São Paulo, 2009 - Faap
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FUNDA« O ARMANDO ALVARES PENTEADO<br />
FACULDADE DE ECONOMIA<br />
TESTE DA CONDI« O DA PARIDADE DE JUROS DESCOBERTOS PARA O<br />
BRASIL PARA OS PERÕODOS DE C¬MBIO CONTROLADO (1994-1999) E DE<br />
C¬MBIO FLUTUANTE (2000-2006)<br />
BRUNNA FACHINI BRAGAGLIA<br />
Monografia de Conclus„o do Curso apresentada<br />
‡ Faculdade de Economia para obtenÁ„o do tÌtulo<br />
de graduaÁ„o em CiÍncias EconÙmicas, sob a<br />
orientaÁ„o do Prof. Leonardo Basso.<br />
S„o <strong>Paulo</strong>, <strong>2009</strong>
BRAGAGLIA, Brunna Fachini. TESTE DA CONDI« O DA PARIDADE DE<br />
JUROS DESCOBERTOS PARA O BRASIL PARA OS PERÕODOS DE C¬MBIO<br />
CONTROLADO (1994-1999) E DE C¬MBIO FLUTUANTE (2000-2006), S„o <strong>Paulo</strong>,<br />
FAAP, <strong>2009</strong>, 62p.<br />
(Monografia Apresentada ao Curso de GraduaÁ„o em CiÍncias EconÙmicas da<br />
Faculdade de Economia da FundaÁ„o Armando ¡lvares Penteado)<br />
Palavras-Chave: Paridade de Juros Descobertos, Teste de HipÛtese, Desenvolvimento<br />
EconÙmico Brasil, Plano Real, Taxa de C‚mbio, Juros, Brasil, EUA.
DEDICAT”RIA<br />
Dedico esta Monografia em Economia aos Professores Leonardo Fernando Cruz Basso, Jo„o<br />
Chang Junior e Orlando AssunÁ„o Fernandes, que me ajudaram e orientaram na realizaÁ„o da<br />
mesma.<br />
¿ minha famÌlia e amigos pelo apoio dado.
AGRADECIMENTOS<br />
Os meus agradecimentos ao Professor Leonardo Fernando Cruz Basso pela orientaÁ„o<br />
prestada e pelo incentivo na realizaÁ„o desta Monografia em Economia.<br />
Ao Professor Jo„o Chang Junior que, com muita dedicaÁ„o e paciÍncia, possibilitou a<br />
realizaÁ„o desta Monografia, contribuindo com a elaboraÁ„o dos modelos economÈtricos.<br />
Ao Professor Orlando AssunÁ„o Fernandes, que contribuiu com sugestıes e correÁıes<br />
significativas no segundo capÌtulo.<br />
¡s Secret·rias da Faculdade de Economia pelo tratamento concedido ‡s minhas solicitaÁıes,<br />
suporte e organizaÁ„o, durante a elaboraÁ„o desta.<br />
Aos colegas, professores e funcion·rios do Curso de CiÍncias EconÙmicas da FundaÁ„o<br />
Armando ¡lvares Penteado pelos momentos que compartilhamos juntos.
SUM¡RIO<br />
Lista de Figuras<br />
Lista de Quadros<br />
Lista de Gr·ficos<br />
Lista de Siglas<br />
Resumo<br />
INTRODU« O 1<br />
1 PARIDADE DE JUROS DESCOBERTOS 3<br />
1.1 Taxa de c‚mbio 3<br />
1.2 Taxas ‡ vista 5<br />
1.3 Taxas de c‚mbio e rendimentos dos ativos 5<br />
1.4 Paridade dos juros: condiÁ„o b·sica de equilÌbrio 8<br />
1.4.1 Como as mudanÁas na taxa de c‚mbio corrente afetam os 9<br />
retornos esperados<br />
1.5 Efeitos das alteraÁıes das taxas de juros sobre a taxa de c‚mbio 10<br />
corrente<br />
1.6 Definindo taxas reais de retorno 11<br />
1.6.1 Retornos reais antecipados 12<br />
1.7 Paridade dos juros n„o coberta x coberta 13
1.8 DiversificaÁ„o e as determinantes de ativos de risco 14<br />
1.8.1 O prÍmio de risco cambial e desvios do prÍmio futuro (forward) 15<br />
da taxa antecipada da depreciaÁ„o da moeda domÈstica<br />
1.8.2 PrÍmio pelo risco cambial e relaÁ„o entre o prÍmio futuro e a 16<br />
taxa de c‚mbio antecipada<br />
1.8.2.1 Survey-based approach 17<br />
1.8.2.2 Teoria das Expectavivas Racionais 18<br />
1.8.3 Heterogeneidade das expectativas no mercado cambial: tÈcnicos 18<br />
versus fundamentalistas<br />
1.8.3.1 TÈcnicos e mecanismos das expectativas adaptativas 19<br />
1.8.3.2 Fundamentalistas e paridade poder de compra 20<br />
1.8.4 Heterogeneity of expectations 21<br />
1.9 PrÍmio futuro e risco do prÍmio 24<br />
1.9.1 Tendenciosidade do prÍmio futuro na estimativa da taxa de 25<br />
c‚mbio futura<br />
1.9.2 Teste para a presenÁa do risco pelo prÍmio 26<br />
1.9.3 Erros de projeÁ„o e eficiÍncia de mercado 26<br />
2 BRASIL: DE ITAMAR FRANCO A LULA 29<br />
2.1 Governo Itamar Franco 29<br />
2.2 Governo Fernando Henrique Cardoso 34
2.2.1 Dificuldades do Plano Real 41<br />
2.3 Primeiro Governo Luiz In·cio Lula da Silva 44<br />
3 MODELOS ECONOM…TRICOS 50<br />
3.1 PerÌodo de janeiro de 1994 a dezembro de 1999 50<br />
3.1.1 Regress„o da taxa de c‚mbio calculada com trÍs perÌodos de 50<br />
defasagem, em funÁ„o da variaÁ„o das taxas de juros nominais (Brasil<br />
ñ EUA)<br />
3.1.2 Expectativa Adaptativa: regress„o da taxa de c‚mbio (t) em 53<br />
funÁ„o da taxa de c‚mbio no perÌodo anterior (t-1) e da variaÁ„o das<br />
taxas de juros nominais do Brasil e EUA no perÌodo anterior (t-1)<br />
3.2 PerÌodo de janeiro de 2000 a dezembro de 2006 54<br />
3.2.1 Regress„o da taxa de c‚mbio calculada com trÍs perÌodos de 54<br />
defasagem, em funÁ„o da variaÁ„o das taxas de juros nominais<br />
(Brasil ñ EUA)<br />
3.2.2 Expectativa Adaptativa: a regress„o da taxa de c‚mbio (t) em 55<br />
funÁ„o da taxa de c‚mbio no perÌodo anterior (t-1) e da variaÁ„o das<br />
taxas de juros nominais do Brasil e EUA no perÌodo anterior (t-1)<br />
CONCLUS O 57<br />
REFER NCIAS BIBLIOGR¡FICAS 61
LISTA DE FIGURA<br />
Figura 1 - Efeitos de mudanÁas na taxa de c‚mbio sobre a taxa de rendimento 11<br />
(dÛlar)
LISTA DE QUADROS<br />
Quadro 1 - Efeitos nas taxas de c‚mbio 4<br />
Quadro 2 - Taxa de c‚mbio dÛlar/DM hoje e rendimento esperado do solar 10<br />
sobre os depÛsitos em DM quando<br />
E$ /<br />
e<br />
DM <br />
US$<br />
0,<br />
747<br />
por DM.<br />
Quadro 3 - Taxas de inflaÁ„o ñ Brasil: Õndice Geral de PreÁos IGP-DI em 33<br />
% mensal<br />
Quadro 4 - Produto Interno Bruto (PIB) per capita (%) anual ñ Brasil 1994 35<br />
a 2007<br />
Quadro 5 - EvoluÁ„o da Taxa de Juros 36<br />
Quadro 6 - Saldo da BalanÁa Comercial FOB anual (1994-2006) em 39<br />
milhıes de dÛlares
LISTA DE GR¡FICOS<br />
Gr·fico 1 - Taxa de juros over Selic (1995-1999) (% ao mÍs), apÛs a 37<br />
implantaÁ„o do real em 1994<br />
Gr·fico 2 - Taxa de juros over Selic % a.m. x Taxa de c‚mbio R$/USD 46<br />
mensal entre de 2000 a 2006<br />
Gr·fico 3 - Saldo BalanÁo de pagamentos mensal entre 2000 e 2006 48
a.a. ñ ao ano<br />
a.m. ñ ao mÍs<br />
LISTA DE SIGLAS<br />
Aneel ñ AgÍncia Nacional de Energia ElÈtrica<br />
Bacen ñ Banco Central<br />
BC ñ BalanÁa Comercial<br />
BM&F ñ Bolsa de Mercadorias e Futuros<br />
BNDES ñ Banco Nacional de Desenvolvimento EconÙmico e Social<br />
Bovespa ñ Bolsa de Valores de S„o <strong>Paulo</strong><br />
BP ñ BalanÁo de Pagamentos<br />
CADE ñ Conselho Administrativo de Defesa EconÙmica<br />
CSN ñ Companhia Sider˙rgica Nacional<br />
CVRD ñ Companhia Vale do Rio Doce<br />
E ñ euro<br />
EUA = Estados Unidos da AmÈrica<br />
FHC ñ Fernando Henrique Cardoso<br />
FMI ñ Fundo Monet·rio Internacional<br />
FOB ñ Free on Board<br />
IDJ ñ Õndice Dow Jones
IGP-DI ñ Õndice Geral de PreÁos Disponibilidade Interna<br />
L ñ libra<br />
Mercosul ñ Mercado Comum do Sul<br />
NASDAQ ñ National Association of Securities Dealers Automated Quotations<br />
NYSE ñ New York Stock Exchange<br />
PAI ñ Programa de AÁ„o Imediata<br />
PIB ñ Produto Interno Bruto<br />
PPC ñ Paridade Poder de Compra<br />
PSDB ñ Partido da Social Democracia Brasileira<br />
PT ñ Partido dos Trabalhadores<br />
R$ - real<br />
URV ñ Unidade Real de Valor<br />
USD ñ dÛlar
RESUMO<br />
Ao longo desta monografia, o conceito da CondiÁ„o da Paridade de Juros Descobertos<br />
È estudado, com o objetivo de testar sua veracidade, atravÈs de modelos economÈtricos, no<br />
Brasil para dois perÌodos distintos.<br />
Esta teoria estabelece uma relaÁ„o entre a taxa esperada da taxa de c‚mbio brasileira, a<br />
taxa de c‚mbio real e as taxas de juros brasileira e americana.<br />
O primeiro perÌodo analisado, que vai de 1994 a 1999, tem como principal<br />
caracterÌstica o controle da taxa de c‚mbio pelo governo. O segundo perÌodo, entre 2000 e<br />
2006, ao contr·rio, È caracterizado por uma mudanÁa na polÌtica cambial, que passou a adotar<br />
um regime de c‚mbio flutuante.<br />
Ao longo dessa revis„o da histÛria econÙmica brasileira, as principais caracterÌsticas<br />
de cada governo e perÌodos s„o analisadas, passando por crises internacionais e os efeitos<br />
dessas para o Brasil e suas polÌticas cambiais.<br />
Os testes economÈtricos em ambos os perÌodos permitem verificar se h· ou n„o<br />
condiÁıes que corroboram a teoria.<br />
Foram elaborados dois testes para cada perÌodo, sendo que o primeiro, por falta de<br />
dados, substituiu a taxa de esperada para a taxa de c‚mbio real de trÍs perÌodos anteriores,<br />
gerando modelos que n„o puderam ser usados.<br />
O segundo modelo se baseou na Teoria das Expectativas Adaptativas e, segundo a<br />
an·lise desses testes, a teoria da Paridade de Juros Descobertos n„o pode ser comprovada para<br />
esses perÌodos, por causa da ausÍncia do fator risco.<br />
PorÈm, comparando os modelos das Expectativas Racionais dos dois perÌodos,<br />
percebe-se que no primeiro perÌodo, apesar de abranger um perÌodo de tempo menor, a taxa<br />
de c‚mbio podia ser melhor prevista, pois o c‚mbio era controlado pelo governo. Ou seja,<br />
analisando<br />
explica a teoria.<br />
2<br />
R ajustado, teste de Durbin-Watson e teste F, o primeiro modelo È o que melhor<br />
J· no segundo perÌodo, quando o governo adota uma polÌtica de c‚mbio flutuante, o<br />
modelo apresenta uma pequena piora, analisando<br />
bons.<br />
2<br />
R ajustado, teste de DW e teste F muito
INTRODU« O<br />
Um dos alicerces da macroeconomia moderna È a condiÁ„o da paridade de juros<br />
descobertos que expressa uma relaÁ„o entre a taxa esperada para a taxa de cambio brasileira, a<br />
taxa de cambio atual e as taxas de juros brasileira e americana.<br />
Esta hipÛtese vem sido testada em nÌvel internacional, com resultados ambÌguos.<br />
O objetivo do trabalho foi testar a condiÁ„o da paridade de juros descobertos para dois<br />
perÌodos recentes da economia brasileira. Ou seja, se a mudanÁa na polÌtica cambial em 1999,<br />
quando o Brasil abandonou o sistema de c‚mbio controlado e optou pelo de c‚mbio flexÌvel,<br />
ofereceu condiÁıes para a comprovaÁ„o da hipÛtese da paridade de juros descobertos.<br />
O primeiro vai de 1994 a 1999 e caracterizou-se pelo controle do governo sobre o<br />
c‚mbio. O segundo perÌodo abrange a alteraÁ„o recente da polÌtica cambial e caracterizado<br />
pela opÁ„o pelo c‚mbio flutuante. O teste nos dois perÌodos permite verificar se existem<br />
condiÁıes que corroboram a teoria em ambos os perÌodos ou n„o.<br />
Um segundo objetivo foi analisar os fatores que levaram o governo a mudar sua<br />
postura em relaÁ„o ao controle do c‚mbio, como tambÈm fazer uma an·lise macroeconÙmica<br />
do Brasil, tendo como pano de fundo a polÌtica cambial.<br />
A hipÛtese È que opÁ„o pelo c‚mbio flutuante, ao aumentar o risco, introduziu novos<br />
determinantes tornando mais difÌcil a corroboraÁ„o da hipÛtese da paridade de juros<br />
descobertos.<br />
… importante desenvolver o tema escolhido, para saber em que situaÁıes a condiÁ„o da<br />
paridade de juros descoberta pode ser usada. Como essa teoria expressa uma relaÁ„o entre a<br />
taxa esperada para a taxa de c‚mbio brasileira, a taxa de c‚mbio atual e as taxas de juros<br />
brasileira e americana, ela foi testada em dois perÌodos distintos da economia brasileira.<br />
Como a CondiÁ„o da Paridade de Juros Descobertas pode ser usada para nos ajudar a<br />
tomar decisıes sobre investimentos em outros paÌses, dado o montante a ser aplicado, a taxa<br />
de juros e o perÌodo, deve-se saber em que condiÁıes podemos us·-la, pois essa fÛrmula<br />
depende de uma taxa de c‚mbio futura, pois sÛ se podem analisar dois investimentos se<br />
estiverem em uma mesma moeda.<br />
1
Ent„o, a an·lise da veracidade dessa CondiÁ„o em dois perÌodos distintos È importante,<br />
pois como no primeiro perÌodo, que vai de 1994 atÈ 1999, o governo controlava o c‚mbio, era<br />
possÌvel fazer uma previs„o mais concreta da taxa de juros futura para se poder analisar os<br />
retornos dos montantes aplicados. PorÈm, depois deste perÌodo o governo passou a deixar o<br />
c‚mbio livre, ent„o, precisamos saber o quanto se pode confiar nesta CondiÁ„o para tomarmos<br />
nossas decisıes de investimento.<br />
2
1 PARIDADE DE JUROS DESCOBERTOS<br />
1.1 Taxa de c‚mbio<br />
Para EmÌlio Garofalo Filho 1 , c‚mbio È a troca, permuta, escambo de moedas de<br />
diferentes paÌses, no ‚mbito do mercado financeiro e de operaÁıes internacionais.<br />
… uma operaÁ„o financeira de troca (compra/venda) entre moedas, quase-moedas e<br />
papÈis que representam moedas de v·rios paÌses, no contexto do comÈrcio internacional,<br />
denominado mercado cambial.<br />
Para Paul Krugman e Maurice Obstfeld 2 , a taxa de c‚mbio È a comparaÁ„o entre o<br />
preÁo de duas moedas, podendo ser cotada com o preÁo da moeda em termos de dÛlar<br />
(USD/R$) ou como o preÁo do dÛlar em termos de reais (R$2,00/USD), ou seja, em termos<br />
diretos ou indiretos, respectivamente. Por exemplo, podemos computar o preÁo de algum bem<br />
brasileiro em termo da moeda norte americana quando possuÌmos a taxa de c‚mbio entre as<br />
moedas dos 2 paÌses:<br />
Taxa de c‚mbio: USD 0, 50 / R$<br />
Sapato: R $ 100,<br />
00<br />
USD 0,<br />
50<br />
PreÁo do sapato em dÛlar: R$ 100,<br />
00 USD 50,<br />
00<br />
R$<br />
As mudanÁas na taxa de c‚mbio podem ser descritas como:<br />
-DepreciaÁ„o (preÁo em dÛlares por reais cai, ou seja, preciso de menos dÛlares para<br />
comprar 1 real): USD 0, 25/<br />
R$<br />
, portanto, USD 25,<br />
00 .<br />
1 GAROFALO FILHO, Emilio. C‚mbios no Brasil. S„o <strong>Paulo</strong>: Cultura Editores Associados, 2000, p. 123.<br />
2 KRUGMAN, Paul R. e OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: Teoria e PolÌtica. 5. ed. S„o <strong>Paulo</strong>:<br />
Makron Books, 2001, p. 340.<br />
3
-ApreciaÁ„o (preÁo do real em relaÁ„o ao dÛlar sobe, depreciaÁ„o do dÛlar em relaÁ„o<br />
ao real): USD 0, 75 / R$<br />
, portanto, USD 75,<br />
00 .<br />
A taxa de c‚mbio permite que uma comparaÁ„o entre os preÁos em moeda domÈstica e<br />
os preÁos em moeda estrangeira seja feita, expressando-os em uma unidade monet·ria<br />
comum.<br />
Quadro 1 - Efeitos nas taxas de c‚mbio<br />
PreÁo relativo das<br />
exportaÁıes<br />
PreÁo relativo das<br />
importaÁıes<br />
DepreciaÁ„o Diminui aumenta<br />
ApreciaÁ„o Aumenta diminui<br />
Fonte: KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 341.<br />
No mercado de c‚mbio ocorrem trocas de moeda internacional e seus principais atores<br />
com suas respectivas funÁıes s„o:<br />
-IndivÌduos: turistas que compram moeda do paÌs onde est· (porÈm, em quantidade<br />
insignificante para esse mercado);<br />
-Bancos comerciais: depÛsitos banc·rios (dÈbito e crÈdito, principalmente de<br />
empresas) em moedas diferentes; negociaÁ„o interbanc·ria (comÈrcio de c‚mbio entre<br />
bancos);<br />
-Empresas: fazem e/ou recebem pagamentos em moedas dependendo do paÌs onde<br />
