Access to cataract surgery in public and private health systems ...
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ISSN 0004-2749
versão impressa
A r q u i v o s B r a s i l e i r o s d e
PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
SETEMBRO/OUTUBRO 2011
74 05
Access to cataract surgery in
public and private health systems
Effect of corneal epithelium
on ultraviolet-A and riboflavin
absorption
Ocular surface adverse effects
of ambient levels of air pollution
Color Doppler imaging
INDEXADA NAS BASES DE DADOS
MEDLINE | EMBASE | ISI | SciELO
SE VOCÊ ACHA QUE TODAS AS COMBINAÇÕES
FIXAS DE PROSTAGLANDINAS SÃO IGUAIS,
AQUI ESTÁ UMA DESCOBERTA BRILHANTE.
Apresentando DUO-TRAVATAN ® BAK-Free solução,
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sem BAK (cloreto de benzalcônio).
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DUO-TRAVATAN ® ESTÁ CONTRAINDICADO EM PACIENTES COM HIPERSENSIBILIDADE CONHECIDA À TRAVOPROSTA OU QUALQUER OUTRO INGREDIENTE DO
PRODUTO. E PACIENTES EM USO DE DUO-TRAVATAN ® PODEM APRESENTAR INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA COM OS DIGITÁLICOS E ANTAGONISTAS DO CÁLCIO: O
USO CONCOMITANTE DE AGENTES BLOQUEADORES BETA-ADRENÉRGICOS COM DIGITÁLICOS E ANTAGONISTAS DO CÁLCIO PODE TER UM EFEITO ADITIVO
PROLONGANDO O TEMPO DA CONDUÇÃO ATRIOVENTRICULAR.
DUO-TRAVATAN ® (travoprosta 0,004% timolol 0,5% maleato) Solução Oftálmica Estéril. USO ADULTO. INDICAÇÕES: é indicado para a redução da pressão intra-ocular elevada em pacientes com
glaucoma de ângulo aberto ou hipertensão ocular, nos quais a terapia com um único agente não é suficiente para reduzir a pressão intra-ocular. CONTRAINDICAÇÕES: é contraindicado para pacientes com
hipersensibilidade conhecida à travoprosta, timolol, cloreto de benzalcônio ou qualquer outro ingrediente deste produto. DUO-TRAVATAN Solução Oftálmica também é contraindicado em pacientes com
asma brônquica, histórico de asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica severa, bradicardia sinusal, bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro grau, insuficiência cardíaca manifesta ou choque
cardiogênico. POSOLOGIA: A dose recomendada é uma gota no(s) olho(s) afetado(s) uma vez por dia pela manhã ou à noite. ADVERTÊNCIAS: Existem relatos de que travoprosta e outros análogos da
prostaglandina causam alterações nos tecidos pigmentados. As alterações relatadas com maior freqüência foram aumento na pigmentação da íris e tecido periorbital (pálpebra) e aumento na pigmentação
e crescimento de cílios. Reações respiratórias severas e reações cardíacas, incluindo morte por broncospasmo em pacientes com asma e raramente morte associada a insuficiência cardíaca foram relatadas
após a administração sistêmica ou oftálmica de maleato de timolol. Insuficiência Cardíaca: A ação de bloqueador de receptor beta-adrenérgico pode precipitar insuficiência mais severa. Ao primeiro sinal ou
sintoma de insuficiência cardíaca, interromper o uso de DUO-TRAVATAN. Doença pulmonar obstrutiva: Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (ex.: bronquite crônica, enfisema) de intensidade
leve ou moderada, doença broncospástica ou histórico de doença broncospástica não devem, em geral, ser tratados com beta-bloqueadores ou produtos que contenham beta-bloqueadores, incluindo
DUO-TRAVATAN Solução Oftálmica. Cirurgia: Pode ocorrer o aumento do risco da anestesia geral em procedimentos cirúrgicos com hipotensão severa prolongada durante a anestesia e dificuldade de
reiniciar e manter o batimento cardíaco. Diabetes Mellitus: Pode ocorrer mascaramento dos sinais e sintomas da hipoglicemia aguda, devendo ser administrados com cuidado em pacientes diabéticos.
Tireotoxicose: Pacientes com suspeita de desenvolver tireotoxicose devem ser cuidadosamente controlados para evitar a retirada abrupta dos agentes bloqueadores beta-adrenérgicos, a qual pode precipitar
uma crise de tireotoxicose. PRECAUÇÕES: Casos de ceratite bacteriana têm sido associados com o uso de frascos dose-múltipla de produtos oftálmicos tópicos. DUO-TRAVATAN Solução Oftálmica deve
ser usado com precaução em pacientes com inflamação intra-ocular ativa (irite/uveíte). Edema macular, incluindo edema macular cistóide, tem sido relatado durante o tratamento com análogos da
prostaglandina F2a principalmente em pacientes afácicos, pseudofácicos com ruptura de cápsula posterior devendo ser usado com precaução nestes pacientes. DUO-TRAVATAN Solução Oftálmica não foi
avaliado no tratamento do glaucoma de ângulo estreito, glaucoma inflamatório ou neovascular. Foi relatado descolamento de coróide após cirurgia filtrante com a administração de terapia aquosa supressora
(ex.: Timolol). Não existem estudos adequados em mulheres grávidas. DUO-TRAVATAN Solução Oftálmica deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício potencial justificar o risco potencial
para o feto. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Agentes bloqueadores beta-adrenérgicos: Pacientes em tratamento com agentes bloqueadores beta-adrenérgicos por via oral e DUO-TRAVATAN Solução
Oftálmica devem ser observados quanto aos potenciais efeitos aditivos dos beta-bloqueadores. O uso concomitante de dois agentes bloqueadores beta-adrenérgicos de uso tópico não é recomendado.
Antagonistas do cálcio: Cuidados devem ser tomados (ou evitar) na co-administração de agentes bloqueadores beta-adrenérgicos e antagonistas do cálcio orais ou intravenosos. Depletores de catecolaminas:
Tratamento com depletores de catecolaminas, tal como reserpina, devem ser feitos atentamente devido ao possível efeito aditivo. Quinidina: Há casos de bloqueio beta sistêmico potencializado (ex.:
batimento cardíaco diminuído) pelo tratamento combinado de quinidina e timolol. Clonidina: Pode ocorrer exacerbação da hipertensão rebote após a retirada da clonidina. Epinefrina injetável: Risco de
anafilaxia. USO EM IDOSOS, CRIANÇAS E OUTROS GRUPOS DE RISCO. Idosos: Não foram observadas diferenças na eficácia e segurança entre pacientes idosos e outros pacientes. Crianças: A segurança
e a eficácia não foram estabelecidas para pacientes pediátricos. Lactantes: humano. O maleato de timolol foi detectado no leite humano após a administração oral e oftálmica, mas não se sabe sobre a
excreção pelo leite com o Travoprosta. Deve-se decidir suspender a amamentação ou o uso do produto devido ao risco de efeitos colaterais no lactente. REAÇÕES ADVERSAS: O evento adverso ocular
mais comum em estudos clínicos controlados com DUO-TRAVATAN Solução Oftálmica foi hiperemia ocular, relatada em 13 a 15 % dos pacientes. Aproximadamente 2% dos pacientes interromperam a
terapia devido à hiperemia conjuntival. Os eventos adversos oculares relatados com incidência de 5 a 10 % incluíram diminuição da acuidade visual, olho seco, desconforto ocular, sensação de corpo
estranho, crescimento de cílios e fotofobia. Outros eventos relatados em freqüência menor são: visão borrada, conjuntivite, mancha na córnea, “flare”, ceratite, distúrbios na pálpebra, dor e prurido, artralgia,
artrite, bronquite, síndrome do resfriado, dor de cabeça, hipertensão, infecção, dor e infecção do trato urinário. SUPERDOSE: Não há dados disponíveis sobre a superdose das soluções de DUO-TRAVATAN
ou TRAVATAN em humanos. Há casos de superdose inadvertida com a solução oftálmica de timolol, resultando em efeitos sistêmicos similares aqueles observados com os agentes bloqueadores
beta-adrenérgicos sistêmicos, tais como: vertigem, dor de cabeça, falta de ar, bradicardia, brocospasmo e parada cardíaca. Um estudo com pacientes com insuficiência renal mostrou que timolol não é
prontamente dialisado após a administração oral. MS 1.0023.0266.001-3. Venda sob prescrição médica.
A PERSISTIREM OS SINTOMAS,
O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
DTV10502JAi-A XXX
© 2011 Novartis. Novembro/2011
LANÇAMENTO
Referências bibliográficas: 1. Proksch J and Ward K. Ocular Pharmacokinetics/Pharmacodynamics of Besifloxacin,Moxifloxacin, and Gatifloxacin Following Topical Administration to Pigmented Rabbits. Journal of Ocular Pharmacology and Therapeutics. Volume 26,
Topical Administration to Rabbits, Monkeys, and Humans. Journal of Ocular Pharmacology and Therapeutics. Volume 25, Number 4, 2009; pages 1-9. 4. Torkildsen, G; Proksch, J. et al. Concentrations of besifloxacin, gatifloxacin and moxifloxacin in human conjunctiva
Besivance ® (cloridrato de besifloxacino - suspensão oftálmica estéril 0,6%: um frasco conta-gotas com 5 mL): Reg. MS – 1.1961.0017.001-1. Indicações: Besivance ® é indicado para o tratamento de conjuntivite
tratamento com Besivance ® . Gravidez e amamentação: Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Deve-se ter cautela quando Besivance ®
ao dia, por 5 dias, podendo ser estendido para 7 dias conforme critério médico. Usar Besivance ® exclusivamente nos olhos. Reações Adversas (1-2%): vermelhidão na conjuntiva, visão embaçada, dor ocular,
contraindicado a pacientes com alergia ao besifloxacino ou a antibióticos semelhantes ao besifloxacino ou a qualquer um dos
subconjuntival, nem deve ser introduzido diretamente na câmara anterior do olho. Interações medicamentosas: não foram observadas
Atenção: este é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis para comercialização, efeitos indesejáveis e não conhecidos podem ocorrer. Neste caso,
Responsável Técnico: Ana Paula Ganzer, CRF/RS – 9663. Material de distribuição exclusiva a profissionais habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos. Out/2011
TECNOLOGIA PARA A EFICÁCIA. 1-3
Fluorquinolona desenvolvida com DuraSite ® :
uma nova tecnologia que aumenta o tempo
de permanência sobre a superfície ocular,
proporcionando mais tempo de eficácia 1-5
Number 5, 2010; pages 1-10. 2. Friedlander MH, Protzko E. Clinical development of 1% azithromycin in Durasite, a topical azalide anti-infective for ocular surface therapy. Clin Ophthalmol 2007;1:3-10. 3. Proksch et col. Ocular Pharmacokinetics of Besifloxacin Following
after topical ocular administration. Clinical Ophthalmology 2010: 4; pages 331-341. 5. Friedlander MH, Protzko E. Clinical development of 1% azithromycin in Durasite, a topical azalide anti-infective for ocular surface therapy. Clin Ophthalmol 2007;1:3-10.
bacteriana causada por bactérias sensíveis ao besifloxacino. Lentes de contato: os pacientes não devem usar lentes de contato se apresentarem sinais ou sintomas de conjuntivite bacteriana ou durante o
for administrado a mulheres que estejam amamentando. Uso em crianças: Besivance ® é indicado a crianças a partir de 1 ano de idade. Posologia: instilar uma gota de Besivance ® no(s) olho(s) afetado(s) 3 vezes
irritação ocular, prurido ocular e dor de cabeça. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA – SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DE RECEITA.” Contraindicações: Besivance ® é
componentes da fórmula. Precauções e advertências: Besivance ® é somente para uso tópico oftálmico e não deve ser injetado por via
interações medicamentosas nos estudos clínicos realizados com Besivance ® .
informe ao seu médico. Informações adicionais disponíveis à classe médica mediante solicitação à BL Indústria Ótica Ltda., localizada à Rua Dona Alzira, 139, CEP 91110-010, Porto Alegre/RS.
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Posologia: uma gota, uma vez
ao dia, no(s) olho(s) afetado(s).
Frasco contendo
3mL para
8 semanas
de tratamento
(114 gotas) 2
Contraindicações: Este produto é contraindicado para pessoas que apresentam hipersensibilidade (alergia)
a bimatoprosta ou a outros componentes da fórmula.
Interações medicamentosas: Não são previstas interações entre LUMIGAN ® RC e outros medicamentos.
Referências Bibliográficas: 1. EGS Guidelines, III Edition, 2008. 2. LUMIGAN ® RC 0,01% - Bula do produto. Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda. - 02/2011. 3. Katz LJ, et al. Twelve-Month,
Randomized, Controlled Trial of Bimatoprost 0.01%, 0.0125%, and 0.03% in Patients with Glaucoma or Ocular Hypertension. American Journal of Ophthalmology 2009; 149(4):661-671.
LUMIGAN ® RC (bimatoprosta 0,01%) USO ADULTO. Indicações: LUMIGAN ® RC é indicado para o tratamento e prevenção do aumento da pressão dentro dos olhos em pacientes com
glaucoma de ângulo aberto, glaucoma de ângulo fechado em pacientes submetidos previamente a iridotomia e hipertensão ocular. Advertências/Precauções: tem sido relatadas
alterações de pigmentos dos tecidos com a utilização de solução oftálmica de bimatoprosta. Os relatos mais freqüentes têm sido os escurecimentos da íris, das pálpebras e cílios.
Houve relatos de ceratite bacteriana associada com o uso de recipientes de doses múltiplas de produtos oftálmicos de uso tópico. Gravidez e Lactação: não foram realizados estudos
controlados em gestantes. LUMIGAN ® RC apenas deve ser utilizado em gestantes se os potenciais benefícios para a mãe justificarem os potenciais riscos para o feto. Posologia e
modo de usar: você deve aplicar o número de gotas da dose recomendada pelo seu médico em um ou ambos os olhos. A dose usual é de 1 gota aplicada no(s) olho(s) afetado(s),
uma vez ao dia, (de preferência à noite), com intervalo de aproximadamente 24 horas entre as doses. A dose não deve exceder a uma dose única diária, pois foi demonstrado que
administração mais freqüente pode diminuir o efeito do medicamento sobre a pressão intra-ocular elevada. Reações adversas oculares relatadas mais comumente com LUMIGAN ®
RC por ordem de freqüência foram: Reação muito comum (> 10%): hiperemia conjuntival. A hiperemia conjuntival ocorre geralmente nos primeiros dias de tratamento, sendo
transitória. Reação comum (>1% e < 10%): coceira nos olhos, dor ocular, irritação ocular, crescimento e escurecimento dos cílios, escurecimento da pele ao redor dos olhos ente
outros. Reg. ANVISA/MS - 1.0147.0155 - Farm. Resp.: Dra. Flávia Regina Pegorer CRF-SP nº 18.150 VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Para maiores informações, consultar a
bula completa do produto. Fabricado por ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA: Av. Guarulhos, 3272 - CEP 07030-000 – Guarulhos/SP - CNPJ nº 43.426.626/0009-24
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CONTRAINDICAÇÕES: o produto está contraindicado em pacientes com história de hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: não se conhecem interações medicamentosas.
“LACRIFILM ® É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.”
Referências Blibiográficas: 1) Bula de Lacrifilm. 2) Noecker R. Ophthalmic preservatives: considerations for long-term use in patients with dry eye or glaucoma. Rev Ophthalmol 2001; June: 1-10. 3)Chalmers RL. Hydrogen peroxide in anterior segment physiology: a literature review. Optom Vis Sci 1989;66:796-803.7.
LACRIFILM ® (carmelose sódica). FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÃO: Solução oftálmica estéril - frasco contendo 15 ml. COMPOSIÇÃO: Cada ml da solução oftálmica contém carmelose sódica 5 mg. Veículo: cloreto de sódio, fosfato de sódio monobásico, perborato de sódio,
ácido bórico, água purificada estéril. INDICAÇÕES: Para uso como lágrima artificial e como lubrificante nos casos de “olho seco”. Para reumidificar e lubrificar as lentes de contato gelatinosas durante o uso. CONTRAINDICAÇÕES: O produto está contraindicado em pacientes com história de
hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula. POSOLOGIA: Instilar 1 ou 2 gotas no(s) olhos(s) afetado(s) sempre que necessário, ou de acordo com orientação médica. Reg. MS 1.0497.1289. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
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DE OFTALMOLOGIA
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PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
Publicação ininterrupta desde 1938
ISSN 0004-2749
(Versão impressa)
ISSN 1678-2925
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Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 74, n. 5, p. 315-386, set./out. 2011
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Maria Estela Arroyo-Illanes (México)
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Pilar Gomez de Liaño (Espanha)
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ABO – ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA • PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA (CBO)
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Publicação:
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Conselho Brasileiro de Oftalmologia
7.900 exemplares
Imagem da capa: Tomografia de Coerência Óptica (OCT) de segmento anterior de paciente no pós-operatório de
implante de ceratoprótese. Nota-se a presença da prótese bem coaptada ao tecido corneano. Autores da Fotografia:
M. Soledad Cortina e Jose de La Cruz (Department of Ophthalmology & Visual Sciences, College of Medicine, University
of Illinois at Chicago - UIC).
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Milton Ruiz Alves (Vice-Presidente)
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E SEUS RESPECTIVOS PRESIDENTES
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Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia
Mário Ursulino M. Carvalho
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Leonardo Akaishi
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Ricardo Mörschbacher
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Sociedade Brasileira de Ecografia em Oftalmologia
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Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 74, n. 5, p. 315-386, set./out. 2011
SUMÁRIO | CONTENTS
EDITORIAL | EDITORIAL
319 Neste fascículo do ABO
In this issue of ABO
Wallace Chamon
321 In this issue of ABO
Neste fascículo do ABO
Wallace Chamon
ARTIGOS ORIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES
323 Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos
Sistemas de Saúde Público e Privado
Difficulties in access to treatment for patients undergoing cataract surgery in public and private health systems
Newton Kara-Júnior, Roberto Dellapi Jr., Rodrigo França de Espíndola
326 Color Doppler imaging of the ophthalmic artery in patients with chronic heart failure
Ultrassonografia Doppler em cores da artéria oftálmica em pacientes com insuficiência cardíaca crônica
Daniela B. Almeida-Freitas, Daniel Meira-Freitas, Luiz Alberto Soares de Melo Jr., Augusto Paranhos Jr., Wagner Iared, Sergio Ajzen
330 Aspectos psicossociais envolvidos na reabilitação de pacientes com cavidade anoftálmica:
implicações do uso de prótese ocular
Psychosocial aspects in the rehabilitation of patients with anophthalmic socket: implications of the use of ocular prosthesis
Douglas Rangel Goulart, Elizabeth Queiroz, Aline Úrsula Rocha Fernandes, Luciana Martins de Oliveira
335 Alterações retinianas apresentadas em pacientes portadores de hemoglobinopatia falciforme atendidos
em um Serviço Universitário de Oftalmologia
Retinal manifestations in patients with sickle cell disease referred to a University Eye Hospital
Luiz Guilherme Azevedo de Freitas, David Leonardo Cruvinel Isaac, William Thomas Tannure, Elisa Vieira da Silva Lima, Murilo Batista Abud,
Renato Sampaio Tavares, Clovis Arcoverde de Freitas, Marcos Pereira de Ávila
338 Comparação do efeito antiangiogênico do ranibizumab e do bevacizumab in vitro
Comparison of anti-angiogenic effect in vitro between ranibizumab and bevacizumab
Alexandre Cupello Souto, Juliana Terzi Maricato, Priscila Martins Andrade Denapoli, Juliana Maria Ferraz Sallum, Sang Won Han
343 Treatment of diffuse diabetic maculopathy with intravitreal triamcinolone and laser photocoagulation:
randomized clinical trial with morphological and functional evaluation
Tratamento da maculopatia diabética difusa com triancinolona intravítrea e fotocoagulação a laser: ensaio clínico randomizado
com avaliação morfofuncional
Alberto Luiz Gil, Mirela Jobim de Azevedo, Giovani Generali Tomasetto, Carlos Henrique Gervini Muniz, Jacó Lavinsky
348 Effect of corneal epithelium on ultraviolet-A and riboflavin absorption
Efeito do epitélio na absorção corneana de raios ultravioleta-A e riboflavina
Katia Mantovani Bottós, Paulo Schor, Juliana L. Dreyfuss, Helena Bonciani Nader, Wallace Chamon
352 Estudo de toxicidade retiniana após injeções intravítreas seriadas de infliximabe em olhos de coelhos
A safety study of retinal toxicity after serial intravitreal injections of infliximab in rabbits eyes
Alan Ricardo Rassi, Moacyr Pezati Rigueiro, David Leonardo Cruvinel Isaac, Letícia Dourado, Murilo Batista Abud, Éricka Campos Freitas,
Luciana Barbosa Carneiro, Marcos Pereira de Ávila
357 Perfil dos portadores de cavidade anoftálmica - estudo na Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
Profile of patients with anophthalmic cavity - study at Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
Silvia Narikawa, Kryscia Leiko Natsuaki, Juliana Fruet, Carlos Roberto Padovani, Silvana Artioli Schellini
361 Análise discriminante dos pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto através do exame
de Doppler colorido e do campo visual
Discriminant analysis of patients with primary open-angle glaucoma by color Doppler exam and visual field
Maria Helena Mandello Carvalhães Ramos, Olivier Bergés, João Antonio Prata Jr., Norma Allemann
RELATOS DE CASOS | CASE REPORTS
365 Carcinoma de Meibômio como segundo tumor em portadores de retinobastoma: relato de dois casos
Eyelid tumor in anophthalmic socket due to retinoblastoma: report of two cases
Silvia Narikawa, Mariângela Esther Alencar Marques, Silvana Artioli Schellini
368 Long term follow-up of acute multifocal hemorrhagic retinal vasculitis (Blumenkranz syndrome): case report
Síndrome de vasculite retiniana hemorrágica multifocal aguda (síndrome de Blumenkranz) com seguimento a longo prazo: relato de caso
Miguel Hage Amaro, Aaron Brock Roller, Cesar Tavares Motta, Mario Martins dos Santos Motta
371 Terapia antiangiogênica associada à fotocoagulação a laser no tratamento de membrana neovascular sub-retiniana:
relato de caso
Anti-angiogenic therapy associated with laser photocoagulation in the treatment of subretinal neovascular membrane: case report
José Alexandre Bastos Pereira, Isabela Soutello Camarota
374 Primary localized amyloidosis presenting as diffuse amorphous calcified mass in both orbits: case report
Amiloidose primária localizada se apresentando como massa tumoral amorfa e calcificada em ambas as órbitas: relato de caso
Allan Christian Pieroni Gonçalves, Rodrigo Bernal da Costa Moritz, Mário Luiz Ribeiro Monteiro
ARTIGOS DE REVISÃO | REVIEW ARTICLES
377 Ocular surface adverse effects of ambient levels of air pollution
Efeitos adversos na superfície ocular relacionados à poluição ambiental
André Augusto Miranda Torricelli, Priscila Novaes, Monique Matsuda, Milton Ruiz Alves, Mário Luiz Ribeiro Monteiro
CARTAS AO EDITOR | LETTERS TO THE EDITOR
382 Horizontal effect of the surgical weakening of the oblique muscles
Efeito horizontal do debilitamento cirúrgico dos músculos oblíquos
Carlos Souza-Dias
383 INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES | INSTRUCTIONS TO AUTHORS
EDITORIAL | EDITORIAL
Neste fascículo do ABO
In this issue of ABO
WALLACE CHAMON
Esse fascículo do ABO traz interessantes artigos epidemiológicos, de pesquisa básica, novas tecnologias e
estudos clínicos randomizados.
Kara-Júnior e seus colaboradores (1) apresentaram os resultados de questionário aplicado a mais de 600
pacientes atendidos em uma campanha para realização de cirurgias de catarata na cidade de São Paulo. O
estudo demonstrou uma triste realidade em relação a pacientes excluídos do atendimento oftalmológico
completo. Quase a metade de todos os pacientes entrevistados não conseguiram ter acesso à cirurgia de
catarata antes da campanha, seja por terem abandonado o atendimento público gratuito em consequência à
longa fila de espera ou por não terem conseguido marcar a cirurgia (19%), ou por não disporem de recursos
para arcar com os custos associados à cirurgia realizada por meio de convênios médicos ou atendimentos
particulares (29%). Os custos informados pelos pacientes que não haviam procurado o serviço público variaram
de R$ 1.000 a mais de R$ 4.000,00. Os autores enfatizaram acertadamente nas suas conclusões “a necessidade
de continuar a realização de campanhas comunitárias para atender a população que não teria como acessar a
cirurgia por meios convencionais”. Creio ainda que cabe alertar que, apesar das campanhas serem indispensáveis
no momento atual da saúde pública brasileira, devemos ter em mente que, idealmente, o acesso ao
atendimento médico deveria ser possível à toda a população sem a necessidade da criação de campanhas
específicas.
Pacientes com cavidades anoftálmicas foram avaliados em dois artigos (2,3) . Narikawa e colaboradores (2)
analisaram retrospectivamente o perfil epidemiológico de 107 pacientes com cavidade anoftálmica em um
serviço de referência no interior do estado de São Paulo, detectando o trauma como a etiologia mais frequente,
principalmente em homens. Em outro estudo, realizado no Distrito Federal, Goulart e colaboradores (3) avaliaram
os aspectos psicossociais envolvidos na reabilitação de pacientes com cavidade anoftálmica. No seu estudo,
que avaliou 44,4% dos pacientes portadores de cavidade anoftálmica desde 2004, também foi indicado o
trauma como a causa mais frequente. Nesta amostra, um terço dos pacientes afirmou que a perda ocular
influenciou de maneira negativa a sua rotina de vida.
Vários artigos epidemiológicos, clínicos e de pesquisa básica abordaram aspectos retinianos. Em mais um
estudo epidemiológico, avaliando pacientes com doença falciforme, Freitas e colaboradores (4) demonstraram
que o exame oftalmologico de rotina pode, em casos específicos, estabelecer suspeita clínica da doenças
sistêmicas. Gil e colaboradores (5) realizaram ensaio clínico randomizado duplo cego, para comparar, através
de avaliação morfofuncional, o tratamento do edema macular difuso diabético com triancinolona intravítrea
e fototerapia a laser. Vinte e um olhos de 14 pacientes foram alocados aleatoriamente em cada um dos grupos.
Apesar da injeção intravítrea ter levado à diminuição da espessura retiniana medida por OCT, o estudo não
demonstrou diferenças funcionais entre os exames iniciais a após 3 meses de tratamento em nenhum dos dois
grupos. Em um estudo de pesquisa básica, estudando uma promissora droga anti-inflamatória para uso
intravítreo, Rassi e colaboradores (6) demonstraram que o infliximab pode ser usado repetidamente por duas
ou três vezes, com mínima toxicidade retiniana em coelhos. Em mais um estudo comparando a ação do
ranibizumab e o bevacizumab “in vitro”, Souto e colaboradores (7) demonstraram efeito maior do primeiro em
culturas de células endoteliais venosas de cordão umbilical humano.
Bottós e colaboradores (8) abordaram, por meio de pesquisa básica inédita, uma questão muito atual sobre
a promoção de ligações covalentes no colágeno corneano (Crosslinking - CXL): a influência da manutenção do
epitélio corneano na eficácia do CXL. Nessa abordagem original os autores detectaram que a manutenção do
epitélio não interfere na transmissão da luz ultravioleta ao estroma corneano, mas interfere na absorção da
riboflavina pelo mesmo. Este estudo abre espaço para pesquisas futuras na utilização transepitelial de drogas
promotoras de ligações covalentes que ultrapassem a barreira epitelial.
Dois estudos utilizaram a ultrassonografia ocular associada à tecnologia Doppler para avaliação de fluxos
sanguíneos oftalmológicos na artéria oftálmica (9) assim como na artéria central da retina e nas artérias ciliares
Submitted for publication: November 25, 2011
Accepted for publication: November 25, 2011
Physician, Department of Ophthalmology, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São
Paulo (SP), Brazil and Visiting Professor, Department of Ophthalmology & Visual Sciences,
College of Medicine, University of Illinois at Chicago (UIC) - Chicago (IL), EUA.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: W.Chamon, None.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):319-20
319
NESTE FASCÍCULO DO ABO
curtas posteriores (10) . Almeida-Freitas e colaboradores (9) avaliaram o fluxo da artéria oftálmica em 18 pacientes
com insuficiência cardíaca e 21 controles, demonstrando diferenças entre os grupos na velocidade diastólica
e no índice de resistência arterial. Ramos e colaboradores (10) utilizaram a mesma tecnologia para estudar a
artéria central da retina e as artérias ciliares curtas posteriores em 36 pacientes portadores de glaucoma e 20
controles. Nesse estudo, os dados foram associados aos resultados de campimetria visual demonstrando que,
conjuntamente, esses dados têm sensibilidade de 90% para o diagnóstico de glaucoma.
Torricelli e colaboradores (11) escrevem interessantíssimo artigo de revisão sobre um problema que cada
vez mais afeta a população urbana mundial: poluição ambiental. O manuscrito aborda a literatura pertinente
e conclui que, apesar de existirem muitos estudos sobre os efeitos da poluição sobre o sistema respiratório,
a literatura é escassa em relação a trabalhos abordando as alterações oculares relacionadas à poluição ambiental.
REFERÊNCIAS
1. Kara-Júnior N, Dellapi Jr. R, Espindola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de
pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos sistemas de saúde público e privado.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):323-5.
2. Narikawa S, Natsuaki KL, Fruet J, Padovani CR, Schellini SA. Perfil dos portadores de
cavidade anoftálmica - estudo na Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Arq Bras
Oftalmol. 2011;74(5):357-60.
3. Goulart DR, Queiroz E, Fernandes AUR, Oliveira LM. Aspectos psicossociais envolvidos na
reabilitação de pacientes com cavidade anoftálmica: implicações do uso de prótese
ocular. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):330-4.
4. Freitas LGA, Isaac DLC, Tannure WT, Lima EVS, Abud MB, Tavares RS, Freitas CA, Ávila MP.
Alterações retinianas apresentadas em pacientes portadores de hemoglobinopatia
falciforme atendidos em um serviço universitário de oftalmologia. Arq Bras Oftalmol.
2011;74(5):335-7.
5. Gil AL, Azevedo MJ, Tomasetto GG, Muniz CHG, Lavinsky J. Treatment of diffuse diabetic
maculopathy with intravitreal triamcinolone and laser photocoagulation: randomized
clinical trial with morphological and functional evaluation. Arq Bras Oftalmol. 2011;
74(5):343-7.
6. Rassi AR, Rigueiro MP, Isaac DLC, Dourado L, Abud MB, Freitas EC, Carneiro LB, Ávila MP.
Estudo de toxicidade retiniana após injeções intravítreas seriadas de infliximabe em olhos
de coelhos. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6.
7. Souto AC, Maricato JT, Denapoli PMA, Sallum JMF, Han SW. Comparação do efeito antiangiogênico
do ranibizumab e do bevacizumab in vitro. Arq Bras Oftalmol. 2011; 74(5):338-42
8. Bottós KM, Schor P, Dreyfuss JL, Nader HB, Chamon W. Effect of corneal epithelium on
ultraviolet-A and riboflavin absorption. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):348-51.
9. Almeida-Freitas DB, Meira-Freitas D, Melo Jr. LAS, Paranhos JR. A, Iared W, Ajzen S. Color
Doppler imaging of the ophthalmic artery in patients with chronic heart failure. Arq Bras
Oftalmol. 2011;74(5):326-9.
10. Ramos MHMC, Bergés O, Prata Jr. JA, Allemann N. Análise discriminante dos pacientes
portadores de glaucoma primário de ângulo aberto através do exame de Doppler colorido
e do campo visual. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):361-4.
11. Torricelli AAM, Novaes P, Matsuda M, Alves MR, Monteiro MLR. Ocular surface adverse
effects of ambient levels of air pollution. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82.
320 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):319-20
EDITORIAL | EDITORIAL
In this issue of ABO
Neste fascículo do ABO
WALLACE CHAMON
This issue of ABO brings interesting articles in epidemiology, basic research, new technologies and randomized
clinical trials.
Kara-Júnior and his colleagues (1) presented the results of a questionnaire administered to more than 600
patients treated in a campaign to perform cataract surgery in São Paulo. The study showed a sad reality for
patients excluded from the comprehensive eye care. Almost half of all patients interviewed were unable to
gain access to cataract surgery before the campaign, because they have abandoned the free public service as
a result of the long waiting lists or for failing to schedule their surgeries (19%), or did not have the resources to
afford the costs associated with surgeries performed by health insurance or private care (29%). The costs
reported by patients who had not sought public service ranged from R$ 1,000 to over R$ 4,000.00. Authors
rightly emphasized in their conclusions “the need to continue to carry out community campaigns to meet
people who would not have access to surgery by conventional means.” I also believe it is important to consider
that, despite the campaigns being indispensable at the present time the Brazilian public health, we must
keep in mind that, ideally, access to health care should be possible for the whole population without the
need to create specific campaigns.
Patients with anophthalmic cavities were evaluated in two articles (2,3) . Narikawa and colleagues (2) retrospectively
analyzed the epidemiological profile of 107 patients with anophthalmic cavity in a reference service
in the state of São Paulo, detecting trauma as the most frequent etiology, especially in men. In another study
conducted in the Federal District, Goulart and colleagues (3) assessed the psychosocial aspects involved in the
rehabilitation of patients with anophthalmic cavity. In their study, which evaluated 44.4% of patients with
anophthalmic cavity since 2004, the trauma was also nominated as the most frequent cause. In this sample,
one third of patients said that the eye loss negatively influenced their daily routine.
Several epidemiological, clinical and basic research articles focused on retinal aspects. In another
epidemiological study, evaluating patients with sickle cell disease, Freitas and colleagues (4) demonstrated
that routine eye examination may, in specific cases, establish clinical suspicion of systemic diseases.
Gil and colleagues (5) conducted a randomized double-blind clinical trial to compare, through morphological
and functional assessment, the treatment of diffuse diabetic macular edema with intravitreal triamcinolone
and with laser phototherapy. Twenty-one eyes of 14 patients were randomly assigned to each
group. Although intravitreal injection have led to the decrease in retinal thickness measured by OCT, the
study showed no functional differences between the initial examination after three months of treatment
in either group. In a study of basic research, evaluating a promising anti-inflammatory drug for intravitreal use,
Rassi et al. (6) demonstrated that infliximab can be used repeatedly for two or three times, with minimal
retinal toxicity in rabbits. In another study comparing the action of the ranibizumab and bevacizumab
“in vitro”, Souto et al. (7) showed greater effect than the first in cultured endothelial cells from human umbilical
cord vein.
Bottós and colleagues (8) addressed, through novel basic research, a very important subject related to the
promotion of corneal collagen crosslinking (CXL): the influence of the corneal epithelium in maintaining the
effectiveness of CXL. In this novel approach the authors found that the maintenance of epithelium does not
interfere in the transmission of ultraviolet light to the corneal stroma, but interferes with the absorption of
riboflavin for the same. This study opens up space for future research in the transepithelial use of drugs that
promote crosslinking and are able to cross the epithelial barrier.
Two studies used ocular ultrasound associated to Doppler technology to assess blood flow in the ophthalmic
artery (9) as well as in central retinal artery and short posterior ciliary arteries (10) . Almeida-Freitas et al. (9)
evaluated the flow of the ophthalmic artery in 18 patients with chronic heart failure and 21 controls,
demonstrating differences between groups in diastolic velocity and arterial resistance index. Ramos and
colleagues (10) used the same technology to study the central retinal artery and short posterior ciliary arteries in
Submitted for publication: November 25, 2011
Accepted for publication: November 25, 2011
Physician, Department of Ophthalmology, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São
Paulo (SP), Brazil and Visiting Professor, Department of Ophthalmology & Visual Sciences,
College of Medicine, University of Illinois at Chicago (UIC) - Chicago (IL), EUA.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: W.Chamon, None.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):321-2
321
IN THIS ISSUE OF ABO
36 patients with glaucoma and 20 controls. In this study, Doppler data were associated with visual perimetry
results showing that, together, these data have 90% sensitivity in glaucoma diagnosis.
Torricelli and colleagues (11) wrote an interesting review article on a problem that increasingly affects the
world’s urban population: environmental pollution. The manuscript addresses the pertinent literature and
concludes that, although there are many studies on the effects of pollution on the respiratory system, the
literature is scarce in relation to ocular alterations related to environmental pollution.
REFERENCES
1. Kara-Júnior N, Dellapi Jr. R, Espindola RF. Difficulties in access to treatment for patients
undergoing cataract surgery in public and private health systems. Arq Bras Oftalmol.
2011;74(5):323-5.
2. Narikawa S, Natsuaki KL, Fruet J, Padovani CR, Schellini SA. Profile of patients with
anophthalmic cavity - study at Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Arq Bras
Oftalmol. 2011;74(5):357-60.
3. Goulart DR, Queiroz E, Fernandes AUR, Oliveira LM. Psychosocial aspects in the rehabilitation
of patients with anophthalmic socket: implications of the use of ocular prosthesis.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):330-4.
4. Freitas LGA, Isaac DLC, Tannure WT, Lima EVS, Abud MB, Tavares RS, Freitas CA, Ávila MP.
Retinal manifestations in patients with sickle cell disease referred to a university eye
hospital. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):335-7.
5. Gil AL, Azevedo MJ, Tomasetto GG, Muniz CHG, Lavinsky J. Treatment of diffuse diabetic
maculopathy with intravitreal triamcinolone and laser photocoagulation: randomized clinical
trial with morphological and functional evaluation. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):343-7.
6. Rassi AR, Rigueiro MP, Isaac DLC, Dourado L, Abud MB, Freitas EC, Carneiro LB, Ávila MP.
A safety study of retinal toxicity after serial intravitreal injections of infliximab in rabbits
eyes. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6.
7. Souto AC, Maricato JT, Denapoli PMA, Sallum JMF, Han SW. Comparison of anti-angiogenic
effect in vitro between Ranibizumab and Bevacizumab. Arq Bras Oftalmol. 2011;
74(5):338-42.
8. Bottós KM, Schor P, Dreyfuss JL, Nader HB, Chamon W. Effect of corneal epithelium on
ultraviolet-A and riboflavin absorption. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):348-51.
9. Almeida-Freitas DB, Meira-Freitas D, Melo Jr. LAS, Paranhos JR. A, Iared W, Ajzen S. Color
Doppler imaging of the ophthalmic artery in patients with chronic heart failure. Arq Bras
Oftalmol. 2011;74(5):326-9.
10. Ramos MHMC, Bergés O, Prata Jr. JA, Allemann N. Discriminant analysis of patients with
primary open-angle glaucoma by color Doppler exam and visual field. Arq Bras Oftalmol.
2011;74(5):361-4.
11. Torricelli AAM, Novaes P, Matsuda M, Alves MR, Monteiro MLR. Ocular surface adverse
effects of ambient levels of air pollution. Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82.
