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O PAPEL DO ENFERMEIRO NO SERVIÇO DE ... - Unifra

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O <strong>PAPEL</strong> <strong>DO</strong> <strong>ENFERMEIRO</strong> <strong>NO</strong> SERVIÇO <strong>DE</strong> ESTOMATERAPIA 1<br />

SOUZA, Nathalia Zinn de 2 ; GOMES, Giovana Calcagno 3 ; XAVIER, Daiani<br />

Modernel 4 ; MOTA, Marina Soares 5 ; ALVAREZ, Simone Quadros 6 ; SOUZA,<br />

Jociel Lima de 7<br />

RESUMO<br />

Introdução: Alguns pacientes têm dificuldade em aceitar a estomização,<br />

necessitando de ajuda profissional para o seu enfrentamento. Objetivo: O presente<br />

estudo objetivou apresentar um relato de experiência sobre o papel do enfermeiro no<br />

Serviço de Estomaterapia a partir da perspectiva de portadores de estomias.<br />

Metodologia: Foi realizado no primeiro semestre de 2011 através do relato de<br />

experiência de sete portadores de estomias cadastrados no Serviço de<br />

Estomaterapia do Hu que participam de atividades grupais mensalmente. As<br />

experiências dos portadores de estomias no grupo serão apresentadas.<br />

Resultados: Os dados foram analisados pela técnica da Análise Temática, gerando<br />

as seguintes categorias: O acesso do cliente ao Serviço de Estomaterapia do HU; A<br />

relevância do Serviço Estomaterapia para o cliente estomizado e Os conhecimentos<br />

adquiridos no Serviço Estomaterapia. Considerações finais: Acredita-se que<br />

através do seu trabalho no Serviço de Estomaterapia o enfermeiro auxilia os<br />

portadores de estomias e seus familiares cuidadores no enfrentamento de seu<br />

processo de adoecimento e de recuperação após a cirurgia.<br />

1 Trabalho de Pesquisa. Universidade Federal do Rio Grande (FURG).<br />

2 Apresentadora. Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio<br />

Grande, RS, Brasil. E-mail: nathyzinn@hotmail.com<br />

3 Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG, Rio Grande, RS, Brasil.<br />

4 Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG, Rio Grande, RS, Brasil.<br />

5 Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG, Rio Grande, RS, Brasil.<br />

6 Curso de Enfermagem da Universidade do Rio Grande FURG, Rio Grande, RS, Brasil.<br />

7 Secretária Municipal da Saúde. São José do Norte, RS, Brasil.<br />

1


Descritores: Colostomia; Educação em Enfermagem; Enfermagem.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A palavra Ostomia ou Estomia é derivada do grego stóma, que significa<br />

abertura ou boca. Geralmente é realizada uma estomia quando se deseja criar<br />

cirurgicamente uma comunicação de um órgão para o meio externo. Dependendo do<br />

local a ser exteriorizado, receberá diversas definições, por exemplo: traqueostomia,<br />

ileostomia, esofagostomia, gastrostomia, colostomia, jejunostomia, nefrostomia,<br />

ureterostomias 1-2 .<br />

A realização de uma estomia traz consequências fisiológicas e psicossociais<br />

que afetam a vida de seus portadores e familiares cuidadores. Este procedimento<br />

implica mudanças corporais; revisão de hábitos, valores e crenças; incorporação de<br />

conhecimentos profissionais; acesso aos serviços no sistema público de saúde;<br />

necessidade de dispositivos coletores, além de modificações no seu cotidiano de<br />

vida, família e trabalho 3 .<br />

Apenas com o passar do tempo a pessoa consegue a aceitação de sua nova<br />

condição. Além das transformações físicas e psicológicas, o individuo passa a ser<br />

considerado deficiente físico, em virtude da perda do controle esfincteriano, intestinal<br />

ou urinário 4 . A estomização ocasiona grandes transformações no processo de viver<br />

de seus portadores, algumas vezes, desestruturando a vida do estomizado, que<br />

necessita de apoio, principalmente de sua família, para o enfrentamento desta<br />

situação 5 .<br />

O indivíduo que perdeu uma parte do corpo necessita de ajuda para enfrentar<br />

esta fonte de estresse, pois, para a maioria das pessoas, a perda da continência<br />

urinária ou fecal pode causar vários desequilíbrios levando assim, além dos<br />

problemas de ordem cirúrgicas e físicas, problemas de ordem psicológica, social e<br />

espiritual 6-7 . Uma assistência de enfermagem adequada, visando à reabilitação do<br />

estomizado, minimiza as conseqüências físicas e psicológicas decorrentes de uma<br />

estomia. O enfermeiro estomaterapeuta é o profissional apto a assistir esses clientes<br />