est„o sediadas;<br />
-InstituiÁıes financeiras n„o banc·rias: serviÁos de transaÁıes de c‚mbio, como fundos<br />
de pens„o negociadas em moedas estrangeiras;<br />
-Bancos centrais: as aÁıes dos bancos centrais indicam polÌticas macroeconÙmicas que<br />
podem afetar as taxas de c‚mbio.<br />
4
1.2 Taxas ‡ vista<br />
As taxas de c‚mbio ‡ vista s„o as que coordenam uma negociaÁ„o imediata, com atÈ 2<br />
dias de atraso devido ‡ demora para os sistemas das instituiÁıes compensarem os cheques, por<br />
exemplo. Ou seja, ainda para Paul Krugman e Maurice Obstfeld 3 , a liquidaÁ„o de uma<br />
negociaÁ„o ‡ vista ocorre atÈ dois dias ˙teis apÛs ser fechada.<br />
J· as operaÁıes liquidadas em uma data superior a 2 dias apÛs sua negociaÁ„o (30, 90,<br />
180 dias, anos), s„o chamadas taxas de c‚mbio futuras. Por exemplo, uma parte se<br />
compromete a vender L 100.<br />
000,<br />
00 por USD 1 , 55 / L , daqui a 30 dias, no final do perÌodo ir·<br />
valer USD 155.<br />
000,<br />
00 , ou seja, hoje ela vendeu libras a futuro e comprou dÛlares a futuro a<br />
uma taxa futura negociada hoje.<br />
Essas operaÁıes futuras s„o fechadas para evitar o risco de um importador brasileiro,<br />
por exemplo, n„o pagar mais que USD x / R$<br />
caso ocorra uma grande mudanÁa de c‚mbio<br />
(exemplos: swap de c‚mbio, contrato futuro, opÁ„o de c‚mbio).<br />
1.3 Taxas de c‚mbio e rendimentos dos ativos<br />
Quando um acionista analisa se ele investe em ativos estrangeiros ou domÈsticos, ele<br />
compara os retornos, e para isso, alÈm de levar em conta as taxas de retorno dos dois paÌses,<br />
ele considera a taxa esperada do preÁo da moeda estrangeira.<br />
3 Ibidem, p. 347<br />
4 Ibidem, p. 353<br />
Se, para um investidor americano, segundo Paul Krugman e Maurice Obstfeld 4 :<br />
-taxa de c‚mbio ìspotî entre dÛlar e libra È e 2USD<br />
/ L ;<br />
-taxa de juro da Inglaterra = 5% a.a.;<br />
-investimento inicial: USD 200.<br />
000,<br />
00 (ou L 100.<br />
000,<br />
00 )<br />
5
Ent„o, em um ativo de libra esterlina, no final de um perÌodo de um ano, receberia<br />
L 105.<br />
000,<br />
00 (ou USD 210.<br />
000,<br />
00 ), se o investidor acredita que a taxa de c‚mbio<br />
permanecer· a mesma. Portanto, h· um ganho de 5%<br />
PorÈm, se ele acha que a depreciaÁ„o no perÌodo do dÛlar contra a libra ser· de 3%, a<br />
taxa de c‚mbio n„o ser· mais 2 USD / L , e sim e 2,<br />
06 USD / L no final de um ano. Ou seja,<br />
reconvertendo para dÛlares, teria USD 216.<br />
300,<br />
00 , e o ganho passa a ser de 8%,<br />
representando os 5% do ganho de juros mais 3% do ganho da taxa de c‚mbio dada a<br />
depreciaÁ„o do dÛlar.<br />
i x i *<br />
e e<br />
x <br />
e<br />
Onde:<br />
Matematicamente, para Rivera Batiz 5 , tem-se:<br />
i = taxa de juros nacional<br />
i* = taxa de juros internacional<br />
x = taxa antecipada de depreciaÁ„o de moeda domÈstica<br />
e = taxa de c‚mbio esperada<br />
Para o investidor colocar seus ativos em investimentos internos, a taxa de retorno dos<br />
investimentos externos deve ser maior que a tava de retorno dos ativos estrangeiros, caso<br />
contr·rio, ele alocar· sua verba no exterior.<br />
Portanto, para comparar as taxas de rendimento oferecidas pelos depÛsitos em dÛlares<br />
e em euro, por exemplo, precisamos das taxas de juros oferecidas pelos depÛsitos nas duas<br />
moedas, a taxa de c‚mbio dÛlar/euro e a mudanÁa esperada nesta taxa no decorrer do perÌodo.<br />
Assim podemos comparar o preÁo em dÛlar hoje com seu valor, nessa mesma unidade<br />
monet·ria, apÛs o perÌodo.<br />
Se a taxa de c‚mbio hoje È USD 1 , 10 / E , e eu espero que daqui a um ano seja<br />
USD 1 , 165/<br />
E ; taxa iUSD 10% a.<br />
a.<br />
; taxa iE 5% a.<br />
a.<br />
5 RIVERA-BATIZ, Luis A.; RIVERA-BATIZ, Francisco L.. International Finance and Open Economy<br />
Macroeconomics. USA: Prentice-Hall. Inc., 1994, p. 130.<br />
6 KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 353.<br />
6<br />
6
eus<br />
E<br />
R<br />
R<br />
USA<br />
E<br />
100 1,<br />
1 110 USD<br />
1 E<br />
100 USD 90,<br />
91<br />
1,<br />
10<br />
90,<br />
91 E 1,<br />
05 <br />
95,<br />
45<br />
95,<br />
45<br />
E<br />
E<br />
1,<br />
165 USD<br />
E 111,<br />
2 USD<br />
1 E<br />
Portanto, mantenho minha riqueza na forma de depÛsitos em euro, pois, apesar de a<br />
i i , a expectativa de apreciaÁ„o do euro contra o dÛlar me proporciona um ganho de<br />
capital que faz com que os depÛsitos em euro apresentem maior rendimento.<br />
Usando a nomenclatura de Krugman e Obstfeld 7 :<br />
R taxa de juros anual dos depÛsitos em euro de 1 ano.<br />
E<br />
E / E<br />
$ dÛlares por euro (preÁo atual)<br />
E / E<br />
e<br />
$ dÛlares por euro (previs„o para um ano)<br />
R taxa de juros anual dos depÛsitos em dÛlar de 1 ano<br />
R<br />
R<br />
$<br />
EUA<br />
E<br />
100<br />
( 1<br />
R )<br />
$<br />
<br />
1 E <br />
100<br />
USD <br />
<br />
( 1<br />
RE<br />
) E<br />
<br />
E$<br />
( USD)<br />
<br />
<br />
<br />
Mas a demanda por ativos em moeda estrangeira n„o depende apenas do rendimento.<br />
Temos que levar em conta tambÈm risco e liquidez, que aparecem como fatores secund·rios<br />
na tomada de decis„o dos agentes.<br />
PorÈm, esta condiÁ„o da Paridade de Juros Descobertos pode falhar, pois as pessoas<br />
n„o conseguem ter uma previs„o perfeita das mudanÁas nas taxas de c‚mbio, ou seja, elas s„o<br />
imprevisÌveis e dependem da demanda e fornecimento de moedas estrangeiras e domÈsticas,<br />
comÈrcio internacional de bens, serviÁos e ativos, crescimento e inflaÁ„o. H· um grau de<br />
incerteza no comportamento futuro das taxas de c‚mbio, expressa pela fÛrmula:<br />
7 Ibidem, p. 354.<br />
e<br />
$ / E<br />
7
eà x eà<br />
Onde:<br />
u<br />
eà = taxa de crescimento da taxa de c‚mbio<br />
eà u = taxa de c‚mbio no tempo<br />
Substituindo x i i * , temos:<br />
eà ( i i*)<br />
eà<br />
u<br />
Para eliminarmos a incerteza dos movimentos da taxa futura de c‚mbio, podemos usar<br />
a taxa de c‚mbio forward, como se fosse uma aproximaÁ„o da depreciaÁ„o da taxa antecipada<br />
da moeda domÈstica:<br />
F e e e<br />
f x<br />
e e<br />
f = prÍmio forward<br />
e = taxa de c‚mbio atual (spot)<br />
Ent„o, se a taxa de c‚mbio antecipada do valor da moeda domÈstica sobre um dado<br />
perÌodo È o correspondente prÍmio forward, que representa a taxa esperada de mudanÁa da<br />
moeda domÈstica, na qual a paridade de juros descoberta i i*<br />
x pode ser transformada na<br />
condiÁ„o de paridade de juros coberta i i*<br />
f .<br />
1.4 Paridade dos juros: condiÁ„o b·sica de equilÌbrio<br />
Para Krugman e Obstfeld 8 , o equilÌbrio no mercado de c‚mbio ocorre quando h·<br />
paridade dos juros: ìO mercado de c‚mbio est· em equilÌbrio quando os depÛsitos de todas as<br />
moedas oferecem a mesma taxa de rendimento esperadaî.<br />
i<br />
i<br />
EUA<br />
E<br />
<br />
10%<br />
a.<br />
a.<br />
6%<br />
8 Ibidem, p. 357.<br />
a.<br />
a.<br />
8
taxa de depreciaÁ„o esperada em dÛlar em relaÁ„o ao euro = 8% em 1 ano<br />
Portanto, taxa de rendimento dos depÛsitos em euro = 4% a.a. maior que as taxas de<br />
rendimento dos depÛsitos em dÛlares. Ou seja, ninguÈm iria reter depÛsitos em dÛlares, e,<br />
quem j· possui, iria tentar se desfazer deles, havendo muita oferta de depÛsitos em dÛlar e<br />
muita demanda de depÛsitos em euro no mercado de c‚mbio.<br />
J· no caso de equilÌbrio, no qual a taxa de rendimento oferecida pelos depÛsitos em<br />
dÛlar e euro s„o iguais, os atores do mercado de c‚mbio retÍm qualquer um deles.<br />
Sendo assim,<br />
[...] apenas quando todas as taxas de rendimento esperadas forem iguais ñ isto È,<br />
quando a condiÁ„o da paridade dos juros ocorrer ñ n„o haver· oferta excedente de<br />
algum tipo de depÛsito nem demanda excedente por outro. O mercado de c‚mbio<br />
est· em equilÌbrio quando nenhum tipo de depÛsito tem excesso de demanda ou<br />
excesso de oferta. Portanto, podemos dizer que o mercado de c‚mbio est· em<br />
equilÌbrio quando ocorre a condiÁ„o da paridade dos juros 9<br />
1.4.1 Como as mudanÁas na taxa de c‚mbio corrente afetam os retornos esperados<br />
Quando h· apreciaÁ„o da moeda domÈstica, o retorno esperado nesta moeda sobre<br />
depÛsitos em moeda estrangeira aumenta.<br />
Paul Krugman e Maurice Obstfeld 10 utilizam o seguinte exemplo:<br />
e USD 1/ E (...) 1 ano (...) e USD 1,<br />
05 / E<br />
DepreciaÁ„o de 5% a.a. do dÛlar em relaÁ„o ao euro ( 1,<br />
05 1,<br />
00)<br />
0,<br />
05100<br />
5%<br />
Portanto, alÈm de receber juros, recebo tambÈm um ìbÙnusî de 5% quando faÁo um<br />
depÛsito em euro.<br />
Supondo agora<br />
e USD 1, 03/<br />
E (...) 1 ano (...) e USD 1,<br />
05 / E<br />
( 1,<br />
05 1,<br />
03)<br />
Ent„o, 1,<br />
9%<br />
1,<br />
03<br />
O ìbÙnusî que eu esperava receber passou de 5% para 1,9%, mas a R E continua,<br />
ent„o, o rendimento do dÛlar sobre depÛsitos em euro caiu.<br />
9 KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 358.<br />
10 Ibidem, p. 359.<br />
9
Quadro 2 - Taxa de c‚mbio dÛlar/DM hoje e rendimento esperado do solar sobre os<br />
depÛsitos em DM quando E$ / US$<br />
0,<br />
747<br />
e<br />
DM por DM.<br />
Taxa de c‚mbio Taxa de juros dos Taxa de Rendimento em dÛlar<br />
dÛlar/DM hoje<br />
E $ / DM<br />
depÛsitos DM<br />
R DM<br />
depreciaÁ„o<br />
esperada em dÛlar<br />
em<br />
0, 747 <br />
E<br />
E<br />
$ / DM<br />
$ / DM<br />
0,771 0,05 -0,03 0,02<br />
0,747 0,05 0,00 0,05<br />
0,732 0,05 0,02 0,07<br />
0,722 0,05 0,035 0,085<br />
0,712 0,05 0,05 0,10<br />
Fonte: KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 359.<br />
dos depÛsitos em DM<br />
R<br />
DM<br />
0, 747 E<br />
<br />
E<br />
$ / DM<br />
$ / DM<br />
Segundo este quadro, podemos concluir que quando h· aumento na taxa de c‚mbio<br />
USD / E de hoje, o rendimento esperado em dÛlares sobre depÛsitos em euro diminui.<br />
Portanto, se o dÛlar hoje sofre depreciaÁ„o, passa a ser depreciado em menor<br />
quantidade para atingir o nÌvel futuro desejado, pois a taxa de juros n„o muda, tornando<br />
menos atrativos os depÛsitos em euro em comparaÁ„o com os depÛsitos em euro em<br />
comparaÁ„o com os depÛsitos em dÛlares.<br />
Para a paridade dos juros se manter, ajustes nas taxas de c‚mbio s„o necess·rios.<br />
1.5 Efeitos das alteraÁıes das taxas de juros sobre a taxa de c‚mbio corrente<br />
O aumento da i EUA faz com que o dÛlar se aprecie em relaÁ„o ‡ outra moeda.<br />
10
Figura 1 ñ Efeitos de mudanÁas na taxa de c‚mbio sobre a taxa de rendimento<br />
(dÛlar)<br />
Taxa de c‚mbio<br />
1<br />
e EUA<br />
2<br />
e EUA<br />
Fonte: KRUGMAN, OBSTFELD, 2001, p. 363.<br />
(1) esse aumento na taxa de juros oferecida para depÛsito em dÛlares provoca uma<br />
apreciaÁ„o do dÛlar (2).<br />
Os indivÌduos possuem avers„o ao risco, ent„o, a comparaÁ„o entre ativos estrangeiros<br />
e domÈsticos n„o dependem apenas de seus retornos esperados.<br />
Preferimos ativos com menos variabilidade, mesmo quando apresentam retornos<br />
esperados iguais. AlÈm deste risco e do risco polÌtico h· o risco cambial, que apresenta um<br />
grande peso na tomada de decis„o de portfÛlio do investidor internacional.<br />
1.6 Definindo taxas reais de retorno<br />
Rendimento em USD<br />
1<br />
i EUA<br />
(2)<br />
(1)<br />
2<br />
i EUA<br />
Krugman e Maurice Obstfeld afirmam que os investidores estrangeiros se preocupam<br />
com a taxa de juro real que o ativo oferece:<br />
Expectativa de rendimentos em euro<br />
Taxa de rendimento<br />
(dÛlar)<br />
A taxa de juro nominal (domÈstica) È a taxa de retorno de qualquer dado ativo<br />
em termos de moeda domÈstica. [...] A taxa de juros real (domÈstica), por<br />
11
outro lado, È a taxa de retorno de qualquer dado ativo em termos de poder de<br />
compra em bens domÈsticos. 11<br />
Com isso, Rivera Batiz 12 chega ‡ seguinte conclus„o que:<br />
r i Pà<br />
Onde:<br />
r = taxa de retorno real sobre ativos domÈsticos<br />
i = taxa de juros nominal domÈstica<br />
P à = taxa de inflaÁ„o<br />
PorÈm, o investidor tambÈm leva em conta o retorno real ganho para manter os ativos<br />
estrangeiros descobertos. Sendo assim:<br />
r*<br />
i * eà<br />
Pà<br />
r * = taxa real de retorno na exploraÁ„o de ativos estrangeiros descobertos<br />
i * = taxa de juros nominal sobre o ativo estrangeiro<br />
eà = taxa proporcional de crescimento da taxa de c‚mbio<br />
P à = inflaÁ„o domÈstica<br />
1.6.1 Retornos reais antecipados<br />
Mas n„o podemos ter certeza de qual ser· a inflaÁ„o domÈstica no futuro, portanto È<br />
necess·rio fazer uma previs„o da taxa de juros real esperada:<br />
r i <br />
<br />
(EquaÁ„o de Irving Fisher)<br />
r = taxa de juros real esperada<br />
= taxa de inflaÁ„o esperada<br />
Essa equaÁ„o apresenta um risco de inflaÁ„o, ou seja, uma incerteza quanto ‡ taxa de<br />
inflaÁ„o futura. Ent„o, os ativos domÈsticos apresentam uma taxa de retorno imprevisÌvel,<br />
assim como a taxa de retorno real de investimentos descobertos estrangeiros, pois a inflaÁ„o<br />
futura n„o pode ser prevista com certeza e porque o c‚mbio È flutuante.<br />
A soluÁ„o È o investidor fazer uma previs„o do comportamento da inflaÁ„o e da taxa<br />
de c‚mbio. Ent„o, o retorno real esperado sobre investimentos estrangeiros descobertos È o<br />
11 Ibidem, p. 360.<br />
12 RIVERA-BATIZ, p. 134.<br />
12
ganho nominal de juros mais o ganho antecipado de c‚mbio estrangeiro, ajustado pela taxa de<br />
inflaÁ„o domÈstica antecipada.<br />
r* i x <br />
1.7 Paridade dos juros n„o coberta x coberta<br />
Paridade Coberta dos Juros, para Paul Krugman e Maurice Obstfeld 13 :<br />
-Taxa de c‚mbio futura È sempre igual ‡ taxa de c‚mbio ‡ vista que se espera<br />
prevalecer na data do contrato futuro.<br />
-Taxa de c‚mbio ‡ vista futuro.<br />
-evita a possibilidade de uma depreciaÁ„o inesperada do euro.<br />
-eu ìcubroî uma operaÁ„o quando eu quero ter certeza da quantidade de dÛlares que<br />
vou receber no final do perÌodo de um depÛsito em euro que eu comprei com dÛlares. Eu faÁo<br />
isso comprando um depÛsito em euro e vendendo os ganhos futuros dessa operaÁ„o. A<br />
paridade coberta de juros exige que as taxas de rendimento de um depÛsito em USD e os<br />
depÛsitos estrangeiros ìcobertosî sejam as mesmas, as mudanÁas nas taxas ‡ vista e futura (no<br />
mesmo prazo) devem ser proporcionais uma em relaÁ„o ‡ outra.<br />
CondiÁ„o da Paridade Coberta de Juros<br />
R<br />
$<br />
R<br />
E<br />
( F<br />
Onde<br />
( F<br />
<br />
$ / E<br />
E<br />
$ / E<br />
E<br />
$ / E<br />
E<br />
E<br />
$ / E<br />
$ / E<br />
$ / E<br />
)<br />
)<br />
È o prÍmio futuro do euro em relaÁ„o ao dÛlar<br />
( ou desconto futuro em dÛlares em relaÁ„o aos euros)<br />
CondiÁ„o da Paridade de Juros N„o Coberta<br />