XIX SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ATUALIZAÇÃO EM
OFTALMOLOGIA DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
15 e 16 de junho de 2012
IEP - Instituto de Ensino e Pesquisa do
Hospital Sírio Libanês
São Paulo - SP
• Informações:
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Tels: (11) 5084-9174/5082-3030 - Fax: 5574-8261
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322 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):321-2
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de
cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado
Difficulties in access to treatment for patients undergoing cataract surgery
in public and private health systems
NEWTON KARA-JÚNIOR 1 , ROBERTO DELLAPI JR. 1 , RODRIGO FRANÇA DE ESPÍNDOLA 1
RESUMO
Objetivo: Estimar o valor dos Projetos Catarata para a comunidade, identificando
características e dificuldades de acesso ao diagnóstico e ao tratamento da catarata
na rotina de atendimento de diversos Sistemas de Saúde.
Métodos: Durante uma campanha de catarata realizada em um hospital universitário
foi aplicado um questionário de múltipla escolha somente aos pacientes selecionados
para a cirurgia de catarata. Foram avaliadas, dentre outras, as seguintes variáveis:
acesso prévio à consulta oftalmológica (serviço público ou privado); motivo(s)
para a não realização da cirurgia no serviço inicial.
Resultados: Foram avaliados 627 pacientes com diagnóstico de catarata. A maioria
595 (95%) já havia consultado um oftalmologista previamente, sendo que em 63%
das situações (375 pacientes) a consulta havia sido realizada há menos de um ano.
A última avaliação oftalmológica foi realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em
52% dos casos (307 pacientes), e entre estes, a fila de espera foi apontada pela
maioria como sendo a causa da não realização da cirurgia. Com relação aos pacientes
previamente atendidos em serviços privados, o motivo da não realização da
cirurgia foi o custo da cirurgia e custo da lente intraocular.
Conclusão: Os resultados deste estudo sugerem que a rotina de atendimento oftalmológico
no SUS em São Paulo não está preparada para atender a demanda por
cirurgias de catarata, e o sistema de saúde privado ainda exclui uma parcela da
população que possuí acesso à consulta clínica da cirurgia de catarata. É importante
a continuidade da realização de campanhas comunitárias para atender a população
que não teria como acessar a cirurgia pelas vias convencionais.
Descritores: Catarata; Extração de catarata; Cegueira/prevenção & controle; Acesso
aos serviços de saúde; Custos de cuidados de saúde/estatística e dados numéricos;
Questionários; Brasil
ABSTRACT
Purpose: To identify the difficulties in access to diagnosis and treatment of cataract in
patients attended during a cataract campaign.
Methods: A questionnaire was administered to patients selected for cataract surgery. We
evaluated, among others, the following variables: prior access to ophthalmologists
(public or private), reason(s) for not having surgery early in the initial service, the average
cost charged by cataract surgery and intraocular lens (IOL) (private services and agreements).
Results: A total of 627 patients was evaluated. Most of them - 595 (95%) had previously
attended an ophthalmologist, and in 63% of cases (375 patients) the consultation had
been held for less than a year. The last evaluation was performed by the Brazilian Public
Health System (SUS) in 52% of the cases (307 patients). Regarding the reason for not
having surgery in the initial service, the high cost of the surgery (R$ 2.000 - R$ 4.000) and
the cost of IOLs (R$ 1.000 - R$ 1.500) was the main obstacle for most attended services
and private covenants.
Conclusion: The results of this study suggest that the routine of ophthalmologic care in
SUS at São Paulo is not prepared to answer the demand for cataract surgeries and private
healthcare system still excludes a portion of the population. It is important to continue the
implementation of community campaigns to serve the population that would be unable
to access the surgery through conventional ways.
Keywords: Cataract; Cataract extration; Blindness/prevention & control; Health services
accessibility; Health care costs/statistics & numerical data; Questionnaires; Brazil
INTRODUÇÃO
Estima-se que a catarata seja responsável por 50% dos casos de
cegueira no mundo (1-6) . A perda da capacidade visual além de comprometer
a qualidade de vida dos pacientes, acarreta prejuízo para
a sociedade (7-8) .
A cirurgia da catarata apresenta alta eficiência, favorável custobenefício
no tratamento da doença e na reabilitação visual do indivíduo
e oferece grande impacto para a sociedade (9-11) .
Nos países em desenvolvimento, mesmo nas grandes capitais, o
acesso de pacientes necessitados à cirurgia de catarata é dificultado
devido à fatores socioeconômicos e culturais, além de obstáculos
criados pelo próprio sistema de saúde, o que impede a realização
de mais procedimentos cirúrgicos (10-15) . Até mesmo em países
desenvolvidos existem barreiras para a realização da facectomia, a
falta de recursos financeiros e de seguros médicos são apontados
como significantes obstáculos (16) .
Em 1998 foi instituída a Campanha Nacional de Catarata. O
acesso ao tratamento foi facilitado com a realização de Projetos-
Catarata em todo o país e o Governo Federal determinou que o
financiamento das cirurgias pelo SUS fosse em forma de “extrateto”
para as instituições credenciadas, garantindo o financiamento
de todas as cirurgias realizadas. O Projeto Catarata procura eliminar
Submitted for publication: April 6, 2011
Accepted for publication: August 5, 2011
Study carried out at the Setor de Catarata do Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
1
Physician, Ophthalmology Department, Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo - USP -
São Paulo (SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: N.Kara-Júnior, None; R.Dellapi Jr., None; R.F.de
Espíndola, None.
Correspondence address: Rodrigo França Espíndola. Praça das Hortências, 70 - Condomínio
Portal de Itu - Itu - (SP) - 13301-689 - Brazil - E-mail: rodrigo166@uol.com.br
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):323-5
323
DIFICULDADES DE ACESSO AO TRATAMENTO DE PACIENTES COM INDICAÇÃO DE CIRURGIA DE CATARATA NOS SISTEMAS DE SAÚDE PÚBLICO E PRIVADO
obstáculos logísticos para que o indivíduo deficiente visual por catarata
receba o tratamento necessário mediante a facilitação do acesso
ao exame oftalmológico e à cirurgia, assim como através de processo
educativo da população. Contudo, em 2006 o Governo Federal
alegando falta de verba, descontinuou o repasse “extra-teto” e desestimulou
a realização dos Projetos Catarata (4,10,11,15) .
O objetivo desse estudo é estimar o valor dos Projetos Catarata
para a comunidade, identificando características e dificuldades de
acesso ao diagnóstico e ao tratamento da catarata na rotina de atendimento
de diversos Sistemas de Saúde, em pacientes que somente
acessaram a cirurgia por meio de Projetos Catarata.
MÉTODOS
Realizou-se um estudo transversal somente entre pacientes
com diagnóstico de catarata realizado durante um Projeto Catarata
realizado em agosto de 2005 no Hospital das Clínicas da Universidade
de São Paulo (HC-FMUSP). A pesquisa foi baseada na coleta
de dados de um questionário de múltipla escolha padronizado fornecido
somente a pacientes selecionados para a cirurgia.
As seguintes variáveis foram analisadas: sexo; idade; grau de escolaridade;
acesso à consulta oftalmológica prévia (serviço público
ou privado); motivo(s) para a não realização da cirurgia no serviço
inicial, e para a procura da campanha de catarata. Outros dados
ainda foram coletados: gastos com alimentação e transporte durante
a campanha; custo médio da cirurgia de catarata (para atendidos
em serviços particulares); custo médio da lente intraocular (para
atendidos em convênios/seguros de saúde).
A amostragem foi por conveniência (não probabilística), e o número
de pacientes analisados foi estabelecido arbitrariamente. A
análise estatística baseou-se em dados descritivos da amostra, sendo
as variáveis descritas por meio de médias ou proporções.
Os questionários foram aplicados pelos próprios autores que
não tiveram influência nas respostas. Os entrevistados foram orientados
a não mudarem ou rasurarem suas respostas. Questões deixadas
em branco ou rasuradas foram desconsideradas.
O consentimento de todos os entrevistados foi obtido para a
publicação dos dados desse estudo.
RESULTADOS
Foram avaliados 627 pacientes com diagnóstico de catarata,
destes 373 (59%) eram do sexo feminino. A idade variou de 40 a 96
anos, com média de 67,8 ± 8,2 anos. Quanto à escolaridade, grande
parte dos entrevistados 348 (55%) possuía até o ensino fundamental
(Tabela 1).
A maioria 595 (95%) já havia consultado um oftalmologista antes,
sendo que em 63% dos casos (375 pacientes) a consulta havia sido
realizada há menos de um ano.
Com relação à última avaliação oftalmológica, aproximadamente
metade dos casos (52%) foi realizada pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) (Tabela 2). Na ocasião desta consulta o diagnóstico de
catarata com indicação cirúrgica havia sido feito em 86% dos casos
(514 pacientes).
Em relação ao motivo da não realização da cirurgia no serviço
de origem, dentre aqueles que procuraram o SUS, a maioria não a
fez devido à fila de espera; dos que procuraram o atendimento
particular, a não realização se deu por causa do custo da cirurgia; e
dentre aqueles que foram avaliados pelo sistema de saúde suplementar,
o custo da lente intraocular (LIO) foi o maior obstáculo
(Tabela 3).
No caso dos pacientes que procuraram inicialmente um serviço
privado (202 indivíduos), somente uma parcela foi apta a responder
sobre o custo da cirurgia de catarata (56 indivíduos). A maioria
desses (51,7%), informou que o custo situava-se entre R$ 2.000 e
R$ 4.000, 19 pacientes (34,0%) informaram que o custo era menos
de R$ 2.000 e 8 indivíduos (14,3%) afirmaram que o custo era superior
a R$ 4.000.
Dentre os pacientes que possuíam convênio/seguros de saúde
(82 indivíduos), a maioria informou que o custo da LIO foi determinante
para a não realização da cirurgia (Tabela 3). Dentre estes,
somente uma parcela foi apta a responder sobre o custo do insumo
cirúrgico (34 indivíduos). A maioria desses (53,0%), informou que o
custo situava-se entre R$ 1.000 e R$ 1.500, 8 pacientes (23,5%) informaram
que o custo situava-se entre R$ 500 e R$ 1.000 e 8
indivíduos (23,5%) informaram ser o custo superior a R$ 1.500.
A tabela 4 demonstra o gasto médio dos pacientes para participar
da campanha de catarata (alimentação/transporte).
Tabela 1. Características dos pacientes atendidos durante a
campanha de catarata no HC-FMUSP (n=627)
Características n %
Sexo
Masculino 254 40,5
Feminino 373 59,5
Escolaridade
Analfabeto 169 26,9
Fundamental 348 55,5
Ensino médio 72 11,5
Ensino superior 38 6,1
Tabela 2. Tipo de serviço procurado por pacientes que já
haviam sido consultados por um oftalmologista (n=595)
Serviço n %
SUS * 307 51,6
Particular 202 34,0
Convênios/seguro de saúde 86 14,4
*
SUS = Sistema Único de Saúde
Tabela 3. Motivo da não realização da cirurgia da catarata no serviço em que foi feito o diagnóstico inicial (particular, convênios, SUS)
Particular (n=202) Convênios (n=82) SUS (n=241)
Motivo % % %
Falta de recursos financeiros 63,2 63,4 NA
Fila de espera 3,9 4,8 30,3
Não conseguiu marcar a cirurgia 2,4 3,6 19,5
Medo 6,8 6,1 11,6
Falta de confiança no médico 3,9 3,6 4,1
Catarata incipiente 12,2 10,9 19,5
Outros 7,3 7,3 14,9
SUS= Sistema Único de Saúde; NA= não se aplica; O valor de “n” não corresponde ao número total de pacientes em cada grupo, pois alguns assinalaram respostas múltiplas
324 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):323-5
KARA-JÚNIOR N, ET AL.
Tabela 4. Gasto médio (transporte/alimentação) dos pacientes
selecionados para a cirurgia de catarata para participar da
campanha no HC-FMUSP (n=627)
Gastos n %
Sem gastos 262 41,8
Até R$ 10 215 34,3
Entre R$ 10 e R$ 20 78 12,4
Mais de R$ 20 72 11,5
CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo sugerem que a rotina de atendimento
oftalmológico no Sistema Público de Saúde, em São Paulo,
não está preparada para atender a demanda por cirurgias de
catarata. E que o Sistema de Saúde Privado ainda exclui uma
parcela da população que tem acesso à consulta clínica, da cirurgia
de catarata. Enfatizando a necessidade de continuar a realização de
campanhas comunitárias para atender a população que não teria
como acessar a cirurgia pelas vias convencionais.
DISCUSSÃO
A intervenção pública de saúde na forma de projeto comunitário
para a reabilitação da visão produz resultados que, além de prevenir
a cegueira, tem impacto sobre a qualidade de vida dos
indivíduos, com importantes benefícios sociais (8) .
Estimativas apontam que o Brasil não consegue realizar o número
de cirurgias de catarata necessárias para compensar o surgimento
de novos casos, com isso cresce a importância dos Projetos
Cataratas e da otimização dos centros cirúrgicos ambulatoriais para
as cirurgias em larga escala (15,17) .
Assim como em outros estudos, a maioria dos pacientes atendidos
nesta campanha apresentava baixa escolaridade e já havia sido
examinado em outro serviço oftalmológico (18-24) , sugerindo haver
facilidade de acesso à consulta oftalmológica, porém dificuldade
em se acessar a cirurgia corretiva. Esta pesquisa estima que, principalmente
para população dependente do SUS, as campanhas comunitárias
realizadas para triagem e tratamento da catarata são
importantes para compensar alguns obstáculos logísticos de acesso
à cirurgia, considerando-se que 52% destes pacientes com indicação
cirúrgica já haviam procurado atendimento público, e não haviam
sido operados.
Os principais motivos para a não realização da cirurgia de catarata
no atendimento inicial foram a falta de recursos financeiros (serviços
particulares e convênios) e para aqueles atendidos pelo SUS, a fila
de espera foi apontada como a principal causa. É importante notar,
que embora a maioria já possuía o diagnóstico de catarata, muitos
esperavam o chamado para a cirurgia. As campanhas possuem um
papel crucial no combate a cegueira, pois em um mesmo dia os
pacientes são diagnosticados e têm o dia da cirurgia agendada,
diminuindo retornos desnecessários ao hospital e minimizando o
tempo para o tratamento.
Outro estudo realizado na região nordeste do Brasil, também
constatou que metade dos pacientes já haviam procurado o sistema
público de sáude e que 40% dos atendidos foram a um serviço
privado, porém ainda não haviam sido operados (25) . Nota-se portanto,
que tando na região sudeste como na nordeste, apesar de possuirem
realidades diferentes, o acesso à consulta oftalmológica não
se mostrou um problema, mesmo assim os pacientes continuavam
com baixa visão devido a catarata, demonstrando uma baixa resolutividade,
tanto do sistema público como do privado.
Para comparecer ao Projeto Catarata, a maioria dos indivíduos
(76,1%) teve despesas de até R$10, relativa a gastos com transporte
e alimentação. Como no dia da campanha são realizados todos os
exames necessários para a cirurgia, os pacientes não precisam retornar
ao hospital até a data marcada para o procedimento, reduzindo-se,
assim, algumas barreiras para a realização da cirurgia (falta às
consultas, gastos extras, disponibilidade de acompanhante, etc.).
Com relação aos indivíduos que possuíam condições de atendimento
pelo Setor Privado de Saúde, o Projeto Catarata foi importante
para suprir as necessidades daqueles que não puderam arcar
com os custos da cirurgia. Alguns indivíduos que possuíam convênio/seguro
saúde, também procuraram a campanha comunitária
devido ao custo do insumo cirúrgico (LIO), que para a maioria dos
entrevistados situou-se entre R$ 1.500 a R$ 2.000.
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Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):323-5
325
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL A RTICLE
Color Doppler imaging of the ophthalmic artery in patients with chronic heart failure
Ultrassonografia Doppler em cores da artéria oftálmica em pacientes com insuficiência cardíaca crônica
DANIELA B. ALMEIDA-FREITAS 1 , DANIEL MEIRA-FREITAS 2 , LUIZ ALBERTO SOARES DE MELO JR. 2 , AUGUSTO PARANHOS JR. 2 , WAGNER IARED 1 , SERGIO AJZEN 1
ABSTRACT
Purpose: To evaluate the ophthalmic artery hemodynamics in patients with chronic
heart failure.
Methods: Doppler parameters of ophthalmic artery of 18 patients with chronic heart
failure in different stages of the disease were compared with 21 healthy volunteers
(control group). These parameters were also correlated with echocardiographic
assessments and clinical cardiologic status.
Results: Mean diastolic velocity was 5.14 ± 2.4 cm/s in the chronic heart failure group
and 7.44 ± 3.5 cm/s in the control group (p=0.007). Mean resistance index of the
ophthalmic artery was 0.76 ± 0.08 in the chronic heart failure group and 0.70 ± 0.08
in the control group (p=0.04). Mean systolic velocity of the ophthalmic artery was
22.03 ± 7.7 cm/s in the chronic heart failure group and 25.32 ± 9.2 cm/s in the control
group (p=0.24). There was a negative correlation between the resistance index of
the ophthalmic artery and systemic blood pressure of patients with chronic heart
failure (r= -0.47, p=0.007). Diastolic velocity of the ophthalmic artery correlated
positively with systemic blood pressure (r=0.44, p=0.02).
Conclusion: Lower diastolic velocity and higher resistance index were observed in
the ophthalmic artery of chronic heart failure patients when compared to the control
group, which probably reflects the presence of orbital vasoconstriction in response
to low cardiac output. Therefore, the influence of these findings on the structure and
function of the optic nerve head deserves investigation.
Keywords: Echocardiography, Doppler, color; Blood flow velocity; Heart failure; Chronic
disease; Intraocular pressure; Ophthalmic artery
RESUMO
Objetivo: Avaliar o fluxo sanguíneo da artéria oftálmica em pacientes com insuficiência
cardíaca crônica.
Métodos: Parâmetros da ultrassonografia Doppler em cores da artéria oftálmica de 18
pacientes com insuficiência cardíaca crônica em diferentes estágios da doença foram
comparados com 21 voluntários saudáveis (grupo controle). Estes parâmetros foram
também correlacionados com avaliação ecocardiográfica e quadro clínico cardiológico.
Resultados: A média da velocidade diastólica foi 5,14 ± 2,4 cm/s no grupo insuficiência
cardíaca crônica e 7,44 ± 3,5 cm/s no grupo controle (p=0,007). O índice de resistência
da artéria oftálmica foi de 0,76 ± 0,08 no grupo insuficiência cardíaca crônica e 0,70 ±
0,08 no grupo controle (p=0,04). A média de velocidade sistólica da artéria oftálmica foi
22,03 ± 7,7 cm/s no grupo insuficiência cardíaca crônica e 25,32 ± 9,2 cm/s no grupo
controle (p=0,24). A pressão arterial sistêmica dos pacientes com insuficiência cardíaca
crônica correlacionou-se negativamente com o índice de resistência da artéria oftálmica
(r= -0,47, p=0,007) e positivamente com a velocidade diastólica da artéria oftálmica
(r=0,44, p=0,02).
Conclusão: Velocidade diastólica mais baixa e índice de resistência mais alto foram
observados na artéria oftálmica de pacientes com insuficiência cardíaca crônica quando
comparados ao grupo controle, o que provavelmente reflete a presença de vasoconstrição
orbital em resposta ao baixo débito cardíaco. Portanto, a influência desses achados sobre
a estrutura e função da cabeça do nervo óptico merece ser investigada.
Descritores: Ecocardiografia Doppler em cores; Velocidade do fluxo sanguíneo; Insuficiência
cardíaca; Doença crônica; Pressão intraocular; Artéria oftálmica
INTRODUCTION
Ocular blood flow may be affected in some ocular diseases, including
glaucoma. Glaucoma is a progressive optic neuropathy that
presents as a distinct appearance of the optic disc and visual field
loss, being the leading cause of irreversible blindness worldwide (1-4) .
The vascular theory describing the mechanism of glaucoma considers
the optic neuropathy as a consequence of insufficient blood
perfusion due to either increased intraocular pressure or other risk
factors which may lead to a reduction in the ocular blood flow (2) .
Several studies have demonstrated that the reduction of the optic
nerve head perfusion is associated with glaucoma (2,5-8) . The Barbados
Eye Study found a higher incidence of glaucoma in patients
with lower systolic blood pressure and lower ocular perfusion
pressure (9) . Several studies have shown that patients with large
fluctuations in blood pressure at night present a higher risk for
glaucoma progression (10-12) . In the Ocular Hypertension Treatment
Study, previous history of heart disease was a risk factor for the
development of glaucoma (13) . Additional evidence suggesting the
importance of blood flow on the pathogenesis of glaucoma comes
from reports of glaucomatous-like optic nerve and visual field
damage secondary to transient hemodynamic shock (14) .
Chronic heart failure (CHF) is a serious and common condition,
in which an abnormality of cardiac function is responsible for a
failure of the heart to pump blood at a rate commensurate with the
requirements of the metabolizing tissues (15) . A complex neurohormonal
system is involved in an attempt to compensate heart failure,
aiming to guarantee a suitable perfusion of the tissues (16) . However,
studies indicate that the cerebral blood flow may be reduced in
these patients (17-23) . The blood flow of the ophthalmic artery during
heart failure and its possible role in the pathogenesis of glaucoma
has not yet been investigated. The color Doppler imaging is a noninvasive,
fast and easy access ultrasound technique, used in ophthalmology
practice to measure the blood flow velocity of the orbital
vessels (1-3,17-25) . The purpose of this study was to evaluate the blood
flow of the ophthalmic artery in patients with chronic heart failure
using color Doppler imaging.
Submitted for publication: February 9, 2011
Accepted for publication: September 20, 2011
Study carried out at the Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.
1
Physician, Imaging Diagnosis Department, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São
Paulo (SP), Brazil.
2
Physician, Department of Ophthalmology, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São
Paulo (SP), Brazil.
Funding: This study was supported by CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) for PhD student scholarship.
Disclosure of potential conflicts of interest: D.B.Almeida-Freitas, None; D.Meira-Freitas,
None; L.A.S.Melo Jr., None; A.Paranhos Jr., None; W.Iared, None; S.Ajzen, None.
Correspondence address: Daniel Meira-Freitas. Rua Oscar Freire, 2040 - Ap. 118 - São Paulo (SP) -
05409-011 - Brazil - E-mail: freitas.daniel@gmail.com
326 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):326-9
ALMEIDA-FREITAS DB, ET AL.
METHODS
A cross-sectional study was carried out. Patients with heart failure
symptoms and left ventricle ejection fraction bellow 55% documented
by echocardiography were recruited from the outpatient
cardiomyopathy and heart failure clinic of a tertiary care university
hospital. Non-cardiopathic volunteers were included as a control
group. The study was approved by the Institutional Review Board
and followed the tenets of the Declaration of Helsinki. Informed
consent was obtained from all subjects prior to the study and after an
explanation of the nature and possible consequences of the study.
Heart failure cases or control subjects under 18 years of age,
patients with prior history of significant ocular disease, ocular trauma
or ocular surgery, chronic corticosteroid usage (topical or systemic),
secondary glaucoma, dense media opacities, retinal disease, heart
transplantation, stroke or any other neurological diseases were not
included in the study.
The blood pressure readings for systolic and diastolic blood
pressure were obtained after the participant was seated for 10 minutes.
The mean arterial blood pressure was calculated according to
the formula: mean arterial blood pressure=2/3*diastolic blood
pressure + 1/3*systolic blood pressure. The mean ocular perfusion
pressure was calculated as: mean ocular perfusion pressure=2/3*mean
arterial blood pressure - intraocular pressure (5) .
COLOR DOPPLER IMAGING AND OPHTHALMOLOGIC EVALUATION
The ophthalmic artery blood flow velocity was measured by transpalpebral
Doppler ultrasound (EnVisor - Philips Medical Systems,
Bothell, WA, USA), with a linear high frequency transducer (10 MHz).
The evaluated parameters were: systolic velocity, diastolic velocity
and resistance index. Two radiologists examined both eyes of all
subjects.
Patients were examined in the supine position, with their heads
inclined at a 30° angle. The transducer was covered in gel and gently
placed externally upon the eyelid, avoiding excessive pressure. The
flow velocity was measured at the medial proximal point of the
ophthalmic artery using a wall filter of 100 Hz and sample of 0.12 mm.
Doppler insonation angle was adjusted between 0 and 40°. If the
ophthalmic artery was not detected within 5 minutes, the examination
was aborted in order to minimize ocular exposure to the ultrasound.
Once the waveforms of the ophthalmic artery were obtained,
the values of systolic velocity, diastolic velocity and resistance index
were calculated using the automatic algorithm of the machine
(Figure 1). Three measurements were taken from all patients by each
radiologist, and the mean value was considered for the analysis.
Figure 1. Velocity waveform (bottom) of the ophthalmic artery from a patient with
chronic heart failure.
All subjects underwent a comprehensive ophthalmological examination
including best-corrected visual acuity, slit-lamp examination,
Goldmann applanation tonometry and fundoscopy. Tonometry
was performed within 30 minutes after the arterial blood pressure
measurement. All examinations were performed between 9 a.m.
and 11 a.m.
STATISTICAL ANALYSIS
The correlations between the color Doppler ultrasound indices
and left ventricle ejection fraction, functional classification (New
York Heart Association - NYHA) and the measurements of blood
pressure were calculated using the Spearman correlation test. To
take into account the correlation between both eyes of the same
individual, generalized estimating equation was used to compare
the mean values between the groups. It was calculated that at least
36 eyes in each group were needed to have 90% power to detect
a 0.1 difference in the resistance index between the groups, considering
a standard deviation of 0.1, an intracluster correlation between
both eyes of the same individual of 0.58, a design effect of
1.58 and a significance level of 0.05. Results are expressed as mean
± standard deviation (SD), and P
COLOR DOPPLER IMAGING OF THE OPHTHALMIC ARTERY IN PATIENTS WITH CHRONIC HEART FAILURE
(104.0 ± 10.3 mmHg). Ocular perfusion pressure was significantly
lower in the CHF group (42.3 ± 6.9 mmHg) than in the control group
(54.1 ± 7.8 mmHg).
Resistance index of the ophthalmic artery had a statistically significant
negative correlation with the systemic systolic (r=-0.47;
p=0.007) and diastolic arterial blood pressure (r=-0.56; p=0.001).
Diastolic velocity of the ophthalmic artery had a positive correlation
with the systolic (r=0.37; p=0.04) and diastolic arterial blood
pressure (r=0.44; 0=0.02). There were no statistically significant
correlations between the Doppler parameters and the cardiologic
evaluation (ejection fraction and functional class) of the heart failure
patients (Table 3).
DISCUSSION
This study evaluated the ophthalmic artery blood flow in patients
with heart failure. No similar study was found in the literature
regarding this form of evaluation. Low cardiac output is associated
with compensatory mechanisms of peripheral vasoconstriction in
attempt to maintain satisfactory blood pressure and minimum
perfusion to critical tissues such as the heart and brain (17,26) . On the
other hand, the excessive vasospasm/vasoconstriction of the ocular
vessels may be related to a reduction in the perfusion and tissue
death at the optic nerve head (6) . Therefore, patients with CHF could
present hemodynamic alterations of the ocular microvasculature
and a higher risk of developing glaucoma. The color Doppler
imaging of the ophthalmic artery with the velocity waveform in
function of the heart cycle offers important information regarding
hemodynamic pathophysiology.
The finding that low diastolic blood pressure correlates with
high resistance index and low diastolic velocity of the ophthalmic
artery possibly reflects the pathophysiology of heart failure and the
presence of orbital vasoconstriction in response to low cardiac
output. No correlation was found between left ventricle ejection
fraction and the Doppler parameters, which is not surprising, since
studies examining cerebral circulation had already shown that left
ventricle ejection fraction is not directly related to the measured
blood flow to this tissue (18) . In contrast with this result, some reports
have suggested that a cardiac output increase is of higher relevance
than the increase in blood pressure to maintain the cerebral
blood flow (19,23,27) .
Regarding the heart failure functional classification, some studies
have shown that the worsening of the functional class is
related to low cerebral perfusion in patients with heart failure (18,19) .
We observed no correlation between the heart failure functional
classification (NYHA) and Doppler parameters of the ophthalmic
artery. However, our experimental group is composed of outpatients
(mostly functional classes I and II), unlike other studies involving
patients with more uncontrolled disease (functional classes III
and IV). Moreover, the findings of nuclear medicine and other
techniques used in other studies, which assess flow rather than
velocity, may not be comparable to the Doppler technique.
CHF patients had lower diastolic velocity and a higher resistance
index in the ophthalmic artery when compared with the control
group. Studies using color Doppler imaging found reduced systolic
and diastolic velocity peaks, as well as, an increased resistance
index in the retrobulbar vessels of patients with glaucoma in
comparison with healthy subjects (2,3,5,8,24) . Velocimetric changes of
the ophthalmic artery may be related to and even antedate the
glaucomatous damage (2,3,5,8,24) . Therefore, it is possible that patients
with CHF have a higher risk of developing normal tension glaucoma
and the blood flow alterations may be related to its pathogenesis.
This study, however, presents a few limitations, such as the
presence of heart disease at different stages and thus presents
distinct risks of changes in the ocular microvasculature, which may
have attenuated differences found between the groups. Moreover,
despite the similarity of gender and age between the studied
groups, other potential confounding factors were not controlled,
such as carotid atherosclerosis and medication use. In addition, the
color Doppler imaging simply measures velocities and not directly
the blood flow.
CONCLUSION
This study demonstrated reduced diastolic velocity and increased
resistance index in the ophthalmic artery of patients with heart
failure. However, there was no correlation between the Doppler
parameters of the ophthalmic artery, left ventricle ejection fraction
and functional class. Systemic blood pressure may be a good clinical
parameter in the determination of cardiac patients with a higher
risk of developing ophthalmic vascular alterations. The results of
this study suggest that heart failure could be a risk factor for low
Table 2. Hemodynamic parameters in chronic heart failure and control groups
CHF group (N=18) Control group (N=21) P
Systemic systolic blood pressure (mmHg), mean ± SD 100.8 ± 12.3 127.14 ± 13.4
ALMEIDA-FREITAS DB, ET AL.
ocular perfusion, which is considered to be a risk factor for glaucoma
according to current literature; moreover, this topic deserves
attention and further investigation.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors are grateful for the financial support provided by
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
for PhD student scholarship.
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Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):326-9
329
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Aspectos psicossociais envolvidos na reabilitação de pacientes com
cavidade anoftálmica: implicações do uso de prótese ocular
Psychosocial aspects in the rehabilitation of patients with anophthalmic socket: implications
of the use of ocular prosthesis
DOUGLAS RANGEL GOULART 1 , ELIZABETH QUEIROZ 2 , ALINE ÚRSULA ROCHA FERNANDES 3 , LUCIANA MARTINS DE OLIVEIRA 4
RESUMO
A integridade da face é condição que interfere no cotidiano do indivíduo sendo que
a perda do globo ocular tem um impacto psicológico, demandando uma condição de
adaptação. Intervenções como a reparação protética parecem produzir mudanças
nos âmbitos emocional e comportamental.
Objetivo: Identificar os aspectos psicossociais relacionados à ausência unilateral do
globo ocular e avaliar a adaptação dos pacientes usuários de prótese ocular.
Métodos: Para realização da pesquisa foi utilizado como instrumento de coleta de
dados um roteiro de entrevista adaptado aos objetivos desse trabalho. Este foi
composto por duas partes, a primeira referente a dados gerais de identificação do
paciente e aspectos socioeconômicos. A segunda parte incluiu dados específicos
sobre a perda e reabilitação ocular com 31 questões. Vinte e oito pacientes voluntários
foram entrevistados.
Resultados: A maioria era do gênero masculino (53,57%). A idade variou entre 11 e
67 anos. O trauma foi o fator etiológico prevalente (60,71%). Foi encontrada diferença
estaticamente significativa (p
GOULART DR, ET AL.
A prótese bucomaxilofacial tem por objetivos básicos restaurar a
estética e proteger a área danificada, além de promover uma reestruturação
psicológica até certo ponto, podendo levar à resolução de
pequenos transtornos, porém para grandes traumas psíquicos o
acompanhamento psicológico individualizado é indispensável (5-7) .
Nesse contexto, é imprescindível que o cirurgião dentista especialista
em prótese bucomaxilofacial, tenha conhecimento dos aspectos
psicológicos, visto que a prótese pode não significar reabilitação
(1,2) . Mais do que isso, tal estratégia pode funcionar como um
agente de depressão para o paciente, se não corresponder ao seu
desejo inconsciente ou consciente, de ter de volta a parte perdida
da face (3) . O tratamento, portanto, abrange além dos procedimentos
técnicos, os aspectos psicossociais que circundam o contexto
em que a perda ocular ocorre, possibilitando aos pacientes melhores
condições de convívio com a deficiência e suas consequências (7) .
Para promover um atendimento em reabilitação mais abrangente,
aliando o conhecimento técnico-científico em prótese ao psicológico,
o presente estudo teve por objetivo identificar os aspectos
psicossociais relacionados à ausência unilateral do globo ocular e
avaliar a adaptação dos pacientes usuários de prótese ocular.
MÉTODOS
Foi realizado um estudo transversal com pacientes usuários de
prótese ocular unilateral no período de abril a outubro de 2010. O
estudo seguiu as recomendações de pesquisa envolvendo seres
humanos, adotadas pela Resolução 196/96, do Conselho Nacional de
Saúde tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília sob o
nº 018/10. Para realização da pesquisa foi utilizado como instrumento
de coleta de dados um roteiro de entrevista elaborado a partir de
estudos similares (7,8) , adaptado aos objetivos desse trabalho.
O instrumento de coleta de dados foi composto por duas partes,
a primeira referente a dados gerais de identificação do paciente e
aspectos socioeconômicos. A segunda parte incluiu dados específicos
sobre a perda e reabilitação ocular com 31 questões (objetivas e
subjetivas), que contemplam informações sobre a perda ocular e o
processo de reabilitação.
A composição da amostra foi precedida de uma revisão dos
prontuários dos pacientes atendidos pelo serviço de prótese bucomaxilofacial
desde 2004. Foram identificados 63 prontuários de
pacientes com ausência do globo ocular. Os contatos telefônicos dos
pacientes foram registrados e diferentes tentativas de recrutamento
foram realizadas. Os pacientes que se dispuseram a participar da
pesquisa preencheram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Para os pacientes menores de 18 anos os responsáveis legais,
assinaram o Termo e participaram como fonte adicional de informação
na entrevista.
Os dados quantitativos foram avaliados através de estatísticas
descritivas e análises correlacionais com auxílio do pacote estatístico
Statistical Package for Social Sciences (SPSS) para Windows, versão
18.0. As respostas às questões subjetivas foram submetidas à análise
qualitativa por eixos temáticos.
Tabela 1. Dados sociodemográficos da população estudada
relacionados à cavidade anoftálmica e adaptação de prótese
ocular
Gênero
Escolaridade
Feminino 46,43% Analfabeto(a) 7,14%
Masculino 53,57% Ensino fundamental incompleto 35,71%
Idade Ensino fundamental completo 7,14%
10 a 15 7,14% Ensino médio incompleto 17,86%
16 a 20 7,14% Ensino médio completo 28,57%
21 a 25 3,57% Ensino superior incompleto 0,00%
26 a 30 10,71% Ensino superior completo 3,57%
31 a 35 3,57%
36 a 40 10,71% Renda familiar*
41 a 45 3,57% Entre 1 a 2 salários 35,71%
46 a 50 14,29% Entre 2 e 3 salários 25,00%
51 a 55 7,14% Entre 3 e 4 salários 32,14%
56 a 60 7,14% Entre 4 e 5 salários 3,57%
61 a 65 10,71% Acima de 5 salários 3,57%
66 a 70 14,29%
*= com base no salário mínimo nacional vigente na época da entrevista R$ 510,00
RESULTADOS
A amostra foi composta por 28 pacientes voluntários, o que correspondeu
a 44,44% do total de pacientes identificados. Vinte e sete
pacientes não foram localizados porque o número do telefone não
estava válido; quatro não estavam usando a prótese ocular; dois não
compareceram quando marcados, um paciente faleceu no período e
uma paciente tinha apenas cinco anos de idade e a equipe optou por
não inclui-la em função das especificidades da idade. A tabela 1
apresenta a caracterização da amostra:
A amostra foi constituída de 53,57% do gênero masculino. A
idade variou entre 11 e 67 anos. Quanto à escolaridade 67,85% da
amostra não havia concluído o Ensino Médio. A maioria dos participantes
(92,86%) declarou seguir uma religião, principalmente a
Católica Apostólica Romana (53,57%), seguida da Protestante
(28,57%), do Espiritismo (7,14%) e Testemunhas de Jeová (3,57%).
Com relação à ocupação, 46,43% da amostra declarou estar inserida
no mercado de trabalho, 28,57% eram aposentados, 10,71% estudantes,
7,14% desempregados e 7,14% desempenhavam o papel
de dona de casa. As informações sobre renda foram colhidas com
base no salário mínimo nacional vigente na época da entrevista
(R$ 510,00), para mais da metade da amostra (60,71%) renda familiar
variou entre um e três salários mínimos. O estado civil predominante
foi o solteiro (35,71%), seguido de casado (32,14%), viúvo
(17,86%) e divorciado (14,29%).
A tabela 2 apresenta os dados relacionados à história da perda
do globo ocular e da reparação protética. O trauma foi o fator etiológico
prevalente (60,71%), seguido do glaucoma (10,71%), anoftalmia
congênita (7,14%), neoplasia maligna (7,14%), sarampo (7,14%), diabetes
mellitus (3,57%) e causa não identificada (3,57%). A ausência
do globo ocular foi identificada mais frequentemente no lado esquerdo
da face (71,43%). A maioria dos pacientes (82,14%) realizou
um ou mais procedimentos cirúrgicos no globo ocular. A maior
parte dos sujeitos da pesquisa (89,29%) relatou ter recebido informações
sobre a possibilidade de perda ocular, sendo que 64,29%
foram informados no momento da cirurgia sobre a necessidade de
usar uma prótese. Para 35,71% a prótese foi adaptada depois de
mais de cinco anos da perda. A reparação protética foi realizada
principalmente em instituições públicas (67,86%).
A tabela 3 apresenta os dados quantitativos relacionados às
implicações psicossociais e à prótese. A maior parte da população
estudada recebeu apoio da família (89,29%). Apenas cinco pacientes
receberam acompanhamento psicológico após a perda do globo
ocular, sete pacientes consideraram esse acompanhamento um
importante auxílio para a adaptação de pessoas com anoftalmia
congênita ou que perderam o globo ocular. Metade da amostra não
considerou a prótese como instrumento de modificação do seu relacionamento
interpessoal, sendo que 46,43% observaram modificações
positivas. Para 32,14% a perda ocular repercutiu de forma
negativa na rotina de vida. Quanto à religiosidade o fato de ter
perdido ou não ter o globo ocular não alterou a religiosidade de
89,29% dos participantes, dois participantes passaram e ter maior
crença e apenas um mudou de religião.
