26.09.2014 Views

ISSN: 1808-6969

Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!

Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.

<strong>ISSN</strong>: <strong>1808</strong>-<strong>6969</strong>


das Faculdades Integradas<br />

Pitágoras<br />

EDITORES CIENTÍFICOS RESPONSÁVEIS<br />

Antônio Prates Caldeira<br />

Rosina Maria Turano Mota<br />

CORPO EDITORIAL<br />

Ana Cláudia Chesca - Uniube<br />

Carlos Eduardo Mendes D´Angelis - FIPMoc<br />

Cynara Silde M. Veloso - UNIMONTES - FIPMoc<br />

Dalton Caldeira Rocha - UNIMONTES - FIPMoc<br />

Daniela A. Veloso Popoff - UNIMONTES - FIPMoc<br />

Dorothea Schmidth França - FIPMoc<br />

Fernanda Costa - FIPMoc<br />

Humberto Gabriel Rodrigues - FIPMoc<br />

Josiele Cintia de Souza Rocha - FIPMoc<br />

Layrton Ferreira da Silva - FIPMoc<br />

Leandro Luciano da Silva - FIPMoc<br />

Marcos Vinícius Macedo de Oliveira - FIPMoc<br />

Maria Fernanda Santos Figueiredo Brito - FIPMoc<br />

Marley Garcia Silva - IFB/ Brasília<br />

Marta Verônica V. Leite - UNIMONTES<br />

Pablo Peron de Paula - FIPMoc<br />

Ramon Alves de Oliveira - FIPMoc<br />

Regina Célia Lima Caleiro - UNIMONTES<br />

Roseane Durães Caldeira - FIPMoc<br />

Sheila Abreu Mourão - FIPMoc<br />

Thaís Cristina Figueiredo Rego - FIPMoc<br />

ORGANIZADORES<br />

Antônio Carlos Moreira da Costa Júnior<br />

Sheila Abreu Mourão<br />

EDITORA EXECUTIVA<br />

Maria de Fátima Turano<br />

CAPA<br />

Ilimitada Propaganda<br />

Expediente<br />

Publicação das Faculdades Integradas Pitágoras<br />

Montes Claros - Minas Gerais - Brasil<br />

Ano: 11 - n. 18 - Dezembro 2013<br />

Suplemento Especial Engenharia Civil<br />

<strong>ISSN</strong> <strong>1808</strong>-<strong>6969</strong><br />

Cursos Integrados Periódicos<br />

ASSESSORIA DE REVISÃO LINGUÍSTICA<br />

Rosane Bastos<br />

4<br />

5<br />

11<br />

19<br />

26<br />

33<br />

38<br />

45<br />

Editorial<br />

Artigos Originais<br />

Sumário<br />

EDITORIAL<br />

COSTA JUNIOR, Antônio Carlos Moreira da<br />

DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE<br />

RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NAS<br />

ADJACÊNCIAS DA LINHA FÉRREA DE MONTES CLAROS-<br />

MG<br />

PEREIRA, Cláudio Henrique Castilho; SILVA, Jairo César; BRITO,<br />

Jefferson Almeida; AZEVEDO NETO, João Afonso; OLIVEIRA, Thiago;<br />

ARAÚJO, Vicente Cardoso; COSTA JUNIOR, Antonio Carlos Moreira da<br />

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES DE<br />

ENGENHARIA CIVIL EM RELAÇÃO À NECESSIDADE DE<br />

GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

MATOS, Pedro Henrique Ramos; CARMO, Vanessa Coelho Nascimento;<br />

FONSECA, Paulo Augusto Gomes; COSTA, Mateus Froes; MOURÃO,<br />

Sheila Abreu<br />

CAUSAS DOS ABALOS SÍSMICOS NA CIDADE DE<br />

MONTES CLAROS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

SANTOS, Aureo; EVANGELISTA, Frederico; RIBEIRO, Paulo;<br />

ROBERTO, Patrick; MOURÃO, Sheila Abreu, SILVA, André Fernando<br />

SISTEMA SOLAR PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA DO<br />

CHUVEIRO DE CASAS POPULARES NA CIDADE DE<br />

JANAÚBA, MINAS GERAIS, BRASIL<br />

OLIVEIRA, Amanda Alves de; MIRANDA, Dalila Alves; BATISTA, Érico<br />

Mateus; SANTOS, Flávia Thaís Pereira; SILVA, Jenny Efigênia; MOURÃO,<br />

Sheila Abreu; MOTA, Emerson Batista Ferreira<br />

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE VETORES NA<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

BARRETO, Anna Carolina de Sousa; ANDRADE, Maria Eduarda Silva;<br />

BRAGA, Marianne Rodrigues; GOMES, Melissa Miriam Martins;<br />

CARDOSO, Silvia Cibelle Silva; LEITE, Thais Cunha; PINHO, Thamires<br />

Araújo; COSTA JUNIOR, Antonio Carlos Moreira da<br />

ANÁLISE DAS TENSÕES OCORRIDAS EM EDIFICAÇÕES<br />

SUBMETIDAS A ABALOS SÍSMICOS NO MUNICÍPIO DE<br />

MONTES CLAROS-MG<br />

MOTA, Alisson Frederico Piranga; SOUZA, Bruna Larissa Freire; XAVIER,<br />

Érick Samuel Lourenço; SILVA, Fabiano; ALMEIDA, Miguel; BRAGA,<br />

;<br />

Tatiana Silva; AGUIAR, Thiago Willer Teixeira de ; COSTA JUNIOR,<br />

Antonio Carlos Moreira da<br />

A METODOLOGIA CIENTÍFICA JUNTO À ENGENHARIA<br />

CIVIL<br />

MOURÃO, Sheila Abreu; COSTA, Daniele Kennedy Gomes; GERMANO,<br />

Débora Antunes; OLIVEIRA, Érica Letícia Dourado; SILVA, Moises<br />

Meireles<br />

EDITORAÇÃO<br />

Fabrício Rodrigues Leite<br />

IMPRESSÃO<br />

Gráfica Giordani<br />

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA<br />

Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros<br />

Av. Profa. Aída Mainartina Paraíso, 80<br />

Ibituruna - Montes Claros/ MG<br />

CEP: 39.400-082 - Fone/Fax: 38-3214-7100<br />

www.fip-moc.edu.br<br />

É permitida a reprodução de artigos desta revista desde que citada a fonte.<br />

50<br />

57<br />

65<br />

77<br />

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE PONTE DE MACARRÃO<br />

CAMARGO, Cleiton Nogueira; SOARES, Rodney Monteiro<br />

Artigos de Revisão<br />

O USO DE FIBRAS DE AÇO COMO REFORÇO DE<br />

CONCRETO PARA PISOS INDUSTRIAIS<br />

SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos; RUAS, Débora Fernanda; COSTA,<br />

Márcio José Neres<br />

REFORÇO E REPAROS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO<br />

ARMADO<br />

SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos; OLIVEIRA, Isabela Souto; SOUSA,<br />

Osmano de<br />

REGRAS EDITORIAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS<br />

NA REVISTA MULTIDISCIPLINAR DAS FIPMoc


Editorial<br />

EDITORIAL<br />

COSTA JUNIOR, Antônio Carlos Moreira da<br />

Coordenador do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />

Expressar-se por escrito, comunicar-se por meio<br />

da escrita - essas referências, no que tange ao registro<br />

e divulgação de pesquisas, tornam as publicações no<br />

suplemento tecnológico da Revista Multidisciplinar<br />

um desafio instigante, que requer dedicação,<br />

compromisso, ética e responsabilidade científica por<br />

parte dos autores.<br />

O suplemento da Revista Multidisciplinar vem<br />

inovar e, acima de tudo, incentivar os discentes e<br />

docentes dos cursos das áreas tecnológicas das<br />

FIPMoc a pesquisar - e, quem sabe, até inovar<br />

mesmo-, descobrindo ou aprimorando novos<br />

produtos, serviços ou processos.<br />

Os primeiros passos a formação do alicerce foi<br />

sacramentada. Diante das atitudes e processos<br />

formatados, destaca-se a concretização da primeira<br />

revista destinada especificamente às áreas<br />

tecnológicas. Procedeu-se à constituição do corpo de<br />

orientadores docentes, à organização do processo de<br />

apoio aos discentes pesquisadores, com o objetivo de<br />

publicarmos nossos trabalhos, frutos das pesquisas e<br />

projetos acadêmicos de nossa instituição, assim<br />

como de iniciarmos o processo de construção de uma<br />

revista própria.<br />

Ao concretizarmos a primeira edição de nosso<br />

suplemento, torna-se essencial a participação e<br />

comprometimento de todos os nossos conselheiros<br />

de nível superior, professores, acadêmicos e<br />

funcionários, instados a participarem da construção<br />

e manutenção deste projeto. Com o passar dos<br />

tempos, esperamos que nossos acadêmicos criem<br />

conexões entre o ambiente científico da pesquisa e a<br />

importância de inovar e pesquisar.<br />

Buscamos, assim, proporcionar a nossos leitores<br />

artigos científicos de revisão bibliográfica,<br />

experimentação e estudos de caso das diversas áreas<br />

tecnológicas, apoiando e auxiliando o entendimento<br />

de situações, casos e patologias ocasionados e<br />

ligados às áreas tecnológicas.<br />

Este trabalho, uma vez iniciado, deverá resistir<br />

às intempéries e dificuldades, tendo como base,<br />

sempre, a importância de pesquisar e inovar. É e será<br />

sempre assim, requerendo esforço e dedicação de<br />

todos os envolvidos.<br />

04<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS<br />

SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NAS ADJACÊNCIAS DA<br />

LINHA FÉRREA DE MONTES CLAROS-MG<br />

PEREIRA, Cláudio Henrique Castilho*; SILVA, Jairo César*; BRITO, Jefferson Almeida*; AZEVEDO NETO, João Afonso*;<br />

OLIVEIRA, Thiago*; ARAÚJO, Vicente Cardoso*; COSTA JUNIOR, Antonio Carlos Moreira da.**<br />

*Curso de Engenharia Civil das FIPMoc; ** Coordenador do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />

RESUMO<br />

A construção civil é o setor que mais cresce em todo o<br />

país, entretanto o aumento da demanda na área não<br />

gera apenas desenvolvimento, mas também diversos<br />

problemas ambientais. O estudo teve como objetivo<br />

diagnosticar a disposição de resíduos sólidos da<br />

construção civil nas adjacências da linha férrea em<br />

Montes Claros-MG. O presente trabalho contou com<br />

pesquisas de abordagem bibliográfica e quantitativa,<br />

com objetivo exploratório. O diagnóstico da região<br />

foi feito através da pesquisa de campo que abordou<br />

uma área da linha férrea próximo à Avenida João<br />

Luiz de Almeida. Registraram-se fotos do ano de<br />

2011(Fonte: Google Street-View), que mostram a<br />

existência de entulhos no local. Posteriormente,<br />

foram tiradas fotos, in loco, no ano de 2013, para<br />

serem comparadas com as anteriores. O<br />

procedimento da pesquisa quantitativa consistiu em<br />

um questionário aplicado a 15 moradores que<br />

residem próximo à linha férrea, para verificar as<br />

causas da irregularidade e relatar se houve alguma<br />

mudança considerável durante o período. Os<br />

resultados obtidos através do levantamento<br />

fotográfico foi que, entre os anos de 2011 e 2013,<br />

constatou-se um aumento em relação à quantidade de<br />

resíduos. Os resultados extraídos do questionário<br />

mostram os moradores apontam a falta de<br />

conscientização como principal responsável pela<br />

irregularidade no local. Apenas 13% dos moradores<br />

afirmaram haver mudanças consideráveis,<br />

destacando a ocorrência do problema na região.<br />

Assim, torna-se imprescindível a mudança de<br />

postura da sociedade, pois somente a<br />

conscientização e a utilização de técnicas<br />

sustentáveis são medidas capazes de promover o<br />

desenvolvimento urbano controlado.<br />

Palavras-chave: Problemas ambientais.<br />

Conscientização.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A construção civil é responsável por um alto<br />

índice de produção de resíduos sólidos que<br />

envolvem diretamente todo o meio biótico. Cada<br />

vez mais cresce a demanda em relação à procura de<br />

novas técnicas que possam suprir a disponibilidade<br />

dos atuais recursos naturais ou até substituí-los.<br />

Sendo assim, um dos maiores desafios da<br />

engenharia moderna consiste na elaboração de<br />

novas alternativas que visam manter o meio físico e<br />

biótico equilibrados, satisfazendo ambas as partes.<br />

Um fator relevante para atender esse requisito está<br />

ligado ao manejo dos resíduos sólidos oriundos da<br />

construção civil, bem como sua disposição no meio<br />

urbano.<br />

A construção civil é um dos setores<br />

atualmente que mais geram resíduos sólidos na<br />

região urbana. Sendo assim, um dos maiores<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

05


Artigo Original<br />

desafios da temática ambiental é o desenvolvimento<br />

de técnicas que possibilitem atenuar os impactos<br />

negativos causados ao meio ambiente, como, por<br />

exemplo, lotação dos aterros sanitários, e a má<br />

deposição dos resíduos em geral.<br />

A grande geração de resíduo de construção civil<br />

em cidades de grande e médio porte tem sido um<br />

problema crônico que envolve questões de<br />

ordem ambiental, social e financeiro,<br />

principalmente porque grande parte deste<br />

material gerado normalmente é disposta de<br />

forma irregular em lugares como vias, rios,<br />

córregos, terrenos baldios e áreas mananciais.<br />

Desta forma, descartado ilegalmente, o resíduo<br />

de construção pode trazer riscos à população em<br />

função de dois aspectos relevantes: atração de<br />

transmissores de doenças e entupimento de<br />

bueiros e assoreamento dos recursos hídricos,<br />

que implicam no aumento de enchentes nas<br />

estações chuvosas. (MOTTA; BERNUCCI;<br />

MOURA, 2004, p. 259)<br />

A deposição adequada dos resíduos sólidos<br />

gerados da construção civil é necessária, para que se<br />

tenha um saneamento e higiene na área urbana. É<br />

importante,<br />

além disso, para evitar vetores de<br />

doenças transmissíveis, como ratos, moscas e<br />

mosquitos. A principal preocupação é a escassez de<br />

áreas adequadas para deposição dos resíduos<br />

sólidos, pois elas apresentam altos custos e baixa<br />

disponibilidade. (HORTEGAL; FERREIRA;<br />

SANT'ANA, 2009)<br />

Resolução nº 307 da CONAMA (2002):<br />

prescreve que os resíduos de construção que<br />

podem ser reutilizados ou reciclados para<br />

produção de agregados são aqueles que se<br />

enquadram na chamada “Classe A”. Esta<br />

categoria engloba os resíduos provenientes de:<br />

(I) construção, demolição, reformas e reparos de<br />

pavimentação e de outras obras de infraestrutura,<br />

incluindo solos provenientes de terraplanagem;<br />

(II) construção, demolição, reformas e reparos<br />

de edificações tais como componentes<br />

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas e placas de<br />

revestimento, etc.), argamassa e concreto; (III)<br />

processo de fabricação e/ou demolição de peças<br />

pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,<br />

meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de<br />

obras (MOTTA, 2005 apud HORTEGAL;<br />

FERREIRA; SANT'ANA, 2009, p.4).<br />

A utilização dos resíduos de construção e<br />

demolição em obras de pavimentação mostrou-se<br />

uma medida viável, considerando a disponibilidade<br />

e a existência do material e tecnologia de<br />

reciclagem. Em cidades do Brasil e no exterior, os<br />

usos de agregados em pavimentos estão<br />

apresentando resultados satisfatórios e<br />

interessantes, proporcionando a substituição de<br />

materiais naturais e/ou não renováveis,<br />

essencialmente em vias de baixo fluxo de tráfego<br />

(HORTEGAL; FERREIRA; SANT'ANA, 2009).<br />

O uso de materiais não convencionais em<br />

pavimentação, a exemplo dos resíduos sólidos<br />

da construção civil, representa uma alternativa<br />

de reduzir custos de obras rodoviárias. Além<br />

disso, essa ação coopera com a redução dos<br />

impactos ambientais causados pela deposição<br />

irregular dos resíduos sólidos oriundos da<br />

construção civil (QUEIROZ; MELO, 2010.<br />

p.2).<br />

O gerenciamento e o manejo de resíduos é a<br />

forma adequada de lidar com os resíduos<br />

produzidos na construção civil, e é importante para<br />

haver um planejamento de deposição dos resíduos<br />

gerados, a fim de que possam ser reciclados, quando<br />

possível, senão jogados em aterros apropriados<br />

(ALMEIDA, 2010).<br />

O CONAMA é o órgão responsável pelas<br />

resoluções do manejo dos Resíduos da Construção<br />

Civil (RCC), empregando leis, regulamentos e<br />

normas que auxiliam os geradores dos resíduos a<br />

exercer uma gestão ambiental, ou seja, sustentável,<br />

na obra realizada (ALMEIDA, 2010).<br />

Devido aos impactos negativos, tem sido<br />

discutido sobre reciclagem de materiais para<br />

amenizar a lotação dos aterros, menor utilização de<br />

energia e recuperar matéria-prima que, de outro<br />

06 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

modo, seria tirada da natureza (ALMEIDA, 2010).<br />

A deposição adequada dos resíduos é<br />

importante para atenuar os impactos como, por<br />

exemplo, lotação de aterros, diminuição da poluição<br />

do solo, do ar e prevenção de vetores de doenças,<br />

seguindo as resoluções do CONAMA para o manejo<br />

desses resíduos. Uma das principais alternativas<br />

recomendadas que viabilizam o gerenciamento dos<br />

resíduos sólidos são a triagem, acondicionamento,<br />

transporte e destinação. Isso tudo, visando à<br />

preservação e conservação do meio ambiente. A<br />

coleta seletiva dos resíduos é também um indicador<br />

que colabora com a deposição e a utilização dos<br />

materiais, que possam ser reciclados e/ou<br />

reutilizados.<br />

O referente trabalho tem como objetivo<br />

diagnosticar a disposição de resíduos sólidos da<br />

construção na linha férrea em Montes Claros-MG e<br />

destacar a importância de um gerenciamento desses<br />

resíduos. É importante o estudo dos impactos que<br />

são gerados no município de Montes Claros-MG,<br />

devido ao grande crescimento do setor da construção<br />

civil, tais como grande utilização de recursos<br />

naturais, aumento de resíduos que sobram das obras<br />

e/ou são produzidos na demolição, que necessitam<br />

de um lugar apropriado para serem depositados.<br />

MÉTODO<br />

A pesquisa abordou como área de estudo o<br />

município de Montes Claros, situado no extremo<br />

norte do estado de Minas Gerais, com uma<br />

população de 361.915 habitantes e com uma área de<br />

3.569 km². As principais atividades econômicas da<br />

cidade estão ligadas ao comércio, indústria e<br />

agropecuária, segundo dados do IBGE (2010).<br />

O presente trabalho, para alcançar seu<br />

desiderato, contou com pesquisas de abordagem<br />

bibliográfica e quantitativa, com objetivo<br />

exploratório.<br />

Os dados da pesquisa bibliográfica - que<br />

objetivaram demonstrar a necessidade de sistemas<br />

de gestão ambiental que mantém o meio físico e<br />

biótico equilibrado; surgimento de técnicas que<br />

possam melhor utilizar dos recursos naturais de<br />

maneira sustentável, além de destacar a importância<br />

da disposição correta do lixo - foram obtidos em<br />

livros, artigos técnico-científicos e sites<br />

especializados.<br />

Em seguida, realizou-se a pesquisa de<br />

campo. Para tanto, o local de estudo exato foi uma<br />

das principais avenidas de Montes Claros-MG<br />

(Avenida João Luiz de Almeida, situada entre os<br />

Bairros Morrinhos e Vila Guilhermina), que possui,<br />

em sua adjacência, um longo trecho da linha férrea<br />

(FIG. 1).<br />

A FIG. 1 retrata a localização do município<br />

de Montes Claros no estado de Minas Gerais, bem<br />

como a abrangência urbana abordada na pesquisa<br />

quantitativa.<br />

Registraram-se algumas fotos do ano de<br />

Figura 1- Localização do município de Montes Claros-MG e área da linha férrea abordada na pesquisa<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

07


Artigo Original<br />

2011 referentes ao mês de junho mediante o Google<br />

Street-View, onde se verificaram entulhos numa área<br />

com distância menor que 15 metros da linha férrea,<br />

relatando a existência do problema na região. Logo<br />

em seguida, foram tiradas fotos in loco, no ano de<br />

2013, para ser comparada com as anteriores e<br />

verificar se haveria alguma mudança durante esse<br />

período.<br />

Posteriormente, o procedimento da pesquisa<br />

quantitativa constou de um questionário aplicado a<br />

quinze moradores que residem próximo à linha férrea<br />

da Avenida João Luiz de Almeida, com o intuito de<br />

verificar, através da população, se houve de fato<br />

melhoria e quais seriam as principais causas<br />

(carência de órgãos de fiscalização, insuficiência de<br />

aterros, ausência de conscientização, abrangência<br />

urbana da linha férrea, dentre outros) apontadas pelos<br />

moradores, nesse espaço de tempo, como<br />

responsáveis pela irregularidade dos resíduos<br />

sólidos nas adjacências da linha férrea.<br />

Finalmente, fez-se uma análise conjunta de<br />

todas as informações compiladas objetivando relatar<br />

a existência de problemas, bem como as<br />

consequências causadas pela disposição irregular<br />

dos resíduos sólidos, além de demonstrar a<br />

importância de um plano de gerenciamento.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados desta pesquisa retratam uma<br />

comparação feita em Montes Claros-MG entre os<br />

anos de 2011 e 2013, verificando a distribuição de<br />

resíduos sólidos oriundos da construção civil. A FIG.<br />

2 ilustra a disposição irregular de resíduos sólidos na<br />

adjacência de uma determinada região da linha<br />

férrea do município, situada numa das principais<br />

avenidas do município (Avenida João Luiz de<br />

Almeida, entre os bairros Vila Guilhermina e<br />

Morrinhos).<br />

A FIG. 2 mostra a distribuição inadequada<br />

dos resíduos sólidos oriundos da construção civil,<br />

nas adjacências da linha férrea, entre outros tipos de<br />

Figura 2- Disposição irregular de resíduos sólidos nas adjacências da linha férrea de Montes Claros-MG<br />

entre 2011 e 2013 próximo à Avenida João Luiz de Almeida<br />

08 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

resíduos. Primeiramente, as fotos do ano de 2011<br />

(FIG. 2A) foram adquiridas por intermédio do<br />

Google Street-View; posteriormente, as fotos do ano<br />

de 2013 foram tiradas in loco, para efeito de<br />

comparação. Ao observar as FIG. 2B e C, ressalta-se<br />

a grande irregularidade em que se encontra o local,<br />

em relação à disponibilidade de lixo.<br />

Pode-se notar que houve durante os anos de<br />

2011 e 2013 um aumento do acúmulo de resíduos,<br />

comprometendo até mesmo a visualização da linha<br />

férrea. Além disso, a grande quantidade de lixo pode<br />

resultar em proliferação de doenças, insetos, ratos,<br />

baratas, dentre outros problemas.<br />

Os GRAF. 1 e 2 mostram os resultados do<br />

questionário aplicado aos moradores da região em<br />

volta do ponto da linha férrea estudada.<br />

Gráfico 1- Principais causas apontadas pelos<br />

moradores como responsáveis pela distribuição<br />

irregular nas adjacências da linha férrea<br />

Qtd. moradores<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Carência de<br />

órgãos de<br />

fiscalização<br />

Insuficiência de<br />

aterros sanitários<br />

O GRAF. 1 representa a quantificação das<br />

causas apontadas pelos moradores para o acúmulo<br />

de entulho oriundos da construção civil na área. Os<br />

resultados obtidos foram que 4 moradores apontam<br />

como responsável pela irregularidade a carência de<br />

órgãos de fiscalização; 3 pessoas indicam a<br />

insuficiência de aterros sanitários; 5 a ausência de<br />

conscientização da população; e 3 apontam a<br />

abrangência urbana da linha férrea.<br />

Ausência de<br />

conscientização<br />

da população<br />

Abrangência<br />

urbana da linha<br />

férrea<br />

Dos motivos avaliados, o mais significante<br />

está relacionado à ausência de conscientização da<br />

população em jogar entulhos indevidamente, não<br />

preservando a região, tornando-se algo cultural ao<br />

longo do tempo, e que precisa ser mudado.<br />

Gráfico 2- Porcentagem dos moradores que<br />

apontam alguma diminuição da disposição<br />

irregular de resíduos sólidos na região entre 2011<br />

e 2013<br />

O GRAF. 2 representa a porcentagem de<br />

moradores que dizem haver melhorias em relação à<br />

distribuição inadequada dos resíduos sólidos ao<br />

longo da linha férrea entre 2011 e 2013. Os<br />

resultados extraídos da pesquisa foram que 87%<br />

dos moradores afirmaram que não houve melhorias<br />

significativas quanto à distribuição irregular na<br />

região durante o intervalo de dois anos e apenas<br />

13% acreditam que ocorreu alguma mudança<br />

relevante.<br />

87%<br />

13%<br />

A grande porcentagem negativa quanto à<br />

melhoria da distribuição irregular pode ser<br />

justificada através das imagens, como visto<br />

anteriormente, que mostrou um aumento<br />

considerável em relação ao acúmulo de resíduos e<br />

lixo durante o período abordado.<br />

Sim<br />

Não<br />

Para combater a poluição física/visual do<br />

local, decorrente de entulhos, será necessário que a<br />

população se informe das consequências e<br />

impactos negativos gerados em ações simples e<br />

ingênuas, muitas vezes um hábito. Os órgãos<br />

públicos de fiscalização devem atuar coletivamente<br />

quanto ao problema, tendo a função de informar por<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

09


Artigo Original<br />

meios de comunicações a necessidade do<br />

desenvolvimento de princípio de sustentabilidade e<br />

consciência em cada cidadão. A aplicação de<br />

sistemas de gestão ambiental também é um fator<br />

imprescindível, visto que o estabelecimento de<br />

regras, normas e diretrizes são fundamentais para<br />

manterem o meio físico e biótico.<br />

CONCLUSÃO<br />

A distribuição irregular dos resíduos sólidos<br />

é um dos principais problemas urbanos nas grandes<br />

cidades. O desenvolvimento urbano e o aumento do<br />

setor de construção civil trouxeram consigo, além do<br />

progresso, diversos problemas ligados à temática<br />

ambiental.<br />

A quantidade de lixo que se acumula ao redor<br />

da linha férrea na cidade de Montes Claros-MG pode<br />

estar ligada a diversos fatores, como, por exemplo, a<br />

falta de consciência da população, a grande<br />

negligência por parte dos órgãos responsáveis pela<br />

fiscalização, a insuficiência de locais apropriados<br />

para a deposição dos resíduos (aterros sanitários).<br />

Grande parte desses lixos e compostos é proveniente<br />

da construção civil. Esse fator é relevante para o<br />

aumento desse problema, já que crescimento<br />

desordenado faz com que hajam diversas<br />

construções mal planejadas resultando em<br />

demolições e reformas que geram grande<br />

quantidade de resíduos sólidos.<br />

A engenharia, juntamente com os órgãos<br />

fiscalizadores, tem como objetivo a busca de<br />

soluções para esse problema, mediante a aplicação<br />

de sistemas de gestão ambiental. Para reverter esse<br />

quadro, é imprescindível, sobretudo, a mudança de<br />

postura da sociedade e o comprometimento de todos<br />

os atores que, direta ou indiretamente utilizam o<br />

meio ambiente, visto que somente a conscientização<br />

e a utilização de técnicas sustentáveis são medidas<br />

capazes de promover o desenvolvimento urbano<br />

controlado, além de garantir os recursos naturais às<br />

futuras gerações.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALMEIDA, Renê Felipe de. Manejo e<br />

Gerenciamento dos Resíduos da Construção<br />

Civil no Brasil. 2010. Monografia apresentada<br />

para a obtenção do título de Bacharel em<br />

Engenharia Ambiental. Faculdades de Ciência<br />

Exatas e Tecnológicas Santo Agostinho, Montes<br />

Claros-MG.<br />

HORTEGAL, Mylane Viana; FERREIRA, Thiago<br />

Coelho; SANT'ANA, Walter Canales. Utilização<br />

de agregados resíduos sólidos da construção civil<br />

para pavimentação em São Luís-MA. Pesquisa<br />

em Foco, São Luís, v. 17, n. 2, p.60-74, 2009.<br />

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e<br />

Estatística. Montes Claros-MG. Disponível:<br />

. Acesso em: 10 jun.<br />

2013.<br />

MOTTA, Rosângela dos Santos; BERNUCCI,<br />

Liedi Légi Bariani; MOURA, Edson de. Aplicação<br />

de Agregado Reciclado de Resíduo Sólido da<br />

Construção Civil em Camadas de Pavimentos. In:<br />

CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO DE<br />

TRANSPORTES, 18. Anais... Florianópolis,<br />

2004. p. 259-269.<br />

QUEIROZ, Bismak Oliveira de; MELO, Ricardo<br />

Almeida de. Redução de impactos ambientais<br />

causados por resíduos sólidos oriundos da<br />

construção civil pelo uso em pavimentação. In:<br />

CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO<br />

AMBIENTAL. 1. Anais... Bauru-SP: IBEAS-<br />

Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais. 2010.<br />

p. 7.<br />

10<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES DE<br />

ENGENHARIA CIVIL EM RELAÇÃO À NECESSIDADE DE<br />

GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

MATOS, Pedro Henrique Ramos*; CARMO, Vanessa Coelho Nascimento*; FONSECA, Paulo Augusto<br />

Gomes*; COSTA, Mateus Froes*; MOURÃO, Sheila Abreu**<br />

* Acadêmicos do curso de Engenharia Civil das FIPMoc. **Professora das FIPMoc. Pós doutora em<br />

Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e Sorgo). Doutora em Fitotecnia (UFV). Mestre em<br />

Entomologia (UFV). Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ) e Graduada em Engenharia<br />

Agronômica pela UFV.<br />

RESUMO<br />

Do ponto de vista ambiental, o problema principal<br />

dos resíduos sólidos da construção e demolição está<br />

relacionado aos grandes volumes produzidos e à<br />

deposição irregular. Os resíduos depositados<br />

irregularmente causam enchentes, proliferação de<br />

vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e<br />

degradação do ambiente urbano. O trabalho em<br />

questão tem como objetivo promover ações, entre<br />

alunos da Engenharia Civil das Faculdades<br />

Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIPMoc), de<br />

aspectos éticos e sociais, fundamentais para a<br />

implantação de sistemas de gestão ambiental de<br />

resíduos sólidos provenientes da construção civil de<br />

Montes Claros. É classificado por um caráter<br />

quantitativo e exploratório, porque foi elaborado<br />

através de pesquisas bibliográficas e de campo. Fezse<br />

uso de um questionário aplicado aos acadêmicos,<br />

convites para que os alunos participassem no<br />

descarte de pilhas e baterias e, por fim, apresentação<br />

de palestras sobre o tema proposto, no auditório das<br />

FIPMoc. O trabalho faz a opção pelo método<br />

dedutivo, procedimento realizado por observações<br />

diretas. O presente projeto deixa claro que, dos 342<br />

acadêmicos, grande parte deles mostra-se<br />

preocupada com a atual situação do meio ambiente,<br />

interessam-se pelo assunto; entretanto, a maioria diz<br />

não realizar a coleta seletiva em suas residências.<br />

Este estudo concluiu serem necessárias ações<br />

voltadas à conscientização ambiental de estudantes<br />

de engenharia civil em relação à gestão de resíduos<br />

sólidos na construção civil.<br />

Palavras-chave: Reciclagem. Coleta seletiva.<br />

Degradação ambiental. Meio ambiente.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A preocupação com resíduos de maneira geral<br />

é relativamente recente no Brasil. Nesse contexto, a<br />

reciclagem de resíduos de construção encontra-se<br />

em estágio avançado. Há, atualmente, um forte<br />

grupo de pessoas, muito ativo no estudo dos<br />

resíduos de construção, e diversos municípios<br />

brasileiros já operam, com sucesso, centrais de<br />

reciclagem do resíduo de construção e demolição.<br />

Do ponto de vista ambiental, o problema<br />

principal com esse tipo de resíduo está relacionado<br />

aos grandes volumes produzidos e à sua deposição<br />

irregular, a qual por sua vez, é comum na grande<br />

maioria das cidades. Esses resíduos depositados<br />

irregularmente causam enchentes, proliferação de<br />

vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e<br />

degradação do ambiente urbano.<br />

Na gestão dos resíduos sólidos, a<br />

sustentabilidade ambiental e social se constrói a<br />

partir de modelos e sistemas integrados, que<br />

possibilitem tanto a redução do lixo gerado pela<br />

população, como a reutilização de materiais<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