R<br />
R<br />
13 Ibidem, p. 371.<br />
$<br />
E<br />
e<br />
( E$<br />
/ E E<br />
<br />
E<br />
$ / E<br />
$ / E<br />
)<br />
13
As condiÁıes (de juros coberta e a de juros n„o coberta) podem ser verdadeiras<br />
simultaneamente se<br />
e<br />
F $ / E E$<br />
/ E .<br />
1.8 DiversificaÁ„o e as determinantes de ativos de risco<br />
DiferenÁas no risco de inflaÁ„o entre paÌses geram diferenÁas nos retornos reais de<br />
investimentos estrangeiros domÈsticos e estrangeiros descobertos. Ou seja, investidores com<br />
avers„o ao risco, preferem diversificar seu portfÛlio, mantendo ativos e moedas tanto<br />
estrangeiras quanto domÈsticas.<br />
Aqueles que possuem avers„o ao risco desejariam um prÍmio de risco para compensar<br />
quando h· aumento do risco de operaÁıes descobertas. PorÈm, se o empreendedor j· mantÈm<br />
seus ativos em portfÛlios com alto risco, e os investimentos diminuem este risco, ele associa a<br />
um prÍmio de risco negativo, ou seja, um desconto, pois pagam certo valor para obter essa<br />
reduÁ„o.<br />
Quanto maior a covari‚ncia negativa entre retornos sobre ativos domÈsticos e<br />
estrangeiros ñ ou seja, quanto maior for o grau em que as suas variaÁıes se<br />
contrabalanceiam ñ menor ser· a variabilidade do portfÛlio do investidor e,<br />
conseq¸entemente, maior o desconto do risco sobre ativos estrangeiros. 14<br />
O prÍmio de risco de um ativo estrangeiro È composto por trÍs fatores:<br />
- covari‚ncia entre retornos domÈsticos e estrangeiros;<br />
- a magnitude do prÍmio de risco varia de acordo com os retornos reais da comparaÁ„o<br />
entre ativos estrangeiros e domÈsticos;<br />
- quanto menor a variabilidade relativa dos retornos de ativos estrangeiros, menor o<br />
prÍmio de risco.<br />
Se a avers„o ao risco È mais alta, os investidores desejam maior retorno para tomar<br />
este risco (quanto maior a avers„o ao risco, maior o prÍmio).<br />
14 Ibidem, p. 140.<br />
14
1.8.1 O prÍmio de risco cambial e desvios do prÍmio futuro (forward) da taxa antecipada da<br />
depreciaÁ„o da moeda domÈstica<br />
O prÍmio de risco cambial tem forte ligaÁ„o com o mercado forward, e, portanto, no<br />
prÍmio forward, pois como h· riscos diferentes, h· uma discrep‚ncia entre o retorno sobre<br />
investimentos estrangeiros descobertos ( i * x)<br />
e cobertos ( i * f ) , de acordo com Rivera<br />
Batiz 15 .<br />
Se o risco de portfÛlio cresce com investimentos estrangeiros, os retornos esperados<br />
sobre investimentos estrangeiros descobertos s„o maiores que retornos de investimentos<br />
cobertos pela quantia do prÍmio de risco. Isso acontece para compensar o alto risco tomado<br />
pelo investidor cauteloso.<br />
Tanto o investimento coberto quanto o descoberto oferecem os mesmos ganhos, pois a<br />
taxa de juros estrangeira (i *) È a mesma. PorÈm, o retorno esperado n„o È o mesmo, pois a<br />
taxa antecipada de depreciaÁ„o da moeda domÈstica x (ganho de c‚mbio esperados de manter<br />
ativos estrangeiros descobertos) e o prÍmio forward f (ganho de c‚mbio por possuir ativos<br />
estrangeiros cobertos) divergem.<br />
Ent„o, por causa desta diferenÁa, temos que:<br />
x f <br />
forward f .<br />
R<br />
R prÍmio de risco ou desconto de operaÁıes descobertas<br />
Pois, para haver equilÌbrio no mercado financeiro, x est· excedida pelo prÍmio<br />
R È positivo quando os investimentos estrangeiros aumentam o risco do portfÛlio do<br />
empreendedor. O que pede um ganho cambial x de investimentos descobertos maior que o<br />
ganho cambial de investimentos cobertos f para que o R compense os investidores<br />
cautelosos pelo crescimento do risco tomado.<br />
Se R È negativo, os investimentos estrangeiros descobertos reduziram o risco tomado,<br />
gerando um ganho cambial de investimentos cobertos f maior que o ganho cambial<br />
antecipado de investimentos estrangeiros descobertos, x , pelo desconto de risco.<br />
R È zero quando f se iguala ‡ taxa de depreciaÁ„o antecipada da moeda nacional<br />
(quando o risco do portfÛlio n„o apresenta alteraÁıes).<br />
15 Ibidem, p. 141.<br />
15
O prÍmio pelo risco cambial faz com que f e x n„o sejam iguais, e isso faz com que<br />
a validade da paridade de juros cobertos n„o seja comparada com a validade da paridade de<br />
juros descobertos:<br />
x f R<br />
i i*<br />
<br />
f<br />
Substituindo, temos:<br />
x R i i *<br />
A paridade de juros descoberta i i*<br />
x apresenta desvios quando h· um premio de<br />
risco ou desconto.<br />
Dado i e quanto maior R , maior teria que ser i * para compensar o alto risco de<br />
investimentos descobertos.<br />
Concluindo, [...] diferenciais da taxa de juros pode ent„o refletir mudanÁas na taxa<br />
cambial esperada (atravÈs de x) ou prÍmios de risco (ou descontos) sobre ativos estrangeiros<br />
(atravÈs de R). 16<br />
1.8.2 PrÍmio pelo risco cambial e relaÁ„o entre o prÍmio futuro e a taxa de c‚mbio<br />
antecipada<br />
A expectativa da taxa de apreciaÁ„o ou depreciaÁ„o da taxa de c‚mbio È dada como a<br />
soma do prÍmio futuro mais o prÍmio pelo risco.<br />
H· equilÌbrio no mercado financeiro quando essa igualdade for verdadeira, ou seja,<br />
quando a taxa de apreciaÁ„o cambial antecipada excede, ou È excedida pelo prÍmio futuro<br />
( f ) e seu risco ( R ).<br />
x f <br />
R<br />
x = taxa antecipada de c‚mbio<br />
f = forward prÍmio (prÍmio futuro)<br />
R = risk premium (risco do prÍmio)<br />
16 RIVERA BATIZ, 1994, p. 142.<br />
16
Com base nos estudos de Rivera Batiz 17 , R È positivo quando o investimento<br />
estrangeiro aumenta o risco do portfÛlio do investidor. Neste caso, a diferenÁa cambial ganha<br />
em operaÁıes descobertas deve exceder o c‚mbio esperado de operaÁıes cobertas pelo risco,<br />
para compensar o investidor pelo risco corrido.<br />
PorÈm, se R È negativo, significa que um investimento diminui o risco do portfÛlio.<br />
Mas, por causa do risco, o prÍmio f de uma operaÁ„o coberta excede a taxa de c‚mbio<br />
antecipada de investimentos descobertos, x .<br />
R 0 : x <br />
R 0 : x <br />
R 0 : x <br />
f<br />
f<br />
f<br />
R 0 quando o prÍmio futuro, f , È igual ‡ taxa de c‚mbio esperada.<br />
Se R È significantemente diferente de zero, o prÍmio futuro ( f ) e a taxa esperada ( x )<br />
n„o s„o iguais, e como resultado, a primeira n„o pode ser usada como base para que a segunda<br />
seja estimada.<br />
Para calcular o quanto o f desvia do x e calcular a signific‚ncia do R para explicar<br />
esses desvios, a maneira como a expectativa da taxa de c‚mbio È especificada deve ser<br />
entendida. H· duas aproximaÁıes para isso:<br />
1.8.2.1 Survey-based approach<br />
Usa a taxa de c‚mbio esperada atualmente, fornecida por profissionais do mercado<br />
financeiro, ou por empresas de serviÁo financeiro que inspecionam esses indivÌduos.<br />
Para Rivera Batiz 18 , Esses dados obtidos da expectativa da taxa de c‚mbio podem ser<br />
usados diretamente na equaÁ„o x f R , em combinaÁ„o com o prÍmio futuro, f , para<br />
determinar, como resÌduo, o prÍmio pelo rico, R . Simbolicamente, o prÍmio do risco, R , È<br />
igual ‡ diferenÁa da antecipaÁ„o da apreciaÁ„o da moeda e o prÍmio futuro, f .<br />
R x <br />
17 Ibidem, p. 146.<br />
18 Ibidem, p. 147.<br />
f<br />
17
Para fornecer uma estimativa do R , obtemos uma estimativa de x pelo ìsurvey dataî;<br />
o valor de f pode ser calculado a partir das projeÁıes do mercado.<br />
Por exemplo, de outubro/1984 a fevereiro/1986, a libra era esperada a depreciar<br />
11,91% frente ao dÛlar ( x 11,<br />
91),<br />
porÈm, no final do perÌodo foi verificada uma<br />
depreciaÁ„o de apenas 3,85% ( f 3,<br />
85),<br />
e o risco foi de 8,06% nesta operaÁ„o descoberta.<br />
R x f<br />
R ( 11,<br />
91)<br />
( 3,<br />
85)<br />
R 8,<br />
06%<br />
A relaÁ„o entre o prÍmio futuro da taxa de c‚mbio e sua expectativa de apreciaÁ„o È<br />
fr·gil por causa da presenÁa do prÍmio pelo risco. AlÈm disso, o vÌnculo entre f e x È<br />
complicado, pois o prÍmio pelo risco apresenta variaÁıes significativas ao longo do tempo.<br />
A utilizaÁ„o da mÈdia das expectativas dos ìsurveysî supıe a existÍncia de um<br />
consenso entre os investidores no mercado em relaÁ„o ‡s taxas de c‚mbio esperadas. Isso<br />
acontece, pois ìsurveysî indicam que h· uma variaÁ„o entre a expectativa da taxa de c‚mbio e<br />
o modo que essas amostras individuais fazem essa expectativa.<br />
1.8.2.2 Teoria das Expectavivas Racionais<br />
Ao contr·rio, n„o se baseia na medida geral da expectativa da taxa de c‚mbio, mas<br />
assume que investidores no mercado seguem implicaÁıes de expectativas da chamada ìteoria<br />
das expectativas racionaisî 19 .<br />
1.8.3 Heterogeneidade das expectativas no mercado cambial: tÈcnicos versus<br />
fundamentalistas<br />
Dados ìsurveyî sugerem que h· dois tipos de especuladores e investidores no mercado<br />
de c‚mbio: tÈcnicos e fundamentalistas.<br />
19 Ibidem, p. 148.<br />
18
1.8.3.1 TÈcnicos e mecanismos das expectativas adaptativas<br />
Uma an·lise tÈcnica consiste em observar o comportamento recente das taxas de<br />
c‚mbio no mercado e, a partir dessas informaÁıes, construir gr·ficos, elaborar tabelas que<br />
possam ser usadas para prever o comportamento futuro das taxas de c‚mbio. Geralmente<br />
essas previsıes s„o feitas para um futuro prÛximo. Por mais que analistas tÈcnicos usem uma<br />
ampla variedade de tÈcnicas de previs„o, eles tendem a confiar mais no mecanismo das<br />
expectativas adaptativas.<br />
Um conceito b·sico por tr·s desse mecanismo È que indivÌduos usam informaÁıes<br />
relacionadas com erros de previsıes do passado para revisar, corrigir as expectativas.<br />
Usando a nomenclatura de Rivera Batiz 20 , os erros das previsıes passadas s„o usados<br />
para determinar a taxa de c‚mbio antecipada x t . A previs„o para a futura taxa de c‚mbio 1 t<br />
È feita no tempo t . O analista tÈcnico forma a expectativa olhando previsıes passadas e<br />
comparando-as com a taxa de c‚mbio atual.<br />
Supondo que no passado, t 1,<br />
o analista fez uma previs„o para o tempo atual t ,<br />
temos que a taxa de c‚mbio esperada entre t 1<br />
e t :<br />
<br />
e1<br />
e <br />
t1<br />
xt<br />
1 E A.<br />
<br />
t 1<br />
e <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
t1<br />
<br />
e1<br />
et<br />
1<br />
diferencial<br />
da taxa de c‚mbio entre ( t 1)<br />
e ( t)<br />
e<br />
E<br />
t1<br />
t 1<br />
foi formada no perÌodo ( t 1)<br />
A<br />
expectativa<br />
feita pelo investidor,<br />
analista ( A:<br />
expectativas<br />
adaptativas)<br />
Se a atual taxa de c‚mbio do perÌodo 1<br />
t ao perÌodo t È denotada como t1<br />
19<br />
Í , o<br />
analista ir· compar·-la a x t1<br />
. De acordo com a diferenÁa entre a expectativa passada e a taxa<br />
de c‚mbio atual, o investidor define, hoje, a taxa de c‚mbio esperada no futuro t 1.<br />
20 Ibidem, p. 150.<br />
A expectativa de hoje t para o futuro t 1<br />
È descrita como:<br />
<br />
e <br />
11<br />
et<br />
x <br />
<br />
<br />
<br />
t E A.<br />
t<br />
<br />
et
Segundo a teoria das expectativas adaptativas, o analista forma sua futura expectativa<br />
de acordo com:<br />
xt xt1<br />
.(<br />
Ít<br />
1<br />
xt1<br />
coeficiente<br />
positivo<br />
)<br />
entre zero e<br />
1<br />
Se Í x 0 , a expectativa de c‚mbio para o perÌodo seguinte È revisada para<br />
t1<br />
t1<br />
cima, ou seja, x x 0 .<br />
1 t t<br />
O par‚metro indica o quanto a expectativa do c‚mbio È ajustada levando em conta<br />
erros passados.<br />
Se È muito prÛximo de zero, expectativas n„o s„o ajustadas de um modo<br />
significante, e t x permanece prÛximo de x t1<br />
. Mas se È prÛximo de 1, a expectativa da taxa<br />
de c‚mbio de t para t 1È<br />
revisada para quase igual ‡ taxa de c‚mbio observada mais<br />
recentemente, Í t1<br />
. Se =1, t Ít<br />
1<br />
‡ expectativa passada x t1<br />
.<br />
t 1<br />
È:<br />
20<br />
x , e, neste caso, a expectativa presente, x t , n„o ir· relatar<br />
A partir da ˙ltima equaÁ„o, a express„o para a expectativa da taxa de c‚mbio de t a<br />
x<br />
t<br />
E<br />
A<br />
Í t<br />
.<br />
( 1<br />
).<br />
x<br />
t<br />
t1<br />
<br />
Í<br />
t 1<br />
Ou seja, a expectativa de apreciaÁ„o cambial no perÌodo de t a t 1<br />
È baseada no<br />
resultado mÈdio da 1<br />
t a t , t1<br />
x , e a atual taxa de 1<br />
Í .<br />
t a t , t1<br />
Essa teoria das expectativas adaptativas sofre crÌticas, pois n„o considera mudanÁas<br />
bruscas e repentinas, se baseia apenas em dados histÛricos passados. Ou seja, n„o leva em<br />
conta, ignora informaÁıes p˙blicas relevantes que influenciam as taxas de c‚mbio.<br />
1.8.3.2 Fundamentalistas e paridade poder de compra<br />
Ao contr·rio dos ìchartistsî, fundamentalistas n„o olham para taxas de c‚mbio<br />
passadas para preverem as taxas de c‚mbio futuras. H· diferentes modelos usados pelos
fundamentalistas para preverem uma expectativa cambial, e, uma delas, frequentemente<br />
usada, incorpora a noÁ„o de PPC como guia para especular movimentos na taxa de c‚mbio.<br />
Fundamentalistas que mantÈm preÁos domÈsticos relacionados com preÁos<br />
internacionais atravÈs da PPC, eventualmente ir„o predominar para que os movimentos das<br />
taxas de c‚mbio tendam a refletir taxas de inflaÁ„o relativas. Por essa raz„o, fundamentalistas<br />
PPC¥s calculam os movimentos da taxa de c‚mbio que ser„o consistentes com a vers„o<br />
relativa da PPC ao longo do tempo e as usa para prever mudanÁas nas taxas de c‚mbio. As<br />
condiÁıes da vers„o relativa da PPC que mudam a taxa de c‚mbio em certo perÌodo t s„o<br />
iguais ao diferencial entre inflaÁ„o domÈstica e a inflaÁ„o de outro paÌs, o qual o valor da<br />
moeda est· sendo avaliada. Simbolicamente, PPC, para Rivera Batiz 21 :<br />
Í Pà<br />
Pà<br />
t<br />
t<br />
*<br />
t<br />
Í taxa de c‚mbio entre t 1<br />
e t<br />
t<br />
P à inflaÁ„o domÈstica entre t 1<br />
e t<br />
t<br />
à t<br />
*<br />
P inflaÁ„o externa entre t 1<br />
e t<br />
Portanto, a expectativa da taxa de c‚mbio de t a t 1<br />
È tida como:<br />
t<br />
F<br />
*<br />
Í t<br />
<br />
x E <br />
t<br />
t<br />
t<br />
EF Ít t<br />
taxa de c‚mbio esperada pelos fundamentalistas, de t a t 1<br />
expectativa da inflaÁ„o domÈstica de t a t 1<br />
t<br />
expectativa da inflaÁ„o externa de t a t 1<br />
*<br />
t<br />
Para tanto, fundamentalistas devem informar taxas de inflaÁ„o domÈstica e externa<br />
para utilizar a relaÁ„o da PPP.<br />
1.8.4 Heterogeneity of expectations<br />
O mercado de c‚mbio È representado por dois grupos de agentes, investidores:<br />
tÈcnicos e os fundamentalistas. Simbolizando as expectativas cambiais dos primeiros como<br />
21 Ibidem, p. 151.<br />
21
sendo x A e os segundos como x F , temos o mercado de c‚mbio, x M , representado, na obra de<br />