A maior parte da amostra (53,57%) relatou não ter qualquer limitação
relacionada à ausência do globo ocular e/ou ao uso de prótese,
para aqueles que identificaram, as limitações relatadas foram: tra-
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):330-4
331
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS ENVOLVIDOS NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM CAVIDADE ANOFTÁLMICA: IMPLICAÇÕES DO USO DE PRÓTESE OCULAR
Tabela 2. História da perda do globo ocular e indicação de reabilitação protética
Etiologia da perda ocular
Recebeu informação sobre a necessidade de usar uma prótese ocular
Trauma 60,71% Sim, pelo médico antes de realizar uma cirurgia 64,29%
Glaucoma 10,71% Sim, por outras pessoas após ter removido o globo ocular 14,28%
Neoplasia maligna 7,14% Sim, pelo médico em uma consulta de acompanhamento 10,71%
Sarampo 7,14% Não, procurou se informar por iniciativa própria 10,71%
Anoftalmia congênita 7,14% Momento da reabilitação protética
Diabetes mellitus 3,57% No mesmo ano da perda ocular 32,14%
Não identificada 3,57% 1 ano após a perda ocular 14,28%
Local em que foi realizada 2 anos após a perda ocular 14,28%
a reabilitação protética 3 anos após a perda ocular 3,57%
Hospital universitário 64,29% 4 anos após a perda ocular 3,57%
Clínica particular 32,14% 5 anos após a perda ocular 7,14%
Outro local público 3,57% Mais de 5 anos após a perda ocular 35,71%
Tabela 3. Aspectos psicossociais relacionados à prótese ocular na população portadora de cavidade anoftálmica
Informações sobre a rede de apoio
Alteração da rotina de vida após a perda ocular
Recebeu apoio da família 89,29% Não alterou a rotina 64,29%
Relatou sentir falta do apoio da família 14,28% Alterou a rotina de forma negativa 32,14%
Fez acompanhamento psicológico 17,86% Alterou a rotina de forma positiva 3,57%
Alteração da religiosidade
Alteração no relacionamento interpessoal após
após a perda ocular
a reabilitação com a prótese ocular
Mudou de religião 3,57% Alterou de forma negativa 3,57%
Passou a ter maior crença 7,14% Alterou de forma positiva 46,43%
Não alterou 89,29% Não alterou 50,00%
balhar (7,14%); estudar (7,14%); costurar (7,14%); usar maquiagem
(7,14%); obter Carteira Nacional de Habilitação destinada à condução
de veículos de transporte de passageiros (acima de oito pessoas)
e de veículos para transporte de carga acima de 3.500 kg
(7,14%); nadar (7,14%); e olhar filmes com imagens codificadas de
forma a dar ao espectador a ilusão de uma terceira dimensão espacial
(3,57%).
A análise qualitativa foi dividida em quatro eixos temáticos: percepções
relacionadas à prótese; expectativas quanto ao uso da prótese;
autodescrição utilizando a reabilitação protética como referencial
temporal e; sentimentos relacionados temporalmente da perda à
reabilitação protética.
As percepções relacionadas à prótese foram categorizadas em
positivas ou indiferentes, sendo a prótese classificada quanto à funcionalidade
e presença de sintomas. As atribuições positivas (ótima,
excelente, muito boa e boa), foram prevalentes (85,71%), ainda que
16,66% desses participantes apresentassem algum sintoma relacionado
à prótese, principalmente secreção e dor. Nesse grupo que
valorizava a prótese, um participante considerou que ela não cumpria
com a funcionalidade estética. A atribuição indiferente foi relatada
por quatro participantes da amostra, sendo que para dois
desses a prótese não cumpria a funcionalidade estética e três relataram
presença de sintomas.
A estética foi a principal expectativa relacionada à prótese (71,42%).
Também foram identificadas a perspectiva irreal de voltar a enxergar
(14,28%), expectativas com foco na dificuldade de adaptação
(10,71%) e nenhuma expectativa (3,57%).
Na autodescrição anterior ao uso da prótese, 32,14% da amostra
relataram timidez, 25% baixa autoestima, 14,28% preocupação em
esconder a diferença, e 10,71% ser alvo de curiosidade. Para 21,42%
da amostra, a prótese não funcionou como elemento de mudança de
atitudes, comportamentos e sentimentos. Alguns participantes descreveram
situações de mudança sem estabelecer a relação entre a
cavidade anoftálmica e a reabilitação protética (10,71%). Após a prótese,
os eixos temáticos representaram o tipo de mudança que os
participantes associam com o período atual, pós-reabilitação. Destacaram-se
mudança positiva no relacionamento interpessoal (25%),
perspectivas de que a situação atual é melhor (25%), percepção de
não ser mais foco de curiosidade (14,28%), valorização da prótese
(10,71%), melhora na autoestima (7,14%) e associação a um estado de
normalidade (7,14%).
Para avaliar os sentimentos temporalmente da época da perda
à situação atual, foram utilizadas três questões: uma subjetiva e duas
objetivas. A questão subjetiva antecedeu as objetivas de forma a não
induzir respostas. As questões objetivas abordaram os principais
sentimentos encontrados na literatura relacionados à perda de parte
da face (1,2,4,7) (tristeza, vergonha, timidez, medo, inferioridade, insegurança,
preocupação em esconder, raiva e culpa). Para cada sentimento
os indivíduos indicaram um grau (nenhum, pouco, muito e
demais) em dois momentos: na época da perda e atualmente.
Os sentimentos associados espontaneamente ao momento da
perda foram tristeza (57,14%), incapacidade (14,28%), vergonha
(10,71%), depressão (10,71%), revolta (7,14%) e medo (3,57%). Parte
da amostra relatou não recordar os sentimentos vivenciados (14,28%).
Quando questionados sobre os sentimentos atuais, 42,85% da amostra
relatou respostas positivas (bem, ótimo e feliz), 17,86% relataram
perspectiva de melhora. Uma parte da amostra relatou sentimentos
associados a um processo de ajustamento não concluído, evidenciado
por respostas com conformidade (7,14%), incapacidade
(3,57%) e desajustamento (3,57%). Sete participantes associaram os
sentimentos atuais com “normalidade” (25%).
Nas questões objetivas os sentimentos listados apresentaram
uma diminuição em número de relatos e grau da época da perda
para o momento atual. A tristeza foi relatada na época da perda por
28,57% da amostra com grau demais, 17,86% muito, 32,14% pouco
e 21,43% nenhum. No momento atual prevaleceram as respostas
nenhum (75%) e pouco (21,43%).
A inferioridade apresentou redução significativa de intensidade,
da época da perda (39,29% nenhum, 25% pouco, 17,86% muito
e 17,86% demais) para o momento atual (78,57% nenhum e 21,43%
pouco). A timidez foi relatada na época da perda de forma igual
para todos os graus (25%), no momento atual prevaleceu nenhum
332 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):330-4
GOULART DR, ET AL.
(71,43%), seguido de pouco (21,43%) e muito (7,14%). Quanto à
insegurança na época da perda, 39,29% da amostra relatou o grau
nenhum, 25% pouco, 17,86% muito e 17,86% demais. No momento
atual foram indicados apenas os graus nenhum (78,57%) e pouco
(21,43%). O sentimento vergonha foi relatado na época da perda
com graus nenhum (32,14%), pouco (21,43%), muito (28,57%) e
demais (17,86%), e no momento atual apresentou predominância
de nenhum (64,29%), seguido de pouco (32,14%) e muito (3,57%).
Para realizar a análise estatística correlacional os graus de sentimentos
apontados pelos indivíduos nas questões objetivas foram
convertidos em escores. Para cada um dos nove sentimentos questionados
foi atribuído um número de acordo com o grau indicado
(0-nenhum, 1-pouco, 2-muito e 3-demais). Um escore total foi gerado
a partir da soma dos escores atribuídos para cada um dos dois
momentos: na época da perda e atualmente.
Foi encontrada diferença estatisticamente significativa (p
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS ENVOLVIDOS NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM CAVIDADE ANOFTÁLMICA: IMPLICAÇÕES DO USO DE PRÓTESE OCULAR
ser minimizadas. Além disso, é sabido que lidar com uma condição
adversa de desenvolvimento representa a possibilidade de ampliação
de recursos adaptativos que favorecem percepções positivas
diante do que poderia ter sido.
Soma-se a isso a noção de normalidade trazida por alguns participantes.
Tradicionalmente, a noção de normalidade aparece associada
à questão da diferença, realçada pelo preconceito decorrente
da variação existente. A introdução da noção do estigma explorou as
implicações desse conceito para as práticas sociais (17) .
Os pacientes mais velhos relataram menos sentimentos associados
à perda do globo ocular. Tal resposta pode ser atribuída à
resiliência, capacidade que o indivíduo possui para superar adversidades
e sair fortalecido (18) .
As investigações sobre os fatores psicossociais nas diferentes
enfermidades ganham cada vez mais importância no tratamento e
na reabilitação (16,19) . Porém, estudos específicos sobre o impacto da
perda de parte da face e o papel da reabilitação protética na região
facial são escassos (13) .
CONCLUSÃO
Foi constatada uma perda relevante de dados cadastrais dos
pacientes em pouco tempo de funcionamento do serviço de prótese
ocular na instituição pesquisada, o que se deve em parte pela falta
de um mecanismo de atualização de dados do prontuário, e ao fato
de que muitos pacientes não têm acesso ao serviço de telefonia
fixa, dispondo apenas de aparelhos móveis ou de contatos vinculados
aos locais de trabalho, com mudanças frequentes.
Observa-se que ainda que não tenham sido beneficiados por
um acompanhamento psicológico específico, os pacientes estudados
apontaram a prótese como o mecanismo compensatório para
adaptação a sua condição. Sabe-se que as atitudes dos profissionais
influenciam de forma direta a maneira como o paciente se percebe
após uma lesão e como incorpora esta nova condição. Na falta de
uma política mais ampla de atenção ao paciente com ausência do
globo ocular, o desenvolvimento de procedimentos adequados de
orientação pode ajudar o paciente a não ter expectativas irrealistas
em relação ao tratamento, o que pode resultar em melhores
relações interpessoais. Em outras palavras, a atuação de cada profissional
pode contribuir para o resultado final dos programas de
reabilitação, sendo o treinamento e constituição de equipes imprescindíveis
para a qualificação dos atendimentos.
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334 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):330-4
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Alterações retinianas apresentadas em pacientes portadores de hemoglobinopatia
falciforme atendidos em um Serviço Universitário de Oftalmologia
Retinal manifestations in patients with sickle cell disease referred to a University Eye Hospital
LUIZ GUILHERME AZEVEDO DE FREITAS 1 , DAVID LEONARDO CRUVINEL ISAAC 1 , WILLIAM THOMAS TANNURE 1 , ELISA VIEIRA DA SILVA LIMA 2 , MURILO BATISTA ABUD 1 ,
RENATO SAMPAIO TAVARES 2 , CLOVIS ARCOVERDE DE FREITAS 3 , MARCOS PEREIRA DE ÁVILA 4
RESUMO
Objetivos: Identificar os principais achados fundoscópicos em pacientes portadores
de anemia falciforme encaminhados a um Serviço Oftalmológico de Referência
em Goiânia (GO).
Métodos: Foram realizados exames oftalmológicos em 50 pacientes (100 olhos)
portadores de hemoglobinopatia falciforme para observar quais as alterações retinianas
mais comuns nesse grupo.
Resultados: O tipo de hemoglobinopatia mais encontrado foi o SS, seguido pelas
hemoglobinopatias SC, AS e Sthal. Dentro da amostra estudada, 22% apresentaram
alterações retinianas. Destes 73% eram do sexo masculino. A alteração retinianas
encontradas foram: “sea fan”, “black sunburst”, hemorragia vítrea e descolamento de
retina. Em relação à classificação da retinopatia, 73% apresentaram a forma proliferativa,
sendo vista nos tipos AS e SC e 27% apresentaram a forma não-proliferativa
da retinopatia, sendo vista nos portadores do tipo SS.
Conclusão: Foi observado elevado número de pacientes com alterações retinianas
na amostra estudada, sendo o maior número em portadores da hemoglobinopatia
SC, seguido dos grupos AS e SS. As alterações proliferativas foram as mais observadas.
Hemorragia vítrea e descolamento de retina foram as manifestações proliferativas
de maior prevalência e mostraram ser mais frequente em portadores da
hemoglobinopatia SC na população estudada.
Descritores: Anemia falciforme; Hemoglobina falciforme; Retina; Descolamento
retiniano; Hemorragia vítrea
ABSTRACT
Purpose: To identify retinal manifestations in patients with sickle cell disease referred to
a reference eye hospital in Goiânia (GO).
Methods: Ophthalmic evaluation was made in 50 patients (100 eyes) with sickle cell
disease to evaluate the most common manifestations of this group.
Results: Hemoglobinopathy SS was the most commonly found, followed by hemoglobin
SC, AS and Stahl. Twenty-two percent of the patients had retinal changes, of these 73%
were male. Retinal changes observed were: “sea fan”, “black sunburst”, vitreous hemorrhage,
and retinal detachment. In the classification of retinopathy, 73% had proliferative form,
seen in the types AS and SC and 27% had non-proliferative retinopathy, seen in patients
with SS type.
Conclusions: We observed a large numbers of patients with retinal changes, most of
them with hemoglobinopathy SC, followed by AS and SS groups. The proliferative
changes were the most commonly observed. Vitreous hemorrhage and retinal detachment
were the most prevalent manifestations in proliferative retinopathy and showed to be
more common in patients with SC hemoglobinopathy in the studied population.
Keywords: Sickle cell disease; Hemoglobin sickle; Retina; Retinal detachment; Vitreous
hemorrhage
INTRODUÇÃO
As hemoglobinopatias são um grupo de doenças hereditárias
descritas pela primeira vez, em 1910, por Herrick, quando investigava
pacientes da raça negra portadores com anemia, dor abdominal
e artralgia (1,2) .
A anemia falciforme é causada por uma mutação no gene da
globina beta da hemoglobina, originando uma hemoglobina anormal
denominada hemoglobina S (HbS), em vez da hemoglobina A
(HbA) (3) . Esta mutação causa a substituição de um aminoácido ácido
glutâmico por uma valina na posição 6 da cadeia beta, provocando
uma alteração físico-química na molécula da hemoglobina. Estas
moléculas geneticamente modificadas estão susceptíveis a um
processo de polimerização, com a capacidade de alterarem a forma
das hemácias (falcização) em situações específicas de mudança de pH,
o que ocasiona um encurtamento da vida média dos glóbulos vermelhos.
A falcização pode desencadear um processo de vaso-oclusão,
culminando em episódios dolorosos e de lesão a órgãos. As
alterações retinianas relacionadas à anemia falciforme geralmente
ocorrem devido a este processo de oclusão vascular (4,5) .
A retinopatia falciforme pode ser dividida em não-proliferativa e
proliferativa (6,7) . Na retinopatia não-proliferativa os achados mais característicos
são: hemorragias pré-retinianas do tipo “salmon patch” e
hiperpigmentações retinianas tipo “black sunburst”. A forma proliferativa
por sua vez, foi classificada segundo achados clínicos em cinco
Submitted for publication: March 22, 2011
Accepted for publication:September 15, 2011
Study carried out at Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital das Clínicas, Universidade
Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
1
Physician, Departamento de Retina e Vítreo no Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital
das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
2
Physician, Setor de Hematologia do Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Goiás - UFG -
Goiânia (GO), Brazil.
3
Physician, Serviço de Uveítes do Hospital São Geraldo, Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG - Belo Horizonte (MG), Brazil.
4
Professor, Departamento de Oftalmologia, Universidade Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO),
Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: L.G.A.de Freitas, None; D.L.C.Isaac, None; W.T.
Tannure, None; E.V.S.Lima, None; M.B.Abud, None; R.S.Tavares, None; C.A.de Freitas, None;
M.P.de Ávila, None.
Correspondence address: Luiz Guilherme Azevedo de Freitas. Av. T-2, 401 - Setor Bueno - Goiânia
(GO) - 74210-010 - Brazil - E-mail: luizgfreitas@gmail.com
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):335-7
335
ALTERAÇÕES RETINIANAS APRESENTADAS EM PACIENTES PORTADORES DE HEMOGLOBINOPATIA FALCIFORME ATENDIDOS EM UM
SERVIÇO U NIVERSITÁRIO DE O FTALMOLOGIA
estágios (8) : 1 - oclusão arteriolar periférica; 2 - anastomoses arteriovenosas
periféricas; 3 - proliferações neovasculares e fibrosas; 4 -
hemorragia vítrea; 5 - descolamento de retina (8) .
Na retina, a fisiopatologia do processo neovascular iniciar-se-ia
devido à oclusão arteriolar periférica com consequente rearranjo
dos capilares adjacentes (8) . Esses capilares poderiam se dilatar e formar
anastomoses arteriovenosas nas áreas entre a retina vascularizada e a
isquêmica. A neovascularização surgiria assim a partir da retina vascularizada
em direção à avascular, a partir dessas anastomoses. Inicialmente,
os neovasos são planos e possuem uma conformação denominada
“sea fan”, nome dado devido a comparação ao formato em leque
de uma espécie de coral marinho (Gorgonia flabellum).
As formações neovasculares podem sangrar levando à hemorragia
vítrea (HV) e/ou estão associadas a proliferação fibroglial em direção
ao vítreo. As consecutivas hemorragias suscitam a formação de um
tecido fibrovascular que pode provocar tração sobre a retina ocasionando
eventual descolamento de retina tracional (DRT) (8) .
Estudos mostram que alterações fundoscópicas são mais frequentes
nos tipos SC e menos frequentes nos tipos SS (5,9) . Determinou-se
também que a forma proliferativa é quatro vezes mais prevalente
na forma SC do que na forma SS (9) .
Pacientes portadores da hemoglobinopatia do tipo SS apresentam
doença sistêmica mais grave e com alterações fundoscópicas
mais brandas comparadas às alterações encontradas nos
portadores do tipo SC. Acredita-se que isso se deve ao fato de os
portadores do tipo SS possuirem menor viscosidade sanguínea, devido
à anemia mais grave, que funcionaria como efeito protetor
contra processos oclusivos na retina. Como pacientes do tipo SC
apresentam quadro sistêmico moderado, a viscosidade sanguínea é
maior do que os do tipo SS, predispondo a processos oclusivos mais
frequentemente (9) .
Esse estudo tem o objetivo de identificar os principais achados
fundoscópicos em pacientes portadores de anemia falciforme
atendidos em um Serviço Oftalmológico de Referência.
MÉTODOS
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Médica Humana e Animal do Hospital da Clínicas (CEPMHA-HC), da
Universidade Federal de Goiás (UFG). Foi realizado estudo transversal
no Centro de Referência em Oftalmologia (CEROF) do HC da
UFG no período de junho de 2010 a dezembro de 2010, onde
foram examinados 48 pacientes encaminhados do Departamento
de Hematologia do HC da UFG para exame de rotina (com diagnóstico
de hemoglobinopatia falciforme previamente confirmado)
e 2 pacientes que foram encaminhados da urgência oftalmológica
do mesmo serviço com sinais e sintomas oculares sugestivos de
retinopatia falciforme. O tipo de hemoglobinopatia foi confirmado
por eletroforese de hemoglobina em pH alcalino. Os pacientes
foram submetidos à anamenese e exame oftalmológico completo,
com oftalmoscopia binocular indireta sobre midríase. Angiografia
fluoresceínica e ecografia ocular foram realizadas conforme a indicação
de cada caso.
Foi utilizado um formulário como protocolo de pesquisa que
continha: identificação, idade, sexo, raça, tipo de hemoglobinopatia,
melhor acuidade visual corrigida, pela tabela de Snellen a 5 metros
(pacientes acima de 5 anos de idade), tonometria de aplanação com
o tonômetro de Goldmann, biomicroscopia do segmento anterior
em lâmpada de fenda, fundo do olho com oftalmoscópio indireto,
angiografia fluoresceínica (nos casos em que houvesse suspeita de
alteração retiniana) e ecografia ocular (em opacidades de meios).
Todos os pacientes ou responsáveis legais leram e assinaram
termo de consentimento livre e esclarecido mostrando-se cientes
de estarem participando do estudo. Os critérios de inclusão foram:
pacientes que fossem encaminhados do Departamento de Hematologia
do HC/UFG deveriam apresentar hemoglobinopatia falciforme
diagnosticada pelo teste de eletroforese de hemoglobina;
apresentar idade entre 2 e 60 anos e assinar termo de consentimento
livre e esclarecido.
Os critérios de exclusão foram: idade fora dos padrões préestabelecidos;
opacidades corneana ou catarata que impedissem a
visibilidade adequada da retina; doenças retinianas que não a
retinopatia falciforme; e recusa, por parte do paciente, de participar
do estudo.
Foram incluídos dois pacientes que apresentaram suspeita de
retinopatia falciforme atendidos na urgência oftalmológica e que,
após solicitação do teste de eletroforese de hemoglobina, os diagnósticos
de hemoglobinopatia foram confirmados. Nenhum paciente
foi excluído do estudo. Todos os pacientes portadores de
alterações retinianas indicativas de tratamento foram submetidos à
suas respectivas condutas.
RESULTADOS
Foram estudados 50 pacientes (100 olhos). Dos pacientes estudados
28 eram do sexo masculino (56%). O tipo de hemoglobinopatia
mais encontrada foi a do tipo SS com 31 pacientes (62%),
seguida pela hemoglobinopatia SC com 14 pacientes (28%), AS com
4 pacientes (10%) e Sthal com 1 paciente (2%). Dentro da amostra
estudada, 11 pacientes (22%) apresentaram alterações retinianas.
Destes 8 eram do sexo masculino (73%) e 3 do sexo feminino (27%)
(Tabela 1).
Alterações retinianas foram diagnosticadas em 3 pacientes com
o tipo SS, em 5 pacientes portadores do tipo SC e em 3 dos
pacientes portadores do tipo AS. As alterações retinianas encontradas
foram: hemorragias pré-retinianas do tipo “salmon patch” em 1
paciente (1 olho); “black sunburst” em 5 pacientes (7 olhos); “sea fan”
presente em 3 pacientes (4 olhos); hemorragia vítrea em 4 pacientes
(4 olhos) e descolamento de retina em 4 pacientes (4 olhos).
Dois pacientes (2 olhos) do grupo SC apresentaram história pregressa
de vitrectomia via pars plana para HV e DR. Os achados
divididos nos respectivos grupos encontram-se listados na tabela 2.
Em relação à classificação da retinopatia, 3 pacientes (36,4%)
apresentaram a forma não-proliferativa da retinopatia, sendo 3
pacientes portadores do tipo SS e 1 do tipo AS e 7 pacientes (63,6%)
apresentaram a forma proliferativa, sendo 2 pacientes com o tipo
AS e 5 com o tipo SC. O paciente portador do tipo SThal não
apresentou nenhum tipo de alteração na retina.
DISCUSSÃO
O presente estudo avaliou pacientes com hemoglobinopatias
consecutivamente atendidos em um hospital escola. Na amostra
Tabela 1. Incidência das hemoglobinopatias
Tipo Número pacientes Porcentagem
SS 31 62
SC 14 28
AS 04 08
SThal 01 02
Tabela 2. Achados fundoscópicos de acordo com as
hemoglobinopatias
Alteração retiniana SC SS AS SThal Total
“Salmon patch” 1 0 0 0 1
“Black sunburst” 1 3 1 0 5
“Sea fun” 2 0 1 0 3
Hemorragia vítrea 2 0 2 0 4
Descolamento de retina 3 1 0 0 4
336 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):335-7
FREITAS LGA DE, ET AL.
estudada evidenciou-se maior prevalência da hemoglobinopatia do
tipo SS, representando 62% da amostra, seguida da SC com 28%, AS
com 8% e Sthal com 2% corroborando com resultados de outros
estudos previamente publicados (2,10,11) . As alterações do segmento
posterior foram classificadas em proliferativas e não-proliferativas,
onde foram encontrados 4 pacientes na forma não-proliferativa,
sendo todos eles 3 do grupo SS e 1 do AS e 7 pacientes na forma
proliferativa, sendo 5 no grupo SC e 2 no grupo AS.
Dentre os achados classificados como não-proliferativos foram
encontrados: hemorragias pré-retinianas do tipo “salmon patch” em 1
paciente (1 olho) no grupo SC; pontos hiperpigmentados subretinianos
(“black sunburst”), observados em 5 pacientes, 3 no grupo
SS, 1 no AS e 1 no SC.
As manifestações da retinopatia falciforme proliferativa (RFP)
encontradas foram: “sea fan”, hemorragia vítrea e descolamento de
retina. Os pacientes portadores da hemoglobinopatia SC mostraram
prevalência de retinopatia falciforme proliferativa. Tais achados
foram semelhantes aos de outros trabalhos já publicados na
literatura, demonstrando ser este o principal grupo afetado. Estudo
realizado em Acra, capital da República do Gana, na África ocidental,
demonstrou maior incidência da doença proliferativa da
retina em portadores do genótipo SC. Foram examinados 201
pacientes com hemoglobinopatia falciforme, sendo 87 portadores
do tipo SC. Destes 25,3% apresentavam retinopatia falciforme proliferativa,
resultados esses semelhantes aos encontrados no presente
estudo (31,7% de portadores do tipo SC com RFP) (4,5,10,12) .
Foi verificado um número elevado de pacientes apresentando
hemorragia vítrea e descolamento de retina, estudos já relataram a
presença dessas manifestações em portadores de hemoglobinopatia
SC, porém não com tamanha frequência (13,14) .
Dois pacientes, um do grupo SC e um do grupo AS, que apresentaram
retinopatia falciforme proliferativa, somente receberam
o diagnóstico da hemoglobinopatia após investigação hematológica
solicitada pelo oftalmologista, a partir de suspeita clínica da doença
baseado nos achados encontrados ao exame fundoscópico. Com
isso, mostramos que através do exame oftalmológico de rotina pode-se,
em casos específicos, se estabelecer suspeita clínica da doença
sistêmica a partir de alterações oculares específicas.
Dois pacientes do grupo SC apresentaram história pregressa
de cirurgia vitreorretiniana. Um deles operado devido a DR (no exame
do estudo foi observado DR recorrente em funil fechado) e o outro
pela presença de HV (Figura 1).
Os pacientes com HV e DR (2 do grupo AS, 1 do grupo SC) foram
submetidos a tratamento cirúrgico (Figura 1). Um paciente do grupo
SC que apresentava HV não retornou até o final desse estudo
para tratamento específico e outros três casos de DR não apresentavam
mais indicação de cirurgia.
CONCLUSÃO
Foi observado elevado número de pacientes com alterações
retinianas na amostra estudada (22%) sendo o maior número em
portadores da hemoglobinopatia SC, seguido dos grupos AS e SS.
As alterações proliferativas foram as mais frequentes (63,6% dos
A
C
Figura 1. A e C) Descolamento de retina antigo; B) Olho submetido a cirurgia de
hemorragia vítrea; D) Hemorragia vítrea.
que apresentaram alterações retinianas) estando presente em todos
do grupo SC e em 2 do grupo AS. Hemorragia vítrea e descolamento
de retina obtiveram a maior prevalência nas alterações proliferativas,
mostrando ser mais frequente em portadores da hemoglobinopatia
SC na população estudada.
B
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D
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):335-7
337
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL A RTICLE
Comparação do efeito antiangiogênico do ranibizumab e do bevacizumab in vitro
Comparison of anti-angiogenic effect in vitro between ranibizumab and bevacizumab
ALEXANDRE CUPELLO SOUTO 1 , JULIANA TERZI MARICATO 2 , PRISCILA MARTINS ANDRADE DENAPOLI 1 , JULIANA MARIA FERRAZ SALLUM 3 , SANG WON HAN 4
RESUMO
Objetivo: Comparar o efeito anti-angiogênico in vitro do Bevacizumab e do Ranibizumab.
Métodos: Células endotelias venosas de cordão umbilical (ECV304), cultivadas em
meio F12 com adição de 10% de soro fetal bovino, foram plaqueadas e tratadas com
concentrações clinicamente relevantes de Bevacizumab e Ranibizumab. As drogas
foram administradas logo após risco realizado no meio da cultura (metodologia de
scratch). Medidas lineares do espaço livre de proliferação celular foram realizadas
24, 48 e 72 horas após o momento da realização do risco. Todos os experimentos
foram realizados em triplicata e a análise estatística foi feita pelo teste T-student.
Resultados: O efeito inibitório foi observado em ambas as drogas, apenas nas concentrações
0,5 e 0,7 mg/ml. Na concentração 0,7 mg/ml, o Ranibizumab demonstrou
efeito inibitório maior do que o Bevacizumab. Na mesma concentração, o Ranibizumab
foi três vezes mais potente que o Bevacizumab. O efeito inibitório foi observado
apenas nas primeiras 24 horas para ambas as drogas.
Conclusão: O Ranibizumab demonstrou efeito maior quando comparado com o
Bevacizumab, porém tal efeito está mais relacionado à diferença na razão molar das
drogas do que relacionada com uma diferença real no efeito anti-proliferativo.
Descritores: Neovascularização de coróide; Degeneração macular; Inibidores da angiogênese;
Anticorpos monoclonais; Tomografia de coerência óptica; Angiofluoresceinografia;
Injeções intravítreas; Corpo vítreo
ABSTRACT
Purpose: To evaluate the comparative in-vitro antiangiogenic effect of Bevacizumab
and Ranibizumab.
Methods: Endothelial venous umbilical cells culture (ECV304) cultivated in F12 media
with addition of 10% Fetal Bovine Serum, were plaqued and treated with clinically
relevant concentrations of Bevacizumab and Ranibizumab just after the scratch done in
the middle of the culture (scratch methodology). Measurements of the linear size of the
area free of cell proliferation were done 24, 48 and 72 hours after the scratch day point.
All the experiments were done in triplicate and statistical analysis were done with T-
student test.
Results: Inhibitory effect was observed just at the concentrations of 0.5 and 0.7 mg/ml in
both drugs. At 0.7 mg/ml, Ranibizumab demonstrated a more potent proliferative
inhibitory effect than Bevacizumab. At the same concentration, Ranibizumab was three
times more potent than Ranibizumab. Inhibitory effect was observed just in the first 24
hours for both drugs.
Conclusion: Ranibizumab demonstrates an increased effect when compared to Bevacizumab
and this is related more to the different molar rate of each drug than related to
a real better proliferative inhibitory effect.
Keywords: Choroidal neovascularization; Macular degeneration; Angiogenesis inhibitors;
Antibodies, monoclonal; Tomography, optical coherence; Fluorescein angiography;
Intravitreal injections; Vitreous body
INTRODUÇÃO
Degeneração macular relacionada com a idade (DMRI) é a principal
causa de cegueira legal irreversível em indivíduos acima dos
65 anos de idade em países desenvolvidos (1-5) .
A DMRI está subdividida em forma seca e úmida (3) . Na forma úmida
ou exsudativa ocorre o processo de angiogênese patológica com
aparecimento de neovascularização coroidiana (NVC) (6) .
Este crescimento anormal dos vasos coroidianos é estimulado
por citocinas, diversos fatores de crescimento incluindo o fator de
crescimento vascular endotelial (VEGF), fator de crescimento do
fibroblasto (FGF) e fator de crescimento derivado do epitélio
pigmentado (PEDF) em resposta ao dano oxidativo (7) . A isoforma A
do fator de crescimento vascular endotelial (VEGF-A) tem papel
importante na patogênese da NVC bem como outras doenças oculares
e extraoculares que envolvam angiogênese patológica (8) . Evidências
desse fato são a detecção do VEGF-A na NVC removidas de
pacientes com DMRI (9) e o aumento da expressão do VEGF-A nas
células do epitélio pigmentário da retina (EPR) nos estágios iniciais
da DMRI (10) . Como o VEGF se mostrou o mediador mais importante
na ativação da angiogênese patológica e da permeabilidade
vascular, foram desenvolvidas novas moléculas que se ligam e
inibem o VEGF e seus receptores.
Bevacizumab foi o primeiro anticorpo monoclonal anti-VEGF
humanizado, aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration)
americano, para utilização no tratamento de câncer de cólon metastático
(8) . Em 2005, o bevacizumab foi utilizado pela primeira vez (11)
em injeção intravítrea para tratar NVC na DMRI como uso “off-label”.
Hoje, este tratamento tem sido amplamente aplicado (12) .
Ranibizumab é o fragmento Fab de um anticorpo monoclonal
recombinante que neutraliza todas as formas do VEGF-A. Foi o primeiro
anticorpo anti-VEGF-A a ser aprovado pelo FDA para uso intraocular
no tratamento da NVC na DMRI. Sua utilização intraocular
Submitted for publication: October 23, 2010
Accepted for publication: September 22, 2011
Study carried out at the Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.
1
Physician, Centro Interdisciplinar de Terapia Gênica - CINTERGEN - Universidade Federal de São
Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil.
2
Physician, Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia - DMIP - Universidade
Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil.
3
Physician, Departamento de Oftalmologia, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São
Paulo (SP), Brazil.
4
Physician, Departamento de Biofísica, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo
(SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: A.C.Souto, None; J.T.Maricato, None; P.M.A. Denapoli,
None; J.M.F.Sallum, None; S.W.Han, None.
Correspondence address: Alexandre Cupello Souto. Av. Andrade Neves, 2412 - cj 23 - Campinas (SP) -
13070-001 - Brazil - E-mail: retinaldc@terra.com.br
338 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):338-42
SOUTO AC, ET AL.
previne a perda visual e melhora a acuidade visual dos pacientes
tratados (13) .
Como a bevacizumab e ranibizumab são drogas semelhantes é
necessário avaliar se existe diferença na atividade terapêutica. Existem
estudos comparativos dessas duas drogas in vitro (14) . Uma forma
de medir este efeito é pela mensuração da capacidade inibitória da
proliferação das células endoteliais. Neste trabalho estas drogas
foram avaliadas in vitro utilizando-se uma linhagem endotelial.
O conhecimento destas informações poderão contribuir na interpretação
de resultados dos estudos clínicos comparativos e na
escolha da medicação a ser administrada.
MÉTODOS
CULTURA CELULAR
Foram utilizadas neste estudo células da linhagem ECV304 (Endotelial
Venosa Umbilical Humana) produtoras de VEGF.
As células foram cultivadas com meio F12 contendo L-glutamina
(Invitrogen), pH 7,4, suplementado com 1,4 g/l de bicarbonato
de sódio e 40 mg/ml de garamicina e 10% de soro fetal bovino.
A cultura foi mantida em frascos de 25 cm 2 até atingirem 80% de
confluência (2-3 dias) em estufa umidificada a 37º C e atmosfera de
(15)
5% CO 2
.
DOSAGEM DO VEGF NO SOBRENADANTE DA CULTURA
Em cada poço de placa de 96 poços, 2,5x10 3 células da linhagem
ECV produtoras de VEGF 165
foram plaqueadas.
As células foram cultivadas com meio F12 contendo L-glutamina,
pH 7,4 (Invitrogen), suplementado com 1,4 g/l de bicarbonato
de sódio e 40 mg/ml de garamicina e 10% de soro fetal bovino.
A cultura foi mantida em frascos apropriados de 25 cm 2 até atingirem
80% de confluência (2-3 dias) em estufa a 37º C e atmosfera de
5% CO 2
. Em seguida o meio foi aspirado e substituído por meio
fresco suplementado ou não com 10% de soro fetal bovino. A produção
basal de VEGF por essas células foi avaliada após 24, 48 e 72
horas de cultivo.
A produção de VEGF foi medida no sobrenadante das culturas
por ELISA, utilizando o kit comercial DuoSet ® ELISA Development
System anti-VEGF humano (R&D Systems) e seguindo as instruções
do fabricante.
Este ensaio de dosagem de VEGF serviu para certificar que as
células em cultura realmente produziam VEGF e para a escolha do
tempo ideal de incubação das células para se aplicar as medicações
nas culturas. Estas dosagens não foram utilizadas como parâmetro
de avaliação da atividade antiangiogênica.
AVALIAÇÃO DO EFEITO INIBITÓRIO DE BEVACIZUMAB E RANIBIZUMAB
O efeito inibitório das drogas bevacizumab e ranibizumab na
cultura de células ECV304 foi avaliado utilizando-se a metodologia
de “scratch”. Esta metodologia consiste em fazer um risco em uma
monocamada de células e medir a distância de uma borda a outra
ao longo do tempo. Conforme as células se proliferam o risco tornase
mais estreito e pode desaparecer completamente.
Após atingir a confluência, o meio foi retirado e a cultura lavada
com 5 ml PBS-EDTA 0,03% para descartar possíveis células mortas
no sobrenadante. As células foram então desaderidas por meio de
incubação com 5 ml de PBS-Pancreatina 0,25% a 37ºC e 5% CO 2
durante aproximadamente 5 minutos.
As células recuperadas foram centrifugadas por 5 minutos a
1500 rpm e ressuspendidas em 1 mL de meio F12 suplementado
para contagem. A viabilidade celular foi avaliada pela adição da
solução de Azul de Trypan 0,4% em tampão fostato salino (PBS). Em
seguida, as células viáveis foram contadas em câmara de Neubauer
e distribuídas em placa de 96 poços. Em cada poço da placa, foram
plaqueados 300 μL de meio F12 suplementado contendo 3x10 3
células. A cultura foi mantida a 37ºC em atmosfera de 5% CO 2
até
atingir 80% de confluência (2-3 dias).
Em cada poço foi realizado um “risco” no meio da placa (scratch)
com ponteira para micropipetas P200 (Tipak) para deixar um espaço
para migração e proliferação celular. As células do sobrenadante
foram removidas aspirando-se o meio de cada poço e em seguida
adicionou-se meio fresco e os medicamentos como descrito a seguir.
Para testar o efeito inibitório do bevacizumab, 300 μL de meio
F12 suplementado contendo a droga, nas concentrações de 0,1; 0,3;
0,5 e 0,7 mg/ml, foram adicionados em cada poço. O mesmo procedimento
foi efetuado para avaliação do efeito inibitório do ranibizumab.
Dois grupos controle sem adição de medicamentos foram incluídos
neste estudo: um grupo cultivado em meio completo e outro
grupo cultivado em meio sem soro fetal bovino.
O efeito inibitório foi avaliado após 24, 48 e 72 horas a adição
dos medicamentos. Todos os experimentos foram realizados em
triplicatas.
AQUISIÇÃO DAS IMAGENS FOTOGRÁFICAS
As imagens fotográficas foram capturadas utilizando a câmara
Nikon (CoolPix 995) acoplada ao microscópio óptico (Nikon-TMS).
Foram escolhidas imagens representativas de cada grupo experimental
e fotografadas no aumento de 200x.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A partir de imagens capturadas, a largura do risco foi medida
com uso do software Image-Pro Plus 4.0 (Media Cybernetics, L.P.).
Foram realizadas três medidas por campo, gerando uma mediada
média por campo. Estas medidas foram analisadas por GraphPad
Prism 5.0 (GraphPad Software, Inc) utilizando o teste T-student (16) .
