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universidade federal de minas gerais instituto de ciências biológicas ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS<br />

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃO<br />

E MANEJO DA VIDA SILVESTRE<br />

MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS BIOINDICADORES DE<br />

QUALIDADE DE ÁGUA EM RESERVATÓRIOS EUTRÓFICO E OLIGOTRÓFICO<br />

Dissertação apresentada à Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais como pré-requisito do<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia,<br />

Conservação e Manejo da Vida Silvestre, para<br />

obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em Ecologia.<br />

Adriana Lessa Viana<br />

Orientador: Prof. Dr. Marcos Callisto<br />

Belo Horizonte, fevereiro <strong>de</strong> 2009<br />

0


AGRADECIMENTOS<br />

Ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida<br />

Silvestre da UFMG, por proporcionar minha formação acadêmica e profissional.<br />

À Petrobrás (REGAP) pelo financiamento do Projeto que proporcionou o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta dissertação. Ao Sr. Rogério pelo auxílio nas coletas <strong>de</strong> campo e pelas<br />

dicas.<br />

À Companhia <strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong> Minas Gerais (COPASA), com <strong>de</strong>staque à pessoa <strong>de</strong><br />

Tales Heliodoro Viana, pela amiza<strong>de</strong>, apoio logístico durante os trabalhos <strong>de</strong> campo e pelas<br />

importantes consi<strong>de</strong>rações sobre variáveis ambientais.<br />

Ao Prof. Dr. Marcos Callisto por acreditar e me incentivar no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste<br />

projeto e por ter aceitado a árdua tarefa <strong>de</strong> me orientar. Obrigada pelas incansáveis<br />

orientações, apoio, paciência, compreensão e incentivo em todas as etapas <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Ao Diego R. Macedo pela confecção dos mapas apresentados neste trabalho.<br />

Ao José Francisco Gonçalves Júnior, Raphael Ligeiro e à Marina Beirão pelo auxílio<br />

nas análises estatísticas e, principalmente, pela amiza<strong>de</strong>.<br />

Ao Carlos Bernardo Mascarenhas (Cacá) e Wan<strong>de</strong>r pelos momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração e<br />

pelo apoio constante.<br />

Aos meus queridos avós (vovô Lessa e vovó Maria) e tia Zélia pelas orações e pelo<br />

eterno apoio. Aos meus pais e irmãs pelo estímulo ao estudo e pela força sempre. À tia Ecy<br />

por todo o carinho e <strong>de</strong>dicação nos últimos meses.<br />

À Poiel, Hazel e Cléo pela amiza<strong>de</strong>, carinho e amor incondicional.<br />

Aos amigos Joseline, Daniel, Renner, Sophia e Renan por todas às idas ao campo, pelo<br />

apoio, sugestões, análise das amostras, pela amiza<strong>de</strong> e incentivo no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste<br />

estudo em todas as etapas.<br />

Á amiga Juliana pelo auxílio em todos os momentos difíceis <strong>de</strong>ste projeto, além das<br />

dicas diárias e á Ana Paula pelo processamento das análises <strong>de</strong> água e convivência.<br />

Aos colegas que em algum momento me ajudaram na dissertação: Aline, Ivan,<br />

Ludmila, mas que buscaram outros caminhos. E àqueles que continuam na equipe do<br />

Laboratório <strong>de</strong> Ecologia <strong>de</strong> Bentos: Marcelinho, Clarissa, Kele, Jéssica, Nayara, Deborah,<br />

Bárbara, Nayara, Victor e Lur<strong>de</strong>mar pelo apoio na triagem, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> amostras e pelos<br />

momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração no dia-a-dia.<br />

À Luziana pela amiza<strong>de</strong> e companheirismo ao longo do último ano.<br />

1


À Daniela França Campello pela orientação e oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar trocando<br />

experiências.<br />

Agra<strong>de</strong>cimento especial ao meu querido namorado, Gilberto, pelo incentivo ao<br />

processo seletivo <strong>de</strong> mestrado, por acreditar em mim, me proporcionar tranqüilida<strong>de</strong> nos<br />

momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero, ser meu alicerce nos momentos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>, pela presença e ajuda<br />

constante e, sobretudo, por seu amor.<br />

2


RESUMO<br />

O estudo <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s bentônicas em reservatórios tem recebido maior atenção <strong>de</strong>vido à<br />

sua composição que permite inferir condições ambientais prevalescentes. O objetivo <strong>de</strong>ste<br />

estudo foi monitorar as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos (composição<br />

taxonômica, estrutura e distribuição) em dois reservatórios na bacia do rio Paraopeba, afluente<br />

do rio São Francisco: Ibirité e Serra Azul. As coletas foram realizadas bimestralmente ao<br />

longo <strong>de</strong> um ano. No total, 54.512 organismos foram coletados, triados e i<strong>de</strong>ntificados. O<br />

grau <strong>de</strong> trofia avaliado em Serra Azul apresentou um valor médio menor que 44 na estação<br />

chuvosa (Oligotrofia) e 45,1 na estação seca (Mesotrofia). No reservatório <strong>de</strong> Ibirité foram<br />

obtidos valores médios maiores que 54 (Eutrofia) ao longo <strong>de</strong> todo o período amostral. A<br />

riqueza taxonômica variou <strong>de</strong> 0 a 14 taxa em Ibirité e <strong>de</strong> 0 a 23 taxa em Serra Azul, sendo que<br />

os maiores valores encontrados foram nos pontos localizados em ecossistemas lóticos com<br />

maior diversida<strong>de</strong> granulométrica. A análise <strong>de</strong> grupos indicadores mostrou que na estação<br />

chuvosa o taxon Chaoboridae (Diptera) foi indicador no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul e o taxon<br />

Oligochaeta no reservatório <strong>de</strong> Ibirité. Consi<strong>de</strong>rando apenas os pontos amostrais localizados<br />

nos ecossistemas lóticos, constatou-se que na estação chuvosa não houve grupos indicadores<br />

nos dois reservatórios. Na estação seca, os taxa Hirudinea, Oligochaeta e Chironomidae<br />

(Diptera) foram indicadores em Ibirité e Gomphidae (Odonata) em Serra Azul. Os grupos<br />

mais abundantes no reservatório <strong>de</strong> Ibirité foram Oligochaeta (76,6%), Chironomidae<br />

(17,6%), Thiaridae (1,8%), Hirudinea (1,5%) e Chaoboridae (1,2%). Em Serra Azul,<br />

Chironomidae (40%), Chaoboridae (22,7%), Oligochaeta (9,4%), Elmidae (8,4%), Baetidae<br />

(3,1%), Leptohyphidae (2,6%), Ceratopogonidae (2,4%), Leptophlebiidae (2,1%), Thiaridae<br />

