ISSN: 1808-6969
Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!
Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.
<strong>ISSN</strong>: <strong>1808</strong>-<strong>6969</strong>
das Faculdades Integradas<br />
Pitágoras<br />
EDITORES CIENTÍFICOS RESPONSÁVEIS<br />
Antônio Prates Caldeira<br />
Rosina Maria Turano Mota<br />
CORPO EDITORIAL<br />
Ana Cláudia Chesca - Uniube<br />
Carlos Eduardo Mendes D´Angelis - FIPMoc<br />
Cynara Silde M. Veloso - UNIMONTES - FIPMoc<br />
Dalton Caldeira Rocha - UNIMONTES - FIPMoc<br />
Daniela A. Veloso Popoff - UNIMONTES - FIPMoc<br />
Dorothea Schmidth França - FIPMoc<br />
Fernanda Costa - FIPMoc<br />
Humberto Gabriel Rodrigues - FIPMoc<br />
Josiele Cintia de Souza Rocha - FIPMoc<br />
Layrton Ferreira da Silva - FIPMoc<br />
Leandro Luciano da Silva - FIPMoc<br />
Marcos Vinícius Macedo de Oliveira - FIPMoc<br />
Maria Fernanda Santos Figueiredo Brito - FIPMoc<br />
Marley Garcia Silva - IFB/ Brasília<br />
Marta Verônica V. Leite - UNIMONTES<br />
Pablo Peron de Paula - FIPMoc<br />
Ramon Alves de Oliveira - FIPMoc<br />
Regina Célia Lima Caleiro - UNIMONTES<br />
Roseane Durães Caldeira - FIPMoc<br />
Sheila Abreu Mourão - FIPMoc<br />
Thaís Cristina Figueiredo Rego - FIPMoc<br />
ORGANIZADORES<br />
Antônio Carlos Moreira da Costa Júnior<br />
Sheila Abreu Mourão<br />
EDITORA EXECUTIVA<br />
Maria de Fátima Turano<br />
CAPA<br />
Ilimitada Propaganda<br />
Expediente<br />
Publicação das Faculdades Integradas Pitágoras<br />
Montes Claros - Minas Gerais - Brasil<br />
Ano: 11 - n. 18 - Dezembro 2013<br />
Suplemento Especial Engenharia Civil<br />
<strong>ISSN</strong> <strong>1808</strong>-<strong>6969</strong><br />
Cursos Integrados Periódicos<br />
ASSESSORIA DE REVISÃO LINGUÍSTICA<br />
Rosane Bastos<br />
4<br />
5<br />
11<br />
19<br />
26<br />
33<br />
38<br />
45<br />
Editorial<br />
Artigos Originais<br />
Sumário<br />
EDITORIAL<br />
COSTA JUNIOR, Antônio Carlos Moreira da<br />
DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE<br />
RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NAS<br />
ADJACÊNCIAS DA LINHA FÉRREA DE MONTES CLAROS-<br />
MG<br />
PEREIRA, Cláudio Henrique Castilho; SILVA, Jairo César; BRITO,<br />
Jefferson Almeida; AZEVEDO NETO, João Afonso; OLIVEIRA, Thiago;<br />
ARAÚJO, Vicente Cardoso; COSTA JUNIOR, Antonio Carlos Moreira da<br />
CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES DE<br />
ENGENHARIA CIVIL EM RELAÇÃO À NECESSIDADE DE<br />
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
MATOS, Pedro Henrique Ramos; CARMO, Vanessa Coelho Nascimento;<br />
FONSECA, Paulo Augusto Gomes; COSTA, Mateus Froes; MOURÃO,<br />
Sheila Abreu<br />
CAUSAS DOS ABALOS SÍSMICOS NA CIDADE DE<br />
MONTES CLAROS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
SANTOS, Aureo; EVANGELISTA, Frederico; RIBEIRO, Paulo;<br />
ROBERTO, Patrick; MOURÃO, Sheila Abreu, SILVA, André Fernando<br />
SISTEMA SOLAR PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA DO<br />
CHUVEIRO DE CASAS POPULARES NA CIDADE DE<br />
JANAÚBA, MINAS GERAIS, BRASIL<br />
OLIVEIRA, Amanda Alves de; MIRANDA, Dalila Alves; BATISTA, Érico<br />
Mateus; SANTOS, Flávia Thaís Pereira; SILVA, Jenny Efigênia; MOURÃO,<br />
Sheila Abreu; MOTA, Emerson Batista Ferreira<br />
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE VETORES NA<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
BARRETO, Anna Carolina de Sousa; ANDRADE, Maria Eduarda Silva;<br />
BRAGA, Marianne Rodrigues; GOMES, Melissa Miriam Martins;<br />
CARDOSO, Silvia Cibelle Silva; LEITE, Thais Cunha; PINHO, Thamires<br />
Araújo; COSTA JUNIOR, Antonio Carlos Moreira da<br />
ANÁLISE DAS TENSÕES OCORRIDAS EM EDIFICAÇÕES<br />
SUBMETIDAS A ABALOS SÍSMICOS NO MUNICÍPIO DE<br />
MONTES CLAROS-MG<br />
MOTA, Alisson Frederico Piranga; SOUZA, Bruna Larissa Freire; XAVIER,<br />
Érick Samuel Lourenço; SILVA, Fabiano; ALMEIDA, Miguel; BRAGA,<br />
;<br />
Tatiana Silva; AGUIAR, Thiago Willer Teixeira de ; COSTA JUNIOR,<br />
Antonio Carlos Moreira da<br />
A METODOLOGIA CIENTÍFICA JUNTO À ENGENHARIA<br />
CIVIL<br />
MOURÃO, Sheila Abreu; COSTA, Daniele Kennedy Gomes; GERMANO,<br />
Débora Antunes; OLIVEIRA, Érica Letícia Dourado; SILVA, Moises<br />
Meireles<br />
EDITORAÇÃO<br />
Fabrício Rodrigues Leite<br />
IMPRESSÃO<br />
Gráfica Giordani<br />
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA<br />
Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros<br />
Av. Profa. Aída Mainartina Paraíso, 80<br />
Ibituruna - Montes Claros/ MG<br />
CEP: 39.400-082 - Fone/Fax: 38-3214-7100<br />
www.fip-moc.edu.br<br />
É permitida a reprodução de artigos desta revista desde que citada a fonte.<br />
50<br />
57<br />
65<br />
77<br />
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE PONTE DE MACARRÃO<br />
CAMARGO, Cleiton Nogueira; SOARES, Rodney Monteiro<br />
Artigos de Revisão<br />
O USO DE FIBRAS DE AÇO COMO REFORÇO DE<br />
CONCRETO PARA PISOS INDUSTRIAIS<br />
SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos; RUAS, Débora Fernanda; COSTA,<br />
Márcio José Neres<br />
REFORÇO E REPAROS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO<br />
ARMADO<br />
SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos; OLIVEIRA, Isabela Souto; SOUSA,<br />
Osmano de<br />
REGRAS EDITORIAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS<br />
NA REVISTA MULTIDISCIPLINAR DAS FIPMoc
Editorial<br />
EDITORIAL<br />
COSTA JUNIOR, Antônio Carlos Moreira da<br />
Coordenador do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />
Expressar-se por escrito, comunicar-se por meio<br />
da escrita - essas referências, no que tange ao registro<br />
e divulgação de pesquisas, tornam as publicações no<br />
suplemento tecnológico da Revista Multidisciplinar<br />
um desafio instigante, que requer dedicação,<br />
compromisso, ética e responsabilidade científica por<br />
parte dos autores.<br />
O suplemento da Revista Multidisciplinar vem<br />
inovar e, acima de tudo, incentivar os discentes e<br />
docentes dos cursos das áreas tecnológicas das<br />
FIPMoc a pesquisar - e, quem sabe, até inovar<br />
mesmo-, descobrindo ou aprimorando novos<br />
produtos, serviços ou processos.<br />
Os primeiros passos a formação do alicerce foi<br />
sacramentada. Diante das atitudes e processos<br />
formatados, destaca-se a concretização da primeira<br />
revista destinada especificamente às áreas<br />
tecnológicas. Procedeu-se à constituição do corpo de<br />
orientadores docentes, à organização do processo de<br />
apoio aos discentes pesquisadores, com o objetivo de<br />
publicarmos nossos trabalhos, frutos das pesquisas e<br />
projetos acadêmicos de nossa instituição, assim<br />
como de iniciarmos o processo de construção de uma<br />
revista própria.<br />
Ao concretizarmos a primeira edição de nosso<br />
suplemento, torna-se essencial a participação e<br />
comprometimento de todos os nossos conselheiros<br />
de nível superior, professores, acadêmicos e<br />
funcionários, instados a participarem da construção<br />
e manutenção deste projeto. Com o passar dos<br />
tempos, esperamos que nossos acadêmicos criem<br />
conexões entre o ambiente científico da pesquisa e a<br />
importância de inovar e pesquisar.<br />
Buscamos, assim, proporcionar a nossos leitores<br />
artigos científicos de revisão bibliográfica,<br />
experimentação e estudos de caso das diversas áreas<br />
tecnológicas, apoiando e auxiliando o entendimento<br />
de situações, casos e patologias ocasionados e<br />
ligados às áreas tecnológicas.<br />
Este trabalho, uma vez iniciado, deverá resistir<br />
às intempéries e dificuldades, tendo como base,<br />
sempre, a importância de pesquisar e inovar. É e será<br />
sempre assim, requerendo esforço e dedicação de<br />
todos os envolvidos.<br />
04<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE RESÍDUOS<br />
SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NAS ADJACÊNCIAS DA<br />
LINHA FÉRREA DE MONTES CLAROS-MG<br />
PEREIRA, Cláudio Henrique Castilho*; SILVA, Jairo César*; BRITO, Jefferson Almeida*; AZEVEDO NETO, João Afonso*;<br />
OLIVEIRA, Thiago*; ARAÚJO, Vicente Cardoso*; COSTA JUNIOR, Antonio Carlos Moreira da.**<br />
*Curso de Engenharia Civil das FIPMoc; ** Coordenador do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />
RESUMO<br />
A construção civil é o setor que mais cresce em todo o<br />
país, entretanto o aumento da demanda na área não<br />
gera apenas desenvolvimento, mas também diversos<br />
problemas ambientais. O estudo teve como objetivo<br />
diagnosticar a disposição de resíduos sólidos da<br />
construção civil nas adjacências da linha férrea em<br />
Montes Claros-MG. O presente trabalho contou com<br />
pesquisas de abordagem bibliográfica e quantitativa,<br />
com objetivo exploratório. O diagnóstico da região<br />
foi feito através da pesquisa de campo que abordou<br />
uma área da linha férrea próximo à Avenida João<br />
Luiz de Almeida. Registraram-se fotos do ano de<br />
2011(Fonte: Google Street-View), que mostram a<br />
existência de entulhos no local. Posteriormente,<br />
foram tiradas fotos, in loco, no ano de 2013, para<br />
serem comparadas com as anteriores. O<br />
procedimento da pesquisa quantitativa consistiu em<br />
um questionário aplicado a 15 moradores que<br />
residem próximo à linha férrea, para verificar as<br />
causas da irregularidade e relatar se houve alguma<br />
mudança considerável durante o período. Os<br />
resultados obtidos através do levantamento<br />
fotográfico foi que, entre os anos de 2011 e 2013,<br />
constatou-se um aumento em relação à quantidade de<br />
resíduos. Os resultados extraídos do questionário<br />
mostram os moradores apontam a falta de<br />
conscientização como principal responsável pela<br />
irregularidade no local. Apenas 13% dos moradores<br />
afirmaram haver mudanças consideráveis,<br />
destacando a ocorrência do problema na região.<br />
Assim, torna-se imprescindível a mudança de<br />
postura da sociedade, pois somente a<br />
conscientização e a utilização de técnicas<br />
sustentáveis são medidas capazes de promover o<br />
desenvolvimento urbano controlado.<br />
Palavras-chave: Problemas ambientais.<br />
Conscientização.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A construção civil é responsável por um alto<br />
índice de produção de resíduos sólidos que<br />
envolvem diretamente todo o meio biótico. Cada<br />
vez mais cresce a demanda em relação à procura de<br />
novas técnicas que possam suprir a disponibilidade<br />
dos atuais recursos naturais ou até substituí-los.<br />
Sendo assim, um dos maiores desafios da<br />
engenharia moderna consiste na elaboração de<br />
novas alternativas que visam manter o meio físico e<br />
biótico equilibrados, satisfazendo ambas as partes.<br />
Um fator relevante para atender esse requisito está<br />
ligado ao manejo dos resíduos sólidos oriundos da<br />
construção civil, bem como sua disposição no meio<br />
urbano.<br />
A construção civil é um dos setores<br />
atualmente que mais geram resíduos sólidos na<br />
região urbana. Sendo assim, um dos maiores<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
05
Artigo Original<br />
desafios da temática ambiental é o desenvolvimento<br />
de técnicas que possibilitem atenuar os impactos<br />
negativos causados ao meio ambiente, como, por<br />
exemplo, lotação dos aterros sanitários, e a má<br />
deposição dos resíduos em geral.<br />
A grande geração de resíduo de construção civil<br />
em cidades de grande e médio porte tem sido um<br />
problema crônico que envolve questões de<br />
ordem ambiental, social e financeiro,<br />
principalmente porque grande parte deste<br />
material gerado normalmente é disposta de<br />
forma irregular em lugares como vias, rios,<br />
córregos, terrenos baldios e áreas mananciais.<br />
Desta forma, descartado ilegalmente, o resíduo<br />
de construção pode trazer riscos à população em<br />
função de dois aspectos relevantes: atração de<br />
transmissores de doenças e entupimento de<br />
bueiros e assoreamento dos recursos hídricos,<br />
que implicam no aumento de enchentes nas<br />
estações chuvosas. (MOTTA; BERNUCCI;<br />
MOURA, 2004, p. 259)<br />
A deposição adequada dos resíduos sólidos<br />
gerados da construção civil é necessária, para que se<br />
tenha um saneamento e higiene na área urbana. É<br />
importante,<br />
além disso, para evitar vetores de<br />
doenças transmissíveis, como ratos, moscas e<br />
mosquitos. A principal preocupação é a escassez de<br />
áreas adequadas para deposição dos resíduos<br />
sólidos, pois elas apresentam altos custos e baixa<br />
disponibilidade. (HORTEGAL; FERREIRA;<br />
SANT'ANA, 2009)<br />
Resolução nº 307 da CONAMA (2002):<br />
prescreve que os resíduos de construção que<br />
podem ser reutilizados ou reciclados para<br />
produção de agregados são aqueles que se<br />
enquadram na chamada “Classe A”. Esta<br />
categoria engloba os resíduos provenientes de:<br />
(I) construção, demolição, reformas e reparos de<br />
pavimentação e de outras obras de infraestrutura,<br />
incluindo solos provenientes de terraplanagem;<br />
(II) construção, demolição, reformas e reparos<br />
de edificações tais como componentes<br />
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas e placas de<br />
revestimento, etc.), argamassa e concreto; (III)<br />
processo de fabricação e/ou demolição de peças<br />
pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,<br />
meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de<br />
obras (MOTTA, 2005 apud HORTEGAL;<br />
FERREIRA; SANT'ANA, 2009, p.4).<br />
A utilização dos resíduos de construção e<br />
demolição em obras de pavimentação mostrou-se<br />
uma medida viável, considerando a disponibilidade<br />
e a existência do material e tecnologia de<br />
reciclagem. Em cidades do Brasil e no exterior, os<br />
usos de agregados em pavimentos estão<br />
apresentando resultados satisfatórios e<br />
interessantes, proporcionando a substituição de<br />
materiais naturais e/ou não renováveis,<br />
essencialmente em vias de baixo fluxo de tráfego<br />
(HORTEGAL; FERREIRA; SANT'ANA, 2009).<br />
O uso de materiais não convencionais em<br />
pavimentação, a exemplo dos resíduos sólidos<br />
da construção civil, representa uma alternativa<br />
de reduzir custos de obras rodoviárias. Além<br />
disso, essa ação coopera com a redução dos<br />
impactos ambientais causados pela deposição<br />
irregular dos resíduos sólidos oriundos da<br />
construção civil (QUEIROZ; MELO, 2010.<br />
p.2).<br />
O gerenciamento e o manejo de resíduos é a<br />
forma adequada de lidar com os resíduos<br />
produzidos na construção civil, e é importante para<br />
haver um planejamento de deposição dos resíduos<br />
gerados, a fim de que possam ser reciclados, quando<br />
possível, senão jogados em aterros apropriados<br />
(ALMEIDA, 2010).<br />
O CONAMA é o órgão responsável pelas<br />
resoluções do manejo dos Resíduos da Construção<br />
Civil (RCC), empregando leis, regulamentos e<br />
normas que auxiliam os geradores dos resíduos a<br />
exercer uma gestão ambiental, ou seja, sustentável,<br />
na obra realizada (ALMEIDA, 2010).<br />
Devido aos impactos negativos, tem sido<br />
discutido sobre reciclagem de materiais para<br />
amenizar a lotação dos aterros, menor utilização de<br />
energia e recuperar matéria-prima que, de outro<br />
06 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
modo, seria tirada da natureza (ALMEIDA, 2010).<br />
A deposição adequada dos resíduos é<br />
importante para atenuar os impactos como, por<br />
exemplo, lotação de aterros, diminuição da poluição<br />
do solo, do ar e prevenção de vetores de doenças,<br />
seguindo as resoluções do CONAMA para o manejo<br />
desses resíduos. Uma das principais alternativas<br />
recomendadas que viabilizam o gerenciamento dos<br />
resíduos sólidos são a triagem, acondicionamento,<br />
transporte e destinação. Isso tudo, visando à<br />
preservação e conservação do meio ambiente. A<br />
coleta seletiva dos resíduos é também um indicador<br />
que colabora com a deposição e a utilização dos<br />
materiais, que possam ser reciclados e/ou<br />
reutilizados.<br />
O referente trabalho tem como objetivo<br />
diagnosticar a disposição de resíduos sólidos da<br />
construção na linha férrea em Montes Claros-MG e<br />
destacar a importância de um gerenciamento desses<br />
resíduos. É importante o estudo dos impactos que<br />
são gerados no município de Montes Claros-MG,<br />
devido ao grande crescimento do setor da construção<br />
civil, tais como grande utilização de recursos<br />
naturais, aumento de resíduos que sobram das obras<br />
e/ou são produzidos na demolição, que necessitam<br />
de um lugar apropriado para serem depositados.<br />
MÉTODO<br />
A pesquisa abordou como área de estudo o<br />
município de Montes Claros, situado no extremo<br />
norte do estado de Minas Gerais, com uma<br />
população de 361.915 habitantes e com uma área de<br />
3.569 km². As principais atividades econômicas da<br />
cidade estão ligadas ao comércio, indústria e<br />
agropecuária, segundo dados do IBGE (2010).<br />
O presente trabalho, para alcançar seu<br />
desiderato, contou com pesquisas de abordagem<br />
bibliográfica e quantitativa, com objetivo<br />
exploratório.<br />
Os dados da pesquisa bibliográfica - que<br />
objetivaram demonstrar a necessidade de sistemas<br />
de gestão ambiental que mantém o meio físico e<br />
biótico equilibrado; surgimento de técnicas que<br />
possam melhor utilizar dos recursos naturais de<br />
maneira sustentável, além de destacar a importância<br />
da disposição correta do lixo - foram obtidos em<br />
livros, artigos técnico-científicos e sites<br />
especializados.<br />
Em seguida, realizou-se a pesquisa de<br />
campo. Para tanto, o local de estudo exato foi uma<br />
das principais avenidas de Montes Claros-MG<br />
(Avenida João Luiz de Almeida, situada entre os<br />
Bairros Morrinhos e Vila Guilhermina), que possui,<br />
em sua adjacência, um longo trecho da linha férrea<br />
(FIG. 1).<br />
A FIG. 1 retrata a localização do município<br />
de Montes Claros no estado de Minas Gerais, bem<br />
como a abrangência urbana abordada na pesquisa<br />
quantitativa.<br />
Registraram-se algumas fotos do ano de<br />
Figura 1- Localização do município de Montes Claros-MG e área da linha férrea abordada na pesquisa<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
07
Artigo Original<br />
2011 referentes ao mês de junho mediante o Google<br />
Street-View, onde se verificaram entulhos numa área<br />
com distância menor que 15 metros da linha férrea,<br />
relatando a existência do problema na região. Logo<br />
em seguida, foram tiradas fotos in loco, no ano de<br />
2013, para ser comparada com as anteriores e<br />
verificar se haveria alguma mudança durante esse<br />
período.<br />
Posteriormente, o procedimento da pesquisa<br />
quantitativa constou de um questionário aplicado a<br />
quinze moradores que residem próximo à linha férrea<br />
da Avenida João Luiz de Almeida, com o intuito de<br />
verificar, através da população, se houve de fato<br />
melhoria e quais seriam as principais causas<br />
(carência de órgãos de fiscalização, insuficiência de<br />
aterros, ausência de conscientização, abrangência<br />
urbana da linha férrea, dentre outros) apontadas pelos<br />
moradores, nesse espaço de tempo, como<br />
responsáveis pela irregularidade dos resíduos<br />
sólidos nas adjacências da linha férrea.<br />
Finalmente, fez-se uma análise conjunta de<br />
todas as informações compiladas objetivando relatar<br />
a existência de problemas, bem como as<br />
consequências causadas pela disposição irregular<br />
dos resíduos sólidos, além de demonstrar a<br />
importância de um plano de gerenciamento.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados desta pesquisa retratam uma<br />
comparação feita em Montes Claros-MG entre os<br />
anos de 2011 e 2013, verificando a distribuição de<br />
resíduos sólidos oriundos da construção civil. A FIG.<br />
2 ilustra a disposição irregular de resíduos sólidos na<br />
adjacência de uma determinada região da linha<br />
férrea do município, situada numa das principais<br />
avenidas do município (Avenida João Luiz de<br />
Almeida, entre os bairros Vila Guilhermina e<br />
Morrinhos).<br />
A FIG. 2 mostra a distribuição inadequada<br />
dos resíduos sólidos oriundos da construção civil,<br />
nas adjacências da linha férrea, entre outros tipos de<br />
Figura 2- Disposição irregular de resíduos sólidos nas adjacências da linha férrea de Montes Claros-MG<br />
entre 2011 e 2013 próximo à Avenida João Luiz de Almeida<br />
08 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
resíduos. Primeiramente, as fotos do ano de 2011<br />
(FIG. 2A) foram adquiridas por intermédio do<br />
Google Street-View; posteriormente, as fotos do ano<br />
de 2013 foram tiradas in loco, para efeito de<br />
comparação. Ao observar as FIG. 2B e C, ressalta-se<br />
a grande irregularidade em que se encontra o local,<br />
em relação à disponibilidade de lixo.<br />
Pode-se notar que houve durante os anos de<br />
2011 e 2013 um aumento do acúmulo de resíduos,<br />
comprometendo até mesmo a visualização da linha<br />
férrea. Além disso, a grande quantidade de lixo pode<br />
resultar em proliferação de doenças, insetos, ratos,<br />
baratas, dentre outros problemas.<br />
Os GRAF. 1 e 2 mostram os resultados do<br />
questionário aplicado aos moradores da região em<br />
volta do ponto da linha férrea estudada.<br />
Gráfico 1- Principais causas apontadas pelos<br />
moradores como responsáveis pela distribuição<br />
irregular nas adjacências da linha férrea<br />
Qtd. moradores<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
Carência de<br />
órgãos de<br />
fiscalização<br />
Insuficiência de<br />
aterros sanitários<br />
O GRAF. 1 representa a quantificação das<br />
causas apontadas pelos moradores para o acúmulo<br />
de entulho oriundos da construção civil na área. Os<br />
resultados obtidos foram que 4 moradores apontam<br />
como responsável pela irregularidade a carência de<br />
órgãos de fiscalização; 3 pessoas indicam a<br />
insuficiência de aterros sanitários; 5 a ausência de<br />
conscientização da população; e 3 apontam a<br />
abrangência urbana da linha férrea.<br />
Ausência de<br />
conscientização<br />
da população<br />
Abrangência<br />
urbana da linha<br />
férrea<br />
Dos motivos avaliados, o mais significante<br />
está relacionado à ausência de conscientização da<br />
população em jogar entulhos indevidamente, não<br />
preservando a região, tornando-se algo cultural ao<br />
longo do tempo, e que precisa ser mudado.<br />
Gráfico 2- Porcentagem dos moradores que<br />
apontam alguma diminuição da disposição<br />
irregular de resíduos sólidos na região entre 2011<br />
e 2013<br />
O GRAF. 2 representa a porcentagem de<br />
moradores que dizem haver melhorias em relação à<br />
distribuição inadequada dos resíduos sólidos ao<br />
longo da linha férrea entre 2011 e 2013. Os<br />
resultados extraídos da pesquisa foram que 87%<br />
dos moradores afirmaram que não houve melhorias<br />
significativas quanto à distribuição irregular na<br />
região durante o intervalo de dois anos e apenas<br />
13% acreditam que ocorreu alguma mudança<br />
relevante.<br />
87%<br />
13%<br />
A grande porcentagem negativa quanto à<br />
melhoria da distribuição irregular pode ser<br />
justificada através das imagens, como visto<br />
anteriormente, que mostrou um aumento<br />
considerável em relação ao acúmulo de resíduos e<br />
lixo durante o período abordado.<br />
Sim<br />
Não<br />
Para combater a poluição física/visual do<br />
local, decorrente de entulhos, será necessário que a<br />
população se informe das consequências e<br />
impactos negativos gerados em ações simples e<br />
ingênuas, muitas vezes um hábito. Os órgãos<br />
públicos de fiscalização devem atuar coletivamente<br />
quanto ao problema, tendo a função de informar por<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
09
Artigo Original<br />
meios de comunicações a necessidade do<br />
desenvolvimento de princípio de sustentabilidade e<br />
consciência em cada cidadão. A aplicação de<br />
sistemas de gestão ambiental também é um fator<br />
imprescindível, visto que o estabelecimento de<br />
regras, normas e diretrizes são fundamentais para<br />
manterem o meio físico e biótico.<br />
CONCLUSÃO<br />
A distribuição irregular dos resíduos sólidos<br />
é um dos principais problemas urbanos nas grandes<br />
cidades. O desenvolvimento urbano e o aumento do<br />
setor de construção civil trouxeram consigo, além do<br />
progresso, diversos problemas ligados à temática<br />
ambiental.<br />
A quantidade de lixo que se acumula ao redor<br />
da linha férrea na cidade de Montes Claros-MG pode<br />
estar ligada a diversos fatores, como, por exemplo, a<br />
falta de consciência da população, a grande<br />
negligência por parte dos órgãos responsáveis pela<br />
fiscalização, a insuficiência de locais apropriados<br />
para a deposição dos resíduos (aterros sanitários).<br />
Grande parte desses lixos e compostos é proveniente<br />
da construção civil. Esse fator é relevante para o<br />
aumento desse problema, já que crescimento<br />
desordenado faz com que hajam diversas<br />
construções mal planejadas resultando em<br />
demolições e reformas que geram grande<br />
quantidade de resíduos sólidos.<br />
A engenharia, juntamente com os órgãos<br />
fiscalizadores, tem como objetivo a busca de<br />
soluções para esse problema, mediante a aplicação<br />
de sistemas de gestão ambiental. Para reverter esse<br />
quadro, é imprescindível, sobretudo, a mudança de<br />
postura da sociedade e o comprometimento de todos<br />
os atores que, direta ou indiretamente utilizam o<br />
meio ambiente, visto que somente a conscientização<br />
e a utilização de técnicas sustentáveis são medidas<br />
capazes de promover o desenvolvimento urbano<br />
controlado, além de garantir os recursos naturais às<br />
futuras gerações.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ALMEIDA, Renê Felipe de. Manejo e<br />
Gerenciamento dos Resíduos da Construção<br />
Civil no Brasil. 2010. Monografia apresentada<br />
para a obtenção do título de Bacharel em<br />
Engenharia Ambiental. Faculdades de Ciência<br />
Exatas e Tecnológicas Santo Agostinho, Montes<br />
Claros-MG.<br />
HORTEGAL, Mylane Viana; FERREIRA, Thiago<br />
Coelho; SANT'ANA, Walter Canales. Utilização<br />
de agregados resíduos sólidos da construção civil<br />
para pavimentação em São Luís-MA. Pesquisa<br />
em Foco, São Luís, v. 17, n. 2, p.60-74, 2009.<br />
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e<br />
Estatística. Montes Claros-MG. Disponível:<br />
. Acesso em: 10 jun.<br />
2013.<br />
MOTTA, Rosângela dos Santos; BERNUCCI,<br />
Liedi Légi Bariani; MOURA, Edson de. Aplicação<br />
de Agregado Reciclado de Resíduo Sólido da<br />
Construção Civil em Camadas de Pavimentos. In:<br />
CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO DE<br />
TRANSPORTES, 18. Anais... Florianópolis,<br />
2004. p. 259-269.<br />
QUEIROZ, Bismak Oliveira de; MELO, Ricardo<br />
Almeida de. Redução de impactos ambientais<br />
causados por resíduos sólidos oriundos da<br />
construção civil pelo uso em pavimentação. In:<br />
CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO<br />
AMBIENTAL. 1. Anais... Bauru-SP: IBEAS-<br />
Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais. 2010.<br />
p. 7.<br />
10<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ESTUDANTES DE<br />
ENGENHARIA CIVIL EM RELAÇÃO À NECESSIDADE DE<br />
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
MATOS, Pedro Henrique Ramos*; CARMO, Vanessa Coelho Nascimento*; FONSECA, Paulo Augusto<br />
Gomes*; COSTA, Mateus Froes*; MOURÃO, Sheila Abreu**<br />
* Acadêmicos do curso de Engenharia Civil das FIPMoc. **Professora das FIPMoc. Pós doutora em<br />
Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e Sorgo). Doutora em Fitotecnia (UFV). Mestre em<br />
Entomologia (UFV). Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ) e Graduada em Engenharia<br />
Agronômica pela UFV.<br />
RESUMO<br />
Do ponto de vista ambiental, o problema principal<br />
dos resíduos sólidos da construção e demolição está<br />
relacionado aos grandes volumes produzidos e à<br />
deposição irregular. Os resíduos depositados<br />
irregularmente causam enchentes, proliferação de<br />
vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e<br />
degradação do ambiente urbano. O trabalho em<br />
questão tem como objetivo promover ações, entre<br />
alunos da Engenharia Civil das Faculdades<br />
Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIPMoc), de<br />
aspectos éticos e sociais, fundamentais para a<br />
implantação de sistemas de gestão ambiental de<br />
resíduos sólidos provenientes da construção civil de<br />
Montes Claros. É classificado por um caráter<br />
quantitativo e exploratório, porque foi elaborado<br />
através de pesquisas bibliográficas e de campo. Fezse<br />
uso de um questionário aplicado aos acadêmicos,<br />
convites para que os alunos participassem no<br />
descarte de pilhas e baterias e, por fim, apresentação<br />
de palestras sobre o tema proposto, no auditório das<br />
FIPMoc. O trabalho faz a opção pelo método<br />
dedutivo, procedimento realizado por observações<br />
diretas. O presente projeto deixa claro que, dos 342<br />
acadêmicos, grande parte deles mostra-se<br />
preocupada com a atual situação do meio ambiente,<br />
interessam-se pelo assunto; entretanto, a maioria diz<br />
não realizar a coleta seletiva em suas residências.<br />
Este estudo concluiu serem necessárias ações<br />
voltadas à conscientização ambiental de estudantes<br />
de engenharia civil em relação à gestão de resíduos<br />
sólidos na construção civil.<br />
Palavras-chave: Reciclagem. Coleta seletiva.<br />
Degradação ambiental. Meio ambiente.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A preocupação com resíduos de maneira geral<br />
é relativamente recente no Brasil. Nesse contexto, a<br />
reciclagem de resíduos de construção encontra-se<br />
em estágio avançado. Há, atualmente, um forte<br />
grupo de pessoas, muito ativo no estudo dos<br />
resíduos de construção, e diversos municípios<br />
brasileiros já operam, com sucesso, centrais de<br />
reciclagem do resíduo de construção e demolição.<br />
Do ponto de vista ambiental, o problema<br />
principal com esse tipo de resíduo está relacionado<br />
aos grandes volumes produzidos e à sua deposição<br />
irregular, a qual por sua vez, é comum na grande<br />
maioria das cidades. Esses resíduos depositados<br />
irregularmente causam enchentes, proliferação de<br />
vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e<br />
degradação do ambiente urbano.<br />
Na gestão dos resíduos sólidos, a<br />
sustentabilidade ambiental e social se constrói a<br />
partir de modelos e sistemas integrados, que<br />
possibilitem tanto a redução do lixo gerado pela<br />
população, como a reutilização de materiais<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
11
Artigo Original<br />
descartados e a reciclagem dos materiais que possam<br />
