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INDEPENDÊNCIA


Dados Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de Catalogação <strong>na</strong> Publicação (CIP)<br />

(Shirlene Vila Arruda - Bibliotecária)<br />

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA<br />

Independência / Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong> ; autoria de Olga Egas ; coorde<strong>na</strong>ção<br />

de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>Escola</strong>, 2010.<br />

(DVDteca <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong> – Material <strong>educativo</strong> para professor-propositor ; 150)<br />

Foco: CT-B-20/2010 Conexões Transdiscipli<strong>na</strong>res<br />

Contém: 1 DVD ; Biografias; Glossário ; Bibliografia<br />

ISBN 978-85-7762-063-0<br />

1. <strong>Arte</strong>s - Estudo e ensino 2. <strong>Arte</strong>s plásticas - Século 19 3. Pintura - Brasil<br />

4. Artistas viajantes 5. História do Brasil 6. Independência do Brasil, 1822 7.<br />

<strong>Arte</strong> e história I. Egas, Olga II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV.<br />

Título V. Série<br />

CDD-700.7<br />

Créditos<br />

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA<br />

Organização: Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong><br />

Coorde<strong>na</strong>ção: Mirian Celeste Martins<br />

Gisa Picosque<br />

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação<br />

MAPA RIZOMÁTICO<br />

Copyright: Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong><br />

Concepção: Mirian Celeste Martins<br />

Gisa Picosque<br />

Concepção gráfica: Bia Fioretti<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

Copyright: Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong><br />

Autor deste <strong>material</strong>: Olga Egas<br />

Assessoria <strong>em</strong> História: Claudio Moreno Domingues<br />

Revisão de textos: Nelson Luis Barbosa<br />

Padronização bibliográfica: Shirlene Vila Arruda<br />

Diagramação e arte fi<strong>na</strong>l: Jorge Monge<br />

Autorização de imagens: Cesar Millan de Brito<br />

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express<br />

Tirag<strong>em</strong>: 200 ex<strong>em</strong>plares


DVD<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

Ficha técnica<br />

Gênero: Documentário.<br />

Palavras-chave: História do Brasil; desenho de observação;<br />

pintura; aquarela; artistas viajantes; paisag<strong>em</strong>; cultura brasileira;<br />

história do ensino de arte.<br />

Foco: Conexões Transdiscipli<strong>na</strong>res<br />

T<strong>em</strong>a: A produção dos artistas viajantes no Brasil, dos que<br />

participaram da Missão Francesa, e o processo de ruptura <strong>na</strong>s<br />

relações com a metrópole portuguesa, culmi<strong>na</strong>ndo com a Independência<br />

do Brasil, <strong>em</strong> 1822.<br />

Perso<strong>na</strong>lidades abordadas: D. João VI, D. Pedro I, Debret,<br />

Napoleão Bo<strong>na</strong>parte, Nicolas Tau<strong>na</strong>y, Rugendas, Von Martius,<br />

Spix, entre outros.<br />

Indicação: A partir do 8º ano do Ensino Fundamental.<br />

Nº da categoria: CT-B-20<br />

Direção: João Batista de Andrade.<br />

Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo.<br />

Ano de produção: 1991.<br />

Duração: 18’.<br />

Coleção/Série: Panorama histórico brasileiro.<br />

Sinopse<br />

A presença da Família Real no Brasil transformou os aspectos<br />

culturais no país. D. João VI instituiu a Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l, a<br />

Imperial Acad<strong>em</strong>ia, a <strong>Escola</strong> de Belas <strong>Arte</strong>s e instalou um gosto<br />

europeu <strong>na</strong> apreciação. Na linguag<strong>em</strong> musical, porém, houve a<br />

mistura de ritmos da música clássica, da modinha e do lundu,<br />

formando as raízes da nossa música popular. Este documentário<br />

apresenta esse t<strong>em</strong>po que antecede a independência, expondo


os principais fatos políticos e sociais que culmi<strong>na</strong>ram nesse fato<br />

histórico, aproximando arte e história.<br />

Trama inventiva<br />

Ponto de contato, conexão, enlaçado <strong>em</strong> Os olhos da <strong>Arte</strong><br />

com um outro território provocando novas zo<strong>na</strong>s de contágio<br />

e reflexão. Abertura para atravessar e ultrapassar saberes:<br />

olhar transdiscipli<strong>na</strong>r. A arte se põe a dialogar, a fazer contato,<br />

a contami<strong>na</strong>r t<strong>em</strong>áticas, fatos e conteúdos. Nessa intersecção,<br />

arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora se compl<strong>em</strong>entando,<br />

ora se tensio<strong>na</strong>ndo, ora acrescentando, uns aos<br />

outros, novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, com<br />

imagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, a<br />

política, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o inconsciente<br />

coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entre<br />

tantas outras, permite que <strong>na</strong> cartografia proposta se desloque o<br />

documentário para o território das Conexões Transdiscipli<strong>na</strong>res.<br />

Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.<br />

2<br />

O passeio da câmera<br />

O mar, as ondas e a presença de um litoral que nos é familiar...<br />

Assim começa o documentário que nos transporta ao início do<br />

século XIX e à chegada da Família Real portuguesa ao Brasil. À<br />

beira mar, a poliss<strong>em</strong>ia das vozes estrangeiras descobre sons,<br />

formas, cores e nuanças nunca vistos do outro lado do oceano.<br />

A exuberância da fau<strong>na</strong>, da flora e a vida cotidia<strong>na</strong> de um Brasil<br />

Colônia deslumbra o olhar estrangeiro dos viajantes.<br />

Em Independência ve<strong>em</strong>-se questões políticas que obrigam o<br />

deslocamento de D. João e toda a comitiva real para a viag<strong>em</strong><br />

de 54 dias entre Lisboa e Salvador, e a chegada ao Rio de Janeiro.<br />

A abertura dos portos brasileiros <strong>em</strong> 1808 e a chegada<br />

da Missão Artística Francesa determi<strong>na</strong>m profundas mudanças<br />

<strong>na</strong> história e <strong>na</strong> arte do país. A mistura de sons e ritmos clássicos,<br />

a modinha e o lundu formam as raízes de nossa música<br />

popular brasileira. A iconografia instiga a imagi<strong>na</strong>ção: gravuras,


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

aquarelas, desenhos, pinturas. Luzes e cores que os europeus<br />

desconheciam, invad<strong>em</strong> as telas. Ce<strong>na</strong>s da aclimatação da corte<br />