2


e o objetivo de sua atenção deve ser promover a sua independência e sua<br />

autoestima, para uma vida mais digna.<br />

O Serviço de Estomaterapia (SE) tem como função desempenhar atividades<br />

de planejar, executar e avaliar ações de saúde, por meio de trocas vivenciais, de<br />

saberes entre os profissionais envolvidos, usuários e seus familiares 8 . O enfermeiro<br />

precisa auxiliar o cliente estomizado em sua reintegração na sociedade, enaltecendo<br />

estratégias facilitadoras desta adaptação, para que assim, este não se sinta excluído<br />

e aceite sua nova condição de vida. A base do trabalho em grupo está no diálogo,<br />

na troca de experiências e informações, que possibilitem a compreensão da situação<br />

vivenciada.<br />

É fundamental para o sucesso da intervenção a construção de uma base<br />

de confiança entre enfermeiros e clientes. Para tal, sua efetividade depende de uma<br />

abordagem contínua. Além disso, os profissionais de saúde, como educadores em<br />

saúde, necessitam instruir a família para a prestação dos cuidados do seu familiar<br />

portador de estomia dependentes e estimular o paciente o estomizado com<br />

condições de realizar o seu autocuidado, desde que, orientado para readquirir sua<br />

autonomia. Neste contexto, objetivou-se apresentar um relato de experiência acerca<br />

do papel do enfermeiro no Serviço de Estomaterapia a partir da perspectiva de<br />

portadores de estomias.<br />

METO<strong>DO</strong>LOGIA<br />

Trata-se de um relato de experiência do trabalho desempenhado pela<br />

enfermeira em um Serviço de Estomaterapia (SE), de um Hospital Universitário (HU)<br />

do extremo sul do Brasil sob a perspectiva de portadores de estomias. Foi realizado<br />

no primeiro semestre de 2011 e participarem sete portadores de estomias que<br />

participam de atividades grupais mensalmente. O SE desse HU tem 17 anos de<br />

atuação junto aos clientes portadores de estomias e seus familiares, sendo<br />

atendidos semanalmente, em dias e horários previamente agendados. As consultas<br />

de enfermagem ocorrem no ambulatório de enfermagem. Nos grupos os pacientes<br />

estomizados convivem com seus iguais, adquirem conhecimentos acerca do seu<br />

3


autocuidado, renovam sua esperança, encontram uma coesão grupal através do<br />

altruísmo e da universalidade e, aos poucos, se ressocializam na sociedade.<br />

RESULTA<strong>DO</strong>S E DISCUSSÃO<br />

Alguns dos clientes participantes do estudo relatam que o principal motivo que<br />

os levam a participarem do Serviço Estomaterapia é sua necessidade de aquisição<br />

de conhecimentos. Comentando que no Serviço adquiriram conhecimentos acerca<br />

da doença que resultou na estomia, dos cuidados necessários com o estoma e<br />

como obter melhor qualidade de vida através do seu autocuidado.<br />

A qualidade de vida das pessoas estomizadas e, em especial, das<br />

colostomizadas deve ser vista como um bem maior a ser mantido e/ou recuperado,<br />

para que estas possam viver felizes e em harmonia no seu contexto de vida. Pois<br />

um estoma acarreta alteração física visível e significativa do corpo, podendo<br />

transformá-lo num corpo privado de sua integridade, dinamismo e autonomia,<br />

causando conflitos e desequilíbrios interiores. O Serviço Estomaterapia possibilita<br />

que o cliente adquira habilidade para seu autocuidado gradualmente, até que o<br />

mesmo sinta-se autônomo no seu autocuidado 9 .<br />

Uma assistência de enfermagem adequada, visando à reabilitação do<br />

estomizado, minimiza as consequências biopsicossociais decorrentes de uma<br />

colostomia. O processo de reabilitação desenvolvido pelo profissional deve visar o<br />

desenvolver a capacidade de aprendizado para o autocuidado. Reabilitar significa<br />

preparar os estomizados para lidar com todos os medos, fantasias e ansiedades,<br />

reintegrando-os às condições de vida; isso pode ser alcançado pela implementação<br />

de programas educacionais 10 .<br />

Um participante referiu que no Serviço de Estomaterapia aprendeu a utilizar o<br />

carvão ativado para a retirada dos gases do interior da bolsa, e destacou a<br />

importância deste conhecimento, pois é comum a ocorrência de situações<br />

constrangedoras devido ao rompimento da bolsa e eliminações de odores.<br />

Nesse contexto, cabe ao enfermeiro a compreensão dessas alterações, para<br />

desenvolver um plano de cuidados adequado ao preparo do paciente para o<br />

4


convívio com a estomia. O cuidar implica em uma interação entre o cuidador e quem<br />