Rivera Batiz 22 , como:<br />
x<br />
M<br />
<br />
x<br />
F<br />
E<br />
1<br />
<br />
F<br />
( 1<br />
)<br />
x<br />
Í t ( 1<br />
)<br />
E Í t <br />
proporÁ„o de<br />
t<br />
fundamentalistas<br />
proporÁ„o de chartists<br />
A<br />
A<br />
t<br />
no mercado<br />
no mercado<br />
Um problema È que n„o consegue ser determinado, ou seja, n„o h· como calcular a<br />
parcela do mercado formada por fundamentalistas e por tÈcnicos.<br />
Rivera Batiz 23 analisa que, segundo Milton Friedman, investidores que apresentam<br />
expectativas erradas sistematicamente (conhecidos como noise traders), tendem a n„o<br />
sobreviver no mercado competitivo, pois, na mÈdia, eles tornar„o as perdas de seus erros<br />
sistem·ticas. Na mesma linha de estudo, os economistas J. A. Frankel e K. A. Froot e tambÈm<br />
Rivera Batiz, argumentam que se os fundamentalistas apresentam erros e perdas constantes e<br />
os tÈcnicos acertos e ganhos, com o tempo sÛ restar· esse segundo grupo no mercado. PorÈm,<br />
demoraria um longo perÌodo de tempo para um grupo desaparecer, mesmo porque, segundo<br />
W. C. Field, um novo investidor para sustentar o grupo de noise traders aparece a cada<br />
momento no mercado.<br />
Quando dados confi·veis de expectativas n„o s„o fornecidos, disponibilizados, os<br />
investidores devem procurar pelo melhor mÈtodo de previs„o disponÌvel para eles. Ou seja,<br />
devem criar suas prÛprias projeÁıes, e como n„o s„o ignorantes, tomam essa decis„o de forma<br />
racional e com base em informaÁıes ‡s quais possuem acesso.<br />
Na teoria das expectativas racionais o ser humano baseia suas aÁıes com base nas<br />
expectativas de mudanÁa das vari·veis ao seu redor.<br />
H· dois tipos b·sicos de formaÁ„o das expectativas que foram examinadas, estudadas<br />
no ‚mbito das finanÁas internacionais e da literatura macroeconÙmica aberta: a Teoria das<br />
Expectativas Adaptativas e a Teoria das Expectativas Racionais.<br />
22 Ibidem, p. 153.<br />
23 Ibidem, p. 153.<br />
22
A expectativa tÈcnica È um exemplo de expectativa adaptativa, que assume formar<br />
previsıes com base no que ocorreu no passado.<br />
Ao contr·rio, um indivÌduo que se baseia nas expectativas racionais procura<br />
informaÁıes ao seu redor e, imediatamente, as incorpora em suas decisıes, podendo ser<br />
modificada assim que receber novos dados e notÌcias. O indivÌduo incorpora toda informaÁ„o<br />
sistem·tica e relevante disponÌvel para formar suas expectativas, e È expresso por Rivera<br />
Batiz 24 como:<br />
X I <br />
X R ER<br />
t1<br />
R<br />
t<br />
X È definido como o valor que a vari·vel X È esperada a ter no tempo t 1,<br />
dadas<br />
as informaÁıes disponÌveis no tempo t , simbolizado como I t .<br />
Para o perÌodo de t a t 1,<br />
temos:<br />
X E<br />
Rt<br />
R<br />
X I <br />
t<br />
t<br />
Os erros cometidos por projeÁıes das expectativas racionais s„o obtidos atravÈs da<br />
comparaÁ„o da previs„o da taxa de c‚mbio com a atual taxa de c‚mbio, representado como:<br />
Í<br />
Í<br />
ut<br />
ut<br />
x<br />
Rt<br />
Í<br />
t<br />
erro de um componente n„o antecipado da taxa de c‚mbio de t a t<br />
Os erros, nas expectativas racionais, n„o s„o sistÍmicos.<br />
Para visualizar como a hipÛtese das expectativas racionais pode ser usada para testar a<br />
presenÁa de um prÍmio pelo risco, podemos substituir a fÛrmula da expectativa de<br />
depreciaÁ„o da moeda, x f R , nesta ˙ltima equaÁ„o, o que nos leva ‡:<br />
24 Ibidem, p. 153.<br />
1<br />
23
Í x<br />
x<br />
Í<br />
t<br />
<br />
componente antecipado :<br />
R<br />
<br />
Í<br />
f R Í<br />
et<br />
1<br />
et<br />
Ít<br />
:<br />
e<br />
Rt<br />
ut<br />
prÍmio pelo risco deste<br />
f prÍmio futuro<br />
t<br />
t<br />
Rt<br />
t<br />
t<br />
ut<br />
t<br />
ut<br />
atual depreciaÁ„ o da moeda,<br />
entre o tempo t e t 1<br />
perÌodo<br />
componente n„o antecipado ( taxa de c‚mbio n„o antecipada do perÌodo t ao t<br />
Mas a teoria das expectativas racionais possui algumas propriedades:<br />
1) Dado que os erros de projeÁıes s„o feitos quando as expectativas s„o<br />
racionais e n„o sistÍmicas, o termo do erro seria, na mÈdia, igual a zero, pois<br />
representa dist˙rbios irregulares, afetando a taxa de c‚mbio. Se pegarmos<br />
uma sÈrie de erros de projeÁıes, podemos obter dados super e subestimados<br />
de taxas de c‚mbio, mas n„o erros sistÍmicos para cima ou para baixo.<br />
2) A ausÍncia de erros de previs„o sistem·ticos implica que, na mÈdia, a<br />
expectativa racional X R ser· igual ao atual movimento da taxa de c‚mbio<br />
Í .<br />
1.9 PrÍmio futuro e risco do prÍmio<br />
Para se determinar a influÍncia do prÍmio futuro e o papel do prÍmio pelo risco em<br />
mercados de c‚mbio, podemos considerar a seguinte equaÁ„o utilizada por Rivera Batiz 25 :<br />
25 Ibidem, p. 154.<br />
Í R error<br />
t a0<br />
a1<br />
ft<br />
a2<br />
t<br />
t<br />
24<br />
1
E testar se os coeficientes 0 a , a 1 e a 2 dos dados da amostra do perÌodo analisado s„o<br />
os postulados pela hipÛtese incorporados pela equaÁ„o anterior: a 0 , pois naquela equaÁ„o<br />
n„o h· termo constante, 1 1<br />
a e a 1.<br />
2 <br />
1.9.1 Tendenciosidade do prÍmio futuro na estimativa da taxa de c‚mbio futura<br />
Para determinar se o prÍmio futuro È um estimador n„o tendencioso da futura taxa de<br />
c‚mbio, deve apresentar dados est·veis. Assim, a ˙ltima equaÁ„o pode ser descrita,<br />
modificada para:<br />
Í error<br />
t a0<br />
a1<br />
f1<br />
t<br />
Onde 0 a e a 1 s„o coeficientes postulados pela hipÛtese n„o-tendenciosa do prÍmio<br />
futuro, no qual 0 a = 0 e a 1 = 1 deve ser testada.<br />
H· evidÍncias que mostram que a hipÛtese n„o-tendenciosa do prÍmio futuro n„o È<br />
suportada pelos dados, pois quando estimados (usando taxas de c‚mbio spot e forward), os<br />
coeficientes 0 a e a 1 s„o diferentes dos postulados pela hipÛtese.<br />
Essa falha empÌrica nos resultados do prÍmio futuro n„o-tendencioso, nos leva ‡<br />
pensar em prÈ-condiÁıes que devem ser assumidas para que o resultado n„o-tendenciosos seja<br />
obtido. Como notado anteriormente, o c‚mbio futuro È uma projeÁ„o n„o-tendenciosa baseada<br />
na hipÛtese que o prÍmio pelo risco È zero, e feita por participantes no mercado que usam a<br />
expectativa racional. Portanto, a falta de suporte empÌrico nesta explicaÁ„o È conseq¸Íncia<br />
que um risco pelo prÍmio diferente de zero, o que gera um desvio sistem·tico na mÈdia da<br />
taxa de c‚mbio do prÍmio futuro. De fato, estudos que adotaram a equaÁ„o<br />
Í a a1<br />
f error para testar a n„o tendenciosidade da hipÛtese, constantemente<br />
t<br />
o<br />
t<br />
t<br />
encontram um a 0 estimado diferente de zero. Isso sugere a presenÁa de um risco pelo prÍmio,<br />
apesar de assumirmos que o prÍmio pelo risco È constante ao longo do tempo ( a 0 È uma<br />
constante).<br />
0 <br />
25
1.9.2 Teste para a presenÁa do risco pelo prÍmio<br />
Para testar a presenÁa de variaÁ„o no tempo do prÍmio pelo risco, a equaÁ„o usada por<br />
Rivera Batiz 26 para estimar È:<br />
Í R error<br />
t a0<br />
a1<br />
ft<br />
a2<br />
t<br />
t<br />
Onde 0 a = 0 e a 1 = 1, e a hipÛtese a ser testada È a que o coeficiente a 2 = 1.<br />
Infelizmente, para estimar esta equaÁ„o s„o necess·rios dados do risco pelo prÍmio de<br />
investimentos estrangeiros. Como visto anteriormente, esse risco È determinado n„o apenas<br />
pelas variaÁıes nas taxas de retorno domÈsticas e externas, mas tambÈm por uma correlaÁ„o<br />
entre esses retornos, e o grau de avers„o ao risco pelos agentes da economia. O resultado da<br />
estimaÁ„o dessa equaÁ„o suporta a idÈia de que o prÍmio pelo risco varia com o tempo. Como<br />
riscos relativos de investimentos e sua associaÁ„o com o prÍmio por esse risco variam ao<br />
longo do tempo, estimar o risco pelo prÍmio se torna muito difÌcil. Especificar suas<br />
determinantes de variaÁ„o no tempo, hoje, e desvios da paridade de juros descobertos<br />
representa um grave, complexo problema economÈtrico.<br />
1.9.3 Erros de projeÁ„o e eficiÍncia de mercado<br />
A falta de tendÍncia no prÍmio futuro para prever movimentos na taxa de c‚mbio pode<br />
ser interpretada em termos de presenÁa do prÍmio pelo risco. Uma interpretaÁ„o alternativa<br />
para essa falha do prÍmio futuro por ser uma projeÁ„o n„o-tendenciosa da taxa de c‚mbio<br />
futura È que a suposiÁ„o das expectativas racionais n„o reflete as expectativas de indivÌduos<br />
envolvidos no mercado de c‚mbio internacional, externo. A raz„o para a tendÍncia do prÍmio<br />
futuro n„o est· presente no prÍmio pelo risco, mas na irracionalidade das expectativas das<br />
taxas de c‚mbio. TambÈm, a heterogeneidade dos mercados cambiais significa que n„o h·<br />
uma ˙nica antecipaÁ„o que guia o mercado. Algumas projeÁıes ganham, outras perdem,<br />
enquanto algumas, entre elas, podem acumular perdas sistematicamente.<br />
Deste modo, alguns autores tentaram avaliar e testar a hipÛtese das expectativas<br />
racionais focando nas v·rias propriedades estatÌsticas dos erros de previs„o da taxa futura.<br />
Isso È considerado interessante, mesmo porque È baseada na quest„o de ìeficiÍncia de<br />
26 Ibidem, p. 154.<br />
26
mercadoî. Um mercado È considerado eficiente se os preÁos refletem as informaÁıes p˙blicas<br />
disponÌveis no momento. No contexto presente, o mercado futuro È eficiente se a taxa de<br />
c‚mbio futura absorve inteiramente as informaÁıes relevantes para a sua determinaÁ„o. A<br />
eficiÍncia de mercado È um problema por causa da volatilidade das expectativas racionais.<br />
Essa hipÛtese pode ser testada a partir da fÛrmula:<br />
Í x Í<br />
t<br />
t<br />
t<br />
ut<br />
f R Í<br />
t<br />
ut<br />
Rivera Batiz 27 assumiu um risco pelo prÍmio zero:<br />
Í Í f<br />
ut<br />
t<br />
t<br />
A expectativa racional implica que esses erros de previs„o s„o inconstantes, pois<br />
refletem, absorvem novas informaÁıes disponÌveis aos indivÌduos no mercado. Isso significa<br />
que o erro previsto a qualquer tempo t , ( Í ut ), n„o deve estar correlacionado com o erro no<br />
perÌodo 1<br />
Í ).<br />
t , ( ut1<br />
A hipÛtese que os erros de projeÁıes do prÍmio futuro em qualquer perÌodo n„o est„o<br />
correlacionados com erros do passado foi amplamente examinada. Contanto, muitos estudos<br />
n„o corroboram a hipÛtese, ao invÈs de apoiar. Dados indicam que, ao longo do tempo, os<br />
erros da equaÁ„o Íut Ít<br />
ft<br />
est„o correlacionados, ou seja, h· correlaÁ„o serial. De fato,<br />
exemplos de correlaÁ„o est„o presentes em alguns perÌodos: um erro positivo em um perÌodo<br />
qualquer tende a estar correlacionado com um erro positivo maior no perÌodo seguinte e assim<br />
em diante, o mesmo acontece com erros negativos, seguidos de erros negativos superiores.<br />
Contudo, a implicaÁ„o desta evidÍncia a respeito das expectativas racionais e<br />
eficiÍncia de mercado È importunada pelo fato de que o risco pelo prÍmio assumido È zero.<br />
Levando em conta a variaÁ„o do risco no tempo, esperamos que os erros previstos na ˙ltima<br />
equaÁ„o sejam, geralmente, correlacionados no tempo, mesmo pelas expectativas racionais.<br />
Com a variaÁ„o do risco no tempo, a variaÁ„o de erros n„o ser· constante, fenÙmeno<br />
conhecido como heterocedasticidade. Heterocedasticidade pode ser vista considerando o caso<br />
de perÌodos de turbulÍncia e tranq¸ilidade em relaÁ„o ‡ volatilidade das taxas de c‚mbio. A<br />
variaÁ„o dos erros seria melhor em perÌodos de imprevisibilidade do que em perÌodos de<br />
27 Ibidem, p. 155<br />
27
tranq¸ilidade. A natureza heteroced·stica dos movimentos das taxas de c‚mbio e seus erros de<br />
previs„o agora est„o estabelecidos empiricamente. A presenÁa da heterocedasticidade fez<br />
crescer o desenvolvimento de novos procedimentos estatÌsticos para an·lise do mercado de<br />
c‚mbio estrangeiro.<br />
As expectativas racionais enfatizam a idÈia de que indivÌduos n„o persistem em erros<br />
sistem·ticos. Contanto, eles devem aprender sobre o ambiente econÙmico (e adquirir<br />
informaÁıes) ao longo de certo perÌodo de tempo para eliminar erros sistem·ticos. Enquanto<br />
esse processo de aprendizagem ocorre, sistem·ticas previsıes tendenciosas s„o observadas.<br />
Isso seria especialmente significante em situaÁıes nas quais o ambiente econÙmico muda de<br />
repentinamente e de surpresa, fazendo com que os agentes econÙmicos cometam erros<br />
sistem·ticos enquanto aprendem sobre o novo ambiente. Similarmente, n„o È esperado que<br />
novas informaÁıes sejam incorporadas imediatamente nas expectativas das taxas de c‚mbio e,<br />
deste modo, nas taxas de c‚mbio futuras. Preferivelmente, novas informaÁıes devem ser<br />
coletadas e digeridas por investidores que esperam ganhar com seu uso e disseminaÁ„o, um<br />
processo que leva tempo.<br />
28
2 BRASIL: DE ITAMAR FRANCO A LULA<br />
2.1 Governo Itamar Franco<br />
De acordo com Antonio Dias Leite 28 , no governo de Itamar Franco, que durou de<br />
setembro de 1992 (quando Fernando Collor de Mello sofreu um impeachment, acusado de<br />
corrupÁ„o) a dezembro de 1994, o ambiente financeiro estava caÛtico, e mesmo com uma<br />
inflaÁ„o de 30% a.m., o presidente buscava o crescimento econÙmico, n„o obtendo sucesso.<br />
SÛ quando Fernando Henrique Cardoso passou a trabalhar no MinistÈrio da Fazenda e<br />
Pedro Malan no Banco Central (Bacen), em 1993, È que as medidas tomadas obtiveram maior<br />
sucesso. Entre elas est„o:<br />
-a divis„o das contas do Tesouro Nacional e do Banco Central, esclarecendo melhor as<br />
responsabilidades de cada um;<br />
-renegociaÁ„o da dÌvida externa;<br />
AtÈ ent„o, os programas brasileiros de estabilizaÁ„o eram feitos com base no<br />
congelamento de preÁos. PorÈm, a polÌtica econÙmica nacional foi revista, colocando os<br />
objetivos econÙmicos nacionais sob reformas monet·rias e sob o saneamento financeiro. O<br />
ìPrograma de EstabilizaÁ„o EconÙmicaî, cuja elaboraÁ„o se iniciou no governo de Itamar<br />
Franco, e que constituiu a base para a polÌtica econÙmica, criou uma Unidade Real de Valor<br />
(URV), que trilhou um caminho para o lanÁamento do plano econÙmico, que ficou conhecido<br />
como Plano Real, em 1994. A nova moeda criada em julho de 1993, o Cruzeiro Real, era<br />
indexada pela URV, que corrigia sal·rios e preÁos diariamente. O Banco Central administrava<br />
a desvalorizaÁ„o da moeda baseado neste indexador, para acompanhar a inflaÁ„o. O mÍs de<br />
fevereiro de 1994 foi marcado pelo retorno das minidesvalorizaÁıes di·rias, n„o com<br />
prefixaÁ„o de taxas, mas com uso do indexador URV.<br />
28 LEITE, Antonio Dias. Crescimento EconÙmico: ExperiÍncia HistÛrica do Brasil e EstratÈgia para o SÈculo<br />
XXI. Rio de Janeiro: JosÈ Olympio Editora, 1999, p. 118.<br />
29