<strong>em</strong> terras tropicais, dos conflitos políticos, do trabalho escravo,<br />

do cotidiano e da urbanização acelerada da cidade do Rio de<br />

Janeiro mostram o passado nos impulsio<strong>na</strong>ndo a uma expedição<br />

cultural. Um pincel ágil <strong>em</strong>bebido <strong>em</strong> tinta aquarela constroi uma<br />

paisag<strong>em</strong>. Mãos ao piano procuram um novo panorama para<br />

novos e independentes horizontes.<br />

S<strong>em</strong> intervalos, o documentário apresenta possibilidades para<br />

proposições pedagógicas nos territórios de Saberes Estéticos<br />

e Culturais (os artistas viajantes e as missões artísticas<br />

e científicas europeias; Linguagens Artísticas (pintura a óleo,<br />

desenho, aquarela, musica); Forma-Conteúdo (t<strong>em</strong>ática figurativa,<br />

histórica, paisag<strong>em</strong>, a vida cotidia<strong>na</strong>, os costumes, figuras<br />

huma<strong>na</strong>s); Patrimônio Cultural (heranças culturais que formam a<br />

cultura brasileira); Formação: processos de ensi<strong>na</strong>r e aprender<br />

(história do ensino de arte com a chegada da Missão Artística<br />

Francesa) e Conexões Transdiscipli<strong>na</strong>res (história do Brasil).<br />

Os olhos da <strong>Arte</strong><br />

1808. A abertura dos portos brasileiros anula a restrição colonial<br />

da entrada de visitantes estrangeiros no país. Com isso, diversas<br />

expedições artísticas e científicas são realizadas com o objetivo<br />

de registrar, por escrito ou visualmente, aspectos sociais, espécimes<br />

<strong>na</strong>turais e objetos locais, b<strong>em</strong> como coletá-los.<br />

O Brasil é, assim, revelado pelo olhar dos artistas-viajantes. São<br />

imagens que diz<strong>em</strong> algo da história, do povo <strong>na</strong>tivo, da corte<br />

portuguesa aqui radicada, dos estrangeiros que para cá vieram,<br />

de como se organizavam as cidades, as formas de trabalho,<br />

os costumes, as plantas e animais que aqui existiam.<br />

A expedição organizada pelo barão russo Langsdorff, entre 1824<br />

e 1829, por ex<strong>em</strong>plo, com artistas viajantes contratados, percorre<br />

17 mil quilômetros, produzindo um extenso acervo iconográfico:<br />

Hercule Florence, desenhista topográfico, executa diversas<br />

aquarelas mostrando o ambiente <strong>na</strong>tural e social do Brasil da<br />

3


Jean Baptiste Debret – Aclamação de D. Pedro, s.d.<br />

óleo sobre tela, 48x70 cm<br />

Museu Nacio<strong>na</strong>l de Belas <strong>Arte</strong>s, Rio de Janeiro/RJ<br />

Jean Baptiste Debret – Um funcionário a passeio com sua família, início do século XIX<br />

aquarela sobre papel, 17 x 25 cm<br />

pertencente ao álbum Viag<strong>em</strong> pitoresca e histórica ao Brasil, publicado <strong>em</strong> 1934<br />

4


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

época; o pintor Johann Moritz Rugendas (veja <strong>na</strong> DVDteca <strong>Arte</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>Escola</strong>, documentário sobre esse artista) registra seu olhar<br />

sobre tais aventuras <strong>em</strong> Viag<strong>em</strong> pitoresca através do Brasil<br />

(1834); enquanto o pintor Adrien Tau<strong>na</strong>y retrata paisagens e<br />

descreve aspectos da roti<strong>na</strong> da tribo Bororo.<br />

1816. Chega ao Brasil a Missão Artística Francesa. Sob a<br />

responsabilidade de Joachim Lebreton, integram a comitiva<br />

carpinteiros, ferreiros, serralheiros, mecânicos, curtidores, gravadores<br />

e pintores, como Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine<br />

Tau<strong>na</strong>y; o arquiteto Grandjean de Montigny; o escultor August<br />

Marie Tau<strong>na</strong>y; e os irmãos Marc e Zepherin Ferrez, gravadores<br />

de moedas, ligados também à introdução da fotografia no Brasil,<br />

uma nova forma de registro.<br />

Diferent<strong>em</strong>ente dos artistas viajantes das missões cientificas, o<br />

grupo francês de artistas e técnicos estabelece vínculos prolongados<br />

com o Brasil, e como os primeiros, colabora <strong>na</strong> construção do<br />

repertório visual do país. A <strong>Escola</strong> Real de Ciências, <strong>Arte</strong>s e Ofícios,<br />

criada <strong>em</strong> 1816, é transformada <strong>na</strong> Acad<strong>em</strong>ia Imperial de Belas<br />

<strong>Arte</strong>s (Aiba), com duplo intuito: formar o artista para o exercício das<br />

belas-artes e também o artífice para as atividades industriais.<br />

Se, por um lado, a Missão Artística Francesa conta com a generosidade<br />

do rei, por outro, acirra a antipatia dos portugueses que<br />

aqui se encontravam. A arte local praticada até então seguia a<br />

expressividade estética do barroco, e os franceses apresentavam<br />

o equilíbrio neoclássico das linhas retas e simétricas,<br />

por eles desenvolvida <strong>na</strong> corte <strong>na</strong>poleônica.<br />

Pode-se dizer, também, que a Missão Artística Francesa é o marco<br />

da implantação do ensino artístico no Brasil. Debret foi encarregado<br />

de ensi<strong>na</strong>r pintura histórica <strong>na</strong> <strong>Escola</strong> Real. Enquanto Nicolas Antoine<br />

Tau<strong>na</strong>y, aos 61 anos, veio i<strong>na</strong>ugurar a <strong>Escola</strong>, sendo especializado<br />

<strong>em</strong> retrato, pintura histórica e de paisag<strong>em</strong>.<br />

Debret, anotador de seu t<strong>em</strong>po, entre aquarelas e desenhos<br />

descreve múltiplas dimensões da vida refletidas <strong>na</strong> corte, no<br />

trabalho escravo, nos grupos indíge<strong>na</strong>s, <strong>na</strong> cidade do Rio de<br />

