Capa 2-ABO 73-01-Final.indd - Conselho Brasileiro de Oftalmologia
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ISSN 0004-2749
versão impressa
Arquivos Brasileiros de Oftalmologia | jan-fev 2010 | v.73 n.1 p.1-102
A RQUIVOS BRASILEIROS DE
Oftalmologia
PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
JANEIRO/FEVEREIRO 2010
INDEXADA NAS BASES DE DADOS
73 01
New considerations on
pupillary block mechanism
Cytomegalovirus
retinitis and AIDS
Technique for Descemet
membrane stripping
OCT in chloroquine users
MEDLINE | EMBASE | ISI | SciELO
Redução da PIO quando comparado
a combinação fixa de latanoprosta/timolol
0
22.7 mmHg (Baseline IOP) 22.1 mmHg
mmHg
1
2
3
4
5
4.8
GANFORT ®
(n=47)
3.1
p0,1% a 1/1000 a 1/100 a 1/10]: hiperemia conjuntival, crescimento dos cílios. Eventos adversos adicionais observados com um
dos dois componentes e que podem potencialmente ocorrer também com a combinação são: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg. ANVISA/MS - 1.0147.0171. ® Marca Registrada.
Nos casos de:
Lesões corneanas
Danos ao epitélio na
síndrome do olho seco.
Prevenção e tratamento
de lesões causadas por
lentes de contato.
Doenças distróficas
da córnea.
O conceito moderno de regeneração
com conforto para o paciente
EPITEGEL dexpantenol 50,0 mg/g INDICAÇÕES: É indicado para o tratamento de suporte e posterior de todos os tipos de queratite como a queratite dendrítica, cauterizações, queimaduras, doenças distróficas
da córnea, prevenção e tratamento de lesões corneais causadas pelo uso de lentes de contato. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Manter em local seco em temperatura ambiente (entre 15 e 30ºC). Depois de aberto,
deverá ser consumido em 04 semanas. Produto exclusivo para uso oftálmico. Devido à natureza, em gel, a visão pode se apresentar embaçada por alguns minutos, imediatamente após a administração, e pode
prejudicar a habilidade do paciente em dirigir veículos ou operar máquinas. Não deve ser usado durante a gravidez e lactação, exceto sob orientação médica. REAÇÕES ADVERSAS: Podem ocorrer reações de
hipersensibilidade em casos isolados. Não existem registros de alterações de exames laboratoriais. POSOLOGIA: Dependendo da gravidade e intensidade das lesões, instilar uma gota no saco conjuntival de três
a cinco vezes ao dia ou com maior freqüência, de acordo com a prescrição médica. Durante a aplicação, não devem ser usadas lentes de contato. Reg. MS - 1.1961.0012 VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA.
Referências bibliográficas: 1. Christ T.: Treatment of corneal erosion with a new ophthalmic gel containing panthenol. Spektrum Augenheilkunde (1994) 8/5: 224-226.
CONTRA-INDICAÇÕES: Hipersensibilidade a um dos componentes da fórmula. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são conhecidas interações medicamentosas. Quando usado com outros
agentes oftálmicos tópicos, preferencialmente deve ser a última medicação administrada, após um intervalo de cerca de cinco minutos.
Jan/2010
Antecipar cada movimento.
Isso sim é ser inteligente.
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Ação intensa para a máxima redução intraocular 1-6
Primeiro produto com anel identificador
• Proporciona maior redução da pressão
intraocular em indivíduos poucos responsivos a
latanoprosta 7,8
• Redução de até 21% da pressão intraocular em
indivíduos com glaucoma de pressão normal 9
• 35% mais acessível que o produto referência 10
Material destinado à classe farmacêutica.
Posologia: 1 gota diária
Apresentação: Solução oftálmica estéril
de 3 ml e de 5 ml com 0,3 mg de bimatoprosta
CONTRAINDICAÇÃO: PACIENTES COM HIPERSENSIBILIDADE
A QUALQUER COMPONENTE DA FÓRMULA DO PRODUTO.
Bula Resumida: GLAMIGAN (Bimatoprosta)
Bimatoprosta Solução oftálmica estéril – Uso adulto / Uso tópico oftálmico - USO TÓPICO OFTÁLMICO – Indicações: redução da pressão
intraocular elevada em glaucoma de ângulo aberto e fechado, pós-iridotomia e hipertensão ocular. Contraindicações: hipersensibilidade a
qualquer componente da fórmula. Modo de usar e cuidados de conservação depois de aberto: Não utilizar durante o uso de lentes de contato.
Após administração, aguardar ao menos 15 minutos para recolocar as lentes. Caso utilizado concomitantemente com outros colírios, aguardar
ao menos 5 minutos de intervalo entre as aplicações. Posologia: uma gota no olho afetado, uma vez ao dia, à noite. Pode ser administrado
concomitantemente com outros colírios para reduzir a hipertensão intraocular. Advertências: Foram relatados aumento gradativo do crescimento
dos cílios em comprimento e espessura, e escurecimento dos cílios, pálpebras e íris. Pacientes que devem receber o tratamento de apenas um dos
olhos devem ser informados a respeito dessas reações. Cautela nos casos de inflamação intraocular ativa. Foram relatados casos de edema macular,
incluindo cistóide. Cautela em pacientes afácicos, pseudoafácicos com a cápsula posterior do cristalino rompida, ou em risco de edema macular. Não
foi avaliado no tratamento de glaucoma de ângulo fechado, inflamatório ou neovascular. Cautela em pacientes com insuficiência renal ou hepática.
Gravidez e Lactação: cautela durante a lactação. Categoria de risco na gravidez: C. Pacientes idosos: não há recomendações especiais. Pacientes
pediátricos: não foram estabelecidas segurança e eficácia. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são conhecidas incompatibilidades. REAÇÕES
ADVERSAS A MEDICAMENTOS: hiperemia conjuntival, crescimento dos cílios, prurido ocular, secura ocular, ardor ocular, sensação de corpo estranho
no olho, dor ocular, distúrbios da visão, eritema palpebral, pigmentação da pele periocular, irritação ocular, secreção ocular, astenopia, conjuntivite
alérgica, lacrimejamento, ceratite puntiforme superficial, fotofobia, inflamação intraocular, mencionada como irite e pigmentação da íris, alteração
das provas de função hepática e infecções, edema conjuntival, blefarite, astenia, erosão da córnea, piora da acuidade visual, blefarospasmo,
depressão, retração palpebral, hemorragia retiniana e vertigem. SUPERDOSE: A ingestão pode produzir náusea, desconforto gástrico, alterações
da pressão arterial, secreção gástrica, inflamação, cefaleia e bronco-constrição. Recomenda-se tratamento sintomático. VENDA SOB PRESCRIÇÃO
MÉDICA. Reg. MS: nº 1.0583.0646. Farm. Resp.: Drª Maria Geisa P. de Lima e Silva. CRF-SP nº 8.082. GERMED FARMACÊUTICA LTDA. Rod. Jornalista
F. A. Proença, km 08 Bairro Chácara Assay CEP 13186-901 - Hortolândia/SP CNPJ: 45.992.062/0001-65 - INDÚSTRIA BRASILEIRA- Fabricado por: EMS
S/A. - Rod. Jornalista F. A. Proença, km 08 - Bairro Chácara Assay - CEP 13186-901 - Hortolândia/SP – SAC: 0800-191914.
Referências Bibliográficas: 1- Higginbotham EJ, Schuman JS, Goldberg I, et al, Bimatoprost Study Groups 1 and 2. One-year, randomized study
comparing bimatoprost and timolol in glaucoma and ocular hypertension. Arch Ophthalmol 2002;120:1286-93. 2- Brandt JD, VanDenburgh AM,
Chen K, Whitcup SM, Bimatoprost Study Group. Comparison of once- or twice-daily bimatoprost with twice-daily timolol in patients with elevated
IOP: a 3-month clinical trial. Ophthalmology 2001;108:1023-31. 3- Whitcup SM, Cantor LB, VanDenburgh AM, Chen K. A randomised, double
masked, multicentre clinical trial comparing bimatoprost and timolol for the treatment of glaucoma and ocular hypertension. Br J Ophthalmol
2003;87:57- 62. 4- Noecker RS, Dirks MS, Choplin NT, et al, Bimatoprost/Latanoprost Study Group. A six-month randomized clinical trial comparing
the intraocular pressure-lowering efficacy of bimatoprost and latanoprost in patients with ocular hypertension or glaucoma. Am J Ophthalmol
2003;135:55- 63. 5- Parrish RK, Palmberg P, Sheu WP, XLP Study Group. A comparison of latanoprost, bimatoprost, and travoprost in patients with
elevated intraocular pressure: a 12-week, randomized, masked-evaluator multicenter study. Am J Ophthalmol 2003;135:688 -703. 6- DuBiner H,
Cooke D, Dirks M, et al. Efficacy and safety of bimatoprost in patients with elevated intraocular pressure: a 30-day comparison with latanoprost.
Surv Ophthalmol 2001;45(suppl):S353. 7- Gandolfi SA, Cimino L. Effect of bimatoprost on patients with primary open-angle glaucoma or ocular
hypertension who are nonresponders to latanoprost. Ophthalmology. 2003 Mar;110(3):609-14. 8- Williams RD. Efficacy of bimatoprost in glaucoma
and ocular hypertension unresponsive to latanoprost. Adv Ther. 2002 Nov-Dec;19(6):275-81. 9- Cheng JW, Cai JP, Wei RL. Meta-analysis of medical
intervention for normal tension glaucoma. Ophthalmology. 2009 Jul;116(7):1243-9. 10- Revista Kairos / janeiro 2010.
Liposic ® é a escolha ideal em todos os casos
de deficiência do filme lipídico:
Queixas recorrentes dos pacientes
Paciente idoso
Uso de contraceptivos orais,
gravidez e menopausa
Síndrome do olho seco em ambientes
de escritório
3
3
3
1, 2
JAN/2010
LIPOSIC carbômero 2,0 mg/g + sorbitol 48,5 mg/g. INDICAÇÕES: É usado como um substituto lacrimal para o tratamento sintomático de condições de olho seco, resultante de distúrbios na secreção e função lacrimal, causada por doenças locais ou sistêmicas, assim como em circunstâncias
onde a pálpebra não fecha ou fecha de modo incompleto. CUIDADOS E ADVERTÊNCIAS: Manter em local seco em temperatura ambiente (entre 15 e 30ºC). Depois de aberto, deverá ser consumido em 06 semanas. Remover as lentes de contato antes da administração, e só podem ser recolocadas
após 30 minutos da aplicação. Devido à natureza, em gel, a visão pode se apresentar embaçada por alguns minutos, imediatamente após a administração, e pode prejudicar a habilidade do paciente em dirigir veículos ou operar máquinas. Não deve ser usado durante a gravidez e lactação,
exceto sob orientação médica. REAÇÕES ADVERSAS: Embora com baixa incidência, têm-se o registro de reações de queimação e vermelhidão nos olhos, e pálpebras coladas (revertido após retirada do medicamento); conjuntivite (canto do olho), com duração de uma semana; e vermelhidão
distinta da conjuntiva e córnea, com duração de três a quatro dias. Não existem registros de alterações de exames laboratoriais. POSOLOGIA: Aplicar uma gota na conjuntiva de três a cinco vezes por dia ou com maior freqüência, e aproximadamente 30 minutos antes de se deitar (do contrário
há o risco de grudar a pálpebra). Reg. MS - 1.1961.0010 VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA.
CONTRA-INDICAÇÕES: Hipersensibilidade a um dos componentes da fórmula. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Quando usado com outros agentes oftálmicos tópicos,
preferencialmente deve ser a última medicação administrada, após um intervalo de cerca de cinco minutos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Heiligenhaus A, Koch JM, Kemper D, Kruse FE, Waubke ThN. Therapie von Benetzungsstörungen. Klin Monatsbl Augenheilk, 1994; 204: 162-168. 2. Heiligenhaus A,Koch JM,Kruse FE,Schwarz C,Waubke. ThN (1995) Diagnostik und Differenzierung. von Benetzungsstörungen.
Ophthalmologe 92: 6-11. 3. Dados em arquivo Bausch & L
PUBLICAÇÃO OFICIAL DO
CONSELHO BRASILEIRO
DE OFTALMOLOGIA
CODEN - AQBOAP
PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
Publicação ininterrupta desde 1938
ISSN 0004-2749
(Versão impressa)
ISSN 1678-2925
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Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 73, n. 1, p. 1-102, jan./fev. 2010
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Internacional
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Fernando Prieto Díaz (Argentina)
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José Carlos Cunha Vaz (Portugal)
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Marcelo Teixeira Nicolela (Canadá)
Maria Amélia Ferreira (Portugal)
Maria Estela Arroyo-Illanes (México)
Miguel N. Burnier Jr. (Canadá)
Pilar Gomez de Liaño (Espanha)
Richard L. Abbott (E.U.A.)
Zélia Maria da Silva Corrêa (E.U.A.)
ABO – ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA
PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA (CBO)
Redação: Novo endereço: R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia - São Paulo - SP - CEP 04546-004
Fone: (55 11) 3266-4000 - Fax: (55 11) 3171-0953 - E-mail: abo@cbo.com.br - Home-page: www.abonet.com.br
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Membros do CBO: Distribuição gratuita.
Não Membros: Assinatura anual: R$ 440,00
Fascículos avulsos: R$ 80,00
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Single issue: US$ 40.00
Editor: Wallace Chamon
Gerente Comercial: Mauro Nishi
Secretaria Executiva:
Claudete N. Moral
Claudia Moral
Revisão Final: Paulo Mitsuru Imamura
Editoria Técnica:
Edna Terezinha Rother
Maria Elisa Rangel Braga
Capa: Acqua Estudio Gráfico
PUBLICAÇÃO: Ipsis Gráfica e Editora S.A.
DIVULGAÇÃO: Conselho Brasileiro de Oftalmologia
TIRAGEM: 7.400 exemplares
Imagem da capa: “Detalhe de olho indígena de etnia Yawalapiti, no Alto Xingú. Curiosamente este indígena apresenta pouca
pigmentação iriana. Fotografado com lente macro no Posto Indígena Leonardo Villas Bôas dentro do parque indígena do
Xingú durante o projeto desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP.” Autor da foto: Wallace Chamon.
PUBLICAÇÃO OFICIAL DO
CONSELHO BRASILEIRO
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PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
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Diretoria do CBO - 2009-2011
Paulo Augusto de Arruda Mello
Presidente
Marco Antônio Rey de Faria
Nilo Holzchuh
Vice-Presidente
Secretário Geral
Fabíola Mansur de Carvalho
Mauro Nishi
1º Secretário Tesoureiro
Sociedades Filiadas ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia
e seus respectivos Presidentes
• CENTRO BRASILEIRO DE ESTRABISMO - Galton Carvalho Vasconcelos
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO EM OFTALMOLOGIA - Renato Ambrósio Júnior
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE CATARATA E IMPLANTES INTRA-OCULARES - Marco Antônio Rey de Faria
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA OCULAR - Suzana Matayoshi
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA REFRATIVA - José Ricardo Carvalho Lima Rehder
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECOGRAFIA EM OFTALMOLOGIA - Norma Allemann
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE GLAUCOMA - João Antônio Prata Junior
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE LASER E CIRURGIA EM OFTALMOLOGIA - Maria Regina Catai Chalita
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE LENTES DE CONTATO, CÓRNEA E REFRATOMETRIA - Tania Mara Cunha Schaefer
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA - Célia Regina Nakanami
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA EM OFTALMOLOGIA - Renato Luiz Gonzaga
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE RETINA E VÍTREO - Arnaldo Pacheco Cialdini
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE TRAUMA OCULAR - Nilva Simeren Bueno Moraes
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE UVEÍTES - Moyses Eduardo Zajdenweber
• SOCIEDADE BRASILEIRA DE VISÃO SUBNORMAL - Alexandre Costa Lima Azevedo
Apoio:
PUBLICAÇÃO OFICIAL DO
CONSELHO BRASILEIRO
DE OFTALMOLOGIA
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• ISI Wed of Knowledge (SM)
• MEDLINE
• LILACS
• Literatura Latino-americana
• em Ciências da Saúde
Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 73, n. 1, p. 1-102, jan./fev. 2010
SUMÁRIO/CONTENTS
EDITORIAL - EDITORIAL
Chegamos! Então sigamos ...
We have got there! Now, we should move on.
Harley E. A. Bicas, Wallace Chamon .................................................................................................................................................................................................. 5
NOMINATA - LIST OF REVIEWERS
Trabalho em equipe
Team work
Wallace Chamon.......................................................................................................................................................................................................................................... 7
ARTIGO ORIGINAL - ORIGINAL ARTICLE
New considerations on pupillary block mechanism
Novas considerações sobre o mecanismo do bloqueio pupilar
Sebastião Cronemberger, Nassim Calixto, André Oliveira de Andrade, Rafael Vidal Mérula .............................................................................................. 9
Clinical features and outcomes of AIDS-related cytomegalovirus retinitis in the era
of highly active antiretroviral therapy
Características e evolução clínica da retinite por citomegalovírus em pacientes com AIDS na era da terapia antirretroviral potente
Tiago Eugênio Faria e Arantes, Claudio Renato Garcia, Janaína Jamile Ferreira Saraceno, Cristina Muccioli ............................................................ 16
Técnica de separação da membrana de Descemet para transplante de células endoteliais da córnea:
estudo experimental em coelhos
Technique for separating Descemet membrane for corneal endothelial cells transplantation: experimental study in rabbits
Daniel Wasilewski, Alexandre Lass Siqueira, Lawrence Rife, Eduardo Arana, Hamilton Moreira, Ronald Smith .......................................................... 22
Tomografia de coerência óptica na avaliação da camada de fibras nervosas peripapilar nos usuários de cloroquina
Optical coherence tomography to evaluate peripapillary retinal nerve fiber layer in chloroquine patients
Luis Augusto Arana, Jayme Arana, Alexander Rodrigo Hasimoto, Gustavo Schirr, Eduardo Arana,
Ana Paula Beckhauser, Francisco Araújo, Thelma Skare ............................................................................................................................................................. 28
Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
Dez anos de acompanhamento de uma série de casos de neoplasias epiteliais primárias da glândula lacrimal: características clínicas,
tratamento cirúrgico e achados histopatológicos
Rodrigo Ribeiro Santos, Renato Wendell Ferreira Damasceno, Fernanda Silva Lopes de Pontes, Sylvia Regina T. Cursino,
Maria Cristina Nishiwaki-Dantas, José Vital Filho, Paulo Elias Correa Dantas ....................................................................................................................... 33
Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - A retrospective study
Clorambucil e ciclosporina A em pacientes brasileiros com doença de Behçet e uveíte - Estudo retrospectivo
Juliana Marques Zaghetto, Mirian Mina Yamamoto, Murilo Barreto Souza, Felipe Theodoro Bezerra Gaspar Carvalho da Silva,
Carlos Eduardo Hirata, Edilberto Olivalves, Joyce Hisae Yamamoto ........................................................................................................................................ 40
Incidência e gravidade da retinopatia da prematuridade e sua associação com morbidade e tratamentos instituídos
no Hospital Universitário Antonio Pedro, entre 2003 a 2005
Incidence and severity of retinopathy of prematurity and its association with morbidity and treatments instituted at Hospital Antonio Pedro
from Universidade Federal Fluminense, between 2003 and 2005
Raphael de Faria Schumann, Adauto Dutra Moraes Barbosa, Cristina Ortiz Valete ............................................................................................................. 47
“Screening” visual em crianças pré-escolares utilizando o PhotoScreener TM
PhotoScreener TM for preschool children visual screening
Marcelo Mendes Lavezzo, Roberta Lilian Fernandes de Sousa, Mayumi Shirota Kanamura, Silvana Artioli Schellini,
Carlos Roberto Padovani ......................................................................................................................................................................................................................... 52
Óculos de baixo custo: experiência em Divinolândia (SP)
Low-price glasses: Divinolândia (SP) experience
Maria Cecília Machado, José Leonardo Góes Lourenço, Wagner de Figueiredo, Newton Kara-José .............................................................................. 57
Frequência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Frequency of retinopathy of prematurity at newborns at the Clinical Hospital, Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo
Rogério Neri Shinsato, Letícia Paccola, Walusa Assad Gonçalves, José Carlos Barbosa, Francisco Eulógio Martinez,
Maria de Lourdes Veronese Rodrigues, Rodrigo Jorge................................................................................................................................................................... 60
Senior resident phacoemulsification learning curve
Curva de aprendizado do residente de terceiro ano em facoemulsificação
Pedro Carlos Carricondo, Ana Carolina Freitas Morais Fortes, Paula de Carvalho Mourão, Marcelo Hajnal, Newton Kara Jose ........................... 66
Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana para
o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
Corneal wavefront-guided photorefractive keratectomy with mitomycin-C for consecutive hyperopia after radial keratotomy
Ramon Coral Ghanem, Emir Amin Ghanem, Newton Kara-José ................................................................................................................................................... 70
RELATOS DE CASOS - CASE REPORTS
Injeção intravítrea de bevacizumab e gás C 3
F 8
para tratamento da hemorragia submacular secundária
a degeneração macular relacionada à idade: relato de casos
Intravitreous injection of bevacizumab and C 3
F 8
gas for the treatment of submacular hemorrhage due to age-related
macular degeneration: case reports
Daniel Araújo Ferraz, Gláucio Luciano Bressanim, Celso Morita, Walter Yukihiko Takahashi ........................................................................................... 77
Implante orbital misto para reconstrução de cavidade anoftálmica: relato de caso
Miscellaneous orbital implant for anophthalmic cavity reconstruction surgery: case report
Davi Araf, Omar Massayoshi Assae, Rodrigo Vuono de Brito, Guido Aquino Jr., Tania Aleksandra Gomes da Silva............................................... 81
Linfangioma orbitário: relato de caso
Orbital lymphangioma: case report
Filipe José Pereira, Sabrina de Pellegrini Trindade, Antonio Augusto Velasco e Cruz, Thiago Prazeres Salum Müller ............................................ 84
Rhegmatogenous retinal detachment in Wyburn-Mason syndrome: case report
Descolamento regmatogênico de retina na síndrome de Wyburn-Mason: relato de caso
Flávio MacCord Medina, Otacílio de Oliveira Maia Júnior, Walter Yukihiko Takahashi ........................................................................................................ 88
ATUALIZAÇÃO CONTINUADA - CURRENT UPDATE
Aplicações oftalmológicas do ácido hialurônico
Use of hyaluronic acid in Ophthalmology
Eugênio Santana de Figueirêdo, André Casimiro de Macedo, Priscila Fechine Ribeiro de Figueirêdo, Régis Santana de Figueirêdo .................. 92
Tabelas para medir acuidade visual com escala logarítmica: porque usar e como construir
Logarithmic visual acuity charts: reasons to use and how to design it
André Messias, Rodrigo Jorge, Antonio Augusto Velasco e Cruz .............................................................................................................................................. 96
INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES - INSTRUCTIONS TO AUTHORS .................................................................... 101
TODOS OS TEXTOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS RESPECTIVOS AUTORES
EDITORIAL
Chegamos! Então sigamos ...
We have got there! Now, we should move on.
Harley E. A. Bicas, Wallace Chamon
Chegamos!
Por tudo o que significa em termos de qualificação e reconhecimento
de valores, pela rigorosa seletividade dos julgamentos
que levam a esse resultado, o acolhimento de uma
revista científica pelo ISI (Institute for Scientific Information)
Web of Knowledge, representa-lhe o mais cobiçado objetivo a
ser alcançado, a indexação definitiva. De fato, essa agência de
catalogação da produção científica mundial, tradicional e historicamente
respeitada, a mais antiga, independente e criteriosa,
incorporou a essa análise métodos e indicadores (dos quais,
provavelmente, o mais famoso é o do fator de impacto), que
passaram a referenciais de diferenciação entre as mais diversas
publicações. Um guia, “o” guia de apreciação de seus atributos.
No Brasil, principalmente, as agências de fomento à pesquisa
acadêmica e as Universidades, suas produtoras, assumiram
tais critérios com tal entusiasmo a ponto de, praticamente,
lhes deixar subordinados os vários apoios financeiros e
influenciar docentes universitários sobre o direcionamento de
seus desempenhos profissionais. Mas reações a essa indução
tornaram-na objeto de polêmica. Recentemente, aliás, voltamos
ao assunto em novo editorial, para antagonizar o recrudescimento
dessa postura pela CAPES, com reflexos diretos
sobre as revistas científicas brasileiras. Em seguida, a Associação
Médica Brasileira e a Academia Brasileira de Editores
Científicos promoveram reuniões de editores científicos sobre
tal assunto de inequívoca relevância.
Assim, chegar ao ISI, havendo já conquistado os reconhecimentos
da SciELO, da MEDLINE (PubMed), da EMBASE, do
Scopus, entre outros indexadores, deve ser motivo de júbilo e
de comemorações. Representa a coroação da Oftalmologia
brasileira pelo que tem sido considerado o fator mais importante
de valoração das publicações científicas. Artigos brasileiros
chegam a uma quantidade muito maior de leitores e as
medidas dos artigos publicados nos Arquivos Brasileiros de
Oftalmologia chegam a um novo patamar de reconhecimento
por nossas agências de fomento e Universidades.
Enfim, alcançamos. E desde 2008 (os 156 artigos publicados
por nossa revista nesse ano já estão sendo avaliados pelo
ISI e, em seguida, os de 2009 e futuros). Essa honra, a de
única revista de Oftalmologia da América Latina a usufruir
do privilégio de estar indexada nas duas maiores entidades
da literatura científica mundial (ISI e PubMed), além da maior
entidade latino-americana (SciELO) deve fartar de orgulho a
todos os brasileiros, principalmente nós, seus oftalmologistas.
Um atestado do alto nível de nossos conhecimentos e
procedimentos da especialidade, refletidos nas publicações
veiculadas pelos A.B.O.
A indexação coloca novos observadores sobre tudo o que
é escrito na literatura oftalmológica brasileira. Agora passamos
a ser avaliados sistematicamente, principalmente em relação
à importância das nossas publicações para os outros
autores, nacionais e internacionais. A partir de 2011, será
medida a quantidade de vezes que cada artigo escrito nos
A.B.O. surgir referido pela literatura mundial (e também brasileira)
em uma base de dados que inclui 45 revistas relacionadas
à oftalmologia. O próximo passo são as metas! Essas só
serão atingidas com esse trabalho árduo da comunidade científica
brasileira em publicar, cada vez mais, artigos de alta
qualidade e relevância nos A.B.O.
Certamente, a conquista é, sim, da Oftalmologia brasileira.
Foi por sua excelência que chegamos a mais essa vitória. Autores
e analistas das respectivas matérias da revista fizeram um
belo trabalho. A equipe editorial, toda, articulando-os e supervisionando-os,
garantiram a qualidade do que veio à luz, complementada
pela indispensável normatização, pela cuidadosa
revisão gráfica final, pelo diuturno trabalho da secretaria. Uma
fortíssima equipe, essa, a que merece cumprimentos e celebrações.
Finalmente, na tarefa de postulação desse reconhecimento
e de acompanhamento de seus resultados, um especial
destaque deve ser dado ao comprometimento de Paulo Elias
Correa Dantas e Edna Terezinha Rother.
Sabemos que ainda temos que melhorar muito, principalmente
no que se refere aos indicadores de eficiência da nossa
revista, como o tempo necessário para a publicação dos manuscritos
enviados. Para isso contamos com um dos trabalhos
menos valorizados e reconhecidos mundialmente: a editoração
científica realizada pelos nossos pares. Esses, muitas vezes
anônimos, co-editores, editores associados, membros do
conselho editorial e revisores “ad hoc” dos A.B.O., que dispensam
horas do seu trabalho na avaliação e melhora dos
artigos enviados para a publicação.
A história não acaba. É como, a um clube, chegar à divisão
de elite, a um pequeno e seletíssimo grupo. Os holofotes, agora,
serão mais intensos sobre os A.B.O. e o objetivo, agora, é o de
distinguir-se nessa categoria, disputando o campeonato dos
indicadores. E o que precisamos, para isso? Não muito mais!
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):5
6 Chegamos! Então sigamos ...
Apenas, que nos conscientizemos de que boa parte de nossa
melhor produção seja agora direcionada aos A.B.O. (não há
mais razões para evitar esse encaminhamento), sem deixá-la que
se escoe a revistas estrangeiras, fortalecendo-as ainda mais.
Isto é, que marquemos para nosso time, não que façamos gol
contra... Apenas, que autores brasileiros não se pejem de citar
nossos artigos, nem se enciúmem de que eles sejam assinados
por patrícios. Apenas, enfim, que acreditemos que podemos.
Então, sigamos!
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):5-6
NOMINATA
Trabalho em equipe
Wallace Chamon
A comunidade oftalmológica e a editoria científica dos Arquivos
Brasileiros de Oftalmologia agradecem o competente
trabalho dos colaboradores abaixo na análise dos manuscritos
do ano de 2009. Esse apoio foi imprescindível para o reconhecimento
obtido pelo nosso periódico, nacional e internacionalmente.
Apenas com o trabalho árduo dessa equipe conseguiremos
manter o nível científico dentro dos mais rigorosos
padrões do processo de revisão por pares.
O seleto grupo de revisores dos ABO inclui membros do
seu conselho editorial e revisores indicados devido ao seu
nível de conhecimento no assunto do manuscrito avaliado.
A. Duarte
Abelardo de Souza Couto Jr.
Acácio Alves de Souza Lima Filho
Adriana dos Santos Forseto
Alexandre Chater Taleb
Amélia Kamegasawa
Ana Estela Besteti Pires Ponce Sant’Anna
André Corrêa de Oliveira Romano
Angelino Julio Cariello
Carlos Alexandre de Amorim Garcia
Celina Tamaki Monteiro de Castro
Cintia Sade Paiva
Consuelo Bueno Diniz Adan
Diane Ruschel Marinho
Eduardo Buchele Rodrigues
Felício Aristóteles da Silva
Fernando Cesar Abib
Flávio Eduardo Hirai
Frederico Castelo Moura
Helia Soares Angotti
Hélio Angotti-Neto
Ivan Torres Pisa
José Ernesto de Araújo
José Vital Filho
Joyce Hisae Yamamoto
Juliana Maria Ferraz Sallum
Laurentino Biccas Neto
Leonardo Provetti Cunha
Leopoldo Magacho
Lineu Shiroma
Lisandro Massanori Sakata
Luciane Bugman Moreira
Luís Alberto de Carvalho
Luís Antonio Vieira
Luís Eduardo Morato Rebouças de Carvalho
Luiz Alberto Soares de Melo Jr.
Luiz Carlos Molinari Gomes
Marco Aurélio Lana Peixoto
Marcos Carvalho da Cunha
Maria Aparecida Onuki Haddad
Maria do Carmo Pinheiro
Maria Emília Xavier dos Santos Araújo
Maria Kiyoko Oyamada
Maria Teresa Brizzi Chizzotti Bonanomi
Mariangela Esther Alencar Marques
Mário Teruo Sato
Maurício Bastos Pereira
Maurício Della Paolera
Milton Yogi
Milton Massato Hida
Mônica de Cássia Alves Paula
Myrna Serapião dos Santos
Niro Kasahara
Núbia Cristina Freitas Maia
Patrícia Mitiko Santello Akaishi
Paulo de Tarso Ponte Pierre Filho
Pedro Carricondo
Ramon Ghanem
Renato Ambrósio Jr.
Ricardo Morschbacher
Ricardo Suzuki
Riuitiro Yamane
Roberto Lauande Pimentel
Rogério Ferraz Farsoni
Rosa Maria Graziano
Rui Barroso Schimiti
Samuel Rymer
Sebastião Cronemberger Sobrinho
Sérgio Vanetti Burnier
Simone Finzi
Virgilio Centurion
Wesley Ribeiro Campos
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):7
New considerations on pupillary block mechanism
Novas considerações sobre o mecanismo do bloqueio pupilar
Sebastião Cronemberger 1
Nassim Calixto 2
André Oliveira de Andrade 3
Rafael Vidal Mérula 4
Study carried out at Glaucoma Service - São Geraldo
Hospital - Federal University of Minas Gerais (UFMG)
- Belo Horizonte (MG) - Brazil.
1
Chief Professor of Ophthalmology - Federal University
of Minas Gerais (UFMG) School of Medicine - Belo
Horizonte (MG) - Brazil.
2
Chief Professor of Ophthalmology - Federal University
of Minas Gerais (UFMG) School of Medicine - Belo
Horizonte (MG) - Brazil.
3
MD (Ophthalmology) - Federal University of Minas
Gerais (UFMG) School of Medicine - Belo Horizonte
(MG) - Brazil.
4
MD (Ophthalmology) - Federal University of Minas
Gerais (UFMG) School of Medicine - Belo Horizonte
(MG) - Brazil.
Correspondence address: Sebastião Cronemberger.
Rua Martim de Carvalho, 410/501 - Belo Horizonte (MG)
CEP 30190-090
E-mail: cronem@task.com.br
Recebido para publicação em 14.08.2009
Última versão recebida em 23.10.2009
Aprovação em 19.12.2009
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo
sob sigilo editorial e com a anuência dos Drs. Paulo
Pierre Filho e Enyr Saran Arcieri sobre a divulgação de
seus nomes como revisores, agradecemos sua participação
neste processo.
ABSTRACT
Purpose: To study the mechanisms of pupillary block in eyes with
occludable angle by ultrasound biomicroscopy. Methods: Initially, a
pilot study of 13 eyes with acute primary angle-closure without medication
was executed. Ultrasound biomicroscopy measurements of
the angle, posterior chamber depth and iris thickness were performed
in the temporal quadrant under light and dark conditions. Afterwards,
ultrasound biomicroscopy measurements of iris-lens contact distance
and iris-lens angle in the temporal quadrant and central anterior
chamber depht were made in 32 eyes with acute primary angle-closure
or intermittent primary angle-closure without medication, under light
and dark conditions before and after laser peripheral iridectomy. Results:
In the pilot study, a significant decrease in the angle as well as a
significant increase in the iris thickness occurred when comparing
light to dark conditions. Before and after laser peripheral iridectomy
(second study), significant differences were found in iris-lens contact
distance (P
10 New considerations on pupillary block mechanism
not prevent APAC crisis in some eyes. It must be indicated
when potential benefits outweigh risks.
Ultrasound biomicroscopy (UBM) permits non-invasive
examination of the ocular anterior segment at high resolution
(40 µm) (7) . Its efficacy has been demonstrated in relation to the
mechanism of angle-closure in eyes with primary angle-closure
glaucoma (PACG) (8) , and the morphologic changes after LPI (6) .
Other peculiarities, such as a more crowded anterior segment of
the fellow APAC eyes in comparison to other narrow angle eyes
have also benefited (9) . However, our knowledge about the pathophysiology
of angle-closure is incomplete.
The aim of this paper is to report the results of an UBM
study regarding pupillary block in eyes with occludable angle,
under light and dark conditions, before and after LPI.
METHODS
This comparative case series study was approved by the
Research Ethics Committee of the Federal University of Minas
Gerais. Informed consent was obtained from all participants.
Occludable angle subjects were recruited from the Glaucoma
Service - São Geraldo Hospital.
Initially, a pilot study of 13 eyes from 13 patients with
unilateral APAC without medication 48 hours before the
UBM exam was executed. Afterwards, 32 eyes of 16 patients
with APAC or intermittent primary angle-closure (IPAC) were
assessed. APAC or IPAC cases were defined by the presence
of at least two symptoms: ocular or periocular pain, nausea
and/or vomiting, previous history of intermittent blurring of
vision with haloes; and an intraocular pressure (IOP) higher
than 28 mmHg (Goldmann tonometry); the presence of three
of the following signs: conjunctival injection, corneal epithelial
edema, slowly reactive mid-dilated pupil, and a shallow
anterior chamber; and presence of an appositional closed
angle eye, verified by gonioscopy or UBM in darkness. Exclusion
criteria were: posterior synechia; goniosynechia; impossibility
to perform LPI due to corneal edema or corneal opacity;
moderate or intense nuclear sclerosis defined as Lens
Opacities Classification System (LOCS) II higher than grade 2
(NC2, NO2) (10) ; secondary glaucoma; plateau iris configuration
(PIC) diagnosed by UBM exam described in a previous
paper (9) to confirm the diagnosis of PIC, (this exam revels
anteriorly located ciliary processes which close the ciliary
sulcus and provide structural support behind the peripheral
iris); unresolved APAC crisis due to unresponsiveness to medical
treatment and requiring surgical management (such as LPI
or trabeculectomy); history of previous trauma, or surgical procedure
(laser therapy or trabeculectomy) in one or both eyes;
causes of angle-closure other than relative pupillary block.
APAC patients had medical therapy to reduce the IOP. This
treatment comprised mannitol, given intravenously; acetazolamide,
given orally; topical pilocarpine, timolol, and dexamethasone.
More than 60 hours after the acute attack was
controlled by IOP reduction providing corneal clarity and absence
of symptoms, the patients were submitted to clinical and
UBM examination without medication. Clinical examination
consisted of anamnesis, corrected visual acuity (decimal scale),
biomicroscopy, gonioscopy and cup/disc (C/D) ratio evaluation.
One of the authors (AOA) performed the gonioscopy
which was confirmed by another author (SC) using a 3-mirror
Goldmann goniolens (Volk Optical Inc, Mentor, Ohio, USA),
and afterwards, a 4-mirror Zeiss goniolens (Carl Zeiss Meditec
AG, Oberkochen, Germany) for indentation gonioscopy, in the
undilated state under normal room illumination (approximately
240 lux), and darkness (approximately 0.1 lux) (the room was
darkened for 5 minutes). Both conditions were previously measured
with an illuminance meter [Minolta T10 Illuminance Meter,
Konica Minolta Sensing Inc., Osaka, Japan]). The gonioscopic
classification of the Glaucoma Service described in our
previous paper was used (9) .
UBM exam was performed according to the technique described
in a previous paper (9) . Three clear and representative
images from the temporal quadrant were selected for further
analysis. Thirteen APAC eyes with neither topical nor systemic
antiglaucomatous medications nor any laser or surgical procedure
(Figure 1) were measured, under light and dark conditions
for: 1. the angle (the angle opening distance 500 µm from the
scleral spur - AOD500). AOD500 is the distance between the
posterior corneal surface and the anterior iris surface measured
on a line perpendicular to the trabecular meshwork, 500 µm
from the scleral spur); 2. the posterior chamber depth (PCD)
taken from the posterior surface of the iris measured on a line
extending from the corneal endothelium at 500 µm from the
scleral spur perpendicularly through the iris, to the anterior lens
Figure 1 - AOD500 (angle opening distance 500 µm from the scleral
spur); ID1 (iris thickness); PCD (posterior chamber depth)
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):9-15
New considerations on pupillary block mechanism
11
capsule; 3. the iris thickness (ID1) measured along the line
extending from the corneal endothelium at 500 µm from the
scleral spur perpendicularly through the iris.
In 32 eyes, 16 with APAC and 16 with IPAC, UBM exam
was done under light and dark conditions before and after LPI
under equal conditions. The following items were measured:
1. Iris-lens contact distance (ILCD) (Figure 2), along the pigmented
iris epithelium from the pupillary border to the point
where the anterior lens surface leaves the iris; 2. Iris-lens angle
(ILA) (Figure 3), the angle formed in arcdegree between two
lines crossing the contact point between the iris and the lens,
one touching the anterior lens capsule and the other touching
the average third of the pigmented iris epithelium. One author
(AOA) took all measurements on two different days to rule out
inter and intra-observer variability (11) . All glaucoma drops were
interrupted 48 hours before UBM exams.
16.0 SPSS was used for statistical analysis. Frequency
histograms and the one-sample Kolmogorov-Smirnov and Wilcoxon
tests were used. A P-value < 0.05 was considered statistically
significant.
RESULTS
Demographic, gonioscopic and clinical features of patients
from the pilot study and APAC/IPAC patients are
shown in table 1. Table 2 demonstrates a significant decrease
in the angle and a significant increase of the iris thickness
from light to dark in the pilot study. The decrease in the angle
corresponds to the increase in iris thickness. The PCD is slightly
deeper under dark conditions but without significant difference.
Table 3 shows the values of the UBM parameters before
and after LPI, under light and dark conditions. Before LPI,
the ILCD was greater under light conditions but without significant
difference. Likewise, after LPI, the ILCD was also
greater under light conditions but without significant difference.
However, when we compared the ILCD under light
conditions before and after LPI, a statistically significant difference
was demonstrated (P
12 New considerations on pupillary block mechanism
based on imperfect observations due to the fact that the
diagnostic device available at that time did not provide accurate
ILCD measurements. One author believed that the
ILCD was greater and the iris sphincter muscle exerted a
posterior pressure against the lens in narrow angle glaucomatous
eyes than in normal eyes (19) . Another author documented
that the anterior iris convexity during pupillary block
was because of a difference in pressure between the posterior
and anterior chambers (greater pressure in the posterior
chamber). He also observed a flattening of the iris and an
increase in ILCD after LPI (19) . Some authors found an average
ILCD of 1388 ± 370 microns in normal eyes (20) . Others studied
13 eyes with relative pupillary block and found an increase in
ILCD after LPI (580 ± 60 microns vs. 1180 ± 140 microns) (4) .
Some papers reported that the ILCD was lower in patients
with angle-closure and relative pupillary block than in normal
patients (21) . Another paper showed that the ILCD of
Table 1. Demographic, gonioscopic and clinical features of patients
from the pilot study and of patients with APAC and IPAC
Pilot study APAC and IPAC
n = 13 n = 16
Age (yrs) 61.8 ± 13.3 62.9 ± 12.1
Gender
% male (n) 23.1 ( 3) 25.0 ( 4)
% female (n) 76.9 (10) 75.0 (12)
Race
% leukodermic (n) 69.2 ( 9) 81.2 (13)
% pheodermic (n) 23.1 ( 3) 12.5 ( 2)
% melanodermic (n) 7.7 ( 1) 6.3 ( 1)
Gonioscopy
Primary gaze position
% narrow open angle (n) 84.6 (11) 68.8 (22)
% closed angle (n) 15.4 ( 2) 31.3 (10)
Corrected visual acuity (n) 0.6 ± 0.3 (13) 0.7 ± 0.3 (32)
(decimal scale)
Spherical equivalent (n) +0.8 ± 0.5 (13) +0.6 ± 0.5 (32)
(diopters)
C/D
% < 0.5 (n) 76.9 (10) 25.0 ( 8)
% 0.5 ≤ C/D ≤ 0.6 (n) 7.7 ( 1) 31.3 (10)
% 0.6 ≤ C/D ≤ 0.9 (n) 15.4 ( 2) 43.7 (14)
Age, corrected visual acuity, spherical equivalent and C/D are average ±
standard deviation values
fellow eyes of APAC decreased when the illumination changed
from light to dark (9) .