RESULTADOS
Primeiramente a produção de VEGF pelas células ECV304 na
presença e na ausência de 10% de soro fetal bovino (SFB) foi monitorada
durante 72 horas pela dosagem pelo método de ELISA
para VEGF. A produção de VEGF após 24 horas foi de 110 pg/mL e
50 pg/mL na presença e ausência de SFB, respectivamente, mostrando
um estímulo de cerca de 50% de produção do fator pelo
SFB (Figura 1). O acúmulo desse fator no meio de cultura aumentou
na presença de SFB com máxima concentração de 400 e 780 pg/mL
após 48 e 72 horas, respectivamente. Esse achado provavelmente
*** p>0,001
Figura 1. Avaliação da produção de VEGF pelas células ECV304. O eixo x representa os
grupos de células cultivadas na presença (barra com quadriculado pequeno) ou ausência
(barra com quadriculado grande) de 10 % SFB e após 24, 48 e 72 horas de cultivo. O eixo
y representa a concentração de VEGF (dosagem realizada por ELISA) presente no
sobrenadante das culturas celulares. Os resultados apresentados são valores médios
de dois experimentos independentes com desvios padrões.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):338-42
339
COMPARAÇÃO DO EFEITO ANTIANGIOGÊNICO DO RANIBIZUMAB E DO BEVACIZUMAB IN VITRO
deve-se à rápida multiplicação celular. Um perfil semelhante de
produção de VEGF foi observado com as células mantidas na ausência
de SFB, mas sempre mantendo uma relação de 50% menor em
relação à presença de SFB.
Baseando-se dos resultados da figura 1, o experimento para avaliação
do efeito inibitório de bevacizumab e ranibizumab foi elaborado
por meio do cultivo das células ECV304 na presença de 10% de
SFB. Para este ensaio, várias concentrações dos inibidores foram adicionadas
ao meio de cultura e seus efeitos foram avaliados 24, 48 e 72 h.
Análise microscópica está mostrada na figura 2 e as medidas
quantitativas de inibição de proliferação pela análise do “scratch”,
na figura 3.
O efeito inibitório das duas drogas foi notado às 24 h a partir de
0,5 mg/ml. Nos tempos maiores de incubação, nenhum efeito inibitório
foi mensurável, pois já havia sido completado o repovoamento
da área de “scratch” em ambas as drogas.
No caso de ranizumab, a inibição pode atingir mais de 90% em
concentrações maiores de 0,7 mg/mL, enquanto que o efeito inibitório
do bevacizumab sempre foi cerca de três vezes menor que
ao de ranizumab.
DISCUSSÃO
A criação e o desenvolvimento do bevacizumab e do ranibizumab
envolveram grande investimento. Essas drogas foram criadas
com fins terapêuticos diferentes: câncer metastático do cólon no
caso do bevacizumab e neovascularização coroidiana no caso do
ranibizumab. Após a primeira injeção intravítrea do bevacizumab
em 2005 por Rosenfeld et al. (11) , ambas as drogas vêm sendo amplamente
utilizadas no tratamento da NVC na DMRI bem como outras
doenças onde a angiogênese patológica esteja envolvida. A diferença
de custo entre as duas drogas suscita discussão na comunidade
oftalmológica quanto ao custo-benefício do tratamento. Tal
resposta ainda não foi esclarecida. Um amplo estudo clínico comparativo
está em andamento.
O bevacizumab (Genentech) foi desenvolvido por Ferrara et al.,
cuja publicação data de 2004 (8) . Ferrara também participou no desenvolvimento
do ranibizumab (Genentech, Novartis), cuja publicação
data de 2006 (17) .
Rosenfeld demonstrou a aplicação do bevacizumab no tratamento
da NVC em 2005 (11) e em 2006 (13) também demonstrou o
benefício do ranibizumab no tratamento da NVC.
O ranibizumab é o fragmento Fab oriundo do mesmo anticorpo
monoclonal anti-VEGF murino que originou o bevacizumab. Mais
especificamente apresentam o mesmo clone do hibridoma do camundongo,
conhecido como MA.4.6.1. (17) , por isso apresentam ligação
ao mesmo epítopo do VEGF. Do ponto de vista estrutural diferem
no tamanho e peso molecular, onde o peso molecular do
ranibizumab (48 kDa) é aproximadamente um terço do peso molecular
do bevacizumab (17-19) . A dose para uso clínico escolhida do
ranibizumab intravítreo é aproximadamente um terço da dose do
bevacizumab intravítreo, provavelmente para manter a razão molar
entre os dois.
No presente estudo comparativo da ação inibitória das duas
drogas foi observado efeito in vitro apenas nas primeiras 24 horas
pela análise do “scratch”.
Nas mensurações após 48 horas, não foi observado efeito inibitório.
Tal fato vem em acordo com os estudos farmacocinéticos que
mostram a meia-vida curta de ambas as drogas e sugerem a necessidade
do uso intraocular mais frequente. Na literatura, o uso intraocular
mensal dessas drogas baseia-se em estudos matemáticos
preditivos da atividade biológica (20) . Foi averiguado no presente
estudo que a dose/efeito inibitório foi significantemente maior
(p
SOUTO AC, ET AL.
*significante p
COMPARAÇÃO DO EFEITO ANTIANGIOGÊNICO DO RANIBIZUMAB E DO BEVACIZUMAB IN VITRO
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XII Congresso Internacional de
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342 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):338-42
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Treatment of diffuse diabetic maculopathy with intravitreal triamcinolone and
laser photocoagulation: randomized clinical trial with morphological and
functional evaluation
Tratamento da maculopatia diabética difusa com triancinolona intravítrea e fotocoagulação
a laser: ensaio clínico randomizado com avaliação morfofuncional
ALBERTO LUIZ GIL 1 , MIRELA JOBIM DE AZEVEDO 2 , GIOVANI GENERALI TOMASETTO 1 , CARLOS HENRIQUE GERVINI MUNIZ 1 , JACÓ LAVINSKY 1
ABSTRACT
Purpose: Treatment of diffuse macular edema in diabetes mellitus is currently unsatisfactory.
The purpose of this double blind randomized clinical trial was to compare
the treatment of diffuse diabetic macular edema with intravitreal triamcinolone
or laser in type 2 diabetes mellitus patients using a morphofunctional assessment.
Methods: Fourteen patients (21 eyes) with clinically significant diffuse macular-edema,
previously untreated and with a macular thickness >250 μm at optical coherence
tomography were randomized for treatment with laser or intravitreal injection of
triamcinolone acetate. Optical coherence tomography, biomicroscopy, fundoscopy,
fluorescein angiography, tonometry, scotometry, visual and contrast acuities were
performed at 0, 1, 3 and 6 months.
Results: At pre-treatment stage, Laser (n=9) and Triamcinolone (n=12) groups did
not differ regarding retinal thickness, visual and contrast acuities. In Triamcinolone
group macular thickness decreased after 1 month (424.1 ± 19.9 μm to 358.4 ± 18.2 μm;
p=0.04) and started to return to the initial values in the 3 rd month (p=0.02). No
changes occurred in macular scotometry and visual and contrast acuities. No side
effects were observed with both treatments.
Conclusion: During the study macular thickness diminished in the triamcinolone
group, especially in the first month of treatment. At 3 and 6 months there was no
difference. Macular thickness did not change during the study in the laser group. In
the study sample it was not possible to demonstrate differences relates to visual
acuity and scotometry between the two groups.
ClinicalTrials.gov Identifier: NCT00668239
Keywords: Macular edema/drug therapy; Triamcinolone/therapeutic use; Photocoagulation;
Diabetes mellitus; Tomography, Optical coherence
RESUMO
Objetivo: O tratamento do edema macular difuso diabético atualmente é insatisfatório.
O objetivo deste ensaio clínico randomizado duplo cego foi comparar, através de avaliação
morfofuncional, o tratamento do edema macular difuso diabético com triancinolona
intravítrea ou laser em grade em pacientes com DM tipo 2.
Métodos: Quatorze pacientes (21 olhos) com edema macular difuso clinicamente
significativo, sem tratamento prévio e com espessura macular >250 μm à tomografia de
coerência óptica (OCT) foram randomizados para tratamento com laser ou injeção
intravítrea de acetato de triancinolona. Nos tempos 0, 1, 3 e 6 meses foram realizados
OCT, biomicroscopia, fundoscopia, angiografia fluoresceínica, tonometria, escotometria,
acuidade visual e de contraste.
Resultados: Na fase pré-tratamento, os grupos Laser (n=9) e Triancinolona (n=12) não
diferiram na espessura retiniana, escotometria, acuidade visual e de contraste. No grupo
Triancinolona houve redução da espessura macular após 1 mês (424,1 ± 19,9 μm vs.
358,4 ± 18,2 μm; P=0,04) com retorno aos valores iniciais a partir do mês 3 (P=0,02).
Não houve modificação significativa na escotometria macular, acuidade visual e de
contraste. Não ocorreram efeitos colaterais nos tratamentos.
Conclusão: Durante o estudo observou-se diminuição da espessura macular no grupo
tratado com triancinolona, principalmente no primeiro mês de tratamento. Aos 3 e 6
meses de tratamento não houve diferença. A espessura macular não modificou durante
o estudo no grupo tratado com laser. Nesta amostra estudada não foi possível demonstrar
diferenças relacionadas à escotometria e acuidade visual entre os dois grupos.
Descritores: Edema macular/quimioterapia; Triancinolona/uso terapêutico; Fotocoagulação;
Diabetes mellitus; Tomografia de coerência óptica
INTRODUCTION
Diabetic retinopathy (DR) is the main cause of visual loss in adults.
Macular edema affects 29% of the patients with DR and is the main
cause of visual loss in this population (1,2) .
The Early Treatment Diabetic Retinopathy Study (ETDRS) (2) showed
a major benefit of treatment with laser photocoagulation of
clinically significant macular edema. Although this treatment reduces
moderate visual loss by 50%, about 24% of treated eyes presented
a thickened macula and consequently diminished sight after
36 months, suggesting that there is a subset of patients who are
resistant to laser photocoagulation treatment.
Prior studies assessing patients with diabetic retinopathy
showed that laser treatment of eyes with diffuse macular edema had
a worse result than eyes with focal macular edema (3) , raising interest
in other therapeutic options including surgery, with pars plana
vitrectomy, pharmacological treatment with protein kinase C inhibitors
(4) , and intraocular corticosteroids.
Corticosteroids treatment for ophthalmological diseases are being
studied (5) and used intravitreally in different diseases (6) . Among the
related adverse effects are transient increased intraocular pressure (5,7) ,
corticogenic glaucoma (8) , retinal detachment, and infectious endophthalmitis,
the latter with an incidence of 0 to 2.3% (9) .
Submitted for publication: November 29, 2010
Accepted for publication: October 7, 2011
Study carried out at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre (RS), Brazil.
1
Physician, Serviço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre (RS),
Brazil.
2
Physician, Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre (RS),
Brazil.
Funding: This study was partially funded by FIPE - Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Disclosure of potential conflicts of interest: A.L.Gil, None; M.J.de Azevedo, None; G.G.Tomasetto,
None; C.H.G.Muniz, None; J.Lavinsky, None.
Correspondence address: Alberto Luiz Gil. Rua Soledade, 569 - Conj. 905 A - Porto Alegre (RS) -
90470-340 - Brazil - E-mail: albertogil@brturbo.com.br
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):343-7
343
TREATMENT OF DIFFUSE DIABETIC MACULOPATHY WITH INTRAVITREAL TRIAMCINOLONE AND LASER PHOTOCOAGULATION:
RANDOMIZED CLINICAL TRIAL WITH MORPHOLOGICAL AND FUNCTIONAL EVALUATION
Some studies presented good results using intravitreal triamcinolone
acetate to treat diffuse diabetic macular edema in patients
who did not have a significant improvement with laser photocoagulation
(conventional treatment) (10-15) . Most of these studies did
not describe the clinical characteristics of the patients studied (11,12,14,15) .
On the other hand, data about possible improvement using laser
after intravitreal triamcinolone are controversial (16,17) . A single noncontrolled
study with a high dose of intravitreal triamcinolone (25 mg)
assessed this injection as a primary treatment for diabetic macular
edema (18) .
Most studies with triamcinolone and laser photocoagulation consider
visual acuity as an outcome parameter, thus evaluating especially
foveal function. It is likely that a more complete evaluation
of macular morphological and functional aspects will supply further
information about the results of these treatments. Few aspects of
diffuse diabetic maculopathy treatment have not yet been definitively
established, such as, the best method of treatment and the
correlation between morphological and functional results. It has also
not been defined whether the evaluation of functional results
should be done by analysis of foveal function or of the whole macula,
using other tools such as macular sensitivity and contrast.
The purpose of this study was to compare the treatment of diffuse
diabetic macular edema with intravitreal triamcinolone acetate or
grid laser in patients with type 2 diabetes mellitus (DM) using a
morphofunctional evaluation.
METHODS
PATIENTS
In this double blind randomized clinical trial against active treatment,
patients with type 2 DM and diffuse macular edema secondary
to DR were evaluated between September 2004 and June
2006. Consecutively included patients were attended in the Center
of Reference for Diabetic Retinopathy at Hospital de Clinicas de
Porto Alegre (HCPA) and at the Ophthalmology Outpatient Clinic
of HCPA.
The following inclusion criteria were considered: age greater
than or equal to 30 years; DR with clinically significant diffuse macular
edema, according to criteria established by ETDRS (2) ; no prior
treatment with laser and/or intravitreal injection of triamcinolone
acetate, and presence of central fixation, demonstrated in the Optical
Coherence Tomography (OCT). Exclusion criteria were: history
of glaucoma or ocular hypertension; intraocular surgery in the six
preceding months; opacities of the cornea, lens or vitreous which
would prevent performing laser or ophthalmological examinations;
proliferative diabetic retinopathy; history of allergy to fluorescein
or corticosteroids, and serum creatinine >2.5 mg/dl.
Type 2 DM was diagnosed in patients who had more than 30
years old at the diagnosis of DM with no previous episodes of ketoacidosis,
and no insulin treatment in the first 5 years after DM diagnosis.
All patients underwent a clinical and laboratory assessment
before treatment, which included clinical history, blood pressure
measurements, fasting blood glucose (glucose-peroxidase colorimetric
enzymatic method- Biodiagnostica Kit, Roche Diagnóstica,
São Paulo, Brazil), glycosilated hemoglobin [A1C test; High
Performance Liquid Chromatography (HPLC) in a Merck-Hitachi ®
(Darmstadt, Germany) 9100 apparatus; Reference values 4.8-6.0%],
and serum creatinine (Jaffé reaction) measurements.
OPHTHALMOLOGICAL ASSESSMENT
The ophthalmological assessment consisted of: OCT, visual acuity,
contrast acuity, scotometry, fluorescein angiography, intraocular pressure
measurement, indirect fundoscopy, and biomicroscopy. After this
evaluation patients were randomized to two treatment groups: triamcinolone
or laser. New clinical, laboratory and ophthalmological evaluations
were performed after one, three and six months.
In order to perform OCT, images of the retinal layers were obtained,
comprising the 6 mm in the center of the macula in nine concentric
measures. The examination was performed by the same
investigator and at the same time (between 10 a.m. and 11 a.m.).
The OCT (Stratus 3, Carl Zeiss ® , Oberkochen, Germany) was performed
by an examiner who did not know the type of treatment to
which the patient was submitted (G.T.). The Macular Thickness program
was used to analyse macular thickness, using in the analysis
the highest obtained measurement (peak) in each assessment. The
patient’s fixation (central or excentric) was determined. Visual acuity
was measured with a table standardized by ETDRS, with improved
correction of refraction (2) . Contrast was evaluated in a manner
similar to visual acuity, using the Pelly-Robson table. The Humphrey
AII 745 [Carl Zeiss ® , Oberkochen, Germany, (4) with operational
system 12.6] was used for scotometry (visual field 10-2). Visual
acuity and scotometry were evaluated by an investigator who did
not know the randomization group (C.M.). The camera used for
fluorescein angiography was FF450 PLUS IR (Carl Zeiss ® , Oberkochen,
Germany). Tonometry was performed on both eyes using
the Perkins tonometer. Lens opacity was evaluated using the table
LOCS II.
TREATMENT GROUPS
Laser treatment: argon laser (Crystal Focus - EMERED ® , Jena, Germany)
was applied to the macular region according to the modified
grid technique in inverted C, preserving 500 μ of the foveolus and
avascular zone, with 100 μ diameter shots, energy varying from 0.2
to 0.5 joules, with a exposure time between 0.2 and 0.4 seconds.
One hundred and fifty to 200 shots were applied according to the
retinal area size (2) .
Laser for masking (sham procedure): the same stages used for
laser treatment were performed, but energy was set to zero, resulting
in a simulation of the treatment.
Triamcinolone treatment: 0.1 ml (4 mg) of triamcinolone acetate
intravitreous was injected through the pars plana in a surgical environment.
The medication used was manipulated by the Ophthalmos
chemist without a preservative agent.
Triamcinolone for masking: the same stages used for triamcinolone
acetate injection were performed in a surgical environment
and the simulation of the injection was done by minimum pressure
in the patient’s conjunctiva using the capped needle.
STATISTICAL ANALYSIS
The sample size was calculated considering the main outcome,
retinal thickness, measured by OCT before and after treatment. Assuming
a mean reduction of the macular edema of 100 μm (19) after
laser and a reduction of 250 μm (12) after intravitreal injection, to
have a 90% power and 0.05 alpha, an estimative of 8 eyes for each
treatment group (difference of 150 μm) had to be included.
Paired and non-paired t tests were used for comparison purposes,
as indicated. ANOVA for repeat measures followed by a multiple
comparison test, LSD (least significant difference) was used to
analyse morphofunctional changes of the macula and clinical variables
during the study. Systolic and diastolic blood pressure changes
were used as covariates to analyse the ophthalmological variables
at the different evaluation times.
Data were expressed as mean ± standard deviation, as a percentage
of patients with the characteristic, or as means (95% confidence
interval). P values
GIL AL, ET AL.
RESULTS
Fourteen patients with type 2 DM and DR fulfilled the inclusion
criteria and agreed to participate in the study. Four male and 10
female patients, aged 59.3 ± 6.0 years (52 to 67 years) with DM
duration of 15.0 ± 7.3 years (5 to 28 years) were assessed. Two of
these patients were being treated with intermediate action insulin,
five were using anti-hyperglycemic drugs (metformin, glibenclamide)
and six patients, insulin and anti-hyperglycemic drugs. All
patients were hypertensive and used enalapril maleate. Two patients,
one in each treatment group, also used hydrochlorothiazide. No medication
was changed or included during the study.
Seven patients were randomized to treatment with triamcinolone
and seven to laser treatment. Twenty-one eyes were studied:
19 with non-proliferative moderate DR and two with non-proliferative
severe DR. Seven patients were treated in both eyes: five
patients in the Triamcinolone group and two patients in the Laser
group.
Table 1 describes clinical and laboratory evaluated parameters
before treatment and in the 1 st , 3 rd , and 6 th month. These features
were compared between the patients of the Triamcinolone group
and the Laser group in the beginning of the study: systolic blood
pressure, diastolic blood pressure, fasting blood glucose, AlC test,
and serum creatinine and were not different among the two groups.
During the study, systolic blood pressure increased in the group
treated with triamcinolone. End-of-study diastolic blood pressure
values were higher than pre-treatment values in both groups. Fasting
blood glucose, AlC test, and serum creatinine did not change
during the study in the Triamcinolone and Laser groups.
Table 2 shows the ophthalmological parameters before treatment
and after 1, 3, and, 6 months.
Macular thickness, scotometry, visual and contrast acuity measurements,
and intraocular pressure were not different in the Triamcinolone
and Laser groups in the pre-treatment period. The analysis
of OCT measurements during the study was adjusted to systolic
and diastolic blood pressure changes (delta) from baseline to the
end-of-study. During the study macular thickness diminished in
the Triamcinolone group. This reduction was observed in the first
month of treatment. At the 3 rd and 6 th months there was no difference
in the macular thickness as compared to pre-treatment
values. Considering the absolute values of retinal thickness obtained
in OCT minus the reference value of retinal thickness (206 μm),
the reduction observed in the 1 st month of treatment with triamcinolone
was 30.1 ± 2.0%. The macular thickness returned to the
pre-treatment value with recurrence of macular edema that
started in the 3 rd month. Macular thickness did not change during
the study in the Laser group.
Visual and contrast acuities and intraocular pressure were not
evaluated at the end-of-study in all patients due to non-compliance
with schedules after end-of-study OCT was performed. Those
exams did not change during the study in both treatment groups.
In the Triamcinolone group the improvement of macular sensitivity
in the 3 rd month, as evaluated by scotometry, did not attain the
statistical adopted significance.
In both treatment groups no patient developed cataract, uveitis,
vitreitis, retinal detachment, endophthalmitis, or any possibly treatment
related side effects.
DISCUSSION
In this study, the eyes of patients with type 2 DM and diffuse
macular edema treated with intravitreal triamcinolone had a greater
retinal thickness reduction in the 1 st month post-treatment as
compared to the eyes treated with laser photocoagulation. This
retinal thickness improvement observed with triamcinolone treatment
remained up to the 3 rd month of the study. Subsequently, the
macular edema recurred in all patients.
The morphological evaluation of the macula was performed by
OCT, enabling retinal layers visualization. This methodology has a
resolution close to that of histology, and allows quantification of the
macular thickness. In addition, all measurements were performed at
the same time of the day to avoid diurnal variation of retinal thickness.
This procedure, associated with the masking of the investigators and
patients, ensured accurate evaluation of retinal edema.
In patients with DM and diffuse macular edema, the use of triamcinolone
alone was evaluated in a single study (18) . Despite favourable
results in OCT and visual acuity in this non-controlled study, a
much higher triamcinolone dose was used as compared to the present
study (25 mg vs. 4 mg). Furthermore, a major increase in intraocular
pressure that required surgery was observed in 13% of the patients.
Only a recently published study compared the results of
intravitreal triamcinolone, laser or both treatments (17) . In the combined
treatment group, the laser was performed 30 days after
intravitreal injection of triamcinolone. The results reported were
similar to those of the present study, with improved retinal thickness
Table 1. Clinical and laboratory characteristics of the groups treated with triamcinolone and laser during the study
N Pre-treatment 1 month 3 months 6 months p a
SBP (mmHg)
Triamcinolone 7 135.7 ± 9.8 137.1 ± 11.1 148.6 ± 12.1 154.3 ± 19.0 0.004 b
Laser 7 137.1 ± 7.6 145.7 ± 11.3 154.3 ± 18.1 158.6 ± 21.2 0.059
DBP (mmHg)
Triamcinolone 7 80.0 ± 5.8 80.0 ± 5.8 87.1 ± 4.9 90.0 ± 11.6 0.008 c
Laser 7 83.6 ± 7.5 89.3 ± 8.4 91.4 ± 10.7 96.4 ± 9.4 0.044 d
Glycemia (mg/dl)
Triamcinolone 7 214.5 ± 52.8 202.3 ± 54.4 191.8 ± 51.5 193.3 ± 41.4 0.231
Laser 7 201.2 ± 56.0 194.0 ± 38.2 200.8 ± 50.2 188.0 ± 33.7 0.656
A1C test (%)
Triamcinolone 7 8.8 ± 1.6 8.9 ± 2.0 8.9 ± 1.9 9.3 ± 2.3 0.458
Laser 7 8.1 ± 1.6 8.3 ± 1.7 8.1 ± 1.7 7.9 ± 1.6 0.202
Creatinine (mg/dl)
Triamcinolone 7 0.88 ± 0.26 0.92 ± 0.25 0.87 ± 0.22 0.95 ± 0.30 0.140
Laser 7 0.70 ± 0.13 0.68 ± 0.12 0.72 ± 0.12 0.68 ± 0.12 0.317
SBP= systolic blood pressure; DBP= diastolic blood pressure
a
= ANOVA for repeated measures; b = multiple comparison test: LSD (Least Significant Difference) p=0.049 for pre-treatment vs. 3 months, p=0.021 for pre-treatment vs. 6 months, p=0.047
for 1 vs. 3 months, p=0.017 for 1 vs. 6 months; c = multiple comparison test: LSD (Least Significant Difference) p=0.047 for pre-treatment vs. 3 months, p=0.038 for pre-treatment vs. 6 months;
d
= multiple comparison test: LSD (Least Significant Difference) p=0.047 for pre-treatment vs. 1 month, p=0.038 for pre-treatment vs. 6 months
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):343-7
345
TREATMENT OF DIFFUSE DIABETIC MACULOPATHY WITH INTRAVITREAL TRIAMCINOLONE AND LASER PHOTOCOAGULATION:
RANDOMIZED CLINICAL TRIAL WITH MORPHOLOGICAL AND FUNCTIONAL EVALUATION
Table 2. Ophthalmological characteristics of the groups treated with triamcinolone and laser during the study
N Pre-treatment 1 month 3 months 6 months p a
OCT (μm)
Triamcinolone 12 424.1 ± 19.9 358.4 ± 18.2 420.50 ± 33.77 424.5 ± 29.1 0.013 b
Laser 09 380.4 ± 32.2 366.1 ± 36.6 332.20 ± 27.50 348.4 ± 35.8 0.132
Scotometry (dB)
Triamcinolone 11 -136.3 ± 100.8 - -91.4 ± 48.7 - 0.073
Laser 04 -151.0 ± 157.0 - -95.5 ± 46.5 - 0.498
Visual acuity (ETDRS)
Triamcinolone 10 0.97 ± 0.30 - 0.84 ± 0.14 - 0.096
Laser 06 0.72 ± 0.25 - 0.73 ± 0.34 - 0.842
Contrast (Pelly-Robson)
Triamcinolone 10 0.93 ± 0.29 - 1.10 ± 0.24 - 0.170
Laser 03 0.90 ± 0.26 - 1.14 ± 0.20 - 0.721
Intraocular pressure (mmHg)
Triamcinolone 12 13.4 ± 1.8 012.5 ± 1.6 13.0 ± 2.1 13.0 ± 1.6 0.541
Laser 09 12.1 ± 1.5 012.7 ± 0.9 12.1 ± 0.9 12.4 ± 1.1 0.471
OCT= optical coherence tomography
a
= ANOVA for repeated measures with systolic and diastolic blood pressure as covariates; b = multiple comparison test: LSD (Least Significant Difference) p=0.040 for pre-treatment vs. 1 month,
p=0.020 for 1 vs. 3 months, p=0.025 for 1 vs. 6 months
Figure 1. Morphological and functional evaluation with triamcinolone treatment.
only in the patients who received triamcinolone. However, about
40% of the patients had been treated with photocoagulation
before they entered the study. Moreover, the authors studied
patients with type 1 and type 2 DM and did not supply any information
about glycemic and blood pressure control of the patients.
The overall macular function was not evaluated and foveal function
was evaluated by visual acuity.
The recurrence of increased retinal thickness in all patients,
observed after the 3 rd month, was probably related to poor metabolic
and blood pressure control of studied patients. Indeed, the
mean values of AlC test (>8.8%) were above those usually recommended
(20) (
GIL AL, ET AL.
Short duration treatment with triamcinolone was effective and
safe in this sample of patients with type 2 DM. It is likely that to
prolong the beneficial effects of triamcinolone, intensified glycemic
and blood pressure control should be part of the treatment of diffuse
diabetic maculopathy. The alternative of using laser after intravitreal
triamcinolone is still controversial (16,17) and it must be evaluated in
well-designed clinical trials. The possibility of association with other
pharmaceuticals used intravitreally, such as the anti-VEGFs (pegaptanib
sodium), may also be a therapeutic alternative to improve the
results of the treatment of diabetic maculopathy (25) .
During the study macular thickness diminished in the triamcinolone
group, especially in the first month of treatment. At 3 and 6
months there was no difference. Macular thickness did not change
during the study in the laser group. In the study sample it was not
possible to demonstrate differences related to visual acuity and
scotometry between the two groups.
ACKNOWLEDGEMENTS
The triamcinolone used for intravitreal injection was supplied
by “Opthalmos - Farmácia de Manipulação”, Porto Alegre, RS, Brazil
and OCT exams were performed at “Instituto de Oftalmologia
Lavinsky” - Porto Alegre (RS), Brazil.
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Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):343-7
347
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Effect of corneal epithelium on ultraviolet-A and riboflavin absorption
Efeito do epitélio na absorção corneana de raios ultravioleta-A e riboflavina
KATIA MANTOVANI BOTTÓS 1 , PAULO SCHOR 1 , JULIANA L. DREYFUSS 2 , HELENA BONCIANI NADER 2 , WALLACE CHAMON 1
ABSTRACT
Purpose: To determine if the corneal epithelium prevents the collagen cross-linking
effect. Using immunofluorescence microscopy after CXL, we indirectly analyzed the
role of the epithelium as ultraviolet-A (UVA) shield as well as a barrier to riboflavin
penetration.
Methods: Fifteen freshly enucleated porcine eyes were divided into 3 groups. The
corneal epithelium was kept intact in all groups. Five eyes served as control (Group 1).
On group 2, eyes received tetracaine anesthetic drops and topical 0.1% riboflavin
solution (10 mg riboflavin-5-phosphate in 10 mL 20% dextran-T-500). On Group 3,
riboflavin was injected into the anterior chamber to allow penetration of the drug
through the endothelium. Groups 2 and 3 were exposed to UVA (365 nm, 3 mW/cm 2 )
for 30 minutes. Ultra-thin sections (8 μm) of the corneas were stained with anticollagen
type I and DAPI (4,6-diamidino-2-fenilindole dihydrocloride) and analyzed
with fluorescence microscopy.
Results: Corneas treated with UVA irradiation and intracameral injection of riboflavin
(Group 3) showed greater pattern of collagen organization compared to groups 1
(Control) and 2 (riboflavin and tetracaine eye drops). A yellow stromal staining, which
represents the riboflavin diffusion into the stroma, was only observed in eyes
injected with riboflavin into the anterior chamber.
Conclusion: Using immunofluorescence microscopy in porcine corneas, we demonstrated
that the corneal epithelium reduces the effectiveness of CXL by preventing the
penetration of the drug and not by limiting the UVA transmittance. An inadequate
intrastromal concentration of riboflavin may impair CXL effect.
Keywords: Cross-linking reagents/therapeutic use; Riboflavin/pharmacokinetics; Epithelium,
corneal/physiology; Microscopy, immunofluorescence; Photosensitizing
agents; Ultraviolet rays; Swine
RESUMO
Objetivo: Determinar se o epitélio corneano pode impedir ou diminuir o efeito do tratamento
com “cross-linking” (CXL). Por meio de microscopia por imunofluorescência, foi
indiretamente analisado o efeito do epitélio como escudo aos raios ultravioleta-A (UVA),
assim como barreia à penetração da riboflavina.
Métodos: Quinze olhos enucleados de porcos foram divididos em 3 grupos. O epitélio
corneano foi mantido intacto em todos os grupos. Cinco olhos serviram como controle
(Grupo 1). No grupo 2, os olhos foram instilados com colírio anestésico de tetracaína,
assim como colírio de riboflavina 0,1% (10 mg de riboflavina-5-fosfato em 10 ml de
dextran 20% T-500). No grupo 3, solução de riboflavina foi injetada na câmara anterior
para permitir a penetração da droga através do endotélio. Os grupos 2 e 3 foram então
expostos à radiação UVA (365 nm, 3 mW/cm 2 ) por 30 minutos. Subsequentemente,
cortes ultrafinos (8 μm) das córneas foram marcados com anticolágeno tipo I e DAPI
(4,6-diamidino-2-fenilindole dihydrocloride) e analisados com microscópio de
imunofluorescência.
Resultados: As córneas que receberam injeção intracameral de riboflavina e foram
irradiadas com UVA (Grupo 3) mostraram um padrão maior de organização das fibras
de colágeno em relação aos grupos 1 (Controle) e 2 (instiladas com colírio anestésico e de
riboflavina). Macroscopicamente, a coloração amarelada do estroma, que representa a
difusão da riboflavina, foi apenas observada nos olhos que receberam riboflavina
intracameral.
Conclusão: Foi demonstrado, através de microscopia por imunofluorescência em córneas
de porcos, que o epitélio corneano íntegro diminui a efetividade do CXL por reduzir a
penetração da riboflavina, e não por impedir a penetração dos raios UVA. Uma concentração
intraestromal inadequada de riboflavina limita o efeito do tratamento.
Descritores: Reagentes para ligações cruzadas/uso terapêutico; Riboflavina/farmacocinética;
Epitélio corneano; Microscopia de imunofluorescência; Agentes fotossensibilizantes;
Raios ultravioleta; Suíno
INTRODUCTION
Corneal collagen cross-linking (CXL) has been described as a
promising therapy for keratoconus and post-refractive surgery
keratectasia (1,2) . Previous studies (3-7) have shown that riboflavin/ultraviolet-A
(UVA) treatment leads to an increase in the biomechanical
stabilization and stiffness of the cornea. It is already known that
corneal tissue from keratoconus eyes are biomechanically weakened
compared to normal corneas (8) . This minimally invasive procedure
treats and prevents the underlying pathophysiological cause
of cornea ectasia as it attempts to modify the inadequate mechanical
stability of these corneas.
The CXL protocol recommended by Wollensak et al. (3) states that
the central epithelium should be debrided before treatment to
allow penetration of riboflavin into the corneal stroma (epi-off
technique). However, removal of the epithelium can increase the
risks of corneal infections, ulcers, haze, scarring and infiltrates, beyond
longer recovery time, discomfort and postoperative pain
experienced by patients (9-12) . Recently, slight modifications of this
technique were proposed to overcome the potential disadvantages
of epithelium removal: one approach advocates the use of
multiple applications of topical anesthetic eye drops to loosen the
tight junctions of the corneal epithelial cells, thus facilitating riboflavin
penetration through an intact epithelium (13,14) . Others per-
Submitted for publication: February 2, 2011
Accepted for publication: September 23, 2011
Study carried out at the Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil.
1
Physician, Department of Ophthalmology, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São
Paulo (SP), Brazil.
2
Pharmaceutical biochemistry, Molecular Biology Division, Department of Biochemistry, Universidade
Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil.
Funding:This study was supported in part by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel
Superior (CAPES) BEX 1325-09-4. The authors have no financial interest in the technology described
herein.
Disclosure of potential conflicts of interest: K.M.Bottós, None; P.Schor, None; J.L.Dreyfuss,
None; H.B.Nader, None; W.Chamon, None.
Correspondence address: Wallace Chamon. Av. Indianópolis, 1797 - São Paulo (SP) - 04063-003 -
Brazil - E-mail: visus@pobox.com
348 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):348-51
BOTTÓS KM, ET AL.
form a grid-like pattern de-epithelialization instead of complete epithelial
removal, attempting to hasten postoperative healing (15) . Another
method allows the stromal diffusion of the riboflavin through a
femtosecond laser-created central corneal pocket (16,17) . This pocket
enables for superficial intrastromal administration of riboflavin solution
without de-epithelialization. All of these techniques, however,
have not considered the potential effect of the corneal epithelium as
an UVA filter.
The corneal epithelium plays an important role in the UV absorbing
processes. Ultraviolet rays can induce production of reactive
oxygen species and cell death in cultured corneal cells. To protect
against these effects, there is a high ascorbate concentration and
anti-oxidant enzymes in the corneal epithelium that absorbs portions
of the irradiation, thereby protecting deeper eye structures
(18,19) . While the integrity of the epithelium can protect the underling
structures from UVA penetration, it may act as a barrier, reducing
the effects of CXL.
Our group has already suggested that CXL without previous
epithelial debridement has a decreased effect comparing to the
standard epi-off technique (20) . However, at that time, we did not
clarify whether this reduced effect was due to an inadequate absorption
of UVA or due to poor penetration of the riboflavin through
the epithelium. To investigate this question, the present study was
conducted to determine if the epithelium, acting as a UV filter,
prevents the CXL effect. The occurrence of CXL in corneas with intact
epithelium was evaluated using immunofluorescence microscopy
of collagen type I.
METHODS
The research was approved and conducted in compliance with
the Declaration of Helsinki and the Federal University of São Paulo
Ethical Committee - Investigational Review Board (CEP 01565/07).
The study was performed on 15 enucleated porcine eyes within
6 hours postmortem from the slaughterhouse. Each specimen underwent
slit lamp evaluation. If there was evidence of corneal scarring,
opacity or other abnormalities, the specimen was discarded.
The epithelium was not removed in any groups and its anatomical
integrity was assured by slit lamp examination. Eyes were divided
into 3 groups, each one with five porcine eyes:
Group 1 (control - no treatment): no treatment was performed.
Group 2 (riboflavin + tetracaine eye drops): Anesthetic drops of
0.5% tetracaine (to simulate a clinical scenario) and 0.1% riboflavin
eye drops (10 mg riboflavin-5-phosphate in 10 mL dextran T-500
20%) were applied to the anterior corneal surface every 5 minutes,
beginning 30 minutes prior, and continuing during the UVA treatment.
One minute interval between anesthetic and riboflavin drops
was given.
Group 3 (riboflavin injected into the anterior chamber): 0.1%
riboflavin solution was injected into the anterior chamber through
a limbal port to allow the endothelial penetration of the drug. UVA
exposure was carried out after 30 minutes of the injection. Our
purpose was to indirectly analyze the role of the epithelium as a
UVA shield in the CXL process.
ULTRAVIOLET-A EXPOSURE
Ultraviolet-A irradiation (365 nm) was applied 45 mm from the
cornea for 30 minutes using a solid-state device (X-Link; Opto
Eletronica, Sao Carlos, Brazil) with a surface irradiance of 3 mW/cm 2 .
Total radiant exposure to the cornea was 5375 J/cm 2 . The surface
irradiance was guaranteed by the micro processed, continuous,
self-controlled monitoring system of the device that utilizes an
internal power meter. The UVA source consisted of a homogenized
9 mm beam that uses a capsulated, matrix light emitting diode as
its source.
IMMUNOFLUORESCENCE MICROSCOPY
After dissection with a 9 mm trephine, corneal buttons were
embedded in tissue freezing media (Leica Microsystems Inc., Bannockburn,
IL, USA) and immediately frozen at -70°C. Ultra-thin sections
(8 mm) were performed on a cryostat at -21°C.
After washing with phosphate-buffered saline (PBS), the slides
were incubated for 1 hour with the primary antibody anti-type I
collagen 1:500 (Calbiochem, Darmstadt, Germany) in PBS containing
1% bovine serum albumin (BSA) and 0.1% saponin. Afterwards, the
slides were washed in PBS and incubated with anti-mouse IgG secondary
antibody conjugated with AlexaFluor 488 (Molecular Probes,
Carlsbad, CA, USA) (1:300, 30 min). The slides were washed
and the nuclei were stained using DAPI (4,6-diamidino-2-fenilindole,
dihydrocloride - Molecular Probes) 1:1000 in PBS containing
0.1% saponin for 30 minutes. Sections were observed under a
Nikon E800 fluorescence microscope using a B-2E/C filter, 494 nm
wavelength for excitation and 518 nm for emission (Nikon, Melville,
NY, USA).