11


Artigo Original<br />

descartados e a reciclagem dos materiais que possam<br />

servir de matéria-prima para a indústria (3R'S –<br />

reduzir, reciclar e reutilizar), diminuindo o<br />

desperdício e gerando renda.<br />

É importante salientar que qualquer que seja o<br />

método eleito para tratamento do lixo -<br />

compostagem, incineração, reciclagem, ou<br />

combinação deles - haverá sempre uma parcela<br />

maior ou menor de rejeitos, não sendo eliminada, em<br />

nenhuma das hipóteses, a necessidade de instalação<br />

de um aterro sanitário. O aterro sanitário é a forma de<br />

destinação final dos resíduos sólidos que contempla<br />

os requisitos de proteção ambiental, como<br />

impermeabilização, coleta e tratamento do chorume,<br />

coleta e queima dos gases, cobertura periódica do<br />

lixo com terra ou material inerte (material que não é<br />

modificado facilmente). Sem essas providências, o<br />

lixo se torna foco de doenças, insetos e roedores,<br />

além de causar poluição do ar e das águas<br />

subterrâneas.<br />

A segregação dos resíduos na fonte geradora é<br />

uma chave para a coleta seletiva, pois evita a perda<br />

de qualidade dos recicláveis e melhora as condições<br />

de trabalho dos catadores, viabilizando as etapas<br />

seguintes da reciclagem. É também a etapa que exige<br />

o apoio da população, que tem de mudar seus hábitos<br />

no momento do descarte do lixo.<br />

É cada vez mais visível a existência de<br />

problemas que necessitam de solução urgente,<br />

principalmente no meio ambiente urbano, dentre os<br />

quais tem-se a questão do gerenciamento dos<br />

resíduos sólidos urbanos gerados nos vários<br />

processos de produção e consumo. Por exemplo, no<br />

Brasil, é comum a disposição irregular de entulho, o<br />

chamado "bota-fora" clandestino, e, por esse motivo,<br />

esses resíduos são considerados um problema de<br />

limpeza pública, acarretando em uma série de<br />

inconveniências para toda a sociedade, tais como:<br />

altos custos para o sistema de limpeza urbano,<br />

proliferação de vetores de doenças (dengue, por<br />

exemplo), enchentes, assoreamento e contaminação<br />

de cursos d'água, contaminação do solo, erosão,<br />

obstrução de sistemas de drenagem, poluição visual<br />

etc.<br />

Por essa razão, tanto o poder público quanto o<br />

privado devem estimular a reciclagem. Assim, os<br />

agregados reciclados podem ser utilizados em<br />

diversos novos produtos como argamassas,<br />

concretos e blocos de construção. Por isso, é<br />

importante segregar os resíduos junto à fonte<br />

geradora, ou seja, nos próprios canteiros de obra.<br />

Somente quando não existir a possibilidade de<br />

reciclá-los é que os resíduos podem ser incinerados<br />

ou aterrados. É a forma mais econômica de<br />

reutilização dos resíduos.<br />

Infelizmente, em Montes Claros - MG, essa<br />

reutilização não é muito comum, uma vez que as<br />

pessoas não têm a consciência de sua importância,<br />

além de não participarem de políticas sociais de<br />

gestão ambiental, como, por exemplo, o descarte<br />

correto de pilhas e baterias.<br />

O objetivo desta pesquisa foi promover ações,<br />

entre alunos da Engenharia Civil das Faculdades<br />

Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIPMoc),<br />

de aspectos éticos e sociais fundamentais para a<br />

implantação de sistemas de gestão ambiental de<br />

resíduos sólidos provenientes da construção civil de<br />

Montes Claros.<br />

MÉTODO<br />

O presente trabalho pode ser classificado<br />

como de caráter quantitativo e exploratório, uma<br />

vez que foi elaborado mediante pesquisas<br />

bibliográficas e de campo. Quanto à metodologia, o<br />

trabalho faz a opção pelo método dedutivo, com<br />

base em um raciocínio lógico, por meio do qual se<br />

fez o uso da dedução para obter uma conclusão a<br />

respeito de determinada premissa.<br />

Quanto aos procedimentos, este trabalho<br />

realizou-se por meio de:<br />

- Panfletagem em todas as salas do curso de<br />

12 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

Engenharia Civil (matutino e noturno) das FIPMoc,<br />

abordando a importância da coleta seletiva e da<br />

reciclagem. Na ocasião, também foi feito o convite<br />

para participação nas palestras, e aplicou-se um<br />

questionário com as perguntas descritas abaixo.<br />

QUESTÃO 1. Em relação ao meio ambiente, você se mostra:<br />

(obs: pode ser marcada mais de uma alternativa).<br />

( ) Bem informado<br />

( ) Preocupado<br />

( ) Atento às ações ambientais<br />

( ) Curioso em relação ao tema, embora não se envolva<br />

diretamente<br />

( ) Indiferente, por achar que o tema não lhe diz respeito<br />

( ) Despreocupado, deixando que ambientalistas discutam a<br />

questão<br />

QUESTÃO 2. Você geralmente faz/utiliza a coleta seletiva?<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

QUESTÃO 3. Em sua opinião, o tema “meio ambiente” para<br />

a Engenharia Civil é:<br />

( ) Muito Importante ( ) Importante ( ) Secundário ( ) Irrelevante<br />

- Instalação de “ECOPONTOS PARA A COLETA<br />

DE PILHAS E BATERIAS”, colocados nos<br />

corredores no prédio principal das FIPMoc.<br />

- Posteriormente, no dia 07 de maio de 2013,<br />

realizaram-se três palestras no auditório das<br />

FIPMoc. A 1ª, intitulada “Apresentação do<br />

projeto da central de tratamento de resíduos<br />

sólidos de M. Claros”, foi apresentada pelo<br />

engenheiro civil, pós-graduado em Engenharia<br />

Sanitária, Claúdio Pinto Leite - Supervisor da<br />

Unidade da REVITA Montes Claros. A 2ª palestra<br />

“Um dia Lote vago no outro Lixão a Céu aberto" e a<br />

realidade em Montes Claros”, foi apresentada pelo<br />

Zootecnista, Especialista em Ciências Biológicas,<br />

Mestre em Agronegócios, Doutor em Zootecnia,<br />

Prof. Adjunto do ICA/UFMG e, atualmente,<br />

coordenador dos Grupos: GAS, GEPAM, GEBEA,<br />

JEA, GEZTO, GERAÇÕES e Presidente do<br />

Conselho Municipal de Proteção à Vida e Bem-Estar<br />

Animal – COBEA, Vice-presidente do Conselho<br />

Municipal Gestor de Resíduos Sólidos –<br />

COMGERES e Vice-Coordenador do Centro de<br />

Extensão ICA-UFMG – CENEX, Délcio César<br />

Cordeiro Rocha. E, por fim, a 3ª palestra, “Gestão<br />

de Resíduos Sólidos da Construção Civil”, foi<br />

ministrada pelo Engenheiro Ambiental e de<br />

Segurança do Trabalho, Italo Bruzeguese Júnior.<br />

Essas atividades permitiram conscientizar e<br />

instruir os alunos a respeito da coleta seletiva,<br />

contribuir para tabulação dos resultados dos<br />

questionários, possibilitando, entender a opinião dos<br />

alunos com relação ao tema. O material<br />

documentado, bem como, as respectivas análises,<br />

foi organizado em um artigo de pesquisa<br />

componente do estudo.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O questionário foi respondido por 342<br />

acadêmicos de Engenharia Civil das FIPMoc.<br />

Notou-se que os acadêmicos, em sua grande maioria<br />

- 117 deles (34,2%) – mostram-se preocupados com<br />

o meio ambiente. E um número mínimo deles - 8<br />

estudantes (2,33%) - mostra-se indiferente para com<br />

o assunto (GRAF. 1).<br />

Gráfico 1 - Modo como os estudantes se mostram<br />

para com o meio ambiente<br />

Qtd. alunos<br />

180<br />

160<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

1 2 3 4 5 6<br />

1. Bem informado<br />

2. Preocupado<br />

3. Atento às ações ambientais<br />

4. Curioso em relação ao tema<br />

5. Indiferente<br />

6. Despreocupado<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

13


Artigo Original<br />

A temática do meio ambiente na Engenharia<br />

Civil foi considerada muito importante pelos<br />

acadêmicos arguidos (GRAF. 2), uma vez que<br />

73,09% dos acadêmicos (250 deles) a consideram,<br />

assim e apenas 8 deles (2,3%) consideram essa<br />

temática como irrelevante.<br />

seriam posteriormente enviadas aos correios.<br />

Figura1 - Foto do “ecoponto “ instalado para<br />

coleta de pilhas e baterias nas FIPMoc.<br />

Gráfico 2 - Opinião dos alunos a respeito da<br />

importância da temática meio ambiente<br />

250<br />

200<br />

Qtd. alunos<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Muito<br />

importante<br />

Importante Secundário Irrelevante<br />

Observou-se que 76,3% dos estudantes (261<br />

no total) não realizam e não utilizam a coleta seletiva<br />

em suas casas (GRAF. 3), o que pode ser<br />

considerado um resultado muito desfavorável.<br />

Gráfico 3 - Quantidade de alunos que fazem/<br />

utilizam a coleta seletiva<br />

Qtd. alunos<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

Não fazem/utilizam Fazem/utilizam<br />

Procedeu-se à instalação de um “ECOPONTO<br />

PARA A COLETA DE PILHAS E BATERIAS”,<br />

disponibilizando lixeiras devidamente tampadas em<br />

ponto estratégico no corredor no prédio principal<br />

das FIPMoc (FIG. 1), para a deposição de pilhas e<br />

baterias trazidas de casa pelos estudantes e que<br />

O “ecoponto” foi desativado pela<br />

administração das FIPMoc, no dia 01 de outubro,<br />

devido a não utilização pelos acadêmicos, que não<br />

depositaram sequer uma pilha ou bateria de celular.<br />

Com relação às palestras cujo tema geral foi à<br />

discussão sobre o gerenciamento dos resíduos<br />

sólidos, cerca de 300 acadêmicos das FIPMoc<br />

compareceram e tiveram pleno envolvimento nelas,<br />

mostrando-se atentos aos pontos abordados pelos<br />

três palestrantes.<br />

A questão ambiental deve ser discutida, pois a<br />

conservação e a recuperação do meio ambiente<br />

tornou-se um dos maiores desafios a serem<br />

enfrentados pela humanidade, na busca do<br />

desenvolvimento sustentável (MOTA, 2003).<br />

Os resíduos sólidos resultam em uma<br />

sobrecarga de materiais no ecossistema, os quais não<br />

podem ser decompostos, ou são degradados com<br />

extrema lentidão, podendo resultar em<br />

consequências tóxicas aos sistemas biológicos. O<br />

efeito dessa sobrecarga, com o passar do tempo,<br />

acaba por atingir a capacidade de suporte dos<br />

14 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

ecossistemas.<br />

A Associação Brasileira de Normas Técnicas,<br />

segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), conceitua os<br />

resíduos sólidos como materiais nos estados sólido e<br />

semisólido, que resultam de atividades de origem<br />

industrial, doméstica, hospitalar, comercial,<br />

agrícola, de serviços e de varrição; como também<br />

todo e qualquer material descartado e indesejável,<br />

resultante da ciclagem de materiais pelos sistemas<br />

produtivos humanos.<br />

Os resíduos sólidos podem ser classificados a<br />

partir de três critérios: por sua natureza física (seco<br />

ou molhado), por sua composição química (matéria<br />

orgânica ou inorgânica) e pelos riscos potenciais ao<br />

meio ambiente (perigosos, inertes e não-inertes)<br />

(D'ALMEIDA; VILHENA, 1998).<br />

Dessa forma, é necessário que o tema da<br />

"problemática ambiental" seja considerado<br />

relevante e abrangente, devendo tornar-se parte da<br />

agenda das prefeituras, dos governos municipais e<br />

federais, de organismos internacionais e nacionais,<br />

de movimentos sociais e dos setores empresariais,<br />

em todo o mundo.<br />

A busca pelo acúmulo de capital era tido como<br />

uma prioridade, ficando em segundo plano, ou até<br />

mesmo de lado, o compromisso para com os danos<br />

causados ao meio ambiente. Porém, outros<br />

pensamentos começaram a surgir, e a ciência<br />

moderna passou a defender a sustentabilidade nos<br />

meios de produção.<br />

É preciso gerenciar esses resíduos<br />

adequadamente, para que não acarretem problemas<br />

ambientais, sanitários, sociais e econômicos, vindo<br />

a afetar a população. Na maioria dos municípios<br />

brasileiros, a maior parte desse resíduo é depositada<br />

em bota-fora clandestino, nas margens de rios e<br />

córregos ou em terrenos baldios.<br />

A deposição irregular de entulho, segundo<br />

Mendes et al. (2004), ocasiona proliferação de<br />

vetores - que são transmissores de doenças, como a<br />

dengue; causa entupimento de galerias e bueiros,<br />

assoreamento de córregos e rios, contaminação de<br />

águas superficiais e poluição visual. Não obstante, os<br />

referidos fatores estão, por sua vez, submetidos à<br />

lógica consumista que move o capitalismo, à<br />

produção de descartáveis e de tecnologias<br />

ineficientes em termos de utilização de matériasprimas.<br />

Torna-se evidente que a questão ambiental não<br />

é apenas um modismo passageiro, nem uma<br />

dramatização de militantes ou cientistas radicais. Por<br />

isso, a sociologia ambiental assume uma posição<br />

significativa para estudar as divergências e conflitos<br />

sobre os diferentes usos da natureza e as causas e a<br />

extensão dos problemas ambientais (COSTA<br />

FERREIRA, s.d).<br />

A indústria da construção civil promove<br />

diferentes alterações ou impactos no sistema<br />

ambiental, dentre os quais pode destacar-se a<br />

utilização de grandes quantidade de recursos<br />

naturais, a poluição atmosférica, o consumo de<br />

energia e a geração de resíduos.<br />

Segundo John (2000), a indústria da<br />

construção civil consome de 15% a 50% de todos os<br />

recursos extraídos da natureza. Essa quantidade<br />

coloca esse setor como o maior consumidor<br />

individual de recursos naturais. O consumo de<br />

agregados naturais varia de 1 a 8 t/hab.ano, sendo 6<br />

t/hab.ano no Reino Unido e 220 milhões de toneladas<br />

no Brasil, para a confecção de concreto e argamassa.<br />

De acordo com Zordan (1997), o grande<br />

consumo de matérias-primas está diretamente ligado<br />

ao grande desperdício de material que ocorre nos<br />

empreendimentos, às obras de reparos e às<br />

adaptações das edificações existentes. Comparando<br />

a indústria da construção civil com a indústria<br />

automobilística, outra grande consumidora de<br />

recursos naturais, conclui-se que a primeira tem um<br />

consumo de 100 a 200 vezes maior que a segunda.<br />

A Resolução 307, de 2002, do Conselho<br />

Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2002),<br />

estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

15


Artigo Original<br />

a gestão (ambientalmente correta) dos resíduos da<br />

construção civil, disciplinando as ações necessárias<br />

à minimização dos impactos (efeitos) ambientais,<br />

levando em conta a política urbana de pleno<br />

desenvolvimento da função social das cidades e da<br />

propriedade urbana.<br />

Na referida Resolução, é definido que os<br />

geradores de resíduos da construção civil (entulhos)<br />

devem ter como objetivo principal a não-geração de<br />

tais resíduos e, em caráter secundário, a redução,<br />

reutilização, reciclagem, bem como a<br />

responsabilidade pela destinação final de tais<br />

materiais, levando em conta que tais resíduos não<br />

podem ser dispostos em aterros de resíduos<br />

domiciliares (resíduos urbanos), em “bota-fora”,<br />

encostas, corpos de água, lotes vagos, bem como em<br />

áreas legalmente protegidas por lei (caso, por<br />

exemplo, dos manguezais e matas) (FIG. 2).<br />

aterros domiciliares e em áreas de “bota-fora”, o que<br />

não ocorre na realidade. Basta olhar os arredores da<br />

cidade (GAEDE, 2008).<br />

O Plano de Gerenciamento dos RCD's precisa<br />

contemplar caracterização dos resíduos; triagem;<br />

acondicionamento; transporte e destinação,<br />

conforme indicado no QUADRO. 1.<br />

Quadro 1 – Etapas do Projeto de Gerenciamento<br />

de Resíduos<br />

Figura 2 - Lixo e Resíduo de construção civil<br />

lançado sobre vegetação.<br />

Fonte: Adaptado de Gaede, 2008.<br />

Fonte: GAEDE, 2008.<br />

Para observância dessa exigência da referida<br />

Resolução, cada município deve obrigatoriamente<br />

desenvolver e implantar o Plano Municipal de<br />

Gestão dos Resíduos da Construção Civil. A<br />

Resolução foi clara ao definir um prazo máximo de<br />

dezoito meses, contados a partir de 5 de julho de<br />

2002, para que todos os municípios deixem de fazer<br />

a disposição de resíduos de construção civil em<br />

O poder público deve estimular a reciclagem,<br />

considerando-se o potencial que existe em produzir/<br />

fabricar novos materiais/produtos a partir dos<br />

resíduos sólidos oriundos da indústria da<br />

construção. Um processo de reciclagem de<br />

qualidade requer um resíduo de qualidade, o que<br />

implica segregar os resíduos junto à fonte geradora,<br />

ou seja, nos próprios canteiros de obra (ANDERE;<br />

SANTOS s.d).<br />

Para que esse ciclo da reciclagem se<br />

estabeleça, é fundamental que o construtor/gerador<br />

tenha consciência da importância de seu papel nesse<br />

processo. Primeiro, com relação à adoção de uma<br />

postura racional e criativa, que facilite a evolução<br />

das técnicas construtivas e de gestão de recursos<br />

humanos, viabilizando, assim, a redução de<br />

diferentes formas de desperdício. Segundo, com<br />

16<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

Artigo Original<br />

relação à segregação dos resíduos nos canteiros de volumes produzidos. Esses resíduos depositados<br />

obra, o que permite assegurar uma maior qualidade irregularmente causam enchentes, proliferação de<br />

dos resíduos e reduzir custos de beneficiamento, vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e<br />

fortalecendo o processo de produção de materiais degradação do ambiente urbano. Por isso, é<br />

reciclados (ANDERE; SANTOS s.d).<br />

necessária a implementação de sistemas de gestão<br />

A educação ambiental (EA) é um fator ambiental, e a conscientização de toda a população<br />

imprescindível ao gerenciamento adequado e quanto aos problemas ambientais.<br />

sustentável dos resíduos sólidos. A EA deve ser A conservação do meio ambiente tornou-se<br />

utilizada como instrumento para a reflexão das um dos maiores desafios a ser enfrentados pela<br />

pessoas no processo de mudança de atitudes em humanidade na busca do desenvolvimento<br />

relação ao correto descarte do lixo e à valorização do sustentável, uma vez que o grande volume de<br />

meio ambiente (GUSMÃO, et al 2000).<br />

resíduos produzidos diariamente, nos mais variados<br />

A essência do processo de gerenciamento de campos da construção civil, tornou-se um dos<br />

resíduos é justamente a sensibilização das fontes principais problemas das administrações<br />

geradoras (consideradas como atores do processo), municipais. Dessa forma, é necessário que o tema da<br />

mas não se deve pensar nos seres humanos, "problemática ambiental" seja considerado<br />

produtores desses resíduos, apenas como fontes relevante e abrangente, tornando-se parte da agenda<br />

geradoras estáticas e, sim, como indivíduos (e grupos das prefeituras, dos governos municipais e federais,<br />

sociais) dinâmicos.<br />

de organismos internacionais e nacionais, de<br />

A EA aplicada à gestão de resíduos sólidos, movimentos sociais e dos setores empresariais, em<br />

portanto, deve tratar da mudança de atitudes, de todo o mundo.<br />

forma qualitativa e continuada, mediante um A busca pelo acúmulo de capital era tido como<br />

processo educacional crítico, conscientizador e uma prioridade, ficando em segundo plano, ou até<br />

contextualizado.<br />

mesmo de lado, o compromisso para com os danos<br />

No âmbito pedagógico, deve-se valorizar causados ao meio ambiente. Porém, outros<br />

também o conhecimento e o nível de informação pensamentos começaram a surgir, e a ciência<br />

sobre as questões em estudo (TAVARES; moderna passou a defender a sustentabilidade nos<br />

MARTINS; GUIMARÃES, 2005). A partir dessa meios de produção.<br />

perspectiva, deve emergir o objetivo de mudança das Este trabalho deixa claro que, dos 342<br />

representações dos indivíduos, proporcionando as acadêmicos, grande parte mostra-se preocupada<br />

condições para estabelecer um contato com o com a atual situação do meio ambiente, interessa-se<br />

problema num plano mais significativo. Mediante pelo assunto, e a maioria diz não fazer a coleta<br />

suas relações sociais é que os indivíduos expressam seletiva. É de suma importância a gestão de resíduos<br />

suas crenças, valores e representações, construídas sólidos na construção civil.<br />

no grupo.<br />

A reutilização, a reciclagem e/ou reuso de<br />

materiais deve fazer parte das indústrias da<br />

CONCLUSÃO<br />

construção, por se tratar de uma área de rápido<br />

crescimento. Os benefícios sociais serão muitos. A<br />

Do ponto de vista ambiental, o problema população passa a desfrutar de produtos<br />

principal com os resíduos da construção está ecologicamente corretos.<br />

relacionado à sua deposição irregular e aos grandes Conclui-se, então, que a evolução do<br />

17


Artigo Original<br />

envolvimento da ciência social no trato da<br />

problemática ambiental é importante, pois só dessa<br />

forma tem-se um planeta mais limpo, mais<br />

sustentável e biologicamente correto.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS<br />

TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos Sólidos:<br />

classificação. Rio de Janeiro, 1987. 63p.<br />

BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,<br />

CONSELHO NACIONAL DO MEIO<br />

AMBIENTE – CONAMA. Resolução n. 307, de<br />

05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios<br />

e procedimentos para a gestão dos resíduos da<br />

construção civil. Diário Oficial da República<br />

Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 136, 17 de<br />

julho de 2002. Seção 1, p. 95-96.<br />

CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo.<br />

São Paulo: Humanitas, 2003.<br />

CONAMA – Conselho Nacional do Meio<br />

Ambiente.Tel. (61) 317-1433 / 317-1392<br />

http://www.mma.gov.br/conama<br />

COSTA FERREIRA, Leila da. Ideias para uma<br />

sociologia da questão ambiental – Teoria social,<br />

sociologia ambiental e interdisciplinaridade.<br />

Desenvolvimento e Meio Ambiente, n 10, p. 77-<br />

89, jul/dez. 2004. Editora UFPR.<br />

D'ALMEIDA, Maria Luiza Otero; VILHENA,<br />

André (Coord.). Lixo municipal: manual de<br />

gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/<br />

CEMPRE, 1998.<br />

de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo, 2000.<br />

113p. Tese (Livre Docência) – Escola Politécnica<br />

da Universidade de São Paulo. Departamento de<br />

Engenharia de Construção Civil. John (2000).<br />

MENDES, T. A., REZENDE, L. R., OLIVEIRA,<br />

J. C., GUIMARÃES, R. C., CAMAPUM DE<br />

CARVALHO, J., VEIGA, R. Parâmetros de uma<br />

Pista Experimental Executada com Entulho<br />

Reciclado. In: REUNIÃO ANUAL DE<br />

PAVIMENTAÇÃO, 35. 2004. Rio de Janeiro.<br />

Anais... Rio de Janeiro, 2004. 11 p.<br />

MOTA. Introdução à Engenharia Ambiental.<br />

Rio de Janeiro: ABES, 2003.<br />

SANTOS, Harlen Inácio dos; ANDERE, Pedro<br />

Augusto Ramos. Disposição final de resíduos da<br />

construção civil. Disponível em:<br />

http://www.pucgoias.edu.br. Acesso em: 18 de<br />

março de 2013. Universidade Católica de Goiás.<br />

Goiânia/GO.<br />

TAVARES, M. G. O.; MARTINS, E. F.;<br />

GUIMARÃES, G. M. A. A educação ambiental,<br />

estudo e intervenção do meio. Revista<br />

Iberoamericana de Educación.2005. Disponível<br />

em: .<br />

Acesso em: 28 out. 2005.<br />

ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como<br />

agregado na confecção do concreto. 1997. 140p.<br />

Dissertação de mestrado. Faculdade de Engenharia<br />

Civil – Universidade Estadual de Campinas.<br />

Campinas.<br />

GAEDE, Lia Pompéia Faria. GESTÃO DOS<br />

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO<br />

MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES E NORMAS<br />

EXISTENTES. Monografia apresentada ao Curso<br />

de Especialização em Construção Civil da Escola<br />

de Engenharia da UFMG. Julho 2008. p. 74<br />

GUSMÃO, O. S. et al. Reciclagem artesanal na<br />

UEFS: estratégia educacional na valorização do<br />

meio ambiente. In: CONGRESSO NACIONAL<br />

DE MEIO AMBIENTE NA BAHIA, 2., 2000.<br />

Salvador. Anais... Salvador: UFBA, 2000. p 56-58.<br />

JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na<br />

construção civil: Contribuição para metodologia<br />

18 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

CAUSAS DOS ABALOS SÍSMICOS NA CIDADE DE MONTES<br />

CLAROS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A CONSTRUÇÃO<br />

CIVIL<br />

SANTOS, Aureo*; EVANGELISTA, Frederico*; RIBEIRO, Paulo; ROBERTO, Patrick*; MOURÃO, Sheila Abreu**, SILVA,<br />

André Fernando***<br />

*Discentes do curso de de Engenharia Civil das FIPMoc;<br />

**Pós doutora em Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e Sorgo); Doutora em Fitotecnia (UFV); Mestre em<br />

Entomologia (UFV); Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ) e Graduada em Engenharia Agronômica pela UFV.<br />

Docente dos cursos de Engenharia Civil Engenharia de Produção das FIPMoc. ***Engenheiro Civil UFOP, Pós-Graduado<br />

UNIMONTES, e docente do curso de Engenharia Civil das FIPMoc.<br />

RESUMO<br />

Este trabalho apresenta informações sobre tremores<br />

de terra recorrentes em Montes Claros / MG, suas<br />

consequências e interferência na segurança de<br />

estruturas de fundação nas obras de construção Civil.<br />

A pesquisa visa qualificar e quantificar as regiões<br />

mais atingidas na cidade de Montes Claros bem como<br />

estabelecer a relação existente entre os tremores de<br />

terra e o subsolo da região. Para tanto, realizou-se<br />

uma revisão bibliográfica sobre o assunto, sendo<br />

buscadas informações concretas junto aos órgãos<br />

responsáveis pelo monitoramento e previsão ao<br />

fenômeno. O resultado dessa análise nos levou à<br />

conclusão de que é imprescindível uma melhoria na<br />

qualidade das edificações existentes na cidade, bem<br />

como uma rígida atenção à ocupação de áreas, análise<br />

mais detalhada de solos, normas de construção<br />

ditadas pelo órgão fiscalizador CREA, defesa civil e<br />

secretaria de obras do município.<br />

Palavras-chave: Tremores. Fundações. Estruturas.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Uma das questões atuais relacionando solos,<br />

fundações e estruturas em edificações está<br />

diretamente ligada às variações de resistência,<br />

durabilidade e segurança.<br />

Diversas forças atuam em uma estrutura: nos<br />

pilares, sofrendo compressão e tração; nas vigas,<br />

sofrendo tração em sua parte superior e compressão<br />

em sua parte inferior; além do cisalhamento, flexão<br />

e torção. O concreto resiste muito bem à<br />

compressão: cerca de dez vezes mais que a tração. O<br />

aço também possui forte resistência à tração e<br />

compressão. Da união do concreto com o aço<br />

obtém-se o concreto armado. (BOTELHO;<br />

MARCHETTI, 2002, p.7)<br />

O Engenheiro Civil deve optar por estruturas<br />

que garantam segurança, economia e conforto em<br />

seu sistema estrutural de concreto armado; pois são<br />

grandes as variantes encontradas, seja no projeto<br />

arquitetônico, na infraestrutura da região, na<br />

disponibilidade de mão de obra ou de materiais.<br />

(ALBUQUERQUE, 1998).<br />

Falhas geológicas na região do norte do<br />

estado de Minas Gerais são possíveis causadores de<br />

tremores de terra, principalmente na cidade de<br />

Montes Claros.<br />

A cidade foi escolhida como área piloto para<br />

aplicação das metodologias de análises apoiadas em<br />

informações atuais e literaturas, para estudos da<br />

geodinâmica interna do solo e por abordar desafios<br />

de toda natureza que interferem, de maneira<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