(1,4%) e Sphaeridae (1,3%) foram dominantes. Comparando o presente estudo com dados<br />

obtidos em 2002, observou-se que, apesar da maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> organismos (715.600<br />

indivíduos/m 2 ), a riqueza taxonômica foi <strong>de</strong> no máximo 9 grupos nos ecossistemas lóticos,<br />

não havendo diferença significativa entre os resultados <strong>de</strong>ste estudo com os estudo anterior.<br />

Os resultados evi<strong>de</strong>nciaram condições eutróficas no reservatório <strong>de</strong> Ibirité e maiores valores<br />

<strong>de</strong> riqueza e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados, no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul. Os<br />

reservatórios são responsáveis por diversos impactos ecológicos e estudos sobre<br />

macroinvertebrados bentônicos bioindicadores po<strong>de</strong>m contribuir para a proposição <strong>de</strong><br />

medidas <strong>de</strong> conservação e manejo.<br />

Palavras-chave: reservatórios, macroinvertebrados bentônicos, grau <strong>de</strong> trofia, ecossistemas<br />

lóticos.<br />

3


ABSTRACT<br />

Studies concerning benthic communities in reservoirs have received consi<strong>de</strong>rable attention<br />

due to the important participation of these organisms in ecological processes. The objective of<br />

this study was to assess the benthic macroinvertebrate communities (taxa compositiuon,<br />

structures and distribution) in two reservoirs in the Paraobeba River basin, a tributary from<br />

São Francisco River: Ibirité and Serra Azul. Samples were collected every two months during<br />

one year. The trophic level assessed in the Serra Azul reservoir presented a mean value lower<br />

than 44 in the rainy season (oligotrophic) and 45.1 in the dry season (mesotrophic). In the<br />

Ibirité reservoir, mean values higher than 54 were obtained in both seasons (eutrophic). Taxa<br />

richness ranged between 0 and 14 taxa in Ibirité and between 0 and 23 in Serra Azul. The<br />

higher richness values were found in the lotic sampling sites with higher granulometric<br />

diversity. The indicator taxa analysis showed that, during the rainy season, Chaoboridae<br />

(Diptera) was indicator in Serra Azul and Oligochaeta in Ibirité. Consi<strong>de</strong>ring the lotic<br />

sampling sites, there were no indicator taxa in both reservoirs in the rainy season. In the dry<br />

season, Hirudinea, Oligochaeta, and Chironomidae (Diptera) were indicators in Ibirité and<br />

Gomphidae (Odonata) in Serra Azul. In total, 54,512 organisms were collected, sorted and<br />

i<strong>de</strong>ntified. The most abundant taxa in the Ibirité reservoir were Oligichaeta (76.6%),<br />

Chironomidae (17.6%), Thiaridae (1.8%), Hirudinea (1.5%), and Chaoboridae (1.2%). In<br />

Serra Azul, Chironomidae (40%), Chaoboridae (22.7%), Oligochaeta (9.4%), Elmidae (8.4%),<br />

Baetidae (3.1%), Leptohyphidae (2.6%), Ceratopogonidae (2.4%), Leptophlebiidae (2.1%),<br />

Thiaridae (1.4%), and Sphaeridae (1.3%) were dominant. Comparing this study with available<br />

data from 5 years ago, in spite of the higher total <strong>de</strong>nsity of organisms (715,600<br />

individual/m 2 ) in the present study, taxa richness values achieved only 9 groups in the lotic<br />

sampling sites, presenting no significant differences from the previews study. The results<br />

showed a bad water quality in Ibirité and a better water quality, higher taxa richness and<br />

diversity values in Serra Azul. Reservoirs are responsible for several ecological modifications<br />

and studies assessing the benthic macroinvertebrates bioindicators of water quality contribute<br />

to the <strong>de</strong>velopment of conservation and management programs.<br />

Key-words: reservoirs, benthic macroinvertebrates, trophic level, lotic ecosystems.<br />

4


SUMÁRIO<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos .......................................................................................................................... 1<br />

Resumo ....................................................................................................................................... 3<br />

Abstract ....................................................................................................................................... 4<br />

Sumário ....................................................................................................................................... 5<br />

Introdução ................................................................................................................................... 6<br />

Áreas <strong>de</strong> Estudos ........................................................................................................................ 9<br />

Material e Métodos ................................................................................................................... 15<br />

Resultados ................................................................................................................................. 20<br />

Discussão .................................................................................................................................. 41<br />

Conclusões ................................................................................................................................ 45<br />

Perspectivas .............................................................................................................................. 45<br />

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 46<br />

Apêndices ................................................................................................................................. 52<br />

5


INTRODUÇÃO<br />

A realização <strong>de</strong> pesquisas que abor<strong>de</strong>m as bacias hidrográficas como unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

estudo, incluindo as interações entre os ecossistemas aquáticos, terrestres e ainda aspectos<br />

sociais, culturais e econômicos, são fundamentais para a conservação, planejamento e gestão<br />

dos recursos hídricos e sua diversida<strong>de</strong> biológica (Tundisi, 2006). Alterações antrópicas do<br />

ambiente constituem uma importante contribuição nos processos <strong>de</strong> extinção causados por<br />

gran<strong>de</strong>s variações na distribuição global <strong>de</strong> organismos (Primack & Rodrigues, 2005).<br />

A re<strong>de</strong> hidrográfica brasileira apresenta um grau <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza e<br />

elevada complexida<strong>de</strong>. As principais bacias hidrográficas do Brasil foram reguladas pela<br />

construção <strong>de</strong> reservatórios, os quais constituem um importante impacto quali-quantitativo<br />

nos principais ecossistemas <strong>de</strong> águas interiores. O gerenciamento dos recursos hídricos tem-se<br />

utilizado da implantação <strong>de</strong> reservatórios como uma importante ferramenta para os usos<br />

múltiplos das águas e satisfação do consumo humano, doméstico, agrícola, industrial e<br />

ativida<strong>de</strong>s recreativas (Tundisi & Matsumura-Tundisi, 2003).<br />

Os reservatórios são obras <strong>de</strong> engenharia que têm sido construídas há pelo menos 5000<br />

anos, como sugerem os levantamentos realizados no Oriente Médio e na Ásia (Friedl &<br />

Wuest, 2002). Durante milhares <strong>de</strong> anos, foram construídos com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

cheias, irrigação e suprimento <strong>de</strong> água para abastecimento doméstico. É comum que a ficha<br />

técnica da maioria dos reservatórios brasileiros, especialmente os menores, não reporte a data<br />

<strong>de</strong> formação e a área superficial alagada (Agostinho et al., 2004). Para muitos <strong>de</strong>les, como<br />

Serra Azul e Ibirité, não existe dados como tempo <strong>de</strong> residência da água, informação<br />

fundamental na análise e manutenção da biodiversida<strong>de</strong> regional.<br />

O crescente aumento no número <strong>de</strong> reservatórios e barragens tem levado a alterações<br />

na diversida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitats, alterando a flora e fauna dos ecossistemas aquáticos<br />

