<br />
Divi<strong>de</strong>ndos 83 91 99 110 120<br />
Recompra (emissão) <strong>de</strong> ações 45 -3 O O O<br />
Fluxo financeiro 133 -106 454 202 216<br />
8
QUADRO 2<br />
HERSHEY FOOOS CORPORATION<br />
SUMÁRIO DA AVALIAÇÃO PELO FCl - EM US$ MilHÕES<br />
(exceto VPS)<br />
1993<br />
1994<br />
1995<br />
1996<br />
1997<br />
1998<br />
1999<br />
2000<br />
2001<br />
2002<br />
VC<br />
ANO FCl Fator <strong>de</strong> Desconto NPV dos<br />
(para WACC =<br />
10%<br />
FCl<br />
Valor <strong>da</strong>s operações<br />
Valor dos investimentos não operacionais<br />
Valor total<br />
(-) Valor dos débitos (passivo fin.)<br />
226<br />
202<br />
217<br />
232<br />
249<br />
268<br />
287<br />
309<br />
331<br />
356<br />
6.604<br />
0,9091<br />
0,8264<br />
0,7513<br />
0,6830<br />
0,6209<br />
0,5645<br />
0,5132<br />
0,4665<br />
0,4241<br />
0,3855<br />
0,3855<br />
205<br />
167<br />
163<br />
158<br />
155<br />
151<br />
147<br />
144<br />
140<br />
137<br />
2.546<br />
4.115<br />
207<br />
4.322<br />
-560<br />
Valor para os acionistas 3.762<br />
Valor por ação (VPS) 41,72<br />
Em resumo: uma companhia vale tanto quanto ela espera gerar <strong>de</strong> caixa, mais o<br />
que ela possui mas não está relacionado à sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> principal, menos o que<br />
ela <strong>de</strong>ve, em termos <strong>de</strong> passivos financeiros, tudo isto a valor-presente,<br />
<strong>de</strong>scontados com base no WACC, com exceção do valor dos débitos, que o<br />
<strong>de</strong>vem ser por uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> mercado sobre operações <strong>de</strong> risco<br />
similar e prazos e condições comparáveis (COPELANO, 1995-96, p.141)<br />
9
o conceito <strong>de</strong> Fel operacional não necessariamente tem o mesmo significado<br />
que Fel para os investidores. Este (em azul no quadro 1), incorpora fluxos <strong>de</strong><br />
caixa, negativos ou positivos, provenientes <strong>de</strong> investimentos em ativos não-<br />
operacionais. Em 1992, por exemplo, a HERSHEY teve um fluxo <strong>de</strong> caixa<br />
negativo <strong>de</strong> US$ 203 milhões neste último item, ao passo que projetava, para<br />
1993, uma entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> US$ 228 milhões. Nestes anos, então, o Fel<br />
operacional foi diferente do Fel disponível para os investidores<br />
(respectivamente, 98 e -105, em 1992, e 227 e 445, em 1993).<br />
o quadro 1 <strong>de</strong>monstra também que os fluxos financeiros associados aos fluxos<br />
operacionais resultam num mesmo valor - o valor do FCl disponível para os<br />
investidores, ou seja, este valor é, necessariamente, igual a todos os pagamentos<br />
e recebimentos realizados ou provenientes dos fornecedores <strong>de</strong> capital. Assim,<br />
no ano <strong>de</strong> 1991, o FCl disponível é <strong>de</strong> $134, e se iguala à soma dos seguintes<br />
fluxos financeiros:<br />
• Despesa líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> juros: $16<br />
• Aumento líquido <strong>de</strong> débitos: -$11<br />
• Pagamento <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos: $83<br />
• Recompra <strong>de</strong> ações: $45<br />
2.1.2 - O Mo<strong>de</strong>lo do Lucro Econômico<br />
Por esta abor<strong>da</strong>gem, o valor <strong>de</strong> uma companhia seria igual ao capital total<br />
investido mais o valor-presente <strong>da</strong> estimativa do valor a ser criado nos períodos<br />
subsequentes. A medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> valor - o conceito <strong>de</strong> lucro econômico ou<br />
EVA (Economic Value Ad<strong>de</strong>d) - po<strong>de</strong> ser representa<strong>da</strong> <strong>de</strong> duas maneiras<br />
(STEWART, 1990, p. 136) (COPElAND, 1995-96, p. 149). Em primeiro lugar, ele<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como o capital investido multiplicado pela diferença entre o<br />
10
etorno sobre este mesmo capital (ROI C) e o WACC. De outra forma, ele po<strong>de</strong><br />
ser entendido como o lucro operacional líquido ajustado para impostos menos o<br />
custo do capital usado para gerar este lucro, isto é, o montante <strong>de</strong> capital<br />
investido vezes o WACC.<br />
Lucro econômico = LE = capital investido x (ROIC - WACC), ou<br />
LE = NOPLA T - (capital investido x WACC)<br />
A segun<strong>da</strong> fórmula, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser facilmente <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong> <strong>da</strong> primeira.<br />
Assim,<br />
LE = (capital investido x ROIC) - (capital investido x WACC)<br />
Como a parte em negrito do segundo termo <strong>da</strong> equação equivale ao NOPLAT,<br />
po<strong>de</strong>-se reescrever a equação original, conforme apresentado mais acima.<br />
o que é importante salientar é que o conceito <strong>de</strong> lucro econômico explicitamente<br />
incorpora uma <strong>de</strong>dução relativa ao custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do capital investido no<br />
negócio. A lógica aqui é clara: se um negócio ren<strong>de</strong>, ano após ano, apenas o seu<br />
WACC, o seu lucro econômico terá valor-presente zero e o seu valor será apenas<br />
o valor do capital nele investido. Se, por outro lado, ele gera retornos (ROIC)<br />
superiores a seu WACC, ele estará gerando valor, pois seu lucro econômico será<br />
positivo e, portanto, terá também um valor-presente positivo (no caso em que o<br />
LE projetado também seja positivo). Esta relação entre lucro econômico, ROIC e<br />
WACC, já foi apresenta<strong>da</strong> mais acima; a fórmula abaixo traduz a relação entre<br />
lucro econômico e valor:<br />
!Valor = capital investido + NPV do LE projetadol<br />
11
Os quadros abaixo apresentam o cálculo do LE <strong>da</strong> HERSHEY e <strong>de</strong> seu valor,<br />
agora com base no método do lucro econômico:<br />
QUADRO 3<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
CÁLCULO DO LE - EM US$ MILHÕES<br />
LE 1991 1992 1993 1994 1995<br />
{Prev.} {Prev.} {prev.}<br />
ROIC 20,1 21,0 19,1 19,6 19,5<br />
WACC 10,6 10,5 10,0 10,0 10,0<br />
ROIC-WACC 9,5 10,5 9,1 9,6 9,5<br />
Capital investido (começo do ano) 1.319 1.434 1.649 1.738 1.877<br />
Lucro econômico 125 151 150 167 178<br />
NOPLAT 264 302 315 341 366<br />
Custo <strong>de</strong> capital = capital investido x WACC 140 151 165 174 188<br />
Lucro econômico 124 151 150 167 178<br />
08S: 1) ROIC e WACC expressos em percentagens<br />
2) Os valores <strong>de</strong> LE para 1991 são diferentes <strong>de</strong>vido a problemas <strong>de</strong><br />
arredon<strong>da</strong>mento.<br />
12
QUADRO 4<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
SUMÁRIO DA AVALIAÇÃO PELO LE - EM US$ MILHÕES<br />
(exceto VPS)<br />
1993<br />
1994<br />
1995<br />
1996<br />
1997<br />
1998<br />
1999<br />
2000<br />
2001<br />
2002<br />
VC<br />
NPV <strong>de</strong> lE<br />
Capital investido (no período inicial)<br />
ANO lE Fator <strong>de</strong> Desconto NPV dos<br />
FCl<br />
(para WACC =<br />
10%<br />
151 0,9091 137<br />
167 0,8264 138<br />
179 0,7513 134<br />
192 0,6830 131<br />
206 0,6209 128<br />
221 0,5645 125<br />
237 0,5132 122<br />
254 0,4665 118<br />
273 0,4241 116<br />
293 0,3855 113<br />
3.130 0,3855 1.207<br />
Valor <strong>da</strong>s operações<br />
Valor dos investimentos não operacionais<br />
Valor total<br />
(-) Valor dos débitos (passivo fin.)<br />
Valor para os acionistas<br />
Valor por ação (VPS)<br />
13<br />
2.469<br />
1.649<br />
4.118<br />
207<br />
4.325<br />
-560<br />
3.765<br />
41,72
À parte os problemas com arredon<strong>da</strong>mento, os resultados apresentados tanto<br />
pelo método do DCF quanto pelo do lE, são iguais. Esta última abor<strong>da</strong>gem se<br />
diferencia <strong>da</strong> primeira por traduzir a criação <strong>de</strong> valor em uma única medi<strong>da</strong><br />
monetária. Tal característica acaba sendo uma vantagem em relação ao método<br />
DCF, pois fluxos <strong>de</strong> caixa livres pontuais, isto é, relativos a um <strong>de</strong>terminado<br />
período <strong>de</strong> tempo, po<strong>de</strong>m ser facilmente manipulados no sentido <strong>de</strong><br />
apresentarem valores mais elevados (bastaria, para tanto, atrasar a realização <strong>de</strong><br />
investimentos). Sendo assim, os FCl, por si só, e isola<strong>da</strong>mente, não po<strong>de</strong>m ser<br />
consi<strong>de</strong>rados como uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> valor.<br />
2.2 - OS DIRECIONADORES DO VALOR<br />
o que, em última instância, gera valor (os value-drivers), é o que realmente<br />
interessa enten<strong>de</strong>r e gerenciar. Nas duas abor<strong>da</strong>gens acima, ou, mais<br />
genericamente, na abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> DCF aqui apresenta<strong>da</strong>, a <strong>de</strong>terminação do<br />
valor está claramente relaciona<strong>da</strong> aos lucros (NOPlAT), ao retorno sobre o<br />
capital investido (ROIC), e, indiretamente, ao custo <strong>de</strong> capital (WACC).<br />
Com efeito, em se consi<strong>de</strong>rando um ROIC maior que WACC, qualquer aumento<br />
em NOPlAT gerará valor, <strong>da</strong><strong>da</strong> uma base <strong>de</strong> capital constante. Assim, um<br />
aumento <strong>da</strong>s margens, sem que seja necessário investir mais capital para isso<br />
(por exemplo, <strong>de</strong>vido a um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por um <strong>de</strong>terminado produto),<br />
po<strong>de</strong>ria:<br />
1. Gerar valor, se ROIC já fosse maior que WACC, antes do aumento <strong>da</strong>s<br />
margens;<br />
2. I<strong>de</strong>m, se ROIC fosse menor que WACC, antes <strong>da</strong> elevação <strong>da</strong>s margens,<br />
mas, passasse a ser maior <strong>de</strong>pois;<br />
14
3. Destruir valor, se tanto antes quanto <strong>de</strong>pois do aumento <strong>da</strong>s margens, ROIC<br />
fosse menor que WACC.<br />
Caso seja necessário investir mais capital para produzir um crescimento em<br />
NOPLAT, valor será gerado se o ROIC <strong>de</strong>ste novo capital investido permanecer<br />
maior que WACC. Por outro lado, nenhum crescimento em NOPLA T será capaz<br />
<strong>de</strong> gerar valor se o ROIC do capital investido para tanto for igual ao WACC; e se<br />
<strong>de</strong>struirá valor se o ROIC do novo investimento for menor que o WACC.<br />
É, então, <strong>de</strong> suma importância enten<strong>de</strong>r perfeitamente estas relações que<br />
<strong>de</strong>terminam a dinâmica <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> valor nas empresas, e, além disto, também<br />
conhecer como ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes elementos é <strong>de</strong>finido, obtido e calculado.<br />
Encerrando esta seção, aprofun<strong>da</strong>r-se-á o exame dos inter-relacionamentos<br />
entre os value-drivers, por meio <strong>de</strong> um exemplo também a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Copeland<br />
(1995-96, p. 142-144). Nas próximas seções ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes conceitos será<br />
examinado <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente, tendo em vista também a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecê-<br />
los com suficiente profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> a ponto <strong>de</strong> permitir que sejam manipulados<br />
convenientemente quando <strong>da</strong> apresentação dos resultados do estudo <strong>de</strong> caso,<br />
mais adiante neste trabalho<br />
Conforme já <strong>de</strong>scrito anteriormente, o retorno sobre o capital investido po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>finido como:<br />
ROIC = NOPLAT/capital investido<br />
Além disto, as seguintes <strong>de</strong>finições foram apresenta<strong>da</strong>s mais acima:<br />
1 - Fluxo <strong>de</strong> caixa bruto = NOPLAT + <strong>de</strong>preciação<br />
15
2 - Investimento bruto = variação em capital <strong>de</strong> giro + variação em <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />
capital<br />
3 - FCl = fluxo <strong>de</strong> caixa bruto - investimento bruto<br />
Com o intuito <strong>de</strong> facilitar a exposição <strong>da</strong>s inter-relações entre os value-drivers, irá<br />
se consi<strong>de</strong>rar aqui a subtração <strong>da</strong> <strong>de</strong>preciação tanto do fluxo <strong>de</strong> caixa bruto<br />
quanto do investimento bruto, resultando em:<br />
FCl = NOPlAT - investimento líquido<br />
A companhia X tem um NOPlAT <strong>de</strong> 500, com investimento líquido <strong>de</strong> 100, tudo<br />
isto no primeiro ano <strong>de</strong> operações. Todo novo investimento <strong>de</strong>sta companhia<br />
gera um retorno <strong>de</strong> 25%. Além disto, no sentido <strong>de</strong> manter o crescimento <strong>de</strong><br />
NOPlAT, X sempre manterá uma taxa <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> 150/500 x 100 = 30%.<br />
Sendo assim, sua taxa <strong>de</strong> crescimento seria <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
TC = retorno em novos investimentos x percentual <strong>de</strong> investimento líquido em<br />
relação a NOPLA T<br />
TC = 0,25 x 0,3<br />
TC = 0,075 ou 7,5%,<br />
significando esta taxa que, tanto NOPlAT quanto FCl cresceriam em 7,5% em<br />
uma base anual (e, é claro, levando-se em conta a extrema simplificação <strong>de</strong>ste<br />
mo<strong>de</strong>lo). As figuras para estes dois itens em um conjunto <strong>de</strong> 7 anos à frente, são<br />
apresenta<strong>da</strong>s abaixo:<br />
16
QUADRO 5<br />
COMPANHIA X ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7<br />
NOPlAT 500,0 537,5 577,8 621,1 667,7 717,8 771,7<br />
Investimento líquido 150,0 161,3 173,3 186,3 200,3 215,3 231,5<br />
FCl 350,0 376,3 404,5 434,8 467,4 502,5 540,2<br />
% cresc. NOPLAT 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5<br />
% cresc. Inv. Lig. 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5<br />
Seja, agora, a companhia Y. Esta empresa também <strong>de</strong>seja ampliar seus<br />
NOPlAT e FCl em 7,5% ao ano. Seu retorno sobre novos investimentos <strong>de</strong><br />
capital é, no entanto, menor: 15%. Sendo assim, a sua taxa <strong>de</strong> investimento<br />
líquido sobre NOPLAT seria <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
7,5% = 0,15 x Til, don<strong>de</strong>,<br />
Til = 50%<br />
Em outras palavras: para gerar um crescimento <strong>de</strong> NOPlAT e FCl no mesmo<br />
nível <strong>da</strong> companhia A, a companhia B necessitaria investir 50% <strong>de</strong> seu NOPlAT,<br />
contra 30% <strong>de</strong> A. Como consequência, partindo-se <strong>de</strong> um nível igual <strong>de</strong><br />
NOPlAT, ter-se-á, entre as duas companhias, níveis diferentes <strong>de</strong> FeL.<br />
17
QUADRO 6<br />
COMPANHIAY ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7<br />
NOPlAT 500,0 537,5 577,8 621,1 667,7 717,8 771,7<br />
Investimento líquido 250,0 268,8 288,9 310,6 333,9 358,9 385,8<br />
FCl 250,0 268,8 288,9 310,6 333,9 358,9 385,8<br />
% cresc. NOPlAT 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5<br />
% cresc. Inv. Liq. 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5<br />
Supondo-se, então, tudo o mais constante - inclusive um mesmo nível <strong>de</strong><br />
WACC para as duas companhias - conclui-se que, por dispor <strong>de</strong> FCl superiores,<br />
a companhia A <strong>de</strong>va valer mais do que B, o que, <strong>de</strong> acordo com o método DCF, é<br />
absolutamente correto. Desta forma, po<strong>de</strong>-se afirmar que, cetetis paribus,<br />
maiores níveis relativos <strong>de</strong> ROIC resultam em maiores níveis <strong>de</strong> FCl, e portanto,<br />
<strong>de</strong> valor.<br />
A taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> para NOPlAT e FCl é, como se viu, função <strong>de</strong><br />
duas variáveis. O papel <strong>da</strong> variável ROle já foi examinado mais acima; o do<br />
percentual <strong>de</strong> reinvestimento sobre NOPlAT o será a partir <strong>de</strong> agora.<br />
Seja, por exemplo, que a companhia A <strong>de</strong>seje que sua taxa <strong>de</strong> crescimento<br />
passe <strong>de</strong> 7,5% para 15%, com ROIC fixo em 25%. Sendo assim, Til seria <strong>da</strong><strong>da</strong><br />
por:<br />
15% = 0,25 x Til<br />
Tll=60%<br />
Seria, então, necessário um Til <strong>de</strong> 60% para que a taxa <strong>de</strong> crescimento<br />
crescesse <strong>de</strong> 7,5% para 15%. Vejamos o que acontece como comportamento do<br />
FCl neste exemplo:<br />
18
QUADRO 7<br />
COMPANHIA A ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7<br />
NOPlAT 500,0 575,0 661,3 760,4 874,5 1.005,7 1.156,5<br />
Investimento líquido 300,0 345,0 396,8 456,3 524,7 603,4 693,9<br />
FCl 200,0 230,0 264,5 304,2 349,8 402,3 462,6<br />
% cresc. NOPlAT 15 15 15 15 15 15<br />
% cresc. Inv. Lig. 15 15 15 15 15 15<br />
Comparando-se os resultados <strong>de</strong> FCl nos quadros 5 e 7, nota-se que,<br />
respectivamente, os valores do primeiro quadro são sistematicamente superiores<br />
aos do segundo, isto é, os Fel com taxa <strong>de</strong> crescimento 7,5% são superiores<br />
aos com esta mesma taxa a 15%. O exame, ano a ano, <strong>da</strong>s diferenças entre<br />
eles, no entanto, aponta para valores <strong>de</strong>crescentes. Mais ain<strong>da</strong>: no décimo ano, a<br />
situação se inverte.<br />
O que se po<strong>de</strong> concluir, então, é que um aumento na taxa <strong>de</strong> investimento líquido<br />
sobre NOPlAT - ou Til - consi<strong>de</strong>rando-se todo o resto constante, resultará em<br />
uma taxa <strong>de</strong> crescimento maior que, por sua vez, é representa<strong>da</strong> por um maior<br />
crescimento <strong>de</strong> Fel, e <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> um aumento no valor <strong>da</strong> companhia. Não<br />
obstante isto, os montantes <strong>de</strong> FCl nos primeiros anos ou períodos após o<br />
aumento <strong>de</strong> Til serão inferiores aos níveis existentes anteriormente (ou seja,<br />
<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando-se os aspectos <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> risco envolvidos neste<br />
problema, po<strong>de</strong>-se afirmar que, para os investidores, seria mais vantajoso<br />
esperar mais tempo para auferir retornos superiores).<br />
Todos estes exemplos até aqui apresentados tiveram por finali<strong>da</strong><strong>de</strong> apresentar<br />
os seguintes fatos:<br />
19
• o crescimento do (ou a geração <strong>de</strong>) valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do crescimento dos lucros<br />
(ou do NOPLAT);<br />
• <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> investimento líquido sobre os lucros;<br />
• do ROIC <strong>de</strong> novos investimentos <strong>de</strong> capital;<br />
• doWACC,<br />
sem embargo do que já foi exposto anteriormente a respeito <strong>da</strong> relação entre<br />
ROIC, WACC, e valor.<br />
2.2.1 - NOPLAT<br />
Os conceitos <strong>de</strong> NOPLAT e capital investido são centrais para a <strong>de</strong>finição e o<br />
entendimento dos value drivers. Nesta seção, examinar-se-á mais <strong>de</strong> perto o<br />
primeiro <strong>de</strong>stes dois conceitos - o NOPLAT.<br />
Conforme Copeland (1995-96, p. 160), o NOPLAT ou lucro operacional líquido<br />
ajustado para os impostos, ..."representa os lucros operacionais <strong>da</strong> companhia,<br />
<strong>de</strong>pois dos impostos, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter-se estes últimos ajustados para uma base<br />
<strong>de</strong> caixa". De forma mais explícita, a fórmula para a obtenção do NOPLAT seria<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
NOPLAT = (RL - CMV - DV - DA - ODG - DEP) - IMP + MIRP,<br />
on<strong>de</strong>:<br />
RL -+ receita líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s;<br />
CMV -+ custo <strong>da</strong>s mercadorias (ou produtos ou serviços) vendidos;<br />
DV -+ <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s;<br />
DA -+ <strong>de</strong>spesas administrativas;<br />
ODG -+ outras <strong>de</strong>spesas gerais;<br />
20
DEP ~ <strong>de</strong>preciação;<br />
IMP ~ <strong>de</strong>spesas com impostos, base-caixa;<br />
MIRP ~ mu<strong>da</strong>nça no imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> a pagar.<br />
Simplificando,<br />
NOPlAT = LAJIR - IMP + MIRP<br />
Deve-se frisar, aqui, alguns pontos:<br />
• nesta configuração, o NOPlAT não inclui as <strong>de</strong>spesas com <strong>de</strong>preciação (ou<br />
seja, elas são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s uma <strong>de</strong>spesa base-caixa, mesmo não sendo<br />
dinheiro. Este ponto é também abor<strong>da</strong>do <strong>da</strong> mesma forma por Stewart (1990,<br />
pg. 86). Sendo assim, no cálculo do FCl <strong>de</strong>ve-se levar isto em consi<strong>de</strong>ração<br />
e, então, fazer-se uso do conceito <strong>de</strong> investimento líquido ao invés <strong>de</strong><br />
investimento bruto, isto é, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>duzir a <strong>de</strong>preciação também do valor<br />
<strong>de</strong>ste último. Em síntese, neste caso,<br />
FCl = NOPlAT - investimento líquido<br />
investimento líquido = investimento bruto - <strong>de</strong>spesa com <strong>de</strong>preciação<br />
• as mu<strong>da</strong>nças no imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> a pagar se referem à conta <strong>de</strong> passivo, no<br />
Balanço, "Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> a Pagar". É prática recomendável, no Brasil,<br />
(IUDíCIBUS et alll, 1994, p. 345-346) lançar a débito ou crédito no<br />
Demonstrativo <strong>de</strong> Resultados, conforme o caso, as diferenças entre a<br />
provisão para o imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e contribuição social e os valores reais a<br />
pagar quando <strong>de</strong> seu cálculo efetivo. Sendo assim, no primeiro ano, em caso<br />
<strong>de</strong> a provisão calcula<strong>da</strong> no final do exercício ser, por exemplo, maior que o<br />
valor total dos tributos a pagar, e sendo estes pagáveis, hipoteticamente, no<br />
quarto mês do exercício seguinte, a diferença apura<strong>da</strong> seria lança<strong>da</strong>, neste<br />
21
mês, a título <strong>de</strong> receita no <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> resultados. Segue que, ao final<br />
do segundo exercício, ambas as contas - a <strong>de</strong> provisão e a <strong>de</strong> imposto a<br />
pagar, estariam com saldo zero (até que fosse apurado o resultado do<br />
exercício do segundo ano e o processo se reiniciasse). Seja, então, o caso<br />
em que a prática <strong>de</strong> efetuar tais lançamentos não fosse segui<strong>da</strong>. Consi<strong>de</strong>re-<br />
se, ain<strong>da</strong>, que a provisão para IR e CS do segundo exercício fosse<br />
exatamente igual à do primeiro. Ao fim do segundo exercício, o exame <strong>da</strong><br />
conta imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> a pagar indicaria um aumento, <strong>de</strong> um período para o<br />
outro, igual à diferença a menor entre imposto pago e provisão <strong>de</strong> imposto a<br />
pagar, ambas referentes ao primeiro exercício. Em um caso como este, este<br />
aumento no imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> a pagar (consi<strong>de</strong>rando-se que imposto <strong>de</strong><br />
ren<strong>da</strong> a pagar e provisão para IR sejam, no passivo, uma única conta) seria<br />
lançado como MIRP. O exemplo abaixo irá <strong>de</strong>monstrar, em <strong>de</strong>talhes, o acima<br />
exposto:<br />
Fim do Ano 1<br />
LAIR = 1.000<br />
Provisão p/ IR = 35% x LAIR = 350<br />
Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> a pagar (passivo) = 350<br />
Quarto mês do Ano 2<br />
IR efetivamente a ser pago = 300<br />
Diferença entre provisão p/ IR e IR a pagar = 50, a crédito<br />
Saldo <strong>da</strong> conta <strong>de</strong> IR a pagar (passivo) = 50<br />
Fim do Ano 2<br />
LAIR = 1.000<br />
22
Provisão p/ IR = 35% x LAIR = 350<br />
IR a pagar (passivo) = 50 + 350 = 400<br />
MIRP (pl efeito <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> Noplat) = 400 - 350 = 50<br />
Este tratamento <strong>de</strong> MIRP é, em todos os aspectos, condizente com a<br />
preocupação <strong>de</strong> se tratar os efeitos <strong>da</strong> tributação em bases <strong>de</strong> caixa, <strong>de</strong> acordo,<br />
aliás, com tudo ao que se refere ao NOPLAT e à própria filosofia do cálculo do<br />
valor pelos métodos do DCF e do Lucro Econômico.<br />
• as <strong>de</strong>spesas com impostos, ou IMP, <strong>de</strong>vem ser, conforme já salientado,<br />
calcula<strong>da</strong>s base-caixa. Em linguagem técnica, isto quer dizer que eventuais<br />
ganhos ou per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa oriundos <strong>de</strong> aplicações <strong>da</strong> legislação fiscal <strong>de</strong>vem<br />
ser subtraídos ou adicionados, conforme o caso, <strong>da</strong> provisão para imposto <strong>de</strong><br />
ren<strong>da</strong>. Além disto, <strong>de</strong>ve-se procurar obter o valor <strong>da</strong> provisão para IR que<br />
<strong>de</strong>veria ser válido caso a empresa não possuísse passivos <strong>de</strong> natureza<br />
financeira (empréstimos e financiamentos geradores <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas com juros),<br />
ativos geradores <strong>de</strong> receitas financeiras e, não tivesse realizado ganhos não<br />
operacionais como, por exemplo, na alienação <strong>de</strong> ativos. Grosso modo, o<br />
principal ajuste se refere à questão <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas financeiras. Para ilustrá-lo,<br />
consi<strong>de</strong>re-se o exemplo abaixo, relativo a uma empresa hipotética qualquer:<br />
• LAIR no exercício fiscal: $1.000.000<br />
• Alíquota para IR: 40%, aplicável sobre LAIR<br />
• Despesas com juros no exercício: $100.000<br />
23
QUADRO 8 - Cálculo <strong>de</strong> IMP ou Provisão Ajusta<strong>da</strong> pf IR<br />
Discriminação Valores ($)<br />
LAIR 1.000.000<br />
Provisão pf IR 400.000<br />
(+) Crédito sobre <strong>de</strong>spesas 40.000<br />
cf juros<br />
Provisão ajusta<strong>da</strong> pf IR 440.000<br />
Tal resultado se coaduna com a fórmula apresenta<strong>da</strong> para cálculo do NOPLAT,<br />
on<strong>de</strong> tudo o que não seja consi<strong>de</strong>rado operacional não é incluído na<br />
computação. Este é o caso aqui, pois passivos financeiros não se relacionam<br />
diretamente à operação <strong>da</strong> empresa, no sentido <strong>de</strong> serem gerados por ela, serem<br />
um resultado oriundo <strong>de</strong>la. Na mesma situação po<strong>de</strong>m ser incluídos os seguintes .<br />
itens:<br />
1. receitas financeiras;<br />
2. ganhos ou per<strong>da</strong>s com ativos não-operacionais;<br />
3. ganhos ou per<strong>da</strong>s com a alienação <strong>de</strong> ativos;<br />
4. Resultados <strong>de</strong> variações monetárias e cambiais (relacionados mais ao caso<br />
<strong>da</strong> legislação e práticas contábeis brasileiras).<br />
Em síntese, e para confirmar, tem-se que:<br />
NOPLAT = LAJIR - IMP + MIRP<br />
2.2.2 - Capital Investido<br />
O capital investido é a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital I investido nas operações <strong>da</strong><br />
companhia. De novo aqui, é importante notar que, ao passo que NOPLAT<br />
24<br />
. ;.
