estudo de caso na comunidade do catalão - Revistas.uea.edu.br - uea

Revista Eletrônica Aboré - Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo Manaus - Edição 05 Dez/2010<br />
ISSN 1980-6930<br />
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ESTUDO DE CASO NA COMUNIDADE DO CATALÃO:<br />
TURISMO ALTERNATIVO<br />
COMO FORMA DE POTENCIALIZAR SEUS ATRATIVOS<br />
Jéssica Salgado da Fonseca 1<br />
Selma Paula Maciel Batista 2<br />
RESUMO<br />
Focado no segmento do turismo alternativo, o artigo traz como proposta a possibilidade de potencializar os<br />
atrativos da comunidade do Catalão no município de Iranduba, habitada por cerca de noventa famílias que em<br />
habitações flutuantes sobre o rio Rio Negro, criam na paisagem uma especificidade tipicamente Amazônida. Pela<br />
localização próxima ao encontro das águas e o Porto do Ceasa, sem o entendimento ou conhecimento da<br />
comunidade é comum a presença de visitantes em pequenas embarcações observando o local. O referencial<br />
teórico pautado nos conceitos de desenvolvimento local (BROSE,2000) e gestão participativa (BENI, 2007)<br />
darão subsídios para uma abordagem com foco no segmento do turismo alternativo com base no<br />
desenvolvimento sustentado. Para a investigação se adotou a metodologia da observação participante com o uso<br />
de formulários para obtenção de dados socioeconômico, para o entendimento da dinâmica e modo de vida da<br />
população se utilizou entrevistas abertas e, para compreender e mensurar o grau de expectativa dos comunitários<br />
para com o empreendimento turístico, se realizou uma oficina de enfoque participativo com o uso da técnica de<br />
moderação METAPLAN.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Turismo alternativo, Comunidade flutuante, Desenvolvimento local.<br />
ABSTRACT<br />
Focused on the segment of alternative tourism, this paper a proposal as the possibility of enhancing the<br />
attractiveness of the community in the Catalan town of Iranduba, inhabited by about ninety families in houses<br />
floating on the river Rio Negro, in the landscape create a special typically Amazon . Located close to the meeting<br />
of the waters and the port of Ceasa without understanding or knowledge of the community is common to have<br />
visitors in small boats watching the place. The theoretical framework guided by the concepts of local<br />
development (BROSE, 2000) and participatory management (BENI, 2007) will provide subsidies for an<br />
approach focusing on the segment of alternative tourism based on sustainable development. To research the<br />
methodology adopted is participatory observation with the use of forms to obtain socioeconomic data for<br />
understanding the dynamics and mode of life and open interviews were used to understand and measure the<br />
degree of expectation of the community towards the resort, held a workshop on participatory approach using the<br />
technique Metaplan moderation.<br />
KEYWORDS: Alternative Tourism, Community fluctuating, Local development<br />
1<br />
Bacharel em Turismo pela Universidade Estadual do Amazonas – UEA, Especialista em Turismo e Desenvolvimento Local<br />
pela UEA. jsdf.tur@gmail.com<br />
2<br />
Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia. sbatista@uea.edu.br