Para Thais Pacievitch 29 , antes de o Plano Real ser implantado, o Programa de AÁ„o<br />
Imediata (PAI) foi lanÁado, em julho de 1993, com o objetivo de preparar o paÌs para seu<br />
lanÁamento no ano seguinte. O PAI apontou as seguintes necessidades:<br />
-corte de gastos p˙blicos;<br />
-recuperaÁ„o da receita p˙blica;<br />
-corte de repasses inconstitucionais, para que Estados e<br />
MunicÌpios cortassem gastos;<br />
-ajustes nos Bancos Estaduais, com o Banco Central intervindo<br />
para cortar gastos e punir irregularidades;<br />
-RedefiniÁ„o das funÁıes dos Bancos Federais;<br />
-PrivatizaÁıes.<br />
Com base nos estudos de Antonio Dias Leite 30 , nos governos de Collor de Mello,<br />
Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso deram continuidade ‡ Reforma do Estado,<br />
destacando-se a Revis„o Constitucional: o ìAto das DisposiÁıes Constitucionais TransitÛriasî<br />
de 1988 previa uma revis„o apÛs cinco anos. Assim, em 1993, as discussıes de emendas<br />
foram iniciadas. Essas emendas tinham car·ter, principalmente, polÌtico, de supress„o de<br />
monopÛlios, de retirada do Estado, e de abertura de mercados competitivos.<br />
Os objetivos da reforma do Estado, ainda de acordo com Leite 31 , eram:<br />
-a retirada do Estado das atividades empresariais;<br />
-estabelecer mercados competitivos estabelecidos em ·reas<br />
onde o monopÛlio se destacava;<br />
-a correÁ„o de deficiÍncias na capacidade de agir do governo;<br />
-a necessidade de caixa dos tesouros nacional e estaduais;<br />
-a exclus„o da participaÁ„o permanente do Estado no capital de<br />
empresas privadas;<br />
-promover reformas no Executivo voltadas para o treinamento<br />
de pessoal.<br />
29 PACIEVITCH, Thais. Plano Real. DisponÌvel em: .<br />
Acesso em: 10 nov. <strong>2009</strong>.<br />
30 Ibidem, p. 120 ñ 121.<br />
31 Ibidem, p. 123.<br />
30
Leite afirma:<br />
Considerando-se inclusive as aÁıes que se iniciaram em 1990 e continuaram nos<br />
governos subseq¸entes, evidencia-se uma obsess„o pelas mudanÁas de c˙pula da<br />
administraÁ„o p˙blica federal com a fus„o, extinÁ„o, reincorporaÁ„o e criaÁ„o de<br />
ministÈrios e secretarias de estado, fenÙmeno que se instalou como rotina. Com<br />
freq¸ente motivaÁ„o polÌtico-partid·ria, e com raros casos justificados, o resultado foi,<br />
sobretudo, a deterioraÁ„o da m·quina administrativa. O n˙mero de ministÈrios e<br />
secretarias autÙnomas que durante muitos anos era relativamente est·vel duplicou.<br />
Com mais de trinta pessoas desse nÌvel, torna-se evidentemente difÌcil o exercÌcio da<br />
funÁ„o de coordenaÁ„o geral do governo a ser exercida pelo Presidente da<br />
Rep˙blica. 32<br />
Com a participaÁ„o do Estado em atividades privadas, cresce a responsabilidade deste<br />
em investir na sustentaÁ„o do desenvolvimento econÙmico.<br />
As medidas tomadas para introduzir a competiÁ„o econÙmica no Brasil aumentaram a<br />
produtividade. Com a reduÁ„o das alÌquotas de importaÁ„o a competiÁ„o dos importados nos<br />
mercados internos foi estimulada, porÈm, esta competiÁ„o, apesar de ter contribuÌdo para a<br />
contenÁ„o dos preÁos internos, inverteu o sentido do saldo das transaÁıes com o exterior.<br />
A abertura do comÈrcio regional (Mercado Comum do Sul - Mercosul) aumentou o<br />
fluxo comercial, pois as concessıes eram recÌprocas.<br />
A concorrÍncia no mercado interno se baseou no Conselho Administrativo de Defesa<br />
EconÙmica (CADE), na Secretaria de Direito EconÙmico, em Ûrg„os reguladores e no Banco<br />
Nacional de Desenvolvimento EconÙmico e Social (BNDES).<br />
O objetivo de garantir a competiÁ„o nacional entra em contradiÁ„o com a competiÁ„o<br />
no mercado mundial, problema decorrente da globalizaÁ„o e da abertura.<br />
origem.<br />
Foi atravÈs da Medida ProvisÛria n 434, de 27/02/1994, que o Plano Real teve sua<br />
32 LEITE, 1999, p. 125.<br />
Art. 1 Fica instituÌda a Unidade Real de Valor/URV, dotada de curso legal<br />
para servir exclusivamente como padr„o de valor monet·rio, de acordo com o<br />
disposto nesta Medida ProvisÛria.<br />
& 1 A URV, juntamente com o cruzeiro real, integra o Sistema monet·rio<br />
Nacional, continuando o cruzeiro a ser utilizado como meio de pagamento<br />
dotado de poder liberatÛrio, de conformidade com o disposto no art. 3<br />
(...)<br />
31
Art. 2 A URV ser· dotada de poder liberatÛrio a partir de sua emiss„o como<br />
moeda division·ria pelo Banco Central do Brasil, quando passar· a<br />
denominar-se Real.<br />
(...)<br />
& 2 A URV no dia 1 de marÁo de 1994 corresponde a Cr$ 647,50.<br />
(...)<br />
Art. 4 O Banco Central, atÈ a emiss„o do Real, fixar· a paridade di·ria entre<br />
o cruzeiro real e a URV, tomando por base a perda de poder aquisitivo do<br />
cruzeiro real.<br />
(...) Art. 5 O valor da URV, em cruzeiros reais, ser· utilizado pelo Banco<br />
Central como par‚metro b·sico para negociaÁ„o com moeda estrangeira. 33<br />
A fixaÁ„o do c‚mbio foi a base do Plano Real, pois seu objetivo principal era a<br />
reestruturaÁ„o dos compromissos externos e a estabilidade monet·ria. Antonio Dias Leite<br />
completa: ì[...] e como elemento de contenÁ„o dos preÁos internos e para eliminaÁ„o do<br />
arraigado processo de indexaÁ„o da economia, adotou-se a diretriz de c‚mbio fixo [...]î 34<br />
Para acabar com a indexaÁ„o, e, portanto, n„o haver congelamento de preÁos, o<br />
cruzeiro real foi substituÌdo pelo real seguindo a seguinte condiÁ„o:<br />
R$ 1 US$<br />
1 1URV<br />
(Unidade Real de Valor)<br />
Com isso, houve queda na inflaÁ„o, como se pode constar no exame da tabela abaixo:<br />
33 LEITE, 1999, p. 130-131.<br />
34 Ibidem, p. 133.<br />
32
Quadro 3 - Taxas de inflaÁ„o ñ Brasil: Õndice Geral de PreÁos IGP-DI 35 em % mensal<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ACUMULADO<br />
1994 42,19 42,41 44,83 42,46 40,95 46,58 5,47 3,34 1,55 2,55 2,47 0,57 909,67%<br />
1995 1,36 1,15 1,81 2,30 0,40 2,62 2,24 1,29 -1,08 0,23 1,33 0,27 14,77%<br />
1996 1,79 0,76 0,22 0,70 1,68 1,22 1,09 0,00 0,13 0,22 0,28 0,88 9,33%<br />
1997 1,58 0,42 1,16 0,59 0,30 0,70 0,09 -0,04 0,59 0,34 0,83 0,69 7,48%<br />
1998 0,88 0,02 0,23 -0,13 0,23 0,28 -0,38 -0,17 -0,02 -0,03 -0,18 0,98 1,71%<br />
1999 1,15 4,44 1,98 0,03 -0,34 1,02 1,59 1,45 1,47 1,89 2,53 1,23 19,99%<br />
2000 1,02 0,19 0,18 0,13 0,67 0,93 2,26 1,82 0,69 0,37 0,39 0,76 9,80%<br />
2001 0,49 0,34 0,80 1,13 0,44 1,46 1,62 0,90 0,38 1,45 0,76 0,18 10,40%<br />
2002 0,19 0,18 0,11 0,70 1,11 1,74 2,05 2,36 2,64 4,21 5,84 2,70 26,41%<br />
2003 2,17 1,59 1,66 0,41 -0,67 -0,70 -0,20 0,62 1,05 0,44 0,48 0,60 7,67%<br />
2004 0,80 1,08 0,93 1,15 1,46 1,29 1,14 1,31 0,48 0,53 0,82 0,52 12,13%<br />
2005 0,33 0,40 0,99 0,51 - 0,25 - 0,45 - 0,40 - 0,79 - 0,13 0,63 0,33 0,07 1,22%<br />
2006 0,72 - 0,06 - 0,45 0,02 0,38 0,67 0,17 0,41 0,24 0,81 0,57 0,26 3,79%<br />
2007 0,43 0,23 0,22 0,14 0,16 0,26 0,37 1,39 1,17 0,75 1,05 1,47 7,89%<br />
Fonte: IPEADATA 36 .<br />
Pode-se perceber um aumento de inflaÁ„o em 1999, gerada pela desvalorizaÁ„o<br />
cambial, porÈm, essa inflaÁ„o continuou controlada, o que antes do Plano Real, n„o acontecia.<br />
Antonio Dias Leite 37 analisa que, em 1993, a inflaÁ„o atingiu a marca de 2.700%<br />
anuais, mas com a convers„o da URV em Real, o processo inflacion·rio reduziu<br />
drasticamente: 14,8% ao ano em 1995, 9,3% em 1996, 7,5% em 1997 e 1,7% em 1998.<br />
35 O IGP-DI/FGV È um Õndice Geral de PreÁos calculado mensalmente pela FundaÁ„o Get˙lio Vargas (FGV),<br />
que tem o objetivo de medir o comportamento de preÁos em geral da economia brasileira.<br />
O DI (Disponibilidade Interna) considera variaÁıes de preÁos que afetam diretamente as atividades econÙmicas<br />
no Brasil, sem levar em conta variaÁıes nos preÁos dos produtos exportados.<br />
Ele È uma mÈdia ponderada dos Ìndices:<br />
-IPA (Õndice de PreÁos no Atacado): variaÁ„o de preÁos no mercado atacadista;<br />
-IPC (Õndice de PreÁos ao Consumidor): variaÁ„o de preÁos entre as famÌlias que recebem renda mensal entre 1 a<br />
33 sal·rios mÌnimos nas cidades de S„o <strong>Paulo</strong> e Rio de Janeiro;<br />
-INCC (Õndice Nacional da ConstruÁ„o Civil): variaÁ„o de preÁos no setor da construÁ„o civil, desde material atÈ<br />
m„o-de-obra empregada no setor. A partir de 1999, o Ìndice oficial do Governo Federal para medir metas<br />
inflacion·rias passa a ser o IPCA (Õndice Nacional de PreÁos ao Consumidor Amplo), que considera famÌlias<br />
com renda mensal entre 1 e 40 sal·rios mÌnimos, independente da fonte de rendimento, e residentes de ·reas<br />
urbanas das regiıes.<br />
36 ÕNDICE DE PESQUISA ECON‘MICA APLICADA - DisponÌvel em:<br />
. Acesso em: 28 out <strong>2009</strong>.<br />
37 Ibidem, p. 135.<br />
33
Como o plano Real foi instituÌdo em 01/07/1994, a inflaÁ„o acumulada deste ano<br />
continua alta, atingindo 909,67% a.a., porÈm, como podemos analisar na tabela acima, em<br />
julho o IGP-DI mensal apresentou uma baixa significativa em sua marca, chegando a uma<br />
inflaÁ„o de apenas 5,47% a.m.<br />
Para Antonio E. T. Lanzano 38 , outro fator que caracterizou o Plano Real foi o processo<br />
de abertura comercial iniciado em 1990, na qual a estabilizaÁ„o se deu tambÈm a partir da<br />
reduÁ„o das alÌquotas de importaÁ„o (n„o permitiu que as empresas aumentassem os preÁos<br />
no mercado interno) e da apreciaÁ„o cambial, o que, desde a implantaÁ„o do Plano Real, em<br />
julho de 1994 atÈ marÁo de 1995, causou press„o de demanda interna e forte aumento das<br />
importaÁıes. PorÈm, atingiu o objetivo, que era o combate ‡ inflaÁ„o, aumentando o poder<br />
aquisitivo das camadas menos favorecidas e permitindo a volta do crÈdito de prazos mais<br />
dilatados.<br />
2.2 Governo Fernando Henrique Cardoso<br />
Fernando Henrique Cardoso (FHC), candidato por um partido de centro-esquerda, o<br />
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), venceu as eleiÁıes para presidÍncia em<br />
outubro de 1994, apoiado por Itamar Franco.<br />
Entre as propostas de FHC, a principal foi preservar a estabilidade econÙmica e do<br />
Real, obtendo sucesso atÈ outubro de 1997, quando a conjuntura internacional mudou,<br />
passando por crises.<br />
AlÈm disso, outro fator importante na sua gest„o foi a continuidade das privatizaÁıes<br />
das estatais como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Companhia Sider˙rgica<br />
Nacional (CSN) de volta Redonda, que fazia parte de uma polÌtica de reforma e modernizaÁ„o<br />
do Estado.<br />
38 Ibidem, p. 144.<br />
34
Antonio E. T. Lanzano 39 explica que, com esse aumento de 70% das importaÁıes,<br />
contra 20% das exportaÁıes, entre julho de 1994 e junho de 1995, dÈficits comerciais<br />
comeÁaram a surgir.<br />
Apesar da contenÁ„o da inflaÁ„o apÛs a implantaÁ„o do Plano Real, podemos observar<br />
um crescimento do PIB per capita de 4,3% em 1994 e 2,8% em 1995.<br />
Quadro 4 - Produto Interno Bruto (PIB) per capita (%) anual ñ Brasil 1994 a 2007<br />
agir:<br />
Ano Produto Interno Bruto (PIB) per capita<br />
1994 4,3<br />
1995 2,8<br />
1996 0,6<br />
1997 1,8<br />
1998 -1,5<br />
1999 -1,2<br />
2000 2,8<br />
2001 -0,2<br />
2002 1,2<br />
2003 -0,3<br />
2004 4,2<br />
2005 1,7<br />
2006 2,3<br />
Fonte: IBGE 40 .<br />
Diante desse dÈficit, segundo Antonio Dias Leite 41 , o governo tinha trÍs opÁıes para<br />
a) ‚ncora cambial;<br />
Em outubro de 1994, o governo adotou o sistema dirty floating (bandas cambiais:<br />
c‚mbio semi-fixo), mediante adoÁ„o de bandas explÌcitas, com operaÁ„o via leilıes.<br />
O Plano Real possuÌa uma ì‚ncora cambialî, porÈm, a partir de 1999 o governo<br />
passou a adotar uma nova polÌtica econÙmica baseada na flexibilizaÁ„o cambial.<br />
b) juros pagos pelo Banco Central;<br />
39 Ibidem, p. 145.<br />
40 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÕSTICA - DisponÌvel em:<br />
. Acesso em: 28 out.<br />
<strong>2009</strong>.<br />
41 Ibidem, p. 135.<br />
35
A estratÈgia usada pelo governo brasileiro era baseada em programas de estabilizaÁ„o<br />
do MÈxico e da Argentina, de acordo com Antonio E. T. Lanzano 42 , que apresentaram sucesso<br />
no controle da inflaÁ„o, ao mesmo tempo em que apresentaram dÈficits crescentes nas contas<br />
correntes. No inÌcio de 1995, o MÈxico sofreu uma fuga de capitais devido ao registro de um<br />
elevado dÈficit em sua conta corrente, fazendo suas reservas internacionais caÌrem<br />
significantemente. Com esse ocorrido, essa estratÈgia adotada por esses paÌses foi<br />
questionada, fazendo as taxas de juros do Banco Central permanecerem altas atÈ agosto de<br />
1995, quando comeÁaram a baixar. PorÈm, algumas altas foram provocadas pelas crises da<br />
¡sia, em novembro de 1997, da R˙ssia entre setembro e outubro de 1998 e a nossa crise em<br />
1999. Isso fez os juros permanecerem altos.<br />
Quadro 5 - EvoluÁ„o da Taxa de Juros<br />
PerÌodo Meses Taxas de juros<br />
OcorrÍncias<br />
06/1994 a 08/1995 14<br />
(% a.a.)<br />
50 a 60 est·vel<br />
09/1995 a 12/1996 16 de 48 para 24 declinante<br />
01/1997 a 10/1997 10 21 a 23 est·vel<br />
11/1997 1 44 crise na ¡sia<br />
12/1997 a 08/1998 9 de 37 para 19 declinante<br />
09/1998 a 10/1998 2 de 34 para 42 crise na R˙ssia<br />
11/1998 a 01/1999 3 de 38 para 30 declinante<br />
01/1999 - - crise no Brasil<br />
01/1999 a 03/1999 3 de 30 para 45 ascendente<br />
03/1999 a 06/1999<br />
Fonte: LEITE, 1999, p. 137.<br />
3 de 45 para 21 declinante<br />
42 Ibidem, p. 145.<br />
36
Gr·fico 1 - Taxa de juros over Selic (1995-1999) (% ao mÍs), apÛs a implantaÁ„o do real<br />
em 1994<br />
Taxa de Juros Over Selic<br />
4,5<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
Fonte: IPEADATA 43 .<br />
c) privatizaÁıes.<br />
Crise<br />
no MÈxico<br />
1995.01<br />
1995.05<br />
1995.09<br />
1996.01<br />
1996.05<br />
1996.09<br />
1997.01<br />
1997.05<br />
1997.09<br />
1998.01<br />
PerÌodo<br />
1998.05<br />
1998.09<br />
1999.01<br />
1999.05<br />
1999.09<br />
Como os passivos n„o contabilizados (ou escriturados) 44 eram maiores do que o<br />
governo estimulou, pesou sobre o orÁamento da uni„o, ou seja, a receita desse programa de<br />
desestatizaÁ„o n„o foi suficiente para cobrir a dÌvida p˙blica.<br />
43 ÕNDICE DE PESQUISA ECON‘MICA APLICADA - DisponÌvel em:<br />
. Acesso em: 24 maio<br />
<strong>2009</strong>.<br />
44 Passivo È o saldo das obrigaÁıes devidas. Na contabilidade brasileira, o passivo inclui obrigaÁıes em moeda<br />
nacional e em moeda estrangeira.<br />
Crise<br />
na ¡sia<br />
Crise na<br />
R˙ssia<br />
Crise no<br />
Brasil<br />
37
Para Antonio Dias Leite 45 , o insucesso da utilizaÁ„o desses instrumentos ajudou para<br />
que a dÌvida p˙blica interna n„o fosse reduzida nem estabilizada.<br />
O MÈxico, na mesma Època, tambÈm adotou um plano de estabilizaÁ„o que controlou<br />