(Petesse, 2007). Além <strong>de</strong> mudanças evi<strong>de</strong>ntes na morfometria do canal, regime <strong>de</strong> fluxo e<br />

nível, outras importantes alterações são a estratificação térmica, <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> oxigênio em<br />

zonas profundas, aumento da transparência, acúmulo <strong>de</strong> nutrientes e matéria orgânica nos<br />

sedimentos (Uieda & Castro, 1999).<br />

Os impactos resultantes da construção <strong>de</strong> reservatórios po<strong>de</strong>m ser classificados em<br />

termos <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> e seqüência temporal, tais como (Petts, 1989): i) impactos <strong>de</strong> primeira<br />

or<strong>de</strong>m, que ocorrem após a construção do barramento e incluem alterações no regime<br />

hidrológico, no transporte <strong>de</strong> sedimentos, no fluxo <strong>de</strong> energia e temperatura; ii) impactos <strong>de</strong><br />

segunda or<strong>de</strong>m, que ocorrem como resultados dos impactos <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m e afetam em<br />

6


nível <strong>de</strong> estrutura do habitat (morfologia do leito e composição do substrato), da vegetação<br />

ripária, das fontes <strong>de</strong> matéria orgânica e das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produtores primários (perifíton e<br />

macrófitas); e iii) impactos <strong>de</strong> terceira or<strong>de</strong>m, que ocorrem como resultados dos impactos <strong>de</strong><br />

primeira e segunda or<strong>de</strong>m e envolvem modificações nas comunida<strong>de</strong>s piscícolas e <strong>de</strong><br />

macroinvertebrados bentônicos.<br />

Aspecto importante na caracterização <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> água é o seu estado trófico,<br />

principalmente consi<strong>de</strong>rando que a eutrofização é um fenômeno cada vez mais freqüente. O<br />

Índice <strong>de</strong> Estado Trófico <strong>de</strong> Carlson, modificado por Toledo (1983) tem por finalida<strong>de</strong><br />

classificar corpos d’água em diferentes graus <strong>de</strong> trofia, ou seja, avalia a qualida<strong>de</strong> da água<br />

quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo<br />

das algas ou ao aumento da infestação <strong>de</strong> macrófitas aquáticas. Em virtu<strong>de</strong> da variabilida<strong>de</strong><br />

sazonal dos processos ambientais que têm influência sobre o grau <strong>de</strong> eutrofização <strong>de</strong> um<br />

corpo hídrico, esse processo po<strong>de</strong> apresentar variações no <strong>de</strong>correr do ano, havendo épocas<br />

em que se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> forma mais intensa e outras em que po<strong>de</strong> ser mais limitado. Em<br />

geral, no início da primavera, com o aumento da temperatura da água, maior disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> nutrientes e condições propícias <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> luz na água, é comum observar um<br />

incremento do processo, após o período <strong>de</strong> inverno, em que se mostra menos intenso (Bezerra<br />

& Pinto-Coelho, 2008).<br />

Os bioindicadores são organismos que pela sua presença, ausência, ou <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstram o grau <strong>de</strong> alteração das condições ambientais <strong>de</strong> um local impactado (Triplehorn<br />

& Johnson, 2005). Cada vez mais são aceitos entre os ecólogos e constituem o grupo <strong>de</strong><br />

organismos mais utilizados na avaliação <strong>de</strong> impactos ambientais causados pela construção <strong>de</strong><br />

reservatórios, ativida<strong>de</strong> industrial e mineradora (Pérez, 1988; Rosenberg & Resh, 1993).<br />

Dentre as características que os tornam a<strong>de</strong>quados a esses estudos, <strong>de</strong>stacam-se: são<br />

organismos gran<strong>de</strong>s, sésseis, possuem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção limitada ou nula; são <strong>de</strong> fácil<br />

amostragem (Resh, 2008); há técnicas padronizadas; o custo dos equipamentos é<br />

relativamente baixo; apresentam elevada diversida<strong>de</strong> biológica; i<strong>de</strong>ntificação taxonômica ao<br />

nível <strong>de</strong> famílias e alguns gêneros é relativamente simples; ciclo <strong>de</strong> vida longo (Rosenberg &<br />

Resh, 1993), possibilitando assim a explicação <strong>de</strong> padrões temporais <strong>de</strong> alterações causadas<br />

por perturbações (Bonada et al., 2006).<br />

Adaptações dos bioindicadores ao meio ambiente on<strong>de</strong> vivem po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>monstradas através <strong>de</strong> suas estratégias alimentares (Tomanova et al., 2006). A classificação<br />

7


<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s bentônicas em grupos tróficos funcionais contribui para o entendimento da<br />

dinâmica trófica nos ecossistemas aquáticos (Cummins et al., 2005; Tomanova et al., 2006).<br />

No intuito <strong>de</strong> amenizar impactos relacionados à construção <strong>de</strong> reservatórios são<br />

necessários estudos ecológicos para avaliar a manutenção da composição, estrutura e<br />

funcionamento dos macroinvertebrados bentônicos para subsidiar medidas relacionadas ao<br />

manejo e conservação das comunida<strong>de</strong>s em regiões tropicais (Hahn & Delariva, 2003).<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi avaliar a estrutura <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> e composição<br />

taxonômica dos macroinvertebrados bentônicos inferindo sobre o estado trófico em dois<br />

reservatórios (Ibirité e Serra Azul), na bacia hidrográfica do rio Paraopeba, afluente da bacia<br />

do rio São Francisco (M.G). Os dois reservatórios foram escolhidos <strong>de</strong>vido ao diferente grau<br />

<strong>de</strong> trofia em Ibirité, <strong>de</strong> acordo com Moreno & Callisto (2006) e Serra Azul (COPASA, 2008).<br />

Para tanto, foram formuladas as seguintes perguntas:<br />

1. As características físicas e químicas dos pontos amostrais influenciam a<br />

distribuição das diferentes famílias <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos?<br />

2. Existe diferença na composição taxonômica, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, diversida<strong>de</strong> e biomassa<br />

da fauna bentônica dos pontos amostrais nos reservatórios, a montante e a<br />

jusante?<br />

3. Para verificar se as condições ambientais em Ibirité melhoraram, a distribuição<br />

encontrada foi diferente comparando o período estudado em 2007/2008 aos<br />

dados obtidos em 2002 por Moreno & Callisto (2006)?<br />

8


ÁREAS DE ESTUDOS<br />

O presente estudo foi realizado nos reservatórios <strong>de</strong> Serra Azul e Ibirité, localizados na<br />

bacia hidrográfica do Rio Paraopeba, afluente da bacia do Rio São Francisco (MG). Os dois<br />

ecossistemas foram escolhidos <strong>de</strong>vido às suas características distintas e diferentes usos<br />

antropogênicos.<br />

Reservatório <strong>de</strong> Ibirité<br />

O Reservatório <strong>de</strong> Ibirité localiza-se no município <strong>de</strong> Ibirité (MG), bacia <strong>de</strong> drenagem<br />

situada na Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte. Compõe o conjunto montanhoso do<br />