Images were digitized using a CoolSNAP-Pro charge-coupled
device (CCD) digital camera and Image-Pro Express Software (Media
Cybernetics, Silver Spring, Md., USA). Slides untreated with primary
antibodies were used as negative controls.
RESULTS
Macroscopically, only corneas from group 3 (riboflavin injected
into the anterior chamber) showed a yellow stromal staining, which
represents the riboflavin diffusion into the stroma (Figure 1). Microscopically,
porcine corneas from group 3 showed a greater pattern
of collagen organization compared to groups 1 (Control) and 2
(riboflavin + tetracaine eye drops). Interfiber spaces were similarly
displaced on groups 1 and 2, whereas in group 3, the collagen fibers
were more compacted on the anterior portion (Figure 2).
Immunofluorescence analysis using anti-collagen type-I and DAPI
for nuclei was performed to assess the organization of collagen
fibers and epithelium integrity respectively (Figure 2). DAPI was used
to assess the keratocytes and epithelial cells distribution rather
than to analyze apoptosis. The apoptosis reaches its peak after 24
hours. In our study, our samples were immediately submitted to
immunofluorescence microscopy after the experimental procedure.
Therefore, we assume that images suggesting apoptosis would not
be found in the present study. Collagen fibers appeared in green
and were higher organized on group 3 compared to the other
groups. The epithelial cells and keratocytes nuclei could be identified
as blue bodies.
DISCUSSION
The complete removal of the epithelium has been recommended
as an initial step of the CXL procedure since its lipophilic nature
reduces the diffusion of riboflavin into the corneal stroma (20-26) . Moreover,
the epithelium may block UV rays (27-29) . Despite this recommendation,
some ophthalmologists have adopted the “epi-on” technique,
with intact epithelium (13,14) . This technique, also called
transepithelial CXL, attempts to minimize possible complications
due to epithelial debridement such as corneal ulcer, infections,
haze as well as photophobia, prolonged recovery time and pain.
In the CXL process, the synergism of UVA rays and riboflavin is
crucial (20) . It is known that the corneal epithelium strongly absorbs
ultraviolet (UV) radiation due to high amounts of tryptophan residues
and high ascorbate content (28) . It protects deeper corneal structures
against UV damage by absorbing a substantial amount of the
irradiation applied to the eye. However, Kolozsvári et al. (29) reported
that the corneal epithelium has a significantly higher absorption
coefficient for UV rays with wavelengths shorter than 300 nm, thus
higher UV waveband, such as 365 nm used in CXL treatment, is
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):348-51
349
EFFECT OF CORNEAL EPITHELIUM ON ULTRAVIOLET-A AND RIBOFLAVIN ABSORPTION
Figure 1. Photographs of corneal buttons, both with intact epithelium. Left cornea: riboflavin was injected into the
anterior chamber. Right cornea: Topical tetracaine and riboflavin drops were instilled on the anterior surface of the cornea.
A B C
D E F
Figure 2. Immunofluorescence microscopy using anti collagen-I (A, B, C) and corresponding images of fluorescence microscopy for nuclei (DAPI)
(D, E, F). Original magnification X40. A) Control cornea, no treatment was performed. Arrows show the interfiber spaces. B) Group 2: Topical
riboflavin and tetracaine drops were applied. Arrows show the interfiber spaces. C) Group 3: Riboflavin solution was injected into the anterior
chamber. Note the reduced interfiber spaces compared to the other groups.
mainly absorbed by the corneal stroma and lens rather than by the
epithelium. To evaluate the role of the epithelium in the CXL process
as a potential UV filter, we injected riboflavin into the anterior
chamber, bypassing the epithelium. In spite of the lipophilic single
cell layer architecture of the endothelium, the stroma was stained
by the riboflavin (yellow), demonstrating that riboflavin crossed
the endothelium. It is known that the endothelium is permeable to
riboflavin (2,22) . This phenomenon is observed during the classic epioff
treatment by the presence of a yellow flare in the aqueous
humor after instillation of riboflavin. We clearly demonstrated that
corneas injected with riboflavin into the anterior chamber showed
higher organization of the collagen fibers compared to corneas with
intact epithelial basal membrane instilled with riboflavin and tetracaine
drops. Therefore, although the epithelium can partially
block the UV rays, the amount of UVA that reached the stroma was
sufficient for the occurrence of CXL.
Due to the pharmacological properties (hydrophilia) and its high
molecular weight (376.37 g/mol), riboflavin has a poor penetration
through the epithelium. In 2008, Bottós et al., (20) , demonstrated that
CXL did not occur in porcine eyes with intact epithelium. In their
study, however, riboflavin was instilled alone. Nevertheless, in a clinical
setting riboflavin is instilled with topical anesthetic, which may
increase epithelium permeability by disrupting tight junctions. In
the current study, however, even with the addition of tetracaine
we were still not able to detect CXL. Our results are in accordance
with previous reports. In 2008, Hayes et al. (21) used spectrophotometry
to assess the ability of the riboflavin to penetrate the epithelium.
They concluded that the presence of an intact epithelial basal
membrane acts as a barrier to riboflavin absorption, which is not
disrupted by trauma nor tetracaine eye drops. Samaras et al., (15) reported
that the absorption of riboflavin was still not adequate despite
350 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):348-51
BOTTÓS KM, ET AL.
the aggressive attempt to loosen the epithelial tight junctions with
20% alcohol or the grid-like pattern of de-epithelialization. In a
clinical study, Leccisotti et al. (14) found a limited but favorable effect
of transepithelial CXL in keratoconus eyes. They reported that this
effect appeared to be less pronounced than described in the
literature after CXL with de-epithelialization. Their approach involved
the preoperative use of other drugs such as: Ribomicin eye
drops, 0.3% gentamicin, 0.01% EDTA (ethylenediamine tetraacetic
acid), 0.01% benzalkonium chloride and 0.4% oxybuprocaine eye
drops. Since our goal was to follow the standard technique proposed
by Wollensak et al. (3) rather than test new modalities of transepithelial
CXL, these medications were not tested; therefore, our
results may not be applicable to these transepithelial techniques.
Safety should be carefully analyzed when using riboflavin drops
on an intact epithelium: even though the epithelium may protect
the underlying ocular structures by absorbing some amount of UV
rays (without impeding CXL effect), riboflavin penetration will be
impaired. It is well known that riboflavin is essential to CXL process,
not only by acting as a photosensitizer, but also by preventing the
harmful effects of irradiation (20,22,23) . This drug absorbs UVA preventing
injuries to deeper ocular structures such as the endothelium,
crystalline lens and retina. Wollensak et al. (7) determined the damage
threshold of the combination of UVA and riboflavin to be 0.35 mW/cm 2 ,
which is 10 times lower than UV alone (4 mW/cm 2 ). However, because
of the riboflavin shielding effect, the clinically applied UV irradiance
at the endothelium level is smaller than the damage threshold. An
adequate amount of riboflavin is of paramount importance because
it has an amplification effect on UVA absorption, thus reducing the
irradiance transmission through the cornea.
Immunofluorescence microscopy was proposed by Bottós et al. (20)
in 2008 as new approach to indirectly visualize the effect of collagen
cross-linking, which was later validated by other authors (30) .
Bottós et al. (20) addressed the isolated effect of riboflavin on the
collagen organization and corneal dehydration by applying 0,1%
riboflavin solution to de-epithelialized corneas without UVA exposure.
It is expected that 20% dextran may cause some stromal
dehydration. Therefore, the analysis of riboflavin solution alone is
important to clarify whether the stromal compaction was due to
dehydration or due to the CXL effect. It was not possible to distinguish
corneas receiving only riboflavin drops from those of the
control group (without any treatment), meaning that riboflavin
solution alone is not sufficient to cause the same level of collagen
organization than the CXL treatment with riboflavin/UVA in debrided
corneas. For this reason, in the present study, we assume that
the high collagen organization observed when riboflavin was injected
into the anterior chamber was a result from the CXL affect.
Limitations of this study include the small number of eyes tested
and the use of enucleated porcine corneas instead of human corneas.
Further studies addressing this issue should be performed, using a
larger sample of human eye-bank eyes.
The present study may have significant implications for the development
of future CXL techniques. As new transepithelial approaches
have been proposed, it is important to define which are the
critical steps for CXL effectiveness. Using immunofluorescence microscopy,
we demonstrated that the intact epithelial basal membrane
reduces the effect of CXL by preventing the penetration of the
drug and not by limiting the UVA transmittance. Therefore, our
study provides additional evidence that the CXL should be performed
either without the epithelium or by using an efficient method
to deliver riboflavin into corneal stroma.
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351
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL A RTICLE
Estudo de toxicidade retiniana após injeções intravítreas seriadas
de infliximabe em olhos de coelhos
A safety study of retinal toxicity after serial intravitreal injections of infliximab in rabbits eyes
ALAN RICARDO RASSI 1 , MOACYR PEZATI RIGUEIRO 2 , DAVID LEONARDO CRUVINEL ISAAC 1 , LETÍCIA DOURADO 2 , MURILO BATISTA ABUD 3 , ÉRICKA CAMPOS FREITAS 4 ,
LUCIANA BARBOSA CARNEIRO 5 , MARCOS PEREIRA DE ÁVILA 6
RESUMO
Objetivo: Determinar os níveis de toxicidade de duas e três aplicações intravítreas
de infliximabe na retina de coelhos albinos, por meio de exames clínicos oftalmológicos,
eletrorretinográficos e histológicos.
Métodos: Foram utilizados doze coelhos albinos divididos em dois grupos. No
primeiro grupo de 10 coelhos, cada olho recebeu duas (n=10 olhos) ou três injeções
(n=10 olhos) intravítreas de 2 mg de infliximabe dissolvidos em 0,06 ml de solução
salina, em intervalos mensais. Um segundo grupo de dois coelhos, que serviu como
grupo controle (n=4 olhos), foram submetidos a duas e três aplicações intravítreas
de BSS. Noventa dias após, os coelhos foram novamente submetidos a exame
oftalmológico (biomicroscopia, oftalmoscopia e tonometria), eletrorretinográfico e,
após enucleados, a exame histológico.
Resultados: O exame biomicroscópico e oftalmoscópico não revelou anormalidades
retinianas nos olhos injetados com infliximabe e no grupo controle. Alteração
histológica notada foi a presença de raros linfócitos e eosinófilos no vítreo posterior
em quatro e em seis olhos submetidos a duas e três aplicações de infliximabe sem
significado clínico. A única alteração clinicamente significante foi uma reação inflamatória
severa com presença de exsudatos vítreos na interface vítreo retiniana e discreto
edema de células ganglionares nos dois olhos de um único coelho, sem alterações no
vítreo posterior. Os exames eletrorretinográficos mostraram amplitudes em média
12-13% menores daquelas obtidas antes do tratamento, contudo não houve nenhuma
diferença estatisticamente significante quando comparamos as amplitudes e a latencia
entre os achados electrorretinográficos pré e pós-tratamento.
Conclusão: Duas e três aplicações intravítreas de infliximabe em olhos de coelhos
em intervalos mensais, na dosagem de 2 mg, não provocam alterações significantes
após um seguimento de noventa dias, quer no exame histológico, na eletrorretinografia
e na avaliação clínica oftalmológica. Conclui-se que doses seriadas de infliximabe
por via intravítrea é um procedimento seguro. Estudos clínicos em humanos devem
ser realizados para melhor avaliação da segurança do seu uso no tratamento de
determinadas doenças que acometem a retina e a coroide.
Descritores: Fator de necrose tumoral alfa; Injeções intravenosas; Retina; Doenças
retinianas/quimioterapia; Doenças da coróide/quimioterapia; Degeneração macular;
Anticorpos monoclonais/administração & dosagem; Eletrorretinografia; Animais;
Coelhos
ABSTRACT
Purpose: To determine retinal and choroid toxicity levels of two and three infliximab
intravitreous injections in albino rabbits by means of electroretinographic, histological
and ophthalmological clinical tests.
Methods: 12 albino rabbits were used in the study. Each eye was given two (n=10 eyes)
or three (n=10 eyes) serial intravitreous 2 mg infliximab injections dissolved in 0.06 ml of
saline, at monthly intervals. A separate group of rabbits (n=4 eyes) served as a control
group. Ninety days after the study had begun, the rabbits underwent clinical and electroretinographic
tests, and after being enucleated, the eyes were examined for histological
changes.
Results: Slit-lamp biomicroscopy and fundoscopic examination did not reveal any
significant retinal abnormalities in the eyes injected with infliximab and control eyes or in
pre- and post-treated eyes. The histological change that was noted was the presence of
rare lymphocytes and eosinophils in the posterior vitreous of some of the rabbits subjected
to two or three injections, but it was not considered clinically significant. A severe
inflammatory reaction with vitreous exudates and ganglion cell edema in a single rabbit
was clinically significant. The electroretinographic tests showed amplitudes that were on
the average 12-13% smaller than those obtained before the treatment, however, there
were no statistically significant differences when comparing the amplitude or the implicit
time between pre- and post-treatment electroretinographic findings.
Conclusion: Two and three intravitreous 2 mg infliximab injections in rabbits at monthly
intervals did not cause any changes after a 90-day follow-up, according to histological
and electroretinographic tests and after clinical evaluation. Differently from prior studies
that have investigated potential retinotoxicity effects after single administrations, this
study investigated the possibility of retinotoxicity after multiple injections. Clinical studies
in humans should be conducted to better evaluate the safety of this drug in the treatment
of certain diseases affecting the retina and the choroid.
Keywords: Tumor necrosis factor-alpha; Injections, intravenous; Retina; Retinal diseases/
drug therapy; Choroid diseases/drug therapy; Macular degeneration; Antibodies, monoclonal/administration
& dosage; Electroretinography; Animals; Rabbits
Submitted for publication: February 8, 2011
Accepted for publication: August 30, 2011
Study carried out at the Centro de Referência em Oftalmologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Goiás (CEROF/UFG).
1
Physician, Ophthalmology Department, Centro de Referência em Oftalmologia, Universidade
Federal de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
2
Physician, Pathology Department, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP),
Brazil.
3
Physician, Setor de Retina e Vítreo, Centro de Referência em Oftalmologia, Universidade Federal
de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
4
Physician, Setor de Eletrofisiologia, Centro de Referência em Oftalmologia, Universidade Federal
de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
5
Assistant, Setor de Eletrofisiologia, Centro de Referência em Oftalmologia, Universidade Federal
de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
6
Professor, Ophthalmology Department, Centro de Referência em Oftalmologia, Universidade Federal
de Goiás - UFG - Goiânia (GO), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: A.R.Rassi, None; M.P.Rigueiro, None; D.L.C.Isaac,
None; L.Dourado, None; M.B.Abud, None; E.C.Freitas, None; L.B. Carneiro, None; M.P.Ávila, None.
Correspondence address: Alan Ricardo Rassi. Rua T-48, 100 - Ap. 1101 - Setor Oeste - Goiânia
(GO) - 74140-130 - Brazil - E-mail: alanrassi@ipvisao.com.br
352 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6
RASSI AR, ET AL.
INTRODUÇÃO
Fator de necrose tumoral alfa (TNF) é uma citocina sintetizada
pelos macrófagos e linfócitos T, em resposta a infecções e injúrias
imunológicas. Liga-se a receptores da superfície das células, exacerbando
a inflamação e induzindo a liberação de outras citocinas
pró-inflamatórias sendo neutralizadas pela ação de citocinas antiinflamatórias
(1) . Estudo identificou importante papel do TNF na patogênese
da retinopatia diabética, degeneração macular relacionada
à idade (DMRI) e uveíte, permitindo assim prever que a utilização
de drogas antiTNF poderiam apresentar benefícios no seu
tratamento (2) . Experimentos realizados em coelhos mostraram que
TNF, pelas suas propriedades infamatórias, é capaz de induzir a
liberação do fator de crescimento vascular endotelial (VEGF). A
presença conjunta do TNF e VEGF foi determinada no endotélio e
paredes vasculares do tecido fibrovascular e vítreo de olhos com
retinopatia diabética proliferativa (3,4) . Em modelo animal tem sido
demonstrada a regressão de neovascularização, após tratamento
com drogas antiTNF (5) . Estudos em animais e humanos sugerem
que TNF tem importante papel no desencadeamento e manutenção
da uveíte experimental (6-8) . O papel pró-inflamatório do TNF na
uveíte é sustentado pela observação de que a injeção intraocultar
em coelhos induz a formação de uveíte (9,10) . Em humanos portadores
de uveíte, elevados níveis de TNF foram demonstrados no humor
aquoso coletado no intraoperatório (11) . Aumento dos níveis de TNF
foi encontrado em vasculites retinianas (doença de Behçet) e oftalmia
simpática (12) . A presença de inflamação tem sido demonstrada
em membrana neovascular removida cirurgicamente em pacientes
com degeneração macular relacionada à idade (DMRI)I (13-15) e
TNF tem sido encontrado em pacientes com degeneração DMRI (16) .
Infliximabe é um anticorpo monoclonal quimérico humano
murino que se liga ao TNF, levando à perda de sua bioatividade. É
administrado por via endovenosa e utilizado no tratamento da
artrite reumatoide (17) , doença de Crohn (18) , doença de Behçet (19) e espondilite
anquilosante (20) . Porém, efeitos adversos aparecem com
frequência, como o desenvolvimento de doenças infecciosas, malignas,
reações durante infusão endovenosa e desenvolvimento de
autoimunidade. Pacientes podem desenvolver anticorpos humanos
antiquiméricos (HACA) e antimurinos com o uso de infliximabe
(21) . Pacientes portadores de uveíte e doença de Behçet foram
tratados com infliximabe, por via endovenosa, e remissão do processo
inflamatório ocular tornou-se evidente em 24 horas, e sua
completa supressão, após sete dias, em todos os pacientes (22) . Foi
notado ainda que, em dois pacientes com artrite reumatoide e
DMRI, a infusão endovenosa de infliximabe causou regressão da
membrana neovascular (23) . Pacientes com diabetes tipo 2 portadores
de edema macular apresentaram melhora acentuada após uso
de infliximabe por via endovenosa (24) .
Com a administração intravítrea de infliximabe, obtêm-se concentrações
terapêuticas com mínima absorção sistêmica, diminuindo
os seus efeitos colaterais.
MÉTODOS
Foram estudados doze coelhos albinos, da raça New Zealand,
com protocolo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas Humanas
e Animais da Universidade Federal de Goiás. Eles foram
tratados de acordo com normas da Association for Research in Vision
and Ophthalmology (ARVO).
Os coelhos foram mantidos em gaiolas individuais, em ambiente
climatizado, e supervisionados por veterinário. Foram divididos
em um grupo com dez coelhos e o segundo grupo com dois coelhos,
que serviram como controle. Todos os olhos foram submetidos a
exames clínicos oftalmológicos (biomicroscopia, oftalmoscopia
binocular, tonometria) e eletrorretinográficos. Dois olhos do grupo
controle foram submetidos a duas aplicações de solução salina
balanceada (BSS), e os outros dois olhos, a três aplicações de BSS.
No outro grupo, dez olhos receberam duas aplicações de infliximabe
e dez olhos, três aplicações de infliximabe. O exame clínico
oftalmológico completo foi realizado no pré-operatório, após todas
as injeções intravítreas e trinta dias após a última aplicação. Os
exames eletrorretinográficos, antes da primeira aplicação, e 30 dias
após a última aplicação. Infliximabe (Remicade 100 mg TM ) foi reconstituída
com 3 ml de solução salina, tendo sido injetado em cada
olho 0,06 ml da solução (2 mg de infliximabe). Os animais foram
anestesiados com uma associação de cloridrato de xilazina e cetamina
por via intramuscular. As injeções intravítreas foram realizadas
a 2 mm do limbo supero-temporal. Os olhos foram dilatados com
fenilefrina e cicloplégico. Foi utilizado moxifloxacino colírio no pré
e pós-operatório. Os coelhos foram submetidos mensalmente a
injeções intravítreas (dias 1, 30 e 60). Noventa dias após a primeira
aplicação, foi realizado novo exame oftalmológico e eletrorretinográfico.
A eutanásia foi feita logo após, administrando cloreto de
potássio a 10%. Os olhos foram enucleados e fixados em solução de
formol a 10%, etanol a 70%, por mais de 24 horas e submetidos a
cortes com navalha, retirando-se fatia de aproximadamente 3 mm
de espessura, desde a córnea até o nervo óptico. Essas fatias foram
incluídas em parafina e realizados cortes em micrótomos na espessura
de 5 micrômetros. Os cortes foram corados pela técnica hematoxilina-eosina.
Exames foram realizados em microscópio óptico
Olympus, e as lâminas, fotografadas com câmera digital.
Eletrorretinografia (Figura 1) foi efetuada após dilatação e adaptação
ao escuro por dez minutos com luz de fundo da cúpula
contraste. O exame foi gravado no aparelho alemão Roland Consult,
em mesa adaptada para exames de animais. Foi utilizado eletrodo
corneano unipolar para animais, diâmetro de 11 mm. O eletrodo
negativo foi localizado na língua, e o terra, no pavilhão auricular. Foi
realizada fase fotópica para avaliação do sistema de cones, em sala
escura, após adaptação ao claro, com luz do fundo da cúpula, durante
dez minutos. Todos os estímulos foram repetidos três vezes com
flashes fotópicos. O sinal biológico foi amplificado e analisadas as
amplitudes pico a pico das ondas e tempo de latência. A diminuição
da amplitude maior que 30% foi considerada anormal.
RESULTADOS
RESULTADOS DOS EXAMES CLÍNICOS OFTALMOLÓGICOS
Os olhos não apresentaram opacificações corneanas e aumento
da pressão intraocular. Notou-se presença de pequena opacificação
de cristalino periférico em dois olhos, provocadas pelas injeções
intravítreas. Exame com oftalmoscópio binocular indireto não constatou
descolamento de retina, alterações na retina e no nervo óptico
ou presença de opacificações e sinais inflamatórios no vítreo.
RESULTADOS DOS EXAMES ELETRORRETINOGRÁFICOS
Nos exames das ondas a e b não foram encontradas diferenças
significativas tanto na morfologia quanto nas amplitudes dessas
ondas. O eletrorretinograma revelou presença de ondas detectáveis
durante todo o exame em todos os grupos, com resposta
normal, tanto em relação à amplitude quanto ao tempo implícito
das ondas a e b. Essas respostas ocorreram no exame inicial e noventa
dias após a injeção de infliximabe e BSS em todos os grupos. Em
nenhum momento, houve redução significativa ou ausência de
resposta ao eletrorretinograma pelo estímulo utilizado. A medida
das ondas a e b não revelaram alterações morfológicas e funcionais
em nenhum dos grupos.
RESULTADOS DOS EXAMES HISTOLÓGICOS
Não foram encontrados descolamento e edema de retina e
nem percebidas alterações histológicas na retina sensorial, epitélio
pigmentar e coroide de todos os olhos estudados. Não se constataram
sinais de atrofia e edema tanto nas células como na espessura das
camadas retinianas e da coroide (Figura 2). Uma pequena alteração
encontrada em quatro e seis olhos submetidos a duas e três aplicações
de infliximabe respectivamente foi a presença, no vítreo, de
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6
353
ESTUDO DE TOXICIDADE RETINIANA APÓS INJEÇÕES INTRAVÍTREAS SERIADAS DE INFLIXIMABE EM OLHOS DE COELHOS
Figura 1. Eletrorretinografia de dois olhos de um coelho.
Wilcoxon. Em todas as comparações efetuadas não foram encontradas
diferenças estatisticamente significantes entre a primeira e a
segunda visita.
ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS AVALIAÇÕES HISTOLÓGICAS
Como só houve alterações nos olhos de um único coelho, o teste
exato de Fisher mostrou um valor de p de 1.0, ou seja, não houve
diferença estatística entre os olhos submetidos à injeção de BSS e duas
e três aplicações de infliximabe. Como só houve alteração nos dois
olhos de um único coelho, ela não é estatisticamente significativa.
Figura 2. Exame histológico de retina sem alterações.
raros linfócitos e eosinófilos, sem comprometimento retiniano e
sem significado clínico (Figura 3). Uma única alteração clinicamente
significativa encontrada nos dois olhos de um único coelho que
foi submetido a duas e três aplicações de infliximabe, foi uma
reação infamatória com presença de fibrina no vítreo posterior,
sem alterações na camada de células ganglionares e no restante do
vítreo (Figura 4).
ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS AVALIAÇÕES ELETRORRETINOGRÁFICAS
Para avaliar as diferenças entre as duas visitas, primeiro, realizou-se
o teste F de homogeneidade de variância. Quando não foi
encontrada diferença de variâncias, utilizou-se o teste T pareado
para efetuar as comparações entre as visitas. Após análise pelos
testes estatísticos, observou-se um único caso em que houve diferença
de variâncias ocorrido na comparação entre a primeira e a
segunda visita para P1 (20 ms) de olho direito e, nesse caso, foi utilizado
alternativamente o teste não paramétrico de postos com sinais de
DISCUSSÃO
A administração intravítrea de drogas tem sido utilizada com
constante frequência para o tratamento de diversas doenças que
acometem a retina, a coroide e o vítreo. Em geral, essa via é segura
e com menor incidência de efeitos colaterais sistêmicos quando
comparada à oral ou à endovenosa, pois a administração direta da
droga na cavidade vítrea proporciona maior concentração terapêutica
e menor biodisponibilidade sistêmica.
Os primeiros trabalhos com infliximabe intravítreo foram feitos
em coelhos albinos (25) . Diferentes doses foram injetadas no vítreo, e
estudos clínicos, eletrorretinográficos e histológicos indicaram que
dosagem de 1,7 mg provou ser segura para a retina. Doses acima
de 3,3 mg causaram significante edema do nervo óptico. Em outro
estudo (26) , doses crescentes de injeções intravítreas de infliximabe
mostrou, após 45 dias, alterações nas células de retina com doses
superiores a 5 mg. Concluiu-se que 2 mg é uma dose segura para a
retina de coelhos. Estudos realizados em coelhos, com a indução de
uveíte com uso de endotoxina da salmonela (27) demonstraram que o
uso de infliximabe intravítreo, além de não provocar toxicidade,
suprimia a inflamação provocada pela endotoxina.
A primeira experiência com o uso de infliximabe por via intravítrea
em pacientes com DMRI foi relatada em um artigo (28) em que
os autores apresentaram um estudo realizado em três pacientes
que não obtiveram bons resultados com ranibizumabe mas quando
submetidos a duas aplicações intravítreas de infliximabe, houve
melhoria na acuidade visual e diminuição da espessura foveolar,
com utilização de uma dosagem de 2 mg, sem efeitos colaterais. Um
segundo estudo em humanos (29) utilizando dosagem bem menor
(0,5 mg) em dois pacientes com retinopatia diabética e edema
354 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6
RASSI AR, ET AL.
Figura 3. Exame histológico mostrando presença de linfócito.
Figura 4. Presença de reação inflamatória na interface vitreorretiniana.
macular, e dois com DMRI e membrana neovascular, constatou-se
piora da acuidade visual e do edema macular, com alterações no
eletrorretinograma.
Entretanto, duas diferenças devem ser ressaltadas entre os dois
estudos: no primeiro (29) , os pacientes tinham recebido somente uma
dose de ranibizumabe e, no outro (30) ,várias doses de medicamentos
antiangiogênicos já haviam sido utilizadas sem sucesso, e dois pacientes
já tinham tido reações inflamatórias após o uso de triancinolona
e bevacizumabe. Outra diferença significativa entre os dois
estudos consistiu na dosagem mais alta (2 mg x 0,5 mg) usada no
primeiro trabalho (29) . Sabe-se que quando infliximabe é utilizado
por via sistêmica, paradoxalmente, dosagens mais altas têm menor
possibilidade de provocar o desenvolvimento de anticorpos humanos
antiquiméricos (HACAs) (21) . Trabalho publicado recentemente
utilizando 1,5 mg de infliximbe intravítreo em pacientes portadores
de uveite crônica não infeciosa não mostrou reação inflamatória
em nenhum dos olhos examinados, com melhora tanto da acuidade
visual como do edema macular (30) .
Um protocolo clínico, financiado por National Eye Institute, está
recrutando participantes para determinar se infliximabe ou outras
drogas imunossupressoras podem ser usadas no tratamento de membrana
neovascular em DMRI.
Os estudos do uso de infliximabe intravítreo em coelhos, até o
presente momento, utilizaram sempre uma única aplicação com
resultados convincentes da segurança dessa droga (25,26) . O presente
estudo avaliou os efeitos eletrofisiológicos e histológicos da retina
de coelhos após duas e três aplicações de infliximabe, em intervalos
mensais. O volume e a dosagem utilizados (0,06 ml/2 mg) foram
bem tolerado pelos olhos dos coelhos, não causando aumento da
pressão intraocular. A única alteração histológica notada foi a presença
no vítreo de raros linfócitos e eosinófilos, sem significado
clínico. Foram encontradas tanto em olhos submetidos a duas como
a três aplicações de infliximabe.
Esses achados não apresentaram alterações histológicas na retina
sensorial, epitélio pigmentar e coroide, seja na morfologia das
células ou na espessura das camadas. Provavelmente, trata-se somente
de uma discreta reação inflamatória vítrea ou micro-hemorragias
causada pela injeção, não tendo significado clínico e não
representando reação tóxica ao medicamento.
Em dois olhos de um mesmo coelho, submetido a duas e três
aplicações de infliximabe notou-se reação inflamatória bem mais
acentuada, com aparecimento de material fibrinoide no vítreo
posterior, sem comprometimento da retina sensorial, que pode ou
não estar relacionado ao uso do medicamento, mas sem valor
estatístico. Possíveis razões para a resposta inflamatória à injeção
intravítrea de infliximabe incluem reações ao anticorpo monoclonal,
a proteínas desconhecidas ou a contaminações presentes com o
uso da droga.
O infliximabe é um anticorpo monoclonal 35% murino e 65%
humano, diferente do bevacizumabe e ranibizumabe, que são totalmente
humanos. Por causa de sua composição, ele pode incitar
uma reação imunogênica e levar à produção de anticorpos, sobretudo
se a dosagem inicial for baixa ou não sustentada. É também
possível que impurezas proteicas ou contaminações desconhecidas
tenham sido responsáveis pela reação inflamatória. Deve-se ter em
mente também que infliximabe, por ser um anticorpo com proteínas
humanas e murinas, pode levar a reações inflamatórias com
menor frequência em humanos do que em coelhos, já que os dois
anticorpos são estranhos a essa espécie animal.
Como não houve alterações na morfologia das ondas a e b antes
e após as injeções, a função eletrorretinográfica da retina não foi
alterada com o uso da droga. Os estudos de todas as lâminas
obtidas dos olhos dos coelhos não revelaram a presença de alterações
nas diversas camadas da retina, o que corrobora a não toxidade
do uso intraocular de duas e três aplicações de infliximabe.
CONCLUSÃO
Após avaliação dos exames clínico-oftalmológicos, anatomopatológicos
e eletrorretinográficos pode-se afirmar que duas e três
injeções intravítreas de infliximabe na dosagem de 2 mg, em intervalos
mensais, não provocam alterações tóxicas nas retinas de coelhos.
A única alteração encontrada foi a presença de raros linfócitos
e eosinófilos clinicamente insignificantes no vítreo, decorrentes ou
de uma pequena reação inflamatória ou, mais provavelmente a
micro-hemorragias em reabsorção causadas pelo trauma cirúrgico
das injeções intravítreas. Não houve comprometimento na estrutura
histológica das camadas sensoriais retiniana e do nervo óptico.
Em um único coelho submetido a duas e três aplicações de infliximabe,
foi encontrada uma reação fibrinoide, sem comprometimento
das camadas da retina sensorial e sem valor estatístico
significante. Essa alteração só foi detectada ao exame anatomopatológico,
não tendo sido visualizada ao exame oftalmoscópico.
Conclui-se que duas ou três injeções de infliximabe intravítreo
na dosagem de 2 mg mostram-se seguras em coelhos, por não
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6
355
ESTUDO DE TOXICIDADE RETINIANA APÓS INJEÇÕES INTRAVÍTREAS SERIADAS DE INFLIXIMABE EM OLHOS DE COELHOS
produzirem alterações tóxicas no seu tecido retiniano e coroide.
Estudos clínicos devem ser realizados para melhor avaliação da segurança
do uso dessa substância, por via intravítrea, em seres humanos.
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356 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):352-6
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Perfil dos portadores de cavidade anoftálmica - estudo na Faculdade de Medicina
de Botucatu - UNESP
Profile of patients with anophthalmic cavity - study at Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
SILVIA NARIKAWA 1 , KRYSCIA LEIKO NATSUAKI 1 , JULIANA FRUET 2 , CARLOS ROBERTO PADOVANI 3 , SILVANA ARTIOLI SCHELLINI 4
RESUMO
Objetivo: Avaliar o perfil dos portadores de cavidade anoftálmica e a evolução dos
pacientes com os tratamentos empregados.
Métodos: Estudo retrospectivo, realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu,
avaliando-se o perfil e a evolução dos portadores de cavidade anoftálmica, tratados
no serviço. Os dados foram estudados segundo frequência de ocorrência e análise de
associação.
Resultados: Os portadores de cavidade anoftálmica eram mais frequentemente
em homens, trabalhadores em atividades exercidas com as mãos, jovens. O trauma
e a phthisis bulbi foram as causas mais encontradas, havendo diferenças de acordo
com a faixa etária e sexo. O índice complicações foi alto (57,1% dos casos), a maioria
ocorrendo tardiamente.
Conclusões: O trauma continua sendo causa importante de perda do olho. As
complicações que ocorrem durante o acompanhamento do portador de cavidade
anoftálmica são frequentes e ocorrem, em geral, tardiamente, o que reforça a
necessidade de acompanhamento periódico e prolongado destes pacientes.
Descritores: Anoftalmia/cirurgia; Anoftalmia/complicações; Seguimentos; Resultado
de tratamento
ABSTRACT
Purpose: To evaluate the profile of anophthalmic cavity carriers and patients’ evolution
with the employed treatments.
Methods: Retrospective study carried out at Faculdade de Medicina de Botucatu, to
evaluate the profile and the evolution of patients with anophthalmic cavity treated in our
service. Data were evaluated according to the frequency of occurrence and analysis of
association.
Results: Anophthalmic cavity was more frequently observed in young males, workers in
activities carried on with their hands. Trauma and phthisis bulbi were the most frequent
causes, with differences according to age and gender. The complications were high
(57.1% of cases), the majority occurred belatedly.
Conclusions: Trauma is still an important cause of loss of the eye. The complications
during the follow-up of the patient are frequent, occurring in general, very late, which
reinforces the need for periodic and prolonged monitoring of patients with anophthalmic
cavity.
Keywords: Anophthalmos/surgery; Anophthalmos/complications; Follow-up studies;
Treatment outcome
INTRODUÇÃO
A cavidade anoftálmica é uma condição frequente nos serviços
especializados em plástica ocular, podendo ser o resultado de
afecções congênitas ou adquiridas. O tratamento adequado dos
portadores de cavidade anoftálmica tem sido um desafio para
muitos profissionais, que lutam para devolver pelo menos a aparência,
já que a função está perdida em definitivo (1-3) .
A cavidade anoftálmica congênita é uma anomalia rara. Pode
ser unilateral ou bilateral e a severidade das deformidades é variável.
A malformação pode ter diferentes graus, indo desde a anoftalmia
clínica, quando existe um olho microftálmico, muitas vezes
não detectado no exame clínico de rotina, até a ausência do bulbo
ocular que ocorre devido à falha completa na formação da vesícula
óptica, chamada de anoftalmia verdadeira (4) .
A falta do bulbo ocular ou o bulbo microftálmico levam ao não
desenvolvimento da órbita, resultando em assimetria facial. Nesses
pacientes, o tratamento tem como objetivo primordial estimular o
crescimento adequado da órbita, assim como expandir a cavidade (1,2,5) .
A cavidade anoftálmica adquirida pode ser resultado de diversas
causas como trauma, glaucoma, tumor, endoftalmite, entre
outros. Estudo realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu, no
período entre 1990 e 1998, mostrou que naquela região as causas
mais frequentes de cavidade anoftálmica adquirida eram a phthisis
bulbi, endoftalmite e trauma (6) .
É importante que o portador de anoftalmia seja reabilitado
para conseguir retornar às suas atividades cotidianas e sociais. A
cirurgia, quando necessária, deve ser realizada visando sempre a
melhor condição para adaptação de uma prótese externa, que
proporcione uma aparência cosmética aceitável e a preservação da
função das pálpebras (1) .
A enucleação e a evisceração são as técnicas utilizadas para a
remoção do bulbo ocular ou do seu conteúdo. A longo prazo, o
portador de cavidade anoftálmica desenvolve enoftalmo, aumento
Submitted for publication: January 26, 2011
Accepted for publication: September 27, 2011
Study carried out at Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Julio de
Mesquita Filho” - UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
1
Physician, Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço -
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” -
UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
2
Student, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita
Filho” - UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
3
Professor, Departamento de Bioestatística, Instituto de Biociências de Botucatu, Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” - UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
4
Professor, Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço,
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” -
UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: S.Narikawa, None; K.L.Natsuaki, None; J.Fruet,
None; C.R.Padovani, None; S.A.Schellini, None.
Correspondence address: Silvana Artioli Schellini. Dep. OFT/ORL/CCP - Faculdade de Medicina
de Botucatu - UNESP - Botucatu (SP) - 18618-970 - Brazil - E-mail: sartioli@fmb.unesp.br
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):357-60
357
PERFIL DOS PORTADORES DE CAVIDADE ANOFTÁLMICA - ESTUDO NA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP
da profundidade e elevação do sulco palpebral superior, ptose e
flacidez da pálpebra inferior caracterizando a síndrome da cavidade
anoftálmica (2) . Portadores de cavidade anoftálmica, mesmo após as
cirurgias reconstrutivas, podem apresentar alterações na aparência (1,7) .
Para a reconstrução dessas cavidades existem diversos tipos de
implantes, lisos ou porosos, de diversos materiais, como os confeccionados
em polimetilmetacrilato, silicone, polietileno, hidroxiapatita,
vidro, entre outros. Podem necessitar de envoltório, podendo-se
utilizar esclera doadora, fáscia lata ou periósteo (8) .
A utilização dos diversos materiais, assim como a escolha dos
procedimentos a serem realizados, dependem da disponibilidade
e de alguns fatores relacionados ao próprio portador de cavidade
anoftálmica. O resultado final também pode ser variado, conforme
fatores relativos à causa da perda do olho ou de seu conteúdo, tipo
de cirurgia efetuada e resposta do hospedeiro (9) .
A remoção do bulbo ocular ou do seu conteúdo acarreta alterações
na anatomia e na fisiologia da órbita, afetando a aparência, a
função da cavidade e, principalmente, a mobilidade das pálpebras
e da prótese (10) .
É bastante frequente encontrar indivíduos que sofrem contração
da cavidade anoftálmica, com depressão da pálpebra superior
e/ou retração da pálpebra inferior (11) .