Janeiro e no cotidiano das famílias comuns.<br />

5


Nicolas Antoine Tau<strong>na</strong>y se encanta com a paisag<strong>em</strong> carioca<br />

exuberante, <strong>em</strong>bora sua rigorosa formação não permita que<br />

abandone os cânones clássicos de representação. Como resultado<br />

desse <strong>em</strong>bate, suas paisagens são minuciosas e de<br />

construção orde<strong>na</strong>da, <strong>na</strong> qual o hom<strong>em</strong> se encontra <strong>em</strong> harmonia<br />

cont<strong>em</strong>plativa com a <strong>na</strong>tureza.<br />

Uma das inovações <strong>na</strong> representação da <strong>na</strong>tureza a partir do<br />

século XIX está <strong>na</strong> pintura ao ar livre, possível graças à invenção<br />

da bis<strong>na</strong>ga descartável para tintas. O contato cada vez mais intenso<br />

com a paisag<strong>em</strong> observada de perto – e certo desinteresse<br />

pelas paisagens alegóricas e míticas – provoca uma renovação<br />

no gênero paisagístico. Tau<strong>na</strong>y retor<strong>na</strong> à França, indicando seu<br />

filho, Félix Tau<strong>na</strong>y, para as classes de pintura de paisag<strong>em</strong>.<br />

O passeio dos olhos do professor<br />

Para você planejar os encontros com seus alunos, registre suas<br />

impressões durante a projeção num diário de bordo. A seguir,<br />

uma pauta do olhar que poderá ajudá-lo:<br />

O que o documentário desperta <strong>em</strong> você?<br />

O que mais chama a sua atenção?<br />

O mar é um signo importante utilizado pelo diretor. Que<br />

significados poderiam ter suas águas neste documentário?<br />

Para você, o documentário apresenta conhecimentos novos?<br />

Como as circunstâncias políticas foram encaminhando o<br />

desenvolvimento da arte brasileira? É possível perceber um<br />

percurso? Coerente ou marcado por rupturas?<br />

O que você descobriu e não sabia sobre os artistas viajantes<br />

e a Missão Artística Francesa?<br />

Que surpresas e estranhamentos o documentário apresenta<br />

para seus alunos? O que eles gostariam de ver?<br />

Para você, quais focos de trabalho pod<strong>em</strong> ser desencadeados<br />

partindo do documentário?<br />

6


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

Suas anotações, o passeio de seus olhos sobre o mapa potencial<br />

do documentário e o pensar sobre seus alunos revelam o modo<br />

singular de sua percepção e análise. A partir delas é possível<br />

desenhar cartografias diferentes.<br />

Percursos com desafios estéticos<br />

O passeio dos olhos dos alunos<br />

Algumas possibilidades para provocar a entrada no documentário:<br />

Como seus alunos imagi<strong>na</strong>m o registro da paisag<strong>em</strong> e da<br />

vida cotidia<strong>na</strong> <strong>em</strong> uma época <strong>em</strong> que não se dispunham de<br />

máqui<strong>na</strong>s fotográficas e câmeras de filmag<strong>em</strong>? Probl<strong>em</strong>atize<br />

essa questão e deixe-os levantar várias hipóteses. Depois,<br />

exiba o documentário. Ao fi<strong>na</strong>l, continue probl<strong>em</strong>atizando:<br />

os artistas viajantes desenhavam exatamente o que viam?<br />

Suas imagens expressam a realidade observada?<br />

O espírito de aventura pode ser a brecha de acesso para<br />

conhecer mais sobre nossas raízes históricas e culturais.<br />

Há belas imagens inspiradas <strong>em</strong> nossa fau<strong>na</strong>, flora e <strong>na</strong><br />

vida cotidia<strong>na</strong> realizadas por artistas-viajantes nos livros<br />

de História, Geografia e <strong>Arte</strong>, entre outras áreas. Como os<br />

alunos imagi<strong>na</strong>m uma viag<strong>em</strong> pelo Brasil afora no início do<br />

século XIX? A observação cuidadosa dos livros com esses<br />

registros pode provocar boas conversas sobre esse t<strong>em</strong>po<br />

histórico, antes da exibição do documentário.<br />

“C’est ne pas possible, Monsieur!» [“Não é possível,<br />

senhor!”] – exclama uma voz no documentário. Diante da<br />

negativa francesa às intenções portuguesas de permanecer<br />

“<strong>em</strong> cima do muro” no conflito franco-inglês, D. João decide<br />

deixar Lisboa e partir para o Brasil. Que tal investigar como<br />

seus alunos interpretam a retirada estratégica da corte<br />

portuguesa? Se estivess<strong>em</strong> <strong>na</strong> comitiva real, o que trariam<br />

como bagag<strong>em</strong> nessa viag<strong>em</strong> além-mar? Objetos pessoais,<br />

ferramentas e provimentos gerais, algo simbólico? Vale a<br />

pe<strong>na</strong> ouvir as justificativas e comentar sobre as escolhas<br />

7


individuais e aquelas que contribuiriam para o b<strong>em</strong>-estar<br />

coletivo. Assistir ao documentário pode proporcio<strong>na</strong>r boas<br />

discussões sobre essa t<strong>em</strong>ática.<br />

Desvelando a poética pessoal<br />

A ideia não é realizar um único trabalho, mas a criação de uma série<br />

que possa depois ser apreciada e discutida sob a perspectiva<br />

da poética pessoal de cada aluno. Ante as imagens apresentadas<br />

no documentário e o olhar estrangeiro dos artistas-viajantes,<br />

incentive seus alunos a desenhar<strong>em</strong> novas cartografias, e dentro<br />

de suas possibilidades, produzir<strong>em</strong> trabalhos que também<br />

registr<strong>em</strong> o mundo <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>.<br />

Anotadores de seu t<strong>em</strong>po, até mesmo os aprendizes-viajantes<br />

do século XXI pod<strong>em</strong> exercitar o “olhar estrangeiro”. Quais<br />

imagens – produzidas ou não por seu aluno – pod<strong>em</strong> revelar as<br />

surpresas e estranhamentos acerca de nosso contexto cultural,<br />

tanto local quanto global? Como usar o recorte, a colag<strong>em</strong>, a<br />

fotografia, o filme ou montagens no PowerPoint para mostrar o<br />

que o olhar estrangeiro capturou?<br />

Para isso, você pode oferecer a oportunidade de rever o documentário<br />

buscando um olhar mais atento à sua produção.<br />

8<br />

Ampliando o olhar<br />

O episódio A coroa do Imperador, da série para TV Cidade<br />

dos homens (2002), apresenta uma versão peculiar sobre o<br />

conflito entre Napoleão e os ingleses e a chegada da Família<br />

Real portuguesa ao Brasil. Todo o enredo está voltado para uma<br />

viag<strong>em</strong> de estudos ao Museu Imperial de Petrópolis e a saga<br />