procura prover uma figura do lucro líquido operacional <strong>de</strong> uma empresa, o capital<br />
investido também se caracteriza, enquanto conceito, e levando-se também em<br />
conta seus elementos constituintes, como sendo uma medi<strong>da</strong> absolutamente<br />
relaciona<strong>da</strong> às operações <strong>da</strong> empresa. Não importa aqui se os fundos aplicados<br />
ou investidos são passivos financeiros ou não; o que importa é se foram<br />
utilizados para financiar as operações <strong>da</strong> empresa.<br />
o capital investido po<strong>de</strong> ser obtido <strong>de</strong> ambos os lados do balanço. Do lado dos<br />
ativos, ele seria <strong>da</strong>do, genericamente, por:<br />
(+) Capital <strong>de</strong> Giro Operacional<br />
(+) Ativo permanente (ou net property, plant, and equipment, segundo a<br />
terminologia norte-americana)<br />
(+) Outros Ativos (inclusive do realizável a longo prazo)<br />
(-) Passivos não-circulantes <strong>de</strong> natureza não-financeira<br />
= Capital Investido<br />
Ao se somar o capital investido com os ativos <strong>de</strong> natureza não-operacionais<br />
(caso existam), obtém-se o capital total dos investidores. Examinar-se-á, em<br />
segui<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> um dos elementos que participam do cálculo do capital investido e<br />
do capital total dos investidores.<br />
1) Ativo Circulante Operacional<br />
Este é um elemento que participa do cálculo do capital <strong>de</strong> giro operacional, que,<br />
por sua vez, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como os ativos circulantes operacionais menos os<br />
passivos circulantes não-financeiros, isto é:<br />
Capital <strong>de</strong> giro operacional = ativo circulante operacional - passivo circulante não-<br />
financeiro, ou, <strong>de</strong> maneira mais didática,<br />
25
CGO = ACO - PCNF<br />
Já há alguns parágrafos atrás, percebe-se que os conceitos por trás dos cál culos<br />
dos value drivers ca<strong>da</strong> vez se tornam mais sutis. É importante, então, não per<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> vista o porquê <strong>de</strong> certas <strong>de</strong>finições.<br />
Com efeito, e em primeiro lugar, po<strong>de</strong>-se perguntar porque os passivos<br />
circulantes não-financeiros não <strong>de</strong>vem ser utilizados no cálculo <strong>de</strong> CGO, e,<br />
portanto, do capital investido. À primeira vista, contas como salários a pagar,<br />
fornecedores e impostos e taxas a pagar são fontes <strong>de</strong> capital operacional para a<br />
empresa, e não <strong>de</strong>veriam, portanto, ser excluí<strong>da</strong>s na computação <strong>de</strong> CGO. Na<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que ocorre é que eventuais <strong>de</strong>spesas associa<strong>da</strong>s à manutenção<br />
<strong>de</strong>stes capitais NÃO foram <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>s do cômputo <strong>de</strong> NOPLA T, como o foram as<br />
dos passivos financeiros, isto é, se, por exemplo, os fornecedores embutiram os<br />
.custos financeiros em seus preços <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>, estes custos já foram consi<strong>de</strong>rados<br />
como <strong>de</strong>spesas na <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> resultados do exercício. Po<strong>de</strong>-se, então,<br />
consi<strong>de</strong>rar que, implicitamente, esta fonte <strong>de</strong> capital já foi remunera<strong>da</strong>, e não<br />
possui nenhuma reivindicação sobre os resultados <strong>da</strong> companhia (quando se<br />
pensa em termos <strong>de</strong> salários e impostos e taxas a pagar, a situação mu<strong>da</strong><br />
levemente. De fato, os empregados, por receberem os salários <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado mês <strong>de</strong> trabalho, por exemplo, no décimo dia do mês seguinte, não<br />
parecem embutir nenhum custo financeiro nisto, o mesmo sendo válido para os<br />
prazos concedidos, pelos governos, para o pagamento <strong>de</strong> impostos e taxas.<br />
Sendo assim, carece <strong>de</strong> base teórica a exclusão do capital proveniente <strong>de</strong>stas<br />
contas <strong>de</strong> passivo circulante não-financeiro, e a questão fica, <strong>de</strong>sta forma, <strong>de</strong> se<br />
adotar esta postura ou não por conveniência. Seja , então, que, tal será feito<br />
neste trabalho, isto é, tal postura será a adota<strong>da</strong>, como se expôs, por<br />
conveniência).<br />
26
Tome-se, em segundo lugar, o conceito <strong>de</strong> ativo circulante operacional - outro<br />
elemento do cálculo <strong>de</strong> CGO. Trata-se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>rivação do ativo<br />
circulante total, na qual se exclui, <strong>de</strong>ste último, o caixa não utilizado para financiar<br />
as operações <strong>da</strong> empresa, esteja ele em "Caixa e Bancos" ou em "Aplicações<br />
Financeiras", incluindo esta última conta <strong>de</strong>bêntures ou ações (ou, mais<br />
genericamente, títulos financeiros <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z imediata). Assim, uma companhia<br />
po<strong>de</strong> ter, em seu Balanço, um saldo expressivo <strong>de</strong> caixa, mas, por outro lado, em<br />
gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>snecessário para se operar o negócio e, neste caso, esta parte<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong>snecessária para o financiamento <strong>da</strong>s operações, <strong>de</strong>ve ser<br />
excluí<strong>da</strong> do cômputo do ativo circulante operacional.<br />
Em adição, e conforme Copeland (1995-96, p. 165) afirma, tratar este "excesso<br />
<strong>de</strong> caixa" como não-operacional, transforma a tarefa <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> empresa em<br />
algo mais fácil. Com efeito, e bastante simplifica<strong>da</strong>mente, po<strong>de</strong>-se afirmar que<br />
consi<strong>de</strong>rar o valor <strong>de</strong> uma companhia como igual aos seus FCl (<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente<br />
<strong>de</strong>scontado pelo WACC) mais o NPV do seu excesso <strong>de</strong> caixa (que é igual ao<br />
seu valor <strong>de</strong> mercado, isto é, a ele mesmo) é bem menos complicado do que os<br />
procedimentos alternativos que <strong>de</strong>veriam ser levados a cabo no caso <strong>de</strong> se<br />
consi<strong>de</strong>rar o excesso <strong>de</strong> caixa como operacional, sem que, com isto, se<br />
obtivesse algum insight adicional sobre a visão geral <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong><br />
empresa.<br />
Quanto a como <strong>de</strong>ve ser estimado o valor do excesso <strong>de</strong> caixa, não há uma regra<br />
específica ou sequer referências teóricas a respeito. Copeland (1995-96, p. 166),<br />
por exemplo, situa este valor entre 98,0% e 99,5% do total <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong><br />
ven<strong>da</strong>s. De qualquer forma, o que vale é a experiência <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um e as<br />
evidências empíricas. Estas, por seu turno, têm uma forte relação com o<br />
ambiente <strong>de</strong> negócios em que foram observa<strong>da</strong>s. De fato, números coletados nos<br />
EUA po<strong>de</strong>m ter pouca ou nenhuma relevância para ambientes <strong>de</strong> negócios como,<br />
por exemplo, o brasileiro (a prática <strong>de</strong> finanças no Brasil nos confirma isto).<br />
27
Em resumo, tem-se que:<br />
CGO = ACO - PCNF,<br />
com,<br />
ACO = ativo circulante total - excesso <strong>de</strong> caixa<br />
2) Ativo Imobilizado<br />
o conceito <strong>de</strong> Net property, plant, and equipment, utilizado na contabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
norte-americana, é grosso modo, equivalente' ao conceito brasileiro <strong>de</strong> Ativo<br />
Imobilizado (um sub-grupo <strong>de</strong> contas pertencente ao Ativo Permanente). O que<br />
importa aqui é saber que, em ambos, a <strong>de</strong>preciação acumula<strong>da</strong> já foi <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>,<br />
em consonância com a sua inclusão como item <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa no cálculo <strong>de</strong><br />
NOPLAT.<br />
Quanto a qual valor <strong>de</strong>ve ser utilizado - se o histórico ou o <strong>de</strong> reposição - <strong>de</strong>ve-<br />
se, por enquanto ficar com o primeiro. Mais adiante este tópico será discutido<br />
com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> atenção.<br />
3) Outros Ativos<br />
O cálculo do capital investido se conclui com a adição dos valores relativos a<br />
outros ativos operacionais (que, no caso brasileiro, incluem o restante dos ativos<br />
operacionais não encampados pelos ativos circulante operacional e permanente,<br />
ou seja, incluem o ativo realizável a longo prazo).<br />
28
Finalmente, para se obter o capital total dos investidores, adiciona-se ao valor<br />
obtido para o capital investido, os valores dos ativos não-operacionais e dos<br />
ágios/<strong>de</strong>ságios verificados em investimentos já realizados (isto é, os valores<br />
pagos por investimentos, a mais ou a menos, em relação aos seus valores<br />
patrimoniais).<br />
Apenas para ilustrar, cabe afirmar que o capital total dos investidores também<br />
po<strong>de</strong> ser obtido a partir do lado direito do Balanço Patrimonial. Para tanto, <strong>de</strong>ve-<br />
se somar os seguintes itens:<br />
• Patrimônio líquido;<br />
• Provisão p/ IR diferido;<br />
• Passivos <strong>de</strong> natureza financeira (inclusive arren<strong>da</strong>mentos mercantis<br />
<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente capitalizados).<br />
No sentido <strong>de</strong> relacionar os conceitos até aqui apresentados com valores<br />
numéricos, os números <strong>da</strong> HERSHEY FOODS CORPORATION, providos por<br />
Copeland (1995-96, p. 161-163 e 165), são apresentados abaixo:<br />
29
.<br />
" } ..<br />
.J •.•., _ I .~_<br />
QUADRO 9 )~,~'J:•.<br />
.: ,~j.~ t.,<br />
HERSHEY FOODS CORPORATJON '<br />
DEMONSTRATIVO<br />
MILHÕES<br />
.: ~j ",.," • ~<br />
DE RESULTADOS - EM US$<br />
ITEM DE DR 1990 1991 1992<br />
Receita líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s 2715,6 2899,2 3219,8<br />
Receita financeira 1,7 2,4 2,5<br />
Receita Total 2717,3 2901,6 3222,3<br />
CMV •. !, 1526,6 1621,7 1749,0<br />
Desp.<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, adm. e gerais j 765,7 803,5 947,2<br />
Depreciação<br />
61,7 72,7 84,4<br />
Amortização <strong>de</strong> ágio/<strong>de</strong>sá~io~l em 11,0 11,0 11,0<br />
investimentos<br />
Despesas <strong>de</strong> juros 26,3 29,3 29,7<br />
Custos e <strong>de</strong>spesas totais 2391,3 2538,2 2821,3<br />
Resultado antes itens não-operacionais 326,0 363,4 401,0<br />
Resultados não-operacionais 35,5 0,0 0,0<br />
LAIR 361,5 363,4 401,0<br />
Provisão p/ IR 145,6 143,9 158,4<br />
Lucro líquido 21,5,9 219,5 242,6<br />
Demonstração <strong>de</strong> Lucrós Acumulados<br />
..<br />
Resultado acumulado, começo do ano 949,8 1077,9 1214,0<br />
Lucro líquido 215,9 219,5 242,6<br />
Divi<strong>de</strong>ndos .. 87,8 83,4 91,4<br />
Resultado acumulado, final do ano 1077,9 1214,0 1365,2<br />
.... 30<br />
,
QUADRO 10<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
ATIVO - EM US$ MILHÕES<br />
ITEM DE ATIVO 1990 1991 1992<br />
Caixa operacional 26,6 29,0 24,1<br />
Excesso <strong>de</strong> caixa 0,0 42,1 0,0<br />
Contas a receber 143,0 159,8 173,6<br />
Estoques 379,1 436,9 457,2<br />
Outros ativos circulantes 113,1 76,6 106,0<br />
Ativo circulante 661,8 744,4 760,9<br />
Ativo Imobilizado 1323,6 1581,3 1797,4<br />
(-) Depreciação acumula<strong>da</strong> 371,5 435,6 501,4<br />
Ativo Imobilizado Líquido 952,1 1145,7 1296,0<br />
Agia/Deságio em investimentos 417,6 421,7 399,8<br />
Outros ativos 47,3 30,0 37,2<br />
Investimentos 0,0 0,0 179,1<br />
Ativo Permanente 1417,0 1597,4 1912,1<br />
Ativo Total 2078,8 2341,8 2673,0<br />
31
QUADRO 11<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
PASSIVO E PATRIMÔNIO LíQUIDO - EM US$<br />
MILHÕES<br />
ITEM DE PASSIVO + PL 1990 1991 1992<br />
Empréstimos CP e apropriação emp. LP 64,9 108,1 385,3<br />
Contas a pagar 87,1 114,4 105,2<br />
Outros passivos 189,3 248,3 246,5<br />
Passivo Circulante 341,3 470,8 737,0<br />
Empréstimos e financiamentos <strong>de</strong> LP 273,4 282,9 174,3<br />
Outros passivos <strong>de</strong> LP 66,2 80,9 92,9<br />
Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> diferido 154,5 172,0 203,5<br />
ELP 494,1 535,8 470,7<br />
Capital social e ágio na emissão <strong>de</strong> ações 139,4 94,8 97,6<br />
Resultados acumulados 1077,9 1214,0 1365,2<br />
Outros ajustes 26,2 26,4 2,5<br />
Patrimônio líquido 1243,5 1335,2 1465,3<br />
Passivo e PL Total 2078,9 2341,8 2673,0<br />
32
QUADRO 12<br />
HERSHEY FOOOS CORPORATION<br />
CÁLCULO DE NOPLAT - EM US$<br />
MILHÕES<br />
ITEM DE NOPLAT 1990 1991 1992<br />
Receita líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s 2715,6 2899,2 3219,8<br />
CMV 1526,6 1621,7 1749,0<br />
Desp.<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, adm. e gerais 765,7 803,5 947,2<br />
Depreciação 61,7 72,7 84,4<br />
LAJIR 361,6 401,3 439,2<br />
Provisão ajusta<strong>da</strong> p/ IR 141,4 154,4 169,0<br />
MIRP 12,9 17,5 31,5<br />
NOPLAT 233,1 264,4 301,7<br />
Provisão Ajusta<strong>da</strong> p/ IR<br />
Provisão p/ IR 145,6 143,9 158,4<br />
(+) IR sobre <strong>de</strong>spesas com juros 10,3 11,4 11,6<br />
(-) IR sobre receitas financeiras 0,7 0,9 1,0<br />
(-) IR sobre receitas não-operacionais 13,9 0,0 0,0<br />
Provisão ajusta<strong>da</strong> p/ IR 141,3 154,4 169,0<br />
Reconciliação com Lucro Líquido<br />
Lucro Líquido 215,9 219,5 242,6<br />
(+) aumento em IR diferido 12,9 17,5 31,5<br />
(+) amortização <strong>de</strong> ágio/<strong>de</strong>ságio em invest. 11,0 11,0 11,0<br />
Lucro líquido ajustado 239,8 248,0 285,1<br />
(+) <strong>de</strong>spesas com juros após IR 16,1 17,9 18,1<br />
Resultado disponível para investidores 255,9 265,9 303,2<br />
(-) receitas financeiras após IR 1,0 1,5 1,5<br />
(-) .receitas não-operacionais após IR 21,7 0,0 0,0<br />
NOPLAT 233,2 264,4 301,7<br />
33
QUADRO 13<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
CÁLCULO DO CAPITAL INVESTIDO - EM US$<br />
MILHÕES<br />
ITEM DE CI 1990 1991 1992<br />
Ativo circulante operacional 661,8 702,3 760,9<br />
Passivo circulante não-financeiro 276,4 362,7 351,7<br />
Capital <strong>de</strong> giro operacional 385,4 339,6 409,2<br />
Ativo imobilizado líquido 952,1 1145,7 1296<br />
Outros ativos operac., líquidos <strong>de</strong> outros -18,9 -50,9 -55,8<br />
passivos<br />
Capital investido 1318,6 1434,4 1649,4<br />
(+) excesso <strong>de</strong> caixa 0,0 42,1 0,0<br />
(+) ágio/<strong>de</strong>ságio em investimentos 417,6 421,7 399,8<br />
(+) investimentos não-operacionais 0,0 0,0 179,1<br />
= Capital total dos investidores 1736,2 1898,2 2228,3<br />
Patrimônio Líquido 1243,5 1335,3 1465,3<br />
IR diferido 154,5 172,0 203,5<br />
Patrimônio Líquido ajustado 1398,0 1507,3 1668,8<br />
Passivo financeiro total 338,3 391,0 559,5<br />
Capital total dos investidores 1736,3 1898,3 2228,3<br />
2.2.3 - Calculando ROIC, FCl E lucro Econômico<br />
2.2.3.1 - ROIC<br />
Relembrando, tem-se que,<br />
34
ROIC = NOPLAT/capital investido<br />
Além disto, alguns outros cui<strong>da</strong>dos gerais <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>stacados:<br />
• o capital investido é geralmente medido no começo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ano; a média<br />
entre o começo e o fim do ano também é bastante utiliza<strong>da</strong>. O NOPLAT, na<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, é uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> fluxo, enquanto o capital investido é uma medi<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> estoque. Isto quer dizer que, teoricamente, po<strong>de</strong>-se investir uma<br />
<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> quantia em um negócio no momento inicial To para, a partir <strong>da</strong>í,<br />
auferir-se retornos (NOPLAT) continuamente (mas, em tese, não<br />
in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>mente). Sendo assim, o analista po<strong>de</strong> ou não seguir a<br />
recomen<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> se utilizar dos valores iniciais ou médios do capital<br />
investido. Tudo vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> situação;<br />
• a recomen<strong>da</strong>ção mais importante, contudo, é a <strong>de</strong> que, ao introduzir-se<br />
qualquer mu<strong>da</strong>nça no cálculo, tanto <strong>de</strong> NOPLAT quanto do capital investido,<br />
que se preste a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> atenção à seguinte regra: se é introduzido um ativo<br />
qualquer no cômputo do capital investido, <strong>de</strong>ve também ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a<br />
receita correspon<strong>de</strong>nte em NOPLAT.<br />
O quadro abaixo mostra o cálculo <strong>de</strong> ROIC para a HERSHEY, conforme<br />
apresentado por COPELAND (1995-96, p. 169)<br />
35
QUADRO 14<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
CÁLCULO DO ROIC - EM US$ MILHÕES<br />
ITEM DE ROIC 1990 1991 1992<br />
NOPLAT 233,1 264,4 301,7<br />
Capital investido (começo do ano) 1.110,7 1.318,6 1.434,4<br />
ROIC 21,0% 20,1% 21,0%<br />
ROIC (com o uso,<strong>de</strong> capital investido médio) 19,2% 19,2% 19,6%<br />
ROIC (incluindo Agia em investimentos) 15,7% 15,2% 16,3%<br />
2.2.3.2 - Tópicos Especiais na Computação <strong>de</strong> ROIC<br />
1) ROICe outras medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> retorno<br />
Duas são as medi<strong>da</strong>s utiliza<strong>da</strong>s com mais frequência como medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> capital<br />
para efeitos <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> retorno: capital próprio <strong>da</strong> companhia ou patrimônio<br />
líquido e ativos totais. O primeiro é utilizado no cálculo <strong>de</strong> ROE (Retorno sobre o<br />
Patrimônio Líquido ou Return on Equity). Esta medi<strong>da</strong> mistura <strong>de</strong>sempenho<br />
operacional com estrutura financeira (STEWART, 1990, p. 84), e, por isso, não é<br />
capaz <strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> para propósitos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas (COPELAND,<br />
1995-96, p. 169), principalmente no que tange à projeção <strong>de</strong> tendências <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempenho.<br />
Quanto aos ativos totais, eles, <strong>de</strong> acordo com o já apresentado anteriormente,<br />
incluem passivos circulantes não-financeiros que já tiveram, em tese, seus custos<br />
financeiros <strong>de</strong>duzidos do cálculo <strong>de</strong> NOPLAT.<br />
2) Custo <strong>de</strong> Reposição ou Valor <strong>de</strong> Mercado<br />
36
Assumindo-se baixos níveis <strong>de</strong> inflação (inflação anual <strong>de</strong> um dígito, isto é,<br />
abaixo <strong>de</strong> 10%), os valores dos ativos po<strong>de</strong>m, ao longo do tempo, ser<br />
<strong>de</strong>preciados pela per<strong>da</strong> <strong>de</strong> valor monetário <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> corrente. Isto,<br />
evi<strong>de</strong>ntemente, po<strong>de</strong> distorcer os valores <strong>de</strong> ROIC. Nestas situações, as<br />
alternativas seriam a utilização do custo <strong>de</strong> reposição, isto é, quanto custaria para<br />
repor um mesmo ativo, ou um ativo similar ao ativo <strong>de</strong>preciado, e o uso do valor<br />
<strong>de</strong> mercado, entendido como o valor atribuído pelo mercado ao ativo objeto <strong>da</strong><br />
reavaliação.<br />
Copeland (1995-96, p. 169-170) afirma que, em princípio, a substituição do valor<br />
histórico <strong>de</strong> ativos em geral não <strong>de</strong>ve ser leva<strong>da</strong> a cabo, a não ser em casos<br />
muito especiais, que fogem ao escopo <strong>de</strong>ste trabalho. Mesmo assim, ele,<br />
corretamente, adverte que eventuais aumentos (ou apreciações) dos valores dos<br />
ativos <strong>de</strong>vem também ter seu efeito econômico reconhecido quando do cálculo<br />
<strong>de</strong> NOPLAT, isto é, uma receita correspon<strong>de</strong>nte ao valor líquido adicionado ao<br />
valor histórico do ativo em avaliação <strong>de</strong>ve ser introduzi<strong>da</strong> para efeitos <strong>de</strong><br />
obtenção <strong>de</strong> NOPLAT.<br />
3) Ágio na Realização <strong>de</strong> Investimentos<br />
Este item - conhecido em inglês como goodwill - representa o ágio pago por uma<br />
empresa quando <strong>da</strong> aquisição <strong>de</strong> ativos pertencentes a outras empresas (que<br />
po<strong>de</strong>m ser uma aquisição por inteiro <strong>de</strong> outra companhia, ou seja, a compra <strong>de</strong><br />
todos os seus ativos). Este goodwill <strong>de</strong>ve ser calculado como a diferença entre o<br />
valor patrimonial <strong>de</strong>clarado do ativo adquirido e o valor efetivamente pago por<br />
ele.<br />
o cálculo <strong>de</strong> ROIC conforme aqui apresentado e discutido, não inclui nem o<br />
goodwill no <strong>de</strong>nominador (capital investido) nem sua amortização no numerador<br />
(NOPLAT). Desta maneira, ROIC não é distorcido pelo prêmio ou ágio pago<br />
37
nesta transações, isto é, ele captura apenas a informação operacional, relativa ao<br />
<strong>de</strong>sempenho ou performance estritamente operacional <strong>da</strong> companhia em análise.<br />
Além disto, fica mais fácil, <strong>de</strong>sta forma, estabelecer comparações entre diferentes<br />
companhias e entre valores <strong>de</strong> ROle obtidos em diferentes épocas<br />
(características estas que, como se verá mais adiante, são <strong>de</strong> extrema<br />
importância para o cálculo e análise do valor).<br />
Em alguns casos, entretanto, po<strong>de</strong> ser útil consi<strong>de</strong>rar o goodwill no cômputo <strong>de</strong><br />
ROIC, como por exemplo, quando é necessário apurar-se o retorno para o capital<br />
total dos investidores. Este, no entanto, é um assunto que também foge ao<br />
escopo <strong>de</strong>ste trabalho, pois li<strong>da</strong> com questões técnicas <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e, além<br />
disto, é <strong>de</strong> pouca utili<strong>da</strong><strong>de</strong> no dia-a-dia <strong>da</strong> prática <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas.<br />
2.2.3.3 - Tópicos Especiais na Computação <strong>de</strong> FCl<br />
O Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre é consi<strong>de</strong>rado como o fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>pois dos impostos<br />
que estaria à disposição dos acionistas no caso <strong>de</strong> a companhia não possuir<br />
passivos financeiros. As fórmulas para FCl são:<br />
Fel = NOPlAT - investimento líquido<br />
FCl = (NOPlAT + <strong>de</strong>preciação) - (investimento líquido + <strong>de</strong>preciação)<br />
Fel = fluxo <strong>de</strong> caixa bruto - investimento bruto<br />
1) Depreciação<br />
Para propósitos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas, a <strong>de</strong>preciação inclui to<strong>da</strong>s as<br />
<strong>de</strong>spesas que não representam saí<strong>da</strong> efetiva <strong>de</strong> caixa (com exceção <strong>da</strong><br />
amortização <strong>de</strong> goodwill) e que foram <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>s do cálculo <strong>de</strong> lAJIR.<br />
2) Despesas <strong>de</strong> Capital<br />
38
As <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital são, grosso modo, os gastos com a reposição e aquisição<br />
<strong>de</strong> novos ativos imobilizados. A partir do balanço patrimonial, as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />
capital po<strong>de</strong>m ser calcula<strong>da</strong>s como sendo o aumento no ativo imobilizado líquido<br />
<strong>da</strong> <strong>de</strong>preciação acumula<strong>da</strong> mais as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação do período.<br />
É importante ressaltar que esta <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital implica em:<br />
• adicionar a <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação a NOPlAT, isto é, não consi<strong>de</strong>rá-Ia como<br />
uma <strong>de</strong>spesa propriamente dita;<br />
• consi<strong>de</strong>rar o fluxo <strong>de</strong> caixa livre como sendo<br />
FCl = fluxo <strong>de</strong> caixa bruto - investimento bruto<br />
ao invés <strong>de</strong><br />
FCl = NOPlAT - investimento líquido<br />
Neste último caso, a <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação seria uma <strong>de</strong>dução <strong>de</strong> NOPlAT e<br />
as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital seriam iguais, apenas, ao aumento no valor do ativo<br />
. imobilizado líquido do valor <strong>da</strong> <strong>de</strong>preciação acumula<strong>da</strong>.<br />
3) Outros<br />
Existem alguns outros tópicos fartamente cobertos pela literatura disponível sobre<br />
"valuation". Entre eles, poucos são os capazes <strong>de</strong> provocar maiores equívocos ao<br />
trabalho <strong>de</strong> avaliação. Deste último sub-conjunto, talvez o elemento mais<br />
importante seja o tratamento a ser <strong>da</strong>do aos fluxos <strong>de</strong> caixa não-operacionais.<br />
39
Como se sabe, tais fluxos <strong>de</strong> caixa são parte integrante do valor <strong>da</strong> empresa,<br />
pois:<br />
NPV do FCl + NPV <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> caixa não-operacionais <strong>de</strong>pois dos impostos =<br />
valor total <strong>da</strong> companhia<br />
Por outro lado, consi<strong>de</strong>rar um ativo como não-operacional e, portanto, gerador <strong>de</strong><br />
fluxos <strong>de</strong> caixa não-operacionais, <strong>de</strong>ve ser encarado com prudência. Conforme<br />
afirma Copeland (1995-96, p. 176), "O risco <strong>de</strong> uma companhia e, portanto, seu<br />
custo <strong>de</strong> capital, reflete a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus ativos e <strong>de</strong> seu fluxo <strong>de</strong> caixa.<br />
Excluir arbritrariamente itens do fluxo <strong>de</strong> caixa livre po<strong>de</strong> violar o princípio <strong>da</strong><br />
consistência entre o fluxo <strong>de</strong> caixa livre e o custo <strong>de</strong> capital". Desta forma, <strong>de</strong>vem<br />
ser consi<strong>de</strong>rados como não-operacionais, apenas fluxos <strong>de</strong> caixa provenientes<br />
<strong>de</strong> investimentos em negócios não relacionados ao "core business" <strong>da</strong><br />
companhia, <strong>de</strong> operações <strong>de</strong>scontinua<strong>da</strong>s (phased out operations) ou <strong>de</strong><br />
quaisquer outros itens extraordinários.<br />
2.2.3.4 - Tópicos Especiais na Computação do lucro Econômico elE)<br />
O lucro Econômico po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> duas maneiras, conforme já<br />
apresentado:<br />
lE = capital investido x (ROIC - WACC)<br />
lE = NOPLA T - (capital investido x WACC)<br />
A questão mais importante aqui é a relativa à compreensão do significado do<br />
conceito <strong>de</strong> lucro econômico. Trata-se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> criação <strong>de</strong><br />
valor pela companhia em um <strong>de</strong>terminado período, e não incorpora, em sua<br />
<strong>de</strong>finição, nenhuma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> valor no mesmo período <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s expectativas (do mercado financeiro) quanto à criação <strong>de</strong> valor no<br />
40
futuro. Deriva <strong>da</strong>í que o lE <strong>de</strong> um período <strong>de</strong>terminado po<strong>de</strong> ser igual à criação<br />
<strong>de</strong> valor <strong>de</strong> mercado para acionistas <strong>de</strong> uma companhia qualquer, mas, caso haja<br />
expectativas positivas quanto à geração <strong>de</strong> valor mais à frente no tempo, ele<br />
será, necessariamente, diferente.<br />
Os cálculos referentes a FCl e lE, para a HERSHEY, INC., são apresentados<br />
abaixo:<br />
41
QUADRO 15<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
CÁLCULO DE NOPLAT - EM US$ MILHÕES<br />
ITEM DE NOPLAT 1990 1991 1992<br />
lAJIR 361,6 401,3 439,2<br />
(-) Impostos si lAJIR 141,4 154,4 169,0<br />
(+1-) MIRP 12,9 17,5 31,5<br />
NOPLAT 233,1 264,4 301,7<br />
(+) Depreciação 61,7 72,7 84,4<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa bruto 294,8 337,1 386,1<br />
Aumento no capital <strong>de</strong> giro 94,2 -45,7 69,5<br />
Despesas <strong>de</strong> capital 183,9 266,3 234,8<br />
Aumento em outros ativos, líquidos <strong>de</strong> passivos -8,4 -32,1 -4,9<br />
Investimento Bruto 269,7 188,5 299,4<br />
FC~ antes <strong>de</strong> ágio em investimentos realizados 25,1 148,6 86,7<br />
(+ Agio em investimentos realizados -55,2 -15,0 10,9<br />
FCl -30,1 133,6 97,6<br />
(+) Fluxos <strong>de</strong> caixa não-operacionais 21,7 0,0 -179,1<br />
(+) Efeitos <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> Dem. Fin. em outras -0,7 0,2 -23,9<br />
moe<strong>da</strong>s<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa disponível para investidores -9,1 133,8 -105,4<br />
Fluxo Financeiro<br />
Receita financeira <strong>de</strong>pois dos impostos -1,0 -1,5 -1,5<br />
Aumento (dim.) no excesso <strong>de</strong> caixa -28,3 42,1 -42,1<br />
Despesa com juros <strong>de</strong>pois dos impostos 16,1 17,9 18,1<br />
Diminuição (aumento) no passivo financeiro -84,5 -52,7 -168,5<br />
Divi<strong>de</strong>ndos 87,8 83,4 91,4<br />
Recompra (emissões) <strong>de</strong> ações 1,0 44,6 -2,8<br />
Fluxo financeiro total -8,9 133,8 -105,4<br />
42
QUADRO 16<br />
HERSHEY FOODS CORPORATION<br />
CÁLCULO DO LE - EM US$ MILHÕES<br />
LE 1990 1991 1992<br />
ROIC 21,0 20,1 21,0<br />
WACC 11,9 10,6 10,5<br />
ROIC-WACC 9,1 9,5 10,5<br />
Capital investido (começo do ano) 1.110,7 1.319,0 1.434,0<br />
Lucro econômico 101,1 125,3 150,6<br />
NOPLAT 233,1 264,0 302,0<br />
Custo <strong>de</strong> capital = capital investido x WACC 132,2 139,8 150,6<br />
Lucro econômico 100,9 124,2 151,4<br />
088: ROIC e WACC expressos em percentagens<br />
2.2.4 - WACC<br />
O Custo <strong>de</strong> Capital Mdio Pon<strong>de</strong>rado é um conceito fun<strong>da</strong>mental para o<br />
sucesso <strong>da</strong> tarefa <strong>de</strong> valuation. Mais acima, ele foi apresentado no contexto dos<br />
value drivers, como sendo a taxa que representaria o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
médio para os investidores em uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> companhia. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, trata-<br />
se disto também, mas, para um melhor entendimento <strong>de</strong> seu significado, é<br />
fun<strong>da</strong>mental conhecer-se em mais profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> a sua natureza. Esta seção, tem,<br />
então, o objetivo <strong>de</strong> explorar um pouco mais o conceito <strong>de</strong> WACC e procurar<br />
prover meios para que, em processos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas, como o que<br />
será apresentado adiante neste trabalho, não se cometam erros conceituais<br />
básicos, mas, potencialmente, capazes <strong>de</strong> comprometer to<strong>da</strong> a estrutura e os<br />
resultados do trabalhos <strong>de</strong> valuation.<br />
43
o lado direito do Balanço Patrimonial - Passivo e Patrimônio Líquido - representa,<br />
sob um ponto-<strong>de</strong>-vista contábil, as obrigações <strong>da</strong> empresa junto a fornecedores,<br />
empregados, e provedores ou supridores <strong>de</strong> capital como um todo. Sob uma<br />
visão mais financeira do Balanço, o lado direito representaria as fontes <strong>de</strong><br />
financiamento <strong>da</strong> empresa enquanto o ativo (ou o seu lado esquerdo),<br />
representaria as aplicações <strong>de</strong>stes financiamentos. O que se <strong>de</strong>ve fazer, em<br />
primeiro lugar, é i<strong>de</strong>ntificar quais <strong>de</strong>stes financiamentos <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados<br />
pela empresa como capital, ou seja, <strong>de</strong>ve-se procurar i<strong>de</strong>ntificar os componentes<br />
do capital. As seções abaixo irão examinar esta questão, e outras mais,<br />
relaciona<strong>da</strong>s à <strong>de</strong>finição e computação ou cálculo do WACC.<br />
2.2.4.1 - Componentes do Capital<br />
Os principais pontos aqui são os seguintes:<br />
• Passivo gerado espontaneamente: quando há um aumento <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, há,<br />
natural ou espontaneamente, um aumento dos passivos não financeiros<br />
circulantes ou <strong>de</strong> curto prazo, como fornecedores a pagar, salários a pagar e<br />
tributos a pagar, entre outros. Como o conceito <strong>de</strong> WACC é pensado como<br />
sendo utilizável para <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento ou <strong>de</strong> orçamento <strong>de</strong> capital <strong>de</strong><br />
longo prazo, e a geração espontânea <strong>de</strong> capital não requer uma <strong>de</strong>cisão<br />
específica <strong>de</strong> capital, além <strong>de</strong>, conforme já apresentado mais acima, já ter<br />
seus custos consi<strong>de</strong>rados implicitamente nas <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> resultado<br />
associa<strong>da</strong>s, faz com que estes passivos não-financeiros <strong>de</strong> curto prazo não<br />
sejam consi<strong>de</strong>rados como capital;<br />
• Passivo financeiro <strong>de</strong> curto prazo: .Trata-se aqui <strong>de</strong> empréstimos bancários<br />
<strong>de</strong> curto prazo, nas suas várias mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ou <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> fundos junto<br />
ao mercado financeiro por meio <strong>de</strong> títulos <strong>de</strong> emissão própria (como<br />
commercial papers, um tipo <strong>de</strong> título relacionado à Nota Promissória<br />
44
asileira, e cujas operações relaciona<strong>da</strong>s são menos comuns no Brasil). Eles<br />
<strong>de</strong>ve ser incluídos no cômputo do capital quando a firma se utiliza <strong>de</strong>les como<br />
parte permanente <strong>de</strong> seus financiamentos. Por outro lado, este item não <strong>de</strong>ve<br />
ser consi<strong>de</strong>rado quando é utilizado apenas para financiar ou contribuir para o<br />
financiamento <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças temporárias ou cíclicas no movimento <strong>de</strong><br />
negócios (ou seja, para financiar flutuações cíclicas nos ativos circulantes,<br />
<strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s, fun<strong>da</strong>mentalmente, <strong>de</strong> um aumento <strong>da</strong>s contas a receber<br />
<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um também cíclico aumento nas ven<strong>da</strong>s).<br />
Em síntese, os componentes do capital para fins <strong>de</strong> WACC são: 1) passivo<br />
financeiro <strong>de</strong> curto prazo consi<strong>de</strong>rado como permanente; 2) passivo financeiro <strong>de</strong><br />
longo prazo (financiamentos <strong>de</strong> longo prazo); 3) to<strong>da</strong>s as ações preferenciais; 4)<br />