E muitas complicações podem ocorrer durante o acompanhamento
do paciente, sendo mais frequentemente relatadas a exposição,
associada ou não a extrusão do implante, infecções, granuloma
piogênico e secreção (8) .
Estudos a respeito do perfil do portador de cavidade anoftálmica,
assim como a resposta aos tratamentos realizados, poderiam
informar quais seriam os pontos mais importantes a serem considerados
para melhor tratar o paciente.
dados de 107 pacientes, dos quais 75 eram homens e 32, mulheres.
Houve uma frequência maior de ocorrência de perda do olho ou de
seu conteúdo nas idades superiores a 40 anos (31,9%) e entre 21 a
40 anos de idade (29,8%). Os pacientes com idade menor que 10
anos corresponderam a 25,5% da amostra e o restante apresentavase
entre 10 a 20 anos.
O trauma foi a causa mais encontrada (38,5%), seguido de
phthisis bulbi (17,7%). A distribuição de acordo com o sexo apontou
o trauma como causa mais frequente na população masculina e
na feminina, phthisis bulbi (Gráfico 1).
Na população menor que 10 anos, encontrou-se uma frequência
maior de tumores como causa principal. Já na população com
idade entre 10 a 40 anos a causa mais encontrada foi o trauma; e nos
mais velhos, com idade maior que 40 anos, a endoftalmite foi a mais
frequente (Gráfico 2).
Com relação ao tipo de atividade, na população masculina a
perda do olho ou de seu conteúdo estiveram mais associadas com
os trabalhadores que utilizam principalmente a força física e as
mãos (40,8%); e, na feminina, uma ocorrência maior de profissionais
classificados em outras categorias (51,9%).
A grande maioria dos portadores de cavidade anoftálmica
apresentou acuidade visual no olho contralateral entre 0,7 e 1,0
(77,6%). Foi encontrada uma ocorrência de 9,2% indivíduos que
apresentavam visão subnormal no olho contralateral, ou seja,
acuidade visual menor 0,3 no melhor olho. Os indivíduos que apresentavam
acuidade visual no olho contralateral maior que 0,3 ti-
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil dos portadores de
cavidade anoftálmica, assim como a evolução dos pacientes com os
tratamentos empregados.
MÉTODOS
Este foi um estudo retrospectivo, os dados foram coletados a
partir dos prontuários dos portadores de cavidade anoftálmica, atendidos
no ambulatório de Plástica Ocular da Faculdade de Medicina
de Botucatu - UNESP. O serviço funciona há 25 anos e o estudo
procurou levantar os casos que chegaram ao serviço no período de
1988 a 2006, totalizando 167 casos dos quais foram excluídos os
casos cujos prontuários apresentavam-se inativos e com informações
incompletas. Assim, foram selecionados 107 casos para o
presente estudo.
Os dados avaliados foram: profissão e sexo do paciente, causa da
perda do olho, idade da perda do olho, acuidade visual no olho
contralateral, tipo de cirurgia realizada, tipo de implante utilizado,
complicações precoces (considerado até um ano da perda ocular) ou
tardias, realização ou não de outros procedimentos, como enxertos
de pele e dermoadiposo, aspecto estético e tempo de seguimento.
Com relação à profissão, os trabalhadores foram classificados de
acordo com o tipo de tarefa que desempenhavam, levando-se em
conta se o indivíduo utilizava principalmente a força física, se realizava
trabalhos primariamente manuais ou se as atividades eram
mais relacionadas ao intelecto. As crianças, os aposentados e desempregados
foram separados em uma categoria à parte.
Os dados obtidos foram transferidos para Planilha Excel, tendo
sido analisados estatisticamente segundo a frequência de ocorrência
e testes de associação.
Gráfico 1. Distribuição das causas de perda do olho ou do seu conteúdo, segundo o
sexo - UNESP, 2010.
RESULTADOS
Após revisão, observou-se que 107 prontuários estavam adequados
para inclusão no estudo. Desta forma, foram analisados
Gráfico 2. Distribuição das causas de perda do olho ou do seu conteúdo, segundo a
idade da perda - UNESP, 2010.
358 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):357-60
NARIKAWA S, ET AL.
veram como principal causa de perda do olho o trauma (43,8%)
seguido pela phthisis bulbi (17,2%) e endoftalmite (16,6%). Já aqueles
cuja acuidade visual no olho contralateral foi menor ou igual a
0,3, apresentaram como principais causas de perda do olho o
glaucoma (33,3%) e a endoftalmite (33,3%).
Com relação ao tipo de cirurgia realizada, foi encontrada uma
frequência de evisceração discretamente maior (52,2%) que a enucleação
(46,7%). Houve um caso de anoftalmia congênita.
As complicações foram encontradas em 57,1% dos casos, dos
quais a mais frequente foi a extrusão e deiscência (36,5%), seguida
de perto pelas deformidades palpebrais (30,8%). A maioria das
complicações ocorreu tardiamente, mais frequentemente quando
a cavidade havia se originado de trauma, seguida de phthisis bulbi
(Quadro 1). Dentre as enucleações, a alteração palpebral foi o tipo
de complicação mais frequente (47,8%), e, dentre as eviscerações, a
extrusão foi a mais encontrada (56,0%).
O implante mais utilizado nas cirurgias foi o de polimetilmetacrilato
(47,2%) seguido do de polietileno (24,5%). O tamanho da
prótese esférica utilizada variou do diâmetro 15 ao 20, sendo que
em 48,2% dos casos foram introduzidos implantes com tamanho
menor ou igual a 17 e, em 51,8% foram utilizadas esferas de tamanho
18 ao 20.
Foi necessário realizar enxerto de pele na cavidade anoftálmica
de 30,0% dos pacientes e enxerto dermoadiposo, em 32,1%. A
necessidade destes enxertos foi mais notada quando a perda do
olho ocorreu pós trauma, seguida de phthisis bulbi. Na maioria dos
casos, o aspecto estético (considerando-se o volume e a simetria
como critérios para avaliação) foi bom após as cirurgias (Gráfico 3).
Uma parcela significativa dos pacientes (84,6%) conseguiu realizar
adaptação de prótese externa.
Em relação ao tempo de acompanhamento dos pacientes no
serviço, 50,0% estiveram em acompanhamento por mais de cinco
anos e 34,0% acompanharam por um período de um a cinco anos; o
restante perdeu acompanhamento com menos de um ano, a partir
da data da primeira consulta, sendo que alguns deles já haviam
chegado ao serviço com cirurgias prévias.
DISCUSSÃO
Estudos retrospectivos pecam pela falta de dados padronizados
disponíveis. Entretanto, este tipo de avaliação é muito útil, em
especial para nos trazer experiência com determinados procedimentos,
técnicas e materiais e muitas vezes a conduta de serviços é
alterada em decorrência do que a análise dos casos nos mostra.
Indiscutivelmente o tratamento da cavidade anoftálmica tem
se modificado muito nos últimos anos, assim como o perfil demográfico
dos pacientes, uma vez que os tratamentos oftalmológicos
têm se tornado mais e mais eficientes. Há falta destes dados na
literatura nacional, o que nos estimulou a nos lançarmos na revisão
dos nossos casos.
Neste estudo e em todos os levantamentos que versam sobre
cavidade anoftálmica ou sobre trauma ocular, o sexo masculino é
apontado como o mais acometido (12) , muito provavelmente devido
ao fato de o homem estar mais exposto a atividades de risco, a
esportes violentos, envolvidos em violência urbana ou acidentes de
trânsito (13) .
Dentre as causas de perda do olho ou de seu conteúdo, o
trauma foi a mais frequente, seguido da phthisis bulbi, o que também
foi encontrado em outro estudo (12) . Já, a população feminina
apresentou principalmente a phthisis bulbi como causa, cabendo
ressaltar que a causa do processo que evoluiu para a atrofia ocular
pode ser variada e não foi aqui apurada.
Quando se avalia a causa da perda do olho e associação com
bilateralidade, o glaucoma e a endoftalmite apareceram como as
duas principais doenças, reforçando a import6ancia destas afecções
como causa de cegueira.
A avaliação da associação da profissão com a possiblidade de
perda da função visual muitas vezes se faz difícil porque são muitas
as atividades dos indivíduos, tornando-se difícil categorizá-las.
Desta forma, os indivíduos foram classificados de acordo com atividades
que envolvem o uso das mãos ou atividades intelectuais.
Com este tipo de classificação, foi possível observar que a perda do
olho ocorreu mais em sujeitos que utilizam a força física e indivíduos
do sexo masculino, o que pode estar associado ao maior porcentual
de causas de perda do olho ou de seu conteúdo decorrentes do
trauma.
O trauma foi a principal causa de perda ocular em homens de
10 a 40 anos, faixa etária que inclui principalmente indivíduos em
idade produtiva e jovens, como concluíram outros autores (12) . Em
crianças, a causa mais encontrada foi tumor. O trauma, seguido dos
tumores, também corresponde a uma parcela significativa na
etiologia de cavidades anoftálmicas na infância, o que é justificado
pelo fato de que crianças estão mais expostas a processos traumáticos
devido a atividades lúdicas que envolvem movimentação física
e a acidentes domésticos.
A frequência de eviscerações foi discretamente maior em relação
a de enucleações. Atualmente preconiza-se a realização de
evisceração ao invés da enucleação sempre que possível pela maior
preservação de estruturas orbitárias, exceto em casos de tumores e
atrofia bulbar intensa. A ocorrência de extrusões foi maior em
eviscerações, comparado a enucleações, resultado semelhante ao
de outros (13,14) . No nosso serviço, houve um número maior de eviscerações,
provavelmente por se acreditar na menor manipulação
das estruturas orbitárias com este tipo de procedimento. O maior
número de complicações neste grupo de indivíduos pode ter acontecido
justamente por se ter realizado maior número de eviscerações
do que de enucleções.
As complicações ocorreram em 57,1% dos casos, dentre as quais
as tardias foram as mais encontradas. Apesar de parecer muito
grande este número, há que se considerar o longo tempo de seguimento
dos pacientes. O achado de complicações nas causas traumáticas
também foi maior com relação às outras causas, o que pode
estar associado a outras deformidades associadas, como as fraturas
ósseas.
A minoria dos indivíduos necessitou de enxertias para expandir
os fundos-de-saco. O enxerto de pele ou dermoadiposo estiveram
Quadro 1. Distribuição das complicações após a reconstrução da cavidade anoftálmica segundo época em que ocorreu e a causa
de perda do olho ou do seu conteúdo - UNESP, 2010
Frequência (relativa e absoluta)
Causa da perda do olho ou de seu conteúdo
Complicação Glaucoma Phthisis bulbi Endoftalmite Úlcera de córnea Trauma Tumor Outros Total
Precoce (5 casos) 0020,0% (1) 0 0040,0% (2) 0020,0% (1) 0020,0% (1) 0 0 100%
Tardia (39 casos) 0005,1% (2) 023,08% (9) 0007,7% (3) 0005,1% (2) 00041,0% (16) 0010,3% (4) 0007,7% (3) 100%
Precoce e tardia (1 caso) 0 100,00% (1) 0 0 0 0 0 100%
Ausente (38 casos) 0010,5% (4) 018,40% (7) 00026,3% (10) 0005,3% (2) 00026,3% (10) 0010,5% (4) 0002,6% (1) 100%
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):357-60
359
PERFIL DOS PORTADORES DE CAVIDADE ANOFTÁLMICA - ESTUDO NA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP
força física e as mãos. Com relação à técnica cirúrgica, foi encontrado
um porcentual discretamente maior de eviscerações do que de
enucleações, com maior número de complicações nas eviscerações,
provavelmente por ter sido este tipo de cirurgia o mais realizado.
As complicações foram frequentes, muitas aparecendo tardiamente,
reforçando a necessidade de acompanhamento prolongado dos
pacientes.
Gráfico 3. Associação do aspecto estético da cavidade anoftálmica de acordo com as
causas de perda do olho ou do seu conteúdo - UNESP, 2010.
associados a bom aspecto estético da maioria das cavidades anoftálmicas
estudadas.
Na opinião dos autores, portadores de cavidade anoftálmica
devem ser acompanhados por toda a vida, uma vez que o quadro é
evolutivo e modificações que levam à necessidade de trocas dos
implantes ou complicações, podem ser observadas no decorrer do
seguimento. Entretanto, muitos abandonam o tratamento, o que
também pode influenciar negativamente nas avaliações dos nossos
resultados.
CONCLUSÃO
Os resultados do presente trabalho indicam que o trauma
continua sendo a principal causa de perda do olho em nosso meio,
ocorrendo principalmente em homens, que trabalham utilizando a
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360 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):357-60
ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE
Análise discriminante dos pacientes portadores de glaucoma primário de
ângulo aberto através do exame de Doppler colorido e do campo visual
Discriminant analysis of patients with primary open-angle glaucoma by color
Doppler exam and visual field
MARIA HELENA MANDELLO CARVALHÃES RAMOS 1 , OLIVIER BERGÉS 2 , JOÃO ANTONIO PRATA JR. 3 , NORMA ALLEMANN 4
RESUMO
Objetivo: Determinar se as variáveis obtidas com exame Doppler colorido associadas
às de campo visual são capazes de discriminar olhos normais de olhos glaucomatosos.
Métodos: Foram avaliados prospectivamente 36 pacientes portadores de
glaucoma primário de ângulo aberto em uso de medicação antiglaucomatosa
(grupo glaucoma) e 20 voluntários normais (grupo controle). Analisou-se a distribuição
dos grupos quanto ao sexo, idade, espessura corneana central, pressão
intraocular, índices globais da perimetria computadorizada Octopus (“mean defect”
e “loss variance”) e os parâmetros do Doppler colorido (velocidade sistólica máxima
e índice de resistência).
Resultados: Não houve diferença estatística significativa entre os grupos em relação
à idade, espessura corneana e pressão intraocular. A análise discriminante
mostrou que as variáveis: índice de resistência (IR) da artéria ciliar curta posterior
(ACCP), “mean defect” (MD) e “loss variance” (LV) apresentaram influência estatisticamente
significativa para o diagnóstico positivo de glaucoma. A função discriminante
obtida foi: -3,637 + 0,109 MD + 0,028 LV + 4,325 IR ACCP. A probabilidade do
diagnóstico positivo do glaucoma a partir do “score” -1,61 foi de 90%.
Conclusão: Foi possível identificar através da análise discriminante, quais das variáveis
do Doppler colorido que, associados às do campo visual, permitiram diferenciar
pacientes glaucomatosos de normais. Essas variáveis foram: índice de resistência
da artéria ciliar curta posterior e índices da perimetria computadorizada “mean
defect” e “loss variance”.
Descritores: Glaucoma de ângulo aberto; Ultrassonografia doppler em cores/métodos;
Pressão intraocular; Velocidade do fluxo sanguíneo/fisiologia
ABSTRACT
Purpose: To determine if variables from color Doppler and visual field exam could
discriminate normal from glaucomatous eyes.
Methods: Prospectively, 36 patients with primary open-angle glaucoma (glaucoma
group) and 20 normal volunteers (control group) were studied. Gender, age, central
corneal thickness, intraocular pressure, Octopus automated perimetry global indices
(mean defect and loss variance) and several parameters of the color Doppler (peak
systolic velocity and resistivity index) were compared between groups.
Results: There was no statistically significant difference in age, central corneal thickness
and intraocular pressure. Discriminant analysis showed that the variables: resistivity index
(RI) in the short posterior ciliary artery (SPCA), mean defect (MD) and loss variance (LV)
had presented significant influence for the positive diagnosis of glaucoma. The gotten
discriminant function was: -3.637 + 0.109 x MD + 0.028 x LV + 4.325 x RI SPCA.
Considering score -1.61, the probability of positive diagnosis of glaucoma was 90%.
Conclusion: Through discriminant analysis it was possible to identify which of the color
Doppler variables that associated to the visual field variables allowed differentiate
normal from glaucomatous patients. These variables were: resistivity index in the short
posterior ciliary artery, and the visual field variables, mean defect and loss variance.
Keywords: Glaucoma, open-angle; Ultrasonography, doppler, color/methods; Intraocular
pressure; Blood flow velocity/physiology
INTRODUÇÃO
O diagnóstico do glaucoma baseia-se na história clínica, tonometria
(medida da pressão intraocular), gonioscopia, avaliação da
cabeça do nervo óptico, avaliação da camada de fibras nervosas da
retina e avaliação do campo visual (1,2) . Entretanto, algumas vezes,
esta propedêutica não permite a diferenciação entre suspeitos e
glaucomatosos. Desta forma, diversas propedêuticas e estratégias
têm sido desenvolvidas no intuito de permitir o diagnóstico mais
preciso e precoce do glaucoma. Dentre elas, destacam-se modernas
técnicas para avaliação anatômica ou funcional das estruturas
envolvidas no dano glaucomatoso (3-6) .
Dentre as novas propedêuticas para avaliação funcional, especial
atenção recai sobre o Doppler colorido que permite a avaliação
da circulação sanguínea retrobulbar. O Doppler colorido é um método
de imagem não invasivo que associa a ecografia modo B em
tempo real à técnica Doppler, permitindo assim a análise das características
do fluxo sanguíneo dos vasos retrobulbares (7-12) .
Birinci et al. (11) e Rankin et al. (13) estudaram pacientes com glaucoma
primário de ângulo aberto (GPAA) com pressão intraocular (PIO)
controlada (PIO
ANÁLISE DISCRIMINANTE DOS PACIENTES PORTADORES DE GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO ATRAVÉS
DO EXAME DE DOPPLER COLORIDO E DO CAMPO VISUAL
artéria central da retina (ACR) e das artérias ciliares curtas posteriores
(ACCP) em comparação com o grupo controle.
Akarsu & Bilgili (14) encontraram uma diminuição da VSM e da
VDF e aumento do IR na ACR, na artéria oftálmica (AO) e na ACCP
em pacientes com GPAA. Neste estudo, os pacientes portadores de
hipertensão ocular apresentaram diferença estatística significativa
apenas no IR da ACCP em relação ao grupo controle.
Na literatura, alterações dos vasos retrobulbares encontradas
através do Doppler têm sido correlacionadas com o campo visual,
porém até o momento nenhum estudo foi realizado procurando
estabelecer o diagnóstico do glaucoma utilizando os índices globais
da perimetria computadorizada com os parâmetros obtidos
através do Doppler colorido.
O objetivo deste estudo é identificar quais das variáveis obtidas
com exame Doppler colorido que, associadas às de campo
visual, possam permitir discriminar olhos normais de
glaucomatosos.
(Philips HDI - Scientific Meical Systems, Bothell, EUA com sonda
linear de 5-12 MHz). O intervalo de tempo máximo entre o exame
de perimetria computadorizada e de Doppler colorido foi de 7
dias. Analisou-se a distribuição dos grupos quanto ao sexo, idade,
espessura corneana central, pressão intraocular (PIO), índices globais
da perimetria computadorizada (“mean defect” e “loss variance”)
e os diversos parâmetros do Doppler colorido (velocidade sistólica
máxima da artéria central da retina, índice de resistência da artéria
central da retina e artéria ciliar curta posterior) (Figuras 1-4).
Foram aplicados os testes t de Student para estudo das variáveis
quantitativas entre os grupos e o teste exato de Fisher para o
estudo das variáveis qualitativas. Para as variáveis que tinham informações
que diferenciavam os grupos controle e glaucoma, empregou-se
a análise discriminante.
MÉTODOS
Foi realizado a estratégia de pesquisa estudo de caso
de 36 pacientes portadores de glaucoma primário de
ângulo aberto em uso de medicação antiglaucomatosa
(grupo glaucoma) e 20 voluntários normais (grupo controle)
no período de maio de 2002 a maio de 2003.
Definiu-se como paciente portador de glaucoma primário
de ângulo aberto, aquele que apresentava as seguintes
características: presença de alteração do nervo
óptico (NO) e alteração de campo visual (CV) típicas de
glaucoma, pressão intraocular maior que 21 mmHg sem
uso de medicação e ângulo da câmara anterior aberto
com aparência normal.
A alteração do NO foi caracterizada pela presença de
pelo menos 2 dos seguintes critérios: E/D maior que 0,6
em seu maior eixo, perda localizada da rima neural
(“notch”), hemorragia do disco óptico ou assimetria de
escavação >0,3.
Definiu-se como defeito de CV glaucomatoso os seguintes
critérios: 3 ou mais pontos adjacentes em um
mesmo hemisfério com perda maior ou igual a 5 decibéis
(dB), sendo que em 1 destes pontos a perda era maior ou
igual a 10 dB ou 3 ou mais pontos adjacentes no meridiano
horizontal nasal apresentando diferença de 5 dB
ou mais do mesmo grupo de pontos no hemisfério oposto.
Todos os campos analisados apresentavam índices de
confiabilidade aceitáveis. No grupo de portadores de
GPAA foram incluídos todos os tipos de defeito campimétrico:
inicial, moderado ou avançado.
Critérios de exclusão dos pacientes: uveíte, cirurgia
intraocular prévia, hipertensão arterial, diabetes, síndrome
de Raynaud, arterite de células gigantes ou enxaqueca.
Todos os pacientes portadores de GPAA que participaram
desta pesquisa estavam em uso de medicação
antiglaucomatosa (maleato de timolol a 0,5% e/ou tartarato
de brimonidina a 0,2%).
Para o grupo controle foram selecionados pacientes
hígidos que apresentavam os seguintes critérios: PIO entre
10 e 20 mmHg; E/D menor que 0,5, CV dentro dos padrões
da normalidade e exame fundoscópico e à lâmpada
de fenda compatível com a normalidade.
Em todos os grupos, apenas um olho de cada paciente
foi escolhido de forma aleatória. Todos os pacientes foram
submetidos a exame de acuidade visual, tonometria,
oftalmoscopia, paquimetria ultrassônica, perimetria computadorizada
(Perímetro Octopus 1-2-3, estratégia dinâmica
e programa G1) e análise do fluxo sanguíneo dos
vasos retrobulbares através do aparelho Doppler colorido
Figura 1. Registro doppler velocimétrico do complexo artéria/veia central da retina de um índivíduo
normal. Observa-se um componente arterial (seta fina) pulsátil acima da linha horizontal e o componente
venoso (seta) laminar, abaixo da linha horizontal. Controle 28.
Figura 2. Registro doppler velocimétrico da artéria ciliar curta posterior de um indivíduo normal. A
análise espectral desta artéria fornece um componente exclusivamente positivo (seta). Controle 28.
362 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):361-4
RAMOS MHMC, ET AL.
RESULTADOS
Não houve diferença estatística significante entre os grupos em
relação à idade (p=0,155), a espessura corneana central (p=0,147) e
a pressão intraocular (p=0,112). A média de idade do grupo de
pacientes com GPAA foi de 62,9 ± 7,1 anos e do grupo controle foi
de 60,6 ± 6,9 anos. As médias da PIO foram 17,2 ± 5,1 mmHg nos
olhos dos pacientes do grupo glaucoma e 15,5 ± 2,6 mmHg no
grupo controle.
Em relação aos parâmetros do campo visual o “mean defect”
(MD) médio do grupo controle foi de -0,6 ± 1,1 dB e de 14,2 ± 8,1 dB
no grupo glaucoma (p=0,001). O “loss variance” (LV) médio do
grupo controle foi de 2 ± 1,1 dB e 23,8 ± 24,4 dB no grupo glaucoma
(p=0,001).
Considerando-se os parâmetros provenientes do exame de
Doppler colorido, a média da velocidade sistólica máxima (VSM) da
artéria central da retina (ACR) analisada através do Doppler colorido
foi 10,6 ± 3,3 cm/s no grupo glaucoma (Figura 1) e 12,8 ± 2,8 cm/s
no grupo controle (p=0,014) (Gráfico 1).
Figura 3. Registro doppler velocimétrico do complexo artéria/veia central da retina do paciente 7
portador de GPAA. Observa-se, na análise espectral, uma diminuição da velocidade sistólica máxima
(seta).
Figura 4. Registro doppler velocimétrico da artéria ciliar curta posterior de um paciente portador de
GPAA. Observa-se na análise espectral um aumento do índice de resistência (seta). Paciente 56.
A média do índice de resistência (IR) da ACR do grupo glaucoma
foi de 0,75 ± 0,1 e do grupo controle foi de 0,63 ± 0,03
(p=0,01) (Gráfico 2).
As médias do IR da artéria ciliar curta posterior (ACCP) no
grupo glaucoma e no grupo controle foram, respectivamente, 0,67 ±
0,1 e 0,54 ± 0,03 (p=0,001) (Gráfico 3).
A análise discriminante mostrou que as variáveis: IR da ACCP,
MD e LV apresentaram influência estatisticamente significante para
o diagnóstico positivo de glaucoma. A função discriminante obtida
foi: -3,637 + 0,109 MD + 0,028 LV + 4,325 IR ACCP. A partir do
“score” -1,61 a probabilidade do diagnóstico positivo do glaucoma
foi de 90%.
DISCUSSÃO
Na literatura, alterações dos vasos retrobulbares encontradas
através do método de exame Doppler colorido têm sido correlacionadas
com o campo visual, porém até o momento nenhum estudo
foi realizado procurando estabelecer o diagnóstico do
glaucoma utilizando esses parâmetros da forma que foi
empregada neste estudo. A análise discriminante mostrou
que as variáveis: índice de resistência (IR) da artéria
ciliar curta posterior (ACCP), “mean defect” (MD) e “loss
variance” (LV) apresentam influência estatisticamente
significante para o diagnóstico positivo de glaucoma. A
equação discriminante (-3,637 + 0,109 MD + 0,028 LV
+ 4,325 IR ACCP) obtida apresentou, a partir do “score”
-1,61, uma probabilidade de diagnóstico positivo do
glaucoma de 90%.
Guthoff et al. (15) mostraram, através do aumento agudo
da PIO pelo método de sucção escleral, uma relação
positiva entre a PIO e o IR da ACR. Joos et al. (16) demostraram,
em sua pesquisa com aumento artificial da PIO em
voluntários normais, que as características hemodinâmicas
da artéria ciliar curta posterior são dependentes da
PIO, ou seja, observaram um aumento do IR e uma diminuição
da VSM e da VDF com aumento da PIO.
Harris et al. (17) estudaram a circulação retrobulbar através
do Doppler colorido de 125 voluntários sem alteração
ocular, com idade entre 20 e 90 anos e encontraram aumento
do índice de resistência da artéria ciliar curta posterior
em pacientes do sexo feminino em relação à idade.
Doughty & Zaman (18) , através de um estudo de metaanálise,
demonstraram que 10% de diferença na espessura
corneana é capaz de alterar a PIO em aproximadamente
3,5 mmHg.
Silva et al. (19) , estudaram a circulação retrobulbar através
do Doppler colorido de pacientes com glaucoma em
uso de tartarato de brimonidina a 0,2% e encontraram
um aumento da VSM e VDF na artéria oftálmica do olho
direito e redução do IR da AO do olho esquerdo. Nos
demais vasos estudados não foi encontrada alteração
significante.
No presente estudo, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significante entre os grupos quanto
às variáveis com possível influência sobre o fluxo sanguíneo
ocular (PIO, paquimetria, idade), o que reforça a homogeneidade
dos grupos.
Cellini et al. (20) dividiram os pacientes portadores de
GPAA com PIO controlada com medicação antiglaucomatosa
em dois grupos de acordo com as alterações dos
índices globais: grupo A (menos alterado) e grupo B (mais
alterado). Os pacientes do grupo B apresentaram alterações
mais importantes do índice de resistência da artéria
ciliar curta posterior em comparação com o grupo A.
Liu et al. (21) estudaram 25 pacientes portadores de
GPAA com PIO controlada (PIO
ANÁLISE DISCRIMINANTE DOS PACIENTES PORTADORES DE GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO ATRAVÉS
DO EXAME DE DOPPLER COLORIDO E DO CAMPO VISUAL
Gráfico 1. Gráfico de distribuição da velocidade sistólica máxima (VSM) (cm/s) da artéria
central da retina (ACR), no grupo de pacientes portadores de glaucoma primário de
ângulo aberto (GPAA) e no grupo controle. As barras horizontais externas representam
os valores mínimo e máximo; as barras horizontais delimitam a caixa, o 1º e 3º quartil; e
a barra horizontal no interior da caixa representa a mediana.
Gráfico 3. Gráfico de distribuição do índice de resistência (IR) da artéria ciliar curta posterior
(ACCP), no grupo de pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto
(GPAA) e no grupo controle. As barras horizontais representam os valores da mediana,
mínimo e máximo; as barras verticais representam os valores do índice de resistência.
CONCLUSÃO
No presente estudo, foi possível identificar, através da análise
discriminante, quais das variáveis obtidas através do Doppler colorido
(índice de resistência da artéria ciliar curta posterior) que, associadas
às variáveis do campo visual (“mean deviation” e “loss variance”),
permitiram discriminar pacientes glaucomatosos de normais,
independentemente do estabelecimento do controle medicamentoso
da pressão ocular.
Gráfico 2. Gráfico de distribuição do índice de resistência (IR) da artéria central da retina
(ACR), no grupo de pacientes portadores de glaucoma primário de ângulo aberto
(GPAA) e no grupo controle. As barras horizontais externas representam os valores
mínimo e máximo; as barras horizontais delimitam a caixa, o 1º e 3º quartil; e a barra
horizontal no interior da caixa representa a mediana.
ção antiglaucomatosa e classificaram esses pacientes como portadores
de glaucoma inicial e avançado conforme as alterações dos
índices globais apresentados no campo visual. Os pacientes portadores
de glaucoma inicial apresentaram diminuição da velocidade
sistólica máxima apenas na artéria ciliar curta posterior. Os pacientes
portadores de glaucoma avançado apresentaram diminuição da
velocidade sistólica máxima e da velocidade diastólica final e
aumento do índice de resistência tanto na artéria central da retina
quanto na artéria ciliar curta posterior.
No presente estudo, foi encontrado, mesmo com o controle da
PIO, diferença estatística dos parâmetros do fluxo sanguíneo da
artéria central da retina e da artéria ciliar curta posterior medidos
através do Doppler colorido entre os grupos controle e glaucoma,
sendo este resultado concordante com os estudos apresentados
por Birinci et al. (11) , Rankin et al. (13) e Akarsu & Bilgili (14) .
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364 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):361-4
RELATO DE CASOS | CASE R EPORTS
Carcinoma de Meibômio como segundo tumor em portadores
de retinobastoma: relato de dois casos
Eyelid tumor in anophthalmic socket due to retinoblastoma: report of two cases
SILVIA NARIKAWA 1 , MARIÂNGELA ESTHER ALENCAR MARQUES 2 , SILVANA ARTIOLI SCHELLINI 3
RESUMO
O retinoblastoma pode acometer um ou os dois olhos, ocorrendo de forma hereditária
ou esporádica. O portador dessa doença pode desenvolver, a longo prazo, outros
tipos de tumores não oculares. Relatamos dois pacientes: o filho, portador de
cavidade anoftálmica bilateral após remoção dos olhos devido ao retinoblastoma,
que apresentou segundo tumor palpebral unilateral, afetando a pálpebra superior;
e o pai, portador de cavidade anoftálmica unilateral também por remoção de
retinoblastoma e que apresentou tumoração de crescimento rápido na pálpebra
superior ipsilateral ao olho enucleado. O exame imuno-histoquímico de ambas as
lesões excisadas revelou que se tratava de carcinoma de glândulas sebáceas. Os
pacientes evoluíram bem após a remoção do tumor palpebral e, até o momento,
não apresentam sinais de recidiva ou metástase.
Descritores: Anoftalmia; Retinoblastoma; Adenocarcinoma sebáceo; Neoplasias palpebrais;
Relato de casos; Humanos; Masculino; Adulto; Meia-idade
ABSTRACT
Retinoblastoma is a unilateral or bilateral intraocular tumor, occurring as a hereditary or
sporadic tumor. Another not ocular lesion is a possibility for retinoblastoma carriers. The
authors report the cases of two patients: a son with bilateral anophthalmic socket due to
retinoblastoma, who presented unilateral upper eyelid tumor; and his father with unilateral
anophthalmic socket secondary to enucleation due to retinoblastoma and a tumor
growing fast in the upper eyelid at the same side of the anophthalmic cavity. Lesions were
diagnosed as sebaceous carcinoma confirmed by immunohistochemical exam. Both
patients had the eyelid tumors removed, with good resolution. None of them have
presented either signs of recurrence or metastasis.
Keywords: Anophthalmos; Retinoblastoma; Adenocarcinoma, sebaceous; Eyelid neoplasms;
Case reports; Humans; Male; Adult; Middle aged
INTRODUÇÃO
O retinoblastoma é a neoplasia intraocular mais comum na infância.
Ocorre de duas formas: esporádica ou hereditária, podendo
afetar um ou ambos os olhos (1) . Cerca de dois terços de todos os
casos são unilaterais e um terço, bilaterais (2) .
Crianças portadoras de retinoblastoma apresentam risco para
três condições que podem ameaçar a vida: metástase do retinoblastoma,
tumor intracraniano (retinoblastoma trilateral) e tumores secundários
não oculares (2) .
Indivíduos com retinoblastoma hereditário possuem aproximadamente
4% de chance de desenvolver um câncer secundário durante
os primeiros 10 anos de seguimento, 18% durante os primeiros
20 anos e 26% dentro de 30 anos (3) .
Crianças com mutação germinal no gene RB1 que sobreviveram
ao retinoblastoma hereditário, possuem alto risco de desenvolverem
outros tumores primários e também outras neoplasias não
oculares (4) .
Os tumores secundários mais frequentes nesses casos são o osteossarcoma,
hemangiopericitoma, condrossarcoma, rabdomiossarcoma,
neuroblastoma, glioma, leucemia, carcinoma de glândula sebácea,
carcinoma espinocelular e melanoma (2) .
O retinoblastoma deve ser visto não apenas como um câncer
intraocular, mas também como um protótipo de câncer hereditário
em humanos (4) .
Este relato de caso está sendo feito por estarmos acompanhando
dois portadores de cavidade anoftálmica após remoção do olho
devido ao retinoblastoma e que apresentaram carcinoma sebáceo
palpebral como segundo tumor. O fato mais sui generis destes dois
casos é que se trata de pai e filho.
RELATO DE CASOS
CASO 1
RTK, masculino, 31 anos, descendente de japoneses, natural de
Mirandópolis - SP. Portador de cavidade anoftálmica bilateral desde
os três anos de idade, secundária a enucleação devido a retinoblastoma
bilateral. Este é o único filho de mãe sadia e pai que teve
retinoblastoma unilateral. Em outubro de 2007 foi atendido no
serviço de Plástica Ocular da Faculdade de Medicina de Botucatu -
UNESP, com queixa de lesão na pálpebra superior do olho esquerdo,
em crescimento há um ano. No exame o paciente apresentava
extensa lesão elevada, acometendo toda a placa tarsal da pálpebra
superior, de cor amarelada, sem sinais flogísticos e com cílios palpebrais
normais, endurecida à palpação (Figura 1). Foi feita a hipótese
diagnóstica de carcinoma sebáceo, diagnóstico confirmado por
exame citológico por raspado da lesão tarsal, que foi positivo para
neoplasia, sugestivo de carcinoma. O paciente foi então submetido
à cirurgia para exérese do tumor com ampla margem de seguran-
Submitted for publication: January 26, 2011
Accepted for publication: August 1, 2011
Study carried out at the Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP.
1
Physician, Ophthalmology Department, Otorrinolaringologia e Cabeça e Pescoço, Faculdade de
Medicina, Universidade Estadual Paulista - UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
2
Physician, Pathology Department, Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP - Botucatu (SP),
Brazil.
3
Professor, Ophthalmology Department, Otorrinolaringologia e Cabeça e Pescoço, Faculdade de
Medicina, Universidade Estadual Paulista - UNESP - Botucatu (SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: S.Narikawa, None; M.E.A.Marques, None; S.A.Schellini,
None.
Correspondence address: Silvana Artioli Schellini. Depto de OFT/ORL/CCP - Faculdade de Medicina
de Botucatu - UNESP - Campus Universitário Botucatu - (SP) - 18609-970 - Brazil
E-mail: sartioli@fmb.unesp.br
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):365-7
365
CARCINOMA DE MEIBÔMIO COMO SEGUNDO TUMOR EM PORTADORES DE RETINOBASTOMA: RELATO DE DOIS CASOS
ça, seguida de reconstrução total da pálpebra superior do olho esquerdo
usando retalhos e enxertos. O exame anatomopatológico
da lesão excisada foi compatível com neoplasia maligna pouco
diferenciada, de células epitelióides, com margens livres. O estudo
imuno-histoquímico foi positivo para os anticorpos AE1/AE3, EMA,
CD 15, Breast - 2 e p 63 (Figuras 2 e 4), definindo o diagnóstico de
carcinoma de glândulas sebáceas.
CASO 2
SK, masculino, descendente de japoneses, natural de Mirandópolis
- SP, 63 anos, pai do paciente descrito no caso 1. Também
portador de cavidade anoftálmica à esquerda, devido à remoção
do olho por retinoblastoma. Em março de 2009 foi atendido com
queixa de surgimento de nódulo na pálpebra superior esquerda há
três meses. No exame, apresentava lesão endurecida, sem sinais
flogísticos, localizada na placa tarsal da pálpebra superior esquerda.
Foi feita a hipótese diagnóstica de carcinoma sebáceo e submetido
à cirurgia para exérese do tumor (Figura 3, A e B).
Foi feita a exérese do tumor com reconstrução da pálpebra
superior esquerda. O anatomopatológico da lesão excisada foi
compatível com carcinoma sebáceo, com margens livres. O estudo
imuno-histoquímico foi positivo para os anticorpos EMA, CEA, CD
15 e Breast - 2 (Figuras 2 e 4).
DISCUSSÃO
O retinoblastoma atualmente possui prognóstico bom, com a
cura em cinco anos da maioria das crianças tratadas, desde que o
diagnóstico seja precoce e o tratamento efetivo. Com a sobrevida a
longo prazo, existe o risco de se desenvolver um segundo tumor
não ocular (1) , risco esse, aumentado pelo uso da radioterapia (5) .
Figura 1. Aspecto da lesão palpebral do paciente RTK.
A
B
Figura 2. Imagem do exame imuno-histoquímico, coloração para CD15, mostrando positividade difusa, com marcação de membrana nas células tumorais, tanto no paciente RTK (A),
como no SK (B). AB 400X.
A
B
Figura 3. A) Aspecto da lesão palpebral do paciente SK. B) Lesão do paciente SK imediatamente após exérese.
366 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):365-7
NARIKAWA S, ET AL.
A
B
Figura 4. Antígeno de membrana epitelial (EMA) fortemente positivo nas células tumorais. A) Paciente RTK, B) Paciente SK.ABC 200X.
Nos casos relatados, os portadores de cavidade anoftálmica
secundária ao retinoblastoma apresentaram, em idades diferentes,
um segundo tumor não ocular, provavelmente devido a sua associação
com a mutação no gene RB1. O tumor apresentado por esses
pacientes foi o carcinoma de glândulas sebáceas, localizado nas
pálpebras superiores, ambos com apresentação unilateral.