servir de matéria-prima para a indústria (3R'S –<br />
reduzir, reciclar e reutilizar), diminuindo o<br />
desperdício e gerando renda.<br />
É importante salientar que qualquer que seja o<br />
método eleito para tratamento do lixo -<br />
compostagem, incineração, reciclagem, ou<br />
combinação deles - haverá sempre uma parcela<br />
maior ou menor de rejeitos, não sendo eliminada, em<br />
nenhuma das hipóteses, a necessidade de instalação<br />
de um aterro sanitário. O aterro sanitário é a forma de<br />
destinação final dos resíduos sólidos que contempla<br />
os requisitos de proteção ambiental, como<br />
impermeabilização, coleta e tratamento do chorume,<br />
coleta e queima dos gases, cobertura periódica do<br />
lixo com terra ou material inerte (material que não é<br />
modificado facilmente). Sem essas providências, o<br />
lixo se torna foco de doenças, insetos e roedores,<br />
além de causar poluição do ar e das águas<br />
subterrâneas.<br />
A segregação dos resíduos na fonte geradora é<br />
uma chave para a coleta seletiva, pois evita a perda<br />
de qualidade dos recicláveis e melhora as condições<br />
de trabalho dos catadores, viabilizando as etapas<br />
seguintes da reciclagem. É também a etapa que exige<br />
o apoio da população, que tem de mudar seus hábitos<br />
no momento do descarte do lixo.<br />
É cada vez mais visível a existência de<br />
problemas que necessitam de solução urgente,<br />
principalmente no meio ambiente urbano, dentre os<br />
quais tem-se a questão do gerenciamento dos<br />
resíduos sólidos urbanos gerados nos vários<br />
processos de produção e consumo. Por exemplo, no<br />
Brasil, é comum a disposição irregular de entulho, o<br />
chamado "bota-fora" clandestino, e, por esse motivo,<br />
esses resíduos são considerados um problema de<br />
limpeza pública, acarretando em uma série de<br />
inconveniências para toda a sociedade, tais como:<br />
altos custos para o sistema de limpeza urbano,<br />
proliferação de vetores de doenças (dengue, por<br />
exemplo), enchentes, assoreamento e contaminação<br />
de cursos d'água, contaminação do solo, erosão,<br />
obstrução de sistemas de drenagem, poluição visual<br />
etc.<br />
Por essa razão, tanto o poder público quanto o<br />
privado devem estimular a reciclagem. Assim, os<br />
agregados reciclados podem ser utilizados em<br />
diversos novos produtos como argamassas,<br />
concretos e blocos de construção. Por isso, é<br />
importante segregar os resíduos junto à fonte<br />
geradora, ou seja, nos próprios canteiros de obra.<br />
Somente quando não existir a possibilidade de<br />
reciclá-los é que os resíduos podem ser incinerados<br />
ou aterrados. É a forma mais econômica de<br />
reutilização dos resíduos.<br />
Infelizmente, em Montes Claros - MG, essa<br />
reutilização não é muito comum, uma vez que as<br />
pessoas não têm a consciência de sua importância,<br />
além de não participarem de políticas sociais de<br />
gestão ambiental, como, por exemplo, o descarte<br />
correto de pilhas e baterias.<br />
O objetivo desta pesquisa foi promover ações,<br />
entre alunos da Engenharia Civil das Faculdades<br />
Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIPMoc),<br />
de aspectos éticos e sociais fundamentais para a<br />
implantação de sistemas de gestão ambiental de<br />
resíduos sólidos provenientes da construção civil de<br />
Montes Claros.<br />
MÉTODO<br />
O presente trabalho pode ser classificado<br />
como de caráter quantitativo e exploratório, uma<br />
vez que foi elaborado mediante pesquisas<br />
bibliográficas e de campo. Quanto à metodologia, o<br />
trabalho faz a opção pelo método dedutivo, com<br />
base em um raciocínio lógico, por meio do qual se<br />
fez o uso da dedução para obter uma conclusão a<br />
respeito de determinada premissa.<br />
Quanto aos procedimentos, este trabalho<br />
realizou-se por meio de:<br />
- Panfletagem em todas as salas do curso de<br />
12 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
Engenharia Civil (matutino e noturno) das FIPMoc,<br />
abordando a importância da coleta seletiva e da<br />
reciclagem. Na ocasião, também foi feito o convite<br />
para participação nas palestras, e aplicou-se um<br />
questionário com as perguntas descritas abaixo.<br />
QUESTÃO 1. Em relação ao meio ambiente, você se mostra:<br />
(obs: pode ser marcada mais de uma alternativa).<br />
( ) Bem informado<br />
( ) Preocupado<br />
( ) Atento às ações ambientais<br />
( ) Curioso em relação ao tema, embora não se envolva<br />
diretamente<br />
( ) Indiferente, por achar que o tema não lhe diz respeito<br />
( ) Despreocupado, deixando que ambientalistas discutam a<br />
questão<br />
QUESTÃO 2. Você geralmente faz/utiliza a coleta seletiva?<br />
( ) Sim ( ) Não<br />
QUESTÃO 3. Em sua opinião, o tema “meio ambiente” para<br />
a Engenharia Civil é:<br />
( ) Muito Importante ( ) Importante ( ) Secundário ( ) Irrelevante<br />
- Instalação de “ECOPONTOS PARA A COLETA<br />
DE PILHAS E BATERIAS”, colocados nos<br />
corredores no prédio principal das FIPMoc.<br />
- Posteriormente, no dia 07 de maio de 2013,<br />
realizaram-se três palestras no auditório das<br />
FIPMoc. A 1ª, intitulada “Apresentação do<br />
projeto da central de tratamento de resíduos<br />
sólidos de M. Claros”, foi apresentada pelo<br />
engenheiro civil, pós-graduado em Engenharia<br />
Sanitária, Claúdio Pinto Leite - Supervisor da<br />
Unidade da REVITA Montes Claros. A 2ª palestra<br />
“Um dia Lote vago no outro Lixão a Céu aberto" e a<br />
realidade em Montes Claros”, foi apresentada pelo<br />
Zootecnista, Especialista em Ciências Biológicas,<br />
Mestre em Agronegócios, Doutor em Zootecnia,<br />
Prof. Adjunto do ICA/UFMG e, atualmente,<br />
coordenador dos Grupos: GAS, GEPAM, GEBEA,<br />
JEA, GEZTO, GERAÇÕES e Presidente do<br />
Conselho Municipal de Proteção à Vida e Bem-Estar<br />
Animal – COBEA, Vice-presidente do Conselho<br />
Municipal Gestor de Resíduos Sólidos –<br />
COMGERES e Vice-Coordenador do Centro de<br />
Extensão ICA-UFMG – CENEX, Délcio César<br />
Cordeiro Rocha. E, por fim, a 3ª palestra, “Gestão<br />
de Resíduos Sólidos da Construção Civil”, foi<br />
ministrada pelo Engenheiro Ambiental e de<br />
Segurança do Trabalho, Italo Bruzeguese Júnior.<br />
Essas atividades permitiram conscientizar e<br />
instruir os alunos a respeito da coleta seletiva,<br />
contribuir para tabulação dos resultados dos<br />
questionários, possibilitando, entender a opinião dos<br />
alunos com relação ao tema. O material<br />
documentado, bem como, as respectivas análises,<br />
foi organizado em um artigo de pesquisa<br />
componente do estudo.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
O questionário foi respondido por 342<br />
acadêmicos de Engenharia Civil das FIPMoc.<br />
Notou-se que os acadêmicos, em sua grande maioria<br />
- 117 deles (34,2%) – mostram-se preocupados com<br />
o meio ambiente. E um número mínimo deles - 8<br />
estudantes (2,33%) - mostra-se indiferente para com<br />
o assunto (GRAF. 1).<br />
Gráfico 1 - Modo como os estudantes se mostram<br />
para com o meio ambiente<br />
Qtd. alunos<br />
180<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
1 2 3 4 5 6<br />
1. Bem informado<br />
2. Preocupado<br />
3. Atento às ações ambientais<br />
4. Curioso em relação ao tema<br />
5. Indiferente<br />
6. Despreocupado<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
13
Artigo Original<br />
A temática do meio ambiente na Engenharia<br />
Civil foi considerada muito importante pelos<br />
acadêmicos arguidos (GRAF. 2), uma vez que<br />
73,09% dos acadêmicos (250 deles) a consideram,<br />
assim e apenas 8 deles (2,3%) consideram essa<br />
temática como irrelevante.<br />
seriam posteriormente enviadas aos correios.<br />
Figura1 - Foto do “ecoponto “ instalado para<br />
coleta de pilhas e baterias nas FIPMoc.<br />
Gráfico 2 - Opinião dos alunos a respeito da<br />
importância da temática meio ambiente<br />
250<br />
200<br />
Qtd. alunos<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
Muito<br />
importante<br />
Importante Secundário Irrelevante<br />
Observou-se que 76,3% dos estudantes (261<br />
no total) não realizam e não utilizam a coleta seletiva<br />
em suas casas (GRAF. 3), o que pode ser<br />
considerado um resultado muito desfavorável.<br />
Gráfico 3 - Quantidade de alunos que fazem/<br />
utilizam a coleta seletiva<br />
Qtd. alunos<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
Não fazem/utilizam Fazem/utilizam<br />
Procedeu-se à instalação de um “ECOPONTO<br />
PARA A COLETA DE PILHAS E BATERIAS”,<br />
disponibilizando lixeiras devidamente tampadas em<br />
ponto estratégico no corredor no prédio principal<br />
das FIPMoc (FIG. 1), para a deposição de pilhas e<br />
baterias trazidas de casa pelos estudantes e que<br />
O “ecoponto” foi desativado pela<br />
administração das FIPMoc, no dia 01 de outubro,<br />
devido a não utilização pelos acadêmicos, que não<br />
depositaram sequer uma pilha ou bateria de celular.<br />
Com relação às palestras cujo tema geral foi à<br />
discussão sobre o gerenciamento dos resíduos<br />
sólidos, cerca de 300 acadêmicos das FIPMoc<br />
compareceram e tiveram pleno envolvimento nelas,<br />
mostrando-se atentos aos pontos abordados pelos<br />
três palestrantes.<br />
A questão ambiental deve ser discutida, pois a<br />
conservação e a recuperação do meio ambiente<br />
tornou-se um dos maiores desafios a serem<br />
enfrentados pela humanidade, na busca do<br />
desenvolvimento sustentável (MOTA, 2003).<br />
Os resíduos sólidos resultam em uma<br />
sobrecarga de materiais no ecossistema, os quais não<br />
podem ser decompostos, ou são degradados com<br />
extrema lentidão, podendo resultar em<br />
consequências tóxicas aos sistemas biológicos. O<br />
efeito dessa sobrecarga, com o passar do tempo,<br />
acaba por atingir a capacidade de suporte dos<br />
14 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
ecossistemas.<br />
A Associação Brasileira de Normas Técnicas,<br />
segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), conceitua os<br />
resíduos sólidos como materiais nos estados sólido e<br />
semisólido, que resultam de atividades de origem<br />
industrial, doméstica, hospitalar, comercial,<br />
agrícola, de serviços e de varrição; como também<br />
todo e qualquer material descartado e indesejável,<br />
resultante da ciclagem de materiais pelos sistemas<br />
produtivos humanos.<br />
Os resíduos sólidos podem ser classificados a<br />
partir de três critérios: por sua natureza física (seco<br />
ou molhado), por sua composição química (matéria<br />
orgânica ou inorgânica) e pelos riscos potenciais ao<br />
meio ambiente (perigosos, inertes e não-inertes)<br />
(D'ALMEIDA; VILHENA, 1998).<br />
Dessa forma, é necessário que o tema da<br />
"problemática ambiental" seja considerado<br />
relevante e abrangente, devendo tornar-se parte da<br />
agenda das prefeituras, dos governos municipais e<br />
federais, de organismos internacionais e nacionais,<br />
de movimentos sociais e dos setores empresariais,<br />
em todo o mundo.<br />
A busca pelo acúmulo de capital era tido como<br />
uma prioridade, ficando em segundo plano, ou até<br />
mesmo de lado, o compromisso para com os danos<br />
causados ao meio ambiente. Porém, outros<br />
pensamentos começaram a surgir, e a ciência<br />
moderna passou a defender a sustentabilidade nos<br />
meios de produção.<br />
É preciso gerenciar esses resíduos<br />
adequadamente, para que não acarretem problemas<br />
ambientais, sanitários, sociais e econômicos, vindo<br />
a afetar a população. Na maioria dos municípios<br />
brasileiros, a maior parte desse resíduo é depositada<br />
em bota-fora clandestino, nas margens de rios e<br />
córregos ou em terrenos baldios.<br />
A deposição irregular de entulho, segundo<br />
Mendes et al. (2004), ocasiona proliferação de<br />
vetores - que são transmissores de doenças, como a<br />
dengue; causa entupimento de galerias e bueiros,<br />
assoreamento de córregos e rios, contaminação de<br />
águas superficiais e poluição visual. Não obstante, os<br />
referidos fatores estão, por sua vez, submetidos à<br />
lógica consumista que move o capitalismo, à<br />
produção de descartáveis e de tecnologias<br />
ineficientes em termos de utilização de matériasprimas.<br />
Torna-se evidente que a questão ambiental não<br />
é apenas um modismo passageiro, nem uma<br />
dramatização de militantes ou cientistas radicais. Por<br />
isso, a sociologia ambiental assume uma posição<br />
significativa para estudar as divergências e conflitos<br />
sobre os diferentes usos da natureza e as causas e a<br />
extensão dos problemas ambientais (COSTA<br />
FERREIRA, s.d).<br />
A indústria da construção civil promove<br />
diferentes alterações ou impactos no sistema<br />
ambiental, dentre os quais pode destacar-se a<br />
utilização de grandes quantidade de recursos<br />
naturais, a poluição atmosférica, o consumo de<br />
energia e a geração de resíduos.<br />
Segundo John (2000), a indústria da<br />
construção civil consome de 15% a 50% de todos os<br />
recursos extraídos da natureza. Essa quantidade<br />
coloca esse setor como o maior consumidor<br />
individual de recursos naturais. O consumo de<br />
agregados naturais varia de 1 a 8 t/hab.ano, sendo 6<br />
t/hab.ano no Reino Unido e 220 milhões de toneladas<br />
no Brasil, para a confecção de concreto e argamassa.<br />
De acordo com Zordan (1997), o grande<br />
consumo de matérias-primas está diretamente ligado<br />
ao grande desperdício de material que ocorre nos<br />
empreendimentos, às obras de reparos e às<br />
adaptações das edificações existentes. Comparando<br />
a indústria da construção civil com a indústria<br />
automobilística, outra grande consumidora de<br />
recursos naturais, conclui-se que a primeira tem um<br />
consumo de 100 a 200 vezes maior que a segunda.<br />
A Resolução 307, de 2002, do Conselho<br />
Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2002),<br />
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
15
Artigo Original<br />
a gestão (ambientalmente correta) dos resíduos da<br />
construção civil, disciplinando as ações necessárias<br />
à minimização dos impactos (efeitos) ambientais,<br />
levando em conta a política urbana de pleno<br />
desenvolvimento da função social das cidades e da<br />
propriedade urbana.<br />
Na referida Resolução, é definido que os<br />
geradores de resíduos da construção civil (entulhos)<br />
devem ter como objetivo principal a não-geração de<br />
tais resíduos e, em caráter secundário, a redução,<br />
reutilização, reciclagem, bem como a<br />
responsabilidade pela destinação final de tais<br />
materiais, levando em conta que tais resíduos não<br />
podem ser dispostos em aterros de resíduos<br />
domiciliares (resíduos urbanos), em “bota-fora”,<br />
encostas, corpos de água, lotes vagos, bem como em<br />
áreas legalmente protegidas por lei (caso, por<br />
exemplo, dos manguezais e matas) (FIG. 2).<br />
aterros domiciliares e em áreas de “bota-fora”, o que<br />
não ocorre na realidade. Basta olhar os arredores da<br />
cidade (GAEDE, 2008).<br />
O Plano de Gerenciamento dos RCD's precisa<br />
contemplar caracterização dos resíduos; triagem;<br />
acondicionamento; transporte e destinação,<br />
conforme indicado no QUADRO. 1.<br />
Quadro 1 – Etapas do Projeto de Gerenciamento<br />
de Resíduos<br />
Figura 2 - Lixo e Resíduo de construção civil<br />
lançado sobre vegetação.<br />
Fonte: Adaptado de Gaede, 2008.<br />
Fonte: GAEDE, 2008.<br />
Para observância dessa exigência da referida<br />
Resolução, cada município deve obrigatoriamente<br />
desenvolver e implantar o Plano Municipal de<br />
Gestão dos Resíduos da Construção Civil. A<br />
Resolução foi clara ao definir um prazo máximo de<br />
dezoito meses, contados a partir de 5 de julho de<br />
2002, para que todos os municípios deixem de fazer<br />
a disposição de resíduos de construção civil em<br />
O poder público deve estimular a reciclagem,<br />
considerando-se o potencial que existe em produzir/<br />
fabricar novos materiais/produtos a partir dos<br />
resíduos sólidos oriundos da indústria da<br />
construção. Um processo de reciclagem de<br />
qualidade requer um resíduo de qualidade, o que<br />
implica segregar os resíduos junto à fonte geradora,<br />
ou seja, nos próprios canteiros de obra (ANDERE;<br />
SANTOS s.d).<br />
Para que esse ciclo da reciclagem se<br />
estabeleça, é fundamental que o construtor/gerador<br />
tenha consciência da importância de seu papel nesse<br />
processo. Primeiro, com relação à adoção de uma<br />
postura racional e criativa, que facilite a evolução<br />
das técnicas construtivas e de gestão de recursos<br />
humanos, viabilizando, assim, a redução de<br />
diferentes formas de desperdício. Segundo, com<br />
16<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
Artigo Original<br />
relação à segregação dos resíduos nos canteiros de volumes produzidos. Esses resíduos depositados<br />
obra, o que permite assegurar uma maior qualidade irregularmente causam enchentes, proliferação de<br />
dos resíduos e reduzir custos de beneficiamento, vetores nocivos à saúde, interdição parcial de vias e<br />
fortalecendo o processo de produção de materiais degradação do ambiente urbano. Por isso, é<br />
reciclados (ANDERE; SANTOS s.d).<br />
necessária a implementação de sistemas de gestão<br />
A educação ambiental (EA) é um fator ambiental, e a conscientização de toda a população<br />
imprescindível ao gerenciamento adequado e quanto aos problemas ambientais.<br />
sustentável dos resíduos sólidos. A EA deve ser A conservação do meio ambiente tornou-se<br />
utilizada como instrumento para a reflexão das um dos maiores desafios a ser enfrentados pela<br />
pessoas no processo de mudança de atitudes em humanidade na busca do desenvolvimento<br />
relação ao correto descarte do lixo e à valorização do sustentável, uma vez que o grande volume de<br />
meio ambiente (GUSMÃO, et al 2000).<br />
resíduos produzidos diariamente, nos mais variados<br />
A essência do processo de gerenciamento de campos da construção civil, tornou-se um dos<br />
resíduos é justamente a sensibilização das fontes principais problemas das administrações<br />
geradoras (consideradas como atores do processo), municipais. Dessa forma, é necessário que o tema da<br />
mas não se deve pensar nos seres humanos, "problemática ambiental" seja considerado<br />
produtores desses resíduos, apenas como fontes relevante e abrangente, tornando-se parte da agenda<br />
geradoras estáticas e, sim, como indivíduos (e grupos das prefeituras, dos governos municipais e federais,<br />
sociais) dinâmicos.<br />
de organismos internacionais e nacionais, de<br />
A EA aplicada à gestão de resíduos sólidos, movimentos sociais e dos setores empresariais, em<br />
portanto, deve tratar da mudança de atitudes, de todo o mundo.<br />
forma qualitativa e continuada, mediante um A busca pelo acúmulo de capital era tido como<br />
processo educacional crítico, conscientizador e uma prioridade, ficando em segundo plano, ou até<br />
contextualizado.<br />
mesmo de lado, o compromisso para com os danos<br />
No âmbito pedagógico, deve-se valorizar causados ao meio ambiente. Porém, outros<br />
também o conhecimento e o nível de informação pensamentos começaram a surgir, e a ciência<br />
sobre as questões em estudo (TAVARES; moderna passou a defender a sustentabilidade nos<br />
MARTINS; GUIMARÃES, 2005). A partir dessa meios de produção.<br />
perspectiva, deve emergir o objetivo de mudança das Este trabalho deixa claro que, dos 342<br />
representações dos indivíduos, proporcionando as acadêmicos, grande parte mostra-se preocupada<br />
condições para estabelecer um contato com o com a atual situação do meio ambiente, interessa-se<br />
problema num plano mais significativo. Mediante pelo assunto, e a maioria diz não fazer a coleta<br />
suas relações sociais é que os indivíduos expressam seletiva. É de suma importância a gestão de resíduos<br />
suas crenças, valores e representações, construídas sólidos na construção civil.<br />
no grupo.<br />
A reutilização, a reciclagem e/ou reuso de<br />
materiais deve fazer parte das indústrias da<br />
CONCLUSÃO<br />
construção, por se tratar de uma área de rápido<br />
crescimento. Os benefícios sociais serão muitos. A<br />
Do ponto de vista ambiental, o problema população passa a desfrutar de produtos<br />
principal com os resíduos da construção está ecologicamente corretos.<br />
relacionado à sua deposição irregular e aos grandes Conclui-se, então, que a evolução do<br />
17
Artigo Original<br />
envolvimento da ciência social no trato da<br />
problemática ambiental é importante, pois só dessa<br />
forma tem-se um planeta mais limpo, mais<br />
sustentável e biologicamente correto.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS<br />
TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos Sólidos:<br />
classificação. Rio de Janeiro, 1987. 63p.<br />
BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,<br />
CONSELHO NACIONAL DO MEIO<br />
AMBIENTE – CONAMA. Resolução n. 307, de<br />
05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios<br />
e procedimentos para a gestão dos resíduos da<br />
construção civil. Diário Oficial da República<br />
Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 136, 17 de<br />
julho de 2002. Seção 1, p. 95-96.<br />
CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo.<br />
São Paulo: Humanitas, 2003.<br />
CONAMA – Conselho Nacional do Meio<br />
Ambiente.Tel. (61) 317-1433 / 317-1392<br />
http://www.mma.gov.br/conama<br />
COSTA FERREIRA, Leila da. Ideias para uma<br />
sociologia da questão ambiental – Teoria social,<br />
sociologia ambiental e interdisciplinaridade.<br />
Desenvolvimento e Meio Ambiente, n 10, p. 77-<br />
89, jul/dez. 2004. Editora UFPR.<br />
D'ALMEIDA, Maria Luiza Otero; VILHENA,<br />
André (Coord.). Lixo municipal: manual de<br />
gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/<br />
CEMPRE, 1998.<br />
de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo, 2000.<br />
113p. Tese (Livre Docência) – Escola Politécnica<br />
da Universidade de São Paulo. Departamento de<br />
Engenharia de Construção Civil. John (2000).<br />
MENDES, T. A., REZENDE, L. R., OLIVEIRA,<br />
J. C., GUIMARÃES, R. C., CAMAPUM DE<br />
CARVALHO, J., VEIGA, R. Parâmetros de uma<br />
Pista Experimental Executada com Entulho<br />
Reciclado. In: REUNIÃO ANUAL DE<br />
PAVIMENTAÇÃO, 35. 2004. Rio de Janeiro.<br />
Anais... Rio de Janeiro, 2004. 11 p.<br />
MOTA. Introdução à Engenharia Ambiental.<br />
Rio de Janeiro: ABES, 2003.<br />
SANTOS, Harlen Inácio dos; ANDERE, Pedro<br />
Augusto Ramos. Disposição final de resíduos da<br />
construção civil. Disponível em:<br />
http://www.pucgoias.edu.br. Acesso em: 18 de<br />
março de 2013. Universidade Católica de Goiás.<br />
Goiânia/GO.<br />
TAVARES, M. G. O.; MARTINS, E. F.;<br />
GUIMARÃES, G. M. A. A educação ambiental,<br />
estudo e intervenção do meio. Revista<br />
Iberoamericana de Educación.2005. Disponível<br />
em: .<br />
Acesso em: 28 out. 2005.<br />
ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como<br />
agregado na confecção do concreto. 1997. 140p.<br />
Dissertação de mestrado. Faculdade de Engenharia<br />
Civil – Universidade Estadual de Campinas.<br />
Campinas.<br />
GAEDE, Lia Pompéia Faria. GESTÃO DOS<br />
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO<br />
MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES E NORMAS<br />
EXISTENTES. Monografia apresentada ao Curso<br />
de Especialização em Construção Civil da Escola<br />
de Engenharia da UFMG. Julho 2008. p. 74<br />
GUSMÃO, O. S. et al. Reciclagem artesanal na<br />
UEFS: estratégia educacional na valorização do<br />
meio ambiente. In: CONGRESSO NACIONAL<br />
DE MEIO AMBIENTE NA BAHIA, 2., 2000.<br />
Salvador. Anais... Salvador: UFBA, 2000. p 56-58.<br />
JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na<br />
construção civil: Contribuição para metodologia<br />
18 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
CAUSAS DOS ABALOS SÍSMICOS NA CIDADE DE MONTES<br />
CLAROS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A CONSTRUÇÃO<br />
CIVIL<br />
SANTOS, Aureo*; EVANGELISTA, Frederico*; RIBEIRO, Paulo; ROBERTO, Patrick*; MOURÃO, Sheila Abreu**, SILVA,<br />
André Fernando***<br />
*Discentes do curso de de Engenharia Civil das FIPMoc;<br />
**Pós doutora em Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e Sorgo); Doutora em Fitotecnia (UFV); Mestre em<br />
Entomologia (UFV); Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ) e Graduada em Engenharia Agronômica pela UFV.<br />
Docente dos cursos de Engenharia Civil Engenharia de Produção das FIPMoc. ***Engenheiro Civil UFOP, Pós-Graduado<br />
UNIMONTES, e docente do curso de Engenharia Civil das FIPMoc.<br />
RESUMO<br />
Este trabalho apresenta informações sobre tremores<br />
de terra recorrentes em Montes Claros / MG, suas<br />
consequências e interferência na segurança de<br />
estruturas de fundação nas obras de construção Civil.<br />
A pesquisa visa qualificar e quantificar as regiões<br />
mais atingidas na cidade de Montes Claros bem como<br />
estabelecer a relação existente entre os tremores de<br />
terra e o subsolo da região. Para tanto, realizou-se<br />
uma revisão bibliográfica sobre o assunto, sendo<br />
buscadas informações concretas junto aos órgãos<br />
responsáveis pelo monitoramento e previsão ao<br />
fenômeno. O resultado dessa análise nos levou à<br />
conclusão de que é imprescindível uma melhoria na<br />
qualidade das edificações existentes na cidade, bem<br />
como uma rígida atenção à ocupação de áreas, análise<br />
mais detalhada de solos, normas de construção<br />
ditadas pelo órgão fiscalizador CREA, defesa civil e<br />
secretaria de obras do município.<br />
Palavras-chave: Tremores. Fundações. Estruturas.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Uma das questões atuais relacionando solos,<br />
fundações e estruturas em edificações está<br />
diretamente ligada às variações de resistência,<br />
durabilidade e segurança.<br />
Diversas forças atuam em uma estrutura: nos<br />
pilares, sofrendo compressão e tração; nas vigas,<br />
sofrendo tração em sua parte superior e compressão<br />
em sua parte inferior; além do cisalhamento, flexão<br />
e torção. O concreto resiste muito bem à<br />
compressão: cerca de dez vezes mais que a tração. O<br />
aço também possui forte resistência à tração e<br />
compressão. Da união do concreto com o aço<br />
obtém-se o concreto armado. (BOTELHO;<br />
MARCHETTI, 2002, p.7)<br />
O Engenheiro Civil deve optar por estruturas<br />
que garantam segurança, economia e conforto em<br />
seu sistema estrutural de concreto armado; pois são<br />
grandes as variantes encontradas, seja no projeto<br />
arquitetônico, na infraestrutura da região, na<br />
disponibilidade de mão de obra ou de materiais.<br />
(ALBUQUERQUE, 1998).<br />
Falhas geológicas na região do norte do<br />
estado de Minas Gerais são possíveis causadores de<br />
tremores de terra, principalmente na cidade de<br />
Montes Claros.<br />
A cidade foi escolhida como área piloto para<br />
aplicação das metodologias de análises apoiadas em<br />
informações atuais e literaturas, para estudos da<br />
geodinâmica interna do solo e por abordar desafios<br />
de toda natureza que interferem, de maneira<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
19
Artigo Original<br />
complexa, nas estruturas de fundações das<br />
construções locais da região.<br />
20<br />
Esta pesquisa irá proporcionar-nos uma visão<br />
geral dos sinistros ocorridos, bem como as<br />
consequências para as estruturas, relacionadas ao<br />
subsolo da cidade. Sendo assim, o trabalho visa<br />
responder ao seguinte questionamento:<br />
Quais são as consequências dos tremores de<br />
terra recorrentes em Montes Claros / MG e em suas<br />
obras de construção civil?<br />
A hipótese que orientou esta pesquisa conduz à<br />
ideia de que os tremores de terra recorrentes em<br />
Montes Claros / MG influenciam em obras de<br />
Construção Civil, diretamente ligadas às estruturas<br />
de fundação.<br />
CAUSAS DOS ABALOS SÍSMICOS EM<br />
MONTES CLAROS<br />
Vivemos em um país onde a ocorrência de<br />
abalos sísmicos poderia ser considerada<br />
uma<br />
exceção, fato que faz com que a maior parte das<br />
obras de construção existentes no país não leve em<br />
consideração o aspecto sísmico do local. Como as<br />
solicitações sísmicas são diferentes das cargas<br />
acidentais que o engenheiro comumente tem o hábito<br />
de considerar em suas obras, os métodos de<br />
dimensionamento tradicionais não conduzem a uma<br />
construção que seja dimensionada para suportar<br />
terremotos. Sendo assim, é muito importante para o<br />
profissional de construções conhecer o<br />
comportamento sísmico e as variações estruturais<br />
para que se possam elaborar e avaliar critérios e<br />
métodos eficazes em prol da segurança.<br />
Segundo Teixeira (2008, p.32), a superfície<br />
da Terra está dividida em um conjunto de placas que<br />
flutuam dinamicamente sobre um manto líquido de<br />
rocha incandescente, chamado de astenosfera, e a<br />
movimentação dessas placas dá origem ao que se<br />
chama de terremoto.<br />
Os terremotos acontecem quando se libera de<br />
forma súbita a pressão ou tensão armazenada entre<br />
as placas tectônicas, as quais são as principais peças<br />
neste processo dinâmico do interior da Terra.<br />
Um terremoto é um tremor de terra que pode<br />
durar segundo ou minutos. Ele é provocado por<br />
movimentos na crosta terrestre, composta por<br />
enormes placas de rocha (as placas tectônicas). O<br />
tremor de terra ocasionado por esses movimentos é<br />
também chamado de "abalo sísmico". Outros<br />
motivos relacionados ao abalo sísmico são os<br />
deslocamentos de gases (principalmente metano) e<br />
atividades vulcânicas.<br />
O alcance e o impacto dos terremotos dependem<br />
da energia que liberam; seu ponto de origem está<br />
geralmente localizado em uma profundidade não<br />
superior a 30 km, sendo denominado foco ou<br />
hipocentro. O epicentro é o ponto da superfície<br />
terrestre localizado verticalmente acima do foco; as<br />
ondas de choque deslocam-se para o exterior do<br />
epicentro com velocidades distintas em diferentes<br />
camadas da crosta terrestre.<br />
Essa compressão a que está submetida a Placa<br />
Sulamericana é a principal responsável pela<br />
maioria dos abalos sísmicos que ocorrem no<br />
Nordeste. Estando sobre uma unidade geológica<br />
muito antiga, mas cheia de falhas, chamada<br />
Província Borborema, o Nordeste é<br />
sismologicamente instável. As falhas mais<br />
extensas e profundas constituem verdadeiras<br />
zonas de fraqueza da crosta terrestre, que os<br />
geocientistas chamam astenosfera. (BARROS,<br />
2010, p.25).<br />
OS DANOS CAUSADOS PELA ONDA DE<br />
TREMORES DE TERRA EM MONTES<br />
CLAROS<br />
Há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde<br />
o início do século 20. Segundo informações do<br />
"Mapa tectônico do Brasil", criado pela<br />
Universidade Federal de Minas Gerais em nosso<br />