to<strong>da</strong>s as ações ordinárias.<br />
2.2.4.2 - Impostos<br />
Todos os custos associados ao passivo financeiro <strong>da</strong> empresa serão<br />
consi<strong>de</strong>rados em uma base pós-impostos (after-tax basis).<br />
2.2.4.3 - Custo Histórico e Custo Marginal<br />
Utiliza-se sempre o custo marginal, pois o WACC é utilizado para <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong><br />
investimento, e estas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>vem levar em conta o custo <strong>de</strong> novos fundos, e<br />
não o custo histórico do capital.<br />
2.2.4.4 - Custo do Passivo Financeiro<br />
Assumindo-se que os financiamentos são todos <strong>de</strong> longo prazo, utiliza-se o custo<br />
<strong>de</strong> colocação <strong>de</strong> <strong>de</strong>bêntures como o custo <strong>de</strong>ste (passivo financeiro, ou <strong>de</strong>bt, em í'<br />
'V<br />
45<br />
'~<br />
,~!\,~.<br />
:""':,:' l~,<br />
''',' I I<br />
)' ' '<br />
': '! ' I
inglês) componente do capital. Este custo, Kd, po<strong>de</strong> ser encontrado por meio <strong>da</strong><br />
seguinte equação:<br />
N<br />
Vd = L INT/(1+ KO)T + M/(1+Ko)N<br />
on<strong>de</strong>,<br />
1=1<br />
Vd = valor <strong>da</strong> <strong>de</strong>bênture;<br />
Kd = custo nominal <strong>de</strong> colocação <strong>da</strong> <strong>de</strong>bênture;<br />
N = número <strong>de</strong> anos até que a <strong>de</strong>bênture expire (geralmente medido em anos, N<br />
também po<strong>de</strong> ser medido em semestres, no caso <strong>de</strong> estarem previstos<br />
pagamentos semestrais <strong>de</strong> juros);<br />
INT = valor monetário pago por ano (ou período), a título <strong>de</strong> juros;<br />
M = valor <strong>de</strong> face <strong>da</strong> <strong>de</strong>bênture, a ser pago quando do fim do prazo N <strong>de</strong><br />
maturi<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
Como as <strong>de</strong>spesas financeiras são <strong>de</strong>dutíveis para efeito <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>,<br />
Kd, o custo nominal, precisa ser ajustado para refletir o custo real <strong>de</strong>pois do<br />
imposto:<br />
Custo real <strong>de</strong>pois dos impostos = Kd x (1-T),<br />
on<strong>de</strong> T é a alíquota <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> (no caso brasileiro, é bom lembrar,<br />
existe a figura do regime fiscal do lucro presumido, on<strong>de</strong> a figura do lucro-base<br />
"<br />
para efeito <strong>de</strong> cálculo do imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> é assumido como sendo um<br />
percentual pré-<strong>de</strong>terminado <strong>da</strong> Receita Bruta <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresa. Neste<br />
caso, Kd passaria a ser o custo real do passivo financeiro, pois não fará diferença<br />
,.?-. ,<br />
alguma a existência ou não <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas financeiras sobre o montante <strong>de</strong> IRa<br />
i .<br />
I '"<br />
46<br />
\<br />
)I
pagar, ou seja, neste caso, este T acima apresentado seria zero, pois o imposto<br />
<strong>de</strong> ren<strong>da</strong> não seria calculado tendo o LAIR como base. Uma outra observação<br />
importante é que, tanto nos EUA quanto no Brasil, T <strong>de</strong>ve incorporar não só a<br />
alíquota do imposto sobre a ren<strong>da</strong> como também eventuais alíquotas adicionais<br />
impostas ou por legislações estaduais ou mesmo fe<strong>de</strong>rais específicas, como é o<br />
caso <strong>da</strong> Contribuição Social sobre o Lucro no Brasil).<br />
2.2.4.5 - Custo <strong>de</strong> Ações Preferenciais<br />
Trata-se do custo Kps que o mercado "cobra" para aceitar a colocação ou ~ I<br />
aquisição <strong>de</strong> uma emissão <strong>de</strong> ações preferenciais:<br />
on<strong>de</strong>,<br />
Dps = divi<strong>de</strong>ndo anual (ou por período);<br />
Pn = valor <strong>de</strong> face <strong>da</strong> ação preferencial.<br />
Em resumo: o custo <strong>de</strong> uma ação preferencial, para efeitos <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> WACC,<br />
é calculado como o custo <strong>de</strong> perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>, isto é, um título que gera pagamentos<br />
fixos <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos ad infinitum.<br />
2.2.4.6 - Custo <strong>de</strong> Lucros Retidos<br />
Os lucros retidos pertencem, literalmente, aos acionistas ou controladores <strong>da</strong><br />
empresa. A partir do momento <strong>da</strong> retenção, estes lucros passam a incorrer em<br />
um custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois, em tese, os acionistas po<strong>de</strong>riam ter recebido I<br />
estes lucros (ou fundos) para que investissem aon<strong>de</strong> quer que julgassem mais<br />
apropriado. Isto posto, a companhia <strong>de</strong>ve, então, obter um retorno <strong>de</strong>, no mínimo,<br />
47
tanto quanto os acionistas po<strong>de</strong>riam obter em outros investimentos (ou, em uma<br />
linguagem mais técnica, investimentos alternativos) <strong>de</strong> risco equivalente.<br />
Esta taxa <strong>de</strong> retorno, por sua vez, na<strong>da</strong> mais é do que Ks, a taxa que os<br />
investidores requerem para adquirir ações <strong>da</strong> própria companhia, isto é, ao reter<br />
os lucros, esta <strong>de</strong>verá gerar um retorno para os acionistas que seja ao menos<br />
igual ao que eles requerem para simplesmente adquirir as suas própias ações.<br />
Estimar Ks, por seu turno, não é uma tarefa que possa ser resolvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> maneira<br />
rápi<strong>da</strong> e direta, como no caso do cálculo dos custo dos passivos financeiros e<br />
<strong>da</strong>s ações preferenciais. Aqui, existem diferentes maneiras <strong>de</strong> se estimar o custo<br />
dos lucros retidos. Destas, três serão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s:<br />
1 - O método CAPM (Capital Asset Pricing Mo<strong>de</strong>l);<br />
2 - O mo<strong>de</strong>lo do DCF (fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado);<br />
3 - A abor<strong>da</strong>gem do bond-yield-plus-risk-premium.<br />
2.2.4.6.1 - O MfDdo CAPM<br />
Este método se baseia em algumas hipóteses bastante irrealísticas (para maiores<br />
<strong>de</strong>talhes quanto a estas hipóteses, consultar Brigham & Gapenski, 1997, p. 204).<br />
Além disso, ele é <strong>de</strong> difícil ou impossível verificação prática ou empírica. No<br />
entanto, trata-se <strong>de</strong> um método bastante utilizado, provavelmente <strong>de</strong>vido ao<br />
apelo <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> sua construção perfeitamente lógica (BRIGHAM & GAPENSKI,<br />
1997, p. 348). Sua equação é:<br />
Ks= taxa livre <strong>de</strong> risco + prêmio <strong>de</strong> risco<br />
48
on<strong>de</strong>,<br />
KRF= taxa livre <strong>de</strong> risco;<br />
(KM - KRF)X bj = prêmio <strong>de</strong> risco.<br />
Este último item po<strong>de</strong> ser subdividido em:<br />
KM- KRF= RPM = prêmio <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> mercado;<br />
bj = beta, ou medi<strong>da</strong> relativa <strong>de</strong> volatili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma ação ordinária específica i.<br />
Estimando a Taxa Livre <strong>de</strong> Risco (KRd<br />
Nos EUA, mesmo que conceitualmente seja difíci!, se não impossível, encontrar-<br />
se algo que seja ou 'algum ativo que realmente ofereça uma ''taxa livre <strong>de</strong> risco",<br />
esta tarefa é muito mais simples do que em países que, como o Brasil, se<br />
caracterizam por apresentarem, pelo menos nos últimos vinte anos, um ambiente<br />
econômico instável e conturbado. E isto é assim por uma razão bastante<br />
compreensível, qual seja a <strong>de</strong> que os títulos do governo dos EUA (como os <strong>de</strong><br />
governos <strong>de</strong> alguns países <strong>da</strong> Europa Oci<strong>de</strong>ntal e do Japão) gozam <strong>de</strong> muita<br />
confiança do público e, portanto, como não se espera que tal governo (ou país,<br />
pois, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, está-se, aqui, muito mais a se referir à confiança <strong>de</strong>posita<strong>da</strong><br />
pelo público no país EUA do que em um <strong>de</strong>terminado governo seu) entre em<br />
falência ou moratória, mesmo quando se projeta o horizonte econômico <strong>de</strong><br />
planejamento por gerações à frente, as taxas <strong>de</strong> seus títulos <strong>de</strong> longo prazo (T-<br />
bonds) são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como uma aproximação <strong>de</strong>veras a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à <strong>de</strong>finição<br />
ou conceito <strong>de</strong> taxa livre <strong>de</strong> risco. Brigham & Gapenski (1997, p. 350), por<br />
exemplo, se utilizam <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> juros dos T-bonds <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> prazo <strong>de</strong><br />
maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> para realizar esta estimação <strong>de</strong> KRF (apenas para ilustrar, esta taxa<br />
era <strong>de</strong> 8% a.a., em janeiro <strong>de</strong> 1997).<br />
49
Estimando o Prêmio <strong>de</strong> Risco <strong>de</strong> Mercado<br />
o prêmio <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> mercado é <strong>de</strong>finido por:<br />
Aqui também, este cálculo ou estimação torna-se uma tarefa muito mais<br />
<strong>de</strong>scomplica<strong>da</strong> quando se tem a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> norte-americana como pano <strong>de</strong> fundo.<br />
Com efeito, nos EUA, existem <strong>da</strong>dos disponíveis tanto para se obter<br />
aproximações para RPM tanto via extrapolações do passado quanto por meio <strong>de</strong><br />
métodos ex-ante. No Brasil, no entanto, estas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s são bem mais<br />
reduzi<strong>da</strong>s. Neste sentido, tem-se aqui um problema semelhante, ou <strong>de</strong> mesma<br />
natureza, que o encontrado em relação ao mesmo processo <strong>de</strong> estimação <strong>da</strong><br />
taxa livre <strong>de</strong> risco.<br />
Uma abor<strong>da</strong>gem ex-ante passível <strong>de</strong> utilização na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira é a do<br />
fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado, a qual consi<strong>de</strong>ra que, quando os mercados estão em<br />
equilíbrio, a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno pelo mercado é igual à taxa requeri<strong>da</strong><br />
também por ele.<br />
Taxa Espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> Retorno = Taxa Requeri<strong>da</strong> <strong>de</strong> Retorno<br />
"<br />
KM=KM<br />
01/Po + g = KRF + RPM<br />
on<strong>de</strong>,<br />
01 = divi<strong>de</strong>ndos esperados para o próximo ano ou período, para um <strong>de</strong>terminado<br />
grupo <strong>de</strong> ações, medido por um <strong>de</strong>terminado número-índice;<br />
Po = valor atual ou corrente do mesmo número-índice;<br />
50
g = crescimento médio esperado para o mercado, ou seja, do próprio número-<br />
índice, para o longo prazo.<br />
Estimando Beta<br />
Foge ao escopo <strong>de</strong>ste trabalho analisar-se mais profun<strong>da</strong>mente o conceito <strong>de</strong><br />
beta. Cabe, por enquanto, afirmar-se que este indicador, presente na equação<br />
básica do CAPM para Ks como o elemento b, (ou seja, a inclinação <strong>da</strong> reta Ks=<br />
KRF+ RPM x bj), é uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ação <strong>de</strong> uma companhia<br />
específica em relação a uma ação média, isto é, ao mercado <strong>de</strong> ações como um<br />
todo medido por um índice específico (que, na prática, acabam medindo o<br />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> ações significativas, e não do mercado como um todo.<br />
Esta última referência, no entanto, continuará a ser utiliza<strong>da</strong>, apesar <strong>de</strong>sta<br />
ressalva). Betas, neste sentido, são medidos por uma regressão linear entre<br />
retornos <strong>de</strong> uma ação no passado e retornos do mercado como um todo também<br />
no passado. Sendo assim, po<strong>de</strong>-se afirmar que estes betas são medi<strong>da</strong>s ou<br />
indicadores históricos, baseados que são em relações <strong>de</strong> retornos passados. Em<br />
<strong>de</strong>corrência disto, eles são, então, chamados <strong>de</strong> betas históricos.<br />
Vários exemplos (BRIGHAM & GAPENSKI, 1997, p. 353) <strong>de</strong>monstram que estes<br />
betas históricos acabam não sendo boas medi<strong>da</strong>s para o risco futuro <strong>de</strong> uma<br />
companhia. Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sta constatação, medi<strong>da</strong>s ou betas alternativos<br />
foram sendo propostos ao longo do tempo. Entre estes, po<strong>de</strong>-se citar os betas<br />
ajustados e os betas fun<strong>da</strong>mentais.<br />
Resumi<strong>da</strong>mente, po<strong>de</strong>-se afirmar que os betas ajustados são betas que ten<strong>de</strong>m,<br />
ao longo do tempo, a mover-se em direção a 1,0, isto é, ao indicador <strong>de</strong><br />
volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> do mercado (isto é uma constatação <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> do trabalho <strong>de</strong><br />
MARSHALL E. BLUME, "Betas and Their Regression Ten<strong>de</strong>ncies", Journal of<br />
51
Finance, junho <strong>de</strong> 1975, p. 785-796, conforme apontado por BRIGHAM &<br />
GAPENSKI, 1997, p. 353). Assim, po<strong>de</strong>-se começar com o beta histórico <strong>de</strong> uma<br />
empresa e fazer um ajuste para o seu movimento futuro em direção a 1,0, e gerar<br />
um beta ajustado que, em tese, <strong>de</strong>ve ser um melhor estimador do beta futuro do<br />
que o seria o beta histórico (e, em termos <strong>de</strong> WACC, é bom lembrar, são os<br />
custos futuros dos componentes do capital, e portanto os valores futuros <strong>de</strong> seus<br />
elementos <strong>de</strong>terminantes, que interessam. Isto também é ver<strong>da</strong><strong>de</strong> para Ks e para<br />
seu elemento bi). Um exemplo <strong>de</strong> ajuste, apresentado por Brigham & Gapenski<br />
(1997, p. 353), é mostrado abaixo:<br />
Beta ajustado = 0,33 (beta histórico) + 0,67 (1,0)<br />
Quanto aos betas fun<strong>da</strong>mentais, trata-se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, do resultado <strong>de</strong> um<br />
processo <strong>de</strong> ajuste ampliado em relação ao acima apresentado, que incluiria<br />
variáveis como a alavancagem financeira, a volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, e outra<br />
mais.<br />
o importante a se notar aqui, sejam utilizados os betas ajustados, sejam os<br />
fun<strong>da</strong>mentais, é que o beta histórico continuará a <strong>de</strong>sempenhar um papel<br />
fun<strong>da</strong>mental na sua <strong>de</strong>terminação, e, portanto, mesmo que por esta via, sua<br />
importância permanecerá, e não po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong>.<br />
Uma outra constatação é a <strong>de</strong> que diferentes períodos ou diferentes tamanhos <strong>de</strong><br />
períodos, e mesmo índices <strong>de</strong> mercado diferentes, po<strong>de</strong>m e provavelmente vão<br />
produzir diferentes resultados para o beta <strong>de</strong> uma mesma companhia.<br />
Sendo assim, conclui-se, com Brigham & Gapenski (1997, p. 355), que os<br />
administradores financeiros <strong>de</strong>vem ..."to pay their money and take their choice"<br />
(algo como "gastar o seu dinheiro e escolher"), ou seja, <strong>de</strong>vem procurar, com<br />
52
ase nas suas crenças, no seu conhecimento, e na sua experiência, escolher<br />
como obter o seu próprio beta, pois, em suma, não há um beta correto.<br />
2.2.4.6.2 - A Abor<strong>da</strong>gem do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado eOCF)<br />
Dentre os principais, este é o segundo método a ser aqui apresentado no sentido<br />
<strong>de</strong> se estimar o custo dos lucros retidos. Matematicamente, trata-se, <strong>da</strong> mesma<br />
forma que no caso do mo<strong>de</strong>lo CAPM, <strong>de</strong> uma abor<strong>da</strong>gem bastante simples.<br />
Assim,<br />
1\<br />
isto é, o valor intrínseco <strong>de</strong> uma ação, é igual ao valor-presente do seu fluxo<br />
esperado <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos (ou, simplesmente, <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos).<br />
Conhecendo-se PO, o preço <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> ação, po<strong>de</strong>-se<br />
obter a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno (K, "chapéu", uma estimativa <strong>da</strong> taxa espera<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> retorno. Desta forma, tem-se que:<br />
1\ 1\ 1\ 1\<br />
Ora, sabe-se que, em equilíbrio, a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong>ve ser igual à taxa<br />
requeri<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno, isto é, se o mercado para uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> ação está em<br />
equilíbrio (como é <strong>de</strong> se supor que ele realmente esteja) , uma estimativa <strong>de</strong> taxa<br />
<strong>de</strong> retorno espera<strong>da</strong> é igual a uma estimativa, obti<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com os<br />
procedimentos acima <strong>de</strong>scritos, <strong>de</strong> uma taxa <strong>de</strong> retorno requeri<strong>da</strong> (Brigham &<br />
Gapenski, 1997, p. 356). Desta forma, se 9 representa a taxa <strong>de</strong> crescimento dos<br />
divi<strong>de</strong>ndos <strong>de</strong> uma ação, então, po<strong>de</strong>-se escrever que:<br />
1\<br />
53
que é conhecido como o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Gordon (em referência a Myron J. Gordon).<br />
Nesta equação, Poé facilmente encontrável, enquanto que o divi<strong>de</strong>ndo esperado<br />
para o próximo ano, D1, é relativamente fácil <strong>de</strong> ser estimado. A estimação <strong>de</strong> g,<br />
isto é, a taxa média <strong>de</strong> crescimento esperado para o valor dos divi<strong>de</strong>ndos <strong>de</strong>sta<br />
ação pelo investidor marginal, por seu turno, já apresenta maiores obstáculos<br />
quanto à sua estimação. Existem algumas abor<strong>da</strong>gens diferentes para tentar<br />
facilitar a solução <strong>de</strong>sta questão. Dentre elas, três serão apresenta<strong>da</strong>s a seguir, a<br />
saber:<br />
• Taxas históricas <strong>de</strong> crescimento;<br />
• Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> retenção (<strong>de</strong> lucros);<br />
• Estimativas <strong>de</strong> analistas <strong>de</strong> mercado.<br />
Taxas Históricas <strong>de</strong> Crescimento<br />
A proposição fun<strong>da</strong>mental aqui é a <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> crescimento espera<strong>da</strong> dos<br />
divi<strong>de</strong>ndos, g, tendo apresentado um comportamento relativamente estável no<br />
passado, po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> base para a construção ou aproximação (estimação)<br />
<strong>de</strong> expectativas futuras dos investidores. Trata-se, então, <strong>de</strong>:<br />
1) analisar-se os <strong>da</strong>dos passados para confirmar-se ou não o seu comportamento<br />
relativamente estável;<br />
2) proce<strong>de</strong>r-se à extrapolação dos <strong>da</strong>dos, visando à estimação <strong>de</strong> g, e tomando-<br />
se os cui<strong>da</strong>dos estatísticos <strong>de</strong> praxe (tamanho <strong>da</strong> amostra, período <strong>de</strong> medição<br />
ou coleta, tratamento dos <strong>da</strong>dos, entre outros menos relevantes).<br />
Trata-se, então, <strong>de</strong> um método que, mesmo supondo-se que seja razoavelmente<br />
frequente encontrar-se comportamentos ou padrões estáveis para DPS<br />
(divi<strong>de</strong>ndos por ação, <strong>da</strong> expressão inglesa divi<strong>de</strong>nd per share), implica em<br />
54
alguma comparação <strong>de</strong> seus resultados com os obtidos a partir <strong>de</strong> outras<br />
abor<strong>da</strong>gens, e, em adição, do uso <strong>de</strong> algum grau <strong>de</strong> julgamento por parte do<br />
analista financeiro, que <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração a sua experiência e o seu<br />
conhecimento no sentido <strong>de</strong> criticar os resultados alcançados.<br />
Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crescimento <strong>da</strong> Retenção<br />
Este mo<strong>de</strong>lo é representado pela seguinte equação:<br />
g = b(r)<br />
on<strong>de</strong>:<br />
r = retorno futuro esperado sobre o patrimônio líquido (ou ROE esperado);<br />
b = fração dos lucros que estima-se que uma firma irá reter.<br />
Este também é um mo<strong>de</strong>lo que, quando examinado mais <strong>de</strong> perto, conclui-se,<br />
acaba tendo que basear-se no comportamento histórico <strong>da</strong>s variáveis b e r, pois<br />
eles assumem que ambas permanecerão constantes no futuro e, segundo<br />
Brigham e Gapenski (1997, p. 360), a obtenção <strong>de</strong> seu valor resultante ou <strong>da</strong>s<br />
suas faixas <strong>de</strong> valores resultantes se <strong>da</strong>ria por meio <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> suas<br />
respectivas séries históricas. Outras hipóteses assumi<strong>da</strong>s por este mo<strong>de</strong>lo são:<br />
1 - não se espera que a firma emita novas ações ordinárias e, no caso <strong>de</strong> fazê-lo,<br />
espera-se que elas sejam vendi<strong>da</strong>s pelo seu valor <strong>de</strong> face;<br />
2 - os eventuais projetos futuros <strong>da</strong> companhia <strong>de</strong>vem possuir o mesmo nível <strong>de</strong><br />
risco dos ativos já existentes.<br />
Estimativas <strong>de</strong> Analistas<br />
55
Po<strong>de</strong>-se, para estimar uma taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno que seja igual à taxa<br />
requeri<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno, estimar-se 9 com base em publicações <strong>de</strong> analistas <strong>de</strong><br />
mercado, na suposição <strong>de</strong> que as expectativas <strong>de</strong>stes analistas seriam as<br />
expectativas do próprio mercado. Assim, e supondo-se que, como salientado por<br />
Brigham e Gapenski (1997, p. 361), fluxos <strong>de</strong> caixa além do período n=50 anos<br />
são tecnicamente irrelevantes, e que, em se levando em conta um horizonte <strong>de</strong><br />
50 anos, mesmo quando as expectativas <strong>de</strong> 9 gera<strong>da</strong>s pelos analistas são<br />
variáveis, é possível se estimar g, conforme o exemplo abaixo:<br />
• 9 para os próximos 5 anos = 4% aa<br />
• 9 a partir do sexto ano = 3% aa<br />
9 pon<strong>de</strong>rado = 5 anos/50 anos x 4% + 45 anos/50 anos x 3%<br />
9 pon<strong>de</strong>rado = 3,1%<br />
Ou seja, os 9 variáveis po<strong>de</strong>m ser pon<strong>de</strong>rados pelo número <strong>de</strong> anos, tendo 50<br />
anos como base, no sentido <strong>de</strong> se obter um valor 9 esperado ou pon<strong>de</strong>rado<br />
único.<br />
A título <strong>de</strong> nota final, vale à pena <strong>de</strong>stacar que, assim como no caso <strong>da</strong><br />
estimação do valor <strong>de</strong> beta (bi), não se po<strong>de</strong> afirmar que haja um valor correto<br />
para 9 (g é, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma aproximação a uma tendência, que, às vezes, po<strong>de</strong><br />
até mesmo não existir). Valem aqui também - e muito - a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<br />
experiência do analista.<br />
2.2.4.6.3 - Abor<strong>da</strong>gem Bond-Vield-Plus-Risk-Premium<br />
Esta abor<strong>da</strong>gem preconiza que:<br />
Ks = taxa <strong>da</strong>s <strong>de</strong>bêntures <strong>de</strong> uma firma + prêmio <strong>de</strong> risco<br />
56
Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, trata-se <strong>de</strong> adicionar um prêmio, a título <strong>de</strong> compensação por um<br />
risco adicional, ao custo do passivo financeiro <strong>da</strong> companhia.<br />
Este método também confia, sobremaneira, na existência <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />
passados confiável, e em extrapolações leva<strong>da</strong>s a cabo a partir <strong>de</strong>sta base <strong>de</strong><br />
<strong>da</strong>dos. No entanto, algumas pesquisas visando a estimar ex-ante<br />
especificamente o componente prêmio <strong>de</strong> risco, já foram realiza<strong>da</strong>s nos EUA,<br />
mas seus resultados, assim como os produzidos pelas análises históricas ex-<br />
post, <strong>de</strong>vem ser encarados com os <strong>de</strong>vidos cui<strong>da</strong>dos, <strong>de</strong>vendo sempre ser<br />
tomados como referências, comparados com resultados obtidos por meio <strong>de</strong><br />
outros métodos e pon<strong>de</strong>rados e avaliados com o concurso <strong>da</strong> experiência e do<br />
conhecimento do analista.<br />
2.2.4.7 - Custo <strong>de</strong> Novas Ações Ordinárias<br />
A emissão <strong>de</strong> novas ações ordinárias implica, para a firma, em incorrer em custos<br />
associados a esta emissão - os chamados Flotation Costs (a margem <strong>da</strong><br />
corretora e/ou do banco <strong>de</strong> investimento, custos com impressão, com anúncios<br />
institucionais, etc). Assim, consi<strong>de</strong>rando-se PO como o preço atual <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong><br />
companhia, e F como o percentual <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> novas emissões em relação a<br />
PO, ca<strong>da</strong> ação emiti<strong>da</strong> gerará o valor líquido estimado <strong>da</strong>do por:<br />
VRL = Po (1 - F)<br />
Desta maneira, se,<br />
A<br />
A<br />
57
e se Ke é o custo <strong>de</strong> novas ações ordinárias ou a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno para<br />
novas ações ordinárias, então,<br />
"<br />
Como, por <strong>de</strong>finição, 00), na prática, <strong>de</strong>ve ser calcula<strong>da</strong><br />
através do método DCF, conforme acima apresentado, e adiciona<strong>da</strong> à taxa Ks<br />
calcula<strong>da</strong> tanto pelo CAPM quanto pelo bond-yield-plus-risk-premium (para, <strong>de</strong>ste<br />
modo, obter-se Ke váli<strong>da</strong> para ambas as abor<strong>da</strong>gens).<br />
2.2.4.8 - A Obtenção e o Significado do WACC<br />
Tendo em vista os elementos que compõem a estrutura <strong>de</strong> capital, bem como os<br />
custos associados a ca<strong>da</strong> um, <strong>de</strong> acordo com o que foi apresentado nas seções<br />
anteriores, po<strong>de</strong>-se, agora, partir para a apresentação <strong>da</strong> equação básica para a<br />
obtenção do WACC, qual seja:<br />
WACC = Wd Kd (1-T) + Wps Kps+ Wce (K, ou Ke)<br />
on<strong>de</strong>:<br />
58
Wd = percentual dos passivos financeiros em relação ao capital total;<br />
Wps = percentual <strong>de</strong> ações preferenciais sobre o capital total;<br />
Wce = percentual <strong>de</strong> capital próprio (lucros retidos ou novas ações ordinárias)<br />
sobre o capital total;<br />
Kd (1-T) = custo líquido <strong>de</strong> impostos dos passivos financeiros;<br />
Kps = custo <strong>da</strong>s ações preferenciais;<br />
K, = custo dos lucros retidos;<br />
Ke = custo <strong>de</strong> novas ações ordinárias.<br />
Neste ponto, cabem ain<strong>da</strong> alguns complementos fun<strong>da</strong>mentais à <strong>de</strong>finição e<br />
significado do WACC:<br />
• ca<strong>da</strong> firma tem uma estrutura <strong>de</strong> capital projeta<strong>da</strong> (ou o objetivo <strong>de</strong> alcançar<br />
uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> capital),e é esta estrutura que <strong>de</strong>ve ser<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> para o cálculo dos pesos W d, W ps e W ce;<br />
• o custo dos passivos financeiros po<strong>de</strong>rá ser, ele mesmo, uma média<br />
pon<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> várias mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> captação que a firma venha a<br />
apresentar <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> classificação em referência;<br />
• o custo do capital próprio será K, ou Ke, isto é, estes <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados<br />
como sendo mutuamente exclusivos;<br />
• o WACC, conforme já salientado anteriormente, é um conceito <strong>de</strong> custo<br />
marginal. Ele, então, me<strong>de</strong> o custo <strong>de</strong> uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> adicional <strong>de</strong> capital a ser<br />
levanta<strong>da</strong> ou capta<strong>da</strong>, e não o custo histórico <strong>de</strong> capital. Por outro lado, este<br />
aspecto do conceito, se agrega a seu significado já <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> custo <strong>de</strong><br />
capital associado a uma estrutura-objetivo <strong>de</strong> capital, para <strong>de</strong>terminar que ele<br />
também não me<strong>de</strong> o custo <strong>de</strong> uma nova uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital a ser levanta<strong>da</strong><br />
59
durante o próximo mês ou ano, mas, sim, no longo prazo, <strong>de</strong>finido como o<br />
horizonte <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> firma (se bem que, é bom frisar, existe a<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>vido a um conjunto raro <strong>de</strong> coincidências, o cálculo do<br />
custo <strong>de</strong> capital adicional no curto prazo seja igual ao WACC. Discutir isto<br />
aqui, no entanto, foge por <strong>de</strong>mais ao escopo <strong>de</strong>ste trabalho).<br />
• os pesos ou relações projeta<strong>da</strong>s ou objetiva<strong>da</strong>s pela firma para os diversos<br />
componentes <strong>de</strong> capital, po<strong>de</strong>m ser obtidos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> algumas<br />
variáveis relaciona<strong>da</strong>s à própria administração financeira <strong>da</strong> companhia,<br />
diretamente <strong>de</strong> seus Balanços Patrimoniais, <strong>de</strong> estimativas obti<strong>da</strong>s tanto<br />
interna quanto externamente à companhia, e <strong>de</strong> outras formas mais.<br />
2.3 - A ESTIMATICÃO DO VALOR CONTINUADO (CONTINUING VAlUE)<br />
o valor continuado é, acima <strong>de</strong> tudo, um dispositivo ou ferramenta <strong>de</strong>stinado a<br />
facilitar o trabalho <strong>de</strong> valuation (COPELAND, 1995-96, p. 285). Ele po<strong>de</strong> ser<br />
i<strong>de</strong>ntificado como o segundo termo (em negrito) <strong>da</strong> equação do valor:<br />
Valor = valor-presente dos FCl durante o período explícito <strong>de</strong> previsão + valor-<br />
presente dos FCl <strong>de</strong>pois do período explícito <strong>de</strong> previsão<br />
Se o valor continuado é uma <strong>de</strong>finição que simplifica o trabalho <strong>de</strong> valuation, ele,<br />
por outro lado, <strong>de</strong>ve ser tratado com bastante cui<strong>da</strong>do, pois, com frequência. é o<br />
responsável por uma boa parte do valor resultante.<br />
Com efeito, durante os primeiros anos <strong>de</strong> operações, geralmente as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />
capital e o investimento em capital <strong>de</strong> giro são gran<strong>de</strong>s o suficiente para<br />
compensar ou até mesmo ultrapassar as entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa, resultando em FCl<br />
negativos ou pouco significativos. Nestas frequentes situações, então, o valor<br />
advirá quase que totalmente dos resultados <strong>da</strong> estimação do valor continuado.<br />
60
A garantia <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos resultados <strong>de</strong>sta estimação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />
preenchimento <strong>de</strong> três requisitos essenciais (a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> COPELAND, 1995-96,<br />
p.287):<br />
1 - Seleção <strong>de</strong> uma técnica a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>;<br />
2 - Decisão quanto ao horizonte <strong>de</strong> previsão;<br />
3 - Estimação dos parâmetros <strong>da</strong> avaliação e cálculo do valor-presente dos FCl<br />
pós-período explícito <strong>de</strong> previsão;<br />
A seguir, ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes requisitos será examinado em mais profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
2.3.1 - Seleção <strong>de</strong> uma Ténica Apropria<strong>da</strong><br />
Quatro técnicas são recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s por COPElAND (1995-96, p. 287), três <strong>de</strong>las<br />
relaciona<strong>da</strong>s à abor<strong>da</strong>gem DCF e uma à do lucro econômico.<br />
A primeira, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> long explicit forecast, consiste em esten<strong>de</strong>r o período<br />
explícito <strong>de</strong> previsão para períodos bem longos, consistindo <strong>de</strong> 75 anos ou mais.<br />
Neste caso, o cálculo do valor continuado é irrelevante, e po<strong>de</strong> ser dispensado.<br />
o método seguinte, conhecido como growing free cash flow perpetuity formula<br />
é expresso pela seguinte equação:<br />
VC = FCl t+1/(VVACC- g) ,<br />
on<strong>de</strong>:<br />
• FCl t+1= nível <strong>de</strong> FCl "normalizado" no primeiro ano após o período explícito<br />
<strong>de</strong> previsão;<br />
61
• WACC = custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital;<br />
• g = o crescimento esperado em FCl, perpetuamente.<br />
Este método trata o VC como uma perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong> com crescimento constante,<br />
<strong>da</strong>do pelo crescimento esperado <strong>de</strong> FCl, g.<br />
Comparando-se este método com o anterior, po<strong>de</strong>-se afirmar que, no caso <strong>de</strong> g<br />
ser consi<strong>de</strong>rado constante no primeiro método, os resultados obtidos tanto por<br />
este quanto pelo segundo seriam iguais.<br />
Uma outra alternativa - a <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> value-driver formula - seria<br />
expressar-se a fórmula associa<strong>da</strong> ao segundo método em termos dos<br />
direcionadores <strong>de</strong> valor NOPlAT e ROIC, conforme <strong>da</strong>do abaixo (COPELAND,<br />
1995-96, p. 289):<br />
VC = NOPLAT t+1 x (1-g/ROIC)/(WACC - g)<br />
Nesta fórmula, g passa a significar a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> crescimento, em<br />
perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> NOPLAT. Além disto, e conforme já apresentado anteriormente,<br />
o quociente g/ROIC é o mesmo que o percentual <strong>de</strong> NOPlAT <strong>de</strong>stinado ao<br />
investimento <strong>de</strong> capital, ou, em outras palavras, a taxa <strong>de</strong> investimento.<br />
Na<strong>da</strong> impe<strong>de</strong> que o cálculo do VC seja sofisticado um pouco mais, com a<br />
introdução <strong>de</strong> períodos diferentes entre si, <strong>de</strong> acordo com os valores estimados,<br />
para ca<strong>da</strong> um, <strong>de</strong> ROIC e g. Caberá ao analista, sempre, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> assim<br />