Quadrilátero Ferrífero. A Figura 1 apresenta a localização do reservatório <strong>de</strong> Ibirité, formado<br />

pela junção dos Córregos Retiro da Onça e Pintados compondo a unida<strong>de</strong> geomorfológica<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> Belo Horizonte. A <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> Belo Horizonte é importante uma<br />

vez que toda expansão urbana e industrial ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus limites. A vegetação da<br />

região é típica <strong>de</strong> cerrado com florestas incrustadas em vales e drenagens, porém com alto<br />

grau <strong>de</strong> impactos antrópicos. A temperatura média anual é 22°C. Caracteriza-se como uma<br />

área <strong>de</strong> elevada suscetibilida<strong>de</strong> à erosão laminar em sulcos e favorável ao voçorocamento,<br />

principalmente em locais urbanizados, isentos <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> drenagem e <strong>de</strong> estabilização das<br />

encostas sendo os principais responsáveis pelos focos erosivos e conseqüente assoreamento<br />

do reservatório (Fundação João Pinheiro, 2001).<br />

Este reservatório foi construído pela Refinaria Gabriel Passos – PETROBRÁS S.A<br />

que utiliza sua água para o refino <strong>de</strong> petróleo e, após sua utilização, ela é tratada para a<br />

retirada <strong>de</strong> resíduos antes <strong>de</strong> seu retorno ao reservatório. Ocupa uma área <strong>de</strong> 1000 hectares,<br />

em três municípios mineiros, Sarzedo, Betim e Ibirité. Encontra-se em processo avançado <strong>de</strong><br />

eutrofização artificial <strong>de</strong>vido ao lançamento <strong>de</strong> efluentes domésticos sem tratamento e<br />

ativida<strong>de</strong>s industriais em sua bacia <strong>de</strong> drenagem (Moreno & Callisto, 2006).<br />

A Tabela 1 apresenta a localização geográfica dos pontos <strong>de</strong> amostragem e suas<br />

características. A escolha <strong>de</strong>stes pontos seguiu o critério <strong>de</strong> um ponto a montante do<br />

reservatório <strong>de</strong> Ibirité (P1), três localizados <strong>de</strong>ntro do reservatório (P2, P3 e P4) e um a<br />

jusante (P5), (Figura 2).<br />

9


Tabela 1 - Localização dos pontos <strong>de</strong> amostragem e características do reservatório <strong>de</strong> Ibirité,<br />

na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.<br />

Pontos amostrais Trechos Coor<strong>de</strong>nadas Geográficas<br />

P1 Lótico S 20°00’20,2’’ W 44°06’20,2’’<br />

P2 Lêntico S 20°01’24,8’’ W 44°07’06,1’’<br />

P3 Lêntico S 20°01’34,6’’ W 04°06’24,5’’<br />

P4 Lêntico S 20°03’02,7’’ W 44°06’32,2’’<br />

P5 Lótico S 20°01’26,5’’ W 44°07’18,1’’<br />

Figura 1 - Localização geográfica do reservatório <strong>de</strong> Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho<br />

alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.<br />

10


(A)<br />

(B)<br />

(C)<br />

(D)<br />

(E)<br />

Figura 2 - Pontos <strong>de</strong> amostragem do reservatório <strong>de</strong> Ibirité (MG), na bacia do rio Paraopeba,<br />

trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, sendo (A) montante; (B), (C) e (D)<br />

reservatório e (E) jusante.<br />

11


Reservatório <strong>de</strong> Serra Azul<br />

O Reservatório <strong>de</strong> Serra Azul é responsável por cerca <strong>de</strong> 30% do abastecimento <strong>de</strong><br />

água da Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte (RMBH) inserido em uma área <strong>de</strong> interesse<br />

especial por ser <strong>de</strong>stinada à proteção <strong>de</strong> mananciais. A COPASA inaugurou este reservatório<br />

em 1982 e seu enchimento teve início em outubro <strong>de</strong> 1981 antes do período chuvoso do ano<br />

hidrológico 1981-1982. A cota da soleira do vertedor atingiu 760m em 20 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

1982. A Tabela 3 apresenta a localização geográfica dos pontos <strong>de</strong> amostragem e suas<br />

características. A escolha <strong>de</strong>stes pontos seguiu o critério <strong>de</strong> um ponto a montante do<br />

reservatório <strong>de</strong> Serra Azul (P1), três localizados <strong>de</strong>ntro do reservatório (P2, P3 e P4) e um a<br />

jusante (P5). Assim, a Figura 4 ilustra os pontos <strong>de</strong> amostragem.<br />

A bacia hidrográfica Ribeirão Serra Azul limita-se ao Sul com a bacia do Rio Manso.<br />

O Ribeirão Serra Azul pertence à bacia do Rio Paraopeba e drena uma área <strong>de</strong> 263Km 2 . Nasce<br />

na Serra do Itatiaiuçu e, após confluir com o Ribeirão Mateus Leme, on<strong>de</strong> passa a receber a<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Ribeirão Juatuba, <strong>de</strong>ságua no Rio Paraopeba pela margem esquerda. Tem<br />

como principais afluentes pela margem esquerda o Córrego do Tijuco, o Córrego do Brejo, o<br />

Córrego Ponte <strong>de</strong> Palha, o Córrego Ponte d`Areia e o Córrego da Matinha; e pela margem<br />

direita, o Córrego do Barreiro, o Ribeirão do Diogo, o Córrego do Gavião, o Córrego Capão<br />

do Isidoro, o Córrego Goiabeira, o Córrego do Buracão e o Córrego dos Freitas. A Figura 3<br />

ilustra a localização do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul.<br />

A área <strong>de</strong> proteção da Bacia é <strong>de</strong> 27.200 ha, sendo que o território <strong>de</strong> domínio da<br />

COPASA (Companhia <strong>de</strong> Saneamento <strong>de</strong> Minas Gerais) é <strong>de</strong> 3.200ha. Possui margens bem<br />

preservadas, com vegetação nativa característica do Cerrado, com variações da Mata <strong>de</strong><br />

Galeria, Cerradão, Campo Sujo, Campo Limpo e Mata Estacional Semi<strong>de</strong>cidual.<br />

As principais características da barragem e do reservatório, segundo a COPASA<br />

encontram-se na Tabela 2.<br />

Tabela 2 - Características principais do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba,<br />

trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.<br />

Características do Reservatório<br />

Características da Barragem<br />

Cota da soleira do vertedor 760m Altura 52m<br />

Nível d`água máximo 760m Cota do coroamento da crista 765,5m<br />

Nível d`água mínimo 745m<br />

Volume 93x10 6 m 3<br />

Descarga máxima do vertedor 325m 3 /s<br />

12


Tabela 3 - Localização dos pontos <strong>de</strong> amostragem e características do reservatório <strong>de</strong> Serra<br />

Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais.<br />

Pontos amostrais Trechos Coor<strong>de</strong>nadas Geográficas<br />

P1 Lótico S 20°02’06,2’’ W 44°23’33,1’’<br />

P2 Lêntico S 20°00’15,5’’ W 44°20’53,8’’<br />

P3 Lêntico S 20°00’15,5’’ W 44°20’58,4’’<br />

P4 Lêntico S 29°58’25,5’’ W 44°20’44,7’’<br />

P5 Lótico S 19°58’13,6’’ W 44°20’29,2’’<br />

Figura 3 - Localização geográfica do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba,<br />

trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Grais.<br />

13


(A)<br />

(B)<br />

(C)<br />

(D)<br />

(E)<br />

Figura 4 - Pontos <strong>de</strong> amostragem do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul (MG), na bacia do rio<br />

Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, sendo (A) montante; (B),<br />

(C) e (D) reservatório e (E) jusante.<br />

14


MATERIAL E MÉTODOS<br />

As coletas realizadas nos dois reservatórios ocorreram bimestralmente ao longo <strong>de</strong> um<br />

ano, representando as estações seca (abril/junho/agosto <strong>de</strong> 2008) e chuvosa (outubro/<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007 e fevereiro <strong>de</strong> 2008).<br />

A estimativa da composição física dos pontos localizados em rios foi realizada em<br />

ambas as áreas <strong>de</strong> estudos (Pontos 1 e 5) com a aplicação <strong>de</strong> um protocolo <strong>de</strong> avaliação rápida<br />

das condições ecológicas proposto por Callisto et al., (2002). Este protocolo é constituído por<br />

22 parâmetros que caracterizam não só o ambiente aquático como também a região do<br />

entorno quanto à diversida<strong>de</strong>. Cada parâmetro é acompanhado <strong>de</strong> uma pontuação. O valor<br />

final do protocolo é obtido com o somatório <strong>de</strong> cada parâmetro individual e valores <strong>de</strong> 0 a 40<br />

pontos representam trechos impactados; valores <strong>de</strong> 41 a 60 pontos representam trechos<br />

alterados; e valores acima <strong>de</strong> 61 pontos representam trechos naturais.<br />

Parâmetros Abióticos<br />

As características físico-químicas da água (temperatura, condutivida<strong>de</strong> elétrica,<br />

turbi<strong>de</strong>z, sólidos totais dissolvidos, potencial redox e potencial hidrogeniônico) foram<br />

mensuradas em campo utilizando-se equipamentos portáteis da marca Digimed. Os teores <strong>de</strong><br />

oxigênio dissolvido foram avaliados pelo método <strong>de</strong> Winkler. A temperatura do ar foi<br />

avaliada com termômetro <strong>de</strong> bulbo. As <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> transparência da coluna d`água em<br />

campo foram realizadas através do Disco <strong>de</strong> Secchi e expressas em metros. Medidas <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> foram realizadas em todos os trechos estudados <strong>de</strong>ntro dos reservatórios.<br />

As amostras <strong>de</strong> água foram coletadas para as análises <strong>de</strong> Nitrogênio-Total e Fósforo-<br />

Total utilizando-se uma garrafa vertical <strong>de</strong> 5 litros do tipo Van D’orn a 1m do fundo, nos<br />

pontos <strong>de</strong> amostragem. Essas amostras foram acondicionadas em frascos <strong>de</strong> polietileno,<br />

congeladas e analisadas até um mês após a coleta. As concentrações dos nutrientes presentes<br />

na água foram <strong>de</strong>terminadas segundo as metodologias <strong>de</strong>scritas no “Standard Methods for the<br />

Examination of Water and Wastewater” (American Public Health Agency, 1992).<br />

15


O grau <strong>de</strong> trofia dos reservatórios foi avaliado com duas coletas extras (estação<br />

chuvosa e seca) através do Índice <strong>de</strong> Estado Trófico <strong>de</strong> Carlson, modificado por Toledo et al.,<br />

(1983). Este índice avalia o grau <strong>de</strong> trofia <strong>de</strong> um ecossistema lêntico através dos seguintes<br />

dados abióticos: disco <strong>de</strong> Secchi, Fósforo-Total, Ortofosfato e Clorofila. As amostras para<br />

<strong>de</strong>terminação das concentrações <strong>de</strong> clorofila a foram coletadas na superfície, acondicionadas<br />

em frasco âmbar <strong>de</strong> 1L. No laboratório, esse material foi filtrado em membrana AP40 em<br />

prazo máximo <strong>de</strong> 24 horas. O material retido no filtro foi extraído em acetona 90%, com<br />

maceração e extração por 24 horas a frio, sendo <strong>de</strong>terminadas as concentrações <strong>de</strong> clorofila a,<br />

com acidificação, por método espectrofotométrico <strong>de</strong>scrito por Lorenzen (1967). As<br />

concentrações <strong>de</strong> Ortofosfato presentes na água foram <strong>de</strong>terminadas segundo as metodologias<br />

<strong>de</strong>scritas por Mackereth et al., 1978). A média da concentração das variáveis estudadas obtida<br />

nas estações seca e chuvosa foi lançado separadamente nas Equações 01 a 05:<br />

0,64 <br />

10·6 <br />

2<br />

Eq. (01)<br />

ó 10·6 80,32⁄ <br />

<br />

2<br />

Eq. (02)<br />

10·6 21,64 ⁄ <br />

<br />

2<br />

Eq. (03)<br />

2,04 0,695 · <br />

10·6 <br />

2<br />

Eq. (04)<br />

On<strong>de</strong>, S = disco <strong>de</strong> Secchi, P = Fósforo-Total, PO 4 = Ortofosfato e Cl = Clorofila.<br />

Os valores obtidos foram então utilizados para o cálculo do Índice <strong>de</strong> Estado trófico<br />

médio:<br />

é 2· <br />

Eq. (05)<br />

7<br />

O valor final calculado permite inferir o estado <strong>de</strong> trofia do reservatório <strong>de</strong> acordo com<br />

os seguintes limites baseados em Carlson, modificado por Toledo (1983): Oligotrofia<br />

(IET


Composição granulométrica e teores <strong>de</strong> matéria orgânica nos sedimentos<br />

Em cada ponto amostral foi coletada uma amostra <strong>de</strong> sedimento com uma Draga do<br />

tipo Eckman-Birge (área <strong>de</strong> 0,0225m 2 ) para <strong>de</strong>terminação da composição granulométrica e<br />

avaliação dos teores <strong>de</strong> matéria orgânica. As amostras foram acondicionadas em sacos<br />

plásticos e levadas para o laboratório on<strong>de</strong> foram retiradas alíquotas <strong>de</strong> 100 gramas <strong>de</strong><br />

amostra, secas em estufa a 60°C durante 72 horas e maceradas em graal <strong>de</strong> porcelana. Cada<br />

alíquota foi peneirada em peneiras <strong>de</strong> 2,00, 1,00, 0,50, 0,25, 0,126 e 0,062 mm e a<br />

granulometria da amostra classificada <strong>de</strong> acordo com o método <strong>de</strong> Suguio (1973), adaptado<br />

por Callisto & Esteves (1996).<br />

Os teores <strong>de</strong> matéria orgânica foram avaliados através da incineração <strong>de</strong> uma alíquota<br />