país, existem 48 falhas, nas quais se concentram as<br />
ocorrências de terremotos.<br />
Toda placa é recortada por vários pequenos<br />
blocos, de várias dimensões. Esses recortes, ou<br />
falhas, funcionam como uma ferida que não<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
cicatriza: apesar de serem antigos, podem-se abrir a<br />
qualquer momento, para liberar energia. Se um bloco<br />
é recortado e comprimido de um lado e de outro, ele<br />
rompe onde já existe a fratura.<br />
Embora grande parte dos sismos brasileiros<br />
seja de pequena magnitude (4,5 graus na Escala<br />
Richter), a história tem mostrado que, mesmo em<br />
"regiões tranquilas" podem acontecer grandes<br />
terremotos. Apesar de não ser alarmante, o nível de<br />
sismicidade brasileira precisa ser considerado em<br />
determinados projetos de engenharia, como centrais<br />
nucleares, grandes barragens e outras construções de<br />
grande porte, principalmente nas construções<br />
situadas nas áreas de maior risco.<br />
Referidos tremores de terra só começaram a ser<br />
detectados com precisão a partir de 1968, quando<br />
foi instalada uma rede mundial de sismologia.<br />
Brasília foi escolhida para sediar o arranjo<br />
sismográfico da América do Sul. Existem,<br />
atualmente, 40 estações sismográficas em todo o<br />
país, sendo que o aparelho mais potente é o<br />
mantido pela Universidade de Brasília.<br />
(BEZERRA, 2011, p.31).<br />
Eventualmente a Universidade de São Paulo<br />
(USP), através do Instituto Astronômico e Geofísico,<br />
e a Universidade de Brasília (UnB) realizam<br />
pesquisas sismológicas na região.<br />
De acordo com levantamento realizado pelas<br />
duas universidades - USP e UnB -, em 2012,<br />
pequenos tremores vêm ocorrendo em Montes<br />
Claros desde pelo menos 1995, no ano de 2011 os<br />
tremores aumentaram e culminaram com um tremor<br />
mais forte em 19 de maio de 2012, que teve<br />
magnitude 4.0 na escala Richter e assustou a<br />
população da cidade (FIG. 1).<br />
GEOLOGIA DA REGIÃO<br />
Os dobramentos ocorrem por dissolução e<br />
deslizamento das massas rochosas e são causados<br />
pela força da gravidade, ocorrendo em regiões<br />
suscetíveis de dissolução dos terrenos, como as<br />
constituídas por rochas calcárias. Esses<br />
desabamentos produzem tremores bem localizados,<br />
de pequena importância.<br />
Figura 1 - Evolução da atividade sísmica sentida em<br />
Montes Claros<br />
Fonte: Estudo dos tremores de terra em Montes Claros, MG,<br />
2012. Centro de Sismologia da USP / SIS-UnB.<br />
Para a Engenharia Civil, o reconhecimento do<br />
afloramento das rochas calcárias e muito importante,<br />
uma vez que sua presença pode constituir um fator de<br />
risco, pela eventual presença de cavernas<br />
subterrâneas, proporcionada pela elevada dissolução<br />
dos carbonatos.<br />
Os tremores estão próximos a uma escarpa, e<br />
é possível que essa escarpa represente uma fratura na<br />
serra. A onda dos tremores se dissipa mais facilmente<br />
no rochoso e, se há fraturas, isso contribui para que<br />
essa onda se dissipe, e ocorre, dessa forma, no<br />
calcário.<br />
Montes Claros é uma cidade construída em<br />
cima de rochas calcárias - disse o professor da USP,<br />
Marcelo Assunção, do Departamento de Geofísica da<br />
Universidade de São Paulo (USP), ao site em.com.<br />
Em estudos recentes na região, foi localizada<br />
uma falha geológica no município, cuja extensão, de<br />
três quilômetros, vai da Vila Atlântica até a Serra do<br />
Mel (também conhecida como Serra da Sapucaia).<br />
ÁREA DE ESTUDO<br />
A área de estudo compreende a região do<br />
Norte do estado de Minas Gerais, mais precisamente<br />
no município de Montes Claros, local da falha BR 47,<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
21
Artigo Original<br />
conforme figura abaixo (FIG. 2).<br />
Figura 2 - Falha Geológica BR 47 da área de<br />
estudo, Mapa Neotectônico do Brasil<br />
Montes Claros. Foram selecionadas, dentre os<br />
sinistros em Montes Claros, as ocorrências entre 19<br />
de maio de 2012 a 01 março do corrente ano. Notase<br />
que o 1º abalo sísmico motivou o maior número<br />
de chamados para o Corpo de Bombeiros, devido à<br />
magnitude do evento que, na escala Richter,<br />
totalizou 4.0, sendo até agora o maior registrado na<br />
cidade.<br />
Dentre as 93 vistorias realizadas, 10<br />
edificações foram interditadas e 04 parcialmente<br />
interditadas – isolamento de risco.<br />
Conforme TAB. 1, as edificações atingidas<br />
variam de 01 a 04 pavimentos, e foram identificados<br />
danos tais como: Trincas no teto da residência,<br />
rachaduras em paredes das edificações, rachaduras<br />
na laje e piso de casas, queda de reboco da laje,<br />
queda de telhado, rachaduras pelas paredes e laje da<br />
edificação e rebaixamento de piso.<br />
MÉTODO<br />
22<br />
A pesquisa foi realizada por meio de um<br />
levantamento bibliográfico sobre o tema<br />
apresentado, identificando as principais causas dos<br />
abalos sísmicos no Brasil, correlacionando com tipo<br />
de solo predominante na região em estudo e sua<br />
contribuição para esses tremores, além da<br />
quantificação e qualificação dos dados fornecidos<br />
pelo Sétimo Batalhão de Bombeiros Militar de<br />
Minas Gerais, que foram tabelados em forma de<br />
gráficos.<br />
Os dados apresentados pelo 7º BBM foram<br />
extraídos de relatórios de vistorias realizadas após os<br />
abalos sísmicos, mediante solicitação ao Centro de<br />
Comunicação do Batalhão. Os dados foram<br />
analisados objetivando localizar e quantificar as<br />
áreas de maior incidência de chamados e os danos<br />
nas edificações em cada região.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A TAB. 1, identifica as solicitações de<br />
vistorias feitas ao Corpo de Bombeiros por bairro de<br />
Gráfico dos bairros mais atingidos<br />
Percebe-se, no GRAF. 1, que as edificações<br />
localizadas nos bairros Vila Atlântida e Vila Áurea<br />
registram maiores danos, devido ao número de<br />
vistorias realizadas nessa região, totalizando 28<br />
vistorias e 8 interdições.<br />
Quantidade<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Gráfico 1 - Bairros mais atingidos<br />
5<br />
5 5<br />
4 4 4<br />
3<br />
3<br />
4<br />
2 2 2<br />
2<br />
1<br />
1 1<br />
1<br />
0 0 0 0<br />
0 0<br />
0<br />
A B C D E F G H I J L M N<br />
Fonte: Banco de dados do 7ºBBM-4ªCIAPV-2013<br />
Mapa das localidades mais atingidas<br />
Vistorias<br />
Interdições<br />
A FIG. 3 identifica os bairros mais atingidos<br />
pelos abalos sísmicos ocorridos na cidade de<br />
Montes Claros /MG. Nos bairros Nova Morada e<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
Bairros<br />
Código Bairros Código Bairros Código Bairros<br />
A Barcelona Park B Centro C Jardim São Geraldo<br />
D Maracanã E Morrinhos F Nova Morada<br />
G Planalto H Santos Reis I São Judas Tadeu<br />
J Vila Atlântida L Vila Aurea M Vila São Francisco de Assis<br />
N Vilage do Lago II<br />
16<br />
12
Tabela 1 - OCORRÊNCIA DE SINISTROS SIGNIFICATIVOS<br />
Artigo Original<br />
1º ABALO SÍSMICO 2º ABALO SÍSMICO 3º ABALO SÍSMICO<br />
61 VISTORIAS 26 VISTORIAS 6 VISTORIAS<br />
VISTORIAS INTERDIÇÃO INTERDIÇÃO<br />
PARCIAL<br />
VÍTIMAS<br />
TOTAL 93 10 4 3<br />
AMAZONAS 1 0 0 0<br />
BARCELONA PARK 5 0 1 0<br />
BELA PAISAGEM 1 1 0 0<br />
CANELAS 1 0 0 0<br />
CARMELO 1 0 0 0<br />
CENTRO 3 0 0 0<br />
CINTRA 1 0 0 0<br />
CLARICE ATHAYDE VIEIRA 1 0 0 0<br />
CLARINDO LOPES 1 0 0 0<br />
CONJUNTO HAB. OLGA BENÁRIO 1 0 0 0<br />
DELFINO MAGALHÃES 1 0 0 0<br />
DISTRITO INDUSTRIAL 1 0 0 0<br />
EDGAR PEREIRA 1 0 0 0<br />
FUNCIONÁRIOS 1 0 0 0<br />
JARDIM BRASIL 1 0 0 0<br />
JARDIM SÃO GERALDO 2 0 0 0<br />
JK 1 0 0 0<br />
MAJOR PRATES 1 0 1 0<br />
MARACANÃ 2 0 0 0<br />
MARIA CÂNDIDA 1 0 0 0<br />
MORRINHOS 2 0 0 0<br />
NOVA MORADA 4 0 1 0<br />
NOVO DELFINO 1 0 0 0<br />
PLANALTO 3 1 0 0<br />
RENASCENÇA 1 0 0 0<br />
RESIDENCIAL MONTE-VERDE 1 0 0 0<br />
SANTA EUGÊNIA 1 0 0 0<br />
SANTA RITA 1 0 0 0<br />
SANTOS REIS 4 0 0 0<br />
SÃO GONÇALO DO ABAETÉ - ZONA RURAL( 26 KM DE<br />
MONTES CLAROS)<br />
1 0 0 0<br />
SÃO JUDAS TADEU 2 0 0 0<br />
SATA RITA I 1 0 0 0<br />
SUMARÉ 1 0 0 0<br />
TANCREDO NEVES 1 0 0 0<br />
VILA ANTÔNO NARCISO 1 0 0 0<br />
VILA ATLÂNTIDA 16 3 1 0<br />
VILA ÁUREA 12 4 0 3<br />
VILA BRASÍLIA 1 0 0 0<br />
VILA CASTELO BRANCO 1 0 0 0<br />
VILA SÃO FRANCISCO DE ASSIS 5 0 0 0<br />
VILAGE DO LAGO II 5 1 0 0<br />
Fonte: Levantamento realizado pelo 7º BBM-4ªCIAPV -2013<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
23
Artigo Original<br />
Bela Paisagem, foram realizadas, no total, 05<br />
vistorias e 0 interdições. O percurso de atendimento<br />
a ocorrências foi de 2,3 Km, como ilustra as setas na<br />
FIG. 3.<br />
principalmente nas regiões mais atingidas pelos<br />
sismos, é necessário um levantamento estrutural<br />
mais específico das moradias, classificá-las<br />
estruturalmente, relacionando ao grau de risco a que<br />
estão submetidas, com relatórios conclusivos de um<br />
Responsável Técnico para adequações estruturais<br />
nas edificações daquela região.<br />
Fonte: http://maps.google.com.br/<br />
CONCLUSÃO<br />
24<br />
Neste trabalho foi observado que os tremores de<br />
terra danificaram 93 edificações, conforme<br />
levantamento apresentado pelo Corpo de<br />
Bombeiros. Os danos apresentados foram aumento<br />
de deformações existentes, geração de novas<br />
deformações e, nos casos mais graves, quedas de<br />
partes das estruturas.<br />
Baseando-se na pesquisa realizada, pode-se<br />
avaliar que a influência dos tremores nas estruturas<br />
de fundações de obras de engenharia civil existe, e o<br />
cálculo estrutural, principalmente para fundações,<br />
deverá passar por transformações. A tecnologia e a<br />
ciência surgem para elevar ao máximo o controle de<br />
nossas habilidades.<br />
Q u a n t o à s e d i f i c a ç õ e s e x i s t e n t e s ,<br />
REFERÊNCIAS<br />
ABNT – Associação Brasileira de Normas<br />
Técnicas - NBR- 6120: Cargas para o cálculo de<br />
estruturas de edificações – Procedimento. ABNT,<br />
Rio de Janeiro, 1980.<br />
ABNT – Associação Brasileira de Normas<br />
Técnicas- NBR- 8681: Ações e segurança nas<br />
estruturas – Procedimento. ABNT, Rio de Janeiro,<br />
2003.<br />
ABNT – Associação Brasileira de Normas<br />
Técnicas- NBR-6118: Projetos de Estrutura de<br />
Concreto – Procedimentos. ABNT, Rio de Janeiro,<br />
2002.<br />
ASSUMPÇÃO, Marcelo; BARBOSA, José<br />
Roberto; FARRAPO, Diogo; FILHO, Luis<br />
Galhardo; FRANÇA, George Sand; HUELSEN,<br />
Mônica; MOREIRA, Marcelo Fernandes;<br />
NASCIMENTO, Leandro do; SILVA,<br />
Francimilton Salustiano. Estudo dos tremores de<br />
terra de Montes Claros, MG, de 2012.<br />
Universidade de São Paulo (USP) e Universidade<br />
de Brasília (UnB). São Paulo. 11 mar. 2013.<br />
BRADY, Nyle C. Natureza e Propriedade dos<br />
Solos. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989.<br />
CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos solos e<br />
suas aplicações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.<br />
CONCEIÇÃO, Geo. Abalos sísmicos: Terremotos<br />
no Brasil. Disponível em:<br />
Acesso<br />
em: 10 jun. 2013<br />
CORREIA, Paulo de Barros. Origem dos<br />
terremotos no Nordeste. Disponível em:<br />
. Acesso em: 11 jun. 2013<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Disponível em: http://atibaiatudo.com.br/index.<br />
php?option=com_content&view=articl e&id=<br />
248:espeleologo-visita-a-serra-do-mel-e-analisaas-causas-dos-tremores&catid=3:brasil&<br />
Itemid<br />
=54, Acesso em 19 jun. 2013.<br />
Artigo Original<br />
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de<br />
concreto. São Paulo: Pini, 1994.<br />
Google Maps - ©2013 Google. Disponível em:<br />
Acesso em: 19 jun.<br />
2013.<br />
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B.da (Org.).<br />
Geomorfologia: uma atualização de bases e<br />
conceitos. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,<br />
2001.<br />
LESTUZZI, Pierino. Séismes et construction.<br />
Laussane: Presses polytechniques etuniversitaires<br />
romandes, 2008.<br />
LIMA, André (Org). O Direito para o Brasil<br />
socioambiental. Porto Alegre: Sergio Antônio<br />
Fabris Editor, 2002.<br />
OLIVEIRA, A.M.S.; BRITO, S.N.A. Geologia de<br />
Engenharia. São Paulo: ABGE, Oficina de<br />
Textos, 1998.<br />
PEREIRA, Marina; ODA, Michelly. Forte tremor<br />
de terra assusta moradores de Montes Claros.<br />
Disponível em: <br />
Acesso em: 10 jun. 2013<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
25
Artigo Original<br />
SISTEMA SOLAR PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA DO<br />
CHUVEIRO DE CASAS POPULARES NA CIDADE DE<br />
JANAÚBA, MINAS GERAIS, BRASIL<br />
OLIVEIRA, Amanda Alves de*; MIRANDA, Dalila Alves*; BATISTA, Érico Mateus*; SANTOS, Flávia Thaís Pereira*;<br />
SILVA, Jenny Efigênia*; MOURÃO, Sheila Abreu**; MOTA, Emerson Batista Ferreira ***<br />
*Discentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc. **Pós doutora em Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e<br />
Sorgo); Doutora em Fitotecnia (UFV); Mestre em Entomologia (UFV); Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ)<br />
e Graduada em Engenharia Agronômica pela UFV. Docente dos cursos de Engenharia Civil Engenharia de Produção das<br />
FIPMoc. ***Orientador: Especialista em Análise Matemática (UNIMONTES), Mestre em Educação Matemática (UAA) e<br />
Doutorando em Educação Matemática (UAA). Graduado em Matemática pela PUC-MINAS. Professor dos cursos de Engenharia<br />
Civil, Produção e Mecânica das FIPMoc e do curso de Matemática e Engenharia Civil UNIMONTES.<br />
RESUMO<br />
O projeto em questão propõe uma reflexão sobre a<br />
viabilidade da utilização da energia solar para<br />
aquecimento de água. O público-alvo participante<br />
deste estudo é formado por adultos, moradores no<br />
Condomínio Residencial Dona Lindu, na cidade de<br />
Janaúba-MG, que já possuem em suas residências o<br />
Sistema de Aquecimento Solar. Tem como suporte a<br />
pesquisa bibliográfica e a quantitativa de caráter<br />
exploratório, embasada nas entrevistas escritas, com<br />
questões objetivas versando sobre assuntos<br />
referentes às informações técnicas, utilização, pontos<br />
positivos e negativos do sistema. Formalizaram-se os<br />
resultados obtidos a fim de que os dados revelem o<br />
que é ou não realidade, e o que deve ser mantido ou<br />
modificado, mantendo a imparcialidade, a<br />
objetividade e o cuidado ético de respeitar a opinião<br />
do informante. Tendo em vista que a energia solar é<br />
uma das alternativas mais promissoras na atualidade<br />
no que se refere à redução de gastos e à<br />
sustentabilidade, uma vez que defende uma forma<br />
ecológica de produção de energia, este projeto irá<br />
colaborar com a sociedade, pois apresentará<br />
resultados que poderão incentivar a utilização do sol,<br />
que é uma fonte inesgotável de energia.<br />
P a l a v r a s - c h a v e : E n g e n h a r i a C i v i l .<br />
Sustentabilidade. Benefício.<br />
INTRODUÇÃO<br />
No atual cenário brasileiro, o uso dos<br />
aquecedores solares tem-se tornado cada vez mais<br />
comum e popular, tanto para a classe média como<br />
para a classe baixa, pois seus benefícios como o<br />
custo de energia é uma grande vantagem para todos,<br />
inclusive para o Brasil, que já adquire uma energia,<br />
alternativa e reduz os gastos.<br />
Em especial no Norte de Minas Gerais, a<br />
eficiência desse equipamento é ainda maior, pois o<br />
índice de radiação solar é muito alta; há lugares em<br />
que a água esquenta tanto que economiza até no gás<br />
de cozinha.<br />
A pesquisa tem por objetivo incentivar as<br />
pessoas a optarem pelo sistema de aquecimento<br />
solar, que apresenta um custo-benefício<br />
significativo, ao longo do tempo.<br />
Com isso, deve haver mais informações para<br />
que ocorra maior interesse na utilização dele. Por<br />
meio de integrais definidas no cálculo diferencial e<br />
integral II, é possível calcular o volume da água nos<br />
vários tipos de reservatórios, e esboçar essa relação<br />
por meio de gráficos.<br />
Portanto, essa pesquisa não tem como<br />
objetivo informar, mas também incentivar a<br />
população a utilizar esse sistema, assim como<br />
demonstrar a utilização da energia solar para o<br />
aquecimento da água, em casas populares na cidade<br />
de Janaúba – MG.<br />
26 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
MÉTODO<br />
A área escolhida para o desenvolvimento da<br />
pesquisa foi o município de Janaúba, situado no<br />
norte do Estado de Minas Gerais, denominada região<br />
da Serra Geral, de biomas caatinga e serrado. A<br />
cidade é, hoje, a maior produtora de banana de toda a<br />
nação, sendo responsável pelo abastecimento de<br />
banana para todo o mundo.<br />
Este projeto de pesquisa de campo quantitativa<br />
de caráter exploratório foi elaborado mediante<br />
questionários feitos pelos alunos do 2º período<br />
matutino do curso de Engenharia Civil das FIPMoc,<br />
para um grupo amostral de pessoas adultas, com<br />
idade acima de 18 anos e moradoras do Condomínio<br />
Residencial Dona Lindu, que são as casas populares<br />
de Janaúba - MG, no qual todas as casas possuem<br />
aquecedores solares. Cada casa possui cinco<br />
cômodos, além de uma área verde, área de lazer e<br />
vias pavimentadas. A FIG. 1 mostra a localidade do<br />
Condomínio Residencial Dona Lindu situado em<br />
Figura 1 - Localização do Condomínio Residencial Dona Lindú<br />
Fonte: http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=-15.857738&lon=-43.312783&z=14&m=b&permpoly=24751803<br />
Janaúba provenientes do sol, Aita (2006, p.1) afirma, sobre o<br />
Ȧlém do questionário aplicado no dia 11 de grande desenvolvimento tecnológico, o aumento<br />
maio de 2013 aos moradores, avaliando o índice de populacional e a crescente necessidade humana de<br />
aceitação do aquecedor solar, o assunto também foi utilização de energia, que o meio ambiente poderá<br />
discutido com os engenheiros responsáveis pela sofrer um grande desequilíbrio, com inundações e<br />
obra das casas e da instalação do aquecedor. desmatamentos para a construção de hidrelétricas;<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
contudo, a energia solar usada para o aquecimento<br />
de água é tomada como mais vantajosa, tanto<br />
Nessa perspectiva, sabendo que a energia solar<br />
ecológica quanto financeiramente. Assim, a energia<br />
ocorre através da captação da energia luminosa,<br />
do sol, sendo limpa e gratuita, contribuirá para a<br />
energia térmica, bem como suas combinações<br />
estabilidade da enorme demanda energética global.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
27
Artigo Original<br />
Figura 2 - Projeto construção das casas populares com a instalação do aquecedor solar<br />
Fonte: Prefeitura Municipal de Janaúba ou Construtora Realiza<br />
Após a tabulação dos dados do questionário<br />
feito aos moradores, pôde-se, por meio de gráficos e<br />
de tabelas, expor todos os resultados, sendo de fácil e<br />
rápida interpretação por parte do público-alvo,<br />
concluindo se é recomendável sua instalação ou não,<br />
assim como o GRAF. 1 representa.<br />
Gráfico 1 - Percentagem de entrevistados que<br />
recomendam e não recomendam aquecedor solar<br />
instalados nas casas do Condomínio residencial<br />
Dona Lindu , em Janaúba, MG.<br />
NÃO: 11%<br />
SIM: 89%<br />
De acordo com os questionários aplicados aos<br />
moradores das casas populares da cidade de Janaúba<br />
– MG, os aquecedores solares, para a grande parte<br />
dos moradores, são recomendáveis, pois a economia<br />
não é vista somente na energia elétrica, mas também<br />
no gás utilizado na cozinha, uma vez que, com a<br />
água muito quente, algumas pessoas levam<br />
diretamente a água do chuveiro para fazer café. Dos<br />
18 questionários aplicados nas 476 residências, e<br />
com população acima de duas mil pessoas, 16<br />
recomendam e 2 não recomendam essa prática.<br />
“O Brasil, por ser um país de dimensões<br />
continentais e possuir grande parte de sua área<br />
distribuída na região dos trópicos, apresenta elevada<br />
disponibilidade de radiação solar.” (AITA, 2006, p.<br />
16).<br />
Devido ao fato de Janaúba ser uma região<br />
semiárida, de temperatura elevada, os dois<br />
moradores que não recomendam o aquecedor solar<br />
reclamaram pelo motivo de a água sair muito quente,<br />
28<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
podendo causar pequenas queimaduras, mas esse<br />
problema pode ser resolvido facilmente, uma vez<br />
que cada casa possui reguladores dos aquecedores,<br />
tendo uma torneira da qual sai água do reservatório<br />
solar, e outra da qual sai água da caixa d'água, que<br />
normalmente é fria.<br />
Bezerra (1998 apud SIQUEIRA, 2009, p.6)<br />
relata que a variação da distância Terra-Sol,<br />
influencia no fluxo de radiação que nosso planeta<br />
recebe do Sol, com diferença de aproximadamente<br />
3%. Assim, no início de janeiro, a Terra está mais<br />
próxima do Sol, no início de julho, essa distância<br />
cresce pra 3,3%, por isso a radiação chega a terra 7%<br />
menor. Para que haja um melhor aproveitamento da<br />
radiação solar, devemos ter uma atenção especial na<br />
montagem do sistema de aquecimento, para que seja<br />
absorvida ao máximo essa energia.<br />
Para Nogueira e Domingues (2007, p.3),<br />
devem-se levar em consideração vários requisitos na<br />
hora da montagem do sistema de aquecimento,<br />
assim como o cálculo de água quente e do número de<br />
placas solares; e também a escolha de materiais de<br />
boa qualidade para a confecção do coletor e<br />
reservatório. Considerando-se o número de<br />
residentes da casa e o tipo de atividade a que a água<br />
quente será submetida, pode-se obter a quantidade<br />
de água necessária para uso diário. De acordo com os<br />
autores, para que haja aproveitamento máximo da<br />
energia solar, o ângulo de inclinação dos coletores<br />
deve ser a latitude do local somado a quinze graus;<br />
assim, as placas receberão radiação o dia inteiro.<br />
A melhor posição para a instalação deve ser num<br />
local que fica permanentemente exposto ao Sol.<br />
Segundo Scolaret al.(2003), “os dados da irradiância<br />
solar direta e global para a superfície horizontal, e da<br />
total em um plano inclinado igual à latitude local<br />
(20º)” . Considerando que o aquecedor solar tenha<br />
forma retangular, sua base deve ser paralela ao eixo<br />
leste oeste geográfico e perpendicular ao eixo norte e<br />
sul. Dessa maneira, o aquecedor solar receberá uma<br />
incidência maior dos raios de sol durante o dia, uma<br />
vez que o sol nasce ao leste e se põe ao oeste.<br />
No tocante à economia dos usuários com gastos<br />
de energia, não foi possível contabilizar o valor, uma<br />
vez que, desde a construção das casas o sistema de<br />
aquecedor solar foi instalado. Entretanto, nota-se<br />
que há uma preferência por esse sistema de<br />
aquecimento, pois todos os entrevistados<br />
informaram que utilizam a energia elétrica somente<br />
p a r a a s o u t r a s f i n a l i d a d e s , c o m o e m<br />
eletrodomésticos e eletrônicos, não sendo usada no<br />
chuveiro. Assim, evitam esse gasto que, certamente,<br />
iria impactar bastante no valor da fatura.<br />
Segundo Duffie e Beckman (1980 apud<br />
SIQUEIRA, 2009, p.22), para que haja uma melhor<br />
absorção e aproveitamento da radiação solar, os<br />
materiais dos coletores solares devem ter alta<br />
transmissão e boa absorção de energia. O que ocorre<br />
muitas vezes é a perda de calor por conta da<br />
convecção e condução de calor, sendo ideal que a<br />
emissão de energia pelo sistema seja a mais baixa<br />
possível.<br />
Ao serem questionados sobre a falta de água<br />
quente no inverno, 94% dos entrevistados<br />
informaram que esse fato não ocorre, pois, até<br />
quando está chovendo a água do reservatório não<br />
esfria. Dessa forma, é notável a preferência dos<br />
usuários pelo sistema de aquecimento solar.<br />
Segundo eles, além de economizar na conta de<br />
energia, também há economia no gás de cozinha,<br />
devido à água quente proveniente do aquecedor.<br />
Segundo Dantas; Carvalho e Castro Neto (2013,<br />
p.2), para armazenar água quente para a noite e a<br />
manhã do dia seguinte, deve-se observar o<br />
deslocamento do sol durante o dia. Assim, a<br />
instalação dos coletores deve estar mais voltada para<br />
oeste (pôr do sol), porém a exposição norte tem que<br />
ser maior. Por isso, a inclinação de melhor captação<br />
de energia solar diária e anual é a noroeste.<br />
Siqueira (2003, p.17) relata que, na atualidade,<br />
existe uma infinidade de programas de simulação de<br />
sistemas de aquecimento de água operando por<br />
energia solar, contudo eles têm diferenças<br />
significativas quanto à precisão, o custo, os objetivos<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
29
Artigo Original<br />
e os métodos de avaliação. Não é possível citar todos<br />
esses programas, pois muitos estão disponíveis<br />
apenas ao meio acadêmico, não tendo divulgação;<br />
outros, ainda, não estão concluídos totalmente ou<br />
são específicos para um tipo restrito de instalação.<br />
Lima (2003 apud SIQUEIRA, 2009, p.21)<br />
otimizou projetos de sistemas de aquecimento solar<br />
de água em edificações residenciais, utilizando o<br />
programa TRNSYS, que utiliza uma rotina de<br />
simulação numérica em longo prazo em regime<br />
transciente fornecendo como resultados a inclinação<br />
e a área da placa coletora que resulta no mínimo<br />
custo, ao longo da vida útil do equipamento.<br />
Siqueira (2003, p.1) conota que o sistema solar<br />
de aquecimento de água (SSAA) é operado por<br />
termossifão, autorregulado, não havendo<br />
necessidade de controles, sendo o mais simples<br />
possível, composto apenas por placas solares,<br />
reservatório térmico e tubulações hidráulicas, tendo<br />
em vista a não utilização de bomba para fazer a<br />
circulação da água nos canos, sendo conhecido<br />
também como sistema com circulação natural.<br />
Contudo, para que aconteça toda a “mágica” é<br />
necessário de que o reservatório esteja acima do<br />
nível dos coletores, permitindo, assim, a circulação<br />
natural. A FIG 3. ilustra esse tipo de aquecedor.<br />
Figura 3 - Sistema completo de aquecimento de água para uso residencial e ou industrial.<br />
30 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
Os sistemas de aquecimento são geralmente<br />
constituídos por mais de um coletor, ligados<br />
geralmente em paralelo, trabalhando em regime de<br />
termossifão ou fluxo forçado, sendo a primeira<br />
opção a mais empregada; por um armazenador<br />
térmico, geralmente de cobre ou inox, e de tubos<br />
para a condução de calor, geralmente o CPVC<br />
(copolímero vinílico). Tais sistemas são de preço<br />
ainda relativamente alto, não estando acessível à<br />
maioria da população. Para uma residência com<br />
quatro pessoas, o sistema fica em torno de R$<br />
3.000,00. (Costa, 2007, p.2)<br />
De acordo com a empresa Pantho Industrial<br />
Ltda., sediada em Belo Horizonte, desde 1976:<br />
MEDIDAS MÁXIMAS E MÍNIMAS A SEREM<br />
OBSERVADAS:<br />
â = INCLINAÇÃO DO COLETOR SOLAR COM<br />
A HORIZONTAL:<br />
Mínima = 42% ou 25º<br />
Ideal = 70% ou 35º<br />
Máxima = 115% ou 53º<br />
Y = DESNÍVEL ENTRE A BASE DA CAIXA<br />
D'ÁGUA FRIA E O TOPO DO RESERVATÓRIO<br />
TÉRMICO:<br />
Recomendamos: 15 centímetros.<br />
Máximo: 5,00 m.c.a. (metros de coluna d'água) do<br />
eixo do reservatório térmico ao extravasor (ladrão).<br />
CONCLUSÃO<br />
Baseado no instrumento de coleta de dados em<br />
forma de questionário, com pesquisa de campo bem<br />
definida e revisão bibliográfica como aporte teórico,<br />
chegou-se à conclusão de que a utilização de sistema<br />
solar de aquecimento de água reduziu<br />
consideravelmente o consumo de energia<br />
hidrelétrica nas residências das famílias<br />
entrevistadas.<br />
Apesar de o custo de aquisição do sistema solar<br />
ainda situar-se em um patamar alto, sua utilização<br />
em longo prazo certamente equilibra a equação<br />
custo-benefício, pois há uma redução significativa<br />
no consumo de energia hidrelétrica.<br />
No mesmo sentido, considerando os aspectos<br />
ambientais envolvidos e levando em conta a posição<br />
geográfica brasileira favorável à captação de<br />
radiação solar, a utilização dessa energia limpa é,<br />
sem sombra de dúvida, uma iniciativa que deve sair<br />
do papel de projetos e ser realizada, tanto pela<br />
sociedade civil quanto pelo governo.<br />
Vale ressaltar que a falta de estímulo e o alto<br />
custo dos equipamentos só reforçam que a cultura<br />
brasileira não está voltada para o desenvolvimento<br />
sustentável. É necessário, nesse aspecto, que se<br />
encare com mais seriedade o assunto, para que a<br />
utilização de energia solar passe a ser um hábito do<br />
brasileiro, em vez de ser uma prática inusitada, como<br />
é vista atualmente.<br />
Por atender uma população com baixo poder<br />
aquisitivo, da cidade de Janaúba, o projeto de<br />
aquecedores solar nas casas populares representa<br />
um grande avanço e de relevante benefício. Os<br />
custos provenientes da instalação dos equipamentos<br />
necessários foram compensados. Além do impacto<br />
ambiental que essa ação representa, a redução na<br />
taxa com gasto de energia também pode ser<br />
considerada, porque o chuveiro representa um<br />
consumo muito grande de energia e, ainda que os<br />
moradores já tenham recebido as casas com a<br />
instalação dos aquecedores e não tenham notado de<br />
fato a redução dessa taxa, eles sabem que, caso não<br />
tivessem aquecedor solar, teriam maiores despesas<br />
no orçamento familiar.<br />
REFERÊNCIAS<br />
AITA, Fernando. Estudo do desempenho de um<br />
sistema de aquecimento de água por energia<br />
solar e gás. 2006, 128 f. Dissertação (Mestrado<br />
em engenharia mecânica) – Universidade Federal<br />
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
31
Artigo Original<br />
Artigo da CEMIG Disponível em:<br />
<br />
Acesso em: 14 maio 2013.<br />
COSTA, R. N. A. Viabilidades térmica,<br />
econômica e de materiais de um sistema solar<br />
de aquecimento de água a baixo custo para fins<br />
residenciais. 2007, 78 f. Dissertação (Mestrado<br />
em engenharia mecânica) – Universidade Federal<br />
do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.<br />
CERVO, A.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R.<br />
Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson<br />
Prentice Hall, 2007.<br />
CORSATTO, C. E. et al. Normas para<br />
elaboração de dissertações. Janaúba:<br />
UNIMONTES, 2007.<br />
DANTAS, A. A. A.; CARVALHO, L.G.; CASTRO<br />
NETO, P. Radiação solar: aproveitamento da<br />
radiação solar. Universidade Federal de Lavras –<br />
Departamento de engenharia núcleo de<br />