a inflaÁ„o, porÈm, provocou um dÈficit em conta corrente que chegou a 10% do PIB, gerando<br />
uma fuga de capital do paÌs e colocando em risco a polÌtica cambial. No Brasil, esse dÈficit<br />
ficou em 3% do PIB. Esse plano mexicano influenciou o Plano Real, mas esse teve influÍncia<br />
direta do Plano Arida, publicado por PÈrsio Arida e AndrÈ Lara Resende em 1984.<br />
Essa polÌtica de estabilizaÁ„o, que tanto o Brasil como o MÈxico e a Argentina<br />
adotaram, deixava o paÌs vulner·vel aos investimentos financeiros externos, o que levou o<br />
governo a efetuar mudanÁas no Plano Real, de acordo com Antonio E. T. Lanzano 46 :<br />
-polÌtica de bandas cambiais (paridade cambial n„o iria ser fixada) e desvalorizaÁ„o<br />
cambial iria acompanhar a evoluÁ„o dos preÁos por atacado;<br />
-diminuir as pressıes sobre as importaÁıes, utilizando instrumentos para reduzir o<br />
nÌvel de atividade da economia.<br />
Para atingir esses objetivos, o governo realizou mudanÁas na ·rea monet·ria para<br />
contrair o crÈdito e aumentar a taxa de juros, como o aumento dos depÛsitos compulsÛrios,<br />
imposiÁ„o de limites de prazos de financiamento e aumento de juros.<br />
Portanto, o perÌodo a partir de maio de 1995 apresentou queda de 14% do nÌvel da<br />
atividade industrial, gerando super·vit de US$ 328 milhıes em agosto do mesmo ano.<br />
AlÈm disso, afirma Lanzano 47 que o paÌs se beneficiou com a entrada de capitais<br />
financeiros atraÌdos pelo significativo diferencial entre as taxas de juros interna e externa. Isso<br />
levou ‡ recuperaÁ„o do nÌvel de atividade, gerando dÈficit de US$ 464 milhıes na balanÁa<br />
comercial em marÁo de 1996, causado pelo crescimento da produÁ„o de bens de consumo<br />
dur·vel, que dependia da importaÁ„o de componentes.<br />
45 Ibidem, p. 137.<br />
46 Ibidem, p. 146.<br />
47 Ibidem, p. 146.<br />
38
Quadro 6 - Saldo da BalanÁa Comercial FOB anual (1994-2006) em milhıes de dÛlares<br />
PerÌodo<br />
Saldo BalanÁa Comercial (FOB ñ<br />
Free on board)<br />
1994 10.466,47<br />
1995 -3.465,62<br />
1996 -5.599,04<br />
1997 -6.752,89<br />
1998 -6.574,50<br />
1999 -1.198,87<br />
2000 -697,748<br />
2001 2.650,47<br />
2002 13.121,30<br />
2003 24.793,92<br />
2004 33.640,54<br />
2005 44.702,88<br />
2006 46.456,63<br />
Fonte: IPEADATA 48 .<br />
Segundo EmÌlio Garofalo Filho 49 , no primeiro governo de Fernando Henrique<br />
Cardoso, em marÁo de 1995, PÈrsio Arida foi substituÌdo por Gustavo Loyola como<br />
presidente do Banco Central, pois os resultados de sua tentativa de fixar bandas de flutuaÁ„o<br />
n„o foram positivos, uma vez que o mercado n„o compreendeu a linguagem e os valores da<br />
polÌtica adotada.<br />
Em junho do mesmo ano, o modelo de ìminibandasî, ou ìinterbandasî de Gustavo<br />
Franco permitiu o Bacen comprar e vender em leilıes especÌficos, conduzindo mais<br />
suavemente a desvalorizaÁ„o.<br />
Para Lanzano 50 , a estabilizaÁ„o e o capital financeiro no paÌs permaneceram atÈ a<br />
segunda metade de 1997, quando ocorreu a crise asi·tica, que gerou fuga de capital para<br />
48 ÕNDICE DE PESQUISA ECON‘MICA APLICADA - DisponÌvel em:<br />
. Acesso em: 24 maio<br />
<strong>2009</strong>.<br />
49 Ibidem, p. 141.<br />
50 Ibidem, p. 147.<br />
39
ìcobrirî posiÁıes na ¡sia e tambÈm porque o risco Brasil aumentou. O governo, diante desta<br />
situaÁ„o, aumentou as taxas de juros e criou um pacote com medidas na ·rea fiscal para evitar<br />
que essa elevaÁ„o da taxa de juros levasse ‡ expans„o da dÌvida p˙blica. Essas medidas<br />
evitaram a saÌda de capitais financeiros do Brasil atÈ agosto de 1998, quando ocorreu a crise<br />
da R˙ssia.<br />
A elevaÁ„o da taxa de juros neste caso n„o teve sucesso, primeiro porque a crise russa<br />
foi acompanhada de moratÛria, ou seja, o governo tomou a decis„o de suspender o pagamento<br />
da dÌvida externa, gerando inseguranÁa no mercado internacional. Segundo porque o quadro<br />
fiscal do Brasil havia se deteriorado, tendo que recorrer ao FMI em dezembro de 1998, atÈ<br />
obter um novo pacote de ajuda. Essa crise fez o Brasil perder reservas, assim, o Bacen vendia<br />
dÛlares no mercado futuro, na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), para amenizar<br />
expectativas de mudanÁas nos fluxos financeiros e queda nas reservas, e tambÈm em<br />
mercados futuros (proteÁ„o para devedores em moeda estrangeira e especuladores). AlÈm<br />
disso, o comando do Banco Central estava mudando, dando sinais de descontrole da situaÁ„o<br />
quando tentou mudar a polÌtica cambial com maior abertura da banda. ApÛs a demiss„o do<br />
ent„o presidente do Banco Central, Gustavo Franco (20 de agosto de 1997 a janeiro de 1999),<br />
a livre flutuaÁ„o cambial foi adotada.<br />
Nas eleiÁıes de 1998, Fernando Henrique Cardoso vence, iniciando seu segundo<br />
mandato em janeiro de 1999.<br />
De acordo com Emilio Garofalo Filho 51 , Gustavo Franco, adepto ao lento e gradual<br />
processo de desvalorizaÁ„o da nossa moeda, foi substituÌdo por Francisco Lopes, pois n„o<br />
apoiou a mudanÁa na polÌtica cambial feita pelo governo na segunda semana de janeiro de<br />
1999.<br />
Mas o mercado n„o compreendeu o novo modelo de variaÁ„o periÛdica de bandas<br />
(modelo de bandas largas mÛveis que desvalorizaria a moeda) de Lopes. E isso gerou tanta<br />
confus„o, que aumentou muito a demanda por dÛlares, ent„o, a taxa que estava prevista para<br />
flutuar atÈ 1,32 R$ / dÛlar, chegou a 2,20 R$ / dÛlar.<br />
Francisco Lopes foi substituÌdo por ArmÌnio Fraga (atÈ 1 de janeiro de 2003, quando<br />
Henrique Meirelles assumiu o cargo).<br />
51 Ibidem, p. 142.<br />
40
Sob nova direÁ„o, o Bacen adotou um sistema de livre flutuaÁ„o das taxas de c‚mbio,<br />
e mudou o enfoque da polÌtica econÙmica para o ìinflation targetî (tentar fazer a<br />
desvalorizaÁ„o nominal da taxa de c‚mbio acompanhar as taxas de inflaÁ„o), que n„o durou<br />
muito. Ent„o, foi retomado o sistema ìdirty floatingî (com interferÍncia do governo), devido<br />
ao fato de no mercado prim·rio de c‚mbio n„o haver especuladores capazes de amortecer<br />
concentraÁıes de grandes volumes de oferta e demanda de moeda.<br />
A adoÁ„o do c‚mbio livre levou ‡ desvalorizaÁ„o do real, que de R$ 1,32 atingiu R$<br />
2,06, aumentando a volatilidade do dÛlar. Ent„o, para reduzir as flutuaÁıes cambiais, em<br />
novembro de 1999 o governo passou a entrar mais diretamente no mercado cambial. AlÈm da<br />
desvalorizaÁ„o cambial, o governo reduziu gastos, aumentou tributos e elevou as taxas de<br />
juros. O dÈficit comercial, que estava US$ 6,4 bilhıes em 1998 foi para US$ 1,2 bilh„o em<br />
1999. Essa queda, para Lanzano 52 , foi reflexo:<br />
-da queda no preÁo de commodities;<br />
-da recess„o asi·tica;<br />
-da recess„o argentina (reflexo tambÈm da desvalorizaÁ„o cambial brasileira);<br />
-da press„o dos importadores para reduÁ„o dos preÁos em dÛlares;<br />
-de mudanÁas estruturais econÙmicas no Brasil.<br />
2.2.1 Dificuldades do Plano Real<br />
Para Antonio Dias Leite 53 , as causas fundamentais dos desequilÌbrios n„o haviam sido<br />
solucionadas. A inflaÁ„o era contida graÁas ‡s medidas de curto e mÈdio prazos atravÈs da alta<br />
de juros do Banco Central, que se manteve est·vel entre 21% e 23% a.a.<br />
TambÈm, a polÌtica de estabilizaÁ„o, alÈm de gerar estagnaÁ„o econÙmica,<br />
desequilibrou ainda mais as contas p˙blicas.<br />
52 Ibidem, p. 148.<br />
53 Ibidem, p. 143.<br />
Como resume Antonio Dias Leite, criou-se um ciclo vicioso interno:<br />
41
[...] +dÌvida interna+juros+dÈficit do orÁamento federal+dÌvida interna+[...] Armou-se<br />
do lado externo outro cÌrculo vicioso, iniciado com a supervalorizaÁ„o do real e com<br />
o sustentado dÈficit da balanÁa comercial: [...] +dÈficit em conta corrente+dÌvida<br />
externa ou entrada de capital de risco+juros+dÈficit em conta corrente+ [...]. 54<br />
A mudanÁa da polÌtica cambial reajustou os preÁos relativos, criou oportunidades para<br />
as exportaÁıes crescerem. O paÌs se adaptou bem e rapidamente ‡s condiÁıes prevalecentes ‡s<br />
mudanÁas na estrutura econÙmica nacional.<br />
De acordo com T‚nia Bacelar Ara˙jo 55 , com o Plano Real foi possÌvel controlar e<br />
manter em nÌveis baixos a taxa de inflaÁ„o, mostrando a efic·cia do Programa de<br />
EstabilizaÁ„o. PorÈm, o paÌs se tornou vulner·vel ‡ globalizaÁ„o do capital financeiro, que<br />
precisava atrair para financiar seu dÈficit externo. O dÈficit de transaÁıes correntes no<br />
BalanÁo de Pagamentos chegou a USD 19 bilhıes em 1996.<br />
Para evitar um dÈficit muito grande na BalanÁa Comercial, a taxa de juros foi elevada<br />
significativamente, aumentando as reservas internacionais do paÌs, voltadas para aplicaÁıes<br />
em fundos ou emprÈstimos em moeda, ou seja, investimentos em carteira. PorÈm, apesar de<br />
ter reduzido a vulnerabilidade do paÌs, o Banco Central deveria emitir os reais<br />
correspondentes aos dÛlares que entraram. Mas se fizesse isso, causaria inflaÁ„o, ent„o, emitiu<br />
tÌtulos p˙blicos, elevando a dÌvida p˙blica.<br />
Seguindo os estudos de T‚nia Bacelar Ara˙jo 56 , os juros elevados, crÈdito curto e<br />
prazos de financiamento restritos contiveram a demanda interna, que, junto ‡ polÌtica de<br />
abertura externa, que teve inÌcio no governo Collor e reduziu a alÌquota do imposto de<br />
importaÁ„o, e o c‚mbio sobrevalorizado aumentou muito as importaÁıes. O crescimento das<br />
importaÁıes foi de 56% entre 1994 e 1996 contra um crescimento de apenas 15% das<br />
exportaÁıes no mesmo perÌodo. Essa desaceleraÁ„o da economia nacional aumentou a taxa de<br />
desemprego, que chegou a 12 milhıes de pessoas em 1999. Segundo a autora:<br />
Essa È a outra face do Real. A ìcoroaî do Real, visÌvel ‡ maioria dos brasileiros, È a<br />
estabilidade no ritmo de evoluÁ„o dos preÁos internos. A ìcaraî È a instabilidade<br />
permanente. Instabilidade social, expressa na violÍncia crescente. Instabilidade<br />
econÙmica que deixa o paÌs sobressaltado a cada movimento brusco do capital<br />
financeiro. Se estivÈssemos em 1994, com um super·vit de US$ 10 bilhıes na BalanÁa<br />
54 Ibidem, p. 145.<br />
55 ARA⁄JO, T‚nia Bacelar de. Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro: HeranÁas e urgÍncias. 2. ed. Rio de<br />
Janeiro: Revan, 2000, p. 341.<br />
56 Ibidem, p. 346.<br />
42
Comercial e um dÈficit irrelevante (US$ 1 bilh„o) no saldo em contas correntes,<br />
estarÌamos muito mais infensos aos ventos que vÍm da ¡sia. Hoje, trememos nas<br />
bases. … que o Plano Real, como seus similares no mundo inteiro, coloca o Brasil<br />
vulner·vel ao que h· de mais vol·til e inst·vel atualmente: o movimento, cada vez<br />
mais estonteante, do capital financeiro globalizado. Para nos libertar da tendÍncia<br />
hiperinflacion·ria interna, convivemos, agora, com a ameaÁa de um ataque<br />
especulativo externo, de uma crise cambial e financeira, de efeitos talvez mais<br />
destrutivos que uma inflaÁ„o desenfreada. 57<br />
O Plano Real possuÌa uma ì‚ncora cambialî, porÈm, a partir de 1999 o governo<br />
passou a adotar uma nova polÌtica econÙmica baseada na flexibilizaÁ„o cambial.<br />
O Plano Real se revelou o mais bem-sucedido programa de estabilizaÁ„o das ˙ltimas<br />
dÈcadas, permitindo ‡ populaÁ„o brasileira conviver com a estabilidade e avaliar a sua<br />
import‚ncia, o que tem, inclusive, influenciado positivamente o seu compromisso<br />
frente aos reajustes de preÁos decorrentes da desvalorizaÁ„o cambial. A abertura da<br />
economia e polÌtica cambial propiciaram um grande crescimento da produtividade do<br />
setor industrial, embora com altos custos para muitas empresas. Ao lado dos aspectos<br />
positivos, o plano real provocou crescente dÈficit nas contas externas e um aumento<br />
explosivo da dÌvida interna. 58<br />
Em 2001, o nosso paÌs foi vÌtima de uma crise energÈtica. O Brasil havia passado por<br />
um processo de desestatizaÁ„o, ou seja, quando o Estado n„o possuÌa mais recursos para<br />
financiar seu investimento prÛprio, ele deixou que as empresas privadas tomassem conta de<br />
alguns serviÁos publicou, como por exemplo, a ·rea de energia elÈtrica. Com isso, o Estado<br />
passou a ter o papel de regulador, que, no caso da energia elÈtrica passou a ser exercida pela<br />
AgÍncia Nacional de Energia ElÈtrica (Aneel).<br />
No Brasil, por volta de 92% de sua energia, em 2001, provinha de hidroelÈtricas, e o<br />
resto de energia tÈrmica. E neste perÌodo, o paÌs enfrentou um sÈrio problema de falta de<br />
energia, mesmo apÛs o setor ter sido privatizado.<br />
Um dos fatores que gerou esta crise foi a forte seca pela qual passamos, ou seja, a falta<br />
de chuvas prejudicou o funcionamento adequado das hidrelÈtricas.<br />
Outro fator foi a falta de liberdade dada ‡s empresas por parte do Estado, que deixou<br />
de intervir diretamente na economia ao passar por um processo de privatizaÁ„o das empresas,<br />
porÈm, continuou intervindo, excessivamente, por meio da regulaÁ„o.<br />
Ou seja, alÈm da falta de liberdade econÙmica das empresas privadas de energia<br />
elÈtrica, fazendo com que essas n„o investissem na criaÁ„o de outras fontes de energia, o<br />
Estado pecou pela falta de clareza nas regras do setor elÈtrico, gerando inseguranÁa por parte<br />
do investidor na polÌtica de regulaÁ„o adotada. Outros fatos que afastaram os investimentos<br />
57 Ibidem, p. 346.<br />
58 SOLIMEO, Marcel, TROSTER, Luis Roberto. Plano Real - Acabou?. S„o <strong>Paulo</strong>: Makron Books, 1999.p.122.<br />
43
no paÌs foram sua tributaÁ„o excessiva, legislaÁ„o trabalhista prec·ria e leis e procedimentos<br />
ambientais muito inflexÌveis e lentos.<br />
Em dezembro de 2001 um racionamento de ·gua precisou ser feito, o que poderia ter<br />
sido evitado, ou pelo menos amenizado, se o acompanhamento do nÌvel das hidrelÈtricas por<br />
parte dos Ûrg„os reguladores n„o fossem t„o prec·rios e estas tivessem alertado sobre a<br />
escassez de ·gua antes desta data. Coincidindo com esses fatos, em 11 de setembro de 2001,<br />
as Torres GÍmeas de Nova Iorque (World Trade Center) e o Pent·gono, na VirgÌnia, foram<br />
atingidos por aviıes seq¸estrados em ataques terroristas comandados pelo grupo Al-Qaeda,<br />
deixando um total de mais de 3 mil mortos.<br />
Os impactos econÙmicos mundiais destes atentados foram desastrosos. Quando os<br />
Ìndices da Bolsa de Nova Iorque (New York Stock Exchange ñ NYSE) e o NASDAQ<br />
(National Association of Securities Dealers Automated Quotations) reabriram, em 17 de<br />
setembro de 2001, apÛs ficarem fechados desde a data dos acidentes, registraram quedas<br />
significativas, como o Ìndice Dow Jones (IDJ), que caiu 7,1% em um ˙nico dia.<br />
Foram tambÈm registradas perdas de equipamentos, destruiÁ„o ou danos em<br />
escritÛrios, cortes de eletricidade, telefone e g·s. Outro setor altamente prejudicado foi o setor<br />
