A construção de gênero e sexualidade no currículo - Fazendo Gênero
A construção de gênero e sexualidade no currículo - Fazendo Gênero
A construção de gênero e sexualidade no currículo - Fazendo Gênero
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A <strong>construção</strong> <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>currículo</strong>: uma investigação sob o enfoque pósestruturalista<br />
Florianópolis, 2008 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 28 a 25 <strong>de</strong> 1<br />
Vilma Nonato <strong>de</strong> Brício 2 (UFPA)<br />
Palavras-chave: <strong>Gênero</strong>; Sexualida<strong>de</strong>; Currículo.<br />
ST 53 – <strong>Gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> na escola e na mídia<br />
<strong>Gênero</strong> 8 <strong>Fazendo</strong> <strong>Gênero</strong> 8 <strong>Fazendo</strong> <strong>Gênero</strong> 8 <strong>Fazendo</strong> <strong>Gênero</strong> 8 - Corpo, Violência e Po<strong>de</strong>r Corpo, Violência e Po<strong>de</strong>r Corpo, Violência e Po<strong>de</strong>r Corpo, Violência e Po<strong>de</strong>r <strong>Fazendo</strong><br />
O presente trabalho é parte da pesquisa que <strong>de</strong>senvolvo <strong>no</strong> mestrado em educação, “As<br />
travessias das fronteiras <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>: questões para pensar um <strong>currículo</strong> queer”, que se<br />
inscreve em campos teóricos fendais, com o <strong>de</strong>sígnio <strong>de</strong> se movimentar entre as construções<br />
teóricas recentes na área da investigação em educação <strong>de</strong> inspiração pós-estruturalistas 3 . Para<br />
empreen<strong>de</strong>r a análise das construções <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>currículo</strong>, recorro a autores/as<br />
como Foucault (2004, 2005, 2006), Fischer (2001, 2002a, 2002b), Louro (1998, 2004a, 2004b),<br />
Veiga-Neto (2003). A partir <strong>de</strong>sses autores/as compreendo que <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> são<br />
construídos discursivamente em vários âmbitos, entre os quais o <strong>currículo</strong>.<br />
Neste trabalho apresento as discussões teóricas que dão sustentabilida<strong>de</strong> à pesquisa. Dessa<br />
forma, faço inicialmente uma breve discussão sobre o <strong>currículo</strong> numa perspectiva pós-estruturalista,<br />
para em seguida articular com o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>.<br />
O <strong>currículo</strong> é entendido como uma prática social, discursiva e não-discursiva, como uma<br />
linguagem, que está enredado na <strong>construção</strong> <strong>de</strong> discursos que <strong>no</strong>rmatizam os <strong>gênero</strong>s e as<br />
sexualida<strong>de</strong>s, mas que po<strong>de</strong>m também encontrar fendas para a transição nas fronteiras, para a<br />
escorrega<strong>de</strong>la entre o “legítimo” e o “ilegítimo”.<br />
Para compreen<strong>de</strong>r o <strong>currículo</strong> através da <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> discurso e po<strong>de</strong>r é preciso conhecê-los e<br />
saber como se articulam. Po<strong>de</strong>r é um conceito central na perspectiva foucaultiana e é consi<strong>de</strong>rado<br />
como <strong>de</strong>scentralizado e difuso. Entretanto, em geral, o po<strong>de</strong>r é representado como domínio, força,<br />
controle, contendo significados unicamente negativos. Mas, o po<strong>de</strong>r “[...] não pesa só como uma<br />
força que diz não, mas que <strong>de</strong> fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz<br />
discurso (FOUCAULT, 2006, p. 8).<br />
A partir da intrínseca relação entre po<strong>de</strong>r e discurso, o <strong>currículo</strong> “[...] envolve formas <strong>de</strong><br />
conhecimento cujas funções consistem em regular e disciplinar o indivíduo” (POPKEWITZ, 1994,<br />
p. 186), através da seleção, organização e imposição do conhecimento objetivando a regulação e o<br />
controle <strong>de</strong> si em dada socieda<strong>de</strong>. Juntamente com os conhecimentos relativos às disciplinas<br />
escolares, o <strong>currículo</strong> fornece discursos sobre formas politicamente sancionadas, ou seja, uma<br />