agrometeorologia e climatologia. Disponível<br />
em:. Acesso em:<br />
19 mar. 2013.<br />
NOGUERIA, R. C.; DOMINGUES, E. T.<br />
Aquecedor solar com material reciclável: um<br />
desafio a ser vencido. In: CONGRESSO DE<br />
PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE<br />
NORDESTE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA.<br />
2. , 2007, João Pessoa.<br />
SCOLAR, J; MARTINS, D; ESCOBEDO, J. F.<br />
Estimativa da irradiação total sobre uma superfície<br />
inclinada a partir da irradiação global na<br />
horizontal. Revista Brasileira de Geofísica, v. 21,<br />
p. 249-258, 2003.<br />
SIQUEIRA, A. M. O. Desenvolvimento de um<br />
programa de simulação computacional de<br />
sistemas de aquecimento solar para água. 2003,<br />
147f. Tese (Doutor em engenharia) –<br />
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto<br />
Alegre, 2003.<br />
SIQUEIRA, D. A. Estudo de desempenho do<br />
aquecedor solar de baixo custo. 2009, 143 f.<br />
Dissertação (Mestrado em engenharia química) –<br />
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,<br />
2009.<br />
32<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE VETORES NA<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
BARRETO, Anna Carolina de Sousa*; ANDRADE, Maria Eduarda Silva*; BRAGA, Marianne Rodrigues*; GOMES, Melissa<br />
Miriam Martins*; CARDOSO, Silvia Cibelle Silva*; LEITE, Thais Cunha*; PINHO, Thamires Araújo*; COSTA JUNIOR,<br />
Antonio Carlos Moreira da**.<br />
*Discentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc; **Mestre em Administração pela UNIPEL, coordenador do curso de<br />
Engenharia Civil da FIPMoc, RT do laboratório de materiais de construção FIPMoc, diretor - Pactum Engenharia Ltda e diretor<br />
da Construtoria, empresa de gestão em engenharia e arquitetura.<br />
RESUMO<br />
É recorrente estudantes do curso de Engenharia<br />
Civil se perguntarem, principalmente no início do<br />
curso, qual será a utilidade dos conteúdos de<br />
Geometria Analítica em sua atuação profissional.<br />
Este trabalho visa evidenciar a importância do uso<br />
de vetores na construção civil, desde conceitos<br />
básicos, importantes para a compreensão do<br />
conteúdo, até as principais utilidades no cotidiano de<br />
um Engenheiro Civil. Através da utilização de um<br />
questionário aplicado a alguns profissionais da área,<br />
buscou-se verificar quais conteúdos de Geometria<br />
Analítica são mais utilizados por eles, e em quais<br />
situações precisam, especificamente, dos conceitos<br />
de vetores. Após a análise dos resultados, concluiuse<br />
que a Geometria Analítica e a Álgebra Linear são<br />
matérias de grande importância na fase acadêmica,<br />
principalmente ao se tratar da estimulação do<br />
raciocínio lógico, bem como na vida profissional,<br />
como no dimensionamento de vigas e treliças,<br />
reações de apoio, cálculo de resistência de materiais,<br />
desenvolvimento de softwares e localização do<br />
centro de gravidade. Entretanto, durante as<br />
entrevistas foi relatado pelos engenheiros que, na<br />
maioria das vezes, essas aplicações não estão tão<br />
presentes, já que existem softwares especializados<br />
que realizam essas tarefas com uma margem mínima<br />
de erro.<br />
Palavras-chave: Geometria Analítica. Álgebra<br />
Linear. Ciências exatas.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O estudo de vetores, na disciplina de Álgebra<br />
Linear, é uma das responsabilidades atribuídas aos<br />
estudantes do primeiro período de Engenharia Civil.<br />
Esse tema representa a base para a construção civil,<br />
sendo, então, extremamente importante para os<br />
profissionais da área no mercado de trabalho.<br />
Estudá-lo significa capacitar os futuros<br />
engenheiros, bem como garantir o desenvolvimento<br />
da construção civil, principalmente em países em<br />
que seja precária, como o Brasil.<br />
De acordo com Dias (2010), o estudo da<br />
Álgebra Linear é considerado importante para o<br />
pleno domínio da linguagem matemática, razão pela<br />
qual foi incorporada em cursos de ciências exatas.<br />
Uma de suas aplicações se dá na criação de<br />
softwares especializados para a construção civil.<br />
Além disso, é utilizado para operações com<br />
matrizes, a fim de resolver os problemas de<br />
estruturas metálicas.<br />
Ainda segundo o autor, durante estudos de<br />
geometria é comum encontrar problemas sobre o<br />
centro de gravidade dos objetos, o qual tem sido<br />
imprescindível em áreas como a Engenharia Civil.<br />
Para determinar o centro de gravidade das<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
33
Artigo Original<br />
estruturas, faz-se necessário o estudo da Álgebra<br />
Linear, uma vez que os problemas serão formulados<br />
a partir de equações lineares.<br />
O objetivo deste estudo é evidenciar o uso de<br />
vetores na Engenharia Civil. A pesquisa<br />
caracterizou-se como um estudo de profissionais da<br />
área na cidade de Montes Claros - MG e região.<br />
Além da realização da pesquisa de campo, análise e<br />
coleta de dados e informações, realizaram-se,<br />
também, pesquisas bibliográficas.<br />
MÉTODO<br />
Na primeira fase deste estudo, realizou-se uma<br />
pesquisa, com abordagem qualitativa, de objetivos<br />
exploratórios e com procedimentos de revisão<br />
bibliográfica, contextualizando os princípios<br />
básicos do conteúdo de vetores e abrangendo desde<br />
conceitos importantes até suas aplicações.<br />
Posteriormente, tendo como base essa<br />
pesquisa inicial, trabalhou-se com uma pesquisa<br />
quantitativa, utilizando a aplicação de um<br />
questionário como método de instrumento de coleta<br />
de dados, para verificar, junto a engenheiros civis,<br />
quais desses conteúdos têm maior utilidade prática<br />
em sua vida profissional.<br />
Para tanto, entrevistaram-se doze<br />
engenheiros, sendo oito deles da cidade de Montes<br />
Claros (MG), dois de Pirapora (MG), um de<br />
Bocaiuva (MG) e um de Belo Horizonte (MG).<br />
Após a entrevista, analisaram-se graficamente os<br />
dados coletados para quantificar as respostas e<br />
elaborar as conclusões.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
O trabalho, realizado através de entrevistas e<br />
pesquisas a respeito das atribuições da disciplina de<br />
Geometria Analítica na Engenharia Civil, permite<br />
visualizar a grande importância da disciplina para a<br />
eficiência das construções, bem como o grau de<br />
utilização de cada um dos conteúdos, em especial<br />
aqueles ministrados no primeiro período do curso.<br />
A partir das respostas dos engenheiros civis<br />
obtidas pelo questionário, construiu-se o GRAF. 1:<br />
Gráfico 1 - No período total de execução de uma<br />
obra, você considera importante a Geometria como<br />
ferramenta na Construção Civil ?<br />
À vista do GRAF. 1, contata-se que a maioria<br />
dos engenheiros entrevistados (86%) admite a<br />
importância da Geometria Analítica como<br />
ferramenta na Construção Civil no período total de<br />
execução de uma obra. Apenas 14% dos profissionais<br />
não consideram essa disciplina essencial em suas<br />
atividades.<br />
Não<br />
Quando indagados sobre quais as principais<br />
formas e ferramentas geométricas utilizadas no<br />
trabalho, o engenheiro Gil S. Rocha respondeu que<br />
era “[...] o teorema de Pitágoras, para definição de<br />
eixos ortogonais, cálculo de planos inclinados para<br />
definição de vão e área de cobertura”. O engenheiro<br />
Geraldo respondeu:<br />
14%<br />
86%<br />
Sim<br />
Aplicamos com frequência o teorema de<br />
Pitágoras. Utilizamos o esquadro como<br />
ferramenta para marcação e locação das obras,<br />
mangueiras de nível, teodolito, prumo, linhas de<br />
nylon e outras ferramentas. A geometria é de<br />
extrema importância na execução de uma obra.<br />
Fazemos cálculos de áreas e volumes<br />
constantemente.<br />
34<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
O GRAF. 2 também foi montado a partir das<br />
respostas dos engenheiros civis no questionário.<br />
Gráfico 2 – Quais desses conhecimentos de<br />
Geometria Analítica e Álgebra Linear você utiliza<br />
em sua área de atuação ?<br />
10%<br />
10%<br />
25%<br />
10%<br />
10%<br />
10%<br />
10%<br />
15%<br />
Determinantes<br />
Vetores no R3<br />
Operações com matrizes<br />
Nenhum<br />
Sistemas de equações lineares Não soube responder<br />
Vetores no R2<br />
Outros<br />
O GRAF. 2 trata de alguns dos principais<br />
conteúdos das disciplinas de Geometria Analítica e<br />
Álgebra Linear. Dos entrevistados, 10% afirmaram<br />
utilizar determinantes, 10% em operações com<br />
matrizes, 15% em sistemas de equações lineares,<br />
10% em vetores no R2, 10% em vetores no R3. Além<br />
disso, 10% dos entrevistados não souberam<br />
responder, 10% afirmaram utilizar outros conteúdos<br />
e 25% alegaram não utilizar nenhum dos itens<br />
citados no questionário na execução de obras.<br />
Além dos dados obtidos por meio da<br />
entrevista, o uso de vetores foi amplamente<br />
pesquisado, por se tratar de um conteúdo<br />
considerado base para a Engenharia Civil na<br />
contemporaneidade.<br />
Os dimensionamentos de vigas e treliças, os<br />
quais envolvem conceitos de força e carregamentos,<br />
são exemplos de aplicações práticas dos vetores na<br />
construção civil, assim como as reações de apoio,<br />
cálculo da resistência de materiais, desenvolvimento<br />
de softwares, e criação de formas de sustentação<br />
para determinadas estruturas.<br />
A Álgebra Linear também possui diversas<br />
aplicações, dentre as quais destacamos a criação de<br />
programas de computadores, resolução de<br />
problemas físicos através de equações algébricas, e<br />
determinação do centro de gravidade com equações<br />
lineares.<br />
Antes de evidenciar o uso de vetores na<br />
construção civil, é importante conhecer alguns<br />
conceitos básicos.<br />
De acordo com Caroli, Callioli e Feitosa<br />
(1984), um segmento orientado equipolente<br />
determina um vetor, que é um par ordenado de<br />
pontos, nos quais o primeiro se chama origem, e o<br />
segundo, extremidade. Vetores equipolentes são<br />
aqueles que possuem mesmo módulo, direção e<br />
sentido.<br />
Segundo Steinbruch e Winterle (1987), um<br />
único vetor nulo, ou vetor zero, é determinado por<br />
segmentos nulos, que são equipolentes entre si, e o<br />
versor de um vetor não nulo é sempre unitário e no<br />
mesmo sentido desse vetor. Vetores colineares são<br />
aqueles que possuem a mesma direção, ou seja,<br />
pertencem a uma mesma reta ou a retas paralelas.<br />
Para Streinbruch (1987), vetores coplanares são os<br />
que possuem representação em um mesmo plano, e<br />
dois vetores são ortogonais quando formam um<br />
ângulo reto entre si,e seu produto é nulo (1987).<br />
Julianelli (2008) descreve que um par<br />
ordenado é definido por (A, B), e o (B, A) é o seu<br />
segmento orientado oposto. O sentido positivo do<br />
segmento é determinado pelo sentido que o eixo a<br />
que ele pertence possui. Um segmento nulo é aquele<br />
cuja extremidade é da mesma que a origem, por<br />
exemplo: (A, A).<br />
"O conceito de vetor, assim como as operações<br />
e propriedades estudadas no R², são válidas também<br />
para o espaço R³".s Julianelli (2008).<br />
A utilização de vetores na Engenharia Civil<br />
t e m s i d o d e g r a n d e i m p o r t â n c i a n a<br />
contemporaneidade, uma vez que pode integrar<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
35
Artigo Original<br />
diversos assuntos, como dimensionamento de vigas<br />
e treliças, os quais envolvem conceitos de força e<br />
carregamentos; reações de apoio, cálculo da<br />
resistência de materiais e desenvolvimento de<br />
softwares, como o AutoCAD e o Sketchup. Também<br />
pode ter sua aplicação associada à força no cálculo<br />
da tração de uma treliça, coluna, vigas e cabos,<br />
criando formas de sustentação para determinadas<br />
estruturas, construção de um pavimento<br />
automobilístico - calculando a inclinação de uma<br />
curva e a velocidade máxima permitida em<br />
determinado ponto do trajeto.<br />
A Álgebra Linear possui diversas aplicações.<br />
Algumas delas são: a criação de sofisticados<br />
programas de computadores; a resolução de<br />
problemas físicos através de equações algébricas; a<br />
determinação do centro de gravidade com equações<br />
lineares; entre outras.<br />
Segundo Jacob (1997) “[...] a Álgebra Linear é<br />
usada muito fortemente em Engenharia Estrutural.<br />
[...]. A análise de uma estrutura em equilíbrio<br />
envolve anotar muitas equações em incógnitas.<br />
Muitas vezes, essas equações são lineares, mesmo<br />
quando a deformação do material é considerada”.O<br />
autor ainda afirma que este é exatamente o tipo de<br />
situação para a qual a Álgebra Linear é a melhor<br />
técnica.<br />
Primeiramente, recorre-se ao conceito físico<br />
do problema em questão, para depois utilizarmos<br />
uma notação matricial dos vetores. Possuindo os<br />
valores dos vetores dos pesos e dos centros de<br />
gravidades individuais de cada corpo, com o produto<br />
de suas matrizes, obtemos o centro de gravidade<br />
global, como demonstrado na FIG. 1.<br />
[...] A peça de peso maior é um compensado na<br />
forma de um triângulo equilátero de 28.5 cm de<br />
lado. Os pesos foram posicionados internamente<br />
à base triangular, o que levou à redução<br />
simétrica do seu lado efetivo para 21.6 cm.<br />
Devido à homogeneidade da plataforma, é<br />
conveniente escolher a medida interna e<br />
desprezar o corte externo. Portanto, o cálculo é<br />
feito como se a base triangular fosse de 21.6 cm.<br />
Figura 1 - Maquete da plataforma sustentada pelo<br />
seu ponto de equilíbrio (um prego).<br />
Fonte : DIAS, Magno B. et al. Vetor Centro de Gravidade:<br />
uma aplicação da Álgebra Linear na Engenharia Civil.<br />
RCTVM, 2010.<br />
Primeiramente, buscou-se o equilíbrio da<br />
estrutura por tentativa; encontramos, assim, após<br />
algum tempo, vários pontos de equilíbrio ao redor de<br />
uma dada região definida pela seguinte coordenada:<br />
C'(x,y) = (12.7, 6.1).<br />
Depois, utilizaram-se as coordenadas da base<br />
triangular dada; procedendo com o cálculo,<br />
encontramos:<br />
Desse modo, mostra-se, através da existência<br />
do centro de gravidade, que é possível o equilíbrio de<br />
uma estrutura através de um segmento orientado<br />
sobre um ponto (vetor), cuja localização é muito útil<br />
em estudos que visam estabelecer a resistência dos<br />
materiais que irão apoiá-la neste ou ao redor deste<br />
ponto.<br />
Diantes dos dados e das informações<br />
apresentadas, conclui-se que é inegável a<br />
contribuição da Geometria Analítica para<br />
36 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
profissionais da construção civil. O estudo de tal<br />
conteúdo, associado à Álgebra Linear, garante<br />
benefícios significativos nessa área, tão precária no<br />
Brasil.<br />
Makron Books, 1987.<br />
WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria<br />
Analítica. São Paulo: Pearson Makron Books,<br />
2000.<br />
CONCLUSÃO<br />
Após a análise dos resultados, pode-se<br />
concluir que o conteúdo de vetores possui grande<br />
importância na Construção Civil, tanto no<br />
dimensionamento de vigas e treliças, quanto em<br />
reações de apoio, cálculo de resistência de materiais,<br />
desenvolvimento de softwares, localização do<br />
centro de gravidade, dentre outras aplicações.<br />
Contudo, durante as entrevistas com engenheiros,<br />
foi unânime a observação de que, mesmo com toda a<br />
importância, o conteúdo de vetores, junto a outros<br />
conteúdos da Geometria Analítica e do Cálculo, tem<br />
maior utilidade para a estimulação do raciocínio<br />
rápido e lógico necessário na vida profissional, não<br />
estando tão presente no dia a dia do Engenheiro<br />
Civil, já que, segundo os entrevistados, existem<br />
softwares que realizam essas aplicações, quando<br />
necessário.<br />
REFERÊNCIAS<br />
CAMARGO, Ivan de; BOULOS, Paulo.<br />
Geometria Analítica. 3. ed. São Paulo: Prentice<br />
Hall, 2005.<br />
CAROLI, Alésio de; CALLIOLI, Carlos A.;<br />
FEITOSA, Miguel O. Matrizes, vetores,<br />
geometria analítica: teoria e exercícios. São<br />
Paulo: Nobel, 1984.<br />
DIAS, Magno B. et al. Vetor Centro de<br />
Gravidade: uma aplicação da Álgebra Linear na<br />
Engenharia Civil. RCTVM, 2010.<br />
JULIANELLI, José Alberto. Cálculo Vetorial e<br />
Geometria. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,<br />
2008.<br />
STREINBRUCH, Alfredo; WINTERLE, Paulo.<br />
Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo: Pearson<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
37
Artigo Original<br />
ANÁLISE DAS TENSÕES OCORRIDAS EM EDIFICAÇÕES<br />
SUBMETIDAS A ABALOS SÍSMICOS NO MUNICÍPIO DE<br />
MONTES CLAROS-MG<br />
MOTA, Alisson Frederico Piranga*; SOUZA, Bruna Larissa Freire*; XAVIER, Érick Samuel Lourenço*; SILVA,<br />
*;<br />
Fabiano*; ALMEIDA, Miguel*; BRAGA, Tatiana Silva*; AGUIAR, Thiago Willer Teixeira de ; COSTA JUNIOR,<br />
Antonio Carlos Moreira da<br />
**<br />
* **<br />
Docentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc. Graduado em Engenharia Civil pela FUMEC, MBA em<br />
gestão empresarial pela FGV, mestre em administração pela Unipel. Coordenador do curso de Engenharia Civil das<br />
FIPMoc, RT do laboratório de materiais de construção FIPMoc<br />
RESUMO<br />
No município de Montes Claros têm ocorrido alguns<br />
abalos sísmicos que antes eram infrequentes, com<br />
algumas consequências para as construções dessa<br />
cidade. Visando isso, fez-se necessário avaliar a<br />
importância da disciplina Resistência dos Materiais<br />
na verificação dos tipos de tensões ocorridas nas<br />
edificações, a partir das solicitações pelos abalos<br />
sísmicos ocorridos em Montes Claros-MG. Para<br />
atingir esse objetivo, foi feita uma pesquisa em<br />
artigos, documentos e noticiários, obtendo<br />
informações sobre o assunto abordado. Foram<br />
utilizadas, também, algumas ilustrações<br />
pressupondo a situação de uma edificação antes e<br />
depois do abalo sísmico, relacionando à capacidade<br />
do material a resistir a determinadas cargas.<br />
Observou-se que o abalo sísmico ocasiona<br />
determinadas tensões na estrutura, tais como: tração,<br />
compressão, cisalhamento e flexão. Essas tensões<br />
podem deformar uma estrutura de forma visível,<br />
dependendo da resistência do material e da carga<br />
solicitada. Com essa pesquisa, percebeu-se que a<br />
disciplina Resistência dos Materiais é muito útil na<br />
análise dos tipos de tensões que o abalo sísmico pode<br />
proporcionar nas edificações, pois ela proporciona o<br />
estudo das tensões bem como, de suas aplicações<br />
práticas.<br />
Palavras-chave: Construções. Resistência. Cargas.<br />
Deformação.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O abalo sísmico é um fenômeno ambiental<br />
muito comum em alguns países, ocorrendo,<br />
geralmente, devido à acomodação das placas<br />
tectônicas, que, ao se chocarem, geram uma<br />
movimentação na estrutura local. De acordo com a<br />
professora de Geografia Conceição (Geo –<br />
Conceição, 2012), alguns abalos sísmicos também<br />
podem ser causados por atividades vulcânicas, ou<br />
falhas geológicas de origem natural ou induzidas.<br />
“Os sismos induzidos são basicamente<br />
resultado da ação do homem. Originam-se de<br />
explosões, extração de minérios, de água ou fósseis,<br />
ou até mesmo por queda de edifícios; entretanto, a<br />
intensidade apresentada é bastante inferior a dos<br />
terremotos tectônicos.” (Só Geografia)<br />
No município de Montes Claros, têm ocorrido<br />
alguns abalos sísmicos, que antes eram incomuns. A<br />
causa desses abalos ainda não é de total<br />
conhecimento, porém sabe-se que a cidade<br />
apresenta algumas falhas geológicas, como mostram<br />
estudos feitos no local. Devido a esses abalos<br />
sísmicos, deu-se a necessidade de tomar<br />
conhecimento sobre as consequências que geraram<br />
ou podem gerar nas edificações presentes no<br />
38 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
município.<br />
“Entre as consequências de um abalo sísmico,<br />
citam-se: vibração do solo com intensidade variada,<br />
abertura de falhas, deslizamento de terra, tsunâmis,<br />
mudanças na rotação da Terra. As consequências de<br />
um abalo sísmico normalmente acarretam efeitos<br />
nocivos ao homem, como ferimentos, mortes,<br />
prejuízos financeiros e sociais, desabamentos de<br />
construções, destruição, entre outros.” (Só<br />
Geografia)<br />
O presente projeto tem o intuito de aprimorar<br />
os conhecimentos no tocante a abalos sísmicos em<br />
Montes Claros, visando suas consequências diretas<br />
nas edificações, através da análise das tensões nelas<br />
causadas. Busca-se,assim, identificar os métodos e<br />
materiais que podem ser utilizados na construção<br />
civil, para garantir segurança aos moradores,<br />
preservando suas residências.<br />
A escolha do tema proposto deve-se a<br />
necessidade de estudar sobre os abalos sísmicos<br />
presentes na cidade de Montes Claros/MG, uma vez<br />
que esse fenômeno atinge, de forma notória, as<br />
construções ali localizadas, como também, em seu<br />
entorno. As construções presentes em Montes<br />
Claros não foram planejadas de forma a resistir a<br />
terremotos, já que outrora era imprevista a<br />
ocorrência desse tipo de fenômeno geográfico,<br />
devido à localização do Brasil.<br />
Com a mudança de comportamento ambiental<br />
na cidade de Montes Claros,faz-se importante o<br />
estudo da construção civil, sujeita a mais uma<br />
influência do meio. Este estudo pode ser embasado<br />
em outras fontes de conhecimento e pesquisas sobre<br />
o assunto, já que existem vários lugares onde os<br />
abalos sísmicos são frequentes.<br />
O terremoto pode gerar graves consequências<br />
para uma determinada região, dependendo de sua<br />
intensidade. No momento do terremoto, toda a<br />
fundação da obra é abalada, e sua estrutura tende a<br />
movimentar-se, podendo gerar grandes estragos na<br />
construção e até seu desmoronamento. Portanto, é de<br />
extrema importância analisar os tipos de tensões<br />
ocorridas nas edificações a partir das solicitações<br />
pelos abalos sísmicos, pois esse estudo ajudará nas<br />
técnicas de prevenção de possíveis acidentes<br />
estruturais.<br />
O objetivo desta pesquisa é avaliar a<br />
importância da disciplina Resistência dos Materiais<br />
na verificação dos tipos de tensões ocorridas nas<br />
edificações, a partir das solicitações pelos abalos<br />
sísmicos ocorridos em Montes Claros.<br />
ABALOS SÍSMICOS – CONCEITUAÇÃO<br />
Para analisar as tensões ocorridas em<br />
edificações submetidas a abalos sísmicos no<br />
município de Montes Claros-MG, faz-se necessário o<br />
estudo da disciplina Resistência dos Materiais, visto<br />
que fornecerá informações necessárias para esta<br />
pesquisa.<br />
A resistência dos materiais é o ramo da<br />
mecânica que estuda as relações entre cargas<br />
externas aplicadas a um corpo deformável e a<br />
intensidade das forças internas que atuam<br />
dentro do corpo, abrangendo também o<br />
cálculo das deformações do corpo e o estudo<br />
da sua estabilidade, quando submetido a<br />
solicitações externas. Em resumo, é o<br />
capítulo da Mecânica dos Corpos Sólidos no<br />
qual se estuda o equilíbrio dos referidos<br />
corpos, considerando os efeitos internos,<br />
produzidos pela ação das forças externas. A<br />
origem da resistência dos materiais remonta<br />
ao início do século XVII. (ARGENTA,<br />
2012)<br />
Portanto, a disciplina Resistência dos Materiais<br />
poderá indicar os tipos de tensões ocorridas, já que<br />
faz uma relação entre a força externa aplicada em um<br />
corpo e sua reação interna que gera a deformação. No<br />
caso desta pesquisa, o abalo sísmico é essa força<br />
externa aplicada nas estruturas das edificações, e a<br />
tensão nela ocorrida é a reação interna gerada.<br />
Na verificação da força gerada na estrutura pelo<br />
abalo sísmico, o primeiro fator a ser analisado é a<br />
intensidade desse abalo. A TAB. 1 mostra as<br />
classificações dos sismos, bem como suas variações<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
39
Artigo Original<br />
na escala Ritcher.<br />
De acordo com a TAB. 1, um terremoto<br />
começa a afetar uma edificação (mesmo que de<br />
forma mínima) a partir de uma magnitude acima de 4<br />
graus. Com isso é possível relacionar esses efeitos<br />
mencionados observando uma análise de um<br />
sismógrafo colocado no município de Montes<br />
Claros-MG .<br />
O abalo mais forte registrado até o presente<br />
momento na cidade de Montes Claros foi o de<br />
Tabela 1 - Classificações e variações dos abalos sísmicos<br />
DESIGNAÇÃO MAGNITUDE EFEITOS POSSÍVEIS<br />
Fonte: (Apolo11.com ; Perguntas e Respostas sobre Terremotos)<br />
QUANTIDADE POR<br />
DIA<br />
Micro < 2,0 Microtremor de terra; não se sente. ~ 8000 por dia<br />
Muito pequeno 2,0-2,9<br />
Pequeno 3,0-3,9<br />
Ligeiro 4,0-4,9<br />
Moderado 5,0-5,9<br />
Forte 6,0-6,9<br />
Grande 7,0-7,9<br />
Importante 8,0-8,9<br />
Excepcional 9,0-9,9<br />
Geralmente não se sente, mas é<br />
detectado/registrado.<br />
Frequentemente sentido, mas<br />
raramente causa danos.<br />
Tremor notório de objetos no interior<br />
de habitações, ruídos de choque<br />
entre objetos. Danos importantes<br />
pouco comuns.<br />
Pode causar danos maiores em<br />
edifícios mal concebidos em zonas<br />
restritas. Provoca danos ligeiros nos<br />
edifícios bem construídos.<br />
Pode ser destruidor em zonas num<br />
raio de até 180 quilômetros em áreas<br />
habitadas.<br />
Pode provocar danos graves em<br />
zonas mais vastas.<br />
Pode causar danos sérios em zonas<br />
num raio de centenas de quilômetros.<br />
Devasta zonas num raio de milhares<br />
de quilômetros.<br />
Extremo > 10,0 Nunca registrado x<br />
+/-1000 por dia<br />
+/-49000 por ano<br />
+/- 6200 por ano<br />
+/- 800 por ano<br />
+/- 120 por ano<br />
+/- 18 por ano<br />
+/- 1 por ano<br />
+/- 1 a cada 20 anos<br />
magnitude de 4,2 graus, que gerou alguns danos nas<br />
edificações da cidade, como rachaduras em casas e<br />
prédios, e até queda de telhado de uma casa de<br />
estrutura simples.<br />
De acordo com a Defesa Civil da cidade, 48<br />
edificações foram vistoriadas no total. Uma<br />
delas teve sua estrutura comprometida ao ser<br />
notado, de acordo com análises dos técnicos e<br />
engenheiros do Corpo de Bombeiros, o<br />
estrangulamento de uma coluna da casa.<br />
(Jornal de Brasilia, 2012)<br />
De acordo com Schwarz (Colaboração para a<br />
Folha, 2012)<br />
Os moradores de Montes Claros (a 418 km<br />
de Belo Horizonte), no norte de Minas<br />
Gerais, foram surpreendidos por três<br />
temores de terra durante a madrugada desta<br />
quarta-feira (19). Houve falta de luz na<br />
cidade e o telhado de uma casa desabou.<br />
Segundo os bombeiros do município, até<br />
agora não houve registros de feridos.<br />
A FIG. 1 ilustra a referida residência que teve o<br />
telhado destruído pelo abalo sísmico.<br />
Como mencionado acima, em uma casa o abalo<br />
sísmico gerou o estrangulamento de uma coluna, o<br />
que demonstra que tensionou a estrutura de forma a<br />
40<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
gerar nela uma deformação considerável .<br />
Figura 1 - O telhado de uma casa caiu por causa<br />
do abalos<br />
material; alguns materiais suportam uma maior<br />
tensão antes de romper e são classificados como<br />
dúcteis, e os que não suportam são classificados<br />
como frágeis.<br />
A FIG. 2 ilustra os tipos de tensões que podem<br />
ocorrer em um material:<br />
Figura 2 - Tipos de tensões ocorridas nos<br />
materiais<br />
Fonte: (Foto: Michelly Oda/G1) Repositório Digital da<br />
globo.<br />
A disciplina Resistência dos Materiais estuda<br />
as forças de uma determinada estrutura e a<br />
deformação gerada nela. E é através dessa disciplina<br />
que as tensões geradas nas estruturas pelos abalos<br />
sísmicos serão analisadas.<br />
Tensão - É a força P por unidade de área A,<br />
sendo comumente designada pela letra<br />
grega σ(sigma minúsculo). Quando a barra<br />
da figura está sendo alongada pela força P, a<br />
tensão resultante é uma tensão de tração; se<br />
as forças tiverem o sentido oposto,<br />
comprimindo a barra, a tensão é de<br />
compressão. (ROSA, 2012, p.1)<br />
A tensão em um material pode ser uma tensão<br />
normal, que é o caso da tração e da compressão; pode<br />
ser cisalhante, em que a força é tangente à área;<br />
tensão de flexão, em que a carga é direcionada no<br />
centro da estrutura; e a tensão por torção, que é<br />
proporcionada pelo torque.<br />
A tensão gerada na estrutura causa uma<br />
deformação que pode ser dada de três formas:<br />
elástica, plástica e rúptil (ruptura). A deformação<br />
elástica é a deformação em que o material difere em<br />
seu volume, resultante<br />
da tensão gerada. Na<br />
deformação plástica, o material altera visivelmente<br />
seu volume, formando rachaduras, dobramentos,<br />
trincas e fissuras. A ruptura é o ponto final do<br />
Fonte: SOBRAL; OLIVEIRA (2009) Repositório Digital da<br />
IFBA.<br />
MÉTODO<br />
Para o desenvolvimento dessa pesquisa,<br />
considerando o objetivo proposto e o tema em<br />
questão, foi realizada uma investigação de natureza<br />
bibliográfica e descritiva. Os dados foram coletados<br />
em acervos eletrônicos, sendo utilizados e<br />
analisados para desenvolver a pesquisa.<br />
Para a obtenção de um maior conhecimento do<br />
assunto abordado, foram utilizados quadros,<br />
colhidos de algumas fontes de pesquisa, sendo<br />
analisados e estudados, e foram também citadas<br />
afirmações de autores estudiosos sobre o assunto.<br />
A tabulação dos resultados obtidos foi feita<br />
através de figuras explicativas, demonstrando as<br />
situações expostas pela pesquisa e discutindo os<br />
resultados obtidos.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Para analisar as deformações geradas pela<br />
tensão ocorrida nas edificações, é necessário saber<br />
de qual material se trata, pois cada um se comporta<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
41
Artigo Original<br />
de uma maneira. A TAB. 2 apresenta alguns<br />
materiais utilizados na construção civil e suas<br />
resistências a determinadas situações.<br />
pilar.<br />
Figura 3 - Viga biapoiada<br />
Tabela 2 - Resistência de alguns materiais<br />
utilizados na construção civil.<br />
Fonte: Luciano Rodrigues Ornelas de Lima, 2012.<br />
Figura 4 - Cargas geradas pelo abalo sísmico<br />
Analisando a TAB. 2 apresentado, percebe-se<br />
que o aço e o ferro são materiais bem resistentes; o<br />
concreto, no entanto, resiste razoavelmente à<br />
compressão e não resiste à tração e à flexão.<br />
Para analisar as tensões que o abalo ocasiona<br />
numa estrutura, foi observado o exemplo, citado<br />
acima, da casa que teve uma coluna estrangulada por<br />