de dois garotos para participar da excursão escolar. Exibindo<br />

aos seus alunos, convide-os a comparar diferentes percepções<br />

sobre os fatos entre as versões de cunho histórico e as de entretenimento.<br />

O que elas têm <strong>em</strong> comum? Em que difer<strong>em</strong>?<br />

Revendo o documentário, selecione a imag<strong>em</strong> Napoleão<br />

cruzando os Alpes no passo de Grand-Saint-Ber<strong>na</strong>rd (1800),


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

pintura de Jacques-Louis David. Com o comando “pausa”,<br />

congele a imag<strong>em</strong> para uma conversa sobre os el<strong>em</strong>entos<br />

da visualidade (cor, forma, texturas, linhas e outros aspectos).<br />

Depois, questione seus alunos sobre como perceb<strong>em</strong><br />

o gênero das pinturas históricas, a idealização do herói e,<br />

ainda, a probabilidade de essa ce<strong>na</strong> nunca ter acontecido nos<br />

campos de batalha. Peça que observ<strong>em</strong> a posição do cavalo,<br />

o controle sobre o animal <strong>em</strong>pi<strong>na</strong>do à beira de um precipício<br />

(ele está subindo ou caindo?), o vento de retaguarda que faz<br />

esvoaçar a cri<strong>na</strong> e a capa do general Bo<strong>na</strong>parte. Seriam si<strong>na</strong>is<br />

de sua habilidade militar, ou, ao mesmo t<strong>em</strong>po, das forças<br />

contrárias que ocasio<strong>na</strong>riam sua queda? Detalhes sobre a<br />

história de Napoleão e sua trajetória militar pod<strong>em</strong> colaborar<br />

<strong>na</strong> análise da obra e vice-versa. O percurso de apreciação<br />

também pode ser feito <strong>na</strong> leitura da tela Independência ou<br />

morte [O grito do Ipiranga] pintura de Pedro Américo, entre<br />

1886 e 1888, que também está no documentário.<br />

As imagens produzidas no século XIX pelo olhar estrangeiro<br />

dos artistas que por aqui chegaram pod<strong>em</strong> provocar exercícios<br />

de imagi<strong>na</strong>ção, desencadeando <strong>na</strong>rrativas variadas.<br />

Convide seus alunos a elaborar<strong>em</strong> peque<strong>na</strong>s histórias a partir<br />

das aquarelas e desenhos do pintor Debret. Pod<strong>em</strong> contar<br />

“causos” interessantes ou divertidos ao imagi<strong>na</strong>r a ce<strong>na</strong><br />

anterior ou o desdobramento dela, relacio<strong>na</strong>r perso<strong>na</strong>gens de<br />

aquarelas diferentes, pesquisar algum costume da época, e<br />

assim por diante. Depois, vale compartilhar os resultados.<br />

Sobre aquarela e os artistas-viajantes, você pode encontrar<br />

outros materiais <strong>na</strong> DVDteca <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong>. A sua projeção<br />

poderá abrir novos horizontes aos seus alunos.<br />

Conhecendo pela pesquisa<br />

Grandjean de Montigny, arquiteto e urbanista, com renome e<br />

experiência <strong>na</strong> construção de vários prédios públicos franceses,<br />

chega ao Rio de Janeiro como responsável pelo projeto da primeira<br />

sede da <strong>Escola</strong> de <strong>Arte</strong> onde, 10 anos depois, t<strong>em</strong> início<br />

9


INDEPENDÊNCIA<br />

historia do ensino de arte,<br />

concepção do ensino de arte,<br />

escola de arte<br />

ensino de arte<br />

desenho, desenho de<br />

observação, gravura,<br />

litografia, pintura,<br />

aquarela<br />

Formação: Processos<br />

de Ensi<strong>na</strong>r e Aprender<br />

meios<br />

tradicio<strong>na</strong>is<br />

Linguagens<br />

Artísticas<br />

artes<br />

visuais<br />

música africa<strong>na</strong>,<br />

MPB - musica<br />

popular brasileira<br />

música<br />

histórica, paisag<strong>em</strong>;<br />

vida cotidia<strong>na</strong>, costumes,<br />

<strong>na</strong>tureza, figuras huma<strong>na</strong>s<br />

t<strong>em</strong>ática figurativa<br />

relações entre el<strong>em</strong>entos<br />

da visualidade<br />

composição idealizada, simetria,<br />

figura huma<strong>na</strong>/espaço arquitetônico<br />

heranças culturais, cultura brasileira<br />

preservação e m<strong>em</strong>ória<br />

Patrimônio<br />

Cultural<br />

Forma - Conteúdo<br />

Saberes<br />

Estéticos e<br />

Culturais<br />

acad<strong>em</strong>ia, arte neoclássica,<br />

artistas viajantes<br />

história da arte<br />

qual FOCO?<br />

qual CONTEÚDO?<br />

Conexões<br />

Transdiscipli<strong>na</strong>res<br />

o que PESQUISAR?<br />

Zarpando<br />

arte e ciências<br />

huma<strong>na</strong>s<br />

história do Brasil, história das<br />

trocas culturais, contexto<br />

cultural e político


12<br />

o ensino regular de Arquitetura no país. O edifício neoclássico<br />

se impõe com a fachada de janelas e arcos, grandes colu<strong>na</strong>s,<br />

frontão e telhados de várias águas, e abando<strong>na</strong> os princípios<br />

barrocos da arquitetura da época. Do prédio d<strong>em</strong>olido <strong>em</strong> 1937,<br />

ape<strong>na</strong>s o pórtico foi preservado e pode ser admirado numa das<br />

alamedas do Jardim Botânico. Destacam-se como produção<br />

de Montigny as decorações para eventos com<strong>em</strong>orativos da<br />

corte, os chafarizes, sua antiga residência <strong>na</strong> Gávea, atual Solar<br />