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1 INTRODUÇÃO<br />
Com o crescimento da prática do Turismo no mundo, convencionou-se o chamado<br />
“Turismo de Massa”, onde a procura por um determinado destino, geralmente, o de sol e<br />
praia, são maiores. Ao mesmo tempo em que essa prática trouxe impactos positivos, como<br />
uma economia alternativa para a cidade, trouxe também impactos negativos, dentre muitos,<br />
citamos a poluição do meio ambiente e o intenso processo de aculturação, contribuindo para a<br />
perca de identidade dos moradores locais.<br />
Contrapondo ao turismo de massa, visando fugir do caos urbano, da correria das<br />
grandes cidades, o homem volta-se para o campo, buscando através do contato com a natureza<br />
um refugio. Prática que motivou o surgimento de novos segmentos no turismo, como:<br />
Turismo de Natureza, Turismo Ecológico, Ecoturismo, e diversas outras modalidades, todas<br />
oferecendo um contato com a natureza.<br />
Apesar do crescente fluxo de turistas em cada um destes segmentos, não se garante na<br />
escala do lugar o desenvolvimento local. Conceitos estudados por BROSE (2000), na<br />
perspectiva de uma abordagem de gestão participativa e que consiste, segundo que cada<br />
pessoa ou um grupo de uma sociedade tenha poder de decisão acerca de como estruturar<br />
melhor suas vidas, sem deixar de considerar a liberdade de escolha de gerações futuras,<br />
ressaltando assim a dimensão da sustentabilidade, a busca pela equidade social, com<br />
desenvolvimento econômico e participação popular. Ações desenvolvidas de dentro para fora,<br />
em um processo endógeno registrado em pequenos territórios e contingente humanos,<br />
responsáveis pela promoção de um dinamismo econômico e melhora da qualidade de vida da<br />
população.<br />
Este artigo focado no conceito de turismo alternativo de base comunitária, busca<br />
identificar como a prática econômica e a natureza podem contribuir para o desenvolvimento<br />
sustentável na comunidade do Catalão. E se é possível trabalhar com um turismo alternativo<br />
potencializando os elementos naturais e culturais.<br />
A comunidade do Catalão é composta noventa e seis famílias que moram em casas<br />
flutuantes, cenário típico do interior amazônico, e quanto a estes tipos de moradias torna-se<br />
ainda mais específicos, pois não são ribeirinhos – aqueles que vivem a margem do rio – e sim,<br />
de fato, uma comunidade flutuante – localizadas no meio do rio e sem terra firme ao redor.

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São casas construídas com a madeira de assacu, única madeira existente na região amazônica<br />
própria para permitir a flutuação deste tipo de moradia.<br />
2 DESENVOLVIMENTO LOCAL<br />
O desenvolvimento local está associado, normalmente, a iniciativas inovadoras e que<br />
mobilizem a coletividade, articulando as potencialidades locais.<br />
Para Buarque (1999)<br />
Desenvolvimento local é um processo endógeno registrado em pequenas unidades<br />
territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo econômico e<br />
a melhoria da qualidade de vida da população. Representa uma singular<br />
transformação nas bases econômicas e na organização social em nível local,<br />
resultante da mobilização das energias da sociedade, explorando as suas<br />
capacidades e potencialidades específicas. (BUARQUE,1999, p.10)<br />
No contexto da comunidade do Catalão as potencialidades existentes para o turismo<br />
estão no cenário amazônico – cercado pela vegetação - em quem estão inseridos e no modo de<br />
vida dos comunitários.<br />
Apesar de o desenvolvimento local fazer grandes apelos a conteúdos internos, este<br />
sofre influências e pressões do meio externo, seja elas positivas ou negativas, e por ser tratar<br />
de um processo endógeno suas decisões (principalmente econômicas) também serão refletidas<br />
no âmbito regional e nacional.<br />
Brose (2000) em “O que é Desenvolvimento Local?” traz alguns modelos de<br />
desenvolvimento que foram construídos ao longo da história, O inicio da discussão de<br />
desenvolvimento têm como elemento principal erradicar a pobreza no mundo e partir daí foi<br />
traçado vários debates a cerca do melhor modelo de desenvolvimento.<br />
Destaca-se Romão(1991) com um modelo produtivista de desenvolvimento, que no<br />
seu ponto de vista não obteve o resultado esperado, pois este não reverteu o processo de<br />
concentração de renda e diminuição da pobreza entre os brasileiros e conseqüentemente não<br />
proporcionou uma melhor distribuição regional de desenvolvimento.<br />
Estendendo esta discussão para esfera internacional, o argumento utilizado para<br />
explicar a pobreza e a fome no mundo, por exemplo, é a falta de alimento e por isso é<br />
necessário uma agricultura forte, embasada na valorização do homem do campo. E, não nos

