Poesia - Academia Brasileira de Letras
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Do fundo do presente<br />
a eternida<strong>de</strong> te espia.<br />
Por isso é que alimentas<br />
tua noção do divino.<br />
“E assim, meu Deus, é cada noite:<br />
sempre existem os solícitos<br />
que caminham, caminham, e não te encontram.”<br />
Mas, que espécie <strong>de</strong> Deus se revela agora diante <strong>de</strong> teus olhos,<br />
se recria em tua consciência?<br />
É antes “o vizinho Deus”, não a “Torre antiqüíssima”,<br />
não o “obscuro Desconhecido, <strong>de</strong> eternida<strong>de</strong> em eternida<strong>de</strong>”.<br />
Se és o seu invólucro e a sua substância,<br />
Por ti, que és a Canção, é que Ele se formará e se fará rima;<br />
em ti e contigo, que te fazes o sonho, é que se per<strong>de</strong>rá o seu sentido.<br />
Assim é que o interrogas,<br />
na antevisão da morte:<br />
“Que será <strong>de</strong> ti, meu Deus? Sinto-me inquieto.”<br />
E inquieto permaneces.<br />
Pois quem, se tu gritasses, te escutaria<br />
<strong>de</strong>ntre a or<strong>de</strong>m dos anjos?<br />
Palavras a Isaías<br />
Poemas motivados<br />
“De que servirá que eu vos fira <strong>de</strong> novo?”<br />
Isaías, 1,5 .<br />
Aqui estamos. Olha:<br />
<strong>de</strong> áspero mundo vimos,<br />
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