<strong>de</strong>terminada forma <strong>de</strong> ser e agir. Assim, disciplina, <strong>no</strong>rmaliza e controla os indivíduos, logo, é um
dispositivo <strong>de</strong>stinado à produção <strong>de</strong> sujeitos através <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> diferenciação e<br />
i<strong>de</strong>ntificação (LARROSA, 1994) 4 . Ou seja, o que o sujeito é, é histórica e culturalmente<br />
contingente, pois não há natureza em um modo particular <strong>de</strong> ser já que este é <strong>de</strong>terminado e<br />
constituído pela cultura. A idéia que o sujeito tem <strong>de</strong> si é possível <strong>de</strong> ser analisada em sua<br />
constituição histórico-cultural, a partir do ato <strong>de</strong> problematizar e <strong>de</strong>sconstruir discursos, tanto<br />
reguladores como emancipadores.<br />
O <strong>currículo</strong>, enfim, contém um discurso que constrói i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>,<br />
encerrando a heterossexualida<strong>de</strong> e a homossexualida<strong>de</strong> em certos limites históricos e culturais.<br />
Enten<strong>de</strong>r as relações entre <strong>gênero</strong>, sexualida<strong>de</strong> e <strong>currículo</strong>, significa reconhecer que homens e<br />
mulheres são sujeitos cambiantes e híbridos, pois em não sendo pretensamente naturais, não<br />
obe<strong>de</strong>cem a padrões estabelecidos rigidamente, mas procuram estabelecer relações entre si, o que<br />
po<strong>de</strong> resultar em posições-<strong>de</strong>-sujeito me<strong>no</strong>s encerradas em padrões i<strong>de</strong>ntitários rigidamente<br />
localizados, já que é parte integrante <strong>de</strong> uma complexa re<strong>de</strong> discursiva permeada por relações <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r.<br />
Na medida em que está irremediavelmente atado aos regimes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, o <strong>currículo</strong> como<br />
forma <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> constrói e transmite discursos sobre experiências objetivas do mundo,<br />
estruturando um campo <strong>de</strong> ação, através <strong>de</strong> uma “política <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>”, responsável por transmitir o<br />
conhecimento sobre certas <strong>no</strong>ções particulares, entre as quais <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>, que<br />
sancionadas, contam como verda<strong>de</strong> as <strong>no</strong>rmas e práticas, com vista ao auto-disciplinamento e a<br />
vigilância constante.<br />
O <strong>gênero</strong> e a sexualida<strong>de</strong> envolvem uma gama <strong>de</strong> situações <strong>no</strong> <strong>currículo</strong> escolar que<br />
refletem e fabricam, não sem contestação e resistência, homens e mulheres, heterossexuais e<br />
homossexuais. <strong>Gênero</strong> é uma categoria <strong>de</strong> análise que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida tanto como constitutiva <strong>de</strong><br />
relações sociais baseadas nas diferenças entre os sexos, quanto uma forma <strong>de</strong> expressar as relações<br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. As relações <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> resultam <strong>de</strong> <strong>construção</strong> social, pois cada socieda<strong>de</strong> possui seus<br />
próprios critérios para instituir as relações sociais e, para compreendê-las é necessário saber como<br />
<strong>gênero</strong> se articula com o po<strong>de</strong>r (SCOTT, 1995).<br />
Com relação a sexualida<strong>de</strong>, é na “História da sexualida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> Foucault (2005) que se<br />
encontram os fundamentos para a tese <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong> como uma <strong>construção</strong> social e histórica. A<br />
sexualida<strong>de</strong> não é apenas uma questão pessoal, mas uma questão social e política, estando<br />
diretamente relacionada à forma como a socieda<strong>de</strong> se organiza culturalmente. Ao concebê-la como<br />
um “dispositivo histórico”, Foucault (2005) critica a idéia <strong>de</strong> naturalização da sexualida<strong>de</strong> baseada<br />