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moldes dos EUA cuja produção se pauta em uma agricultura de base patronal, mecanizada<br />
com um grande incentivo dos recursos públicos e intenso uso de agroquímicos.<br />
No entanto a solução para tal problema é mais complexa, pois apenas investimentos<br />
tecnológicos, mão-de-obra assalariada e incentivos públicos, não bastam - é necessário um<br />
trabalho de fortalecimento da democracia e mudança de postura política. Para haver um<br />
desenvolvimento, não basta um país apenas estabilizar a economia é preciso também que se<br />
invista no social, ou seja, investir na qualidade de vida da população, isso implica em ter<br />
acesso a saúde, educação, lazer, condições de gerar renda e uma boa infra estrutura urbana.<br />
Em Brose (2000, p.30) destaca-se a idéia de desenvolvimento humano onde se entende<br />
que para o indivíduo ter qualidade de vida é necessário criar possibilidades de escolhas para<br />
que estes possam optar pela melhor forma de como estruturar suas vidas, sem comprometer a<br />
sustentabilidade dos recursos para as gerações futuras.<br />
3 TURISMO ALTERNATIVO<br />
Nesta perspectiva do desenvolvimento humano proposto por Brose(2000) é que se<br />
potencializa o turismo alternativo como opção de geração de emprego, uma economia<br />
diversificada, melhoras na infra-estrutura, no transporte e na fixação da população no interior.<br />
Por turismo alternativo, para Hitchok (1993), entende-se que,<br />
Este deve ser sustentado nos princípios do diálogo com a população local para que<br />
esta esteja ciente dos seus efeitos, estabelecer princípios sólidos que garantam a<br />
preservação do ambiente, além de serem sensíveis à cultura local e fazer com que o<br />
turismo alternativo gere uma oportunidade aos menos favorecidos na participação<br />
dos lucros. (HITCHOK 1993, p.73)<br />
Por isso a metodologia de enfoque participativo, combinado com um tratamento<br />
político nas negociações dos interesses da comunidade, visa identificar as potencialidades da<br />
comunidade para esta prática.<br />
E para que o segmento de turismo alternativo seja realizado com excelência é<br />
importante a existência de uma gestão participativa, que para Beni (2007, p.143) consiste em<br />
[...] aliar as comunidade às ações que combatam a exclusão social, valorizem suas histórias e<br />
permitam que a identidade local seja reconquistada, e trabalhar uma conscientização de que<br />
forma podem contribuir para o bem-estar da sua comunidade.

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Ressalta-se também a necessidade de se identificar quais os anseios de base local, para<br />
que possam ser trabalhadas de forma conjunta (comunidade e estado) e multidisciplinar, e<br />
assim gerar subsídios para a sua inserção no processo regional de desenvolvimento.<br />
4 METODOLOGIA DE ENFOQUE PARTICIPATIVO<br />
Baseado no conceito de turismo alternativo é que se buscou trabalhar na comunidade<br />
Lago do Catalão, primeiramente levantando dados do local na perspectiva de traçar o perfil<br />
dos moradores, e saber quais suas percepções e relação com o local em que vivem. Para tal,<br />
foi realizado um trabalho de inventario através da aplicação de um formulário<br />
socioeconômico e entrevista com a líder da comunidade e os moradores. Em seguida foi<br />
realizada uma oficina com a participação destes atores 3 com o objetivo de identificar se a<br />
comunidade reconhece no limite do seu território o potencial para o turismo.<br />
No dia 23 de abril de 2010 foram aplicados dezoito formulários, contendo quatorze<br />
perguntas com o objetivo de identificar o perfil socioeconômico dos moradores, e cinco<br />
perguntas com o objetivo de favorecer ao pesquisador a percepção da relação da comunidade<br />
com seu entorno. No universo de 96 famílias, os dezoito questionários foram aplicados de<br />
forma aleatória<br />
A entrevista com a líder da comunidade, a senhora Raimunda Pereira Viana permitiu<br />
obter um levantamento histórico do local. Segundo informações, a comunidade pertence ao<br />
município de Iranduba distante 39 km de Manaus.<br />
Nossa comunidade foi registrada em 1994, com muita luta e esforço, conseguimos<br />
nos mobilizar para registrar, no papel está registrada como Associação Comunitária<br />
Nossa Senhora Aparecida Lago do Catalão, mas todo mundo conhece como<br />
comunidade do Catalão. (Líder comunitária Raimunda Viana, entrevista concedida<br />
em 23 de abril de 2010)<br />
Para avançar na investigação, se utilizou a técnica da oficina de enfoque participativo,<br />
realizada no dia três de junho de 2010 na sede da escola, com a participação 27 comunitários,<br />
entre 16 adultos e 11 crianças uma oficina de enfoque participativo através da técnica<br />
METAPLAN, usando recursos de tarjetas, favorecendo a visualização.<br />
Para Cordioli a metaplan caracteriza-se pelas:<br />
3 Termo utilizado para referir-se aos envolvidos na atividade turística.