This paper demonstrated an ILCD increase after LPI in
APAC and IPAC eyes. The ILCD values (microns) were greater
after LPI in light (539 ± 0.152 vs 1.194 ± 0.380) and dark
conditions (0.464 ± 0.131 vs 0.936 ± 0.269). In accordance with
other papers (6,22) , a flattening of the iris after LPI was noted.
The ILA (arcdegree) was reduced after LPI in light (15.38 ±
3.90 vs. 9.81 ± 4.06) and in dark conditions (19.01 ± 5.06 vs.
11.26 ± 5.83) (Table 3). Thus, the LPI reduced the anterior iris
curvature, and opened the angle due to the iris flattening.
Normally, the iris is flattened because of the equalization of
anterior and posterior chamber pressures (6) . No differences
were found among the measurements from eyes with APAC
and IPAC.
Three different and important forces involved in pupillary
block have already been described as a mathematic model: 1.
force due to iris sphincter muscle’s contraction (the lens position
should be considered as well as the tonus of the autonomic
nervous system); 2. force due to the iris dilator muscle’s
contraction, and 3. force due to the stretching of iris tissue (23) .
Histological studies have proved that the iris dilator muscle
fibers are much more developed and stronger in eyes with acute
angle-closure than in normal eyes, and in the beginning of the
acute attacks, stretching of the iris tissue plays an important
role (24) . In these eyes, the iris root is shorter and thicker (24) .
In this study, the LPI increased the ILCD and reduced the
ILA (neutralizing the action the iris dilator muscle) (4) . According
to Mapstone (23,25-26) , the forces described in the mathematic
model (23) would be the same, owing to the fact that the
angle among them does not modify after the pupillary block
resolution. In consequence, these forces have no importance
in the genesis of pupillary block. For the same reasons, pilocarpine
should not be used in APAC eyes. These data allow
us to conclude that the impediment of aqueous humour flow
from the posterior to the anterior chamber is not due to iris
resistance in the pupil (pupillary block). Moreover, the iris
does not have enough rigidity to cause the impediment of the
aqueous humour flow to the anterior chamber during the
crisis. Unfortunately to date, iris rigidity can not be measured
but it is possible to assume that it is of minimal importance. On
the other hand, anatomic and structural (angle) problems occur
in eyes with APAC. In our opinion, an APAC is caused by an
Table 2. Angle opening distance, posterior chamber depth and iris thickness by UBM of 13 APAC eyes under light and dark conditions (Pilot study)
AOD500 (mm) PCD (mm) ID1 (mm)
n=13 n=13 n=13
Under light conditions 0.1022 ± 0.025 0.519 ± 0.078 0.432 ± 0.047
Under dark conditions 0.0495 ± 0.031 0.532 ± 0.099 0.489 ± 0.054
Wilcoxon test 7.816 -0.581 -3.440
P < -0.001 -000 0.003
Mean difference (mm) -0.053 0.013 0.052
UBM= ultrasound biomicroscopy; APAC= acute primary angle-closure; AOD500= angle opening distance 500 µm from the scleral spur; PCD= posterior chamber depth;
ID1= iris thickness; n= number of eyes
Values are average ± SD
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):9-15
New considerations on pupillary block mechanism
13
Table 3. Ultrasound biomicroscopic characteristics of APAC and IPAC eyes and significance (P-values)
APAC and
P-value
IPAC Eyes Before vs Before vs LIGHT vs LIGHT vs
n=32 After LPI After LPI DARK DARK
LIGHT DARK Before LPI After LPI
ILCD light before LPI (mm) 0.539 ± 0.152 ILCD ILCD ILCD ILCD
ILCD dark before LPI (mm) 0.464 ± 0.131
14 New considerations on pupillary block mechanism
Nenhuma diferença significativa ocorreu na profundidade central
da câmara anterior. Conclusões: A diminuição da amplitude
do seio camerular correspondeu somente ao aumento da
espessura da íris. Após a iridectomia periférica, os olhos com
fechamento angular primário agudo ou fechamento angular
intermitente apresentaram, com significância estatística, aumento
da distância de contato irido-cristaliniano e diminuição
do ângulo irido-cristaliniano. A profundidade central da câmara
anterior não se alterou. Esses achados contradizem a teoria
de que o fechamento angular primário agudo ou fechamento
angular intermitente ocorre por bloqueio pupilar.
Descritores: Glaucoma de ângulo fechado/ultrassonografia;
Microscopia/métodos; Câmara anterior/ultrassonografia; Cristalino/fisiopatologia;
Íris/fisiopatologia
REFERENCES
Figure 4 - UBM image showing a large extension of iris-PCPIOL contact area
In conclusion, we must emphasize that so far, UBM is a
proper method to study APAC. Knowledge of the physical iris
properties is important to establish its real role in the aqueous
humour flow to the anterior chamber in the occurrence of a
hypothetic pupillary block.
RESUMO
Objetivo: Investigar o mecanismo do bloqueio pupilar em
olhos com fechamento angular primário agudo ou intermitente
por meio da biomicroscopia ultrassônica. Métodos: Inicialmente,
fez-se estudo piloto de 13 olhos com fechamento angular
primário agudo sem medicação. Medimos pela biomicroscopia
ultrassônica, no claro e no escuro, a amplitude do seio
camerular, a profundidade da câmara posterior e a espessura
da íris no quadrante temporal. Posteriormente, avaliamos pela
biomicroscopia ultrassônica 32 olhos com fechamento angular
primário agudo ou fechamento angular intermitente sem medicação,
no claro e no escuro e antes e após iridectomia periférica.
Medimos a distância de contato irido-cristaliniano e o
ângulo irido-cristaliniano no quadrante temporal e a profundidade
central da câmara anterior. Resultados: No estudo piloto,
demonstrou-se com significância estatística redução da amplitude
do seio camerular e aumento da espessura iriana quando
se passou do claro para o escuro. Antes e após a iridectomia
periférica, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas
na distância de contato irido-cristaliniano (p
New considerations on pupillary block mechanism
15
21. Pavlin CJ, Foster FS. Ultrasound biomicroscopy of the eye. New York:
Springer-Verlag; 1995.
22. Walsh A, Pavlin CJ, Yamane R, Crema AS. Estudo do segmento anterior com
biomicroscopia ultrassônica em bloqueio pupilar. Rev Bras Oftalmol. 1995;
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30. Cronemberger S, Calixto N. Biomicroscopia ultrassônica. In: Dias JF, Almeida
HG, Prata Júnior JÁ, editores. Glaucoma. 3ª ed Rio de Janeiro: Cultura Médica;
2007. p.158-9.
35ºCongresso da Sociedade
Brasileira de Retina e Vítreo
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São Paulo - SP
Informações:
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):9-15
Clinical features and outcomes of AIDS-related
cytomegalovirus retinitis in the era of highly
active antiretroviral therapy
Características e evolução clínica da retinite por citomegalovírus em pacientes
com AIDS na era da terapia antirretroviral potente
Tiago Eugênio Faria e Arantes 1
Claudio Renato Garcia 2
Janaína Jamile Ferreira Saraceno 3
Cristina Muccioli 4
Study carried out at the Uveitis and HIV Service of
Department of Ophthalmology of Federal University of
São Paulo - UNIFESP - Brazil.
1
Doctoral Student - Department of Ophthalmology -
Federal University of São Paulo - UNIFESP - Brazil.
2
MD and preceptor of Uveitis and HIV Service - Department
of Ophthalmology - Federal University of São
Paulo - UNIFESP - Brazil.
3
Doctoral Student - Department of Ophthalmology - Federal
University of São Paulo - UNIFESP - Brazil.
4
Associate Professor, head of Uveitis and HIV Service -
Department of Ophthalmology - Federal University of
São Paulo - UNIFESP - Brazil.
Endereço para correspondência: Tiago Eugênio Faria
e Arantes. Rua Botucatu, 822 - São Paulo (SP)
CEP 04023-062
E-mail: t.arantes@inbox.com
Recebido para publicação em 19.08.2009
Aprovação em 12.01.2010
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo
sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Carlos
Roberto Neufeld sobre a divulgação de seu nome como
revisor, agradecemos sua participação neste processo.
ABSTRACT
Purpose: To describe the features and outcomes of patients with
AIDS-related cytomegalovirus retinitis after highly active antiretroviral
therapy availability. Methods: Retrospective chart review of 30 consecutive
patients (44 eyes) with AIDS and newly diagnosed, active
AIDS-related cytomegalovirus retinitis, examined from January 2005 to
December 2007. Results: The mean age was 34.8 years, 18 patients
(60.0%) were male and median duration of AIDS was 90 months.
Nineteen patients (63.3%) had evidence of highly active antiretroviral
therapy failure and median CD4+ lymphocyte count was 12.5 cells/µl.
Visual acuity at presentation was 20/40 or better in 27 eyes (61.4%).
Retinitis involved Zone 1 in 13 eyes (39.5%). Despite specific anti-AIDSrelated
cytomegalovirus therapy, 16 eyes (36.4%) presented relapse of
retinitis and 10 eyes (22.7%) lost at least three lines of vision. When
compared to highly active antiretroviral therapy responsive patients,
eyes of highly active antiretroviral therapy failure patients were more
likely to develop relapse of retinitis (p=0.03) and loss of at least three
lines of vision (p=0.03). Conclusion: The patients in this series are
essentially young men with longstanding AIDS, non-responsive to
highly active antiretroviral therapy and with a similar immunological
profile as noted before highly active antiretroviral therapy era. These
findings have implications for the management of the disease and confirm
the magnitude of rational periodic screening after diagnosis of AIDS.
Keywords: Cytomegalovirus; Retinitis; Acquired immunodeficiency syndrome; Antiretroviral
therapy, highly active; AIDS-related opportunistic infections; Uveitis, posterior; Eye infections/etiology;
HIV infections
INTRODUCTION
Since the introduction of highly active antiretroviral therapy (HAART)
in 1996, patients with acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) have
been experiencing changes in morbidity and mortality (1-3) . The incidence of
systemic complications and opportunistic infections, including cytomegalovirus
(CMV) retinitis declined dramatically compared to the rates from
the pre-HAART era (1-7) . Cytomegalovirus retinitis is still one of the most
common ocular manifestations and the major cause of blindness in patients
with AIDS and, despite all the advances in AIDS treatment, it continues to
be diagnosed (4-8) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):16-21
Clinical features and outcomes of AIDS-related cytomegalovirus retinitis in the era of highly active antiretroviral therapy
17
The estimated lifetime probability of a patient with AIDS
developing CMV retinitis in the pre-HAART era was about
30% (9) but its incidence has declined 55 to 85% after the
introduction of HAART (2-6) . In Brazil this drop in the incidence
may be explained by the fact that HAART therapy is
distributed with no cost by the National AIDS Programme
from the National Ministry of Health (10) . Patients with CD4+
lymphocytes count below 100 cells/µl and especially patients
with CD4+ count 50 cells/µl or less have a proven increased
risk of developing the retinitis (11) .
Before HAART, CMV disease was characteristically a relapsing
retinitis associated with progressive visual loss despite
the repeated specific anti-CMV therapy (7,12) . As a consequence
of HAART, safe discontinuation of maintenance treatment
with anti-CMV medication is possible in patients who
experience immune reconstitution (13-14) .
The purpose of this study is to describe the features and
outcomes of Brazilian patients with AIDS-related CMV retinitis
infected after availability of HAART.
METHODS
From January 2005 to December 2007, active untreated
CMV retinitis was diagnosed in 30 (4.34%) of the 691 consecutive
patients examined in Uveitis and AIDS Service of the
Federal University of São Paulo - UNIFESP. Medical records,
retinal drawings and fundus photographs were reviewed retrospectively.
The patients who met the inclusion criteria had
the diagnosis of AIDS according to the 1993 Center for Disease
Control and Prevention Revised Surveillance Case Definition
(15) .
Data collection included demographic information, medical
and ophthalmic history and a complete ophthalmologic
examination that included pinhole visual acuity measurement
using the Early Treatment Diabetic Retinopathy Study (ETDRS)
chart, external examination, slit-lamp biomicroscopy, intraocular
pressure measurement, and indirect ophthalmoscopy through
a dilated pupil.
The diagnosis of CMV retinitis was based on the clinical
exam and its progression was assessed by the presence of
new lesions or border advancement of existing lesions (16) .
Retinitis lesions were described based on size and location.
The location of each lesion was divided into three zones (1, 2
and 3) according to an already established standard classification
system (17) .
Patients on HAART therapy were receiving a combination
of antiviral drugs with three or more drugs including at least
one protease inhibitor or non-nucleoside reverse transcriptase
inhibitor. Patients were considered to be HAART-naive if they
were not under this drug regimen.
Newly diagnosed patients had less than 3 months of AIDS
diagnosis. HAART-failure was defined as the presence of
immunologic failure, virologic failure, or both, in patients who
had been receiving HAART for at least 12 weeks before the
diagnosis of CMV retinitis. Immunologic failure was defined
as a CD4+ T lymphocyte count of 50 cells/µl or less. Virologic
failure was defined as HIV RNA blood levels of 1,000
copies/ml or more (4) . An immunologic response to HAART
was defined as an increase in the CD4+ T cell count by at
least 50 cells/µl from the nadir CD4+ T cell count to a level of
100 cells/µl or more.
Immune recovery uveitis was diagnosed as the presence
of intraocular inflammation in a patient with healed CMV
retinitis who had an immune response to HAART and was
characterized by vitritis, macular edema, or epiretinal membrane
formation in association with specific cytokine profiles (18) .
Statistical analysis
Statistical analysis was performed using SigmaStat 3.11
(SPSS Inc, Chicago, IL). The distribution of continuous variable
is expressed as mean ± standard deviation and categorical
data are presented as frequencies. Relationships between
two categorical variables were assessed using Fisher’s exact
test. Student t test was used for analysis of continuous variables
and unpaired t test with Welch correction was used when
applicable.
RESULTS
Thirty patients with newly diagnosed active CMV retinitis
were included. The average age was 34.8 ± 12.6 years (median:
36 years) and 18 patients (60.0%) were male. The most frequent
risk factor for HIV infection was sexual contact with HIV infected
individual (21 patients - 70.0%) and the most frequent risk
factor for CMV disease was HAART-failure (19 patients - 63.3%).
The median duration of AIDS (defined as the time from
diagnosis of AIDS to the first ocular evaluation) was 90 months
(mean ± SD: 93.2 ± 79.6 months); in two patients (6.7%),
CMV retinitis was an initial manifestation of AIDS. The median
CD4+ lymphocyte count was 12.5 cells/µl (mean ± SD:
26.8 ± 29.9 cells/µl). The median follow-up of the patients was
6.0 months (mean ± SD: 9.0 ± 7.0 months). Demographic and
clinical characteristics are presented in table 1.
Fourteen patients (46.7%) had bilateral disease at the first
visit; one patient with unilateral disease had involvement of
the fellow eye during the follow-up. Most of the patients (24
patients - 80.0%) presented visual symptoms in the first
evaluation and visual blurring was the most frequent (65.9%
of the eyes). The visual acuity at baseline was 20/40 or better
in 27 eyes (61.4%). Anterior segment findings included 1+
anterior chamber cells or more on 7 eyes (15.9%) and fine
keratic precipates on 9 eyes (20.5%). The retinitis involved
Zone 1 in 13 eyes (39.5%) and the area involved was greater
than 50% in 6 eyes (13.6%). Retina was detached in 7 eyes
(15.9%) of 6 patients (20.0%) at the time of the first appointment,
and 7 eyes of 5 patients detached the retina during the
follow-up period. Information regarding ophthalmologic findings
is presented in table 2.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):16-21
18 Clinical features and outcomes of AIDS-related cytomegalovirus retinitis in the era of highly active antiretroviral therapy
Table 1. Characteristics of patients with CMV retinitis
Age (mean ± SD), years 34.8 ± 12.6
Male gender 18 (60.0%)
Schooling years
1-8 15 (50.0%)
9-11 12 (40.0%)
≥ 12 6 (10.0%)
Risk factor for HIV infection
Sexual contact 21 (70.0%)
Perinatal exposure 3 (10.0%)
IV drug use 1 ( 3.3%)
Unknown 5 (16.7%)
Risk factor for CMV disease
HAART-failure 19 (63.3%)
Newly diagnosed AIDS 8 (26.7%)
Poor HAART adherence 3 (10.0%)
Not in use of HAART 6 (20.0%)
HAART-naive 2 ( 6.7%)
Past exposure only 4 (13.3%)
Median duration of AIDS (range), months 90 (0 to 240)
Extraocular CMV disease 5 (16.7%)
Median (range) CD4+ T-lymphocyte
count (cells/µl) 12.5 (2 to 102)
HIV viral load (copies/ml) (n=13 * )
400 - 10000 2 ( 6.7%)
>10000 13 (84.6%)
CMV= cytomegalovirus; SD= standard deviation; HIV= human immunodeficiency
virus; IV= intravenous; HAART= highly active antiretroviral therapy; AIDS=
acquired immunodeficiency syndrome
*= number of patients for whom the information was available
Induction and maintenance therapy doses consisted of a
standard regimen (16) with the induction treatment extended
until retinitis healing was achieved, despite the classically 2-3
week course of induction. Twenty-four patients (80.0%) received
induction therapy with intravenous ganciclovir, two (6.7%)
received intravenous foscarnet regimen and four patients
(13.3%) that started treatment with ganciclovir switched to
foscarnet later on due to inappropriate response or adverse
effects. Ganciclovir was the elected drug for maintenance
therapy in 25 patients (83.3%), foscarnet was elected in 4
(13.3%) and one patient (3.3%) was treated with valganciclovir.
The average time of induction therapy was 27.8 ± 12.4
days (median: 21 days). Nine patients (12 eyes) underwent
intravitreal injection of ganciclovir (2.0 mg in 0.1 ml - 2.6 ± 1.3
injection per eye). Six patients (21.4%) treated with ganciclovir
experienced myelotoxicity. Patients with HAART-failure required
longer duration of induction therapy when compared
to HAART responsive patients (respectively, 31.3 ± 13.6 and
21.9 ± 7.4 days - p=0.021). Patients with more than 3 month of
AIDS diagnosis also required longer induction treatment than
patients with newly diagnosed AIDS (respectively, 30.3 ± 13.1
and 21.1 ± 7.4 days - p=0.025). Intravitreal injection of ganciclovir
was necessary when time of induction therapy was
extended due to lack of response to the systemic treatment
(mean duration of induction therapy was 34.8 ±11.8 days in
Table 2. Ophthalmic characteristics of patients with CMV retinitis
at presentation
Patients * (n=30) Eyes (n=44)
Eye involved
Right 10 (33.3%) 24 (54.5%)
Left 6 (20.0%) 20 (45.5%)
Both 14 (46.7%) NA
Symptoms
None 6 (20.0%) 10 (12.7%)
Any symptoms 24 (80.0%) 34 (77.3%)
Blurring 20 (66.7%) 29 (65.9%)
Floaters 5 (16.7%) 6 (13.6%)
Blind spots 7 (23.3%) 10 (22.7%)
Visual acuity
Categories
20/15 to 20/20 8 (26.7%) 8 (18.2%)
20/25 to 20/40 13 (43.3%) 19 (43.2%)
20/50 to 20/100 5 (16.7%) 7 (15.9%)
20/200 to 20/400 2 ( 6.7%) 2 ( 4.5%)
CF to HM 2 ( 6.7%) 4 ( 9.1%)
LPP to NLP 0 ( 0.0%) 4 ( 9.1%)
Anterior chamber reaction
None 21 (70.0%) 32 (72.7%)
0.5+ 4 (13.3%) 5 (11.4%)
1+ 4 (13.3%) 6 (13.6%)
2+ 1 ( 3.3%) 1 ( 2.3%)
Keratic precipitates 7 (23.3%) 9 (20.5%)
Most posterior zone of retinitis
Zone 1 11 (36.7%) 13 (29.5%)
Zone 2 11 (36.7%) 17 (38.6%)
Zone 3 8 (26.7%) 14 (31.8%)
Extent of disease
≤ 10% 0 ( 0.0%) 3 ( 6.8%)
11% to 24% 17 (56.7%) 24 (54.6%)
25% to 50% 8 (26.7%) 11 (25.0%)
>50% 5 (16.7%) 6 (13.6%)
Vitreous cells 7 (23.3%) 8 (18.2%)
Retinal detachment 6 (20.0%) 7 (15.9%)
CMV= cytomegalovirus; CF= counting fingers; HM= hand movement; LLP= light
projection; NLP= no light perception; NA= not applicable
*= Percentages based on the presence of finding in either eye (symptoms,
vitreous cells, keratic precipitates and retinal detachment) or worse eye
(anterior chamber reaction, location, extent of disease) for all factors except
visual acuity; for visual acuity, patients were categorized on the basis of vision
in the involved eye or the better eye when disease was bilateral
patients who underwent intravitreal ganciclovir and 24.9 ±
11.7 days in patients that did not require combined local
treatment - p=0.043). No complications such as retinal detachment,
cataract or immune recovery uveitis were significantly
associated with this procedure.
Sixteen eyes (36.4%) of nine patients (30.0%) experienced
relapse of the retinitis while on maintenance therapy.
The mean duration of the first remission in these patients
was 41.2 ± 42.7 days (median: 22 days). Retinitis relapse was
more likely to occur in eyes of patients with HAART-failure
(p=0.030) and extraocular CMV disease (p=0.002).
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):16-21
Clinical features and outcomes of AIDS-related cytomegalovirus retinitis in the era of highly active antiretroviral therapy
19
During follow-up, 10 eyes (22.7%) of 8 patients (26.7%) had
at least three lines of visual acuity loss (doubling of the visual
angle) and this was associated with HAART-failure (p=0.031)
and retinal detachment (p=0.006). At the final visit, 15 eyes
(34.1%) were legally blind (20/200 or worse), with a significant
association with zone 1 involvement (p=0.004).
Seven patients (23.3%) presented immune recovery during
follow-up allowing anti-CMV maintenance therapy discontinuation;
six of these patients had newly diagnosed AIDS and
only one had more than three months of diagnosis of AIDS. The
mean duration of maintenance therapy was 7.0 ± 4.1 months.
Eight eyes (18.2%) with retinal detachment underwent pars
plana vitrectomy, eight eyes (18.2%) underwent retinal argon
laser photocoagulation and three eyes (6.8%) had phacoemulsification
with intraocular lens implantation performed. Treatment
and clinical outcomes are summarized in table 3.
Table 3. Treatment characteristics and outcomes of patients with
CMV retinitis
Patients * (n=30) Eyes (n=44)
Induction therapy
Ganciclovir 24 (80.0%) 36 (81.8%)
Foscarnet 2 ( 6.7%) 3 ( 6.8%)
Ganciclovir and foscarnet 4 (13.3%) 5 (11.4%)
Duration of induction therapy
(mean ± SD, days) 27.8 ± 12.4 27.8 ± 12.4
Ganciclovir intravitreal injection 9 (30.0%) 12 (27.3%)
Maintenance therapy
Ganciclovir 25 (83.3%) 37 (84.1%)
Foscarnet 4 (13.3%) 6 (13.6%)
Valganciclovir 1 ( 3.3%) 1 ( 2.3%)
Procedures
PPV 7 (23.3%) 8 (18.2%)
Laser photocoagulation 6 (20.0%) 8 (18.2%)
Cataract surgery 2 ( 6.7%) 3 ( 6.8%)
Final visual acuity
Categories
20/15 to 20/20 8 (26.7%) 9 (20.5%)
20/25 to 20/40 8 (26.7%) 14 (31.8%)
20/50 to 20/100 6 (20.0%) 6 (13.6%)
20/200 to 20/400 2 ( 6.7%) 3 ( 6.8%)
CF to HM 2 ( 6.7%) 3 ( 6.8%)
LPP to NLP 4 (13.3%) 9 (20.5%)
Ocular complications
Recurrence 9 (30.0%) 16 (36.4%)
> 3 line loss of visual acuity 8 (26.7%) 10 (22.7%)
Retinal detachment 11 (36.7%) 14 (31.8%)
Cataract 4 (13.3%) 6 (13.6%)
Immune recovery uveitis 3 (10.0%) 3 ( 6.8%)
Systemic complication
Myelotoxicity 6 (20.0%) 9 (20.5%)
CMV= cytomegalovirus; SD= standard deviation; PPV= pars plana vitrectomy;
CF= counting fingers; HM= hand movement; LLP= light projection; NLP= no light
perception
*= Percentages based on the presence of finding in either eye except final visual
acuity; for final visual acuity, patients were categorized on the basis of vision
in the involved eye or the better eye when disease was bilateral
DISCUSSION
Cytomegalovirus retinitis accounts for 75 to 85% of CMVrelated
diseases in AIDS (19-20) and even in the HAART era it
still is the major cause of visual impairment in these patients
(4,8,19-20) .
In a previous study from May 2000 to February 2001 (1) ,
4.5% of 200 of our patients were diagnosed with active CMV
retinitis in the first visit. In our series, 5.6% of 691 consecutive
examined patients from January 2005 to February 2007 met the
criteria for newly diagnosed CMV retinitis, suggesting that its
incidence has been stable in the last decade.
New cases of CMV retinitis continue to be diagnosed due
to reasons such as late diagnosis of HIV infection or AIDS,
poor adherence to HAART treatment or viral resistance to one
or more components of HAART therapy (4,21) . In developing
countries, CMV retinitis is largely undiagnosed and the scale
of the problem is still not known as there is no strategy for
screening and management of the problem (21) .
Patients with CMV retinitis presented a similar immunological
profile as observed in the era before HAART. At that
time patients had low CD4+ T-cell counts and elevated HIV
viral loads (4,12) , although patients receiving HAART showed a
broader range of CD4+ count, including values of more than
50 cells/µl (4) .
As in other studies, most of these patients have longstanding
AIDS, had received HAART and are intolerant or non
responsive to this therapy (4-6) . Visual symptoms were frequent
at the time of diagnosis and blurring was the most common
presenting symptom, as previously described (22) . Patients with
more severe disease, including HAART-failure and extraocular
CMV disease, had a worse prognosis, evolving with visual
loss and CMV retinitis relapses.
The median time from the diagnosis of AIDS to the first
visit was longer than the median time in previous studies (4,6) ;
rates of retinal detachment and visual acuity of 20/200 or
worse at presentation were also higher than previously described
(4,23) . This could be explained by the fact that not always
the patients are submitted to a screening performed by an
ophthalmologist that is familiar with the ocular complications
of the disease. These difficulties could be diminished by specific
training programs for general ophthalmologists and the
use of telemedicine for evaluation and second opinion.
Treatment with specific anti-CMV therapy successfully
controlled the disease with minimal complications. In patients
unresponsive to HAART and with long standing AIDS the
duration of induction treatment needed to be prolonged from
the standard 2-3 weeks for adequate control of the retinitis.
Local treatment with intraocular injection of ganciclovir 2.0 mg
was considered an option for patients with inappropriate
response to therapy and play a role in patients with systemic
contraindications to anti-CMV drugs. The procedure was not
associated with complications like retinal detachment or lens
opacification.
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20 Clinical features and outcomes of AIDS-related cytomegalovirus retinitis in the era of highly active antiretroviral therapy
Despite treatment, doubling of the visual angle occurred in
22.7% of the eyes and retinitis recurred in 30% of the patients.
The most common cause of visual loss of 20/200 or worse was
zone 1 involvement (23) . Retinal detachment was not significantly
associated with visual loss of 20/200 or worse in our
series; surgical reattachment of the retina (pars plana vitrectomy
with silicone oil tamponade) was successful in the majority
of cases (5 of 8 eyes had visual acuity of 20/40 or better
at the end of the follow-up). The mean duration of first retinitis
remission in eyes with recurrences was shorter than the period
described in the HAART era (5) and similar to the period before
HAART availability (16) . Probably the poor immunologic status
of these patients and increasing rates of CMV resistance to
ganciclovir and foscarnet is the reason for this. Unfortunately,
CMV resistance testing was only available for a minority of
patients.
CONCLUSION
This study is retrospective, but the results represent the
heterogeneity of host profiles and clinical features of AIDSrelated
CMV retinitis in the HAART era agreeing with the
already published data. These findings have implications for
evaluation and management of disease and confirm the importance
of ophthalmic evaluation after diagnosis of AIDS, rational
periodic screening of CMV retinitis and prompt treatment.
These strategies are crucial for successful outcomes and preservation
of vision.
RESUMO
Objetivo: Descrever as características e evolução clínica de
pacientes com retinite por citomegalovírus relacionada à
AIDS após o advento da terapia antirretroviral potente. Métodos:
Estudo retrospectivo dos prontuários de 30 pacientes
consecutivos (44 olhos) com AIDS e retinite por citomegalovírus
ativa recém-diagnosticada, atendidos entre janeiro de
2005 e dezembro de 2007. Resultados: A idade média dos
pacientes foi de 34,8 anos, 18 pacientes (60,0%) eram do sexo
masculino e a mediana do tempo de diagnóstico de AIDS era
90 meses. Dezenove pacientes (63,3%) apresentavam evidência
de falência da terapia antirretroviral potente e a mediana
da contagem de linfócitos T CD4+ era 12,5 células/µl. A
acuidade visual inicial era melhor ou igual a 20/40 em 27 olhos
(61,4%). A retinite acometia a Zona 1 em 13 olhos (39,5%).
Apesar da terapia antirretinite por citomegalovírus específica,
16 olhos (36,4%) apresentaram recidiva da retinite e 10 olhos
(22,7%) perderam pelo menos três linhas de visão. Quando
comparado aos de pacientes com boa resposta à terapia antirretroviral
potente, olhos de pacientes com falência à terapia
antirretroviral potente apresentaram mais recidiva da retinite
(p=0,03) e perda de pelo menos três linhas de visão (p=0,03).
Conclusão: Os pacientes nesta série são essencialmente homens
jovens com longo tempo de diagnóstico de AIDS, má
resposta à terapia antirretroviral potente e com um perfil imunológico
semelhante ao encontrado antes do advento da terapia
antirretroviral potente. Estes achados têm implicações no
manejo da doença e confirmam a importância da triagem periódica
e racional após o diagnóstico de AIDS.
Descritores: Citomegalovírus; Retinite; Síndrome de imunodeficiência
adquirida; Terapia antirretroviral de alta atividade;
Infecções oportunistas relacionadas com a AIDS; Uveíte posterior;
Infecções oculares/etiologia; Infecções por HIV
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35º Congresso da Associação
Paranaense de Oftalmologia
24 a 26 de maio de 2010
Estação Embratel Convention Center
Curitiba - PR
Informações:
Tels.: (41) 3029-0987 e 3232-4031
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):16-21
Técnica de separação da membrana de Descemet para
transplante de células endoteliais da córnea:
estudo experimental em coelhos
Technique for separating Descemet membrane for corneal endothelial cells
transplantation: experimental study in rabbits
Daniel Wasilewski 1
Alexandre Lass Siqueira 2
Lawrence Rife 3
Eduardo Arana 4
Hamilton Moreira 5
Ronald Smith 6
Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia
do Doheny Eye Institute, Keck School of Medicine,
University of Southern California - Los Angeles (CA)
- EUA e no Instituto de Pesquisas Médicas da Faculdade
Evangélica do Paraná - Curitiba (PR) - Brasil.
Trabalho apresentado ao Programa de pós-graduação
em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica do
Paraná para obtenção do grau de Mestre.
1
Mestre em Clínica Cirúrgica pela Faculdade Evangélica
do Paraná - Curitiba (PR) - Brasil. Ex-Fellow do
Doheny Eye Institute. University of Southern Califórnia
- Los Angeles (CA) - EUA.
2
Ex-Fellow do Doheny Eye Institute. University of
Southern Califórnia - Los Angeles (CA) - EUA.
3
Chefe do Laboratório de Pesquisa Básica do Doheny
Eye Institute, University of Southern California - Los
Angeles (CA) - EUA.
4
Médico residente de oftalmologia pelo Hospital de
Olhos do Paraná - Curitiba (PR) - Brasil.
5
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de
São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brasil.
6
Presidente do Doheny Eye Institute, Universidade do
Sul da Califórnia - Los Angeles (CA) - EUA.
Endereço para correspondência: Daniel Wasilewski.
Rua Coronel Dulcídio, 199 - 5º andar - Curitiba (PR)
CEP 80420-170
E-mail: dwoftalmo@yahoo.com.br
Recebido para publicação em 02.12.2008
Última versão recebida em 20.01.2010
Aprovação em 21.01.2010
RESUMO
Objetivo: Avaliar a porcentagem de dano endotelial induzido por uma
técnica cirúrgica para a separação da membrana de Descemet contendo
endotélio sadio, analisar a viabilidade e eficácia desta técnica, e avaliar
a porcentagem de dano endotelial causado pela inversão da córnea em
câmara anterior artificial. Métodos: As córneas de três grupos de 12
coelhos da linhagem Nova Zelândia foram avaliadas. O grupo 1 foi
usado como controle; portanto, as córneas foram analisadas após
coletadas e trepanadas. O grupo 2 foi analisado após a inversão da
córnea (endotélio para cima na posição convexa), montada em câmara
anterior artificial, para o cálculo da porcentagem do dano endotelial
induzido por esta inversão. O grupo 3 foi avaliado após a separação
entre a membrana de Descemet e o estroma com o uso de substância
viscoelástica em córneas invertidas e montadas em câmara anterior
artificial. O dano endotelial foi avaliado por meio de fotografias digitais
tiradas no microscópio após impregnar o endotélio com vermelho de
alizarina. Amostras do grupo 3 foram processadas para avaliação
histopatológica. Resultados: O grupo 3 (separação viscoelástica) apresentou
um índice de lesão celular endotelial de 10,06%, o grupo 2
apresentou um índice de 3,58% e o grupo controle um índice de 0,18%
de lesão celular endotelial (p
Técnica de separação da membrana de Descemet para transplante de células endoteliais da córnea: estudo experimental em coelhos
23
A maioria das ceratoplastias é realizada devido à disfunção
das células endoteliais (2) , como na distrofia endotelial de
Fuchs e na ceratopatia bolhosa pseudofácica e afácica (3) . Nestes
casos, a cirurgia ideal consiste em manter a integridade da
córnea receptora e substituir somente a membrana de Descemet
(MD) com o endotélio lesado. Isso minimiza o astigmatismo
pós-operatório, o longo tempo de cicatrização da porção
estromal e as complicações relacionadas às suturas (4) .
Técnicas atuais para a substituição das camadas posteriores
lesadas da córnea incluem a ceratoplastia lamelar endotelial
profunda (DLEK) (5-6) , a ceratoplastia endotelial com descolamento
da Descemet (DSEK) (7) e, mais recentemente, a ceratoplastia
endotelial da membrana de Descemet (DMEK) (8) .
Estas técnicas envolvem a dissecção da MD e endotélio do
olho doador com a finalidade de obter o disco posterior para
transplante e criar um acesso no olho receptor para remover e
substituir o disco posterior lesado (4) . Estas técnicas demonstram,
quando realizadas com sucesso, melhores resultados
que a técnica de ceratoplastia penetrante e o risco de rejeição
é mínimo (1,6-11) . No entanto, a principal desvantagem destas
técnicas é a dificuldade na realização do procedimento, especialmente
na separação entre a MD e o estroma da córnea
doadora.
É muito importante que um número suficiente de células
endoteliais sadias do disco doador sobrevivam à preparação e
ao transplante (4) . Por isso, deve-se preservar a integridade do
endotélio durante todo o procedimento.
Este estudo tem como objetivo avaliar a porcentagem de
dano endotelial induzido por uma técnica cirúrgica para a
separação da MD contendo células endoteliais sadias, analisar
a viabilidade e eficácia desta técnica, e avaliar a porcentagem
de dano endotelial induzido pela inversão da córnea em
câmara anterior artificial.
MÉTODOS
Delineamento experimental
Este estudo experimental, prospectivo e controlado, foi
realizado sob coordenação do “Doheny Vision Research Center”
(DVRC). O uso dos animais neste estudo ocorreu conforme
a resolução da ARVO (“Association for Research in
Vision and Ophthalmology”) no uso de animais em pesquisa.
Todos os animais foram abrigados em instalações aprovadas
pela Associação Americana de Ciência em Animais de Laboratório.
O projeto de pesquisa deste estudo foi aprovado pela
comissão de ética em pesquisa da “University of Southern
Califórnia” (USC) e do “Doheny Eye Institute”.
População e local do estudo
Foram analisadas 19 córneas de 12 coelhos albinos, machos,
da linhagem Nova Zelândia (Irish Farms, Norco, CA), sadios e
pesando entre 2,3 e 2,7 kg. Cinco córneas foram descartadas do
estudo devido a lesões pré-existentes nestes tecidos.
O presente estudo experimental foi desenvolvido nas dependências
do “Doheny Vision Research Center”, na “University
of Southern California”.
Grupos em estudo
As córneas foram divididas e separadas aleatoriamente em
três grupos. O grupo 1 foi o grupo controle, composto por seis
córneas. O grupo 2 foi composto por sete córneas e analisado
após a montagem das córneas em câmara anterior artificial na
posição inversa, com o endotélio virado para cima. Foi calculado
o dano às células endoteliais causado por esta inversão.
O grupo 3, composto por seis córneas, foi avaliado após a
inversão das córneas em câmara anterior artificial (endotélio
virado para cima) e separação entre a MD e o estroma corneano,
utilizando substância viscoelástica.
Procedimento anestésico e eutanásia
Os 12 coelhos foram anestesiados com ketamina (40 mg/
kg) e xylazina (8 mg/kg). Imediatamente após a anestesia, foi
realizada a eutanásia dos animais por meio de overdose de
pentobarbital sódico (>333 mg/kg) via intracardíaca ou intravenosa.
Procedimento cirúrgico
Todas as cirurgias foram realizadas no mesmo local, pelo
mesmo cirurgião, utilizando-se microscópio cirúrgico e seguindo-se
a mesma técnica cirúrgica em todos os animais.
Após a eutanásia, peritomia conjuntival 360º foi realizada e
o segmento anterior de cada olho, contendo córnea, cristalino,
íris e corpo ciliar, foi removido com um anel escleral de 3 a
4 mm. O segmento anterior foi transferido com o epitélio corneano
virado para baixo e fixado em um bloco de trepanação
do tipo Barron. Isto permitiu a remoção do cristalino, íris e
corpo ciliar com o cuidado de não dobrar ou torcer a córnea, o
que poderia danificar o endotélio. Durante a remoção do cristalino,
íris e corpo ciliar, solução salina balanceada (BSS)
heparinizada (40 µ/ml) foi aplicada sobre a córnea a fim de
prevenir a formação de fibrina.
Após a remoção das estruturas internas do segmento anterior,
foi usado um trépano de Barron (7,5 mm) para delicadamente
marcar a superfície do endotélio como referência nos
passos seguintes. Para as córneas do grupo 1 (controle), foi
realizada a trepanação completa de toda a espessura corneana,
a qual foi então processada para impregnação e fotografias
do endotélio.
As córneas dos grupos 2 e 3 foram transferidas para uma
câmara anterior artificial e orientadas com o endotélio virado
para cima (posição convexa). No grupo 2, as córneas invertidas
e fixadas na câmara anterior artificial foram mantidas
nesta posição por um período de 10 minutos, com a finalidade
de simular o tempo que levaria para a separação viscoelástica
que ocorreu no grupo 3. Após esse período, as
córneas eram então transferidas para um bloco de trepanação
(epitélio para baixo), trepanadas no mesmo diâmetro do
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24 Técnica de separação da membrana de Descemet para transplante de células endoteliais da córnea: estudo experimental em coelhos
grupo 1 (7,5 mm) e preparadas para impregnação e fotografias
do endotélio.
No grupo 3, utilizando um microscópio cirúrgico (Zeiss
OPMI-6), uma lâmina de bisturi foi usada para criar uma penetração
rasa, de aproximadamente 100 micra, através da MD em
uma das áreas marcadas pelo trépano. Uma cânula de calibre
27 gauge foi inserida por essa incisão e posicionada entre a
MD e o estroma corneano adjacente. Substância viscoelástica
foi injetada através dessa cânula com a finalidade de criar uma
separação hidrostática entre as duas estruturas. A cânula foi
usada para fazer uma varredura sob a MD enquanto o viscoelástico
era injetado até que toda a extensão da membrana
marcada pelo trépano (7,5 mm) parecesse estar separada do
estroma. Uma lâmina de bisturi curva (crescente) foi utilizada
para finalizar a dissecção do estroma nas poucas áreas que
ainda estavam aderidas à MD. Uma espátula larga de 8 mm foi
usada para deslizar sob a membrana solta e separá-la da maior
parte do estroma, transferindo a MD contendo endotélio e
uma fina camada de estroma para uma lâmina de vidro, onde o
endotélio da membrana foi então preparado para impregnação
e fotografias.
Recorreu-se à análise descritiva dos dados por meio de
quadros e gráficos. Para a comprovação do objetivo levantado
nesse trabalho, foram utilizados os testes não-paramétricos
Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. O nível de significância
adotado foi menor que 5% (p
Técnica de separação da membrana de Descemet para transplante de células endoteliais da córnea: estudo experimental em coelhos
25
Figura 3 - Fotografia do endotélio no grupo 3
Figura 4 - Fotografia histológica do endotélio + MD + estroma posterior
da córnea
Quadro 1. Porcentual de lesão nos grupos estudados
Grupos Nº Média Desvio Mínimo Máximo Mediana
padrão
Controle 6 1,42 2,05 0,00 4,25 0,18
Grupo 2 7 7,06 6,42 2,43 20,00 3,58
Grupo 3 6 11,90 8,97 2,98 28,45 10,06
Nota: Desvio padrão muito elevado, recomenda-se utilizar a mediana.
