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A hora e a vez da Educação Profissional - Senac

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pelo Instituto Brasileiro de Geografia e<br />

Estatística (IBGE). Ela analisou pessoas<br />

que realizaram cursos de qualificação<br />

profissional, ensino médio técnico e<br />

graduação tecnológica com o objetivo<br />

geral de informar ao estu<strong>da</strong>nte em potencial<br />

como o mercado de trabalho<br />

tem remunerado diferentes escolhas<br />

educacionais.<br />

Organiza<strong>da</strong> pelo economista Marcelo<br />

Neri, professor e chefe do Centro<br />

de Políticas Sociais <strong>da</strong> FGV, a pesquisa<br />

busca <strong>da</strong>r respostas diretas a questões<br />

do tipo: o que os diferentes cursos de<br />

educação profissional proporcionam de<br />

fato em termos de ganhos salariais? E na<br />

empregabili<strong>da</strong>de? Que curso garante<br />

maior quali<strong>da</strong>de do posto de trabalho<br />

conquistado? É melhor investir na educação<br />

profissional, na educação formal<br />

ou em uma combinação <strong>da</strong>s duas? O<br />

que dá mais retorno, cursos diurnos<br />

ou noturnos? Presenciais ou a<br />

distância? Privados, públicos<br />

ou do Sistema S?<br />

Para Neri, o desafio é fazer estu<strong>da</strong>ntes enxergarem,<br />

por meio de indicadores de<br />

fácil interpretação, os prêmios trabalhistas<br />

<strong>da</strong> opção preferencial por mais<br />

educação nas suas diversas vertentes:<br />

“Até porque há, atualmente, um<br />

aumento inesperado <strong>da</strong> educação<br />

profissional e uma estagnação na educação<br />

formal para jovens. Em março de 2010, 22,1%<br />

dos jovens estu<strong>da</strong>ntes concluíram os cursos de educação<br />

profissional, um crescimento de 75,6% com<br />

relação a 2004.”<br />

[ Apagão de mão de obra? ]<br />

Historicamente, no Brasil, a formação do<br />

trabalhador ficou marca<strong>da</strong> pelo estigma <strong>da</strong><br />

servidão. Segundo Ana Lucia de Alencastro,<br />

assessora <strong>da</strong> Secretaria Executiva do<br />

Ministério do Trabalho e Emprego, responsável<br />

pela implantação <strong>da</strong> Política Nacional<br />

<strong>da</strong> Aprendizagem <strong>Profissional</strong> (veja<br />

entrevista na p. 10), “esse preconceito nas-<br />

“ Os jovens têm<br />

de ser conquistados<br />

para a ideia de que<br />

vale a pena estu<strong>da</strong>r.<br />

Precisam saber que<br />

a educação formal é<br />

fun<strong>da</strong>mental, e<br />

a profi ssional é<br />

um upgrade em<br />

suas vi<strong>da</strong>s”<br />

ceu durante os dois primeiros séculos<br />

de colonização do país, quando<br />

as ativi<strong>da</strong>des manuais e que exigiam<br />

qualquer esforço físico eram realiza<strong>da</strong>s<br />

por escravos ou por mestiços e<br />

brancos pobres”.<br />

Por isso, a dicotomia entre trabalho<br />

manual e intelectual acabou se reproduzindo<br />

no sistema educacional<br />

brasileiro, que supervalorizava o segundo<br />

em detrimento do primeiro. “A<br />

educação profissional tem sido, muitas<br />

<strong>vez</strong>es, considera<strong>da</strong> uma alternativa de<br />

segun<strong>da</strong> classe em prol de um ensino<br />

médio genérico, que tenta fazer muito<br />

com pouca quali<strong>da</strong>de e pouco foco.<br />

Já o ensino superior, percebido como<br />

uma espécie de primeira divisão do<br />

ensino profissional, é inalcançável para<br />

a maioria”, afirma Neri.<br />

O Brasil ain<strong>da</strong> está na contramão de<br />

países mais desenvolvidos, onde é<br />

grande a proporção de alunos que<br />

saem do ensino médio com qualificação<br />

profissional. Na Finlândia, por<br />

Marcelo Neri<br />

exemplo, a taxa é de 88%; no Chile, de 32%. Aqui, onde<br />

há seis estu<strong>da</strong>ntes universitários para ca<strong>da</strong> aluno de curso<br />

técnico, apenas 8% dos jovens concluem um curso<br />

médio de nível técnico.<br />

Especialistas e pesquisadores, como o próprio Neri,<br />

chegam a dizer que o país vive um “apagão de mão de<br />

obra”. Representantes do governo e de associações do<br />

setor privado não concor<strong>da</strong>m com o conceito de apagão<br />

e afirmam que nenhuma obra deixou de ser construí<strong>da</strong><br />

ou uma indústria parou por falta de gente. No<br />

entanto, a pesquisa do Ipea aponta para o fato de que,<br />

apesar de a oferta de mão de obra exceder a deman<strong>da</strong><br />

em mais de 650 mil pessoas, o número esconde reali<strong>da</strong>des<br />

regionais de falta de profissionais qualificados<br />

em diversos setores. Segundo o Ipea, por exemplo,<br />

haverá, este ano, déficit de 187,5 mil trabalhadores<br />

nos setores do Comércio e de Serviços de Reparação,<br />

enquanto nos de Educação, Saúde e Serviços Sociais<br />

faltarão 50 mil trabalhadores. Nos hotéis e restaurantes<br />

(alojamento e alimentação) e na Construção Civil,<br />

o déficit estimado será de, respectivamente, 45 mil e<br />

38 mil profissionais.<br />

Educa Brasil<br />

jul|ago 2010 | correio do senac | nº 700<br />

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