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[...] técnicas de moderação e de visualização móvel (fichas coloridas) no trabalho com<br />
pequenos grupos. Foi desenvolvido a partir dos anos 70, por uma empresa de consultoria alemã<br />
orientada para a capacitação de executivos de empresas - Metaplan GmbH. Esses<br />
instrumentos foram desenvolvidos em uma época em que a sociedade passou a exigir maior<br />
espaço para a participação nas tomadas de decisão e orientação dos processos segundo os<br />
desejos e necessidades de todos os diferentes grupos envolvidos. Para assegurar essa maior<br />
demanda por participação, foram desenvolvidos métodos e instrumentos que efetivamente<br />
pudessem viabilizar esse propósito. (CORDIOLI 2001, p.25)<br />
A oficina realizada era com enfoque participativo, ou seja, todo conhecimento e serem discutidas<br />
seria junto com os moradores. Segundo Cordioli (2001) apud Krap-Pitz (1998) “o enfoque participativo<br />
pode ser entendido como uma aproximação sistemática a processos de grupos buscando mobilizar seus<br />
potenciais e fornecer-lhes instrumentos para melhorar as suas ações pelas contribuições dos<br />
participantes e em que se manifesta e incorpora o meio socioeconômico e cultural de cada situação.”<br />
5 CATALÃO – RESULTADO E ANÁLISES<br />
.<br />
Catalão é uma língua românica originada do latim, falada atualmente por 10 milhões<br />
de pessoas, principalmente nas províncias de Barcelona, capital da Espanha. Na etimologia da<br />
palavra, catalão que dizer o espanhol que busca sua independência.<br />
Apesar de ser registrada no ano de 1994, não há conhecimento do ano em quem ela<br />
passou a ser ocupada. “Cheguei aqui no ano de 1989, mas já existiam moradores aqui, sei que<br />
os primeiros a chegar aqui foi o seu João Borges”. (Líder comunitária Raimunda Viana, 2010)<br />
Atualmente existem 96 casas e o total de 331 moradores e estas não possuem um<br />
sistema de destinação dos dejetos, a água que recebe os dejetos é a mesma utilizada para<br />
tomar banho e cozinhar.<br />
A comunidade dispõe também de cinco pontos comerciais, identificados como<br />
“mercadinhos” e uma escola com ensino fundamental até o 1º ano do ensino médio, e para<br />
continuar os estudos, para aqueles que têm condições, vêem a Manaus. O lazer dos moradores<br />
está nos jogos de futebol (homens, mulheres e crianças) que, geralmente, ocorrem em Manaus<br />
em uma quadra na Vila da Felicidade (bairro situado ao lado do Porto do Ceasa).<br />
Através do questionário, podemos avaliar a procedência desses moradores e sendo a<br />
maioria (17%) do município de Carauari, e a motivação para tal mudança está na proximidade<br />
com a Capital e ao mesmo tempo ser um local tranqüilo. Outra questão pontuada foi a cerca<br />
do nível de escolaridade, sendo que 50% dos entrevistados nunca foi a uma escola, tal<br />
informação torna relevante a implantação de um projeto turístico na comunidade.