O estudo histológico das membranas separadas do grupo
3 demonstrou que aproximadamente 120 µm de espessura
estromal permanecia aderida à MD (Figura 4).
Na comparação entre os três grupos, em relação ao porcentual
de lesão, foi observado que o grupo 3 apresentou maior
índice de lesão (medianas de 0,18%; 3,58% e 10,06%) (p=0,020)
(Gráfico 1).
Foi observada diferença significativa entre o grupo 1 (controle)
e o grupo 3, sendo encontrado maior índice de lesão no
grupo 3 (medianas de 0,18% e 10,06%) (p=0,010).
Na comparação entre os grupos 2 e 3, não foi observada
diferença significativa. No entanto, ressalta-se que, entre o
grupo 1 (controle) e o grupo 2, foi observado maior índice de
lesão para o grupo 2, mas sem diferença significativa (p=0,063)
(probabilidade limítrofe que indica tendência).
DISCUSSÃO
Gráfico 1 - Porcentual de lesão nos grupos estudados
O ideal para qualquer procedimento que substitui o endotélio
seria apresentar uma córnea opticamente perfeita, superfície
topográfica regular e sem mudanças significantes no
astigmatismo, poder dióptrico corneano altamente previsível e
um endotélio sadio após o procedimento. As técnicas atuais
de transplante endotelial têm demonstrado todas estas vantagens
de forma bastante satisfatória. Além disso, não apresentam
complicações relacionadas à sutura, como ceratite infecciosa,
úlcera corneana, “melting”, vascularização da córnea
doadora e rejeição epitelial e estromal. As complicações relacionadas
à cicatrização podem ser minimizadas, já que o
epitélio e o estroma não são substituídos (5) . Na ceratoplastia
penetrante, o astigmatismo irregular é a principal complicação,
e a instabilidade refracional se mantém anos após a cirurgia (4) .
Outra grande vantagem das técnicas de ceratoplastia endotelial
é que mesmo córneas apresentando opacidades anteriores
podem ser utilizadas para transplante, o que é impossível
acontecer em um transplante penetrante, o qual requer boa
qualidade do tecido doador em toda a sua espessura (5) .
Por obter melhores resultados clínicos, muitos pacientes
podem querer optar por qualquer tipo de transplante endotelial
ao invés da ceratoplastia penetrante. No entanto, para os
cirurgiões, a maior dificuldade parece ser a preparação do
tecido doador. Na maioria dos países, bancos de olhos dispõem
aos cirurgiões botões corneoesclerais, sendo que o
disco lamelar posterior deve ser dissecado manualmente ou
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26 Técnica de separação da membrana de Descemet para transplante de células endoteliais da córnea: estudo experimental em coelhos
com o auxílio de um microcerátomo, imediatamente antes ou
durante a cirurgia (12) .
Após a publicação da técnica da excisão da MD da córnea
receptora (descemetorrexis), foi demonstrado ser possível a
retirada somente da camada endotelial lesada da córnea, mantendo
a integridade de todo o estroma posterior e deixando
uma superfície lisa e ideal para receber o tecido doador (13) .
Após a implantação desta nova técnica na prática cirúrgica,
tornou-se necessário a busca por novos métodos de retirada
do endotélio doador sadio e separado do estroma posterior.
Porém, pouco se estuda sobre a preparação do tecido doador.
Alguns autores em 2002 foram os primeiros a descrever uma
técnica de preparação da MD com endotélio doador utilizando
câmara anterior artificial e dissecando o endotélio da córnea
na posição convexa (virado para cima), assim como foi feito no
presente estudo (14) . Outros autores demonstraram que, neste
tipo de preparação, não há necessidade de instrumentos cirúrgicos
personalizados (15) .
Recentemente, foi publicada uma variação no método de
preparação do endotélio doador, em que a MD foi dissecada
em câmara anterior artificial com o endotélio para cima, utilizando
uma espátula de ciclodiálise. A perda endotelial média
foi de 8,46 ± 6,9% e a morfologia celular manteve a sua
integridade (16) .
Neste presente estudo, foi desenvolvida uma técnica similar,
sendo que a principal diferença consistiu na utilização de
substância viscoelástica, com o objetivo de diminuir a lesão
endotelial e maior facilidade de dissecção.
Um estudo retrospectivo não randomizado comparou a
dissecção do disco doador utilizando microcerátomo automatizado
com a dissecção manual em 330 pacientes submetidos
à técnica de DSEK. Os resultados mostraram que não
houve diferença entre os grupos em relação à acuidade visual
melhor corrigida no terceiro e sexto mês após a cirurgia, porém,
a recuperação visual foi mais rápida no grupo em que foi
utilizado o microcerátomo (17) . Portanto, percebe-se que a principal
vantagem no uso do microcerátomo é na recuperação
visual mais rápida. Mas deve-se salientar que ainda, em diversos
países, inclusive no Brasil, muitos centros não dispõem de
um microcerátomo automatizado para realizar esse tipo de
procedimento.
Os resultados da técnica deste estudo foram bastante
satisfatórios. Após toda a remoção e separação entre a MD e o
estroma, obteve-se 10,06 ± 8,9% de lesão endotelial, mantendo
a integridade morfológica das células. Neste aspecto, o resultado
foi bastante semelhante ao encontrado por outros autores,
apesar de eles não terem utilizado substância viscoelástica
(16) . Também foi tentado diminuir ao máximo a aderência
estromal à MD, porém, uma lamela estromal de 120 µm ainda
se manteve aderida.
Este presente estudo foi o primeiro a avaliar a porcentagem
de lesão endotelial induzida somente pelo procedimento de
inversão da córnea em câmara anterior artificial. Durante 10
minutos, o endotélio foi mantido na posição convexa (para
cima), simulando o tempo de dissecção. A partir disso, observou-se
que o dano celular foi de 3,58%. Maior do que no
grupo controle, que foi de 0,18%, porém estatisticamente nãosignificativo.
Dessa forma, é pertinente observar que a inversão da córnea
com o endotélio para cima em câmara anterior artificial é
vantajosa, já que não induz lesão significativa e facilita muito
a dissecção manual da MD.
Esta técnica cirúrgica requer investigação futura a fim de
avaliar a porcentagem de dano endotelial em cada estágio do
transplante, inclusive no período pós-operatório. Porém, devido
ao baixo índice de lesão endotelial induzida por este procedimento,
acredita-se que o transplante de endotélio com a
utilização desta técnica possa resultar em rápida recuperação
visual, melhores resultados pós-operatórios e menores índices
de complicações em pacientes que apresentam disfunção
endotelial.
CONCLUSÕES
A técnica de separação da MD contendo células endoteliais
para transplante de endotélio descrita neste estudo mostrou
que:
1. Este procedimento induz 10,06% de lesão endotelial.
2. Esta técnica é viável e eficaz.
3. A inversão da córnea em câmara anterior artificial induz
3,58% de lesão endotelial.
ABSTRACT
Purpose: To evaluate the percentage of endothelial cell damage
induced during a surgical technique of Descemet’s membrane
separation containing healthy endothelium, analyze the
viability and efficacy of this technique, and evaluate the percentage
of endothelial cell damage caused by inversion of the
cornea on an artificial anterior chamber. Methods: The corneas
from three groups of 12 New Zealand rabbits were evaluated.
The Group one was used as the control, so the corneas were
analyzed after collected and trephinated. The Group two was
analyzed after inversion of the cornea (endothelial side up at a
convex shape) mounted on an artificial anterior chamber to
calculate the percentage of endothelial cell damage caused by
this inversion. The Group three was evaluated after the separation
between the Descemet’s membrane and the stroma
using viscoelastic substance in corneas inverted and mounted
on an artificial anterior chamber. The endothelial cell damage
was analyzed by digital photographs taken under a microscope
after staining the endothelium with alizarin red.
Group three samples were processed for histologic evaluation.
Results: The Group three (viscoelastic separation)
showed an index of endothelial cell damage of 10.06%, the
Group two showed an index of 3.58% and the control group
an index of 0.18% of endothelial cell damage (p
Técnica de separação da membrana de Descemet para transplante de células endoteliais da córnea: estudo experimental em coelhos
27
approximately a 120 µm thickness of stroma remained attached
to the Descemet’s membrane. Conclusion: This technique
should be better investigated because it is a viable and efficient
alternative of Descemet’s membrane separation for endothelial
cells transplantation, since the percentage of induced
cell damage is 10.06%. The percentage of endothelial cell
damage caused by inversion of the cornea on an artificial anterior
chamber was 3.58%.
Keywords: Cornea/surgery; Corneal transplantation; Descemet
membrane; Endothelium, corneal; Rabbits
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Tomografia de coerência óptica na avaliação
da camada de fibras nervosas peripapilar
nos usuários de cloroquina
Optical coherence tomography to evaluate peripapillary retinal nerve fiber
layer in chloroquine patients
Luis Augusto Arana 1
Jayme Arana 2
Alexander Rodrigo Hasimoto 3
Gustavo Schirr 4
Eduardo Arana 5
Ana Paula Beckhauser 6
Francisco Araújo 7
Thelma Skare 8
Trabalho realizado no Hospital de Olhos do Paraná e
no Hospital Evangélico de Curitiba - HUEC - Curitiba
(PR) - Brasil.
1
Fellow de Retina do Doheny Eye Institute - Los Angeles
(Califórnia-CA).
2
Professor Assistente de Oftalmologia do Hospital Evangélico
de Curitiba - HUEC - Curitiba (PR) - Brasil.
3
Residente de Oftalmologia do HUEC - Curitiba (PR) -
Brasil.
4
Residente de Oftalmologia do HUEC - Curitiba (PR) -
Brasil.
5
Residente de Oftalmologia do HUEC - Curitiba (PR) -
Brasil.
6
Residente de Reumatologia do HUEC - Curitiba (PR) -
Brasil.
7
Residente de Reumatologia do HUEC - Curitiba (PR) -
Brasil.
8
Professora Assistente de Reumatologia do HUEC -
Curitiba (PR) - Brasil.
Endereço para correspondência: Luis Augusto Arana.
Rua Des. Otávio do Amaral, 770 Apto. 17 - Curitiba (PR)
CEP 80730-400
E-mail: luisarana79@hotmail.com
Recebido para publicação em 03.11.2009
Aprovação em 11.12.2009
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo
sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Luiz Carlos
Molinari Gomes sobre a divulgação de seu nome como
revisor, agradecemos sua participação neste processo.
RESUMO
Objetivo: Analisar a camada de fibras nervosas nos usuários de cloroquina
com a tomografia de coerência óptica (OCT). Métodos: A espessura
da camada de fibras nervosas foi mensurada pelo Stratus OCT ®
através do protocolo scan rápido da camada de fibras nervosas em 94
olhos de 48 pacientes usuários de cloroquina a pelo menos um ano e
sem alteração macular aparente. A dose cumulativa e dose diária máxima
(mg/kg/dia) e o tempo de uso da cloroquina foram correlacionadas com
a espessura da camada de fibras nervosas. Os dados formam comparados
com um grupo controle de 30 pacientes não usuários de cloroquina.
Todos os pacientes foram submetidos a um exame oftalmológico
completo incluindo medida da acuidade visual, refração, pressão intraocular,
fundoscopia, retinografia e medida da escavação de papila.
Resultados: Comparação entre a média da espessura da camada de
fibras nervosas entre usuários do antimalárico (107,60 ± 13,25 µm) e o
grupo controle (99,05 ± 13,08 µm) teve uma associação estatisticamente
significativa (p=0,0137). Também foi encontrada essa associação entre
os quadrantes temporal, superior e inferior da camada de fibras nervosas
peripapilar dos dois grupos. Ao analisar a camada de fibras
nervosas através das 12 h do relógio detectou-se pelo menos um defeito
focal em mais de 50% dos usuários da medicação. Nos pacientes com
o defeito focal foi observado uma relação com a dose diária máxima
(p=0,0120). Conclusão: A tomografia de coerência óptica demonstrouse
eficaz na detecção da diminuição da camada de fibras nervosas em
usuários de cloroquina sem alterações fundoscópicas aparentes. Dessa
forma, a tomografia de coerência óptica pode contribuir para o
diagnóstico mais precoce da retinopatia por cloroquina.
Descritores: Tomografia de coerência óptica; Fibras nervosas; Retina; Cloroquina/efeitos
adversos; Hidroxicloroquina/efeitos adversos; Células ganglionares da retina; Doenças
retinianas/prevenção & controle
INTRODUÇÃO
Os antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina) estãos incorporados
ao tratamento de diversas desordens imunológicas. Entretanto, seu uso
crônico pode acarretar uma degeneração retiniana irreversível que pode
evoluir mesmo com a suspensão da medicação (1-2) . A cloroquina se une à
melanina do epitélio pigmentar retiniano e essa junção talvez sirva para
concentrar e prolongar a ação tóxica desse agente. Entretanto, a exata
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Tomografia de coerência óptica na avaliação da camada de fibras nervosas peripapilar nos usuários de cloroquina
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fisiopatogenia da retinopatia ainda não foi elucidada. Estudos
iniciais realizados por alguns autores (3) indicam que a cloroquina
injetada parenteralmente em macacos Rhesus pode causar
alterações significativas na camada de células ganglionares
mostradas por histopatologia, mesmo na ausência de achados
clínicos retinianos, testes eletrofisiológicos e angiografia
fluoresceínica (AF). A droga tem a habilidade de alterar o pH
dos compartimentos intracelulares e a função do epitélio pigmentar
retiniano (EPR), o que gera a atrofia do epitélio (4) .
As primeiras descrições da retinopatia por antimaláricos
foram feitas por Hobbs (5) em 1959. A toxicidade é caracterizada
por alteração pigmentar bilateral na mácula geralmente poupando
a fóvea, conhecida como maculopatia em “bull’s eye”.
Segundo a Academia Americana de Oftalmologia os principais
fatores para a toxicidade retiniana são a dose diária máxima da
cloroquina (mais que 3 mg/kg/dia) e o tempo de uso, mas também
se deve levar em consideração idade, doença renal e
hepática associada (6) . Atualmente existem diversos exames de
detecção da maculopatia como retinografia, angiografia, teste
de visão de cores, campo visual, eletrorretinograma, eletrorretinograma
multifocal, eletro-oculograma e autofluorescência (6-7) .
Entretanto, ainda não existe um teste considerado padrãoouro
para a sua detetecção precoce (6,8) .
A única conduta para a maculopatia por antimaláricos é a
suspensão do medicamento; logo é necessário um exame de
fácil manuseio e entendimento para detectar precocemente essa
alteração. Como achados em modelo animal sugerem que a
cloroquina afeta inicialmente as células ganglionares (3) , hipotetizamos
que a estrutura da camada de fibras nervosas (CFN)
(células ganglionares e seus axônios) possa ser precocemente
comprometida pelo antimalárico. Assim, utilizamos a tomografia
de coerência óptica (OCT) para mensurar a espessura da CFN
peripapilar em usários de antimaláricos e num grupo controle.
MÉTODOS
Este estudo incluiu pacientes usuários de difosfato de
cloroquina e sem alteração fundoscópica, nos quais foi levantado
a dose cumulativa e diária mg/kg/dia da medicação (difosfato
de cloroquina). Todos foram recrutados prospectivamente
do ambulatório de Reumatologia do Hospital Universitário
Evangélico de Curitiba (HUEC) entre maio de 2008 e outubro
de 2008. Para o grupo controle formam incluídos indivíduos
sem o uso de cloroquina, com idade e sexo semelhantes. Este
trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
HUEC sendo obtido consentimento livre e esclarecido de todos
os participantes.
Foram estudados 94 olhos de 48 usuários de cloroquina
sem maculopatia e 30 pacientes (60 olhos) saudáveis para o
grupo controle. Todos foram submetidos a um exame oftalmoscópico
completo, incluindo medida da acuidade visual
(AV), refração, pressão intraocular (PIO), fundoscopia e medida
da escavação de papila. Os critérios de inclusão foram:
idade acima de 18 anos, PIO menor que 22 mmHg, acuidade
visual corrigida melhor que 20/40, uso de antimalárico por mais
de 12 meses.
Indivíduos com evidência clínica de doença macular, cirurgia
retiniana, doença neurológica ou diabetes foram excluídos.
Além disso, os critérios de exclusão foram erro refracional
maior que 5 DE ou 2 DC, opacidades no eixo visual
e sinais de glaucoma (“notch”, Hoyt, aumento da escavação
de papila maior que 0,6 ou assimetria entre as escavações
acima de 0,2) (9) .
O OCT foi utilizado para medir a camada de fibras nervosas,
neste trabalho foi utilizado o Stratus OCT ® (Carl Zeiss
Meditec, Inc.). O protocolo da rápida CFN 3.4 scan foi utilizado
para quantificar a CFN peripapilar (software versão 4.0.1).
Um círculo de 3,46 mm de diâmetro constituído de 256 A-scans
foi posicionado manualmente no centro do disco óptico. A
média, os quadrantes e as horas do relógio da espessura da
CFN foram constatatdos na análise após o resultado das médias
de três sequências circulares do scan. Todas as imagens
escolhidas apresentaram graduação de no mínimo 7. Em relação
à classificação normativa foi divida em 4 categorias: 95 a
100% foi considerado hipernormal (cor branca no mapa); 5 a
95% foi normal (verde); 1 a 5% foi boderline (amarelo); e
menos que 1% foi considerado anormal (vermelho). Para este
estudo branco e verde foram englobadas como normais enquanto
amarelo e vermelho foram classificadas como anormais.
A análise do OCT pelas horas do relógio foi baseada no
olho direito, assim 9 h do scan peripapilar representou o lado
temporal do disco óptico de ambos os olhos.
Para a análise estatística foram utilizados os testes de
Fisher e Qui-quadrado para os dados nominais; já os dados
numéricos foram submetidos aos testes de Mann Whitney.
Para fins estatísticos foram considerados os valores médios
entre o olho direito (OD) e esquerdo (OE). A significância
adotada foi de 5%.
RESULTADOS
As características clínicas dos usuários de cloroquina e a
média da CFN no OD e OE são demonstradas na tabela 1.
Dos 48 pacientes estudados, 45 eram do sexo feminino e 3
do masculino; já o grupo controle constituiu-se de 28 mulheres
e 2 homens. A média de idade dos usuários de cloroquina
e do grupo controle foi 44,77 ± 12,9 e 45,76 ± 12,61 anos,
respectivamente, não havendo diferença significativa entre
os grupos (p=0,90). Dos 48 pacientes usuários de cloroquina
32 eram portadores de lúpus eritematoso sistêmico (LES), 7 de
artrite reumatóide (AR), 7 de artrose e 2 de artrite reumatóide
juvenil (ARJ). A exposição média à droga foi de 51,73 ± 26,9
meses com dose cumulativa e total diária de 226,6 ± 89,1 g e
1,710 ± 0,509 mg/kg/dia, respectivamente.
Em relação à média da CFN foi constatado 107,60 ± 13,25 µm
no grupo controle e 99,05 ± 13,08 µm nos usuários do medicamento
(p=0,0137). Além disso, foi encontrada uma diminuição
da CFN estatisticamente significativa entre o grupo controle e
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):28-32
30 Tomografia de coerência óptica na avaliação da camada de fibras nervosas peripapilar nos usuários de cloroquina
Tabela 1. Características clínicas dos pacientes usuários de cloroquina com a dose cumulativa, diária e a média da CFN em ambos os olhos
Número Idade Sexo Doença Tempo em Dose cumulativa Dose máxima diária CFN OD CFN OE
de base meses (g) em mg/kg/dia
1 32 F LES 12 36,00 1,589 140 132
2 44 F LES 12 45,00 1,875 120 116
3 25 F LES 13 51,83 1,629 93 90
4 18 F ARJ 32 63,15 2,020 121 115
5 54 M LES 26 63,90 2,215 87 79
6 61 F Artrose 33 79,03 1,282 90 96
7 63 F Artrose 22 99,00 1,775 97 98
8 68 M AR 28 108,00 2,205 89 94
9 32 F AR 24 109,50 2,000 100 99
10 51 F LES 24 109,50 2,238 101 106
11 51 F AR 24 109,75 2,283 100 100
12 27 F LES 26 110,38 1,024 105 104
13 56 F Artrose 26 114,65 1,304 91 85
14 45 F Artrose 29 114,93 0,857 92 89
15 40 F AR 36 164,25 2,222 113 108
16 67 F Artrose 36 164,25 1,724 89 83
17 38 F LES 49 178,23 1,247 116 99
18 31 F LES 46 186,75 0,877 107 102
19 61 F Artrose 43 193,50 2,459 95 87
20 29 F LES 45 202,50 2,840 105 107
21 43 F LES 44 203,25 1,027 91 97
22 33 F LES 46 207,00 2,013 114 107
23 74 F AR 47 211,50 2,057 100 112
24 31 F ARJ 51 229,50 2,290 75 82
25 39 F LES 70 235,04 0,980 101 96
26 42 F LES 55 238,60 1,072 83 101
27 54 F LES 64 245,94 0,914 85 93
28 40 F LES 37 246,28 2,412 79 78
29 32 F LES 36 246,35 1,127 89 91
30 30 F LES 63 254,58 1,271 104 104
31 37 F LES 75 272,98 1,111 117 114
32 59 F LES 67 280,23 0,959 110 121
33 51 F LES 63 280,58 2,112 95 93
34 41 F LES 68 291,95 0,920 95 100
35 49 F LES 91 294,23 1,286 120 114
36 33 F LES 68 303,78 0,867 90 84
37 60 F LES 83 313,43 0,750 64 58
38 48 F LES 84 314,37 1,612 101 X
39 59 M AR 70 315,00 2,027 99 X
40 49 F LES 71 316,68 1,196 97 91
41 37 F LES 80 319,25 0,961 104 99
42 47 F AR 72 324,00 2,013 128 128
43 56 F Artrose 72 328,50 1,332 110 115
44 46 F LES 76 380,25 1,056 100 99
45 54 F LES 93 383,50 1,027 100 100
46 29 F LES 85 387,50 1,918 94 89
47 43 F LES 102 392,25 1,562 108 100
48 27 F LES 127 563,25 0,951 106 96
LES= lupus eritematoso sistêmico; AR = artrite reumatóide; ARJ= artrite reumatóide juvenil; CFN= camada de fibras nervosas; X= olho excluído por não possuir todos
os critérios de inclusão
os usuários de cloroquina na média nos quadrantes temporal,
superior e inferior (Tabela 2).
No estudo das 12 h do relógio foi encontrado pelo menos
um defeito focal em 4 indivíduos (13%) do grupo controle e em
25 pacientes (52,08%) expostos à droga. Desses, 32% apresentaram
3 ou mais defeitos focais na camada de fibras nervosas
pelo OCT. Dos 25 pacientes com defeitos focais, 56%
apresentaram pelo menos um defeito nas 3 h do relógio que
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):28-32
Tomografia de coerência óptica na avaliação da camada de fibras nervosas peripapilar nos usuários de cloroquina
31
constituem a porção temporal peripapilar - 8, 9 e 10 h. Na
figura 1 verifica-se a análise da CFN pelo Stratus OCT num
paciente com defeito nas 3 h do relógio que constituem o quadrante
temporal (8, 9 e 10 h) além de um segmento do quadrante
inferior que corresponde às 7 h. Além do mapa básico
do dado normativo da CFN das 12 h do relógio e dos 4 quadrantes
o OCT fornece o perfil da CFN e a fotografia da
papila com uma linha branca identificando o local correspondente
à varredura da CFN.
A única associação estatisticamente positiva detectada
entre tempo de uso da medicação, dose cumulativa, dose diária
máxima com a espessura da CFN foi na dose diária máxima no
grupo de pacientes com defeitos focais na camada peripapilar
(1,767 ± 0,547 mg/kg/dia no grupo com defeitos versus 1,354 ±
0,442 no grupo sem defeito) com p=0,0120.
DISCUSSÃO
A tomografia de coerência óptica é uma técnica que propicia
um corte histológico do tecido retiniano. O OCT Stratus
(time domain, resolução axial 10 µm) instituído neste trabalho
Tabela 2. Correlação da camada de fibras nervosas (CFN) peripapilar
média e dos quatro quadrantes entre pacientes usuários de
cloroquina e no grupo controle
CFN nos usuários CFN no Valor do p
de Cloroquina grupo controle
Média 99,05 ± 13,08 107,60 ± 13,25 0,0137
Temporal 66,65 ± 14,99 76,77 ± 11,29 0,0009
Superior 123,00 ± 20,54 133,90 ± 17,29 0,0192
Nasal 76,90 ± 19,46 80,95 ± 18,16 0,2832
Inferior 129,50 ± 19,41 138,50 ± 17,41 0,0452
P= Mann Whitney
Micra
A
B
C
Figura 1 - Análise da CFN peripapilar pelo OCT; A) Perfil da CFN
evidenciando sua diminuição no setor temporal; B) Imagem da papila
com o scan indicando o local da tomografia; C) O mapa base dos
dados normativos quantificando o defeito nas 4 h do relógio e no quadrante
temporal.
é amplamente utilizado na prática oftalmológica. O OCT apresenta
inúmeras vantagens em relação aos atuais exames para o
diagnóstico da retinopatia. Por exemplo, é um exame não invasivo
(diferente da angiografia fluorescente); de fácil manuseio
e entendimento (ao contrário do ERG multifocal); rápido e
confortável ao paciente (diferente do campo visual) e, por fim,
é um equipamento em constante evolução tecnológica e cada
vez mais imbutido na oftalmologia.
A ocorrência de efeitos colaterais oculares potencialmente
graves associado ao uso dos antimaláricos são minimizados
pela conscientização dos reumatologistas e oftalmologistas.
Entretanto, nosso estudo com a tomografia de coerência óptica
demonstra alterações quantitativas entre a CFN peripapilar
do grupo controle e usuários do antimalárico mesmo sem
alterações fundoscópicas de maculopatia. Assim, os autores
acreditam que o OCT possa encontrar alterações previamente
ao dano do EPR detectado no mapeamento de retina. Esses
achados são consistentes com estudos prévios da análise da
CFN tanto pelo GDX quanto pelo OCT (10-13) .
Em nosso estudo mais de 50% dos usuários do medicamento
apresentaram em pelo menos uma das 12 h do relógio
coloração amarela ou vermelha pelo mapa normativo do OCT,
o que os qualifica com defeito focal da CFN. A principal topografia
afetada foi o quadrante temporal (p=0,0009). Isso pode
ser explicado pela predominância das fibras que constituem a
CFN peripapilar temporal serem provenientes do polo posterior,
região na qual ocorrem as alterações fundoscópicas da
retinopatia. Os autores acreditam que a análise da CFN, especialmente
a temporal possa ser um dado relevante no acompanhamento
dos usuários crônicos de cloroquina mesmo com
ausência de alterações fundoscópicas.
Alguns estudos relatam que através do GDX ® - polarimetria
a laser - existe uma associação entre altas doses diárias de
cloroquina com diminuição da CFN; entretanto, essa relação
não foi verdadeira ao se comparar com a dose cumulativa (13) .
Já no nosso estudo quando comparado a espessura da CFN
com o tempo de uso da medicação, dose cumulativa e dose
diária máxima foi encontrado uma correlação positiva apenas
nos pacientes com defeitos focais na CFN e dose diária.
A dose diária máxima preconizada para evitar a maculopatia
é abaixo de 3 mg/kg/dia (6) . Nenhum dos 48 pacientes
incluídos neste estudo apresentou a dose acima do preconizado,
pois após 2 anos é norma do Ambulatório de Reumatologia
do HUEC utilizar a droga em dias alternados. Isso também
contribui para diminuir tanto a dose diária máxima quanto
cumulativa desses pacientes. Não foi encontrada relação entre
a CFN média com a dose diária máxima, cumulativa e tempo
de exposição à droga; entretanto, ao analisar os pacientes com
defeito focal foi verificado uma relação significamente estatística
com a dose máxima diária (p=0,0120). Embora se acredite
que a dose cumulativa, tempo de uso e dose diária são importantes
para desencadear a retinopatia (1) , estudos recentes
ressaltam a importância da dose diária (6,14) pois a posologia de
150 mg ao dia de cloroquina tem um efeito tóxico diferente ao
se comparar uma pessoa de 45 kg versus 100 kg.
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32 Tomografia de coerência óptica na avaliação da camada de fibras nervosas peripapilar nos usuários de cloroquina
CONCLUSÃO
O OCT é capaz de detectar a diminuição da CFN em pacientes
usuários de cloroquina sem alterações fundoscópicas aparentes.
Estudos futuros, entretanto, são imperativos para verificar
o valor preditivo dessa tecnologia para o diagnóstico
precoce da maculopatia.
ABSTRACT
Purpose: To evaluated the retinal nerve fiber layer in chloroquine
patients with optical coherence tomography (OCT).
Methods: Nerve fibers layer thickness was measured by a
proprietary OCT Stratus ® through the fast retinal nerve fiber
layer protocol in ninety-four eyes of 48 patients exposed to
chloroquine for at least one year with no apparent macular
disorder. Cumulative dose, maximum daily dose (mg/kg/day)
and time of chloroquine use were correlated with the retinal
nerve fiber layer thickness. Data were compared with a control
group of 30 patients who did not use chloroquine. All
patients underwent a complete ophthalmologic examination
including visual acuity, refraction, intraocular pressure, fundoscopy,
angiography and measurement of cup-to-disc ratio.
Results: The average thickness of retinal nerve fiber
layer between antimalaric users (107.60 ± 13.25 µm) and the
control group (99.05 ± 13.08 µm) had a statistically significant
difference (p=0.0137). Furthermore, a positive association
of the peripapillary thickness measurements between
temporal, upper and lower quadrants of both groups was
found. Twelve clock hours retinal nerve fiber layer analysis
detected at least one focal defect in more than 50% of the
medication users. Particularly, a statistical correlation with
the maximum daily dose was found in patients with focal
defects (p=0.0120). Conclusion: Optical coherence tomography
is effective in detecting nerve fiber layer loss in chloroquine
patients without apparent fundus changes. Thus,
optical coherence tomography may contribute to the early
diagnosis of chloroquine retinopathy.
Keywords: Tomography, optical coherence; Nerve fibers; Retina;
Chloroquine/adverse effects; Hydroxychloroquine/adverse
effects; Retinal ganglion cells; Retinal diseases/prevention
& control
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Ten-year follow-up of a case series of primary
epithelial neoplasms of the lacrimal gland:
clinical features, surgical treatment and
histopathological findings
Dez anos de acompanhamento de uma série de casos de neoplasias epiteliais
primárias da glândula lacrimal: características clínicas,
tratamento cirúrgico e achados histopatológicos
Rodrigo Ribeiro Santos 1
Renato Wendell Ferreira Damasceno 2
Fernanda Silva Lopes de Pontes 3
Sylvia Regina T. Cursino 4
Maria Cristina Nishiwaki-Dantas 5
José Vital Filho 6
Paulo Elias Correa Dantas 7
Study carried out at Department of Ophthalmology,
Santa Casa de São Paulo - São Paulo - Brazil.
1
Fellow, Corneal and External Disease Service, Department
of Ophthalmology, Santa Casa de Misericórdia
São Paulo - São Paulo (SP) - Brazil.
2
Postgraduate Student (Doctoral level), Department of
Ophthalmology, Universidade Federal de São Paulo -
UNIFESP - São Paulo (SP) - Brazil.
3
Ophthalmic Pathology Service, Department of Pathology
- Santa Casa de Misericórdia São Paulo - São Paulo
(SP) - Brazil.
4
Professor of Ophthalmology, Oculoplastics Service
Department of Ophthalmology - Santa Casa de Misericórdia
São Paulo - São Paulo (SP) - Brazil.
5
Chairwoman, Department of Ophthalmology - Santa Casa
de Misericórdia São Paulo - São Paulo (SP) - Brazil.
6
Director, Oculoplastics Service, Department of Ophthalmology
- Santa Casa de Misericórdia São Paulo - São
Paulo (SP) - Brazil.
7
Professor of Ophthalmology, Corneal and External Disease
Service, Department of Ophthalmology - Santa Casa
de Misericórdia São Paulo - São Paulo (SP) - Brazil.
Correspondence address: Renato Wendell F. Damasceno.
Rua Jaguaribe, 102/113 - São Paulo (SP)
CEP 01224-000
E-mail: renatowendell@hotmail.com
Recebido para publicação em 05.02.2009
Última versão recebida em 27.10.2009
Aprovação em 14.12.2009
ABSTRACT
Purpose: To describe and analyze the features of a cases series of
patients with primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland, its
surgical treatment, and histopathological findings. Methods: Retrospective
evaluation of files from patients with primary epithelial neoplasms
of the lacrimal gland in the period from 1997 to 2007. All patients
with primary epithelial tumors of the lacrimal gland were included in this
study. Data on gender, age, clinical features, surgical treatment, histopathological
findings and follow-up were collected. The slides with histological
sections of the tumors were reviewed by the same pathologist.
Results: During the study period, there were 12 patients, 5 (41.7%) with
benign tumors, all pleomorphic adenomas (benign mixed tumor) and
7 (58.3%) with malignant neoplasms, thus distributed: four cases of
adenoid cystic carcinoma, two of mucoepidermoid carcinoma and one
carcinoma expleomorphic adenoma. Globally, patients mean age was
54.1 years-old (ranging from 14 to 70 years-old), with mean age of 52.4
years-old (ranging from 14 to 65 years-old) for benign neoplasms, and
55.3 years-old for malignant neoplasms (ranging from 26 to 70 years-old).
Clinical follow-up information, ranging from 2 to 10 years-old, was
available for all patients. Three patients developed distant metastasis
and died of disease. Conclusions: The most frequent primary epithelial
neoplasms of the lacrimal gland were pleomorphic adenoma and adenoid
cystic carcinoma during the study period. Malignant tumors were more
frequent than benign tumors. The histopathological diagnosis and the
disease initial stage can play a significant role in patient’s survival.
Keywords: Lacrimal apparatus; Orbital neoplasm; Adenoma; Eye neoplasms; Lacrimal
apparatus diseases/surgery; Carcinoma, adenoid cystic; Carcinoma, mucoepidermoid;
Follow-up studies
INTRODUCTION
Tumors of the lacrimal gland are uncommon in the clinical practice. Nevertheless,
they present high morbidity and mortality (1) . They constitute
approximately 7-9% of orbital tumors (2-3) and are generally divided into four
categories: inflammatory lesions, lymphomas, metastatic cancer, and epithelial
tumors (4) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
34 Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
Inflammatory and lymphoid lesions are more frequent than
epithelial neoplasias (5) . Metastatic carcinoma to the lacrimal
gland is uncommon but can be observed, mainly associated
with breast and lung carcinoma (6) . Epithelial neoplasms represent
approximately 30% of the lesions of the lacrimal gland (3-4) .
The most common epithelial tumors are, in order, pleomorphic
adenoma (benign mixed tumor), adenoid cystic carcinoma, and
adenocarcinoma (4,7-12) . Other rare variants of carcinoma are also
seen, such as mucoepidermoid carcinoma and carcinoma ex
pleomorphic adenoma (malignant mixed tumor) (4) . Some of the
primary malignant epithelial tumors may come from a preexisting
pleomorphic adenoma (benign mixed tumor) through a malignant
transformation, but most arises de novo (4,7) . The malignant
components of the carcinoma ex pleomorphic adenoma
(malignant mixed tumor) can be an undifferentiated carcinoma,
a poorly differentiated adenocarcinoma, an adenoid cystic carcinoma,
or an epithelial-myoepithelial carcinoma (8,13) .
The clinical presentation of the benign neoplasm of the
lacrimal gland is characterized by painless palpable mass, slow
growth and displacement of the globe off axis (7,14-17) . Clinical
suspicion for a malignancy is raised by a recent rapid onset of
symptoms, pain, and radiographic evidence of bone destruction
(8,14-16) .
Histologically, the lacrimal gland is composed of acini with
an inner layer of cuboidal to columnar zymogen-bearing cells
and an outer layer of myoepithelial cells. Involutional changes
include fibrosis, atrophy, ductal dilation, ductal proliferation,
lymphocytic infiltration, and fatty infiltration (18) .
The purpose of this study is to describe and analyze the
clinical features, surgical treatment, histopathological findings
and follow-up of patients with primary epithelial neoplasms of
the lacrimal gland in a tertiary referral center from 1997 to 2007.
METHODS
A retrospective and observational study was performed to
evaluate cases of epithelial neoplasias of the lacrimal gland
treated between 1997 and 2007, in a tertiary referral center in
São Paulo, Brasil. Patients with extrinsic lesions encroaching
the lacrimal gland and metastatic tumors to the lacrimal gland
were excluded. Data about gender, age, clinical features, surgical
treatment, histopathological findings and follow-up were
collected from hospital files. Follow-up information ranging
from 2 to 10 years was available for all patients. The tumors
histological sections were all reviewed by the same pathologist,
masked to the previous diagnosis.
This study was conducted in compliance with the tenets of
the local ethical committee and the tenets of the Declaration of
Helsinki for experiments involving human tissue.
RESULTS
There were seven female (three pleomorphic adenomas,
two adenoid cystic carcinomas, one mucoepidermoid carcinoma
and one carcinoma ex pleomorphic adenoma), and five
male (two pleomorphic adenomas, two adenoid cystic carcinoma
and one mucoepidermoid carcinoma) cases (table 1).
All patients were adults, except for a 14 year-old girl. The
patients mean age was 54.1 years-old (range, 14 to 70 yearsold);
52.4 years-old (range, 14 to 65 years-old) for benign
neoplasms and 55.3 years-old (range, 26 to 70 years-old) for
malignant neoplasms. The right lacrimal glands were affected
in seven cases, and the left in five cases. No bilateral tumors
were noted (table 1).
Five patients (41.7%) had benign tumors. All benign neoplasias
were pleomorphic adenomas (benign mixed tumors).
The mean age of the patients with pleomorphic adenoma was
52.4 years-old (range, 14 to 65 years-old). All patients presented
a painless palpable mass of slow growth, and an inferomedial
displacement of the globe (Table 2). The patients were
treated with lateral orbitotomy and en bloc resection of the
lesion with the intact capsule. Macroscopically, all tumors
were circumscribed and encapsulated (Figure 1A). Microscopically,
all neoplasms were composed mainly of epithelial cells
and ductal structures, with myxoid and chondroid background.
Of these, three cases were of cellular pattern (Figure 2A), and
two were of myoepithelial pattern (Figure 2B). The mean follow-up
period was 6.4 years (range, 4 to 8 years). There was no
recurrence of the disease during this period.
Regarding the malignant neoplasias (seven patients, 58.3%),
there were four cases of adenoid cystic carcinoma. The mean
age of the patients with adenoid cystic carcinoma was 51
years-old (range, 26 to 65 years-old). Two patients presented
a painful palpable mass of rapid growth, proptosis and inferomedial
displacement of the globe, and two presented
reduced visual acuity, choroidal folds, restricted ocular motility
and swelling. Two patients were treated with lateral orbitotomy
with resection of the tumor and postoperative radiation,
and two were treated with orbital exenteration and postoperative
radiation. In these patients, the orbital exenteration
and the postoperative radiation were chosen because
the preoperative axial and coronal computed tomography
showed diffuse orbital involvement, including extraocular
muscles and optic nerve. Macroscopically, the tumor was
rounded and irregular (Figure 1B). Histologically, two cases
were of cribriform pattern (Figure 2C), and two were of solid
growth pattern (Figure 2D). One case with cribriform pattern
and two cases with solid growth pattern showed necrosis
and perineural invasion. The other case with cribriform pattern
presented no necrosis and perineural invasion. According
to the UICC/TNM Classification, the two cases of cribriform
pattern were classified as T2N0M0, and the two cases
of solid growth pattern were classified as T4N0M0. The
mean follow-up period was 6.5 years (range, 4 to 10 years).
No tumoral recurrence was observed in two patients (adenoid
cystic carcinoma with cribriform pattern). The patients
with solid growth pattern and T4N0M0 developed metastasis
to the brain and died of the disease.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
35
Table 1. Table showing the data about gender, age, laterality, staging, diagnosis, surgical treatment and follow-up of patients with epithelial
neoplasia of the lacrimal gland. Santa Casa de São Paulo - São Paulo, Brazil, 2009
# Gender Age Laterality Staging Diagnosis Treatment Follow-up
1 F 65 Left - PA Lateral orbitotomy and complete resection 4 years/no evidence of disease
2 M 63 Right - PA Lateral orbitotomy and complete resection 7 years/no evidence of disease
3 M 61 Right - PA Lateral orbitotomy and complete resection 6 years/no evidence of disease
4 F 59 Left - PA Lateral orbitotomy and complete resection 8 years/no evidence of disease
5 F 14 Right - PA Lateral orbitotomy and complete resection 7 years/no evidence of disease
6 M 65 Right T4N0M0 ACC Orbital exenteration postoperative radiation 4 years/metastasis/died of disease
and postoperative chemotherapy
7 M 63 Left T4N0M0 ACC Orbital exenteration and 4 years/metastasis/died of disease
postoperative radiation
8 F 50 Right T2N0M0 ACC Lateral orbitotomy and postoperative radiation 8 years/no evidence of disease
9 F 26 Right T2N0M0 ACC Lateral orbitotomy and postoperative radiation 10 years/no evidence of disease
10 M 70 Right T4N1M0 MC Orbital exenteration, maxillectomy, 2 years/died of disease
ethmoidectomy and postoperative radiation
11 F 58 Left T3aN0M0 MC Lateral orbitotomy, complete resection 5 years/no evidence of disease
and postoperative radiation
12 F 55 Left T3aN0M0 CXPA Lateral orbitotomy, complete resection 4 years/no evidence of disease
and postoperative radiation
F= female; M= male; PA= pleomorphic adenoma; ACC= adenoid cystic carcinoma; MC= mucoepidermoid carcinoma; CXPA= carcinoma ex pleomorphic adenoma
(malignant mixed tumor)
Table 2. Features of the epithelial neoplasias of the lacrimal gland.