causa do abalo sísmico.<br />
O pilar de uma casa é feito utilizando concreto<br />
armado, que nada mais é do que uma mistura feita<br />
com concreto colocado em uma armação de aço. É<br />
feito assim justamente para o aço evitar a tração e<br />
flexão do pilar, colaborando também na resistência<br />
da compressão. No caso dessa coluna, o material<br />
presente não resistiu muito bem à tensão aplicada.<br />
Para exemplificar a situação dessa estrutura, a<br />
FIG. 3 apresenta um conjunto de uma viga e dois<br />
pilares fixos em equilíbrio, representando uma<br />
hipótese de como estaria a coluna antes do abalo<br />
sísmico.<br />
A força F representa a força que a laje faz na<br />
viga, e as forças HA, VA, HB E VB são reações dos<br />
pilares fixos para restringir os movimentos lineares.<br />
A FIG. 4 mostra as cargas geradas pelo abalo<br />
atuando diretamente em toda a construção da<br />
fundação até o telhado, que irá comprimir, assim, o<br />
A FIG. 5 mostra o resultado final da estrutura<br />
exemplificada, que foi o estrangulamento de uma<br />
coluna.<br />
Figura 5 - Deformação gerada pela carga P<br />
Através dos exemplos acima, foi possível<br />
identificar as tensões presentes na edificação citada,<br />
42<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
como também nas demais edificações.<br />
Quando ocorre o abalo sísmico, a fundação da<br />
casa se movimenta liberando reações verticais e<br />
horizontais. No caso da FIG. 5 ilustrando o<br />
estrangulamento da coluna, fica claro que houve<br />
uma tensão de compressão e de tração, pois a carga<br />
da própria estrutura abalada se movimenta<br />
horizontalmente, de forma a comprimir uma parte da<br />
edificação e alongar a outra.<br />
O abalo sísmico, como mostram alguns outros<br />
exemplos, gerou também trincas e rachaduras nas<br />
estruturas, fazendo até cair o telhado de uma casa. As<br />
cargas horizontais e verticais promovem uma tensão<br />
de cisalhamento, resultando nas trincas de diferentes<br />
direções. As cargas geram também um momento<br />
fletor, com o balanço da estrutura, que é a<br />
representação da tensão de flexão no material. É essa<br />
flexão que dá a aparência de que a estrutura sofreu<br />
deformação rotacional.<br />
Essas tensões ocasionadas podem ou não vir a<br />
gerar uma deformação plástica na edificação, já que,<br />
como foi visto, isso depende do módulo da carga e da<br />
resistência de determinado material a que esse<br />
esforço está submetido. No caso do exemplo citado<br />
(da coluna estrangulada), houve uma deformação<br />
devido à tensão de compressão e flexão naquele<br />
pilar. Essa tensão foi maior do que a resistência do<br />
concreto armado (utilizado para fazer o pilar), por<br />
não ter sido previsto o cálculo de uma força tão forte<br />
atuando horizontal e verticalmente na estrutura.<br />
podem gerar deformações visíveis numa estrutura,<br />
como foi o caso do exemplo mostrado ao longo da<br />
pesquisa.<br />
Diante do que foi visto, percebe-se a<br />
necessidade de haver novas pesquisas voltadas para<br />
o tema de abalos e suas conseqüências,<br />
principalmente no município de Montes Claros,<br />
onde ainda não há muitas pesquisas abordando esse<br />
assunto, visando, assim, ao aprimoramento das<br />
técnicas de construção civil, não só para a<br />
engenharia, mas para os diversos ramos envolvidos.<br />
REFERÊNCIA<br />
Apolo11.com. Perguntas e Respostas sobre<br />
Terremotos. Disponível em:<br />
Acesso em: 15 jun.<br />
2013.<br />
ARGENTA, Marco André. Resistência dos<br />
Materiais. Universidade Federal do Paraná, 2012.<br />
Disponível em:<br />
Acesso em: 15 jun. 2013.<br />
CONCEIÇÃO. Abalos Sísmicos – Terremotos no<br />
Brasil. 2012. Disponível em:<br />
Acesso<br />
em: 13 ago. 2013<br />
Jornal de Brasília. Tremor leva à interdição de<br />
residência em Montes Claros.20 Maio, 2012.<br />
Disponível em:<br />
<br />
Acesso<br />
em: 16 jun. 2013.<br />
CONCLUSÃO<br />
Com esta pesquisa, percebe-se que a disciplina<br />
Resistência dos Materiais é muito útil na análise dos<br />
tipos de tensões que o abalo sísmico pode<br />
proporcionar nas edificações, pois ela proporciona o<br />
estudo das tensões, bem como de suas aplicações<br />
práticas.<br />
Viu-se, também, que os tipos de tensões<br />
geradas nas edificações podem ser de: Compressão,<br />
Tração, Cisalhamento e Flexão. Essas tensões<br />
LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas. Resistência<br />
dos Materiais. 2012. Disponível em: <<br />
http://www.blogdaengenharia.com/wpcontent/uploads/2012/03/cap_3.pdf><br />
Acesso em:<br />
18 jun. 2013<br />
ODA, Michelly. Forte tremor de terra assusta<br />
moradores em Montes Claros. G1 Grande<br />
Minas, 2012. Disponível em: <<br />
http://g1.globo.com/mg/grandeminas/noticia/2012/12/tremor-de-terra-assustamoradores-em-montes-claros-nesta-quartafeira.html><br />
Acesso em: 17 jun. 2013.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
43
Artigo Original<br />
ROSA, Willian de Araujo. Apostila Resistência<br />
dos Materiais. 30 de Julho de 2002. Disponível<br />
em:<br />
Acesso em: 17 jun. 2013.<br />
SCHWARZ, Ricardo. Tremor de terra atinge<br />
Montes Claros (MG) e assusta moradores.<br />
Colaboração para a Folha, 2012. Disponível<br />
em:<br />
Acesso em: 16 jun. 2013.<br />
SOBRAL, OLIVEIRA. Tipos de esforços a que<br />
estão submetidos os materiais. Repositório<br />
Digital da IFBA. 2009. Disponível em: <<br />
http://www.ifba.edu.br/metalografia/arq/apostila_s<br />
em_i_2009.pdf> Acesso em: 17 jun. 2013.<br />
Só Geografia. Abalos Sísmicos. Disponível em:<br />
Acesso em: 14 jun. 2013.<br />
44<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
A METODOLOGIA CIENTÍFICA JUNTO À ENGENHARIA<br />
CIVIL<br />
MOURÃO, Sheila Abreu *; COSTA, Daniele Kennedy Gomes **; GERMANO, Débora Antunes**; OLIVEIRA, Érica<br />
Letícia Dourado **; SILVA, Moises Meireles **<br />
*Professora orientadora das FIPMoc. Pós-doutora em Biologia Animal (UFV) e Fitotecnia (Embrapa Milho e Sorgo). Doutora<br />
em Fitotecnia (UFV). Mestre em Entomologia (UFV). Pós-graduada em Nutrição mineral de Plantas (ESALQ) e Graduada em<br />
Engenharia Agronômica pela UFV; **Acadêmicos do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />
RESUMO<br />
O presente estudo tem como objetivo verificar como<br />
a metodologia científica está sendo utilizada para a<br />
formação de engenheiros civis de Montes Claros -<br />
MG. Trata-se de uma pesquisa de campo, em que<br />
foram entrevistados 30 engenheiros - moradores da<br />
cidade foco do estudo, aptos para exercerem a<br />
profissão - com o intuito de elucidar quanto à<br />
necessidade de se especializarem para obterem<br />
melhorias salariais em suas áreas de atuação<br />
profissional. Os entrevistados evidenciaram ser a<br />
metodologia científica importante para a formatação<br />
de artigos técnico-científicos e projetos, e essencial<br />
para um bom desempenho das funções dos<br />
engenheiros. A maioria dos entrevistados concorda,<br />
assim, com a utilidade do conteúdo adquirido na<br />
disciplina de metodologia científica no decorrer de<br />
suas experiências profissionais. Conclui-se, pois,<br />
que a introdução à pesquisa científica na graduação<br />
contribui para a evolução do conhecimento humano<br />
em todos os setores, incluindo o setor da construção<br />
civil.<br />
Palavras-chave: Atuação do engenheiro. Formação<br />
profissional. Ensino superior. Formatação de<br />
projetos.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A metodologia científica é a forma como se<br />
procede para a obtenção de conhecimento sobre os<br />
métodos científicos na academia, estando ligada à<br />
Engenharia Civil, dando suporte para a elaboração e<br />
formatação de projetos de pesquisa, redação e<br />
divulgação de artigos, resumos para congressos,<br />
relatórios, monografias, dissertações e teses. Além<br />
disso, essa ciência pode subsidiar informações úteis<br />
para a redação de projetos de técnicos, como obras,<br />
fabricação de produtos, execução de processos,<br />
dentre outros.<br />
Nesse contexto, torna-se desafio crescente, no<br />
campo da educação, a oferta de oportunidades para a<br />
qualificação e/ou a atualização dos profissionais.<br />
Isso pode-se justificar pela intensificação do ritmo<br />
de introdução de novas tecnologias na produção,<br />
aliada ao processo de globalização da atividade<br />
econômica, o que traze profundas e constantes<br />
transformações no mundo do trabalho.<br />
Dessa maneira, a metodologia científica entra<br />
como uma ferramenta essencial para o profissional,<br />
pois, quanto maior domínio de conhecimento e suas<br />
aplicações, melhor o posicionamento no mercado de<br />
trabalho, visto que pode ser aplicada à análise, à<br />
pesquisa e às soluções de problemas, e, assim,<br />
veicular melhores condições de vida para a<br />
sociedade.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil. 45
Artigo Original<br />
Na área especifica da engenharia civil, ela<br />
auxilia na qualificação profissional do engenheiro,<br />
assim como na resolução de problemas, tendo em<br />
vista o compromisso inalienável desse profissional<br />
com a sociedade e com a promoção da cidadania.<br />
As questões abordadas por diversos autores,<br />
com relação à influência da metodologia científica<br />
no ambiente de trabalho, despertaram o interesse<br />
deste estudo, cujo objetivo é analisar o perfil<br />
psicográfico de engenheiros civis atuantes na cidade<br />
de Montes Claros – MG, em relação ao uso dos<br />
conteúdos programáticos, aprendidos nessa<br />
disciplina básica do curso, em suas experiências<br />
profissionais.<br />
MÉTODO<br />
Para atingir os objetivos propostos, realizouse<br />
uma pesquisa de abordagem quantitativa,<br />
constituída por entrevistas a 30 engenheiros civis<br />
residentes na cidade de Montes Claros – MG,<br />
buscando avaliar o perfil profissional da área. O<br />
levantamento caracteriza-se pela interrogação direta<br />
de (5) cinco questões de múltipla escolha,<br />
direcionadas aos elementos cujo comportamento se<br />
quis conhecer.<br />
Basicamente, procedeu-se à solicitação de<br />
informações a um grupo significativo de elementos<br />
acerca do questionário aplicado, para, em seguida,<br />
mediante análise quantitativa, obterem-se as<br />
conclusões correspondentes aos dados coletados.<br />
A etapa de processamento dos dados para<br />
análise iniciou-se com a revisão de todos os<br />
questionários. Em seguida, os dados foram<br />
agrupados e distribuídos em gráficos.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Dentre os 30 engenheiros civis entrevistados,<br />
sete (7) disseram que utilizam os conhecimentos de<br />
metodologia científica, na leitura de artigos técnicoscientíficos;<br />
cinco (5), na elaboração de referencial<br />
teórico; quatro (4), na elaboração de artigo<br />
científico;cinco (5) já participaram em congresso ou<br />
evento científico, quatro (4) participaram de projetos<br />
e pesquisas; e cinco (5), na apresentação de trabalho<br />
em congresso e evento científico (GRAF. 1).<br />
GRÁFICO 1 - Resposta dos engenheiros<br />
entrevistados em relação à utilidade da disciplina<br />
Metodologia Científica na vida profissional.<br />
Leitura de artigos técnicos científicos<br />
Participação em congressos, eventos científicos<br />
Apresentação de trabalhos em congressos,<br />
eventos científicos<br />
Elaboração de referencial teórico<br />
Elaboração de artigo científico<br />
Elaboração e desenvolvimento de projetos,<br />
pesquisas<br />
Dentre os engenheiros entrevistados, 10<br />
responderam que possuem pós-graduação; quinze<br />
(15) disseram que possuem especialização; cinco (5)<br />
não responderam, ficando, assim, os demais itens<br />
sem marcação, zero (0). (GRAF. 2).<br />
GRÁFICO 2 - Respostas dos engenheiros<br />
entrevistados em relação a pós-graduação.<br />
Não responderam<br />
Outros<br />
Especialização<br />
Mestrado<br />
Doutorado<br />
Pós-graduação<br />
0 1 2 3 4 5 6 7 8<br />
0 2 4 6 8 10 12 14 16<br />
Todos responderam que ainda não haviam<br />
publicado artigos técnicos-científicos (GRAF. 3).<br />
46<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
GRÁFICO 3 - Respostas dos engenheiros<br />
entrevistados em relação a publicação de artigos.<br />
Não<br />
em que trabalham. Com esses dados, verifica-se que<br />
a linguagem técnica aprendida na academia não é a<br />
mesma com que o profissional convive nas obras.<br />
(GRAF. 5).<br />
.<br />
GRÁFICO 5 - Respostas dos engenheiros<br />
entrevistados em relação ao uso de termos<br />
técnicos no cotidiano das obras.<br />
Sim<br />
0 5 10 15 20 25 30 35<br />
Não<br />
Os engenheiros entrevistados narraram<br />
algumas dificuldades para a elaboração e execução<br />
de suas pesquisas para a conclusão do curso de<br />
Engenharia Civil. Doze (12) disseram não; e dezoito<br />
(18); sim. (GRAF. 4)<br />
Sim<br />
GRÁFICO 4 - Respostas dos engenheiros<br />
entrevistados em relação à dificuldade para<br />
redação do trabalho final de graduação.<br />
0 5 10 15 20<br />
A linguagem adotada pelo trabalhador da construção<br />
civil não é técnica e sim coloquial.<br />
Não<br />
Sim<br />
0 5 10 15 20<br />
Tempo/trabalhoso, burocrático, adequação as normas de<br />
apresentação do trabalho.<br />
Não tiverão dificuldade.<br />
Ao analisar o questionário respondido pelos<br />
engenheiros sobre se eles utilizam cotidianamente<br />
termos técnicos que aprenderam durante a<br />
graduação, 17 disseram que não, pois a linguagem<br />
adotada pelos operários não é técnica, mas, sim<br />
coloquial;e 13 disseram que se adaptam com os<br />
termos usados pelos fornecedores das várias regiões<br />
Com as mudanças políticas, econômicas e<br />
sociais, os setores tecnológicos vêm sofrendo<br />
m o d i f i c a ç õ e s a s s o c i a d a s a u m a b a s e<br />
científica,voltada para a capacitação tecnológica e<br />
suas integrações à estratégia de negócios nas<br />
principais competitividades das empresas. Isso<br />
exige dos profissionais da engenharia civil uma<br />
m e l h o r p o s t u r a s o b r e c o n h e c i m e n t o s<br />
multidisciplinares, trabalho em equipe, visão de<br />
mercado e atitude empreendedora, trazendo novas<br />
perspectivas para os trabalhadores de padronização,<br />
modulação e terceirização (CARRAHER, 1999).<br />
Os profissionais da engenharia necessitam<br />
desenvolver trabalhos científicos para se<br />
atualizarem durante o curso de sua formação<br />
profissional e, dessa forma, estão colocando em<br />
prática o conteúdo programático ministrado na<br />
disciplina Metodologia Científica para um melhor<br />
desempenho profissional e para buscar ascensão no<br />
mercado de trabalho do norte de Minas Gerais.<br />
A disciplina Metodologia Científica tem<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
47
Artigo Original<br />
como função habilitar o profissional quanto às<br />
regras para a produção e divulgação de pesquisas<br />
técnica e/ou científica, favorecendo ao graduando a<br />
compreensão sobre suas naturezas, regras e<br />
objetivos, o que propiciará a qualidade em suas<br />
produções.<br />
Ela faz parte do currículo do curso de<br />
Engenharia desde 1996, tendo sido, inicialmente,<br />
oferecida pela Faculdade de Educação com o<br />
objetivo de contribuir para que os alunos não só<br />
tivessem uma formação técnica, mas também<br />
desenvolvessem um espírito crítico, de modo que<br />
pudessem ser inseridos no mercado como<br />
profissionais capazes de observar, selecionar e<br />
organizar cientificamente os fatos da realidade<br />
(LAKARTOS; MARCONI, 2001).<br />
Os alunos precisam ser incentivados a<br />
produzir conhecimento e não serem apenas<br />
consumidores (BARRETO, 1994). A base da<br />
educação acadêmica deve ser a pesquisa. Sendo<br />
assim, a metodologia científica exerce importância<br />
na área da engenharia, pois ajuda na qualificação<br />
profissional do engenheiro civil, assim como na<br />
resolução de problemas, tendo em vista o<br />
compromisso inalienável com a sociedade e com a<br />
promoção da cidadania.<br />
A disciplina Metodologia Científica apresenta<br />
os instrumentos necessários para a realização do<br />
trabalho de pesquisa, buscando a construção do<br />
conhecimento dos acadêmicos de modo a formar<br />
profissionais com habilidade para o aproveitamento<br />
da leitura e da expressão eficiente nas formas escrita<br />
e oral. Ressalta-se que quem não “sabe ler” não<br />
saberá resumir e extrair as ideias principais segundo<br />
as normas científicas. Além disso, é através de<br />
leituras de artigos que os engenheiros se informam<br />
sobre novos métodos de construção; uso de energia<br />
solar em condomínios, empresas, hotéis; e conceitos<br />
de cálculo de engenharia; como álgebra linear, entre<br />
outros.<br />
A p e s q u i s a c i e n t i f i c a o b j e t i v a<br />
fundamentalmente contribuir para a evolução do<br />
conhecimento humano em todos os setores, sendo<br />
sistematicamente planejada e executada segundo<br />
rigorosos critérios de processamento das<br />
informações. Seus processos e objetivos distinguemse<br />
dos da consulta bibliográfica, que se apresenta<br />
como tarefa mais simples, voltada para os<br />
esclarecimentos de dúvidas a partir de verbetes de<br />
dicionários, enciclopédias ou manuais. Mas<br />
pesquisar não é tarefa fácil. Ao se pretender fazer<br />
uma pesquisa, de qualquer natureza, deve-se, desde o<br />
início, juntamente com a escolha do assunto, fazer<br />
um projeto. O projeto pode garantir adequação para a<br />
execução da pesquisa, visto que prevê os recursos<br />
materiais e o tempo necessário. Sem previsão, a<br />
pesquisa corre o risco de não ser concluída ou ser<br />
feita de forma inadequada (A IMPORTÂNCIA...,<br />
2008).<br />
“A pesquisa deve ser aquela de aprender. Isto<br />
é, não adianta apenas transmitir uma série de<br />
informações, é preciso aprender a fazer e aprender<br />
fazendo” (BARROS; LEHFELD, 1986, p.7).<br />
Assim, um aluno-pesquisador da engenharia<br />
civil se tornará um profissional capacitado a<br />
construir novos conhecimentos, diante das<br />
constantes transformações que ocorrerem na<br />
sociedade durante a sua vida profissional, em busca<br />
de melhorias de qualidade de vida para a sociedade.<br />
Ressalta-se que a iniciação científica pode ser<br />
considerada como um instrumento de apoio teórico e<br />
metodológico à realização de um projeto de<br />
pesquisa, e constitui um canal adequado de auxílio<br />
para a formação de uma nova mentalidade nos<br />
acadêmicos, que, de simples repetidores, podem<br />
passar a ser criadores de atitudes e comportamentos,<br />
mediante a construção do próprio conhecimento.<br />
CONCLUSÃO<br />
Pode-se concluir, neste estudo, que a<br />
metodologia científica foi utilizada por grande parte<br />
48<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
dos entrevistados para a elaboração de artigos,<br />
projetos, entre outros trabalhos acadêmicos durante<br />
sua graduação. Ela é essencial para uma boa<br />
formação profissional, como engenheiros, e sua<br />
inserção atual no competitivo mercado de trabalho.<br />
É recomendável que os acadêmicos de engenharia<br />
civil desenvolvam trabalhos científicos, para<br />
proporcionarem melhor desempenho profissional<br />
após sua formação. Além disso, pode facilitar sua<br />
inserção no mercado de trabalho, por desenvolver<br />
competências que os capacitam quanto à atualização<br />
profissional e à resolução de problemas cotidianos.<br />
REFERÊNCIAS<br />
A IMPORTÂNCIA da disciplina de Metodologia<br />
Cientifica no desenvolvimento de produções<br />
acadêmicas de qualidades no nível superior.<br />
Revista Urutagua- Revista Acadêmica<br />
Multidisciplinar. Departamento de ciências<br />
sociais-Universidade Estadual de Maringá<br />
(DSC/UEM), n.14 - dez./jan./fev./mar., 2008..<br />
Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 17 mar. 2013.<br />
BARRETO, L. S. Especialização em Engenharia<br />
do Trabalho. Revista de educação à distância.<br />
INED, v. 3, n.6, nov. 1994.<br />
BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. de S.<br />
Fundamentos de Metodologia: um guia para a<br />
iniciação científica. São Paulo: MC Graw<br />
Hill.1986.<br />
CARRAHER, D.Senso Crítico. São Paulo:<br />
Pioneira,1999.<br />
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.<br />
Fundamentos da metodologia científica. 3. ed.<br />
São Paulo: Atlas, 2001<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
49
Artigo Original<br />
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE PONTE DE MACARRÃO<br />
CAMARGO, Cleiton Nogueira*; SOARES, Rodney Monteiro**.<br />
*Discente do curso de Engenharia Civil das FIPMoc;**Professor<br />
orientador e docente do curso de Engenharia das FIPMoc.<br />
RESUMO<br />
O presente artigo aborda o conceito de ponte em arco,<br />
projeto, ensaio e construção, utilizando macarrão<br />
espaguete, cola especial, tubo de PVC e barra de aço.<br />
É uma pequena maquete (modelo arquitetônico) feita<br />
com massa de macarrão duro, seco e de fio reto, na<br />
qual é construída com propósito experimental e<br />
competitivo. Portanto, o objetivo é demonstrar<br />
através de ensaios virtuais e mecânicos o<br />
comportamento estrutural dos elementos da ponte em<br />
arco em relação aos efeitos de compressão e tração.<br />
Palavras-chave: Pontes. Ponte em Arco. Ponte de<br />
Macarrão.<br />
INTRODUÇÃO<br />
As pontes são uma das estruturas mais antigas<br />
inventadas pelo homem. Foram criadas pela<br />
necessidade de se atravessarem obstáculos, como<br />
rios e vales, na tentativa de encurtar o percurso da<br />
travessia. Ganharam grande notoriedade na<br />
arquitetura após a revolução industrial, pois construir<br />
pontes tornou-se essencial para fazer a economia<br />
acelerar, significando rapidez e economia de tempo e<br />
dinheiro.<br />
Desde a antiguidade são encontradas pontes de<br />
madeira ou de corda, feitas na forma de vigas. Os<br />
chineses construíam pontes com vigas de granito,<br />
vencendo vãos de até 18 metros. Alemães e suíços<br />
construíam com perfeição pontes de madeira. As<br />
pontes de ferro fundido em forma de arco surgiram<br />
no fim do século XVIII. Posteriormente, surgiram<br />
pontes feitas em ferro forjado e aço. Em 1850 foi<br />
construída a ponte sobre o rio Vístula, na atual<br />
Polônia, com 6 vãos de 124 metros cada um, em<br />
treliças metálicas. Nesse mesmo período, surgiram<br />
as pontes pênseis (LEONHARDT, 1979).Conforme<br />
enfatizado pelo mesmo autor, as primeiras pontes em<br />
concreto surgiram a partir de 1900, porém o concreto<br />
somente substituía a pedra como material de<br />
construção. Somente em 1912 surgiram as pontes em<br />
vigas e pontes em pórtico. As pontes em concreto<br />
pretendido surgiram a partir de 1948.<br />
É denominada ponte toda obra elevada<br />
destinada a vencer obstáculos que impeçam a<br />
continuidade de uma via. Estes obstáculos<br />
podem ser rios, braços de mar, vales e até<br />
outras vias. Quando o obstáculo a ser<br />
vencido não é constituído por água, esta obra<br />
é normalmente classificada como um<br />
viaduto. Tecnicamente, as pontes e os<br />
viadutos são classificados como Obras de<br />
Arte Especiais. (MATTOS, 2001, p.18).<br />
Chama-se "ponte" a uma obra destinada a<br />
50<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
manter a continuidade de uma via de comunicação<br />
qualquer através de um obstáculo natural ou<br />
artificial, com a característica de não interromper<br />
totalmente esse obstáculo. Uma ponte tem como<br />
objetivo transpor um obstáculo para estabelecer a<br />
continuidade de uma via de qualquer natureza.<br />
Usualmente, no meio técnico, uma ponte é<br />
chamada de Obra de Arte Especial. A composição de<br />
uma Obra de Arte Especial divide-se basicamente em<br />
infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura.<br />
As estruturas executadas em arco<br />
permitem a utilização do concreto armado<br />
convencional em vãos de grande comprimento, com<br />
um reduzido consumo de material. O eixo do arco<br />
poderá ter seu projeto executado de forma a coincidir<br />
com a linha de pressões resultante da carga<br />
permanente, utilizando a boa característica do<br />
concreto relativo à resistência a esforços de<br />
compressão (DNIT, 1996).<br />
O objetivo geral deste trabalho é a<br />
apresentação do processo construtivo da estrutura de<br />
um protótipo de ponte de macarrão utilizando<br />
ferramentas adequadas, softwares para elaboração<br />
do projeto, ensaio virtual, mecânico e plantas de<br />
detalhamento para execução. O enfoque do artigo se<br />
dá na apresentação de todo o processo construtivo da<br />
ponte de macarrão demonstrando detalhes e técnicas<br />
para fabricação de cada elemento que compõe sua<br />
estrutura.<br />
MÉTODO<br />
A metodologia utilizada para a elaboração do<br />
artigo foi a pesquisa bibliográfica e o<br />
desenvolvimento de técnicas de montagem.<br />
Analisando os meios mais comuns de pesquisa, é<br />
possível encontrar um bom material teórico sobre os<br />
mais variados tipos de pontes. Porém, encontra-se<br />
pouco material que descreva sobre o processo<br />
construtivo de uma ponte de macarrão, de forma<br />
acessível e detalhada.<br />
O conhecimento sobre a prática executiva fica<br />
restrito a estudantes de engenharia e demais<br />
profissionais da área envolvidos diretamente no<br />
acompanhamento do processo de montagem da<br />
ponte.O presente artigo apresenta todo o processo<br />
envolvido na montagem da ponte de macarrão,<br />
servindo como fonte de divulgação sobre o assunto.<br />
No ano de 2004, na Universidade Federal do<br />
Rio Grande do Sul, foi realizada a primeira<br />
competição de Ponte de Macarrão, cujo objetivo foi<br />
realizar a construção de uma a partir de espaguete e<br />
cola, de acordo com um conjunto de regras e medidas<br />
pré-estabelecidas pela instituição de ensino. Todas<br />
as pontes que concorreram passaram por um ensaio<br />
destrutivo em forma de competição, determinando a<br />
ponte mais resistente como a vencedora.<br />
Antes de iniciar o projeto, deve-se fazer o<br />
planejamento da melhor forma possível, para que se<br />
possa executar, de forma simples e eficiente, cada<br />
etapa da construção da ponte.<br />
Uma boa ponte deve ter um bom projeto e<br />
também uma boa fabricação. Para tanto, a escolha da<br />
geometria da ponte é essencial. Além disso, devemse<br />
fazer os cálculos manualmente, ou utilizar<br />
softwares de computador que os façam de forma<br />
mais rápida.<br />
Pesquisas foram realizadas antes de escolher o<br />
tipo de ponte. A ponte em arco foi escolhida, devido a<br />
sua resistência e pela quantidade de material<br />
utilizado.<br />
O macarrão deve ser homogêneo, sem falhas,<br />
reto, sem curvas, não integral e sem ovos, de<br />
preferência de “grano duro”. Devem-se separar os<br />
fios tortos e utilizar os fios retos.<br />
A cola utilizada para a junção dos fios de<br />
macarrão foi do tipo epóxi, uma vez que se<br />
caracteriza por ser altamente resistente e, ao mesmo<br />
tempo, muito leve, pois a ponte tem um peso<br />
limitado, conforme estabelecido no regulamento.<br />
Para construir uma ponte de macarrão, é<br />
preciso ter em mãos a planta com todas as<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
51
Artigo Original<br />
dimensões, vistas e detalhamento necessário para<br />
que possa fabricar cada elemento da estrutura. A FIG.<br />
1 mostra a planta baixa da estrutura da ponte.<br />
Além da planta da ponte de macarrão, podemse<br />
também utilizar desenhos em 3D para<br />
visualização do projeto em várias vistas, conforme<br />
desenho da FIG. 02.<br />
Figura 1 - Planta baixa da Ponte de Macarrão<br />
O detalhamento das peças é de extrema quanto a deformações, pontos críticos, concentração<br />
importância, pois é através dele que se tem a visão e distribuição de cargas.<br />
real de como será construída cada peça da estrutura.<br />
Os ensaios mecânicos consistem em submeter<br />
Veja abaixo o detalhamento da ponte em 3D, para<br />
um objeto já fabricado ou um material que vai ser<br />
melhor entendimento.<br />
processado industrialmente a situações que simulam<br />
Os ensaios virtuais consistem numa análise<br />
os esforços que eles vão sofrer nas condições reais de<br />
numérica computacional que pode ser realizada por<br />
uso, chegando a limites extremos de solicitação. Os<br />
vários métodos. E para cada um, existem diversos<br />
ensaios mecânicos podem ser realizados em<br />
softwares que permitem seus cálculos. Um dos<br />
protótipos ou em corpos de prova.<br />
métodos mais usados na mecânica dos sólidos é o<br />
Para demonstrar a capacidade de carga<br />
Método dos Elementos Finitos (MEF ou FEM, de<br />
suportada no tubo de macarrão, foram construídos<br />
Finite Element Method).<br />
dois corpos de prova, que foram submetidos à<br />
Além disso, esses tipos de ensaio minimizam<br />
compressão axial na prensa hidráulica do laboratório<br />
os custos e dificuldades envolvidas na elaboração de<br />
da Engenharia Civil das FIPMoc. O primeiro ensaio<br />
um modelo virtual da peça a ser analisada. Através do<br />
foi realizado com um corpo de prova com 21,5mm<br />
programa Solid Works, foi possível fazer a simulação<br />
diâmetro e 170mm de comprimento, e rompeu com<br />
da estrutura da ponte, com a finalidade de visualizar o<br />
590 kgf, com tensão de ruptura de 11,8 (Mpa).O<br />
comportamento da estrutura e analisar as reações<br />
segundo ensaio foi realizado com um corpo de prova<br />
52<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo Original<br />
Figura 2- Desenho construído em 3D para melhor<br />
visualização<br />
Figura 4 – Conjunto de simulação de cargas na<br />
ponte e elementos<br />
Figura 3 – Detalhes das peças que compõem a<br />
ponte de macarrão<br />
com 21,5mm diâmetro e 145mm de comprimento, e<br />
rompeu com 710 kgf, com tensão de ruptura de 14,2<br />
(Mpa).<br />
Quando se coloca um peso sobre a ponte, essa<br />
carga se distribui em toda a estrutura, fazendo com<br />
que cada elemento sofra esforços de compressão e<br />
tração - mais comuns e importantes nos elementos.<br />
A montagem da ponte se divide em várias<br />
etapas como: análise do projeto, análise da matéria<br />
prima; segurança no manuseio de equipamentos e<br />
equipamentos de proteção, utilização de<br />
instrumentos de medidas, preparação dos gabaritos,<br />
acessórios de fixação dos elementos, método de<br />
união de peças, método de colagem e secagem,<br />
método de corte das peças, sequência de montagem<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
53
Artigo Original<br />
das peças e acabamento.<br />
rendimento desse trabalho, é interessante montar<br />
A análise do projeto é o primeiro passo a ser todos os tubos antes da colagem.<br />
feito, pois é ele que irá definir quais são as medidas Os gabaritos de corte são desenvolvidos após<br />