<strong>de</strong> 0,3 gramas <strong>de</strong> amostra seca e macerada em cadinhos <strong>de</strong> porcelana, a 550°C durante quatro<br />

horas. Os resultados foram obtidos pela diferença entre o peso seco da amostra inicial e o peso<br />

das cinzas originadas <strong>de</strong> sua combustão, e expressos em porcentagem <strong>de</strong> peso seco (% P.S.).<br />

Macroinvertebrados Bentônicos<br />

As amostras <strong>de</strong> sedimento para o estudo da fauna bentônica foram coletadas em cada<br />

ponto amostral em 5 réplicas utilizando um amostrador do tipo Surber <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> 250µm<br />

(área <strong>de</strong> 0,09 m 2 ) nos pontos amostrais (P1 e P5) e com uma Draga do tipo Eckman-Birge<br />

(área <strong>de</strong> 0,0225m 2 ) no corpo central do reservatório. O material coletado foi fixado in situ<br />

com formol 4%, acondicionado em sacos plásticos e transportado até o Laboratório <strong>de</strong><br />

Ecologia <strong>de</strong> Bentos na UFMG. As amostras <strong>de</strong> sedimento foram lavadas em água corrente<br />

com peneiras <strong>de</strong> 1,00 e 0,5 mm <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha. Os invertebrados retidos nas peneiras<br />

foram acondicionados em potes plásticos e fixados com álcool 70%. Os organismos foram<br />

triados com o auxílio <strong>de</strong> microscópio estereoscópico e i<strong>de</strong>ntificados até o nível taxonômico <strong>de</strong><br />

família (exceto Oligochaeta, Hirudinea e Hidracarina) com auxílio <strong>de</strong> chaves taxonômicas <strong>de</strong><br />

Costa et al. (2006), Fernán<strong>de</strong>z & Domínguez (2001), Pérez (1988), Merritt & Cummins<br />

(1996).<br />

Os organismos encontrados foram classificados em grupos tróficos funcionais<br />

(coletores-catadores, coletores- filtradores, predadores, raspadores, fragmentadores) segundo<br />

Merritt & Cummins (1996). As larvas <strong>de</strong> Chironomidae não foram classificadas por<br />

possuírem hábitos alimentares múltiplos e ainda pouco elucidados (Stouf & Taft, 1985; Oertli,<br />

17


1993; Callisto et al., 2007). Em seguida, os indivíduos <strong>de</strong> cada grupo funcional foram secos<br />

em estufa à temperatura <strong>de</strong> 60°C por 72h e pesados em balança analítica com precisão <strong>de</strong><br />

0,0001g para o cálculo da estimativa <strong>de</strong> biomassa.<br />

Para avaliar a estrutura da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos nos dois<br />

reservatórios foram calculados o índice <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Shannon-Wiener (Odum, 1988), o<br />

índice <strong>de</strong> equitabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pielou, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total e riqueza utilizando o programa PRIMER<br />

software (2004, version 6 Beta, PRIMER-E Ltda., Plymouth, UK; Clarke and Warwick,<br />

2004). A composição taxonômica também foi avaliada entre os pontos <strong>de</strong> amostragem nos<br />

reservatórios, a montante e a jusante.<br />

Análises Estatísticas<br />

Antes <strong>de</strong> realizar uma análise <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação para relacionar os fatores físico-químicos<br />

(turbi<strong>de</strong>z, sólidos totais dissolvidos, potencial redox, condutivida<strong>de</strong> elétrica, temperatura,<br />

temperatura do ar, pH, profundida<strong>de</strong>, disco <strong>de</strong> Secchi, oxigênio dissolvido, Nitrogênio-total,<br />

Fósforo-total na água, granulometria e matéria orgânica no sedimento) foi realizada uma<br />

Análise <strong>de</strong> Correspondência Distendida (DCA) estimando o tamanho real do gradiente da<br />

estrutura da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos para avaliar qual análise seria<br />

mais a<strong>de</strong>quada para o conjunto <strong>de</strong> dados. O diagrama <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> “Dune Meadow Data”<br />

possibilita uma avaliação entre a correlação das espécies no final do gradiente, <strong>de</strong>terminando<br />

o intervalo do <strong>de</strong>svio-padrão + 4. Valores abaixo <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong>monstram que existe uma forte<br />

correlação entre os grupos <strong>de</strong> organismos nas duas pontas do gradiente e, conseqüentemente,<br />

uma gran<strong>de</strong> redundância dos dados biológicos, indicando que este é um gradiente pequeno,<br />

on<strong>de</strong> a análise sugerida é uma análise <strong>de</strong> RDA (Análise <strong>de</strong> Redundância) (Ter Braak, 1995).<br />

O programa utilizado para esta análise foi o CANOCO (Canonical Community Ordination)<br />

para Windows, versão 4.5. A análise foi realizada separando-se em dois conjuntos <strong>de</strong> dados:<br />

um com as variáveis bióticas e abióticas dos pontos localizados em ecossistemas lóticos e<br />

outro com os lênticos. As famílias que ocorreram até três vezes no período amostral foram<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas da análise, <strong>de</strong>vido à baixa ocorrência. Este trabalho não teve o objetivo <strong>de</strong><br />

realizar um levantamento malacológico, po<strong>de</strong>ndo ter ocorrido uma sub-amostragem <strong>de</strong>stes<br />

organismos. Diante disso, para evitar uma análise <strong>de</strong> dados subestimados este grupo também<br />

foi excluído.<br />

18


A cada análise dos dados, o resultado da RDA indicou que o gradiente abiótico tinha<br />

um elevado grau <strong>de</strong> redundância estatística, indicado através do chamado “Índice<br />

Inflacionário”. De acordo com esta indicação, é necessário retirar as variáveis redundantes<br />

(valores > que 30) e analisar novamente o conjunto <strong>de</strong> dados. Esta operação foi repetida até<br />

obter-se um resultado on<strong>de</strong> as variáveis utilizadas não mais apresentassem elevados valores<br />

do índice inflacionário. As variáveis abióticas que foram retiradas <strong>de</strong>vido aos elevados valores<br />

do índice inflacionário foram areia grossa, areia média, silte + argila (análise granulométrica).<br />

Foram mantidas apenas as variáveis abióticas capazes <strong>de</strong> formar um gradiente ambiental, a<br />

saber: turbi<strong>de</strong>z, sólidos totais dissolvidos, potencial redox da água, condutivida<strong>de</strong> elétrica,<br />

temperatura, temperatura do ar, pH, profundida<strong>de</strong>, disco <strong>de</strong> Secchi, oxigênio dissolvido,<br />

Nitrogênio-total, Fósforo-total, granulometria e matéria orgânica. A correlação entre as<br />

variáveis abióticas e bióticas foi obtida através do teste <strong>de</strong> “Monte Carlo” (p < 0,05),<br />

indicando uma correlação entre as variáveis ambientais e os macroinvertebrados bentônicos.<br />