Santa Casa de São Paulo - São Paulo, Brazil, 2009
Tumor
Features
Pleomorphic adenoma Painless
Slow growth
Round, encapsulated and regular lesion
Bony erosion
Adenoid cystic carcinoma Painful
Rapid growth
Encapsulated or not and irregular lesion
Bony erosion
Infiltration into the adjacent structures
Mucoepidermoid carcinoma Painful
Rapid growth
Encapsulated or not, heterogeneous with
mucus and irregular lesion
Bony erosion
Infiltration into the adjacent structures
Infiltration into the sinus
Carcinoma ex
pleomorphic adenoma
Painful
Rapid growth
Encapsulated, with benign and
malignant areas and irregular lesion
Bony erosion
The other malignant neoplasms were two cases of mucoepidermoid
carcinoma and one case of carcinoma ex pleomorphic
adenoma (malignant mixed tumor).
The first patient with mucoepidermoid carcinoma was a 70
year-old man, and the second was a 58 year-old woman. Both
patients presented a painful palpable mass, proptosis, displacement
of the globe off axis, swelling, reduced visual acuity
and choroidal folds. The first patient had infiltration into the
maxillary and the ethmoid sinus (Figures 3A, B and C) and
was treated with orbital exenteration, maxillectomy, ethmoidectomy,
postoperative radiation and postoperative chemotherapy.
The second patient was treated with lateral orbitotomy
with complete resection of the tumor and postoperative
radiation. Macroscopically, the second patient showed
a soft and reddish tumor (Figure 1C). Histologically, both
cases were low-grade and composed of epidermoid cells with
mucus-filled vacuoles embedded in a mucoid background (Figure
2E). The mean follow-up was 3.5 years (range, 2 to 5
years). According to the UICC/TNM Classification, the first
case was classified as T4N1M0, and the second case was
classified as T3aN0M0. The first patient developed metastasis
to the brain and died of the disease. The second patient
presented no evidence of recurrence of the disease five years
after the initial surgery.
The patient with carcinoma ex pleomorphic adenoma (malignant
mixed tumor) was a 55 year-old woman presenting a
painful palpable mass of rapid growth, proptosis and displacement
of the globe off axis. She was treated with lateral orbitotomy
with complete resection of the tumor and postoperative
radiation. Macroscopically, the tumor measured 40x20x17 mm,
was partially encapsulated, and had an irregular reddish surface
(Figure 1D). It was composed of benign (pleomorphic adenoma)
and malignant (adenoid cystic carcinoma) components (Figure
2F). According to the UICC/TNM Classification, the tumor was
classified as T3aN0M0. Four years after the surgery, there was
no evidence of recurrence or metastasis.
Data about gender, age, laterality, staging, diagnosis, management,
follow-up and outcomes were summarized in the
table 1. Data about the features of epithelial neoplasms of the
lacrimal gland were summarized in table 2. Symptoms and
signs were summarized in table 3.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
36 Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
A
B
C
D
Figure 1 - Macroscopically, epithelial neoplasm of the lacrimal gland; A) Pleomorphic adenoma; B) Adenoid cystic carcinoma; C) Mucoepidermoid
carcinoma; D) Carcinoma ex pleomorphic adenoma
DISCUSSION
This case series showed no predilection for gender, agreeing
with the literature (7,15-16) . However, some authors observed preponderance
of males in the malignant neoplasms (14) .
Regarding the age, this study observed a higher mean age
(54.1 years) than the mean age of the literature for benign and
malignant neoplasms (14-16) .
Epithelial malignant neoplasms predominated in this review,
probably because this institution is a tertiary referral
center. The benign epithelial neoplasias are more common
than the malignant epithelial neoplasms in the literature (4,12) .
This study showed a higher mean age of the patients with
pleomorphic adenoma (52.4 years) than the patients mean age
in the literature (41 years) (9) . Only one pleomorphic adenoma
occurred in a child (14 years-old). Benign and malignant neoplasias
of the lacrimal gland are rare in children and adolescents
(12,19) . Others cases in children and adolescents were
reported in the literature (19-21) . In this case series, all patients
presented a painless palpable mass with slow growth and
inferomedial displacement of the globe, agreeing with the literature
(15,22-23) . In this series, all cases were treated with en bloc
resection of the tumor without prior biopsy. This type of wellcircumscribed
and encapsulated tumor must be removed en
bloc because incisional biopsy is usually associated with malignant
transformation (9,15,20) .
This study confirmed the previous findings of other authors
that adenoid cystic carcinoma is the most common
malignant tumor of the lacrimal gland (4,9,11,12,14) . In this case
series, the mean age was 51.4 years-old (range, 26 to 65 yearsold).
It often affects patients in the fourth and fifth decade
of life (4,12) . Two patients presented a painful palpable mass
with rapid growth, proptosis and inferomedial displacement
of the globe, and two presented, in addition to the symptoms
and signs above, reduced visual acuity, choroidal folds, restricted
ocular motility and swelling. According to the lite-
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
37
A
B
C
D
E
F
Figure 2 - Microscopically, epithelial neoplasm of the lacrimal gland; A) Pleomorphic adenoma with cellular pattern; B) Pleomorphic adenoma
with myoepithelial pattern; C) Adenoid cystic carcinoma with cribriform pattern; D) Adenoid cystic carcinoma with solid growth pattern; E) Low
grade mucoepidermoid carcinoma; F) Carcinoma ex pleomorphic adenoma. Hematoxylin and eosin, original magnification x100.
rature, the adenoid cystic carcinoma is characterized clinically
by a painful palpable mass with rapid growth, proptosis
and inferomedial displacement of the globe (24) . Two cases
with solid growth pattern presented an aggressive behavior
with reduced visual acuity, restricted ocular motility, choroidal
folds and swelling. Regarding the treatment, most authors
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
38 Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
A
B
Table 3. Clinical findings of patients with epithelial neoplasm
of the lacrimal gland. Santa Casa de São Paulo - São Paulo,
Brazil, 2009
Symptoms Benign epithelial Malignant epithelial
and signs neoplasm neoplasm
Palpable mass 5/5 7/7
Proptosis 2/5 7/7
Displacement of the
globe off axis 5/5 7/7
Blepharoptosis 2/5 7/7
Rapid growth - 7/7
Painless 5/5 -
Slow growth 5/5 -
Painful - 7/7
Reduced visual acuity - 4/7
Choroidal folds - 4/7
Restricted ocular motility - 2/7
Swelling - 4/7
C
Figure 3 - A) Preoperative axial view computed tomography with enhancement
showing the tumor in the right orbit and the infiltration into the
ethmoid sinus; B) Preoperative coronal view computed tomography with
enhancement showing the tumor in the right orbit; C) Preoperative axial
view computed tomography with enhancement showing the infiltration
into the maxillary sinus
recommend an aggressive approach with complete resection
of the tumor and postoperative radiation (4,14) . According to
the UICC/TNM Classification, two cases of cribriform pattern
were classified as T2N0M0, and two cases of solid growth
pattern were classified as T4N0M0. The present case series
showed two cases with solid growth pattern and T4N0M0
with distant metastasis four years after the surgery. These
findings corroborate with previous conclusions of others investigators
that the histologic pattern and initial staging of
disease is of prognostic significance (24-26) .
Mucoepidermoid carcinoma is a rare form of malignant
tumor of the lacrimal gland (5) . In this study, the patients with
mucoepidermoid carcinoma were a 70 year-old man and a 58
year-old woman. This neoplasia is more common in younger
women, with a mean age of 49 years-old (5) . According to the
UICC/TNM Classification, the first case was classified as
T4N1M0, and the second case was classified as T3aN0M0.
The first patient with T4N1M0 presented aggressive behavior
and developed metastasis to the brain and died of the disease.
In this series, both cases were low-grade. Histologic grading
of mucoepidermoid carcinoma carries prognostic significance (5) .
Patients with high-grade mucoepidermoid carcinoma course
with an aggressive clinical evolution (5) .
In this series, the carcinoma ex pleomorphic adenoma (malignant
mixed tumor) was composed of benign (pleomorphic
adenoma) and malignant (adenoid cystic carcinoma) components.
Malignant transformation in pleomorphic adenomas
has been reported (1) .
The malignancy can develop in a longstanding benign
mixed tumor that has suddenly enlarged or in a recurrent tumor
that may have been previously excised several times (1) .
CONCLUSION
In summary, epithelial neoplasms of the lacrimal gland
were generally pleomorphic adenoma or adenoid cystic carcinoma,
and malignant tumors were more frequent than
benign tumors. Pleomorphic adenoma presented a good
prognosis; however, adenoid cystic carcinoma with solid
pattern and mucoepidermoid carcinoma showed a poor
prognosis. The histopathological diagnosis and the initial
staging of disease can play a significant role in patient’s
survival.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
Ten-year follow-up of a case series of primary epithelial neoplasms of the lacrimal gland: clinical features,
surgical treatment and histopathological findings
39
RESUMO
Objetivo: Descrever e analisar as características de uma série
de casos de portadores de neoplasias epiteliais primárias da
glândula lacrimal, o tratamento cirúrgico, assim como os achados
histopatológicos. Métodos: Avaliação retrospectiva dos
arquivos de pacientes com neoplasias epiteliais primárias da
glândula lacrimal, no período de 1997 até 2007. Todos os
pacientes com tumores epiteliais primários da glândula lacrimal
foram incluídos neste estudo. Foram analisados os dados
sobre sexo, idade, características clínicas, tratamento cirúrgico,
achados histopatológicos e seguimento dos pacientes. As
lâminas com secções histológicas dos tumores foram revisadas
pelo mesmo patologista. Resultados: No período do estudo,
foram encontrados 12 pacientes, sendo 5 (41,7%) portadores
de tumores benignos, todos adenomas pleomórficos (tumor
benigno misto), e 7 (58,3%) com neoplasias malignas,
assim distribuídos: quatro casos de carcinoma adenóide cístico,
dois de carcinoma mucoepidermóide e um de carcinoma
ex-adenoma pleomórfico. Analisando-se de modo global, a
idade média dos portadores foi de 54,1 anos (variando de 14 a
70 anos); com média de idade de 52,4 anos (variando de 14 a 65
anos) para neoplasias benignas, e 55,3 para neoplasias malignas
(variando de 26 a 70 anos). Informações do seguimento,
variando de 2 a 10 anos, estavam disponíveis para todos os
pacientes. Três pacientes desenvolveram metástases distantes
e morreram devido à doença. Conclusões: A maioria das
neoplasias epiteliais primárias da glândula lacrimal foi o adenoma
pleomórfico e o carcinoma adenóide cístico no período
de estudo. Os tumores malignos foram mais frequentes que os
benignos. O diagnóstico histopatológico e o estadiamento
inicial da doença podem desempenhar uma papel significante
na sobrevida do paciente.
Descritores: Aparelho lacrimal; Neoplasias orbitárias; Adenoma;
Neoplasias oculares; Doenças do aparelho lacrimal/
cirurgia; Carcinoma adenóide cístico; Carcinoma mucoepidermóide;
Seguimentos
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):33-9
Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian
patients with Behçet's disease uveitis -
A retrospective study
Clorambucil e ciclosporina A em pacientes brasileiros com doença de Behçet
e uveíte - Estudo retrospectivo
Juliana Marques Zaghetto 1
Mirian Mina Yamamoto 2
Murilo Barreto Souza 3
Felipe Theodoro Bezerra
Gaspar Carvalho da Silva 4
Carlos Eduardo Hirata 5
Edilberto Olivalves 6
Joyce Hisae Yamamoto 7
Study carried out at Hospital das Clínicas, Universidade
de São Paulo School of Medicine - São Paulo - Brazil.
1
Fellow, Uveitis Service, Department of Ophthalmology,
Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo -
USP - São Paulo (SP) - Brazil.
2
Fellow, Uveitis Service, Department of Ophthalmology,
Hospital das Clínicas - USP - São Paulo (SP) - Brazil.
3
Fellow, Uveitis Service, Department of Ophthalmology,
Hospital das Clínicas - USP - São Paulo (SP) - Brazil.
4
Postgraduate Student (Doctorate) and Uveitis Fellow,
Uveitis Service, Department of Ophthalmology, Hospital
das Clínicas - USP - São Paulo (SP) - Brazil.
5
Assistant physician, Uveitis Service, Department of Ophthalmology,
Hospital das Clínicas - USP - São Paulo
(SP) - Brazil.
6
Chief Uveitis Service, Department of Ophthalmology,
Hospital das Clínicas - USP - São Paulo (SP) - Brazil.
7
Researcher and Assistant physician, Uveitis Service,
Department of Ophthalmology, Hospital das Clínicas -
USP - São Paulo (SP) - Brazil.
Correspondence address: Juliana Marques Zaghetto.
Rua das Pescadas, 136 - Apto. 32 A - São José dos
Campos (SP) CEP 12246-291
Email: jmzaghetto@hotmail.com
The authors indicate no financial conflict of interest.
Recebido para publicação em 07.09.2009
Última versão recebida em 13.11.2009
Aprovação em 29.11.2009
ABSTRACT
Purpose: To assess the efficacy and side effects of immunosuppressive
therapy in patients with Behçet's disease uveitis. Methods: A nonrandomized
retrospective case-series study analyzed data from 22 patients
with Behçet's disease uveitis, from a single Uveitis Service, São Paulo,
Brazil (period 1978-2007), under systemic chlorambucil and/or cyclosporine
A, for at least 6 months with a minimum one-year follow-up. Drug
efficacy was measured by reduction in relapse rate and reduction of
prednisone dose. Results: Patients (10M/12F) mean age was 29 (range
10-43) years-old at the onset of uveitis. The median duration of followup
was 11 (range 1-29) years-old. Chlorambucil (2-6 mg/day) was used in
13 patients and cyclosporine A (3-5 mg/kg/day) in 9 patients at initiation.
Drugs were switched because of no effectiveness or side-effects. Chlorambucil
was effective in 78.5% (11/14) and induced disease remission in
43% (6/14) of patients, whereas cyclosporine A was effective in 57%
(8/14) of patients. Chlorambucil and cyclosporine A were discontinued
due to side effects in 21% (leucopenia) and in 57% of patients (nephrotoxicity,
36% and gastrointestinal complications, 21%), respectively. No
case of late malignancy was observed. 36% (16/44) of eyes had final
visual acuity
Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - a retrospective study
41
frequency of ocular involvement in patients varies between
50-70% in different populations (1) . Ocular disease may be the
initial manifestation of the disease in approximately onefifth
of cases. Although the course of the disease is usually
benign in the absence of vital organ involvement, the longterm
prognosis for vision is poor if the retina is involved by
recurrent obliterative retinal vasculitic attacks. Indeed, it is
estimated that 30% of patients loose useful visual acuity
(>0.1) in 10 years after the onset of ocular symptoms, this
holding true especially regarding Turkish and Japanese patients
(4-6) .
Systemic immunosuppressive treatment is the standard
of therapy for ocular inflammation in Behçet's disease. Corticosteroids
were used widely in the 1960s to treat this disease.
Chlorambucil was introduced in Behçet's disease in
1970 by Mamo and was successfully used in its treatment (7-8) .
Concern regarding serious side effects, such as the development
of malignancy, bone marrow aplasia and infertility,
limited its widespread use (9) . Cyclosporine was widely tested
in the 1980s and soon became one of the preferred immunosuppressant
in Behçet's disease (10-11) . Recently some authors
conducted a reappraisal of the use of short-term/high-dose
chlorambucil in sight-threatening uveitis and suggested the
sustained remission after using this regimen may make it a
preferred treatment option for patients with intractable, sightthreatening
uveitis (12) .
The present retrospective study aimed to determine the
effectiveness of chlorambucil and cyclosporine A and the
incidence of side effects in Brazilian patients with Behçet's
disease uveitis in the “pre-biological agents” period.
METHODS
This retrospective non-randomized study analyzed the medical
records of 22 patients with Behçet's disease uveitis under
systemic immunosuppressant, from the Uveitis Service, Department
of Ophthalmology, Hospital das Clínicas, University
of São Paulo School of Medicine (HCFMUSP), São Paulo,
Brazil, from 1978 to 2007. All patients met the Behçet’s Disease
Research Committee of Japan diagnostic criteria (13) . Data collection
for the purpose of the study was approved by the
institutional review board.
Demographic, ocular and systemic data were obtained
including ocular disease activity findings (14) (anterior chamber
cells, vitreous haze, retinal vasculitis, macular edema and
optic neuritis), ocular complications, use of immunosuppressant
(efficacy and side effects) and irreversible loss of useful
vision (
42 Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - a retrospective study
RESULTS
Twenty-two patients (44 eyes) with Behçet's disease uveitis
under systemic immunosuppressant were included in this nonrandomized
retrospective case-series study. Demographic data
and clinical manifestations are shown in tables 1 and 2.
As first choice immunosuppressive therapy, chlorambucil
was used in 13 patients (59%), while cyclosporine A was used
Table 1. Demographic data and clinical manifestations in 22
patients with Behçet's disease uveitis (Hospital das Clínicas,
University of São Paulo School of Medicine, Brazil, 1978-2007)
Description
N 22
Age at uveitis onset, yrs, mean ± SD 29.6 ± 7.3
Gender male, n (%) 10 (45.5)
Bilateral, n (%) 22 (100.0)
HLA-B51, n/total (%) 8/14 (57.1)
Extraocular manifestations, n (%)
Recurrrent oral ulcer 22 (100.0)
Genital ulcer 16 (72.7)
Skin lesion 16 (72.7)
Arthritis 9 (40.9)
Deep vein thrombosis 2 (9.1)
Central nervous system involvement 0 (0)
Follow-up period, yrs, median (range) 11 (1-29)
in 9 patients (41%). Five patients switched from chlorambucil
to cyclosporine A and one patient switched from cyclosporine
A to chlorambucil due to side effects. Chlorambucil was
effective regarding flare-up in 11 patients (78.5%), in 3 patients
(21.5%) there was no response. Prednisone could be
reduced in 11 patients (78.5%). Follow-up of patients under
chlorambucil was 13.4 years (median, range 4.4-29.5 yrs) with
total cumulative dosage of 3420 mg (median, 360-8280 mg) and
duration of treatment of 28 months (median, 6-48 mo). Six
patients (43%) had remission of the disease even after 11.6
(range 4-20) years. Of the 14 patients who used cyclosporine
A (3-5 mg/kg/day), in 8 (57.2%) was effective regarding flareup,
2 (14.3%) mildly effective, 4 (28.5%) had no response.
Prednisone was reduced in half of the 14 patients who used it.
Remission occurred in 1 patient (7%) who used chlorambucil
as first choice. Disease flared-up while reducing CsA dose in 5
patients (35.7%). Follow-up of patients under cyclosporine A
was 6.2 years (median, 1-13.6 yrs), initial CsA dosage was
3.7 mg/kg/day (median, 1.5-5.8 mg/kg/day) and duration of
treatment was 32 months (median, 7-70 mo). Clinical and therapeutical
characteristics of each patient with Behçet's disease
uveitis are described in table 3.
Nine patients (64.2%) who used chlorambucil had side
effects. The most common were gonadal dysfunction in 5
patients (35.7%), leucopenia in 4 (28.5%) and infection in
2 (14.2%). Of the 14 patients who used cyclosporine A, 10
(71.4%) had side effects such as nephrotoxicity in 5 (35.7%),
Table 2. Ocular manifestations in 22 patients (44 eyes) with Behçet's disease uveitis (Hospital das Clínicas, University of São Paulo School
of Medicine, Brazil, 1978-2007) observed at presentation or during follow-up
Total eyes (n=44 eyes) Male (n=20 eyes) Female (n=24 eyes) p
N (%) N (%) N (%)
Type of uveitis
Anterior 2 ( 4.3) 2 (10.0) 0 (0)0| 0.191 a
Intermediate 0 (0)0| 0 (0)0| 0 (0)0|
Posterior 10 (22.7) 4 (20.0) 6 (25.0)
Panuveitis 32 (69.6) 14 ( 7.0) 18 (69.2)
Ocular findings suggestive of disease activity at presentation or during follow-up
Iridocyclitis 29 (65.9) 14 (70.0) 15 (62.5) 0.601 b
Vitritis 26 (59.1) 10 (50.0) 16 (66.6) 0.263 b
Retinal vasculitis 23 (52.3) 11 (55.0) 12 (50.0) 0.741 b
Macular edema 5 (11.4) 3 (15.0) 2 ( 8.3) 0.646 c
Hypopion 1 ( 2.2) 1 ( 5.0) 0 (0)0| 0.455 c
Ocular complications observed at presentation or during follow-up
Cataract 33 (75.0) 16 (80.0) 17 (70.8) 0.484 b
Optic atrophy 7 (15.9) 3 (15.0) 4 (16.6) >0.999 c
Macular abnormalities 6 (13.6) 2 (10.0) 4 (16.6) 0.673 c
Ocular hypertension 5 (11.3) 0 (0)0| 5 (20.8) 0.530 c
Disk and/or retinal neovascularization 3 ( 6.8) 1 ( 5.0) 2 ( 8.3) >0.999 c
Retinal detachment 2 ( 4.5) 2 (10.0) 0 (0)0| 0.201 c
Branch vein occlusion 1 ( 2.2) 1 ( 5.0) 0 (0)0| 0.455 c
Epiretinal membrane 1 ( 2.2) 0 (0)0| 1 ( 4.1) >0.999 c
Phthisis bulbi 1 ( 2.2) 0 (0)0| 1 ( 4.1) >0.999 c
Poor visual acuity (
Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - a retrospective study
43
Table 3. Clinical and therapeutic characteristic of patients with Behçet's disease uveitis under chlorambucil or cyclosporine A systemic treatment
No, age at Follow-up Drug Total Visual acuity Efficacy Efficacy Side effects Observation
uveitis onset (mo) dosage/ before regarding regarding
(yrs), gender duration after a relapse rate prednisone
of use (mo)
dose
1, 37, F b 175 CLB c 17 1.0/1.0 Effective Effective None Remission for 11 y
1.0/1.0
2, 27, M 322 CLB 24 0.1/0.5 Effective Effective Azospermia Remission for 20 y
0.2/0.15 cutaneous zoster
3, 27, M 111 CLB 40 NLP/FC Effective Effective Leucopenia Remission for 13 y
NLP/FC
gonadal dysfunction
4, 27, F 285 CLB 40 FC/1.0 Effective Effective Amenorrheia Remission for 7 y
NLP/1.0
5, 29, M 92 CLB 48 1.0/1.0 Effective Effective None Shortage of drug
0.8/1.0 substituted with AZA
6, 42,F 154 CLB 27 1.0/0.9 Effective No response Leucopenia Drug substituted due to
1.0/FC
side effects with CsA
7, 28, F 253 CLB 11 0.5/0.2 No response No response Amenorrheia Substituted with CFM
0.8/NLP
8, 43, F 53 CLB 6 MM/0.7 No response No response None Drug shortage,
LP/FC
substituted with CFM
then with AZA+CsA,
9, 27, M 93 CsA 52 1.0/0.15 Effective Effective Hypertension Flare-up with dose
0.5/0.4 reduction
10, 34, M 128 CsA 24 0.5/0.4 Effective Effective Nefrotoxicity Flare-up with dose
1.0/1.0 reduction
11, 27, M 164 CsA 64 0.7/0.5 Effective Effective None Flare-up with dose
1.0/0.6 reduction
12, 28, F 12 CsA 12 1.0/0.15 Effective No response None Maintained CsA
1.0/0.7
13, 28, F 19 CsA 18 0.5/FC Mildly effective No response Hypertension Maintained CsA
0.8/0.2
14, 43, M 86 CsA 14 FC/LP Mildly effective No response Nefrotoxicity Substituted with AZA
0.1/NLP
15, 36, M 28 CsA 12 HM/0.5 No response Effective Diarrhea Drug suspension due
LP/0.7 Gingival hypertrophy to side effects
Disease self limited
16, 30, F 96 CsA 12 HM/0.2 No response No response None Substituted with CFM, AZA
FC/0.1
17, 25, F b 355 CLB b 34 HM/0.1 Effective Effective Gonadal Disease remission for 15 y
HM/HM
dysfunction
CsA 7 No response No response None Drug substituted with CFM.
Actual disease controlled
with eye drops only
18, 27, M 98 CLB 12 FC/1.0 Effective Effective None Drug shortage
CsA 65 1.0/1.0 No response Effective Gastrointestinal Flare-up with dose
discomfort
reduction
19, 10, F 159 CLB 31 FC/FC Effective Effective Leucopenia Drug substituted due to side
0.3/0.2 effects
CsA 70 Effective No response Nefrotoxicity Drug associated with AZA
20,29, F 87 CLB 24 0.1/0.3 No response Effective Leucopenia Drug substituted due to side
0.2/0.7 effects
CsA 31 Effective Effective Nefrotoxicity Drug substituted due to side
effect to AZA
21, 30, F 160 CLB 43 0.4/0.1 Effective Effective None Drug substituted due to
FC/NLP
systemic disease activity
CsA 55 Effective Effective Diarrhea Remission for 3 y
22, 18, M 95 CsA 16 0.3/0.4 Effective No response Nefrotoxicity Flare-up with dose reduction
0.8/0.4 hypertension drug substituted with CLB
parestesia
CLB 33 Effective Effective Pulmonar Disease remission for 4 y
tuberculosis
a
NLP= no light perception; LP= light perception; HM= hand movements; FC= finger count; b F= female; M= male; c CLB= chlorambucil; CsA= cyclosporine A; AZA=
azathioprine; CFM= cyclophosphamide
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):40-6
44 Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - a retrospective study
gastrointestinal complication in 3 (21.4%), hypertension in 3
(21.4%), severe gingival hypertrophy and paraesthesia in 1
each (7.1%). Efficacy and side effects of each immunosuppressant
are described in table 4. The median time before
occurrence of gonadal dysfunction was 36 (range 24-48)
months; leucopenia, 33 (range 23-42) months; infection, 12
(range 4-20) months; nephrotoxicity, 14 (range 9-48) months;
gastrointestinal complication, 30.6 (range 1-51); hypertension,
7.5 (range 1-24) months; gingival hypertrophy, 12 months and
paraesthesia, 14 months.
There were 16 eyes (36%) with final visual acuity worse or
equal to 0.1, among which 11 (69%) had already this visual
acuity at the first visit (Table 2). The reasons for visual acuity
deterioration were: optic atrophy in 6 (37.5%) eyes, cataract
development in 5 (31.2%), retinal damage due to severe retinal
vasculitis in 3 (18.7%), macular hole in 1 (6.3%) and phthisis
bulbi in 1 (6.3%). Median time for each ocular complication to
be detected was as follows: cataract, 63 (range 3-263) months;
macular abnormalities, 73 (range 9-301) months; optic atrophy,
225 (range 42-263) months; ocular hypertension, 48 (range 27-
253) months; retinal neovascularization, 39 (range 11-49)
months; and epiretinal membrane 87 months. Branch retinal
vein occlusion and phthisis bulbi were observed at either
presentation or early during the follow-up.
DISCUSSION
This non-randomized retrospective case series of patients
with Behçet's disease uveitis treated in a single center with
either chlorambucil or cyclosporine A over 29 years reiterates
previous data that chlorambucil can induce long-term remission
of Behçet's disease. Chlorambucil and cyclosporine
efficacy was measured by reduction in relapse rate and reduction
of prednisone dose. Both drugs were partially effective
but, as expected, associated with a high incidence of side
effects. Few patients with good vision lost it under the immunosuppressive
regimes reinforcing the aphorism that those
who do badly usually start badly. Late malignancy is of great
concern after therapy with an alkylating agent and it is associated
with total dose and duration of therapy.
Chlorambucil’s use in Behçet's disease uveitis dates from
1970 on and it is effective in controlling ocular inflammation,
in ameliorating systemic symptoms and in inducing longterm
remission in about 60% to 100% of patients (8,17-18) . Nevertheless,
its serious long-term side effects made it not
the first line of therapy in Behçet's disease (19) . The most
dreaded potential side effects of chlorambucil are a dosagerelated
increase in the risk of malignancy and bone marrow
aplasia (9,20-21) . In earlier reports on chlorambucil (7-8,18) , treatment
duration varied from 3 to 17 months, dosage varied from
5 to 24 mg/day with a follow-up no longer than 6 years. The
cumulative dose ranged from 1710 to 2250 mg (18) . In more
recent reports (12,22) , favorable results were observed after
short-term (7 to 40 weeks), high-dosage (mean maximum
daily dose of 20 mg/day, range 10-30 mg/day) courses of
chlorambucil with a median follow-up of 46 months and no
relevant side effects. The cumulative dose of chlorambucil
ranged from 392 mg to 5200 mg with an average total dose
of 1416 mg (12) . In the present retrospective study, long-term
(median 28 months, range 6-48 months) chlorambucil (median
dose 4 mg/day, range 2-6 mg/day) was effective in
78.5% of the patients and disease remission was observed
in 43% of the patients. The cumulative dosage was similar
or even higher than previous reports. In this case-series,
64.2% of patients presented some form of side effect,
Table 4. Efficacy and adverse effects of systemic immunosuppressant in patients with Behçet's disease uveitis (Hospital das Clínicas,
University of São Paulo School of Medicine, Brazil, 1978-2007)
Chlorambucil
Cyclosporine
N (patients) 14 14
Efficacy regarding flare-up (p=0.183 a )
Effective 11 (78.5) 8 (57.2)
Mildly effective 0 2 (14.3)
No response 3 (21.5) 4 (28.5)
Efficacy regarding prednisone reduction (p=0.115 b )
Effective 11 (78.5) 7 (50.0)
No response 3 (21.5) 7 (50.0)
Adverse effects 9 (64.2) 10 (71.4)
Gonadal dysfunction 5 (35.7)
Leucopenia 4 (28.5)
Infection 2 (14.2)
Nephrotoxicity 5 (35.7)
Gastrointestinal complication 3 (21.4)
Hypertension 3 (21.4)
Gingival hypertrophy 1 ( 7.1)
Paraesthesia 1 ( 7.1)
a
= likelihood-ratio test; b = chi-square test
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):40-6
Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - a retrospective study
45
among which 21% needed to change therapy. No patient
presented malignancy over the long follow-up period (median
13.4 yrs). Other observed side effects were gonadal
dysfunction, leucopenia and infection, as described in the
literature (20) . Since work-up for gonadal dysfunction was
not routinely performed, this side effect were underestimated
in this series.
Cyclosporine was first introduced to treat bilateral and
sight-threatening uveitis, including Behçet's disease, in
the 1980s by Nussenblatt (10) . After that, most authors switched
from cytotoxic drugs to cyclosporine A (11,23) . Attractive
aspects of CsA treatment are its effect in the initial
stages of the immune response over T cell function, suppression
of intraocular inflammation within a period as
short as 1-2 weeks in 44 to 50% of patients and the increase
or stability of visual acuity of patients in 70 - 91% (23- 25) . The
most relevant side effects of cyclosporine are dose-dependent
nephrotoxicity and hypertension; however, several
studies have revealed that low-dose of CsA (5 mg/kg/
day) combined with steroids can be as effective as highdose
of CsA (10 mg/kg/day) alone in reducing the frequency
and severity of attacks with a lower incidence of significant
renal side effects (24) . In spite of these attractive
aspects, CsA effects are directly dose-related and only
persist for as long as it is being administered (23) . In the
present study, CsA was effective in reducing ocular attacks
and prednisone dose in 57% of eyes, similar to the literature
(24) . Reactivation of the ocular inflammation after discontinuing
or reducing the dose of CsA was observed in 5
out 14 patients (35.7%), reinforcing its non-tolerogenic
effect (23,26) . Although low-dose CsA is reported to generate
fewer side effects, 57% of patients had to discontinue the
drug over time due to intolerable side effects.
Systemic immunosuppressants in Behçet’s disease uveitis
has improved visual prognosis. In the past, blindness was
observed in 90% of untreated patients followed up for a mean
period of 3.6 years (7) and in as many as 74% of the eyes during
the first 6 to 10 years after the onset of the ocular symptoms,
regardless of the type of treatment (27) . More recent investigations
show a downward trend in the prevalence of
blindness among patients with ocular involvement due to
Behçet‘s disease (4-6) , attributed to the use of immunosuppressants.
In the present study, systemic immunosuppressants
in ocular Behçet's disease resulted in good clinical
outcomes, as only 13.6% of patients with initial visual acuity
better than 0.1 dropped below this threshold after a median
follow up of 11 years (range 1-29).
CONCLUSION
The current study demonstrated that chlorambucil, although
abandoned by the majority of specialists, was efficient
in controlling ocular inflammatory activity as well as in
inducing remission in Behçet disease patients. This drug may
still be an option in patients with intractable and sigh-threatening
uveitis. Cyclosporine A is still the current first line of
therapy since it is effective in controlling inflammation, has
been used in the last three decades with success, and, in spite
of not inducing disease remission and having frequent side
effects with long-term use, its side effects are reversible.
Ideally novel treatments should induce disease remission
devoid of side effects.
ACKNOWLEDGMENTS
The authors acknowledge Dr. Maria Lucia Marin for HLA
typification. The authors also acknowledge Dr. Rogerio Ruscitto
do Prado, Statistics, Department of Preventive Medicine,
University of São Paulo School of Medicine, São Paulo, Brazil
for his assistance in statistical analysis.
RESUMO
Objetivos: Avaliar a eficácia e efeitos colaterais da terapia
imunossupressora em pacientes com uveíte associada à doença
de Behçet. Métodos: Estudo retrospectivo não randomizado
no qual são analisados dados de 22 pacientes com uveíte
associada à doença de Behçet que utilizaram clorambucil e/ou
ciclosporina A sistêmica por período mínimo de 6 meses,
acompanhados pelo período mínimo de 1 ano, num único
Serviço de Uveíte, São Paulo, Brasil (período 1978-2007). A
eficácia do tratamento foi avaliada pela redução no número de
recidivas da inflamação e pela redução na dose diária de
prednisona. Resultados: Vinte e dois pacientes (10 M/12 F),
com idade média de 29 (variação 10-43) anos, apresentaram
tempo mediano de acompanhamento de 11 (variação 1-29) anos.
Clorambucil (2-6 mg/dia) foi utilizado em 13 pacientes e ciclosporina
A (3-5 mg/kg/dia) em 9 pacientes como droga de
primeira escolha. As drogas foram substituídas quando não
eficazes ou não toleradas devido a efeitos colaterais. Clorambucil
foi eficaz em 78,5% (11/14) e induziu remissão da doença
em 43% (6/14) dos pacientes; ciclosporina foi eficaz em 57%
(8/14) dos pacientes. Clorambucil e ciclosporina A foram suspensos
devido a efeitos colaterais em 21% (leucopenia) e em
57% (nefrotoxicidade, 36% e complicações gastrointestinais,
21%) dos pacientes, respectivamente. Nenhum caso de malignidade
foi observado. 36% (16/44) olhos tiveram acuidade
visual final
46 Chlorambucil and cyclosporine A in Brazilian patients with Behçet's disease uveitis - a retrospective study
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Incidência e gravidade da retinopatia da
prematuridade e sua associação com morbidade
e tratamentos instituídos no Hospital Universitário
Antonio Pedro, entre 2003 a 2005
Incidence and severity of retinopathy of prematurity and its association
with morbidity and treatments instituted at Hospital Antonio Pedro
from Universidade Federal Fluminense, between 2003 and 2005
Raphael de Faria Schumann 1
Adauto Dutra Moraes Barbosa 2
Cristina Ortiz Valete 3
Trabalho realizado na Faculdade de Medicina da Universidade
Federal Fluminense - UFF - Niterói (RJ) -
Brasil.
1
Mestre em Medicina/Atenção Integrada à Criança e ao
Adolescente. Especialista em Oftalmologia pela Universidade
Federal Fluminense - UFF - Niterói (RJ) - Brasil.
2
Professor Associado de Pediatria da UFF - Niterói (RJ) -
Brasil. Doutor em Pediatria - Universidade Federal de
São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP) - Brasil.
3
Professora Adjunta de Pediatria da UFF - Niterói (RJ) -
Brasil. Doutora em Saúde Coletiva, Instituto de Medicina
Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
- UERJ - Rio de Janeiro (RJ) - Brasil.
Endereço para correspondência: Cristina Ortiz Valete.
Departamento Materno Infantil. Rua Marquês do
Paraná, 303 - 3º andar - Niterói (RJ) CEP 24030-900
E-mail: cristina.ortiz@ig.com.br
Recebido para publicação em 07.06.2009
Última versão recebida em 07.01.2010
Aprovação em 14.01.2010
RESUMO
Objetivos: Avaliar a incidência e a gravidade da retinopatia da prematuridade
em recém-nascidos pré-termo (RNPT) e sua associação com a morbidade
e tratamentos instituídos, no Hospital Universitário Antonio Pedro, entre
os anos de 2003 e 2005. Métodos: Estudo transversal, retrospectivo, de 73
retinopatia da prematuridade em recém-nascidos pré-termo, com idade
gestatória (IG) igual ou menor que 32 semanas e/ou peso de nascimento
(PN) igual ou menor que 1.500 g, cujo exame oftalmoscópico foi realizado
entre a 4ª e a 6ª semana de vida ou entre 32 e 36 semanas de idade gestatória
corrigida. Foram registrados os seguintes dados: realização de pré-natal,
tipo de parto, intercorrências na gestação e durante o parto, sexo, peso de
nascimento, idade gestatória, classificação peso-idade gestacional, FiO 2
máxima, tempo de uso de oxigênio, presença de persistência do canal
arterial, hemorragia intracraniana, sepse, enterocolite necrosante, transfusão
sanguínea no recém-nascido e uso de surfactante. O escore de gravidade
utilizado foi o CRIB. Resultados: Entre os casos de retinopatia da prematuridade
em recém-nascidos pré-termo estudados, 34 não apresentaram
retinopatia da prematuridade (46,6%). Dos 53,4% que apresentaram
retinopatia da prematuridade, 13 tinham retinopatia da prematuridade 1
(17,8%), 20 tinham retinopatia da prematuridade 2 (27,4%) e 6 tinham
retinopatia da prematuridade 3 (8,2%). O sexo masculino correspondeu a
45,2% da amostra. Oitenta e três por cento das mães realizaram pré-natal, 64%
apresentaram alguma intercorrência na gestação e 38% durante o parto. O
tipo de parto mais frequente foi o cesáreo (69%). Todas as retinopatias da
prematuridade em recém-nascidos pré-termo pertenciam à mesma classe de
CRIB. Cerca de metade da amostra era de RN pequeno para a idade
gestacional (49,3%). A menor IG (p
48 Incidência e gravidade da retinopatia da prematuridade e sua associação com morbidade e tratamentos instituídos no
Hospital Universitário Antonio Pedro, entre 2003 a 2005
INTRODUÇÃO
A sobrevida de recém-nascidos pré-termo (RNPT), cada
vez menores, vem tornando frequente a ocorrência de morbidade
(1-2) , como a retinopatia da prematuridade (ROP), enfermidade
fibrovascular que cursa com proliferação vascular,
uma das principais causas de cegueira evitável na infância (3-4) .
A importância da ROP reside na sua frequência e no caráter
de prevenção da cegueira, visto que, uma vez diagnosticada e
tratada, ela dificilmente evolui para a perda total da visão (5) .
Estima-se que 68% dos RNPT com menos de 1.251 g tenham
ROP (6) e que, na América Latina, existam cerca de 25.000 cegos
em decorrência da ROP (4) . Em 2007 alguns autores concluíram
que de 3.210 crianças com comprometimento visual, 7,6% apresentavam
ROP (7) .
Sabe-se que a ROP tem origem multifatorial, que ocorre na
retina imatura de RNPT (8-10) e que os fatores de risco são: a
prematuridade, o menor peso de nascimento, a oxigenoterapia,
a hemorragia intracraniana, a persistência do canal arterial,
entre outros (4,11) . Mais recentemente, o maior número de transfusões
sanguíneas também tem sido associado ao aumento da
frequência dos casos de ROP (1,12) .
Considerando a gravidade da ROP, este trabalho teve como
objetivo avaliar a sua frequência em RNPT e sua associação
com a morbidade e tratamentos instituídos, no Hospital
Universitário Antonio Pedro.
MÉTODOS
Estudo transversal retrospectivo, com coleta de dados em
prontuário. Foram critérios de inclusão: Recém-nascidos com
idade gestacional igual ou menor que 32 semanas e/ou peso de
nascimento igual ou menor que 1.500 gramas, admitidos na UTI
do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) da Universidade
Federal Fluminense, entre janeiro de 2003 e maio de 2005. Os
critérios de exclusão foram: recém-nascidos com malformações
oculares ou síndromes genéticas com comprometimento ocular.
No período estudado, foram internados 101 RNPT e destes,
73 preencheram os critérios de inclusão.
O exame oftalmoscópico foi realizado por um único médico
oftalmologista, através de oftalmoscopia binocular indireta
entre a 4ª e a 6ª semana de vida ou entre 32 e 36 semanas de
idade gestatória corrigida. Foi utilizado colírio com fenilefrina
a 2% e tropicamida a 0,5%, lente de +28 D e, quando necessário,
colírio anestésico, blefarostato e indentador.
Foram registrados os seguintes dados: realização de prénatal,
tipo de parto (cesáreo ou vaginal), intercorrências na
gestação, intercorrências durante o parto, sexo, peso de nascimento,
idade gestatória, classificação peso-idade gestatória
segundo alguns autores (13) , nível de FiO 2
máxima, tempo de
uso de oxigênio, presença de persistência do canal arterial
(PCA), hemorragia intracraniana (HIC), sepse, enterocolite
necrosante (ECN), transfusão sanguínea e uso de surfactante.
O escore de gravidade utilizado foi o CRIB (14) .
Foi considerada ROP 1 a presença de linha de demarcação
no mesmo plano da retina, separando a zona vascular da avascular.
No estágio 2, esta linha ganhava extensão, sendo elevada
além do plano da retina, formando uma crista. A ROP 3 foi
caracterizada pela presença de proliferação fibrovascular e tufos
de neovasos na crista. No estágio 4, havia descolamento
subtotal da retina e no estágio 5, este descolamento era total (15) .