proce<strong>de</strong>r ou não. Em geral, porém, as abor<strong>da</strong>gens mais simples aqui<br />
apresenta<strong>da</strong>s apresentam resultados satisfatórios. Destas três abor<strong>da</strong>gens,<br />
COPELAND (1995-96, p. 291) recomen<strong>da</strong> a utilização <strong>da</strong> value-driver formula.<br />
Esta recomen<strong>da</strong>ção, no entanto, não advém <strong>de</strong> diferenças entre o grau <strong>de</strong><br />
consistência teórica entre as abor<strong>da</strong>gens, mas, apenas, do fato <strong>de</strong> que ela<br />
62
obriga a pensar-se explicitamente em termos dos value-drivers quando <strong>da</strong><br />
elaboração do trabalho <strong>de</strong> valuation (além <strong>de</strong> ser bem mais simples do que<br />
construir projeções para períodos <strong>de</strong> 75 anos ou mais).<br />
Por fim, um último método a ser apresentado - uma técnica relaciona<strong>da</strong> à<br />
abor<strong>da</strong>gem do lucro econômico, é expressa pela fórmula abaixo (COPELAND,<br />
1995-96, p. 291):<br />
VC = LE t+1 + (NOPLAT t+1) x (g/ROIC) x (ROIC - WACC)<br />
WACC WACC(W ACC - g)<br />
o valor continuado, neste caso, representa o valor incrementai além do capital<br />
investido <strong>da</strong> companhia ao fim do período explícito <strong>de</strong> previsão, e não o valor <strong>da</strong><br />
companhia ao fim <strong>de</strong>ste mesmo período. Isto <strong>de</strong>corre do fato <strong>de</strong> que, pela<br />
abor<strong>da</strong>gem do lucro econômico, o valor <strong>de</strong> uma companhia é <strong>da</strong>do por:<br />
Valor = Capital investido no começo do período <strong>de</strong> previsão + valor-presente do<br />
lucro econômico previsto durante o período explícito <strong>de</strong> previsão + valor-presente<br />
do lucro econômico previsto para <strong>de</strong>pois do período explícito <strong>de</strong> previsão<br />
Existem ain<strong>da</strong> outras técnicas <strong>de</strong> apuração do valor continuado que po<strong>de</strong>m ser<br />
encontra<strong>da</strong>s na literatura corrente <strong>de</strong> valuation (COPELAND, 1995-96, p. 293).<br />
Elas, entretanto, não serão analisa<strong>da</strong>s aqui, visto que as quatro técnicas ora<br />
apresenta<strong>da</strong>s e recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s são perfeitamente suficientes para a realização<br />
<strong>de</strong> um bom trabalho <strong>de</strong> estimação do VC.<br />
2.3.2 - Decisão quanto ao Horizonte <strong>de</strong> Previsão •<br />
63<br />
;. I
Há, aqui, dois caminhos alternativos: se, em primeiro lugar, escolhe-se um<br />
período explícito <strong>de</strong> previsão muito longo (<strong>de</strong> 75 anos ou mais), não há a<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme se viu acima, <strong>de</strong> se empreen<strong>de</strong>r o cálculo do valor<br />
continuado.<br />
Por outro lado, no caso em que se <strong>de</strong>seje que o período explícito <strong>de</strong> previsão<br />
seja reduzido o bastante para levar à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se calcular o valor<br />
continuado, a <strong>de</strong>cisão que se coloca é <strong>de</strong> quanto <strong>de</strong>ve ser a extensão <strong>de</strong>ste<br />
período. O critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão é o <strong>de</strong> que o período explícito <strong>de</strong> previsão <strong>de</strong>ve s~er<br />
1I<br />
longo o suficiente para que, ao seu final, a empresa tenha atingido uma condição<br />
tal em suas operações que não viole as três hipóteses básicas sobre as quais<br />
repousam to<strong>da</strong>s as abor<strong>da</strong>gens <strong>de</strong> cálculo do valor continuado, a saber<br />
(COPELAND, 1995-96, p. 301):<br />
1 - A empresa aufere margens constantes, mantém um giro <strong>de</strong> capital constante,<br />
e, portanto, aufere um retorno constante no capital investido existente;<br />
2 - A empresa cresce a uma taxa constante e investe a mesma proporção <strong>de</strong> seu<br />
fluxo <strong>de</strong> caixa bruto no negócio, a ca<strong>da</strong> ano;<br />
3 - A empresa aufere um retorno constante em todos os seus novos<br />
investimentos.<br />
Na prática norte-americana <strong>de</strong> valuation, períodos explícitos <strong>de</strong> previsão<br />
inferiores a sete anos, são difíceis <strong>de</strong> se encontrar. Esta, no entanto, é uma regra<br />
que, crê-se, em reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ambiente <strong>de</strong> negócios como a brasileira, ,?!~\Í~m<br />
I. ,<br />
ser observa<strong>da</strong>s com cautela. Previsões explícitas para sete anos, no Br-?sil,<br />
\,.,<br />
po<strong>de</strong>m até mesmo ser factíveis em alguns casos. Na gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>les, serão<br />
(\<br />
em boa parte apenas exercícios <strong>de</strong> imaginação ou, simplesmente, pura per<strong>da</strong> '<strong>de</strong><br />
tempo e energia.<br />
64<br />
~
2.3.3 - Estimando os Parâmetros e Descontando o FeL ao Presente<br />
Os parâmetros que <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> modo a permitir a estimação do valor<br />
continuado são:<br />
• NOPlAT;<br />
• FCl;<br />
• ROIC;<br />
• 9 (taxa <strong>de</strong> crescimento em NOPlAT);<br />
• WACC.<br />
O valor continuado é altamente sensível ao valor <strong>de</strong>stes parâmetros,<br />
principalmente ao valor <strong>de</strong> g. Assim, uma cui<strong>da</strong>dosa estimação é a principal<br />
recomen<strong>da</strong>ção a ser feita<br />
Por fim, <strong>de</strong>ve-se sempre ter o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontar o valor continuado que<br />
po<strong>de</strong>ria ser chamado <strong>de</strong> nominal (ou seja, o valor dos Fel <strong>de</strong>pois do período<br />
explícito <strong>de</strong> previsão) para o tempo presente, isto é, o início do período <strong>de</strong><br />
previsão. O resultado <strong>de</strong>sta operação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto, será o valor continuado.<br />
65
3 - ESTUDO DE CASO<br />
3.1 - DESCRICÃO DA EMPRESA<br />
A TECSIS Tecnologia e <strong>Sistema</strong>s Avançados Lt<strong>da</strong>. (doravante <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong><br />
TECSIS), é uma empresa brasileira <strong>de</strong> capital privado, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1995.<br />
Presente em setores <strong>de</strong> alta tecnologia aplica<strong>da</strong>, ela especializou-se no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e fabricação <strong>de</strong> sistemas e componentes para diversos setores,<br />
como os <strong>de</strong>· fabricação <strong>de</strong> turbinas eólicas, petroquímico, si<strong>de</strong>rúrgico,<br />
aeronáutico, automotivo e minerador, entre outros. A empresa trabalha<br />
exclusivamente sob o regime <strong>de</strong> encomen<strong>da</strong>, sendo os seguintes os seus<br />
principais produtos ou linhas <strong>de</strong> produtos:<br />
• pás para turbinas eólicas;<br />
• sistemas <strong>de</strong> ventilação industrial;<br />
• sistemas <strong>de</strong> jato-ventilação para mineração;<br />
• material aeronáutico;<br />
• material ferroviário.<br />
Os dois primeiros itens - pás para turbinas eólicas e sistemas <strong>de</strong> ventilação<br />
industrial - tem sido seus principais geradores <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, tendo ambos<br />
representado cerca <strong>de</strong> 95% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s em 1998.<br />
A TECSIS conquistou uma reputação como fornecedora <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> - a<br />
empresa é certifica<strong>da</strong> pelo instituto alemão especializado Germanischer Lloyd -<br />
junto aos seus clientes não só do Brasil como também <strong>da</strong> Europa e dos EUA.<br />
Des<strong>de</strong> praticamente o início <strong>de</strong> suas operações, ela tem fornecido turbinas<br />
eólicas para os maiores fabricantes mundiais, além <strong>de</strong> ser fornecedora regular<br />
<strong>da</strong>s maiores empresas brasileiras nas áreas <strong>de</strong> petroquímica, si<strong>de</strong>rurgia e outras,<br />
66
como Petrobrás, Usiminas, Cosipa, Açominas, Ultrafértil, Siemens (Brasil e<br />
Alemanha), etc.<br />
A empresa vem, ao longo <strong>de</strong>stes últimos quase cinco anos, apresentando um<br />
crescimento bastante elevado em suas ven<strong>da</strong>s, tanto por meio <strong>da</strong> ampliação <strong>de</strong><br />
seus mercados como pelo aumento <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s para clientes já há bastante<br />
tempo em sua carteira. Esta tendência, como se verá mais adiante, <strong>de</strong>ve<br />
continuar ain<strong>da</strong> por mais alguns anos. Antes, no entanto, <strong>de</strong> examinar-se as<br />
previsões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> TECSIS, <strong>de</strong>ver-se-á, em primeiro lugar, analisar-se<br />
o seu <strong>de</strong>sempenho econômico-financeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> suas operações até o<br />
presente momento (<strong>da</strong>ta-base 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999)<br />
3.2 - ANÁLISE HISTÓRICA DE DESEMPENHO<br />
3.2.1 - Introdução<br />
A avaliação <strong>da</strong> performance passa<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa <strong>da</strong>r-se-á com base em seus<br />
<strong>de</strong>monstrativos financeiros, apurados para os anos-base <strong>de</strong> 1995 a 1998, além<br />
do primeiro semestre <strong>de</strong> 1999. Antes <strong>de</strong> apresentar estes <strong>da</strong>dos, é importante<br />
que sejam apresentados alguns comentários a respeito <strong>de</strong> sua natureza e <strong>de</strong> seu<br />
grau <strong>de</strong> confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Primeiramente, <strong>de</strong>ve-se enten<strong>de</strong>r que a TECSIS não apura regularmente seus<br />
Balanços, pois está <strong>de</strong>sobriga<strong>da</strong> legalmente <strong>de</strong> fazê-lo por operar sob o regime<br />
fiscal do lucro presumido, <strong>de</strong> acordo com o qual, tanto o imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
pessoa jurídica quanto a contribuição social (dois tributos fe<strong>de</strong>rais) são obtidos<br />
por meio <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> uma alíquota diretamente sobre o faturamento bruto <strong>da</strong><br />
empresa (isto é, o faturamento incluindo o ICMS mas não incluindo o IPI, ou, <strong>de</strong><br />
outro modo, a receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s). No caso <strong>da</strong> TECSIS, esta alíquota é <strong>de</strong><br />
2,96%, sendo 2% referente ao imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> pessoa jurídica e 0,96% à<br />
67
contribuição social sobre o lucro líquido (estas alíquotas são obti<strong>da</strong>s, por sua vez,<br />
por meio <strong>da</strong> multiplicação <strong>de</strong> um percentual <strong>de</strong> lucro presumido sobre a receita<br />
bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, com outro, relativo à taxação <strong>de</strong>ste lucro). No entanto, é prática<br />
<strong>da</strong> empresa procurar levantar seus balanços gerenciais, que suprem as<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação <strong>da</strong> Administração e, por contarem com o concurso<br />
<strong>de</strong> um Contabilista, são capazes <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao público externo, se não<br />
totalmente, pelo menos em sua gran<strong>de</strong> maioria (bancos e clientes,<br />
principalmente).<br />
Estes <strong>de</strong>monstrativos financeiros gerenciais, entretanto, incorporam algumas<br />
simplificações em seu cálculo, que não seriam permissíveis sob a ótica <strong>da</strong><br />
contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> legal. Assim, contas como <strong>de</strong>preciação e ativo imobilizado são<br />
trata<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma maneira absolutamente gerencial, sendo aquela apura<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
acordo com critérios próprios (e geralmente por meio <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> um fator<br />
único, linear, ao valor total do ativo imobilizado) e este <strong>de</strong> acordo também com<br />
um entendimento <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> que tal conta <strong>de</strong>ve incorporar inclusive itens<br />
que, <strong>de</strong>vido ao seu valor reduzido ou até mesmo à sua natureza discutível (ativo<br />
imobilizado ou <strong>de</strong>spesa?), seriam, em um sistema contábil formal, não<br />
incorporados ou registrados no ativo imobilizado.<br />
Um outro problema, é o <strong>de</strong> que os registros contábeis são pobres, quando não<br />
inexistentes. Algumas adições e transformações foram efetua<strong>da</strong>s na base <strong>de</strong><br />
<strong>da</strong>dos, ao longo dos anos, e não foram <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente registra<strong>da</strong>s (ou<br />
simplesmente foram registra<strong>da</strong>s mas não explica<strong>da</strong>s, o que é também um fator<br />
adicional <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>).<br />
Em suma: a TECSIS apresenta <strong>de</strong>monstrações financeiras gerenciais que foram<br />
obti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira tal que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos fica, sem dúvi<strong>da</strong>, um tanto<br />
comprometi<strong>da</strong>. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho, no entanto, passa por li<strong>da</strong>r com este<br />
tipo <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, sem dúvi<strong>da</strong> alguma não exclusivos <strong>da</strong> empresa em questão,<br />
68
mas, certamente, presentes em um bom número <strong>de</strong> empresas brasileiras <strong>de</strong><br />
capital fechado e porte pequeno ou médio. Sendo assim, o que se buscou foi<br />
uma análise a mais profun<strong>da</strong> possível <strong>de</strong>stes <strong>da</strong>dos, no sentido <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r<br />
sua natureza, apurar-se a sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e, até mesmo sugerir e, sendo o caso,<br />
implementar eventuais correções.<br />
A conclusão <strong>de</strong>ste processo é a <strong>de</strong> que os <strong>da</strong>dos, se por um lado po<strong>de</strong>m não ser<br />
auditáveis segundo as regras <strong>da</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> formal, são, por outro,<br />
razoavelmente confiáveis ( o que pô<strong>de</strong> ser confirmado pela confrontação <strong>de</strong><br />
saldos bancários, saldos <strong>de</strong> contas a receber, receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s,<br />
diretamente com os registros disponíveis nos sistemas <strong>de</strong> informática ora em<br />
operação na empresa, além <strong>de</strong>, em alguns casos, com documentos legais para<br />
comprovação <strong>de</strong> receitas e situação tributária junto à contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> fiscal). Em<br />
adição, os critérios gerenciais adotados para a apuração <strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstrações<br />
financeiras foram, todos eles, julgados satisfatórios, mesmo quando<br />
excessivamente simplificadores. Por fim, e mais importante, a administração<br />
conhece os <strong>da</strong>dos e julga-os proce<strong>de</strong>ntes, isto é, gerencia e planeja tendo-os<br />
sempre em vista.<br />
3.2.2 - Demonstrativos Financeiros<br />
Seguem abaixo os quadros <strong>de</strong>monstrativos do Balanço Patrimonial e do<br />
Demonstrativo <strong>de</strong> Resultados Gerenciais:<br />
69
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Balanço Patrimonial Gerencial - Ativo<br />
ITEM DE ATIVO 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
Caixa e Bancos 141.910 55.219 133.191 167.824 314.516<br />
Aplicações financeiras 9.437 O O O O<br />
Contas a receber 160.349 293.111 448.791 979.488 1.061.802<br />
(-) Provisão para créditos <strong>de</strong> difícil liqui<strong>da</strong>ção 3.200 8.793 21.137 48.975 53.090<br />
(-) Duplicatas <strong>de</strong>sconta<strong>da</strong>s O O 57.500 O O<br />
Estoque <strong>de</strong> materiais 10.000 46.579 177.111 148.720 55.576<br />
Estoque <strong>de</strong> produtos em processo O 102.838 466.863 698.921 235.000<br />
Outras contas a receber O O O O O<br />
ATIVO CIRCULANTE 318.496 488.954 1.147.319 1.945.978 1.613.804<br />
Imobilizado 386.000 560.773 701.199 1.315.916 1.557.097<br />
(-) Depreciação acumula<strong>da</strong> 11.250 79.050 145.516 265.861 326.034<br />
Investimentos O 38.414 O O O<br />
ATIVO PERMANENTE 374.750 520.137 555.683 1.050.055 1.231.063<br />
TOTAL 693.246 1.009.091 1.703.002 2.996.033 2.844.867<br />
Os ativos <strong>da</strong> TECSIS cresceram <strong>de</strong> forma bastante rápi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> suas<br />
operações, em 1995. Com efeito, entre 1995 e 1998, este crescimento foi <strong>da</strong><br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 332%. Tanto o Ativo Circulante quanto o Ativo Permanente cresceram<br />
a taxas também eleva<strong>da</strong>s, no mesmo período, <strong>de</strong>, respectivamente, 510% e<br />
228%. Analisa<strong>da</strong>s em conjunto, estas taxas indicam que o crescimento dos<br />
Ativos Totais foi, no período em referência, além <strong>de</strong> expressivo, fortemente<br />
influenciado pelo crescimento tanto do Ativo Circulante quanto do Permanente<br />
(mas, sem dúvi<strong>da</strong>, muito mais por aquele do que por este). O gráfico abaixo<br />
<strong>de</strong>monstra esta afirmação:<br />
70
3. 500. (XX)<br />
3.(XX). (XX)<br />
2. 500. (XX)<br />
o 2.(XX).(XX)<br />
a:: 1.500.(xx)<br />
1.(XX). (XX)<br />
500. (XX)<br />
Ativo Circulante x Ativo Penmnente x Ativo Total<br />
0+-----,------,-----,-----,----_,<br />
1995 1996 1997 1998 Junl99<br />
Período<br />
-AllVO aFO..lANTE<br />
-- AllVOPEA\t1ANENlE<br />
-TOTAL<br />
Basicamente, o gran<strong>de</strong> aumento nas ven<strong>da</strong>s verificado em 1998 - elas foram<br />
cerca <strong>de</strong> 148% superiores às <strong>de</strong> 1997 - foi o responsável pelo diretamente<br />
relacionado elevado aumento no Ativo Circulante (que cresceu 70% em 1998,<br />
com relação ao ano anterior). Basicamente, os itens que mais cresceram foram<br />
Contas a receber e Estoques, tanto <strong>de</strong> materiais quanto <strong>de</strong> produtos em processo<br />
(principalmente este último). Este aumento nas ven<strong>da</strong>s se <strong>de</strong>u por conta <strong>de</strong> um<br />
contrato <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, fechado junto a um cliente<br />
norte-americano, que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, representou um pico <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> que,<br />
conforme se verá mais adiante na apresentação do "case" <strong>de</strong> valuation , não<br />
<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como um novo patamar <strong>de</strong> faturamento.<br />
Isto, aliás, já po<strong>de</strong> ser observado nos resultados do balancete <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1999,<br />
que já reflete uma situação na qual o contrato em questão tinha acabado <strong>de</strong> ser<br />
finalizado. Como se po<strong>de</strong> observar ao examinar-se este <strong>de</strong>monstrativo, os<br />
"investimentos" em estoques tiveram já uma que<strong>da</strong> substancial, em relação ao<br />
71
final <strong>de</strong> 1998, tendo sido reduzidos em cerca <strong>de</strong> 66% (vi<strong>de</strong> gráfico abaixo). Com<br />
isto, no mesmo período, o Ativo Circulante reduziu-se em 17% e o Ativo Total em<br />
5%, mesmo consi<strong>de</strong>rando-se que houve um crescimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 17% no<br />
Ativo Permanente.<br />
2. 500. (XX)<br />
2. (XX). (XX)<br />
1.500.(xx)<br />
0 a: 1. (XX). (XX)<br />
500. (XX)<br />
O<br />
Ativo Circulante X Estoques<br />
1995 1996 1997<br />
Período<br />
1998 Jun'99<br />
- EstCX1U8 <strong>de</strong> rrateriais<br />
- EstCX1U8 <strong>de</strong> produtooem<br />
processo<br />
eeeeeee ATIVO OFO.1.ANTE<br />
Para o segundo semestre <strong>de</strong> 1999, espera-se um quadro <strong>de</strong> novas reduções no<br />
ativo circulante, por conta <strong>de</strong> uma que<strong>da</strong> no faturamento do período e <strong>de</strong> um<br />
ajuste mais profundo quanto ao gerenciamento <strong>de</strong> estoques, já em curso.<br />
72
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Balanço Patrimonial Gerencial - Passivo e PL<br />
ITEM DE PASSIVO E PL 1.995 1.996 1.997 1.998 Jun/99<br />
Fornecedores 175.687 96.352 165.322 453.313 343.925<br />
Empréstimos 95.000 210.000 333.862 390.572 85.882<br />
Tributos a pagar 2.437 6.025 19.870 123.541 145.762<br />
Salários e encargos sociais a pagar 31.732 41.315 51.216 228.205 75.262<br />
Outras contas a pagar O O O O O<br />
PASSIVO CIRCULANTE 304.856 353.692 570.270 1.195.631 650.831<br />
Empréstimos <strong>de</strong> longo prazo O O O 565.000 765.000<br />
EXIGíVEL A lONGO PRAZO O O O 565.000 765.000<br />
Capital 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000<br />
Adiantamentos para futuro aumento <strong>de</strong> capital O O 389.893 389.893 389.893<br />
Resultados acumulados 328.390 595.399 682.839 785.509 979.143<br />
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 388.390 655.399 1.132.732 1.235.402 1.429.036<br />
TOTAL 693.246 1.009.091 1.703.002 2.996.033 2.844.867<br />
o crescimento do Passivo Circulante, se bem que bastante expressivo, no<br />
período compreendido entre 1995 e 1998, foi, no entanto, menor do que o do<br />
Ativo Circulante, tendo sido <strong>de</strong> 292%. Os efeitos do pico <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1998,<br />
porém, também se fizeram sentir aqui. De fato, <strong>de</strong> 1997 para 1998, o Passivo<br />
Circulante saltou cerca <strong>de</strong> 110%, impulsionado pelo crescimento <strong>da</strong>s contas<br />
Fornecedores (174%), Tributos a pagar (522%) e Salários e encargos sociais a<br />
pagar (347%), além <strong>de</strong> Empréstimos (que apresentou um crescimento menor, <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 17%).<br />
O baixo nível <strong>de</strong> lucros - <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 2% em 1997, 1% em 1998 e 2,5%<br />
no primeiro semestre <strong>de</strong> 1999, todos percentuais tomados em relação à Receita<br />
Bruta <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s - associado a, e ao mesmo tempo efeito, <strong>de</strong> pesados gastos <strong>de</strong><br />
73
investimento em Ativo Imobilizado, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas com mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong><br />
instalações (no início <strong>de</strong> 1998, a TECSIS alugou uma nova instalação industrial,<br />
maior e mais mo<strong>de</strong>rna que a anterior) e admissão, treinamento e posterior<br />
<strong>de</strong>missão <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 350 funcionários (em um período <strong>de</strong> um ano, entre maio<br />
<strong>de</strong> 1998 e junho <strong>de</strong> 1999), acabou, como se verá mais adiante, por gerar FCl<br />
negativos que, por seu turno, foram cobertos com o aumento do Exigível a Longo<br />
Prazo (a evolução do Exigível a longo Prazo, vis-à-vis a do Passivo Circulante,<br />
são apresenta<strong>da</strong>s no gráfico logo a seguir). Sobre este item do Passivo - o<br />
Exigível a longo Prazo - cabe aqui uma explicação.<br />
1.400.000<br />
1.200.000<br />
1.000.000<br />
0 800.000<br />
a:<br />
600.000<br />
400.000<br />
200.000<br />
o<br />
Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo<br />
1.995 1.996 1.997 1.998 Jun/99<br />
Período<br />
- PASSIVO CIRCULANTE<br />
-EXIGíVEL A lONGO<br />
PRAZO<br />
Devido à gran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito enfrenta<strong>da</strong> pela TECSIS quando <strong>da</strong><br />
chega<strong>da</strong> do contrato acima citado, no começo <strong>de</strong> 1998, a falta <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro<br />
e <strong>de</strong> investimento se tornou particularmente agu<strong>da</strong>, principalmente a partir <strong>de</strong><br />
meados do ano, permanecendo <strong>de</strong>sta forma ain<strong>da</strong> até o começo <strong>de</strong> 1999<br />
(mesmo que com uma progressiva, mas não sem sobressaltos, melhoria <strong>da</strong><br />
situação ao longo <strong>de</strong>ste período). Naquele contexto, a empresa passou a<br />
acumular gran<strong>de</strong>s saldos <strong>de</strong>vedores com fornecedores e com tributos,<br />
74
principalmente os tributos fe<strong>de</strong>rais e a contribuição para o Instituto Nacional para<br />
a Seguri<strong>da</strong><strong>de</strong> Social - INSS. Já ao final <strong>de</strong> 1998, a situação com os fornecedores<br />
estava praticamente regulariza<strong>da</strong>, ou seja, as contas pen<strong>de</strong>ntes com a gran<strong>de</strong><br />
maioria <strong>de</strong>les já haviam sido pagas. Com relação aos tributos, no entanto, optou-<br />
se pelo parcelamento <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 565.000,00 em 1998, crescendo,<br />
finalmente, para R$ 765.000,00, no primeiro semestre <strong>de</strong> 1999, período no qual<br />
ela foi <strong>de</strong>finitivamente consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>. Ora, esta dívi<strong>da</strong> tributária, foi, <strong>de</strong> acordo com<br />
o caráter gerencial <strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstrações financeiras <strong>da</strong> empresa, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
como um passivo <strong>de</strong> longo prazo, pois os vários parcelamentos têm períodos<br />
entre 24 e 36 meses para liqui<strong>da</strong>ção. Daí eles terem sido classificados <strong>de</strong>sta<br />
forma, ou seja, como "Empréstimos <strong>de</strong> Longo Prazo", mesmo que, na prática<br />
contábil formal, não sejam <strong>de</strong>finidos como tais.<br />
Este procedimento, no entanto, é uma aproximação um tanto grosseira <strong>da</strong><br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e só po<strong>de</strong> ser entendido no contexto <strong>de</strong> uma empresa como a TECSIS<br />
que não dispõe <strong>de</strong> uma administração contábil com um nível maior <strong>de</strong><br />
sofisticação. Com efeito, mesmo não se levando em conta que tributos<br />
parcelados não são o mesmo que empréstimos bancários, não se po<strong>de</strong> esquecer<br />
que parte do parcelamento se constitui, <strong>de</strong> fato, em um passivo <strong>de</strong> curto prazo,<br />
pois é liquidável nos primeiros 12 meses (as primeiras 12 parcelas) <strong>de</strong> vigência<br />
do acordo. Os efeitos <strong>de</strong> tal procedimento foram simulados, principalmente em<br />
termos <strong>de</strong> seus efeitos sobre os índices <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>da</strong> empresa, e constatou-se<br />
que, <strong>de</strong>vido à extrema quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> documentos que <strong>de</strong>veriam ser analisados<br />
com vistas a se produzir um relatório passível <strong>de</strong> gerar um novo entendimento <strong>da</strong><br />
questão, e, portanto, do tempo que tal trabalho <strong>de</strong> compilação e análise<br />
<strong>de</strong>man<strong>da</strong>ria, seria preferível adotar-se os números <strong>da</strong> empresa e a<strong>da</strong>ptar-se o<br />
trabalho <strong>de</strong> valuation no sentido <strong>de</strong> não permitir que este tratamento <strong>da</strong> questão<br />
dos tributos parcelados levasse à geração <strong>de</strong> resultados distorcidos<br />
(basicamente, o que se fez foi aplicar uma taxa <strong>de</strong> juros mensal <strong>de</strong> 1,39%,<br />
equivalendo a 18% a.a., no sentido <strong>de</strong> simular uma remuneração <strong>de</strong>ste capital,<br />
75
até quando o passivo em questão tivesse sido liqui<strong>da</strong>do totalmente, o que, neste<br />
caso, foi previsto, e em um único pagamento, para o segundo ano do período<br />
explícito <strong>de</strong> previsões).<br />
Com relação ao Patrimônio Líquido, vale <strong>de</strong>stacar a conta <strong>de</strong> Adiantamentos para<br />
Futuro Aumento <strong>de</strong> Capital. Trata-se, esta rubrica, <strong>da</strong> inclusão do valor <strong>de</strong><br />
equipamentos <strong>de</strong> produção que foram incorporados pelos sócios posteriormente<br />
à fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> empresa, e que, como contraparti<strong>da</strong>, foram adicionados a seu<br />
ativo imobilizado. A regularização <strong>de</strong> tal fornecimento, ou seja, a sua<br />
transferência para a conta <strong>de</strong> capital ain<strong>da</strong> não havia se <strong>da</strong>do quando do término<br />
<strong>de</strong>ste trabalho (no trabalho <strong>de</strong> valuation, como se verá, consi<strong>de</strong>rou-se o valor em<br />
referência como constante na conta Capital. Tal procedimento se <strong>de</strong>u apenas<br />
com fins <strong>de</strong> simplificação do trabalho <strong>de</strong> cálculo, e respeitou a natureza <strong>da</strong> conta,<br />
que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> gerencialmente como Capital).<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Demonstrativo <strong>de</strong> Resultados Gerencial<br />
ITEM DE DR 1.995 1.996 1.997 1.998 Jun/99<br />
Receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s 2.363.043 3.784.331 4.451.662 11.022.679 7.906.924<br />
(-) Tributos sobre ven<strong>da</strong>s 259.935 215.707 298.260 567.444 429.610<br />
= Receita líqui<strong>da</strong> 2.103.108 3.568.624 4.153.402 10.455.235 7.477.314<br />
(-) Custo dos produtos e serviços vendidos 1.062.233 2.040.515 2.641.109 7.811.219 5.541.589<br />
(-) Despesas administrativas e gerais 670.219 1.132.890 1.329.088 2.305.003 1.256.918<br />
(-) Outras <strong>de</strong>spesas operacionais 31.016 60.410 29.299 115.998 425.000<br />
(-) Depreciação 11.250 67.800 66.466 120.345 60.173<br />
= Lucro líquido 328.390 267.009 87.440 102.670 193.634<br />
Quanto ao Demonstrativo <strong>de</strong> Resultados, o que mais chama a atenção é o<br />
extraordinário crescimento <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 366% entre 1995 e 1998<br />
(além disto, o primeiro semestre <strong>de</strong> 1999 já apresentou uma receita bruta <strong>de</strong><br />
ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 72% a <strong>de</strong> todo o ano <strong>de</strong> 1999. Aqui, no entanto, a<br />
76
<strong>de</strong>svalorização cambial é em gran<strong>de</strong> parte responsável por este resultado. Sem<br />
ela, a relação acima seria <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50%, o que, entretanto, ain<strong>da</strong> seria um<br />
valor bastante razoável). Conforme já salientado mais acima, este aumento se<br />
<strong>de</strong>u <strong>de</strong>vido, em boa parte, a um pico <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, fora <strong>da</strong> tendência espera<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s. Espera-se, como se verá, que o nível <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, nos anos contados<br />
a partir <strong>de</strong> primeiro <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1999, retorne ao patamar <strong>de</strong> 1998 apenas no<br />
terceiro ano, ou seja, no ano finalizado em 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002 ( o "rationale"<br />
<strong>de</strong>sta expectativa - utiliza<strong>da</strong> no trabalho <strong>de</strong> valuation - será explicitado mais<br />
adiante).<br />
Um outro aspecto importante que merece relevo, é o <strong>da</strong> também expressiva<br />
que<strong>da</strong> do lucro líquido, e, mais importante, <strong>da</strong>s margens <strong>de</strong> lucro. Este assunto já<br />
foi mencionado mais acima, e não se <strong>de</strong>ve repetí-Io aqui. Entretanto, vale à pena<br />
ressaltar que não se espera que esta situação se configure como uma tendência,<br />
pois, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, um fator que ain<strong>da</strong> não foi mencionado é o <strong>da</strong> curva <strong>de</strong><br />
experiência, e este fator vem a ser <strong>de</strong>terminante nesta expectativa (a empresa<br />
espera trabalhar com níveis elevados <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, mas não no pico, e com<br />
funcionários agora treinados para li<strong>da</strong>r com o tipo <strong>de</strong> manufatura que será<br />
requerido).<br />
3.2.3 - Cálculo dos Direcionadores do Valor<br />
3.2.3.1 - NOPLAT<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo <strong>de</strong> NOPLAT<br />
ITEM DE NOPLAT 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
NOPLAT = Lucro líquido 328.390 267.009 87.440 102.670 193.634<br />
77
o cálculo <strong>de</strong> NOPLAT foi bastante facilitado, pois a empresa opera sob o regime<br />
fiscal do lucro presumido, pelo qual tanto o imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> quanto a<br />
contribuição social são obtidos por meio <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> uma alíquota<br />
diretamente sobre o faturamento bruto <strong>da</strong> empresa (isto é, o faturamento<br />
incluindo o ICMS mas não incluindo o IPI, ou, <strong>de</strong> outro modo, a receita bruta <strong>de</strong><br />
ven<strong>da</strong>s). Deste modo, tornou-se <strong>de</strong>snecessário o cálculo <strong>da</strong>s provisões ajusta<strong>da</strong>s<br />
para imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. Além disto, as figuras do LAIR (lucro entes do imposto <strong>de</strong><br />
ren<strong>da</strong>) e do LAJIR (lucro antes dos juros e do imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>) per<strong>de</strong>ram<br />
também seu significado, e não foram utiliza<strong>da</strong>s.<br />
Um outro fator facilitador foi a ausência <strong>de</strong> previsões quanto à ocorrência <strong>de</strong><br />
resultados não operacionais e receitas financeiras. Somando-se, então, o<br />
impacto <strong>de</strong>stes facilitadores, conclui-se que o significado <strong>de</strong> NOPLAT, no caso <strong>da</strong><br />
TECSIS, passa a ser o mesmo do <strong>de</strong> lucro líquido, isto é:<br />
NOPLAT = LL<br />
Os resultados para NOPLAT estão apresentados na tabela acima.<br />
78
3.2.3.2 - Capital Investido<br />
Tecsis lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo do Capital Investido (CI)<br />
ITEM DE CI 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
Ativo circulante operacional 285.301 488.954 1.147.319 1.945.978 1.613.804<br />
Passivo circulante não-financeiro 209.856 143.692 236.408 805.059 564.949<br />
Capital <strong>de</strong> giro operacional 75.445 345.262 910.911 1.140.919 1.048.855<br />
Ativo imobilizado líquido 374.750 481.723 555.683 1.050.055 1.231.063<br />
Outros ativos operac., líquidos <strong>de</strong> outros O O O O O<br />
passivos<br />
Capital investido (CI) 450.195 826.985 1.466.594 2.190.974 2.279.918<br />
(+) excesso <strong>de</strong> caixa 33.195 O O O O<br />
(+) ágio/<strong>de</strong>ságio em investimentos O O O O O<br />
(+) investimentos não-operacionais O 38.414 O O O<br />