aÈreo, sendo que o espaÁo de aviaÁ„o norte-americano, alÈm de ter sido fechado por alguns<br />
dias apÛs o 11 de setembro, as companhias aÈreas registraram queda em seu tr·fico apÛs<br />
reabrirem a rota, agravando seus problemas financeiros.<br />
Essa situaÁ„o fez com que o paÌs entrasse em uma crise econÙmica, refletida no<br />
mundo inteiro, inclusive no Brasil, que registrou uma valorizaÁ„o na taxa de c‚mbio.<br />
2.3 Primeiro Governo Luiz In·cio Lula da Silva<br />
Em 27 de outubro de 2002, Luiz In·cio Lula da Silva, candidato do PT (Partido dos<br />
Trabalhadores, de esquerda) venceu as eleiÁıes presidenciais do Brasil, assumindo o cargo em<br />
janeiro de 2003. 59<br />
O PT possui como caracterÌstica a representaÁ„o das camadas mais pobres da<br />
sociedade, que no caso do Brasil equivale a parcela majorit·ria da populaÁ„o. E, apesar dessa<br />
59 PRESID NCIA DA REP⁄BLICA FEDERATIVA DO BRASIL. DisponÌvel em:<br />
. Acesso em: 24 maio <strong>2009</strong>.<br />
44
quest„o fazer com que o governo dÍ uma import‚ncia maior ‡s questıes sociais e apesar de<br />
ser um partido de esquerda, o Presidente deu continuidade ‡ polÌtica econÙmica implementada<br />
por FHC nos anos anteriores, de cunho neoliberal.<br />
De acordo com RÙmulo do Couto Alves, 60 como o PT È um partido de esquerda,<br />
houve uma crise de confianÁa das pessoas em relaÁ„o ao governo e as polÌticas que ele iria<br />
adotar, gerando fuga de capital e, consequentemente, uma forte alta na taxa de c‚mbio em<br />
janeiro de 2003, no momento da posse de Lula.<br />
Em relaÁ„o ‡ continuidade na polÌtica econÙmica de FHC, Lula deu Ínfase no<br />
super·vit prim·rio, sinalizando para o mercado e para o FMI (Fundo Monet·rio Internacional)<br />
que a economia se equilibraria e cresceria de maneira est·vel, permitindo uma queda na taxa<br />
de c‚mbio, no risco Brasil e na taxa de juros, ou seja, assim como FHC, Lula usou o super·vit<br />
prim·rio para ganhar confianÁa e criar um ambiente propÌcio ao crescimento econÙmico.<br />
Seguindo novamente os passos de FHC, Lula mostrou uma preocupaÁ„o com a volta<br />
da inflaÁ„o, e para evit·-la, a meta da taxa Selic, que j· havia sido aumentada em dezembro de<br />
2002, quando FHC ainda governava, foi elevada novamente, para 26,5% a.a. AlÈm disso,<br />
aumentou a alÌquota do recolhimento compulsÛrio de depÛsitos ‡ vista de 45% para 60%.<br />
Como podemos perceber no gr·fico a seguir, a taxa de juros Selic se manteve<br />
relativamente est·vel em patamares elevados, apresentando leve queda entre o perÌodo<br />
estudado, de 2000 a 2007. No inÌcio, a taxa era de 1,4557% a.m., e no ˙ltimo perÌodo<br />
calculado, 0,8447% a.m.<br />
60 ALVES, Romulo do Couto. A polÌtica econÙmica no governo Lula: primeiras sinalizaÁıes. DisponÌvel em:<br />
Acesso em: 24 maio <strong>2009</strong>.<br />
45
Gr·fico 2 ñ Taxa de juros over Selic % a.m. x Taxa de c‚mbio R$/USD mensal entre de<br />
2000 a 2006<br />
Taxa de juros over Selic % a.m.<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
2000.01<br />
2000.10<br />
2001.07<br />
2002.04<br />
Fonte: IPEADATA 61 .<br />
2003.01<br />
2003.10<br />
PerÌodo<br />
2004.07<br />
2005.04<br />
2006.01<br />
2006.10<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
Taxa de c‚mbio R$/USD<br />
comercial - compra - mÈdia<br />
mensal<br />
Taxa de c‚mbio -<br />
R$ / US$ -<br />
comercial - compra<br />
- mÈdia mensal<br />
Taxa de juros Over<br />
- Selic<br />
Com a comparaÁ„o entre a taxa de juros Selic e a taxa de c‚mbio (mensal), no perÌodo<br />
compreendido de 2000 a 2006, pode-se concluir que os juros altos tÍm forte influÍncia no<br />
c‚mbio valorizado. O governo adotou esta estratÈgia de aumentar os juros, com o objetivo de<br />
atrair capital estrangeiro, ocasionando uma alta nas duas taxas em 2003.<br />
Ainda seguindo RÙmulo do Couto Alves, Lula tomou esta providÍncia, pois no ano de<br />
2002, o c‚mbio havia se desvalorizado muito, primeiro por causa da crise de liquidez<br />
internacional, segundo porque o Brasil passava por um choque inflacion·rio determinado pela<br />
desvalorizaÁ„o cambial. Isso fez com que as exportaÁıes continuassem crescendo, porÈm, fez<br />
com que o paÌs perdesse capacidade de crescimento, pecando no desenvolvimento industrial e<br />
produtivo.<br />
No inÌcio de 2001, os EUA sofreram uma crise energÈtica, causada pelo crescimento<br />
do setor de computadores e da internet, pois a CalifÛrnia, que abrigava as empresas de<br />
inform·tica mais importantes do mundo, como a Intel, n„o possuÌa uma rede elÈtrica capaz de<br />
fornecer a energia consumida pela ind˙stria de alta tecnologia.<br />
Os Estados Unidos passaram por uma crise gerada pelo crescimento de usu·rios da<br />
internet, gerando um ìboomî da internet. Isso aconteceu porque o paÌs n„o possuÌa uma infra-<br />
estrutura adequada capaz de acompanhar o crescimento da internet.<br />
61 ÕNDICE DE PESQUISA ECON‘MICA APLICADA - DisponÌvel em:<br />
. Acesso em: 24 maio<br />
<strong>2009</strong>.<br />
46
Foi essa crise de energia elÈtrica nos Estados Unidos que acabou gerando uma crise de<br />
liquidez internacional em 2001, refletindo nas decisıes tomadas pelo presidente Lula na<br />
polÌtica econÙmica de elevar os juros em 2002.<br />
Em maio, a CalifÛrnia e Nova York sofreram apagıes, apÛs uma crise que afetou o<br />
sistema rodovi·rio. No caso norte-americano, essa crise energÈtica foi atribuÌda ‡ ineficiÍncia<br />
das empresas fornecedoras de eletricidade, que haviam sido privatizadas recentemente.<br />
Nos EUA, o abastecimento de energia È de responsabilidade de empresas privadas,<br />
como a Consolidated Edison.<br />
Em 1998, o Estado da CalifÛrnia desregulamentou o mercado elÈtrico e privatizou sua<br />
produÁ„o, para que a competiÁ„o reduzisse os preÁos.<br />
Para evitar o golpe econÙmico da livre flutuaÁ„o de preÁos, as tarifas ao consumidor<br />
foram congeladas. PorÈm, a alta procura elevou custos especulativos, pois as fornecedoras<br />
transferiam lucros obtidos com a venda de centrais produtoras de energia, ‡s suas matrizes.<br />
O caso da Enron ficou conhecido com essa crise, pois esta empresa realizou esta<br />
manobra, gerando apagıes. Como conseq¸Íncia, o Estado da CalifÛrnia foi obrigado a<br />
resgatar essas companhias e financiar a compra de energia elÈtrica.<br />
TambÈm, em 2002 a Argentina passou por uma crise social, econÙmica, polÌtica e<br />
institucional, iniciada em 1999 com um declÌnio econÙmico. Essa crise foi gerada tanto por<br />
fatores internos (elevado desemprego e desequilÌbrio fiscal), quanto externos (crise da R˙ssia<br />
em 1998, impacto da desvalorizaÁ„o da moeda brasileira em 1999 e avers„o ao risco do<br />
mercado financeiro internacional).<br />
Em 2001 a Argentina tinha De La Rua como Presidente, e a soluÁ„o encontrada pelo<br />
seu governo foi acabar com a paridade do peso ao dÛlar norte-americano, criando um sistema<br />
de c‚mbio duplo e emitindo quase-moedas como meio de troca suplementar.<br />
AlÈm disso, houve fuga de capitais e de depÛsitos, pois o paÌs n„o honrou as metas que<br />
havia acordado com o FMI. Quando Cavallo, no governo seguinte, tentou zerar o dÈficit<br />
p˙blico diminuindo sal·rios e aposentadorias dos funcion·rios p˙blicos, gerou nova fuga de<br />
capitais, temendo-se congelamento de depÛsitos e que o governo n„o pagasse suas dÌvidas.<br />
Outro fator que afastou investimentos estrangeiros foi o boato sobre confisco. Como<br />
estavam sendo feitos muitos saques, o governo bloqueou a disponibilidade de depÛsitos<br />
banc·rios, gerando revolta na populaÁ„o, resultando na saÌda do presidente, que foi<br />
substituÌdo por Duhalde.<br />
47
ApÛs o governo declarar default de sua dÌvida em moeda estrangeira com credores<br />
privados, Duhalde adotou uma desvalorizaÁ„o de 40% para operaÁıes de comÈrcio exterior,<br />
deixando a conversibilidade de lado.<br />
A situaÁ„o da Argentina apresentou sinais de mudanÁas no final de 2002 e inÌcio de<br />
2003, quando cresceu o super·vit comercial, a economia voltou a crescer, aumentando o PIB,<br />
a inflaÁ„o foi controlada e o c‚mbio estabilizado. O governo argentino renegociou com o<br />
FMI, gerando tranq¸ilidade, pois o novo acordo era mais flexÌvel e menos exigente, evitando<br />
a volta da instabilidade financeira, cambial, inflaÁ„o e recess„o.<br />
O governo Lula permitiu uma abertura financeira, e com isso, os resultados em 2005<br />
foram positivos, como uma queda na inflaÁ„o, apresentando um Ìndice de inflaÁ„o IGP-DI<br />
acumulado de 1,22% a.a. em 2005. AlÈm disso, o paÌs recuperou sua taxa de crescimento e<br />
ampliaÁ„o nos saldos comerciais positivos, levando ‡ diminuiÁ„o da vulnerabilidade externa.<br />
Gr·fico 3 ñ Saldo BalanÁo de pagamentos mensal entre 2000 e 2006<br />
US$ (milhıes)<br />
10.000,00<br />
5.000,00<br />
0,00<br />
-5.000,00<br />
-10.000,00<br />
-15.000,00<br />
Fonte: IPEADATA 62 .<br />
2000.01<br />
2000.07<br />
2001.01<br />
2001.07<br />
2002.01<br />
2002.07<br />
2003.01<br />
2003.07<br />
2004.01<br />
2004.07<br />
2005.01<br />
2005.07<br />
2006.01<br />
2006.07<br />
PerÌodo<br />
62 ÕNDICE DE PESQUISA ECON‘MICA APLICADA - DisponÌvel em:<br />
.Acesso em: 24 maio <strong>2009</strong><br />
48
Em 29 de outubro de 2006, Lula foi reeleito como Presidente da Rep˙blica, vencendo<br />
o candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Geraldo Alckmin.<br />
49
3 MODELOS ECONOM…TRICOS<br />
3.1 PerÌodo de janeiro de 1994 a dezembro de 1999<br />
3.1.1 Regress„o da taxa de c‚mbio calculada com trÍs perÌodos de defasagem, em funÁ„o<br />
da variaÁ„o das taxas de juros nominais (Brasil ñ EUA)<br />
Views:<br />
Para a elaboraÁ„o destes testes economÈtricos, a seguinte equaÁ„o foi testada no E-<br />
x * i i * <br />
Onde:<br />
e e<br />
x*<br />
<br />
e<br />
x*<br />
e<br />
t<br />
3<br />
e<br />
e<br />
t<br />
t<br />
e expectativa da taxa de c‚mbio (adotou-se, por falta de dados, e e de trÍs meses<br />
anteriores): 3 perÌodos<br />
e taxa de c‚mbio que realmente aconteceu (ou taxa de c‚mbio efetiva)<br />
i taxa de juros nominal no Brasil<br />
i* taxa de juros nominal nos EUA<br />
erro<br />
x* a.<br />
i b.<br />
i * <br />
c<br />
Onde c È a constante<br />
50
Dependent Variable: TXCAMB3P<br />
Method: Least Squares<br />
Date: 11/16/09 Time: 09:49<br />
Sample (adjusted): 1994M01 1999M09<br />
Included observations: 69 after adjustments<br />
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.<br />
C 0.065197 0.020806 3.133503 0.0026<br />
DELTATXJUR 0.012585 0.001617 7.781906 0.0000<br />
R-squared 0.474749 Mean dependent var 0.079697<br />
Adjusted R-squared 0.466909 S.D. dependent var 0.235760<br />
S.E. of regression 0.172135 Akaike info criterion -0.652514<br />
Sum squared resid 1.985249 Schwarz criterion -0.587757<br />
Log likelihood 24.51174 F-statistic 60.55806<br />
Durbin-Watson stat 0.658195 Prob(F-statistic) 0.000000<br />
De acordo com esta saÌda do E-Views, as vari·veis deste modelo n„o apresentam Prob<br />
acima de 5% de signific‚ncia, portanto:<br />
x* 0,<br />
065197 0,<br />
012585i<br />
PorÈm, este modelo n„o È o mais adequado, pois as vari·veis a e c (0,012585 e<br />
0,065197, respectivamente) s„o muito prÛximas de zero.<br />
AlÈm disso,<br />
2<br />
R ajustado indica que a vari·vel independente sÛ explica 46,6909% da<br />
vari‚ncia da vari·vel dependente, o que È muito baixo.<br />
O teste de Durbin-Watson indica que h· autocorrelaÁ„o serial positiva, pois n„o est·<br />
prÛximo, que seria 2, onde n„o h· autocorrelaÁ„o serial.<br />
0<br />
Para Gujarati 63 :<br />
63 GUJARATI, Damodar N. Econometria B·sica. 3. ed. S„o <strong>Paulo</strong>: Makron Books, 2000,<br />
p. 424.<br />
EstatÌstica d de Durbin-Watson<br />
Rejeitar 0 H<br />
IndÌcio de<br />
autocorrelaÁ„o<br />
positiva<br />
d I<br />
Zona de<br />
indecis„o<br />
d S<br />
2<br />
N„o rejeitar 0 H ou 0 * H ou ambas<br />
4- d S<br />
Zona de<br />
indecis„o<br />
4- I d<br />
Rejeitar 0 H<br />
IndÌcio de<br />
autocorrelaÁ„o<br />
negativa<br />
4<br />
51
Legenda<br />
H 0 : ausÍncia de autocorrelaÁ„o positiva<br />
H * 0 : ausÍncia de autocorrelaÁ„o negativa<br />
Prob (F-statistic) È zero, porÈm, F-statistic igual a 60,55806 È um valor muito baixo.<br />
F=0<br />
H È verdadeiro<br />
0<br />
95% 5%<br />
Este modelo n„o È o mais adequado e isso pode ter ocorrido, primeiro pela falta da<br />
presenÁa do fator risco. Segundo, pela adaptaÁ„o feita por falta de dados, onde a taxa de<br />
c‚mbio esperada foi substituÌda pelo c‚mbio efetivo de trÍs meses anteriores.<br />
Para tentar eliminar a falta de dados e n„o precisar usar um c‚mbio efetivo de trÍs<br />
meses atr·s para substituir a expectativa da taxa de juros, o modelo das Expectativas<br />
Adaptativas foi usado para a elaboraÁ„o de outro teste, no mesmo perÌodo.<br />
10<br />
F<br />
52
3.1.2 Expectativa Adaptativa: regress„o da taxa de c‚mbio (t) em funÁ„o da taxa de c‚mbio<br />
no perÌodo anterior (t-1) e da variaÁ„o das taxas de juros nominais do Brasil e EUA no<br />
perÌodo anterior (t-1)<br />
O modelo, baseado na Teoria das Expectativas Adaptativas, foi elaborado com base na<br />
seguinte equaÁ„o:<br />
x * t c b1<br />
. x * ( t 1)<br />
b2.<br />
i(<br />
t1)<br />
b3i<br />
* ( t<br />
1)<br />
Dependent Variable: TXCAMB<br />
Method: Least Squares<br />
Date: 11/16/09 Time: 09:28<br />
Sample (adjusted): 1994M02 1999M12<br />
Included observations: 71 after adjustments<br />
<br />
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.<br />
C 0.008102 0.031596 0.256423 0.7984<br />
ARTXCAMB 1.011971 0.027466 36.84477 0.0000<br />
ARDELTATXJUR 0.002755 0.000811 3.397086 0.0011<br />
R-squared 0.963462 Mean dependent var 1.114928<br />
Adjusted R-squared 0.962387 S.D. dependent var 0.369228<br />
S.E. of regression 0.071608 Akaike info criterion -2.393874<br />
Sum squared resid 0.348688 Schwarz criterion -2.298267<br />
Log likelihood 87.98251 F-statistic 896.5255<br />
Durbin-Watson stat 1.255572 Prob(F-statistic) 0.000000<br />
De acordo com esta regress„o, o<br />
53<br />
2<br />
R ajustado apresentou uma melhora, pois significa<br />
que 96,2387% da vari‚ncia de x* agora È explicado pelas vari·veis independentes.<br />
Assim como<br />
pois ficou mais prÛximo de 2.<br />
2<br />
R ajustado, o teste de DW tambÈm apresentou um resultado melhor,<br />
F-statistic tambÈm melhorou, pois È maior que o F-statistic do primeiro modelo, ou<br />
seja, mais afastado de zero.<br />
Com base nesta saÌda do E-Views, a seguinte equaÁ„o foi elaborada, excluindo-se a<br />
constante c, pois apresenta signific‚ncia acima de 5%:<br />
x * <br />
1,<br />
011971 * ( 1) 0,<br />
002755.<br />
( 1)<br />
<br />
t x t<br />
i t<br />
AlÈm disso, o impacto de i ( t 1)<br />
em x * t È muito pequeno: apenas 0,002755.