em atributos biológicos.<br />
Esse dispositivo histórico permite que sejam construídos discursos, como os da igreja, da<br />
moral e da lei, sobre a sexualida<strong>de</strong>, através do po<strong>de</strong>r inscrito não na negação ou na proibição do<br />
2
discurso sobre o sexo, mas através da incitação ao mesmo, sendo, portanto, produtivo, o que confere<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir o ele <strong>de</strong><strong>no</strong>mi<strong>no</strong>u <strong>de</strong> “socieda<strong>de</strong> disciplinar”, que faz um investimento<br />
sobre o corpo, para construir o que chamou <strong>de</strong> “corpos dóceis” (FOUCAULT, 2006). A <strong>de</strong>scoberta<br />
do corpo como objeto e alvo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r foi suficiente para tentar encerrar nele as marcas do <strong>gênero</strong> e<br />
da sexualida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>radas <strong>no</strong>rmais, legítimas.<br />
Entretanto, <strong>no</strong> <strong>currículo</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> são <strong>no</strong>rmalizados por serem consi<strong>de</strong>radas<br />
categorias estáveis, fixas ancoradas em pressupostas essencialistas <strong>de</strong> cunho biológico<br />
(BRITZMAN, 1996). Portanto é necessário que façamos uma discussão sobre estas temáticas <strong>de</strong><br />
forma mais subversiva, estranhando-as sob o ponto <strong>de</strong> vista teórico, político e principalmente com<br />
um foco <strong>no</strong> local, <strong>no</strong> particular, pois como se trata <strong>de</strong> categorias culturais, só ganham sentido <strong>no</strong><br />
âmbito da cultura.<br />
Os discursos sobre <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> funcionaram/funcionam como formas <strong>de</strong> exercício<br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r sobre o corpo, mas nem todos são assimilados, permitindo que se experimentem as<br />
fronteiras, lugares proibidos na socieda<strong>de</strong> binarista e regulatória. Assim as fronteiras passam a ser<br />
um lugar <strong>de</strong>sejado, cobiçado por aqueles/as que não querem ser enquadrados numa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, nem<br />
dizer <strong>de</strong> que lado estão, mas apenas querem estar lá e aqui ou nem lá nem aqui. As teorizações <strong>de</strong><br />
<strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> ancoradas nas políticas i<strong>de</strong>ntitárias passam a ser questionadas pelas teóricas<br />
feministas que encontram fendas para construir uma teorização sobre aqueles/as que foram<br />
silenciados, mesmo com a instituição da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> homossexual, ou seja, aqueles/as que optam por<br />
serem navegantes, atravessadores/as das fronteiras <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexuais ou preferem estar nas<br />
fronteiras.<br />
Trata-se da teoria queer, que segundo Silva (2003) surge <strong>no</strong>s Estados Unidos e na<br />
Inglaterra como uma espécie <strong>de</strong> unificação dos estudos gays e lésbicos. O termo queer usado para<br />
ridicularizar os homossexuais, pois po<strong>de</strong> ser traduzido como estranho, esquisito, raro, foi<br />
recuperado positivamente pelas feministas, que a partir <strong>de</strong>le construíram uma teoria subversiva,<br />
atrevida, perturbadora sobre os <strong>gênero</strong>s e sexualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sviantes, explorando as fissuras teóricas e<br />
políticas para se pensar e criticar as <strong>no</strong>rmas regulatórias da socieda<strong>de</strong> (LOURO, 2004a). Essa teoria<br />
é utilizada para “reivindicar” o direito <strong>de</strong> transitar nas fronteiras ou mesmo viver nelas questionando<br />
a própria política <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que exige o ajustamento nas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, sejam as “<strong>no</strong>rmais” ou as<br />
“<strong>de</strong>sviantes”. A teoria queer se inscreve <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates atuais sobre <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> inspirada nas<br />