= Capital total dos investidores 483.390 865.399 1.466.594 2.190.974 2.279.918<br />
Patrimônio Líguido 388.390 655.399 1.132.732 1.235.402 1.429.036<br />
IR diferido O O O O O<br />
Patrimônio Líquido ajustado 388.390 655.399 1.132.732 1.235.402 1.429.036<br />
Passivo financeiro total 95.000 210.000 333.862 955.572 850.882<br />
Capital total dos investidores 483.390 865.399 1.466.594 2.190.974 2.279.918<br />
o cálculo e análise dos resultados relativos ao capital investido (CI) <strong>da</strong> TECSIS<br />
apontam para a mesma direção do que já foi visto até agora: um gran<strong>de</strong><br />
crescimento no período 1995-1999, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 387%. Particularmente digno <strong>de</strong><br />
nota, foi o crescimento do capital <strong>de</strong> giro operacional no mesmo período, que<br />
atingiu cerca <strong>de</strong> 1.400%, passando <strong>de</strong> R$ 75.445 em 1995, para R$ 1.140.919,<br />
em 1999.<br />
79
o padrão quanto ao primeiro semestre <strong>de</strong> 1999 também aqui é bastante similar<br />
ao que já foi visto quando <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstrações financeiras. Com efeito,<br />
há, em relação a 1998, uma que<strong>da</strong> <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 8% no capital <strong>de</strong> giro<br />
operacional, um aumento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 17% nos ativos imobilizados líquidos,<br />
resultando em um pequeno aumento <strong>de</strong> 4% no capital investido. Isto é compatível<br />
com o que se viu mais acima, isto é, o primeiro semestre <strong>de</strong> 1999 se<br />
caracterizando como um período <strong>de</strong> relativa estabilização, após mais <strong>de</strong> três<br />
anos <strong>de</strong> crescimento vertiginoso. O gráfico abaixo sintetiza estas informações:<br />
Capital <strong>de</strong> Giro Operacional x Ativo Imobilizado Líquido x CI<br />
2.500.000<br />
2.000.000<br />
1.500.000<br />
1.000.000<br />
O+-----~----~----~-----.<br />
1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
Período<br />
80<br />
- Capital <strong>de</strong> giro<br />
operacional<br />
-- Ativo irrobilizado líquido<br />
--- Capital investido (CI)<br />
O capital total dos investidores foi, para todos os anos, o mesmo ou<br />
aproxima<strong>da</strong>mente o mesmo que o capital investido. Isto se <strong>de</strong>u pelo fato <strong>de</strong> que a<br />
conta que potencialmente teria um maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> diferenciar os valores<br />
atribuídos aos dois conceitos - a conta "excesso <strong>de</strong> caixa" - só apresentou um<br />
pequeno valor positivo em 1995, enquanto que a conta investimentos apresentou<br />
um valor semelhante (referente a reservas em moe<strong>da</strong> estrangeira - uma<br />
classificação contabilmente duvidosa, mas, que, para efeitos do cálculo <strong>de</strong>
capital, não implica em <strong>da</strong>no algum) no ano seguinte - 1996, e teve seu saldo<br />
zerado já no período seguinte.<br />
Vale à pena comentar que, no cálculo do montante a ser atribuído à conta<br />
excesso <strong>de</strong> caixa, estabeleceu-se que, mesmo contra a regra prática provi<strong>da</strong> por<br />
COPELAND( 1995-96, p. 166) <strong>de</strong> que o caixa que exce<strong>de</strong>sse 0,5% a 2% do valor<br />
<strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rado como excesso <strong>de</strong> caixa, e<br />
portanto, não <strong>de</strong>veria ser incluído no cálculo do capital investido, a percepção <strong>da</strong><br />
Administração <strong>da</strong> TECSIS, alia<strong>da</strong> à sua experiência e aos números disponíveis,<br />
<strong>de</strong>veria ser leva<strong>da</strong> em conta, em primeiro lugar, no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qual<br />
seria o percentual a ser adotado. A característica <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s sem dúvi<strong>da</strong><br />
crescentes, mas com picos e vales bem pronunciados, levou à <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong><br />
um valor <strong>de</strong> 5% sobre a soma <strong>da</strong>s contas caixa e bancos e aplicações<br />
financeiras, como sendo o caixa necessário para girar o negócio, sendo o<br />
restante, 95%, classificado como excesso <strong>de</strong> caixa. Este valor foi, inclusive,<br />
adotado também no trabalho <strong>de</strong> valuation.<br />
3.2.3.3 - ROle<br />
Como se po<strong>de</strong> observar na tabela abaixo, os baixos lucros, tanto em valor<br />
absoluto quanto marginalmente, a partir <strong>de</strong> 1997, associados a um rápido<br />
crescimento do capital investido, acabou por <strong>de</strong>terminar uma que<strong>da</strong> muito<br />
acentua<strong>da</strong> nos valores <strong>de</strong> ROIC, que<strong>da</strong> esta que se manteve em 1998 e 1999<br />
(primeiro semestre). Consi<strong>de</strong>rando-se como parâmetro, por exemplo, um WACC<br />
<strong>de</strong> 18%, válido para ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes períodos (a questão <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação do<br />
WACC para a TECSIS será abor<strong>da</strong><strong>da</strong> mais à frente neste trabalho), a empresa<br />
vem sistematicamente <strong>de</strong>struindo valor nos últimos 2,5 anos.<br />
81
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo <strong>de</strong> ROIC<br />
ITEM DE ROIC 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
NOPLAT 328.390 267.009 87.440 102.670 193.634<br />
CI médio (entre começo e final do ano) 255.098 638.590 1.146.790 1.828.784 2.235.446<br />
CI (começo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ano) 60.000 450.195 826.985 1.466.594 2.190.974<br />
ROIC (pela média) 128,73 41,81 7,62 5,61 8,66<br />
ROIC (pelo começo) 547,32 59,31 10,57 7,00 8,84<br />
Com relação à apresentação do capital investido, po<strong>de</strong>-se observar que duas<br />
variações do conceito foram utiliza<strong>da</strong>s, o capital investido apurado pela média<br />
dos valores referentes ao começo e ao final do ano ou período, e o computado<br />
apenas no começo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ano. A partir disto, duas taxas diferentes <strong>de</strong> ROIC<br />
foram apura<strong>da</strong>s, ca<strong>da</strong> uma usando uma <strong>de</strong>stas duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferentes <strong>de</strong><br />
apresentação do capital investido. O comportamento <strong>de</strong>stas taxas no período em<br />
análise po<strong>de</strong> ser observado no gráfico abaixo:<br />
600,00<br />
500,00<br />
400,00<br />
fi. 300,00<br />
200,00<br />
100,00<br />
0,00<br />
1995<br />
ROIC - CI médio e CI começo <strong>de</strong> período<br />
1996 1997<br />
Período<br />
82<br />
1998 Jun/99<br />
o ROIC (pela média)<br />
G!lIROIC (pelo começo)
As diferenças encontra<strong>da</strong>s nestas taxas não foram, pelo menos em termos <strong>de</strong><br />
sua magnitu<strong>de</strong>, muito gran<strong>de</strong>s, com exceção <strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1995 (tal fato é incomum e<br />
se <strong>de</strong>ve integralmente ao fato <strong>de</strong> que 1995 foi o ano <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> empresa,<br />
com um capital registrado muito baixo, se comparado com os valores <strong>de</strong> capital<br />
investidos que resultariam, em sequência, do rápido crescimento <strong>da</strong> empresa.<br />
Assim, consi<strong>de</strong>rando-se, o capital registrado <strong>de</strong> R$ 60.000 como o capital<br />
investido no início do ano <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> companhia - e este foi o procedimento<br />
adotado aqui - observa-se que, após este primeiro ano <strong>de</strong> operações, 1995, o<br />
capital investido passou a ser <strong>de</strong> R$ 450.195, um crescimento relativo <strong>de</strong><br />
aproxima<strong>da</strong>mente 650%, em apenas um ano). Estas diferenças, no entanto, para<br />
patamares mais baixos <strong>de</strong> ROIC, em torno <strong>de</strong> 5% a 15%, po<strong>de</strong>m significar muito,<br />
como é o caso em 1997, on<strong>de</strong> ela chega a ser quase <strong>de</strong> 3%, consi<strong>de</strong>rando-se o<br />
ROIC calculado com o capital investido sendo o do começo do ano como <strong>de</strong><br />
10,57%, e o ROIC pelo capital investido médio como <strong>de</strong> 7,62%. Esta diferença<br />
po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do valor <strong>de</strong> WACC, <strong>de</strong>terminar a linha divisória entre estar-se<br />
criando ou <strong>de</strong>struindo valor. Na prática, quanto mais o crescimento do capital<br />
,investido for muito acelerado, como foi o caso <strong>da</strong> TECSIS para os anos <strong>de</strong> 1995<br />
a 1998, maior será a diferença entre os valores <strong>de</strong> ROIC obtidos <strong>de</strong> acordo com<br />
as duas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cálculo apresenta<strong>da</strong>s acima, com o ROle pela média<br />
do capital investido sempre sendo menor que o do capital investido pelo começo<br />
do ano. Nos <strong>da</strong>dos referentes ao primeiro semestre <strong>de</strong> 1999, isto po<strong>de</strong> ser<br />
observado, pois o capital investido cresceu apenas cerca <strong>de</strong> 4% no período e,<br />
como consequência, os dois ROIC convergiram, apresentando valores <strong>de</strong> 8,66%<br />
para ROIC <strong>de</strong> CI médio e <strong>de</strong> 8,84% para ROle <strong>de</strong> Cl pelo início do ano. Enfim,<br />
com relação a este tema, o que se <strong>de</strong>cidiu foi que o ROIC pelo Cl médio seria<br />
capaz <strong>de</strong> prover uma medi<strong>da</strong> mais conservadora do que sua alternativa, e, por<br />
isto, <strong>de</strong>veria ser adota<strong>da</strong>. Além disto, ele ain<strong>da</strong> foi consi<strong>de</strong>rado como uma<br />
aproximação melhor <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, justamente por ser uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> tendência<br />
central, e não uma medi<strong>da</strong> extrema.<br />
83
3.2.3.4 - Fel<br />
Observando-se a tabela abaixo, fica claro que o processo <strong>de</strong> crescimento rápido<br />
vivido pela TECSIS, entre 1995 e 1998, aliado ao já comentado comportamento<br />
dos lucros (e, portanto, <strong>de</strong> NOPlAT) no mesmo período, acabou por gerar<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro e <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital<br />
gran<strong>de</strong>s o suficiente para produzir. fluxos <strong>de</strong> caixa crescentemente negativos.<br />
Assim, já em 1995 o FCl foi negativo em R$ 61.805, alcançando, em 1998, um<br />
valor também negativo <strong>de</strong> R$ 621.710. Portanto, um crescimento negativo <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 900% no período. Da<strong>da</strong> a carência <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> crédito no mercado<br />
brasileiro, principalmente em se tratando <strong>de</strong> empresas com o perfil <strong>da</strong> TECSIS,<br />
esta situação po<strong>de</strong>ria ser, no mínimo, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> insustentável, caso<br />
permanecesse este padrão <strong>de</strong> comportamento para os próximos períodos.<br />
No entanto, e conforme já citado, o primeiro semestre <strong>de</strong> 1999 po<strong>de</strong> ser<br />
consi<strong>de</strong>rado como um período <strong>de</strong> estabilização, ou, pelo menos, <strong>de</strong> relativa<br />
estabilização. Com efeito, mesmo apresentando um NOPlAT ain<strong>da</strong> relativamente<br />
muito baixo, as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento em capital <strong>de</strong> giro e as <strong>de</strong>spesas<br />
<strong>de</strong> capital, analisa<strong>da</strong>s em conjunto, apresentaram um padrão bem mais<br />
mo<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> crescimento, resultando no primeiro FCl positivo <strong>da</strong> história <strong>da</strong><br />
companhia.<br />
84
400.000<br />
200.000<br />
0- -200.000<br />
a:<br />
-400.000<br />
-600.000<br />
-800.000<br />
o<br />
NOPlATx Fel<br />
Período<br />
-NOPLAT<br />
-Fel<br />
Além disto, como po<strong>de</strong>rá ser visto mais adiante, as previsões são <strong>de</strong> que este<br />
padrão permaneça <strong>da</strong>qui em diante, isto é, estima-se que o cenário mais<br />
provável (e que foi o adotado na abor<strong>da</strong>gem para a avaliação <strong>da</strong> empresa) nos<br />
próximos cinco anos iniciados em julho <strong>de</strong> 1999, seja o <strong>de</strong> um crescimento mais<br />
mo<strong>de</strong>rado, auto-sustentado, e, portanto, mesmo que no primeiro ano do período<br />
explícito <strong>de</strong> previsão estime-se que NOPlAT venha a ser negativo, não se<br />
produzam mais Fel negativos.<br />
85
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Caixa livre (FCl)<br />
ITEM DE FCl 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
NOPlAT<br />
(+) Depreciação<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa bruto<br />
Aumento no capital <strong>de</strong> giro<br />
Despesas <strong>de</strong> capital<br />
Aumento em outros ativos, líquidos <strong>de</strong><br />
passivos<br />
Investimento Bruto<br />
328.390<br />
11.250<br />
339.640<br />
267.009<br />
67.800<br />
334.809<br />
87.440<br />
66.466<br />
153.906<br />
565.649<br />
140.426<br />
O<br />
102.670<br />
120.345<br />
223.015<br />
230.008<br />
614.717<br />
O<br />
193.634<br />
60.173<br />
253.807<br />
-92.064<br />
241.181<br />
401.445 444.590 706.075 844.725 149.117<br />
FCl antes <strong>de</strong> ágio em investimentos -61.805 -109.781 -552.169 -621.710 104.690<br />
realizados<br />
(+) Ágio em investimentos realizados<br />
O O<br />
FCl<br />
(+) Fluxos <strong>de</strong> caixa não-operacionais<br />
(+) Efeitos <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> Dem. Fin. em<br />
outras moe<strong>da</strong>s<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa disponível para investidores<br />
Fluxo Financeiro<br />
Receita financeira <strong>de</strong>pois dos impostos<br />
Aumento (dim.) no excesso <strong>de</strong> caixa<br />
Despesa com juros <strong>de</strong>pois dos impostos<br />
Diminuição (aumento) no passivo financeiro<br />
Divi<strong>de</strong>ndos<br />
Recompra (emissões) <strong>de</strong> ações - Adto. p/ Fut.<br />
aum. capo<br />
Fluxo financeiro total<br />
86<br />
15.445 269.817<br />
386.000 174.773<br />
O O<br />
o o o<br />
-61.805 -109.781 -552.169 -621.710 104.690<br />
O -38.414<br />
O O<br />
38.414<br />
-61.805 -148.195 -513.755 -621.710 104.690<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
33.195 -33.195<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
-95.000 -115.000 -123.862 -621.710<br />
O O O O<br />
O O -389.893<br />
O<br />
-61.805 -148.195 -513.755 -621.710<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
104.690<br />
O<br />
O<br />
104.690
3.2.3.5 - Lucro Econômico<br />
Quanto ao cálculo do lucro econômico, vale <strong>de</strong>stacar a opção já firma<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
utilizar-se o valor <strong>de</strong> ROIC calculado com base no valor do capital investido<br />
médio, além <strong>da</strong> utilização do mesmo WACC <strong>de</strong> 18%.<br />
Os resultados indicam que, <strong>de</strong> acordo com o esperado, a TECSIS estava<br />
<strong>de</strong>struindo valor nos anos <strong>de</strong> 1997 e 1998, além <strong>de</strong> no primeiro semestre <strong>de</strong><br />
1999. Nestes períodos, o ROIC foi <strong>de</strong>, respectivamente, 7,62%, 5,61 % e 8,66%,<br />
abaixo, portanto, do WACC. Como resultado, nestes mesmos períodos, o lucro<br />
econômico foi negativo em, também respectivamente, R$ 118.982, R$ 226.511 e<br />
R$ 208.746. Estas são, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, as próprias medi<strong>da</strong>s do "quantum" <strong>de</strong> valor<br />
que foi <strong>de</strong>struído em ca<strong>da</strong> um dos períodos apontados. Os <strong>da</strong>dos completos<br />
referentes ao cálculo do lucro econômico, po<strong>de</strong>m ser observados na tabela<br />
abaixo:<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo do Lucro Econômico(LE)<br />
ITEM DE LE 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
ROIC - média <strong>de</strong> CI 128,73 41,81 7,62 5,61 8,66<br />
(-) WACC 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00<br />
= Spread 110,73 23,81 -10,38 -12,39 -9,34<br />
CI (médio) 255.098 638.590 1.146.790 1.828.784 2.235.446<br />
Lucro Econômico 282.472 152.063 -118.982 -226.511 -208.746<br />
NOPLAT 328.390 267.009 87.440 102.670 193.634<br />
Custo <strong>de</strong> Capital 45.918 114.946 206.422 329.181 402.380<br />
Lucro Econômico 282.472 152.063 -118.982 -226.511 -208.746<br />
87
3.2.4 - Uma Digressão a Respeito do Contexto Histórico sob o qual a<br />
TECSIS Operou no Período em Destaque<br />
Os três principais mercados em que a companhia atua, pás para turbinas eólicas,<br />
ventiladores industriais e jato-ventiladores, apresentaram comportamentos<br />
distintos nos mais <strong>de</strong> quatro anos compreendidos entre 1995 e o primeiro<br />
semestre <strong>de</strong> 1999. O mercado <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas cresceu<br />
vertiginosamente, enquanto que o <strong>de</strong> jato-ventiladores também cresceu, mas <strong>de</strong><br />
maneira muito mais mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, e o <strong>de</strong> ventiladores industriais permaneceu<br />
basicamente estagnado.<br />
Iniciando pelo mercado <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, a primeira consi<strong>de</strong>ração a<br />
ser feita é a <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> um mercado relativamente novo, que apresenta<br />
uma gran<strong>de</strong> efervescência em todos os seus aspectos (tecnológico, comercial e<br />
regulatório, principalmente), e no qual a taxa <strong>de</strong> crescimento no volume <strong>de</strong><br />
negócios, estima-se, tem sido <strong>de</strong>, em média, cerca <strong>de</strong> 30% ao ano. Por outro<br />
lado, trata-se <strong>de</strong> um ambiente <strong>de</strong> negócios on<strong>de</strong>, para se prosperar, é<br />
imprescindível possuir-se uma base <strong>de</strong> conhecimentos tecnológicos <strong>de</strong> peso,<br />
pois a evolução é contínua e as gerações <strong>de</strong> novos equipamentos surgem ca<strong>da</strong><br />
vez mais rapi<strong>da</strong>mente, exigindo capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento por parte dos<br />
fornecedores, sob pena <strong>de</strong> exclusão do mercado. Como po<strong>de</strong> ser percebido, as<br />
exigências <strong>de</strong> capital também são correspon<strong>de</strong>ntemente eleva<strong>da</strong>s.<br />
O mercado <strong>de</strong> turbinas eólicas é dominado por três ou quatro , gran<strong>de</strong>s<br />
fabricantes, localizados nos EUA, Alemanha e Dinamarca, que, com,,~penas uma<br />
exceção, projetam suas pás mas não se encarregam <strong>de</strong> produzi-Ias (isto porque<br />
tais pás são, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o componente <strong>da</strong> turbina que carrega a maior<br />
responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> estrutural pelo seu <strong>de</strong>sempenho, exigindo-se, então,<br />
conhecimentos especializados para sua manufatura, conhecimentos 'estes que,<br />
....\- "<br />
em geral, não são possuídos pelos fabricantes <strong>de</strong> turbinas). Existe, então, um<br />
88
mercado on<strong>de</strong> fornecedores <strong>de</strong> pás competem junto aos contratos oferecidos por<br />
estes gran<strong>de</strong>s fabricantes, <strong>de</strong>ntre os quais está presente a TECSIS, além <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> seis ou sete outras empresas, localiza<strong>da</strong>s na Europa Oci<strong>de</strong>ntal<br />
(Alemanha e França), EUA e Canadá. Ora, estas empresas, além <strong>de</strong> conviverem<br />
com um ambiente econômico historicamente mais estável, estão próximas às<br />
suas contratantes e, talvez mais importante, são mais antigas que a TECSIS, ou<br />
seja, entraram no mercado antes do que ela.<br />
Quando a TECSIS conseguiu seu primeiro contrato <strong>de</strong> fornecimento para um<br />
cliente alemão, o momento era (e ain<strong>da</strong> é), sabe-se agora, <strong>de</strong> preocupação, por<br />
parte dos fabricantes <strong>de</strong> turbinas, quanto à disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong><br />
fornecimento <strong>de</strong> pás em um mercado que crescia a taxas bastante eleva<strong>da</strong>s,<br />
alia<strong>da</strong>, por seu turno, a uma crescente competição entre as fabricantes <strong>de</strong><br />
turbinas. Esta competição, por sua vez, era e continua sendo caracteriza<strong>da</strong> por<br />
uma corri<strong>da</strong> sem prece<strong>de</strong>ntes na direção <strong>da</strong> redução <strong>de</strong> preços: e do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e <strong>da</strong> disponibilização <strong>de</strong> equipamentos maiores e com maior<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> geração energética. A TECSIS, além <strong>de</strong> ser uma nova alternativa<br />
<strong>de</strong> fornecimento, também seria capaz <strong>de</strong> competir no quesito preço, <strong>da</strong>do o custo<br />
relativamente inferior <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra no Brasil.<br />
Rapi<strong>da</strong>mente, porém, a empresa conseguiu criar uma reputação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
preço competitivos no mercado que levou-a, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ste primeiro contrato, a<br />
fechar outros mais com outro cliente alemão, e, já a partir do final <strong>de</strong> 1997, com<br />
seu cliente mais importante atualmente, a empresa norte-americana ZOND<br />
ENERGY SYSTEMS, INC. (uma subsidiária do grupo ENRON, atuante na área<br />
<strong>de</strong> geração energética nos EUA e em vários outros países, e um dos maiores<br />
grupos do mundo no setor). Como resultado, o faturamento com as exportações<br />
<strong>de</strong> pás para turbinas eólicas atingiu, em 1998, cerca <strong>de</strong> US$ 8,2 milhões, em<br />
relação a cerca <strong>de</strong> US$ 1 milhão em 1995, representando um crescimento<br />
aproximado <strong>de</strong> 720% no período.<br />
89
Ora, um tal nível <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, fez com que, conforme já apontado<br />
mais acima, se tornasse bastante complica<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> caixa<br />
para suportar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> crescente <strong>de</strong> investimentos fixos e em capital <strong>de</strong><br />
giro. Em um <strong>de</strong>terminado momento, como ao longo <strong>de</strong> todo o ano <strong>de</strong> 1998,<br />
acertou-se, inclusive, com o cliente, que este seria responsável pela aquisição<br />
<strong>da</strong>s matérias-primas necessárias para a fabricação <strong>da</strong>s pás, pois não havia mais<br />
como preparar-se para atendê-lo, caso fosse necessário arcar, simultaneamente,<br />
com investimentos em equipamentos <strong>de</strong> produção e controle, e em capital <strong>de</strong><br />
giro.<br />
Se isto foi ver<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto ao mercado <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, o mesmo<br />
não po<strong>de</strong> ser dito quanto ao <strong>de</strong> jato-ventiladores. Em 1995, por exemplo, a<br />
TECSIS sequer fabricava este tipo <strong>de</strong> equipamento, estando ain<strong>da</strong> a <strong>de</strong>senvolvê-<br />
lo. As primeiras ven<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 120.000, se <strong>de</strong>ram em 1997 e, se bem<br />
que o mercado tenha se comportado <strong>de</strong> maneira promissora, gerando um<br />
crescimento <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 87% entre 1997 e 1998 (elas atingiram, neste<br />
último ano, R$ 224.000, aproxima<strong>da</strong>mente) os valores envolvidos são<br />
relativamente baixos, gerando pouco impacto nas <strong>de</strong>monstrações financeiras.<br />
Trata-se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> equipamentos que ain<strong>da</strong> são vendidos apenas no Brasil,<br />
e que <strong>de</strong>vem ser comercializados no exterior em futuro próximo, e que, portanto,<br />
são e continuarão a ser ain<strong>da</strong> por algum tempo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
cenário econômico brasileiro. No entanto, consi<strong>de</strong>ra-se que as suas perspectivas<br />
<strong>de</strong> mercado são muito boas.<br />
O mesmo também po<strong>de</strong> ser dito quanto ao mercado <strong>de</strong> ventiladores. Estes<br />
equipamentos conquistaram uma sóli<strong>da</strong> reputação no mercado brasileiro,<br />
basicamente entre as principais empresas dos setores petroquímico, si<strong>de</strong>rúrgico<br />
e <strong>de</strong> papel e celulose, entre outros. A TECSIS, atualmente, dispõe <strong>de</strong> uma linha<br />
completa <strong>de</strong>stes equipamentos, capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a quaisquer necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
90
seus clientes, sendo ain<strong>da</strong> capacita<strong>da</strong> a <strong>de</strong>senvolver equipamentos <strong>de</strong> acordo<br />
com as especificações técnicas forneci<strong>da</strong>s pelos contratantes. Estima-se que a<br />
empresa, consi<strong>de</strong>rando-se todos os tamanhos e finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />
ventilação, <strong>de</strong>tenha algo em torno <strong>de</strong> 25% a 35% do mercado brasileiro (não há,<br />
infelizmente, estatísticas disponíveis quanto a este mercado - trata-se, esta<br />
estimativa, <strong>de</strong> uma extrapolação do que se conhece em termos <strong>de</strong> movimentos<br />
dos principais clientes do mercado), sendo, pelo menos quanto a ventiladores <strong>de</strong><br />
maior porte, a principal fabricante nacional.<br />
o que acontece, porém, é que o mercado b.rasileiro tem estado muito limitado,<br />
pa<strong>de</strong>cendo, ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> esta déca<strong>da</strong>, <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> investimentos em novas<br />
obras industriais e <strong>de</strong> infra-estrutura, limitando-se as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital <strong>da</strong>s<br />
gran<strong>de</strong>s empresas, em sua maioria, à reposição <strong>de</strong> equipamentos já<br />
<strong>de</strong>preciados. Além disto, a abertura <strong>de</strong> mercado, principalmente a partir <strong>de</strong> 1995,<br />
levou à entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s competidores internacionais, empresas globais<br />
capazes <strong>de</strong> suportar uma concorrência centra<strong>da</strong> em preços por muito mais tempo<br />
que suas contrapartes brasileiras, o que resultou em uma brutal redução nos<br />
preços dos equipamentos, chegando, nestes últimos anos, a mais <strong>de</strong> 50%, em<br />
alguns casos. Neste cenário, com um mercado estagnado e mais concorrentes<br />
disputando a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pedidos, o faturamento com a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
sistemas <strong>de</strong> ventilação industrial (ou ventiladores industriais) até mesmo reduziu-<br />
se um pouco, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 (cerca <strong>de</strong> 19%), vindo a ser <strong>de</strong> R$ 1.062.000,<br />
aproxima<strong>da</strong>mente, em 1998 (a empresa, no entanto, já vem executando os<br />
primeiros passos <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> incremento <strong>de</strong> exportações <strong>de</strong> tais ventiladores,<br />
tendo já conseguido dois importantes contratos. Daí acreditar-se, em acordo<br />
inclusive com os consultores internacionais <strong>da</strong> área por ela contatados, tratar-se,<br />
esta iniciativa, <strong>de</strong> potencialmente capaz <strong>de</strong> gerar uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira vira<strong>da</strong> nos<br />
" ,<br />
negócios com ventiladores ou sistemas <strong>de</strong> ventilação industriais. Mas, corrio se<br />
verá mais adiante, a empresa ain<strong>da</strong> vê com cautela estas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
exportação com relação ao trabalho <strong>de</strong> valuation, preferindo não consi<strong>de</strong>rá-Ias,<br />
~<br />
1<br />
91
pelo menos no cenário mais conservador, adotado sob a estimativa <strong>de</strong> ser o<br />
"mais provável" . Por outro lado, apesar <strong>de</strong>sta que<strong>da</strong> nas ven<strong>da</strong>s em R$, espera-<br />
se que, em cerca <strong>de</strong> dois anos, a partir <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996, também as ven<strong>da</strong>s no<br />
Brasil voltem a crescer, <strong>de</strong>vido, principalmente, a: 1) Necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> inadiável <strong>de</strong><br />
novos investimentos no parque industrial brasileiro; 2) Contatos com clientes<br />
<strong>da</strong>ndo conta dos planos <strong>de</strong> aquisições <strong>de</strong> longo prazo; 3) Reestruturação interna<br />
<strong>da</strong> TECSIS, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1998, implantou uma administração separa<strong>da</strong><br />
para o negócio <strong>de</strong> ventiladores - e também <strong>de</strong> jato-ventiladores - que foi<br />
transformado numa divisão <strong>de</strong> negócios. Esta reformulação <strong>da</strong> estrutura do<br />
~<br />
negócio, espera-se, irá gerar um programa <strong>de</strong> ações e metas em rnarketinq l<br />
capaz <strong>de</strong> levar a nova Divisão a alcançar ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 5 milhões/ano! I<br />
l:<br />
<strong>de</strong>ntro dos próximos 4 a 5 anos, a contar do primeiro semestre <strong>de</strong> 1999). I<br />
Como consequencia do acima exposto, o setor <strong>de</strong> ventilação industrial acabou f<br />
por per<strong>de</strong>r significação em termos <strong>de</strong> seu impacto nas <strong>de</strong>monstrações financeiras<br />
<strong>da</strong> TECSIS, o que, associado à ain<strong>da</strong> pequena participação do negócio <strong>de</strong> [ato- ,<br />
ventiladores e dos outros setores <strong>de</strong> atuação <strong>da</strong> empresa (entre elesl<br />
principalmente o <strong>de</strong> material ferroviário), leva à conclusão <strong>de</strong> que, nos anos<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fun<strong>da</strong>ção até o presente momento, a empresa transformou-se,<br />
basicamente, <strong>de</strong> uma fornecedora <strong>de</strong> equipamentos para o mercado nacional, em<br />
uma escala relativamente pequena, em uma fabricante em gran<strong>de</strong> escala <strong>de</strong><br />
equipamentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte <strong>de</strong>stinados à exportação, e concorrendo em um<br />
mercado ain<strong>da</strong> em formação, <strong>de</strong> rápido crescimento, mas, on<strong>de</strong>, por outro lado, a<br />
concorrência é ca<strong>da</strong> vez mais acirra<strong>da</strong> e a competição basea<strong>da</strong> em preços já<br />
começa a produzir seus estragos. Esta participação majoritária do setor <strong>de</strong> pás<br />
para turbinas eólicas po<strong>de</strong> ser observa<strong>da</strong> na tabela abaixo:<br />
92<br />
(
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
ReI.: Faturamento<br />
1998<br />
Moe<strong>da</strong>: R$<br />
Setor Rec. Bruta %RB<br />
Eólica<br />
Ventilação Industrial<br />
Jato-ventiladores<br />
Comunicação Visual<br />
Material Ferroviário<br />
Material Aeronáutico<br />
Outros<br />
9.450.392<br />
1.062.919<br />
224.284<br />
146.091<br />
.69.849<br />
51.899<br />
17.245<br />
85,74<br />
9,64<br />
2,03<br />
1,33<br />
0,63<br />
0,47<br />
0,16<br />
Total 11.022.679 100,00<br />
Graficamente, a distribuição percentual <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1998 po<strong>de</strong> ser visualiza<strong>da</strong><br />
abaixo:<br />
10.000.000<br />
8.000.000<br />
6.000.000<br />
4.000.000<br />
2.000.000<br />
o<br />
Distriuição RBV -1998<br />
1<br />
Setores<br />
93<br />
Iij Eólica<br />
11Ventilação Industrial<br />
O Jato-ventiladores<br />
Eil Comunicação Visual<br />
11 Material Ferroviário<br />
Iij Material Aeronáutico<br />
tl!)Outros
Estes números são mais impressionantes ain<strong>da</strong> quando se tem em conta que as<br />
pás para turbinas eólicas stqnlflcararn cerca <strong>de</strong> 35% <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s em 1995, tendo,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, crescido rapi<strong>da</strong>mente até atingir o patamar acima apresentado.<br />
o que se espera, no entanto, é que o mercado <strong>de</strong> eólica pare <strong>de</strong> crescer a estas<br />
taxas eleva<strong>da</strong>s atuais e até mesmo se estabilize pelos próximos 1,5 a 2 anos, a<br />
contar <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1999. Estes, pelo menos, são os sinais atualmente emitidos<br />
pelo mercado norte-americano, que, junto com o alemão, forma o núcleo do<br />
setor. Esta hipótese, inclusive, foi adota<strong>da</strong> no trabalho <strong>de</strong> valuation, por ser,<br />
conforme já afirmado anteriormente, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a mais provável.<br />
3.2.5 - Indicadores Econômico-financeiros<br />
A tabela abaixo apresenta os principais indicadores econômico-financeiros <strong>da</strong><br />
TECSIS, para o período compreendido entre 1995 e o primeiro semestre <strong>de</strong><br />
1999:<br />
94<br />
\
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Indicadores Econômico-financeiros<br />
Indicador 1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
Giro dos ativos totais 4,45 3,28 4,69' r 2,71<br />
Giro <strong>de</strong> contas a receber 16,69 12,00 15,43 i' 7,75<br />
Giro <strong>de</strong> estoques 25,60 6,66 10,47 ' 9,74<br />
Giro do ativo imobilizado 7,99 7,06 10,93 5,50<br />
ROE (%) 84,55 40,74 7,72 8,31 13,55<br />
Alavancagem financeira 1,63 1,52 1,98 2,19<br />
Liqui<strong>de</strong>z corrente 1,04 1,38 2,01 1,63 2,48<br />
Liqui<strong>de</strong>z seca 1,01 0,96 0,88 0,92 2,03<br />
Giro <strong>de</strong> contas a pagar 16,03 23,97 25,91 12,50<br />
Prazo médio <strong>de</strong> recebimento 21,57 30,00 23,32 46,47<br />
Prazo médio <strong>de</strong> estocagem 14,06 54,07 34,37 36,97<br />
Prazo médio <strong>de</strong> pagamento 22,46 15,02 13,89 28,79<br />
Endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> longo prazo 0,00 0,00 0,00 0,19 0,27<br />
Endivi<strong>da</strong>mento sobre recursos próprios 0,78 0,54 0,50 1,43 0,99<br />
Margem <strong>de</strong> lucro (%) 13,90 7,06 1,96 0,93 2,45<br />
A apresentação <strong>de</strong>stes índices dispensa maiores comentários. Com efeito, eles<br />
refletem tudo o que já foi apresentado ou comentado anteriormente. Cabe<br />
<strong>de</strong>stacar, a título <strong>de</strong> complemento que:<br />
• apesar do aperto <strong>de</strong> crédito a que foi submeti<strong>da</strong> a empresa, a sua política <strong>de</strong><br />
captação <strong>de</strong> recursos através do atraso no pagamento <strong>de</strong> impostos, com<br />
