11.10.2013 Views

Futebol, gênero e identidade feminina: Um ... - Fazendo Gênero

Futebol, gênero e identidade feminina: Um ... - Fazendo Gênero

Futebol, gênero e identidade feminina: Um ... - Fazendo Gênero

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

inclusive, indaguei o processo de identificação destas com o Grêmio. Rosa Foresti (18/04/2007)<br />

salientou a influência da família quanto à sua preferência clubística: “meu avô levava minha mãe a<br />

assistir jogos do Grêmio na Baixada (em uma época que mulheres pouco freqüentavam o futebol);<br />

eu comecei a acompanhá-lo ao Estádio Olímpico aos 9 anos. Antes disso, lembro que muitas vezes<br />

(pequenina ainda) fui com a bandeirinha do Grêmio (feita pela minha vó) para as ruas festejar<br />

vitórias do Grêmio”.<br />

Outra coordenadora do Núcleo de Mulheres Gremistas, Marta Praia, em entrevista realizada<br />

no dia 17/04/2007, pela internet, observa que foi influenciada pelo pai quanto à sua escolha pelo<br />

Grêmio. A sua relação com o clube é reforçada pelos novos laços familiares: “quando conheci meu<br />

marido passei a gostar mais ainda, pois ele é muito gremista e ficávamos namorando e ouvindo<br />

jogos no radinho o tempo todo”, afirma Praia.<br />

Goldenberg (2001, p.317) chama a atenção para a importância da trajetória nas Ciências<br />

Sociais, ênfase que permite a discussão sobre “[...] a questão da singularidade de um indivíduo<br />

versus o contexto social e histórico em que está inserido”.<br />

A adoção das histórias de vida como técnica de pesquisa possibilita ao investigador uma<br />

“entrevista aprofundada”, conforme Combessie (2004). Para o autor, no entanto, é preciso<br />

esclarecer quais as funções das histórias no contexto da pesquisa, para que estas não se tornem<br />

meras narrativas, as quais, embora ricas, não venham a contribuir para a análise geral dos dados.<br />

Por ser constituído exclusivamente por mulheres, o Núcleo torna-se, de algum modo, um<br />

representante feminino, em termos identitários, no universo do futebol. Segundo Ribeiro (2000,<br />

p.8), no atual cenário da globalização a problemática da <strong>identidade</strong> deve ser compreendida como<br />

“[...] um terreno contestado, presa de contradições internas e objecto de uma negociação<br />

permanente entre posições diferentes e, muitas vezes, antagônicas”. As contradições apontadas por<br />

Ribeiro (2000) também são verificadas por Berger e Luckmann (2002, p.230), para os quais “a<br />

<strong>identidade</strong> é um fenômeno que deriva da dialética entre um indivíduo e a sociedade”.<br />

Hall (2001) apresenta argumentos acerca de mudanças estruturais, de caráter internacional,<br />

que podem estar contribuindo para a fragilização dos indivíduos sociais, processo que se dá a partir<br />

da fragmentação da <strong>identidade</strong> moderna. É possível acreditar, segundo este autor (2001), numa<br />

espécie de crise de <strong>identidade</strong> global. As sociedades modernas, assim, estão redefinindo-se e as<br />

<strong>identidade</strong>s modernas estão “descentrando-se”.<br />

Zinani (2006) entende que a <strong>identidade</strong> apresenta uma dimensão simbólica, construída a<br />

partir das interações dos sujeitos com a sociedade, não sendo, portanto, um elemento colocado a<br />

priori, nas suas palavras.<br />

O processo de interação entre as integrantes do Núcleo de Mulheres Gremistas e destas com<br />

diferentes grupos sociais, deste modo, é um aspecto fundamental a ser considerado nesta pesquisa.<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!