Grandjean de Montigny, pertencente ao terreno da PUC/RJ, e a<br />

Praça do Comércio com a antiga Alfândega e a Casa da Moeda,<br />

hoje transformada <strong>em</strong> espaço cultural Casa França-Brasil. Há<br />

vários ex<strong>em</strong>plos <strong>na</strong> arquitetura cont<strong>em</strong>porânea da reutilização<br />

de antigas construções adaptadas, até mesmo para espaços<br />

culturais ou de uso coletivo. O que os alunos pod<strong>em</strong> aprender<br />

sobre a história local, pesquisando sobre esses espaços <strong>na</strong><br />

sua cidade? Como a arquitetura contribuiu para a construção<br />

de um imaginário no século XIX?<br />

Muitos historiadores l<strong>em</strong>bram a presença casual de viajantes<br />

no século XX. Entre os paisagistas, é possível mencio<strong>na</strong>r<br />

Maria Graham, autora de panoramas como Vista da Baía de<br />

Gua<strong>na</strong>bara (1825). Lady Graham viaja três vezes ao Brasil:<br />

a primeira a caminho do Chile no <strong>na</strong>vio comandado por seu<br />

marido, passa por Per<strong>na</strong>mbuco, Bahia e Rio de Janeiro; depois,<br />

outra rápida passag<strong>em</strong> pelo Rio, retor<strong>na</strong>ndo <strong>em</strong> 1823,<br />

como tutora da princesa D. Maria da Glória, filha de D. Pedro<br />

I. De volta à Inglaterra <strong>em</strong> 1824, publica um diário com suas<br />

impressões sobre o Brasil, com ilustrações e aquarelas de<br />

sua autoria, paisagens dos lugares percorridos, relacio<strong>na</strong>ndo<br />

a <strong>na</strong>tureza à arquitetura. O que seus alunos pod<strong>em</strong> descobrir<br />

pesquisando mais sobre o papel da mulher <strong>na</strong> sociedade e<br />

<strong>na</strong> arte do século XIX?<br />

No documentário, v<strong>em</strong>os as mãos de um pianista à procura da<br />

nota perfeita, intercaladas por detalhes da pintura Primeiros<br />

sons do Hino Nacio<strong>na</strong>l, pintada por Augusto Bracet, <strong>em</strong> 1922.<br />

O Hino da Independência do Brasil t<strong>em</strong> letra do jor<strong>na</strong>lista e<br />

poeta Evaristo da Veiga, e música do próprio D. Pedro I. Ao


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

ser composto, o hino não tinha esse nome, n<strong>em</strong> a melodia<br />

era a mesma. A primeira versão, mais longa, foi musicalizada<br />

pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal, professor<br />

de piano de D. Pedro – este, também, um reconhecido fã das<br />

artes musicais e protagonista do episódio da Independência.<br />

Entre idas e vindas está a versão oficial que conhec<strong>em</strong>os:<br />

Já podeis, da Pátria filhos,<br />

Ver contente a mãe gentil;<br />

Já raiou a liberdade<br />

No horizonte do Brasil.<br />

Não t<strong>em</strong>ais ímpias falanges,<br />

Que apresentam face hostil;<br />

Vossos peitos, vossos braços<br />

São muralhas do Brasil.<br />

Brava gente brasileira!<br />

Longe vá... t<strong>em</strong>or servil:<br />

Ou ficar a pátria livre<br />

Ou morrer pelo Brasil.<br />

Os grilhões que nos forjava<br />

Da perfídia astuto ardil...<br />

Houve mão mais poderosa:<br />

Zombou deles o Brasil.<br />

Brava gente brasileira!<br />

Longe vá... t<strong>em</strong>or servil:<br />

Ou ficar a pátria livre<br />

Ou morrer pelo Brasil.<br />

Brava gente brasileira!<br />

Longe vá... t<strong>em</strong>or servil:<br />

Ou ficar a pátria livre<br />

Ou morrer pelo Brasil.<br />

Parabéns, ó brasileiro,<br />

Já, com garbo varonil,<br />

Do universo entre as <strong>na</strong>ções<br />

Resplandece a do Brasil.<br />

Brava gente brasileira!<br />

Longe vá... t<strong>em</strong>or servil:<br />

Ou ficar a pátria livre<br />

A escuta atenta da música ou a leitura de sua letra possibilita<br />

a discussão sobre o que descreve o conceito de liberdade,<br />

nos apectos sociais, políticos e culturais. Quais são as<br />

leituras dos alunos sobre a pintura Primeiros sons do Hino<br />

Nacio<strong>na</strong>l? Que transformações ocorreram <strong>em</strong> nosso país<br />

“já, com garbo juvenil”? Há orgulho <strong>em</strong> ser brasileiro?<br />

Amarrações de sentidos: portfólio<br />

Dar sentido ao que se estudou é importante para que o aluno se<br />

aproprie de suas descobertas, olhando o caminho percorrido por<br />

meio da pesquisa, do fazer artístico, da apreciação, do pensar e<br />

discutir arte. O portfólio é um bom modo de registrar as ideias<br />

iniciais e as mudanças do percurso. A intenção é registrar e organizar<br />

as etapas de modo significativo, com a marca pessoal do<br />

aluno. A proposta é uma apresentação estética para gerar novos<br />

sentidos para aquilo que foi estudado. Um portfólio montado<br />

13


como um caderno de viag<strong>em</strong>, registrando de modo estético e<br />

textual o estudo desenvolvido a partir de um documentário com<br />

registros de época.<br />

Valorizando a processualidade<br />

Onde houve avanços? O que conhec<strong>em</strong>os? O que os alunos<br />

conhec<strong>em</strong> agora que não sabiam antes? O que foi mais significativo?<br />

Da discussão <strong>em</strong> pequenos grupos, sobre todo o processo<br />

vivido, os alunos pod<strong>em</strong> sugerir novas perguntas e apontar o<br />

que ainda quer<strong>em</strong> conhecer. O que você percebe que conheceu<br />

sobre esse projeto sobre arte e história e sobre seus alunos? O<br />

que não funcionou e precisa ser alterado <strong>em</strong> próximos projetos?<br />

De sua análise pod<strong>em</strong> sair proposições para próximos projetos.<br />

Resgate suas anotações e todo o processo desencadeado<br />

pelo documentário. O que superou suas expectativas? Quais<br />

as conquistas? E as novas ideias? O que você aprendeu sobre<br />

o projeto? E quais outros documentários pod<strong>em</strong> ser buscados<br />

para continuar essa experiência?<br />

14<br />

Perso<strong>na</strong>lidades abordadas<br />

D. João VI (Lisboa/Portugal, 1767-1826) – João Maria José Francisco Xavier<br />

de Paula Luís António Domingos Rafael cresce <strong>em</strong> Lisboa, no Palácio Real da<br />

Ajuda. É o segundo filho de D. Pedro III e de D a . Maria Isabel. Aos 18 anos,<br />

casa-se com D a . Carlota Joaqui<strong>na</strong>, infanta de Espanha, de ape<strong>na</strong>s 10 anos.<br />