3.2 PerÌodo de janeiro de 2000 a dezembro de 2006<br />
3.2.1 Regress„o da taxa de c‚mbio calculada com trÍs perÌodos de defasagem, em funÁ„o<br />
da variaÁ„o das taxas de juros nominais (Brasil ñ EUA)<br />
Dependent Variable: TXCAMB3P<br />
Method: Least Squares<br />
Date: 11/16/09 Time: 09:23<br />
Sample (adjusted): 2000M01 2006M09<br />
Included observations: 81 after adjustments<br />
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.<br />
C -0.003618 0.009695 -0.373129 0.7101<br />
DELTATXJUR -0.006300 0.003687 -1.708533 0.0915<br />
R-squared 0.035634 Mean dependent var 0.007174<br />
Adjusted R-squared 0.023427 S.D. dependent var 0.066988<br />
S.E. of regression 0.066199 Akaike info criterion -2.567930<br />
Sum squared resid 0.346199 Schwarz criterion -2.508808<br />
Log likelihood 106.0012 F-statistic 2.919085<br />
Durbin-Watson stat 0.619475 Prob(F-statistic) 0.091464<br />
Neste perÌodo, usando a regress„o da taxa de c‚mbio calculada com trÍs perÌodos de<br />
defasagem, em funÁ„o da variaÁ„o das taxas de juros nominais, percebe-se que o modelo<br />
piorou em relaÁ„o ao perÌodo anterior: primeiro, analisando que<br />
explicavam 46,6909% do modelo, passaram a explicar apenas 2,3427%.<br />
54<br />
2<br />
R ajustado, cujas vari·veis<br />
O t - DW diminuiu de 0.658195 para 0,619475, ou seja, mais afastado de 2.<br />
Em relaÁ„o ao F-statistic, que era 60.55806, neste perÌodo, foi de apenas 2,919085, e<br />
Prob (F-statistic) passou a ser 0,091464.<br />
AlÈm disso, todas as vari·veis apresentam Prob acima de 5% de signific‚ncia, n„o<br />
podendo ser usadas para a elaboraÁ„o do modelo.
3.2.2 Expectativa Adaptativa: a regress„o da taxa de c‚mbio (t) em funÁ„o da taxa de<br />
c‚mbio no perÌodo anterior (t-1) e da variaÁ„o das taxas de juros nominais do Brasil e EUA<br />
no perÌodo anterior (t-1)<br />
Dependent Variable: TXCAMB<br />
Method: Least Squares<br />
Date: 11/16/09 Time: 09:18<br />
Sample (adjusted): 2000M02 2006M12<br />
Included observations: 83 after adjustments<br />
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.<br />
C 0.178551 0.154256 1.157499 0.2505<br />
ARTXCAMB 0.936633 0.052530 17.83030 0.0000<br />
ARDELTA 0.007760 0.012996 0.597076 0.5521<br />
R-squared 0.947735 Mean dependent var 2.539007<br />
Adjusted R-squared 0.946428 S.D. dependent var 0.494775<br />
S.E. of regression 0.114519 Akaike info criterion -1.460679<br />
Sum squared resid 1.049166 Schwarz criterion -1.373251<br />
Log likelihood 63.61818 F-statistic 725.3234<br />
Durbin-Watson stat 1.396591 Prob(F-statistic) 0.000000<br />
Comparando-se os dois perÌodos do modelo das Expectativas Adaptativas, neste tÍm-<br />
se duas vari·veis que apresentam signific‚ncia acima de 5%, portanto, n„o podem ser usadas<br />
para que o modelo seja elaborado, ent„o:<br />
x * <br />
t 0,<br />
936633x<br />
* ( t 1)<br />
De acordo com este modelo, x* È muito explicado pela taxa de c‚mbio passada x * ( t 1)<br />
.<br />
Para<br />
2<br />
R ajustado, as vari·veis independentes deixaram de explicar o modelo em 96% e<br />
passaram a explicar 94,7735%, o que, mesmo com esse decrÈscimo, explicam muito do<br />
modelo.<br />
DW tambÈm apresentou um pequeno acrÈscimo e foi de 1.255572 para 1.396591, ou<br />
seja, tanto um quanto outro modelo apresenta autocorrelaÁ„o serial.<br />
Prob (F-statistic) continua zero, mas o F-statistic do perÌodo anterior era melhor pelo<br />
fato de que era 896,5255 e passou a ser 725.3234.<br />
55
Ou seja, comparando os dois perÌodos dos modelos das Expectativas Adaptativas, o<br />
primeiro perÌodo apresentou um modelo melhor, porÈm, sem grandes diferenÁas. Isso pode ter<br />
acontecido devido ao perÌodo, que È maior no segundo e abrange sete anos, contra seis anos<br />
do primeiro perÌodo. AlÈm disso, no primeiro perÌodo a taxa de c‚mbio era controlada pelo<br />
governo.<br />
56
CONCLUS O<br />
Um dos alicerces da macroeconomia moderna È a condiÁ„o da paridade de juros<br />
descobertos que expressa uma relaÁ„o entre a taxa esperada para a taxa de c‚mbio brasileira, a<br />
taxa de c‚mbio atual e as taxas de juros brasileira e americana.<br />
A Teoria da Paridade de Juros Descobertos conclui que o retorno de um investimento<br />
È dado pela taxa de juros interna e externa e pela taxa de c‚mbio.<br />
Em um exemplo em que a taxa de juros no Brasil È de 10% a.a., e nos EUA È de 5%<br />
a.a., analisando-se pela taxa de juros, os investidores fariam uma aplicaÁ„o no Brasil, porÈm,<br />
dado que a taxa de c‚mbio, hoje, È R $ 1,<br />
10 / USD , e espera-se que daqui a um ano seja<br />
R $ 1,<br />
165 / USD :<br />
R<br />
R<br />
Brasil<br />
EUA<br />
100 1,<br />
1 110 R$<br />
1USD<br />
100 R$<br />
<br />
1,<br />
10R$<br />
90,<br />
91<br />
USD <br />
1,<br />
05<br />
90,<br />
91<br />
95,<br />
45<br />
USD<br />
USD<br />
1,<br />
165 R$<br />
95,<br />
45 USD 111,<br />
2 R$<br />
1USD<br />
<br />
Assim, investe-se no Brasil, se o retorno for maior que nos EUA e vice-versa e<br />
levando-se em conta a taxa de c‚mbio, para poder comparar em termos da mesma moeda.<br />
Portanto, a decis„o correta seria aplicar nos EUA, pois, apesar de a taxa de juros brasileira ser<br />
maior que a taxa de juros americana, a expectativa de apreciaÁ„o do dÛlar proporciona um<br />
ganho de capital que faz com que o rendimento dos depÛsitos em dÛlar seja maior.<br />
Seguindo esta linha de raciocÌnio, como a Paridade de Juros È Descoberta, n„o h·<br />
certeza de que o c‚mbio ser· realmente o esperado, no caso, R $ 1,<br />
165 / USD . Ou seja, o fator<br />
risco È muito importante nesta decis„o e o modelo n„o leva em conta esta vari·vel, o que leva<br />
a concluir que este modelo tambÈm n„o È o ideal.<br />
brasileira.<br />
Esta hipÛtese vem sendo testada em nÌvel internacional, com resultados ambÌguos.<br />
O objetivo do trabalho foi testar a teoria para dois perÌodos recentes da economia<br />
57
O primeiro vai de 1994 a 1999 e caracterizou-se pelo controle do governo sobre o<br />
c‚mbio. O segundo perÌodo abrange a alteraÁ„o recente da polÌtica cambial caracterizado pela<br />
opÁ„o pelo c‚mbio flutuante. O teste nos dois perÌodos permite verificar se existem condiÁıes<br />
que corroboram a teoria em ambos os perÌodos ou n„o.<br />
Quando o Programa de estabilizaÁ„o EconÙmica foi lanÁado, em 1994, pelo governo<br />
de Itamar Franco, o ambiente econÙmico brasileiro estava caÛtico, atingindo inflaÁ„o de 30%<br />
ao mÍs. A novidade deste programa foi que, ao contr·rio dos anteriores, que eram baseados<br />
no congelamento de preÁos, criou uma Unidade Real de Valor, na qual o Cruzeiro Real era<br />
indexada pela URV, que corrigia preÁos e sal·rios diariamente. Quem fazia este controle era o<br />
Banco Central, que administrava a desvalorizaÁ„o da moeda baseado neste indexador para<br />
acompanhar a inflaÁ„o. Essa polÌtica abriu espaÁo para a elaboraÁ„o do Plano Real, cujo<br />
objetivo principal era a reestruturaÁ„o dos compromissos externos e a estabilidade monet·ria,<br />
adotando-se a polÌtica de c‚mbio fixo.<br />
Para acabar com a indexaÁ„o, e, portanto, n„o haver congelamento de preÁos, o<br />
cruzeiro real foi substituÌdo pelo real seguindo a seguinte condiÁ„o:<br />
R$ 1 US$<br />
1 1URV<br />
(Unidade Real de Valor)<br />
Isso levou ‡ queda da inflaÁ„o: o IGP-DI mensal apresentou queda e chegou a 14,8%<br />
ao ano em 1995.<br />
Em outubro de 1994, o Presidente Fernando Henrique Cardoso foi eleito, dando<br />
continuidade ‡ polÌtica de estabilizaÁ„o econÙmica e do Real. AlÈm disso, outro ponto<br />
principal de seu governo foi a continuidade da polÌtica de reforma e modernizaÁ„o do Estado:<br />
as privatizaÁıes.<br />
Neste perÌodo, que vai de 1994 a 1999, o Brasil passou por momentos de instabilidade<br />
conseq¸entes de crises internacionais, como a crise do MÈxico, em 1995, da ¡sia, em 1997,<br />
da R˙ssia, em 1998 e nossa crise em 1999. A conseq¸Íncia dessas crises para o Brasil foi um<br />
aumento na taxa de juros durante os perÌodos de instabilidade.<br />
PorÈm, quando Fernando Henrique Cardoso iniciou seu segundo mandato, em 1999,<br />
Gustavo Franco, atÈ ent„o presidente do Banco Central desde agosto de 1997, foi substituÌdo<br />
58
por Francisco Lopes, foi adotada a livre flutuaÁ„o cambial e o c‚mbio chegou a R$ 2,20 /<br />
USD.<br />
AlÈm da desvalorizaÁ„o cambial, o governo reduziu gastos, aumentou tributos e<br />
elevou a taxa de juros.<br />
Um balanÁo da polÌtica de estabilizaÁ„o do Plano Real indica que, com essas medidas,<br />
foi possÌvel manter os nÌveis de inflaÁ„o em baixa, porÈm, tornou o paÌs vulner·vel ‡<br />
globalizaÁ„o do capital financeiro, que precisava atrair para financiar seu dÈficit externo.<br />
O segundo perÌodo analisado neste trabalho abrange os anos 2000 atÈ 2006, e foi<br />
caracterizado por uma polÌtica econÙmica baseada na flexibilizaÁ„o cambial. Nesta fase o paÌs<br />
tambÈm passou por perÌodos de instabilidade, e isso pode ser analisado, primeiramente, em<br />
2001, quando o paÌs foi vÌtima de uma crise energÈtica, enfrentando um sÈrio problema de<br />
falta de energia, mesmo apÛs o setor ter sido privatizado.<br />
AlÈm disso, coincidentemente no mesmo perÌodo, em 11 de setembro de 2001, os<br />
EUA sofreram ataques terroristas comandados pelo grupo Al-Qaeda, e os impactos<br />
econÙmicos mundiais destes fatos foram desastrosos. Essa situaÁ„o fez com que o paÌs<br />
entrasse em uma crise econÙmica, refletida no mundo inteiro, inclusive no Brasil, que<br />
registrou uma valorizaÁ„o na taxa de c‚mbio.<br />
O inÌcio de 2001 foi marcado tambÈm por uma crise energÈtica nos EUA, e tambÈm na<br />
Argentina, que sÛ conseguiu mostrar sinais de recuperaÁ„o em 2003. Essas crises tambÈm<br />
impactaram a economia do Brasil.<br />
Quando o atual presidente Luiz In·cio Lula da Silva foi eleito, em outubro de 2002, o<br />
paÌs sofreu com uma crise de desconfianÁa em relaÁ„o a esse novo governo e ‡s polÌticas que<br />
ele iria adotar, pois seu partido, o PT (Partido dos Trabalhadores) tem como caracterÌstica a<br />
representaÁ„o das camadas mais pobres da populaÁ„o, o que, no caso do Brasil, È a parcela<br />
majorit·ria da populaÁ„o. PorÈm, o Presidente Lula deu continuidade ‡ polÌtica econÙmica de<br />
FHC.<br />
O governo adotou, em 2003, uma estratÈgia de aumentar os juros, com o objetivo de<br />
atrair capital estrangeiro.<br />
59
O governo Lula permitiu uma abertura financeira, e com isso, os resultados em 2005<br />
foram positivos, como a queda na inflaÁ„o, apresentando um Ìndice de inflaÁ„o IGP-DI<br />
acumulado de 1,22% a.a. em 2005. AlÈm disso, o paÌs recuperou sua taxa de crescimento e<br />
ampliaÁ„o nos saldos comerciais positivos, levando ‡ diminuiÁ„o da vulnerabilidade externa.<br />
Em 29 de outubro de 2006, Lula foi reeleito Presidente da Rep˙blica, vencendo o<br />
candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Geraldo Alckmin.<br />
De acordo com os testes economÈtricos realizados, a teoria estudada n„o pode ser<br />
corroborada. Entretanto observam-se diferenÁas entre os dois perÌodos. Como no primeiro<br />
perÌodo, que vai de 1994 a 1999, o c‚mbio era controlado pelo governo, a taxa de c‚mbio<br />
podia ser prevista com melhor acur·cia. O modelo das Expectativas Racionais no primeiro<br />
perÌodo, apesar de abranger um ano a menos que o segundo (que vai de 2000 a 2006), È o que<br />
melhor explica a teoria, ou seja, apresentando um<br />
melhores.<br />
60<br />
2<br />
R ajustado, teste de DW e teste F<br />
PorÈm, quando o c‚mbio passa a flutuar livremente, o modelo apresenta uma pequena<br />
piora, passando a ficar um pouco menos confi·vel, apesar de ainda apresentar<br />
teste de DW e teste F muito bons.<br />
2<br />
R ajustado,<br />
Ou seja, apesar de ambos os perÌodos apresentarem instabilidades sofridas por crises<br />
externas ou atÈ mesmo internas, os testes revelam que a Teoria da Paridade de Juros<br />
Descobertos pode ser usada com maior confiabilidade, no Brasil, no perÌodo de 1994 a 1999.<br />
Como conclus„o geral, pode-se dizer que n„o se pode corroborar a teoria. Como<br />
sugest„o para trabalhos futuros pretende-se incorporar vari·veis que podem tornar o modelo<br />
mais realista com a incorporaÁ„o do risco Brasil. Vale para a condiÁ„o da paridade de juros<br />
descobertos a mesma observaÁ„o feita para a hipÛtese da paridade do poder de compra: a<br />
hipÛtese È v·lida em condiÁıes que s„o muito restritivas e, ao abandonar estas condiÁıes, a<br />
teoria n„o È corroborada. Isto n„o significa que n„o tenha sido bem formalizada de um ponto<br />
de vista teÛrico.
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