19


Artigo Original<br />

complexa, nas estruturas de fundações das<br />

construções locais da região.<br />

20<br />

Esta pesquisa irá proporcionar-nos uma visão<br />

geral dos sinistros ocorridos, bem como as<br />

consequências para as estruturas, relacionadas ao<br />

subsolo da cidade. Sendo assim, o trabalho visa<br />

responder ao seguinte questionamento:<br />

Quais são as consequências dos tremores de<br />

terra recorrentes em Montes Claros / MG e em suas<br />

obras de construção civil?<br />

A hipótese que orientou esta pesquisa conduz à<br />

ideia de que os tremores de terra recorrentes em<br />

Montes Claros / MG influenciam em obras de<br />

Construção Civil, diretamente ligadas às estruturas<br />

de fundação.<br />

CAUSAS DOS ABALOS SÍSMICOS EM<br />

MONTES CLAROS<br />

Vivemos em um país onde a ocorrência de<br />

abalos sísmicos poderia ser considerada<br />

uma<br />

exceção, fato que faz com que a maior parte das<br />

obras de construção existentes no país não leve em<br />

consideração o aspecto sísmico do local. Como as<br />

solicitações sísmicas são diferentes das cargas<br />

acidentais que o engenheiro comumente tem o hábito<br />

de considerar em suas obras, os métodos de<br />

dimensionamento tradicionais não conduzem a uma<br />

construção que seja dimensionada para suportar<br />

terremotos. Sendo assim, é muito importante para o<br />

profissional de construções conhecer o<br />

comportamento sísmico e as variações estruturais<br />

para que se possam elaborar e avaliar critérios e<br />

métodos eficazes em prol da segurança.<br />

Segundo Teixeira (2008, p.32), a superfície<br />

da Terra está dividida em um conjunto de placas que<br />

flutuam dinamicamente sobre um manto líquido de<br />

rocha incandescente, chamado de astenosfera, e a<br />

movimentação dessas placas dá origem ao que se<br />

chama de terremoto.<br />

Os terremotos acontecem quando se libera de<br />

forma súbita a pressão ou tensão armazenada entre<br />

as placas tectônicas, as quais são as principais peças<br />

neste processo dinâmico do interior da Terra.<br />

Um terremoto é um tremor de terra que pode<br />

durar segundo ou minutos. Ele é provocado por<br />

movimentos na crosta terrestre, composta por<br />

enormes placas de rocha (as placas tectônicas). O<br />

tremor de terra ocasionado por esses movimentos é<br />

também chamado de "abalo sísmico". Outros<br />

motivos relacionados ao abalo sísmico são os<br />

deslocamentos de gases (principalmente metano) e<br />

atividades vulcânicas.<br />

O alcance e o impacto dos terremotos dependem<br />

da energia que liberam; seu ponto de origem está<br />

geralmente localizado em uma profundidade não<br />

superior a 30 km, sendo denominado foco ou<br />

hipocentro. O epicentro é o ponto da superfície<br />

terrestre localizado verticalmente acima do foco; as<br />

ondas de choque deslocam-se para o exterior do<br />

epicentro com velocidades distintas em diferentes<br />

camadas da crosta terrestre.<br />

Essa compressão a que está submetida a Placa<br />

Sulamericana é a principal responsável pela<br />

maioria dos abalos sísmicos que ocorrem no<br />

Nordeste. Estando sobre uma unidade geológica<br />

muito antiga, mas cheia de falhas, chamada<br />

Província Borborema, o Nordeste é<br />

sismologicamente instável. As falhas mais<br />

extensas e profundas constituem verdadeiras<br />

zonas de fraqueza da crosta terrestre, que os<br />

geocientistas chamam astenosfera. (BARROS,<br />

2010, p.25).<br />

OS DANOS CAUSADOS PELA ONDA DE<br />

TREMORES DE TERRA EM MONTES<br />

CLAROS<br />

Há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde<br />

o início do século 20. Segundo informações do<br />

"Mapa tectônico do Brasil", criado pela<br />

Universidade Federal de Minas Gerais em nosso<br />

país, existem 48 falhas, nas quais se concentram as<br />

ocorrências de terremotos.<br />

Toda placa é recortada por vários pequenos<br />

blocos, de várias dimensões. Esses recortes, ou<br />

falhas, funcionam como uma ferida que não<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

cicatriza: apesar de serem antigos, podem-se abrir a<br />

qualquer momento, para liberar energia. Se um bloco<br />

é recortado e comprimido de um lado e de outro, ele<br />

rompe onde já existe a fratura.<br />

Embora grande parte dos sismos brasileiros<br />

seja de pequena magnitude (4,5 graus na Escala<br />

Richter), a história tem mostrado que, mesmo em<br />

"regiões tranquilas" podem acontecer grandes<br />

terremotos. Apesar de não ser alarmante, o nível de<br />

sismicidade brasileira precisa ser considerado em<br />

determinados projetos de engenharia, como centrais<br />

nucleares, grandes barragens e outras construções de<br />

grande porte, principalmente nas construções<br />

situadas nas áreas de maior risco.<br />

Referidos tremores de terra só começaram a ser<br />

detectados com precisão a partir de 1968, quando<br />

foi instalada uma rede mundial de sismologia.<br />

Brasília foi escolhida para sediar o arranjo<br />

sismográfico da América do Sul. Existem,<br />

atualmente, 40 estações sismográficas em todo o<br />

país, sendo que o aparelho mais potente é o<br />

mantido pela Universidade de Brasília.<br />

(BEZERRA, 2011, p.31).<br />

Eventualmente a Universidade de São Paulo<br />

(USP), através do Instituto Astronômico e Geofísico,<br />

e a Universidade de Brasília (UnB) realizam<br />

pesquisas sismológicas na região.<br />

De acordo com levantamento realizado pelas<br />

duas universidades - USP e UnB -, em 2012,<br />

pequenos tremores vêm ocorrendo em Montes<br />

Claros desde pelo menos 1995, no ano de 2011 os<br />

tremores aumentaram e culminaram com um tremor<br />

mais forte em 19 de maio de 2012, que teve<br />

magnitude 4.0 na escala Richter e assustou a<br />

população da cidade (FIG. 1).<br />

GEOLOGIA DA REGIÃO<br />

Os dobramentos ocorrem por dissolução e<br />

deslizamento das massas rochosas e são causados<br />

pela força da gravidade, ocorrendo em regiões<br />

suscetíveis de dissolução dos terrenos, como as<br />

constituídas por rochas calcárias. Esses<br />

desabamentos produzem tremores bem localizados,<br />

de pequena importância.<br />

Figura 1 - Evolução da atividade sísmica sentida em<br />

Montes Claros<br />

Fonte: Estudo dos tremores de terra em Montes Claros, MG,<br />

2012. Centro de Sismologia da USP / SIS-UnB.<br />

Para a Engenharia Civil, o reconhecimento do<br />

afloramento das rochas calcárias e muito importante,<br />

uma vez que sua presença pode constituir um fator de<br />

risco, pela eventual presença de cavernas<br />

subterrâneas, proporcionada pela elevada dissolução<br />

dos carbonatos.<br />

Os tremores estão próximos a uma escarpa, e<br />

é possível que essa escarpa represente uma fratura na<br />

serra. A onda dos tremores se dissipa mais facilmente<br />

no rochoso e, se há fraturas, isso contribui para que<br />

essa onda se dissipe, e ocorre, dessa forma, no<br />

calcário.<br />

Montes Claros é uma cidade construída em<br />

cima de rochas calcárias - disse o professor da USP,<br />

Marcelo Assunção, do Departamento de Geofísica da<br />

Universidade de São Paulo (USP), ao site em.com.<br />

Em estudos recentes na região, foi localizada<br />

uma falha geológica no município, cuja extensão, de<br />

três quilômetros, vai da Vila Atlântica até a Serra do<br />

Mel (também conhecida como Serra da Sapucaia).<br />

ÁREA DE ESTUDO<br />

A área de estudo compreende a região do<br />

Norte do estado de Minas Gerais, mais precisamente<br />

no município de Montes Claros, local da falha BR 47,<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

21


Artigo Original<br />

conforme figura abaixo (FIG. 2).<br />

Figura 2 - Falha Geológica BR 47 da área de<br />

estudo, Mapa Neotectônico do Brasil<br />

Montes Claros. Foram selecionadas, dentre os<br />

sinistros em Montes Claros, as ocorrências entre 19<br />

de maio de 2012 a 01 março do corrente ano. Notase<br />

que o 1º abalo sísmico motivou o maior número<br />

de chamados para o Corpo de Bombeiros, devido à<br />

magnitude do evento que, na escala Richter,<br />

totalizou 4.0, sendo até agora o maior registrado na<br />

cidade.<br />

Dentre as 93 vistorias realizadas, 10<br />

edificações foram interditadas e 04 parcialmente<br />

interditadas – isolamento de risco.<br />

Conforme TAB. 1, as edificações atingidas<br />

variam de 01 a 04 pavimentos, e foram identificados<br />

danos tais como: Trincas no teto da residência,<br />

rachaduras em paredes das edificações, rachaduras<br />

na laje e piso de casas, queda de reboco da laje,<br />

queda de telhado, rachaduras pelas paredes e laje da<br />

edificação e rebaixamento de piso.<br />

MÉTODO<br />

22<br />

A pesquisa foi realizada por meio de um<br />

levantamento bibliográfico sobre o tema<br />

apresentado, identificando as principais causas dos<br />

abalos sísmicos no Brasil, correlacionando com tipo<br />

de solo predominante na região em estudo e sua<br />

contribuição para esses tremores, além da<br />

quantificação e qualificação dos dados fornecidos<br />

pelo Sétimo Batalhão de Bombeiros Militar de<br />

Minas Gerais, que foram tabelados em forma de<br />

gráficos.<br />

Os dados apresentados pelo 7º BBM foram<br />

extraídos de relatórios de vistorias realizadas após os<br />

abalos sísmicos, mediante solicitação ao Centro de<br />

Comunicação do Batalhão. Os dados foram<br />

analisados objetivando localizar e quantificar as<br />

áreas de maior incidência de chamados e os danos<br />

nas edificações em cada região.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A TAB. 1, identifica as solicitações de<br />

vistorias feitas ao Corpo de Bombeiros por bairro de<br />

Gráfico dos bairros mais atingidos<br />

Percebe-se, no GRAF. 1, que as edificações<br />

localizadas nos bairros Vila Atlântida e Vila Áurea<br />

registram maiores danos, devido ao número de<br />

vistorias realizadas nessa região, totalizando 28<br />

vistorias e 8 interdições.<br />

Quantidade<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Gráfico 1 - Bairros mais atingidos<br />

5<br />

5 5<br />

4 4 4<br />

3<br />

3<br />

4<br />

2 2 2<br />

2<br />

1<br />

1 1<br />

1<br />

0 0 0 0<br />

0 0<br />

0<br />

A B C D E F G H I J L M N<br />

Fonte: Banco de dados do 7ºBBM-4ªCIAPV-2013<br />

Mapa das localidades mais atingidas<br />

Vistorias<br />

Interdições<br />

A FIG. 3 identifica os bairros mais atingidos<br />

pelos abalos sísmicos ocorridos na cidade de<br />

Montes Claros /MG. Nos bairros Nova Morada e<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

Bairros<br />

Código Bairros Código Bairros Código Bairros<br />

A Barcelona Park B Centro C Jardim São Geraldo<br />

D Maracanã E Morrinhos F Nova Morada<br />

G Planalto H Santos Reis I São Judas Tadeu<br />

J Vila Atlântida L Vila Aurea M Vila São Francisco de Assis<br />

N Vilage do Lago II<br />

16<br />

12


Tabela 1 - OCORRÊNCIA DE SINISTROS SIGNIFICATIVOS<br />

Artigo Original<br />

1º ABALO SÍSMICO 2º ABALO SÍSMICO 3º ABALO SÍSMICO<br />

61 VISTORIAS 26 VISTORIAS 6 VISTORIAS<br />

VISTORIAS INTERDIÇÃO INTERDIÇÃO<br />

PARCIAL<br />

VÍTIMAS<br />

TOTAL 93 10 4 3<br />

AMAZONAS 1 0 0 0<br />

BARCELONA PARK 5 0 1 0<br />

BELA PAISAGEM 1 1 0 0<br />

CANELAS 1 0 0 0<br />

CARMELO 1 0 0 0<br />

CENTRO 3 0 0 0<br />

CINTRA 1 0 0 0<br />

CLARICE ATHAYDE VIEIRA 1 0 0 0<br />

CLARINDO LOPES 1 0 0 0<br />

CONJUNTO HAB. OLGA BENÁRIO 1 0 0 0<br />

DELFINO MAGALHÃES 1 0 0 0<br />

DISTRITO INDUSTRIAL 1 0 0 0<br />

EDGAR PEREIRA 1 0 0 0<br />

FUNCIONÁRIOS 1 0 0 0<br />

JARDIM BRASIL 1 0 0 0<br />

JARDIM SÃO GERALDO 2 0 0 0<br />

JK 1 0 0 0<br />

MAJOR PRATES 1 0 1 0<br />

MARACANÃ 2 0 0 0<br />

MARIA CÂNDIDA 1 0 0 0<br />

MORRINHOS 2 0 0 0<br />

NOVA MORADA 4 0 1 0<br />

NOVO DELFINO 1 0 0 0<br />

PLANALTO 3 1 0 0<br />

RENASCENÇA 1 0 0 0<br />

RESIDENCIAL MONTE-VERDE 1 0 0 0<br />

SANTA EUGÊNIA 1 0 0 0<br />

SANTA RITA 1 0 0 0<br />

SANTOS REIS 4 0 0 0<br />

SÃO GONÇALO DO ABAETÉ - ZONA RURAL( 26 KM DE<br />

MONTES CLAROS)<br />

1 0 0 0<br />

SÃO JUDAS TADEU 2 0 0 0<br />

SATA RITA I 1 0 0 0<br />

SUMARÉ 1 0 0 0<br />

TANCREDO NEVES 1 0 0 0<br />

VILA ANTÔNO NARCISO 1 0 0 0<br />

VILA ATLÂNTIDA 16 3 1 0<br />

VILA ÁUREA 12 4 0 3<br />

VILA BRASÍLIA 1 0 0 0<br />

VILA CASTELO BRANCO 1 0 0 0<br />

VILA SÃO FRANCISCO DE ASSIS 5 0 0 0<br />

VILAGE DO LAGO II 5 1 0 0<br />

Fonte: Levantamento realizado pelo 7º BBM-4ªCIAPV -2013<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

23


Artigo Original<br />

Bela Paisagem, foram realizadas, no total, 05<br />

vistorias e 0 interdições. O percurso de atendimento<br />

a ocorrências foi de 2,3 Km, como ilustra as setas na<br />

FIG. 3.<br />

principalmente nas regiões mais atingidas pelos<br />

sismos, é necessário um levantamento estrutural<br />

mais específico das moradias, classificá-las<br />

estruturalmente, relacionando ao grau de risco a que<br />

estão submetidas, com relatórios conclusivos de um<br />

Responsável Técnico para adequações estruturais<br />

nas edificações daquela região.<br />

Fonte: http://maps.google.com.br/<br />

CONCLUSÃO<br />

24<br />

Neste trabalho foi observado que os tremores de<br />

terra danificaram 93 edificações, conforme<br />

levantamento apresentado pelo Corpo de<br />

Bombeiros. Os danos apresentados foram aumento<br />

de deformações existentes, geração de novas<br />

deformações e, nos casos mais graves, quedas de<br />

partes das estruturas.<br />

Baseando-se na pesquisa realizada, pode-se<br />

avaliar que a influência dos tremores nas estruturas<br />

de fundações de obras de engenharia civil existe, e o<br />

cálculo estrutural, principalmente para fundações,<br />

deverá passar por transformações. A tecnologia e a<br />

ciência surgem para elevar ao máximo o controle de<br />

nossas habilidades.<br />

Q u a n t o à s e d i f i c a ç õ e s e x i s t e n t e s ,<br />

REFERÊNCIAS<br />

ABNT – Associação Brasileira de Normas<br />

Técnicas - NBR- 6120: Cargas para o cálculo de<br />

estruturas de edificações – Procedimento. ABNT,<br />

Rio de Janeiro, 1980.<br />

ABNT – Associação Brasileira de Normas<br />

Técnicas- NBR- 8681: Ações e segurança nas<br />

estruturas – Procedimento. ABNT, Rio de Janeiro,<br />

2003.<br />

ABNT – Associação Brasileira de Normas<br />

Técnicas- NBR-6118: Projetos de Estrutura de<br />

Concreto – Procedimentos. ABNT, Rio de Janeiro,<br />

2002.<br />

ASSUMPÇÃO, Marcelo; BARBOSA, José<br />

Roberto; FARRAPO, Diogo; FILHO, Luis<br />

Galhardo; FRANÇA, George Sand; HUELSEN,<br />

Mônica; MOREIRA, Marcelo Fernandes;<br />

NASCIMENTO, Leandro do; SILVA,<br />

Francimilton Salustiano. Estudo dos tremores de<br />

terra de Montes Claros, MG, de 2012.<br />

Universidade de São Paulo (USP) e Universidade<br />

de Brasília (UnB). São Paulo. 11 mar. 2013.<br />

BRADY, Nyle C. Natureza e Propriedade dos<br />

Solos. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989.<br />

CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e<br />

suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.<br />

CONCEIÇÃO, Geo. Abalos sísmicos: Terremotos<br />

no Brasil. Disponível em:<br />

Acesso<br />

em: 10 jun. 2013<br />

CORREIA, Paulo de Barros. Origem dos<br />

terremotos no Nordeste. Disponível em:<br />

. Acesso em: 11 jun. 2013<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Disponível em: http://atibaiatudo.com.br/index.<br />

php?option=com_content&view=articl e&id=<br />

248:espeleologo-visita-a-serra-do-mel-e-analisaas-causas-dos-tremores&catid=3:brasil&<br />

Itemid<br />

=54, Acesso em 19 jun. 2013.<br />

Artigo Original<br />

FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de<br />

concreto. São Paulo: Pini, 1994.<br />

Google Maps - ©2013 Google. Disponível em:<br />

Acesso em: 19 jun.<br />

2013.<br />

GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B.da (Org.).<br />

Geomorfologia: uma atualização de bases e<br />

conceitos. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,<br />

2001.<br />

LESTUZZI, Pierino. Séismes et construction.<br />

Laussane: Presses polytechniques etuniversitaires<br />

romandes, 2008.<br />

LIMA, André (Org). O Direito para o Brasil<br />

socioambiental. Porto Alegre: Sergio Antônio<br />

Fabris Editor, 2002.<br />

OLIVEIRA, A.M.S.; BRITO, S.N.A. Geologia de<br />

Engenharia. São Paulo: ABGE, Oficina de<br />

Textos, 1998.<br />

PEREIRA, Marina; ODA, Michelly. Forte tremor<br />

de terra assusta moradores de Montes Claros.<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 10 jun. 2013<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

25


Artigo Original<br />

SISTEMA SOLAR PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA DO<br />

CHUVEIRO DE CASAS POPULARES NA CIDADE DE<br />

JANAÚBA, MINAS GERAIS, BRASIL<br />

OLIVEIRA, Amanda Alves de*; MIRANDA, Dalila Alves*; BATISTA, Érico Mateus*; SANTOS, Flávia Thaís Pereira*;<br />

SILVA, Jenny Efigênia*; MOURÃO, Sheila Abreu**; MOTA, Emerson Batista Ferreira ***<br />

*Discentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc. **Pós doutora em Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e<br />

Sorgo); Doutora em Fitotecnia (UFV); Mestre em Entomologia (UFV); Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ)<br />

e Graduada em Engenharia Agronômica pela UFV. Docente dos cursos de Engenharia Civil Engenharia de Produção das<br />

FIPMoc. ***Orientador: Especialista em Análise Matemática (UNIMONTES), Mestre em Educação Matemática (UAA) e<br />

Doutorando em Educação Matemática (UAA). Graduado em Matemática pela PUC-MINAS. Professor dos cursos de Engenharia<br />

Civil, Produção e Mecânica das FIPMoc e do curso de Matemática e Engenharia Civil UNIMONTES.<br />

RESUMO<br />

O projeto em questão propõe uma reflexão sobre a<br />

viabilidade da utilização da energia solar para<br />

aquecimento de água. O público-alvo participante<br />

deste estudo é formado por adultos, moradores no<br />

Condomínio Residencial Dona Lindu, na cidade de<br />

Janaúba-MG, que já possuem em suas residências o<br />

Sistema de Aquecimento Solar. Tem como suporte a<br />

pesquisa bibliográfica e a quantitativa de caráter<br />

exploratório, embasada nas entrevistas escritas, com<br />

questões objetivas versando sobre assuntos<br />

referentes às informações técnicas, utilização, pontos<br />

positivos e negativos do sistema. Formalizaram-se os<br />

resultados obtidos a fim de que os dados revelem o<br />

que é ou não realidade, e o que deve ser mantido ou<br />

modificado, mantendo a imparcialidade, a<br />

objetividade e o cuidado ético de respeitar a opinião<br />

do informante. Tendo em vista que a energia solar é<br />

uma das alternativas mais promissoras na atualidade<br />

no que se refere à redução de gastos e à<br />

sustentabilidade, uma vez que defende uma forma<br />

ecológica de produção de energia, este projeto irá<br />

colaborar com a sociedade, pois apresentará<br />

resultados que poderão incentivar a utilização do sol,<br />

que é uma fonte inesgotável de energia.<br />

P a l a v r a s - c h a v e : E n g e n h a r i a C i v i l .<br />

Sustentabilidade. Benefício.<br />

INTRODUÇÃO<br />

No atual cenário brasileiro, o uso dos<br />

aquecedores solares tem-se tornado cada vez mais<br />

comum e popular, tanto para a classe média como<br />

para a classe baixa, pois seus benefícios como o<br />

custo de energia é uma grande vantagem para todos,<br />

inclusive para o Brasil, que já adquire uma energia,<br />

alternativa e reduz os gastos.<br />

Em especial no Norte de Minas Gerais, a<br />

eficiência desse equipamento é ainda maior, pois o<br />

índice de radiação solar é muito alta; há lugares em<br />

que a água esquenta tanto que economiza até no gás<br />

de cozinha.<br />

A pesquisa tem por objetivo incentivar as<br />

pessoas a optarem pelo sistema de aquecimento<br />

solar, que apresenta um custo-benefício<br />

significativo, ao longo do tempo.<br />

Com isso, deve haver mais informações para<br />

que ocorra maior interesse na utilização dele. Por<br />

meio de integrais definidas no cálculo diferencial e<br />

integral II, é possível calcular o volume da água nos<br />

vários tipos de reservatórios, e esboçar essa relação<br />

por meio de gráficos.<br />

Portanto, essa pesquisa não tem como<br />

objetivo informar, mas também incentivar a<br />

população a utilizar esse sistema, assim como<br />

demonstrar a utilização da energia solar para o<br />

aquecimento da água, em casas populares na cidade<br />

de Janaúba – MG.<br />

26 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

MÉTODO<br />

A área escolhida para o desenvolvimento da<br />

pesquisa foi o município de Janaúba, situado no<br />

norte do Estado de Minas Gerais, denominada região<br />

da Serra Geral, de biomas caatinga e serrado. A<br />

cidade é, hoje, a maior produtora de banana de toda a<br />

nação, sendo responsável pelo abastecimento de<br />

banana para todo o mundo.<br />

Este projeto de pesquisa de campo quantitativa<br />

de caráter exploratório foi elaborado mediante<br />

questionários feitos pelos alunos do 2º período<br />

matutino do curso de Engenharia Civil das FIPMoc,<br />

para um grupo amostral de pessoas adultas, com<br />

idade acima de 18 anos e moradoras do Condomínio<br />

Residencial Dona Lindu, que são as casas populares<br />

de Janaúba - MG, no qual todas as casas possuem<br />

aquecedores solares. Cada casa possui cinco<br />

cômodos, além de uma área verde, área de lazer e<br />

vias pavimentadas. A FIG. 1 mostra a localidade do<br />

Condomínio Residencial Dona Lindu situado em<br />

Figura 1 - Localização do Condomínio Residencial Dona Lindú<br />

Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-15.857738&lon=-43.312783&z=14&m=b&permpoly=24751803<br />

Janaúba provenientes do sol, Aita (2006, p.1) afirma, sobre o<br />

Ȧlém do questionário aplicado no dia 11 de grande desenvolvimento tecnológico, o aumento<br />

maio de 2013 aos moradores, avaliando o índice de populacional e a crescente necessidade humana de<br />

aceitação do aquecedor solar, o assunto também foi utilização de energia, que o meio ambiente poderá<br />

discutido com os engenheiros responsáveis pela sofrer um grande desequilíbrio, com inundações e<br />

obra das casas e da instalação do aquecedor. desmatamentos para a construção de hidrelétricas;<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

contudo, a energia solar usada para o aquecimento<br />

de água é tomada como mais vantajosa, tanto<br />

Nessa perspectiva, sabendo que a energia solar<br />

ecológica quanto financeiramente. Assim, a energia<br />

ocorre através da captação da energia luminosa,<br />

do sol, sendo limpa e gratuita, contribuirá para a<br />

energia térmica, bem como suas combinações<br />

estabilidade da enorme demanda energética global.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

27


Artigo Original<br />

Figura 2 - Projeto construção das casas populares com a instalação do aquecedor solar<br />

Fonte: Prefeitura Municipal de Janaúba ou Construtora Realiza<br />

Após a tabulação dos dados do questionário<br />

feito aos moradores, pôde-se, por meio de gráficos e<br />

de tabelas, expor todos os resultados, sendo de fácil e<br />

rápida interpretação por parte do público-alvo,<br />

concluindo se é recomendável sua instalação ou não,<br />

assim como o GRAF. 1 representa.<br />

Gráfico 1 - Percentagem de entrevistados que<br />

recomendam e não recomendam aquecedor solar<br />

instalados nas casas do Condomínio residencial<br />

Dona Lindu , em Janaúba, MG.<br />

NÃO: 11%<br />

SIM: 89%<br />

De acordo com os questionários aplicados aos<br />

moradores das casas populares da cidade de Janaúba<br />

– MG, os aquecedores solares, para a grande parte<br />

dos moradores, são recomendáveis, pois a economia<br />

não é vista somente na energia elétrica, mas também<br />

no gás utilizado na cozinha, uma vez que, com a<br />

água muito quente, algumas pessoas levam<br />

diretamente a água do chuveiro para fazer café. Dos<br />

18 questionários aplicados nas 476 residências, e<br />

com população acima de duas mil pessoas, 16<br />

recomendam e 2 não recomendam essa prática.<br />

“O Brasil, por ser um país de dimensões<br />

continentais e possuir grande parte de sua área<br />

distribuída na região dos trópicos, apresenta elevada<br />

disponibilidade de radiação solar.” (AITA, 2006, p.<br />

16).<br />

Devido ao fato de Janaúba ser uma região<br />

semiárida, de temperatura elevada, os dois<br />

moradores que não recomendam o aquecedor solar<br />

reclamaram pelo motivo de a água sair muito quente,<br />

28<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

podendo causar pequenas queimaduras, mas esse<br />

problema pode ser resolvido facilmente, uma vez<br />

que cada casa possui reguladores dos aquecedores,<br />

tendo uma torneira da qual sai água do reservatório<br />

solar, e outra da qual sai água da caixa d'água, que<br />

normalmente é fria.<br />

Bezerra (1998 apud SIQUEIRA, 2009, p.6)<br />

relata que a variação da distância Terra-Sol,<br />

influencia no fluxo de radiação que nosso planeta<br />

recebe do Sol, com diferença de aproximadamente<br />

3%. Assim, no início de janeiro, a Terra está mais<br />

próxima do Sol, no início de julho, essa distância<br />

cresce pra 3,3%, por isso a radiação chega a terra 7%<br />

menor. Para que haja um melhor aproveitamento da<br />

radiação solar, devemos ter uma atenção especial na<br />

montagem do sistema de aquecimento, para que seja<br />

absorvida ao máximo essa energia.<br />

Para Nogueira e Domingues (2007, p.3),<br />

devem-se levar em consideração vários requisitos na<br />

hora da montagem do sistema de aquecimento,<br />

assim como o cálculo de água quente e do número de<br />

placas solares; e também a escolha de materiais de<br />

boa qualidade para a confecção do coletor e<br />

reservatório. Considerando-se o número de<br />

residentes da casa e o tipo de atividade a que a água<br />

quente será submetida, pode-se obter a quantidade<br />

de água necessária para uso diário. De acordo com os<br />

autores, para que haja aproveitamento máximo da<br />

energia solar, o ângulo de inclinação dos coletores<br />

deve ser a latitude do local somado a quinze graus;<br />

assim, as placas receberão radiação o dia inteiro.<br />

A melhor posição para a instalação deve ser num<br />

local que fica permanentemente exposto ao Sol.<br />

Segundo Scolaret al.(2003), “os dados da irradiância<br />

solar direta e global para a superfície horizontal, e da<br />

total em um plano inclinado igual à latitude local<br />

(20º)” . Considerando que o aquecedor solar tenha<br />

forma retangular, sua base deve ser paralela ao eixo<br />

leste oeste geográfico e perpendicular ao eixo norte e<br />

sul. Dessa maneira, o aquecedor solar receberá uma<br />

incidência maior dos raios de sol durante o dia, uma<br />

vez que o sol nasce ao leste e se põe ao oeste.<br />

No tocante à economia dos usuários com gastos<br />

de energia, não foi possível contabilizar o valor, uma<br />

vez que, desde a construção das casas o sistema de<br />

aquecedor solar foi instalado. Entretanto, nota-se<br />

que há uma preferência por esse sistema de<br />

aquecimento, pois todos os entrevistados<br />

informaram que utilizam a energia elétrica somente<br />

p a r a a s o u t r a s f i n a l i d a d e s , c o m o e m<br />

eletrodomésticos e eletrônicos, não sendo usada no<br />

chuveiro. Assim, evitam esse gasto que, certamente,<br />

iria impactar bastante no valor da fatura.<br />

Segundo Duffie e Beckman (1980 apud<br />

SIQUEIRA, 2009, p.22), para que haja uma melhor<br />

absorção e aproveitamento da radiação solar, os<br />

materiais dos coletores solares devem ter alta<br />

transmissão e boa absorção de energia. O que ocorre<br />

muitas vezes é a perda de calor por conta da<br />

convecção e condução de calor, sendo ideal que a<br />

emissão de energia pelo sistema seja a mais baixa<br />

possível.<br />

Ao serem questionados sobre a falta de água<br />

quente no inverno, 94% dos entrevistados<br />

informaram que esse fato não ocorre, pois, até<br />

quando está chovendo a água do reservatório não<br />

esfria. Dessa forma, é notável a preferência dos<br />

usuários pelo sistema de aquecimento solar.<br />

Segundo eles, além de economizar na conta de<br />

energia, também há economia no gás de cozinha,<br />

devido à água quente proveniente do aquecedor.<br />

Segundo Dantas; Carvalho e Castro Neto (2013,<br />

p.2), para armazenar água quente para a noite e a<br />

manhã do dia seguinte, deve-se observar o<br />

deslocamento do sol durante o dia. Assim, a<br />

instalação dos coletores deve estar mais voltada para<br />

oeste (pôr do sol), porém a exposição norte tem que<br />

ser maior. Por isso, a inclinação de melhor captação<br />

de energia solar diária e anual é a noroeste.<br />

Siqueira (2003, p.17) relata que, na atualidade,<br />

existe uma infinidade de programas de simulação de<br />

sistemas de aquecimento de água operando por<br />

energia solar, contudo eles têm diferenças<br />

significativas quanto à precisão, o custo, os objetivos<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

29


Artigo Original<br />

e os métodos de avaliação. Não é possível citar todos<br />

esses programas, pois muitos estão disponíveis<br />

apenas ao meio acadêmico, não tendo divulgação;<br />

outros, ainda, não estão concluídos totalmente ou<br />

são específicos para um tipo restrito de instalação.<br />

Lima (2003 apud SIQUEIRA, 2009, p.21)<br />

otimizou projetos de sistemas de aquecimento solar<br />

de água em edificações residenciais, utilizando o<br />

programa TRNSYS, que utiliza uma rotina de<br />

simulação numérica em longo prazo em regime<br />

transciente fornecendo como resultados a inclinação<br />

e a área da placa coletora que resulta no mínimo<br />

custo, ao longo da vida útil do equipamento.<br />

Siqueira (2003, p.1) conota que o sistema solar<br />

de aquecimento de água (SSAA) é operado por<br />

termossifão, autorregulado, não havendo<br />

necessidade de controles, sendo o mais simples<br />

possível, composto apenas por placas solares,<br />

reservatório térmico e tubulações hidráulicas, tendo<br />

em vista a não utilização de bomba para fazer a<br />

circulação da água nos canos, sendo conhecido<br />

também como sistema com circulação natural.<br />

Contudo, para que aconteça toda a “mágica” é<br />

necessário de que o reservatório esteja acima do<br />

nível dos coletores, permitindo, assim, a circulação<br />

natural. A FIG 3. ilustra esse tipo de aquecedor.<br />

Figura 3 - Sistema completo de aquecimento de água para uso residencial e ou industrial.<br />

30 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

Os sistemas de aquecimento são geralmente<br />

constituídos por mais de um coletor, ligados<br />

geralmente em paralelo, trabalhando em regime de<br />

termossifão ou fluxo forçado, sendo a primeira<br />

opção a mais empregada; por um armazenador<br />

térmico, geralmente de cobre ou inox, e de tubos<br />

para a condução de calor, geralmente o CPVC<br />

(copolímero vinílico). Tais sistemas são de preço<br />

ainda relativamente alto, não estando acessível à<br />

maioria da população. Para uma residência com<br />

quatro pessoas, o sistema fica em torno de R$<br />

3.000,00. (Costa, 2007, p.2)<br />

De acordo com a empresa Pantho Industrial<br />

Ltda., sediada em Belo Horizonte, desde 1976:<br />

MEDIDAS MÁXIMAS E MÍNIMAS A SEREM<br />

OBSERVADAS:<br />

â = INCLINAÇÃO DO COLETOR SOLAR COM<br />

A HORIZONTAL:<br />

Mínima = 42% ou 25º<br />

Ideal = 70% ou 35º<br />

Máxima = 115% ou 53º<br />

Y = DESNÍVEL ENTRE A BASE DA CAIXA<br />

D'ÁGUA FRIA E O TOPO DO RESERVATÓRIO<br />

TÉRMICO:<br />

Recomendamos: 15 centímetros.<br />

Máximo: 5,00 m.c.a. (metros de coluna d'água) do<br />

eixo do reservatório térmico ao extravasor (ladrão).<br />

CONCLUSÃO<br />

Baseado no instrumento de coleta de dados em<br />

forma de questionário, com pesquisa de campo bem<br />

definida e revisão bibliográfica como aporte teórico,<br />

chegou-se à conclusão de que a utilização de sistema<br />

solar de aquecimento de água reduziu<br />

consideravelmente o consumo de energia<br />

hidrelétrica nas residências das famílias<br />

entrevistadas.<br />

Apesar de o custo de aquisição do sistema solar<br />

ainda situar-se em um patamar alto, sua utilização<br />

em longo prazo certamente equilibra a equação<br />

custo-benefício, pois há uma redução significativa<br />

no consumo de energia hidrelétrica.<br />

No mesmo sentido, considerando os aspectos<br />

ambientais envolvidos e levando em conta a posição<br />

geográfica brasileira favorável à captação de<br />

radiação solar, a utilização dessa energia limpa é,<br />

sem sombra de dúvida, uma iniciativa que deve sair<br />

do papel de projetos e ser realizada, tanto pela<br />

sociedade civil quanto pelo governo.<br />

Vale ressaltar que a falta de estímulo e o alto<br />

custo dos equipamentos só reforçam que a cultura<br />

brasileira não está voltada para o desenvolvimento<br />

sustentável. É necessário, nesse aspecto, que se<br />

encare com mais seriedade o assunto, para que a<br />

utilização de energia solar passe a ser um hábito do<br />

brasileiro, em vez de ser uma prática inusitada, como<br />

é vista atualmente.<br />

Por atender uma população com baixo poder<br />

aquisitivo, da cidade de Janaúba, o projeto de<br />

aquecedores solar nas casas populares representa<br />

um grande avanço e de relevante benefício. Os<br />

custos provenientes da instalação dos equipamentos<br />

necessários foram compensados. Além do impacto<br />

ambiental que essa ação representa, a redução na<br />

taxa com gasto de energia também pode ser<br />

considerada, porque o chuveiro representa um<br />

consumo muito grande de energia e, ainda que os<br />

moradores já tenham recebido as casas com a<br />

instalação dos aquecedores e não tenham notado de<br />

fato a redução dessa taxa, eles sabem que, caso não<br />

tivessem aquecedor solar, teriam maiores despesas<br />

no orçamento familiar.<br />

REFERÊNCIAS<br />

AITA, Fernando. Estudo do desempenho de um<br />

sistema de aquecimento de água por energia<br />

solar e gás. 2006, 128 f. Dissertação (Mestrado<br />

em engenharia mecânica) – Universidade Federal<br />

do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

31


Artigo Original<br />

Artigo da CEMIG Disponível em:<br />

<br />

Acesso em: 14 maio 2013.<br />

COSTA, R. N. A. Viabilidades térmica,<br />

econômica e de materiais de um sistema solar<br />

de aquecimento de água a baixo custo para fins<br />

residenciais. 2007, 78 f. Dissertação (Mestrado<br />

em engenharia mecânica) – Universidade Federal<br />

do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.<br />

CERVO, A.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R.<br />

Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson<br />

Prentice Hall, 2007.<br />

CORSATTO, C. E. et al. Normas para<br />

elaboração de dissertações. Janaúba:<br />

UNIMONTES, 2007.<br />

DANTAS, A. A. A.; CARVALHO, L.G.; CASTRO<br />

NETO, P. Radiação solar: aproveitamento da<br />

radiação solar. Universidade Federal de Lavras –<br />

Departamento de engenharia núcleo de<br />

agrometeorologia e climatologia. Disponível<br />

em:. Acesso em:<br />

19 mar. 2013.<br />

NOGUERIA, R. C.; DOMINGUES, E. T.<br />

Aquecedor solar com material reciclável: um<br />

desafio a ser vencido. In: CONGRESSO DE<br />

PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE<br />

NORDESTE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA.<br />

2. , 2007, João Pessoa.<br />

SCOLAR, J; MARTINS, D; ESCOBEDO, J. F.<br />

Estimativa da irradiação total sobre uma superfície<br />

inclinada a partir da irradiação global na<br />

horizontal. Revista Brasileira de Geofísica, v. 21,<br />

p. 249-258, 2003.<br />

SIQUEIRA, A. M. O. Desenvolvimento de um<br />

programa de simulação computacional de<br />

sistemas de aquecimento solar para água. 2003,<br />

147f. Tese (Doutor em engenharia) –<br />

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto<br />

Alegre, 2003.<br />

SIQUEIRA, D. A. Estudo de desempenho do<br />

aquecedor solar de baixo custo. 2009, 143 f.<br />

Dissertação (Mestrado em engenharia química) –<br />

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,<br />

2009.<br />

32<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE VETORES NA<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