concepções pós-estruturalistas <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> conhecimento, <strong>de</strong> cultura, <strong>de</strong> política como forma<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sestabilizar os mo<strong>de</strong>los hegemônicos <strong>de</strong> vivência do <strong>gênero</strong> e da sexualida<strong>de</strong>. Assim como o<br />
pós-estruturalismo a teoria queer não po<strong>de</strong> ser caracterizada <strong>de</strong> forma fixa e tranqüila, pois envolve<br />
<strong>de</strong>sconfianças, <strong>de</strong>scentramentos, flui<strong>de</strong>z.<br />
3
Assim, acredito que um estudo que evi<strong>de</strong>ncie as construções discursivas <strong>de</strong> professores/as<br />
<strong>no</strong> domínio do <strong>currículo</strong> sobre aqueles/as que subvertem as lógicas binárias <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong> contribuir para que se pense num <strong>currículo</strong> que não se feche na <strong>construção</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s com<br />
fronteiras <strong>de</strong>marcadas rigidamente que instituem o <strong>no</strong>rmal e o a<strong>no</strong>rmal, construindo o que vem se<br />
chamando <strong>de</strong> políticas pós-i<strong>de</strong>ntitárias e <strong>de</strong> um <strong>currículo</strong> queer (LOURO, 2004a). Essa<br />
possibilida<strong>de</strong> se insere <strong>no</strong> campo das teorias pós-críticas <strong>de</strong> <strong>currículo</strong>, pois <strong>de</strong>sloca o foco <strong>de</strong><br />
discussão das questões <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia, classe social, conscientização próprias das teorias críticas <strong>de</strong><br />
<strong>currículo</strong> para questões <strong>de</strong> saber-po<strong>de</strong>r, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, diferença, discurso e significação, cultura<br />
(SILVA, 2003).<br />
Isto posto, consi<strong>de</strong>ro que não existe um sujeito, homem e mulher, heterossexual e<br />
homossexual originário e pré-discursivo, pois cada discurso instala o sujeito em certa posição, certo<br />
lugar e que, a partir disso, a cada discurso contraditório e fluído, correspon<strong>de</strong> um homem e uma<br />
mulher, o que constitui uma matriz <strong>de</strong> posição-<strong>de</strong>-sujeito contraditória e móvel. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> é discursivamente construída, fabricada. O sujeito, ao final, é resultado <strong>de</strong> um<br />
processo discursivo, portanto, não há sujeito transcen<strong>de</strong>ntal, originário, autô<strong>no</strong>mo e centrado.<br />
Os <strong>gênero</strong>s e sexualida<strong>de</strong>s são construídos a partir dos po<strong>de</strong>res que se exercem em relação<br />
aos corpos, <strong>de</strong>marcando lugares <strong>de</strong>terminados, como já foram apontados por várias pesquisas<br />
(LOURO, 1998, 2004a; BRITZMAN, 1996), mas também através dos saberes produzidos para<br />
instituir o <strong>gênero</strong> e a sexualida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rados corretos. Entretanto, <strong>no</strong> jogos se saber-po<strong>de</strong>r que<br />
fabricam sujeitos generificados e sexualizados “<strong>no</strong>rmais” surge fissuras que permite que os corpos<br />
<strong>de</strong>slizem, assumindo as zonas fronteiriças, a provisorieda<strong>de</strong>, a instabilida<strong>de</strong>, a flui<strong>de</strong>z (LOURO,<br />
2003).<br />
Problematizar as construções <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>currículo</strong> como a partir da<br />
perspectiva pós-estruturalista <strong>de</strong> pesquisa permite a <strong>construção</strong> <strong>de</strong> conhecimento que não se<br />
preten<strong>de</strong> fixo, pois as próprias categorias em estudos estão em constantes mutações, resultantes do<br />
que Silva (1994) chama <strong>de</strong> “<strong>no</strong>vo mapa social e cultural”. Para Maués (2006) o campo intelectual<br />
do <strong>currículo</strong> precisa experimentar a composição, a criação para romper com um paradigma<br />
disciplinar tanto em <strong>no</strong>ssas formulações teóricas quanto <strong>no</strong>s <strong>de</strong>senhos curriculares cristalizados das<br />