posterior parcelamento, levando-os para o Exigível a Longo Prazo, refletiu-se<br />
em índices <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z razoáveis (próximos <strong>de</strong> 1) no período, ou até mesmo<br />
bons, quando se analisa o final do período (com índices superiores a 2, no<br />
final do primeiro semestre <strong>de</strong> 1999);<br />
• a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> maior por recursos para financiar suas operações se refletiu,<br />
em termos dos indicadores, no aumento no grau <strong>de</strong> alavancagem financeira e<br />
95
no endivi<strong>da</strong>mento, tanto <strong>de</strong> longo prazo quanto em relação aos recursos<br />
próprios (patrimônio líquido);<br />
• a baixa lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme apresenta<strong>da</strong> na última linha do quadro acima,<br />
e conforme já salientado anteriormente, explica em boa parte a incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> empresa em financiar-se no período.<br />
• Em suma, a evolução do cenário na TECSIS, no período <strong>de</strong> 1995 ao primeiro<br />
semestre <strong>de</strong> 1999, po<strong>de</strong> ser resumido pela observação dos gráficos abaixo:<br />
1 - Receita crescendo a taxas eleva<strong>da</strong>s e lucros pequenos e em que<strong>da</strong>:<br />
12.000.000<br />
10.000.000<br />
8.000.000<br />
~ 6.000.000<br />
4.000.000<br />
Receita Bruta <strong>de</strong> Vén<strong>da</strong>s x LL<br />
2.000.000<br />
o+-~~~~--~--~~<br />
1.995 1.996 1.997 1.998 Jun/99<br />
Período<br />
- Receita bruta <strong>de</strong><br />
\en<strong>da</strong>s<br />
-= Lucro líquido<br />
2 - Alavancagem financeira e endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> longo prazo crescentes;<br />
endivi<strong>da</strong>mento sobre recursos próprios atingindo o pico em 1998 e recuando. j~~<br />
primeiro semestre <strong>de</strong> 1999:'U'<br />
96
2,50<br />
.~<br />
"'C 2,00<br />
c:::<br />
W<br />
1,50<br />
GI<br />
LL<br />
CC 1,00<br />
GI<br />
"'C<br />
::l 0,50<br />
f!<br />
CJ 0,00<br />
Alavancagem Financeira e Endivi<strong>da</strong>mento<br />
1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
Período<br />
-Alavancagem<br />
financeira<br />
Endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong><br />
longo prazo<br />
- Endivi<strong>da</strong>mento sobre<br />
recursos próprios<br />
3 - Liqui<strong>de</strong>z inicialmente sob controle ou crescente; em segui<strong>da</strong>, crescente:<br />
3,00<br />
2,50<br />
UI 2,00<br />
GI<br />
u<br />
:c 1,50<br />
•.5<br />
1,00<br />
0,50<br />
0,00<br />
índices <strong>de</strong> Liqui<strong>de</strong>z<br />
1995 1996 1997 1998 Jun/99<br />
Período<br />
97<br />
- Liqui<strong>de</strong>z corrente<br />
- Liqui<strong>de</strong>z seca<br />
.r- (\<br />
\ \
3.3 - AVALIAÇÃO (VALUATION)<br />
3.3.1 - Cenários<br />
1) Hipóteses<br />
Ca<strong>da</strong> período <strong>de</strong> previsão, chamado <strong>de</strong> Ano, se refere a um espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong><br />
12 meses, que se inicia em primeiro <strong>de</strong> julho do Ano X e termina em 30 <strong>de</strong> junho<br />
do Ano X + 1. A tabela abaixo indica os períodos compreendidos em ca<strong>da</strong> um<br />
dos cinco anos do período <strong>de</strong> previsão explícita:<br />
Período Espaço <strong>de</strong> Tempo<br />
Ano 1 01/07/1999 a 30/06/2000<br />
An02 01/07/2000 a 30/06/2001<br />
Ano 3 01/07/2001 a 30/06/2002<br />
An04 01/07/2002 a 30/06/2003<br />
An05 01/07/2003 a 30/06/2004<br />
As previsões quanto a taxas <strong>de</strong> inflação para ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes períodos foi <strong>de</strong> 8%<br />
para o Ano 1 e 5% para os anos seguintes. Projetou-se também um crescimento<br />
<strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> câmbio equivalente a 1,5 vezes o valor <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> inflação do período,<br />
a partir <strong>de</strong> uma taxa <strong>de</strong> câmbio inicial <strong>de</strong> R$ 1,60.<br />
A escolha <strong>de</strong> cinco anos, ao invés <strong>de</strong> sete ou mais, para o período explícito <strong>de</strong><br />
previsão, se <strong>de</strong>u em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> visão <strong>da</strong> Administração <strong>da</strong> TECSIS, ••<br />
tradicionalmente avessa a previsões quantitativas <strong>de</strong> longo prazo (o que, por sua<br />
98
vez, <strong>de</strong>corre, certamente, <strong>da</strong> experiência dos administradores com condições <strong>de</strong><br />
mercado quase sempre muito instáveis).<br />
2) Comentários<br />
Três cenários <strong>de</strong> projeções foram preparados, a saber:<br />
• Continuação <strong>da</strong> expansão rápi<strong>da</strong> do mercado <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, a<br />
partir do pico <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> verificado em 1998/99; início <strong>da</strong>s exportações em<br />
maior escala <strong>de</strong> ventiladores e jato-ventiladores já nos Anos 1 ou 2,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso, do período explícito <strong>de</strong> previsão; crescimento maior e<br />
mais imediato do mercado brasileiro para estes dois produtos. Este foi o<br />
chamado cenário expansivo;<br />
• Relativa mo<strong>de</strong>ração do mercado <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, com um "Iag"<br />
<strong>de</strong> dois anos para que o faturamento <strong>de</strong> 1998 voltasse a se repetir; início <strong>da</strong>s<br />
exportações em maior escala <strong>de</strong> ventiladores e jato-ventiladores já nos Anos<br />
1 ou 2, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso, do período explícito <strong>de</strong> previsão, mas em<br />
valores inferiores aos do cenário expansivo; retoma<strong>da</strong> do mercado brasileiro,<br />
mas, também, em níveis inferiores ao do cenário anterior. Este foi<br />
<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> cenário realista;<br />
• Que<strong>da</strong> no mercado <strong>de</strong> eólica, que passaria a ter uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> menor <strong>de</strong><br />
crescimento; nenhuma exportação <strong>de</strong> ventiladores ou jato-ventiladores <strong>de</strong>ntro<br />
do período explícito <strong>de</strong> previsão; que<strong>da</strong> no mercado brasileiro <strong>de</strong> ventiladores<br />
industriais (mas, não no <strong>de</strong> jato-ventiladores) no Ano 1 do período explícito <strong>de</strong><br />
previsão, com uma retoma<strong>da</strong> apenas a partir do Ano 2. Este foi o chamado<br />
cenário conservador.<br />
Este cenário conservador foi o adotado para a realização do trabalho. <strong>de</strong><br />
, ,<br />
valuation. Ao longo do trabalho, ele tem sido citado como o cenário consi<strong>de</strong>rado<br />
como o mais provável, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>correria a sua adoção. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que se<br />
99
preferiu foi, quando <strong>da</strong> discussão <strong>de</strong> quanto ca<strong>da</strong> um dos três cenários <strong>de</strong>veria<br />
carregar <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração, aplicar-se, por conservadorismo, a maior probabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
isola<strong>da</strong> a um cenário-base - o cenário conservador - e calibrar as simulações<br />
"jogando-se" com as probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos outros dois cenários. Sendo assim, e<br />
mesmo com algumas suposições bastante irrealistas, como a <strong>da</strong> não ocorrência<br />
<strong>de</strong> exportações <strong>de</strong> ventiladores e jato-ventiladores nos próximos cinco anos, este<br />
cenário conservador, pelo próprio papel <strong>de</strong>sempenhado por ele nas discussões<br />
internas à companhia, foi escolhido, por um certo compromisso com o zelo por<br />
parte <strong>da</strong> Administração, como o cenário a<strong>de</strong>quado para o trabalho <strong>de</strong> valuation.<br />
3.3.2 - Consi<strong>de</strong>rações a respeito <strong>da</strong>s Previsões do Comportamento dos<br />
Mercados para o Período Explícito <strong>de</strong> Previsão<br />
Conforme já salientado anteriormente, o comportamento do mercado brasileiro <strong>de</strong><br />
ventiladores industriais, espera-se, <strong>de</strong>ve começar a reagir nos próximos anos,<br />
cobertos pelo período explícito <strong>de</strong> previsão. As expectativas são, agora, melhores<br />
<strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>svalorização cambial, que impôs um sobrepreço consi<strong>de</strong>rável aos<br />
produtos importados, maiores concorrentes <strong>da</strong> linha TECSIS no Brasil.<br />
Compilando-se tudo isto, tem-se uma expectativa bastante positiva para as<br />
ven<strong>da</strong>s neste período, mesmo que com uma que<strong>da</strong> prevista para cerca <strong>de</strong> R$ 0,8<br />
milhão no Ano 1. Na sequência, no entanto, prevê-se que este patamar <strong>de</strong><br />
ven<strong>da</strong>s nominais se <strong>de</strong>sloque para R$ 1,8 milhão no Ano 2 , continuando a<br />
crescer nos anos seguintes, até atingir cerca <strong>de</strong> R$ 3,5 milhões anuais, no Ano 5<br />
(e implicando em um crescimento acumulado, no período Ano 1 - Ano 5, <strong>de</strong><br />
aproxima<strong>da</strong>mente 338%).<br />
o setor <strong>de</strong> jato-ventiladores é, proporcionalmente, o <strong>de</strong> menor relevância para a<br />
TECSIS, pelo menos em termos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s (sob outros pontos <strong>de</strong> vista, como,<br />
por exemplo, o <strong>de</strong> gastos com P&D, a situação é bem diferente. Trata-se, neste<br />
100
caso, <strong>da</strong> linha <strong>de</strong> projeto on<strong>de</strong> mais se investiu recursos na empresa até hoje).<br />
Proporcionalmente, no entanto, espera-se um crescimento mais acentuado em<br />
suas ven<strong>da</strong>s do que o que se espera para o mercado <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> ventilação<br />
industriais. De fato, as ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem atingir R$ 700 mil no Ano 1. Em segui<strong>da</strong>,<br />
elas <strong>de</strong>vem atingir R$ 1 milhão no Ano 2, crescendo a taxas <strong>de</strong>crescentes até<br />
alcançar R$ 1,6 milhão, no Ano 5. Estes <strong>da</strong>dos indicam que as ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem<br />
crescer a uma taxa média <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 23% ao ano, entre os Anos 1 e 5.<br />
Quanto ao mercado <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, as expectativas <strong>da</strong> TECSIS<br />
são, também, basea<strong>da</strong>s em uma visão bastante conservadora dos possíveis<br />
movimentos no setor. Assim, as ven<strong>da</strong>s no Ano 1 <strong>de</strong>vem atingir US$ 2,3 milhões<br />
(este valor, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, já está contratado). Para o período seguinte, o Ano 2,<br />
espera-se uma leve recuperação, passando o faturamento total previsto para<br />
cerca <strong>de</strong> US$ 3 milhões. A partir do Ano 3, as ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem continuar a crescer,<br />
até atingir um patamar <strong>de</strong> US$ 5,5 milhões, previstos para o Ano 5. Espera-se,<br />
então, que as exportações totais <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas cresçam em cerca<br />
<strong>de</strong> 139%, entre os Anos 1 e 5, sem, entretanto, voltarem a alcançar o nível <strong>de</strong><br />
1998.<br />
Por fim, a evolução <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s totais <strong>da</strong> TECSIS, em R$ (isto é, a consoli<strong>da</strong>ção<br />
<strong>de</strong> tudo o que foi dito até agora), é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela tabela abaixo:<br />
101
Tecsis lt<strong>da</strong>.<br />
Rei.: Previsão <strong>de</strong> Receita Bruta <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s - Ano 1 a Ano 5<br />
Moe<strong>da</strong>: R$<br />
Período Valor<br />
Ano 1 5.180.000<br />
Ano 2 8.176.000<br />
Ano3 10.542.400<br />
Ano4 13.818.960<br />
Ano 5 17.344.078<br />
Total 55.051.048<br />
Em valores <strong>de</strong> Ano 1, ou seja, em termos reais, estes <strong>da</strong>dos se transformariam<br />
em:<br />
Tecsis lt<strong>da</strong>.<br />
ReI.: Previsão <strong>de</strong> Receita Bruta <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s - Ano 1 a Ano 5<br />
Moe<strong>da</strong>: R$ <strong>de</strong> Ano 1<br />
Período Valor<br />
Ano 1 5.180.000<br />
Ano2 7.786.667<br />
Ano3 9.562.268<br />
Ano4 11.937.337<br />
Ano 5 14.269.016<br />
Total 48.735.287<br />
102
Graficamente, po<strong>de</strong>-se observar a evolução espera<strong>da</strong> tanto para o faturamento<br />
nominal quanto para o real:<br />
20.000.000<br />
15.000.000<br />
~ 10.000.000<br />
5.000.000<br />
Ven<strong>da</strong>s Nominais x Ven<strong>da</strong>s em R$ Constantes do Ano 1<br />
ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5<br />
Período<br />
-TOTAL<br />
•••••••••• TOTAL EM VALORES DO<br />
ANO 1<br />
A evolução <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s nominais por setor <strong>de</strong> mercado consi<strong>de</strong>rado é, por sua<br />
vez, mostra<strong>da</strong> no gráfico abaixo:<br />
20.000.000<br />
15.000.000<br />
10.000.000<br />
5.000.000<br />
Ven<strong>da</strong>s Nominais por Setor e Totais<br />
ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5<br />
103<br />
- VENllLADORES<br />
-JATO-VENllLADORES<br />
-",,-EÓLICA<br />
-TOTAL
Verifica-se, ao se examinar este gráfico, a alta correlação entre as ven<strong>da</strong>s totais<br />
e as ven<strong>da</strong>s (100% exportações) <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas.<br />
Por fim, cabe <strong>de</strong>stacar a evolução espera<strong>da</strong> para as participações <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s no<br />
mercado interno (sistemas <strong>de</strong> ventilação industriais e jato-ventiladores) e no<br />
externo (pás para turbinas eólicas), respectivamente, em relação às ven<strong>da</strong>s<br />
totais. Estes <strong>da</strong>dos se encontram na tabela abaixo:<br />
TECSIS LTDA.<br />
QUADRO RESUMO DA PREVISÃO DE FATURAMENTO TOTAL -<br />
DIVISÃO PERCENTUAL<br />
VALORES EM PERCENTUAIS (%)<br />
REGIÃO/SETOR ANO 1 ANO 2 ANO 3 AN04 AN05<br />
Mercado interno 29 34 36 33 29<br />
Mercado externo 71 66 64 67 71<br />
TOTAL 100 100 100 100 100<br />
o gráfico abaixo cornplementa estas informações:<br />
Participação Percentual sobre as Ven<strong>da</strong>s Totais: MI e ME<br />
80.---~~~~~~~~~~~~~--~~--~<br />
70<br />
60<br />
50<br />
fi. 40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
o<br />
ANO 1 AN02 AN03 AN04 AN05<br />
Período<br />
104<br />
11Mercado intemo<br />
D Mercado extemo
Como se percebe, a tendência é <strong>de</strong> que a participação <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s internas,<br />
apesar do crescimento esperado, comece a cair novamente, a partir do Ano 4.<br />
3.3.3 - Consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Cunho Estratgico<br />
A busca por vantagens competitivas que sejam capazes <strong>de</strong> prover retornos<br />
superiores ao custo <strong>de</strong> capital médio, tem, ca<strong>da</strong> vez mais, sido alvo <strong>de</strong><br />
discussões e avaliações por parte <strong>da</strong> Administração <strong>da</strong> TECSIS. Basicamente,<br />
três são as categorias nas quais uma vantagem competitiva qualquer po<strong>de</strong>ria ser<br />
classifica<strong>da</strong>, a saber (COPELAND, 1995-96, p. 209):<br />
1. Prover um valor superior aos clientes, através <strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong><br />
atributos <strong>de</strong> preço e <strong>de</strong> produto que não po<strong>de</strong>m ser copiados pelos<br />
competidores, pelo menos no curto prazo;<br />
2. Conseguir operar com custos menores que os dos competidores;<br />
3. Utilizar o capital investido <strong>de</strong> maneira mais produtiva que a dos competidores.<br />
Para ca<strong>da</strong> um dos três principais mercados que a empresa atua, segue abaixo<br />
um breve relato - sumarizante - <strong>da</strong>s análises até agora realiza<strong>da</strong>s:<br />
1) Pás para Turbinas Eólicas<br />
o mercado é largamente indiferenciado, ao menos ao nível dos gran<strong>de</strong>s<br />
fabricantes <strong>de</strong> turbinas. Se, por um lado, estes clientes necessitam que seus<br />
fornecedores <strong>de</strong> pás <strong>de</strong>tenham conhecimentos técnicos <strong>de</strong> alto nível, isto, ao<br />
contrário <strong>de</strong> se configurar em uma vantagem competitiva, acaba por ser apenas<br />
um pré-requisito para se fazer parte do mercado. Em outras palavras: sem<br />
capacitação técnica comprova<strong>da</strong>, sequer po<strong>de</strong>-se pensar em competir neste<br />
segmento. Sendo assim, a competição acaba se centrando em preços, sendo<br />
105
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> engenharia aplica<strong>da</strong> apenas pré-requisitos para se<br />
colocar na competição.<br />
Por outro lado, porém, uma capacitação técnica comprova<strong>da</strong> e testa<strong>da</strong> - como é<br />
o caso <strong>da</strong> TECSIS - po<strong>de</strong> ser um diferencial em um nicho <strong>de</strong>ste mercado: o <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento e fabricação <strong>de</strong> ferramentais <strong>de</strong> produção (mol<strong>de</strong>s,<br />
principalmente) e protótipos <strong>de</strong> pás ain<strong>da</strong> em <strong>de</strong>senvolvimento. Neste sentido, a<br />
TECSIS conseguiu criar uma sóli<strong>da</strong> reputação que vem fazendo com que ela<br />
ca<strong>da</strong> vez mais seja contrata<strong>da</strong> para tais tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> (para o Ano 1, to<strong>da</strong> a<br />
exportação prevista para a área <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, isto é, o total <strong>da</strong>s<br />
ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sta área, refere-se, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a ferramentais e protótipos).<br />
Isto posto, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que a TECSIS é, atualmente, já um medium-to-<br />
large player no setor <strong>de</strong> eólica, tendo já exportado, somente em 1998/99, cerca<br />
<strong>de</strong> 950 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pás <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, totalizando cerca <strong>de</strong> 2,5 mil tonela<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> equipamentos.<br />
Uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s vantagens <strong>da</strong> empresa - e que permitiu a ela buscar e<br />
conseguir contratos <strong>de</strong> maior escala - é <strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> contar com um nível <strong>de</strong><br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> equivalente ao dos concorrentes internacionais, dispor <strong>de</strong> um custo<br />
<strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra em larga medi<strong>da</strong> inferior, capaz até <strong>de</strong> compensar os custos com<br />
transporte marítimos, elevados, para um fabricante, como a TECSIS, situado à<br />
margem do mercado consumidor.<br />
Analisando-se, por fim, o setor ou indústria isola<strong>da</strong>mente, percebe-se que:<br />
• no campo <strong>da</strong>s vantagens, as barreiras <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> são muito altas, pois<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do conhecimento técnico. Trata-se <strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> conhecimento<br />
em engenharia que é <strong>de</strong> natureza absolutamente específica e que não po<strong>de</strong><br />
106
ser facilmente obtido ou encontrado no mercado, ou mesmo fora <strong>de</strong>le. Além<br />
disto, não há ameaças visíveis quanto a produtos substitutos;<br />
• com relação às <strong>de</strong>svantagens, a mais importante é o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha dos<br />
compradores (ou clientes). Um contrato ou pedido não obtido po<strong>de</strong> significar a<br />
diferença entre o lucro ou o prejuízo em um período <strong>de</strong> um ano ou mais.<br />
Como consequência, os compradores ten<strong>de</strong>m a barganhar ferozmente quanto<br />
a preços, além <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> entrega e nível exigido <strong>de</strong> serviços pós-<br />
ven<strong>da</strong>, o que acaba por tornar a competição entre os fabricantes <strong>de</strong> pás ca<strong>da</strong><br />
vez mais acirra<strong>da</strong>. Resultado final do processo: uma clara tendência à que<strong>da</strong><br />
na lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> indústria, o que, por sua vez, <strong>de</strong>ve levar a uma competição<br />
ain<strong>da</strong> mais acirra<strong>da</strong> pela obtenção <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong> alto volume junto aos<br />
fabricantes <strong>de</strong> turbinas.<br />
Finalizando, a avaliação <strong>da</strong> posição final <strong>da</strong> TECSIS neste mercado é positiva.<br />
Em primeiro lugar, constata-se que, mesmo em um mercado caracterizado pela<br />
falta <strong>de</strong> segmentação, a empresa foi capaz <strong>de</strong> transformar a sua capacitação e<br />
reputação na área técnica em uma vantagem competitiva na área <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento. Em segui<strong>da</strong>, a sua posição quanto a custos, favorável, mesmo<br />
que marginalmente (<strong>de</strong>vido aos custos com fretes marítimos, conforme já<br />
salientado), permitiu-lhe trabalhar com volumes maiores <strong>de</strong> produção e tornar-se,<br />
com isto, um player <strong>de</strong> maior peso. Por fim, a soma <strong>de</strong>stes fatores a coloca numa<br />
posição bem situa<strong>da</strong> para encarar a competição ca<strong>da</strong> vez mais acirra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro<br />
do setor.<br />
2) <strong>Sistema</strong>s <strong>de</strong> Ventilação Industrial<br />
Os clientes dos ventiladores industriais <strong>da</strong> TECSIS são, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, um conjunto<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas com necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferentes, tanto em termos <strong>de</strong><br />
dimensão dos equipamentos, como também quanto à sua aplicação ou<br />
<strong>de</strong>stinação (para muitas aplicações, inclusive, a TECSIS tem que fazer<br />
107
a<strong>da</strong>ptações em seus equipamentos para que eles aten<strong>da</strong>m necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
exclusivas <strong>de</strong> seus clientes).<br />
A TECSIS tem, ao que parece, provido a todos estes clientes com diferentes<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, equipamentos a preços competitivos e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> superior.<br />
Basicamente, o que diferencia a empresa é que, após um período <strong>de</strong> alguns anos<br />
na busca por reduções <strong>de</strong> custos, ela conseguiu competir em preço sem que<br />
seus produtos - consi<strong>de</strong>rados pelo próprio mercado como tecnologicamente<br />
superiores - per<strong>de</strong>ssem as suas características específicas <strong>de</strong> performance e<br />
consumo <strong>de</strong> energia.<br />
Mesmo assim, em alguns segmentos <strong>de</strong> mercado, nos quais a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> se<br />
concentra em ventiladores <strong>de</strong> tamanho reduzido e on<strong>de</strong> os clientes são<br />
classificados "como não-técnicos" (hospitais, shopping centers, hotéis, entre<br />
outros), a TECSIS não consegue competir em preços. Consi<strong>de</strong>rando-se, em<br />
adição, a pouca ou nenhuma relevância atribuí<strong>da</strong> pelos consumidores não-<br />
técnicos a diferenciais <strong>de</strong> natureza técnica, tais como os possuídos pelos<br />
equipamentos TECSIS, conclui-se ser <strong>de</strong> extrema dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
competir-se com sucesso nestes segmentos. Com efeito, atualmente, a TECSIS<br />
não participa <strong>de</strong>stes segmentos, que, em conjunto, representam cerca <strong>de</strong> 70%<br />
(trata-se, também este número, <strong>de</strong> uma estimativa) do total <strong>de</strong> negócios com<br />
sistemas <strong>de</strong> ventilação.<br />
Em resumo, po<strong>de</strong>-se afirmar que a TECSIS está presente em todos os<br />
segmentos do mercado, exceto os caracterizados por aplicações não-técnicas.<br />
Nestes segmentos por ela atendidos, seus produtos possuem preços<br />
competitivos e um reconhecido diferencial técnico. No entanto, a competição<br />
ca<strong>da</strong> vez mais está centra<strong>da</strong> apenas em preços, o que tem levado a empresa a<br />
se planejar no sentido <strong>de</strong> incorporar novas tecnologias <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> produção<br />
108
com vistas a continuar aumentando a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no passo requerido pelo<br />
mercado.<br />
-<br />
As reduções <strong>de</strong> custos alcança<strong>da</strong>s pela TECSIS nos últimos quatro a cinco anos<br />
merecem um comentário à parte. De fato, mesmo não se po<strong>de</strong>ndo afirmar que a<br />
empresa possua atualmente alguma vantagem competitiva <strong>de</strong> custos, ela<br />
conseguiu, ao longo do período em consi<strong>de</strong>ração, praticamente igualar-se à<br />
competição estrangeira (e até mesmo superá-Ia, em alguns segmentos<br />
específicos). Gran<strong>de</strong> parte disto adveio do corte <strong>da</strong>s margens <strong>de</strong> lucro pratica<strong>da</strong>s,<br />
sem, conforme já se viu anteriormente, um correspon<strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> volume<br />
físico <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s. Um outro gran<strong>de</strong> esforço foi o <strong>de</strong> re-especificação <strong>de</strong> materiais,<br />
visando à certificação <strong>de</strong> matérias-primas com custo menor, sem per<strong>da</strong><br />
significativa <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físico-químicas requeri<strong>da</strong>s. Finalmente, a<br />
reor<strong>de</strong>nação e o re<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> fabricação teve também um papel<br />
relevante.<br />
o ponto-chave, neste ponto, é avaliar-se o que <strong>de</strong>ve ser feito <strong>da</strong>qui em diante<br />
para diminuir os preços, aumentar o volume <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, diminuir<br />
consequentemente os preços, e assim por diante (criando-se, assim, um círculo<br />
''virtuoso''). Acredita-se hoje que a solução para esta questão passa, sem dúvi<strong>da</strong><br />
alguma, pela introdução <strong>de</strong> novas tecnologias nos processos <strong>de</strong> fabricação dos<br />
ventiladores industriais, além, é c/aro, e conforme já citado acima, <strong>de</strong> um esforço<br />
simultâneo <strong>de</strong> marketing (é bom, ain<strong>da</strong>, frisar que as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital<br />
associa<strong>da</strong>s a este movimento já estão previstas nas <strong>de</strong>monstrações financeiras<br />
projeta<strong>da</strong>s).<br />
Completando a análise do setor <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> ventilação industrial, po<strong>de</strong>-se<br />
afirmar, com relação, especificamente, à análise <strong>da</strong> indústria, que:<br />
109
• uma <strong>da</strong>s principais ameaças - se não a principal - advém <strong>de</strong> ventiladores<br />
cujas pás são construí<strong>da</strong>s em alumínio, ou seja, <strong>de</strong> um produto que, mesmo<br />
sendo também um ventilador, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um substituto (pois, nas<br />
mesmas condições, tais equipamentos apresentam características <strong>de</strong><br />
performance e consumo energético bem diferentes <strong>de</strong> seus similares<br />
construídos em material composto (plástico reforçado - PRFV - como é o<br />
caso dos produtos TECSIS). Estes ventiladores são mais baratos e têm se<br />
a<strong>da</strong>ptado bem em aplicações on<strong>de</strong> os requisitos técnicos existem mas são<br />
mais relaxados, pouco exigentes. Estes ventiladores têm sido, já há alguns<br />
anos, uma ameaça constante nestes segmentos <strong>de</strong> mercado que po<strong>de</strong>riam<br />
ser chamados <strong>de</strong> "meio-técnicos";<br />
• o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação dos compradores é, também neste mercado, bastante<br />
significativo. Mesmo que os pedidos ou contratos não sejam normalmente tão<br />
gran<strong>de</strong>s como os encontrados no setor <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, eles não<br />
<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser financeiramente significativos. Por outro lado, a concorrência é<br />
muito forte; permitir, então, que um competidor consiga realizar uma ven<strong>da</strong><br />
para um cliente em que ele tinha dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para fazê-lo, po<strong>de</strong>, logo à frente,<br />
significar a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> muitas ven<strong>da</strong>s futuras junto a este mesmo cliente. Enfim,<br />
os compradores, à medi<strong>da</strong> que o tamanho dos pedidos aumenta, assumem<br />
uma posição bastante vantajosa na mesa <strong>de</strong> negociações. Neste contexto,<br />
não é difícil mesmo a ocorrência <strong>de</strong> leilões informais;<br />
• Como resultado disto tudo, a lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> indústria parece estar caindo<br />
ano a ano, tendo chegado já a níveis razoavelmente baixos.<br />
De qualquer forma, a posição conquista<strong>da</strong> pela TECSIS parece colocá-Ia em uma<br />
situação <strong>de</strong> relativa vantagem quanto a empreen<strong>de</strong>r um novo avanço no<br />
mercado. Seus produtos são tecnicamente reconhecidos e seus preços são<br />
competitivos. Por outro lado, os esforços no sentido <strong>da</strong> redução incessante dos<br />
custos faz parte não só do dia-a-dia <strong>da</strong> companhia, mas, também <strong>de</strong> suas<br />
preocupações <strong>de</strong> longo prazo. Em adição, a taxa <strong>de</strong> câmbio, ao ser<br />
110
<strong>de</strong>svaloriza<strong>da</strong>, criou uma barreira inespera<strong>da</strong> para os equipamentos importados,<br />
que têm ,agora, maior dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> penetrar no mercado brasileiro. Enfim, há<br />
uma forte crença <strong>da</strong> empresa no sentido <strong>de</strong> que os volumes vendidos <strong>de</strong><br />
ventiladores industriais irão rapi<strong>da</strong>mente começar a subir, resultando em uma<br />
melhor performance financeira do setor.<br />
3) Jato-Ventiladores<br />
Este mercado ain<strong>da</strong> está em prospecção pela empresa (apesar <strong>de</strong> algumas<br />
ven<strong>da</strong>s já terem sido realiza<strong>da</strong>s). Sabe-se, no entanto, que suas características<br />
formativas são similares às presentes no setor <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> ventilação<br />
industrial. Basicamente, po<strong>de</strong>-se afirmar que:<br />
• os principais clientes se situam no setor <strong>de</strong> mineração. Existem clientes com<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas, tanto com relação à dimensão dos equipamentos<br />
quanto a <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s características técnicas. No entanto, não se conhece o<br />
mercado tão amplamente a ponto <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r afirmar, com <strong>de</strong>talhes, em<br />
quantos segmentos. ele se dividiria e quais seriam as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos<br />
clientes nestes supostos segmentos;<br />
• sabe-se, porém, que os equipamentos TECSIS mantém, também neste setor,<br />
uma forte reputação <strong>da</strong> marca quanto ao seu diferencial técnico. Entretanto, a<br />
competição também já se revelou como centra<strong>da</strong> em preços, o que quer dizer<br />
que o diferencial técnico não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser relevante, mas, isto sim, ten<strong>de</strong> a<br />
per<strong>de</strong>r importância relativa;<br />
• a posição <strong>de</strong> custos <strong>da</strong> TECSIS, neste setor, tem se revelado, assim como em<br />
ventiladores, a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao que se tem praticado no mercado. Não se po<strong>de</strong>,<br />
aqui também, afirmar-se que há um vantagem <strong>de</strong> custos por parte <strong>da</strong><br />
empresa, mas, há, <strong>de</strong> fato, uma mesma e perene preocupação com a sua<br />
redução constante;<br />
111
• a análise <strong>da</strong> indústria também carece <strong>de</strong> maiores informações. Sabe-se que<br />
os jato-ventiladores <strong>de</strong> pás <strong>de</strong> alumínio são também neste setor uma ameaça.<br />
Além disto, aqui também o po<strong>de</strong>r dos compradores é gran<strong>de</strong> e a competição é<br />
acirra<strong>da</strong> e foca<strong>da</strong> em preços, como já se afirmou mais acima. Os maiores<br />
competidores são internacionais, inclusive <strong>da</strong> própria América do Sul (Chile,<br />
mais especificamente);<br />
• Tendo tudo isto em vista, po<strong>de</strong>-se imaginar que o mercado irá caminhar<br />
também no sentido <strong>de</strong> uma que<strong>da</strong>, talvez mais lenta do que em outros<br />
setores, <strong>da</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> geral. Mesmo assim, isto não é novi<strong>da</strong><strong>de</strong> em uma<br />
época em que é muito difícil encontrar-se algum mercado on<strong>de</strong> o nível <strong>de</strong><br />
competição seja baixo. As perspectivas, no caso <strong>da</strong> TECSIS, são<br />
extremamente promissoras, principalmente <strong>de</strong>vido ao esperado aumento dos<br />
negócios no mercado brasileiro. Sendo isto ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, conforme se espera,<br />
ain<strong>da</strong> estaria muito longe no horizonte o momento on<strong>de</strong> a que<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> na indústria passaria a afetar a empresa.<br />
3.3.4 - Principais Investimentos para a Realização dos Objetivos Estratgicos<br />
e Comerciais<br />
Os investimentos previstos para o período explícito <strong>de</strong> previsão, são os seguintes<br />
(valores em R$):<br />
• Ano 1: 162.000<br />
• Ano 2: 207.369<br />
• Ano 3: 322.418<br />
• Ano 4: 549.462<br />
• Ano 5: 671.882,<br />
totalizando, no período, R$ 1,958 milhão, aproxima<strong>da</strong>mente.<br />
112
Com exceção do Ano 1, todos os valores <strong>de</strong> investimento foram obtidos <strong>de</strong><br />
acordo com um percentual sobre o lucro líquido, que foi <strong>de</strong> 25% para os Anos 2 a<br />
4, e <strong>de</strong> 20% para o Ano 5, nível este entendido pela Administração <strong>da</strong> empresa<br />
como o pretendido para o longo prazo. Com relação ao Ano 1, o valor <strong>de</strong> R$ 162<br />