BARRETO, Anna Carolina de Sousa*; ANDRADE, Maria Eduarda Silva*; BRAGA, Marianne Rodrigues*; GOMES, Melissa<br />

Miriam Martins*; CARDOSO, Silvia Cibelle Silva*; LEITE, Thais Cunha*; PINHO, Thamires Araújo*; COSTA JUNIOR,<br />

Antonio Carlos Moreira da**.<br />

*Discentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc; **Mestre em Administração pela UNIPEL, coordenador do curso de<br />

Engenharia Civil da FIPMoc, RT do laboratório de materiais de construção FIPMoc, diretor - Pactum Engenharia Ltda e diretor<br />

da Construtoria, empresa de gestão em engenharia e arquitetura.<br />

RESUMO<br />

É recorrente estudantes do curso de Engenharia<br />

Civil se perguntarem, principalmente no início do<br />

curso, qual será a utilidade dos conteúdos de<br />

Geometria Analítica em sua atuação profissional.<br />

Este trabalho visa evidenciar a importância do uso<br />

de vetores na construção civil, desde conceitos<br />

básicos, importantes para a compreensão do<br />

conteúdo, até as principais utilidades no cotidiano de<br />

um Engenheiro Civil. Através da utilização de um<br />

questionário aplicado a alguns profissionais da área,<br />

buscou-se verificar quais conteúdos de Geometria<br />

Analítica são mais utilizados por eles, e em quais<br />

situações precisam, especificamente, dos conceitos<br />

de vetores. Após a análise dos resultados, concluiuse<br />

que a Geometria Analítica e a Álgebra Linear são<br />

matérias de grande importância na fase acadêmica,<br />

principalmente ao se tratar da estimulação do<br />

raciocínio lógico, bem como na vida profissional,<br />

como no dimensionamento de vigas e treliças,<br />

reações de apoio, cálculo de resistência de materiais,<br />

desenvolvimento de softwares e localização do<br />

centro de gravidade. Entretanto, durante as<br />

entrevistas foi relatado pelos engenheiros que, na<br />

maioria das vezes, essas aplicações não estão tão<br />

presentes, já que existem softwares especializados<br />

que realizam essas tarefas com uma margem mínima<br />

de erro.<br />

Palavras-chave: Geometria Analítica. Álgebra<br />

Linear. Ciências exatas.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O estudo de vetores, na disciplina de Álgebra<br />

Linear, é uma das responsabilidades atribuídas aos<br />

estudantes do primeiro período de Engenharia Civil.<br />

Esse tema representa a base para a construção civil,<br />

sendo, então, extremamente importante para os<br />

profissionais da área no mercado de trabalho.<br />

Estudá-lo significa capacitar os futuros<br />

engenheiros, bem como garantir o desenvolvimento<br />

da construção civil, principalmente em países em<br />

que seja precária, como o Brasil.<br />

De acordo com Dias (2010), o estudo da<br />

Álgebra Linear é considerado importante para o<br />

pleno domínio da linguagem matemática, razão pela<br />

qual foi incorporada em cursos de ciências exatas.<br />

Uma de suas aplicações se dá na criação de<br />

softwares especializados para a construção civil.<br />

Além disso, é utilizado para operações com<br />

matrizes, a fim de resolver os problemas de<br />

estruturas metálicas.<br />

Ainda segundo o autor, durante estudos de<br />

geometria é comum encontrar problemas sobre o<br />

centro de gravidade dos objetos, o qual tem sido<br />

imprescindível em áreas como a Engenharia Civil.<br />

Para determinar o centro de gravidade das<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

33


Artigo Original<br />

estruturas, faz-se necessário o estudo da Álgebra<br />

Linear, uma vez que os problemas serão formulados<br />

a partir de equações lineares.<br />

O objetivo deste estudo é evidenciar o uso de<br />

vetores na Engenharia Civil. A pesquisa<br />

caracterizou-se como um estudo de profissionais da<br />

área na cidade de Montes Claros - MG e região.<br />

Além da realização da pesquisa de campo, análise e<br />

coleta de dados e informações, realizaram-se,<br />

também, pesquisas bibliográficas.<br />

MÉTODO<br />

Na primeira fase deste estudo, realizou-se uma<br />

pesquisa, com abordagem qualitativa, de objetivos<br />

exploratórios e com procedimentos de revisão<br />

bibliográfica, contextualizando os princípios<br />

básicos do conteúdo de vetores e abrangendo desde<br />

conceitos importantes até suas aplicações.<br />

Posteriormente, tendo como base essa<br />

pesquisa inicial, trabalhou-se com uma pesquisa<br />

quantitativa, utilizando a aplicação de um<br />

questionário como método de instrumento de coleta<br />

de dados, para verificar, junto a engenheiros civis,<br />

quais desses conteúdos têm maior utilidade prática<br />

em sua vida profissional.<br />

Para tanto, entrevistaram-se doze<br />

engenheiros, sendo oito deles da cidade de Montes<br />

Claros (MG), dois de Pirapora (MG), um de<br />

Bocaiuva (MG) e um de Belo Horizonte (MG).<br />

Após a entrevista, analisaram-se graficamente os<br />

dados coletados para quantificar as respostas e<br />

elaborar as conclusões.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O trabalho, realizado através de entrevistas e<br />

pesquisas a respeito das atribuições da disciplina de<br />

Geometria Analítica na Engenharia Civil, permite<br />

visualizar a grande importância da disciplina para a<br />

eficiência das construções, bem como o grau de<br />

utilização de cada um dos conteúdos, em especial<br />

aqueles ministrados no primeiro período do curso.<br />

A partir das respostas dos engenheiros civis<br />

obtidas pelo questionário, construiu-se o GRAF. 1:<br />

Gráfico 1 - No período total de execução de uma<br />

obra, você considera importante a Geometria como<br />

ferramenta na Construção Civil ?<br />

À vista do GRAF. 1, contata-se que a maioria<br />

dos engenheiros entrevistados (86%) admite a<br />

importância da Geometria Analítica como<br />

ferramenta na Construção Civil no período total de<br />

execução de uma obra. Apenas 14% dos profissionais<br />

não consideram essa disciplina essencial em suas<br />

atividades.<br />

Não<br />

Quando indagados sobre quais as principais<br />

formas e ferramentas geométricas utilizadas no<br />

trabalho, o engenheiro Gil S. Rocha respondeu que<br />

era “[...] o teorema de Pitágoras, para definição de<br />

eixos ortogonais, cálculo de planos inclinados para<br />

definição de vão e área de cobertura”. O engenheiro<br />

Geraldo respondeu:<br />

14%<br />

86%<br />

Sim<br />

Aplicamos com frequência o teorema de<br />

Pitágoras. Utilizamos o esquadro como<br />

ferramenta para marcação e locação das obras,<br />

mangueiras de nível, teodolito, prumo, linhas de<br />

nylon e outras ferramentas. A geometria é de<br />

extrema importância na execução de uma obra.<br />

Fazemos cálculos de áreas e volumes<br />

constantemente.<br />

34<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

O GRAF. 2 também foi montado a partir das<br />

respostas dos engenheiros civis no questionário.<br />

Gráfico 2 – Quais desses conhecimentos de<br />

Geometria Analítica e Álgebra Linear você utiliza<br />

em sua área de atuação ?<br />

10%<br />

10%<br />

25%<br />

10%<br />

10%<br />

10%<br />

10%<br />

15%<br />

Determinantes<br />

Vetores no R3<br />

Operações com matrizes<br />

Nenhum<br />

Sistemas de equações lineares Não soube responder<br />

Vetores no R2<br />

Outros<br />

O GRAF. 2 trata de alguns dos principais<br />

conteúdos das disciplinas de Geometria Analítica e<br />

Álgebra Linear. Dos entrevistados, 10% afirmaram<br />

utilizar determinantes, 10% em operações com<br />

matrizes, 15% em sistemas de equações lineares,<br />

10% em vetores no R2, 10% em vetores no R3. Além<br />

disso, 10% dos entrevistados não souberam<br />

responder, 10% afirmaram utilizar outros conteúdos<br />

e 25% alegaram não utilizar nenhum dos itens<br />

citados no questionário na execução de obras.<br />

Além dos dados obtidos por meio da<br />

entrevista, o uso de vetores foi amplamente<br />

pesquisado, por se tratar de um conteúdo<br />

considerado base para a Engenharia Civil na<br />

contemporaneidade.<br />

Os dimensionamentos de vigas e treliças, os<br />

quais envolvem conceitos de força e carregamentos,<br />

são exemplos de aplicações práticas dos vetores na<br />

construção civil, assim como as reações de apoio,<br />

cálculo da resistência de materiais, desenvolvimento<br />

de softwares, e criação de formas de sustentação<br />

para determinadas estruturas.<br />

A Álgebra Linear também possui diversas<br />

aplicações, dentre as quais destacamos a criação de<br />

programas de computadores, resolução de<br />

problemas físicos através de equações algébricas, e<br />

determinação do centro de gravidade com equações<br />

lineares.<br />

Antes de evidenciar o uso de vetores na<br />

construção civil, é importante conhecer alguns<br />

conceitos básicos.<br />

De acordo com Caroli, Callioli e Feitosa<br />

(1984), um segmento orientado equipolente<br />

determina um vetor, que é um par ordenado de<br />

pontos, nos quais o primeiro se chama origem, e o<br />

segundo, extremidade. Vetores equipolentes são<br />

aqueles que possuem mesmo módulo, direção e<br />

sentido.<br />

Segundo Steinbruch e Winterle (1987), um<br />

único vetor nulo, ou vetor zero, é determinado por<br />

segmentos nulos, que são equipolentes entre si, e o<br />

versor de um vetor não nulo é sempre unitário e no<br />

mesmo sentido desse vetor. Vetores colineares são<br />

aqueles que possuem a mesma direção, ou seja,<br />

pertencem a uma mesma reta ou a retas paralelas.<br />

Para Streinbruch (1987), vetores coplanares são os<br />

que possuem representação em um mesmo plano, e<br />

dois vetores são ortogonais quando formam um<br />

ângulo reto entre si,e seu produto é nulo (1987).<br />

Julianelli (2008) descreve que um par<br />

ordenado é definido por (A, B), e o (B, A) é o seu<br />

segmento orientado oposto. O sentido positivo do<br />

segmento é determinado pelo sentido que o eixo a<br />

que ele pertence possui. Um segmento nulo é aquele<br />

cuja extremidade é da mesma que a origem, por<br />

exemplo: (A, A).<br />

"O conceito de vetor, assim como as operações<br />

e propriedades estudadas no R², são válidas também<br />

para o espaço R³".s Julianelli (2008).<br />

A utilização de vetores na Engenharia Civil<br />

t e m s i d o d e g r a n d e i m p o r t â n c i a n a<br />

contemporaneidade, uma vez que pode integrar<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

35


Artigo Original<br />

diversos assuntos, como dimensionamento de vigas<br />

e treliças, os quais envolvem conceitos de força e<br />

carregamentos; reações de apoio, cálculo da<br />

resistência de materiais e desenvolvimento de<br />

softwares, como o AutoCAD e o Sketchup. Também<br />

pode ter sua aplicação associada à força no cálculo<br />

da tração de uma treliça, coluna, vigas e cabos,<br />

criando formas de sustentação para determinadas<br />

estruturas, construção de um pavimento<br />

automobilístico - calculando a inclinação de uma<br />

curva e a velocidade máxima permitida em<br />

determinado ponto do trajeto.<br />

A Álgebra Linear possui diversas aplicações.<br />

Algumas delas são: a criação de sofisticados<br />

programas de computadores; a resolução de<br />

problemas físicos através de equações algébricas; a<br />

determinação do centro de gravidade com equações<br />

lineares; entre outras.<br />

Segundo Jacob (1997) “[...] a Álgebra Linear é<br />

usada muito fortemente em Engenharia Estrutural.<br />

[...]. A análise de uma estrutura em equilíbrio<br />

envolve anotar muitas equações em incógnitas.<br />

Muitas vezes, essas equações são lineares, mesmo<br />

quando a deformação do material é considerada”.O<br />

autor ainda afirma que este é exatamente o tipo de<br />

situação para a qual a Álgebra Linear é a melhor<br />

técnica.<br />

Primeiramente, recorre-se ao conceito físico<br />

do problema em questão, para depois utilizarmos<br />

uma notação matricial dos vetores. Possuindo os<br />

valores dos vetores dos pesos e dos centros de<br />

gravidades individuais de cada corpo, com o produto<br />

de suas matrizes, obtemos o centro de gravidade<br />

global, como demonstrado na FIG. 1.<br />

[...] A peça de peso maior é um compensado na<br />

forma de um triângulo equilátero de 28.5 cm de<br />

lado. Os pesos foram posicionados internamente<br />

à base triangular, o que levou à redução<br />

simétrica do seu lado efetivo para 21.6 cm.<br />

Devido à homogeneidade da plataforma, é<br />

conveniente escolher a medida interna e<br />

desprezar o corte externo. Portanto, o cálculo é<br />

feito como se a base triangular fosse de 21.6 cm.<br />

Figura 1 - Maquete da plataforma sustentada pelo<br />

seu ponto de equilíbrio (um prego).<br />

Fonte : DIAS, Magno B. et al. Vetor Centro de Gravidade:<br />

uma aplicação da Álgebra Linear na Engenharia Civil.<br />

RCTVM, 2010.<br />

Primeiramente, buscou-se o equilíbrio da<br />

estrutura por tentativa; encontramos, assim, após<br />

algum tempo, vários pontos de equilíbrio ao redor de<br />

uma dada região definida pela seguinte coordenada:<br />

C'(x,y) = (12.7, 6.1).<br />

Depois, utilizaram-se as coordenadas da base<br />

triangular dada; procedendo com o cálculo,<br />

encontramos:<br />

Desse modo, mostra-se, através da existência<br />

do centro de gravidade, que é possível o equilíbrio de<br />

uma estrutura através de um segmento orientado<br />

sobre um ponto (vetor), cuja localização é muito útil<br />

em estudos que visam estabelecer a resistência dos<br />

materiais que irão apoiá-la neste ou ao redor deste<br />

ponto.<br />

Diantes dos dados e das informações<br />

apresentadas, conclui-se que é inegável a<br />

contribuição da Geometria Analítica para<br />

36 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

profissionais da construção civil. O estudo de tal<br />

conteúdo, associado à Álgebra Linear, garante<br />

benefícios significativos nessa área, tão precária no<br />

Brasil.<br />

Makron Books, 1987.<br />

WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria<br />

Analítica. São Paulo: Pearson Makron Books,<br />

2000.<br />

CONCLUSÃO<br />

Após a análise dos resultados, pode-se<br />

concluir que o conteúdo de vetores possui grande<br />

importância na Construção Civil, tanto no<br />

dimensionamento de vigas e treliças, quanto em<br />

reações de apoio, cálculo de resistência de materiais,<br />

desenvolvimento de softwares, localização do<br />

centro de gravidade, dentre outras aplicações.<br />

Contudo, durante as entrevistas com engenheiros,<br />

foi unânime a observação de que, mesmo com toda a<br />

importância, o conteúdo de vetores, junto a outros<br />

conteúdos da Geometria Analítica e do Cálculo, tem<br />

maior utilidade para a estimulação do raciocínio<br />

rápido e lógico necessário na vida profissional, não<br />

estando tão presente no dia a dia do Engenheiro<br />

Civil, já que, segundo os entrevistados, existem<br />

softwares que realizam essas aplicações, quando<br />

necessário.<br />

REFERÊNCIAS<br />

CAMARGO, Ivan de; BOULOS, Paulo.<br />

Geometria Analítica. 3. ed. São Paulo: Prentice<br />

Hall, 2005.<br />

CAROLI, Alésio de; CALLIOLI, Carlos A.;<br />

FEITOSA, Miguel O. Matrizes, vetores,<br />

geometria analítica: teoria e exercícios. São<br />

Paulo: Nobel, 1984.<br />

DIAS, Magno B. et al. Vetor Centro de<br />

Gravidade: uma aplicação da Álgebra Linear na<br />

Engenharia Civil. RCTVM, 2010.<br />

JULIANELLI, José Alberto. Cálculo Vetorial e<br />

Geometria. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,<br />

2008.<br />

STREINBRUCH, Alfredo; WINTERLE, Paulo.<br />

Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: Pearson<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

37


Artigo Original<br />

ANÁLISE DAS TENSÕES OCORRIDAS EM EDIFICAÇÕES<br />

SUBMETIDAS A ABALOS SÍSMICOS NO MUNICÍPIO DE<br />

MONTES CLAROS-MG<br />

MOTA, Alisson Frederico Piranga*; SOUZA, Bruna Larissa Freire*; XAVIER, Érick Samuel Lourenço*; SILVA,<br />

*;<br />

Fabiano*; ALMEIDA, Miguel*; BRAGA, Tatiana Silva*; AGUIAR, Thiago Willer Teixeira de ; COSTA JUNIOR,<br />

Antonio Carlos Moreira da<br />

**<br />

* **<br />

Docentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc. Graduado em Engenharia Civil pela FUMEC, MBA em<br />

gestão empresarial pela FGV, mestre em administração pela Unipel. Coordenador do curso de Engenharia Civil das<br />

FIPMoc, RT do laboratório de materiais de construção FIPMoc<br />

RESUMO<br />

No município de Montes Claros têm ocorrido alguns<br />

abalos sísmicos que antes eram infrequentes, com<br />

algumas consequências para as construções dessa<br />

cidade. Visando isso, fez-se necessário avaliar a<br />

importância da disciplina Resistência dos Materiais<br />

na verificação dos tipos de tensões ocorridas nas<br />

edificações, a partir das solicitações pelos abalos<br />

sísmicos ocorridos em Montes Claros-MG. Para<br />

atingir esse objetivo, foi feita uma pesquisa em<br />

artigos, documentos e noticiários, obtendo<br />

informações sobre o assunto abordado. Foram<br />

utilizadas, também, algumas ilustrações<br />

pressupondo a situação de uma edificação antes e<br />

depois do abalo sísmico, relacionando à capacidade<br />

do material a resistir a determinadas cargas.<br />

Observou-se que o abalo sísmico ocasiona<br />

determinadas tensões na estrutura, tais como: tração,<br />

compressão, cisalhamento e flexão. Essas tensões<br />

podem deformar uma estrutura de forma visível,<br />

dependendo da resistência do material e da carga<br />

solicitada. Com essa pesquisa, percebeu-se que a<br />

disciplina Resistência dos Materiais é muito útil na<br />

análise dos tipos de tensões que o abalo sísmico pode<br />

proporcionar nas edificações, pois ela proporciona o<br />

estudo das tensões bem como, de suas aplicações<br />

práticas.<br />

Palavras-chave: Construções. Resistência. Cargas.<br />

Deformação.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O abalo sísmico é um fenômeno ambiental<br />

muito comum em alguns países, ocorrendo,<br />

geralmente, devido à acomodação das placas<br />

tectônicas, que, ao se chocarem, geram uma<br />

movimentação na estrutura local. De acordo com a<br />

professora de Geografia Conceição (Geo –<br />

Conceição, 2012), alguns abalos sísmicos também<br />

podem ser causados por atividades vulcânicas, ou<br />

falhas geológicas de origem natural ou induzidas.<br />

“Os sismos induzidos são basicamente<br />

resultado da ação do homem. Originam-se de<br />

explosões, extração de minérios, de água ou fósseis,<br />

ou até mesmo por queda de edifícios; entretanto, a<br />

intensidade apresentada é bastante inferior a dos<br />

terremotos tectônicos.” (Só Geografia)<br />

No município de Montes Claros, têm ocorrido<br />

alguns abalos sísmicos, que antes eram incomuns. A<br />

causa desses abalos ainda não é de total<br />

conhecimento, porém sabe-se que a cidade<br />

apresenta algumas falhas geológicas, como mostram<br />

estudos feitos no local. Devido a esses abalos<br />

sísmicos, deu-se a necessidade de tomar<br />

conhecimento sobre as consequências que geraram<br />

ou podem gerar nas edificações presentes no<br />

38 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

município.<br />

“Entre as consequências de um abalo sísmico,<br />

citam-se: vibração do solo com intensidade variada,<br />

abertura de falhas, deslizamento de terra, tsunâmis,<br />

mudanças na rotação da Terra. As consequências de<br />

um abalo sísmico normalmente acarretam efeitos<br />

nocivos ao homem, como ferimentos, mortes,<br />

prejuízos financeiros e sociais, desabamentos de<br />

construções, destruição, entre outros.” (Só<br />

Geografia)<br />

O presente projeto tem o intuito de aprimorar<br />

os conhecimentos no tocante a abalos sísmicos em<br />

Montes Claros, visando suas consequências diretas<br />

nas edificações, através da análise das tensões nelas<br />

causadas. Busca-se,assim, identificar os métodos e<br />

materiais que podem ser utilizados na construção<br />

civil, para garantir segurança aos moradores,<br />

preservando suas residências.<br />

A escolha do tema proposto deve-se a<br />

necessidade de estudar sobre os abalos sísmicos<br />

presentes na cidade de Montes Claros/MG, uma vez<br />

que esse fenômeno atinge, de forma notória, as<br />

construções ali localizadas, como também, em seu<br />

entorno. As construções presentes em Montes<br />

Claros não foram planejadas de forma a resistir a<br />

terremotos, já que outrora era imprevista a<br />

ocorrência desse tipo de fenômeno geográfico,<br />

devido à localização do Brasil.<br />

Com a mudança de comportamento ambiental<br />

na cidade de Montes Claros,faz-se importante o<br />

estudo da construção civil, sujeita a mais uma<br />

influência do meio. Este estudo pode ser embasado<br />

em outras fontes de conhecimento e pesquisas sobre<br />

o assunto, já que existem vários lugares onde os<br />

abalos sísmicos são frequentes.<br />

O terremoto pode gerar graves consequências<br />

para uma determinada região, dependendo de sua<br />

intensidade. No momento do terremoto, toda a<br />

fundação da obra é abalada, e sua estrutura tende a<br />

movimentar-se, podendo gerar grandes estragos na<br />

construção e até seu desmoronamento. Portanto, é de<br />

extrema importância analisar os tipos de tensões<br />

ocorridas nas edificações a partir das solicitações<br />

pelos abalos sísmicos, pois esse estudo ajudará nas<br />

técnicas de prevenção de possíveis acidentes<br />

estruturais.<br />

O objetivo desta pesquisa é avaliar a<br />

importância da disciplina Resistência dos Materiais<br />

na verificação dos tipos de tensões ocorridas nas<br />

edificações, a partir das solicitações pelos abalos<br />

sísmicos ocorridos em Montes Claros.<br />

ABALOS SÍSMICOS – CONCEITUAÇÃO<br />

Para analisar as tensões ocorridas em<br />

edificações submetidas a abalos sísmicos no<br />

município de Montes Claros-MG, faz-se necessário o<br />

estudo da disciplina Resistência dos Materiais, visto<br />

que fornecerá informações necessárias para esta<br />

pesquisa.<br />

A resistência dos materiais é o ramo da<br />

mecânica que estuda as relações entre cargas<br />

externas aplicadas a um corpo deformável e a<br />

intensidade das forças internas que atuam<br />

dentro do corpo, abrangendo também o<br />

cálculo das deformações do corpo e o estudo<br />

da sua estabilidade, quando submetido a<br />

solicitações externas. Em resumo, é o<br />

capítulo da Mecânica dos Corpos Sólidos no<br />

qual se estuda o equilíbrio dos referidos<br />

corpos, considerando os efeitos internos,<br />

produzidos pela ação das forças externas. A<br />

origem da resistência dos materiais remonta<br />

ao início do século XVII. (ARGENTA,<br />

2012)<br />

Portanto, a disciplina Resistência dos Materiais<br />

poderá indicar os tipos de tensões ocorridas, já que<br />

faz uma relação entre a força externa aplicada em um<br />

corpo e sua reação interna que gera a deformação. No<br />

caso desta pesquisa, o abalo sísmico é essa força<br />

externa aplicada nas estruturas das edificações, e a<br />

tensão nela ocorrida é a reação interna gerada.<br />

Na verificação da força gerada na estrutura pelo<br />

abalo sísmico, o primeiro fator a ser analisado é a<br />

intensidade desse abalo. A TAB. 1 mostra as<br />

classificações dos sismos, bem como suas variações<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

39


Artigo Original<br />

na escala Ritcher.<br />

De acordo com a TAB. 1, um terremoto<br />

começa a afetar uma edificação (mesmo que de<br />

forma mínima) a partir de uma magnitude acima de 4<br />

graus. Com isso é possível relacionar esses efeitos<br />

mencionados observando uma análise de um<br />

sismógrafo colocado no município de Montes<br />

Claros-MG .<br />

O abalo mais forte registrado até o presente<br />

momento na cidade de Montes Claros foi o de<br />

Tabela 1 - Classificações e variações dos abalos sísmicos<br />

DESIGNAÇÃO MAGNITUDE EFEITOS POSSÍVEIS<br />

Fonte: (Apolo11.com ; Perguntas e Respostas sobre Terremotos)<br />

QUANTIDADE POR<br />

DIA<br />

Micro < 2,0 Microtremor de terra; não se sente. ~ 8000 por dia<br />

Muito pequeno 2,0-2,9<br />

Pequeno 3,0-3,9<br />

Ligeiro 4,0-4,9<br />

Moderado 5,0-5,9<br />

Forte 6,0-6,9<br />

Grande 7,0-7,9<br />

Importante 8,0-8,9<br />

Excepcional 9,0-9,9<br />

Geralmente não se sente, mas é<br />

detectado/registrado.<br />

Frequentemente sentido, mas<br />

raramente causa danos.<br />

Tremor notório de objetos no interior<br />

de habitações, ruídos de choque<br />

entre objetos. Danos importantes<br />

pouco comuns.<br />

Pode causar danos maiores em<br />

edifícios mal concebidos em zonas<br />

restritas. Provoca danos ligeiros nos<br />

edifícios bem construídos.<br />

Pode ser destruidor em zonas num<br />

raio de até 180 quilômetros em áreas<br />

habitadas.<br />

Pode provocar danos graves em<br />

zonas mais vastas.<br />

Pode causar danos sérios em zonas<br />

num raio de centenas de quilômetros.<br />

Devasta zonas num raio de milhares<br />

de quilômetros.<br />

Extremo > 10,0 Nunca registrado x<br />

+/-1000 por dia<br />

+/-49000 por ano<br />

+/- 6200 por ano<br />

+/- 800 por ano<br />

+/- 120 por ano<br />

+/- 18 por ano<br />

+/- 1 por ano<br />

+/- 1 a cada 20 anos<br />

magnitude de 4,2 graus, que gerou alguns danos nas<br />

edificações da cidade, como rachaduras em casas e<br />

prédios, e até queda de telhado de uma casa de<br />

estrutura simples.<br />

De acordo com a Defesa Civil da cidade, 48<br />

edificações foram vistoriadas no total. Uma<br />

delas teve sua estrutura comprometida ao ser<br />

notado, de acordo com análises dos técnicos e<br />

engenheiros do Corpo de Bombeiros, o<br />

estrangulamento de uma coluna da casa.<br />

(Jornal de Brasilia, 2012)<br />

De acordo com Schwarz (Colaboração para a<br />

Folha, 2012)<br />

Os moradores de Montes Claros (a 418 km<br />

de Belo Horizonte), no norte de Minas<br />

Gerais, foram surpreendidos por três<br />

temores de terra durante a madrugada desta<br />

quarta-feira (19). Houve falta de luz na<br />

cidade e o telhado de uma casa desabou.<br />

Segundo os bombeiros do município, até<br />

agora não houve registros de feridos.<br />

A FIG. 1 ilustra a referida residência que teve o<br />

telhado destruído pelo abalo sísmico.<br />

Como mencionado acima, em uma casa o abalo<br />

sísmico gerou o estrangulamento de uma coluna, o<br />

que demonstra que tensionou a estrutura de forma a<br />

40<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

gerar nela uma deformação considerável .<br />

Figura 1 - O telhado de uma casa caiu por causa<br />

do abalos<br />

material; alguns materiais suportam uma maior<br />

tensão antes de romper e são classificados como<br />

dúcteis, e os que não suportam são classificados<br />

como frágeis.<br />

A FIG. 2 ilustra os tipos de tensões que podem<br />

ocorrer em um material:<br />

Figura 2 - Tipos de tensões ocorridas nos<br />

materiais<br />

Fonte: (Foto: Michelly Oda/G1) Repositório Digital da<br />

globo.<br />

A disciplina Resistência dos Materiais estuda<br />

as forças de uma determinada estrutura e a<br />

deformação gerada nela. E é através dessa disciplina<br />

que as tensões geradas nas estruturas pelos abalos<br />

sísmicos serão analisadas.<br />

Tensão - É a força P por unidade de área A,<br />

sendo comumente designada pela letra<br />

grega σ(sigma minúsculo). Quando a barra<br />

da figura está sendo alongada pela força P, a<br />

tensão resultante é uma tensão de tração; se<br />

as forças tiverem o sentido oposto,<br />

comprimindo a barra, a tensão é de<br />

compressão. (ROSA, 2012, p.1)<br />

A tensão em um material pode ser uma tensão<br />

normal, que é o caso da tração e da compressão; pode<br />

ser cisalhante, em que a força é tangente à área;<br />

tensão de flexão, em que a carga é direcionada no<br />

centro da estrutura; e a tensão por torção, que é<br />

proporcionada pelo torque.<br />

A tensão gerada na estrutura causa uma<br />

deformação que pode ser dada de três formas:<br />

elástica, plástica e rúptil (ruptura). A deformação<br />

elástica é a deformação em que o material difere em<br />

seu volume, resultante<br />

da tensão gerada. Na<br />

deformação plástica, o material altera visivelmente<br />

seu volume, formando rachaduras, dobramentos,<br />

trincas e fissuras. A ruptura é o ponto final do<br />

Fonte: SOBRAL; OLIVEIRA (2009) Repositório Digital da<br />

IFBA.<br />

MÉTODO<br />

Para o desenvolvimento dessa pesquisa,<br />

considerando o objetivo proposto e o tema em<br />

questão, foi realizada uma investigação de natureza<br />

bibliográfica e descritiva. Os dados foram coletados<br />

em acervos eletrônicos, sendo utilizados e<br />

analisados para desenvolver a pesquisa.<br />

Para a obtenção de um maior conhecimento do<br />

assunto abordado, foram utilizados quadros,<br />

colhidos de algumas fontes de pesquisa, sendo<br />

analisados e estudados, e foram também citadas<br />

afirmações de autores estudiosos sobre o assunto.<br />

A tabulação dos resultados obtidos foi feita<br />

através de figuras explicativas, demonstrando as<br />

situações expostas pela pesquisa e discutindo os<br />

resultados obtidos.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Para analisar as deformações geradas pela<br />

tensão ocorrida nas edificações, é necessário saber<br />

de qual material se trata, pois cada um se comporta<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