Os dados foram analisados com auxílio do programa Stata
versão 8.0 (Stata Corporation; Texas, EUA, 2003). Os resultados
foram apresentados em médias e desvios-padrão. Na
análise bivariada, as diferenças entre médias foram analisadas
pelo teste t de Student e as diferenças de proporções
pelo teste do qui-quadrado. A análise multivariada foi realizada
pelo método de regressão logística hierárquica, sendo
incluídas no modelo as variáveis importantes na análise
bivariada (valor de p
Incidência e gravidade da retinopatia da prematuridade e sua associação com morbidade e tratamentos instituídos no
Hospital Universitário Antonio Pedro, entre 2003 a 2005
49
Tabela 2. Associação ROP e níveis de FiO 2
(HUAP, 2003-2005)
Grau de ROP FiO 2
máxima (média)* IC 95%
Sem ROP (n=34) 0,37 0,31-0,43
ROP 1 (n=13) 0,57 0,43-0,71
ROP 2 (n=20) 0,64 0,51-0,78
ROP 3 (n=6) 0,72 0,40-1,00
ROP= retinopatia da prematuridade; IC= intervalo de confiança
*estatística F= 9,218; p
50 Incidência e gravidade da retinopatia da prematuridade e sua associação com morbidade e tratamentos instituídos no
Hospital Universitário Antonio Pedro, entre 2003 a 2005
Ressaltamos a associação encontrada entre transfusão sanguínea
e ROP, que vem sendo sugerida pela literatura (23-25) .
Esta associação, evidenciada no presente estudo, possivelmente
decorre da substituição da hemoglobina fetal pela hemoglobina
do tipo adulto, que por menor afinidade pelo oxigênio,
libera oxigênio para os tecidos mais facilmente.
Também tem sido sugerido que a baixa atividade da ferroxidase
observada no prematuro, que converte o ferro do estado
ferroso para o férrico leva à existência de ferro livre, um
potente formador de espécies de oxigênio altamente reagentes,
capazes de causar lesão tecidual (26-27) .
CONCLUSÃO
As transfusões sanguíneas associaram-se à chance elevada
de ocorrência de ROP na análise multivariada. Entretanto,
vale ressaltar que pelo caráter retrospectivo do estudo, não
controlamos as indicações de transfusão e os índices hematimétricos
pré-transfusionais.
Assim, sugerimos a realização de estudos longitudinais,
com amostra maior de RNPT, e avaliação dos fatores de risco,
para estudar o real efeito destes fatores na ocorrência de ROP.
ABSTRACT
Purposes: To evaluate the incidence and the severity of
retinopathy of prematurity (ROP) in preterm infants (PTI), its
association with morbidity, and the treatments instituted at
Antonio Pedro Hospital from the Universidade Federal Fluminense,
between the years of 2003 and 2005. Methods:
Transversal and retrospective study performed with 73 PTI,
with gestational age (GA) of 32 weeks or less and/or birth
weight (BW) of less than 1,500 g. Ophthalmoscopic exam
was accomplished between 4 and 6 weeks of chronologic age
or within the 32 nd to 36 th week of postconceptional age. The
following data were registered: prenatal check-up, mode of
delivery, gestational and childbirth complications, gender,
BW, GA, weight-gestational age classification, FiO 2
maximum
value, oxygen use, presence of patent ductus arteriosus,
intracranial hemorrhage, sepsis, necrotizing enterocolitis,
blood transfusion, and surfactant use. CRIB (Clinical
Risk Index for Babies) was used as severity score. Results:
Among the studied newborns, 34 did not present retinopathy
of prematurity (46.6%). Out of the 53.4% that presented retinopathy
of prematurity, 13 had retinopathy of prematurity
1 (17.8%), 20 had retinopathy of prematurity 2 (27.4%) and 6
had retinopathy of prematurity 3 (8.2%). Male newborns corresponded
to 45.2% of the sample. 83% of the mothers accomplished
prenatal care, 64% presented complications in the
gestation period and 38% during the delivery. Cesarean section
was the most frequent delivery mode (69%). All preterm
infant belonged to the same CRIB score. About half of the
sample was small-for-date (49.3%). The lowest GA and BW
(p
Incidência e gravidade da retinopatia da prematuridade e sua associação com morbidade e tratamentos instituídos no
Hospital Universitário Antonio Pedro, entre 2003 a 2005
51
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XI Congresso Internacional de
Catarata e Cirurgia Refrativa
VII Congresso Internacional de
Administração em Oftalmologia
19 a 22 de maio de 2010
Centro de Convenções de Natal
Natal - RN
Informações:
site: www.catarata-refrativa.com.br/2010
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):47-51
“Screening” visual em crianças pré-escolares
utilizando o PhotoScreener TM
PhotoScreener TM for preschool children visual screening
Marcelo Mendes Lavezzo 1
Roberta Lilian Fernandes de Sousa 2
Mayumi Shirota Kanamura 3
Silvana Artioli Schellini 4
Carlos Roberto Padovani 5
Trabalho realizado junto ao Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço
da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” -
UNESP - Botucatu (SP) - Brasil.
1
Acadêmico da Faculdade de Medicina de Botucatu da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
- UNESP - Botucatu (SP), Brasil; Bolsista de PIBIC
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
- FAPESP - São Paulo (SP) - Brasil.
2
Residente do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia
e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade
de Medicina de Botucatu da UNESP - Botucatu (SP)
- Brasil.
3
Pós-Graduanda do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia
e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Botucatu da UNESP - Botucatu
(SP) - Brasil.
4
Professora Titular do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Botucatu da UNESP - Botucatu
(SP) - Brasil.
5
Professor Titular do Departamento de Bioestatística do
Instituto de Biociências da UNESP - Botucatu (SP) -
Brasil.
Endereço para correspondência: Marcelo Mendes
Lavezzo. Rua Capote Valente, 640 - Apto. 23 - São Paulo
(SP) CEP 05409-002
E-mail: mmlavezzo@yahoo.com.br
Recebido para publicação em 03.07.2009
Última versão recebida em 14.12.2009
Aprovação em 15.12.2009
RESUMO
Objetivo: O objetivo geral foi detectar fatores ambliopigênicos em uma
população de pré-escolares, utilizando exames refratométricos e o PhotoScreener
TM (PS) e o objetivo específico foi verificar se a avaliação feita
com o PS é útil como método de triagem em campanhas de prevenção de
ambliopia em crianças. Métodos: Foi realizado um estudo observacional,
prospectivo, de janeiro a dezembro de 2007, avaliando-se 227 crianças
pré-escolares, com o intuito de detectar, através da aplicação de um
questionário, exames refratométricos e fotografias utilizando o PS, a
presença de fatores causadores de ambliopia na população de estudo.
Todas as crianças foram avaliadas pelo PS. Em seguida, todas as crianças
foram submetidas à cicloplegia , sendo avaliadas usando refrator automático
Shin Nippon ® . As crianças detectadas como portadoras de
problemas oculares receberam prescrição óptica, segundo os critérios:
hipermetropia maior que +1,50 D, miopia maior que -1,00 D e astigmatismo
maior que 1,00 D. Analisaram-se os dados através do teste de concordância
de Goodman, estatística descritiva e estudo da especificidade e sensibilidade
ao emprego do PS, comparando os resultados com ele obtidos,
com os resultados dos outros métodos de avaliação oftalmológica. Resultados:
A distribuição entre os sexos foi semelhante, sendo que a
maioria das crianças apresentava quatro ou cinco anos de idade. A
sensibilidade (S) do PS, comparando-se o resultado obtido neste aparelho
com o autorrefrator sob cicloplegia, foi de 50,9%. Já a especificidade
foi de 78,9%; valor preditivo positivo 70%; valor preditivo negativo
62,5% e acurácia 65,1%. Conclusões: Das 101 crianças cujas fotografias
tiradas através do PS puderam ser analisadas satisfatoriamente,
trinta e seis apresentavam erro refrativo que necessitou de correção.
O PS, quando comparado com equivalente esférico do autorrefrator
sob cicloplegia, é um método razoável de triagem, embora a sensibilidade
não seja boa. Um ponto positivo a ser ressaltado é o considerável
valor de especificidade.
Descritores: Erros de refração; Ambliopia; Sensibilidade e especificidade; Programas de
rastreamento; Pré-escolares
INTRODUÇÃO
Para identificar crianças com risco de desenvolver ambliopia de forma
eficiente, é mister uma pesquisa visual efetiva e realizada o mais precocemente
possível, uma vez que a chance de recuperação completa da ambliopia
diminui consideravelmente com a idade (1) .
O PS vem sendo utilizado para “screening” visual populacional, principalmente
em crianças na fase pré-verbal, ou quando estas ainda não são
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):52-6
53
“Screening” visual em crianças pré-escolares utilizando o PhotoScreener TM
capazes de informar a acuidade visual, visto que a resposta
subjetiva desses indivíduos não é necessária para a interpretação
do exame (2) .
Anteriormente à idade de quatro anos, dificilmente, a
criança apresenta desenvolvimento neuro-sensorial suficiente
para informar a acuidade visual, ficando o observador restrito
a testes inespecíficos ou tendo a necessidade de realizar
exame refrativo para a detecção dos erros refrativos.
Em 1974, foi apresentado um método foto-refrativo para a
avaliação objetiva da acomodação binocular (3) , usando o Medical
Technology Incorporated (MTI) PhotoScreener TM (PS),
um aparelho fácil de ser usado, que utiliza os princípios ópticos
e as especificações de uma máquina fotográfica (4-5) .
Devido à posição excêntrica do flash, na emetropia, a maior
parte da luz refletida pelo fundo retorna para o flash e não para
a câmera. Na ametropia, a luz é dispersada e refletida para a
câmera. A fotografia revela uma crescente na pupila. Crescentes
míopes estão localizadas no mesmo lado do flash (acima e
à esquerda) e crescentes hipermetrópicas estão locadas no
lado oposto ao do flash (abaixo e à direita). O tamanho da
crescente está relacionado com a gravidade do erro de refração.
Portanto, com treino, é possível sugerir a existência de um
erro de refração e até identificar de qual tipo de alteração
refrativa se trata (Figura 1).
Quando não ocorre o reflexo escuro, suspeita-se que alterações
nos meios refrativos possam estar presentes, como,
por exemplo, a presença de opacidade do cristalino. Alterações
no alinhamento dos olhos também podem proporcionar
imagem semelhante.
Por conseguinte, a detecção de um tipo de alteração na
resposta do PS não é capaz de dar o diagnóstico de certeza de
determinada afecção oftalmológica, mas é capaz de sugerir
quais seriam os sujeitos que necessitariam de um exame oftalmológico
completo para que se pudesse descartar ou confirmar
a existência de problemas visuais.
Assim, o PS passou a ser utilizado com a finalidade de
detectar alterações oculares potencialmente ambliopigênicas
(6) , como um método que exclui a necessidade de dilatação
da pupila (7) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):52-6
Os testes convencionais, baseados na avaliação da acuidade
visual por meio de tabelas, são de difícil aplicação em
crianças menores de três anos de idade, o que falaria a favor
do uso do PS, que é um método fácil (8) , e que poderia ser usado
a partir da idade em que a criança está apta a fixar o olhar, ou
seja, com cerca de seis meses de idade (9) , possibilitando a detecção
de fatores ambliopigênicos em tenra idade (4) .
Outros estudos apontaram o PS como um método útil para a
pesquisa de causas de ambliopia (estrabismo, erros de refração,
opacidade de meios) na fase pré-verbal, ressaltando ser este um
exame fácil, rápido e não invasivo (10) . É, por conseguinte, bastante
válido para a avaliação de crianças com grave deficiência
no aprendizado (11) e para infantes pré-escolares (12) .
Foram desenvolvidos muitos estudos na década de 90,
tendo-se obtido bons resultados com o equipamento (2,13) , com
possibilidade de detecção da ambliopia precocemente, com
reflexo no desempenho e na vida futura da criança (14) .
Segundo pesquisas feitas, o aparelho é útil em reduzir a
incidência de ambliopia , havendo necessidade de se repetir a
avaliação em apenas 11% dos pacientes (15) .
Já foi estabelecido que o PS, usado em campanhas maciças,
pode prevenir a ambliopia. O exame tem boa sensibilidade,
com baixa especificidade, propiciando a triagem dos indivíduos,
nos quais há necessidade de realizar-se exame oftalmológio
completo (16-17) .
Muitos estudos foram realizados para avaliar o PS, sendo
que eles apresentaram resultados diferentes quanto à sensibilidade
e especificidade do aparelho, respectivamente: 81,6% e
90,6% (4) , 82,8% e 61,8% (16) , 77,0% e 70,0% (18) , 86,0% e
52,0% (19) , 65,0% e 87,0% (20) , 94,6% e 90,1% (12) , 90,3% e
96,1% (21) , 55,0% e 94,0% (22-23) , 83,0% e 79,0% (24) e valor preditivo
positivo de 80% com o MTI PS (25) .
Desde 1998, o método tem sido proposto para avaliar o
impacto sobre a ocorrência da ambliopia, sendo que a Academia
Americana de Pediatria é favorável aos “screenings” utilizando
o PS. A especificidade é alta, em torno de 97 a 100% (13) .
A sensibilidade para detecção de grandes erros de refração é
alta, porém é baixa para os pequenos erros (26) .
A
B
Figura 1 - A) Foto do PhotoScreener TM mostrando crescente inferior (imagem superior) e crescente à direita (imagem inferior), indicando
hipermetropia leve. Observar os reflexos corneanos centrados; B) Foto do PhotoScreener TM mostrando criança sem alteração refratométrica
à imagem do aparelho. Observar os reflexos corneanos centrados e a ausência de crescente significativo.
54 “Screening” visual em crianças pré-escolares utilizando o PhotoScreener TM
Em estudos feitos no Brasil, foi comprovada a validade do
PhotoScreener TM para o estudo da população infantil, por apresentar
resultados confiáveis, considerando-se os critérios de
sensibilidade, especificidade e preditivos, quando comparado
a outros métodos, na faixa etária pesquisada (21,27) .
Apesar dos vários estudos apresentados utilizando o equipamento,
este não é utilizado na prática corrente da investigação
de fatores ambliopigênicos.
Por conseguinte, este trabalho teve como objetivo geral
detectar fatores ambliopigênicos em uma população de pré-escolares,
utilizando exames refratométricos e o PhotoScreener TM
(PS). O objetivo específico foi verificar se a avaliação feita com
o PS pode ser útil como método de triagem em campanhas de
prevenção de ambliopia em crianças.
MÉTODOS
Foram avaliadas 227 crianças em idade pré-escolar, de um a
seis anos, as quais frequentavam duas escolas da cidade de
Botucatu/SP, no período de janeiro a dezembro de 2007. A
maioria das crianças participantes da pesquisa apresentava
quatro ou cinco anos de idade (Figura 2). Houve distribuição
semelhante entre os sexos (sexo masculino: 54,6% e sexo
feminino: 45,4%).
Foram incluídas no estudo todas as crianças das escolas
que estivessem dentro da faixa etária pretendida, tendo sido
excluídas as crianças que apresentavam fatores que limitavam
a aplicação do método do PS (crianças com pupila maior que
7 mm, ou menor que 3 mm) ou do autorrefrator (permanência
no equipamento sem movimentação por período de 1 minuto).
Também foram excluídas as crianças cujos responsáveis não
autorizaram a participação.
Quanto aos exames oculares, as crianças foram avaliadas
pelo PS e, em seguida, pelo autorrefrator Shin Nippon ® , após
ciclolegia. O PS foi sempre utilizado pelo mesmo observador,
a 50 cm de distância, sem a utilização de colírios, sempre no
mesmo local, em condições de iluminação artificial e constante.
Submeteram-se todas as crianças à cicloplegia, utilizando
uma gota de colírio cicloplégico (cloridrato de ciclopentolato
1%) e aguardando-se trinta minutos para a realização da refratometria
feita em autorrefrator Shin Nippon ® .
Figura 2 - Distribuição das crianças pré-escolares participantes do
estudo, segundo a idade
As crianças detectadas como portadoras de alterações
oculares foram encaminhadas para prescrição óptica. Adotouse
como critério para caracterização da necessidade de encaminhamento
para tratamento especializado: hipermetropia acima
de +1,50 D, miopia maior que -1,00 D e astigmatismo maior
que 1,00 D.
Os dados obtidos foram submetidos a tratamento estatístico,
empregando o teste de concordância de Goodman, além de
estatística descritiva e estudo da sensibilidade e especificidade
ao emprego do PS, comparando os resultados com os
obtidos usando os outros métodos de avaliação oftalmológica.
RESULTADOS
Não se pôde comparar os resultados do PS de todas crianças,
porque nem todas puderam ser examinadas no autorrefrator.
Desse modo, apesar de todas terem sido submetidas à
avaliação pelo PS, nem todas puderam ser examinadas no
autorrefrator, assim tais dados não puderam ser comparados.
Desse modo, puderam-se comparar os resultados do PS e do
autorrefrator midriático de 68 crianças.
A tabela 1 compara as afecções oculares detectadas pelo
PS com as identificadas pelo autorrefrator, cujo exame foi
realizado sob cicloplegia. Neste caso, o número de olhos considerados
normais pelo PS foi relativamente alto. Hipermetropia
e astigmatismo foram os diagnósticos mais sugeridos
pelo PS, seguidos pela miopia e necessidade de se repetir o
exame. Quando o PS considerou normal o paciente, o autorrefrator
sob cicloplegia determinou valor mínimo de -0,63 D até
o máximo de +5,63 D; quando considerado hipermétrope pelo
PS, o mínimo foi de +0,13 D e o máximo de +3.13 D. Com relação
à miopia, o valor mínimo foi de -1,50 D e o máximo de +1,88 D.
Blefaroptose, opacidade de meios e estrabismo não seriam detectados
pelo refrator automático.
A tabela 2 mostra as medidas descritivas do equivalente
esférico obtido no refrator automático sob cicloplegia e a distribuição
das crianças segundo a necessidade de realizar-se
tratamento. O exame foi aplicado a 68 crianças, sendo possível
observar que haveria necessidade do uso de lentes corretivas
para sete crianças, caso fossem empregados os critérios definidos
anteriormente, levando em conta que aqui estão apresentados
os resultados pelo equivalente esférico da refração.
Os valores de sensibilidade e especificidade foram avaliados
levando-se em conta os critérios adotados anteriormente
e constantes nos métodos.
Para esta análise, consideraram-se as fotografias “positivas”
tomadas pelo PS, isto é, aquelas nas quais a análise demonstrou
anormalidade. Estas foram comparadas com os resultados
obtidos pelo equivalente esférico do autorrefrator
sob cicloplegia, sendo que as crianças que tivessem fotografias
“positivas” foram submetidas ao exame feito com autorrefrator
sob cicloplegia. Ou seja, considerou-se para o estudo
da sensibilidade e especificidade a comparação do resultado
obtido com o aparelho de PS com os valores obtidos com o
autorrefrator sob cicloplegia.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):52-6
55
Tabela 1. Medidas descritivas referentes ao exame realizado utilizando o autorrefrator sob cicloplegia, segundo equivalente esférico (em
dioptrias) e diagnóstico obtido pela análise do PhotoScreener TM
Medida
Diagnóstico
descritiva Normal Hipermetropia Miopia Astigmatismo Repetir Ptose Astigmatismo Opacidade Anisometropia Estrabismo
hipermetrópico
Resultado PS 72 14 7 14 8 1 2 1 1 3
Valor mínimo -0,63 0,13 -1,50 -1,50 -1,38 0,75 2,50 1,00 0,63 -
Mediana 2,54 1,87 0,43 0,43 0,38 0,75 2,50 1,00 0,63 -
Valor máximo 5,63 3,13 1,88 1,88 1,75 0,75 2,50 1,00 0,63 -
Média 1,27 1,31 1,02 1,02 -0,80 0,75 2,50 1,00 0,63 -
Desvio-padrão 0,97 0,88 1,14 1,14 1,10 - 0,00 - - -
PS= PhotoScreener TM
“Screening” visual em crianças pré-escolares utilizando o PhotoScreener TM
Tabela 2. Medidas descritivas do equivalente esférico obtido no
autorrefrator sob cicloplegia (em dioptrias), segundo a necessidade
de tratamento
Medida
Tratamento
descritiva Não Sim
Resultado PS 61 7
Valor mínimo -1,75 -0,63
Mediana -0,01 -0,05 P>0,05
Valor máximo 1,68 0,38
Média 0,13 -0,13
Desvio-padrão 0,30 0,35
PS= PhotoScreener TM
Desta forma, a sensibilidade do PS, comparando-se o resultado
obtido neste aparelho com o autorrefrator sob cicloplegia, foi
de 50,9%, ou seja, em cerca de metade das crianças que necessitavam
do exame oftalmológico, houve concordância entre o
exame refrativo e o PS. Os valores de especificidade, valores
preditivos positivo e negativo e acurácia do teste proposto para
a triagem foram, respectivamente: 78,9%, 70%, 62,5% e 65,1%.
DISCUSSÃO
O PhotoScreener TM foi empregado nas crianças com a intenção
de validar o método como meio de triagem para problemas
oculares.
Como o PhotoScreener TM é um método relativamente novo,
há necessidade de se ter outros parâmetros, a fim de que ele
possa ser comparado com outros utilizados há mais tempo.
Escolhemos a comparação com a autorrefração sob cicloplegia,
tendo em vista que o autorrefrator não-midriático ainda
não está validado para uso em crianças em nosso meio.
Nem todas as crianças puderam ser avaliadas pelo autorrefrator
midriático, embora todas tenham sido submetidas ao
exame com o PS, pois algumas não colaboraram durante o
exame refratométrico, não conseguindo permanecer diante do
aparelho. Por este motivo, apenas 68 crianças puderam ter os
dados do PS comparados com os do autorrefrator após cicloplegia.
Isto demonstra a dificuldade em se realizar estudos
com crianças que, nem sempre, são colaborativas.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):52-6
Assim, considerando-se o PhotoScreener TM como um equipamento
destinado à triagem de afecções oculares, não se
levando em conta o diagnóstico feito pela análise das fotografias,
uma vez que este equipamento não define doenças,
mas apenas as indica como presentes ou ausentes, foi feita a
avaliação da sensibilidade dos resultados obtidos com este
exame, contraposto ao resultado do exame com autorrefrator
sob cicloplegia. Seguindo a literatura pertinente, os valores
refrativos utilizados foram os equivalentes esféricos e não
os erros em si.
Obteve-se sensibilidade de 50,9% com o teste proposto
para triagem usando o PhotoScreener TM , em relação ao autorrefrator
sob cicloplegia. Este valor é considerado baixo se
comparado com outros estudos da literatura que comentam
sensibilidade de 65,0% (20) até 94,6% (12) . Esta variação grande
pode estar associada a diferentes aparelhos e também diferentes
examinadores, uma vez que nossos resultados estão muito
aquém dos que foram aqui relatados.
Os valores de especificidade com relação ao PS foram
cerca de 78,9%. A literatura aponta entre 52% (19) e 96,1% (21) ,
ou seja, valores bastante discrepantes de especificidade do
exame para diagnóstico de alterações oculares.
Já com relação ao valor preditivo positivo, nossos dados
revelaram 70%, valor aproximado de outros autores que observaram
80% de valor preditivo positivo (25) .
Quanto ao valor preditivo negativo, os outros trabalhos
não o calcularam, ficando nosso dado de 62,5% sem poder de
comparação.
A acurácia do método, em comparação com a refratometria
automática sob cicloplegia foi de 65,1%.
Em suma, pode-se depreender que o PhotoScreener TM , segundo
a análise do presente estudo, quando comparado com
equivalente esférico do autorrefrator sob cicloplegia, é um método
razoável de triagem, embora a sensibilidade não seja alta.
Um ponto positivo a ser ressaltado é o considerável valor de
especificidade.
Ao comparar-se estes dados com os da literatura, observou-se
que os valores de sensibilidade e especificidade do
PhotoScreener TM encontrados neste estudo (em relação ao
equivalente esférico do autorrefrator sob cicloplegia) foram
semelhantes aos de três autores (20,22-23) .
56 “Screening” visual em crianças pré-escolares utilizando o PhotoScreener TM
Todavia, os mesmos valores foram significativamente menores
aos de outros autores (4,12,16,18-19,21,24) .
Isto poderia ser justificado pela pequena amostra estudada,
em comparação com outros trabalhos, bem como a inexperiência
na tomada das imagens do PhotoScreener TM pelos
pesquisadores. Além disso, deve-se sempre considerar a dificuldade
em se trabalhar com crianças, pois nem sempre se
obtém a colaboração necessária para se desempenhar as avaliações
pretendidas.
CONCLUSÕES
O PS, em comparação com equivalente esférico do autorrefrator
sob cicloplegia, é um método razoável de triagem,
embora a sensibilidade não seja alta. Deve-se ressaltar o considerável
valor de especificidade.
ABSTRACT
Purpose: To evaluate whether the PhotoScreener TM (PS) is
useful as a method of screening in the prevention of amblyopia
in children. Methods: 227 preschool children were evaluated
through the application of a questionnaire, refratometry
measurements and photos using the PS. After this, all children
were submitted to cycloplegic refraction, 30 minutes after one
drop of cycloplegic agent. Refraction was performed by a
mydriatic automatic refractor Shin Nippon ® . Children identified
as suffering from eye problems were treated, according
to the criteria: hyperopia greater than +1.50 D, myopia greater
than -1.00 D and astigmatism greater than 1.00 D. Data were
analyzed through Goodman test, descriptive statistics and
study of the specificity and sensitivity of the use of PS, comparing
its results with other ophthalmologic assessment methods.
Results: There was a male predominance (54.6%), and
the majority of children were four or five years old. PS sensitivity
(S) compared to refraction under cycloplegia was
50.9%. The specificity (E) was 78.9%, positive predictive value
(PPV) = 70%, negative predictive value (NPV) = 62.5% and
accuracy (A) = 65.1%. Conclusions: PS, when compared to
cycloplegic refraction spherical equivalent, is a reasonable
method of screening, although the low sensitivity. A positive
point to be emphasized is the considerable specificity.
Keywords: Refractive errors; Amblyopia; Sensitivity and specificity;
Mass screening; Child, preschool
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):52-6
Óculos de baixo custo: experiência em
Divinolândia (SP)
Low-price glasses: Divinolândia (SP) experience
Maria Cecília Machado 1
José Leonardo Góes Lourenço 2
Wagner de Figueiredo 3
Newton Kara-José 4
RESUMO
Introdução: Em Divinolândia (SP), o “Consórcio de Desenvolvimento da
Região de Governos de São João da Boa Vista” (CONDERG), em parceria
com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), fundou uma
óptica com finalidade de confeccionar óculos de baixo custo e distribuílos
gratuitamente para seus usuários. O objetivo é avaliar a evolução e
o funcionamento da óptica do CONDERG nos seus 13 anos de funcionamento.
Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo com dados
coletados dos arquivos do CONDERG, abrangendo o período de 1988
até 2001. Foram pesquisados registros sobre quantidade de óculos
confeccionados, aumento da capacidade de produção e a viabilidade de
funcionamento da óptica. Resultados: Em 13 anos de funcionamento
ininterruptos, foram fornecidos gratuitamente 16.500 óculos. Atualmente
são distribuídos 400 óculos por mês, sendo 200 pagos com verba
do SUS e 200 com recursos do próprio CONDERG. Conclusão: O funcionamento
da Óptica CONDERG por 13 anos, o fornecimento gratuito
de 16.500 óculos e o aumento da capacidade produtiva, mostram a exequibilidade
do modelo instalado.
Descritores: Saúde ocular; Óculos; Erros de refração; Tecnologia de baixo custo; Promoção
da saúde
INTRODUÇÃO
Trabalho realizado na Clínica de Oftalmologia de
Divinolândia - Divinolândia (SP) - Brasil.
1
Pós-Graduanda (nível mestrado) da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas
- UNICAMP - Campinas (SP) - Brasil. Diretora de Enfermagem
da Clínica Oftalmológica do Hospital Regional
de Divinolândia - Divinolândia (SP) - Brasil
2
Médico especialista em Oftalmologia pelo Conselho
Brasileiro de Oftalmologia e membro da Equipe da Clínica
Oftalmológica do Hospital Regional de Divinolândia
- Divinolândia (SP) - Brasil
3
Gerente Administrativo da Ótica do Consórcio de Desenvolvimento
da Região de Governo de São João da
Boa Vista - CONDERG - Divinolândia (SP) - Brasil.
4
Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Ciências
Médicas da UNICAMP - Campinas (SP) - Brasil.
Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo - USP - São Paulo
(SP) - Brasil.
Endereço para correspondência: Maria Cecília Machado.
Av. Leonor Mendes de Barros, 501 - Divinolândia
(SP) CEP 13780-000
E-mail: Cecília@conderg.org.br
Recebido para publicação em 04.05.2009
Última versão recebida em 25.11.2009
Aprovação em 29.11.2009
Erros de refração não corrigidos para longe são a maior causa de diminuição
da visão nos principais países em desenvolvimento, calculando-se
200-250 milhões em todo o mundo (1) . Para conseguir a correção dos erros de
refração é necessário o cumprimento de uma série de quesitos que vão
desde o sentir a alteração visual, a decisão de busca de atendimento, acesso
aos cuidados médicos e aquisição de óculos.
Apesar da fácil correção dos erros de refração e de seu custo relativamente
baixo, o problema está aumentando em todo o mundo. As barreiras
para a correção óptica são multifatoriais, sendo as principais a dificuldade
de acesso ao exame oftalmológico e a aquisição de óculos (2) .
Mesmo nos EUA, estima-se que 14 milhões de indivíduos maiores de 12
anos de idade necessitam e não têm correção óptica (3) . No Brasil o problema
deve ser muito maior, pois 80% da população dependem unicamente do
Sistema Único de Saúde (SUS), o qual apesar de muitos progressos ainda
convive com falta de recursos (4) .
O SUS financia 6 milhões de consultas oftalmológicas por ano (5) . Para
alguns autores (6) , 30% dos pacientes retornavam a Unicamp sem terem adquirido
a correção óptica. O mesmo problema foi encontrado em pacientes operados
de catarata com baixa visão por não terem adquirido os óculos prescritos (7) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):57-9
58 Óculos de baixo custo: experiência em Divinolândia (SP)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) atenta para a
barreira que representa a aquisição de óculos, estimula os
estados membros a priorizarem projetos de distribuição de
óculos gratuitamente ou a baixo custo (8) .
Considerando a dificuldade de aquisição de óculos pelos
usuários de Hospitais Públicos, foi implantada pelo Consórcio
de Desenvolvimento da Região de Governos de São João da
Boa Vista (CONDERG), no ano de 1988, uma óptica em Divinolândia,
com a finalidade de confeccionar óculos de baixo
custo para a clientela atendida. Baseada nessa experiência, em
1994 a Unicamp instalou uma óptica de baixo custo para a
população carente (9) .
Este trabalho teve como objetivo, avaliar a evolução e o
funcionamento da óptica do CONDERG nos seus 13 anos de
existência.
MÉTODOS
Foi realizado um estudo retrospectivo com dados coletados
dos arquivos do “Consórcio de Desenvolvimento da
Região de Governos de São João da Boa Vista” (CONDERG),
abrangendo o período de 1988 até 2001. Foram pesquisados
registros sobre quantidade de óculos confeccionados, aumento
da capacidade de produção e a viabilidade de funcionamento
da óptica.
A óptica funciona ininterruptamente desde a sua instalação
e atende os usuários do serviço de Oftalmologia do CONDERG.
O pagamento dos pacientes atendidos pelo CONDERG é
feito pelo Sistema Nacional de Saúde (SUS).
A óptica confecciona óculos de até 4 dioptrias esféricas
negativas ou positivas e até 2 dioptrias de astigmatismo. As
lentes usadas são mono ou bifocais. Essa padronização se
deve principalmente aos recursos limitados pelo SUS para
cada óculos. Óculos com graus fora do protocolo são encaminhados
aos serviços sociais de cada município.
No início a óptica confeccionava em média 50 óculos por
mês, os quais eram repassados aos pacientes a um custo de
R$ 17,00 por óculos. Em 2000 houve um aumento na confecção
de óculos para 200 por mês, e em 2001, passou para 400
por mês.
Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital
de Divinolândia em fevereiro de 2009.
equipamentos e salário dos funcionários) são financiadas
pelo CONDERG.
O gráfico 1 mostra a evolução da produção de óculos desde
o ano de 1988.
De 1988 a 1997 os óculos eram pagos pelos próprios pacientes
a um custo reduzido ou pela prefeitura Municipal de
cada cidade. De 1998 a 1999 o SUS passou a pagar R$ 28,00
por unidade, até 120 óculos por mês. A partir de 2000, o
SUS passou a financiar 200 unidades por mês e em 2001 o
CONDERG, com recursos próprios, passou a financiar outros
200 óculos, perfazendo 400 óculos por mês, distribuídos gratuitamente.
DISCUSSÃO
O CONDERG e a Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) instalaram no ano de 1987 um modelo de atendimento
no Hospital Ademar de Barros, em Divinolândia (SP). A
finalidade foi complementar a cobertura de saúde ocular da
população carente da região e estudar a problemática das
doenças oculares, além de servir como um posto avançado de
supervisão e treinamento dos residentes de terceiro ano da
UNICAMP.
Instalado o serviço, com o aumento progressivo do atendimento
e de médicos envolvidos, evidenciou-se a barreira à
aquisição de óculos, como já fora constatado em diversos
trabalhos nacionais (2,6-7,9) .
Com o objetivo de vencer esse obstáculo e conseguir um
atendimento mais eficiente para os usuários do SUS, decidiuse
pela instalação de uma óptica para confecção de óculos de
baixo custo.
Os obstáculos para alcançar essa meta foram particularmente
difíceis pela falta de experiências anteriores em nosso
país.
Finalmente, em 1988, como fruto de uma ação conjunta do
CONDERG, com gestores do hospital e a oftalmologia da
UNICAMP representada pelo Dr. Newton Kara José, foi possível
iniciar o funcionamento da óptica.
RESULTADOS
Nesses 13 anos foram confeccionados 16.500 óculos. Na
média, o custo material dos óculos é R$ 17,00, sendo R$ 8,00
a armação, R$ 5,00 a lente e R$ 4,00 a montagem. O SUS paga
por óculos a quantia de R$ 28,00. A diferença entre o custo
material dos óculos e o financiamento pelo SUS (R$ 11,00),
é usada para pagamento de parte das despesas da óptica
(luz, telefone, etc.). As demais despesas (manutenção do
local, compra de material de escritório, aquisição de novos
Gráfico 1 - Evolução da produção de óculos. Óptica CONDERG - Divinolândia
(SP) - 1988-2001
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):57-9
Óculos de baixo custo: experiência em Divinolândia (SP)
59
A criação da óptica do CONDERG teve por objetivo permitir
o acesso à correção óptica dos usuários da Clínica Oftalmológica
de Divinolândia e mostrar a viabilidade desse tipo de
solução.
Nesses 13 anos de existência, a óptica do CONDERG vem
aumentando progressivamente sua capacidade de atendimento.
No início a óptica confeccionava em média 50 óculos por
mês, os quais eram pagos pelos próprios pacientes a um custo
de R$ 17,00 por óculos. A partir de 1990 o CONDERG passou a
patrocinar os óculos com verba do SUS.
Em 2000, a produção passou para 200 óculos e em 2001
para 400 óculos mensais (Gráfico 1).
Atualmente a óptica tem capacidade instalada e recursos
humanos para aumentar a produção, porém, o obstáculo é a
limitação do financiamento SUS via CONDERG.
Na literatura brasileira pesquisada, não foi encontrada projetos
com as características da óptica do CONDERG.
Em 1994, foi criada uma óptica no Hospital de Clínicas da
UNICAMP, que fornecia óculos por custo reduzido, mas
que por problemas administrativos funcionou por apenas 5
anos (9) .
O funcionamento ininterrupto da óptica CONDERG por 13
anos, a confecção de 16.500 óculos e o aumento da capacidade
produtiva mostram a exequibilidade do modelo instalado. A
óptica de Divinolândia, no Brasil é o mais longevo programa
de óculos gratuito para população carente.
O Ministério da Saúde deveria estimular a industrialização
de um tipo de armação padronizada e com preço tabelado para
ser adquirido pela população de baixa renda. Em uma segunda
etapa, por meio de seus órgãos competentes, deveria realizar a
distribuição gratuita de óculos com lentes corretoras, a exemplo
do que já ocorre em outros países (9) .
O exemplo da óptica de Divinolândia que possibilita a
correção dos erros de refração da maioria dos usuários do
Hospital serve de modelo no combate ao grave problema dos
óculos receitados, porém não confeccionados por falta de
condições financeiras (9-10) .
CONCLUSÃO
O modelo de óptica do CONDERG junto a Hospital Público
mostrou:
- Exequibilidade de seu funcionamento.
- Capacidade de fornecer óculos para a maioria absoluta
dos necessitados.
- O ressarcimento dos óculos pelo SUS, embora cubra a
maior parte dos custos, ainda é insuficiente.
- O modelo de fornecimento gratuito de óculos aos usuários
do SUS no Hospital de Divinolândia é certamente o mais
completo do Brasil e deveria ser considerado quanto à sua
adoção em outros hospitais públicos.
SUGESTÕES
A disponibilização de óculos a baixo custo ou mesmo gratuitos
para os usuários do Sistema Único de Saúde é fundamental
para melhorar as condições visuais da população brasileira.
O exemplo de Divinolândia mostra que a criação de ópticas em
Serviços Públicos é uma maneira de resolver esse problema.
ABSTRACT
Introduction: In Divinolândia (SP), the Consortium of Development
of São João da Boa Vista Region Policy (CONDERG),
in partnership with State University of Campinas (UNICAMP),
has founded an eyeglass store to produce low cost glasses
to distribute freely to their customers. The purpose is to
analyze the evolution and working process of CONDERG
eyeglass store in the last 13 years, since its foundation. Methods:
Data were collected from CONDERG store files from
1988 to 2001. Data regarding the amount of spectacles produced
per year, ability to increase the production and store
feasibility were analyzed. Results: In 13 years, 16,500 spectacles
were supplied. Currently, 400 spectacles are delivered
per month, being 200 supported by SUS and the other 200 by
CONDERG’s own resources. Conclusion: The 13-year operation
of CONDERG eyeglass store, the free provision of
16,500 spectacles and the increase productive ability have
shown this model feasibility.
Keywords: Eye health; Eyeglasses; Refractive errors; Low
cost technology; Health promotion
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):57-9
Frequência de retinopatia da prematuridade em
recém-nascidos no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
Frequency of retinopathy of prematurity at newborns at the Clinical Hospital,
Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo
Rogério Neri Shinsato 1
Letícia Paccola 2
Walusa Assad Gonçalves 3
José Carlos Barbosa 4
Francisco Eulógio Martinez 5
Maria de Lourdes Veronese Rodrigues 6
Rodrigo Jorge 7
Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
1
Pós-graduando (mestrado) do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e
Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto
(SP) - Brasil.
2
Médica Assistente, Doutora do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e
Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
3
Pós-graduanda (mestrado) do Departamento de Puericultura
e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
4
Professor Titular do Departamento de Ciências Exatas
da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade
Estadual Paulista - UNESP - Campus de Jaboticabal
(SP) - Brasil.
5
Professor Titular do Departamento de Puericultura e
Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil
6
Professora Titular do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP -
Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
7
Professor Associado do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
Endereço para correspondência: Rogério Neri Shinsato.
Rua Aquidaban, 611 - Araçatuba (SP)
CEP 16015-100
Email: rogerns@gmail.com
Recebido para publicação em 06.08.2009
Última versão recebida em 12.01.2010
Aprovação em 18.01.2010
RESUMO
Objetivos: Determinar a frequência de retinopatia da prematuridade
no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(HCFMRP-USP) e verificar a associação da retinopatia da prematuridade
com fatores de risco conhecidos. Métodos: Foi realizada análise prospectiva
de 70 pacientes, nascidos no HCFMRP-USP, com peso inferior
a 1.500 gramas, no período de um ano. Os pacientes foram divididos em
dois grupos (Retinopatia da prematuridade e Normal) para realização de
análise estatística com relação a fatores de risco conhecidos. Adotou-se
nível de significância de 5%. Resultados: A frequência de retinopatia da
prematuridade foi de 35,71% entre os pré-termos estudados. Os fatores
pesquisados que apresentaram relação de risco para o desenvolvimento
da doença foram: peso (p=0,001), idade gestacional (p=0,001), escore
SNAPPE II (p=0,008), uso de oxigenoterapia por intubação (p=0,019)
e por pressão positiva de vias aéreas (p=0,0017), múltiplas transfusões
sanguíneas (p=0,01) e uso de diuréticos (p=0,01). Conclusão: A frequência
de retinopatia da prematuridade foi de 35,71% entre os prétermos
nascidos com menos de 1.500 g. Vários fatores de risco foram
identificados nos recém-nascidos do HCFMRP-USP, sendo constatado
que crianças mais pré-termos apresentam formas mais graves de retinopatia
da prematuridade.
Descritores: Retinopatia da prematuridade/epidemiologia; Recém-nascido; Fatores de risco;
Estudos retrospectivos; Idade gestacional; Peso ao nascer
INTRODUÇÃO
A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença multifatorial que
afeta a vascularização da retina de recém-nascidos pré-termos. O termo
retinopatia da prematuridade veio substituir o termo fibroplasia retrolental
descrita por Terry em 1942 (1) , que relatou a presença de um tecido vascularizado
retrolental em uma criança prematura.
Nos Estados Unidos, em 1953, a ROP foi responsável por 7.000 casos de
cegueira (2) . O uso controlado de oxigênio pelos médicos fez com que a
proporção de cegueira causada por ROP, somente nos Estados Unidos,
caísse de 50% em 1950 para 4% em 1960 (3) . Atualmente, a incidência de
retinopatia da prematuridade nos Estados Unidos é de 0,12% do total de
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):60-5
Frequência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
61
nascimentos ou, um caso para cada 820 recém-nascidos (4) e estima-se
300 novos casos de cegueira por ROP neste país por ano (5) .
No início da década de 1990 houve um grande aumento do
número de deficientes visuais por ROP nos países em desenvolvimento.
Isto ocorreu porque a melhora da qualidade dos
serviços neonatais, com consequente aumento da sobrevida
de pré-termos, não foi acompanhada por acesso destes a cuidados
oftalmológicos (6-7) .