mil foi <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> acordo com o plano <strong>de</strong> investimentos que a empresa já<br />
havia preparado para o período.<br />
Apenas para efeito <strong>de</strong> ilustração, os principais investimentos planejados pela<br />
TECSIS são:<br />
1) Produção<br />
• Ampliação <strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> produção, tanto <strong>de</strong> ventiladores e jato-ventiladores<br />
como <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas;<br />
• Introdução <strong>de</strong> novas tecnologias <strong>de</strong> injeção plástica para to<strong>da</strong>s as linhas <strong>de</strong><br />
ventiladores;<br />
• a<strong>de</strong>quação dos equipamentos <strong>de</strong> transporte e movimentação às novas<br />
gerações <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, maiores e mais pesa<strong>da</strong>s;<br />
• novas instalações para pintura e acabamento;<br />
2) Marketing<br />
• Formação <strong>de</strong> uma pequena re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e representação, primeiramente<br />
nos EUA, e, <strong>de</strong>pois, na Europa e países do Mercosul;<br />
• Desenvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo business-to-business para comércio<br />
eletrônico <strong>de</strong> ventiladores pela TECSIS (projeto já em an<strong>da</strong>mento);<br />
• Maior exposição internacional em feiras específicas aos setores <strong>de</strong> atuação<br />
<strong>da</strong> empresá.<br />
113
3) Gestão<br />
• Ampliação e mo<strong>de</strong>rnização do parque <strong>de</strong> micro-computadores (em<br />
an<strong>da</strong>mento);<br />
• Instalação <strong>de</strong> re<strong>de</strong> local <strong>de</strong> microcomputadores;<br />
• Aquisição e implantação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> ERP - Enterprise Resource<br />
Planning;<br />
• Promoção <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação e treinamento <strong>de</strong> amplo escopo,<br />
abrangendo to<strong>da</strong> a organização;<br />
Apesar <strong>de</strong> que alguns <strong>de</strong>stes itens <strong>de</strong>vam ser consi<strong>de</strong>rados, contabilmente, como<br />
<strong>de</strong>spesas, a TECSIS os encara, gerencialmente, como investimentos. O que se<br />
fez acima, foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar isto e apenas listar as pretensões <strong>da</strong> empresa.<br />
Isto posto, partir-se-á para a análise <strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstrações financeiras projeta<strong>da</strong>s<br />
para o período compreendido entre os Anos 1 e 5.<br />
114
3.3.5 - Demonstrações Financeiras Projeta<strong>da</strong>s<br />
3.3.5.1 - Introdução<br />
Há, aqui, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que se faça um breve comentário <strong>de</strong> caráter<br />
metodológico. Trata-se <strong>da</strong> montagem dos <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> resultados<br />
projetados.<br />
As <strong>de</strong>monstrações financeiras relativas ao período <strong>de</strong> 1995 ao primeiro semestre<br />
<strong>de</strong> 1999, incluíam <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> resultados convencionais, isto é,<br />
construídos, grosso modo, <strong>de</strong> acordo com a apresentação requeri<strong>da</strong> pela<br />
legislação fiscal em vigor. Tais <strong>de</strong>monstrativos, então, foram apurados com base<br />
no custeio por absorção, on<strong>de</strong> todos os custos diretos são classificados como<br />
Custo dos Produtos e Serviços Vendidos, além dos custos indiretos <strong>de</strong><br />
fabricação, que são, por algum critério, rateados (e absorvidos) na mesma conta.<br />
Já nos primeiros exercícios <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> cenários <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho para a<br />
TECSIS, iniciaram-se as discussões no sentido <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptar os sistemas e<br />
planilhas utilizados para que gerassem <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> resultados que<br />
obe<strong>de</strong>cessem mais às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação <strong>da</strong> empresa, sem, no<br />
entanto, com isto, macular-se qualquer conhecimento já estabelecido em<br />
contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> custos. Optou-se, então, por um mo<strong>de</strong>lo sugerido por Goldratt,<br />
(1992, p. 27-31), no qual to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>spesas variáveis <strong>de</strong> produção seriam<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como custos variáveis, sendo o restante <strong>de</strong>las classifica<strong>da</strong>s como<br />
<strong>de</strong>spesas operacionais, inclusive salários com a mão-<strong>de</strong>-obra direta <strong>de</strong> produção.<br />
Criou-se, então, um gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas operacionais e um outro, menor,<br />
incluindo os custos variáveis com mão-<strong>de</strong>-obra (distribuição <strong>de</strong> lucros e prêmios<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho), com materiais e outros (incluindo custos com exportação e<br />
importação, subcontratos e serviços <strong>de</strong> terceiros associados à produção).<br />
115
Este re<strong>de</strong>senho <strong>da</strong> apresentação do <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> resultados veio <strong>de</strong><br />
encontro ao objetivo <strong>da</strong> Administração <strong>de</strong> conseguir uma melhor visualização<br />
dos custos efetivamente variáveis <strong>de</strong> produção, ou mesmo não, quando<br />
relevantes (como, por exemplo, a distribuição <strong>de</strong> lucros <strong>de</strong> um exercício passado<br />
no imediatamente posterior, que é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um custo <strong>de</strong>ste último exercício,<br />
variável, mas, não somente <strong>de</strong> produção), sem, com isto, per<strong>de</strong>r a visibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
quanto ao importante item <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra direta, que, na prática, acaba sendo<br />
fixo no curto prazo. Tratou-se, pois, <strong>de</strong> uma concessão à forma como a<br />
Administração se sente mais apta a projetar e visualizar o comportamento do<br />
negócio no futuro.<br />
3.3.5.2 - Apresentação <strong>da</strong>s Demonstrações Financeiras<br />
Os <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> resultados para os cinco anos do período explícito <strong>de</strong><br />
previsão são apresentados abaixo:<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Demonstrativo <strong>de</strong> Resultados Gerencial<br />
ITEM DE DR ANO 1 AN02 AN03 AN04 AN05<br />
Receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s 5.180.000 8.176.000 10.542.400 13.818.960 17.344.078<br />
(-) Tributos sobre ven<strong>da</strong>s 354.878 667.010 891.355 1.096.791 1.297.235<br />
= Receita líqui<strong>da</strong> 4.825.122 7.508.990 9.651.045 12.722.169 16.046.843<br />
(-) Custos variáveis líquidos 1.845.439 2.429.196 3.073.393 4.202.987 5.305.295<br />
(-) Despesas operacionais 3.385.669 4.013.278 4.634.269 5.679.815 6.872.860<br />
(-) Despesas pré-operacionais O O O O O<br />
(-) Provisão para IR O O O O O<br />
= Lucro líquido -405.986 1.066.516 1.943.383 2.839.366 3.868.689<br />
Por esta tratar-se, provavelmente, <strong>da</strong> <strong>de</strong>monstração financeira básica para um<br />
esforço bem sucedido <strong>de</strong> valuation, ca<strong>da</strong> item <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> resultados<br />
será brevemente comentado em segui<strong>da</strong>.<br />
116
• Receita Bruta <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s<br />
Este item já foi apresentado em <strong>de</strong>talhes anteriormente. Não há, então,<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esclarecimentos adicionais.<br />
• Tributos sobre Ven<strong>da</strong>s<br />
Refere-se aos impostos, taxas e contribuições sobre ven<strong>da</strong>s. Trata-se, no Brasil,<br />
<strong>de</strong> um tema razoavelmente intrincado, com diferentes tributos e diferentes<br />
alíquotas para alguns <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> variáveis como o <strong>de</strong>stino geográfico<br />
do produto vendido, o seu enquadramento fiscal e até mesmo o nível total <strong>da</strong>s<br />
ven<strong>da</strong>s em um <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo. No caso <strong>da</strong> TECSIS, conforme já<br />
salientado, o próprio imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> pessoa jurídica é cobrado diretamente<br />
sob a forma <strong>de</strong> uma alíquota aplicável ao faturamento bruto.<br />
Os tributos sobre ven<strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rados, com suas respectivas alíquotas<br />
aplicáveis à receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, foram:<br />
Tributos Alíquotas sobre RBV(%)<br />
ICMS 18,12 ou 7(*)<br />
COFINS 3<br />
IRPJ 1,96<br />
CSLL 1<br />
PIS 0,65<br />
(*) : <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> para qual Estado <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração se realiza a ven<strong>da</strong><br />
O ISS - imposto sobre serviços - não foi consi<strong>de</strong>rado por tratar-se a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
serviços um componente <strong>de</strong>sprezível <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s totais <strong>da</strong> TECSIS. Todos os<br />
impostos, exceto o IRPJ e a CSLL, não se aplicam às ven<strong>da</strong>s para o exterior.<br />
117
Isto posto, e com base na previsão <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s por região brasileira e por<br />
mercado (interno ou externo), obteve-se as seguintes alíquotas médias<br />
pon<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s: .<br />
Período Alíquota Mãia (%)<br />
Ano 1 6,85<br />
Ano 2 8,16<br />
Ano3 8,45<br />
Ano4 7,94<br />
Ano 5 7,48<br />
Aplicando-as sobre a receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, encontrar-se-á o valor dos tributos<br />
sobre ven<strong>da</strong>s, conforme aparecem no <strong>de</strong>monstrativo <strong>de</strong> resultados.<br />
• Custos Variáveis Líquidos<br />
Este item é obtido por meio <strong>da</strong> computação <strong>de</strong>scrita na tabela abaixo, e já<br />
comentado, brevemente, na introdução acima:<br />
CUSTOS VARIAVEIS COM MOS<br />
!(+) CUSTOS VARIAVEIS COM MATERIAIS<br />
(-) PROVISAO PARA ESTOQUES<br />
!(+) OCV<br />
«» SALDO CONTA ESTOQUES PERIODO ANTERIOR<br />
= CUSTOS VARIAVEIS LIQUIDaS<br />
Nesta tabela, ca<strong>da</strong> item tem o seguinte significado:<br />
1) Custos variáveis com mão-<strong>de</strong>-obra: trata-se <strong>de</strong> um percentual <strong>de</strong> 3,5% do<br />
lucro <strong>de</strong> um período n-1, que <strong>de</strong>ve ser tratado como uma <strong>de</strong>spesa no<br />
118
exercício seguinte, a título <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> lucros ou pagamento <strong>de</strong> prêmios.<br />
Este item não foi tratado como uma provisão <strong>de</strong>duzindo o lucro líquido por se<br />
tratar muito mais <strong>de</strong> um orçamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa que, por contingência, <strong>de</strong>cidiu-<br />
se vincular ao lucro líquido, do que <strong>de</strong> um comprometimento formal <strong>de</strong> política<br />
organizacional, ou <strong>de</strong> alguma obrigação legalmente imposta à empresa;<br />
2) Custos variáveis com materiais: são os gastos com materiais diretos e <strong>de</strong><br />
consumo (segundo a classificação utiliza<strong>da</strong> na TECSISI). Os primeiros são<br />
calculados <strong>de</strong> forma a que não contenham os valores <strong>de</strong> ICMS e IPI,<br />
enquanto que o material <strong>de</strong> consumo incorpora, em seu valor, ambos. os<br />
tributos. Historicamente, estas previsões são realiza<strong>da</strong>s com base em um<br />
percentual sobre a receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, que, neste caso, foi <strong>de</strong> 29%, o<br />
que reflete, em média, os números atualmente praticados pela empresa no<br />
seu processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> preços <strong>de</strong> referência (mark-up);<br />
3) Provisão para estoques: trata-se <strong>de</strong> um percentual aplicado sobre os dois<br />
itens acima <strong>de</strong>scritos, utilizado para calcular uma <strong>de</strong>dução referente a<br />
estoques em geral, ou seja, a materiais não processados ou em<br />
processamento parcial, assim como mão-<strong>de</strong>-obra (apenas a consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
variável), que é, então, <strong>de</strong>bita<strong>da</strong>, em contraparti<strong>da</strong>, na conta <strong>de</strong> ativo<br />
"estoques". A alíquota utiliza<strong>da</strong>, ao longo dos cinco anos <strong>de</strong> previsão, foi <strong>de</strong><br />
20%. Esta alíquota é a melhor estimativa <strong>da</strong> empresa para o valor esperado<br />
dos estoques em um <strong>de</strong>terminado período;<br />
4) OCV ou outros custos variáveis: são os custos variáveis com exportação e<br />
importação, subcontratos e serviços <strong>de</strong> terceiros associados à produção. Foi<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma alíquota <strong>de</strong> 1,5% sobre a receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, como o<br />
melhor meio <strong>de</strong> estimar este custo;<br />
5) Saldo conta estoques período anterior: a <strong>de</strong>dução lança<strong>da</strong> a título <strong>de</strong><br />
estoques no período n-1, é incorpora<strong>da</strong> aos custos variáveis no período n<br />
seguinte.<br />
• Despesas Operacionais<br />
119
Este é o item <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa mais relevante nos <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> resultados<br />
projetados. Assim como no caso dos custo variáveis com materiais e nos outros<br />
custos variáveis, muitos <strong>de</strong> seus. componentes são revenue-driven, isto é,<br />
funções <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, mesmo que indiretamente. No entanto, estes<br />
itens geralmente partem <strong>de</strong> uma base, às vezes gran<strong>de</strong>, o que não lhes confere o<br />
status <strong>de</strong> custos totalmente variáveis. Alguns outros, como aluguel <strong>de</strong><br />
instalações, são fixos por longos períodos, e po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como<br />
totalmente fixos.<br />
Além <strong>da</strong> tricotomia fixo - semi-fixo - variável, po<strong>de</strong>-se também subclassificar as<br />
<strong>de</strong>spesas operacionais em mão-<strong>de</strong>-obra, financeiras, administrativas, gerais e<br />
outras mais. De qualquer forma, elas <strong>de</strong>vem ser entendi<strong>da</strong>s em <strong>de</strong>talhes, pois a<br />
previsão <strong>de</strong> seu comportamento é fun<strong>da</strong>mental para a compreensão dos<br />
resultados projetados para a empresa e, portanto, para o resultado do processo<br />
<strong>de</strong> valuation (que, como se sabe, na<strong>da</strong> mais é que o repositório <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s estas<br />
hipóteses, classificações e computações). A tabela abaixo, então, apresenta os<br />
itens <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas operacionais:<br />
120
ITEM DE DO<br />
MA-D E-OBRA ADMINISTRATIVA<br />
MAO-DE-OBRA DIRETA<br />
ENCARGOS SOCIAIS<br />
BENEFICIOS SOCIAIS<br />
DESPESAS DE MARKETING<br />
REMUNERAÇAO DIRETORIA<br />
ALUGUEL DE INSTALAÇOES<br />
DESPESAS COM MANUTENÇAO GERAL<br />
DEPRECIAÇAO<br />
DESPESAS COM ALOCAÇAO DE LIXO<br />
SERViÇOS DE CONTABILIDADE<br />
SERViÇOS DE RH<br />
SEGUROS DE INSTALAÇOES<br />
FORNECIMENTO DE AGUA<br />
DESPESAS FINANCEIRAS<br />
IPTU<br />
ENERGIA ELETRICA<br />
TELEFONE<br />
SEGURANÇA PATRIMONIAL<br />
DESPESAS COMERCIAIS<br />
SERViÇOS DE MEDICINA DO TRABALHO<br />
ASSESSORIA JURIDICA<br />
INDENIZAÇOES TRABALHISTAS<br />
MATERIAL DE ESCRITORIO<br />
OUTRAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS<br />
DESPESAS ADMIN. EXTRAORDINARIAS<br />
CPMF<br />
Ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes itens <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas operacionais são, abaixo, <strong>de</strong>stacados, e<br />
comentados em termos <strong>de</strong> seus direcionadores <strong>de</strong> custos (cost drivers):<br />
1) Mão-<strong>de</strong>-obra administrativa: função do salário médio administrativo e do<br />
número <strong>de</strong> empregados administrativos. Estes, por seu turno, são também<br />
funções, a saber:<br />
• número <strong>de</strong> empregados administrativos (NEA);<br />
121
NEA = NEA inicial + 50% mu<strong>da</strong>nça percentual <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s<br />
• salário médio administrativo (SMA):<br />
SMA = SMA inicial - 10% <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça percentual em NEA<br />
Assim, em ca<strong>da</strong> período a mão-<strong>de</strong>-obra administrativa assume um valor igual ao<br />
salário médio administrativo vezes o número <strong>de</strong> empregados administrativos.<br />
Estes, por sua vez, são funções, conforme expressas acima.<br />
2) Mão-<strong>de</strong>-obra direta: função do salário médio direto e do número <strong>de</strong><br />
empregados diretos. Como no caso <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra administrativa, estes dois<br />
componentes são também funções, conforme abaixo apresenta<strong>da</strong>s:<br />
• número <strong>de</strong> empregados diretos (NED);<br />
NED = NED inicial + 150% mu<strong>da</strong>nça percentual <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s<br />
• salário médio direto (SMD):<br />
SMD = SMD inicial - 25% <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça percentual em NED<br />
3) Encargos sociais: é um fator <strong>de</strong> 80%, que, aplicado sobre o valor <strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong>spesas conjuntas com mão-<strong>de</strong>-obra administrativa e direta, dá conta <strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong>spesas estima<strong>da</strong>s com encargos sociais e trabalhistas (Contribuição para a<br />
Seguri<strong>da</strong><strong>de</strong> Social, FGTS, férias, etc).<br />
122
4) Benefícios sociais: <strong>de</strong>spesas com plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, refeições e outros<br />
benefícios. Consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como 5% <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />
administrativa e direta do período.<br />
5) Despesas <strong>de</strong> marketing: 0,5% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
6) Remuneração <strong>da</strong> diretoria: refere-se ao valor <strong>da</strong> remuneração dos diretores<br />
<strong>da</strong> companhia. Este valor se manteve inalterado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995. Ele foi alterado<br />
e previsto como fixo para o período explícito <strong>de</strong> previsão.<br />
7) Aluguel <strong>da</strong>s instalações fabris: previsto como fixo.<br />
8) Despesas com manutenção geral: estima<strong>da</strong>s como um percentual <strong>de</strong> 1,5% do<br />
ativo imobilizado bruto.<br />
9) Depreciação: o critério simplificador utilizado foi o <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar este item <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spesas operacionais como sendo <strong>de</strong> 10% sobre o valor do ativo imobilizado<br />
bruto.<br />
10) Despesas com (remoção) e alocação <strong>de</strong> lixo: 1% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
11) Serviços <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (assessoria externa em contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> legal e<br />
fiscal): 0,2% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
12) Serviços· (terceirizados) <strong>de</strong> recursos humanos: trata-se não só do<br />
processamento <strong>da</strong> folha <strong>de</strong> pagamento como também serviços auxiliares ou<br />
relacionados, como homologações trabalhistas, controle <strong>de</strong> férias, controle <strong>de</strong><br />
benefícios, e assim por diante. Seu custo estimado é <strong>de</strong> R$ 10,00 vezes a<br />
soma do número <strong>de</strong> empregados diretos e administrativos,' isto é:<br />
123
Serviços <strong>de</strong> RH = R$ 10,00 x (NEA + NED)<br />
13) Seguros <strong>de</strong> instalações: trata-se dos seguros não só <strong>da</strong>s instalações como<br />
<strong>de</strong> todos os equipamentos <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> informática, móveis, etc. Estimado<br />
como um valor fixo para todo o período explícito <strong>de</strong> previsão.<br />
14) Fornecimento <strong>de</strong> água: 0,25% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
15) Despesas financeiras: soma <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas financeiras <strong>de</strong> curto e <strong>de</strong> longo<br />
prazos. As taxas <strong>de</strong> juros utiliza<strong>da</strong>s foram <strong>de</strong>, respectivamente, 60% a.a. e<br />
18% a.a., sendo a primeira aplica<strong>da</strong> sobre o saldo <strong>da</strong> conta empréstimos do<br />
passivo circulante, e a segun<strong>da</strong> sobre o <strong>da</strong> conta empréstimos <strong>de</strong> longo prazo<br />
do exigível a longo prazo.<br />
16) IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) : fixo, estimado com base no valor<br />
histórico.<br />
17) Energia Elétrica: 1,1% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
18) Telefone: 1,00% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
19) Segurança patrimonial: serviços <strong>de</strong> zeladoria e vigilância, terceirizados.<br />
Estimados pelo valor histórico.<br />
20) Despesas comerciais: se diferenciam <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> marketing por se<br />
referirem especificamente a gastos <strong>de</strong> viagens e estadias, além <strong>de</strong> outros, <strong>de</strong><br />
natureza comercial, e não diretamente relacionados com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
propagan<strong>da</strong> e publici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Estima<strong>da</strong>s em 2,5% <strong>da</strong> receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s.<br />
124
21) Serviços <strong>de</strong> medicina do trabalho e assessoria jurídica: fixos, estimados por<br />
seus valores históricos.<br />
22) In<strong>de</strong>nizações trabalhistas: gastos com verbas rescisórias não<br />
especificamente abarcados pelas estimativas <strong>de</strong> encargos sociais. Previstos<br />
em 5% do valor total <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas com mão-<strong>de</strong>-obra administrativa e direta.<br />
23) Material <strong>de</strong> escritório: trata-se, aqui, dos suprimentos administrativos<br />
conhecidos como office supplies (canetas, papéis, disquetes, etc). Previstos<br />
como sendo a multiplicação do número <strong>de</strong> empregados administrativos pelo<br />
valor <strong>de</strong> R$ 120,00, isto é:<br />
Material <strong>de</strong> escritório = R$ 120,00 x NEA<br />
24) Outras <strong>de</strong>spesas administrativas: estima<strong>da</strong>s em 1,5% <strong>da</strong> soma <strong>de</strong> todos os<br />
itens <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas operacionais listados acima.<br />
25) Despesas administrativas extraordinárias: item autônomo, mas, não utilizado<br />
para fins <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
26) CPMF: 0,38% sobre a soma <strong>de</strong> todos os itens listados acima. Trata-se <strong>de</strong><br />
uma estimativa para a Contribuição Provisória sobre a Movimentação<br />
Financeira, um tributo fe<strong>de</strong>ral.<br />
To<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>spesas operacionais foram projeta<strong>da</strong>s em bases mensais, para o<br />
Ano 1, trimestrais, para o Ano 2, e semestrais para os Anos 3, 4 e 5. O mesmo foi<br />
feito para todos os outros orçamentos (como o <strong>de</strong> investimentos e <strong>de</strong> custos<br />
variáveis líquidos) e, consequentemente, para to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>monstrações<br />
financeiras. Desta forma, as <strong>de</strong>monstrações financeiras apresenta<strong>da</strong>s neste<br />
125
trabalho são apenas a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>stas informações que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, foram<br />
trata<strong>da</strong>s em um nível bem maior <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento.<br />
Tendo tudo isto em vista, as margens <strong>de</strong> lucro obti<strong>da</strong>s na projeção dos<br />
<strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> resultados, foram as seguintes:<br />
• Ano 1: -7,84%<br />
• Ano 2: 13,04%<br />
• Ano 3: 18,43%<br />
• Ano 4: 20,55%<br />
• Ano 5: 22,31%<br />
Finalizando a apresentação dos <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> resultados, o gráfico abaixo<br />
relaciona a receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, os custos variáveis líqJ'idos, as <strong>de</strong>spesas<br />
operacionais e o lucro líquido projetados:<br />
0a:<br />
20.000.000<br />
15.000.000<br />
10.000.000<br />
5.000.000<br />
-5.000.000<br />
RBV x CVL x DO x LL<br />
ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5<br />
Período<br />
126<br />
I<br />
-- Receita bruta <strong>de</strong> \ten<strong>da</strong>s<br />
-(-) Custos varíávsls<br />
líquidos<br />
-(-) Despesas<br />
operacionais<br />
0=,,",= Lucro líquido
As <strong>de</strong>monstrações financeiras restantes, complementando o quadro <strong>da</strong>s<br />
projeções, são apresenta<strong>da</strong>s abaixo:<br />
127
ATIVO<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Balanço Patrimonial Gerencial - Ativo<br />
ITEM DE ATIVO ANO 1 AN02 AN03 AN04 ANOS<br />
Caixa e Bancos 391.583 1.212.100 2.001.337 4.287.765 7.573.484<br />
Aplicações financeiras O O O O O<br />
Contas a receber 431.667 681.333 878.533 1.151.580 1.445.340<br />
(-) Provisão para créditos <strong>de</strong> difícil liqui<strong>da</strong>ção O O O O O<br />
(-) Duplicatas <strong>de</strong>sconta<strong>da</strong>s O O O O O<br />
Estoque <strong>de</strong> materiais O O O O O<br />
Estoque <strong>de</strong> produtos em processo 25.037 118.552 305.730 400.750 502.978<br />
Outras contas a receber O O O O O<br />
ATIVO CIRCULANTE 848.286 2.011.985 3.185.600 5.840.095 9.521.802<br />
Imobilizado 1.719.097 1.926.466 2.248.884 2.843.347 3.515.229<br />
(-) Depreciação acumula<strong>da</strong> 486.469 669.441 881.171 1.146.917 1.478.369<br />
Investimentos/Diferido O O O O O<br />
ATIVO PERMANENTE 1.232.628 1.257.025 1.367.713 1.696.429 2.036.860<br />
TOTAL 2.080.914 3.269.010 4.553.313 7.536.524 11.558.662<br />
128
PASSIVO E PATRIMÔNIO LíQUIDO<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Balanço Patrimonial Gerencial - Passivo e<br />
PL<br />
ITEM DE PASSIVO E PL ANO 1 AN02 ANO 3 AN04 ANOS<br />
Fornecedores 158.521 246.901 317.384 415.260 520.561<br />
Empréstimos O O O O O<br />
Tributos a pagar 2.094 12.211 18.353 18.091 16.095<br />
Salários e encargos sociais a pagar 104.300 146.015 179.967 226.198 276.344<br />
Outras contas a pagar 27.950 9.317 4.658 4.658 4.658<br />
PASSIVO CIRCULANTE 292.865 414.444 520.363 664.208 817.658<br />
Empréstimos <strong>de</strong> longo prazo 765.000 765.000 O O O<br />
EXIGíVEL A lONGO PRAZO 765.000 765.000 O O O<br />
Capital 449.893 449.893 449.893 449.893 449.893<br />
Adiantamentos para futuro aumento <strong>de</strong> capital O O O O O<br />
Resultados acumulados 573.157 1.639.673 3.583.057 6.422.423 10.291.111<br />
PATRIMÔNIO LíQUIDO 1.023.050 2.089.566 4.032.950 6.872.316 10.741.004<br />
TOTAL 2.080.914 3.269.010 4.553.313 7.536.524 11.558.662<br />
129
DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA<br />
ITEM DE DFC AN01 AN02 ANO 3 AN04 ANOS<br />
(+/-) RESULTADO líQUIDO -405.986 1.066.516 1.943.383 2.839.366 3.868.689<br />
(+) DEPRECIAÇÃO 160.435 182.972 211.731 265.746 331.451<br />
(=) R. FINANCEIRO GERADO NO -245.552 1.249.489 2.155.114 3.105.112 4.200.140<br />
PERIODO<br />
(+) FORNECEDORES -185.404 88.380 70.484 97.876 105.301<br />
(+) TRIBUTOS A PAGAR -143.668 10.118 6.142 -262 -1.997<br />
(+) ENCARGOS SOCIAIS A PAGAR -15.662 23.837· 19.401 26.418 28.654<br />
(+) SALÁRIOS A PAGAR 44.700 17.878 14.551 19.813 21.491<br />
(+) OUTRAS CONTAS A PAGAR 27.950 -18.633 -4.658 O O<br />
(-) CONTAS A RECEBER -577.045 249.667 197.200 273.047 293.760<br />
(-) ESTOQUES -265.539 93.515 187.178 95.020 102.228<br />
(=) FLUXO DE CAIXA DE OPERAÇÕES 324.949 1.027.886 1.876.655 2.880.890 3.957.601<br />
(+) VARIAÇÃO DO PASSIVO -85.882 O -765.000 O O<br />
FINANCEIRO<br />
FLUXO DE CAIXA CORRENTE 239.067 1.027.886 1.111.655 2.880.890 3.957.601<br />
(+) CAPITAL O O O O O<br />
(-) ATIVO IMOBILIZADO 162.000 207.369 322.418 594.462 671.882<br />
(-) ATIVO DIFERIDO O O O O O<br />
(=) VARIAÇÃO DO DISPONíVEL 77.067 820.517 789.237 2.286.428 3.285.719<br />
130
INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS<br />
INDICADOR ANO 1 ANO 2 AN03 AN04 ANOS<br />
TAXA DE DESPESAS OPERACIONAIS (%) 65,36 49,09 43,96 41,10 39,63<br />
GIRO DOS ATIVOS TOTAIS 2,10 3,06 2,70 2,29 1,82<br />
GIRO DE CONTAS A RECEBER 7,19 14,69 13,52 13,61 13,36<br />
GIRO DE ESTOQUES 11,69 33,84 14,49 11,90 11,74<br />
GIRO DO ATIVO IMOBILIZADO 4,21 6,57 8,03 9,02 9,29<br />
ROE (%) -39,68 51,04 48,19 41,32 36,02<br />
ALAVANCAGEM FINANCEIRA 2,01 1,72 1,28 1,11 1,08<br />
L1QUIDEZ CORRENTE 2,90 4,85 6,12 8,79 11,65<br />
L1QUIDEZ SECA 2,81 4,57 5,53 8,19 11,03<br />
F. CX. OPERAÇÕES EM RELAÇÃO AO P. 0,69 2,91 4,02 4,86 5,34<br />
CIRC.<br />
GIRO DE CONTAS A PAGAR 3,73 8,95 8,04 8,19 8,00<br />
PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO 50,05 24,50 26,63 26,44 26,95<br />
PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM 30,78 10,64 24,85 30,26 30,66<br />
PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO 96,43 40,24 44,78 43,98 44,97<br />
ENDIVIDAMENTO DE LONGO PRAZO 0,37 0,23 0,00 0,00 0,00<br />
ENDIVIDAMENTO SOBRE RECURSOS 1,03 0,56 0,13 0,10 0,08<br />
PRÓPRIOS<br />
F. CX. OPERAÇÕES EM RELAÇÃO AO P. 0,26 0,92 2,21 4,86 5,34<br />
TOTAL<br />
3.3.5.3 - NOPLAT<br />
Conforme já mencionado neste trabalho, o valor <strong>de</strong> NOPLAT correspon<strong>de</strong>, aqui<br />
também, ao valor apurado para os lucros líquidos projetados. Estes valores são<br />
<strong>da</strong>dos na tabela abaixo:<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo <strong>de</strong> NOPLAT<br />
ITEM DE NOPLAT ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5<br />
NOPLAT = Lucro líquido -405.986 1.066.516 1.943.383 2.839.366 3.868.689<br />
131<br />
"
3.3.5.4 Capital Investido<br />
Como se po<strong>de</strong> observar na tabela abaixo, o capital investido projetado para a<br />
TECSIS, cai cerca <strong>de</strong> 27% no Ano 1, em relação ao primeiro semestre <strong>de</strong> 1999.<br />
Aliás, a previsão para o Ano 2 é ain<strong>da</strong> 10% inferior ao nível <strong>de</strong>sta mesma base<br />
<strong>de</strong> comparação. Este comportamento está diretamente relacionado com as<br />
hipóteses utiliza<strong>da</strong>s para a previsão <strong>de</strong> performance <strong>da</strong> companhia, <strong>de</strong>scritas<br />
mais acima. Ao final do Ano 5, o capital investido alcança cerca <strong>de</strong> R$ 4 milhões,<br />
representando um crescimento <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 144% em relação ao Ano 1,<br />
e <strong>de</strong> 77% em relação ao primeiro semestre <strong>de</strong> 1999.<br />
o comportamento do capital total dos investidores no período explícito <strong>de</strong><br />
previsão, no entanto, é bem diferente. De fato, ao manter-se o nível <strong>de</strong> 5% <strong>da</strong><br />
receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s como sendo o patamar <strong>de</strong> caixa necessário para girar o<br />
negócio, passou-se, com a melhoria projeta<strong>da</strong> dos resultados <strong>da</strong> empresa, a<br />
estimar-se valores elevados para o excesso <strong>de</strong> caixa, valores estes que não<br />
foram computados como parte do capital investido, mas, apenas, do capital total<br />
dos investidores. Assim, o crescimento acumulado dos valores projetados <strong>de</strong>ste<br />
último, foi <strong>de</strong> 500%, no período entre os Anos 1 e 5, e <strong>de</strong> 371 % entre o Ano 5 e o<br />
primeiro semestre <strong>de</strong> 1999 (o excesso <strong>de</strong> caixa no Ano 5, apenas para ilustrar,<br />
atingiu a soma <strong>de</strong> R$ 6,7 milhões).<br />
A tabela abaixo apresenta os resultados para o cálculo do capital investido. (e do<br />
capital total dos investidores):<br />
132
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo do Capital Investido (CI)<br />
ITEM DE CI AN01 AN02 AN03 ANO 4 ANOS<br />
Ativo circulante operacional 715.703 1.208.685 1.711.383 2.243.278 2.815.522<br />
Passivo circulante não-financeiro 292.865 414.444 520.363 664.208 817.658<br />
Capital <strong>de</strong> giro operacional 422.839 794.241 1.191.020 1.579.069 1.997.864<br />
Ativo imobilizado líquido 1.232.628 1.257.025 1.367.713 1.696.429 2.036.860<br />
Outros ativos operac., líquidos <strong>de</strong> outros O O O O O<br />
passivos<br />
Capital investido (CI) 1.655.467 2.051.266 2.558.733 3.275.499 4.034.724<br />
(+) excesso <strong>de</strong> caixa 132.583 803.300 1.474.217 3.596.817 6.706.280<br />
(+) ágio/<strong>de</strong>ságio em investimentos O O O O O·<br />
(+) investimentos não-operacionais O O O O O<br />
= Capital total dos investidores 1.788.050 2.854.566 4.032.950 6.872.316 10.741.004<br />
Patrimônio Líquido 1.023.050 2.089.566 4.032.950 6.872.316 10.741.004<br />
IR diferido O O O O O<br />
Patrimônio Líquido ajustado 1.023.050 2.089.566 4.032.950 6.872.316 10.741.004<br />
Passivo financeiro total 765.000 765.000 O O O<br />
Capital total dos investidores 1.788.050 2.854.566 4.032.950 6.872.316 10.741.004<br />
3.3.5.5 - WACC<br />
Este foi um tema à parte durante todo o trabalho <strong>de</strong> valuation. Em primeiro lugar,<br />
o conceito. era <strong>de</strong>sconhecido na empresa e jamais tinha havido, até então,<br />
alguma discussão com relação a qual seria a estrutura <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> para o<br />
longo prazo.<br />
133
Por outro lado, havia uma carência <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> consulta capazes <strong>de</strong> fornecer<br />
parâmetros <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> capital passíveis <strong>de</strong> utilização em um cálculo<br />
<strong>de</strong>WACC.<br />
Também quanto a informações sobre empresas <strong>de</strong> risco consi<strong>de</strong>rado semelhante<br />
ao <strong>da</strong> TECSIS, <strong>de</strong> preferência do mesmo setor, também não havia<br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Diante <strong>de</strong>ste quadro, optou-se por utilizar uma abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar o<br />
WACC com base nas idéias predominantes, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> empresa, tanto com<br />
relação à estrutura i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> capital quanto ao retorno sobre o capital próprio. De<br />
maneira simplifica<strong>da</strong> elas se resumem a:<br />
• <strong>de</strong>ve-se evitar contar com empréstimos bancários estruturais, a não ser em<br />