41


Artigo Original<br />

de uma maneira. A TAB. 2 apresenta alguns<br />

materiais utilizados na construção civil e suas<br />

resistências a determinadas situações.<br />

pilar.<br />

Figura 3 - Viga biapoiada<br />

Tabela 2 - Resistência de alguns materiais<br />

utilizados na construção civil.<br />

Fonte: Luciano Rodrigues Ornelas de Lima, 2012.<br />

Figura 4 - Cargas geradas pelo abalo sísmico<br />

Analisando a TAB. 2 apresentado, percebe-se<br />

que o aço e o ferro são materiais bem resistentes; o<br />

concreto, no entanto, resiste razoavelmente à<br />

compressão e não resiste à tração e à flexão.<br />

Para analisar as tensões que o abalo ocasiona<br />

numa estrutura, foi observado o exemplo, citado<br />

acima, da casa que teve uma coluna estrangulada por<br />

causa do abalo sísmico.<br />

O pilar de uma casa é feito utilizando concreto<br />

armado, que nada mais é do que uma mistura feita<br />

com concreto colocado em uma armação de aço. É<br />

feito assim justamente para o aço evitar a tração e<br />

flexão do pilar, colaborando também na resistência<br />

da compressão. No caso dessa coluna, o material<br />

presente não resistiu muito bem à tensão aplicada.<br />

Para exemplificar a situação dessa estrutura, a<br />

FIG. 3 apresenta um conjunto de uma viga e dois<br />

pilares fixos em equilíbrio, representando uma<br />

hipótese de como estaria a coluna antes do abalo<br />

sísmico.<br />

A força F representa a força que a laje faz na<br />

viga, e as forças HA, VA, HB E VB são reações dos<br />

pilares fixos para restringir os movimentos lineares.<br />

A FIG. 4 mostra as cargas geradas pelo abalo<br />

atuando diretamente em toda a construção da<br />

fundação até o telhado, que irá comprimir, assim, o<br />

A FIG. 5 mostra o resultado final da estrutura<br />

exemplificada, que foi o estrangulamento de uma<br />

coluna.<br />

Figura 5 - Deformação gerada pela carga P<br />

Através dos exemplos acima, foi possível<br />

identificar as tensões presentes na edificação citada,<br />

42<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

como também nas demais edificações.<br />

Quando ocorre o abalo sísmico, a fundação da<br />

casa se movimenta liberando reações verticais e<br />

horizontais. No caso da FIG. 5 ilustrando o<br />

estrangulamento da coluna, fica claro que houve<br />

uma tensão de compressão e de tração, pois a carga<br />

da própria estrutura abalada se movimenta<br />

horizontalmente, de forma a comprimir uma parte da<br />

edificação e alongar a outra.<br />

O abalo sísmico, como mostram alguns outros<br />

exemplos, gerou também trincas e rachaduras nas<br />

estruturas, fazendo até cair o telhado de uma casa. As<br />

cargas horizontais e verticais promovem uma tensão<br />

de cisalhamento, resultando nas trincas de diferentes<br />

direções. As cargas geram também um momento<br />

fletor, com o balanço da estrutura, que é a<br />

representação da tensão de flexão no material. É essa<br />

flexão que dá a aparência de que a estrutura sofreu<br />

deformação rotacional.<br />

Essas tensões ocasionadas podem ou não vir a<br />

gerar uma deformação plástica na edificação, já que,<br />

como foi visto, isso depende do módulo da carga e da<br />

resistência de determinado material a que esse<br />

esforço está submetido. No caso do exemplo citado<br />

(da coluna estrangulada), houve uma deformação<br />

devido à tensão de compressão e flexão naquele<br />

pilar. Essa tensão foi maior do que a resistência do<br />

concreto armado (utilizado para fazer o pilar), por<br />

não ter sido previsto o cálculo de uma força tão forte<br />

atuando horizontal e verticalmente na estrutura.<br />

podem gerar deformações visíveis numa estrutura,<br />

como foi o caso do exemplo mostrado ao longo da<br />

pesquisa.<br />

Diante do que foi visto, percebe-se a<br />

necessidade de haver novas pesquisas voltadas para<br />

o tema de abalos e suas conseqüências,<br />

principalmente no município de Montes Claros,<br />

onde ainda não há muitas pesquisas abordando esse<br />

assunto, visando, assim, ao aprimoramento das<br />

técnicas de construção civil, não só para a<br />

engenharia, mas para os diversos ramos envolvidos.<br />

REFERÊNCIA<br />

Apolo11.com. Perguntas e Respostas sobre<br />

Terremotos. Disponível em:<br />

Acesso em: 15 jun.<br />

2013.<br />

ARGENTA, Marco André. Resistência dos<br />

Materiais. Universidade Federal do Paraná, 2012.<br />

Disponível em:<br />

Acesso em: 15 jun. 2013.<br />

CONCEIÇÃO. Abalos Sísmicos – Terremotos no<br />

Brasil. 2012. Disponível em:<br />

Acesso<br />

em: 13 ago. 2013<br />

Jornal de Brasília. Tremor leva à interdição de<br />

residência em Montes Claros.20 Maio, 2012.<br />

Disponível em:<br />

<br />

Acesso<br />

em: 16 jun. 2013.<br />

CONCLUSÃO<br />

Com esta pesquisa, percebe-se que a disciplina<br />

Resistência dos Materiais é muito útil na análise dos<br />

tipos de tensões que o abalo sísmico pode<br />

proporcionar nas edificações, pois ela proporciona o<br />

estudo das tensões, bem como de suas aplicações<br />

práticas.<br />

Viu-se, também, que os tipos de tensões<br />

geradas nas edificações podem ser de: Compressão,<br />

Tração, Cisalhamento e Flexão. Essas tensões<br />

LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas. Resistência<br />

dos Materiais. 2012. Disponível em: <<br />

http://www.blogdaengenharia.com/wpcontent/uploads/2012/03/cap_3.pdf><br />

Acesso em:<br />

18 jun. 2013<br />

ODA, Michelly. Forte tremor de terra assusta<br />

moradores em Montes Claros. G1 Grande<br />

Minas, 2012. Disponível em: <<br />

http://g1.globo.com/mg/grandeminas/noticia/2012/12/tremor-de-terra-assustamoradores-em-montes-claros-nesta-quartafeira.html><br />

Acesso em: 17 jun. 2013.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

43


Artigo Original<br />

ROSA, Willian de Araujo. Apostila Resistência<br />

dos Materiais. 30 de Julho de 2002. Disponível<br />

em:<br />

Acesso em: 17 jun. 2013.<br />

SCHWARZ, Ricardo. Tremor de terra atinge<br />

Montes Claros (MG) e assusta moradores.<br />

Colaboração para a Folha, 2012. Disponível<br />

em:<br />

Acesso em: 16 jun. 2013.<br />

SOBRAL, OLIVEIRA. Tipos de esforços a que<br />

estão submetidos os materiais. Repositório<br />

Digital da IFBA. 2009. Disponível em: <<br />

http://www.ifba.edu.br/metalografia/arq/apostila_s<br />

em_i_2009.pdf> Acesso em: 17 jun. 2013.<br />

Só Geografia. Abalos Sísmicos. Disponível em:<br />

Acesso em: 14 jun. 2013.<br />

44<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

A METODOLOGIA CIENTÍFICA JUNTO À ENGENHARIA<br />

CIVIL<br />

MOURÃO, Sheila Abreu *; COSTA, Daniele Kennedy Gomes **; GERMANO, Débora Antunes**; OLIVEIRA, Érica<br />

Letícia Dourado **; SILVA, Moises Meireles **<br />

*Professora orientadora das FIPMoc. Pós-doutora em Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e Sorgo). Doutora<br />

em Fitotecnia (UFV). Mestre em Entomologia (UFV). Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ) e Graduada em<br />

Engenharia Agronômica pela UFV; **Acadêmicos do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />

RESUMO<br />

O presente estudo tem como objetivo verificar como<br />

a metodologia científica está sendo utilizada para a<br />

formação de engenheiros civis de Montes Claros -<br />

MG. Trata-se de uma pesquisa de campo, em que<br />

foram entrevistados 30 engenheiros - moradores da<br />

cidade foco do estudo, aptos para exercerem a<br />

profissão - com o intuito de elucidar quanto à<br />

necessidade de se especializarem para obterem<br />

melhorias salariais em suas áreas de atuação<br />

profissional. Os entrevistados evidenciaram ser a<br />

metodologia científica importante para a formatação<br />

de artigos técnico-científicos e projetos, e essencial<br />

para um bom desempenho das funções dos<br />

engenheiros. A maioria dos entrevistados concorda,<br />

assim, com a utilidade do conteúdo adquirido na<br />

disciplina de metodologia científica no decorrer de<br />

suas experiências profissionais. Conclui-se, pois,<br />

que a introdução à pesquisa científica na graduação<br />

contribui para a evolução do conhecimento humano<br />

em todos os setores, incluindo o setor da construção<br />

civil.<br />

Palavras-chave: Atuação do engenheiro. Formação<br />

profissional. Ensino superior. Formatação de<br />

projetos.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A metodologia científica é a forma como se<br />

procede para a obtenção de conhecimento sobre os<br />

métodos científicos na academia, estando ligada à<br />

Engenharia Civil, dando suporte para a elaboração e<br />

formatação de projetos de pesquisa, redação e<br />

divulgação de artigos, resumos para congressos,<br />

relatórios, monografias, dissertações e teses. Além<br />

disso, essa ciência pode subsidiar informações úteis<br />

para a redação de projetos de técnicos, como obras,<br />

fabricação de produtos, execução de processos,<br />

dentre outros.<br />

Nesse contexto, torna-se desafio crescente, no<br />

campo da educação, a oferta de oportunidades para a<br />

qualificação e/ou a atualização dos profissionais.<br />

Isso pode-se justificar pela intensificação do ritmo<br />

de introdução de novas tecnologias na produção,<br />

aliada ao processo de globalização da atividade<br />

econômica, o que traze profundas e constantes<br />

transformações no mundo do trabalho.<br />

Dessa maneira, a metodologia científica entra<br />

como uma ferramenta essencial para o profissional,<br />

pois, quanto maior domínio de conhecimento e suas<br />

aplicações, melhor o posicionamento no mercado de<br />

trabalho, visto que pode ser aplicada à análise, à<br />

pesquisa e às soluções de problemas, e, assim,<br />

veicular melhores condições de vida para a<br />

sociedade.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil. 45


Artigo Original<br />

Na área especifica da engenharia civil, ela<br />

auxilia na qualificação profissional do engenheiro,<br />

assim como na resolução de problemas, tendo em<br />

vista o compromisso inalienável desse profissional<br />

com a sociedade e com a promoção da cidadania.<br />

As questões abordadas por diversos autores,<br />

com relação à influência da metodologia científica<br />

no ambiente de trabalho, despertaram o interesse<br />

deste estudo, cujo objetivo é analisar o perfil<br />

psicográfico de engenheiros civis atuantes na cidade<br />

de Montes Claros – MG, em relação ao uso dos<br />

conteúdos programáticos, aprendidos nessa<br />

disciplina básica do curso, em suas experiências<br />

profissionais.<br />

MÉTODO<br />

Para atingir os objetivos propostos, realizouse<br />

uma pesquisa de abordagem quantitativa,<br />

constituída por entrevistas a 30 engenheiros civis<br />

residentes na cidade de Montes Claros – MG,<br />

buscando avaliar o perfil profissional da área. O<br />

levantamento caracteriza-se pela interrogação direta<br />

de (5) cinco questões de múltipla escolha,<br />

direcionadas aos elementos cujo comportamento se<br />

quis conhecer.<br />

Basicamente, procedeu-se à solicitação de<br />

informações a um grupo significativo de elementos<br />

acerca do questionário aplicado, para, em seguida,<br />

mediante análise quantitativa, obterem-se as<br />

conclusões correspondentes aos dados coletados.<br />

A etapa de processamento dos dados para<br />

análise iniciou-se com a revisão de todos os<br />

questionários. Em seguida, os dados foram<br />

agrupados e distribuídos em gráficos.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Dentre os 30 engenheiros civis entrevistados,<br />

sete (7) disseram que utilizam os conhecimentos de<br />

metodologia científica, na leitura de artigos técnicoscientíficos;<br />

cinco (5), na elaboração de referencial<br />

teórico; quatro (4), na elaboração de artigo<br />

científico;cinco (5) já participaram em congresso ou<br />

evento científico, quatro (4) participaram de projetos<br />

e pesquisas; e cinco (5), na apresentação de trabalho<br />

em congresso e evento científico (GRAF. 1).<br />

GRÁFICO 1 - Resposta dos engenheiros<br />

entrevistados em relação à utilidade da disciplina<br />

Metodologia Científica na vida profissional.<br />

Leitura de artigos técnicos científicos<br />

Participação em congressos, eventos científicos<br />

Apresentação de trabalhos em congressos,<br />

eventos científicos<br />

Elaboração de referencial teórico<br />

Elaboração de artigo científico<br />

Elaboração e desenvolvimento de projetos,<br />

pesquisas<br />

Dentre os engenheiros entrevistados, 10<br />

responderam que possuem pós-graduação; quinze<br />

(15) disseram que possuem especialização; cinco (5)<br />

não responderam, ficando, assim, os demais itens<br />

sem marcação, zero (0). (GRAF. 2).<br />

GRÁFICO 2 - Respostas dos engenheiros<br />

entrevistados em relação a pós-graduação.<br />

Não responderam<br />

Outros<br />

Especialização<br />

Mestrado<br />

Doutorado<br />

Pós-graduação<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8<br />

0 2 4 6 8 10 12 14 16<br />

Todos responderam que ainda não haviam<br />

publicado artigos técnicos-científicos (GRAF. 3).<br />

46<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

GRÁFICO 3 - Respostas dos engenheiros<br />

entrevistados em relação a publicação de artigos.<br />

Não<br />

em que trabalham. Com esses dados, verifica-se que<br />

a linguagem técnica aprendida na academia não é a<br />

mesma com que o profissional convive nas obras.<br />

(GRAF. 5).<br />

.<br />

GRÁFICO 5 - Respostas dos engenheiros<br />

entrevistados em relação ao uso de termos<br />

técnicos no cotidiano das obras.<br />

Sim<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

Não<br />

Os engenheiros entrevistados narraram<br />

algumas dificuldades para a elaboração e execução<br />

de suas pesquisas para a conclusão do curso de<br />

Engenharia Civil. Doze (12) disseram não; e dezoito<br />

(18); sim. (GRAF. 4)<br />

Sim<br />

GRÁFICO 4 - Respostas dos engenheiros<br />

entrevistados em relação à dificuldade para<br />

redação do trabalho final de graduação.<br />

0 5 10 15 20<br />

A linguagem adotada pelo trabalhador da construção<br />

civil não é técnica e sim coloquial.<br />

Não<br />

Sim<br />

0 5 10 15 20<br />

Tempo/trabalhoso, burocrático, adequação as normas de<br />

apresentação do trabalho.<br />

Não tiverão dificuldade.<br />

Ao analisar o questionário respondido pelos<br />

engenheiros sobre se eles utilizam cotidianamente<br />

termos técnicos que aprenderam durante a<br />

graduação, 17 disseram que não, pois a linguagem<br />

adotada pelos operários não é técnica, mas, sim<br />

coloquial;e 13 disseram que se adaptam com os<br />

termos usados pelos fornecedores das várias regiões<br />

Com as mudanças políticas, econômicas e<br />

sociais, os setores tecnológicos vêm sofrendo<br />

m o d i f i c a ç õ e s a s s o c i a d a s a u m a b a s e<br />

científica,voltada para a capacitação tecnológica e<br />

suas integrações à estratégia de negócios nas<br />

principais competitividades das empresas. Isso<br />

exige dos profissionais da engenharia civil uma<br />

m e l h o r p o s t u r a s o b r e c o n h e c i m e n t o s<br />

multidisciplinares, trabalho em equipe, visão de<br />

mercado e atitude empreendedora, trazendo novas<br />

perspectivas para os trabalhadores de padronização,<br />

modulação e terceirização (CARRAHER, 1999).<br />

Os profissionais da engenharia necessitam<br />

desenvolver trabalhos científicos para se<br />

atualizarem durante o curso de sua formação<br />

profissional e, dessa forma, estão colocando em<br />

prática o conteúdo programático ministrado na<br />

disciplina Metodologia Científica para um melhor<br />

desempenho profissional e para buscar ascensão no<br />

mercado de trabalho do norte de Minas Gerais.<br />

A disciplina Metodologia Científica tem<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

47


Artigo Original<br />

como função habilitar o profissional quanto às<br />

regras para a produção e divulgação de pesquisas<br />

técnica e/ou científica, favorecendo ao graduando a<br />

compreensão sobre suas naturezas, regras e<br />

objetivos, o que propiciará a qualidade em suas<br />

produções.<br />

Ela faz parte do currículo do curso de<br />

Engenharia desde 1996, tendo sido, inicialmente,<br />

oferecida pela Faculdade de Educação com o<br />

objetivo de contribuir para que os alunos não só<br />

tivessem uma formação técnica, mas também<br />

desenvolvessem um espírito crítico, de modo que<br />

pudessem ser inseridos no mercado como<br />

profissionais capazes de observar, selecionar e<br />

organizar cientificamente os fatos da realidade<br />

(LAKARTOS; MARCONI, 2001).<br />

Os alunos precisam ser incentivados a<br />

produzir conhecimento e não serem apenas<br />

consumidores (BARRETO, 1994). A base da<br />

educação acadêmica deve ser a pesquisa. Sendo<br />

assim, a metodologia científica exerce importância<br />

na área da engenharia, pois ajuda na qualificação<br />

profissional do engenheiro civil, assim como na<br />

resolução de problemas, tendo em vista o<br />

compromisso inalienável com a sociedade e com a<br />

promoção da cidadania.<br />

A disciplina Metodologia Científica apresenta<br />

os instrumentos necessários para a realização do<br />

trabalho de pesquisa, buscando a construção do<br />

conhecimento dos acadêmicos de modo a formar<br />

profissionais com habilidade para o aproveitamento<br />

da leitura e da expressão eficiente nas formas escrita<br />

e oral. Ressalta-se que quem não “sabe ler” não<br />

saberá resumir e extrair as ideias principais segundo<br />

as normas científicas. Além disso, é através de<br />

leituras de artigos que os engenheiros se informam<br />

sobre novos métodos de construção; uso de energia<br />

solar em condomínios, empresas, hotéis; e conceitos<br />

de cálculo de engenharia; como álgebra linear, entre<br />

outros.<br />

A p e s q u i s a c i e n t i f i c a o b j e t i v a<br />

fundamentalmente contribuir para a evolução do<br />

conhecimento humano em todos os setores, sendo<br />

sistematicamente planejada e executada segundo<br />

rigorosos critérios de processamento das<br />

informações. Seus processos e objetivos distinguemse<br />

dos da consulta bibliográfica, que se apresenta<br />

como tarefa mais simples, voltada para os<br />

esclarecimentos de dúvidas a partir de verbetes de<br />

dicionários, enciclopédias ou manuais. Mas<br />

pesquisar não é tarefa fácil. Ao se pretender fazer<br />

uma pesquisa, de qualquer natureza, deve-se, desde o<br />

início, juntamente com a escolha do assunto, fazer<br />

um projeto. O projeto pode garantir adequação para a<br />

execução da pesquisa, visto que prevê os recursos<br />

materiais e o tempo necessário. Sem previsão, a<br />

pesquisa corre o risco de não ser concluída ou ser<br />

feita de forma inadequada (A IMPORTÂNCIA...,<br />

2008).<br />

“A pesquisa deve ser aquela de aprender. Isto<br />

é, não adianta apenas transmitir uma série de<br />

informações, é preciso aprender a fazer e aprender<br />

fazendo” (BARROS; LEHFELD, 1986, p.7).<br />

Assim, um aluno-pesquisador da engenharia<br />

civil se tornará um profissional capacitado a<br />

construir novos conhecimentos, diante das<br />

constantes transformações que ocorrerem na<br />

sociedade durante a sua vida profissional, em busca<br />

de melhorias de qualidade de vida para a sociedade.<br />

Ressalta-se que a iniciação científica pode ser<br />

considerada como um instrumento de apoio teórico e<br />

metodológico à realização de um projeto de<br />

pesquisa, e constitui um canal adequado de auxílio<br />

para a formação de uma nova mentalidade nos<br />

acadêmicos, que, de simples repetidores, podem<br />

passar a ser criadores de atitudes e comportamentos,<br />

mediante a construção do próprio conhecimento.<br />

CONCLUSÃO<br />

Pode-se concluir, neste estudo, que a<br />

metodologia científica foi utilizada por grande parte<br />

48<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

dos entrevistados para a elaboração de artigos,<br />

projetos, entre outros trabalhos acadêmicos durante<br />

sua graduação. Ela é essencial para uma boa<br />

formação profissional, como engenheiros, e sua<br />

inserção atual no competitivo mercado de trabalho.<br />

É recomendável que os acadêmicos de engenharia<br />

civil desenvolvam trabalhos científicos, para<br />

proporcionarem melhor desempenho profissional<br />

após sua formação. Além disso, pode facilitar sua<br />

inserção no mercado de trabalho, por desenvolver<br />

competências que os capacitam quanto à atualização<br />

profissional e à resolução de problemas cotidianos.<br />

REFERÊNCIAS<br />

A IMPORTÂNCIA da disciplina de Metodologia<br />

Cientifica no desenvolvimento de produções<br />

acadêmicas de qualidades no nível superior.<br />

Revista Urutagua- Revista Acadêmica<br />

Multidisciplinar. Departamento de ciências<br />

sociais-Universidade Estadual de Maringá<br />

(DSC/UEM), n.14 - dez./jan./fev./mar., 2008..<br />

Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 17 mar. 2013.<br />

BARRETO, L. S. Especialização em Engenharia<br />

do Trabalho. Revista de educação à distância.<br />

INED, v. 3, n.6, nov. 1994.<br />

BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. de S.<br />

Fundamentos de Metodologia: um guia para a<br />

iniciação científica. São Paulo: MC Graw<br />

Hill.1986.<br />

CARRAHER, D.Senso Crítico. São Paulo:<br />

Pioneira,1999.<br />

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.<br />

Fundamentos da metodologia científica. 3. ed.<br />

São Paulo: Atlas, 2001<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

49


Artigo Original<br />

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE PONTE DE MACARRÃO<br />

CAMARGO, Cleiton Nogueira*; SOARES, Rodney Monteiro**.<br />

*Discente do curso de Engenharia Civil das FIPMoc;**Professor<br />

orientador e docente do curso de Engenharia das FIPMoc.<br />

RESUMO<br />

O presente artigo aborda o conceito de ponte em arco,<br />

projeto, ensaio e construção, utilizando macarrão<br />

espaguete, cola especial, tubo de PVC e barra de aço.<br />

É uma pequena maquete (modelo arquitetônico) feita<br />

com massa de macarrão duro, seco e de fio reto, na<br />

qual é construída com propósito experimental e<br />

competitivo. Portanto, o objetivo é demonstrar<br />

através de ensaios virtuais e mecânicos o<br />

comportamento estrutural dos elementos da ponte em<br />

arco em relação aos efeitos de compressão e tração.<br />

Palavras-chave: Pontes. Ponte em Arco. Ponte de<br />

Macarrão.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As pontes são uma das estruturas mais antigas<br />

inventadas pelo homem. Foram criadas pela<br />

necessidade de se atravessarem obstáculos, como<br />

rios e vales, na tentativa de encurtar o percurso da<br />

travessia. Ganharam grande notoriedade na<br />

arquitetura após a revolução industrial, pois construir<br />

pontes tornou-se essencial para fazer a economia<br />

acelerar, significando rapidez e economia de tempo e<br />

dinheiro.<br />

Desde a antiguidade são encontradas pontes de<br />

madeira ou de corda, feitas na forma de vigas. Os<br />

chineses construíam pontes com vigas de granito,<br />

vencendo vãos de até 18 metros. Alemães e suíços<br />

construíam com perfeição pontes de madeira. As<br />

pontes de ferro fundido em forma de arco surgiram<br />

no fim do século XVIII. Posteriormente, surgiram<br />

pontes feitas em ferro forjado e aço. Em 1850 foi<br />

construída a ponte sobre o rio Vístula, na atual<br />

Polônia, com 6 vãos de 124 metros cada um, em<br />

treliças metálicas. Nesse mesmo período, surgiram<br />

as pontes pênseis (LEONHARDT, 1979).Conforme<br />

enfatizado pelo mesmo autor, as primeiras pontes em<br />

concreto surgiram a partir de 1900, porém o concreto<br />

somente substituía a pedra como material de<br />

construção. Somente em 1912 surgiram as pontes em<br />

vigas e pontes em pórtico. As pontes em concreto<br />

pretendido surgiram a partir de 1948.<br />

É denominada ponte toda obra elevada<br />

destinada a vencer obstáculos que impeçam a<br />

continuidade de uma via. Estes obstáculos<br />

podem ser rios, braços de mar, vales e até<br />

outras vias. Quando o obstáculo a ser<br />

vencido não é constituído por água, esta obra<br />

é normalmente classificada como um<br />

viaduto. Tecnicamente, as pontes e os<br />

viadutos são classificados como Obras de<br />

Arte Especiais. (MATTOS, 2001, p.18).<br />

Chama-se "ponte" a uma obra destinada a<br />

50<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

manter a continuidade de uma via de comunicação<br />

qualquer através de um obstáculo natural ou<br />

artificial, com a característica de não interromper<br />

totalmente esse obstáculo. Uma ponte tem como<br />

objetivo transpor um obstáculo para estabelecer a<br />

continuidade de uma via de qualquer natureza.<br />

Usualmente, no meio técnico, uma ponte é<br />

chamada de Obra de Arte Especial. A composição de<br />

uma Obra de Arte Especial divide-se basicamente em<br />

infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura.<br />

As estruturas executadas em arco<br />

permitem a utilização do concreto armado<br />

convencional em vãos de grande comprimento, com<br />

um reduzido consumo de material. O eixo do arco<br />

poderá ter seu projeto executado de forma a coincidir<br />

com a linha de pressões resultante da carga<br />

permanente, utilizando a boa característica do<br />

concreto relativo à resistência a esforços de<br />

compressão (DNIT, 1996).<br />

O objetivo geral deste trabalho é a<br />

apresentação do processo construtivo da estrutura de<br />

um protótipo de ponte de macarrão utilizando<br />

ferramentas adequadas, softwares para elaboração<br />

do projeto, ensaio virtual, mecânico e plantas de<br />

detalhamento para execução. O enfoque do artigo se<br />

dá na apresentação de todo o processo construtivo da<br />

ponte de macarrão demonstrando detalhes e técnicas<br />

para fabricação de cada elemento que compõe sua<br />

estrutura.<br />

MÉTODO<br />

A metodologia utilizada para a elaboração do<br />

artigo foi a pesquisa bibliográfica e o<br />

desenvolvimento de técnicas de montagem.<br />

Analisando os meios mais comuns de pesquisa, é<br />

possível encontrar um bom material teórico sobre os<br />

mais variados tipos de pontes. Porém, encontra-se<br />

pouco material que descreva sobre o processo<br />

construtivo de uma ponte de macarrão, de forma<br />

acessível e detalhada.<br />

O conhecimento sobre a prática executiva fica<br />

restrito a estudantes de engenharia e demais<br />

profissionais da área envolvidos diretamente no<br />

acompanhamento do processo de montagem da<br />

ponte.O presente artigo apresenta todo o processo<br />

envolvido na montagem da ponte de macarrão,<br />

servindo como fonte de divulgação sobre o assunto.<br />

No ano de 2004, na Universidade Federal do<br />

Rio Grande do Sul, foi realizada a primeira<br />

competição de Ponte de Macarrão, cujo objetivo foi<br />

realizar a construção de uma a partir de espaguete e<br />

cola, de acordo com um conjunto de regras e medidas<br />

pré-estabelecidas pela instituição de ensino. Todas<br />

as pontes que concorreram passaram por um ensaio<br />

destrutivo em forma de competição, determinando a<br />

ponte mais resistente como a vencedora.<br />

Antes de iniciar o projeto, deve-se fazer o<br />

planejamento da melhor forma possível, para que se<br />

possa executar, de forma simples e eficiente, cada<br />

etapa da construção da ponte.<br />

Uma boa ponte deve ter um bom projeto e<br />

também uma boa fabricação. Para tanto, a escolha da<br />

geometria da ponte é essencial. Além disso, devemse<br />

fazer os cálculos manualmente, ou utilizar<br />

softwares de computador que os façam de forma<br />

mais rápida.<br />

Pesquisas foram realizadas antes de escolher o<br />

tipo de ponte. A ponte em arco foi escolhida, devido a<br />

sua resistência e pela quantidade de material<br />

utilizado.<br />

O macarrão deve ser homogêneo, sem falhas,<br />

reto, sem curvas, não integral e sem ovos, de<br />

preferência de “grano duro”. Devem-se separar os<br />

fios tortos e utilizar os fios retos.<br />

A cola utilizada para a junção dos fios de<br />

macarrão foi do tipo epóxi, uma vez que se<br />

caracteriza por ser altamente resistente e, ao mesmo<br />

tempo, muito leve, pois a ponte tem um peso<br />

limitado, conforme estabelecido no regulamento.<br />

Para construir uma ponte de macarrão, é<br />

preciso ter em mãos a planta com todas as<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

51


Artigo Original<br />

dimensões, vistas e detalhamento necessário para<br />

que possa fabricar cada elemento da estrutura. A FIG.<br />

1 mostra a planta baixa da estrutura da ponte.<br />

Além da planta da ponte de macarrão, podemse<br />

também utilizar desenhos em 3D para<br />

visualização do projeto em várias vistas, conforme<br />

desenho da FIG. 02.<br />

Figura 1 - Planta baixa da Ponte de Macarrão<br />

O detalhamento das peças é de extrema quanto a deformações, pontos críticos, concentração<br />

importância, pois é através dele que se tem a visão e distribuição de cargas.<br />

real de como será construída cada peça da estrutura.<br />

Os ensaios mecânicos consistem em submeter<br />

Veja abaixo o detalhamento da ponte em 3D, para<br />

um objeto já fabricado ou um material que vai ser<br />

melhor entendimento.<br />

processado industrialmente a situações que simulam<br />

Os ensaios virtuais consistem numa análise<br />

os esforços que eles vão sofrer nas condições reais de<br />

numérica computacional que pode ser realizada por<br />

uso, chegando a limites extremos de solicitação. Os<br />

vários métodos. E para cada um, existem diversos<br />

ensaios mecânicos podem ser realizados em<br />

softwares que permitem seus cálculos. Um dos<br />

protótipos ou em corpos de prova.<br />

métodos mais usados na mecânica dos sólidos é o<br />

Para demonstrar a capacidade de carga<br />

Método dos Elementos Finitos (MEF ou FEM, de<br />

suportada no tubo de macarrão, foram construídos<br />

Finite Element Method).<br />

dois corpos de prova, que foram submetidos à<br />

Além disso, esses tipos de ensaio minimizam<br />

compressão axial na prensa hidráulica do laboratório<br />

os custos e dificuldades envolvidas na elaboração de<br />

da Engenharia Civil das FIPMoc. O primeiro ensaio<br />

um modelo virtual da peça a ser analisada. Através do<br />

foi realizado com um corpo de prova com 21,5mm<br />

programa Solid Works, foi possível fazer a simulação<br />

diâmetro e 170mm de comprimento, e rompeu com<br />

da estrutura da ponte, com a finalidade de visualizar o<br />

590 kgf, com tensão de ruptura de 11,8 (Mpa).O<br />

comportamento da estrutura e analisar as reações<br />

segundo ensaio foi realizado com um corpo de prova<br />

52<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo Original<br />

Figura 2- Desenho construído em 3D para melhor<br />

visualização<br />

Figura 4 – Conjunto de simulação de cargas na<br />

ponte e elementos<br />

Figura 3 – Detalhes das peças que compõem a<br />

ponte de macarrão<br />

com 21,5mm diâmetro e 145mm de comprimento, e<br />

rompeu com 710 kgf, com tensão de ruptura de 14,2<br />

(Mpa).<br />

Quando se coloca um peso sobre a ponte, essa<br />

carga se distribui em toda a estrutura, fazendo com<br />

que cada elemento sofra esforços de compressão e<br />

tração - mais comuns e importantes nos elementos.<br />

A montagem da ponte se divide em várias<br />

etapas como: análise do projeto, análise da matéria<br />

prima; segurança no manuseio de equipamentos e<br />

equipamentos de proteção, utilização de<br />

instrumentos de medidas, preparação dos gabaritos,<br />

acessórios de fixação dos elementos, método de<br />

união de peças, método de colagem e secagem,<br />

método de corte das peças, sequência de montagem<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