No Brasil, alguns estudos apontam um aumento dos casos
de ROP, principalmente em grandes centros (8-9) . Estima-se que
16.000 recém-nascidos apresentem ROP anualmente sendo
que 10% destes podem ficar cegos caso não sejam tratados (10) .
Entretanto, esses dados não são exatos e somente em 2007
foram criadas as diretrizes brasileiras para a ROP (11) .
Vários fatores de risco vêm sendo associados ao desenvolvimento
da ROP. O peso ao nascimento, a idade gestacional
e uso de oxigenoterapia são exemplos já consagrados na
literatura (8,12-14) .
Em estudo retrospectivo realizado no HCFMRP-USP, foram
considerados fatores de risco para a ROP: uso de fototerapia,
múltiplas transfusões sanguíneas, presença de hemorragia
intracraniana e índice de Apgar baixo no primeiro minuto (15) .
Devido à escassez de dados epidemiológicos relativos a
essa doença no Brasil, optou-se por estudar prospectivamente
os recém-nascidos pré-termos do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de
São Paulo (HCFMRP-USP), com o intuito de verificar: 1. Frequência
da retinopatia nos recém-nascidos pré-termos do
HCFMRP-USP no período de 1 ano; 2. Verificar a associação
de ROP com os fatores de risco conhecidos.
MÉTODOS
Foi realizada análise prospectiva dos pacientes pré-termos
de baixo peso (menor que 1.500 gramas), que nasceram no
HCFMRP-USP, no período de 1 de fevereiro de 2005 a 31 de
janeiro de 2006 e foram acompanhados no ambulatório de
retinopatia da prematuridade do Setor de Retina e Vítreo do
HCFMRP-USP.
Todos os pacientes foram encaminhados pelo serviço de
pediatria do HCFMRP-USP seguindo os seguintes critérios:
peso ao nascimento igual ou menor que 1.500 gramas.
Todos os pacientes foram avaliados entre a quarta e sexta
semana de vida. O exame foi feito com oftalmoscopia indireta
com lente de 28 dioptrias e uso de indentador após midríase
medicamentosa com tropicamida 0,5% (Mydriacyl ® , Alcon) e
anotado na ficha do paciente seguindo a classificação internacional
da doença de 1987 (16) . Caso o pré-termo estivesse internado
no momento do exame, este era avaliado na unidade
neonatal do HCFMRP-USP.
O seguimento dos pacientes era realizado conforme o estágio
da doença: pacientes com vascularização incompleta da
retina eram acompanhados em intervalos de uma a três semanas
até completar a vascularização; recém-nascido com ROP
grau I, II ou III (excluindo doença limiar): acompanhamento
semanal até a completa vascularização da retina; em pacientes
com doença limiar era indicado tratamento com fotocoagulação
ou crioterapia de retina; recém-nascido com grau IV:
avaliação de explante escleral associado ou não a fotocoagulação
ou crioterapia ou vitrectomia posterior; recém-nascido
com grau V: deveria ser discutida a possibilidade de tratamento
cirúrgico.
As crianças que não apresentaram nenhum grau de retinopatia
da prematuridade foram consideradas não portadoras
de ROP e incluídas no grupo Normal. Já as crianças que apresentaram
algum grau de ROP foram consideradas do grupo
ROP. O grau de retinopatia atribuído a cada paciente foi o mais
grave verificado nos olhos do recém-nascido estudado. Foram
pesquisados diversos fatores de risco para a ROP. Quanto às
características do recém-nascido avaliou-se a idade gestacional
(utilizando a data da última menstruação como primeira
opção, seguido pela data por ultrassom e pelo método de
Ballard), peso ao nascimento, presença de gestações múltiplas,
índice de Apgar no primeiro e quinto minutos e escore
SNAPPE II. Quanto às terapêuticas utilizadas considerou-se,
o uso de oxigenoterapia em capela, por pressão positiva nas
vias aéreas (CPAP) ou por ventilação mecânica, uso de indometacina,
uso de surfactante, de aminofilina, de fototerapia, de
múltiplas transfusões sanguíneas, de diurético e uso de corticosteróide
(antenatal). Quanto às patologias detectadas durante
a internação registrou-se a presença de desconforto
respiratório inicial, de pneumotórax, de broncodisplasia (uso
de oxigênio por 28 dias ou mais), de sepse (diagnóstico clínico
ou laboratorial), de persistência do canal arterial (diagnóstico
por ecocardiografia) e de hemorragia intracraniana (ultrassonografia
transfontanelar entre 5 e 10 dias de vida).
Os dados foram coletados semanalmente e cadastrados
em planilha do programa Excel da Microsoft. Para análise
estatística, os pacientes foram divididos em dois grupos: Normal
e ROP. Foi utilizado o teste exato de Fisher para variáveis
categóricas, Teste F (ANOVA) para variáveis quantitativas
e teste de Tukey de comparações múltiplas entre as médias.
Adotou-se nível de significância de p0,1.
RESULTADOS
No período de fevereiro de 2005 a janeiro de 2006 nasceram
92 crianças com peso inferior a 1.500 gramas, sendo que 19
evoluíram para óbito antes da primeira avaliação e três receberam
alta e não retornaram para o exame. Desta forma foram
avaliados 70 recém-nascidos.
A amostra foi dividida em dois grupos: ROP (grupo dos
pacientes que apresentaram algum grau de retinopatia da prematuridade)
e Normal (grupo dos pacientes que não apresentaram
retinopatia da prematuridade).
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):60-5
62 Frequência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
A frequência de ROP entre os recém-nascidos avaliados
no período de estudo foi de 35,71% (25/70). Considerando
todos os nascimentos ocorridos no HCFMRP-USP, a frequência
de ROP foi de 1,36%. O estágio III foi o mais predominante
no grupo ROP, com 11 crianças (44% das ROP), seguido do
estágio I com 8 crianças (32%) e do estágio II com 6 pré-termos
(24%) Não houve pacientes nos estágios IV e V. Dez por cento
dos pré-termos necessitaram de tratamento com laser por
apresentarem doença limiar. A média do peso e idade gestacional
dos pacientes está demonstrada na tabela 1.
No presente estudo, os seguintes fatores de risco correlacionaram-se
significativamente (p
Frequência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
63
Tabela3. Fatores de risco pesquisados para o desenvolvimento de ROP em RN com peso inferior a 1.500 gramas no HCFMRP-USP, no
modelo de regressão logística e respectiva significância estatística (HCFMRP-USP, 2005-2006)
Fatores de risco ODDS RATIO Intervalo de confiança 95% Significância (p)
Idade gestacional 1,39 0,99-1,95 0,058
SNAPPE II 0,96 0,90-1,03 0,270
Uso de ventilação mecânica 0,44 0,09-2,16 0,310
Múltiplas transfusões sanguíneas 0,70 0,07-7,04 0,750
Uso de diuréticos 1,76 0,17-18,28 0,630
Desconforto respiratório inicial 0,74 0,06-9,75 0,820
Presença de broncodisplasia 1,80 0,26-12,70 0,550
Hemorragia intracraniana 0,42 0,09-1,99 0,270
Presença de sepse 0,94 0,13-6,67 0,950
zenove crianças morreram (20,6%) com peso inferior a 1.500 gramas
e apenas três crianças não compareceram ao ambulatório.
A taxa de mortalidade do serviço está, portanto, bem abaixo da
nacional que é de 60% para crianças com esse peso (17) .
A incidência de retinopatia da prematuridade neste estudo
foi de 35,7% considerando todos os pré-termos avaliados. Na
literatura nacional é descrito incidências de 29,1% (8) ; 28,5% (10)
e 27,2% (13) de ROP.
Todos estes estudos se situam numa faixa de incidência
semelhante e apresentam uma frequência maior de ROP no
estágio I, já este estudo apresentou uma frequência maior de
ROP no estágio III. Isso poderia justificar o aumento da frequência
de ROP encontrada. A menor frequência de ROP no
estagio I neste trabalho pode significar uma falha na diferenciação
deste estágio no exame oftalmológico de triagem.
O estudo CRYO-ROP apresentou uma incidência de
65,8% (18) , entretanto o seu critério de inclusão quanto ao peso
era menor que neste estudo (P
64 Frequência de retinopatia da prematuridade em recém-nascidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
A presença de sepse neste estudo não foi considerada um
fator de risco para a ROP, entretanto mostrou uma tendência à
significância (p=0,052). Na literatura, encontra-se descrita
esta associação (25) . Outro trabalho demonstrou que a sepse pode
ser considerada como um fator de risco importante para
triagem de ROP em pré-termos com peso entre 1.501 g a 2.000 g (26) .
Entretanto, este trabalho apresenta uma amostra de tamanho
reduzido, que pode ter prejudicado esta associação de risco.
Outro fator de risco que apresentou relação significativa
entre os grupos foi a presença de múltiplas transfusões sanguíneas
(p=0,01). Este achado também foi encontrado por
vários autores na literatura (10,13,21) . Acredita-se que como a hemoglobina
fetal tem maior afinidade ao oxigênio em relação à
hemoglobina do adulto, a transfusão de hemoglobina do adulto
geraria uma possível hiperóxia devido à maior liberação de
oxigênio para os tecidos (27) . Outra teoria seria o aumento de
radicais livres após transfusões, devido ao aumento do ferro
livre plasmático (28) .
O modelo de regressão logística múltipla apresentou tendência
à significância para a idade gestacional e os demais
fatores de risco não apresentaram diferença estatisticamente
significativa. A regressão logística leva em conta a contribuição
relativa dos diversos fatores e deixa evidente que o verdadeiro
fator de risco é a baixa idade gestacional e a consequente
imaturidade dos diversos tecidos do RN. Em outras
palavras, o verdadeiro fator de risco é a prematuridade e os
outros fatores (baixa score SNAPPE ao nascimento, broncodisplasia,
uso de oxigênio por ventilação mecânica, uso de
diurético e necessidade de múltiplas transfusões) seriam apenas
consequência desta prematuridade e impulsionados pela
mesma em direção à significância estatística verificada nas
análises isoladas.
CONCLUSÕES
A frequência de retinopatia da prematuridade nos recémnascidos
do HCFMRP-USP foi de 35,71% entre os pré-termos
com peso menor que 1.500 gramas e de 1,36% no total de
nascimentos no período de fevereiro de 2005 a janeiro de 2006.
Os fatores de risco associados à doença no estudo foram:
peso, idade gestacional; escore SNAPPE II, uso de oxigenoterapia
por ventilação mecânica e CPAP, múltiplas transfusões
sanguíneas e o uso de diuréticos. Foi encontrada a associação
inversa entre a imaturidade retiniana e o estágio de ROP
sendo constatado um aumento de casos no estágio III, grupo
que apresentava a menor idade gestacional e peso.
ABSTRACT
Purpose: To determine the frequency of retinopathy of prematurity
at the Clinical Hospital of Ribeirão Preto Medical
School (HCFMRP-USP) and verify the association of retinopathy
of prematurity with known risk factors. Methods:
Prospective analysis of 70 patients born in the HCFMRP-USP,
weighing less than 1,500 grams, in a period of 1 year. The
patients were divided into 2 groups (Retinopathy of prematurity
and Normal) to verify the association of retinopathy of
prematurity and known risk factors. Significance level of 5%
was used. Results: The frequency of retinopathy of prematurity
was 35.71% among the study population. The studied
risk factors significantly related to the development of the
disease were: weight (p=0.001), gestational age (p=0.001),
score SNAPPE II (p=0.008), use of oxygen by intubation
(p=0.019) and continuous positive airway pressure (p=0.0017),
multiple blood transfusions (p=0.01), and the use of diuretics
(p=0.01). Conclusion: The frequency of retinopathy of prematurity
was 35.71% and several risk factors have been identified
in newborns in the HCFMRP-USP, being evidenced that
the more preterm, the more severe retinopathy of prematurity
is likely to be.
Keywords: Retinopathy of prematurity/epidemiology; Infant,
newborn; Risk factors; Retrospective studies; Gestational age;
Birth weight
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Simpósio Penido Burnier -
Fronteiras da Oftalmologia
29 de maio de 2010
Instituto Penido Burnier
Campinas - SP
Informações:
penido@penidoburnier.com.br
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):60-5
Senior resident phacoemulsification learning curve
Curva de aprendizado do residente de terceiro ano em facoemulsificação
Pedro Carlos Carricondo 1
Ana Carolina Freitas Morais Fortes 2
Paula de Carvalho Mourão 3
Marcelo Hajnal 4
Newton Kara Jose 5
ABSTRACT
Purpose: To analyse the outcomes of surgeries performed by senior
residents during the learning curve related to intraoperative complications
and staff interventions. Methods: Prospective study of phacoemulsification
surgeries performed by senior residents (3 rd year) in
the first three months of experience with this technique at the HC
FMUSP. Intraoperative complications and requirement of staff interventions
were measured. Results: 261 surgeries were included. 30
cases of intraoperative complications were noted (11.54%). Major
complications, that could affect surgical final results, as posterior capsule
rupture and vitreous loss, had an incidence rate of 8.05% and
6.13%, respectively. Surgery was converted to cataract extracapsular
extraction in 3 cases and 2 cases required pars plana posterior vitrectomy.
Staff intervention was required in 11 cases (4.22%), most of them
on the first 40 surgeries. Conclusion: With proper training and supervision,
senior residents can achieve an acceptable complication rate.
Adequate supervision is crucial to guarantee, good surgical outcomes,
specially on the first 40 cases, that presents greater complications rates.
Keywords: Cataract extraction/education; Learning; Inservice training; Ophthalmologic
surgical procedures/education; Internship and residency
INTRODUCTION
Study carried out at Department of Ophthalmology -
Clinical Hospital of University of São Paulo School of
Medicine - USP.
1
Assistant Practioner - Department of Ophthalmology
Doctoral Student - Clinical Hospital - University of São
Paulo School of Medicine - USP - São Paulo - Brazil.
2
Cataract Service Fellow, Department of Ophthalmology
Clinical Hospital - University of São Paulo School of
Medicine - USP - São Paulo - Brazil.
3
Cataract Service Fellow, Department of Ophthalmology
Clinical Hospital - University of São Paulo School of
Medicine - USP - São Paulo - Brazil.
4
Cataract Service Fellow, Department of Ophthalmology
Clinical Hospital - University of São Paulo School of
Medicine - USP - São Paulo - Brazil.
5
Emeritus professor - Department of Ophthalmology -
Clinical Hospital - University of São Paulo School of
Medicine - USP - São Paulo - Brazil.
Correspondence address: Pedro Carricondo. Rua Santa
Cruz, 805/72 - São Paulo (SP) CEP 04121-000
E-mail: pccarri@uol.com.br
Recebido para publicação em 08.10.2009
Última versão recebida em 08.11.2009
Aprovação em 12.12.2009
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo
sob sigilo editorial e com a anuência da Dra. Mônica de
C. Alves Paula sobre a divulgação de seu nome como
revisora, agradecemos sua participação neste processo.
Cataract surgery is the most common surgical procedure performed
around the world, which reflex the fact that cataract is the first cause of
blindness in the world. Population aging is making the needs for cataract
surgery raise exponentially around the world (1) .
Residency curriculum reflects this fact. Cataract is the core procedure
for training residents. Nowadays, phacoemulsification cataract surgery
has become the preferred technique, because of its safety, faster recovery
and reproducibility (2) .
There are some issues on when to start the training in phacoemulsification
surgery. On the one hand, it is desirable to the surgeon to have
previously experience in micro and intraocular surgery. On the other hand,
up to 10% of the residents may experience troubles in developing surgical
skills (3) and the later the training, less the time to specially training and
supervise distressed surgeons.
Learning process complications are a point of major concern, due to the
concernment with patients safety (4) . The learning curve of phacoemulsification
performed by residents shows a higher number of complications (5-6)
in the first cases, that decreases while experience increases. Thereafter,
complications rates are considered acceptable, with good visual results (4,7-10)
in the long term.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):66-9
Senior resident phacoemulsification learning curve
67
In the cataract surgery teaching program of the Department
of Ophthalmology of Clinical Hospital of University of
São Paulo School of Medicine (HC FMUSP), cataract surgery
by phacoemulsification technique is performed by senior
residents (3 rd year), who have fairly experience in microsurgery
and intraocular surgery by performing first wet labs and
other procedures as part of the curriculum (at least 50 extracapsular
cataract extraction and 20 pterygium excision with
conjunctival autograft), besides watching more than 100 phacoemulsification
procedures. This method is similar to the
preferred practice pattern in resident-performed cataract surgeries
of the United States residency programs (2) .
Resident-performed cataract surgeries have a high potential
for complications. Factors that can predict complications
are: dense / white / mature / brunescent cataract, nuclear grading
1+, high refraction errors (eyes >27 mm or
68 Senior resident phacoemulsification learning curve
Table 3. Frequency and rate of posterior capsule rupture and
vitreous loss (major complications), distributed by the resident
surgical experience in phacoemulsification at HC FMUSP, 2008
Surgeries* previously Frequency of posterior Frequency of
performed by capsule rupture vitreous loss
the resident (rate) (rate)
0 to 40 11 (9,65%) 10 (8,77%)
41 to 80 7 (7,37%) 4 (4,21%)
81 and more 3 (5,77%) 2 (3,85%)
Total 21 (8,05%) 16 (6,13%)
*= surgeries refers to phacoemulsification cataract surgeries
Table 4. Frequency of complications and the number of surgeries*
previously performed by the surgeon at the moment of the
complication, excluded posterior capsule rupture and vitreous
loss at HC FMUSP, 2008
Complications
Number of surgeries a
previously performed
by the resident
Irregular incision 1
Incision burning 1
Iris herniation 6
Irregular/incomplete capsulorhexis 6
Nucleus luxated in the vitreous 1
Lens fragment retained 2
Aphakia 2
Extensive subconjuntival hemorrrage 1
Total 20
Note: There may be more than one complication in the same surgery
*= surgeries refers to phacoemulsification cataract surgeries
DISCUSSION
Surgical skills learning can be one of the greatest challenges
of the residency training. The trainees must develop
cognitive knowledgement, dexterity and tridimensional appreciation
of the eye anatomy (1) . Among the eye surgeries, the
phacoemulsification is considered one of the most difficult to
master (1,4) .
In the HC FMUSP, a progression from theoretical readings
to wet labs practice and ultimate participation in surgeries
is proposed. After a theoretical course of two months,
the first year resident starts a preparation for microsurgery
training suture in surgical gloves at the microscope. When
mastering the technique, they are authorized to make extraocular
microsurgeries, like pterygium with conjunctival
autograft. At the end of the first year and through the second
year, intraocular surgery is introduced. At least 50 extracapsular
cataract extractions are performed. Throughout the
year, the residents are encouraged to take some hours at the
wet lab, performing some phacoemulsification surgery in pig
eyes. At the end of the second year, the teaching of phacoemulsification
starts. Because every step in phacoemulsification
must be satisfactorily performed to easily make the next step,
the resident must master most of the steps at the time he
begins the learning of phacoemulsification cataract surgery
(1,4,7) . In the first surgeries, the resident has a full time supervision
by a staff experienced cataract surgeon. It is recommended
by the Accreditation Council of Graduate Medical
Education (ACGME) at least 80 phacoemulsification
cataract surgery to be done in the learning curve (10) . Most of
the residents in this study achieved more than 100 surgeries
in the first 3 months.
The complication rate is accepted as a parameter that reflects
the phacoemulsification learning curve (14-17) . The chances
of experiencing a complication decrease by 1% with each
successive case during training (17) .
Few studies show the general complication rate. Most of
them points out just the vitreous loss rates. The incidence of
complication in resident-performed surgeries or junior trainees
ranged from 1.8% to 27.4% (5-6,8-10,14-15,18) . As expected, a decrescent
major complications rate was noted with the progressing
experience of the surgeon. There was a small elevation
in the overall complication rate after the 80 th surgery,
fortunately due to minor complications that do not compromise
the final surgery results and could be managed by the
resident himself.
The rate of major complications that can affect the final
results with visual acuity loss, posterior capsule rupture (19)
and vitreous loss (8) was low and coincident with other previous
literature relates. There were reports of vitreous loss
incidence as high as 14.7% with phacoemulsification in anterior
chamber (5) . Residents are more than twice likely to loose
vitreous during their first 80 cases than in their last 80 cases
(10) . Vitreous loss incidence ranged from 8.77% before 40
surgeries to 3.85% after completing 80 surgeries in this study.
The percentage of phacoemulsification performed exclusively
by the residents, or the completion rate, should also be
considered as another critical aspect in resident surgical training.
In a patient-based practice, most supervisors will try their
best to avoid a high complication rate of the trainee surgeon (14) .
The supervisors could prevent some dangerous or inappropriate
movements, or take over the surgery if potentially serious
complications occurred (14) . Their active or passive attitude in
the intervention of the surgery somewhat modifies the incidence
of complications and only this parameter could not reflect
the real acquisition of the skills in the phacoemulsification
(14) . Therefore, surgical results of the trainees should
not be evaluated solely on the complication rate. The method of
evaluation the learning curve by the completion rate was recently
proposed and showed a rate of 44.7% of completion (14) in
the United States. In this study, a very high rate of completion
was found: 95.77% of surgeries being finished by the resident.
The need of direct surgeon intervention was low and concentrated
on the first surgeries. Before the resident had completed
40 surgeries, as presumed, the completion rates were lower,
92.11%, with the attending surgeon taking over 7.89% of the
surgeries. The residents resolved most of the complications
with no need of the attending staff taking over the surgery. The
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):66-9
Senior resident phacoemulsification learning curve
69
number of surgeries completed in a whole by the trainees at this
study was very high.
CONCLUSION
In this study, major complications related to resident-performed
phacoemulsification with previous experience in micro
and intraocular surgery presented a low incidence. The
training surgeons, without the need of staff major intervention
managed most of complications. Adequate supervision
is essential to guarantee good surgical results, specially in
the first 40 cases, that presents greater complications rates.
RESUMO
Objetivo: Analisar a curva de aprendizado dos residentes do 3º
ano, com experiência prévia em microcirurgia e cirurgia intraocular,
em facectomia por facoemulsificação relacionada às
complicações peroperatórias e ao número de intervenções diretas
do orientador. Métodos: Foi realizada análise prospectiva de
cirurgias de facectomia por facoemulsificação realizadas durante
os três primeiros meses de treinamento do residente do 3º ano
do HC FMUSP nesta técnica. Foram registradas as complicações
ocorridas durante o ato operatório e a necessidade do
orientador intervir diretamente na cirurgia. Resultados: Foram
incluídas 261 cirurgias. Destas, tiveram algum tipo de complicação
peroperatória 30 cirurgias (11,54%). Complicações mais graves,
com potencial para prejudicar o resultado final da cirurgia,
em especial rotura de cápsula posterior e perda vítrea, tiveram
um índice de 8,05% e 6,13%, respectivamente. Houve necessidade
de conversão para facectomia extracapsular em 3 cirurgias
e de vitrectomia posterior em 2 casos. O orientador interveio
diretamente na cirurgia em 11 ocasiões (4,22%), concentradas
em sua grande maioria nas 40 primeiras cirurgias. Conclusão:
Com treinamento e supervisão adequados, taxas de complicações
aceitáveis podem ser obtidas por residentes sênior no
aprendizado da facoemulsificação. Adequada assistência é imprescindível
para garantir o resultado das cirurgias especialmente
na fase em que os residentes têm maiores taxas de complicação,
correspondente às 40 primeiras cirurgias.
Descritores: Extração de catarata/educação; Aprendizagem;
Capacitação em serviço; Procedimentos cirúrgicos oftalmológicos/educação;
Internato e residência
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):66-9
Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C
personalizada pela frente de onda corneana para o
tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
Corneal wavefront-guided photorefractive keratectomy with mitomycin-C for
consecutive hyperopia after radial keratotomy
Ramon Coral Ghanem 1
Emir Amin Ghanem 2
Newton Kara-José 3
Estudo realizado no Hospital de Olhos Sadalla Amin
Ghanem - Joinville - Santa Catarina (SC) - Brasil.
1
Oftalmologista do Hospital de Olhos Sadalla Amin
Ghanem - Joinville (SC) - Brasil. Pós-graduando do
Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo - USP - São Paulo
(SP) - Brasil.
2
Oftalmologista do Hospital de Olhos Sadalla Amin
Ghanem - Joinville (SC) - Brasil.
3
Livre Docente, Professor Titular do Departamento de
Oftalmologia da Universidade de São Paulo - USP -
São Paulo (SP) - Brasil.
Endereço para correspondência: Ramon Coral Ghanem.
Rua Fernando de Noronha, 225 - Apto. 901 - Joinville
(SC) CEP 89203-072
E-mail: ramonghanem@gmail.com
Recebido para publicação em 11.06.2009
Aprovação em 17.11.2009
Os autores declaram não possuir interesse financeiro nos
produtos referidos no estudo. Não houve auxílio financeiro
para realização deste estudo.
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo
sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Renato
Ambrósio Jr. sobre a divulgação de seu nome como revisor,
agradecemos sua participação neste processo.
RESUMO
Objetivo: Avaliar a eficácia, previsibilidade e estabilidade da ceratectomia
fotorrefrativa (PRK) guiada pela frente de onda corneana para o
tratamento da hipermetropia secundária à ceratotomia radial. Métodos:
Este estudo prospectivo analisou 60 olhos de 36 pacientes consecutivos,
submetidos a PRK personalizado com o laser Esiris-Schwind. A técnica
constou de desepitelização mecânica, fotoablação e utilização de mitomicina-C
0,02%. Os pacientes foram acompanhados por 12 meses.
Resultados: O intervalo médio entre a ceratotomia radial e o PRK foi de
18,4 anos ± 3,8 (DP); o equivalente esférico (EE) médio antes da ceratotomia
radial era -4,35 dioptrias (D) ± 1,55. As medidas prévias ao PRK
mostraram grau esférico médio de +5,00 D ± 2,28, astigmatismo médio de
-1,47 D ± 1,06, EE médio de +4,27 D ± 2,18 e AV corrigida (AVcc) média
de 0,174 ± 0,139 (logMAR). O EE médio programado no laser foi +4,74 D
± 2,11. Os resultados encontrados um ano após a cirurgia foram: EE médio
de +0,04 D ± 1,03 (P
Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana
para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
71
Em 1994, foram publicados os resultados do estudo clínico
prospectivo multicêntrico PERK (Prospective Evaluation of
Radial Keratotomy Study), realizado para avaliar a CR. Foi
demonstrado que, após dez anos da cirurgia, 53% dos olhos
alcançaram acuidade visual sem correção (AVsc) de 20/20 e
85%, de 20/40 ou melhor (1) . Apesar da boa eficácia do procedimento,
entre seis meses e dez anos após a cirurgia, 43% dos
olhos haviam sofrido desvio hipermetrópico maior ou igual a 1
dioptria (D), com incremento anual de 5%, sem tendência à
estabilização (1) . Estes resultados demonstraram que os pacientes
tratados com CR naquele período continuaram a sofrer
as consequências do procedimento sem nunca alcançar estabilidade,
com sintomas que incluem, além da hipermetropia
progressiva, dificuldade de visão noturna por halos e ofuscamento,
perda da sensibilidade de contraste, flutuação diária
da visão e diminuição da resistência corneana a traumas (1-2) .
Além disso, essa população hoje, em quase sua totalidade,
apresenta presbiopia, o que limita a acomodação mesmo em
pequenos graus de hipermetropia (3-4) .
As opções de correção para os casos de hipermetropia
secundária à CR são muito restritas, visto que o uso de óculos
geralmente não fornece AV satisfatória, pois não corrige o
astigmatismo irregular e as aberrações de alta ordem, principalmente
a aberração esférica (2-4) . As lentes de contato rígidas
representam a melhor opção para corrigir esses erros
refrativos, estabilizar a visão e reduzir os sintomas relacionados
com as aberrações, entretanto sua adaptação pode ser
bem mais difícil porque, além dos problemas técnicos causados
pela limitação de desenhos para córneas obladas, muitos
pacientes optaram pela cirurgia devido à intolerância a
seu uso (5) .
Várias técnicas cirúrgicas já foram utilizadas para as hipercorreções
após CR, dentre elas as mais importantes são a
sutura em bolsa de Grene (6) , o “laser in situ keratomileusis”
(LASIK) e a ceratectomia fotorrefrativa (PRK).
Resultados visuais favoráveis foram inicialmente descritos
com o LASIK. Para tratamento de hipermetropia, a eficácia
(AVsc de 20/40 ou melhor) variou entre 65% e 90% (7-13) . Ocorreram
várias complicações: abertura das incisões radiais durante
o levantamento do retalho, crescimento epitelial na interface,
ceratite lamelar difusa e ectasia corneana iatrogênica (7-15) .
Técnicas de ablação de superfície, como o PRK, já foram
utilizadas para tratar hipo e hipercorreções após CR (3-4,16-19) .
Estudos prévios realizados no Brasil demonstraram bons
resultados com a ablação guiada pela topografia para hipercorreções
após CR (3-4) . Sabe-se, entretanto, que o risco de
“haze” após PRK é maior em olhos com cirurgias prévias,
como CR, LASIK e transplante de córnea, indicando-se,
assim, o uso profilático de mitomicina-C (MMC) no intraoperatório
(3-4,20-22) .
Este estudo tem por objetivo avaliar os resultados do PRK
com MMC personalizado pela frente de onda corneana derivada
da topografia (Corneal Wavefront, CORWAVE ® ) para o
tratamento de hipermetropia e astigmatismo após CR.
MÉTODOS
Desenho do estudo e pacientes
Foi realizado estudo clínico prospectivo, incluindo 60 olhos
de 36 pacientes operados consecutivamente, submetidos a
CORWAVE-PRK para tratamento de hipermetropia após CR,
no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, entre outubro de
2005 e fevereiro de 2008.
Todas as cirurgias foram realizadas por três cirurgiões
(EAG, VCG, RCG), utilizando a mesma técnica, em protocolo
padronizado. Os pacientes assinaram um termo de consentimento
que explicava o objetivo do estudo proposto, suas alternativas
e possíveis complicações. Este estudo foi aprovado
pela Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-SP.
Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos neste estudo pacientes com:
• Hipermetropia ou astigmatismo hipermetrópico com equivalente
esférico até + 9,25 D e astigmatismo até -4,5 D;
• Idade maior do que 30 anos;
• AVsc de 20/40 ou pior;
• AV com correção (AVcc) de 20/60 ou melhor.
Foram excluídos os pacientes que apresentavam doenças
oculares ou sistêmicas que pudessem comprometer o resultado
cirúrgico ou afetar a AV pós-operatória e aqueles dos quais não
foi possível obter topografia reprodutível. Também foram excluídos
pacientes com cirurgias fotoablativas corneanas prévias.
Avaliação pré-operatória
Foi realizado exame ocular completo. A análise topográfica
e de frentes de onda corneanas (Corneal Wavefront) foi realizada
com o aparelho Keratron Scout. Realizou-se também
tomografia corneana com Orbscan IIz e paquimetria ultrassônica
corneana.
Técnica cirúrgica
O procedimento seguiu a seguinte ordem: anestesia tópica
e antissepsia da região periocular; marcações no limbo a 0 e
180 graus na lâmpada de fenda com caneta de violeta de genciana;
remoção do epitélio corneano em sala cirúrgica, sob campos
estéreis, feita com espátula romba (mecânica), nos 10 mm
centrais. Iniciou-se pela periferia corneana a 1 mm do limbo, de
maneira centrípeta para evitar a abertura das incisões radiais.
Em seguida, realizou-se o controle manual da ciclotorção alinhando-se
as marcações previamente realizadas no limbo com
as da lente ocular do laser e a fotoablação personalizada.
Em todos os casos foi realizada a ablação guiada pela
frente de onda corneana, tratando-se a hipermetropia total
(sob cicloplegia), o astigmatismo e também as aberrações de
alta ordem corneanas. Na maioria dos casos realizou-se hipercorreção
da hipermetropia, tanto para induzir miopia em pacientes
présbitas, levando a monovisão, como para compensar
a regressão inicial do tratamento.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):70-6
72 Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana
para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
Utilizou-se o laser “flying-spot” Esiris Schwind de 200 Hz,
com disparos de 0,8 mm de diâmetro e controle dos movimentos
oculares (eye-tracking) de 330 Hz. Com instrumentalização
do software ORK-CAM (Custom Ablation Manager; versão
2.2.3.650), a fotoablação foi analisada e planejada.
Após a fotoablação, aplicou-se MMC 0,2 mg/mL (0,02%)
com uma esponja (Merocel ® ) por 20 a 40 segundos em toda
área tratada. A MMC foi aplicada por 40 segundos quando o
risco de “haze” era maior, ou seja, nas ablações mais profundas
do que 100 micra e em córneas submetidas a suturas prévias.
A superfície foi, então, lavada com 20 ml de solução salina
balanceada e colocou-se uma lente de contato terapêutica
(LCT) até a completa epitelização.
Pós-operatório
No pós-operatório aplicaram-se colírios de gatifloxacino
0,3%, de cetorolaco de trometamina 0,4% e de ciprofloxacina
0,3%, associada à dexametasona 0,1%. Após a retirada das
LCT, foram utilizados colírios lubrificante e de etabonato de
loteprednol 0,5% por um mês.
As avaliações pós-operatórias incluíram análise da incidência
de “haze” central (3 mm) - e periférico, utilizando-se a
escala de intensidade de 0 a 4 (23) .
Análise estatística
As medidas de AV foram convertidas para logMAR (24) . Foi
aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov com fator de correção
de Lilliefors para avaliar a normalidade das variáveis.
Foram usados os testes t de Student pareado para as variáveis
com distribuição normal e o teste de Wilcoxon para as variáveis
sem distribuição normal, entre elas as aberrações corneanas
e medidas de AVsc e AVcc. Os valores P 0,75 D (monovisão). Observou-se melhora
estatisticamente significante da AVsc no pós-operatório (Tabela
3). A figura 1A demonstra a eficácia do procedimento.
Resultados refrativos
No pré-operatório, o EE médio foi de +4,27 ± 2,18 D (de
+0,25 a + 9,25 D). Após seis meses, o EE médio foi de -0,13 ±
1,00 D (de - 2,25 a + 2,25) e depois de um ano, +0,04 ± 1,03 D (de
-1,88 a + 3,00) (Figura 1B). A figura 2A demonstra a verificação
da previsibilidade do tratamento após um ano, onde 29 olhos
(48%) estavam entre ± 0,5 D do EE planejado, 48 (80%) entre ±
1 D e 56 (93%) entre ± 2 D. A regressão refracional média entre
Tabela 1. Dados demográficos (n=60)
Características
Resultados
Nº olhos / nº pacientes 60 / 36
Sexo, n (%)
Masculino / feminino 11 (31%) / 25 (69%)
Idade (anos)
Média ± DP 50,0 ± 6,8
(mín - máx) 34 a 65
Pacientes com cirurgia bilateral, n (%) 24 (67%)
DP= desvio padrão
RESULTADOS
Pacientes e acompanhamento
Foram estudados 60 olhos de 36 pacientes, 11 homens e 25
mulheres. A média de idade foi de 50 ± 6,8 anos (de 34 a 65
anos) (Tabela 1). Todos os olhos haviam sofrido CR entre 11 e
26 anos antes de se submeter ao PRK (Tabela 2). Todos os
pacientes foram avaliados após decurso de seis e de 12 meses
do PRK. A espessura corneana média, medida com o paquímetro
ultrassônico, foi de 560 ± 33 µm e com o Orbscan IIz ® , de
545 ± 62 µm. Nenhum olho foi submetido a nova fotoablação
(retratamento).
Dados do intraoperatório
O epitélio corneano foi completamente removido nos
10 mm centrais de todos os olhos, sem a abertura das incisões
radiais. A profundidade média de fotoablação foi de 78 ± 28 µm
(de 33 a 148) e a zona óptica variou de 6 a 6,5 mm, com média de
6,4 ± 0,2. A zona total de ablação variou de 8 a 10 mm, com
média de 9,1 ± 0,6. MMC foi utilizada por 20 segundos em 44
Tabela 2. Dados referentes à cirurgia refrativa prévia (n=60)
Características
Resultados
Miopia pré-CR* (dioptrias)
Média ± DP -4,35 ± 1,55
(mín - máx) -8,00 a -1,75
Intervalo entre a CR e o PRK* (anos)
Média ± DP 18,4 ± 3,8
(mín - máx) 11 a 26
Incisões de CR, n (%)
4 4 (7%)
8 55 (92%)
14 1 (1,7%)
Incisões transversais (astigmáticas), n (%)
0 37 (62%)
1 7 (11,7%)
2 11 (18,3%)
4 5 (8,3%)
*= dados objetivos não estavam disponíveis para todos os casos
CR= ceratotomia radial; DP= desvio padrão; PRK= ceratectomia fotorrefrativa
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):70-6
Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana
para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
73
Tabela 3. Testes-t pareados comparando dados pré-operatórios e
após 12 meses
Parâmetros Pré-operatório 12 meses P**
AVsc*
Média ± DP 0,846 ± 0,428 0,265 ± 0,197
74 Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana
para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
A
A
B
Figura 2 - A) Previsibilidade do equivalente esférico após um ano do PRK
guiado pela frente de onda corneana; B) Gráfico de dispersão ilustrando
a correção planejada vs. alcançada após um ano do tratamento
menor risco de “haze”. Em 2002, entretanto, alguns autores publicaram
os resultados de 69 olhos tratados com H-LASIK após
CR (9) . Apesar de apresentar bons resultados refrativos, o número
de complicações foi elevado, incluindo abertura das incisões
radiais durante o levantamento do retalho, ceratite difusa lamelar
e invasão epitelial da interface, que em um caso evoluiu para
necrose do retalho, que foi removido. Outros estudos seguiram
e atualmente, considera-se que o H-LASIK após CR apresenta
um risco significativo de complicações (7-8,10-15) .
Nos primeiros estudos que utilizaram o PRK para corrigir
miopia residual após CR observou-se maior incidência de “haze”
central, regressão do resultado refrativo e perda de AVcc e
sensibilidade de contraste (16,18) . Mas, para a correção de hipermetropia
após CR, alguns autores, obtiveram bons resultados
visuais e baixa incidência de “haze” com o PRK (17,19) .
No Brasil, alguns autores mostraram bons resultados com
o PRK guiado pela topografia para a correção de hipermetropia
e de astigmatismo após CR (3-4) . Em um estudo envolvendo
19 olhos foi usada MMC intraoperatória a 0,02% para diminuir
a incidência de “haze” (3) . Porém os autores observaram, ainda
assim, formação de “haze” periférico e central em alguns olhos
com altas ametropias.
B
Figura 3 - A) Evolução do RMS, valor P-V e aberrações corneanas de
baixa ordem. Asteriscos representam diferenças estatisticamente
significantes; B) Evolução das aberrações corneanas de alta ordem.
Asteriscos representam diferenças estatisticamente significantes.
Figura 4 - Modificação da acuidade visual corrigida um ano após o
tratamento
No presente estudo decidiu-se, também, usar MMC por se
tratar de fotoablações personalizadas, mais profundas que as
convencionais, e pela presença de cirurgia corneana prévia,
fatores que aumentam o risco de “haze” (3,20-22) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):70-6
Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana
para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
75
Resultados visuais e refrativos
Observou-se uma redução estatisticamente significativa
da hipermetropia e do astigmatismo após 12 meses.
Os resultados refrativos comparam-se favoravelmente aos
de outros estudos, com redução do EE médio de +4,27 para
+0,04, 80% com EE entre ± 1,00 D do planejado e 73% dos
olhos alcançando AVsc de 20/40 ou melhor. Por exemplo, em
um estudo com 69 olhos submetidos a LASIK para hipermetropia
após CR, obteve-se redução do EE médio de +3,40 para
-0,35 D, com 65% dos olhos alcançando AVsc de 20/40 ou
melhor e 80% com EE entre ± 1,00 D (9) . Outros estudos utilizando
LASIK para baixas e médias hipermetropias demonstraram
melhores resultados: AVsc de 20/40 ou melhor em 86% dos
olhos (13) ; em 90% (11) ; e em 83% (10) . Estes estudos, contudo,
apresentaram os resultados finais, incluindo pacientes submetidos
a retratamentos.
Aberrometria corneana
Enquanto córneas normais costumam apresentar aberração
esférica positiva de 0,28 µm (25) , a média encontrada no préoperatório
foi de + 1,06 µm, demonstrando o excessivo aplanamento
central que ocorre nesses casos. Após o PRK a aberração
esférica foi reduzida para + 0,55 µm (P
76 Ceratectomia fotorrefrativa com mitomicina-C personalizada pela frente de onda corneana
para o tratamento de hipermetropia após ceratotomia radial
residual myopia after radial keratotomy. PRK After RK Study Group. J Cataract
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):70-6
RELATOS DE CASOS
Injeção intravítrea de bevacizumab e gás C 3
F 8
para
tratamento da hemorragia submacular secundária
a degeneração macular relacionada à idade:
relato de casos
Intravitreous injection of bevacizumab and C 3
F 8
gas for the treatment of
submacular hemorrhage due to age-related macular degeneration:
case reports
Daniel Araújo Ferraz 1
Gláucio Luciano Bressanim 2
Celso Morita 3
Walter Yukihiko Takahashi 4
Trabalho realizado na Universidade de São Paulo -
USP - São Paulo (SP) - Brasil.
1
Médico Estagiário do Setor de Retina e Vítreo do Hospital
das Clínicas da Universidade de São Paulo - USP
- São Paulo (SP) - Brasil.
2
Médico Estagiário do Setor de Retina e Vítreo do Hospital
das Clínicas da USP - São Paulo (SP) - Brasil.
3
Médico Oftalmologista do Setor de Retina e Vítreo do
Hospital das Clínicas da USP - São Paulo (SP) - Brasil.
4
Médico Assistente, Doutor e Chefe do Setor de Retina
e Vítreo Hospital das Clínicas da USP - São Paulo (SP)
- Brasil.