Promove transformações importantes para a vida econômica e cultural do Brasil,<br />

implantando <strong>na</strong> cidade do Rio de Janeiro hábitos e costumes cosmopolitas europeus,<br />

além da urbanização s<strong>em</strong> precedentes; contudo, impinge à população<br />

aumento dos impostos e transtornos pelo desabastecimento.<br />

D. Pedro I (Lisboa/Portugal, 1798-1834) – Pedro de Alcântara Francisco<br />

António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga<br />

Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon aqui chegou com nove<br />

anos acompanhando a comitiva da Família Real. Educado por religiosos,<br />

apreciava a prática de esportes, <strong>em</strong> especial da equitação. O prazer pela<br />

música o leva a compor um te-déum para o batizado do filho e a melodia<br />

para o Hino da Independência do Brasil, entre outras. Dois anos depois<br />

de tor<strong>na</strong>r-se o primeiro imperador do Brasil, casa-se com a austríaca Maria<br />

Leopoldi<strong>na</strong> e, depois, com D a . Amélia de Leuchtenberg.<br />

Jean-Baptiste Debret (Paris/França, 1768-1848) – Chega ao Brasil no século


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

XIX acompanhando a Missão Artística Francesa. Registra especialmente o<br />

cotidiano das pessoas que viviam no Rio de Janeiro nesse t<strong>em</strong>po como<br />

exímio documentarista visual. T<strong>em</strong> fundamental importância <strong>na</strong> Acad<strong>em</strong>ia<br />

Imperial de Belas <strong>Arte</strong>s (Aiba) como seu difusor e professor. Realiza a 1 a<br />

Exposição de <strong>Arte</strong> no Brasil, com recursos do seu próprio bolso.<br />

Johann Baptiste von Spix (Höchstadt/Al<strong>em</strong>anha,1781 - Munique/Al<strong>em</strong>anha,<br />

1826) – Estuda teologia e medici<strong>na</strong>. A serviço do governo bávaro, faz numerosas<br />

viagens científicas pela Europa e ao Brasil, nomeado m<strong>em</strong>bro da Acad<strong>em</strong>ia<br />

Bávara de Ciências, da qual se tor<strong>na</strong> conservador das coleções zoológicas. Em<br />

1817, inicia a missão científica, acompanhando o <strong>na</strong>turalista Karl von Martius <strong>em</strong><br />

sua expedição ao Brasil. Durante a viag<strong>em</strong> de três anos, estuda a fau<strong>na</strong> brasileira<br />

percorrendo sozinho o Rio Solimões e o Rio Negro. Ao fi<strong>na</strong>l da expedição havia<br />

inventariado 3.381 espécies de animais brasileiros.<br />

Johann Moritz Rugendas (Augsburg/Al<strong>em</strong>anha, 1802 - Weilheim/Al<strong>em</strong>anha,<br />

1858) – Pintor, desenhista, gravador. Desde criança, exercita o desenho e<br />

a gravura com o pai e ingressa <strong>na</strong> Acad<strong>em</strong>ia de Belas <strong>Arte</strong>s de Munique.<br />

Incentivado pelos relatos de viag<strong>em</strong> dos <strong>na</strong>turalistas Spix e Martius, v<strong>em</strong> para<br />

o Brasil <strong>em</strong> 1821, como desenhista da Expedição russa Langsdorff. Abando<strong>na</strong><br />

a Expedição <strong>em</strong> 1824, e continua suas andanças sozinho, registrando tipos,<br />

costumes, paisagens, fau<strong>na</strong> e flora brasileiras. Segue para Mato Grosso,<br />

Bahia e Espírito Santo e retor<strong>na</strong> ao Rio de Janeiro. Não realiza nenhuma<br />

pintura a óleo <strong>em</strong> sua primeira estada no Brasil, privilegia o desenho e ocasio<strong>na</strong>lmente<br />

a aquarela. De 1825 a 1828, vive entre Paris e Munique. Nesse<br />

período, dedica-se à publicação de sua obra Voyage Pittoresque dans le<br />

Brésil. Em 1845, volta ao Rio de Janeiro, onde retrata m<strong>em</strong>bros da família<br />

imperial e é convidado a participar da Exposição Geral de Belas <strong>Arte</strong>s. No<br />

ano seguinte, parte definitivamente para a Europa.<br />

Napoleão Bo<strong>na</strong>parte (França, 1769-1821) – General e líder muito popular,<br />

foi o estrategista responsável pela expansão territorial francesa e por uma<br />

coleção de “inimigos”, especialmente os ingleses. Centralizador, autocoroou-se<br />

como imperador da França, onde reinou por quase uma década.<br />

Apreciava fazer discursos eloquentes e viver cercado de pompa e luxo. A<br />

racio<strong>na</strong>lização dos espaços monumentais traduz os anseios <strong>na</strong>poleônicos<br />

de transformar arquiteturas e estruturas sociais. Com frequência convidava<br />

pintores para acompanhá-lo <strong>em</strong> suas campanhas militares para, <strong>na</strong> volta aos<br />

ateliês, pintar<strong>em</strong> quadros históricos e de guerra e<strong>na</strong>ltecendo seus feitos.<br />

Os artistas da Missão Artística Francesa estiveram vinculados à chamada<br />

“era <strong>na</strong>poleônica”. Napoleão introduziu <strong>na</strong> França inúmeras inovações:<br />

a educação universitária pública, um sist<strong>em</strong>a de impostos e de estradas,<br />

o Código Civil, determi<strong>na</strong>ndo os direitos e deveres do cidadão, e ainda o<br />

código crimi<strong>na</strong>l e o direito de todo acusado a um advogado.<br />

15


16<br />

Glossário<br />

Acad<strong>em</strong>ias de arte – As acad<strong>em</strong>ias garant<strong>em</strong> a formação científica (geometria,<br />

a<strong>na</strong>tomia e perspectiva) e humanística (história e filosofia), rompendo<br />

com a visão de arte como artesa<strong>na</strong>to e com a ideia de genialidade baseada<br />

no talento e inspiração individuais. Defend<strong>em</strong> a possibilidade de ensino de<br />

todo e qualquer aspecto da criação artística por meio de regras. Além de<br />

conferir caráter oficial ao ensino – com aulas de desenho de observação<br />

e cópia de moldes –, as acad<strong>em</strong>ias são responsáveis pela organização<br />

de exposições, concursos, prêmios e periódicos e pela conservação de<br />

patrimônio, pi<strong>na</strong>cotecas e coleções que significam o controle da atividade<br />

artística e a fixação rígida de padrões de gosto. Fonte: PEVSNER, Nikolaus.<br />