53


Artigo Original<br />

das peças e acabamento.<br />

rendimento desse trabalho, é interessante montar<br />

A análise do projeto é o primeiro passo a ser todos os tubos antes da colagem.<br />

feito, pois é ele que irá definir quais são as medidas Os gabaritos de corte são desenvolvidos após<br />

de cada elemento da ponte de macarrão. A análise da tudo pronto, pois deve-se pegar a medida externa do<br />

matéria-prima é muito importante, propiciando a tubo de macarrão para a fabricação da peça.<br />

seleção dos fios isentos de curvaturas e de Geralmente com os gabaritos utilizados em<br />

descontinuidade que fragilizam os elementos que serviços como esse, ganha-se tempo e evita-se<br />

compõem a estrutura da ponte.<br />

perda de material. O gabarito deve ser feito de<br />

madeira macia. Para fixar, ou seja, prender as peças<br />

Para fazer a montagem dos elementos da<br />

para colagens e marcação, deve-se ter em mãos<br />

ponte, utilizam-se cola Epox, equipamentos como<br />

cordão, borracha de silicone, arame encapado e fita<br />

minirretífica, faca, espátulas, limas rotativas e<br />

adesiva.<br />

pontas montadas. Então, para realizar as tarefas com<br />

Nas etapas seguintes da montagem, será<br />

segurança, deve-se fazer uso de equipamentos de<br />

visualizada a utilização de cada item. Convém<br />

proteção individual como: óculos, máscara<br />

lembrar que esses acessórios são de baixo custo.<br />

descartável, luvas de látex e protetor auricular. O<br />

Antes de fazer a colagem dos tubos, devem<br />

modo de utilização desses EPI´s pode ser verificado<br />

ser usadas luvas de látex, preparar a cola de forma<br />

dentro da norma NR-06 e, para os cuidados<br />

que a mesma seja bem misturada. Recomenda-se a<br />

referentes à utilização de equipamentos, deve-se ler,<br />

cola Araldite de secagem de 24 horas, devido à<br />

antes, a norma NR-12, disponível no site do<br />

facilidade de aplicação nas peças e resistência após<br />

Ministério do Trabalho. Durante as etapas da<br />

secagem<br />

montagem, será mostrada a utilização desses EPI´s.<br />

O macarrão é um material muito frágil.<br />

Do início ao fim da construção da ponte, é<br />

Portanto, a cola deve ser distribuída ao longo de<br />

essencial a utilização de instrumentos de medição<br />

cada peça suavemente para evitar a ruptura dos fios.<br />

como paquímetro, trena, escala e transferidor de<br />

Após aplicação da cola nos tubos, coloque-os<br />

grau, garantindo a exatidão das medidas e evitando<br />

na posição vertical, para que o excesso de cola<br />

cortes, montagens e ajustes incorretos. No decorrer<br />

escoe ao logo do corpo de cada peça, assim evitando<br />

da montagem, esses instrumentos serão vistos como<br />

que o tubo sofra deformação devido à umidade da<br />

nas próximas imagens.<br />

cola.<br />

Para fazer a montagem das peças da estrutura<br />

Para não se perceberem emendas nas hastes<br />

da ponte de macarrão, deve-se desenvolver ou<br />

de sustentação da ponte, devera ser usada a técnica<br />

construir os gabaritos para moldar as peças, de forma<br />

de emendas por transpasse, que é muito utilizada<br />

a facilitar o trabalho.<br />

nas construções, para emenda de ferragens. A<br />

Nessa etapa, deve-se ter em mãos os fios de<br />

montagem dos fios é trabalhosa, pois as amarrações<br />

macarrão selecionados, borrachas de silicone, e tubo<br />

são bem próximas. Além disso, é amarrado e colado<br />

de PVC de 1\2”. Primeiramente, com o tubo de PVC<br />

cordão de seda para ser utilizado na fase de<br />

em mãos, distribua, na parede externa, 34 fios de<br />

secagem. Após as amarrações, deverá ser feito um<br />

macarrão e coloque duas borrachas de silicone,<br />

cordão com cola Araldite de secagem rápida, entre<br />

sendo uma em cada extremidade, para prender os<br />

os trechos das amarrações, para prender os fios uns<br />

fios, deixando que fiquem com um espaçamento<br />

aos outros. Após a secagem dos cordões de cola,<br />

entre eles para a penetração da cola. Para melhor<br />

deverão ser retirados os arames recapados,<br />

54<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

Artigo Original<br />

verificando se todos os fios estão colados. Deverá Após o corte do chanfro superior de cada tubo,<br />

ser aplicada cola de secagem de 24 horas na haste, faça a colagem com Araldite de secagem rápida; as<br />

que deverá ser fixada verticalmente e, ao mesmo peças são presas com fita crepe até a cura da cola.<br />

tempo, tracionada para evitar empenos durante a A parte inferior dos pés tem muitos recortes e<br />

secagem. Para tracionar as peças, e garrafas pets exige muita habilidade e paciência para fazê-los. O<br />

com água.<br />

ajuste é feito com lixa e limas rotativas, para que o<br />

Os tubos de macarrão, para serem montados abaulamento fique preciso e para que o encaixe sobre<br />

em forma de arco, têm que ser cortados em chanfros, a base de tubo de PVC fique perfeito.<br />

ou seja, em ângulo, para fazer a curvatura do arco. Para que os pés se encaixem nos tubos de PVC,<br />

Para que o corte seja preciso, é necessário usar também são feitos rasgos em suas extremidades.<br />

gabaritos, deixando o tubo firme. O corte do tubo Os tubos do arco da ponte também são colados<br />

deverá ser realizado com arco-de-serra.<br />

com cola Araldite de secagem rápida, que é passada<br />

Após o corte, passe uma lixa grossa na ponta na ponta de cada um, que depois é preso com<br />

do tubo de macarrão para eliminar as rebarbas. borrachas de silicone para não sair da posição correta<br />

Para iniciar a montagem da ponte de até a cura da cola.<br />

macarrão, é importante ter o projeto como Após a secagem dos tubos que compõem o<br />

referência. Pois é através dele que serão feitos os arco, fixe os pés da ponte. É necessário usar cola<br />

ajustes dos tubos nos ângulos corretos.<br />

quente na parede externa do tubo, de forma que o pé e<br />

Antes de iniciar os ajustes dos tubos, fixe a o arco fiquem maleáveis, possibilitando a passagem<br />

planta sobre uma mesa e, depois, fixe os pregos na da cola Araldite de secagem rápida. E, para garantir<br />

extremidade das linhas de referência, garantindo o que a peça não seja colada fora da posição, use fita<br />

alinhamento correto e travamento das peças na adesiva. Os pés são colados um de cada vez, para não<br />

sequência correta e facilitando a colagem delas. ocorrer o risco de quebra dos pontos de fixação dos<br />

Para ajustar os tubos, use uma lixa grossa. apoios.<br />

Marque, com fita adesiva, a sequência dos tubos, Depois que os pés estão fixos, é necessário<br />

para não ocorrer o risco de misturá-los.<br />

colar um cordão de seda para que o peso da estrutura<br />

Os pés de sustentação da ponte exigem não force o centro do arco. Esse cordão deverá ser<br />

atenção e habilidade para ajustá-los, pois se trata de retirado depois que todos os elementos estejam<br />

dois tubos que serão transformados em uma única colados.<br />

peça. Para ajustá-los, é necessário usar moldes que As hastes horizontais que travam os pés da<br />

foram desenhados a partir do detalhamento do ponte são alinhados e presos com fita adesiva, para<br />

projeto da ponte. Esses moldes terão que ser não saírem da posição correta, e colados à barra de<br />

impressos em papel com gramatura maior e aço. Depois de feito isso, é colocado o arco sobre as<br />

recortados. Após fazer os recortes e fixar o molde no hastes, e fixado com fita adesiva até fazer os ajustes<br />

tubo, risque a peça, utilizando um pincel fino. Retire finais.<br />

o molde para cortar, utilizando uma retífica com Para finalizar a montagem da ponte, faça a<br />

disco de corte. Antes cortar a peça, faça a análise de montagem das hastes de sustentação da barra de aço.<br />

risco do ambiente em que se encontra, para evitar Para que fiquem bem ajustadas, é necessário fazer<br />

acidentes durante o trabalho; utilize EPI´s, pois a chanfros na parte inferior, com a finalidade de serem<br />

retífica trabalha em alta rotação, e o disco usado para coladas na barra de aço. As hastes são posicionadas<br />

o corte vaza a peça com muita rapidez.<br />

sobre os encaixes, coladas com cola Araldite de<br />

55


Artigo Original<br />

secagem rápida, e fixadas com fita adesiva até o<br />

tempo de cura.<br />

Após a colagem, faça o corte das sobras das<br />

hastes. Depois dessa etapa, os tubos de PVC são<br />

colados nos pés da ponte, para servirem de apoio.<br />

A última fase da fabricação consiste em<br />

reforçar com cola todos os pontos de união dos<br />

elementos da estrutura da ponte (nós). Após essa<br />

fase, a ponte está liberada para fazer o ensaio<br />

destrutivo.<br />

Figura 5 – Ponte concluída de acordo com o<br />

projeto<br />

do Trabalho. Disponível em:<br />

Acesso em: 17<br />

jun. 2013.<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO.<br />

Norma Regulamentadora Nº 12 do Ministério<br />

do Trabalho. Disponível em:<br />

Acesso em: 17<br />

jun. 2013.<br />

CAMARGOS, Cleiton Nogueira. Projeto e<br />

simulação da ponte de macarrão.<br />

DNIT -Departamento Nacional de Infraestrutura de<br />

Transportes. Manual de Projeto de Obras-de-<br />

Arte Especiais. Rio de Janeiro. 1996. Disponível<br />

em: . Acesso em: 20 maio 2013.<br />

Dicas para Construir uma Ponte de Macarrão.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 20 maio 2013.<br />

CONCLUSÃO<br />

Conclui-se que a escolha da ponte em arco<br />

apresenta maior poder de carga em relação às pontes<br />

retangulares, pois possuem menor concentração de<br />

tensão. De acordo com o ensaio virtual realizado, o<br />

início do ponto de ruptura da ponte quase sempre foi<br />

em seu ponto médio, demonstrando que as principais<br />

forças atuam nesse ponto.<br />

Mediante o projeto, os ensaios virtuais e<br />

mecânicos, foi possível desenvolver uma ponte de<br />

macarrão resistente, além de desenvolver novas<br />

técnicas de construção de seus elementos estruturais.<br />

LEONHARDT, F. Construções de concreto:<br />

Princípios Básicos da Construção de Pontes de<br />

Concreto. Rio de Janeiro: Interciência, 1979. v. 6.<br />

MATTOS, Tales Simões. Programa Para Análise<br />

de Superestruturas de Pontes de Concreto Armado<br />

e Protendido. Universidade Federal do Rio De<br />

Janeiro. Rio de Janeiro, 2001.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO.<br />

Norma Regulamentadora Nº 06 do Ministério<br />

56<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

O USO DE FIBRAS DE AÇO COMO REFORÇO DE<br />

CONCRETO PARA PISOS INDUSTRIAIS<br />

**<br />

SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos*; RUAS, Débora Fernanda**; COSTA, Márcio José Neres<br />

*<br />

Engenheiro Civil graduado na UFMG, Perito Judicial, Calculista Estrutural e Professor e Orientador das FIPMoc;<br />

**<br />

Discentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />

RESUMO<br />

O concreto, quando submetido a tensões de tração,<br />

apresenta um comportamento frágil, que deve ser<br />

evitado. Nesse contexto, concretos reforçados com<br />

fibras de aço têm-se se mostrado uma solução<br />

executável. Nesse sentido, várias pesquisas foram e<br />

ainda estão sendo desenvolvidas, a fim de avaliar as<br />

principais características dos concretos reforçados<br />

com fibras de aço. As fibras de aço atuam como<br />

reforços à tração, transformando a matriz<br />

cimentícia, tipicamente frágil, em um material que<br />

apresenta boa resistência após a fissuração. Quando<br />

utilizadas em pisos industriais, as fibras de aço<br />

servem para combater os esforços mecânicos<br />

atuantes nas placas de concreto. O desempenho<br />

dessas fibras dentro de uma matriz de concreto<br />

dependerá de fatores, como a classe de resistência<br />

do concreto, dosagem das fibras, compatibilidade<br />

dimensional entre o agregado graúdo e o<br />

comprimento da fibra, e outros. Portanto, a adição<br />

de fibras de aço no concreto passa a ser uma das<br />

alternativas para amenizar sua deficiência quanto à<br />

tração em pisos industriais.<br />

Palavras-chave: Concreto. Fibras de aço. Piso<br />

industrial.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Na Engenharia Civil, o uso de técnicas cada<br />

vez mais avançadas propicia uma melhor qualidade<br />

dos serviços através de estudos que comprovem a<br />

eficácia do procedimento na construção civil. Por<br />

sua vez, a tecnologia busca responder às<br />

necessidades concretas do mercado e às<br />

peculiaridades de cada região. O concreto reforçado<br />

com vários tipos de fibras, dentre elas, a fibra de aço<br />

têm-se tornado uma das soluções encontradas pelos<br />

profissionais da construção civil no intuito de<br />

melhorar algumas das propriedades do concreto.<br />

Entretanto, sua utilização não vai resultar em um<br />

concreto sem fissuras.<br />

Para Mello et al (2007), a crescente<br />

competitividade do mercado da engenharia civil tem<br />

induzido projetistas de estruturas a desenvolverem<br />

sistemas estruturais compostos por peças mais leves<br />

e com menor custo final. A consequência direta<br />

dessa filosofia de projeto foi o aumento considerável<br />

dos problemas de vibrações em pisos. Atualmente,<br />

as tendências arquitetônicas e as exigências de<br />

mercado têm obrigado os engenheiros estruturais a<br />

utilizar soluções cada vez mais arrojadas, que<br />

exigem grande experiência e conhecimento, no que<br />

diz respeito à utilização de novos materiais e<br />

tecnologias. É conveniente ressaltar que o<br />

progresso, na engenharia estrutural, sempre esteve<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

57


Artigo de Revisão<br />

intimamente ligado a acréscimos significativos da<br />

resistência característica dos materiais.<br />

As vibrações induzidas por atividades<br />

humanas, máquinas e equipamentos de grande porte<br />

têm sido consideradas na análise dinâmica de pisos<br />

de edificações, de forma cada vez mais elaborada. As<br />

características representativas das cargas geradas<br />

durante a execução dessas atividades são de<br />

definição complexa e se encontram associadas às<br />

particularidades corporais de cada indivíduo e a<br />

maneira como determinado tipo de atividade é<br />

realizado. De modo geral, a comunidade científica<br />

tem ciência de que é bastante complexo o processo<br />

de modelagem das cargas dinâmicas induzidas por<br />

seres humanos e equipamentos, pois os<br />

carregamentos gerados envolvem aspectos<br />

individuais que são bastante distintos (MELLO, et<br />

al, 2007).<br />

Os materiais compostos vêm sendo<br />

utilizados na construção civil desde a antiguidade.<br />

Mais recentemente, surgiram novas possibilidades<br />

tecnológicas, como os concretos reforçados com<br />

fibras de aço. As fibras de aço para concreto<br />

começaram a ser utilizadas no Brasil a partir da<br />

década de 1990. A adição de fibras de aço aos<br />

concretos minimiza o comportamento frágil<br />

característico do concreto, que passa a ser um<br />

material pseudodúctil, ou seja, continua<br />

apresentando uma resistência residual a esforços<br />

nele aplicados, mesmo após sua fissuração. A<br />

alteração do comportamento é função das<br />

características das fibras e da matriz de concreto e de<br />

sua interação. Com isso, o material passa a ter<br />

exigências específicas para seu controle da<br />

qualidade, dosagem e mesmo aplicação, diferentes<br />

do concreto convencional. Ao mesmo tempo, as<br />

possibilidades de aplicação do material são<br />

ampliadas. Para algumas aplicações, o concreto<br />

reforçado com fibras apresenta vantagens<br />

tecnológicas e econômicas em relação ao<br />

convencional, como é o caso do revestimento de<br />

túneis, galpões, aeroportos e outras aplicações do<br />

concreto projetado, dos pavimentos, dos prémoldados<br />

e outras (FIGUEIREDO, 2000).<br />

MÉTODO<br />

Este trabalho consiste em uma pesquisa<br />

exploratória descritiva, por meio de uma revisão<br />

bibliográfica de artigos científicos referentes ao uso<br />

de fibras de aço em pisos industriais de concreto.<br />

A pesquisa exploratória busca maiores<br />

informações sobre determinado fenômeno, visando<br />

proporcionar uma maior familiaridade com ele.<br />

Envolve levantamento bibliográfico e pode-se<br />

chegar a uma nova percepção do fenômeno, ou<br />

mesmo a novas ideias.<br />

Para a obtenção dos artigos, utilizou-se o<br />

levantamento bibliográfico e, dentre vários<br />

estudados, foram selecionados os artigos que tinham<br />

concordância com o objetivo e tema escolhido.<br />

UTILIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO EM PISOS<br />

INDUSTRIAIS<br />

Desde o antigo Egito, o homem vem<br />

procurando alternativas que venham solucionar ou,<br />

ao menos, melhorar as características dos<br />

compostos. Há relatos de que nessa época se<br />

misturavam palhas nas argilas para fabricar tijolos,<br />

e, com isso obtinham-se maior qualidade e<br />

durabilidade nas construções. Surgiu, a partir daí, a<br />

ideia de acrescentar elementos fibrosos com o<br />

intuito de reforçar compostos frágeis. Os primeiros<br />

estudos sobre a utilização das fibras de aço para<br />

reforço de concreto surgiram nos anos 50, entretanto<br />

essa tecnologia ganhou mais força a partir da década<br />

de 60.<br />

Já que o concreto não apresenta desempenho<br />

satisfatório a tração, o que compromete o seu<br />

comportamento frente à ação de cargas<br />

dinâmicas, uma alternativa para amenizar<br />

esta deficiência consiste em adicionar fibras<br />

58<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

ao concreto. Estas atuam como reforços a<br />

tração, transformando a matriz cimentícia,<br />

tipicamente frágil, em um material que<br />

apresenta boa resistência residual após a<br />

fissuração. (GARCEZ, 2005).<br />

Entre todos os tipos de fibras existentes<br />

destinadas ao reforço de concreto, as fibras de aço se<br />

destacam, por serem consideradas de alto<br />

desempenho, podendo, dessa forma, ser aplicadas<br />

ao concreto, como reforço primário. A tecnologia do<br />

concreto reforçado com fibras de aço é indicada<br />

como alternativa técnica e economicamente viável<br />

para diversos tipos de aplicações, mesmo em alguns<br />

casos de estruturas convencionais de concreto<br />

armado.<br />

No Brasil, as fibras de aço surgiram no início<br />

da década de 90, e seu maior campo de aplicação são<br />

os pisos industriais, podendo substituir totalmente<br />

as armaduras convencionais, apresentando os<br />

mesmos níveis de resistência, segurança e de<br />

integridade da estrutura. Pode ser utilizada também<br />

em estrutura com reforço misto, combinando fibras<br />

de aço e armaduras convencionais. Gera, assim,<br />

benefícios e traz melhorias em relação às<br />

propriedades do elemento estrutural, quando<br />

comparada a outras soluções.<br />

As fibras de aço são filamentos de aço<br />

descontínuos, produzidas em variadas formas,<br />

dimensões e tipos de aço. Em geral, podem ser<br />

encontradas no mercado com comprimentos que<br />

variam de 2,5 cm a 6,0 cm e diâmetros entre 0,05 cm<br />

a 0,10 cm.<br />

Segundo especificações da ANAPRE<br />

(Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de<br />

Alto Desempenho, 2012), as fibras de aço para<br />

concreto em pisos industriais são classificadas em<br />

três tipos. O primeiro, o Tipo A, são as fibras com<br />

ancoragem em gancho, que é um dispositivo<br />

utilizado para melhorar a ancoragem dentro do<br />

concreto. O segundo é a fibra Tipo C, corrugada; o<br />

formato corrugado serve para melhorar a aderência<br />

das fibras dentro do concreto. O terceiro é a fibra<br />

Tipo R, que possui uma geometria reta. Essa<br />

classificação geométrica associada a cada tipo de<br />

fibra não ressalta o formato da seção transversal e,<br />

sim, o perfil de resistência da fibra. O formato da<br />

seção transversal irá depender do tipo de aço<br />

utilizado na produção da fibra, que pode ser trefilado<br />

ou laminado. Assim, além dos tipos de fibras, a<br />

especificação para fibras de aço prevê três classes de<br />

fibras, as quais foram associadas ao tipo de aço que<br />

deu origem a elas:<br />

Classe I: fibra oriunda de arame trefilado a frio;<br />

Classe II: fibra oriunda de chapa laminada cortada a<br />

frio;<br />

Classe III: fibra oriunda de arame trefilado e<br />

escarificado.<br />

Associada a essa classificação (ANAPRE,<br />

2012), também são definidos os requisitos mínimos<br />

para que se tenha um bom desempenho dessas fibras<br />

de aço dentro de uma matriz de concreto. Esse<br />

desempenho dependerá de vários fatores, como, por<br />

exemplo: a classe de resistência do concreto,<br />

dosagem das fibras, sua forma geométrica,<br />

tolerâncias dimensionais, defeitos de fabricação,<br />

resistência à tração, dobramento, compatibilidade<br />

dimensional entre o agregado graúdo e o<br />

comprimento da fibra, módulo de elasticidade,<br />

resistência mecânica e fator de forma das fibras.<br />

Procurou-se garantir que qualquer produto em<br />

conformidade com esses requisitos tenha potencial<br />

para proporcionar um desempenho adequado ao<br />

concreto reforçado com fibras de aço.<br />

As fibras podem apresentar deformações ao<br />

longo de todo o seu comprimento ou somente em suas<br />

extremidades, formando ganchos. As ancoragens têm<br />

a finalidade de melhorar o comportamento da fibra<br />

com relação à aderência dentro da matriz de concreto.<br />

A esbeltez, ou o fator de forma (λ=L/De), é<br />

obtido da relação entre o comprimento (L) e o<br />

diâmetro, ou diâmetro equivalente (De). Quanto<br />

maior é o fator de forma (λ=L/De), maior será a<br />

quantidade de fibras presentes no elemento,<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

59


Artigo de Revisão<br />

aumentando, assim, a eficiência do composto<br />

reforçado com fibras.<br />

A função das fibras junto ao concreto é<br />

interceptar e controlar a propagação das fissuras que<br />

se formam na matriz, devido às ações de<br />

carregamentos ou devido aos efeitos de retração e<br />

temperatura.<br />

A fibra altera o comportamento do concreto<br />

após sua ruptura, ainda na fase de pós-fissuração do<br />

concreto, ou seja, sua tenacidade passa de um<br />

material frágil para dúctil, características que<br />

c o n t r i b u e m c o n s e q u e n t e m e n t e p a r a a<br />

impermeabilidade e a durabilidade da estrutura.<br />

Em 2007, a nova especificação de fibras de<br />

aço para concreto, que foi produzida pela ABNT<br />

(Associação Brasileira de Normas Técnicas), NBR<br />

15530:07 - Fibras de Aço para Concreto -, define<br />

parâmetros de classificação para todos os tipos de<br />

fibras de aço, estabelecendo os requisitos mínimos<br />

referentes à sua forma geométrica, tolerâncias<br />

dimensionais, defeitos de fabricação e resistência<br />

mecânica. Essa nova especificação pode ser<br />

considerada um marco da tecnologia no Brasil, uma<br />

vez que traz avanços tecnológicos incorporados,<br />

como o nível de exigência elevado para a resistência<br />

do aço, o que é perfeitamente compatível com a<br />

condição de produção de fibras hoje instalada no<br />

país.<br />

Além das vantagens mecânicas acima<br />

descritas, existem outras vantagens relacionadas<br />

com a utilização das fibras de aço, como, por<br />

exemplo:<br />

- A eliminação da etapa de montagem, corte e<br />

dobra das armaduras, diminuindo ou eliminando<br />

custos com mão-de-obra;<br />

- Não exige local para estocagem, pois já é<br />

dosado na concreteira;<br />

- Aumento da produtividade no canteiro de<br />

obras;<br />

- Redução significativa do desperdício de<br />

material;<br />

- Otimização do tempo total de execução da obra.<br />

Em resumo, a utilização das fibras de aço, além<br />

de tornar o concreto reforçado, aumenta sua<br />

resistência a:<br />

- Fissuração;<br />

- Impacto;<br />

- Puncionamento;<br />

- Cargas variáveis; e<br />

- Variações térmicas, além de tornar o concreto<br />

fibro reforçado, mais dúctil e menos permeável.<br />

Comparando-se as fibras de aço com a<br />

solução tela, economiza-se mão-de-obra e espaço<br />

físico, pois a fibra é dosada no caminhão betoneira,<br />

diretamente na concreteira, além de economizar em<br />

espaçadores, o que não acontece na utilização da<br />

tela. Há também economia de espaço, uma vez que<br />

não será preciso estocar a armadura. As fibras<br />

reforçam as bordas das juntas de encontro das placas<br />

de concreto, evitando o lascamento nessas regiões,<br />

além do acesso facilitado no local da concretagem, o<br />

que não é possível após a instalação das telas<br />

metálicas.<br />

Segundo os profissionais do ramo de pisos<br />

industriais entrevistados, pode-se afirmar que o<br />

custo benefício do piso industrial de concreto<br />

reforçado com fibras de aço proporciona uma<br />

economia de 20% em relação ao piso de concreto<br />

tradicional com tela metálica. Com relação à vida<br />

útil do piso, dependerá do tipo de utilização, como,<br />

por exemplo: em locais com grande fluxo de<br />

máquinas e equipamentos pesados e o contato com<br />

substâncias agressivas, certamente influenciará em<br />

sua vida útil; a durabilidade, que normalmente varia<br />

de 40 a 50 anos, pode ser reduzida para<br />

aproximadamente 10 anos.<br />

Conforme Alvaredo (1994), embora as fibras<br />

de aço junto ao concreto apresentem inúmeras<br />

vantagens, é necessário atentar-se para alguns<br />

cuidados que deverão ser tomados durante a<br />

60 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

Artigo de Revisão<br />

execução do piso:<br />

- Utilizar a dosagem do material conforme projeto;<br />

- Obedecer ao slump de 10 ± 2 cm;<br />

- Obedecer ao tempo de mistura no caminhão<br />

betoneira;<br />

- Utilizar equipamento apropriado na execução do<br />

acabamento;<br />

- Aplicar o agregado mineral na dosagem correta<br />

durante o acabamento final;<br />

- Contratar mão-de-obra especializada.<br />

São necessários também cuidados relativos à<br />

cura após a concretagem, para evitar o empenamento<br />

do pavimento por retração diferencial. Mesmo após a<br />

realização do correto acabamento superficial do<br />

pavimento, algumas fibras ficam na superfície do<br />

concreto. Essas fibras estarão particularmente<br />

susceptíveis à corrosão, o que irá provocar o<br />

aparecimento de pontos de ferrugem, prejudicando,<br />

de certa forma, o aspecto estético (ALVAREDO,<br />

1994).<br />

Segundo o exemplar de nº 50 da Revista<br />

Concreto (2008), existem vários métodos de ensaio,<br />

porém os ensaios mais comumente para<br />

caracterização e controle de qualidade do concreto<br />

com fibras de aço utilizados para a determinação da<br />

tenacidade é o da norma americana (American<br />

Society for Testing and Materials) ASTM C1018 e o<br />

da norma Japonesa (Japan Society of Civil<br />

Engineers) JSCE-SF4 - ambas as metodologias<br />

muito semelhantes, contendo apenas algumas<br />

diferenças com relação aos critérios de medida da<br />

tenacidade. Além desses métodos, existem outros<br />

critérios, como o proposto pela norma italiana<br />

UNI11039 (Ente Nazionale Italiano di<br />

Unificazione), entre outros.<br />

Para a execução desses ensaios, deve-se<br />

recorrer a laboratórios de controle tecnológico<br />

qualificados. Apesar de não haver uma norma<br />

nacional específica sobre o tema, no Brasil<br />

frequentemente são realizados ensaios para a<br />

reforçados com fibras de aço, com base na norma<br />

japonesa JSCE-SF4, que é uma das metodologias de<br />

concepção mais simples existentes na atualidade.<br />

Deve-se ter o cuidado de especificar sempre<br />

o desempenho do material quanto aos requerimentos<br />

de tenacidade, o qual deverá ser controlado tanto nas<br />

condições de produção, mediante uma metodologia<br />

de dosagem, como durante o recebimento, com um<br />

programa de controle de qualidade adequado. Além<br />

das normas para realização de ensaios, existem<br />

atualmente guias e recomendações internacionais<br />

para projeto, construção e controle de estruturas de<br />

concreto reforçadas com fibras de aço, como, por<br />

exemplo, o código italiano elaborado pelo Consiglio<br />

Nazionale delle Ricerche – CNR- DT-2004/2006,<br />

entre outros.<br />

Recomenda-se manter a compatibilidade<br />

dimensional entre os agregados e as fibras, evitando<br />

que o diâmetro máximo dos agregados seja maior<br />

que 2 (duas) vezes o comprimento da fibra. O correto<br />

posicionamento e distribuição das fibras na matriz de<br />

concreto evita que a interação fibra-matriz e o efeito<br />

de ponte de transferência de tensões entre as fissuras<br />

sejam prejudicados. Deve-se atentar para alguns<br />

cuidados específicos durante o processo de inserção<br />

das fibras no concreto, pois uma inadequada mistura<br />

poderá provocar uma dispersão não uniforme,<br />

causando aglomerados de fibras.<br />

Portanto, sejam as fibras de aço soltas ou em<br />

pentes colados, elas necessitam ser dosadas no<br />

concreto de uma maneira gradativa, a fim de garantir<br />

a homogeneidade da mistura.<br />

Recomenda-se lançar a fibra em taxas<br />

controladas na esteira da usina de concreto em<br />

conjunto com os agregados ou diretamente no<br />

caminhão betoneira, como último componente da<br />

mistura.<br />

Outro tema muito discutido na atualidade em<br />

âmbito mundial é a busca de uma orientação clara<br />

aos engenheiros com relação ao que se pode<br />

determinação da tenacidade à flexão em concretos oferecer, em termos estruturais,a um concreto<br />