O carcinoma de glândulas sebáceas é uma neoplasia maligna
que apresenta agressividade local e pode evoluir com metástases
para linfonodos e órgãos distantes. Ocorre principalmente na pálpebra
superior e sua apresentação clínica mais comum é como um
nódulo solitário, firme, indolor e fixo ao tarso (6) . A conjuntiva tarsal é
acometida em 100% dos casos (7) .
O estudo imuno-histoquímico no carcinoma sebáceo é positivo
para o antígeno de membrana epitelial (EMA) (8) , o que ocorreu em
ambos os casos.
Como a maioria dos tumores palpebrais são benignos e o carcinoma
sebáceo pode mimetizar uma condição inflamatória local
como um calázio ou blefarite, muitos pacientes sofrem com a demora
no diagnóstico (7,8) , como ocorreu no caso 1 (RTK), que foi diagnosticado
após um ano do surgimento da lesão, apesar de ter sido
avaliado por vários especialistas, e nos chegou com lesão extensa,
acometendo toda a pálpebra superior e até parte da inferior.
O prognóstico do carcinoma sebáceo é similar ao do carcinoma
espinocelular da pele (9) . Felizmente, nos dois casos relatados, o diagnóstico
foi feito em tempo de se remover com sucesso toda a lesão.
Até o momento, ambos os pacientes não apresentaram sinais de
recidiva ou metástases para linfonodos locais.
CONCLUSÃO
Os casos relatados reforçam a conhecida tendência de apresentação
de segundo tumor em portadores de retinoblastoma. Ambos
tiveram a remoção do tumor na infância, sendo o filho portador de
lesão bilateral e o pai unilateral. Ambos tiveram carcinoma de
células sebáceas na pálpebra, com evolução favorável até o presente
momento.
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Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):365-7
367
RELATO DE CASO | CASE R EPORT
Long term follow-up of acute multifocal hemorrhagic retinal vasculitis
(Blumenkranz syndrome): case report
Síndrome de vasculite retiniana hemorrágica multifocal aguda (síndrome de Blumenkranz)
com seguimento a longo prazo: relato de caso
MIGUEL HAGE AMARO 1 , AARON BROCK ROLLER 2 , CESAR TAVARES MOTTA 3 , MARIO MARTINS DOS SANTOS MOTTA 4
ABSTRACT
Purpose: To report a 16-year long-term follow-up of a patient with acute multifocal
hemorrhagic retinal vasculitis (Blumenkranz syndrome). A 21-year old male was seen
in 1994 with acute multifocal hemorrhagic retinal vasculitis (Blumenkranz syndrome),
first in the left eye, and later in the right eye. He was treated with retinal photocoagulation
in areas of retinal ischemia and oral steroids, followed by sequential annual
fundus examination and photography for 16 years. Vision improved to 20/25 in both
eyes after retinal ischemic areas photocoagulation and oral steroids, and his vision
has been maintained for 16 years. Photocoagulation of retinal ischemia and oral
steroids are effective for the treatment of acute multifocal hemorrhagic retinal
vasculitis (Blumenkranz syndrome).
Keywords: Purpura, Schoenlein-Henoch; Retinal vasculitis; Vasculitis; Light coagulation;
Retinal hemorrhage; Case report
RESUMO
Relato de caso com acompanhamento por 16 anos de um paciente com a vasculite
hemorrágica multifocal aguda (síndrome de Blumenkranz). Um paciente de 21 anos de
idade foi diagnosticado em 1994 com a vasculite hemorrágica multifocal aguda (síndrome
de Blumenkranz), primeiro no olho esquerdo e depois no olho direito. Foi tratado com
fotocoagulação retiniana nas áreas retinianas isquêmicas e corticosteroide oral e seguido
por exames complementares da retina por 16 anos. A visão melhorou para 20/25 em
ambos os olhos após a fotocoagulação retiniana nas áreas isquêmicas da retina e
corticosteroide oral permanecendo assim até o momento por 16 anos. A fotocoagulação
retiniana nas áreas isquêmicas e o uso de corticosteróide oral são tratamentos efetivos
para a vasculite hemorrágica multifocal aguda (síndrome de Blumenkranz).
Descritores: Púrpura de Schoenlein-Henoch; Vasculite retiniana; Vasculite; Fotocoagulação;
Hemorragia retiniana; Relato de caso
INTRODUCTION
Acute multifocal hemorrhagic retinal vasculitis (Blumenkranz syndrome)
is an uncommon disease that was first described in seven
patients over a 5-year period to 1988 (1) .
These patients have features including subtle hemorrhagic multifocal
retinal vasculitis, frequently in the posterior segment and predominantly
in men. The syndrome is bilateral, but with a degree of
asymmetric involvement that causes abrupt visual loss in the affected
eye without systemic symptoms or a proven systemic etiology.
Other signs of this disease are retinal hemorrhage that appears to
result from vasculitic occlusion of the retinal veins, papillitis, nonconfluent
posterior retinal infiltrates, vitreous cellular inflammation
and late complications such as secondary vitreous hemorrhage,
neovascularization, epiretinal membrane, rubeosis iridis, and neovascular
glaucoma.
These symptoms are similar to those in a variety of other disorders
such as Behçet’s disease (2,3) , ocular syphilis (4) , ocular toxoplasmosis
(5) , Eales’ disease (6) , sarcoidosis (7,8) and viral diseases (9-12) , but Blumenkranz
syndrome occurs in otherwise healthy patients.
Final visual acuity in patients with Blumenkranz syndrome ranges
from 20/20 to light perception. Seven of 14 eyes in the first
description of the disease had visual acuity of 20/40 or better.
The aim of this case report is to show the most long-term follow-up
of a patient with Blumenkranz syndrome, who was initially reported
in 1994 (13) .
CASE REPORT
A 21-year-old man was seen in 1994 and referred for further
evaluation after abrupt visual loss in the left eye. Examination at that
time demonstrated visual acuity of 20/400 in the left eye and 20/20
in the right. Slit-lamp examination demonstrated clear cornea with
1+ cell and flare in the anterior chamber of the right eye. No keratic
precipitates were seen, and intraocular pressure was 16 mmHg in
the left eye and 14 mmHg in the right. The left eye showed intraretinal
hemorrhages in the posterior pole. Fluorescein angiography
demonstrated a combination of blocked fluorescence and retinal
capillary non-perfusion in areas of hemorrhage (Figure 1). Fluorescein
angiography of the right eye was normal (Figure 2).
Laboratory evaluation included a normal leukocyte count and
hematocrit, Wintrobe’s sedimentation rate of 41, a non-reactive
rapid plasma reagin test and fluorescent antibody titer, and normal
SMA 6, chest X-ray, liver function tests, lumbar puncture, and electrocardiography.
The patient had negative IgG and IgM titers for
toxoplasmosis. Fluorescent antinuclear antibody and VDRL test were
negative for syphilis. Total T and B cell counts and helper/suppressor
cell ratio were within normal limits. Serum antibodies to herpes
simplex virus, cytomegalovirus and Epstein-Barr virus were not found.
Results of serum immunoelectrophoresis were normal, and skin
biopsy after histamine administration was negative.
The patient was treated with oral prednisone (40 mg/day) and
acyclovir (400 mg every 8 h), but no visual improvement occurred.
Submitted for publication: November 18, 2010
Accepted for publication: February 18, 2011
Study carried out at Instituto de Olhos e Laser de Belém (PA), Brazil.
1
Physician, Instituto de Olhos e Laser de Belém (PA), Brazil.
2
Physician, Retina Service, University of Iowa, USA.
3
Physician, Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO - Rio de Janeiro (RJ), Brazil.
4
Professor, Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO - Rio de Janeiro (RJ), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: M.H.Amaro, None; A.B.Roller, None; C.T.Motta, None;
M.M.S.Motta, None.
Correspondence address: Miguel Hage Amaro. Rua Quintino Bocaiuva, 516 - Belém (PA) - 66053-
240 - Brazil - E-mail: miguelhamaro@yahoo.com.br
368 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):368-70
AMARO MH, ET AL.
Figure 1. Fluorescein angiography demonstrated a combination of blocked fluorescence
and retinal capillary non-perfusion in areas of hemorrhage due multiples hemorrhagic
vaso-occlusions.
Figure 3. Right eye 30 days after, the fluorescein angiography demonstrated a combination
of blocked fluorescence and retinal capillary non-perfusion in areas of hemorrhages
due multiple hemorrhagic retinal vaso-occlusions.
Figure 2. Fluorescein angiography of the right eye was normal.
Figure 4. Multiples laser scars after 16 years later in the left eye.
We decided to treat areas of retinal ischemia with photocoagulation
and to maintain therapy with oral steroids. After 1 month, the
final visual acuity in the left eye was 20/25. After 1 month of treatment,
a new subtle visual loss occurred in the right eye and visual
acuity was 20/400. Slit-lamp examination revealed the same clinical
findings as in the right eye: clear cornea, 1+ cell and flare in
the anterior chamber, no keratic precipitates, and intraocular pressure
of 15 mmHg in the right eye and 15 mmHg in the left. Intraretinal
hemorrhages were seen in the posterior pole. Fluorescein angiography
demonstrated a combination of blocked fluorescence and retinal
capillary non-perfusion in areas of hemorrhages (Figure 3).
We decide to treat the patient with oral prednisone (40 mg/day)
and areas of retinal ischemia with photocoagulation, resulting in
final visual acuity of 20/25 after 1 month. Figures 4, 5 and 6 show the
scars of retinal photocoagulation.
DISCUSSION
We present an unusual case of the most long-term follow-up of
16 years of a 21-year-old man with acute multifocal hemorrhagic
retinal vasculitis, after treatment with photocoagulation of retinal
ischemia and oral steroids.
In our patient, oral prednisone and retinal photocoagulation were
effective, but acyclovir was ineffective. This represents the best
model to treat the initial form of this disease. Final visual acuity
improved in both eyes to 20/25, and our results agree with those
obtained in 50% of the cases in the first description of this disease (1) .
The clinical features of this disease resemble the ocular findings
of several other diseases, including Behcet’s disease, Eales’ disease,
sarcoidosis, syphilis, toxoplasmosis, and herpes simplex and other
viral diseases. However, laboratory results for this patient were negative
at initial presentation and remained so at follow-up, indicating
that he was otherwise healthy and had no other ocular or systemic
involvement.
If our patient had Behçet’s disease, his clinical and systemic findings
failed to satisfy the diagnostic criteria. The cause of Behçet’s
disease is unknown. Numerous causes have been proposed, including
infection, toxins, and genetic factors. No virus has been isolated
to date. An autoimmune and genetic cause has gained acceptance.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):368-70
369
LONG TERM FOLLOW-UP OF ACUTE MULTIFOCAL HEMORRHAGIC RETINAL VASCULITIS (BLUMENKRANZ SYNDROME): CASE REPORT
Behçet’s disease have been used, and this lack of agreement has
hindered the interpretation of different studies. A new international
study group (14) has agreed upon diagnostic criteria for Behçet’s
disease. These criteria require the presence of oral ulceration plus
any two of the following: genital ulceration, typical eye and skin
lesions, a positive skin test for pathergy. None of these was present
in our patient. Moreover, if this was a viral disease, the failure of
acyclovir was contradictory.
Blumenkranz syndrome appears to be a specific disease with
unknown etiology that responds well to photocoagulation of retinal
ischemia and oral steroids.
The present case with long-term follow-up of Blumenkranz
syndrome has helped us to establish until now the best model for
initial treatment and supports the conclusions of those who first
described this illness.
Figure 5. Multiples laser scars 16 years later in the left eye.
ACKNOWLEDGEMENTS
Lawrence Yannuzzi, MD saw the complete pictures of this case
and Mark Blumenkranz, MD saw the initial pictures sent by letter in
1994 and the final pictures sent by e-mail in the 2010.
Figure 6. Multiples laser scars 16 years later in the right eye.
There is no specific diagnostic test for Behçet’s disease, and its
diagnosis is based on features that are present during history taking
and examination. Five different sets of criteria for the diagnosis of
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370 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):368-70
RELATO DE CASO | CASE REPORT
Terapia antiangiogênica associada à fotocoagulação a laser no tratamento
de membrana neovascular sub-retiniana: relato de caso
Anti-angiogenic therapy associated with laser photocoagulation in the treatment
of subretinal neovascular membrane: case report
JOSÉ ALEXANDRE BASTOS PEREIRA 1 , ISABELA SOUTELLO CAMAROTA 2
RESUMO
O objetivo deste relato é descrever um caso de degeneração macular relacionada à
idade com presença de membrana neovascular sub-retiniana (MNVSR) justafoveal,
tratada inicialmente com bevacizumab (Avastin ® ) intravítrea e posteriormente com
terapia de fotocoagulação focal (TFC) com laser. A eficácia do tratamento inicial e
complementar foi avaliada pela medida da acuidade visual e por exames complementares
(angiografia fluoresceínica e tomografia de coerência óptica). Após três
injeções intravítreas de bevacizumab ocorreu a redução excêntrica da MNVSR,
alterando sua classificação para extrafoveal, o que permitiu o tratamento subsequente
com TFC.
Descritores: Degeneração macular; Neovascularização coroidal; Inibidores de angiogênese/uso
terapêutico; Angiofluoresceinografia; Tomografia de coerência óptica;
Relato de caso
ABSTRACT
The aim of this report is to describe a case of age-related macular degeneration with
juxtafoveal subretinal neovascular membrane, initially treated with intravitreal bevacizumab
(Avastin ® ) and afterwards with focal photocoagulation laser therapy. The efficacy
of the initial and complementary treatment was evaluated through the visual acuity
measurement and complementary exams (fluorescein angiography and optical coherence
tomography). After three bevacizumab intravitreal injections , it has occurred the eccentric
reduction of the neovascular subretinal membrane, changing its classification to extrafoveal,
what allowed the subsequent treatment with focal photocoagulation laser
therapy.
Keywords: Macular degeneration; Choroidal neovascularization; Angiogenesis inhibitors/
therapeutic use; Angiofluoresceinography; Tomography, optical coherence; Case report
INTRODUÇÃO
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença
degenerativa da retina que leva à perda da visão central, sendo
a principal causa de cegueira irreversível nos pacientes com mais
de 65 anos nos países desenvolvidos (1) . Essa patologia é dividida em
forma não exsudativa e exsudativa. A forma seca ou não-exsudativa é
caracterizada pela presença de lesão atrófica de contornos geográficos
na região macular e ausência de membrana neovascular coroidal
(MNVC). Ocorre na grande maioria dos casos e apresenta uma
evolução lenta. A forma exsudativa é caracterizada pela formação
de membrana neovascular sub-retiniana. Esta forma, embora tenha
prevalência menor que a forma seca, é responsável por cerca de
80% dos casos de cegueira legal devido à degeneração macular
relacionada à idade (2) . O fator de crescimento endotelial (VEGF)
constitui o principal estímulo angiogênico para a neovascularização
na DMRI (3) . O bevacizumab (Avastin ® , Genentech Inc) um anticorpo
monoclonal humanizado que se liga ao VEGF, atualmente vem
sendo usado na inibição do VEGF apresentando bons resultados
anatômicos e clínicos, inclusive com possibilidade de ganho de
linhas de visão, mesmo em pacientes com membrana neovascular
sub-retiniana (MNVSR) ocultas (4-7) . A terapia de fotocoagulação (TFC)
focal com laser para tratamento da DMRI foi testada antes da década
de 2000. Apesar dos resultados positivos iniciais para o tratamento
de neovascularização justafoveal clássica, houve tendência à recorrência
da lesão após o tratamento e prognóstico visual final pobre (8) .
Este estudo objetiva demonstrar a eficácia do tratamento com bevacizumab
(Avastin ® ) intravítrea associado à terapia de fotocoagulação
(TFC) focal num caso de MNSR secundária a DMRI.
RELATO DE CASO
R.B.S., 70 anos de idade, sexo masculino, branco, natural e procedente
do Rio de Janeiro, referindo diminuição da acuidade visual e
metamorfopsia no olho esquerdo (OE) há cerca de 2 meses, sem
outros sintomas associados. Portador de hipertensão arterial sistêmica,
controlada clinicamente com uso de anti-hipertensivo oral,
negava uso de outras medicações. Negava doenças oftalmológicas
prévias. Ao exame oftalmológico apresentava acuidade visual (AV)
com melhor correção óptica de 0,8 no olho direito (OD) e 0,1 no OE.
A biomicroscopia de segmento anterior evidenciava catarata nuclear
incipiente em ambos os olhos. A pressão intraocular era de 13
e 15 mmHg às 13 horas. Ao exame fundoscópico do OD, foi evidenciado
disco óptico de contornos nítidos e coloração normal, escavação
fisiológica, presença de drusas duras no polo posterior, sem
demais alterações. OE apresentava disco óptico de contornos nítidos
e coloração normal, escavação fisiológica, área elevada de
limites bem definidos no polo posterior, associada à presença de
hemorragias e exsudatos sub-retinianos na borda, além de drusas
no polo posterior. A angiografia fluoresceínica revelou em ambos
os olhos presença de drusas hiperfluorescentes nas fases circulatórias,
congruentes na região macular. OD apresentava área de dege-
Submitted for publication: August 8, 2009
Accepted for publication: November 19, 2010
Study carried out at Clínica Suporte Diagnóstico em Oftalmologia - Rio de Janeiro (RJ), Brazil.
1
Physician, Clínica Suporte Diagnóstico em Oftalmologia - Rio de Janeiro (RJ), Brazil.
2
Physcian, Serviço de Oftalmologia, Hospital dos Servidores do Estado - Rio de Janeiro (RJ), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: J.A.B.Pereira, None; I.S.Camarota, None.
Correspondence address: Isabela Soutello Camarota. Rua Sambaíba, 587 - Ap. 202 - Rio de Janeiro
(RJ) - 22450-140 - Brazil- E-mail: belacamarota@hotmail.com
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):371-3
371
TERAPIA ANTIANGIOGÊNICA ASSOCIADA À FOTOCOAGULAÇÃO A LASER NO TRATAMENTO DE MEMBRANA NEOVASCULAR SUB-RETINIANA: RELATO DE CASO
neração epitelial, proporcionando hiperfluorescência por defeito
“em janela” nas fases circulatórias, em quadro de DMRI. No OE observou-se
descolamento seroso em região macular e hemorragias subretinianas
hipofluorescentes em todas as fases do exame, provenientes
de MNSR do tipo clássica, justafoveal, gerando hiperfluorescência
progressiva em intensidade e extensão. Procedeu-se ao
estudo com a tomografia de coerência óptica (OCT) onde foi encontrada
em OE presença de MNSR com área bem delimitada de elevação
do epitélio pigmentário da retina nasal à fóvea e fluido subsensorial
ao redor da lesão (Figura 1A). O OD apresentava perfil macular
de contorno e espessura normais. O paciente foi orientado sobre
riscos e benefícios da terapia com bevacizumab, e optou-se pelo
tratamento. Foi aplicada injeção intravítrea de 1,25 mg de bevacizumab
(Avastin ® ) no OE sem nenhuma intercorrência. Após um mês
do procedimento, o paciente apresentava acuidade visual de 0,5 e
os exames complementares (angiografia fluoresceínica e OCT) demonstravam
presença de MNSR ainda em atividade. Foram realizadas
mais duas aplicações da terapia antiangiogênica, no período de
dois meses, devido à persistência do edema macular e atividade da
membrana neovascular. Quatro dias após a 3ª injeção, a membrana
neovascular sub-retiniana apresentava-se como um remanescente
extrafoveal (Figura 1B). A OCT revelava presença de elevação do
epitélio pigmentário da retina nasal à fóvea, e fluido subsensorial.
AV era de 0,6. Foi então realizada terapia de fotocoagulação focal
com laser na membrana extrafoveal. Os exames evidenciavam
MNSR sem sinais de atividade, e redução significativa do edema
macular, comparado aos exames anteriores (Figura 2). AV foi a 0,8.
Dois anos após a última intervenção o paciente segue sem queixas e
mantêm a AV de 0,8 no olho esquerdo.
DISCUSSÃO
O desenvolvimento de uma terapêutica efetiva e duradoura para
o tratamento de DMRI persiste sendo um grande desafio para os
oftalmologistas na atualidade. O tratamento com injeções intravítreas
de agentes antiangiogênicos trouxe novas perspectivas para o
manejo da forma exsudativa da doença. Embora estudos tenham
demonstrado o ganho de mais de uma a duas linhas de AV e preservação
visual em comparação a valores basais pré-tratamento (9) , seu
sucesso exige diversas aplicações; o que aumenta o risco global do
tratamento, eleva seu custo e pode levar à perda da sua eficácia a
longo prazo (10) . A TFC aplicada no presente caso agiu como importante
fator adjuvante no controle da doença. Por ser uma doença de
grande complexidade, a DMRI requer a abordagem individualizada
A
B
Figura 1. A) 24/11/06 - Apresentação inicial (AV 0,1 em OE); B) 15/05/07 - Após 3ª injeção de bevacizumab (AV 0,6 em OE).
Figura 2. 13/08/07 - Após fotocoagulação focal (AV 0,8 em OE).
372 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):371-3
PEREIRA JAB, CAMAROTA IS
de cada paciente para que seja obtido o melhor resultado clínico
possível.
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Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):371-3
373
RELATO DE CASO | CASE R EPORT
Primary localized amyloidosis presenting as diffuse amorphous calcified
mass in both orbits: case report
Amiloidose primária localizada se apresentando como massa tumoral amorfa e calcificada
em ambas as órbitas: relato de caso
ALLAN CHRISTIAN PIERONI GONÇALVES 1 , RODRIGO BERNAL DA COSTA MORITZ 1 , MÁRIO LUIZ RIBEIRO MONTEIRO 2
ABSTRACT
Primary localized amyloidosis is rare in the orbit. We report the case of a 63-year-old
woman that presented with bilateral proptosis and ophthalmoplegia. A computed
tomography scan revealed an infiltrative amorphous and markedly calcified mass in
both orbits while a magnetic resonance scan showed a heterogeneous hypointense
signal on T2-weighted images. A biopsy was performed through an anterior orbitotomy.
Microscopy revealed extracellular amorphous and eosinophilic hyaline material
which stained pink with Congo red and displayed green birefringence on polarized
microscopy, leading to a diagnosis of amyloidosis. The results of the systemic workup
were completely normal. A two-year follow-up period without any treatment disclosed
no worsening of the condition. While calcification of nonvascular orbital lesions has
often been regarded as suggestive of malignant disease, our case is a reminder that
it can also be a characteristic presenting sign of orbital amyloidosis.
Keywords: Amyloidosis; Orbit diseases/diagnosis; Exophthalmos; Magnetic resonance
imaging; Ophthalmoplegia; Humans; Female; Middle aged; Case report
RESUMO
Amiloidose primária e localizada na órbita é rara. Relatamos o caso de paciente do sexo
feminino, 63 anos que se apresentou com proptose bilateral e oftalmoplegia. A tomografia
computadorizada mostrou uma massa infiltrativa amorfa e calcificada em ambas as
órbitas enquanto que a imagem por ressonância magnética mostrou imagem heterogênea
hipointensa ponderada em T2. Uma biópsia foi realizada por orbitotomia anterior.
A microscopia revelou um material extracelular amorfo, hialino e eosinofílico que corou
com vermelho Congo e mostrou cor verde birrefringente à microscopia com luz polarizada,
levando ao diagnóstico de amiloidose. O resultado da investigação sistêmica foi
inteiramente negativo. Um período de seguimento de dois anos sem qualquer tratamento
não evidenciou piora da condição. Enquanto que a presença de calcificação de
lesão não vascular da órbita frequentemente é considerada sugestiva de doença maligna,
o nosso caso serve para lembrar que pode também ser um sinal característico de amiloidose
orbitária.
Descritores: Amiloidose; Doenças orbitárias/diagnóstico; Exoftalmo; Imagem por ressonância
magnética; Oftalmoplegia; Humanos; Feminino; Meia-idade; Relato de caso
INTRODUCTION
Primary localized amyloidosis is an uncommon condition of the
orbit with only 40 cases previously reported, 33 of which unilateral
(1-6) . Most cases presented as isolated extraocular muscle enlargement
or as a mass in the area of the lacrimal gland or elsewhere in
the orbit, usually in the upper part of the anterior orbit (1,2,6) . The purpose
of the present report was to document a patient with a unique
presentation of primary localized amyloidosis characterized by a
diffuse and densely calcified mass in both orbits. We emphasize the
importance of including amyloidosis in the differential diagnosis of
calcified lesions in the orbit.
CASE REPORT
A 63-year-old woman with an otherwise unremarkable medical
history reported painless progressive swelling of her left upper lid
for 2 years and of both lower lids for 10 months. The external examination
showed bilateral swelling of the lower eyelids and a palpable
fibrous mass in both anterior orbits. Visual acuity and visual field
measurements, pupillary reaction, intraocular pressure measurements
and fundus examination were normal. Exophthalmometry
measured 18 mm in each side. A marked limitation of eye movements
was observed for all gaze positions . A slit-lamp evaluation revealed
previous uncomplicated cataract surgery with intraocular lens
implants in both eyes. Orbital computed tomography (CT) scans
showed diffuse anterior and deep orbital amorphous fat infiltration
with several foci of calcification (Figure 1). T1 and T2-weighted magnetic
resonance images showed a heterogeneously hypointense
diffuse mass infiltrating the orbital fat, with mild enhancement on
T1-weighted fat-suppressed images following gadolinium injection
(Figure 1). The results of a comprehensive workup for systemic and
neoplastic disease were completely normal. A biopsy specimen
was obtained via left anterior orbitotomy.
Microscopy revealed extracellular amorphous and eosinophilic
hyaline material which stained pink with Congo red (Figure 2) and
displayed green birefringence under polarizing microscopy. The
histopathological diagnosis was amyloidosis. The clinical findings
have remained unchanged over the past two years of follow-up without
treatment.
DISCUSSION
The amyloidosis comprises a diverse and heterogeneous group
of disorders characterized by the common finding of pathologic
Submitted for publication: July 6, 2010
Accepted for publication: February 7, 2011
Study carried out at the Orbital Service, Division of Ophthalmology, University of São Paulo Medical
School - São Paulo (SP), Brazil
1
Physician, Department of Ophthalmology, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP),
Brazil.
2
Professor, Department of Ophthalmology, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: A.C.P.Gonçalves, None; R.B.C.Moritz, None; M.L.R.Monteiro,
None.
Correspondence address: Mário L. R. Monteiro. Av. Angélica, 1.757 - Conj 61 - São Paulo - SP -
01227-200 - Brazil - E-mail: mrlmonteiro@terra.com.br
374 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):374-6
GONÇALVES ACP, ET AL.
A
B
C
D
Figure 1. Above, computed tomography scan of patient with primary localized amyloidosis: (A) Axial cut and coronal cut (B) showing intraconal diffuse and
ill-defined lesion with a large area of calcification in both orbits. Below, magnetic resonance scan showing a diffuse mass infiltrating the orbital fat,
heterogeneously hypointense on both T1-weighted coronal cut (C) and T2-weighted axial images (D).
A
B
Figure 2. Histopathologic study of patient with primary localized amyloidosis. A) Extracellular amorphous and eosinophilic hyaline material in fibroadipose
tissue with calcification foci (arrow) (H&E, x40 magnification). B) Congo red staining disclosing extracellular material (x40 magnification).
proteinaceous intercellular substance deposits, the amyloid, in various
tissues and organs. It can be classified according to its distribution,
the presence or absence of underlying chronic disease, and
its immunocytochemical nature (7) . Clinically, amyloidosis is categorized
into two main forms, systemic and localized. Localized amyloidosis
is an extremely rare condition generally occurring in the
head and neck. Only 4% of such cases occur in the orbital region,
mostly in the eyelid and conjunctiva (1,2) . The clinical picture can be
quite variable with possible involvement of the lacrimal gland, the
extraocular muscles, the anterior orbit (localized mass) and the
retrobulbar space (diffuse process). While orbital amyloidosis can
cause mild proptosis, ocular motility restriction, secondary glaucoma
and optic neuropathy, it usually has a benign course (1,4) . CT findings
include orbital mass infiltration which may be diffuse in the soft
tissues, involve the lacrimal gland or be restricted to the extraocular
muscles. In the few published reports of orbital amyloidosis which
provide magnetic resonance imaging (MRI) findings, including the
present case, amyloid deposition appears hypointense on T1 and
T2-weighted images. This finding helps differentiate orbital amyloidosis
from neoplasms, which generally have a more fluid structure
that tends to brighten on T2-weighted images (2) .
The imaging appearance of amyloidosis lesions is fairly non-descriptive
but the presence of calcification on CT scan can be of great
help in the differential diagnosis. Calcification of orbital lesions extrinsic
to the lacrimal gland fossa are most likely associated with
vascular lesions such as cavernous hemangioma, lymphangioma,
varices and hemangiopericytoma (8) . On the other hand, calcified
lesions within the lacrimal gland fossa usually portend malignant
disease. Metastatic tumors of the orbit, meningioma, teratoma, neurofibroma,
sclerosing angioma and chondrosarcoma should also be
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):374-6
375
PRIMARY LOCALIZED AMYLOIDOSIS PRESENTING AS DIFFUSE AMORPHOUS CALCIFIED MASS IN BOTH ORBITS: CASE REPORT
included in the differential diagnosis of calcified orbital lesions (9) .
Although previous reports have documented calcification in
amyloidosis, our case is interesting because of the magnitude of the
calcified lesions in the orbit, exceeding that of any previously described
case.
A complete workup for systemic disease is required to correctly
classify the type of amyloid deposition. Systemic amyloid deposition
is usually secondary to benign, low-grade, light chain-producing
monoclonal gammopathy, resulting in widespread organ deposition
and dysfunction. In contrast, reactive systemic amyloidosis
affects patients with chronic inflammatory conditions in whom an
acute response with production of serum amyloid-A protein causes
hepatosplenomegaly and renal dysfunction. In our patient, the
results of the systemic workup were normal and a two-year followup
revealed no condition other than orbital deposition. The treatment
of localized orbital amyloidosis is relief of symptoms, restoration
of function and prevention of ocular morbidity. Surgical
removal is often the treatment of choice in localized cases (2) In our
.
case, surgical debulking would carry a significant risk of morbidity
and the stability of the clinical course suggested a conservative
approach.
In conclusion, we report a case of localized amyloidosis presenting
with diffuse, densely calcified orbital mass in both orbits. The
authors stress the importance of including amyloidosis in the differential
diagnosis of calcified orbital lesions, particularly when bilateral
and associated with slow disease progression.
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9º Curso Internacional de Glaucoma
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376 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):374-6
ARTIGO DE REVISÃO | REVIEW ARTICLE
Ocular surface adverse effects of ambient levels of air pollution
Efeitos adversos na superfície ocular relacionados à poluição ambiental
ANDRÉ AUGUSTO MIRANDA TORRICELLI 1 , PRISCILA NOVAES 1 , MONIQUE MATSUDA 1 , MILTON RUIZ ALVES 1 , MÁRIO LUIZ RIBEIRO MONTEIRO 1
ABSTRACT
It is widely recognized today that outdoor air pollution can affect human health.
Various chemical components that are present in ambient pollution may have an
irritant effect on the mucous membranes of the body, particularly those of the
respiratory tract. Much less attention has been focused on the adverse effect on the
ocular surface, despite the fact that this structure is even more exposed to air
pollution than the respiratory mucosa since only a very thin tear film separates the
corneal and conjunctival epithelia from the air pollutants. So far, clinical data are the
more widespread tools used by ophthalmologists for assessing possible aggression
to the ocular surface; however, clinical findings alone appears not to correlate
properly with the complaints presented by the patients pointing out the need for
further clinical and laboratory studies on the subject. The purpose of this study is to
review signs and symptoms associated with chronic long-term exposure to
environmental air pollutants on the ocular structures currently defined as the ocular
surface and to review clinical and laboratory tests used to investigate the adverse
effects of air pollutants on such structures. We also review previous studies that
investigated the adverse effects of air pollution on the ocular surface and discuss the
need for further investigation on the subject.
Keywords: Air pollutants/adverse effects; Environmental exposure; Eye manifestations;
Cornea; Conjunctiva; Irritants/toxicity; Air pollution; Climate; Flourescent dyes/
diagnostic use
RESUMO
Sabe-se hoje que a poluição ambiental pode afetar a saúde humana. Vários componentes
químicos presentes na poluição atmosférica podem acarretar uma irritação nas
mucosas, particularmente no trato respiratório. Pouca ênfase tem sido dada à superfície
ocular, embora esta estrutura seja até mais exposta à poluição ambiental do que o trato
respiratório visto que apenas uma fina camada de filme lacrimal separa a córnea e a
conjuntiva dos poluentes presentes no ar. Até o momento, a avaliação clínica é o método
mais utilizado pelos oftalmologistas para se detectar uma possível agressão à superfície
ocular; entretanto esta avaliação apenas não parece correlacionar-se com as queixas e
sinais apresentados pelos pacientes demonstrando a necessidade de mais estudos clínicos
e laboratoriais sobre o assunto. O objetivo deste estudo é revisar os sinais e sintomas
associados à exposição crônica aos poluentes ambientais no ar nas estruturas oculares
definidas atualmente como superfície ocular e revisar os testes clínicos e laboratoriais
usados para investigar os efeitos adversos dos poluentes em tais estruturas. Também
revisamos estudos prévios que analisaram os efeitos adversos da poluição do ar na
superfície ocular e discutimos a necessidade de mais estudos sobre o assunto.
Descritores: Poluentes do ar/efeitos adverso; Exposição ambiental; Manifestações oculares;
Córnea; Conjuntiva; Irritantes/toxicidade; Poluição do ar; Clima; Corantes fluorescentes/uso
diagnóstico
INTRODUCTION
Air pollution is a complex mixture of solid and liquid particles
suspended in the air (the so called particulate matter) that vary in
size, composition and origin, and different types of gases such as
ozone (O 3
), nitrogen oxides (NO 2
), volatile organic carbons, and carbon
monoxide (CO) (1,2) . In the recent years there has been considerable
interest on the long and short-term effects of exposure to air
pollution on human health. The growing industrialization and the
progressive increase in the number of motor vehicles in large urban
centers are the main causes of atmospheric pollution.
Previous studies have indicated that the short-time increase in
pollutants levels, particularly of particulate material, have generally
increased the mortality rate both in the USA (2,3) and in Europe (4) . Two
prospective cohort studies have also reported that the mortality
risk was 26% greater for persons living in cities with elevated levels
of air pollution (2,5) . An important increase on the prevalence of asthma
and other respiratory symptoms has been attributed to such environmental
abnormalities (6,7) .
The adverse effects of particulate matter and other environmental
pollutants are therefore well known and their effects on the
respiratory and circulatory systems have generally been stressed (8,9) .
However, only a few studies have systematically approached the
effects of air pollution on the ocular system (10-13) . The purpose of this
study is to review signs and symptoms associated to chronic longterm
exposure to environmental air pollutants on the ocular structures
currently defined as the ocular surface and to review clinical
and laboratory tests used to investigate the adverse effects of air
pollutants on such structures. We also review previous studies that
investigated the adverse effects of air pollution on the ocular surface
and discuss the need for further investigation on the subject.
AIR POLLUTION
Air pollution is the contamination of the indoor or outdoor environment
by any chemical, physical or biological agent that modifies
the natural characteristics of the atmosphere. Household combustion
devices, motor vehicles, industrial facilities and forest fires are
common sources of air pollution. Pollutants of major public health
concern include particulate matter (PM), CO, O 3
, NO 2
and sulfur dioxide
according to the World Health Organization (WHO) (14) .
The WHO Air Quality Guidelines (AQG) are an international
reference on the adverse effects of exposure to air pollutants on
human health. WHO summarized the scientific knowledge on health
Submitted for publication: August 2, 2011
Accepted for publication: October 16, 2011
1
Physician, Division of Ophthalmology and the Laboratory for Investigation in Ophthalmology (LIM-33),
Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: A.A.M.Torricelli, None; P.Novaes, None; M.Matsuda,
None; M.R.Alves, None; M.L.R.Monteiro, None.
Correspondence address: André A. M. Torricelli. Av. Vereador Jose Diniz, 3300, conjunto 208 - São
Paulo - SP - 04604-006 - Brazil - E-mail: andre_torri39@yahoo.com.br
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82
377
OCULAR SURFACE ADVERSE EFFECTS OF AMBIENT LEVELS OF AIR POLLUTION
hazards related to air pollutants, providing risk estimates for exposure
to air pollutants and recommending air quality guidelines.
The latest global updated version of the WHO AQG was published in
2006 (14,15) . In this guideline, the goals for controlling air pollution in
order to protect human health are: PM less than 10 μm in aerodynamic
diameter (PM 10
) levels lower than 25 μg/m 3 in 24 hours and lower
than10 μg/m 3 in 1 year averaging time; NO 2
lower than 100 μg/m 3
in 24 hours and lower than 40 μg/m 3 in 1 year averaging time and
SO 2
level lower than 20 μg/m 3 in 24 hours and lower than 500 μg/m 3
in 10 minutes averaging time.
The WHO has also summarized the annual average concentrations
of PM 10
, NO 2
and SO 2
(14)
in different areas of the world (Table 1).
In most European and North American cities, the PM 10
annual average
concentration levels are generally lower than 50 μg/m 3 . The highest
levels of PM 10
are found in Asia, Africa and Latin America. In Asia, PM
is still the major and most important air pollutant, though in some
large cities in China, a slight decrease in PM 10
levels has been noted
during the economic development that took place over the last few
decades (16) . SO 2
levels have been decreasing in most parts of the
world, particularly in the United States and in Europe. In some Asian
cities, (e.g., Bangkok, New Delhi, and Jakarta), the ambient SO 2
levels
are low due to the low sulfur content of the fuel used there. On the
other hand, in Chinese cities, although SO 2
level has declined quite
substantially, it is still relatively high. In larger cities in Latin America
and Africa, there has also been a moderate decline in SO 2
levels (14) . On
the other hand, such a tendency has not been observed for trafficrelated
air pollutants, i.e., NO 2
and O 3
. On the contrary, in developing
countries, levels of NO 2
and O 3
tend to increase due to the increased
number of motor vehicles. Megacities where annual average NO 2
exceeded the WHO air quality criteria of 40 μg/m 3 were Beijing,
Shanghai, Tokyo, Osaka, New York, Los Angeles, Sao Paulo and Mexico,
while in New Delhi, Mumbai and Calcutta the annual average NO 2
concentrations were lower than 40 μg/m 3(15) (Table 1).
Many time-series studies have explored the acute health effects
associated with short-term exposure to airborne particulates (17) . In
a meta-analysis, an increase of 10 μg/m 3 PM 10
was associated with an
increase in all-cause mortality of 0.46% in the United States (30 city
studies), 0.62% in Europe (21 city studies), and 0.49% in Asia (4 city
studies) (15) . The European APHEA-1 (Air Pollution and Health, a European
Approach) study found a 1.3% increase in daily deaths (95%
CI 0.9-1.8) per 50 μg/m 3 increase of NO 2
(18)
. The effect remained
statistically significant after adjusting for black smoke. Combined
evidence from time-series studies show positive associations
between daily mortality and ozone levels, independent of the
effects of particulate matter. And finally, a meta-analysis on 95
United States urban communities studies showed that a 20 μg/m 3
increase in ozone was associated with a 0.52% increase in total
mortality and a 0.64% increase in cardiovascular and respiratory
mortality (19) .