está sendo cuidado, para troca de conhecimentos e experiências, proporcionando<br />

um resultado positivo de cuidado. É necessário desenvolver atividades educativas<br />

nos encontros com pacientes estomizados e que criem maiores incentivos para o<br />

comparecimento destes às consultas, tais como dinâmicas interativas entre os<br />

pacientes, que favoreçam a troca de vivências e experiências 5 .<br />

Outro comentou que considera muito importante os conhecimentos adquiridos<br />

na participação das consultas de enfermagem e atividades de grupo no SE, bem<br />

como no aprendizado de estratégias para disfarçar a presença da bolsa, visto que,<br />

se sentem constrangidos e acham desnecessário que pessoas estranhas saibam de<br />

sua condição de estomatizados. Devido ao uso do equipamento coletor, os clientes<br />

procuram modificar suas vestimentas, utilizando roupas mais largas, mais<br />

compridas, visando disfarçar a presença do dispositivo, garantindo, assim, sua<br />

privacidade 6 .<br />

CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />

O estudo mostrou que no SE os portadores de estomias adquirem<br />

conhecimentos acerca da doença que resultou a estomia, dos cuidados necessários<br />

com o estoma e como obter melhor qualidade de vida através do seu autocuidado.<br />

Acham muito importante os conhecimentos adquiridos nas consultas de enfermagem<br />

e nas atividades de grupo. Referem que aprenderam a utilizar o carvão ativado para<br />

a retirada dos gases do interior da bolsa e estratégias para disfarçar a presença da<br />

bolsa sob as roupas.<br />

Observou-se que o SE se apresenta como uma importante estratégia de<br />

promoção da saúde e do autocuidado do portador de estomia. O enfermeiro<br />

estomaterapeuta, utilizam a consulta de enfermagem e as atividades de grupo como<br />

ferramentas para a construção de um cuidado mais efetivo ao paciente estomizado.<br />

Conclui-se que, como os outros profissionais da saúde, o enfermeiro, atuante neste<br />

tipo de serviço, precisa estar apto a auxiliar o estomizado e sua família no<br />

enfrentamento de seu processo de adoecimento e de recuperação após a cirurgia.<br />

5


Através do seu trabalho no SE o enfermeiro poderá auxiliar esses portadores a<br />

resignificar o seu viver, reconstruindo sua autoimagem, readquirindo sua autoestima,<br />

construindo uma rede de apoio social capaz de lhe dar sustentação.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Martins PAF; Alvin NAT. Perspectiva educativa do cuidado de enfermagem sobre<br />

a manutenção da estomia de eliminação. Rev Bras Enferm. 2011; 64(2): 322-7.<br />

2. Luz MHBA; et al. Caracterização dos pacientes submetidos a estomas intestinais<br />

em um hospital público de Teresina-PI. Rev Texto contexto Enf. 2009;18(1):140-6.<br />

3. Souza PCM; et al. As repercussões de viver com uma colostomia temporária nos<br />

corpos: individual, social e político. Rev. Eletr. Enf. 2011; 13(1):50-9.<br />

4. Brasil. Decreto Nº 5.296 de 02 de dezembro de 2004 - <strong>DO</strong>U de 03/122004.<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: mar./2012.<br />

5. Nascimento CMS; Trindade GLB; Luz, MHBA; Santiago RF. Vivência do paciente<br />

estomizado: uma contribuição para a assistência de enfermagem. Rev. Texto<br />

contexto Enf. 2011; 20(3): 557-64.<br />

6. Martins AM; Almeida SSL; Modena CM. O ser-no-mundo com câncer: o dasein de<br />

pessoas ostomizadas. Rev. SBPH. 2011; 14(1): 74-91.<br />

7. Parrelli ALM. Relações entre o pensar e o fazer clínico: atuação ou prova<br />

terapêutica. Rev. SBPH. 2008; 11(2): 101-10.<br />

8. Barros EJL; Santos SSC; Erdmann AL. Rede social de apoio às pessoas idosas<br />

estomizadas à luz da complexidade. Acta Paulista Enferm. 2008; 21(4): 595-601.<br />

9. Gomes FSL; Carvalho DV; Lima EDRP. Tratamento de feridas crônicas com<br />

coberturas oclusivas. Rev. Min. Enferm. 2009; 13(1): 13-8.<br />

10. Oliveira CAGS; Rodrigues JC; Silva KN. Identificação do nível de conhecimento<br />

de pacientes com colostomias para a prevenção de possíveis complicações. Rev<br />

Estima. 2007; 5(4): 26-30.<br />

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