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Sobre o transporte próprio (canoa ou rabeta) 67% das moradias possuem, o fato de<br />
terem transporte próprio – alguns com boa capacidade de carga - sinaliza uma autonomia com<br />
relação a investir em um projeto de turismo alternativo de base comunitária.<br />
A respeito de quem contribui para o sustento da casa verificou-se que a maior<br />
contribuição 83%, vem do casal, o filho ao casar não é um agregado da família, este constitui<br />
seu próprio lar. Dos 83% que sustentam a família, 67% são autônomos e o mesmo índice –<br />
67% - trabalha na própria comunidade. O que sinaliza já haver uma base de relações sociais<br />
estabelecidas, com foco na extração e comercialização da madeira e pesca. Com a<br />
implantação do turismo, esta realidade poderá ser mudada<br />
Sobre a renda mensal dos moradores resultou que 56% recebem um salário mínimo,<br />
reforçando a importância do turismo para o desenvolvimento local. Foi questionado sobre<br />
quais famílias recebiam o beneficio do governo bolsa família e o resultado foi que 78%<br />
recebiam, a partir desta informação podemos entender que a política pública que deveria ser<br />
realizada pelo estado se resume em um elevado número de famílias que recebem o bolsa<br />
família, contribuindo para a permanência de um estado de falta de iniciativa da população.<br />
Visando uma perspectiva de hospitalidade, investigou-se sobre a quantidade de<br />
pessoas e o tamanho das casas. A média de moradores é de 4 e 5 pessoas e os cômodos fica na<br />
média (53%) de 3 cômodos, o número de cômodos ressalta a idéia de que são raras as casas<br />
que possuem mais de uma família, tornando-se assim mais fácil uma possível acomodação de<br />
turista na própria casa dos moradores oferecendo ao turista maior contato com o dia a dia do<br />
caboclo.<br />
Para entender a relação que os moradores têm com o meio em quem vivem, 100% dos<br />
entrevistados afirmaram gostar de morar no Catalão e sobre o que mais gostam, 59% alegou<br />
ser a tranqüilidade, 18% a falta da violência, 9% a possibilidade de pesca e plantio, 5% ser<br />
próximo a capital e família, e 4% ter água em abundancia, estes são pontos fortes que poderão<br />
ser potencializados na perspectiva do turismo na comunidade.<br />
E sobre o que não gostam, 54% apontou a falta de empregos e oportunidades como o<br />
maior fator negativo, é um ponto fraco que poderá ser minimizado a partir da implantação da<br />
atividade turística com enfoque participativo.<br />
E ao final foi perguntado o que na opinião deles poderia ser melhorado no Catalão,<br />
63% acredita que poderia ser construído um centro comunitário que abrigasse um espaço para<br />
a produção de artesanato e visitação turística, gerando assim um meio de renda alternativo

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para os moradores, 21% vêm à necessidade de um posto de saúde e 16% aposta na melhoria<br />
da escola com melhores materiais, merenda escolar e professores. Observa-se que está claro<br />
para os moradores as suas necessidades básicas e a forma como suprir e que um dos caminhos<br />
para geração de renda está no turismo.<br />
Utilizando técnicas de observação pode-se perceber que o Catalão está inserido em um<br />
cenário tipicamente amazônico, cercado por paisagem natural e segundo os moradores, o local<br />
costuma receber visitação turística diariamente, mas estes não têm retorno financeiro destas<br />
visitas, pois geralmente são turistas hospedados em hotéis de selva em Iranduba e turistas que<br />
partem do Porto do Ceasa com guias particulares, que realizam passeios até o encontro das<br />
águas e apreciação das vitórias-régias, e os guias costumam estender a visita até o Catalão,<br />
mas essas visitas não são feitas de forma acordada com os moradores.<br />
Através da pesquisa conclui-se que a relação dos moradores em seu espaço vivido<br />
ultrapassa as linhas do abstrato, por conhecer de forma intima, eles se identificam com a<br />
paisagem dando possibilidade para agregar valor como um produto turístico. Além disso, eles<br />
têm consciência do seu potencial para o turismo e tem uma idéia de que forma este pode ser<br />
trabalhado – construção de um centro comunitário – mas faltam-lhes informações técnicas<br />
para atingir este objetivo.<br />
No primeiro momento, para sensibilização, foi exibido um vídeo produzido pelo<br />
Ministério do Turismo, com foco no Programa Nacional de Municipalização do Turismo<br />
(PNMT), desenvolvido na comunidade indígena mucuxi. Em seguida o moderador<br />
questionou: sobre o que fala o vídeo? E se é possível pensar em um projeto assim para o<br />
Catalão? As contribuições foram escritas na lousa e, entre as respostas se obteve: “eles<br />
estavam falando de turismo na comunidade indígena”. Em seguida, o moderador lançou a<br />
pergunta norteadora: É possível pensar um projeto assim para o Catalão? Todos responderam<br />
que sim, após este momento a sala foi dividia em quatro equipes e foi pedido que criassem um<br />
nome para cada equipe. Em seguida se abriu com uma pergunta: O que é Turismo? Após a<br />
socialização das respostas se explicou o conceito de atrativos. Abrindo-se para a pergunta<br />
seguinte: Quais atrativos existem na comunidade? Os resultados estão expressos no quadro<br />
abaixo.<br />
NOME DA EQUIPE CONCEITO DE TURISMO ATRATIVOS<br />
IDENTIDIFICADOS<br />
É a forma de mostrar nossa<br />
Quinteto fantástico e a<br />
cultura, através da pesca e<br />
surfista prateada<br />
artesanato<br />
Natureza e Frutas