Acad<strong>em</strong>ias de arte: passado e presente. São Paulo: Companhia<br />

das Letras, 2005.<br />

Acad<strong>em</strong>ia Imperial de Belas <strong>Arte</strong>s (Aiba) – A história da Aiba acompanha<br />

os esforços de D. João VI no aparelhamento do Estado <strong>na</strong> corte carioca.<br />

Com o decorrer do t<strong>em</strong>po, a acad<strong>em</strong>ia assumiu um caráter menos fechado,<br />

pois possibilitava o acesso à arte pública e <strong>em</strong> suas Exposições Gerais<br />

permitia a participação de mulheres e até fotógrafos, uma abertura que as<br />

acad<strong>em</strong>ias europeias ainda não tinham experimentado. Enquanto durou,<br />

de 1826 até 1889, a Aiba teve sete diretores. Destacam-se as gestões do<br />

pintor Félix Tau<strong>na</strong>y (1834 a 1851) e a do pintor e crítico de arte Manuel de<br />

Araújo Porto Alegre (1854 a 1857). O primeiro, por estruturar os cursos,<br />

criar as Exposições Gerais de Belas <strong>Arte</strong>s <strong>em</strong> 1840 e a concessão de<br />

prêmios de viag<strong>em</strong> ao exterior, a partir de 1845. E o segundo, por ser o<br />

primeiro brasileiro a dirigir a instituição e sua tentativa de modernização<br />

das bases teóricas para o ensino, <strong>na</strong> ideia de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização da biblioteca<br />

(transformando-a <strong>na</strong> m<strong>em</strong>ória pictórica brasileira) e <strong>na</strong> criação de coleções de<br />

arte brasileiras. Fonte: AGUILAR, Nelson (Org.). <strong>Arte</strong> do século XIX. Mostra<br />

do Redescobrimento. São Paulo: Fundação Bie<strong>na</strong>l: Associação Brasil 500<br />

Anos <strong>Arte</strong>s Visuais, 2000.<br />

Aquarela – Pintura de tinta aguada, isto é, cujos pigmentos são misturados a<br />

um veículo, normalmente goma arábica, sendo solúveis <strong>em</strong> água. Caracterizase<br />

pela impressão de transparência e suavidade da figura ou motivo. Ao<br />

contrário da pintura a óleo, <strong>em</strong> que a luz é obtida pela aplicação de cores<br />

claras, <strong>na</strong> aquarela a luminosidade provém da cor e do suporte – do papel,<br />

por ex<strong>em</strong>plo. Suas superfícies escuras ou a intensificação das to<strong>na</strong>lidades<br />

são conseguidas por veladuras ou camadas superpostas. Fonte: CUNHA,<br />

Newton. Dicionário Sesc: a linguag<strong>em</strong> da cultura. São Paulo: Perspectiva:<br />

Sesc São Paulo, 2003. p. 23.<br />

Litogravura – Método de gravura <strong>em</strong> que é feito um desenho com cera<br />

<strong>em</strong> uma pedra e, por meio do contraste de gordura e água, as áreas que


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

receb<strong>em</strong> e rejeitam a tinta são separadas. Fonte: OS GRANDES mestres<br />

da arte. Lisboa: Livros e Livros, 1994.<br />

Lundu – Dança e canto de orig<strong>em</strong> africa<strong>na</strong>. O batuque africano foi tachado<br />

de indecente e lascivo nos documentos oficiais que proibiam sua apresentação<br />

<strong>na</strong>s ruas e teatros. O lundu ainda não era uma dança brasileira,<br />

mas uma dança africa<strong>na</strong> do Brasil. A partir de 1780 o lundu começa a ser<br />

mencio<strong>na</strong>do nos documentos históricos. Na coreografia do lundu o alteamento<br />

dos braços, o estalar dos dedos e a peculiaridade da umbigada são<br />

acompanhados por palmas num canto de estrofe-refrão típico da cultura<br />

africa<strong>na</strong>. Quando a umbigada passa a se disfarçar como simples mesura, o<br />

lundu ensaia sua entrada nos salões da sociedade colonial e depois <strong>na</strong> corte,<br />

com a moda do lundu cantado à viola. Fonte: DICIONÁRIO Cravo Albin de<br />

Música Popular Brasileira. Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: jul. 2009.<br />

Modinha – Canto urbano de salão de caráter lírico, sentimental. Em Portugal,<br />

a palavra moda desig<strong>na</strong> canção <strong>em</strong> geral. Nascida no século XVII, é um<br />

gênero musical composto geralmente de duas partes. Mário de Andrade<br />

observou que “à medida que a modinha desaparece ou vive mais desaparecida<br />

dos seresteiros, vai sendo, porém, substituída pelo samba-canção, que<br />

é realmente uma modinha nova. [...]. Ora, isso é uma evolução lógica, por<br />

assim dizer, fatal. A modinha de salão, passada pra boca do povo, adotou<br />

mesmo ritmos coreográficos, o da valsa e o do xote principalmente. Ora,<br />

estes eram s<strong>em</strong>pre ritmos importados, não de criação imediata <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. O<br />

samba-canção é a <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização definitiva da modinha”. A modinha hoje é<br />

denomi<strong>na</strong>da popularmente seresta, nos botequins e <strong>na</strong>s churrascarias de<br />

subúrbio, onde se refugiou. Reveste também o ritmo do fox-canção brasileiro,<br />

tão divulgado <strong>na</strong>s décadas de 1930 e 1940. Fonte: DICIONÁRIO Cravo Albin<br />

de Música Popular Brasileira. Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: jul. 2009.<br />

Neoclassicismo – Movimento cultural europeu, do século XVIII e parte do<br />

século XIX, que defende a retomada da arte antiga, especialmente grecoroma<strong>na</strong>,<br />

considerada modelo de equilíbrio, clareza e proporção. Contra uma<br />

concepção de arte de atmosfera romântica, apoiada <strong>na</strong> imagi<strong>na</strong>ção e no<br />

virtuosismo individual, os neoclássicos defend<strong>em</strong> a supr<strong>em</strong>acia da técnica<br />

e a necessidade do projeto – leia-se desenho – a comandar a execução da<br />

obra, seja a tela, seja o edifício. A isso se liga a defesa do ensino da arte<br />

por meio de regras, o que se efetiva <strong>na</strong>s acad<strong>em</strong>ias de arte, valorizadas<br />

como locus da formação do artista. Fonte: AGUILAR, Nelson (Org.). <strong>Arte</strong><br />

do século XIX. Mostra do Redescobrimento. São Paulo: Fundação Bie<strong>na</strong>l:<br />