EFFECTS OF AIR POLLUTION ON THE OCULAR SURFACE
The ocular surface is composed of the surface and glandular
epithelia of the cornea, conjunctiva, lacrimal gland, accessory lacrimal
glands and meibomian gland, the eyelashes with the glands of
Moll and Zeiss and the nasolacrimal duct. Each of these structures is
in constant contact with the air pollution and can be affected leading
to a large variety of clinical signs and symptoms (20,21) . It is widely
recognized today that outdoor air pollution can affect human health.
Various chemical components present in ambient pollution may
have an irritant effect on the mucous membranes, particularly those
of the respiratory tract. Less attention has been focused on the
ocular surface, although this structure is even more exposed to air
pollution than the respiratory mucosa since only a very thin tear
film separates the corneal and conjunctival epithelia from the air
pollutants (22-24) .
Dysfunction of any component of the ocular surface system can
lead to ocular symptoms through two interrelated mechanisms of
abnormality: the hyper-osmolarity and the instability of the lacrimal
film (25) . Lacrimal hyper-osmolarity may cause lesions on the
epithelial surface by activating a series of inflammatory events on the
ocular surface, which lead to the production of inflammatory mediators
in the lacrimal film. Subsequent damage to the epithelium
induces cell death due to apoptosis, loss of goblets cells and
disorder of mucin expression, resulting in instability of the lacrimal
film. This instability, on its hand, exacerbates the hyper-osmolarity
of the eye surface forming a vicious cycle. This sequence of events is
represented in figure 1 (26) .
CLINICAL EVALUATION OF THE OCULAR SURFACE:
SIGNS AND SYMPTOMS
Traditionally, a combination of diagnostic tests has been used
for assessing the degree of ocular symptoms and signs associated
with ambient air pollution (Table 2). Along with the clinical history,
the use of validated questionnaires for ocular symptoms is very
helpful (27,28) . There are several questionnaires available for grading
symptoms severity, impact on daily activities and in quality of life.
Such tools vary in size, reason for application, way of delivering
(self-applied or through an interviewer), and extent of validation.
The most commonly used questionnaires are: Ocular Surface Disease
Index (OSDI), Canadian Dry Eye Epidemiology Study (CANDEES),
Impact of Dry Eye on Everyday Life (IDEEL), National Eye-Institute-
Visual Function Questionnaire (NEI-VFQ) e Women’s Health Study
Questionnaire (26) .
On examination, elements used for ocular surface evaluation
include: visual acuity assessment, external eye examination and slit
lamp biomicroscopy. Additionally, diagnostic tests for evaluating
instability of the lacrimal film, lesions of the ocular surface, and the
flow of the watery tear portion are also carried out (Table 2). The
instability of the lacrimal film is evaluated through the duration of
tear break-up test (TBUT), a widespread method that involves the
instillation of fluorescein dye in the eye and measuring the time
Table 1. Ranges of annual average concentrations of particulate
matter less than 10 μm in aerodynamic diameter (PM 10
), nitrogen
dioxide (NO 2
), sulfur dioxide (SO 2
) in different areas of the world
(in μg/m 3 ) based on the World Health Organization 14
Annual average concentrations
Region PM 10
Nitrogen dioxide Sulfur dioxide
Africa 40-150 35-65 10-100
Asia 35-200 20-75 6-65
Canada/United States 20-60 35-70 9-35
Europe 20-70 18-57 8-36
Latin America 30-129 30-82 40-70
LF= lacrimal film.
Figure 1. Inflammatory cycle of the ocular surface, modified from Dry Eye Work Shop.
378 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82
TORRICELLI AAM, ET AL.
elapsed from the blinking until the tear film breaks up (26,29) . Values
below 10 seconds are considered abnormal (30) . More recently, values of
less than five seconds have been considered abnormal by some
authors who suggest lower cut points when a smaller volume of
fluorescein is instilled (5 micro-litres of fluorescein at 2%) (31) . Choosing
lower values decreases the test sensibility and increases its specificity.
Others tests to evaluate the tear film stability are: the interferometry,
that measures the central precorneal tear film thickness noninvasively
using an interference thin-film thickness measurement device (32-34) and
the meibomiometry, that uses a new laser meibometer to measure
meibomian lipid levels on the lid margin by blotting meibomian
gland oil into a piece of plastic and monitoring its transparency in
order to calculate the amount of oil and its rate of delivery (35) . These
tools are not commonly used in daily routine.
The lesions on the ocular surface are normally evaluated through
staining with vital dyes such as: rose Bengal (Figure 2), green lissamine,
and fluorescein. Abnormal patterns of cornea or conjunctiva
Table 2. Diagnostic procedures for assessing the ocular surface
1. Questionnaires
2. Visual acuity assessment
3. External eye examination
2. Slip lamp biomicroscopy
3.1. Eyelids
3.2. Cilia
3.3. Meibomian glands
3.4. Conjuntiva
3.5. Cornea
3.6. Menisco tear
3.7. Lacrimal Film
3 Tests to evaluate tear film stability
Tear break-up test (TBUT)
Interferometry
Meibomiometry
4. Vital Dyes
Fluorescein
Rose Bengal
Green lissamine
5. Quantitative diagnostic test of tear
Schirmer test
Red Phenol Test
7. Qualitative diagnostic test of tear
Ferning test
Osmolarity
8. Impression cytology
Figure 2. Ocular surface lesion staining with rose Bengal.
staining are observed at slit lamp examination. The fluorescein dye is
well tolerated. The results of such test may be variable. Testing with
rose Bengal dye reveals more consistent results although it causes
greater ocular discomfort when compared to green lissamine, which
presents a staining pattern similar to rose Bengal and it is as well
tolerated as fluorescein (26,36,37) . Three systems for the quantification of
the impregnation patterns are currently in use: the Van Bijsterveld
system (38) , the Oxford system (39) and the system developed by the CLEK
study (40) . The Oxford and CLEK studies use a more detailed quantification
than the van Bijsterveld system, allowing for a more accurate
detection of ocular surface abnormalities. No previous study has
defined which is the best quantification system (26) .
As far as the aqueous portion is concerned, it is normally assessed
by the Schirmer’s test (26) . According to this test, when performed
without topical anesthesia, less than 10 mm after 5 minutes in at
least one eye is a criterion for diagnosing dry eye (41) . Many clinicians
regard the Schirmer test as unduly invasive and of little value for
mild to moderate dry eyes. Other less invasive methods to assess
the adequacy of tear production have been developed. The phenol
red thread test is one such test and is commercially available. A
cotton thread impregnated with phenol red dye is used. Phenol
red is pH sensitive and changes from yellow to red when wetted
by tears. The crimped end of a 70 mm long thread is placed in the
lower conjunctival fornix. After 15 seconds, the length of the color
change on the thread, indicating the length in millimeters of the
thread wetted by the tears. Normal measurements are between
9 mm and 20 mm (42) . Patients with dry eyes have wetting values of
less than 9 mm.
The tear ferning test reflects the tear composition and offers
another way to assess tear film integrity and quality. When mucus is
permitted to air dry on a microscope slide, a specific crystallization
and arborisation (fern) occurs, which has been termed “ferning”.
Rolando (43) identified differences among tear ferning patterns and
described a classification system that tear ferning became a useful
diagnostic tool. The author described four qualitative categories,
which depended on the presence, the size and density of the ferns
observed (Figure 3). Rolando found that normal tear films often
demonstrated a Type I or II pattern (with lots of ferning), whereas
patients with keratoconjunctivitis sicca (KCS) had Type III and IV
tear ferning patterns (in which there was scarce or absent ferning).
Although Rolando’s classification system (43,44) is subjective, it remains
simple, quick, repeatable and has a short learning curve.
An increase in tear osmolarity is a hallmark of dry eye disease
and is thought to be the central mechanism in the pathogenesis of
ocular surface damage, as noted in the Dry Eye WorkShop Report
(DEWS) (25) . Tear osmolarity has been reported to be the single best
marker for dry eye disease (25) . Successful measurement of tear osmolarity
was thought to necessitate collection of a large amount of
tears. With technological advances in its measurement, tear osmolarity
is now more feasible to use in assessing dry eye. Others
common extrinsic problems such as vitamin A deficiency and
allergies (25) or contact lens wear have also shown increased tear osmolarity
(45-47) .
Finally, impression cytology is a non-invasive laboratory method
for assessing the ocular surface, which includes the epithelium of
the conjunctiva and the cornea (48) . The filter paper, when applied on
the corneo-conjunctiva surface, removes samples that contain from
one to three layers of epithelial cells and preserves the morphological
characteristics of the collected cells (49) .
STUDIES INVESTIGATING OCULAR ADVERSE EFFECTS
OF AIR POLLUTION
In recent years, patients seeking ophthalmic examination with
subjective symptoms of eye irritation such as foreign body sensation,
burning, itching, photophobia and whimpering has become a
common occurrence. However, most often clinical examination
does not reveal a corresponding ocular abnormality (10) .
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82
379
OCULAR SURFACE ADVERSE EFFECTS OF AMBIENT LEVELS OF AIR POLLUTION
Figure 3. Tear crystallization test in patients with dry eye (left) and in normal volunteers (right). The greater the number of branches during
crystallization (ferning test) and more leafy, the better the quality of the tears (courtesy of Dr. Richard Hida and Dr. Ruth Santo).
Several studies have tried to relate these subjective symptoms
to a possible subclinical ocular inflammation and to a prolonged
exposition to air pollution (10,13,50) . Saxena et al., (13) compared two
groups of 500 healthy volunteers living in New Delhi and found
greater instability of the lacrimal film, as evaluated both by the
lacrimal film time of rupture test and the Schirmer’s test, in individuals
showing a daily routine of air pollution exposition. No significant
difference was found, however, when Rose Bengal staining was
evaluated (13) . According to this study, climatic conditions appear to
have a very significant effect on the ocular surface. High levels of
subclinical ocular surface abnormalities were found in persons
traveling in highly polluted areas. These high levels may represent
a reason for concern if they do reflect the ocular status of the general
populations living in large metropolis such as Delhi.
On the other hand, Versura et al., (10) through the analysis of 100
individuals exposed to different levels of environmental pollution,
did not find statistically significant difference in the lacrimal film
rupture tests and the Schirmer’s test in different groups of individuals.
On the contrary and in disagreement with the previously
mentioned study, the results of the tests were not significantly
related to high levels of pollution. However, in this study, the results
of impression cytology studies from the ocular surface documents
for the first time showed the occurrence of inflammation and indicated
that it may be greater in individuals who are more exposed to
the pollution. This finding is quite remarkable in that it shows the
importance of cytological analysis in those cases where the clinical
observation does not lead to a diagnosis, in addition it suggests
that one should not rely solely on clinical signs only, at least in cases
of questionable etiology.
It is known from the literature that direct exposition of the ocular
surface to various irritant substances causes neurogenic conjunctive
vasodilatation and immediate whimpering (51) . Chemical substances
may solubilize in lacrimal film and, possibly, sensitize specific
lymphocytes subpopulations, as it was already shown with the SO 2
in the bronchial mucous membrane, producing a chronic inflammation
after a prolonged exposition. The inflammation seems to
influence the epithelial differentiation and the density of the globets
cells through an yet unknown mechanism (52) .
According to the last global definition dry eye is a multifactorial
disease of tears and ocular surface that results in symptoms of
discomfort, visual disturbance, and tear film instability with potential
damage to the ocular surface. It is accompanied by increased
osmolarity of the tear film and inflammation of the ocular surface (25) .
Various factors may work independently or interact with each
other, as a consequence, complementary diagnostic test are usually
performed, to evaluate beyond the clinical picture.
Hyperplasia of the goblets cells in response to increased levels
of air pollution levels has already been described in literature.
Novaes et al., (12) evaluated the effects of the atmospheric pollution
on the ocular surface, by comparing individuals exposed to different
levels of environmental pollution. Twenty-nine volunteers
were recruited from two distinct places: São Paulo, the capital and
most industrialized city in the State São Paulo and Divinolândia, a
small town from the São Paulo State countryside where half of the
population lives in the rural area. NO 2
was used as an indicator of
exposition to environmental pollution. Individual measurement of
exposition to the different levels of NO 2
was obtained during seven
days. The study showed that the subjects living in the city of São
Paulo were exposed to significantly greater doses of NO 2
(mean
32.47 μg/m 3 , SD 9.83) than those from Divinolândia (mean 19.33 μg/m 3 ,
SD 5.24) and the amount of goblets cells showed an increase proportional
to the NO 2
exposition with a dose-response pattern (11) . In
this study a positive and significant association between exposure
to air pollution and goblet cell hyperplasia in human conjunctiva
was observed (Figure 4); the combination of simple measurements
of exposure and impression cytology was shown to be an effective
and non-invasive approach to characterize human response to
ambient levels of air pollution.
In another study, the same group evaluated 55 healthy volunteers
recruited among the staff of the General Clinics Hospital of the
University of São Paulo Medical School. The purpose of this study was
to evaluate the effects of exposure to air pollution produced by
traffic sources on the ocular surface, by comparing subjective ocular
complains and results of routine clinical tests with individual measures
of exposure to air pollution and also evaluate the importance
of these measures as potential bioindicators of air pollution. This
was the first study that has associated subjective measurements of
ocular symptoms and disease specific quality of life and clinical
assessment to individual measures of exposure to ambient air
pollution. The clinical questionnaires were computed across quartiles
of NO 2
exposure into four quartiles (Q1: 9.9-20.0 μg/m 3 ; Q2: 20.1-
26.0 μg/m 3 ; Q3: 26.1-35.0 μg/m 3 ; Q4: >35 μg/m 3 ), a clear doseresponse
pattern was detected; besides a significant correlation
between NO 2
quartiles and ocular irritation was observed (12) .
All these results serve as a basis for the hypothesis that the exposition
to air pollution induces alterations on the ocular surface
secondary to an environmental aggression. However, although many
individuals have relevant clinical symptoms due to air pollution, it
must be stressed that some people cohabit adequately with such
pollution, presenting few symptoms or even none before such very
same aggression. Therefore it is possible that these individuals have
adaptation mechanisms that sufficed for defense or even for the
380 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82
TORRICELLI AAM, ET AL.
Figure 4. Impression cytology samples showing cellular hyperplasia response to air
pollution.
functional recovery when submitted to elevated levels of environmental
pollution.
So far, clinical data are the more widespread tools used by ophthalmologists
for assessing a possible aggression to the ocular surface;
however, this evaluation alone seems not to correlate with the complaints
and signs presented by the patients. Therefore, more objective
data, such as the evaluation of the goblets cells or other objective
inflammation measurements for the evaluation of the ocular surface
seem necessary.
The role and the exact mechanism through which the environmental
pollution contributes to the several ocular complaints seem
yet to be a large field for study and research.
FINAL CONSIDERATIONS
In recent years, a dramatic increase in atmospheric pollution in large
cities throughout the world has led to an increased concern regarding
its adverse effects on health. As the eye is constantly exposed to the
external environment individuals living in areas with high concentrations
of pollutants frequently have ocular complaints related to
tear film abnormalities and ocular surface pathology with symptoms
such as watering, burning and redness of the eyes. However,
the ocular mechanisms involved in chronic long-term exposure to a
high degree of environmental pollution are still largely unclear.
As pointed out in this review while many studies have been
performed investigating air pollution adverse effects towards the
circulatory and respiratory system, similar studies directed to understanding
the effect on the ocular surface are very scarce. The
marked advances in understanding the physiology and in the methods
of assessing the ocular surface in recent years are therefore in
striking contrast with the lack of studies investigating air pollution
effect on ocular surface both of healthy subjects as well as diseased
patients. We hope that in the near future studies can be performed
to clarify such issues, to better understand the clinical and
laboratorial abnormalities of the ocular surface, the relationship
between ocular and systemic effects as well as possible mechanism
of adaptations involved in the important subject of adverse effects of
air pollution in the ocular surface.
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in different types of contact lenses. CLAO J. 2002;28(4):174-6.
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of conjunctival impression cytology. Cornea. 1995;14(5):515-22.
49. Dart J. Impression cytology of the ocular surface-research tool or routine clinical investigation?
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changes. Acta Ophthalmol Scand. 1998;76(1):74-7.
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52. Tseng SC, Hirst LW, Maumenee AE, Kenyon KR, Sun TT, Green WR. Possible mechanisms for the
loss of goblet cells in mucin-deficient disorders. Ophthalmology. 1984;91(6):545-52.
CARTAS AO EDITOR | LETTERS TO THE EDITOR
Horizontal effect of the surgical weakening of the oblique muscles
Efeito horizontal do debilitamento cirúrgico dos músculos oblíquos
CARLOS SOUZA-DIAS
Dear Editor
I ask you the kindness of correcting a mistake in my article that
was published in the last number of the Arquivos Brasileiros de
Oftalmologia. 2011;74(3):181-182
In the tables 1 and 2 (pages 181 and 182), in the bottom lines,
there are the values of p. Please correct:
Table 1: p=1.6 to p=0.000000016; p=1.36 to p=0.000136; p=1.46
to p=0.00000146
Table 2: p=1.32 to p= 0.0000132; p=1.37 to p=0.000137; p=1.44
to p=0.00044
Thank you.
Submitted for publication: November 7, 2011
Accepted for publication: November 8, 2011
1
Physician, Department of Ophthalmology, Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo
(SP), Brazil.
Funding: No specific financial support was available for this study.
Disclosure of potential conflicts of interest: C.R.Souza-Dias, None.
382 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):377-82
INSTRUÇÕES PARA AUTORES | INSTRUCTIONS TO AUTHORS
O ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA (ABO, ISSN 0004-
2749 - versão impressa e ISSN 1678-2925 - versão eletrônica), publicação
bimestral oficial do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, objetiva
divulgar estudos científicos em Oftalmologia, Ciências Visuais e
Saúde Pública, fomentando a pesquisa, o aperfeiçoamento e a atualização
dos profissionais relacionados à área.
METODOLOGIA
São aceitos manuscritos originais, em português, inglês ou
espanhol que, de acordo com a metodologia empregada, deverão
ser caracterizados em uma das seguintes modalidades:
ESTUDOS CLÍNICOS
Estudos descritivos ou analíticos que envolvam análises em
seres humanos ou avaliem a literatura pertinente a seres humanos.
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
Estudos analíticos que envolvam resultados populacionais.
ESTUDOS DE EXPERIMENTAÇÃO LABORATORIAL
Estudos descritivos ou analíticos que envolvam modelos animais
ou outras técnicas biológicas, físicas ou químicas.
ESTUDOS TEÓRICOS
Estudos descritivos que se refiram à descrição e análise teórica
de novas hipóteses propostas com base no conhecimento existente
na literatura.
TIPOS DE MANUSCRITOS
A forma do manuscrito enviado deve enquadrar-se em uma das
categorias a seguir. Os limites para cada tipo de manuscrito estão
entre parênteses ao final das descrições das categorias. A contagem
de palavras do manuscrito refere-se do início da introdução ao final
da discussão, portanto, não participam da contagem a página de
rosto, abstract, resumo, referências, agradecimentos, tabelas e figuras
incluindo legendas.
EDITORIAIS
Os editoriais são feitos a convite e devem ser referentes a
assuntos de interesse atual, preferencialmente relacionados a artigos
publicados no mesmo fascículo do ABO (limites máximos: 1.000
palavras, título, 2 figuras ou tabelas no total e 10 referências).
ARTIGOS ORIGINAIS
Artigos originais apresentam experimentos completos com
resultados nunca publicados (limites máximos: 3.000 palavras, título,
resumo estruturado, 7 figuras ou tabelas no total e 30 referências).
A avaliação dos manuscritos enviados seguirá as prioridades
abaixo:
1. Informação nova e relevante comprovada em estudo com
metodologia adequada.
2. Repetição de informação existente na literatura ainda não
comprovada regionalmente baseada em estudo com
metodologia adequada.
3. Repetição de informação existente na literatura e já comprovada
regionalmente, desde que baseada em estudo com metodologia
adequada.
* Não serão aceitos manuscritos com conclusões especulativas,
não comprovadas pelos resultados ou baseadas em estudo
com metodologia inadequada.
RELATOS DE CASOS OU SÉRIE DE CASOS
Relatos de casos ou série de casos serão considerados para
publicação se descreverem achados com raridade e originalidade
ainda não comprovadas internacionalmente, ou quando o relato
apresentar respostas clínicas ou cirúrgicas que auxiliem na elucidação
fisiopatológica de alguma doença (limites máximos: 1.000
palavras, título, resumo não estruturado, 4 figuras ou tabelas no
total e 10 referências).
CARTAS AO EDITOR
As cartas ao editor serão consideradas para publicação se incluírem
comentários pertinentes a manuscritos publicados anteriormente
no ABO ou, excepcionalmente, resultados de estudos originais
com conteúdo insuficiente para serem enviados como Artigo
Original. Elas devem introduzir nova informação ou nova interpretação
de informação já existente. Quando seu conteúdo fizer referência
a algum artigo publicado no ABO, este deve estar citado no
primeiro parágrafo e constar das referências. Nestes casos, as cartas
estarão associadas ao artigo em questão, e o direito de réplica dos
autores será garantido na mesma edição. Não serão publicadas
cartas de congratulações (limites máximos: 700 palavras, título, 2
figuras ou tabelas no total e 5 referências).
MANUSCRITOS DE REVISÃO
Manuscritos de revisão seguem a linha editorial da revista e são
aceitos apenas por convite do editor. Sugestões de assuntos para
artigos de revisão podem ser feitas diretamente ao editor, mas os
manuscritos não podem ser enviados sem um convite prévio (limites
máximos: 4.000 palavras, título, resumo não estruturado, 8
figuras ou tabelas no total e 100 referências).
PROCESSO EDITORIAL
Para que o manuscrito ingresse no processo editorial, é fundamental
que todas as regras tenham sido cumpridas. A secretaria
editorial comunicará inadequações no envio do manuscrito. Após a
notificação, o autor correspondente terá o prazo de 30 dias para
adequação do seu manuscrito. Se o prazo não for cumprido, o manuscrito
será excluído.
Os manuscritos enviados ao ABO são avaliados inicialmente
pelos editores quanto à adequação do seu conteúdo à linha editorial
do periódico. Após essa avaliação, todos os manuscritos são
encaminhados para análise e avaliação por pares, sendo o anonimato
dos avaliadores garantido em todo o processo de julgamento. O
anonimato dos autores não é implementado.
Após a avaliação editorial inicial, os comentários dos avaliadores
podem ser encaminhados aos autores como orientação para as
modificações que devam ser realizadas no texto. Após a implementação
das modificações sugeridas pelos avaliadores, o manuscrito
revisado deverá ser encaminhado, acompanhado de carta
(enviada como documento suplementar) indicando pontualmente
todas as modificações realizadas no manuscrito ou os motivos
pelos quais as modificações sugeridas não foram efetuadas. Manuscritos
que não vierem acompanhados da carta indicando as
modificações ficarão retidos aguardando o recebimento da mesma.
O prazo para envio da nova versão do manuscrito é de 90 dias
após a comunicação da necessidade de modificações, sendo excluído
após esse prazo. A publicação dependerá da aprovação
final dos editores.
Os trabalhos devem destinar-se exclusivamente ao Arquivos
Brasileiros de Oftalmologia, não sendo permitido envio simultâneo
a outro periódico, nem sua reprodução total ou parcial, ou
tradução para publicação em outro idioma, sem autorização dos
editores.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):383-6
383
AUTORIA
Os critérios para autoria de manuscritos em periódicos médicos
está bem estabelecido. O crédito de autoria deve ser baseado
em indivíduos que tenham contribuído de maneira concreta nas
seguintes três fases do manuscrito:
I. Concepção e delineamento do estudo, coleta dos dados ou
análise e interpretação dos dados.
II. Redação do manuscrito ou revisão crítica do manuscrito com
relação ao seu conteúdo intelectual.
III. Aprovação final da versão do manuscrito a ser publicada.
O ABO requer que os autores garantam que todos os autores
preenchem os critérios acima e que nenhuma pessoa que preencha
esses critérios seja preterida da autoria. Apenas a posição de chefia
de qualquer indivíduo não atribui a este o papel de autor, o ABO
não aceita a participação de autores honorários.
É necessário que o autor correspondente preencha e envie o
formulário de Declaração de Contribuição dos Autores como documento
suplementar.
PREPARAÇÃO DO ARTIGO
Os artigos devem ser enviados exclusivamente de forma eletrônica,
pela Internet, na interface apropriada do ABO. As normas que se
seguem foram baseadas no formato proposto pelo International
Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) e publicadas no artigo:
Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals.
O respeito às instruções é condição obrigatória para que o trabalho
seja considerado para análise.
O texto deve ser enviado em formato digital, sendo aceitos
apenas os formatos .doc. ou .rtf. O corpo do texto deve ser digitado
em espaço duplo, fonte tamanho 12, com páginas numeradas em
algarismos arábicos, iniciando-se cada seção em uma nova página.
As seções devem se apresentar na sequência: Página de Rosto,
Abstract e Keywords, Resumo e Descritores, Introdução, Métodos,
Resultados, Discussão Agradecimentos (eventuais), Referências, Tabelas
(opcionais) e Figuras (opcionais) com legenda.
1. Página de Rosto. Deve conter: a) título em inglês (máximo de
135 caracteres, incluindo espaços); b) título em português ou
espanhol (máximo de 135 caracteres, incluindo espaços); c) título
resumido para cabeçalho (máximo 60 caracteres, incluindo os
espaços); d) nome científico de cada autor; e) titulação de cada
autor (área de atuação profissional*, cidade, estado, país e, quando
houver, departamento, escola, Universidade); f) nome, endereço,
telefone e e-mail do autor correspondente; g) fontes de auxilio
à pesquisa (se houver); h) número do projeto e instituição responsável
pelo parecer do Comitê de Ética em Pesquisa; i) declaração dos
conflitos de interesses de todos os autores; j) número do registro
dos ensaios clínicos em uma base de acesso público.
*Médico, estatístico, enfermeiro, ortoptista, fisioterapeuta, estudante etc.
Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Todos os estudos
que envolvam coleta de dados primários ou relatos clínico-cirúrgicos,
sejam retrospectivos, transversais ou prospectivos, devem
indicar, na página de rosto, o número do projeto e nome da
Instituição que forneceu o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa.
As pesquisas em seres humanos devem seguir a Declaração
de Helsinque, enquanto as pesquisas envolvendo animais devem
seguir os princípios propostos pela Association for Research in Vision
and Ophthalmology (ARVO).
É necessário que o autor correspondente envie, como documento
suplementar, a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ou seu
parecer dispensando da avaliação do projeto pelo Comitê. Não cabe
ao autor a decisão sobre a necessidade de avaliação pelo Comitê de
Ética em Pesquisa.
Declaração de Conflito de Interesses. A página de rosto deve
conter a declaração de conflitos de interesse de todos os autores
(mesmo que esta seja inexistente). Para maiores informações sobre
os potenciais conflitos de interesse acesse: Chamon W, Melo LA Jr,
Paranhos A Jr. Declaração de conflito de interesse em apresentações
e publicações científicas. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9.
É necessário que todos os autores enviem os Formulários para Declaração
de Conflitos de Interesse como documentos suplementares.
Ensaios Clínicos. Todos os Ensaios Clínicos devem indicar, na página
de rosto, número de registro em uma base internacional de registro
que permita o acesso livre a consulta (exemplos: U.S. National
Institutes of Health, Australian and New Zealand Clinical Trials
Registry, International Standard Randomised Controlled Trial Number
- ISRCTN, University Hospital Medical Information Network
Clinical Trials Registry - UMIN CTR, Nederlands Trial Register).
2. Abstract e Keywords. Resumo estruturado (Purpose, Methods,
Results, Conclusions) com, no máximo, 300 palavras. Resumo não
estruturado com, no máximo, 150 palavras. Citar cinco descritores
em inglês, listados pela National Library of Medicine (MeSH - Medical
Subject Headings).
3. Resumo e Descritores. Resumo estruturado (Objetivos, Métodos,
Resultados, Conclusões) com, no máximo 300 palavras. Resumo
não estruturado com, no máximo, 150 palavras. Citar cinco descritores,
em português listados pela BIREME (DeCS - Descritores
em Ciências da Saúde).
4. Introdução, Métodos, Resultados e Discussão. As citações no
texto devem ser numeradas sequencialmente, em números arábicos
sobrescritos e entre parênteses. É desaconselhada a citação
nominal dos autores.
5. Agradecimentos. Colaborações de pessoas que mereçam reconhecimento,
mas que não justificam suas inclusões como autores,
devem ser citadas nessa seção. Estatísticos e editores médicos
podem preencher os critérios de autoria e, neste caso, devem
ser reconhecidos como tal. Quando não preencherem os critérios
de autoria, eles deverão, obrigatoriamente, ser citados nesta
seção. Não são aceitos escritores não identificados no manuscrito,
portanto, escritores profissionais devem ser reconhecidos
nesta seção.
6. Referências. A citação (referência) dos autores no texto deve
ser numérica e sequencial, na mesma ordem que foram citadas e
identificadas por algarismos arábicos sobrescritos. A apresentação
deve estar baseada no formato proposto pelo International
Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), conforme os exemplos
que se seguem.
Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o
estilo apresentado pela List of Journal Indexed in Index Medicus, da
National Library of Medicine.
Para todas as referências, cite todos os autores, até seis. Nos trabalhos
com sete ou mais autores, cite apenas os seis primeiros,
seguidos da expressão et al.
Exemplos de referências:
Artigos de Periódicos
Costa VP, Vasconcellos JP, Comegno PEC, José NK. O uso da
mitomicina C em cirurgia combinada. Arq Bras Oftalmol. 1999;
62(5):577-80.
Livros
Bicas HEA. Oftalmologia: fundamentos. São Paulo: Contexto; 1991.
384 Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):383-6
Capítulos de livros
Gómez de Liaño F, Gómez de Liaño P, Gómez de Liaño R. Exploración
del niño estrábico. In: Horta-Barbosa P, editor. Estrabismo. Rio de
Janeiro: Cultura Médica; 1997. p. 47-72.
Anais
Höfling-Lima AL, Belfort R Jr. Infecção herpética do recém-nascido.
In: IV Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira; 1980 Jul 28-30,
Belo Horizonte, Brasil. Anais. Belo Horizonte; 1980. v.2. p. 205-12.
Teses
Schor P. Idealização, desenho, construção e teste de um ceratômetro
cirúrgico quantitativo [tese]. São Paulo: Universidade Federal
de São Paulo; 1997.
Documentos Eletrônicos
Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica causada por
vigabatrin. Arq Bras Oftalmol. [periódico na Internet]. 2000 [citado
2005 Jan 31]; 63(5): [cerca de 4 p.]. Disponível em:http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-274920000005000
12&lng=pt&nrm=iso
7. Tabelas. A numeração das tabelas deve ser sequencial, em algarismos
arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as
tabelas devem ter título e cabeçalho para todas as colunas e
serem apresentadas em formatação simples, sem linhas verticais ou
preenchimentos de fundo. No rodapé da tabela deve constar
legenda para todas as abreviaturas (mesmo que definidas previamente
no texto) e testes estatísticos utilizados, além da fonte
bibliográfica quando extraída de outro trabalho. Todas as tabelas
devem estar contidas no documento principal do manuscrito após
as referências bibliográficas, além de serem enviadas como documento
suplementar.
8. Figuras (gráficos, fotografias, ilustrações, quadros). A numeração
das figuras deve ser sequencial, em algarismos arábicos,
na ordem em que foram citadas no texto. O ABO publicará as
figuras em preto e branco sem custos para os autores. Os manuscritos
com figuras coloridas apenas serão publicados após o
pagamento da respectiva taxa de publicação de R$ 500,00 por
manuscrito.
Os gráficos devem ser, preferencialmente, em tons de cinza, com
fundo branco e sem recursos que simulem 3 dimensões ou profundidade.
Gráficos do tipo torta são dispensáveis e devem ser substituídos
por tabelas ou as informações serem descritas no texto.
Fotografias e ilustrações devem ter resolução mínima de 300 DPI
para o tamanho final da publicação (cerca de 2.500 x 3.300 pixels,
para página inteira). A qualidade das imagens é considerada na
avaliação do manuscrito.
Todas as figuras devem estar contidas no documento principal do
manuscrito após as tabelas (se houver) ou após as referências bibliográficas,
além de serem enviadas como documento suplementar.
No documento principal, cada figura deve vir acompanhada de sua
respectiva legenda em espaço duplo e numerada em algarismo
arábico.
Os arquivos suplementares enviados podem ter as seguintes extensões:
JPG, BMP, TIF, GIF, EPS, PSD, WMF, EMF ou PDF, e devem
ser nomeados conforme a identificação das figuras, por exemplo:
“grafico_1.jpg” ou “figura_1A.bmp”.
9. Abreviaturas e Siglas. Quando presentes, devem ser precedidas
do nome correspondente completo ao qual se referem, quando
citadas pela primeira vez, e nas legendas das tabelas e figuras
(mesmo que tenham citadas abreviadas anteriormente no texto).
Não devem ser usadas no título e no resumo.
10. Unidades: Valores de grandezas físicas devem ser referidos de
acordo com os padrões do Sistema Internacional de Unidades.
11. Linguagem. A clareza do texto deve ser adequada a uma
publicação científica. Opte por sentenças curtas na forma direta e
ativa. Quando o uso de uma palavra estrangeira for absolutamente
necessário, ela deve aparecer com formatação itálica. Agentes
terapêuticos devem ser indicados pelos seus nomes genéricos
seguidos, entre parênteses, pelo nome comercial, fabricante, cidade,
estado e país de origem. Todos os instrumentos ou aparelhos
de fabricação utilizados devem ser citados com o seu nome
comercial, fabricante, cidade, estado e país de origem. É necessária
a colocação do símbolo (sobrescrito) de marca registrada ® ou
em todos os nomes de instrumentos ou apresentações comerciais
de drogas. Em situações de dúvidas em relação a estilo, terminologia,
medidas e assuntos correlatos, o AMA Manual of Style 10th
edition deverá ser consultado.
12. Documentos Originais. Os autores correspondentes devem ter
sob sua guarda os documentos originais como a carta de aprovação
do comitê de ética institucional para estudos com humanos ou
animais; o termo de consentimento informado assinado por todos
os pacientes envolvidos, a declaração de concordância com o conteúdo
completo do trabalho assinada por todos os autores e declaração
de conflito de interesse de todos os autores, além dos registros
dos dados colhidos para os resultados do trabalho.
13. Correções e Retratações. Erros podem ser percebidos após a
publicação de um manuscrito que requeiram a publicação de
uma correção. No entanto, alguns erros, apontados por qualquer
leitor, podem invalidar os resultados ou a autoria do manuscrito.
Se alguma dúvida concreta a respeito da honestidade ou fidedignidade
de um manuscrito enviado para publicação for levantada,
é obrigação do editor excluir a possibilidade de fraude. Nestas
situações o editor comunicará as instituições envolvidas e as agências
financiadoras a respeito da suspeita e aguardará a decisão
final desses órgãos. Se houver a confirmação de uma publicação
fraudulenta no ABO, o editor seguirá os protocolos sugeridos pela
International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) e pelo
Committee on Publication Ethics (COPE).
LISTA DE PENDÊNCIAS
Antes de iniciar o envio do seu manuscrito o autor deve confirmar
que todos os itens abaixo estão disponíveis:
Manuscrito formatado de acordo com as instruções aos autores.
Limites de palavras, tabelas, figuras e referências adequados
para o tipo de manuscrito.
Todas as figuras e tabelas inseridas no documento principal
do manuscrito.
Todas as figuras e tabelas na sua forma digital para serem
enviadas separadamente como documentos suplementares.
Formulário de Declaração da Participação dos Autores
preenchido e salvo digitalmente, para ser enviado como
documento suplementar.
Formulários de Declarações de Conflitos de Interesses de
todos os autores preenchidos e salvos digitalmente, para
serem enviados como documentos suplementares.
Número do registro na base de dados que contem o protocolo
do ensaio clínico constando na folha de rosto.
Versão digital do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
com a aprovação do projeto, para ser enviado como documento
suplementar.
Arq Bras Oftalmol. 2011;74(5):383-6
385
LISTA DE SÍTIOS DA INTERNET
Interface de envio de artigos do ABO
http://www.scielo.br/ABO
Formulário de Declaração de Contribuição dos Autores
http://www.cbo.com.br/site/files/Formulario Contribuicao dos
Autores.pdf
International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE)
http://www.icmje.org/
Uniform requirements for manuscripts submitted
to biomedical journals
http://www.icmje.org/urm_full.pdf
Declaração de Helsinque
http://www.wma.net/en/30publications/10policies/b3/index.html
Princípios da Association for Research in
Vision and Ophthalmology (ARVO)
http://www.arvo.org/eweb/dynamicpage.aspx?site=arvo2&
webcode=AnimalsResearch
Chamon W, Melo LA Jr, Paranhos A Jr. Declaração de conflito de
interesse em apresentações e publicações científicas.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9.
http://www.scielo.br/pdf/abo/v73n2/v73n2a01.pdf
Princípios de Autoria segundo ICMJE
http://www.icmje.org/ethical_1author.html
Formulários para Declaração de Conflitos de Interesse
http://www.icmje.org/coi_disclosure.pdf
U.S. National Institutes of Health
http://www.clinicaltrials.gov
Australian and New Zealand Clinical Trials Registry
http://www.anzctr.org.au
International Standard Randomised Controlled
Trial Number - ISRCTN
http://isrctn.org/
University Hospital Medical Information Network
Clinical Trials Registry - UMIN CTR
http://www.umin.ac.jp/ctr/index/htm
Nederlands Trial Register
http://www.trialregister.nl/trialreg/index.asp
MeSH - Medical Subject Headings
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=mesh&term=
DeCS - Descritores em Ciências da Saúde
http://decs.bvs.br/
Formatação proposta pela International Committee
of Medical Journal Editors (ICMJE)
http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html
List of Journal Indexed in Index Medicus
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/journals
AMA Manual of Style 10th edition
http://www.amamanualofstyle.com/
Protocolos da International Committee of
Medical Journal Editors (ICMJE)
http://www.icmje.org/publishing_2corrections.html
Protocolos da Committee on Publication Ethics (COPE)
http://publicationethics.org/flowcharts
Editada por
IPSIS GRÁFICA E EDITORA S.A.
Rua Vereador José Nanci, 151 - Parque Jaçatuba
CEP 09290-415 - Santo André - SP
Fone: (0xx11) 2172-0511 - Fax (0xx11) 2273-1557
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São Paulo - SP - CEP 04546-004
Contato: Fabrício Lacerda
Fone: (5511) 3266-4000 - Fax: (5511) 3171-0953
E-mail: assessoria@cbo.com.br
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