de cada elemento da ponte de macarrão. A análise da tudo pronto, pois deve-se pegar a medida externa do<br />
matéria-prima é muito importante, propiciando a tubo de macarrão para a fabricação da peça.<br />
seleção dos fios isentos de curvaturas e de Geralmente com os gabaritos utilizados em<br />
descontinuidade que fragilizam os elementos que serviços como esse, ganha-se tempo e evita-se<br />
compõem a estrutura da ponte.<br />
perda de material. O gabarito deve ser feito de<br />
madeira macia. Para fixar, ou seja, prender as peças<br />
Para fazer a montagem dos elementos da<br />
para colagens e marcação, deve-se ter em mãos<br />
ponte, utilizam-se cola Epox, equipamentos como<br />
cordão, borracha de silicone, arame encapado e fita<br />
minirretífica, faca, espátulas, limas rotativas e<br />
adesiva.<br />
pontas montadas. Então, para realizar as tarefas com<br />
Nas etapas seguintes da montagem, será<br />
segurança, deve-se fazer uso de equipamentos de<br />
visualizada a utilização de cada item. Convém<br />
proteção individual como: óculos, máscara<br />
lembrar que esses acessórios são de baixo custo.<br />
descartável, luvas de látex e protetor auricular. O<br />
Antes de fazer a colagem dos tubos, devem<br />
modo de utilização desses EPI´s pode ser verificado<br />
ser usadas luvas de látex, preparar a cola de forma<br />
dentro da norma NR-06 e, para os cuidados<br />
que a mesma seja bem misturada. Recomenda-se a<br />
referentes à utilização de equipamentos, deve-se ler,<br />
cola Araldite de secagem de 24 horas, devido à<br />
antes, a norma NR-12, disponível no site do<br />
facilidade de aplicação nas peças e resistência após<br />
Ministério do Trabalho. Durante as etapas da<br />
secagem<br />
montagem, será mostrada a utilização desses EPI´s.<br />
O macarrão é um material muito frágil.<br />
Do início ao fim da construção da ponte, é<br />
Portanto, a cola deve ser distribuída ao longo de<br />
essencial a utilização de instrumentos de medição<br />
cada peça suavemente para evitar a ruptura dos fios.<br />
como paquímetro, trena, escala e transferidor de<br />
Após aplicação da cola nos tubos, coloque-os<br />
grau, garantindo a exatidão das medidas e evitando<br />
na posição vertical, para que o excesso de cola<br />
cortes, montagens e ajustes incorretos. No decorrer<br />
escoe ao logo do corpo de cada peça, assim evitando<br />
da montagem, esses instrumentos serão vistos como<br />
que o tubo sofra deformação devido à umidade da<br />
nas próximas imagens.<br />
cola.<br />
Para fazer a montagem das peças da estrutura<br />
Para não se perceberem emendas nas hastes<br />
da ponte de macarrão, deve-se desenvolver ou<br />
de sustentação da ponte, devera ser usada a técnica<br />
construir os gabaritos para moldar as peças, de forma<br />
de emendas por transpasse, que é muito utilizada<br />
a facilitar o trabalho.<br />
nas construções, para emenda de ferragens. A<br />
Nessa etapa, deve-se ter em mãos os fios de<br />
montagem dos fios é trabalhosa, pois as amarrações<br />
macarrão selecionados, borrachas de silicone, e tubo<br />
são bem próximas. Além disso, é amarrado e colado<br />
de PVC de 1\2”. Primeiramente, com o tubo de PVC<br />
cordão de seda para ser utilizado na fase de<br />
em mãos, distribua, na parede externa, 34 fios de<br />
secagem. Após as amarrações, deverá ser feito um<br />
macarrão e coloque duas borrachas de silicone,<br />
cordão com cola Araldite de secagem rápida, entre<br />
sendo uma em cada extremidade, para prender os<br />
os trechos das amarrações, para prender os fios uns<br />
fios, deixando que fiquem com um espaçamento<br />
aos outros. Após a secagem dos cordões de cola,<br />
entre eles para a penetração da cola. Para melhor<br />
deverão ser retirados os arames recapados,<br />
54<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
Artigo Original<br />
verificando se todos os fios estão colados. Deverá Após o corte do chanfro superior de cada tubo,<br />
ser aplicada cola de secagem de 24 horas na haste, faça a colagem com Araldite de secagem rápida; as<br />
que deverá ser fixada verticalmente e, ao mesmo peças são presas com fita crepe até a cura da cola.<br />
tempo, tracionada para evitar empenos durante a A parte inferior dos pés tem muitos recortes e<br />
secagem. Para tracionar as peças, e garrafas pets exige muita habilidade e paciência para fazê-los. O<br />
com água.<br />
ajuste é feito com lixa e limas rotativas, para que o<br />
Os tubos de macarrão, para serem montados abaulamento fique preciso e para que o encaixe sobre<br />
em forma de arco, têm que ser cortados em chanfros, a base de tubo de PVC fique perfeito.<br />
ou seja, em ângulo, para fazer a curvatura do arco. Para que os pés se encaixem nos tubos de PVC,<br />
Para que o corte seja preciso, é necessário usar também são feitos rasgos em suas extremidades.<br />
gabaritos, deixando o tubo firme. O corte do tubo Os tubos do arco da ponte também são colados<br />
deverá ser realizado com arco-de-serra.<br />
com cola Araldite de secagem rápida, que é passada<br />
Após o corte, passe uma lixa grossa na ponta na ponta de cada um, que depois é preso com<br />
do tubo de macarrão para eliminar as rebarbas. borrachas de silicone para não sair da posição correta<br />
Para iniciar a montagem da ponte de até a cura da cola.<br />
macarrão, é importante ter o projeto como Após a secagem dos tubos que compõem o<br />
referência. Pois é através dele que serão feitos os arco, fixe os pés da ponte. É necessário usar cola<br />
ajustes dos tubos nos ângulos corretos.<br />
quente na parede externa do tubo, de forma que o pé e<br />
Antes de iniciar os ajustes dos tubos, fixe a o arco fiquem maleáveis, possibilitando a passagem<br />
planta sobre uma mesa e, depois, fixe os pregos na da cola Araldite de secagem rápida. E, para garantir<br />
extremidade das linhas de referência, garantindo o que a peça não seja colada fora da posição, use fita<br />
alinhamento correto e travamento das peças na adesiva. Os pés são colados um de cada vez, para não<br />
sequência correta e facilitando a colagem delas. ocorrer o risco de quebra dos pontos de fixação dos<br />
Para ajustar os tubos, use uma lixa grossa. apoios.<br />
Marque, com fita adesiva, a sequência dos tubos, Depois que os pés estão fixos, é necessário<br />
para não ocorrer o risco de misturá-los.<br />
colar um cordão de seda para que o peso da estrutura<br />
Os pés de sustentação da ponte exigem não force o centro do arco. Esse cordão deverá ser<br />
atenção e habilidade para ajustá-los, pois se trata de retirado depois que todos os elementos estejam<br />
dois tubos que serão transformados em uma única colados.<br />
peça. Para ajustá-los, é necessário usar moldes que As hastes horizontais que travam os pés da<br />
foram desenhados a partir do detalhamento do ponte são alinhados e presos com fita adesiva, para<br />
projeto da ponte. Esses moldes terão que ser não saírem da posição correta, e colados à barra de<br />
impressos em papel com gramatura maior e aço. Depois de feito isso, é colocado o arco sobre as<br />
recortados. Após fazer os recortes e fixar o molde no hastes, e fixado com fita adesiva até fazer os ajustes<br />
tubo, risque a peça, utilizando um pincel fino. Retire finais.<br />
o molde para cortar, utilizando uma retífica com Para finalizar a montagem da ponte, faça a<br />
disco de corte. Antes cortar a peça, faça a análise de montagem das hastes de sustentação da barra de aço.<br />
risco do ambiente em que se encontra, para evitar Para que fiquem bem ajustadas, é necessário fazer<br />
acidentes durante o trabalho; utilize EPI´s, pois a chanfros na parte inferior, com a finalidade de serem<br />
retífica trabalha em alta rotação, e o disco usado para coladas na barra de aço. As hastes são posicionadas<br />
o corte vaza a peça com muita rapidez.<br />
sobre os encaixes, coladas com cola Araldite de<br />
55
Artigo Original<br />
secagem rápida, e fixadas com fita adesiva até o<br />
tempo de cura.<br />
Após a colagem, faça o corte das sobras das<br />
hastes. Depois dessa etapa, os tubos de PVC são<br />
colados nos pés da ponte, para servirem de apoio.<br />
A última fase da fabricação consiste em<br />
reforçar com cola todos os pontos de união dos<br />
elementos da estrutura da ponte (nós). Após essa<br />
fase, a ponte está liberada para fazer o ensaio<br />
destrutivo.<br />
Figura 5 – Ponte concluída de acordo com o<br />
projeto<br />
do Trabalho. Disponível em:<br />
Acesso em: 17<br />
jun. 2013.<br />
BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO.<br />
Norma Regulamentadora Nº 12 do Ministério<br />
do Trabalho. Disponível em:<br />
Acesso em: 17<br />
jun. 2013.<br />
CAMARGOS, Cleiton Nogueira. Projeto e<br />
simulação da ponte de macarrão.<br />
DNIT -Departamento Nacional de Infraestrutura de<br />
Transportes. Manual de Projeto de Obras-de-<br />
Arte Especiais. Rio de Janeiro. 1996. Disponível<br />
em: . Acesso em: 20 maio 2013.<br />
Dicas para Construir uma Ponte de Macarrão.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 20 maio 2013.<br />
CONCLUSÃO<br />
Conclui-se que a escolha da ponte em arco<br />
apresenta maior poder de carga em relação às pontes<br />
retangulares, pois possuem menor concentração de<br />
tensão. De acordo com o ensaio virtual realizado, o<br />
início do ponto de ruptura da ponte quase sempre foi<br />
em seu ponto médio, demonstrando que as principais<br />
forças atuam nesse ponto.<br />
Mediante o projeto, os ensaios virtuais e<br />
mecânicos, foi possível desenvolver uma ponte de<br />
macarrão resistente, além de desenvolver novas<br />
técnicas de construção de seus elementos estruturais.<br />
LEONHARDT, F. Construções de concreto:<br />
Princípios Básicos da Construção de Pontes de<br />
Concreto. Rio de Janeiro: Interciência, 1979. v. 6.<br />
MATTOS, Tales Simões. Programa Para Análise<br />
de Superestruturas de Pontes de Concreto Armado<br />
e Protendido. Universidade Federal do Rio De<br />
Janeiro. Rio de Janeiro, 2001.<br />
REFERÊNCIAS<br />
BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO.<br />
Norma Regulamentadora Nº 06 do Ministério<br />
56<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
O USO DE FIBRAS DE AÇO COMO REFORÇO DE<br />
CONCRETO PARA PISOS INDUSTRIAIS<br />
**<br />
SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos*; RUAS, Débora Fernanda**; COSTA, Márcio José Neres<br />
*<br />
Engenheiro Civil graduado na UFMG, Perito Judicial, Calculista Estrutural e Professor e Orientador das FIPMoc;<br />
**<br />
Discentes do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />
RESUMO<br />
O concreto, quando submetido a tensões de tração,<br />
apresenta um comportamento frágil, que deve ser<br />
evitado. Nesse contexto, concretos reforçados com<br />
fibras de aço têm-se se mostrado uma solução<br />
executável. Nesse sentido, várias pesquisas foram e<br />
ainda estão sendo desenvolvidas, a fim de avaliar as<br />
principais características dos concretos reforçados<br />
com fibras de aço. As fibras de aço atuam como<br />
reforços à tração, transformando a matriz<br />
cimentícia, tipicamente frágil, em um material que<br />
apresenta boa resistência após a fissuração. Quando<br />
utilizadas em pisos industriais, as fibras de aço<br />
servem para combater os esforços mecânicos<br />
atuantes nas placas de concreto. O desempenho<br />
dessas fibras dentro de uma matriz de concreto<br />
dependerá de fatores, como a classe de resistência<br />
do concreto, dosagem das fibras, compatibilidade<br />
dimensional entre o agregado graúdo e o<br />
comprimento da fibra, e outros. Portanto, a adição<br />
de fibras de aço no concreto passa a ser uma das<br />
alternativas para amenizar sua deficiência quanto à<br />
tração em pisos industriais.<br />
Palavras-chave: Concreto. Fibras de aço. Piso<br />
industrial.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Na Engenharia Civil, o uso de técnicas cada<br />
vez mais avançadas propicia uma melhor qualidade<br />
dos serviços através de estudos que comprovem a<br />
eficácia do procedimento na construção civil. Por<br />
sua vez, a tecnologia busca responder às<br />
necessidades concretas do mercado e às<br />
peculiaridades de cada região. O concreto reforçado<br />
com vários tipos de fibras, dentre elas, a fibra de aço<br />
têm-se tornado uma das soluções encontradas pelos<br />
profissionais da construção civil no intuito de<br />
melhorar algumas das propriedades do concreto.<br />
Entretanto, sua utilização não vai resultar em um<br />
concreto sem fissuras.<br />
Para Mello et al (2007), a crescente<br />
competitividade do mercado da engenharia civil tem<br />
induzido projetistas de estruturas a desenvolverem<br />
sistemas estruturais compostos por peças mais leves<br />
e com menor custo final. A consequência direta<br />
dessa filosofia de projeto foi o aumento considerável<br />
dos problemas de vibrações em pisos. Atualmente,<br />
as tendências arquitetônicas e as exigências de<br />
mercado têm obrigado os engenheiros estruturais a<br />
utilizar soluções cada vez mais arrojadas, que<br />
exigem grande experiência e conhecimento, no que<br />
diz respeito à utilização de novos materiais e<br />
tecnologias. É conveniente ressaltar que o<br />
progresso, na engenharia estrutural, sempre esteve<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
57
Artigo de Revisão<br />
intimamente ligado a acréscimos significativos da<br />
resistência característica dos materiais.<br />
As vibrações induzidas por atividades<br />
humanas, máquinas e equipamentos de grande porte<br />
têm sido consideradas na análise dinâmica de pisos<br />
de edificações, de forma cada vez mais elaborada. As<br />
características representativas das cargas geradas<br />
durante a execução dessas atividades são de<br />
definição complexa e se encontram associadas às<br />
particularidades corporais de cada indivíduo e a<br />
maneira como determinado tipo de atividade é<br />
realizado. De modo geral, a comunidade científica<br />
tem ciência de que é bastante complexo o processo<br />
de modelagem das cargas dinâmicas induzidas por<br />
seres humanos e equipamentos, pois os<br />
carregamentos gerados envolvem aspectos<br />
individuais que são bastante distintos (MELLO, et<br />
al, 2007).<br />
Os materiais compostos vêm sendo<br />
utilizados na construção civil desde a antiguidade.<br />
Mais recentemente, surgiram novas possibilidades<br />
tecnológicas, como os concretos reforçados com<br />
fibras de aço. As fibras de aço para concreto<br />
começaram a ser utilizadas no Brasil a partir da<br />
década de 1990. A adição de fibras de aço aos<br />
concretos minimiza o comportamento frágil<br />
característico do concreto, que passa a ser um<br />
material pseudodúctil, ou seja, continua<br />
apresentando uma resistência residual a esforços<br />
nele aplicados, mesmo após sua fissuração. A<br />
alteração do comportamento é função das<br />
características das fibras e da matriz de concreto e de<br />
sua interação. Com isso, o material passa a ter<br />
exigências específicas para seu controle da<br />
qualidade, dosagem e mesmo aplicação, diferentes<br />
do concreto convencional. Ao mesmo tempo, as<br />
possibilidades de aplicação do material são<br />
ampliadas. Para algumas aplicações, o concreto<br />
reforçado com fibras apresenta vantagens<br />
tecnológicas e econômicas em relação ao<br />
convencional, como é o caso do revestimento de<br />
túneis, galpões, aeroportos e outras aplicações do<br />
concreto projetado, dos pavimentos, dos prémoldados<br />
e outras (FIGUEIREDO, 2000).<br />
MÉTODO<br />
Este trabalho consiste em uma pesquisa<br />
exploratória descritiva, por meio de uma revisão<br />
bibliográfica de artigos científicos referentes ao uso<br />
de fibras de aço em pisos industriais de concreto.<br />
A pesquisa exploratória busca maiores<br />
informações sobre determinado fenômeno, visando<br />
proporcionar uma maior familiaridade com ele.<br />
Envolve levantamento bibliográfico e pode-se<br />
chegar a uma nova percepção do fenômeno, ou<br />
mesmo a novas ideias.<br />
Para a obtenção dos artigos, utilizou-se o<br />
levantamento bibliográfico e, dentre vários<br />
estudados, foram selecionados os artigos que tinham<br />
concordância com o objetivo e tema escolhido.<br />
UTILIZAÇÃO DE FIBRAS DE AÇO EM PISOS<br />
INDUSTRIAIS<br />
Desde o antigo Egito, o homem vem<br />
procurando alternativas que venham solucionar ou,<br />
ao menos, melhorar as características dos<br />
compostos. Há relatos de que nessa época se<br />
misturavam palhas nas argilas para fabricar tijolos,<br />
e, com isso obtinham-se maior qualidade e<br />
durabilidade nas construções. Surgiu, a partir daí, a<br />
ideia de acrescentar elementos fibrosos com o<br />
intuito de reforçar compostos frágeis. Os primeiros<br />
estudos sobre a utilização das fibras de aço para<br />
reforço de concreto surgiram nos anos 50, entretanto<br />
essa tecnologia ganhou mais força a partir da década<br />
de 60.<br />
Já que o concreto não apresenta desempenho<br />
satisfatório a tração, o que compromete o seu<br />
comportamento frente à ação de cargas<br />
dinâmicas, uma alternativa para amenizar<br />
esta deficiência consiste em adicionar fibras<br />
58<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
ao concreto. Estas atuam como reforços a<br />
tração, transformando a matriz cimentícia,<br />
tipicamente frágil, em um material que<br />
apresenta boa resistência residual após a<br />
fissuração. (GARCEZ, 2005).<br />
Entre todos os tipos de fibras existentes<br />
destinadas ao reforço de concreto, as fibras de aço se<br />
destacam, por serem consideradas de alto<br />
desempenho, podendo, dessa forma, ser aplicadas<br />
ao concreto, como reforço primário. A tecnologia do<br />
concreto reforçado com fibras de aço é indicada<br />
como alternativa técnica e economicamente viável<br />
para diversos tipos de aplicações, mesmo em alguns<br />
casos de estruturas convencionais de concreto<br />
armado.<br />
No Brasil, as fibras de aço surgiram no início<br />
da década de 90, e seu maior campo de aplicação são<br />
os pisos industriais, podendo substituir totalmente<br />
as armaduras convencionais, apresentando os<br />
mesmos níveis de resistência, segurança e de<br />
integridade da estrutura. Pode ser utilizada também<br />
em estrutura com reforço misto, combinando fibras<br />
de aço e armaduras convencionais. Gera, assim,<br />
benefícios e traz melhorias em relação às<br />
propriedades do elemento estrutural, quando<br />
comparada a outras soluções.<br />
As fibras de aço são filamentos de aço<br />
descontínuos, produzidas em variadas formas,<br />
dimensões e tipos de aço. Em geral, podem ser<br />
encontradas no mercado com comprimentos que<br />
variam de 2,5 cm a 6,0 cm e diâmetros entre 0,05 cm<br />
a 0,10 cm.<br />
Segundo especificações da ANAPRE<br />
(Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de<br />
Alto Desempenho, 2012), as fibras de aço para<br />
concreto em pisos industriais são classificadas em<br />
três tipos. O primeiro, o Tipo A, são as fibras com<br />
ancoragem em gancho, que é um dispositivo<br />
utilizado para melhorar a ancoragem dentro do<br />
concreto. O segundo é a fibra Tipo C, corrugada; o<br />
formato corrugado serve para melhorar a aderência<br />
das fibras dentro do concreto. O terceiro é a fibra<br />
Tipo R, que possui uma geometria reta. Essa<br />
classificação geométrica associada a cada tipo de<br />
fibra não ressalta o formato da seção transversal e,<br />
sim, o perfil de resistência da fibra. O formato da<br />
seção transversal irá depender do tipo de aço<br />
utilizado na produção da fibra, que pode ser trefilado<br />
ou laminado. Assim, além dos tipos de fibras, a<br />
especificação para fibras de aço prevê três classes de<br />
fibras, as quais foram associadas ao tipo de aço que<br />
deu origem a elas:<br />
Classe I: fibra oriunda de arame trefilado a frio;<br />
Classe II: fibra oriunda de chapa laminada cortada a<br />
frio;<br />
Classe III: fibra oriunda de arame trefilado e<br />
escarificado.<br />
Associada a essa classificação (ANAPRE,<br />
2012), também são definidos os requisitos mínimos<br />
para que se tenha um bom desempenho dessas fibras<br />
de aço dentro de uma matriz de concreto. Esse<br />
desempenho dependerá de vários fatores, como, por<br />
exemplo: a classe de resistência do concreto,<br />
dosagem das fibras, sua forma geométrica,<br />
tolerâncias dimensionais, defeitos de fabricação,<br />
resistência à tração, dobramento, compatibilidade<br />
dimensional entre o agregado graúdo e o<br />
comprimento da fibra, módulo de elasticidade,<br />
resistência mecânica e fator de forma das fibras.<br />
Procurou-se garantir que qualquer produto em<br />
conformidade com esses requisitos tenha potencial<br />
para proporcionar um desempenho adequado ao<br />
concreto reforçado com fibras de aço.<br />
As fibras podem apresentar deformações ao<br />
longo de todo o seu comprimento ou somente em suas<br />
extremidades, formando ganchos. As ancoragens têm<br />
a finalidade de melhorar o comportamento da fibra<br />
com relação à aderência dentro da matriz de concreto.<br />
A esbeltez, ou o fator de forma (λ=L/De), é<br />
obtido da relação entre o comprimento (L) e o<br />
diâmetro, ou diâmetro equivalente (De). Quanto<br />
maior é o fator de forma (λ=L/De), maior será a<br />
quantidade de fibras presentes no elemento,<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
59
Artigo de Revisão<br />
aumentando, assim, a eficiência do composto<br />
reforçado com fibras.<br />
A função das fibras junto ao concreto é<br />
interceptar e controlar a propagação das fissuras que<br />
se formam na matriz, devido às ações de<br />
carregamentos ou devido aos efeitos de retração e<br />
temperatura.<br />
A fibra altera o comportamento do concreto<br />
após sua ruptura, ainda na fase de pós-fissuração do<br />
concreto, ou seja, sua tenacidade passa de um<br />
material frágil para dúctil, características que<br />
c o n t r i b u e m c o n s e q u e n t e m e n t e p a r a a<br />
impermeabilidade e a durabilidade da estrutura.<br />
Em 2007, a nova especificação de fibras de<br />
aço para concreto, que foi produzida pela ABNT<br />
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), NBR<br />
15530:07 - Fibras de Aço para Concreto -, define<br />
parâmetros de classificação para todos os tipos de<br />
fibras de aço, estabelecendo os requisitos mínimos<br />
referentes à sua forma geométrica, tolerâncias<br />
dimensionais, defeitos de fabricação e resistência<br />
mecânica. Essa nova especificação pode ser<br />
considerada um marco da tecnologia no Brasil, uma<br />
vez que traz avanços tecnológicos incorporados,<br />
como o nível de exigência elevado para a resistência<br />
do aço, o que é perfeitamente compatível com a<br />
condição de produção de fibras hoje instalada no<br />
país.<br />
Além das vantagens mecânicas acima<br />
descritas, existem outras vantagens relacionadas<br />
com a utilização das fibras de aço, como, por<br />
exemplo:<br />
- A eliminação da etapa de montagem, corte e<br />
dobra das armaduras, diminuindo ou eliminando<br />
custos com mão-de-obra;<br />
- Não exige local para estocagem, pois já é<br />
dosado na concreteira;<br />
- Aumento da produtividade no canteiro de<br />
obras;<br />
- Redução significativa do desperdício de<br />
material;<br />
- Otimização do tempo total de execução da obra.<br />
Em resumo, a utilização das fibras de aço, além<br />
de tornar o concreto reforçado, aumenta sua<br />
resistência a:<br />
- Fissuração;<br />
- Impacto;<br />
- Puncionamento;<br />
- Cargas variáveis; e<br />
- Variações térmicas, além de tornar o concreto<br />
fibro reforçado, mais dúctil e menos permeável.<br />
Comparando-se as fibras de aço com a<br />
solução tela, economiza-se mão-de-obra e espaço<br />
físico, pois a fibra é dosada no caminhão betoneira,<br />
diretamente na concreteira, além de economizar em<br />
espaçadores, o que não acontece na utilização da<br />
tela. Há também economia de espaço, uma vez que<br />
não será preciso estocar a armadura. As fibras<br />
reforçam as bordas das juntas de encontro das placas<br />
de concreto, evitando o lascamento nessas regiões,<br />
além do acesso facilitado no local da concretagem, o<br />
que não é possível após a instalação das telas<br />
metálicas.<br />
Segundo os profissionais do ramo de pisos<br />
industriais entrevistados, pode-se afirmar que o<br />
custo benefício do piso industrial de concreto<br />
reforçado com fibras de aço proporciona uma<br />
economia de 20% em relação ao piso de concreto<br />
tradicional com tela metálica. Com relação à vida<br />
útil do piso, dependerá do tipo de utilização, como,<br />
por exemplo: em locais com grande fluxo de<br />
máquinas e equipamentos pesados e o contato com<br />
substâncias agressivas, certamente influenciará em<br />
sua vida útil; a durabilidade, que normalmente varia<br />
de 40 a 50 anos, pode ser reduzida para<br />
aproximadamente 10 anos.<br />
Conforme Alvaredo (1994), embora as fibras<br />
de aço junto ao concreto apresentem inúmeras<br />
vantagens, é necessário atentar-se para alguns<br />
cuidados que deverão ser tomados durante a<br />
60 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
Artigo de Revisão<br />
execução do piso:<br />
- Utilizar a dosagem do material conforme projeto;<br />
- Obedecer ao slump de 10 ± 2 cm;<br />
- Obedecer ao tempo de mistura no caminhão<br />
betoneira;<br />
- Utilizar equipamento apropriado na execução do<br />
acabamento;<br />
- Aplicar o agregado mineral na dosagem correta<br />
durante o acabamento final;<br />
- Contratar mão-de-obra especializada.<br />
São necessários também cuidados relativos à<br />
cura após a concretagem, para evitar o empenamento<br />
do pavimento por retração diferencial. Mesmo após a<br />
realização do correto acabamento superficial do<br />
pavimento, algumas fibras ficam na superfície do<br />
concreto. Essas fibras estarão particularmente<br />
susceptíveis à corrosão, o que irá provocar o<br />
aparecimento de pontos de ferrugem, prejudicando,<br />
de certa forma, o aspecto estético (ALVAREDO,<br />
1994).<br />
Segundo o exemplar de nº 50 da Revista<br />
Concreto (2008), existem vários métodos de ensaio,<br />
porém os ensaios mais comumente para<br />
caracterização e controle de qualidade do concreto<br />
com fibras de aço utilizados para a determinação da<br />
tenacidade é o da norma americana (American<br />
Society for Testing and Materials) ASTM C1018 e o<br />
da norma Japonesa (Japan Society of Civil<br />
Engineers) JSCE-SF4 - ambas as metodologias<br />
muito semelhantes, contendo apenas algumas<br />
diferenças com relação aos critérios de medida da<br />
tenacidade. Além desses métodos, existem outros<br />
critérios, como o proposto pela norma italiana<br />
UNI11039 (Ente Nazionale Italiano di<br />
Unificazione), entre outros.<br />
Para a execução desses ensaios, deve-se<br />
recorrer a laboratórios de controle tecnológico<br />
qualificados. Apesar de não haver uma norma<br />
nacional específica sobre o tema, no Brasil<br />
frequentemente são realizados ensaios para a<br />
reforçados com fibras de aço, com base na norma<br />
japonesa JSCE-SF4, que é uma das metodologias de<br />
concepção mais simples existentes na atualidade.<br />
Deve-se ter o cuidado de especificar sempre<br />
o desempenho do material quanto aos requerimentos<br />
de tenacidade, o qual deverá ser controlado tanto nas<br />
condições de produção, mediante uma metodologia<br />
de dosagem, como durante o recebimento, com um<br />
programa de controle de qualidade adequado. Além<br />
das normas para realização de ensaios, existem<br />
atualmente guias e recomendações internacionais<br />
para projeto, construção e controle de estruturas de<br />
concreto reforçadas com fibras de aço, como, por<br />
exemplo, o código italiano elaborado pelo Consiglio<br />
Nazionale delle Ricerche – CNR- DT-2004/2006,<br />
entre outros.<br />
Recomenda-se manter a compatibilidade<br />
dimensional entre os agregados e as fibras, evitando<br />
que o diâmetro máximo dos agregados seja maior<br />
que 2 (duas) vezes o comprimento da fibra. O correto<br />
posicionamento e distribuição das fibras na matriz de<br />
concreto evita que a interação fibra-matriz e o efeito<br />
de ponte de transferência de tensões entre as fissuras<br />
sejam prejudicados. Deve-se atentar para alguns<br />
cuidados específicos durante o processo de inserção<br />
das fibras no concreto, pois uma inadequada mistura<br />
poderá provocar uma dispersão não uniforme,<br />
causando aglomerados de fibras.<br />
Portanto, sejam as fibras de aço soltas ou em<br />
pentes colados, elas necessitam ser dosadas no<br />
concreto de uma maneira gradativa, a fim de garantir<br />
a homogeneidade da mistura.<br />
Recomenda-se lançar a fibra em taxas<br />
controladas na esteira da usina de concreto em<br />
conjunto com os agregados ou diretamente no<br />
caminhão betoneira, como último componente da<br />
mistura.<br />
Outro tema muito discutido na atualidade em<br />
âmbito mundial é a busca de uma orientação clara<br />
aos engenheiros com relação ao que se pode<br />
determinação da tenacidade à flexão em concretos oferecer, em termos estruturais,a um concreto<br />
61
Artigo de Revisão<br />
reforçado com certa quantidade de fibras.<br />
Várias pesquisas ressaltam que, embora<br />
trabalhando com fibras de elevado fator de forma<br />
(λ=L/De), sendo (λ) o fator de forma, (L) o<br />
comprimento da fibra e (De) o diâmetro equivalente,<br />
as quais incrementam o número de fibras/kg, esse<br />
conceito é limitado, já que, ao reduzir a dosagem,<br />
está-se diretamente incrementando as tensões que<br />
serão transmitidas para estas fibras, e o elemento<br />
estrutural pode apresentar uma grande instabilidade<br />
e fragilidade, perdendo completamente a função das<br />
fibras e sua principal característica de capacidade de<br />
resistência residual pós-fissuração.<br />
Por esse motivo, os pesquisadores,<br />
fabricantes e normas vigentes prescrevem uma<br />
dosagem mínima para as fibras de aço, que não se<br />
refere somente a se trabalhar com uma fibra de alto<br />
fator de forma, mas principalmente o que se busca é<br />
uma quantia mínima em volume, que, somado às<br />
propriedades mecânicas e geométricas da fibra,<br />
torne possível obter um comportamento estrutural<br />
adequado.<br />
Ainda conforme o exemplar de n. 50 da<br />
Revista Concreto (2008), as dosagens mínimas<br />
recomendadas para a utilização de fibras de aço em<br />
aplicações com fins de prestação de serviço<br />
estrutural em pisos, pavimentos, túneis e préfabricados,<br />
é de 0,25% a 1% em volume, sugerido<br />
pelos fabricantes, pesquisadores e normas vigentes,<br />
sendo também de comum recomendação por<br />
algumas instituições do setor, entre elas a ASTM<br />
(Sociedade Americana de Testes de Materiais).<br />
Quanto a seu método executivo, a aplicação<br />
do concreto reforçado com fibras de aço exige que se<br />
tenha uma análise completa da estabilidade do<br />
terreno. Esse serviço deve ser realizado por<br />
profissional especializado em geotecnia, que deverá<br />