Para avaliar a estrutura da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos foram<br />

calculados o índice <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Shannon-Wiener (Odum, 1988), o índice <strong>de</strong><br />

equitabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pielou, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total e riqueza utilizando o programa PRIMER software<br />

(2004, version 6 Beta, PRIMER-E Ltda., Plymouth, UK; Clarke and Warwick, 2004).<br />

Os dados <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invertebrados (ind/m 2 ) entre os reservatórios e entre as<br />

estações foram submetidos a testes <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> (Kolmogorov-Smirnov e Lilliefors) e<br />

homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variâncias (teste <strong>de</strong> Levene) e, após a confirmação da normalida<strong>de</strong> e<br />

homogeneida<strong>de</strong>, foram comparados por meio <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> variância (ANOVA one-way). Em<br />

casos <strong>de</strong> diferenças estatísticas foi utilizado o teste <strong>de</strong> Tukey (Zar, 1999) a 5% para avaliar<br />

entre quais famílias ocorreu diferença. No caso <strong>de</strong> dados com distribuição não normal<br />

utilizou-se o teste U <strong>de</strong> Mann-Whitney.<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> verificar quais famílias foram mais importantes na estruturação das<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos foi realizada uma análise <strong>de</strong> espécies<br />

indicadoras (Dufrêne & Legendre, 1997), utilizando o software PC-Ord (versão 3.11, 1997).<br />

Esta análise confere a cada taxon valores <strong>de</strong> indicação que variam <strong>de</strong> 0 a 100 segundo a<br />

abundância e a frequência relativa <strong>de</strong> cada um nos grupos previamente <strong>de</strong>finidos, que nesse<br />

caso foram as duas áreas <strong>de</strong> estudos (Serra Azul e Ibirité), nos ambientes lóticos e lênticos e<br />

nas estações chuvosa e seca. Um valor 0 significa que o taxon está ausente e o valor 100<br />

significa que todos os indivíduos coletados <strong>de</strong> um taxon pertencem ao ecossistema estudado.<br />

Quando para um dado taxon, o valor <strong>de</strong> indicação entre os grupos é significativo (p


um teste <strong>de</strong> aleatorização <strong>de</strong> Monte Carlo), então este taxon po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como<br />

indicador para um dado grupo.<br />

RESULTADOS<br />

Protocolo <strong>de</strong> Avaliação Rápida <strong>de</strong> Condições Ecológicas em Trechos <strong>de</strong> Bacia e<br />

Características Físicas e Químicas da água<br />

O ponto a montante do Reservatório <strong>de</strong> Serra Azul possui suas condições ecológicas<br />

ainda naturais (P1=78), e o ponto a jusante apresenta-se como um trecho alterado (P5=60)<br />

segundo o somatório das pontuações do protocolo <strong>de</strong> caracterização <strong>de</strong> condições ecológicas<br />

aplicado nos trechos lóticos. Os pontos localizados a montante e a jusante do Reservatório <strong>de</strong><br />

Ibirité localizam-se em trechos impactados (P1=25 e P5=43) <strong>de</strong> acordo com o protocolo <strong>de</strong><br />

avaliação rápida. Estes resultados estão representados na Figura 05.<br />

100<br />

80<br />

78<br />

60<br />

60<br />

40<br />

43<br />

20<br />

25<br />

0<br />

Serra Azul<br />

Ibirité<br />

Figura 5 - Resultados do Protocolo <strong>de</strong> Avaliação Rápida <strong>de</strong> Condições Ecológicas em<br />

Trechos <strong>de</strong> Bacia.<br />

O grau <strong>de</strong> trofia avaliado no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul apresentou valor médio na<br />

estação chuvosa menor que 44 (Oligotrofia) e na estação seca 45,1 (Mesotrofia) (Tabela 5). O<br />

valor máximo <strong>de</strong> oxigênio dissolvido em Serra Azul foi 12mg/L no Ponto 5 (trecho lótico) na<br />

20


estação chuvosa. A zona eufótica no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul atingiu 3,5m. O grau <strong>de</strong> trofia<br />

avaliado no reservatório <strong>de</strong> Ibirité apresentou valor médio na estação chuvosa e seca maior<br />

que 54 (Eutrofia) (Tabela 5). Elevados valores <strong>de</strong> oxigênio dissolvido na superfície foram<br />

mensurados no Reservatório <strong>de</strong> Ibirité sendo que o valor máximo foi 11mg/L no Ponto 2<br />

(lêntico) na estação chuvosa.<br />

Os dados do potencial redox do sedimento, disco <strong>de</strong> Secchi e potencial redox da água<br />

apresentaram valores maiores no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul do que no reservatório <strong>de</strong> Ibirité<br />

(Tabela 4). Comparando os dados abióticos <strong>de</strong> Serra Azul nas estações seca e chuvosa<br />

verificou-se que Nitrogênio-total, oxigênio dissolvido na superfície, potencial redox e<br />

temperatura da água apresentaram maiores valores na estação chuvosa; e o pH apresentou<br />

maior valor na estação seca sendo que as <strong>de</strong>mais variáveis abióticas apresentaram valores<br />

semelhantes em ambos os períodos <strong>de</strong> coleta. Os dados abióticos condutivida<strong>de</strong>, Fósforototal,<br />

sólidos totais dissolvidos, Nitrogênio-total, pH e turbi<strong>de</strong>z mensurados no reservatório <strong>de</strong><br />

Ibirité apresentaram valores maiores que os mensurados no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul.<br />

Comparando os dados abióticos <strong>de</strong> Ibirité nas estações seca e chuvosa foram<br />

observados maiores valores <strong>de</strong> Nitrogênio-total e temperatura da água na estação chuvosa,<br />

sendo que as <strong>de</strong>mais variáveis abióticas tiveram valores semelhantes entre as duas estações. A<br />

zona eufótica no reservatório <strong>de</strong> Ibirité atingiu o valor máximo <strong>de</strong> 0,7 m. Em Ibirité foram<br />

verificadas florações algais e estan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> macrófitas aquáticas durante todo o período <strong>de</strong><br />

estudo.<br />

21


Tabela 4 – Parâmetros físicos e químicos mensurados na coluna d`água dos reservatórios <strong>de</strong> Ibirité e Serra Azul durante as estações chuvosa (ou/07, <strong>de</strong>z/07 e<br />

fev/08)) e seca (abr/08, jun/08 e ago/08). On<strong>de</strong>, T ar = temperatura do ar (°C), T água = temperatura da coluna d`água (°C), pH= potencial hidrogeniônico da<br />

superfície da coluna d`água, pH F = potencial hidrogeniônico do fundo da coluna d`água, Cond= condutivida<strong>de</strong> elétrica (µS/cm), STD= sólidos totais dissolvidos<br />

