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Revista edicao #2. - IGC - Universidade Federal de Minas Gerais

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2<br />

Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo foi lançado, recentemente,<br />

um empreendimento imobiliário chamado<br />

Edifício Mandarim. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> arquitetura pós-mo<strong>de</strong>rna e<br />

exemplifica uma tendência recente <strong>de</strong> valorização<br />

da cultura chinesa no mundo contemporâneo.<br />

Ver .<br />

– e vírus <strong>de</strong> repulsão a <strong>de</strong>terminada pessoa;<br />

instalação <strong>de</strong> vírus para se falar uma<br />

língua estranha, ou cantar maravilhosamente<br />

bem, instantaneamente; inserção <strong>de</strong><br />

plantas que são controladas cientificamente,<br />

por ter a radiação solar alcançado níveis<br />

perigosos, fazendo com que as temporalida<strong>de</strong>s<br />

das práticas cotidianas não<br />

sejam mais balizadas pelo dia.<br />

Outro aspecto interessante a ser notado<br />

no filme diz respeito à linguagem usada na<br />

narrativa. Como se fosse parte integrante e<br />

natural da língua universal, cuja matriz é o<br />

inglês contemporâneo, há a ocorrência <strong>de</strong><br />

vários vocábulos oriundos <strong>de</strong> outras línguas<br />

faladas no mundo real. As palavras, em sua<br />

maioria oriundas da Europa, usadas pelos<br />

personagens para se comunicar, natural e<br />

corriqueiramente, em qualquer lugar do<br />

mundo on<strong>de</strong> se encontrem, são as seguintes:<br />

palabra, porquoi, al fuera, bueno, comme ça,<br />

salam, par avion, chico, chica, coche, cosa, claro, hasta<br />

luego, papelle, un poco, lo siento, gracias, si, buenos<br />

dias, hombre, no funciona, <strong>de</strong>scontinuado, tu nombre,<br />

n’est-ce pàs, voilà, no lo se, la bas, anch io. E<br />

todos se enten<strong>de</strong>m. É como se fosse uma<br />

espécie <strong>de</strong> esperanto. Ainda que possamos<br />

ver, hoje em dia, a predominância da língua<br />

inglesa nas relações globais, em um futuro<br />

não muito distante po<strong>de</strong> ser que ela<br />

não continue a ser hegemônica. Talvez <strong>de</strong>vêssemos<br />

nos preocupar com o aprendizado<br />

<strong>de</strong> uma língua oriental.<br />

É relevante que, na maior parte do filme,<br />

o cenário seja Xangai. Os autores parecem<br />

querer enfatizar uma tendência no<br />

estreitamento das relações do Oci<strong>de</strong>nte<br />

com o Oriente, em um contexto pós-mo<strong>de</strong>rno<br />

e globalizado. A China alcançou o<br />

patamar <strong>de</strong> quarta maior economia no<br />

panorama econômico mundial, ultrapassando<br />

países europeus como a França e a<br />

Inglaterra. Dessa forma, por que não imaginar<br />

que, no futuro, estaremos falando o<br />

mandarim como segunda língua? Ou que<br />

adotaremos aspectos da cultura chinesa,<br />

como a moda e a arquitetura, 2 ao invés <strong>de</strong><br />

copiarmos mo<strong>de</strong>los europeus?<br />

Estranhamente, mesmo em um contexto<br />

configurado pelo controle do corpo,<br />

da mente, das relações e da liberda<strong>de</strong>, os<br />

personagens parecem estar conformados<br />

com o que lhes foi <strong>de</strong>terminado genética,<br />

política, econômica e culturalmente. Como<br />

um dos personagens secundários da trama<br />

diz: “Aqui, as pessoas não vivem. Elas<br />

sobrevivem” (CODE... 2003, n.p., tradução<br />

nossa). Aparentemente, somente os<br />

dois personagens principais é que burlam<br />

as regras e inserem o imprevisto, o caótico,<br />

o irracional, quando lutam contra o<br />

<strong>de</strong>stino que lhes foi imposto pela socieda<strong>de</strong><br />

em que vivem. Naquele tipo <strong>de</strong> organização,<br />

predominam o cientificismo, a racionalida<strong>de</strong>,<br />

o planejamento, o controle, a<br />

exclusão do erro. A violência a que são<br />

submetidos os personagens não é explosiva<br />

e explícita, mas difusa e sutil, nem por<br />

isso menos aterrorizante.<br />

O espaço e o tempo, na narrativa, são<br />

dimensões modificadas pela nova maneira<br />

<strong>de</strong> estar no mundo, ainda que o rompimento<br />

<strong>de</strong> algumas práticas cotidianas e<br />

institucionais do passado não tenha se dado<br />

<strong>de</strong> forma total. Já o espaço e o tempo do<br />

filme são modulados pelas gran<strong>de</strong>s panorâmicas<br />

e pelos movimentos lentos dos<br />

personagens, que atuam mais na esfera<br />

psicológica do que na física.<br />

A música é um outro elemento extremamente<br />

importante no filme, porque<br />

marca, com relações intertextuais, os lugares<br />

e os tempos psicológicos dos personagens.<br />

Dessa maneira, quando William se<br />

112<br />

Geografias Belo Horizonte 02(1) 109-113 janeiro-junho <strong>de</strong> 2006<br />

RESENHA O espaço da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, em Código 46 Competitivida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>: uma análise comparativa do <strong>de</strong>sempenho<br />

industrial <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, 1985/1996

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