definir a necessidade de compactação, traço ou<br />
reforço do subleito. Nesse projeto, deve ser<br />
considerado o subleito estável e consolidado (não<br />
sujeito a recalques).<br />
Conforme dados informados pela empresa<br />
PROJETON – Projetos e Consultorias em Pisos<br />
Industriais, recomenda-se a utilização de 1 (um)<br />
saco de 25 (vinte) kg de fibras de aço para cada m³ de<br />
concreto; nesse caso, em especial, foi utilizada a<br />
fibra de aço com ancoragem.<br />
MÉTODO DE EXECUÇÃO<br />
Assim se procede aos passos para a execução<br />
do piso industriais de concreto com fibras:<br />
Em Mecânica dos Solos, o ensaio de<br />
compactação Proctor é um dos mais importantes<br />
procedimentos de estudo e controle de qualidade de<br />
aterros de solo compactado. Através dele, é possível<br />
obter a densidade máxima do maciço terroso,<br />
condição que otimiza o empreendimento com<br />
relação ao custo e ao desempenho estrutural e<br />
hidráulico. A metodologia foi desenvolvida pelo<br />
engenheiro Ralph Proctor em 1933, sendo<br />
normatizada nos Estados Unidos pela A.A.S.H.O -<br />
American Association of State Highway Officials e,<br />
no Brasil, sua execução segue a norma ABNT NBR<br />
7182/1986 - Ensaios de Compactação.<br />
Preparação do subleito: A profundidade do<br />
subleito deverá ser de acordo com cada projeto<br />
específico, ter sua umidade corrigida e com grau de<br />
compactação mínimo de 98% em relação à massa<br />
específica aparente seca.<br />
Preparação da sub-base: A sub-base deverá<br />
ser constituída com camada de brita graduada<br />
simples, com grau de compactação no mínimo de<br />
98% do Proctor modificado. A execução da subbase<br />
só deverá ser iniciada após a certificação da<br />
conformidade do subleito com os resultados dos<br />
ensaios de campo. A separação entre a sub-base e a<br />
placa de concreto deve ser feita com lona preta em<br />
camada dupla e espessura mínima de 0,15 mm, para<br />
garantir que não ocorra a perfuração da lona em<br />
contato com a sub-base.<br />
Assentamento das formas em volta dos<br />
62 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
pilares: O assentamento das formas deve ser<br />
realizado com auxílio de nível óptico ou laser, e<br />
deverá ser iniciado somente após a conferência da<br />
cota final da sub-base, de modo a garantir a<br />
espessura do piso conforme especificado em<br />
projeto.<br />
Preparação do concreto: O concreto deve ser<br />
dosado para atender aos requisitos mínimos<br />
especificados em projeto.<br />
Lançamento e espalhamento do concreto: O<br />
lançamento do concreto deverá ser realizado com<br />
auxílio de bomba de concreto, ou direto do caminhão<br />
betoneira. Ser fornecido continuamente sem atrasos,<br />
a fim de evitar problemas de juntas frias ou emendas<br />
de acabamento, garantindo uma superfície final<br />
homogênea com índice de planicidade e<br />
nivelamento especificado.<br />
Adensamento do concreto: O adensamento<br />
do concreto deverá ser feito com equipamento<br />
apropriado (nivelamento a laser, régua treliçada ou<br />
manual) por vibração superficial e, quando<br />
necessário, com auxílio de vibradores de imersão,<br />
sempre que a vibração superficial se mostrar<br />
ineficiente.<br />
Acabamento superficial: O acabamento<br />
superficial deverá ser liso e espelhado com a<br />
utilização de acabadoras de superfícies. Em hipótese<br />
alguma deve ser permitida a aspersão de água na<br />
superfície durante o acabamento do piso.<br />
Planicidade e nivelamento: Deverão ser<br />
garantidos os requisitos especificados em projeto, o<br />
índice de planicidade e índice de nivelamento.<br />
Cura do concreto: A cura do concreto deverá<br />
ser inicialmente química, com aplicação de resina<br />
acrílica e, após, o acabamento final úmido com<br />
manta apropriada saturada por no mínimo 7 (sete)<br />
dias.<br />
Proteção quanto ao desgaste por abrasão<br />
(atrito): Deverá ser aspergido sobre a superfície do<br />
concreto agregado mineral, de modo a garantir o<br />
aumento da resistência superficial à abrasão. Após o<br />
acabamento, aplicar líquido endurecedor de<br />
superfície de base fluossilicato ou equivalente.<br />
Tratamento de juntas: Todas as juntas<br />
longitudinais e transversais terão barras de<br />
transferência posicionadas em conformidade com<br />
as posições indicadas em projeto.<br />
Liberação ao uso: O piso só poderá ser<br />
liberado ao uso após avaliação pelo projetista dos<br />
ensaios de tração na flexão, ou num período mínimo<br />
de 21 (vinte e um) dias após o término da<br />
concretagem da última placa, mediante análise de<br />
resultados de ensaio de concreto, que deverão ser<br />
realizados por laboratórios especializados.<br />
CONCLUSÃO<br />
O surgimento de fissuras no concreto está<br />
associado à pouca resistência à tração que o<br />
concreto por si só apresenta. Nota-se que, ao<br />
adicionar as fibras de aço como reforço do concreto,<br />
a propagação dessas fissuras é controlada devido a<br />
seu elevado módulo de elasticidade. A capacidade<br />
pós-fissuração que a fibra de aço apresenta faz com<br />
ela mesma ofereça uma melhor redistribuição de<br />
esforços no piso, quando executado conforme<br />
dosagem especificada em projeto.<br />
Conclui-se que o piso de concreto reforçado<br />
com fibras de aço apresenta grandes vantagens<br />
tecnológicas e viabilidade econômica, quando<br />
comparado ao piso de concreto convencional,<br />
comumente utilizado.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ALVAREDO, A. M. Drying Shrinkage and Crack<br />
Formation. Building Materials. Reports n. 5.<br />
Aedification Publishers. IRB Verlag. Zurich,<br />
Switzerland, 1994<br />
ARAVENA-REYES, José A.. Metodologias<br />
coletivas para o ensino de projeto em engenharia e<br />
arquitetura. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto,<br />
v. 54, n. 1, Mar. 2001. Available from<br />
Artigo de Revisão<br />
t&pid=S0370-<br />
44672001000100010&lng=en&nrm=iso>. Acesso<br />
em: 21 mar. 2013.<br />
FIGUEIREDO, A.D. Parâmetros de Controle e<br />
Dosagem do Concreto Projetado com Fibras de<br />
Aço. São Paulo,1997. 342p. Tese (Doutorado).<br />
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.<br />
FIGUEIREDO, Antônio Domingues de. Concreto<br />
com fibras de aço. São Paulo: EPUSP, 2000. 68<br />
p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP,<br />
Departa- mento de Engenharia de Construção<br />
Civil, BT/PCC/260).<br />
SILVEIRA, Murilo. Engenharia produz, a<br />
sociedade utiliza. Perspect. ciênc. inf., Belo<br />
Horizonte, v. 11, n. 3, Dec. 2006 . Disponível<br />
em:<br />
. Acesso<br />
em: 21 mar. 2013.<br />
FIGUEIREDO, Antonio Domingues de; NETO,<br />
Pedro Jorge Chama; FARIA, Hernando Macedo.<br />
A nova normalização brasileira sobre fibras de<br />
aço. Revista Concreto.<br />
GARCEZ, E. A. Análise teórico-experimental<br />
do comportamento de concretos reforçados<br />
com fibras de aço submetidos á cargas de<br />
impacto. 2005.<br />
GROSSI, B.F. Uma contribuição para a<br />
modelagem numérica do concreto com fibras<br />
curtas de aço. 2006.<br />
http://dx.doi.org/10.1590/S0370-<br />
44672007000200023. Acesso em: 03 de jun. de<br />
2013.<br />
http://www.revistatechne.com.br/engenhariacivil/89/artigo32777-1.asp<br />
Acesso em: 03 jun. de<br />
2013.<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_de_compacta<br />
%C3%A7%C3%A3o_Proctor. Acesso em: 02 jun.<br />
2013.<br />
MAIDL, B. Stahlfaserbeton. Berlin. Ernst &<br />
Sohn Verlag für Architektur und technische<br />
Wissenschaften, 1991.<br />
MELLO, Antonio Vicente de Almeida et al .<br />
Estudo do conforto humano em pisos mistos (açoconcreto).<br />
Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, v.<br />
60, n. 2, June 2007 . Disponível em:<br />
. Acesso<br />
em: 21 mar. 2013.<br />
ABNT. NBR 15530: Fibras de aço para concreto –<br />
especificação. Rio de Janeiro, 2007.<br />
PRYSTHON, Cecília; SCHMIDT, Susana;<br />
64 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
REFORÇO E REPAROS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO<br />
ARMADO<br />
SANTOS, Paulo Eduardo Gomes dos*; OLIVEIRA, Isabela Souto**; SOUSA, Osmano de**<br />
Engenheiro Civil graduado na UFMG, Perito Judicial, Calculista Estrutural e Professor e Orientador das<br />
FIPMoc; Acadêmicos do curso de Engenharia Civil das FIPMoc<br />
RESUMO<br />
Nenhuma estrutura de concreto armado é<br />
eternamente durável. Suas propriedades variam com<br />
o passar do tempo, e a vida útil é finalizada quando as<br />
propriedades tornam seu uso antieconômico e,<br />
principalmente, inseguro. Esse problema se deve à<br />
falta de conhecimento dos componentes das<br />
estruturas de concreto armado e materiais utilizados,<br />
que são importantes fatores para a estimativa de vida<br />
útil das estruturas. O concreto armado teve um<br />
desenvolvimento espantoso, a ponto de obter, em<br />
menos de um século, o domínio absoluto do mercado<br />
mundial. Aliados ao desenvolvimento do concreto,<br />
surgiram os problemas estruturais, que apresentam<br />
patologias oriundas de diversos fatores. Quando uma<br />
estrutura de concreto armado está deteriorada, tornase<br />
necessário executar seu tratamento mediante<br />
reparo ou reforço. O presente artigo aborda alguns<br />
problemas patológicos encontrados em estruturas e<br />
suas possíveis formas de tratamento.<br />
Palavras-chave: Concreto armado. Patologia.<br />
Reparo. Reforço.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Atualmente a construção civil atingiu uma<br />
evolução considerável. Isso se deve ao fato de que,<br />
com passar do tempo, houve o aprimoramento de<br />
técnicas construtivas e um significativo avanço<br />
tecnológico, que se foi incorporando às construções<br />
do mundo inteiro.<br />
As estruturas de concreto armado não são<br />
eternamente duráveis. Suas propriedades variam ao<br />
longo do tempo. Refletindo um pouco mais sobre<br />
esse tema, pode-se atribuir o atual problema tanto à<br />
escassez de conhecimentos, quanto aos componentes<br />
das estruturas de concreto e aos materiais utilizados,<br />
que constituem um importante fator para a estimativa<br />
de vida útil das estruturas.<br />
O concreto armado nada mais é que a junção<br />
entre o concreto com a armadura (aço), junção que<br />
teve um desenvolvimento espantoso, a ponto de<br />
obter, em menos de um século, o domínio absoluto do<br />
mercado mundial.<br />
Até o final da década de 80, a resistência à<br />
compressão ainda era, praticamente, o único<br />
parâmetro adotado para avaliar a qualidade do<br />
concreto. Em função disso, está ocorrendo uma<br />
degradação mais acelerada nas estruturas de<br />
concreto armado, obrigando a comunidade que<br />
trabalha com esse material a definir novos<br />
parâmetros, de forma a garantir seu desempenho<br />
(FERREIRA, 2000).<br />
Segundo Helene (2001), nos últimos anos tem<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
65
Artigo de Revisão<br />
crescido o número de estruturas de concreto armado<br />
com manifestações patológicas, como resultado do<br />
envelhecimento precoce das construções existentes.<br />
Essas constatações, tanto no âmbito nacional quanto<br />
no âmbito internacional, demonstram que as<br />
exigências e recomendações existentes nas<br />
principais normas de projeto e execução de<br />
estruturas de concreto vigentes, até o final do século<br />
passado, eram insuficientes.<br />
Um projeto bem elaborado deve conferir<br />
segurança às estruturas e garantir-lhes desempenho<br />
satisfatório em serviço, além de aparência aceitável.<br />
Portanto, devem ser observadas as exigências com<br />
relação à capacidade resistente, bem como às<br />
condições em uso normal e, principalmente, às<br />
especificações referentes à durabilidade. Quanto aos<br />
requisitos de segurança, têm-se observado que, em<br />
geral, são satisfatoriamente atendidos, ao passo que<br />
as exigências de bom desempenho em serviço e<br />
durabilidade têm sido, muitas vezes, deixadas em<br />
segundo plano (BRANDÃO, 1999).<br />
Como exemplos de falhas de concepção,<br />
execução e utilização, pode-se citar o uso de<br />
modelos de análise inadequados, hipóteses de<br />
cálculo incorretas, detalhamento de armadura<br />
inadequado, desconsideração de ações relevantes,<br />
subquantificação das ações na estrutura, má<br />
especificação dos materiais a serem empregados,<br />
deficiência no controle de qualidade dos materiais e<br />
da execução, manutenção inadequada entre outros<br />
(MORAIS, 1997).<br />
Atualmente nota-se uma preocupação<br />
frequente com a conservação das obras civis e sua<br />
durabilidade. Isso tem impulsionado o crescimento<br />
de tecnologias designadas a resolver problemas em<br />
partes de estruturas danificadas ou peças antigas.<br />
Entretanto, apesar de esse segmento da engenharia<br />
estar progredindo com relativa velocidade, os<br />
especialistas se apoiam basicamente na experiência<br />
empírica acumulada. Isso se deve ao fato de a<br />
recuperação apresentar um caráter artesanal e<br />
pessoal, pois cada problema apresentado tem suas<br />
próprias características. Por outro lado, não existem<br />
métodos específicos que investiguem o<br />
comportamento estrutural da peça a ser recuperada e<br />
há poucos caminhos que norteiam o projetista<br />
durante o processo de redimensionamento. Apesar de<br />
existirem várias obras recuperadas com êxito,<br />
existem fatores que merecem ser explorados para<br />
investigar melhor o comportamento da estrutura<br />
recuperada.<br />
MÉTODO<br />
Este trabalho consiste em uma pesquisa<br />
exploratória descritiva, por meio de uma revisão<br />
bibliográfica de artigos científicos referentes ao uso<br />
de fibras de aço em pisos industriais de concreto.<br />
A pesquisa exploratória busca maiores<br />
informações sobre determinado fenômeno, visando<br />
proporcionar uma maior familiaridade com ele.<br />
Envolve levantamento bibliográfico e pode-se<br />
chegar a uma nova percepção do fenômeno ou<br />
mesmo descobrir ideias.<br />
Para a obtenção dos artigos, utilizou-se o<br />
levantamento bibliográfico e, dentre vários<br />
estudados, foram selecionados os artigos que tinham<br />
concordância com o objetivo e tema escolhido.<br />
CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO<br />
ARMADO<br />
O material perfeito para ser utilizado nas<br />
construções é aquele que alia resistência e<br />
durabilidade. O concreto armado nasceu da<br />
necessidade de unir a durabilidade da pedra com a<br />
resistência do aço, proporcionando o benefício de o<br />
material assumir formas variadas, com agilidade e<br />
prontidão, garantindo maior durabilidade para as<br />
estruturas de concreto armado, pelo fato de o aço ser<br />
coberto de concreto evitando oxidação e corrosão. O<br />
concreto armado nada mais é do que a junção do<br />
66 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
concreto, com o aço, em proporções adequadas, que<br />
tem como objetivo aproveitar, de modo mais eficaz,<br />
ambos os materiais.<br />
O concreto é um material de construção<br />
constituído de cimento, agregado miúdo, agregado<br />
graúdo, água e eventualmente aditivos químicos e<br />
adições. Os aditivos são empregados com a<br />
finalidade de melhorar, modificar, salientar ou inibir<br />
determinadas reações, propriedades e características<br />
do concreto, no estado fresco e endurecidos<br />
(FRANÇA, 2004).<br />
O composto concreto, formado por cimento,<br />
água e agregados miúdo e graúdos em proporções<br />
adequadas é caracterizado estruturalmente pela alta<br />
resistência à compressão, no entanto é baixa sua<br />
resistência à tração. O concreto, de resistência<br />
moderada (20 a 40 MPa), é o mais utilizado nas<br />
estruturas. No entanto, atualmente já existe produção<br />
de concreto comercial de alta resistência, chegando a<br />
130 MPa. O aço apresenta boa resistência à tração e a<br />
compressão, e ainda absorve os esforços de cortantes<br />
ou cisalhamentos comuns nos elementos de<br />
concreto.<br />
As qualidades de resistência do concreto e do<br />
aço permitiram que a junção dos dois resultasse<br />
numa combinação de sucesso. Na confecção de uma<br />
estrutura de concreto armado, o aço age na correção<br />
das carências do concreto e garante reforço à<br />
resistência de tração e compressão. As peças de<br />
concreto armado formam uma estrutura monolítica<br />
(uma única peça), Isso só é possível devido ao fato de<br />
o concreto e o aço possuírem boa aderência e<br />
praticamente o mesmo coeficiente de dilatação<br />
térmica. Além disso, o concreto oferece uma<br />
proteção física e química, que protege o aço da<br />
corrosão quando unido com o concreto, graças à<br />
natureza alcalina apresentada no cimento e da falta<br />
de contato com o oxigênio do ar.<br />
Os pontos positivos na construção de estruturas<br />
de concreto armado são inúmeros; a título de<br />
exemplo, cita-se a facilidade na moldagem, a fácil<br />
conservação e manutenção, a rapidez na construção,<br />
o aumento da resistência à compressão com o passar<br />
do tempo, a facilidade na qualificação da mão-deobra,<br />
a apresentação de boa resistência ao choque e<br />
vibrações, às intempéries atmosféricas, ao desgaste<br />
mecânico, ao fogo e, além disso, exige<br />
equipamentos simples para seu preparo, transporte,<br />
adensamento e vibração, dentre outras.<br />
Em relação às desvantagens, pode-se<br />
destacar o fato de ser uma construção definitiva,<br />
apresentar peso próprio elevado (média de 2500<br />
3<br />
Kg/m ),menor proteção térmica, possibilidade de<br />
reformas e demolições tornarem-se obras<br />
trabalhosas e caras, e possibilidade de fissuras,<br />
principalmente na região tracionada.<br />
Além das vantagens e desvantagens<br />
apresentadas, o concreto é um material que<br />
apresenta deformações que ocorrem por diversos<br />
fatores, como os esforços mecânicos, variações<br />
térmicas, hidratação do cimento. Os esforços<br />
mecânicos podem causar dois tipos de deformação:<br />
a imediata (que surge após a acomodação do<br />
carregamento) e a lenta (que se torna visível com a<br />
conservação do carregamento). A retração é outro<br />
tipo de deformação, e ocorre devido à função da<br />
quantidade inadequada na relação de cimento e<br />
água, que contribui para o fissuramento da estrutura.<br />
Um concreto corretamente executado protege a<br />
armadura sob dois aspectos: proteção química que<br />
resulta do elevado pH presente na solução aquosa<br />
encontrada nos poros do concreto permitindo a<br />
formação de uma película protetora como camada<br />
passiva; e a proteção física, devido ao cobrimento<br />
sobre a armadura, cuja eficiência depende da<br />
espessura do concreto.<br />
Vida útil de uma estrutura<br />
Entende-se por vida útil de uma estrutura o<br />
período de tempo no qual a estrutura atenda a<br />
determinadas funções, requisitos de segurança e<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
67
Artigo de Revisão<br />
estética sem gastos com manutenções não previstos,<br />
isto é, o período pelo qual o desempenho da estrutura<br />
é aceitável.<br />
A NBR 6118 (ABNT 2003) estabelece que o<br />
conceito de vida útil aplica-se à estrutura como um<br />
todo, ou a suas partes. Dessa forma, determinadas<br />
partes das estruturas podem merecer consideração<br />
especial com valor de vida útil diferente do todo.<br />
Monteiro (2002) define vida útil como o<br />
período no qual a estrutura é capaz de desempenhar<br />
as funções para as quais foi projetada. Para Oliveira<br />
Andrade (2005), vida útil de projeto é a etapa em que<br />
os agentes agressivos ainda estão penetrando através<br />
da rede de poros do cobrimento, sem causar danos<br />
efetivos à estrutura.<br />
2003) :<br />
Outra definição é a da NBR 6118 (ABNT,<br />
[...] por vida útil de projeto, entende-se o<br />
período de tempo durante o qual se mantêm<br />
as características das estruturas de concreto,<br />
desde que atendidos os requisitos de uso e<br />
manutenção prescritos pelo projetista e pelo<br />
construtor, bem como de execução dos<br />
reparos necessários decorrentes de danos<br />
acidentais.<br />
A vida útil de uma estrutura de concreto<br />
depende de vários fatores, inclusive da importância<br />
da obra, motivo pelo qual não existe fixação de um<br />
valor mínimo explicitado na norma. Em obras de<br />
caráter provisório, transitório ou efêmero, é<br />
tecnicamente recomendável adotar-se vida útil de<br />
projeto de pelo menos um ano. Para as pontes e outras<br />
obras de caráter permanente, poderão ser adotados<br />
períodos de 50, 75 ou até mais de 100 anos, conforme<br />
recomendado pelas normas internacionais, por<br />
exemplo, as normas BS 7543 e CEN/EM 206<br />
(HELENE, 2001).<br />
Assim, será a quantidade de água no concreto e<br />
sua relação com a quantidade de ligante, o elemento<br />
básico que irá reger características como densidade,<br />
compacidade, porosidade, permeabilidade,<br />
capilaridade e fissuração, além de sua resistência<br />
mecânica, que, em resumo, é o indicador de<br />
qualidade do material, passo primeiro para a<br />
classificação da estrutura como durável ou não.<br />
Portanto, é necessário que uma estrutura preserve<br />
suas características inicias de projeto, até sua<br />
deterioração atingir um limite aceitável.<br />
Patologias<br />
Patologia é o termo que se refere à perda de<br />
desempenho de uma determinada estrutura e causa<br />
defeitos estéticos indesejáveis .<br />
Esse termo foi extraído da área da saúde e<br />
identifica o estudo das doenças, seus sintomas e<br />
natureza das modificações que elas provocam no<br />
organismo (ANDRADE;<br />
SILVA, 2005).<br />
Designa-se genericamente por patologia das<br />
estruturas esse novo campo da Engenharia<br />
das Construções que se ocupa do estudo das<br />
origens, formas de manifestação,<br />
consequências e mecanismos de ocorrência<br />
das falhas e dos sistemas de degradação das<br />
estruturas. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.14).<br />
Ainda segundo Souza e Ripper (1998, p.13),<br />
[...] o crescimento sempre acelerado da<br />
construção civil, em alguns países, provocou<br />
a necessidade de inovações que trouxeram,<br />
em si, a aceitação implícita de maiores<br />
riscos. Aceitos estes riscos, ainda que dentro<br />
de certos limites, posto que regulamentados<br />
das mais diversas formas, a progressão do<br />
desenvolvimento tecnológico aconteceu<br />
naturalmente, e, com ela, o aumento do<br />
conhecimento sobre estruturas e materiais,<br />
em particular através do estudo e análise dos<br />
erros acontecidos, que têm resultado em<br />
deterioração precoce ou em acidentes.<br />
Para Azevedo (2011), “as patologias podem<br />
ocorrer numa estrutura tanto na fase de construção<br />
como durante o período pós-entrega e uso”. Assim ,<br />
as condições apresentadas por uma estrutura que<br />
favoreça o desenvolvimento dessas manifestações<br />
patológicas são de responsabilidade do projetista,<br />
enquanto que o construtor responderá pelas falhas<br />
construtivas por inconformidade com o projeto, com<br />
as normas de execução e com a escolha de material<br />
68<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
Artigo de Revisão<br />
inadequado.<br />
serem executados nessa intervenção não implicarem<br />
Segundo Helene (1992), os sintomas introdução de materiais com a finalidade de<br />
patológicos de maior incidência nas estruturas de aumentar ou de reconstituir capacidade portante da<br />
concreto são as fissuras, as eflorescências, as flechas estrutura, chamamos a eles de trabalhos de<br />
excessivas, as manchas no concreto aparente, a recuperação ou de reparo da estrutura; e de reforço,<br />
corrosão de armaduras e os ninhos de concretagem em caso contrário.<br />
gerados pela segregação dos materiais constituintes Segundo Piancastelli (1997), quando o<br />
do concreto. Para identificar em qual fase do desempenho de uma peça estrutural é insatisfatório,<br />
processo de construção ocorre o maior índice de colocando em risco sua segurança, sejam quais<br />
problemas patológicos, divide-se o processo de forem as causas ou origens do problema, são<br />
construção em cinco etapas, a saber: planejamento; necessárias intervenções que visem:<br />
projeto; fabricação de materiais e componentes fora - devolver-lhe o desempenho perdido -<br />
do canteiro; execução propriamente dita; e uso. Os RECUPERAÇÃO; ou<br />
problemas provenientes de qualquer uma dessas - aumentar-lhe o desempenho - REFORÇO.<br />
etapas são responsáveis pela alteração das condições Ainda, segundo Piancastelli (1997), para o<br />
normais de uso da estrutura, surgindo, então, a bom desempenho de qualquer intervenção,<br />
necessidade de se realizarem intervenções.<br />
principalmente de recuperação ou reforço, é<br />
As principais fases que apresentam problemas fundamental que o substrato (superfícies do concreto<br />
patológicos são: Fases de planejamento/projeto e do aço existentes) seja convenientemente tratado.<br />
(projetos inadequados, falha de compatibilidade Quando a estrutura apresenta anomalias, o<br />
entre a estrutura e a arquitetura,...); Fase de primeiro passo a ser dado consiste em verificar a<br />
fabricação dos materiais fora do canteiro de obras resistência da construção e seus limites de<br />
(dimensões incorretas dos materiais, peças com segurança; somente, então, é que se decide em<br />
pouca resistência e defeituosas,...); Fase de execução reparar ou reforçar a estrutura comprometida. A<br />
(falhas na armação, falhas na concretagem, PROFILAXIA se ocupa das medidas necessárias à<br />
deslocamento da armação na concretagem,...); e preservação ou medidas preventivas contra as<br />
Fase de uso (falta de conhecimentos por parte dos enfermidades.<br />
usuários sobre os elementos agressivos aos quais o<br />
concreto é exposto).<br />
Reparos<br />
Segundo Souza e Ripper (1998), mesmo que as<br />
etapas de concepção tenham sido de qualidade Os reparos realizados em estruturas de<br />
adequada, as estruturas podem vir a apresentar concreto armado apresentam inúmeros benefícios,<br />
problemas patológicos originados da utilização pois existe a possibilidade de prolongar a vida útil<br />
incorreta ou da falta de um programa de manutenção das estruturas e evitar o consumo desnecessário de<br />
adequado.<br />
materiais e energia. As finalidades básicas do<br />
tratamento são:<br />
TRATAMENTOS<br />
- retirar todo material deteriorado ou<br />
Para Souza e Ripper (1998, p.129), uma<br />
contaminado;<br />
estrutura pode apresentar-se doente em vários graus<br />
- propiciar as melhores condições de aderência<br />
e, quando isso ocorre, é necessário intervir para que<br />
entre o substrato (superfícies de concreto e aço) e o<br />
sua integridade seja garantida. Quando os serviços a<br />
material de reparo.<br />
69
Artigo de Revisão<br />
Apesar da evolução das técnicas construtivas e<br />
dos materiais utilizados na reparação, há escassez de<br />
mão-de-obra especializada, que pode alterar a<br />
eficiência e a qualidade do produto. Além disso,<br />
muitos dos fabricantes dos produtos não fornecem<br />
informações técnicas de como o produto deve ser<br />
utilizado. É evidente que alguns reparos podem<br />
transformar-se em casos de recuperação devido à<br />
redução da seção do concreto exigida no preparo do<br />
substrato, caso comum na oxidação de armaduras em<br />
pilares e vigas. Na retirada do concreto deteriorado,<br />
deve-se ter cuidado para que as faces laterais<br />
apresentem ângulos que favoreçam a aderência,<br />
facilitem a aplicação de produtos e garantam a<br />
espessura mínima do material para reparo, e a<br />
superfície deve estar seca ou úmida (saturada com a<br />
superfície seca).<br />
Os reparos superficiais não ultrapassam a<br />
camada de cobrimento da armadura. Esse reparo é<br />
exigido devido à segregação ou contaminação que<br />
afeta o concreto de cobrimento das armaduras. Os<br />
reparos profundos, por sua vez, ultrapassam a<br />
camada de cobrimento das armaduras, e sua<br />
necessidade surge devido à ocorrência de<br />
segregações, “ninhos” ou presença de corpos<br />
estranhos no concreto.<br />
Outro tipo de reparo comum em estruturas de<br />
concreto armado é a correção de fissuras, processo<br />
em que previamente deve verificar se são ativas ou<br />
inativas.<br />
De acordo com a NBR 6118(ABNT 2003), a<br />
fissuração em elementos estruturais de concreto<br />
armado é inevitável, devido à grande variabilidade e<br />
à baixa resistência do concreto à tração; mesmo sob<br />
as ações de serviço (utilização), valores críticos de<br />
tensões de tração são atingidos. Visando obter bom<br />
desempenho relacionado à proteção das armaduras<br />
quanto à corrosão e à aceitabilidade sensorial dos<br />
usuários, busca-se controlar a abertura dessas<br />
fissuras.<br />
De acordo com Piancastelli (1997), para a<br />
especificação do tratamento ideal, é essencial<br />
verificar se a fissura analisada é ativa (viva ou<br />
instável) – fissuras que apresentam variação de<br />
abertura –, ou inativa (morta ou estável) – aquelas<br />
que não apresentam variação de abertura. As fissuras<br />
inativas são aquelas causadas por juntas de<br />
concretagem mal executadas, retração hidráulica,<br />
recalques estabilizados e esforços excessivos. As<br />
fissuras ativas são causadas principalmente pela<br />
variação de temperatura.<br />
A regra geral é: “se o agente causador da<br />
fissura não mais atua, ela pode ser tratada como<br />
inativa, caso contrário, como ativa”. O reparo das<br />
fissuras inativas comumente implica a restauração<br />
do concreto, que se baseia na aplicação de (adesivos)<br />
capaz de promover a aderência entre as duas faces do<br />
concreto, e sua aplicação é feita por gravidade ou por<br />
ar comprimido; e o reparo das fissuras ativas deve ser<br />
feito com juntas de dilatação, de preferência com<br />
material elástico.<br />
Reforço<br />
Os serviços de reforço requerem sempre a<br />
prévia elaboração de cálculo estrutural,<br />
sejam estes serviços derivados de<br />
necessidade de alteração na funcionalidade<br />
da estrutura – aumento da carga de<br />
utilização, por exemplo - ou como<br />
consequência de danificação sofrida pela<br />
estrutura, casos em que o reforço estará<br />
inserido nos trabalhos de recuperação<br />
(SOUZA E RIPPER 1998, p.105).<br />
Existem inúmeras técnicas de reforço,<br />
algumas delas testadas e aprovadas, outras em<br />
desenvolvimento. Na atualidade, as técnicas de<br />
reforço estão anexas mais a procedimentos e<br />
materiais, do que a grandes descobertas de técnicas<br />
inovadoras.<br />
Reforço de concreto armado<br />
O concreto, usado com técnica, é o material<br />
mais versátil para recuperação ou reforço de<br />
estruturas de concreto armado. Pode ser utilizado em<br />
todos os tipos de peças estruturais, em diversas<br />
70 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