escolas.<br />
Analisar as construções <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> <strong>currículo</strong> possibilita o questionamento<br />
por parte dos/as próprios/as professores/as universitários e/ou da educação básica das questões<br />
referentes a <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong> em suas conexões com o saber-po<strong>de</strong>r e com o <strong>currículo</strong>, <strong>de</strong> modo<br />
que sejam repensados tanto em termos conceituais quanto políticos e educacionais. Dessa forma,<br />
po<strong>de</strong>rá contribuir para a ampliação da “luta” contra o sexismo e a homofobia, que ainda se<br />
inscrevem <strong>no</strong> que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar como questões “intoleráveis”, mas que ainda são<br />
4
consi<strong>de</strong>radas “naturais” em uma socieda<strong>de</strong> cujas marcas são as referências seguras, as certezas, a<br />
fixação <strong>de</strong> fronteiras e binarismos diversos.<br />
Referências bibliográficas<br />
BRÍCIO, Vilma Nonato <strong>de</strong>. Do pedagógico ao cultural: o trabalho da coor<strong>de</strong>nação pedagógica<br />
como política cultural. In: BRITO, Maria dos Remédios; GONÇALVES, Jadson Fernando Garcia;<br />
OLIVEIRA, Damião Bezerra (orgs). Filosofia, educação e formação: apontamentos e<br />
perspectivas. Belém: EDUFPA, 2008.<br />
______. Entre o controle e a transgressão: a <strong>construção</strong> escolar das diferenças entre os <strong>gênero</strong>s. In:<br />
Margens. Revista Interdisciplinar da Divisão <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação do Campus<br />
Universitário <strong>de</strong> Abaetetuba/Baixo Tocantins/UFPA. Vol. 01, N. 04, Belém: Paka Tatu, 2007.<br />
______. Coor<strong>de</strong>nação Pedagógica: Construindo uma Política <strong>de</strong> Significados <strong>de</strong> <strong>Gênero</strong>.<br />
Mo<strong>no</strong>grafia <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Especialização em Coor<strong>de</strong>nação e Organização do trabalho<br />
Pedagógico. Campus Universitário do Baixo Tocantins/UFPA. 2006. Orientadora Profª Msc. Joyce<br />
Ribeiro.<br />
______. <strong>Gênero</strong> e Educação: um estudo sobre as relações <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> na sala <strong>de</strong> aula <strong>no</strong> município<br />
Moju. Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso. Campus Universitário do Baixo Tocantins/UFPA.<br />
2001.Orientadora Profª Drª Josenilda Maués.<br />
BRITZMAN, Deborah P. O que é essa coisa chamada amor. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> homossexual, educação e<br />
<strong>currículo</strong>. Educação e Realida<strong>de</strong>. Vol. 21 (1), Jan./Jul. 1996.<br />
CORAZZA, Sandra Mara. Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In: COSTA, Mariza V.<br />
(org.). Caminhos Investigativos: <strong>no</strong>vos olhares na pesquisa em educação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A,<br />
2002.<br />
COSTA, Marisa V. Novos Olhares na Pesquisa em Educação. Introdução. In: COSTA, M.V. (org).<br />
Caminhos Investigativos: <strong>no</strong>vos olhares na pesquisa em educação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A, 2002.<br />
FISCHER, Rosa M. B. A paixão <strong>de</strong> trabalhar com Foucault. In: COSTA, M.V. (org). Caminhos<br />
Investigativos: <strong>no</strong>vos olhares na pesquisa em educação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A, 2002a.<br />
______. Verda<strong>de</strong>s em suspenso: Foucault e os perigos a enfrentar. In: COSTA, M.V. (org).<br />
Caminhos Investigativos: outros modos <strong>de</strong> pensar e fazer pesquisa em educação. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
DP&A, 2002b.<br />
______. Foucault e a análise do discurso em educação. In: Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa, n. 114,<br />
<strong>no</strong>vembro/ 2001.<br />
FOUCAULT, Michel. A Or<strong>de</strong>m do Discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2004.<br />