Endereço para correspondência: Daniel Araújo Ferraz.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP - Departamento de Oftalmologia. Av. Dr. Enéas de
Carvalho Aguiar, 255 - 6º andar - São Paulo (SP)
CEP 05403-000
E-mail: danielferraz1@hotmail.com
Recebido para publicação em 06.01.2009
Última versão recebida em 28.07.2009
Aprovação em 03.09.2009
RESUMO
O objetivo desta série de casos foi demonstrar se a aplicação de bevacizumab
e gás perfluoropropano (C 3
F 8
) intravítreos beneficiariam o deslocamento
da hemorragia sub-retiniana dos pacientes com degeneração
macular relacionada à idade. Foi realizada uma série retrospectiva de 5
olhos que tinham recebido injeção intravítrea simultânea de bevacizumab
e C 3
F 8
. Os resultados foram medidos pelo grau de deslocamento de
sangue sob a fóvea, pela acuidade visual final e pelas complicações
intraoperatórias. Na apresentação inicial, a idade média dos pacientes foi
de 72,6 ± 8,9 anos e a duração média dos sintomas foi de 13 ± 9,7 dias.
Dos 5 pacientes do estudo, 3 (60%) eram homens e 2 (40%) mulheres.
O sucesso do deslocamento da hemorragia submacular foi alcançado
em 4 pacientes. A média de acuidade visual pré-operatória foi de 1,12 ±
0,34 logMAR e pós-operatório foi de 0,92 ± 0,4 logMAR. Não foram
observados nenhum caso de descolamento da retina, endoftalmite, hemorragia
vítrea, uveíte, catarata e hipertensão ocular. A injeção intravítrea
bevacizumab e C 3
F 8
, juntamente com a posição pronada pode ser
uma valiosa opção terapêutica nos olhos com degeneração macular
relacionada à idade neovascular e hemorragia sub-retiniana a fim de
deslocar o sangue para fora da área foveal.
Descritores: Degeneração macular/complicações; Oclusão da veia retiniana; Neovascularização
coroidal; Inibidores de angiogênese/uso terapêutico; Fluorcarbonetos/uso
terapêutico; Gases/uso terapêutico; Hemorragia retiniana; Acuidade visual; Injeções;
Humanos; Relatos de casos
INTRODUÇÃO
A hemorragia submacular (HSM) secundária à membrana neovascular
sub-retiniana (MNVSR) pode causar perda súbita de visão em pacientes
com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) (1-2) .
Estudos retrospectivos demonstram que o resultado visual em pacientes
com DMRI, que apresentam sangue sob a fóvea raramente é melhor do
que 20/200 (2) . Essas observações clínicas, em combinação com a agressão
sub-retiniana causada pelo sangue estimularam abordagens cirúrgicas para
retirar este sangue (3) . Como uma alternativa para a drenagem cirúrgica da
HSM, foram realizados estudos com uso de intravítreo de ativador tecidual
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):77-80
78 Injeção intravítrea de bevacizumab e gás C 3
F 8
para tratamento da hemorragia submacular secundária
a degeneração macular relacionada à idade: relato de casos
do plasminogênio e injeção pneumática de gás (4) . Após o deslocamento
da hemorragia da região central e da zona da membrana
neovascular, a terapia fotodinâmica com verteporfina
(Visudyne; Novartis Pharma, Viena, Áustria) pode ser eficaz
para tratar a MNVSR (5) .
Recentemente, novos agentes terapêuticos foram introduzidos
para o tratamento da DMRI exsudativa, Um destes novos
inibidores do VEGF, bevacizumab (Avastin; Roche, Basel,
Suíça), demonstrou uma redução da permeabilidade vascular e
crescimento da membrana neovascular sub-retiniana (6) .
Então, hipoteticamente a aplicação de bevacizumab e gás
perfluoropropano (C 3
F 8
) intravítreos poderiam ser benéficos
para o resultado visual dos pacientes com HSM secundária à
DMRI. Por isso, esta série de casos tem como objetivo demonstrar
o deslocamento da hemorragia para fora da área foveal.
RELATO DE CASO
Foi realizada uma análise retrospectiva de 5 olhos de 5
pacientes com HSM secundária à DMRI exsudativa que tinham
recebido injeção intravítrea simultânea de bevacizumab
e gás expansivo (C 3
F 8
). Os pacientes tinham exames clínicos
pré e pós-operatórios: melhor acuidade visual corrigida
em logMAR, biomicroscopia, fundoscopia, tonometria,
retinografia e angiofluoresceinografia. Os exames foram realizados
na visita inicial, 5 dias após o tratamento, e após 1 e 3
meses de seguimento.
Os pacientes receberam a injeção intravítrea unilateral
(0,05 ml de volume) contendo 1,25 mg de bevacizumab. Após
este primeiro procedimento, os pacientes receberam 0,3 ml de
gás C 3
F 8
puro. Uma paracentese da câmara anterior foi realizada
após as injeções. Pós esta etapa os pacientes foram instruídos
a manter a posição pronada por 48 a 72 horas. Estes
procedimentos foram realizados pelo mesmo cirurgião.
Os resultados primários foram medidos pelo grau de deslocamento
de sangue sob a fóvea e pela melhor acuidade visual
final no pós-operatório. O grau de sangue deslocado foi medido
oftalmoscopicamente pelo médico e foi classificada como
completa, parcial, ou nenhum deslocamento. O deslocamento
foi considerado completo quando apenas uma fina camada de
sangue se manteve na distância de 1,0 diâmetro do disco do
centro da fóvea. Os resultados secundários foram quantificados
pelas complicações intraoperatórias.
RESULTADOS
Na apresentação inicial, a idade média dos pacientes foi de
72,6 ± 8,9 anos e a duração média dos sintomas foi de 13 ± 9,7
dias. Dos 5 pacientes (5 olhos) do estudo, 3 (60%) eram homens
e 2 (40%) mulheres. As características clínicas dos 5
olhos estudados são apresentadas na tabela 1.
O sucesso completo do deslocamento da HSM foi alcançado
em 4 pacientes e o não deslocamento da hemorragia em 1
paciente. A média de acuidade visual em logMAR pré-operatória
foi de 1,12 ± 0,34 e pós-operatório foi de 0,92 ± 0,4.
Não foi observado durante o seguimento nenhum caso de
descolamento da retina, endoftalmite, hemorragia vítrea, uveíte
e catarata e aumento de pressão intraocular após as injeções.
O que se segue é um caso ilustrativo:
PW, 77 anos de idade, branco, masculino, apresentando
baixa de visão súbita há 15 dias no olho direito, sem outros
sintomas associados. História pessoal e familiar negativas.
Na consulta inicial apresentava acuidade visual de movimento
de mãos no OD e 20/40 no OE. Segmento anterior sem
alterações. Fundoscopia: área de HSM com tamanho de 2 diâmetros
de disco óptico no olho direito e drusas no olho esquerdo
(Figura 1A). A angiofluoresceinografia demonstrou
grande área de hipofluorescência por bloqueio desde as fases
precoces, permanecendo até as fases tardias no OD (Figura 1B).
Foi realizada a injeção de bevacizumab e C 3
F 8
e o paciente
foi orientado a permanecer em posição pronada por 72 horas.
Durante o procedimento não ocorreu nenhum efeito adverso.
Após as 72 horas o paciente apresentava certo grau de deslocamento
do sangue submacular, que progrediu no decorrer do
tempo (Figura 1C). Ao final de 3 meses de seguimento praticamente
não havia mais nenhum sangue submacular, e sim uma
área de atrofia retiniana e o paciente apresentou melhora na
acuidade visual no OD de movimento de mãos para 20/100
(Figura 1D).
DISCUSSÃO
A HSM em pacientes com DMRI apresenta um resultado
visual ruim (1) . Vários mecanismos, incluindo a ruptura dos
fotoreceptores por coágulos de fibrina, separação física dos
fotoreceptores e efeitos tóxicos de ferro foram sugeridos como
explicações para lesionar a retina (2) . A abordagem mais
utilizada para tratamento da HSM é a injeção intravítrea de
rTPA e gás, seguido da posição pronada (4) . Os olhos com
HSM com tempo de evolução superior a duas semanas e com
um diâmetro maior que 5 mm, requerem outras opções de
tratamento (4) . A injeção intravítrea de novos medicamentos
como o inibidor de fator de crescimento do endotélio vascular
(VEGF) pode ser considerado como uma nova opção terapêutica
para estes pacientes. O conceito de terapia anti-VEGF para
DMRI neovascular tem mostrado resultados mais promissores
em estudos clínicos fase III (7-8) . Apesar das grandes hemorragias
submaculares, com mais de 50% da lesão, não terem sido
inseridos em tais estudos clínicos, temos uma boa razão para
indicar a terapia com anti-VEGF nestes casos, já que o sangramento
submacular é decorrente da neovascularizacao subretiniana
e os pacientes que receberam estas medicações têm
demonstrado na angiofluoresceinografia, após um mês da injeção,
ausência de qualquer sinal de atividade da lesão neovascular
(9) no centro da mácula com um procedimento minimamente
invasivo, consistindo de injeção intravítrea bevacizumab
e de gás C 3
F 8
, seguido por um breve período de posicionamento
pronado; o que ocorreu em 75% destes casos.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):77-80
Injeção intravítrea de bevacizumab e gás C 3
F 8
para tratamento da hemorragia submacular secundária
a degeneração macular relacionada à idade: relato de casos
79
Tabela 1. Características clínico-epidemiológicas dos pacientes
Pacientes Idade (anos) Sexo Olho AV inicial* Evolução (dias) AV final* Deslocamento Antecedentes
1 70 M OE 1,0 28 1,3 Não
2 77 M OD 1,6 15 1,0 Sim
3 79 M OD 0,7 4 1,3 Sim HAS
4 58 F OD 1,0 13 0,5 Sim Esquizofrenia
5 79 F OD 1,3 5 0,5 Sim
*= escala logMAR
A
B
C
D
Figura 1 - Evolução do caso. A) Pré-injeção, demonstrando hemorragia sub-retiniana macular; B) Angiofluoresceinografia de fase venosa tardia,
com bloqueio da fluorescência pela hemorragia; C) Após 7 dias da injeção, com deslocamento da hemorragia inferiormente; D) Após 3 meses
da injeção, com ausência de hemorragia e atrofia macular.
No paciente que não ocorreu o deslocamento, talvez um fator
importante para isso, tenha sido a dificuldade referida pelo
mesmo em manter a posição de cabeça.
Em nossa série, não foi observada nenhuma elevação da
PIO, nem descolamento de retina, endoftalmite e uveíte. Estes
dados comprovam a segurança do método, já demonstrado em
outros estudos (10) .
Em resumo o estudo mostrou que a injeção intravítrea bevacizumab
e C 3
F 8
, juntamente com a posição pronada pode ser
uma valiosa opção terapêutica nos olhos com DMRI neovas-
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):77-80
80 Injeção intravítrea de bevacizumab e gás C 3
F 8
para tratamento da hemorragia submacular secundária
a degeneração macular relacionada à idade: relato de casos
cular e hemorragia submacular a fim de deslocar o sangue para
fora da área foveal, com isso diminuindo sua toxicidade para
os fotorreceptores. Estudos controlados devem ser realizados
para tentar demonstrar alterações na acuidade visual.
ABSTRACT
The purpose of this case series is to describe if the intravitreal
use of bevacizumab and perfluoropropane gas (C 3
F 8
) would be
beneficial to the displacement of subretinal hemorrhage in
patients with age-related macular degeneration (AMD). A retrospective
study of 5 eyes that received concurrent intravitreal
injection of bevacizumab and C 3
F 8
was performed. The
results were graded according to blood displacement under
the fovea, best final visual acuity and intraoperative complications.
At the initial presentation, mean age of patients was
72.6 ± 8.9 years-old and duration of symptoms was 13 ± 9.7
days. From the 5 patients, 3 (60%) were male and 2 (40%)
female. The success of submacular hemorrhage full displacement
was achieved in 4 patients. The mean preoperative visual
acuity (VA) was 1.12 ± 0.34 logMAR and the mean postoperative
VA was 0.92 ± 0.4 logMAR. No cases of retinal detachment,
endophthalmitis, vitreous hemorrhage, uveitis, cataracts
and increased intraocular pressure were noted during the
follow-up period. Intravitreal bevacizumab and C 3
F 8
injection,
associated to prone position can be a valuable therapeutic option
for eyes with neovascular age-related macular degeneration
and subretinal hemorrhage to the blood displacement out of
the foveal area.
Keywords: Macular degeneration/complications; Retinal vein
occlusion; Choroidal neovascularization; Angiogenesis inhibitors/therapeutic
use; Fluorocarbons/therapeutic use; Gases/therapeutic
use; Retinal hemorrhage; Visual acuity; Injections;
Human; Case reports
REFERÊNCIAS
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2008;246(1):81-7.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):77-80
RELATOS DE CASOS
Implante orbital misto para reconstrução de
cavidade anoftálmica: relato de caso
Miscellaneous orbital implant for anophthalmic cavity reconstruction surgery:
case report
Davi Araf 1
Omar Massayoshi Assae 2
Rodrigo Vuono de Brito 3
Guido Aquino Jr. 4
Tania Aleksandra Gomes da Silva 5
RESUMO
Apresentamos um novo modelo de implante orbital unindo o baixo custo
da esfera de luxite (PMMA) com as vantagens da utilização do polietileno
poroso (Porex ® ). O novo modelo consiste de uma esfera de luxite na qual
em sua face anterior foi colocado um recorte de dura-máter do mesmo
diâmetro da esfera, e na face posterior um recorte de polietileno poroso
foi anexado à esfera de luxite por meio de cola (Cianoacrilato estéril). A
dura-máter foi fixada ao polietileno poroso por meio de suturas com fio
nylon monofilamentar 6.0. Foi realizada cirurgia em um paciente que já
havia tido extrusão anterior do implante em um dos olhos, sendo este
avaliado em seu pós-operatório imediato, 7º, 15º, 30º dia, além de 3 e 6
meses de pós-operatório quando foi avaliado por meio de tomografia
computadorizada. Observou-se bom resultado cosmético, de mobilidade
e de volume após adaptação da prótese escleral, não havendo nenhum
sinal de infecção, migração ou extrusão do implante até o momento. O
caso nos mostrou ser possível a utilização de um implante orbital mais
acessível economicamente com resultados semelhantes aos dos implantes
biointegráveis.
Descritores: Enucleação ocular; Anoftalmia/cirurgia; Implantes orbitários; Porosidade;
Polietilenos; Géis; Coelhos; Animais
INTRODUÇÃO
Trabalho realizado no Departamento de Cirurgia Plástica
Ocular do Hospital CEMA - São Paulo (SP) - Brasil.
1
Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo -
USP - São Paulo (SP) - Brasil. Coordenador do Curso
de Residência Médica do Hospital CEMA - São Paulo
(SP) - Brasil.
2
Médico Assistente do Setor de Plástica Ocular do Hospital
CEMA - São Paulo (SP) - Brasil.
3
Médico Assistente do Setor de Plástica Ocular do Hospital
CEMA - São Paulo (SP) - Brasil.
4
Médico Assistente do Setor de Plástica Ocular do Hospital
CEMA - São Paulo (SP) - Brasil.
5
Médica Residente do terceiro ano de Oftalmologia do
Hospital CEMA - São Paulo (SP) - Brasil.
Endereço para correspondência: Davi Araf. Alameda
Jaú, 1.477 - Apto. 132c - São Paulo (SP)
CEP 01420-005
Email: cppo@ig.com.br
Recebido para publicação em 07.04.2008
Última versão recebida em 19.07.2009
Aprovação em 04.08.2009
Implantes orbitais esféricos são utilizados para reposição do conteúdo
da órbita em cavidades anoftálmicas (1) .
Está comprovado que a cavidade orbital mantém a sua integridade
anatômica e funcional quando possui um bulbo ocular ou implante que o
substitua adequadamente em forma e volume (2) .
Vários enxertos de tecidos, como osso, gordura, derme e dermogorduroso
têm sido utilizados, bem como a inclusão de materiais aloplásticos e
orgânicos, principalmente acrílico, silicone, hidroxiapatita e polietileno poroso.
A alta incidência de extrusão destes materiais tem levado a uma maior
pesquisa e escolha por aqueles que apresentem maior biocompatibilidade.
Outros fatores que têm reduzido o índice de extrusão são um melhor posicionamento
e fixação destes implantes e, principalmente, a cobertura
anterior com outros materiais e tecidos (3) .
Existem diversos tipos e modelos de implantes orbitais. O material ideal
para confecção de esferas ainda não é conhecido. Sabe-se que deve ser
biocompatível, não alergênico e não cancerígeno. Além disso, é necessário
que tenha preço acessível para ser utilizado em larga escala (4) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):81-3
82 Implante orbital misto para reconstrução de cavidade anoftálmica: relato de caso
Dentre os diversos tipos de implantes sugeridos, a esfera
de Mules de acrílico ainda permanece como mais utilizada,
porém cresceu a preferência pelos implantes integrados de hidroxiapatita
natural desenvolvido por alguns autores (5) e por
seus sucedâneos de biocerâmica (6) ou de polietileno poroso (7) ;
estes possibilitam maior mobilidade da prótese e apresentam
um menor índice de rejeição devido à vascularização completa
do implante que se realiza por dentro de seus canais naturalmente
interligados (2) .
O objetivo deste trabalho é o de apresentar um novo modelo
de implante orbital unindo o baixo custo da esfera de luxite com
as vantagens da utilização do polietileno poroso (Porex ® ).
A
RELATO DO CASO
Paciente de 26 anos, feminino, branca, procedente de Sorocaba
(SP) com queixa de que a prótese não se mantinha na
cavidade há anos.
Refere ter feito cirurgia de retirada do bulbo ocular direito
aos 4 meses de idade devido a tumor (sic).
Ao exame a paciente apresentava cavidade anoftálmica
direita profunda sem implante.
Em 11-11-05 foi realizada cirurgia de reconstrução de cavidade
anoftálmica com introdução de esfera de luxite (implante
secundário). Após um mês de pós-operatório a paciente apresentou
extrusão da esfera.
Em 15-07-06 foi realizada nova cirurgia onde foi introduzido
um novo modelo de implante. Este novo modelo consiste
na utilização de esfera de luxite com posicionamento na face
anterior de recorte de dura-máter anexada com fio nylon monofilamentar
6.0 e na face posterior com polietileno poroso
fixado com cola (cianoacrilato estéril) (Figura 1A).
O recorte de polietileno poroso foi retirado de resíduo de
material utilizado em cirurgia de reconstrução de parede inferior
da órbita por fratura, tendo sido esterilizado em óxido de
etileno. A paciente estava ciente da utilização deste material e
consentiu com o procedimento.
A paciente foi avaliada em seu pós-operatório imediato, 7º
dia, 15º dia, 30º dia, 3 e 6 meses de pós-operatório sendo então
avaliada também por meio de tomografia computadorizada (TC)
de órbita com cortes coronais. (Figura 1B).
DISCUSSÃO
Os principais objetivos na reconstrução de cavidade anoftálmica
são a reposição do volume perdido pela retirada do
bulbo ocular e a possibilidade de utilização de uma prótese
estética fina e leve, que apresente uma mobilidade o mais
semelhante possível de um olho normal (3) .
Quanto ao material utilizado, os implantes podem ser classificados
em orgânicos (enxerto dermoadiposo, retalho de músculo
temporal) e por aloplásticos (esferas de polimetilmetacrilato,
silicone, vidro, metal, hidroxiapatita e polietileno de
alta densidade) (8) .
B
Figura 1 - A) Implante orbital misto; B) Aspecto do implante ao ser
introduzido na cavidade
As diferenças no formato e no material têm como propósito
tentar melhorar a mobilidade da prótese, o aspecto cosmético
e minimizar as complicações (8) .
O luxite (polimetilmetacrilato) é um material não-biointegrável,
de baixo custo, que vem sendo utilizado desde os
anos 40 (9) .
Em 1989 o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o
uso dos implantes de hidroxiapatita. Estes implantes permitem
um crescimento de tecido fibrovascular que os “integra” na
estrutura orbital, facilitando uma melhor mobilidade das próteses
oculares e uma menor taxa de complicações pós-operatórias,
tais como a migração ou extrusão do implante. Logo
surgiram os implantes de polietileno poroso (Porex ® ), mais
barato que a hidroxiapatita e mais resistente (9) .
Os implantes integrados sofrem vascularização progressiva,
resultando na integração entre esfera e hospedeiro. A
integração dos implantes com o hospedeiro pode ser atestada
pelo grau de vascularização das esferas, comprovado por
meio de métodos histológicos ou exames de imagem, como a
tomografia computadorizada, a ressonância magnética ou a
ultrassonografia (1) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):81-3
Implante orbital misto para reconstrução de cavidade anoftálmica: relato de caso
83
Estudo anterior já demonstrou que o uso da cola em reconstruções
de cavidade anoftálmica não ocasiona nenhum
efeito deletério aos tecidos próximos ao local da aplicação,
sinal de que o cianoacrilato é inerte e não provoca danos aos
tecidos que o recebem (10) .
Obtivemos um bom resultado cosmético, de mobilidade e
de volume após adaptação da prótese escleral (Figura 2A).
A tomografia computadorizada realizada após 6 meses da
cirurgia mostrou implante bem posicionado na órbita, não
apresentando nenhum sinal de infecção, migração ou extrusão
do implante (Figura 2B).
A cirurgia mostrou ser possível a utilização de implante
mais acessível economicamente com resultado semelhante ao
dos implantes biointegráveis.
A paciente teve significativa melhora do estado emocional,
fato já bem comprovado por estudos anteriores.
A
Poderá se tornar uma alternativa para as cirurgias de reconstrução
de cavidade anoftálmica, principalmente em serviços
públicos e para pacientes de baixa renda.
ABSTRACT
A new model of orbital implant, matching the low cost of
acrylic implants (PMMA) with the advantages of medpor
(Porex ® ) is presented herein. The new implant model consists
of a PMMA implant with a dura mater scrap adhered on its
anterior face of the same diameter of the acrylic implant and
a medpor snip adhered on its posterior face by sterile cyanoacrylate.
Dura mater was fixed to medpor with 6.0 mononylon.
One patient who presented previous extrusion of the
implant was submited to surgery and was evaluated on the
1 st , 7 th , 15 th , 30 th postoperative days, and 3 and 6 months after
surgery when a computed tomography was performed. A
good cosmetic, mobility and volume result was noted after
an escleral prosthesis was adapted, with no infection, migration
or extrusion of the implant until this moment. This case
showed us that it is possible to use a more economic implant
model with the same results of medpor (Porex ® ).
Keywords: Eye enucleation; Anophthalmos/surgery; Orbital
implants; Porosity; Polyethylenes; Gels; Rabbits; Animals
REFERÊNCIAS
B
Figura 2 - A) Paciente após adaptação da prótese ocular; B) TC corte
axial mostrando esfera e polietileno poroso bem adaptados
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):81-3
RELATOS DE CASOS
Linfangioma orbitário: relato de caso
Orbital lymphangioma: case report
Filipe José Pereira 1
Sabrina de Pellegrini Trindade 2
Antonio Augusto Velasco e Cruz 3
Thiago Prazeres Salum Müller 4
RESUMO
Descrevemos um caso de linfangioma orbitário em uma paciente de nove
anos de idade que apresentava proptose à direita (Hertel= 29 mm),
acompanhada de restrição da motilidade ocular, dor e perda visual decorrente
de neuropatia óptica compressiva. A ressonância magnética
demonstrou a lesão expansiva, localizada na órbita direita, de aspecto
cístico, não infiltrativa, extraconal e com sinais sugestivos de hemorragia
intralesional. Não houve melhora com corticoterapia oral. Foi, então,
realizada punção via transconjuntival, com aspiração de 35 ml de
líquido “cor-de-chocolate” (confirmado como hemorrágico pela citologia).
Ocorreram exacerbações do quadro clínico, manifestadas por
dor e piora da proptose, devido à hemorragia intralesional, optando-se
pela exérese dos cistos orbitários, usando o acesso orbitário lateral
(cantólise e retirada de parede orbitária lateral, a qual não foi recolocada
para efeito de descompressão) e inferior (transconjuntival inferior), com
resolução do quadro. Conclusão: Foi relatado um caso de linfangioma,
uma doença desafiadora, de difícil tratamento, com potenciais complicações
visuais e estéticas, além da possibilidade de recidivas frequentes.
Descritores: Linfangioma/cirurgia; Neoplasias orbitárias/cirurgia; Tumores de vasos linfáticos;
Relatos de casos
INTRODUÇÃO
Trabalho realizado no Departamento de Plástica Ocular
do Hospital Governador Celso Ramos - Florianópolis
(SC) - Brasil. Centro de Estudos de Oftalmologia Dr.
Aramis Ritzmann Mendes.
1
Chefe do Departamento de Plástica Ocular do Hospital
Governador Celso Ramos - HGCR - Florianópolis (SC)
- Brasil.
2
Residente de Oftalmologia (2007) do HGCR - Florianópolis
(SC) - Brasil.
3
Professor Titular do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
4
Residente de 2º ano de Oftalmologia do HGCR - Florianópolis
(SC) - Brasil.
Endereço para correspondência: Filipe José Pereira.
CCPO - Clínica Catarinense de Plástica Ocular. Rua Dom
Jaime Câmara, 179 - Sl. 704/705 - Florianópolis (SC)
CEP 88015-120
E-mail: filipeccpo@uol.com.br
Recebido para publicação em 13.10.2008
Última versão recebida em 26.07.2009
Aprovação em 22.09.2009
Linfangioma é uma lesão veno-linfática incomum, também definido como
hamartoma vascular de origem linfática, que cresce entre estruturas
normais (1-2) . O termo linfangioma é utilizado de forma apropriada quando há
isolamento hemodinâmico, ou seja, a lesão não está relacionada com o
sistema arterial ou venoso (2) , embora sejam propensos a hemorragia intrínseca
de pequenos vasos, expandindo porções da cadeia vascular em grandes
“cistos-chocolate” (3) .
O linfangioma pode acometer apenas a conjuntiva e a pálpebra, localizar-se
na órbita ou apresentar-se com os dois componentes, superficial e
profundo (2) .
Pode manifestar-se clinicamente por proptose, restrição da motilidade
ocular extrínseca, ptose (4-7) , dor, diplopia (4,8) , exposição corneana (4) , perda
visual por neuropatia óptica compressiva e ambliopia (7) . Exacerbações do
quadro clínico tendem a ocorrer em casos de hemorragia intralesional e
episódios de infecção das vias aéreas superiores, que resultam em hiperplasia
linfóide por reação do sistema imunológico, o que explicaria a reativação
do quadro (2,9) . O aumento da pressão intraocular pode causar náuseas
e vômitos, e a estimulação vagal excessiva pode resultar em bradicardia,
decorrente de reflexo óculo-cardíaco.
Varizes orbitárias, celulite orbitária e rabdomiossarcoma são diagnósticos
diferenciais a serem considerados. A evidência de não continuidade da
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):84-7
Linfangioma orbitário: relato de caso
85
lesão com o sistema vascular diferencia o linfangioma de varizes.
Em casos em que não se observa resolução ou em que houver
progressão do quadro clínico, a biópsia deve ser considerada,
a fim de descartar a possibilidade de rabdomiossarcoma.
Histologicamente constituem espaços revestidos por endotélio,
não encapsulados, o que predispõe a recidivas após
ressecção cirúrgica (1-2,10) .
Estudo histoquímico revelou que a composição celular do
endotélio do linfangioma é diferente daquele que compõe os
capilares (4) , o que reforça a hipótese de o tumor ser uma entidade
verdadeira da órbita e não uma má-formação vascular.
Este relato de caso está sendo apresentado com o objetivo
de ressaltar a importância do linfangioma como diagnóstico
diferencial de proptose na infância.
RELATO DE CASO
KA, nove anos, feminina, branca, procedente de Canelinha/SC,
foi encaminhada por apresentar tumor orbitário à
direita (Figura 1A), há dois anos. O quadro se iniciou com
discreta proptose à direita, sem outras queixas. Foi realizada
tomografia computadorizada (Figura 1B), evidenciando lesão
expansiva de pequeno tamanho, extraconal, medial, na órbita
direita. Evoluiu com baixa de acuidade visual, dor local e
aumento significativo da proptose nos meses subsequentes.
Foi, então, internada em outro hospital e submetida à biópsia
da lesão orbitária, sob anestesia geral. A descrição macroscópica
e microscópica da peça cirúrgica revelava: “fragmento de
mucosa com dimensões 0,4 x 0,3 x 0,2 cm, revestido por epitélio
estratificado escamoso, sem atipias, com proliferação linfática
no córion, em meio ao estroma conjuntivo frouxo; presença de
vasos sanguíneos e moderado infiltrado inflamatório composto
por monomorfonucleares; compatível com linfangioma”
(Figura 1C). Devido à piora importante da proptose, a paciente
foi encaminhada ao serviço de oncologia pediátrica, que iniciou
corticoterapia oral (metilprednisolona 20 mg/kg/dia). Foi
solicitada ressonância magnética, a qual demonstrou lesão
expansiva de aspecto cístico, não infiltrativa, extraconal, com
formação de nível líquido-líquido, com a possibilidade de hemorragia
intralesional (Figura 1D). Após uma semana de internação
sem melhora clínica, foi encaminhada para o Hospital Governador
Celso Ramos - Florianópolis. Nesta ocasião a paciente
apresentava proptose grave (exoftalmometria de 29 mm),
quemose intensa da conjuntiva inferior (Figura 1A), ausência
de percepção luminosa no olho direito e fundoscopia mostrando
borramento do disco óptico e aumento da tortuosidade
dos vasos. Foi realizada, sob anestesia geral, punção de cisto
orbitário via transconjuntival, com agulha 25 x 7 acoplada a
seringa de 10 ml, com aspiração de 35 ml de líquido “cor de
chocolate” (Figura 1E). Devido à intensa quemose da conjuntiva
inferior, com consequente alteração do posicionamento
palpebral e ectrópio e prejuízo da lubrificação da superfície
A B C
D E F
Figura 1 - A) Aspecto da face da criança no pré-operatório; B) TC inicial demonstrando massa tumoral irregular, heterogênea e infiltrativa em órbita
direita; C) Aspecto anátomo-patológico de mucosa, revestido por epitélio estratificado escamoso, com proliferação linfática no córion, em meio a
estroma conjuntivo frouxo, presença de vasos sanguíneos e moderado infiltrado inflamatório de monomorfonucleares compatível com linfangioma;
D) Ressonância Magnética em T1 após biópsia, demonstrando hemorragia intralesional; E) Punção de cisto orbitário via transconjuntival usando
seringa de 10 ml, com extração de grande quantidade de líquido sanguinolento; F) Tarsorrafia provisória imediatamente após a punção
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):84-7
86 Linfangioma orbitário: relato de caso
ocular, foi optado por tarsorrafia provisória (Figura 1F). O
líquido aspirado foi classificado citologicamente como
hemorrágico, sem contaminação bacteriana. No pós-operatório,
a paciente evoluiu com resolução completa da proptose,
da quemose e da dor. A corticoterapia foi suspensa, com
redução progressiva da dose até o 15º dia pós-operatório.
Após período de dois meses de melhora total da proptose,
houve nova proptose por ressangramento espontâneo dos cistos,
inclusive na porção anterior, causando novamente ectrópio
mecânico. O tratamento realizado foi a exérese dos cistos
orbitários, por meio do acesso lateral (cantólise e retirada de
parede orbitária lateral a qual não foi recolocada para efeito de
descompressão) e inferior (transconjuntival inferior). Houve,
depois disso, regressão completa do quadro clínico (Figura 2).
Após oito meses, reiniciou quadro de proptose progressiva,
novamente por ressangramento de lesão prévia, confirmada
à tomografia computadorizada. Foi realizada nova cirurgia
de ressecção de linfangiomas, usando o acesso transconjuntival
inferior. A última avaliação foi realizada após dois meses,
não havendo nenhuma queixa e estando a paciente sem proptose.
Entretanto, tendo em vista que novos episódios podem
ocorrer, foi orientada a respeito disso.
DISCUSSÃO
A partir do exposto, ficou comprovado que a paciente em
questão apresenta linfangioma orbitário. Trata-se de paciente
do sexo feminino, que é discretamente mais acometido por
linfangioma que o masculino, na proporção de 1,4:1 (2,5) .
A idade de aparecimento dos sintomas também coincidiu
com a relatada na literatura, que é na primeira década de vida,
embora o tumor possa manifestar-se desde o nascimento até a
idade adulta (2) .
A imagem tomográfica típica do linfangioma é de padrão
cístico e mal definido (2) , como observado na primeira tomografia
realizada; e a progressão dos sinais e sintomas observados
caracterizaram um processo de exacerbação provocado por
hemorragia intralesional, confirmada com a ressonância magnética,
quando foi possível observar o nível líquido-líquido,
com volume proporcional à quantidade do material aspirado.
A corticoterapia sistêmica está indicada na ocorrência de
proptose dolorosa, perda de visão ou alteração de motilidade. O
corticóide atua reduzindo o efeito de massa da hipertrofia linfóide
estabiliza a vasculatura e promove a involução da vascularização
anormal; é uma opção de tratamento único ou como
adjuvante em cirurgias. Comprovadamente o corticóide sistêmico
diminui o tempo de duração dos sintomas e é mais responsivo
em crianças (8) , fato que não ocorreu em nossa paciente.
Tratamentos alternativos têm sido descritos, como a injeção
intralesional de OK-432 (Streptococcus pyogenes do grupo
A de origem humana), a qual foi realizada em um caso
descrito na literatura com sucesso, porém apresentando algumas
intercorrências, como aumento da pressão intraocular,
febre, reação inflamatória local, sendo necessários mais estudos
para a implantação desta prática na terapêutica corrente
do linfangioma (6) .
A perda visual pode ser atribuída à compressão por tempo
prolongado do bulbo ocular e do nervo óptico pelo tumor. A
opção cirúrgica respeitou as indicações existentes, as quais
são: proptose grave, exposição corneana, dor e congestão intensa
da órbita (9) . Dentre as possibilidades cirúrgicas, destacamos
a ressecção tumoral e, quando insuficiente, associar
descompressão óssea da órbita para aumento do continente.
Porém, na maioria dos casos, o tratamento conservador é o
único necessário (7,9) . Apesar de não haver prognóstico de melhora
visual, o resultado final foi satisfatório em relação ao
aspecto estético.
CONCLUSÃO
O linfangioma é uma doença desafiadora, de difícil tratamento,
com potenciais complicações visuais e estéticas, além
da possibilidade de recidivas frequentes, como se pode constatar
pelo caso aqui exposto.
ABSTRACT
A case of orbital lymphangioma in a 9 year-old female, with
proptosis (Hertel= 29 mm), ocular motility restriction, pain
Figura 2 - Aspecto pré, trans e pós-operatório de criança portadora de linfangioma de órbita
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):84-7
Linfangioma orbitário: relato de caso
87
and visual loss due to compressive optic neuropathy is described.
A magnetic resonance imaging (MRI) exam showed
an expansive cystic lesion in the extraconal space of the right
orbit, non-infiltrating with intralesional hemorrhage. The patient
had no improvement with steroid treatment. A transconjunctival
puncture with 35 ml aspiration of a “chocolate
color” fluid (which was confirmed by cytologic study as a
hemorrhagic fluid) was performed. Exacerbations occurred
after an intralesional hemorrhage (pain and increase of proptosis).
The lesion was excised via lateral cutaneous approach
(a lateral canthotomy and removal of the right orbital wall
was performed done for decompression) and lower transconjunctival
approach. Conclusion: Lynphangioma is a challenging
disease and difficult to treat, with potential visual
and cosmetic complications and the possibility of frequent
recurrences.
Keywords: Lymphangioma/surgery; Orbital neoplasms/surgery;
Lymphatic vessel tumors; Case reports
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X Congresso da Sociedade
Caipira de Oftalmologia
24 a 26 de junho de 2010
Araraquara - SP
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):84-7
RELATOS DE CASOS
Rhegmatogenous retinal detachment in
Wyburn-Mason syndrome: case report
Descolamento regmatogênico de retina na síndrome de
Wyburn-Mason: relato de caso
Flávio MacCord Medina 1
Otacílio de Oliveira Maia Júnior 2
Walter Yukihiko Takahashi 3
ABSTRACT
Wyburn-Mason is a rare vascular disorder, comprised of arteriovenous
malformations (AVMs) of the midbrain and retina. It can cause visual
symptoms depending on its localization and extension. Vitreous and
intraretinal hemorrhage and neovascular glaucoma have been previously
described. A case of rhegmatogenous retinal detachment in a patient
with Wyburn-Mason syndrome is described. A 27 year-old woman
previously diagnosed with Wyburn-Mason syndrome, sought attendance
with sudden low vision in right eye 3 months before. She presented
moderate vitreous hemorrhage and retinal detachment with a superior tear.
She underwent a successful posterior vitrectomy with implantation of
silicone oil, with reattachment of the retina. Rhegmatogenous retinal detachment
in a patient with Wyburn-Mason syndrome has been not previously
described in the literature. Vitrectomy in this case present challenges
related to intraoperatory bleeding risk, to a posterior pole tear among
AVMs and the difficulty of obtaining free retina for photocoagulation.
Keywords: Arteriovenous malformations/complications; Arteriovenous malformations/diagnosis;
Retinal detachment/etiology; Vitreous hemorrhage/etiology; Intracranial arteriovenous
malformations/complications; Intracranial arteriovenous malformations/diagnosis; Retinal
artery/abnormalities; Retinal vein/abnormalities; Syndrome; Case reports
INTRODUCTION
Study carried out at the Retina and Vitreous Service,
Universidade de São Paulo - USP - São Paulo (SP) -
Brazil.
1
Vitreoretinal Specialist at the Department of Ophthalmology,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro -
UERJ - Rio de Janeiro (RJ) - Brazil.
2
Vitreoretinal Specialist at the Department of Ophthalmology,
São Rafael Hospital, Monte Tabor Foundation -
Salvador (BA) - Brazil.
3
Head of the Vitreoretinal Service, Department of Ophthalmology
- USP - São Paulo (SP) - Brazil.
Correspondence address: Flávio MacCord. Rua João
Borges, 204 - Rio de Janeiro (RJ) CEP 22451-100
E-mail: fmaccord@hotmail.com
Recebido para publicação em 02.03.2009
Última versão recebida em 09.08.2009
Aprovação em 21.09.2009
Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo
sob sigilo editorial e com a anuência dos Drs. Ayrton
Roberto Branco Ramos e João Carlos Miranda Gonçalves
sobre a divulgação de seus nomes como revisores,
agradecemos sua participação neste processo.
Wyburn-Mason syndrome (WMS), also known as the Bonnet-Dechaume-Blanc
syndrome, is a rare phakomatosis characterized by congenital
ipsilateral retinal, brain (usually midbrain), and, less frequently, facial angiomas
(1) . It is a congenital, nonhereditary condition, without gender or
race predilection. Bonnet et al. first noted the combination of retinal and
intracranial AVMs in 1937 (2) , but the eponym derives from the more comprehensive
report of Wyburn-Mason of 27 cases with retinal AVMs, 22 of
whom also had intracranial AVMs (3) . The condition results from a disturbance
in the embryologic development of the vascular mesoderm (4) . AVM
or racemose hemangioma consists of a markedly dilated and tortuous arteriole
contiguous with a similar vein involving the optic disc and retina (5) .
They usually remain stable and fluorescein angiography typically shows a
rapid transit of dye through the lesion without leakage (6) .
CASE REPORT
A 27-year-old woman sought attendance with sudden low vision in
right eye 5 months before. She referred low vision in this eye since child-
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):88-91
Rhegmatogenous retinal detachment in Wyburn-Mason syndrome: case report
89
hood and brought a fundus photograph showing enormously
dilated vascular loops and fluorescein angiogram exam done 1
year before showing rapid transit of dye through the lesion
without leakage (Figure 1).
Visual acuity was counting fingers at 2 meters in the right
eye and 20/20 in the left eye. Both eyes were emmetropes and
presented no anterior segment abnormalities. Right eye presented
moderate vitreous hemorrhage and retinal detachment
A
B
Figure 1 - Fundus photograph (A) showing enormously dilated vascular loops and fluorescein angiogram exam (B) done 1 year before showing
rapid transit of dye through the lesion without leakage
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):88-91
90 Rhegmatogenous retinal detachment in Wyburn-Mason syndrome: case report
with a small peripheral superior tear and left eye fundus was
normal.
She underwent a successful 23-gauge posterior vitrectomy.
A posterior pole hole was found during the procedure and
air-fluid exchange was performed with no use of perfluorcarbon
and subretinal fluid was passively drained through the
holes, followed by endophotocoagulation and silicone oil
implantation through one sclerotomy converted to 20-gauge
(Figure 2).
In 3-month follow-up, the retina remains attached, and
visual acuity is 20/200.
DISCUSSION
AVMs are usually considered to be stable retinal lesions.
Low vision in Wyburn-Mason syndrome is usually due to AVMs
of anterior visual pathway (7) . Previously described complications
of retina AVMs include intraretinal macular hemorrhage,
central and peripheral retinal vein occlusions, neovascular glaucoma,
and vitreous hemorrhage (8) .
Such complications are related to high blood flow due to
direct connection of the major vessels without capillary interposition.
The veins are exposed to arterial blood pressures
due to the lack of capillaries. Turbulent blood flow and vessel
wall damage may result, which can lead to thrombosis and
vessel occlusion (5) .
Our patient presented large retinal vascular AVMs of most
parts in the fundus with enormously dilated vascular loops,
previously described as “bag of worms”. The veins were so
severely engorged and tortuous that the disk was almost completely
obscured. It has been noted in postmortem observations
that these vessels in the posterior segment touch at
A
B
C
D
Figure 2 - Intraoperatory images, showing vitreous hemorrhage removal (A), air fluid exchange and passive endodrenage through peripheral
hole (B) and posterior pole hole (C) and silicone oil implant (D)
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):88-91
Rhegmatogenous retinal detachment in Wyburn-Mason syndrome: case report
91
points the pigment epithelium or the choroid’s lamina vitrea -
and conversely, protrude far into the vitreous cavity (9) .
