Ética: Protagonismo Juvenil - Portal do Professor - Ministério da ...
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qual é a função <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e quais são as possibili<strong>da</strong>des e estratégias <strong>do</strong> movimento<br />
estu<strong>da</strong>ntil para pressionar o governo a melhorar as condições <strong>da</strong> escola pública. Foi<br />
muito bonito.<br />
Num primeiro momento, as manifestações <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes foram pouco organiza<strong>da</strong>s. A<br />
professora Patrícia explica que isso tem a ver com a falta de experiência, mas também com<br />
a vontade de se fazer ouvir e se respeitar, fomenta<strong>da</strong> durante o processo de organização<br />
<strong>do</strong>s grupos e nas oficinas, que promovem debates calorosos. Aquilo que pode parecer só<br />
gritaria aos olhos de uns, é na ver<strong>da</strong>de um processo de aprendizagem.<br />
Com pouco mais de 500 votos, a chapa União Jovem venceu a eleição. A partir desse<br />
momento, era preciso colocar as idéias em prática e começar a interagir com os professores.<br />
Foi aí que começaram os conflitos. Patrícia comenta que valorizar essa participação juvenil<br />
nas escolas é uma decisão política, que tem de ser toma<strong>da</strong> coletivamente pelos professores<br />
e demais profissionais. Sem isso não é possível garantir o necessário espaço de autonomia<br />
<strong>do</strong>s jovens e nem respeitá-los como interlocutores.<br />
A organização estu<strong>da</strong>ntil deman<strong>da</strong> muito apoio e diálogo <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes com<br />
professores e membros <strong>da</strong> equipe técnica. Mas muitos professores acham bonita<br />
essa participação, desde que ela não acarrete mu<strong>da</strong>nça alguma para o seu cotidiano.<br />
Assim, envolvem-se muito pouco com o assunto, ora porque dispõem de pouco<br />
tempo (toma<strong>do</strong> pelas aulas), ora porque não vêem muito senti<strong>do</strong> em dispor de seu<br />
tempo para tal ativi<strong>da</strong>de.<br />
Patrícia comenta a dificul<strong>da</strong>de que os estu<strong>da</strong>ntes têm de passar reca<strong>do</strong>s na sala de aula e<br />
saírem no perío<strong>do</strong> de aula para a organização de ativi<strong>da</strong>des planeja<strong>da</strong>s pelo grêmio. Além<br />
disso, a escola não institui espaços específicos para que os jovens se encontrem - to<strong>da</strong>s as<br />
salas são toma<strong>da</strong>s pelas aulas, a sala <strong>do</strong>s professores nunca está disponível, a sala em que<br />
são guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s as cadeiras quebra<strong>da</strong>s não pode ser desfeita.<br />
Outra questão diz respeito à percepção <strong>da</strong> escola quanto ao senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> participação<br />
<strong>do</strong>s jovens. Na medi<strong>da</strong> em que esta não é compreendi<strong>da</strong> como objetivo <strong>da</strong> instituição,<br />
a organização e o trânsito pela escola fora <strong>do</strong> horário de aula são vistos como arruaça<br />
por muitos profissionais. O tema <strong>da</strong> participação juvenil sequer é discuti<strong>do</strong> nos espaços<br />
coletivos <strong>do</strong>s professores. Tampouco se transforma em ativi<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica. Patrícia<br />
comenta:<br />
Muitos professores encaram<br />
o grêmio como uma ativi<strong>da</strong>de destina<strong>da</strong> aos<br />
estu<strong>da</strong>ntes mais bagunceiros <strong>da</strong> escola. O que eles não percebem é que essa<br />
participação geralmente produz impactos muito significativos sobre a relação que<br />
o jovem estabelece com a escola e mesmo sobre seu interesse pelos saberes escolares.<br />
Não se leva em conta que ninguém nasce com práticas democráticas já internaliza<strong>da</strong>s<br />
e de que a ação <strong>do</strong> grêmio, embora deva ser autônoma, deman<strong>da</strong> apoio<br />
e trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />
O grêmio encontrou dificul<strong>da</strong>de em influir na organização <strong>da</strong> escola e cumprir aquilo<br />
que havia proposto no perío<strong>do</strong> eleitoral. Reivindicavam uma sala para se organizar, mas<br />
depararam-se com os questionamentos <strong>do</strong>s professores. Em decorrência disso, os gremistas<br />
passaram a encontrar uma oposição e uma contestação de amigos que questionavam os<br />
rumos <strong>da</strong> organização e sentiram-se mais fragiliza<strong>do</strong>s.