condições e situações. Os reforços de concreto<br />
armado são muito utilizados e exigem uma série de<br />
procedimentos, mas são de fácil manuseio, não<br />
exigindo mão-de-obra especializada, embora, não<br />
dispense cuidados inerentes nem mão-de-obra<br />
qualificada a qualquer intervenção de reforço. Uma<br />
das grandes preocupações nos reforços de concreto<br />
está relacionada à aderência entre o concreto velho<br />
(peça a ser reforçada) e o concreto novo (concreto de<br />
reforço). Ela é vital para garantir o comportamento<br />
conjunto, ou seja, para que a peça reforçada trabalhe<br />
como uma peça monolítica. Caso seja necessário,<br />
podem-se utilizar adesivos epoxídicos para garantir<br />
essa aderência.<br />
Quanto ao cálculo de reforços, a NBR-6118<br />
não faz referência a eles. Por isso, os projetos de<br />
reforços são desenvolvidos com base na experiência<br />
pessoal do engenheiro projetista, que, na maior parte<br />
das vezes, utiliza normas de outros países e as<br />
adapta.<br />
Reforço de pilares<br />
p.216),<br />
Conforme afirma Souza e Ripper (1998,<br />
[...] o reforço de pilares, do ponto de vista do<br />
projeto estrutural (o qual deve, em qualquer<br />
situação, obedecer ao binômio segurançaeconomia),<br />
é sempre mais problemático do<br />
que o reforço de vigas e lajes. Isto acontece<br />
porque, sendo o pilar o último elemento de<br />
sustentação da estrutura antes das<br />
fundações, tem que absorver cargas oriundas<br />
de diversos pavimentos, diferentemente das<br />
vigas (com exceção das vigas de transição),<br />
que absorvem apenas os carregamentos do<br />
teto em que se situam.<br />
Pilares são os elementos estruturais que<br />
recebem as cargas provenientes das vigas e laje. São<br />
reforçados por diversos motivos, como por<br />
exemplo:<br />
- erros de cálculo;<br />
- erros de detalhamento;<br />
- deficiências dos materiais (fck estimado<br />
menor que o de projeto);<br />
- mau adensamento do concreto;<br />
- corrosão das armaduras;<br />
- impactos acidentais;<br />
- erros de locação;<br />
A intervenção a ser executada num elemento<br />
estrutural, por mais simples que possa parecer, deve<br />
ser procedida de análise estrutural, sob pena de<br />
redução da segurança.<br />
Reforço por encamisamento<br />
Nesse tipo de reforço, o pilar original é<br />
envolvido totalmente pelo concreto armado de<br />
reforço, conforme FIG. 1.<br />
Segundo Piancastelli (1997), a transferência<br />
de esforços é feita através das vigas e da aderência<br />
entre os concretos do pilar original e do reforço. A<br />
armadura longitudinal de reforço é ancorada nas<br />
vigas e na laje inferior por colagem com resina, e<br />
estendida até a face inferior da laje superior.<br />
Figura 1 - Reforço por encamisamento<br />
Seção transversal do pilar<br />
Seção reforçada<br />
Reforço lateral<br />
E s s e r e f o r ç o d i f e r e d a q u e l e p o r<br />
encamisamento, porque o acréscimo de concreto<br />
não é feito em todas as faces do pilar original. Neste<br />
caso, só existe a opção do reforço trabalhar em<br />
conjunto com o pilar original, o que torna essencial a<br />
ligação entre os dois concretos. A execução é feita de<br />
modo equivalente ao reforço por encamisamento,<br />
verificando a continuidade da armadura longitudinal<br />
de reforço, onde ela seja possível. Observa-se que<br />
esse tipo de reforço em pilares é pouco utilizado.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
71
Artigo de Revisão<br />
Reforço por cintamento<br />
Em pilares solicitados por cargas normais, é<br />
mais vantajosa a adoção de reforço com armadura<br />
transversal circular de cintamento (FIG. 2), tendo em<br />
vista a geometria do pilar original. Esse tipo de<br />
reforço converte, obviamente, uma seção transversal<br />
(após o reforço) em forma circular. O cintamento<br />
propicia um aumento na resistência à compressão. A<br />
ruptura à compressão do concreto ocorre por tração<br />
em plano perpendicular ao de compressão, bem<br />
como do pilar original.<br />
Figura 2- Reforço por cintamento<br />
Reforço em vigas<br />
A grande maioria dos reforços executados em<br />
vigas de concreto armado ocorre devido a seu mau<br />
desempenho frente às solicitações de flexão ou<br />
cisalhamento, por causas das mais diversas. Menos<br />
comuns são os reforços causados por baixo<br />
desempenho à torção. Flechas excessivas, apesar de<br />
não ameaçar a segurança da viga, causam<br />
desconforto aos usuários, podem prejudicar o<br />
funcionamento de outras peças estruturais, e de<br />
partes não estruturais da edificação (janelas, portas,<br />
pontes rolantes etc.), exigindo, portanto,<br />
intervenções de reforço. Como em todo reforço, o<br />
sucesso da intervenção depende substancialmente<br />
do tratamento do substrato, por sua vez ligado à<br />
aderência entre o concreto velho e o novo. O cálculo<br />
do reforço das vigas é indispensável e pode ser feito<br />
com base nos critérios da NBR-6118, dando ênfase<br />
às considerações de tensões e deformações<br />
existentes antes do reforço.<br />
Reforço à flexão<br />
O reforço de vigas à flexão com concreto<br />
armado é feito, basicamente, por encamisamento.<br />
Para o posicionamento das armaduras longitudinais<br />
de flexão, empregam-se estribos adicionais fixados<br />
à viga original de várias maneiras (FIG. 3). Outra<br />
solução alternativa indicada para o reforço consiste<br />
na introdução de barras longitudinais na alma da<br />
viga, mediante escarificação e fixação com<br />
argamassa de resina (mais indicada) ou argamassa<br />
polimérica, ambas com ponte de aderência<br />
compatível. Para o posicionamento das barras de<br />
reforço, é necessário um pequeno corte nos estribos<br />
originais.<br />
Reforço ao cisalhamento<br />
O reforço ao cisalhamento é, geralmente, de<br />
execução mais difícil do que o reforço à flexão. Na<br />
maioria dos casos, ele está associado ao reforço à<br />
flexão, sendo, portanto, executado normalmente por<br />
encamisamento (FIG. 3). Na execução, pode ser<br />
utilizado o concreto moldado. Caso seja necessário<br />
apenas o reforço ao cisalhamento, podem ser feitos<br />
cortes no concreto de cobrimento nas posições onde<br />
serão instalados os estribos de reforço.<br />
Reforço à torção<br />
O reforço à torção é normalmente conseguido<br />
com o acréscimo de estribos e de barras<br />
longitudinais, implicando um encamisamento total<br />
da peça reforçada. De forma diferente do<br />
cisalhamento, o reforço à torção exige que as<br />
armaduras longitudinais sejam ancoradas no pilar.<br />
Isso pode ser feito por colagem com adesivos<br />
estruturais. É importante salientar que, ao invés de<br />
reforço, podem-se executar artifícios estruturais<br />
72 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Figura 3- Reforço ao cisalhamento e à flexão.<br />
Artigo de Revisão<br />
capazes de reduzir ou anular o momento de torção<br />
que exige o reforço. São vários os artifícios<br />
estruturais que podem ser executados, variando com<br />
o caso estudado. Obviamente, a materialização<br />
desses artifícios implica intervenções às vezes<br />
semelhantes às de reforço, mas de maior facilidade<br />
executiva. Um exemplo desses artifícios consiste em<br />
colocar um contrapeso na viga para eliminar ou<br />
reduzir o esforço à torção.<br />
Reforços de lajes<br />
Nas lajes, são mais comuns os reforços à flexão<br />
e à punção. O reforço ao cisalhamento é raro no caso<br />
de obras residenciais e comerciais, mas ocorre com<br />
menor frequência, em obras industriais. Os<br />
procedimentos de execução são análogos aos já<br />
descritos para pilares e vigas, seja em reforços em<br />
concreto armado ou projetado e os cálculos podem<br />
ser feitos com base nos critérios da NBR-6118.<br />
Como nos pilares e vigas, devem ser considerados os<br />
estados iniciais de tensão e deformação, entretanto,<br />
no caso das lajes, os efeitos desses estados iniciais<br />
são menos significativos, porque a parcela da carga<br />
permanente em relação à carga total é normalmente<br />
menor do que nos casos de pilares e vigas. Portanto, a<br />
retirada das cargas de utilização reduz<br />
significativamente as tensões e deformações<br />
iniciais. Caso queira reduzir ainda mais as tensões e<br />
deformações iniciais, pode-se lançar mão de<br />
operações de escoramento, que também são de bem<br />
mais fácil execução do que nos casos de vigas e<br />
pilares.<br />
Reforço à flexão<br />
O reforço à flexão pode ser obtido pelo<br />
acréscimo de armadura na zona de tração ou<br />
acréscimo de concreto na zona de compressão. A<br />
combinação desses dois acréscimos pode ser<br />
utilizado, apesar do maior grau de intervenção. O<br />
uso de argamassas poliméricas “apertadas” contra o<br />
substrato é, também, possível, sendo, nesse caso,<br />
conveniente o uso de ponte de aderência compatível<br />
com o polímero da argamassa. Muito comum,<br />
também, é a ocorrência de fissuras nos cantos de<br />
lajes, devido a momentos volventes. Tais fissuras,<br />
normalmente, não prejudicam o comportamento da<br />
laje, não sendo, portanto, exigido o reforço.<br />
Ressalta-se, ainda, que momentos volventes<br />
provocam esforços de tração nas duas faces das<br />
lajes. Na face inferior, entretanto, não ocorre fissura,<br />
pois as armaduras de combate aos momentos<br />
positivos absorvem as tensões de tração do momento<br />
volvente. Na face superior, como geralmente não há<br />
armadura negativa, o momento volvente provocará<br />
fissuras, conforme FIG. 4.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
73
Artigo de Revisão<br />
Figura 4- Reforço de laje pela face inferior/ Reforço de laje pela face superior<br />
Reforço à punção<br />
cisalhamento.<br />
O reforço à punção, exigido geralmente em<br />
lajes cogumelo é, na maior parte das vezes,<br />
executado mediante aumento da área de transmissão<br />
de cargas entre pilar e laje. A área necessária é<br />
calculada para que as tensões de cisalhamento<br />
desenvolvidas possam ser resistidas pelo concreto da<br />
laje.<br />
Reforço de fundações em sapatas<br />
O reforço feito em sapatas geralmente ocorre<br />
devido ao acréscimo de solicitações ou do mau<br />
desempenho, que pode ser da peça estrutural,<br />
exigindo reforços à flexão, punção ou cisalhamento,<br />
ou da interação entre estrutura e solo, que implica<br />
recalques e, consequentemente, reforço, sendo, às<br />
vezes, necessário o reposicionamento da estrutura.<br />
No caso de mau desempenho, o reforço se dá<br />
através do aumento da seção de concreto (FIG. 5). O<br />
aumento da área de uma sapata pode ser necessário,<br />
para manter os níveis de tensão no solo, quando há<br />
acréscimo de carga, ou para reduzir tais níveis,<br />
quando eles estão acima do admissível, provocando<br />
recalques excessivos. Quando exigido, uma boa<br />
solução para aumentar a área de uma sapata é<br />
prolongar as ferragens de flexão existentes, e<br />
aumentar sua altura, o suficiente para que sejam<br />
atendidas as novas solicitações de flexão, punção e<br />
Figura 5- Reforço de sapatas com o aumento de seção<br />
de concreto<br />
CONCLUSÃO<br />
O concreto armado, ao ser executado com<br />
técnica e adequadamente dimensionado, resulta em<br />
estruturas com boa resistência à tração e<br />
compressão. Pela facilidade em moldar e rapidez na<br />
execução, esse tipo de estrutura ganhou lugar de<br />
destaque nas construções e já chegou a patamares<br />
jamais previstos. O material é utilizado atualmente<br />
em larga escala em construções do mundo inteiro.<br />
No entanto, ele tem suas propriedades<br />
alteradas ao longo do tempo, motivo pelo qual as<br />
estruturas de concreto armado precisam ser<br />
monitoradas e reparadas, para garantir um bom<br />
desempenho durante sua vida útil.<br />
No Brasil, não é diferente. Alguns fatores,<br />
como incêndio de edifícios e desabamentos de<br />
outros, motivados pela ação do tempo, de<br />
intempéries e até por abalo sísmico em algumas<br />
regiões, levaram o país a se preocupar com o<br />
monitoramento das edificações.<br />
74 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Artigo de Revisão<br />
Portanto, tratamento de estruturas de concreto<br />
armado é um procedimento obrigatório, se quiser<br />
devolver o desempenho perdido pela estrutura no<br />
decorrer da sua vida útil. Contudo, observa-se a<br />
necessidade do aprimoramento de técnicas de<br />
recuperação, de materiais e da mão-de- obra<br />
especializada para a execução dos serviços de<br />
recuperação e reforço de estruturas. Mesmo que o<br />
custo seja elevado, o tratamento das estruturas é<br />
procedimento necessário e indispensável, pois<br />
devolve a resistência à peça reparada e garante<br />
segurança a seus usuários.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ANDRADE, T.; SILVA, A. J. C. Patologia das<br />
Estruturas. In: ISAIA, Geraldo Cechella (Ed.).<br />
Concreto: ensino, pesquisa e realizações. São<br />
Paulo: IBRACON, 2005. 2v. cap.32, p.953-983.<br />
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS<br />
TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de Estruturas de<br />
Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro. Versão<br />
corrigida, 2004.<br />
AZEVEDO, Minos Trocoli de. Patologia das<br />
Estruturas de Concreto. In: ________. Concreto:<br />
Ciência e Tecnologia São Paulo: IBRACON -Apis<br />
Gráfica e Editora, 2008. cap. 31<br />
BRANDÃO, A. M. S.; PINHEIRO, L. M. (1999).<br />
Qualidade e durabilidade das estruturas de<br />
concreto armado: aspectos relativos ao projeto.<br />
Cadernos de Engenharia de Estruturas. n.8.<br />
EESC. Universidade de São Paulo.São Carlos.<br />
FERREIRA, Rui Miguel. Avaliação dos ensaios<br />
de durabilidade do betão. 2000. 246 f.<br />
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –<br />
Escola de Engenharia, Universidade do Minho,<br />
Braga, 2000.<br />
FIGUEIREDO, Enio Pazini. Efeitos da<br />
carbonatação e de cloretos no concreto. In: ISAIA,<br />
Geraldo Cechella (Ed.). Concreto: ensino,<br />
pesquisa e realizações. São Paulo: IBRACON,<br />
2005. 2v. cap.27, p.829-855.<br />
FRANÇA, Esdras Poty de. Tecnologia Básica do<br />
Concreto. In: Apostila Curso Engenharia de<br />
Produção Civil. Disciplina materiais de<br />
construção. CEFET. Belo Horizonte. 2004. p. 7-13.<br />
GENTIL, Vicente. Corrosão. 2. ed., Rio de<br />
Janeiro/RJ: Guanabara, 1982.<br />
HELENE, P. R. do L. Vida útil das estruturas de<br />
concreto. In: CONGRESSO IBERO<br />
AMERICANO DE PATOLOGIA DAS<br />
CONSTRUÇÕES, COMPAT 97, 4. 1997, Porto<br />
Alegre. Anais... Porto Alegre, 1997. v. 1, p. 1-30.<br />
HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e<br />
proteção das estruturas de concreto. São Paulo:<br />
PINI, 1992.<br />
HELENE, P. Introdução da vida útil no projeto<br />
das estruturas de concreto NB/2001. In:<br />
WORKSHOP SOBRE DURABILIDADE DAS<br />
CONSTRUÇÕES. Novembro. São José dos<br />
Campos, 2001.<br />
HELENE, Paulo. ANDRADE, Tibério. Concreto<br />
de Cimento Portland. In: ISAIA, Geraldo<br />
Cechella. Materiais de Construção Civil e<br />
Princípios de Ciência e Engenharia de<br />
Materiais. São Paulo: Ibracon, 2007. v.2, cap. 27,<br />
p. 905 -944.<br />
ISAIA, Geraldo Cechella. O concreto da era<br />
clássica à contemporânea. In: ISAIA, Geraldo<br />
Cechella. Concreto: Ensino, Pesquisa e<br />
Realizações. São Paulo: Editora Ibracon, 2005. v1.<br />
cap. 1, p. 1-41.<br />
CÔRREA, M. Margarida; VINAGRE, João C.;<br />
SOUZA, Regina H.F. de. Reparação com<br />
Argamassa de Pilares de Betão Armado,<br />
Universidade do Minho, n. 20, Portugal, 2004, p.<br />
17-29.<br />
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto:<br />
microestrutura, propriedades e materiais. 3. ed.<br />
São Paulo: IBRACON, 2008.<br />
MORAIS, M. C.. Reforço de vigas de concreto.<br />
Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado) - COPPE,<br />
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997.<br />
MONTEIRO, E. C. B. Avaliação do método de<br />
extração eletroquímica de cloretos para<br />
reabilitação de estruturas de concreto com<br />
problemas de corrosão de armaduras. Tese<br />
(Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade<br />
de São Paulo, São Paulo, 2002. 211p.<br />
OLIVEIRA ANDRADE, J. J. Vida Útil das<br />
Estruturas de Concreto. In: ISAIA, Geraldo<br />
Cechella (Ed.). Concreto: ensino, pesquisa e<br />
realizações. São Paulo: IBRACON, 2005. v. 2<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
75
Artigo de Revisão<br />
cap.31, p.923-951.<br />
PIANCASTELLI, E.M. Patologia, Recuperação e<br />
Reforço de Estruturas de Concreto Armado -<br />
Ed. Depto. Estruturas da EEUFMG - 1997 - 160p.<br />
REIS, A. P. A. Reforço de vigas de concreto<br />
armado por meio de barras de aço adicionais ou<br />
chapas de aço e argamassa de alto desempenho.<br />
São Carlos, 1998.<br />
ROQUE, J. A.; MORENO JUNIOR, A. L..<br />
Considerações sobre vida útil do concreto .São<br />
Carlos, 2005<br />
SANTOS, M. R. G. dos. Deterioração Das<br />
Estruturas De Concreto Armado: Estudo de<br />
Caso.Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />
Horizonte, 2012.<br />
SOUZA, V. C.; RIPPER, T. Patologia,<br />
recuperação e reforço de estruturas de concreto.<br />
São Paulo: PINI, 1998.<br />
SOUZA, M.T.. Clínica Geral: erros de projeto,<br />
execução, materiais, uso. Vale tudo. Construção,<br />
p. 4 - 8, São Paulo, n. 2277, v.30, set., 1991.<br />
TAKEUTI, A. R. Reforço de pilares de concreto<br />
armado por meio de encamisamento com<br />
concreto de alto desempenho.São Carlos, 1999.<br />
76 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Normas para Publicação<br />
REGRAS EDITORIAIS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA<br />
MULTIDISCIPLINAR DAS FIPMoc<br />
1) INSTRUÇÃO AOS AUTORES<br />
A Revista Multidisciplinar das FIPMoc é um<br />
periódico especializado, nacional, aberto a contribuições<br />
da comunidade científica nacional, arbitrada e distribuída<br />
a leitores do Brasil.<br />
Esta revista tem por finalidade publicar<br />
contribuições científicas originais sobre temas relevantes<br />
para as áreas de Ciências da Saúde, Ciências Humanas,<br />
Ciências Exatas e Ciências Sociais, promovendo a<br />
divulgação da produção de conhecimento das diversas<br />
áreas do saber e estimulando as relações<br />
interdisciplinares. Os manuscritos devem destinar-se<br />
exclusivamente à Revista Multidisciplinar das<br />
Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, não<br />
sendo permitida sua apresentação simultânea a outro<br />
periódico, quer na íntegra ou parcialmente, excetuandose<br />
resumos ou relatórios preliminares publicados em<br />
anais de reuniões científicas.<br />
Os manuscritos publicados são de propriedade da<br />
Revista, vedada tanto a reprodução, mesmo que parcial,<br />
em outros periódicos, como a tradução para outro idioma,<br />
sem a autorização do Conselho de Editores.<br />
O(s) autor(es) deverá(ão) assinar e encaminhar,<br />
juntamente com o manuscrito: Declaração de<br />
Responsabilidade e Transferência de Direitos Autorais,<br />
na forma de documentos suplementares.<br />
Os manuscritos deverão ser encaminhados,<br />
exclusivamente por via eletrônica, utilizando o Site de<br />
Editoração Eletrônica de Revista (SEER) que encontra-se<br />
no endereço www.fip-moc.edu.br/revista Os interessados<br />
deverão criar um login e senha para acesso ao sistema, e<br />
seguir as orientações para submissão de manuscritos.<br />
Todo o acompanhamento para publicação dos<br />
trabalhados será feito através desse sistema.<br />
2) CATEGORIAS DE ARTIGOS<br />
Além dos artigos originais, que têm prioridade, a<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas<br />
Pitágoras publica ensaios de Atualização Científica,<br />
Relatos de Experiências, Relatos de Casos, Notas<br />
Técnicas e Cartas ao Editor.<br />
Artigos originais: Devem ser oriundos de pesquisas de<br />
natureza empírica ou experimental, original, que possam<br />
ser replicadas ou generalizadas.<br />
Artigos ou Ensaios de Atualização Científica: Devem<br />
apresentar uma composição de revisão crítica da<br />
literatura existente e pertinente às áreas temáticas a que se<br />
destina.<br />
Relatos de Experiências e Relatos de Casos: Artigo<br />
apresentando experiências exitosas ou de interesse aos<br />
profissionais da área, casos clínicos ou situações<br />
peculiares de determinada área do conhecimento, que<br />
possam ser úteis aos leitores pela escassez de literatura<br />
e/ou pela raridade ou notoriedade do evento.<br />
Notas Técnicas: Espaço destinado para comunicações<br />
técnicas das diversas áreas do conhecimento abordadas<br />
pela Revista. A autoria deverá ser necessariamente<br />
assumida por uma entidade representativa da categoria a<br />
que se destina a nota técnica em questão.<br />
Cartas ao Conselho Editorial: Devem ser frutos de<br />
crítica ou comentários pertinentes a artigo publicado em<br />
fascículo anterior ou notificação de fato relevante ao<br />
corpo editorial e de leitores.<br />
3) RECOMENDAÇÕES PARA REDAÇÃO DOS<br />
ARTIGOS<br />
Os textos enviados devem ter a objetividade<br />
como princípio básico. O(s) autor(es) deve(m) deixar<br />
claro quais as questões que pretende responder ou o<br />
objetivo proposto. A estrutura proposta para os artigos é a<br />
que se segue:<br />
Artigos Originais:<br />
Incluem estudos observacionais, estudos experimentais<br />
ou quase-experimentais, avaliação de programas,<br />
análises de decisão e estudos sobre avaliação de<br />
desempenho, entre outros. O artigo deve conter no<br />
máximo 5.000 palavras e até cinco ilustrações. A estrutura<br />
recomendada é: Introdução, Métodos, Resultados e<br />
Discussão.<br />
A Introdução deve ser curta, definindo o problema<br />
estudado, sintetizando sua importância e destacando as<br />
lacunas do conhecimento na área. A seção sobre os<br />
Métodos deve descrever de forma detalhada todos os<br />
passos da realização do estudo, permitindo a análise<br />
crítica sobre o desenvolvimento do estudo e possibilidade<br />
de replicação. Deverá ser informada a aprovação por<br />
Comitê de Ética, quando pertinente. Os resultados devem<br />
ser apresentados de forma objetiva sem repetição de<br />
dados presentes nas figuras (gráficos ou tabelas). A<br />
discussão deve retomar o objetivo do estudo, apreciando<br />
as limitações e os resultados do estudo e apresentando<br />
comparação com a literatura científica existente. As<br />
conclusões devem estar inseridas ao final da seção de<br />
discussão dos resultados.<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
77
Normas para publicação<br />
Outros formatos poderão ser aceitos, segundo critérios<br />
específicos do corpo editorial. O resumo deve ser<br />
apresentado de forma não estruturada e possuir até 250<br />
palavras.<br />
Artigos ou Ensaios de Atualização Científica:<br />
Devem analisar e discutir a literatura existente sobre o<br />
tema e devem possuir no máximo de 7.000 palavras e até<br />
cinco ilustrações. Recomenda-se a apresentação do texto<br />
em itens que possam oferecer ao leitor uma compreensão<br />
lógica do processo de revisão (temática, histórica, etc.).<br />
Nesse sentido, a distribuição das seções é relativamente<br />
livre, após apresentação do tema e da relevância do<br />
produto apresentado na Introdução. O resumo deve ser<br />
apresentado de forma não estruturada e possuir até 250<br />
palavras.<br />
Relatos de Experiência/Caso:<br />
Recomenda-se o máximo de 1.800 palavras e até três<br />
ilustrações. A estrutura proposta é de Introdução, Relato<br />
do Caso ou da Experiência e Discussão. Os resumos (não<br />
estruturados) devem possuir até 200 palavras.<br />
Notas Técnicas:<br />
Incluem comunicações em diversos formatos, segundo a<br />
estrutura da nota. Entretanto, recomenda-se o máximo de<br />
1.800 palavras e até três ilustrações. A estrutura é variável<br />
e pode suprimir o resumo. Este, se presente, deve possuir<br />
até 200 palavras.<br />
Cartas ao Conselho Editorial:<br />
Devem ser redigidas de forma bem objetiva e em bloco<br />
único sem apresentação de seções distintas. Recomendase<br />
o máximo de 1.000 palavras. Não serão aceitas<br />
ilustrações.<br />
Observações:<br />
(*) As figuras (tabelas, gráficos e ilustrações diversas)<br />
devem ser apresentadas ao longo do próprio do texto e<br />
devem ser numeradas consecutivamente. Devem possuir<br />
título ou legendas pertinentes. Nas tabelas deve-se evitar o<br />
uso de traços internos horizontais ou verticais. As notas<br />
explicativas devem ser colocadas no rodapé das tabelas e<br />
não no cabeçalho ou no título.<br />
(**) Pesquisas envolvendo seres humanos deverão<br />
apresentar no texto a informação sobre aprovação por<br />
Comitê de Ética e o número do parecer.<br />
(***) As Referências estão limitadas a 25, devendo-se<br />
incluir aquelas estritamente pertinentes à problemática<br />
abordada, havendo, entretanto, flexibilidade.<br />
4) FORMATAÇÃO DOS ARTIGOS<br />
Os artigos deverão ser enviados:<br />
Em formato Microsoft Word 2003 ou superior (*.doc);<br />
Digitados em páginas tamanho A4, numeradas<br />
sequencialmente a partir da primeira página;<br />
Com margens de 2,5 cm;<br />
Com tipo de letra: Times New Romam ou Arial tamanho<br />
12;<br />
Com espaçamento de 1,5 cm entre as linhas em todo o<br />
texto e<br />
Com parágrafos alinhados em 1,0 cm<br />
Citações e referências deverão ser normalizadas de<br />
acordo com o estilo ABNT (Associação Brasileira de<br />
Normas Técnicas) vigente.<br />
Serão aceitas contribuições apenas em português.<br />
Notas de rodapé e anexos não serão aceitos.<br />
A contagem de palavras inclui apenas o corpo do texto,<br />
excluindo-se as figuras e referências bibliográficas.<br />
5) AUTORIA<br />
O conceito de autoria está baseado na contribuição<br />
substancial de cada uma das pessoas alistadas como<br />
autores, no que se refere, sobretudo à concepção do<br />
projeto de pesquisa, análise e interpretação de dados,<br />
redação e revisão crítica. Os trabalhos publicados<br />
restringem-se a, no máximo, seis autores.<br />
Cada manuscrito deve indicar o nome de um autor<br />
responsável pela correspondência com a Revista<br />
Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras, e<br />
seu respectivo endereço, incluindo telefone e e-mail.<br />
6) PROCESSO DE JULGAMENTO DOS<br />
MANUSCRITOS<br />
Os manuscritos submetidos à Revista Multidisciplinar das<br />
Faculdades Integradas Pitágoras, que atenderem às<br />
“instruções aos autores” e que se coadunem com sua<br />
política editorial, são encaminhados para revisão por<br />
pares de forma anônima e independente. Após análise do<br />
mérito científico da contribuição, o parecer é<br />
encaminhado ao autor responsável pelo contato.<br />
Os manuscritos aceitos poderão sofrer alterações segundo<br />
critérios dos revisores e do corpo editorial e a publicação<br />
estará condicionada a aprovação final dos autores.<br />
7) ORIENTAÇÕES PARA A SUBMISSÃO<br />
Os manuscritos deverão ser enviados exclusivamente por<br />
via eletrônica (www.fip-moc.edu.br/revista) conforme<br />
descrito no item 1, sem qualquer identificação. O texto<br />
apresentado deve suprimir as possibilidades de<br />
identificação dos autores ou da instituição onde o estudo<br />
foi realizado. Recomenda-se que os autores também<br />
encaminhem carta de submissão anexa solicitando a<br />
avaliação para publicação.<br />
8) INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES<br />
Fontes de financiamento<br />
Os autores devem declarar todas as fontes de<br />
financiamento ou apoio de qualquer natureza para a<br />
realização do estudo.<br />
78 Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.
Normas para publicação<br />
Conflito de interesses<br />
Os autores devem informar qualquer potencial conflito de<br />
interesse em qualquer das etapas de produção do<br />
manuscrito.<br />
Agradecimentos<br />
Possíveis menções em agradecimentos incluem<br />
instituições e/ou pessoas que de alguma forma<br />
possibilitaram ou auxiliaram para a realização da<br />
pesquisa (e que não preenchem critérios para autoria).<br />
Citações e Referências<br />
As referências devem ser ordenadas alfabeticamente,<br />
normalizadas de acordo com o estilo ABNT (Associação<br />
Brasileira de Normas Técnicas) vigente. A exatidão das<br />
referências constantes da listagem e a correta citação no<br />
texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do<br />
manuscrito. Deve-se evitar a inclusão de número<br />
excessivo de referências numa mesma citação e evitar<br />
c i t a ç õ e s d e d o c u m e n t o s n ã o p u b l i c a d o s .<br />
Figuras<br />
Em casos de publicação de imagens coloridas os custos<br />
devem ser assumidos pelos autores.<br />
9 ) M O D E L O S D E D E C L A R A Ç Ã O D E<br />
RESPONSABILIDADE E TRANSFERÊNCIA DE<br />
DIREITOS AUTORAIS*<br />
exceto o descrito em anexo. Atesto que, se solicitado,<br />
fornecerei ou cooperarei totalmente na obtenção e<br />
fornecimento de dados sobre os quais o manuscrito está<br />
baseado para exame dos leitores”.<br />
Assinatura do(s) autor(es) e Data<br />
II - Transferência de Direitos Autorais.<br />
Primeiro Autor:<br />
Título do Manuscrito:<br />
“Declaro que, em caso de aceitação do artigo por<br />
parte da Revista Multidisciplinar das Faculdades<br />
Integradas Pitágoras de Montes Claros, concordo com que<br />
os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade<br />
exclusiva das FIPMoc, ficando vedada qualquer<br />
produção, total ou parcial, em qualquer outra parte ou<br />
meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem que a<br />
prévia e necessária autorização seja solicitada e, se obtida,<br />
farei constar o competente agradecimento às Faculdades<br />
Pitágoras de Montes Claros e os créditos<br />
correspondentes”.<br />
Assinatura do(s) autor(es) e Data<br />
(*) Como o processo de envio é realizado de forma<br />
eletrônica, os documentos com assinatura dos autores<br />
deverão ser digitalizados e enviados como documento<br />
(arquivo) suplementar.<br />
Cada autor deve ler e assinar os documentos (1)<br />
Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de<br />
Direitos Autorais.<br />
Todas as pessoas relacionadas como autores devem<br />
assinar a declaração de responsabilidade nos termos<br />
abaixo:<br />
I - Declaração de Responsabilidade<br />
Primeiro Autor:<br />
Título do Manuscrito:<br />
“Certifico que participei suficientemente do<br />
trabalho para tornar pública minha responsabilidade por<br />
seu conteúdo. Certifico que o manuscrito representa um<br />
trabalho original e que nem este manuscrito, em parte ou<br />
na íntegra, nem outro trabalho com conteúdo<br />
substancialmente similar, de minha autoria, foi publicado<br />
ou está sendo considerado para publicação em outra<br />
revista, quer seja no formato impressa ou no eletrônico,<br />
Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, ano 11, n. 18, dez.2013 - Suplemento da Engenharia Civil.<br />
79