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Tupinambá<br />
Tementes a Deus<br />
As gostosas<br />
É o conhecimento de outras<br />
culturas<br />
Um local que tem atrativos e está<br />
organizado<br />
É um meio de sobrevivência<br />
A comunidade flutuante; encontro<br />
das águas; Pesca; Artesanato;<br />
Comida típica; Viveiro de<br />
Pirarucu; Plantação sob a água.<br />
Casas flutuantes; Criação de<br />
pirarucu; Crianças indo a escola de<br />
canoa.<br />
Vitória Régia; Encontro das águas;<br />
Plantação sob as águas; Peixes;<br />
Flutuantes<br />
Fonte: Dados obtidos com a oficina de enfoque participativo<br />
Baseado nos resultados obtidos com a oficina se pode perceber que de uma forma<br />
empírica, o conhecimento sobre turismo dos comunitários não se difere muito do que se<br />
aprende na academia.<br />
Foto: Jéssica Salgado.<br />
Quanto aos atrativos, foram enumerados treze itens e destes, eleitos quatro prioritários.<br />
O primeiro artesanato, o segundo pesca, em seguida a gastronomia (comida) e por último o<br />
pomar flutuante. Apesar destes atrativos elencados, a comunidade em si já é um atrativo e<br />
para se consolidar como ponto turístico é necessário uma infra-estrutura básica e turística.<br />
Apesar de não haver conhecimento técnico, ao serem questionados como transformar a<br />
comunidade em um ponto turístico tipicamente amazônico, citam como primeira prioridade a<br />
organização do artesanato. Embora não tenham efetivamente a produção deste, entende-se que

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para eles, o artesanato seria um ponto de convergência entre o turista e um ponto de partida<br />
para as demais atividades.<br />
Paralelo à dinâmica com os adultos, foi realizada uma atividade com as crianças onde<br />
foi solicitado que desenhassem alguma coisa ou lugar que os turistas gostariam de ver na<br />
comunidade. As figuras mais freqüentes foram os peixes, o tracajá – espécie de tartaruga, em<br />
abundância na região – vitória régia (planta aquática) e os modelos de casa flutuante. Como o<br />
reproduzido na imagem abaixo, onde os corações desenhados sinalizam o sentimento das<br />
crianças com relação ao espaço vivido. Atrativos que poderão ser valorizados para<br />
potencializar o turismo no Lago do Catalão como alternativa econômica para o<br />
desenvolvimento local.<br />
Foto: Jéssica Salgado.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Através do estudo, por meio da realização da oficina junto aos comunitários se<br />
verificou que talento e potencial existem. No entanto falta, para esta localidade, uma atuação<br />
efetiva dos órgãos públicos ligados ao turismo. Pela proximidade do Lago do Catalão ao<br />
limite do espaço urbano de Manaus, pensar um projeto turístico para esta localidade seria uma<br />
alternativa com foco no desenvolvimento local e valorização dos atrativos existentes. Outro<br />
fator relevante com o estudo foi identificar o potencial da metodologia de enfoque<br />
participativo com uso da técnica Metaplan. Método que, se levado ao “pé da letra”, aplicado

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com o tempo necessário para que a comunidade absorva a proposta e se sinta segura para<br />
expor suas demandas, torna-se sem dúvida uma ferramenta com poder de garantir a exposição<br />
de propostas, de fato, voltadas à realidade da comunidade. Contemplando desta forma práticas<br />
para a construção de uma proposta que garanta para o Amazonas um turismo em bases<br />
sustentáveis.<br />
REFERÊNCIAS<br />
BENI, Mario Carlos. Turismo de base local: Identidade cultural e<br />
desenvolvimento regional / Giovanni Seabra (organizador) – João Pessoa: Editora<br />
UNIVERSITÁRIA / UFPB, 2007.<br />
BROSE, Markus. Fortalecendo a democracia e o Desenvolvimento local: 103<br />
experiências inovadoras no meio rural gaucho / Markus Brose – Santa Cruz do<br />
Sul: EDUNISC, 2000<br />
Globalização e desenvolvimento local sustentável. In: BUARQUE, S. C Metodologia de<br />
planejamento do desenvolvimento local e municipal sustentável. 2.ed. Recife: IICA, 1999.<br />
CORDIOLI, Sergio. Metodologia participativa: uma introdução a 29<br />
instrumentos / Markus Brose (Org.) – Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001, - 312p.