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O CÓDIGO FLORESTAL E A CIÊNCIA Contribuições Para o Diálogo

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São elas que dissipam as forças erosivas do escoamento superficial de águas pluviais, funcionando como<br />

importantes controladores de enchentes (verdadeiros piscinões, como aqueles construídos em grandes<br />

cidades e que tentam imitar a função das áreas de várzea). As várzeas também facilitam a precipitação e<br />

a deposição de sedimentos suspensos na água, reduzindo substancialmente os custos de tratamento de<br />

água para abastecimento. Também têm alta importância biológica porque fornecem alimento, abrigo e<br />

sítios de alimentação e reprodução para muitas espécies, podendo ter ainda valores estéticos e culturais<br />

ímpares.<br />

<strong>Para</strong> as populações ribeirinhas de toda a região amazônica, as várzeas são essenciais, tanto do ponto de<br />

vista econômico – pois auxiliam na manutenção de estoques pesqueiros, assegurando sítios de alimentação<br />

e abrigo para fases jovens de diversas espécies importantes na dieta e na economia das famílias –,<br />

como do ponto de vista social e cultural. Por essas razões, no mundo todo há programas de proteção das<br />

áreas úmidas e de seus serviços ecossistêmicos.<br />

Como signatário da Convenção de RAMSAR (ratificada pelo governo federal no Decreto<br />

1.905/1996), o Brasil se comprometeu com o desenvolvimento de uma política especial de proteção<br />

das zonas úmidas. A retirada da condição de APP das várzeas contraria diretamente esse compromisso<br />

assumido nacional e internacionalmente, reiterado na Declaração de Cuiabá em 2008<br />

(INTECOL WETLAND WORKING GROUP, 2008). A legislação ambiental deveria incentivar<br />

a recuperação destas áreas ao invés de reduzir sua proteção e torná-las mais frágeis e vulneráveis.<br />

Em longo prazo, reduzir o tamanho de APPs na sua largura e extensão ou na exclusão de áreas frágeis hoje<br />

protegidas gera impactos ambientais irreversíveis, colocando, muitas vezes, a própria vida humana em risco.<br />

Mesmo com toda a evolução do conhecimento científico e tecnológico, os custos para restaurar essas<br />

áreas são extremamente elevados e nem todos os serviços ecossistêmicos serão plenamente recuperados.<br />

1.3.3. A importância biológica de topos de morro e áreas com mais<br />

de 1.800 m de altitude<br />

As áreas com mais 1.800 m de altitude representam uma parcela ínfima do território nacional (menos de<br />

1%), porém têm uma importância ecológica muito elevada, por serem áreas com altas taxas de endemismo,<br />

resultado de um longo processo de especiação por isolamento geográfico (RIBEIRO e FREITAS,<br />

2010). Essas áreas de maior elevação abrigam muitas espécies particularmente sensíveis à perturbação do<br />

seu hábitat por terem ocorrência bastante restrita.<br />

46 O <strong>CÓDIGO</strong> <strong>FLORESTAL</strong> E A <strong>CIÊNCIA</strong><br />

<strong>Contribuições</strong> <strong>Para</strong> o <strong>Diálogo</strong>

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