The hypothesis to the relationship between retinal AVMs
and retinal detachment development in our case are:
- Increased retinal venous pressure, increased turbulence
of blood flow, decreased retinal arterial pressure and,
finally, decreased perfusion of adjacent retinal tissues
are probably related to AVMs blood flow (8) . The consequent
retinal ischemia may have lead to retinal holes
formation.
- The first event would have been vitreous hemorrhage,
as previously described in the literature, and the longstanding
hemorrhage contracted and caused the holes.
Vitrectomy in this case presented some challenges. Intraoperatory
bleeding risk was prevented with low aspiration
rates and careful detachment of posterior hyaloid. In case of
bleeding, it should be promptly controlled with increase of the
vented gas forced infusion (VGFI) pressure and endodiathermy.
Perfluorcarbon could not be used because of difficulty of
visualization of optic nerve head to its removal and posterior
pole hole. The hole among AVMs caused difficulty of obtaining
free retina for photocoagulation, which lead to the
need of using silicone oil as intraocular tamponade.
RESUMO
A síndrome de Wyburn-Mason é uma desordem vascular rara,
caracterizada por malformações arteriovenosas (MAV) do mesencéfalo
e retina. Pode causar sintomas visuais por sua localização
e extensão. Hemorragia vítrea, intrarretiniana e glaucoma
neovascular já foram descritos. Descreve-se um caso de
descolamento regmatogênico de retina em uma paciente com
síndrome de Wyburn-Mason. Uma paciente feminina de 27
anos com diagnóstico prévio de síndrome de Wyburn-Mason
procurou atendimento com queixa de baixa acuidade visual
súbita no olho direito há três meses. Apresentava hemorragia
vítrea moderada e descolamento de retina com rotura superior.
Foi submetida a vitrectomia posterior com implante intravítreo
de óleo de silicone, com reaplicação da retina. Descolamento
regmatogênico de retina em paciente com síndrome de Wyburn-Mason
não havia sido previamente descrito na literatura.
A vitrectomia nesse caso apresentou dificuldades relacionadas
ao risco de sangramento intraoperatório, à presença de
rotura no polo posterior entre as MAVs e à dificuldade de obtenção
de retina livre para fotocoagulação.
Descritores: Malformações arteriovenosas/complicações; Malformações
arteriovenosas/diagnóstico; Descolamento retiniano/etiologia;
Hemorragia vítrea/etiologia; Malformações arteriovenosas
intracranianas/complicações; Malformações arteriovenosas
intracranianas/diagnóstico; Artéria retiniana/anormalidades;
Veia retiniana/anormalidades; Síndrome; Relatos
de casos
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):88-91
ATUALIZAÇÃO CONTINUADA
Aplicações oftalmológicas do ácido hialurônico
Use of hyaluronic acid in Ophthalmology
Eugênio Santana de Figueirêdo 1
André Casimiro de Macedo 2
Priscila Fechine Ribeiro de Figueirêdo 3
Régis Santana de Figueirêdo 4
RESUMO
O ácido hialurônico é um polissacarídeo da família dos glicosaminoglicanos
e está presente nos tecidos conjuntivos dos mamíferos. No olho,
pode ser encontrado na córnea, na esclera e, principalmente, no humor
vítreo. Atualmente, vem sendo empregado em várias especialidades
médicas, incluindo a oftalmologia. O objetivo desse artigo é demonstrar
as diversas aplicações oftalmológicas atuais e futuras dessa substância.
Descritores: Ácido hialurônico/análogos & derivados; Ácido hialurônico/uso terapêutico;
Corpo vítreo/fisiologia; Extração de catarata/métodos; Córnea/lesões
INTRODUÇÃO
Trabalho realizado em conjunto entre a Faculdade de
Medicina de Juazeiro do Norte - FMJ - Juazeiro do Norte
(CE) e a Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
- Campinas (SP) - Brasil.
1
Médico Oftalmologista, Pós-graduando do Departamento
de Oftalmologia da Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP - Campinas (SP) - Brasil.
2
Engenheiro Químico, Mestre e Doutorando em Engenharia
Química pela UNICAMP - Campinas (SP) - Brasil.
3
Estudante do 5º ano de Medicina da Faculdade de Medicina
de Juazeiro do Norte - FMJ - Juazeiro do Norte (CE)
- Brasil.
4
Médico Oftalmologista, Mestre e Doutorando em Farmacologia
pela Universidade Federal do Ceará - UFC -
Fortaleza (CE) - Brasil. Professor da Disciplina de
Oftalmologia da FMJ - Juazeiro do Norte (CE) - Brasil.
Endereço para correspondência: Eugênio Santana de
Figueirêdo. Rua Eleutério Rodrigues, 201 - Apto. 22 -
Campinas (SP) CEP 13073-066
E-mail: eugsantana@ig.com.br
Recebido para publicação em 02.08.2009
Aprovação em 20.09.2009
O ácido hialurônico: estrutura e propriedades
O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo linear de alta massa
molar pertencente à família dos glicosaminoglicanos e é composto por
unidades dissacarídicas polianiônicas de ácido D-glicurônico (GlcUA) e
N-acetilglicosamina (GlcNAc) unidas alternadamente por ligações β(1→3)
e β(1→4) (1) (Figura 1).
O AH está presente nos tecidos conjuntivos de mamíferos, preenchendo
assim espaços intercelulares. Suas funções estão ligadas à flexibilidade
e manutenção da estrutura dos tecidos. No ser humano, este mucopolissacarídeo
está presente no líquido sinovial, na pele, nos tendões, no olho e no
cordão umbilical (2) .
Na pele, bem como nas cartilagens, a função do AH é ligar-se à água,
mantendo a tonicidade e a elasticidade desses tecidos. No líquido sinovial,
sua função básica é o de manter um suporte protetivo e lubrificante para as
células das articulações (3) . No olho, funciona como componente natural dos
tecidos oculares, tais como córnea, esclera e corpo vítreo (4) .
Em condições fisiológicas, o AH apresenta-se carregado negativamente.
Soluções de AH apresentam propriedades viscoelásticas, e a base biofísica de
seu comportamento não-ideal tem sido fonte de muito estudo. Em soluções
concentradas, os segmentos rígidos e enrolados mostram-se interligados e
formam soluções viscoelásticas. A presença de segmentos conectados pode
levar à formação de uma rede e, consequentemente, à formação de géis (5) .
Dessa forma, as interações entre as moléculas da água e os grupos
carboxila e N-acetila conferem ao polímero a capacidade de retenção de
água e certa rigidez conformacional, limitando a sua flexibilidade (5) .
O AH exerce funções biológicas ligadas às suas propriedades viscoelásticas
(3) . Isto significa que os compartimentos que contêm estes fluidos podem
absorver energia envolvida em impactos mecânicos pela elasticidade ou
dissipá-la pelo fluxo viscoso. Essa característica de comportamento misto
entre um corpo elástico ou um fluido viscoso é que torna o AH um polímero
do tipo líquido super-elástico e o torna interessante para utilização médica.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):92-5
Aplicações oftalmológicas do ácido hialurônico
93
Figura 1 - Estrutura do ácido hialurônico
APLICAÇÕES MÉDICAS DE AH
O AH tem sido usado em diversas especialidades médicas,
entre as quais dermatologia, ortopedia, otorrinolaringologia e
oftalmologia (6) . Na dermatologia, o AH tem sido empregado no
tratamento de úlceras crônicas de pele, acelerando a cicatrização
dessas lesões. Em ortopedia, o AH vem sendo utilizado no
preenchimento de articulações acometidas por osteoartrose e
por artrite (6-8) . Em otorrinolaringologia, tem sido utilizado como
adjuvante na cicatrização de perfurações timpânicas (8) .
Na oftalmologia, o uso de AH já é bem difundido como
substância viscoelástica para utilização em cirurgias intraoculares,
principalmente na cirurgia de catarata (4,6) . Entretanto,
novas aplicações oftalmológicas têm sido propostas para esse
mucopolissacarídeo (6) .
APLICAÇÕES OFTALMOLÓGICAS DE AH
Cirurgias intraoculares
O AH vem sendo bastante utilizado como substância viscoelástica
em cirurgias oftalmológicas, principalmente na extração
de catarata, com objetivo de proteger o endotélio corneal
(4,6-8) e manter o espaço intraocular durante o procedimento,
permitindo a realização das manobras necessárias para o
bom andamento da cirurgia, incluindo o implante das lentes
intraoculares (LIO) (4,6-9) . Com o advento da técnica de cirurgia
de catarata por facoemulsificação, na qual o cristalino é fragmentado
em pedaços menores através de ondas de ultrassom
e aspirado por um sistema de irrigação-aspiração, a proteção
endotelial por substâncias viscoelásticas, entre elas o AH,
tornou-se ainda mais importante (9) .
Holzer et al., compararam a pressão intraocular (PIO) e a
perda endotelial entre cinco substâncias viscoelásticas (hidroxipropil
metilcelulose 2%, hialuronato de sódio 3% + sulfato
de condroitina 4%, hialuronato de sódio 1,4%, hialuronato de
sódio 2,3%) após facoemulsificação. A maior PIO depois de 4
horas da cirurgia e a menor perda endotelial após 90 dias foi
com hialuronato de sódio (NaAH) 2,3% (10) .
Estudo randomizado de Waseem et al., comparou a PIO
no pós-operatório de facoemulsificação após uso de NaAH
1,0% e de hidroxipropil metilcelulose (HPMC) 2%. Constatou-se
que a PIO nos pacientes do grupo NaAH 1,0% foi
significativamente maior que nos pacientes do grupo HPMC
2% no pós-operatório imediato, porém não houve diferença
após 7 dias (11) .
Recente estudo de Neumayer et al., avaliou diferença de
resultados entre o uso de viscoelásticos à base de NaAH a
1,4% e a 1,0% em cirurgias de catarata. Não houve diferença
estatisticamente significante entre as duas concentrações em
relação à espessura central da córnea, densidade de células
endoteliais e pressão intraocular (PIO) no pós-operatório (12) .
Outro uso inovador do AH em cirurgias oculares é como
viscoanestésico. Bournas et al., compararam o uso de substância
viscoelástica de NaAH 1,5% associada a lidocaína 1%
com outra sem anestésico em cirurgias de facoemulsificação
sob anestesia tópica. Observaram diminuição significativa
das queixas de pacientes submetidos à facoemulsificação com
anestesia tópica no grupo em que foi utilizada a combinação
viscoanestésica (13) .
Desordens da superfície ocular
Tem sido proposto o uso de AH como lubrificante em
diversos distúrbios da superfície ocular. Stuart, Linn em ensaio
clínico duplo-cego, compararam o uso de um lubrificante
contendo 0,1 % de NaAH com outro sem tal substância em
pacientes com desordens da superfície ocular, especialmente
naqueles com olho seco. Não houve diferença estatisticamente
significante entre o “break up time” (BUT) dos dois
grupos. Entretanto, o controle dos sintomas foi significativamente
maior nos pacientes que usaram a solução contendo
NaAH (14) .
Em estudo randomizado, duplo-cego cruzado, Condon et
al., compararam eficácia e segurança da solução de NaAH
0,1% com a solução salina 0,9% em pacientes com olho seco
grave. Concluíram que a primeira solução tem vantagens tanto
na diminuição dos sintomas quanto no aspecto da superfície
ocular ao exame oftalmológico (15) .
Aragona et al., estudaram os efeitos do tratamento de olho
seco com soluções hipotônica e isotônica de NaAH 0,4%.
Utilizaram como parâmetros de comparação os sintomas apresentados,
BUT, escore de fluoresceína, escore de rosa bengala
e citologia de impressão da conjuntiva. A solução hipotônica
foi superior em todos os parâmetros, exceto no escore de
fluoresceína (16) .
O uso de AH foi testado em usuários de lentes de contato
rígidas com síndrome de 3h e 9h. Em estudo randomizado,
duplo-cego, Itoi et al., compararam o uso de solução de NaAH
0,1% com lágrimas artificiais em pacientes com essas características.
Não houve diferença em relação a sintomas entre os
dois grupos, porém houve melhora do aspecto do exame à
lâmpada de fenda no 1º grupo (17) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):92-5
94 Aplicações oftalmológicas do ácido hialurônico
O AH tem-se mostrado um importante adjuvante na cicatrização
de danos ao epitélio corneal. Supõe-se que a interação
do AH com a superfície corneal provocaria o aumento do
número de receptores CD44, uma glicoproteína transmembrana
envolvida na re-epitelização corneal (18) . Gomes et al.,
compararam o crescimento de células epiteliais humanas em
três meios de cultura diferentes, um deles enriquecido com
NaAH 0,6%. Houve maior aumento da migração celular no
meio enriquecido com NaAH, fazendo-os concluir que NaAH
exerce maior efeito na migração das células do epitélio corneal
humano quando comparado com os outros meios de cultura
estudados (18) .
Plástica ocular
O AH vem sendo utilizado em diversas situações no campo
da plástica ocular. Em uma série de 5 pacientes (8 olhos)
com idade média de 56 anos, Zamani et al., propuserem uso de
gel de AH para tratamento de retração de pálpebra inferior.
Obtiveram melhor fechamento palpebral e diminuição dos sintomas
de ceratite de exposição nesses pacientes com poucos
efeitos adversos (19) .
Em outra série de casos, Goldberg et al., realizaram injeções
de AH gel para tratamento de retração de pálpebra inferior em
31 pacientes (65 injeções) com idade média de 58 anos. Houve
diminuição dos sintomas de exposição ocular e decréscimo da
necessidade do uso de lubrificantes na maioria dos pacientes,
oferecendo vantagens em relação aos procedimentos cirúrgicos
utilizados para esse tipo de afecção e poucos efeitos
adversos. A duração do efeito das injeções de AH gel, nesse
estudo, chegou a 6 meses na maior parte dos pacientes (20) .
Substituto vítreo
Encontrar um substituto vítreo ideal, transparente e biocompatível,
é um dos grandes desafios da pesquisa em oftalmologia
(21) . Kummer et al., propuseram a síntese de um humor
vítreo artificial a partir de Agar, NaAH e água deionizada.
Entretanto, essa solução viscoelástica ainda não foi submetida
a experimentos in vitro e in vivo que permitam conclusões
sobre seu uso, apesar de possuir comportamento hidrodinâmico
favorável à sua aplicação (21) .
Terapia gênica ocular
A terapia gênica é uma alternativa promissora para o tratamento
de diversas afecções oculares. Entretanto, existe uma
limitação das técnicas atuais quanto ao carreamento e à liberação
de genes na superfície ocular. Tem-se investigado a eficácia
da aplicação de AH como carreador de genes para córnea e
conjuntiva. De la Fuente et al., estudaram o mecanismo de
ação de nanopartículas de baixa citotoxicidade preparadas a
partir de AH e de quitosana com essa finalidade. A interação
do AH com o receptor CD44 parece exercer papel importante
no fluxo de partículas para o meio intracelular, favorecendo o
uso dessa substância para o carreamento de genes da superfície
ocular para as células corneais e conjuntivais (22) .
CONCLUSÕES
A aplicação de AH em oftalmologia tem se tornado cada
vez mais abrangente nas diversas subespecialidades. A presente
revisão evidenciou o uso ou as perspectivas de emprego
dessa biomolécula em cirurgias de catarata, em doenças da
superfície ocular, em plástica ocular, em retina cirúrgica e em
genética ocular.
O conhecimento dessas aplicações pode permitir aos oftalmologistas
o desenvolvimento de novos estudos e de novas
técnicas para a utilização do AH na especialidade, podendo
contribuir para a melhoria das abordagens terapêuticas vigentes
no momento.
ABSTRACT
Hyaluronic acid is a polysaccharide of the glycosaminoglycan
family present in mammal tissues. In the eye, it can be
found in the cornea, the sclera and the vitreous humor. Currently,
it has been employed in several medical specialties,
including ophthalmology. The objective of this paper is to demonstrate
the various current and future ophthalmic applications
of this substance.
Keywords: Hyaluronic acid/analogs & derivatives; Hyaluronic
Acid/therapeutic use; Vitreous Body/physiology; Cataract
extraction/methods; Cornea/injuries
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XVII Simpósio Internacional de
Atualização em Oftalmologia da
Santa Casa de São Paulo
18 e 19 de junho de 2010
São Paulo - SP
Informações:
site: www.oftalmosantacasa.com.br
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):92-5
ATUALIZAÇÃO CONTINUADA
Tabelas para medir acuidade visual com escala
logarítmica: porque usar e como construir
Logarithmic visual acuity charts: reasons to use and how to design it
André Messias 1
Rodrigo Jorge 2
Antonio Augusto Velasco e Cruz 3
RESUMO
A acuidade visual representa o inverso do ângulo visual, ou seja, da
menor distância angular entre dois pontos que podem ser vistos como
separados. Apesar de ser a medida da função visual mais comum na
prática oftalmológica, é muitas vezes interpretada erroneamente, principalmente
devido às inúmeras tabelas e diferentes sistemas de notações
empregados na clínica. Este artigo revisa alguns conceitos sobre a quantificação
da acuidade visual, suas principais notações e tabelas de
medida, discutindo as vantagens do uso da escala logarítmica.
Descritores: Acuidade visual/classificação; Optometria/instrumentação
INTRODUÇÃO
Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
1
Doutor, Professor do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
2
Livre-docente, Professor do Departamento de Oftalmologia,
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
USP - Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
3
Professor Titular do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia
e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP -
Ribeirão Preto (SP) - Brasil.
Endereço para correspondência: Antonio Augusto
V. Cruz. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo. Av. Bandeirantes, 3.900 -
Ribeirão Preto (SP) CEP 14049-900
E-mail: aavecruz@fmrp.usp.br
Recebido para publicação em 27.07.2009
Última versão recebida em 14.10.2009
Aprovação em 21.10.2009
A medida da acuidade visual é a principal ferramenta clínica para a
avaliação funcional da visão. Nesse sentido, o uso de tabelas de acuidade
visual é, sem dúvida, a prática mais comum do exame oftalmológico.
Apesar de largamente utilizada, a terminologia empregada para nomear as
diferentes tabelas usadas na clínica é imprecisa e confusa. Por exemplo, é
comum referir-se a tabelas de “Snellen” sem que se saiba exatamente o que isso
significa. O problema aumentou com o grande número de publicações que
sugerem que as tabelas com escalas logMAR (logaritmo do ângulo mínimo de
resolução) sejam as mais adequadas para trabalhos clínicos de seguimento de
acuidade visual ou mesmo levantamentos populacionais de acuidade visual (1) .
O presente trabalho pretende discutir de maneira clara e simples os
conceitos subjacentes à construção de tabelas logarítmicas de acuidade
visual, de modo que qualquer oftalmologista seja capaz de confeccionar,
com a ajuda de uma gráfica comercial, tabelas padronizadas para trabalhos
científicos e prática clínica.
Definição de acuidade visual
Acuidade visual, por definição, é o inverso do ângulo visual limiar em
minutos de arco (α). Limiar é um termo usado em vários campos do conhecimento,
muito comum em estudos psicofísicos, para denotar a menor
quantidade de estímulo capaz de gerar uma resposta. No caso da acuidade
visual, o limiar é o menor ângulo que permite a discriminação de dois
pontos como separados (2) . Arbitrariamente, o ângulo visual de 1’ (lê-se um
minuto de arco) foi determinado como acuidade visual padrão. Todavia,
apesar desse ângulo visual aproximar-se mediado limiar de pessoas saudáveis
com aproximadamente 60 anos de idade, ele não é o menor ângulo
de resolução do olho humano, que é estimado teoricamente em 0,75’ para
pupila de 4 mm de diâmetro (3) .
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):96-100
Tabelas para medir acuidade visual com escala logarítmica: porque usar e como construir
97
Notações de acuidade visual
Sem entrar no mérito de qual notação é a mais apropriada
para designar acuidade visual no Brasil, assunto já discutido
apaixonadamente nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia (4) ,
sempre que se inverte qualquer valor de acuidade visual obtém-se
o ângulo visual.
As principais notações utilizadas atualmente são: a decimal,
a fração de Snellen, a frequência espacial e o logaritmo do
ângulo visual.
A notação decimal é obtida tomando-se o inverso do ângulo
visual. Por exemplo, quando acuidade visual é igual a 0,2,
o α é igual a 1/0,2 = 5’. A fração de Snellen exprime a mesma
relação da notação decimal por meio de uma fração cujos
termos podem estar em pés (principal unidade de medida de
comprimento nos Estados Unidos) ou em metros (unidade de
medida de comprimento do sistema internacional). Originalmente,
o numerador da fração representava a distância entre o
paciente e o quadro de medidas e o denominador a distância
em que o teste resultaria em ângulo de 1 minuto de arco.
Todavia, essas frações são usadas para qualquer distância de
medida, ou seja, a acuidade visual notada como 20/70 é muitas
vezes medida a quatro metros de distância (o que não corresponde
a 20 pés ≈ 6 metros). Vale ressaltar que a notação não
está totalmente errada, pois denota o ângulo visual correto,
mas foi usada inapropriadamente.
A notação ciclos/grau (C/°) é usada preferencialmente para
designar a acuidade visual medida com redes quadradas.
Nesse caso, em uma rede de barras pretas e brancas alternadas,
um ciclo é composto por duas barras, e 1 grau é composto
por 60 minutos de arco. Assim, para a acuidade de 1 C/° temos
um ângulo visual de 30 minutos de arco. Transformando para
as outras notações: acuidade visual = 0,03 ou 20/600 ou 6/180,
e acuidade visual de 30 C/° seria o equivalente ao ângulo de 1’,
1,0 decimal, ou 20/20, ou 6/6.
Finalmente, chegamos ao logaritmo do ângulo visual. O
logaritmo de um determinado valor é o expoente que, elevado
a uma base, resulta nesse valor. Por exemplo, na base 10 o
log1 = 0 visto que 10 0 = 1. Outros exemplos: log10 = 1 e o
log 100 = 2, pois 10 1 = 10 e 10 2 = 100.
A tabela 1 relaciona a correspondência entre os diferentes
sistemas de notação de acuidade visual. Notar que é absolutamente
irrelevante optar-se pela notação a ou b. O importante é
o instrumento de medida, ou seja, as tabelas de acuidade
visual. Antes de se discutir como as tabelas são construídas,
é preciso uma breve noção sobre o conceito de escala.
Escalas
Quando se estuda a variação, ou o intervalo de valores de
determinada grandeza em determinada escala, a primeira
questão que se coloca é como esses valores são distribuídos.
O termo escala diz respeito à natureza de distribuição de uma
determinada variação. Por exemplo: 1, 2, 3, 4, 5... etc. é uma
série de progressão aritmética e tem variação conhecida,
igual a 1 entre seus valores. A série de Leonardo de Pisa,
Tabela 1. Notações mais usadas para representar acuidade visual
logMAR Ângulo Decimal Imperial Métrico Frequência
(minuto
espacial
de arco)
(C/°)
1,3 20,0 0,05 20/400 6/120 600
1,2 15,8 0,06 20/317 6/95 475
1,1 12,6 0,08 20/252 6/76 378
1,0 10,0 0,10 20/200 6/60 300
0,9 7,9 0,13 20/159 6/48 238
0,8 6,3 0,16 20/126 6/38 189
0,7 5,0 0,20 20/100 6/30 150
0,6 4,0 0,25 20/80 6/24 119
0,5 3,2 0,32 20/63 6/19 95
0,4 2,5 0,40 20/50 6/15 75
0,3 2,0 0,50 20/40 6/12 60
0,2 1,6 0,63 20/32 6/10 48
0,1 1,3 0,79 20/25 6/8 38
0 1,0 1,00 20/20 6/6 30
-0,1 0,8 1,26 20/16 6/5 24
-0,2 0,6 1,58 20/13 6/4 19
-0,3 0,5 2,00 20/10 6/3 15
também conhecida como série de Fibonacci, 1, 1, 2, 3, 5, 8,
13... etc., é caracterizada pelo fato que o terceiro termo é
sempre a soma dos dois precedentes, ou seja 5 = 2 + 3, 8 = 5 +
3, e está associada a muitas curiosidades, como a proporção
áurea (razão entre um termo e seu antecessor, que converge
para 1,618 quanto maior for esse valor). Esse número foi
frequentemente utilizado em pinturas renascentistas e pode
ser encontrado na proporção de conchas (o nautilus, por
exemplo) e em seres humanos (relação entre o tamanho das
falanges).
Outra possibilidade seria: 2, 4, 8, 16, 32 etc. Nota-se que o
intervalo entre os termos é desigual, porém a razão entre eles é
constante igual a 2, já que 4/2 = 8/4 = 16/8. Esse tipo de escala,
na qual a razão entre os termos é constante, é denominada
geométrica. Uma propriedade interessante das séries geométricas
é que, quando os seus termos são expressos em logaritmos,
a progressão passa a ser aritmética. Por exemplo, na
serie supracitada (2, 4, 8, 16, 32), o log de 2 na base 10 é igual a
0,3; o de 4 é igual a 0,6, o de 8 é igual a 0,9 e assim sucessivamente
(intervalos de 0,3 em escala logarítmica ou razão entre
os termos=2). Essa é a razão das séries geométricas serem
também conhecidas como logarítmicas.
Em tempo, se o log na base 10 da razão entre os números de
uma série é igual a 0,3 (lê-se 0,3 log = 2) diz-se que houve
variação de uma oitava (dobro), enquanto um terço de uma
oitava (0,1 log) é igual a 1 decibel. Logo, decibéis e oitavas são
sempre variações, ou seja, reduções ou aumentos, e não medidas
absolutas.
Fica claro agora que qualquer tabela dita logarítmica tem
como elemento fundamental o fato de que o ângulo visual
varia geometricamente, ou seja, a razão (e não a diferença)
entre os termos é constante.
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):96-100
98 Tabelas para medir acuidade visual com escala logarítmica: porque usar e como construir
Tabelas de acuidade visual
Para permitir a medida, uma tabela de acuidade visual deve
conter um espectro de valores de ângulos visuais. A figura 1
mostra como diferentes tabelas distribuem esses valores entre
as linhas e a figura 2 mostra a distribuição espacial desses valores
nas tabelas. Notar a regularidade da tabela logarítmica e
a arbitrariedade das demais.
É fácil notar que cada fabricante emprega um tipo de variação
próprio e aleatório. Ou seja, na maioria dessas tabelas
não há sistematização dos intervalos angulares medidos. Vale
Figura 1 - Distribuição do ângulo visual medido nas linhas de seis
diferentes tipos de tabela
Figura 2 - Diagrama com a posição das linhas de medida de diferentes
tabelas de aferição da acuidade visual, suas notações e o ângulo
visual medido
ressaltar, que as distâncias entre as linhas e optotipos adjacentes
também não apresentam nenhuma relação com o tamanho
dos optotipos, o que pode causar discrepâncias nas medidas (5) .
O problema da distribuição aleatória dos valores de acuidade
visual na tabela também vem à tona quando examinadores
fazem comparações entre acuidades visuais pela linha
da tabela na qual ela foi medida (ganho de linhas). Nesse
caso, se os intervalos entre a acuidade visual medida nas
linhas de uma tabela não forem regulares e constantes, as
referências numéricas e operações matemáticas (cálculo de
médias, variabilidade e suas relações) podem levar a interpretações
errôneas (3) .
Recomenda-se usar o ângulo visual, ou seu logaritmo (que
pode ser obtido diretamente na tabela de medida), para operações
matemáticas com a acuidade visual, pois este é o valor
quantitativo a ser comparado.
Construção da tabela
A construção das tabelas de medidas tem sido alvo de
inúmeros estudos e controvérsias durante os últimos séculos
(6) . Três conceitos podem ser considerados os principais
consensos que devem ser incorporados na construção de
tabelas para medida da acuidade visual:
(1) o aumento do tamanho do optotipo ao longo da tabela
deve ser em progressão geométrica com razão de
= 0,1 log, ou 1 decibel, ou aproximadamente 1,26,
como proposto por Green em 1905 (7) ;
(2) os optotipos usados devem ter legibilidade similar (8) .
(3) espaçamentos entre as linhas devem ser iguais ao tamanho
do optotipo da linha inferior (5) .
Os primeiros a idealizar uma tabela de medida da acuidade
visual que visava satisfazer esses critérios foram Bailey e
Lovie em 1976 (9) , que foi a principal base para o desenvolvimento,
em 1982, da tabela que é hoje uma das mais aceitas
mundialmente como padrão: a denominada ETDRS (10) .
Todavia, Bailey e Lovie propuseram o uso de 5 letras como
optotipos (que eram as letras usadas na tabela do padrão
britânico da época), e é evidente que, para que a legibilidade
dos optotipos seja similar, a melhor solução é usar o mesmo
optotipo apresentado em diferentes orientações, como no
caso do “C” de Landolt ou o “E”, que na verdade não é a letra
E, mas sim um símbolo construído por três barras pretas
equidistantes intercaladas por barras brancas do mesmo tamanho
e uma base preta, que se assemelha a uma letra E quando
a abertura está para a direita.
Outra vantagem do uso da escala logarítmica está na
possível flexibilidade quanto à distância de medida. Caso
essa tenha que ser alterada, basta optar-se por uma nova
distância que, dividida pela original, resulte na mesma razão
entre o tamanho dos optotipos das linhas subsequentes
( = 0,1 log, ou 1 decibel). Por exemplo, se a distância de
medida original for 6 metros, usando-se a tabela à distância
de 4,8 metros, deve-se adicionar 0,1 log às medidas (pegando-se
a acuidade visual da linha seguinte da tabela). Caso a
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):96-100
Tabelas para medir acuidade visual com escala logarítmica: porque usar e como construir
99
nova distância seja 3 metros, ou seja, a metade da distância
original, o fator a ser adicionado será 0,3 log, ou três linhas
(Tabela 2).
Para a construção da tabela, considerar os valores da tabela
2 referentes às dimensões dos optotipos como mostrados
na figura 3 (“y”) para exames em diferentes distâncias.
O valor “z” (Figura 3) corresponde à distância entre duas
linhas e deve ser igual à altura dos optotipos da linha subja-
cente. E a distância “x” corresponde à distância entre 2 optotipos
na mesma linha e deve ser igual ao tamanho deles no
sentido horizontal (4) . Usar 5 optotipos do tipo “E” por linha em
orientações aleatórias.
Uma tabela padrão está disponível no web-site do departamento
de oftalmologia, otorrinolaringologia e cirurgia da Cabeça
e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -
USP (http://www.fmrp.usp.br/roo/).
Tabela 2. Valores do tamanho dos optotipos em milímetros para exames a oito diferentes distâncias (0,3 a 6 metros)
y (mm)
Decimal d=0,3 cm d=0,4 cm d=0,5 cm d=0,6 cm d=0,8 cm d= 1,0 cm d=1,2 cm d=1,5 cm d=1,9 cm d=2,4 cm d=3,0 cm d=3,8 cm d=4,8 cm d=6,0 cm
0,05 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,742 43,737 55,062 69,318 87,267 109,862 138,308 174,120
0,06 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741 43,737 55,062 69,318 87,267 109,862 138,308
0,08 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741 43,737 55,061 69,318 87,267 109,862
0,10 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741 43,737 55,061 69,318 87,267
0,13 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741 43,737 55,061 69,318
0,16 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741 43,737 55,061
0,20 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741 43,737
0,25 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596 34,741
0,32 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920 27,596
0,40 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412 21,920
0,50 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831 17,412
0,63 0,693 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986 13,831
0,79 0,551 0,693 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727 10,986
1,00 0,437 0,551 0,693 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932 8,727
1,26 0,347 0,437 0,551 0,693 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506 6,932
1,58 0,276 0,347 0,437 0,551 0,693 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374 5,506
2,00 0,219 0,276 0,347 0,437 0,551 0,693 0,873 1,099 1,383 1,741 2,192 2,760 3,474 4,374
Figura 3 - Esquema de uma tabela mostrando os espaçamentos entre as linhas (z), espaçamento entre os optotipos, sua altura e largura (y),
os optotipos são, portanto, quadrados
Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):96-100
100 Tabelas para medir acuidade visual com escala logarítmica: porque usar e como construir
ABSTRACT
Visual acuity represents the visual angle or the smallest distance
between two points that allows their discrimination as separated
points. Although it is the most common clinical measurement of
visual function, it is often misunderstood, especially due to the
variety of charts and different notation systems employed for its
quantification. This article reviews some concepts about visual
acuity measurement, the main notation systems, type of charts
and discuss the advantages of using logarithmic scales.
Keywords: Visual acuity/classification; Optometry/instrumentation
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Simpósio Internacional de Cirurgia
Plástica Ocular e Oncologia Ocular
23 e 24 de abril de 2010
Instituto Benjamin Constant - Rio de Janeiro - RJ
Promoção: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular
Sociedade Brasileira de Oncologia Ocular
Informações:
Tels.: (11) 3858-6503/3858-7194 (Jane)
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Arq Bras Oftalmol. 2010;73(1):96-100
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Os trabalhos devem destinar-se exclusivamente
aos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia,
não sendo permitida sua apresentação simultânea
a outro periódico, nem sua reprodução,
mesmo que parcial, como tradução para outro
idioma, sem autorização dos Editores.
Recomenda-se que os textos em português
sigam as normas da Nova Ortografia da
Língua Portuguesa (2009).
As normas que se seguem foram baseadas
no formato proposto pelo International
Committee of Medical Journal Editors e publicadas
no artigo: Uniform requirements for
manuscripts submitted to biomedical journals,
atualizado em 2008 e disponível no endereço
eletrônico http://www.icmje.org/.
O respeito às instruções é condição obrigatória
para que o trabalho seja considerado
para análise.
Todos os trabalhos, assim que submetidos
à publicação, deverão ter obrigatoriamente
os seguintes formulários encaminhados à Secretaria
dos ABO pelo correio:
• cessão de direitos autorais;
• contribuição de autores e patrocinadores;
• declaração de isenção de conflitos de interesses;
• comprovante de aprovação de um Comitê
de Ética em Pesquisa da Instituição onde
foi realizado o trabalho, quando referente a
Artigos Originais.
Os formulários poderão ser obtidos
para impressão na página do ABO online
(www.aboonline.com.br) link Formulários e
Cartas.
A falta de qualquer destes documentos
implicará na retenção do artigo na Secretaria
Editorial aguardando até que os mesmos sejam
recebidos para que se dê a liberação do
trabalho para análise.
PREPARO DO ARTIGO
REQUISITOS TÉCNICOS
1. O texto deve ser digitado em espaço duplo,
fonte tamanho 12, margem de 2,5 cm de
cada lado, com páginas numeradas em algarismos
arábicos, iniciando-se cada seção em
uma nova página, na sequência: página de
identificação, resumo e descritores, “abstract”
e “keywords”, texto (Introdução, Métodos,
Resultados, Discussão/Comentários),
Agradecimentos (eventuais), Referências,
tabelas, figuras e legendas.
2. Página de identificação: Deve conter: a)
Título do artigo, em português (ou espanhol)
e Título em inglês, que deverá ser conciso,
porém informativo; b) nome completo de
cada autor, sem abreviações, com o mais
elevado título acadêmico e afiliação institucional
(nome completo da instituição que
está filiado) ou, na falta deste, o título obtido
na própria especialidade ou nível do curso
universitário. Recomenda-se que o número
de autores seja limitado a 5 para Relato de
casos e a 8 para Artigos originais; c) indicação
do departamento e nome oficial da Instituição
aos quais o trabalho deve ser atribuído;
d) nome, endereço, telefone e e-mail do
autor a quem deve ser encaminhada correspondência;
e) fontes de auxilio à pesquisa
(se houver).
3. Resumo e descritores: Resumo em português
(ou espanhol) e Abstract em inglês, de
não mais que 3.000 caracteres. Para os artigos
originais, deve ser estruturado, destacando os
objetivos do estudo, métodos, principais resultados
apresentando dados significativos e
as conclusões. Para as demais categorias de
artigos, o resumo não necessita ser estruturado,
porém deve conter as informações importantes
para reconhecimento do valor do
trabalho. Especificar cinco descritores, em
português e em inglês, que definam o assunto
do trabalho. Os descritores deverão ser baseados
no DeCS (Descritores em Ciências da
Saúde) publicado pela BIREME, traduzidos
do MeSH (Medical Subject Headings) da
National Library of Medicine e disponível
no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br.
Abaixo do Resumo, indicar, para os Ensaios
Clínicos, o número de registro na base de
Ensaios Clínicos (http://clinicaltrials.gov)*.
4. Texto: a) Artigos originais: devem apresentar
as seguintes partes: Introdução, Métodos,
Resultados, Discussão/Comentários,
Conclusões e Referências. As citações no
texto deverão ser numeradas sequencialmente
em números arábicos sobrescritos, evitandose
a citação nominal dos autores. As citações
no texto deverão ser numeradas sequencialmente
em números arábicos sobrescritos,
devendo evitar a citação nominal dos autores.
O trabalho deverá ter no máximo 3.000
palavras, 4 imagens, 4 tabelas e conter até 30
referências; b) Relatos de casos: devem apresentar
Introdução, com breve revisão da literatura,
relato do caso, mostrando os exames
importantes para o diagnóstico e o diferencial,
se houver, Comentários e Referências.
Ele deverá ter no máximo 1.500 palavras, 2
imagens, 2 tabelas e conter até 10 referências;
c) Em artigos de Atualização (sobre um
tema, um método, etc.), nos de proposições
teóricas, comunicações, análises de temas
específicos ou com outras finalidades, divisões
diferentes podem ser adotadas, devendo
conter um breve histórico do tema, seu
estado atual de conhecimento e as razões do
trabalho; métodos de estudo (fontes de consulta,
critérios), hipóteses, linhas de estudo,
etc., incluindo Referências. O manuscrito
deverá ter até 4.000 palavras, 4 imagens,
4 tabelas e conter até 40 referências; d)
Cartas ao Editor devem ser limitadas a duas
páginas.
5. Agradecimentos: Colaborações de pessoas
que mereçam reconhecimento mas que não
justificam suas inclusões como autores e, ou
por apoio financeiro, auxílio técnico, etc.
6. Referências: Em todas as categorias a
citação (referência) dos autores no texto
deve ser numérica e sequencial, na mesma
ordem que foram citadas e identificadas por
algarismos arábicos entre parênteses e sobrescrito.
A apresentação deverá estar baseada
no formato proposto pelo International
Committee of Medical Journal Editors
"Uniform Requirements for Manuscripts
Submitted to Biomedical Journals" atualizado
em outubro de 2008, conforme exemplos
que se seguem. Os títulos de periódicos deverão
ser abreviados de acordo com o estilo
apresentado pela List of Journal Indexed in
Index Medicus, da National Library of Medicine
e disponibilizados no endereço: http://
www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez
Para todas as referências, cite todos os autores,
até seis. Nos trabalhos com mais autores,
cite apenas os seis primeiros, seguidos
da expressão et al.
Exemplos de referências:
Artigos de Periódicos
Costa VP, Vasconcellos JP, Comegno PEC, José
NK. O uso da mitomicina C em cirurgia combinada.
Arq Bras Oftalmol. 1999;62(5):577-80.
Livros
Bicas HEA. Oftalmologia: fundamentos. São
Paulo: Contexto; 1991.
Capítulos de livros
Gómez de Liaño F, Gómez de Liaño P,
Gómez de Liaño R. Exploración del niño
estrábico. In: Horta-Barbosa P, editor. Estrabismo.
Rio de Janeiro: Cultura Médica;
1997. p. 47-72.
Anais
Höfling-Lima AL, Belfort Jr R. Infecção herpética
do recém-nascido. In: IV Congresso
Brasileiro de Prevenção da Cegueira; 1980
Jul 28-30, Belo Horizonte, Brasil. Anais.
Belo Horizonte; 1980. v.2. p. 205-12.
102 Instruções para os autores
Teses
Schor P. Idealização, desenho, construção e
teste de um ceratômetro cirúrgico quantitativo
[doutorado]. São Paulo: Universidade Federal
de São Paulo; 1997.
Documentos Eletrônicos
Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica
causada por vigabatrin. Arq Bras
Oftalmol. [Internet]. 2000 [citado 2005 Jan 31];
63(5): [cerca de 4 p.]. Disponível em: http://
www.abonet.com.br/abo/abo63511.htm
Artigos de periódicos eletrônicos em pdf
Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição
campimétrica causada por vigabatrin. Arq
Bras Oftalmol [Internet]. 2000 [citado 2005
Jan 31]; 63(5):387-9. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/abo/v63n5/9631.pdf
Artigos de periódicos eletrônicos com
Digital Object Identifier (DOI)
Oliveira BF, Bigolin S, Souza MB, Polati M.
Estrabismo sensorial: estudo de 191 casos.
Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2006 [citado
2009 Fev 9]; 69(1):71-4. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0004-27492006000100014&lng=en
DOI 10.1590/S0004-27492006000100014
7. Tabelas: A numeração das tabelas deve
ser sequencial, em algarismos arábicos, na
ordem em que foram citadas no texto. Todas
as tabelas deverão ter título e cabeçalho para
todas as colunas. No rodapé da tabela deve
constar legenda para abreviaturas e testes
estatísticos utilizados, e a fonte bibliográfica
quando extraída de outro trabalho.
8. Figuras (gráficos, fotografias, ilustrações,
quadros): O arquivo deve conter a identificação
das figuras, como por exemplo: Gráfico 1,
Tabela 1, Figura 1. No caso de figuras desmembradas
(Figura 1A, 1B) deverão também
ser identificadas uma em cada arquivo.
Os gráficos, figuras e tabelas deverão ser encaminhados
em arquivo separado do texto,
apenas sendo indicada sua localização no
corpo do artigo. Apresentar gráficos simples
e de fácil compreensão. Uniformizar o tamanho
e o conteúdo (corpo e formato das letras)
dos gráficos e tabelas.
Fotografias e ilustrações deverão ter boa resolução
e enquadramento apenas dos elementos
importantes. Preferencialmente em formato
JPG, podendo ser enviadas também em PDF,
TIFF/GIF, EPS. A resolução precisa ser acima
de 300 dpi. Observar a importância do enfoque
porque serão submetidas à redução para uma
ou duas colunas na diagramação do texto.
Cada figura deve vir acompanhada de sua respectiva
legenda em espaço duplo e numerada
em algarismo arábico, correspondendo a cada
item e na ordem em que foram citados no
trabalho.
Será cobrado do Autor do artigo, o excedente
de imag