Associação Brasil 500 Anos <strong>Arte</strong>s Visuais, 2000.<br />

17


18<br />

Bibliografia<br />

ALGRANTI, Leila Mezan. D. João VI: os bastidores da Independência. São<br />

Paulo: Ática, 1987.<br />

AMBRIZZI, Miguel Luiz. Entre olhares - o romântico, o <strong>na</strong>turalista. Artistasviajantes<br />

<strong>na</strong> Expedição Langsdorff: 1822-1829. 19&20: A Revista Eletrônica<br />

de DezenoveVinte. v.3, n.4, out. 2008. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Acesso <strong>em</strong>: jun. 2009.<br />

BARBOSA, A<strong>na</strong> Mae. <strong>Arte</strong>-educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva,<br />

1978.<br />

CAMPOS, Raymundo. Viag<strong>em</strong> ao <strong>na</strong>scimento de uma <strong>na</strong>ção: o diário de<br />

Maria Graham. São Paulo: Atual, 1996.<br />

COUTINHO, Christiane; ORLOSKI, Erick. Aquarela: técnica <strong>em</strong> evolução.<br />

Coord. Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. São Paulo: Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>Escola</strong>, 2006. (DVDteca <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong> – Material <strong>educativo</strong> para professorpropositor,<br />

61). Acompanha DVD.<br />

DEBRET, Jean-Baptiste. Viag<strong>em</strong> pitoresca e histórica ao Brasil. Belo Horizonte:<br />

Itatiaia, 1989. 3v.<br />

GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e<br />

uma corte corrupta enga<strong>na</strong>ram Napoleão e mudaram a história de Portugal<br />

e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007.<br />

LUZ, Angela Âncora da. Missão Artística Francesa: novos rumos para a arte<br />

no Brasil. Revista DaCultura, ano 4, n.7, p. 16-22, dez. 2004. Disponível <strong>em</strong>:<br />

. Acesso <strong>em</strong>: jun. 2009.<br />

MATTOS, Ilmar Rohloff de; ALBUQUERQUE, Luis Affonso Seigneur de;<br />

MATTOS, Selma Ri<strong>na</strong>ldi de. O Rio de Janeiro, capital do Reino. 4.ed. São<br />

Paulo: Atual, 1995.<br />

OLIVEIRA, Cecília Hele<strong>na</strong> de Salles. A Independência e a construção do<br />

Império: 1750-1824. São Paulo: Atual, 1995.<br />

PORTA, Paula. A Corte Portuguesa no Brasil (1808-1821). São Paulo:<br />

Saraiva, 1997.<br />

RUGENDAS, Johann Moritz. Viag<strong>em</strong> Pitoresca através do Brasil. Rio de<br />

Janeiro: Ed. de Ouro, s.d.<br />

SCHWARCZ, Lilia Moritz; SPACCA. D. João Carioca: a corte portuguesa<br />

chega ao Brasil (1808-1821). São Paulo: Companhia das Letras, 2008.<br />

UTUARI, Solange. Rugendas: o ilustrador de mundos. Coord. Mirian Celeste<br />

Martins e Gisa Picosque. São Paulo: Instituto <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong>, 2006.<br />

(DVDteca <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong> – Material <strong>educativo</strong> para professor-propositor,<br />

77). Acompanha DVD.


<strong>material</strong> <strong>educativo</strong> para o professor-propositor<br />

INDEPENDÊNCIA<br />

Webgrafia<br />

os sites a seguir foram acessados <strong>em</strong> 15 jun. 2009.<br />

AQUARELA. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

______. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

A CORTE no Rio de Janeiro. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

DEBRET. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

HINOS brasileiros. Com áudio. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

HISTÓRIA. Textos sobre história do Brasil. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

HISTORIANET, a nossa história. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

MISSÃO Artística Francesa. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

______. Rede da M<strong>em</strong>ória Virtual Brasileira. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

MUSEUS:<br />

Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Fundação Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Fundação Casa França-Brasil. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museu da <strong>Escola</strong> de Belas <strong>Arte</strong>s D. João VI. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museu Histórico Nacio<strong>na</strong>l. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museu Imperial. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museu Nacio<strong>na</strong>l. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museu Nacio<strong>na</strong>l de Belas <strong>Arte</strong>s. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museu Paulista. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Museus Castro Maya. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

19


Paço imperial. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Pi<strong>na</strong>coteca do Estado de São Paulo. Disponível <strong>em</strong>: .<br />

Filmografia<br />

CARLOTA Joaqui<strong>na</strong>: princesa do Brasil. Dir. Carla Camurati. Rio de Janeiro:<br />

Elimar Produções Artísticas, 1995. 1 DVD (100 min.).<br />

Narra com humor crítico a vinda e a permanência da Família Real portuguesa<br />

no Brasil.<br />

INDEPENDÊNCIA ou morte. Dir. Carlos Coimbra. São Paulo: Cinedistri,<br />

1972. 1 Videocassete (108 min.): VHS, Ntsc, son., color.<br />

A vida pessoal e a trajetória política de D. Pedro I: da infância ao processo<br />

da Independência, do conturbado I Rei<strong>na</strong>do à sua abdicação.<br />

NAPOLEÃO. Dir. Yves Simoneau. França, 2002. 1 DVD (180 min.). Distribuição:<br />

Califórnia Filmes.<br />

Narra a carreira militar e a ascensão política de Napoleão Bo<strong>na</strong>parte.<br />

RUGENDAS: o ilustrador de mundos. Dir. Walter Silveira e Estela Padovan.<br />

São Paulo: Módulos, 1999. 1 DVD (30 min.). Acompanha <strong>material</strong> <strong>educativo</strong><br />

para professor-propositor. DVDteca <strong>Arte</strong> <strong>na</strong> <strong>Escola</strong>.<br />

A trajetória, pelo Brasil e pelas Américas, do artista viajante Johann Moritz<br />

Rugendas.<br />

TIRADENTES. Dir. Oswaldo Caldeira. S.l.: Oswaldo Caldeira Produções<br />

Cin<strong>em</strong>atográficas, 1998. 1 DVD (124 min.). Distribuição: RioFilme.<br />

A vida e a morte do inconfidente Joaquim José da Silva Xavier e sua<br />

participação <strong>na</strong> Inconfidência Mineira.<br />

20


Mapa potencial<br />

INDEPENDÊNCIA

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