casos muito especiais. O cenário brasileiro é ain<strong>da</strong> instável, conforme<br />
<strong>de</strong>monstrado pela recente <strong>de</strong>svalorização cambial; além disto, ele carece <strong>de</strong><br />
uma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> crédito ermpresarial <strong>de</strong> longo prazo e com custos<br />
atrativos;<br />
• o retorno sobre o capital próprio <strong>de</strong>ve levar isto em conta, inclusive a<br />
imprevisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> que ain<strong>da</strong> existe, mesmo que em menor grau, com relação<br />
às taxas <strong>de</strong> inflação;<br />
• o capital <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong>verá permanecer fechado, enquanto o mercado<br />
acionário brasileiro não apresentar reais opções <strong>de</strong> capitalização para<br />
empresas como a TECSIS. Sendo assim, não se pensa em termos <strong>de</strong><br />
captações <strong>de</strong> recursos via abertura <strong>de</strong> capital, com consequente emissão <strong>de</strong><br />
ações, ordinárias ou preferenciais.<br />
Des<strong>de</strong> o início <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> companhia, a taxa <strong>de</strong> 18% tem sido utiliza<strong>da</strong><br />
como o parâmetro mínimo <strong>de</strong> remuneração do capital investido. Na ausência <strong>de</strong><br />
outros componentes que não o capital próprio no cálculo <strong>de</strong> WACC, assumiu-se,<br />
134
então, que esta taxa <strong>de</strong> 18% <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, na falta <strong>de</strong> outras<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e pelo seu caráter prático <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> organização, como o próprio<br />
WACC <strong>da</strong> TECSIS. Este, então, foi o procedimento simplificador adotado neste<br />
trabalho (é interessante notar que, caso se utilizasse os valores calculados para<br />
WACC para o período <strong>de</strong> 1995 ao primeiro semestre <strong>de</strong> 1999, estes valores<br />
seriam <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 18% para os três primeiros anos, <strong>de</strong> 21 % para 1998, e <strong>de</strong><br />
22% para o primeiro semestre <strong>de</strong> 1999. Estes valores, como se percebe, são<br />
bem próximos <strong>de</strong> 18%, e foram estimados com base em que o retorno requerido<br />
pelo capital próprio seria <strong>de</strong> 18%, o custo do passivo financeiro <strong>de</strong> curto prazo -<br />
neste caso Adiantamentos sobre Contratos <strong>de</strong> Câmbio, seria <strong>de</strong> 12% mais cerca<br />
<strong>de</strong>, em média, 6% a 7% <strong>de</strong> variação cambial, e o custo do parcelamento <strong>de</strong><br />
impostos, consi<strong>de</strong>rados aqui, conforme já mencionado, como um passivo <strong>de</strong><br />
longo prazo, que foi estimado em 30%. Utilizar-se 18% para todos os períodos,<br />
pareceu, então, não ser um procedimento capaz <strong>de</strong> macular o resultado do<br />
processo <strong>de</strong> valuation).<br />
3.3.5.6 - Fl()I
3.3.5.7 - Fel e lucro Econômico<br />
Finalmente, as duas tabelas em segui<strong>da</strong> apresentam os cálculos do Fel e do<br />
lucro econômico:<br />
136
Tecsis lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo <strong>de</strong> Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre (FCl)<br />
ITEM DE FCl ANO 1 AN02 ANO 3 AN04 ANOS<br />
NOPlAT<br />
(+) Depreciação<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa bruto<br />
Aumento no capital <strong>de</strong> giro<br />
Despesas <strong>de</strong> capital<br />
Aumento em outros ativos, líquidos <strong>de</strong><br />
passivos<br />
Investimento Bruto<br />
-405.986 1.066.516 1.943.383 2.839.366 3.868.689<br />
160.435 182.972 211.731 265.746 331.451<br />
-245.552 1.249.489 2.155.114 3.105.112 4.200.140<br />
-626.016<br />
162.000<br />
O<br />
371.402<br />
207.369<br />
O<br />
396.779<br />
322.418<br />
O<br />
388.050<br />
594.462<br />
O<br />
418.795<br />
671.882<br />
O<br />
-464.016 578.772 719.197 982.512 1.090.677<br />
FCl antes <strong>de</strong> ágio em investimentos 218.465 670.717 1.435.917 2.122.600 3.109.463<br />
realizados<br />
(+) Ágio em investimentos realizados<br />
O O O O O<br />
FCl<br />
(+) Fluxos <strong>de</strong> caixa não-operacionais<br />
(+) Efeitos <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> Dem. Fin. em<br />
outras moe<strong>da</strong>s<br />
Fluxo <strong>de</strong> caixa disponível para investidores<br />
Fluxo Financeiro<br />
Receita financeira <strong>de</strong>pois dos impostos<br />
Aumento (dim.) no excesso <strong>de</strong> caixa<br />
Despesa com juros <strong>de</strong>pois dos impostos<br />
Diminuição (aumento) no passivo financeiro<br />
Divi<strong>de</strong>ndos<br />
Recompra (emissões) <strong>de</strong> ações - Adto. p/ Fut.<br />
aum. capo<br />
Fluxo financeiro total<br />
137<br />
218.465 670.717 1.435.917 2.122.600 3.109.463<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
218.465 670.717 1.435.917 2.122.600 3.109.463<br />
O<br />
132.583<br />
O<br />
85.882<br />
O<br />
O<br />
O<br />
670.717<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O O<br />
670.917 2.122.600<br />
O O<br />
765.000 O<br />
O O<br />
O O<br />
O<br />
O<br />
O<br />
3.109.463<br />
218.465 670.717 1.435.917 2.122.600 3.109.463<br />
O<br />
O<br />
O<br />
O
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Cálculo do Lucro Econômico(LE)<br />
ITEM DE LE ANO 1 AN02 AN03 AN04 ANOS<br />
ROIC - média <strong>de</strong> CI -20,63 57,54 84,31 97,33 105,84<br />
(-) WACC 18,00 18,00 18,00 18,00 18,00<br />
= Spread -38,63 39,54 66,31 79,33 87,84<br />
CI (médio) 1.967.693 1.853.367 2.304.999 2.917.116 3.655.112<br />
Lucro Econômico -760.171 732.910 1.528.484 2.314.285 3.210.768<br />
NOPLAT -405.986 1.066.516 1.943.383 2.839.366 3.868.689<br />
Custo <strong>de</strong> Capital 354.185 333.606 414.900 525.081 657.920<br />
Lucro Econômico -760.171 732.910 1.528.484 2.314.285 3.210.768<br />
3.3.5.8 - Comparação entre as Demonstrações Financeiras Realiza<strong>da</strong>s e<br />
Projeta<strong>da</strong>s<br />
A tabela abaixo apresenta um quadro-resumo com os value-drivers, referente ao<br />
período para o qual as <strong>de</strong>monstrações financeiras estão disponíveis (1995/99 -<br />
primeiro semestre) e aos cinco anos do período explícito <strong>de</strong> previsão (PEP):<br />
Item 1995/99 - primo semestre PEP<br />
Cresc. anual médio <strong>da</strong> 41,2% 9,5% (*)<br />
receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s<br />
ROIC anual médio 38,5% 64,8%<br />
WACC 18% 18%<br />
(*) base do período: 1998 = 100<br />
A receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s projeta<strong>da</strong> para o Ano 5, é apenas cerca <strong>de</strong> 57% maior<br />
do que a (real) <strong>de</strong> 1998, ou seja, espera-se uma estabilização do nível do<br />
crescimento <strong>da</strong> TECSIS, em uma média <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10% ao ano. No entanto, a<br />
138
gran<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça ocorre nas taxas <strong>de</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois, à medi<strong>da</strong> que a<br />
empresa consegue se manter em um patamar elevado <strong>de</strong> produção, e crescente,<br />
ela se alavanca operacionalmente e, por conseguinte, os lucros aumentam. Daí a<br />
gran<strong>de</strong> elevação espera<strong>da</strong> em ROIC (que, é bom também frisar, advém <strong>de</strong> uma<br />
relativa prepon<strong>de</strong>rância do fator trabalho, em relação ao fator capital, no processo<br />
produtivo <strong>da</strong> TECSIS. Isto exige um menor nível <strong>de</strong> investimento para se manter<br />
o crescimento).<br />
É importante frisar também que estes números são médias, e que, como tais,<br />
<strong>de</strong>vem ser entendi<strong>da</strong>s como valores <strong>de</strong> referência, e apenas isto. Um exemplo<br />
disto é que, apesar dos belos números para o crescimento <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s e para o<br />
ROIC, no período 1995/99, a empresa esteve à beira <strong>da</strong> bancarrota no segundo<br />
semestre <strong>de</strong> 1998!<br />
Estes números <strong>de</strong>vem, em adição, ser observados e interpretados à luz <strong>de</strong> tudo o<br />
que foi <strong>de</strong>scrito até agora sobre a trajetória <strong>da</strong> empresa, seus mercados <strong>de</strong><br />
atuação, suas <strong>de</strong>monstrações financeiras reais e projeta<strong>da</strong>s, enfim, e tudo o mais<br />
já apresentado ao longo <strong>de</strong>ste Estudo <strong>de</strong> Caso. Ao proce<strong>de</strong>r-se <strong>de</strong>sta forma,<br />
constatar-se-á que todo o conjunto <strong>de</strong> hipóteses e o tratamento <strong>da</strong>do aos <strong>da</strong>dos é<br />
intrinsecamente coerente, o que garante a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do resultado geral obtido.<br />
Sendo assim, a comparação estabeleci<strong>da</strong> pela tabela acima vem apenas<br />
adicionar uma outra dimensão às já anteriormente trata<strong>da</strong>s neste trabalho,<br />
resumindo-as, <strong>de</strong> certa forma, e comprovando os resultados nelas obtidos.<br />
3.3.6 - Valor Continuado<br />
Em uma empresa como a TECSIS, é bastante difícil estimar-se um nível <strong>de</strong><br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s capaz <strong>de</strong>, por exemplo, possibilitar a estimação <strong>de</strong> parâmetros para o<br />
139
cálculo do valor continuado. Em primeiro lugar, as variáveis <strong>de</strong> mercado são<br />
incertas o suficiente até mesmo para se promover projeções explícitas para cinco<br />
anos (tivesse sido possível sem que isto comprometesse o trabalho <strong>de</strong> valuation,<br />
ter-se-ia trabalhado com um período explícito <strong>de</strong> previsão <strong>de</strong> apenas 3 anos).<br />
Além disto, não faz parte ain<strong>da</strong> <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> empresa se <strong>de</strong>dicar a projeções <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempenho no longo prazo, e, portanto, as pessoas não se sentem dispostas a<br />
empreen<strong>de</strong>r tal esforço. Por fim, as incertezas quanto ao comportamento <strong>da</strong><br />
economia brasileira no longo prazo ain<strong>da</strong> são enormes, dificultando ain<strong>da</strong> mais o<br />
trabalho <strong>de</strong> previsão.<br />
Sendo assim, optou-se por consi<strong>de</strong>rar as projeções do ANO 5 como a fonte <strong>da</strong><br />
qual seriam extraídos os parâmetros <strong>de</strong> estimação.<br />
Por outro lado, enten<strong>de</strong>u-se que havia uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> refletir to<strong>da</strong> a<br />
incerteza que a Administração possuía sobre o período após os cinco anos <strong>de</strong><br />
previsão explícita em um redutor no Rale esperado dos novos investimentos.<br />
Este redutor foi arbitrado em 70% do Rale do Ano 5 do período explícito <strong>de</strong><br />
previsão, resultando em:<br />
Rale novos investimentos = 105,84% x (1 - 0,7)<br />
Rale novos investimentos = 31,75%<br />
Resulta, então, que, com uma taxa <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> NOPLAT, <strong>da</strong><strong>da</strong><br />
por TNI, g, o fator <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> NOPLAT seria obtido por:<br />
g = TNI x Rale<br />
g = 20% x 31,75%<br />
g = 6,35%,<br />
140
valor condizente, pelo seu conservadorismo, com a visão pouco clara que a<br />
Administração <strong>da</strong> TECSIS (e, provavelmente, também a <strong>de</strong> seus concorrentes)<br />
possui sobre o comportamento <strong>de</strong> seus mercados <strong>de</strong> atuação e <strong>da</strong> economia<br />
brasileira no futuro ..<br />
Finalizando, optou-se pela manutenção do WACC em 18%, pelas mesmas<br />
razões já aponta<strong>da</strong>s.<br />
o cálculo do valor continuado foi efetuado tanto pela abor<strong>da</strong>gem dos value-<br />
drivers, relaciona<strong>da</strong> ao método DCF, quanto pela do lucro econômico. Os<br />
resultados se encontram abaixo:<br />
1 - VC pela abor<strong>da</strong>gem dos value-drivers = R$ 26.566.105<br />
2 - VC pela abor<strong>da</strong>gem do lucro econômico = R$ 22.910.988<br />
Como se viu na capítulo referente à análise teórica, estes dois números tem<br />
significados distintos. Ambos, no entanto, se referem a uma estimativa do valor<br />
continuado que po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> "nominal", pois, como se verá no<br />
próximo tópico, ela, para que se transforme em uma estimativa efetiva <strong>de</strong> valor,<br />
<strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>sconta<strong>da</strong> ao início do período explícito <strong>de</strong> previsão.<br />
3.3.7 - Cálculo do Valor<br />
Esta seção encerra o presente estudo <strong>de</strong> caso, apresentando os resultados para<br />
os cálculos do valor <strong>da</strong> TECSIS, tanto pela abor<strong>da</strong>gem do DCF quanto pela do<br />
lucro econômico:<br />
141
3.3.7.1 - Abor<strong>da</strong>gem DCF<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Avaliação pelo Fel<br />
Período Fel Fator <strong>de</strong> Desconto<br />
Ano 1 218.465 0,8475<br />
Ano 2 670.717 0,7182<br />
Ano 3 1.435.917 0,6086<br />
Ano 4 2.122.600 0,5158<br />
Ano 5 3.109.463 0,4371<br />
VC 26.566.105 0,4371<br />
Valor <strong>da</strong>s operações<br />
Valor dos investimentos não operacionais<br />
Valor do excesso <strong>de</strong> caixa<br />
Valor <strong>da</strong> companhia<br />
Fator <strong>de</strong> ajuste para o meio do ano<br />
Valor <strong>da</strong> companhia<br />
(ajustado)<br />
NPV dos Fel<br />
185.140<br />
481.698<br />
873.944<br />
1.094.813<br />
1.359.175<br />
11.612.289<br />
15.607.059<br />
O<br />
6.373.105<br />
21.980.164<br />
1,09<br />
23.958.379<br />
(-) Valor dos débitos 850.882<br />
Valor para os acionistas (proprietários) 23.107.497<br />
142
3.3.7.2 - Abor<strong>da</strong>gem do Lucro Econômico<br />
Tecsis Lt<strong>da</strong>.<br />
Avaliação pelo lucro Econômico<br />
Período Fel Fator <strong>de</strong> Desconto<br />
Ano 1 -760.171 0,8475<br />
Ano 2 732.910 0,7182<br />
Ano 3 1.528.484 0,6086<br />
Ano 4 2.314.285 0,5158<br />
An05 3.210.768 0,4371<br />
VC 22.910.988 0,4371<br />
NPV <strong>de</strong> LE<br />
Capital investido (no períodO inicial)<br />
Valor <strong>da</strong>s operações<br />
Valor dos investimentos não operacionais<br />
Valor do excesso <strong>de</strong> caixa<br />
Valor <strong>da</strong> companhia<br />
Fator <strong>de</strong> ajuste para o meio do ano<br />
Valor <strong>da</strong> companhia<br />
(ajustado)<br />
NPV dos lE<br />
-644.213<br />
526.365<br />
930.282<br />
1.193.683<br />
1.403.456<br />
10.014.604<br />
13.424.178<br />
2.279.918<br />
15.704.096<br />
O<br />
6.373.105<br />
22.077.200<br />
1,09<br />
24.064.148<br />
(-) Valor dos débitos 850.882<br />
Valor para os acionistas (proprietários) 23.213.266<br />
Nota: Houve uma pequena diferença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> R$ 106 mil entre a abor<strong>da</strong>gem<br />
do lucro econômico e a do DCF. Este erro <strong>de</strong>ve ser imputado aos<br />
arredon<strong>da</strong>mentos, e equivale a apenas cerca <strong>de</strong> 0,5% do valor apurado pela<br />
abor<strong>da</strong>gem DCF, não comprometendo, portanto, o teor dos resultados.<br />
3.3.7.3 - Comentários Finais<br />
o valor total <strong>da</strong> TECSIS, apurado pelas duas abor<strong>da</strong>gens, foi <strong>de</strong><br />
aproxima<strong>da</strong>mente R$ 24 milhões. Este valor já incorpora um ajuste para o meio<br />
do ano, equivalente à meta<strong>de</strong> do WACC (9%), incluído com vistas a corrigir a<br />
143
hipótese por <strong>de</strong>mais conservadora <strong>de</strong> que os fluxos <strong>de</strong> caixa e o lucro econômico<br />
ocorreriam apenas ao final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> período <strong>de</strong> apuração.<br />
Este valor total <strong>da</strong> companhia - ou, simplesmente, o valor <strong>da</strong> companhia - po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>composto <strong>da</strong> seguinte forma:<br />
• Valor <strong>da</strong>s operações: R$ 15,7 milhões x 1,09 = R$ 17,1 milhões;<br />
• Valor do excesso <strong>de</strong> caixa: R$ 6,4 milhões x 1,09 = R$ 6,95 milhões;<br />
• Valor do passivo financeiro: R$ 0,85 milhão,<br />
resultando em um valor líquido para os proprietários (ou value of Equity )<strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> R$ 23,2 milhões. Este valor é consequência, como se po<strong>de</strong> observar<br />
nas tabelas acima, <strong>da</strong> <strong>de</strong>dução do valor dos débitos ou passivos financeiros do<br />
valor <strong>da</strong> companhia.<br />
144
4-CONCLUSÃO<br />
Este trabalho procurou, em primeiro lugar, apresentar uma revisão razoavelmente<br />
ampla dos conceitos fun<strong>da</strong>mentais <strong>de</strong> valuation. A importância dos conceitos <strong>de</strong><br />
fluxo <strong>de</strong> caixa livre, retorno sobre o capital investido, custo médio <strong>de</strong> capital,<br />
crescimento, entre outros, foi enfatiza<strong>da</strong> ao longo <strong>de</strong> todo o trabalho. Ca<strong>da</strong> um<br />
<strong>de</strong>les, e outros mais, foi apresentado, aqui, em <strong>de</strong>talhes.<br />
Em segui<strong>da</strong>, o processo <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> empresas, conforme estabelecido na<br />
análise teórica, foi aplicado a uma empresa brasileira <strong>de</strong> capital fechado, para<br />
que se pu<strong>de</strong>sse, com base neste estudo <strong>de</strong> caso, estabelecer quais os principais<br />
problemas quando se busca aplicar técnicas <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um corpo teórico em<br />
Finanças <strong>de</strong>senvolvido em uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> diversa <strong>da</strong> brasileira, justamente a um<br />
caso nela inserido.<br />
Esta seção conclusiva, então, irá buscar apontar quais foram estes principais<br />
problemas, comentá-los, e com isto, tentar prover um guia para situações<br />
semelhantes que possam vir a ser enfrenta<strong>da</strong>s por pesquisadores e analistas em<br />
futuros trabalhos <strong>de</strong> valuation, além <strong>de</strong> indicar algumas limitações <strong>de</strong>ste trabalho<br />
e sugerir pesquisas adicionais.<br />
1) Problemas<br />
A suposição <strong>de</strong> que empresas brasileiras <strong>de</strong> capital fechado, principalmente as<br />
<strong>de</strong> menor porte, não contariam com sistemas contábeis ~ <strong>de</strong> controle financeiro<br />
em geral, sofisticados, foi, como era esperado, pelo menos parcialmente<br />
verifica<strong>da</strong> na TECSIS. Não se tratou <strong>de</strong> encontrar um ambiente gerido por<br />
administradores <strong>de</strong> baixa qualificação, mas, ao contrário, um ambiente <strong>de</strong><br />
pessoas com larga experiência profissional e boa formação acadêmica que não<br />
145
está estruturado para permitir-lhes o exercício <strong>de</strong> suas plenas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
inclusive na área contábil-financeira.<br />
Resulta disto que, ao se buscar profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> na análise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, esbarra-se,<br />
aqui e ali, com algumas lacunas que, se não são capazes <strong>de</strong> comprometer<br />
significativamente o dia-a-dia <strong>da</strong> gestão, são obstáculos às vezes difíceis ou<br />
mesmo impossíveis <strong>de</strong> serem transpostos em trabalhos mais específicos, como<br />
este <strong>de</strong> valuation. Exemplos disto já foram citados quando do estudo <strong>de</strong> caso, e<br />
não cabe aqui repeti-los. O que interessa saber é que, na falta <strong>de</strong> um sistema<br />
integrado <strong>de</strong> gestão, pelo menos na área financeira (integrando tesouraria, custos<br />
e contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>), e <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> valorização especificamente <strong>da</strong><br />
contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> legal, se torna bastante complicado apurar-se as <strong>de</strong>monstrações<br />
financeiras formais em níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento a<strong>de</strong>quados para um trabalho<br />
como o <strong>de</strong> valuation, e este, é justamente o caso <strong>da</strong> TECSIS (esta situação, é<br />
bom frisar, é reconheci<strong>da</strong> pela Administração, e já estão sendo toma<strong>da</strong>s as<br />
primeiras medi<strong>da</strong>s no sentido <strong>de</strong> modificá-Ia. No entanto, comentá-Ias aqui seria<br />
fugir ao escopo <strong>de</strong>ste trabalho e, portanto, isto será <strong>de</strong>ixado para uma outra<br />
oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>). Enfim, trabalhou-se com o que a empresa dispunha e este<br />
material teve <strong>de</strong> ser analisado, compreendido e, eventualmente, até mesmo<br />
alterado, em termos <strong>de</strong> seus conceitos e premissas (quando <strong>da</strong> realização <strong>da</strong>s<br />
projeções), no sentido <strong>de</strong> manter-se a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho <strong>de</strong> avaliação.<br />
Houve, então, um gran<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> tempo no sentido <strong>de</strong> processar-se a esta<br />
análise e dissecação dos <strong>da</strong>dos financeiro-contábeis <strong>da</strong> empresa. Só após esta<br />
etapa, é que se iniciou o trabalho seguinte, a mo<strong>de</strong>lagem <strong>da</strong>s projeções.<br />
Perguntas como ..."como <strong>de</strong>vem ser tratados os tributos parcelados classificados<br />
no Exigível a Longo Prazo", ou, "qual é o mark-up médio <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> linha <strong>de</strong><br />
produtos", entre <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> outras, tiveram <strong>de</strong> ser respondi<strong>da</strong>s antes que se<br />
iniciasse o trabalho <strong>de</strong> gerar as projeções financeiras. Muitas <strong>de</strong>stas perguntas<br />
não tinham respostas diretas, e, neste caso, optou-se pela melhor estimativa<br />
146
(exemplo: como <strong>de</strong>vem ser tratados os gastos com manutenção: pelo valor<br />
histórico? Mas, neste caso, os <strong>da</strong>dos eram pouco confiáveis, pois havia muitos<br />
gastos classificados erroneamente como manutenção. Como percentual <strong>da</strong><br />
receita bruta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s? Quanto? Respon<strong>de</strong>r a uma tal pergunta implica em<br />
ouvir os gerentes <strong>de</strong> área, se <strong>de</strong>bruçar sobre os <strong>da</strong>dos históricos, e simular<br />
cenários <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s versus expectativas <strong>de</strong> gastos com manutenção. Por fim,<br />
estabeleceu-se que o melhor critério seria consi<strong>de</strong>rar as <strong>de</strong>spesas com<br />
manutenção como um percentual do ativo imobilizado bruto). Outras<br />
necessitavam <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> checagem complicados. Outras, novas,<br />
surgiam, <strong>de</strong>man<strong>da</strong>ndo custosas alterações no sistema <strong>de</strong> planilhas eletrônicas<br />
montado para aten<strong>de</strong>r ao trabalho <strong>de</strong> valuation.<br />
Mais consumo inesperado <strong>de</strong> tempo se <strong>de</strong>u <strong>de</strong>vido a fato <strong>de</strong> que a cultura <strong>da</strong><br />
empresa não possui, ain<strong>da</strong>, entre seus valores estabelecidos, a elaboração e<br />
análise <strong>de</strong> projeções financeiras <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s <strong>de</strong> longo prazo. Alguns exercícios<br />
isolados foram encontrados, mas, uma integração entre eles com vistas à<br />
construção <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s projeções simplesmente não havia sido tenta<strong>da</strong> ain<strong>da</strong>.<br />
Apenas para exemplificar, exercícios rudimentares <strong>de</strong> avaliação haviam sido<br />
realizados no passado; tais exercícios continham algumas informações<br />
importantes quanto a expectativas <strong>de</strong> mercado e <strong>de</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, além <strong>de</strong> custo<br />
médio <strong>de</strong> capital. No entanto, eles não foram <strong>de</strong>senvolvidos e acabaram por<br />
\<br />
permanecer isolados. Algumas análises <strong>de</strong> break even polnt também tiveram o<br />
mesmo <strong>de</strong>stino. Sendo assim, muitas <strong>da</strong>s informações necessárias a uma correta<br />
elaboração <strong>da</strong>s projeções financeiras foram obti<strong>da</strong>s via discussões que, não raro,<br />
eram repetições <strong>de</strong> discussões que já haviam sido realiza<strong>da</strong>s internamente à<br />
empresa e que foram <strong>de</strong>scontinua<strong>da</strong>s, ou, por outro lado, significavam a primeira<br />
vez que se tratava <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado assunto, pois não havia ele, antes disto,<br />
<strong>de</strong>spertado interesse suficiente para tanto.<br />
147
Por fim, a falta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> mercado (ven<strong>da</strong>s por volume e valor, por região, por<br />
período, por fabricante, por setor <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, etc) foi e continua sendo um<br />
complicador adicional para a realização do trabalho <strong>de</strong> projetar o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong><br />
empresa. Isto é particularmente grave para os setores <strong>de</strong> ventilação industrial e<br />
<strong>de</strong> jato-ventiladores, mas também verifica-se no mercado <strong>de</strong> pás para turbinas<br />
eólicas (em menor escala, no entanto, pois trata-se <strong>de</strong> um segmento<br />
razoavelmente organizado e mobilizado, em nível internacional). No Brasil, por<br />
outro lado, mercado por excelência para sistemas <strong>de</strong> ventilação industrial e jato-<br />
ventiladores, não há uma associação <strong>de</strong> fabricantes on<strong>de</strong> se pu<strong>de</strong>sse conseguir<br />
tais informações.<br />
As incertezas associa<strong>da</strong>s a prevrsoes a respeito <strong>da</strong> economia brasileira,<br />
representaram um último fator <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> para a realização <strong>da</strong>s projeções.<br />
Apesar <strong>de</strong> prognósticos bastante razoáveis <strong>de</strong> mercado, mesmo quando<br />
observados a partir <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista conservador, acabou-se, como se viu<br />
mais acima, por aplicar-se um redutor ao ROle <strong>de</strong> modo que, no cálculo do valor<br />
continuado, o crescimento <strong>de</strong> NOPLAT ficasse em 6,75%, um valor consi<strong>de</strong>rado<br />
bastante conservador pela empresa, mas que, em vista <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
previsão cita<strong>da</strong>s, acabou por ser adotado.<br />
Em vista <strong>de</strong> tudo isto, o que se po<strong>de</strong> afirmar é que uma não <strong>de</strong>sprezível<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo foi consumi<strong>da</strong> no trabalho <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r-se e analisar-se as<br />
<strong>de</strong>monstrações financeiras, buscar-se um entendimento comum <strong>da</strong> situação <strong>da</strong><br />
empresa no mercado e <strong>de</strong> suas perspectivas e transformar tudo isto em cenários<br />
traduzidos nas projeções financeiras.<br />
2) Limitações<br />
o presente trabalho tem, sem dúvi<strong>da</strong>, algumas limitações importantes. A primeira<br />
<strong>de</strong>las é a <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> apenas um estudo <strong>de</strong> caso, ou seja, <strong>da</strong> análise <strong>de</strong><br />
148
uma empresa, isola<strong>da</strong>mente, o que impe<strong>de</strong> que se postule conclusões <strong>de</strong> caráter<br />
geral (indução). Assim, as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s encontra<strong>da</strong>s no trabalho na TECSIS,<br />
foram, como já citado, aproxima<strong>da</strong>mente as que se esperava encontrar. Apesar<br />
disto, esta suposição permanece sendo apenas e tão somente uma suposição;<br />
na<strong>da</strong> nos permite dizer, com base no que aconteceu durante o trabalho <strong>de</strong><br />
valuation, que situações semelhantes serão encontra<strong>da</strong>s em outras empresas<br />
nacionais <strong>de</strong> capital fechado.<br />
Em segundo lugar, a carência <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos relativos aos mercados <strong>de</strong> atuação <strong>da</strong><br />
TECSIS, conforme já citado, tornou impossível a realização <strong>de</strong> um exercício <strong>de</strong><br />
previsão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, baseado apenas em projeções <strong>de</strong><br />
mercado vis-à-vis as relativas à própria empresa. To<strong>da</strong>s as previsões <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s<br />
foram basea<strong>da</strong>s no conhecimento que a Administração possuía sobre aqueles<br />
mercados. Isto, por fim, acabou resultando na adoção <strong>de</strong> um cenário <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempenho bastante conservador, mesmo sabendo-se que as perspectivas,<br />
aparentemente, indicavam para cenários mais promissores. Este procedimento,<br />
certamente, resultou numa subestimação do valor <strong>da</strong> TECSIS.<br />
Finalmente, a ausência <strong>de</strong> bases <strong>de</strong> comparação para os resultados alcançados,<br />
implica em que estes <strong>de</strong>vam ser analisados isola<strong>da</strong>mente, <strong>de</strong> forma absoluta.<br />
Não foi possível encontrar nenhum trabalho semelhante realizado para uma<br />
empresa com caraterísticas similares à TECSIS. Uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> interessante<br />
teria sido utilizar-se <strong>de</strong> algum trabalho similar realizado em algum concorrente <strong>da</strong><br />
área <strong>de</strong> pás para turbinas eólicas, que, mesmo sendo empresas estrangeiras,<br />
são <strong>de</strong> porte similar ao <strong>da</strong> TECSIS e em sua maioria, empresas <strong>de</strong> capital<br />
fechado. Não foi possível, no entanto, encontrar tal trabalho (provavelmente na<strong>da</strong><br />
similar foi realizado até hoje).<br />
3) Sugestões para Melhoramentos ou Trabalhos Adicionais<br />
149
Futuros trabalhos <strong>de</strong> valuation, como este, po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem levar em conta seus<br />
resultados, pois estes se encontram em plena concordância com o mais recente<br />
conhecimento disponível na área. No entanto, po<strong>de</strong>-se sugerir algumas melhorias<br />
I -<br />
e possíveis linhas para futuro <strong>de</strong>senvolvimento e exploração.<br />
Primeiramente, po<strong>de</strong>-se trabalhar com múltiplos cenários. Isto permitiria, entre<br />
outros, os seguintes <strong>de</strong>senvolvimentos:<br />
• atribuição <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para ca<strong>da</strong> cenário e, por conseguinte, obtenção<br />
<strong>de</strong> um cenário médio, o "valor esperado" <strong>de</strong> todos os cenários utilizados;<br />
• introdução <strong>de</strong> uma análise <strong>de</strong> risco;<br />
• aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> situação estratégica e futura <strong>da</strong> companhia.<br />
Em segui<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>ria buscar-se uma maior sofisticação <strong>da</strong> análise, aprofun<strong>da</strong>ndo<br />
o entendimento <strong>da</strong> natureza dos investimentos associados a ca<strong>da</strong> cenário e, com<br />
base nisto, levantar-se a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar-se com option-pricing<br />
mo<strong>de</strong>ls, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> avaliação baseados na teoria <strong>de</strong> precificação <strong>de</strong> opções.<br />
A questão <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação do WACC também merece um estudo à parte. Busca<br />
por <strong>da</strong>dos, refinamento <strong>de</strong> previsões macroeconômicas, avaliação ,<strong>de</strong> múltiplos<br />
cenários <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e até mesmo consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> natureza estratégica<br />
po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s em um entendimento maior <strong>de</strong> como se <strong>de</strong>terminaria, com<br />
mais precisão, o WACC para uma empresa como a TECSIS, ou semelhante.<br />
Sugere-se, ain<strong>da</strong>, fortemente que estudos como este sejam ca<strong>da</strong> vez mais<br />
levados a cabo, como meio <strong>de</strong> propiciar um maior entendimento <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
a ele inerentes e, além disto, prover metodologias genéricas para li<strong>da</strong>r. com<br />
problemas associados à avaliação <strong>de</strong> empresas nacionais <strong>de</strong> capital fechado,<br />
como a TECSIS.<br />
150
5-ABSTRACT<br />
This dissertation is inten<strong>de</strong>d to provi<strong>de</strong> a basic un<strong>de</strong>rstanding of the available<br />
cash flow-based valuation methods. Basically, the focus was directed through two<br />
different methods or mo<strong>de</strong>ls, The Entity Discounted Cash Flow Mo<strong>de</strong>l, and The<br />
Economic Profit Mo<strong>de</strong>l.<br />
Either of these mo<strong>de</strong>ls was <strong>de</strong>scribed, concerning to its internai logic and<br />
consistency, and some examples were presented in or<strong>de</strong>r to show the mechanics<br />
of value calculation. Furthermore, ali the basic components of them - the socalled<br />
value-drivers - were presented and discussed. Finally, an additional set of<br />
concepts was examined - concepts that are closely related to the value creation<br />
process, and that, in a wi<strong>de</strong>r perspective, can be thought of as value-drivers too.<br />
The concepts evaluated - ROIC (return on invested capital), growth rate,<br />
NOPLAT (net operating profit less adjusted taxes), WACC (weighted average cost<br />
of capital), and some other else - were, afte rwards , applied to a case study, which<br />
had a closely held small to medium-sized Brazilian Industrial Companyas its<br />
object. The results of this case study were presented in a very <strong>de</strong>tailed way,<br />
together with an extensive profile of the company and its markets. The difficulties<br />
found when <strong>de</strong>aling with the value calculation process, were presented and<br />
commented. Next, these difficulties were analyzed in view of the fact that the<br />
company studied was not a public held one.<br />
At Last, the final outcome of the case study was assessed, and a conclusion was<br />
drawn, including the limitations of the work and suggestions for further<br />
researches.<br />
Key terms: Discounted Cash Flow - Economic Profit - Value-drivers - ROIC -<br />
Growth Rate - NOPLAT - WACC - case study.<br />
151
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