61


Artigo de Revisão<br />

reforçado com certa quantidade de fibras.<br />

Várias pesquisas ressaltam que, embora<br />

trabalhando com fibras de elevado fator de forma<br />

(λ=L/De), sendo (λ) o fator de forma, (L) o<br />

comprimento da fibra e (De) o diâmetro equivalente,<br />

as quais incrementam o número de fibras/kg, esse<br />

conceito é limitado, já que, ao reduzir a dosagem,<br />

está-se diretamente incrementando as tensões que<br />

serão transmitidas para estas fibras, e o elemento<br />

estrutural pode apresentar uma grande instabilidade<br />

e fragilidade, perdendo completamente a função das<br />

fibras e sua principal característica de capacidade de<br />

resistência residual pós-fissuração.<br />

Por esse motivo, os pesquisadores,<br />

fabricantes e normas vigentes prescrevem uma<br />

dosagem mínima para as fibras de aço, que não se<br />

refere somente a se trabalhar com uma fibra de alto<br />

fator de forma, mas principalmente o que se busca é<br />

uma quantia mínima em volume, que, somado às<br />

propriedades mecânicas e geométricas da fibra,<br />

torne possível obter um comportamento estrutural<br />

adequado.<br />

Ainda conforme o exemplar de n. 50 da<br />

Revista Concreto (2008), as dosagens mínimas<br />

recomendadas para a utilização de fibras de aço em<br />

aplicações com fins de prestação de serviço<br />

estrutural em pisos, pavimentos, túneis e préfabricados,<br />

é de 0,25% a 1% em volume, sugerido<br />

pelos fabricantes, pesquisadores e normas vigentes,<br />

sendo também de comum recomendação por<br />

algumas instituições do setor, entre elas a ASTM<br />

(Sociedade Americana de Testes de Materiais).<br />

Quanto a seu método executivo, a aplicação<br />

do concreto reforçado com fibras de aço exige que se<br />

tenha uma análise completa da estabilidade do<br />

terreno. Esse serviço deve ser realizado por<br />

profissional especializado em geotecnia, que deverá<br />

definir a necessidade de compactação, traço ou<br />

reforço do subleito. Nesse projeto, deve ser<br />

considerado o subleito estável e consolidado (não<br />

sujeito a recalques).<br />

Conforme dados informados pela empresa<br />

PROJETON – Projetos e Consultorias em Pisos<br />

Industriais, recomenda-se a utilização de 1 (um)<br />

saco de 25 (vinte) kg de fibras de aço para cada m³ de<br />

concreto; nesse caso, em especial, foi utilizada a<br />

fibra de aço com ancoragem.<br />

MÉTODO DE EXECUÇÃO<br />

Assim se procede aos passos para a execução<br />

do piso industriais de concreto com fibras:<br />

Em Mecânica dos Solos, o ensaio de<br />

compactação Proctor é um dos mais importantes<br />

procedimentos de estudo e controle de qualidade de<br />

aterros de solo compactado. Através dele, é possível<br />

obter a densidade máxima do maciço terroso,<br />

condição que otimiza o empreendimento com<br />

relação ao custo e ao desempenho estrutural e<br />

hidráulico. A metodologia foi desenvolvida pelo<br />

engenheiro Ralph Proctor em 1933, sendo<br />

normatizada nos Estados Unidos pela A.A.S.H.O -<br />

American Association of State Highway Officials e,<br />

no Brasil, sua execução segue a norma ABNT NBR<br />

7182/1986 - Ensaios de Compactação.<br />

Preparação do subleito: A profundidade do<br />

subleito deverá ser de acordo com cada projeto<br />

específico, ter sua umidade corrigida e com grau de<br />

compactação mínimo de 98% em relação à massa<br />

específica aparente seca.<br />

Preparação da sub-base: A sub-base deverá<br />

ser constituída com camada de brita graduada<br />

simples, com grau de compactação no mínimo de<br />

98% do Proctor modificado. A execução da subbase<br />

só deverá ser iniciada após a certificação da<br />

conformidade do subleito com os resultados dos<br />

ensaios de campo. A separação entre a sub-base e a<br />

placa de concreto deve ser feita com lona preta em<br />

camada dupla e espessura mínima de 0,15 mm, para<br />

garantir que não ocorra a perfuração da lona em<br />

contato com a sub-base.<br />

Assentamento das formas em volta dos<br />

62 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

pilares: O assentamento das formas deve ser<br />

realizado com auxílio de nível óptico ou laser, e<br />

deverá ser iniciado somente após a conferência da<br />

cota final da sub-base, de modo a garantir a<br />

espessura do piso conforme especificado em<br />

projeto.<br />

Preparação do concreto: O concreto deve ser<br />

dosado para atender aos requisitos mínimos<br />

especificados em projeto.<br />

Lançamento e espalhamento do concreto: O<br />

lançamento do concreto deverá ser realizado com<br />

auxílio de bomba de concreto, ou direto do caminhão<br />

betoneira. Ser fornecido continuamente sem atrasos,<br />

a fim de evitar problemas de juntas frias ou emendas<br />

de acabamento, garantindo uma superfície final<br />

homogênea com índice de planicidade e<br />

nivelamento especificado.<br />

Adensamento do concreto: O adensamento<br />

do concreto deverá ser feito com equipamento<br />

apropriado (nivelamento a laser, régua treliçada ou<br />

manual) por vibração superficial e, quando<br />

necessário, com auxílio de vibradores de imersão,<br />

sempre que a vibração superficial se mostrar<br />

ineficiente.<br />

Acabamento superficial: O acabamento<br />

superficial deverá ser liso e espelhado com a<br />

utilização de acabadoras de superfícies. Em hipótese<br />

alguma deve ser permitida a aspersão de água na<br />

superfície durante o acabamento do piso.<br />

Planicidade e nivelamento: Deverão ser<br />

garantidos os requisitos especificados em projeto, o<br />

índice de planicidade e índice de nivelamento.<br />

Cura do concreto: A cura do concreto deverá<br />

ser inicialmente química, com aplicação de resina<br />

acrílica e, após, o acabamento final úmido com<br />

manta apropriada saturada por no mínimo 7 (sete)<br />

dias.<br />

Proteção quanto ao desgaste por abrasão<br />

(atrito): Deverá ser aspergido sobre a superfície do<br />

concreto agregado mineral, de modo a garantir o<br />

aumento da resistência superficial à abrasão. Após o<br />

acabamento, aplicar líquido endurecedor de<br />

superfície de base fluossilicato ou equivalente.<br />

Tratamento de juntas: Todas as juntas<br />

longitudinais e transversais terão barras de<br />

transferência posicionadas em conformidade com<br />

as posições indicadas em projeto.<br />

Liberação ao uso: O piso só poderá ser<br />

liberado ao uso após avaliação pelo projetista dos<br />

ensaios de tração na flexão, ou num período mínimo<br />

de 21 (vinte e um) dias após o término da<br />

concretagem da última placa, mediante análise de<br />

resultados de ensaio de concreto, que deverão ser<br />

realizados por laboratórios especializados.<br />

CONCLUSÃO<br />

O surgimento de fissuras no concreto está<br />

associado à pouca resistência à tração que o<br />

concreto por si só apresenta. Nota-se que, ao<br />

adicionar as fibras de aço como reforço do concreto,<br />

a propagação dessas fissuras é controlada devido a<br />

seu elevado módulo de elasticidade. A capacidade<br />

pós-fissuração que a fibra de aço apresenta faz com<br />

ela mesma ofereça uma melhor redistribuição de<br />

esforços no piso, quando executado conforme<br />

dosagem especificada em projeto.<br />

Conclui-se que o piso de concreto reforçado<br />

com fibras de aço apresenta grandes vantagens<br />

tecnológicas e viabilidade econômica, quando<br />

comparado ao piso de concreto convencional,<br />

comumente utilizado.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALVAREDO, A. M. Drying Shrinkage and Crack<br />

Formation. Building Materials. Reports n. 5.<br />

Aedification Publishers. IRB Verlag. Zurich,<br />

Switzerland, 1994<br />

ARAVENA-REYES, José A.. Metodologias<br />

coletivas para o ensino de projeto em engenharia e<br />

arquitetura. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto,<br />

v. 54, n. 1, Mar. 2001. Available from<br />


Artigo de Revisão<br />

t&pid=S0370-<br />

44672001000100010&lng=en&nrm=iso>. Acesso<br />

em: 21 mar. 2013.<br />

FIGUEIREDO, A.D. Parâmetros de Controle e<br />

Dosagem do Concreto Projetado com Fibras de<br />

Aço. São Paulo,1997. 342p. Tese (Doutorado).<br />

Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.<br />

FIGUEIREDO, Antônio Domingues de. Concreto<br />

com fibras de aço. São Paulo: EPUSP, 2000. 68<br />

p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP,<br />

Departa- mento de Engenharia de Construção<br />

Civil, BT/PCC/260).<br />

SILVEIRA, Murilo. Engenharia produz, a<br />

sociedade utiliza. Perspect. ciênc. inf., Belo<br />

Horizonte, v. 11, n. 3, Dec. 2006 . Disponível<br />

em:<br />

. Acesso<br />

em: 21 mar. 2013.<br />

FIGUEIREDO, Antonio Domingues de; NETO,<br />

Pedro Jorge Chama; FARIA, Hernando Macedo.<br />

A nova normalização brasileira sobre fibras de<br />

aço. Revista Concreto.<br />

GARCEZ, E. A. Análise teórico-experimental<br />

do comportamento de concretos reforçados<br />

com fibras de aço submetidos á cargas de<br />

impacto. 2005.<br />

GROSSI, B.F. Uma contribuição para a<br />

modelagem numérica do concreto com fibras<br />

curtas de aço. 2006.<br />

http://dx.doi.org/10.1590/S0370-<br />

44672007000200023. Acesso em: 03 de jun. de<br />

2013.<br />

http://www.revistatechne.com.br/engenhariacivil/89/artigo32777-1.asp<br />

Acesso em: 03 jun. de<br />

2013.<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_de_compacta<br />

%C3%A7%C3%A3o_Proctor. Acesso em: 02 jun.<br />

2013.<br />

MAIDL, B. Stahlfaserbeton. Berlin. Ernst &<br />

Sohn Verlag für Architektur und technische<br />

Wissenschaften, 1991.<br />

MELLO, Antonio Vicente de Almeida et al .<br />

Estudo do conforto humano em pisos mistos (açoconcreto).<br />

Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, v.<br />

60, n. 2, June 2007 . Disponível em:<br />

. Acesso<br />

em: 21 mar. 2013.<br />

ABNT. NBR 15530: Fibras de aço para concreto –<br />

especificação. Rio de Janeiro, 2007.<br />

PRYSTHON, Cecília; SCHMIDT, Susana;<br />

64 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

REFORÇO E REPAROS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO<br />

ARMADO<br />

SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos*; OLIVEIRA, Isabela Souto**; SOUSA, Osmano de**<br />

Engenheiro Civil graduado na UFMG, Perito Judicial, Calculista Estrutural e Professor e Orientador das<br />

FIPMoc; Acadêmicos do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />

RESUMO<br />

Nenhuma estrutura de concreto armado é<br />

eternamente durável. Suas propriedades variam com<br />

o passar do tempo, e a vida útil é finalizada quando as<br />

propriedades tornam seu uso antieconômico e,<br />

principalmente, inseguro. Esse problema se deve à<br />

falta de conhecimento dos componentes das<br />

estruturas de concreto armado e materiais utilizados,<br />

que são importantes fatores para a estimativa de vida<br />

útil das estruturas. O concreto armado teve um<br />

desenvolvimento espantoso, a ponto de obter, em<br />

menos de um século, o domínio absoluto do mercado<br />

mundial. Aliados ao desenvolvimento do concreto,<br />

surgiram os problemas estruturais, que apresentam<br />

patologias oriundas de diversos fatores. Quando uma<br />

estrutura de concreto armado está deteriorada, tornase<br />

necessário executar seu tratamento mediante<br />

reparo ou reforço. O presente artigo aborda alguns<br />

problemas patológicos encontrados em estruturas e<br />

suas possíveis formas de tratamento.<br />

Palavras-chave: Concreto armado. Patologia.<br />

Reparo. Reforço.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Atualmente a construção civil atingiu uma<br />

evolução considerável. Isso se deve ao fato de que,<br />

com passar do tempo, houve o aprimoramento de<br />

técnicas construtivas e um significativo avanço<br />

tecnológico, que se foi incorporando às construções<br />

do mundo inteiro.<br />

As estruturas de concreto armado não são<br />

eternamente duráveis. Suas propriedades variam ao<br />

longo do tempo. Refletindo um pouco mais sobre<br />

esse tema, pode-se atribuir o atual problema tanto à<br />

escassez de conhecimentos, quanto aos componentes<br />

das estruturas de concreto e aos materiais utilizados,<br />

que constituem um importante fator para a estimativa<br />

de vida útil das estruturas.<br />

O concreto armado nada mais é que a junção<br />

entre o concreto com a armadura (aço), junção que<br />

teve um desenvolvimento espantoso, a ponto de<br />

obter, em menos de um século, o domínio absoluto do<br />

mercado mundial.<br />

Até o final da década de 80, a resistência à<br />

compressão ainda era, praticamente, o único<br />

parâmetro adotado para avaliar a qualidade do<br />

concreto. Em função disso, está ocorrendo uma<br />

degradação mais acelerada nas estruturas de<br />

concreto armado, obrigando a comunidade que<br />

trabalha com esse material a definir novos<br />

parâmetros, de forma a garantir seu desempenho<br />

(FERREIRA, 2000).<br />

Segundo Helene (2001), nos últimos anos tem<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

65


Artigo de Revisão<br />

crescido o número de estruturas de concreto armado<br />

com manifestações patológicas, como resultado do<br />

envelhecimento precoce das construções existentes.<br />

Essas constatações, tanto no âmbito nacional quanto<br />

no âmbito internacional, demonstram que as<br />

exigências e recomendações existentes nas<br />

principais normas de projeto e execução de<br />

estruturas de concreto vigentes, até o final do século<br />

passado, eram insuficientes.<br />

Um projeto bem elaborado deve conferir<br />

segurança às estruturas e garantir-lhes desempenho<br />

satisfatório em serviço, além de aparência aceitável.<br />

Portanto, devem ser observadas as exigências com<br />

relação à capacidade resistente, bem como às<br />

condições em uso normal e, principalmente, às<br />

especificações referentes à durabilidade. Quanto aos<br />

requisitos de segurança, têm-se observado que, em<br />

geral, são satisfatoriamente atendidos, ao passo que<br />

as exigências de bom desempenho em serviço e<br />

durabilidade têm sido, muitas vezes, deixadas em<br />

segundo plano (BRANDÃO, 1999).<br />

Como exemplos de falhas de concepção,<br />

execução e utilização, pode-se citar o uso de<br />

modelos de análise inadequados, hipóteses de<br />

cálculo incorretas, detalhamento de armadura<br />

inadequado, desconsideração de ações relevantes,<br />

subquantificação das ações na estrutura, má<br />

especificação dos materiais a serem empregados,<br />

deficiência no controle de qualidade dos materiais e<br />

da execução, manutenção inadequada entre outros<br />

(MORAIS, 1997).<br />

Atualmente nota-se uma preocupação<br />

frequente com a conservação das obras civis e sua<br />

durabilidade. Isso tem impulsionado o crescimento<br />

de tecnologias designadas a resolver problemas em<br />

partes de estruturas danificadas ou peças antigas.<br />

Entretanto, apesar de esse segmento da engenharia<br />

estar progredindo com relativa velocidade, os<br />

especialistas se apoiam basicamente na experiência<br />

empírica acumulada. Isso se deve ao fato de a<br />

recuperação apresentar um caráter artesanal e<br />

pessoal, pois cada problema apresentado tem suas<br />

próprias características. Por outro lado, não existem<br />

métodos específicos que investiguem o<br />

comportamento estrutural da peça a ser recuperada e<br />

há poucos caminhos que norteiam o projetista<br />

durante o processo de redimensionamento. Apesar de<br />

existirem várias obras recuperadas com êxito,<br />

existem fatores que merecem ser explorados para<br />

investigar melhor o comportamento da estrutura<br />

recuperada.<br />

MÉTODO<br />

Este trabalho consiste em uma pesquisa<br />

exploratória descritiva, por meio de uma revisão<br />

bibliográfica de artigos científicos referentes ao uso<br />

de fibras de aço em pisos industriais de concreto.<br />

A pesquisa exploratória busca maiores<br />

informações sobre determinado fenômeno, visando<br />

proporcionar uma maior familiaridade com ele.<br />

Envolve levantamento bibliográfico e pode-se<br />

chegar a uma nova percepção do fenômeno ou<br />

mesmo descobrir ideias.<br />

Para a obtenção dos artigos, utilizou-se o<br />

levantamento bibliográfico e, dentre vários<br />

estudados, foram selecionados os artigos que tinham<br />

concordância com o objetivo e tema escolhido.<br />

CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO<br />

ARMADO<br />

O material perfeito para ser utilizado nas<br />

construções é aquele que alia resistência e<br />

durabilidade. O concreto armado nasceu da<br />

necessidade de unir a durabilidade da pedra com a<br />

resistência do aço, proporcionando o benefício de o<br />

material assumir formas variadas, com agilidade e<br />

prontidão, garantindo maior durabilidade para as<br />

estruturas de concreto armado, pelo fato de o aço ser<br />

coberto de concreto evitando oxidação e corrosão. O<br />

concreto armado nada mais é do que a junção do<br />

66 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

concreto, com o aço, em proporções adequadas, que<br />

tem como objetivo aproveitar, de modo mais eficaz,<br />

ambos os materiais.<br />

O concreto é um material de construção<br />

constituído de cimento, agregado miúdo, agregado<br />

graúdo, água e eventualmente aditivos químicos e<br />

adições. Os aditivos são empregados com a<br />

finalidade de melhorar, modificar, salientar ou inibir<br />

determinadas reações, propriedades e características<br />

do concreto, no estado fresco e endurecidos<br />

(FRANÇA, 2004).<br />

O composto concreto, formado por cimento,<br />

água e agregados miúdo e graúdos em proporções<br />

adequadas é caracterizado estruturalmente pela alta<br />

resistência à compressão, no entanto é baixa sua<br />

resistência à tração. O concreto, de resistência<br />

moderada (20 a 40 MPa), é o mais utilizado nas<br />

estruturas. No entanto, atualmente já existe produção<br />

de concreto comercial de alta resistência, chegando a<br />

130 MPa. O aço apresenta boa resistência à tração e a<br />

compressão, e ainda absorve os esforços de cortantes<br />

ou cisalhamentos comuns nos elementos de<br />

concreto.<br />

As qualidades de resistência do concreto e do<br />

aço permitiram que a junção dos dois resultasse<br />

numa combinação de sucesso. Na confecção de uma<br />

estrutura de concreto armado, o aço age na correção<br />

das carências do concreto e garante reforço à<br />

resistência de tração e compressão. As peças de<br />

concreto armado formam uma estrutura monolítica<br />

(uma única peça), Isso só é possível devido ao fato de<br />

o concreto e o aço possuírem boa aderência e<br />

praticamente o mesmo coeficiente de dilatação<br />

térmica. Além disso, o concreto oferece uma<br />

proteção física e química, que protege o aço da<br />

corrosão quando unido com o concreto, graças à<br />

natureza alcalina apresentada no cimento e da falta<br />

de contato com o oxigênio do ar.<br />

Os pontos positivos na construção de estruturas<br />

de concreto armado são inúmeros; a título de<br />

exemplo, cita-se a facilidade na moldagem, a fácil<br />

conservação e manutenção, a rapidez na construção,<br />

o aumento da resistência à compressão com o passar<br />

do tempo, a facilidade na qualificação da mão-deobra,<br />

a apresentação de boa resistência ao choque e<br />

vibrações, às intempéries atmosféricas, ao desgaste<br />

mecânico, ao fogo e, além disso, exige<br />

equipamentos simples para seu preparo, transporte,<br />

adensamento e vibração, dentre outras.<br />

Em relação às desvantagens, pode-se<br />

destacar o fato de ser uma construção definitiva,<br />

apresentar peso próprio elevado (média de 2500<br />

3<br />

Kg/m ),menor proteção térmica, possibilidade de<br />

reformas e demolições tornarem-se obras<br />

trabalhosas e caras, e possibilidade de fissuras,<br />

principalmente na região tracionada.<br />

Além das vantagens e desvantagens<br />

apresentadas, o concreto é um material que<br />

apresenta deformações que ocorrem por diversos<br />

fatores, como os esforços mecânicos, variações<br />

térmicas, hidratação do cimento. Os esforços<br />

mecânicos podem causar dois tipos de deformação:<br />

a imediata (que surge após a acomodação do<br />

carregamento) e a lenta (que se torna visível com a<br />

conservação do carregamento). A retração é outro<br />

tipo de deformação, e ocorre devido à função da<br />

quantidade inadequada na relação de cimento e<br />

água, que contribui para o fissuramento da estrutura.<br />

Um concreto corretamente executado protege a<br />

armadura sob dois aspectos: proteção química que<br />

resulta do elevado pH presente na solução aquosa<br />

encontrada nos poros do concreto permitindo a<br />

formação de uma película protetora como camada<br />

passiva; e a proteção física, devido ao cobrimento<br />

sobre a armadura, cuja eficiência depende da<br />

espessura do concreto.<br />

Vida útil de uma estrutura<br />

Entende-se por vida útil de uma estrutura o<br />

período de tempo no qual a estrutura atenda a<br />

determinadas funções, requisitos de segurança e<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

67


Artigo de Revisão<br />

estética sem gastos com manutenções não previstos,<br />

isto é, o período pelo qual o desempenho da estrutura<br />

é aceitável.<br />

A NBR 6118 (ABNT 2003) estabelece que o<br />

conceito de vida útil aplica-se à estrutura como um<br />

todo, ou a suas partes. Dessa forma, determinadas<br />

partes das estruturas podem merecer consideração<br />

especial com valor de vida útil diferente do todo.<br />

Monteiro (2002) define vida útil como o<br />

período no qual a estrutura é capaz de desempenhar<br />

as funções para as quais foi projetada. Para Oliveira<br />

Andrade (2005), vida útil de projeto é a etapa em que<br />

os agentes agressivos ainda estão penetrando através<br />

da rede de poros do cobrimento, sem causar danos<br />

efetivos à estrutura.<br />

2003) :<br />

Outra definição é a da NBR 6118 (ABNT,<br />

[...] por vida útil de projeto, entende-se o<br />

período de tempo durante o qual se mantêm<br />

as características das estruturas de concreto,<br />

desde que atendidos os requisitos de uso e<br />

manutenção prescritos pelo projetista e pelo<br />

construtor, bem como de execução dos<br />

reparos necessários decorrentes de danos<br />

acidentais.<br />

A vida útil de uma estrutura de concreto<br />

depende de vários fatores, inclusive da importância<br />

da obra, motivo pelo qual não existe fixação de um<br />

valor mínimo explicitado na norma. Em obras de<br />

caráter provisório, transitório ou efêmero, é<br />

tecnicamente recomendável adotar-se vida útil de<br />

projeto de pelo menos um ano. Para as pontes e outras<br />

obras de caráter permanente, poderão ser adotados<br />

períodos de 50, 75 ou até mais de 100 anos, conforme<br />

recomendado pelas normas internacionais, por<br />

exemplo, as normas BS 7543 e CEN/EM 206<br />

(HELENE, 2001).<br />

Assim, será a quantidade de água no concreto e<br />

sua relação com a quantidade de ligante, o elemento<br />

básico que irá reger características como densidade,<br />

compacidade, porosidade, permeabilidade,<br />

capilaridade e fissuração, além de sua resistência<br />

mecânica, que, em resumo, é o indicador de<br />

qualidade do material, passo primeiro para a<br />

classificação da estrutura como durável ou não.<br />

Portanto, é necessário que uma estrutura preserve<br />

suas características inicias de projeto, até sua<br />

deterioração atingir um limite aceitável.<br />

Patologias<br />

Patologia é o termo que se refere à perda de<br />

desempenho de uma determinada estrutura e causa<br />

defeitos estéticos indesejáveis .<br />

Esse termo foi extraído da área da saúde e<br />

identifica o estudo das doenças, seus sintomas e<br />

natureza das modificações que elas provocam no<br />

organismo (ANDRADE;<br />

SILVA, 2005).<br />

Designa-se genericamente por patologia das<br />

estruturas esse novo campo da Engenharia<br />

das Construções que se ocupa do estudo das<br />

origens, formas de manifestação,<br />

consequências e mecanismos de ocorrência<br />

das falhas e dos sistemas de degradação das<br />

estruturas. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.14).<br />

Ainda segundo Souza e Ripper (1998, p.13),<br />

[...] o crescimento sempre acelerado da<br />

construção civil, em alguns países, provocou<br />

a necessidade de inovações que trouxeram,<br />

em si, a aceitação implícita de maiores<br />

riscos. Aceitos estes riscos, ainda que dentro<br />

de certos limites, posto que regulamentados<br />

das mais diversas formas, a progressão do<br />

desenvolvimento tecnológico aconteceu<br />

naturalmente, e, com ela, o aumento do<br />

conhecimento sobre estruturas e materiais,<br />

em particular através do estudo e análise dos<br />

erros acontecidos, que têm resultado em<br />

deterioração precoce ou em acidentes.<br />

Para Azevedo (2011), “as patologias podem<br />

ocorrer numa estrutura tanto na fase de construção<br />

como durante o período pós-entrega e uso”. Assim ,<br />

as condições apresentadas por uma estrutura que<br />

favoreça o desenvolvimento dessas manifestações<br />

patológicas são de responsabilidade do projetista,<br />

enquanto que o construtor responderá pelas falhas<br />

construtivas por inconformidade com o projeto, com<br />

as normas de execução e com a escolha de material<br />

68<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

Artigo de Revisão<br />

inadequado.<br />

serem executados nessa intervenção não implicarem<br />

Segundo Helene (1992), os sintomas introdução de materiais com a finalidade de<br />

patológicos de maior incidência nas estruturas de aumentar ou de reconstituir capacidade portante da<br />

concreto são as fissuras, as eflorescências, as flechas estrutura, chamamos a eles de trabalhos de<br />

excessivas, as manchas no concreto aparente, a recuperação ou de reparo da estrutura; e de reforço,<br />

corrosão de armaduras e os ninhos de concretagem em caso contrário.<br />

gerados pela segregação dos materiais constituintes Segundo Piancastelli (1997), quando o<br />

do concreto. Para identificar em qual fase do desempenho de uma peça estrutural é insatisfatório,<br />

processo de construção ocorre o maior índice de colocando em risco sua segurança, sejam quais<br />

problemas patológicos, divide-se o processo de forem as causas ou origens do problema, são<br />

construção em cinco etapas, a saber: planejamento; necessárias intervenções que visem:<br />

projeto; fabricação de materiais e componentes fora - devolver-lhe o desempenho perdido -<br />

do canteiro; execução propriamente dita; e uso. Os RECUPERAÇÃO; ou<br />

problemas provenientes de qualquer uma dessas - aumentar-lhe o desempenho - REFORÇO.<br />

etapas são responsáveis pela alteração das condições Ainda, segundo Piancastelli (1997), para o<br />

normais de uso da estrutura, surgindo, então, a bom desempenho de qualquer intervenção,<br />

necessidade de se realizarem intervenções.<br />

principalmente de recuperação ou reforço, é<br />

As principais fases que apresentam problemas fundamental que o substrato (superfícies do concreto<br />

patológicos são: Fases de planejamento/projeto e do aço existentes) seja convenientemente tratado.<br />

(projetos inadequados, falha de compatibilidade Quando a estrutura apresenta anomalias, o<br />

entre a estrutura e a arquitetura,...); Fase de primeiro passo a ser dado consiste em verificar a<br />

fabricação dos materiais fora do canteiro de obras resistência da construção e seus limites de<br />

(dimensões incorretas dos materiais, peças com segurança; somente, então, é que se decide em<br />

pouca resistência e defeituosas,...); Fase de execução reparar ou reforçar a estrutura comprometida. A<br />

(falhas na armação, falhas na concretagem, PROFILAXIA se ocupa das medidas necessárias à<br />

deslocamento da armação na concretagem,...); e preservação ou medidas preventivas contra as<br />

Fase de uso (falta de conhecimentos por parte dos enfermidades.<br />

usuários sobre os elementos agressivos aos quais o<br />

concreto é exposto).<br />

Reparos<br />

Segundo Souza e Ripper (1998), mesmo que as<br />

etapas de concepção tenham sido de qualidade Os reparos realizados em estruturas de<br />

adequada, as estruturas podem vir a apresentar concreto armado apresentam inúmeros benefícios,<br />

problemas patológicos originados da utilização pois existe a possibilidade de prolongar a vida útil<br />

incorreta ou da falta de um programa de manutenção das estruturas e evitar o consumo desnecessário de<br />

adequado.<br />

materiais e energia. As finalidades básicas do<br />

tratamento são:<br />

TRATAMENTOS<br />

- retirar todo material deteriorado ou<br />

Para Souza e Ripper (1998, p.129), uma<br />

contaminado;<br />

estrutura pode apresentar-se doente em vários graus<br />

- propiciar as melhores condições de aderência<br />

e, quando isso ocorre, é necessário intervir para que<br />

entre o substrato (superfícies de concreto e aço) e o<br />

sua integridade seja garantida. Quando os serviços a<br />

material de reparo.<br />

69


Artigo de Revisão<br />

Apesar da evolução das técnicas construtivas e<br />

dos materiais utilizados na reparação, há escassez de<br />

mão-de-obra especializada, que pode alterar a<br />

eficiência e a qualidade do produto. Além disso,<br />

muitos dos fabricantes dos produtos não fornecem<br />

informações técnicas de como o produto deve ser<br />

utilizado. É evidente que alguns reparos podem<br />

transformar-se em casos de recuperação devido à<br />

redução da seção do concreto exigida no preparo do<br />

substrato, caso comum na oxidação de armaduras em<br />

pilares e vigas. Na retirada do concreto deteriorado,<br />

deve-se ter cuidado para que as faces laterais<br />

apresentem ângulos que favoreçam a aderência,<br />

facilitem a aplicação de produtos e garantam a<br />

espessura mínima do material para reparo, e a<br />

superfície deve estar seca ou úmida (saturada com a<br />

superfície seca).<br />

Os reparos superficiais não ultrapassam a<br />

camada de cobrimento da armadura. Esse reparo é<br />

exigido devido à segregação ou contaminação que<br />

afeta o concreto de cobrimento das armaduras. Os<br />

reparos profundos, por sua vez, ultrapassam a<br />

camada de cobrimento das armaduras, e sua<br />

necessidade surge devido à ocorrência de<br />

segregações, “ninhos” ou presença de corpos<br />

estranhos no concreto.<br />

Outro tipo de reparo comum em estruturas de<br />

concreto armado é a correção de fissuras, processo<br />

em que previamente deve verificar se são ativas ou<br />

inativas.<br />

De acordo com a NBR 6118(ABNT 2003), a<br />

fissuração em elementos estruturais de concreto<br />

armado é inevitável, devido à grande variabilidade e<br />

à baixa resistência do concreto à tração; mesmo sob<br />

as ações de serviço (utilização), valores críticos de<br />

tensões de tração são atingidos. Visando obter bom<br />

desempenho relacionado à proteção das armaduras<br />

quanto à corrosão e à aceitabilidade sensorial dos<br />

usuários, busca-se controlar a abertura dessas<br />

fissuras.<br />

De acordo com Piancastelli (1997), para a<br />

especificação do tratamento ideal, é essencial<br />

verificar se a fissura analisada é ativa (viva ou<br />

instável) – fissuras que apresentam variação de<br />

abertura –, ou inativa (morta ou estável) – aquelas<br />

que não apresentam variação de abertura. As fissuras<br />

inativas são aquelas causadas por juntas de<br />

concretagem mal executadas, retração hidráulica,<br />

recalques estabilizados e esforços excessivos. As<br />

fissuras ativas são causadas principalmente pela<br />

variação de temperatura.<br />

A regra geral é: “se o agente causador da<br />

fissura não mais atua, ela pode ser tratada como<br />

inativa, caso contrário, como ativa”. O reparo das<br />

fissuras inativas comumente implica a restauração<br />

do concreto, que se baseia na aplicação de (adesivos)<br />

capaz de promover a aderência entre as duas faces do<br />

concreto, e sua aplicação é feita por gravidade ou por<br />

ar comprimido; e o reparo das fissuras ativas deve ser<br />

feito com juntas de dilatação, de preferência com<br />

material elástico.<br />

Reforço<br />

Os serviços de reforço requerem sempre a<br />

prévia elaboração de cálculo estrutural,<br />

sejam estes serviços derivados de<br />

necessidade de alteração na funcionalidade<br />

da estrutura – aumento da carga de<br />

utilização, por exemplo - ou como<br />

consequência de danificação sofrida pela<br />

estrutura, casos em que o reforço estará<br />

inserido nos trabalhos de recuperação<br />

(SOUZA E RIPPER 1998, p.105).<br />

Existem inúmeras técnicas de reforço,<br />

algumas delas testadas e aprovadas, outras em<br />

desenvolvimento. Na atualidade, as técnicas de<br />

reforço estão anexas mais a procedimentos e<br />

materiais, do que a grandes descobertas de técnicas<br />

inovadoras.<br />

Reforço de concreto armado<br />

O concreto, usado com técnica, é o material<br />

mais versátil para recuperação ou reforço de<br />

estruturas de concreto armado. Pode ser utilizado em<br />

todos os tipos de peças estruturais, em diversas<br />

70 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

condições e situações. Os reforços de concreto<br />

armado são muito utilizados e exigem uma série de<br />

procedimentos, mas são de fácil manuseio, não<br />

exigindo mão-de-obra especializada, embora, não<br />

dispense cuidados inerentes nem mão-de-obra<br />

qualificada a qualquer intervenção de reforço. Uma<br />

das grandes preocupações nos reforços de concreto<br />

está relacionada à aderência entre o concreto velho<br />

(peça a ser reforçada) e o concreto novo (concreto de<br />

reforço). Ela é vital para garantir o comportamento<br />

conjunto, ou seja, para que a peça reforçada trabalhe<br />

como uma peça monolítica. Caso seja necessário,<br />

podem-se utilizar adesivos epoxídicos para garantir<br />

essa aderência.<br />

Quanto ao cálculo de reforços, a NBR-6118<br />

não faz referência a eles. Por isso, os projetos de<br />

reforços são desenvolvidos com base na experiência<br />

pessoal do engenheiro projetista, que, na maior parte<br />

das vezes, utiliza normas de outros países e as<br />

adapta.<br />

Reforço de pilares<br />

p.216),<br />

Conforme afirma Souza e Ripper (1998,<br />

[...] o reforço de pilares, do ponto de vista do<br />

projeto estrutural (o qual deve, em qualquer<br />

situação, obedecer ao binômio segurançaeconomia),<br />

é sempre mais problemático do<br />

que o reforço de vigas e lajes. Isto acontece<br />

porque, sendo o pilar o último elemento de<br />

sustentação da estrutura antes das<br />

fundações, tem que absorver cargas oriundas<br />

de diversos pavimentos, diferentemente das<br />

vigas (com exceção das vigas de transição),<br />

que absorvem apenas os carregamentos do<br />

teto em que se situam.<br />

Pilares são os elementos estruturais que<br />

recebem as cargas provenientes das vigas e laje. São<br />

reforçados por diversos motivos, como por<br />

exemplo:<br />

- erros de cálculo;<br />

- erros de detalhamento;<br />

- deficiências dos materiais (fck estimado<br />

menor que o de projeto);<br />

- mau adensamento do concreto;<br />

- corrosão das armaduras;<br />

- impactos acidentais;<br />

- erros de locação;<br />

A intervenção a ser executada num elemento<br />

estrutural, por mais simples que possa parecer, deve<br />

ser procedida de análise estrutural, sob pena de<br />

redução da segurança.<br />

Reforço por encamisamento<br />

Nesse tipo de reforço, o pilar original é<br />

envolvido totalmente pelo concreto armado de<br />

reforço, conforme FIG. 1.<br />

Segundo Piancastelli (1997), a transferência<br />

de esforços é feita através das vigas e da aderência<br />

entre os concretos do pilar original e do reforço. A<br />

armadura longitudinal de reforço é ancorada nas<br />

vigas e na laje inferior por colagem com resina, e<br />

estendida até a face inferior da laje superior.<br />

Figura 1 - Reforço por encamisamento<br />

Seção transversal do pilar<br />

Seção reforçada<br />

Reforço lateral<br />

E s s e r e f o r ç o d i f e r e d a q u e l e p o r<br />

encamisamento, porque o acréscimo de concreto<br />

não é feito em todas as faces do pilar original. Neste<br />

caso, só existe a opção do reforço trabalhar em<br />

conjunto com o pilar original, o que torna essencial a<br />

ligação entre os dois concretos. A execução é feita de<br />

modo equivalente ao reforço por encamisamento,<br />

verificando a continuidade da armadura longitudinal<br />

de reforço, onde ela seja possível. Observa-se que<br />

esse tipo de reforço em pilares é pouco utilizado.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