______. História da sexualida<strong>de</strong> 1: A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Graal, 2005.<br />
______. Microfísica do Po<strong>de</strong>r. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Graal, 2006.<br />
LARROSA, Jorge. Tec<strong>no</strong>logias do Eu e Educação. In: SILVA, T.T. (org.) O Sujeito da Educação.<br />
Petrópolis: Vozes, 1994.<br />
LOURO, Guacira L.. Um corpo estranho – ensaios sobre sexualida<strong>de</strong> e teoria queer. Belo<br />
Horizonte: Autêntica, 2004a.<br />
______. Conhecer, pesquisar, escrever,... Comunicação apresentada na V ANPED Sul. 2004b.<br />
(Texto da internet).<br />
______. Corpos que escapam. Revista Estudos feministas. N. 4 agosto/<strong>de</strong>zembro 2003.<br />
5
______. Currículo, <strong>Gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>: o “<strong>no</strong>rmal”, o “diferente” e o “excêntrico”. In: LOURO,<br />
G.L. et al. (orgs). Corpo, <strong>Gênero</strong> e Sexualida<strong>de</strong>: um <strong>de</strong>bate contemporâneo na educação.<br />
Petrópolis: Vozes, 2003.<br />
______. <strong>Gênero</strong>, Sexualida<strong>de</strong> e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 3ª. Ed., Petrópolis:<br />
Vozes, 1997.<br />
MAUÉS, Josenilda. Currículo: composições temáticas e referenciais. In: CORRÊA, Paulo S. A.<br />
(org.). A educação, o <strong>currículo</strong> e a formação <strong>de</strong> professores. Belém: EDUFPA, 2006.<br />
MEYER, Dagmar E. E.; SOARES, Rosângela <strong>de</strong> Fátima. Modos <strong>de</strong> ver e <strong>de</strong> se movimentar pelos<br />
“caminhos” da pesquisa pós-estruturalista em Educação: o que po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r com – e a partir<br />
<strong>de</strong> – um filme. In: COSTA, Marisa V.; BULES, Maria Isabel E. (org). Caminhos Investigativos:<br />
riscos e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisar nas fronteiras. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A, 2005.<br />
POPKEWITZ, Tomaz. História do Currículo, Regulação Social e Po<strong>de</strong>r. In: SILVA, T.T. (org.) O<br />
Sujeito da Educação. Petrópolis: Vozes, 1994.<br />
RIBEIRO, Joyce. Os Significados <strong>de</strong> <strong>Gênero</strong> e seus Reflexos na Docência. Margens. Revista<br />
Interdisciplinar da Divisão <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação do Campus Universitário <strong>de</strong><br />
Abaetetuba/Baixo Tocantins/UFPA.. Vol. 01, N. 04, Belém: Paka Tatu, 2007.<br />
SCOTT, Joan. <strong>Gênero</strong>: uma categoria útil <strong>de</strong> análise histórica. Educação & Realida<strong>de</strong>, Porto<br />
Alegre, v. 20, n. 2, jul/<strong>de</strong>z, 1995.<br />
SILVA, Tomaz Ta<strong>de</strong>u da. Documentos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: uma introdução às teorias do <strong>currículo</strong>.<br />
Belo Horizonte: Autêntica, 2003.<br />
______. O a<strong>de</strong>us às metanarrativas educacionais. SILVA, T.T. (org.) O Sujeito da Educação.<br />
Petrópolis: Vozes, 1994.<br />
VEIGA-NETO, Alfredo. Olhares... In: COSTA, M.V. (org). Caminhos Investigativos: <strong>no</strong>vos<br />
olhares na pesquisa em educação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A, 2002.<br />
1 Artigo elaborado a partir da pesquisa <strong>de</strong> Mestrado em curso cuja temática é “As travessias das fronteiras <strong>gênero</strong> e<br />
sexualida<strong>de</strong>: questões para pensar um <strong>currículo</strong> queer”, orientado pela Profª. Drª. Josenilda Maués e das discussões <strong>no</strong><br />
Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em <strong>Gênero</strong> e Educação (GEPEGE).<br />
2 Professora da UFPA – Campus <strong>de</strong> Abaetetuba e aluna do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Educação do Instituto <strong>de</strong><br />
Ciências da Educação da UFPA. Linha <strong>de</strong> Pesquisa: Currículo e Formação <strong>de</strong> Professores.<br />
3 Não é intenção <strong>de</strong>ste artigo aprofundar o <strong>de</strong>bate sobre o pós-estruturalismo, suas bases filosóficas, teóricas e<br />
metodológicas, pois essa discussão envolve um outro investimento investigativo.<br />
4 Tec<strong>no</strong>logias do eu são técnicas e práticas que visam controlar o comportamento dos indivíduos, agindo sobre os<br />
corpos para produzir regimes corporais muito particulares.<br />
6