71


Artigo de Revisão<br />

Reforço por cintamento<br />

Em pilares solicitados por cargas normais, é<br />

mais vantajosa a adoção de reforço com armadura<br />

transversal circular de cintamento (FIG. 2), tendo em<br />

vista a geometria do pilar original. Esse tipo de<br />

reforço converte, obviamente, uma seção transversal<br />

(após o reforço) em forma circular. O cintamento<br />

propicia um aumento na resistência à compressão. A<br />

ruptura à compressão do concreto ocorre por tração<br />

em plano perpendicular ao de compressão, bem<br />

como do pilar original.<br />

Figura 2- Reforço por cintamento<br />

Reforço em vigas<br />

A grande maioria dos reforços executados em<br />

vigas de concreto armado ocorre devido a seu mau<br />

desempenho frente às solicitações de flexão ou<br />

cisalhamento, por causas das mais diversas. Menos<br />

comuns são os reforços causados por baixo<br />

desempenho à torção. Flechas excessivas, apesar de<br />

não ameaçar a segurança da viga, causam<br />

desconforto aos usuários, podem prejudicar o<br />

funcionamento de outras peças estruturais, e de<br />

partes não estruturais da edificação (janelas, portas,<br />

pontes rolantes etc.), exigindo, portanto,<br />

intervenções de reforço. Como em todo reforço, o<br />

sucesso da intervenção depende substancialmente<br />

do tratamento do substrato, por sua vez ligado à<br />

aderência entre o concreto velho e o novo. O cálculo<br />

do reforço das vigas é indispensável e pode ser feito<br />

com base nos critérios da NBR-6118, dando ênfase<br />

às considerações de tensões e deformações<br />

existentes antes do reforço.<br />

Reforço à flexão<br />

O reforço de vigas à flexão com concreto<br />

armado é feito, basicamente, por encamisamento.<br />

Para o posicionamento das armaduras longitudinais<br />

de flexão, empregam-se estribos adicionais fixados<br />

à viga original de várias maneiras (FIG. 3). Outra<br />

solução alternativa indicada para o reforço consiste<br />

na introdução de barras longitudinais na alma da<br />

viga, mediante escarificação e fixação com<br />

argamassa de resina (mais indicada) ou argamassa<br />

polimérica, ambas com ponte de aderência<br />

compatível. Para o posicionamento das barras de<br />

reforço, é necessário um pequeno corte nos estribos<br />

originais.<br />

Reforço ao cisalhamento<br />

O reforço ao cisalhamento é, geralmente, de<br />

execução mais difícil do que o reforço à flexão. Na<br />

maioria dos casos, ele está associado ao reforço à<br />

flexão, sendo, portanto, executado normalmente por<br />

encamisamento (FIG. 3). Na execução, pode ser<br />

utilizado o concreto moldado. Caso seja necessário<br />

apenas o reforço ao cisalhamento, podem ser feitos<br />

cortes no concreto de cobrimento nas posições onde<br />

serão instalados os estribos de reforço.<br />

Reforço à torção<br />

O reforço à torção é normalmente conseguido<br />

com o acréscimo de estribos e de barras<br />

longitudinais, implicando um encamisamento total<br />

da peça reforçada. De forma diferente do<br />

cisalhamento, o reforço à torção exige que as<br />

armaduras longitudinais sejam ancoradas no pilar.<br />

Isso pode ser feito por colagem com adesivos<br />

estruturais. É importante salientar que, ao invés de<br />

reforço, podem-se executar artifícios estruturais<br />

72 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Figura 3- Reforço ao cisalhamento e à flexão.<br />

Artigo de Revisão<br />

capazes de reduzir ou anular o momento de torção<br />

que exige o reforço. São vários os artifícios<br />

estruturais que podem ser executados, variando com<br />

o caso estudado. Obviamente, a materialização<br />

desses artifícios implica intervenções às vezes<br />

semelhantes às de reforço, mas de maior facilidade<br />

executiva. Um exemplo desses artifícios consiste em<br />

colocar um contrapeso na viga para eliminar ou<br />

reduzir o esforço à torção.<br />

Reforços de lajes<br />

Nas lajes, são mais comuns os reforços à flexão<br />

e à punção. O reforço ao cisalhamento é raro no caso<br />

de obras residenciais e comerciais, mas ocorre com<br />

menor frequência, em obras industriais. Os<br />

procedimentos de execução são análogos aos já<br />

descritos para pilares e vigas, seja em reforços em<br />

concreto armado ou projetado e os cálculos podem<br />

ser feitos com base nos critérios da NBR-6118.<br />

Como nos pilares e vigas, devem ser considerados os<br />

estados iniciais de tensão e deformação, entretanto,<br />

no caso das lajes, os efeitos desses estados iniciais<br />

são menos significativos, porque a parcela da carga<br />

permanente em relação à carga total é normalmente<br />

menor do que nos casos de pilares e vigas. Portanto, a<br />

retirada das cargas de utilização reduz<br />

significativamente as tensões e deformações<br />

iniciais. Caso queira reduzir ainda mais as tensões e<br />

deformações iniciais, pode-se lançar mão de<br />

operações de escoramento, que também são de bem<br />

mais fácil execução do que nos casos de vigas e<br />

pilares.<br />

Reforço à flexão<br />

O reforço à flexão pode ser obtido pelo<br />

acréscimo de armadura na zona de tração ou<br />

acréscimo de concreto na zona de compressão. A<br />

combinação desses dois acréscimos pode ser<br />

utilizado, apesar do maior grau de intervenção. O<br />

uso de argamassas poliméricas “apertadas” contra o<br />

substrato é, também, possível, sendo, nesse caso,<br />

conveniente o uso de ponte de aderência compatível<br />

com o polímero da argamassa. Muito comum,<br />

também, é a ocorrência de fissuras nos cantos de<br />

lajes, devido a momentos volventes. Tais fissuras,<br />

normalmente, não prejudicam o comportamento da<br />

laje, não sendo, portanto, exigido o reforço.<br />

Ressalta-se, ainda, que momentos volventes<br />

provocam esforços de tração nas duas faces das<br />

lajes. Na face inferior, entretanto, não ocorre fissura,<br />

pois as armaduras de combate aos momentos<br />

positivos absorvem as tensões de tração do momento<br />

volvente. Na face superior, como geralmente não há<br />

armadura negativa, o momento volvente provocará<br />

fissuras, conforme FIG. 4.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

73


Artigo de Revisão<br />

Figura 4- Reforço de laje pela face inferior/ Reforço de laje pela face superior<br />

Reforço à punção<br />

cisalhamento.<br />

O reforço à punção, exigido geralmente em<br />

lajes cogumelo é, na maior parte das vezes,<br />

executado mediante aumento da área de transmissão<br />

de cargas entre pilar e laje. A área necessária é<br />

calculada para que as tensões de cisalhamento<br />

desenvolvidas possam ser resistidas pelo concreto da<br />

laje.<br />

Reforço de fundações em sapatas<br />

O reforço feito em sapatas geralmente ocorre<br />

devido ao acréscimo de solicitações ou do mau<br />

desempenho, que pode ser da peça estrutural,<br />

exigindo reforços à flexão, punção ou cisalhamento,<br />

ou da interação entre estrutura e solo, que implica<br />

recalques e, consequentemente, reforço, sendo, às<br />

vezes, necessário o reposicionamento da estrutura.<br />

No caso de mau desempenho, o reforço se dá<br />

através do aumento da seção de concreto (FIG. 5). O<br />

aumento da área de uma sapata pode ser necessário,<br />

para manter os níveis de tensão no solo, quando há<br />

acréscimo de carga, ou para reduzir tais níveis,<br />

quando eles estão acima do admissível, provocando<br />

recalques excessivos. Quando exigido, uma boa<br />

solução para aumentar a área de uma sapata é<br />

prolongar as ferragens de flexão existentes, e<br />

aumentar sua altura, o suficiente para que sejam<br />

atendidas as novas solicitações de flexão, punção e<br />

Figura 5- Reforço de sapatas com o aumento de seção<br />

de concreto<br />

CONCLUSÃO<br />

O concreto armado, ao ser executado com<br />

técnica e adequadamente dimensionado, resulta em<br />

estruturas com boa resistência à tração e<br />

compressão. Pela facilidade em moldar e rapidez na<br />

execução, esse tipo de estrutura ganhou lugar de<br />

destaque nas construções e já chegou a patamares<br />

jamais previstos. O material é utilizado atualmente<br />

em larga escala em construções do mundo inteiro.<br />

No entanto, ele tem suas propriedades<br />

alteradas ao longo do tempo, motivo pelo qual as<br />

estruturas de concreto armado precisam ser<br />

monitoradas e reparadas, para garantir um bom<br />

desempenho durante sua vida útil.<br />

No Brasil, não é diferente. Alguns fatores,<br />

como incêndio de edifícios e desabamentos de<br />

outros, motivados pela ação do tempo, de<br />

intempéries e até por abalo sísmico em algumas<br />

regiões, levaram o país a se preocupar com o<br />

monitoramento das edificações.<br />

74 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Artigo de Revisão<br />

Portanto, tratamento de estruturas de concreto<br />

armado é um procedimento obrigatório, se quiser<br />

devolver o desempenho perdido pela estrutura no<br />

decorrer da sua vida útil. Contudo, observa-se a<br />

necessidade do aprimoramento de técnicas de<br />

recuperação, de materiais e da mão-de- obra<br />

especializada para a execução dos serviços de<br />

recuperação e reforço de estruturas. Mesmo que o<br />

custo seja elevado, o tratamento das estruturas é<br />

procedimento necessário e indispensável, pois<br />

devolve a resistência à peça reparada e garante<br />

segurança a seus usuários.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ANDRADE, T.; SILVA, A. J. C. Patologia das<br />

Estruturas. In: ISAIA, Geraldo Cechella (Ed.).<br />

Concreto: ensino, pesquisa e realizações. São<br />

Paulo: IBRACON, 2005. 2v. cap.32, p.953-983.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS<br />

TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de Estruturas de<br />

Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro. Versão<br />

corrigida, 2004.<br />

AZEVEDO, Minos Trocoli de. Patologia das<br />

Estruturas de Concreto. In: ________. Concreto:<br />

Ciência e Tecnologia São Paulo: IBRACON -Apis<br />

Gráfica e Editora, 2008. cap. 31<br />

BRANDÃO, A. M. S.; PINHEIRO, L. M. (1999).<br />

Qualidade e durabilidade das estruturas de<br />

concreto armado: aspectos relativos ao projeto.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas. n.8.<br />

EESC. Universidade de São Paulo.São Carlos.<br />

FERREIRA, Rui Miguel. Avaliação dos ensaios<br />

de durabilidade do betão. 2000. 246 f.<br />

Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –<br />

Escola de Engenharia, Universidade do Minho,<br />

Braga, 2000.<br />

FIGUEIREDO, Enio Pazini. Efeitos da<br />

carbonatação e de cloretos no concreto. In: ISAIA,<br />

Geraldo Cechella (Ed.). Concreto: ensino,<br />

pesquisa e realizações. São Paulo: IBRACON,<br />

2005. 2v. cap.27, p.829-855.<br />

FRANÇA, Esdras Poty de. Tecnologia Básica do<br />

Concreto. In: Apostila Curso Engenharia de<br />

Produção Civil. Disciplina materiais de<br />

construção. CEFET. Belo Horizonte. 2004. p. 7-13.<br />

GENTIL, Vicente. Corrosão. 2. ed., Rio de<br />

Janeiro/RJ: Guanabara, 1982.<br />

HELENE, P. R. do L. Vida útil das estruturas de<br />

concreto. In: CONGRESSO IBERO<br />

AMERICANO DE PATOLOGIA DAS<br />

CONSTRUÇÕES, COMPAT 97, 4. 1997, Porto<br />

Alegre. Anais... Porto Alegre, 1997. v. 1, p. 1-30.<br />

HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e<br />

proteção das estruturas de concreto. São Paulo:<br />

PINI, 1992.<br />

HELENE, P. Introdução da vida útil no projeto<br />

das estruturas de concreto NB/2001. In:<br />

WORKSHOP SOBRE DURABILIDADE DAS<br />

CONSTRUÇÕES. Novembro. São José dos<br />

Campos, 2001.<br />

HELENE, Paulo. ANDRADE, Tibério. Concreto<br />

de Cimento Portland. In: ISAIA, Geraldo<br />

Cechella. Materiais de Construção Civil e<br />

Princípios de Ciência e Engenharia de<br />

Materiais. São Paulo: Ibracon, 2007. v.2, cap. 27,<br />

p. 905 -944.<br />

ISAIA, Geraldo Cechella. O concreto da era<br />

clássica à contemporânea. In: ISAIA, Geraldo<br />

Cechella. Concreto: Ensino, Pesquisa e<br />

Realizações. São Paulo: Editora Ibracon, 2005. v1.<br />

cap. 1, p. 1-41.<br />

CÔRREA, M. Margarida; VINAGRE, João C.;<br />

SOUZA, Regina H.F. de. Reparação com<br />

Argamassa de Pilares de Betão Armado,<br />

Universidade do Minho, n. 20, Portugal, 2004, p.<br />

17-29.<br />

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto:<br />

microestrutura, propriedades e materiais. 3. ed.<br />

São Paulo: IBRACON, 2008.<br />

MORAIS, M. C.. Reforço de vigas de concreto.<br />

Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado) - COPPE,<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997.<br />

MONTEIRO, E. C. B. Avaliação do método de<br />

extração eletroquímica de cloretos para<br />

reabilitação de estruturas de concreto com<br />

problemas de corrosão de armaduras. Tese<br />

(Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo, 2002. 211p.<br />

OLIVEIRA ANDRADE, J. J. Vida Útil das<br />

Estruturas de Concreto. In: ISAIA, Geraldo<br />

Cechella (Ed.). Concreto: ensino, pesquisa e<br />

realizações. São Paulo: IBRACON, 2005. v. 2<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

75


Artigo de Revisão<br />

cap.31, p.923-951.<br />

PIANCASTELLI, E.M. Patologia, Recuperação e<br />

Reforço de Estruturas de Concreto Armado -<br />

Ed. Depto. Estruturas da EEUFMG - 1997 - 160p.<br />

REIS, A. P. A. Reforço de vigas de concreto<br />

armado por meio de barras de aço adicionais ou<br />

chapas de aço e argamassa de alto desempenho.<br />

São Carlos, 1998.<br />

ROQUE, J. A.; MORENO JUNIOR, A. L..<br />

Considerações sobre vida útil do concreto .São<br />

Carlos, 2005<br />

SANTOS, M. R. G. dos. Deterioração Das<br />

Estruturas De Concreto Armado: Estudo de<br />

Caso.Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />

Horizonte, 2012.<br />

SOUZA, V. C.; RIPPER, T. Patologia,<br />

recuperação e reforço de estruturas de concreto.<br />

São Paulo: PINI, 1998.<br />

SOUZA, M.T.. Clínica Geral: erros de projeto,<br />

execução, materiais, uso. Vale tudo. Construção,<br />

p. 4 - 8, São Paulo, n. 2277, v.30, set., 1991.<br />

TAKEUTI, A. R. Reforço de pilares de concreto<br />

armado por meio de encamisamento com<br />

concreto de alto desempenho.São Carlos, 1999.<br />

76 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Normas para Publicação<br />

REGRAS EDITORIAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA<br />

MULTIDISCIPLINAR DAS FIPMoc<br />

1) INSTRUÇÃO AOS AUTORES<br />

A Revista Multidisciplinar das FIPMoc é um<br />

periódico especializado, nacional, aberto a contribuições<br />

da comunidade científica nacional, arbitrada e distribuída<br />

a leitores do Brasil.<br />

Esta revista tem por finalidade publicar<br />

contribuições científicas originais sobre temas relevantes<br />

para as áreas de Ciências da Saúde, Ciências Humanas,<br />

Ciências Exatas e Ciências Sociais, promovendo a<br />

divulgação da produção de conhecimento das diversas<br />

áreas do saber e estimulando as relações<br />

interdisciplinares. Os manuscritos devem destinar-se<br />

exclusivamente à Revista Multidisciplinar das<br />

Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, não<br />

sendo permitida sua apresentação simultânea a outro<br />

periódico, quer na íntegra ou parcialmente, excetuandose<br />

resumos ou relatórios preliminares publicados em<br />

anais de reuniões científicas.<br />

Os manuscritos publicados são de propriedade da<br />

Revista, vedada tanto a reprodução, mesmo que parcial,<br />

em outros periódicos, como a tradução para outro idioma,<br />

sem a autorização do Conselho de Editores.<br />

O(s) autor(es) deverá(ão) assinar e encaminhar,<br />

juntamente com o manuscrito: Declaração de<br />

Responsabilidade e Transferência de Direitos Autorais,<br />

na forma de documentos suplementares.<br />

Os manuscritos deverão ser encaminhados,<br />

exclusivamente por via eletrônica, utilizando o Site de<br />

Editoração Eletrônica de Revista (SEER) que encontra-se<br />

no endereço www.fip-moc.edu.br/revista Os interessados<br />

deverão criar um login e senha para acesso ao sistema, e<br />

seguir as orientações para submissão de manuscritos.<br />

Todo o acompanhamento para publicação dos<br />

trabalhados será feito através desse sistema.<br />

2) CATEGORIAS DE ARTIGOS<br />

Além dos artigos originais, que têm prioridade, a<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas<br />

Pitágoras publica ensaios de Atualização Científica,<br />

Relatos de Experiências, Relatos de Casos, Notas<br />

Técnicas e Cartas ao Editor.<br />

Artigos originais: Devem ser oriundos de pesquisas de<br />

natureza empírica ou experimental, original, que possam<br />

ser replicadas ou generalizadas.<br />

Artigos ou Ensaios de Atualização Científica: Devem<br />

apresentar uma composição de revisão crítica da<br />

literatura existente e pertinente às áreas temáticas a que se<br />

destina.<br />

Relatos de Experiências e Relatos de Casos: Artigo<br />

apresentando experiências exitosas ou de interesse aos<br />

profissionais da área, casos clínicos ou situações<br />

peculiares de determinada área do conhecimento, que<br />

possam ser úteis aos leitores pela escassez de literatura<br />

e/ou pela raridade ou notoriedade do evento.<br />

Notas Técnicas: Espaço destinado para comunicações<br />

técnicas das diversas áreas do conhecimento abordadas<br />

pela Revista. A autoria deverá ser necessariamente<br />

assumida por uma entidade representativa da categoria a<br />

que se destina a nota técnica em questão.<br />

Cartas ao Conselho Editorial: Devem ser frutos de<br />

crítica ou comentários pertinentes a artigo publicado em<br />

fascículo anterior ou notificação de fato relevante ao<br />

corpo editorial e de leitores.<br />

3) RECOMENDAÇÕES PARA REDAÇÃO DOS<br />

ARTIGOS<br />

Os textos enviados devem ter a objetividade<br />

como princípio básico. O(s) autor(es) deve(m) deixar<br />

claro quais as questões que pretende responder ou o<br />

objetivo proposto. A estrutura proposta para os artigos é a<br />

que se segue:<br />

Artigos Originais:<br />

Incluem estudos observacionais, estudos experimentais<br />

ou quase-experimentais, avaliação de programas,<br />

análises de decisão e estudos sobre avaliação de<br />

desempenho, entre outros. O artigo deve conter no<br />

máximo 5.000 palavras e até cinco ilustrações. A estrutura<br />

recomendada é: Introdução, Métodos, Resultados e<br />

Discussão.<br />

A Introdução deve ser curta, definindo o problema<br />

estudado, sintetizando sua importância e destacando as<br />

lacunas do conhecimento na área. A seção sobre os<br />

Métodos deve descrever de forma detalhada todos os<br />

passos da realização do estudo, permitindo a análise<br />

crítica sobre o desenvolvimento do estudo e possibilidade<br />

de replicação. Deverá ser informada a aprovação por<br />

Comitê de Ética, quando pertinente. Os resultados devem<br />

ser apresentados de forma objetiva sem repetição de<br />

dados presentes nas figuras (gráficos ou tabelas). A<br />

discussão deve retomar o objetivo do estudo, apreciando<br />

as limitações e os resultados do estudo e apresentando<br />

comparação com a literatura científica existente. As<br />

conclusões devem estar inseridas ao final da seção de<br />

discussão dos resultados.<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

77


Normas para publicação<br />

Outros formatos poderão ser aceitos, segundo critérios<br />

específicos do corpo editorial. O resumo deve ser<br />

apresentado de forma não estruturada e possuir até 250<br />

palavras.<br />

Artigos ou Ensaios de Atualização Científica:<br />

Devem analisar e discutir a literatura existente sobre o<br />

tema e devem possuir no máximo de 7.000 palavras e até<br />

cinco ilustrações. Recomenda-se a apresentação do texto<br />

em itens que possam oferecer ao leitor uma compreensão<br />

lógica do processo de revisão (temática, histórica, etc.).<br />

Nesse sentido, a distribuição das seções é relativamente<br />

livre, após apresentação do tema e da relevância do<br />

produto apresentado na Introdução. O resumo deve ser<br />

apresentado de forma não estruturada e possuir até 250<br />

palavras.<br />

Relatos de Experiência/Caso:<br />

Recomenda-se o máximo de 1.800 palavras e até três<br />

ilustrações. A estrutura proposta é de Introdução, Relato<br />

do Caso ou da Experiência e Discussão. Os resumos (não<br />

estruturados) devem possuir até 200 palavras.<br />

Notas Técnicas:<br />

Incluem comunicações em diversos formatos, segundo a<br />

estrutura da nota. Entretanto, recomenda-se o máximo de<br />

1.800 palavras e até três ilustrações. A estrutura é variável<br />

e pode suprimir o resumo. Este, se presente, deve possuir<br />

até 200 palavras.<br />

Cartas ao Conselho Editorial:<br />

Devem ser redigidas de forma bem objetiva e em bloco<br />

único sem apresentação de seções distintas. Recomendase<br />

o máximo de 1.000 palavras. Não serão aceitas<br />

ilustrações.<br />

Observações:<br />

(*) As figuras (tabelas, gráficos e ilustrações diversas)<br />

devem ser apresentadas ao longo do próprio do texto e<br />

devem ser numeradas consecutivamente. Devem possuir<br />

título ou legendas pertinentes. Nas tabelas deve-se evitar o<br />

uso de traços internos horizontais ou verticais. As notas<br />

explicativas devem ser colocadas no rodapé das tabelas e<br />

não no cabeçalho ou no título.<br />

(**) Pesquisas envolvendo seres humanos deverão<br />

apresentar no texto a informação sobre aprovação por<br />

Comitê de Ética e o número do parecer.<br />

(***) As Referências estão limitadas a 25, devendo-se<br />

incluir aquelas estritamente pertinentes à problemática<br />

abordada, havendo, entretanto, flexibilidade.<br />

4) FORMATAÇÃO DOS ARTIGOS<br />

Os artigos deverão ser enviados:<br />

Em formato Microsoft Word 2003 ou superior (*.doc);<br />

Digitados em páginas tamanho A4, numeradas<br />

sequencialmente a partir da primeira página;<br />

Com margens de 2,5 cm;<br />

Com tipo de letra: Times New Romam ou Arial tamanho<br />

12;<br />

Com espaçamento de 1,5 cm entre as linhas em todo o<br />

texto e<br />

Com parágrafos alinhados em 1,0 cm<br />

Citações e referências deverão ser normalizadas de<br />

acordo com o estilo ABNT (Associação Brasileira de<br />

Normas Técnicas) vigente.<br />

Serão aceitas contribuições apenas em português.<br />

Notas de rodapé e anexos não serão aceitos.<br />

A contagem de palavras inclui apenas o corpo do texto,<br />

excluindo-se as figuras e referências bibliográficas.<br />

5) AUTORIA<br />

O conceito de autoria está baseado na contribuição<br />

substancial de cada uma das pessoas alistadas como<br />

autores, no que se refere, sobretudo à concepção do<br />

projeto de pesquisa, análise e interpretação de dados,<br />

redação e revisão crítica. Os trabalhos publicados<br />

restringem-se a, no máximo, seis autores.<br />

Cada manuscrito deve indicar o nome de um autor<br />

responsável pela correspondência com a Revista<br />

Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras, e<br />

seu respectivo endereço, incluindo telefone e e-mail.<br />

6) PROCESSO DE JULGAMENTO DOS<br />

MANUSCRITOS<br />

Os manuscritos submetidos à Revista Multidisciplinar das<br />

Faculdades Integradas Pitágoras, que atenderem às<br />

“instruções aos autores” e que se coadunem com sua<br />

política editorial, são encaminhados para revisão por<br />

pares de forma anônima e independente. Após análise do<br />

mérito científico da contribuição, o parecer é<br />

encaminhado ao autor responsável pelo contato.<br />

Os manuscritos aceitos poderão sofrer alterações segundo<br />

critérios dos revisores e do corpo editorial e a publicação<br />

estará condicionada a aprovação final dos autores.<br />

7) ORIENTAÇÕES PARA A SUBMISSÃO<br />

Os manuscritos deverão ser enviados exclusivamente por<br />

via eletrônica (www.fip-moc.edu.br/revista) conforme<br />

descrito no item 1, sem qualquer identificação. O texto<br />

apresentado deve suprimir as possibilidades de<br />

identificação dos autores ou da instituição onde o estudo<br />

foi realizado. Recomenda-se que os autores também<br />

encaminhem carta de submissão anexa solicitando a<br />

avaliação para publicação.<br />

8) INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES<br />

Fontes de financiamento<br />

Os autores devem declarar todas as fontes de<br />

financiamento ou apoio de qualquer natureza para a<br />

realização do estudo.<br />

78 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.


Normas para publicação<br />

Conflito de interesses<br />

Os autores devem informar qualquer potencial conflito de<br />

interesse em qualquer das etapas de produção do<br />

manuscrito.<br />

Agradecimentos<br />

Possíveis menções em agradecimentos incluem<br />

instituições e/ou pessoas que de alguma forma<br />

possibilitaram ou auxiliaram para a realização da<br />

pesquisa (e que não preenchem critérios para autoria).<br />

Citações e Referências<br />

As referências devem ser ordenadas alfabeticamente,<br />

normalizadas de acordo com o estilo ABNT (Associação<br />

Brasileira de Normas Técnicas) vigente. A exatidão das<br />

referências constantes da listagem e a correta citação no<br />

texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do<br />

manuscrito. Deve-se evitar a inclusão de número<br />

excessivo de referências numa mesma citação e evitar<br />

c i t a ç õ e s d e d o c u m e n t o s n ã o p u b l i c a d o s .<br />

Figuras<br />

Em casos de publicação de imagens coloridas os custos<br />

devem ser assumidos pelos autores.<br />

9 ) M O D E L O S D E D E C L A R A Ç Ã O D E<br />

RESPONSABILIDADE E TRANSFERÊNCIA DE<br />

DIREITOS AUTORAIS*<br />

exceto o descrito em anexo. Atesto que, se solicitado,<br />

fornecerei ou cooperarei totalmente na obtenção e<br />

fornecimento de dados sobre os quais o manuscrito está<br />

baseado para exame dos leitores”.<br />

Assinatura do(s) autor(es) e Data<br />

II - Transferência de Direitos Autorais.<br />

Primeiro Autor:<br />

Título do Manuscrito:<br />

“Declaro que, em caso de aceitação do artigo por<br />

parte da Revista Multidisciplinar das Faculdades<br />

Integradas Pitágoras de Montes Claros, concordo com que<br />

os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade<br />

exclusiva das FIPMoc, ficando vedada qualquer<br />

produção, total ou parcial, em qualquer outra parte ou<br />

meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem que a<br />

prévia e necessária autorização seja solicitada e, se obtida,<br />

farei constar o competente agradecimento às Faculdades<br />

Pitágoras de Montes Claros e os créditos<br />

correspondentes”.<br />

Assinatura do(s) autor(es) e Data<br />

(*) Como o processo de envio é realizado de forma<br />

eletrônica, os documentos com assinatura dos autores<br />

deverão ser digitalizados e enviados como documento<br />

(arquivo) suplementar.<br />

Cada autor deve ler e assinar os documentos (1)<br />

Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de<br />

Direitos Autorais.<br />

Todas as pessoas relacionadas como autores devem<br />

assinar a declaração de responsabilidade nos termos<br />

abaixo:<br />

I - Declaração de Responsabilidade<br />

Primeiro Autor:<br />

Título do Manuscrito:<br />

“Certifico que participei suficientemente do<br />

trabalho para tornar pública minha responsabilidade por<br />

seu conteúdo. Certifico que o manuscrito representa um<br />

trabalho original e que nem este manuscrito, em parte ou<br />

na íntegra, nem outro trabalho com conteúdo<br />

substancialmente similar, de minha autoria, foi publicado<br />

ou está sendo considerado para publicação em outra<br />

revista, quer seja no formato impressa ou no eletrônico,<br />

Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!