(mg/L), O 2Sup = oxigênio dissolvido na superfície (mg/L), O 2Fun = oxigênio dissolvido no fundo da coluna d`água (mg/L), EH água = potencial Redox da coluna<br />

d`água, EH sed = potencial Redox do sedimento, P- total = Fósforo Total (mg/L), N- total = Nitrogênio Total (mg/L), Prof = profundida<strong>de</strong> média (m), Secchi=<br />

disco <strong>de</strong> Secchi(m), TU = turbi<strong>de</strong>z (UNT) e (-) = não mensurados.<br />

Ibirité<br />

Serra Azul<br />

P5 P4 P3 P2 P1 P5 P4 P3 P2 P1<br />

Pontos Amostrais T ar T água pH pH F Cond STD O 2Sup O 2fun EH água EH sed P-total N-total Prof Secchi TU<br />

chuva 27,9±3,5 25,2±2,5 6,4±0,4 - 349,3±241,1 373±90,5 2,7±2,9 - -6,3±64,5 - 315,8±91,5 0,5±0,1 - - 272,3±313,6<br />

seca 25±1,7 21,4±2,8 7,1±0,2 - 547,9±335,6 2333±0 2,6±0,8 - 33±52,7 - 338,5±48,5 0,3±0,1 - - 113,7±146,7<br />

chuva 27,4±2 27,6±1,2 9±0,8 10,7±3,5 342,3±237,8 336,3±122,6 10,9±3,9 1,6±1,4 46,1±86,2 -303,3±60,1 367,7±348,4 0,4±0,2 11±1,1 0,4±0,2 197,1±129,9<br />

seca 27,3±5,5 23,7±4 8,4±1 6,6±0,5 331,8±50,2 1098±0 10,1±5,9 5,4±3,6 87,7±75,4 -325,7±80 60,6±28,1 0,2±0,03 13,2±3,5 0,7±0,4 107,8±156,7<br />

chuva 27,5±0,6 27,8±0,7 8,9±1,1 11,1±2,7 319,4±216,9 190±173,1 9,1±3,4 3±2,3 97±34 -377±139,1 101,6±29 0,2±0,1 7,3±1,1 0,3±0,1 112,5±45,5<br />

seca 27±2,6 23,9±4,3 8,2±0,8 6,6±0,6 329,5±46,4 1096±0 6,9±3,3 4,5±4,9 368±593,6 -341±73,1 118,8±60,4 0,2±0,05 7,7±0,7 0,7±0,4 46,6±61,9<br />

chuva 27,5±1,5 27,8±2,7 8,8±0,9 9,9±3,1 320±220,8 381,3±161,5 10,1±4,2 3±1 66±127,2 -395,3±96,4 97,6±101 0,3±0,04 8,1±1,2 0,4±0,2 129,3±54,5<br />

seca 29,7±4,5 23,6±4,7 8,3±1 6,6±0,6 330,5±43,8 1117±0 8,6±3,2 2,6±2,4 15,7±51,5 -301,3±171,8 62,7±11,3 0,2±0,02 10,1±0,1 0,6±0,1 45,1±56,5<br />

chuva 25,9±1,1 24,9±1,9 7,4±0,3 - 324±220,2 362,3±162,1 3,6±1,7 - 37±33,8 - 121,1±151,8 0,4±0,03 - - 64,9±47,5<br />

seca 20,7±7 21,6±2,9 7,5±0,4 - 337±59,8 1154±0 8,4±3,6 - 131±49,7 - 77,1±16,1 0,2±0,05 - - -30,1±66,8<br />

chuva 28,3±2,5 25,5±0,9 6,5±0,4 - 25,4±15,9 24,4±2,7 9,9±4,9 - 253,7±47,1 - 27,4±23,5 0,07±0,01 - - 46,7±54,3<br />

seca 25±1 18,9±2,7 7,1±0,4 - 37,4±1,5 109±0 7±0,6 - 77,7±64,9 - 27±23,1 0,04±0,01 - - 8,6±3,8<br />

chuva 28,5±3,1 28,3±1,5 6,8±0,4 6,5±0,6 27,2±19,1 22,3±0,8 9,6±4,9 5,2±3,8 215,3±27,3 -148,7±147,9 40,3±26,9 0,07±0,02 5,5±3,9 1,9±0,8 23,6±18,7<br />

seca 26,7±3 25,4±3 7,3±0 6,4±0,2 30,2±2 82,5±0 7,9±1 6,2±1 82±34 -226,3±25 44,5±56 0,04±0,01 12,9±1 2,9±0 37,9±55<br />

chuva 27,8±3,9 27,7±3,2 6,7±0,2 6,9±1,2 36,1±32,9 22,1±0,6 10±4 2,6±2,3 159,7±23,6 -129,7±78,6 39,2±44 0,09±0,04 9,8±2,9 1,6±0,6 59±73,8<br />

seca 29,6±2,6 24,2±4,4 7,4±0,5 6,4±0,3 24,1±9,7 82,4±0 9,6±3 5,8±1,8 72±30 -107,7±125 16,7±10,7 0,05±0,01 8,8±3,3 3,5±0,4 40,4±54<br />

chuva 28,4±1,4 27,5±0,5 7,4±0,4 7,2±1,7 71,7±92,8 21,8±0,4 8,2±2,6 1,8±1,2 191±30,6 -258,7±44,1 27,4±14,4 0,09±0,04 29,7±2,5 1,9±0,6 51,2±73,5<br />

seca 29±3,6 23,8±4,5 7,3±0,3 6,2±0,5 29,9±0,9 82,9±0 8±1 2,7±3 188,7±60,1 -195,3±31,7 10,9±2,8 0,05±0,02 31,5±2,8 3,7±1,1 7,5±5,9<br />

chuva 26,8±4,5 26,5±3,5 6,5±0,3 - 24,1±14,9 23,3±0,3 12,1±2,3 - 253,3±30,4 - 16,2±4,9 0,07±0,01 - - 21,3±25,2<br />

seca 26±2,6 22,1±2,7 7,2±0,5 - 23,1±15,4 90,8±0 6,8±0,2 - 89,3±86,1 - 36,5±36,4 0,04±0,01 - - 17,6±13,6<br />

22


Tabela 5 - Índices <strong>de</strong> Estado Trófico (IET) nos reservatórios <strong>de</strong> Serra Azul e Ibirité, nas<br />

estações seca e chuvosa estimados com dados obtidos por IET(S)- disco <strong>de</strong> Secchi; IET(P)-<br />

Fósforo-total; IET(PO4)- Ortofosfato; IET(Cl)- clorofila e IET(médio).<br />

Reservatório <strong>de</strong> Serra Azul<br />

Reservatório <strong>de</strong> Ibirité<br />

Média Chuva Média Seca Média Chuva Média Seca<br />

IET(S) 1,9 41,5 2,4 38,1 0,5 60,8 0,8 54<br />

IET(P) 39,4 49,7 53,4 54,1 173,1 71,1 162,1 70,1<br />

IET(PO4) 9,1 47,5 11,9 51,4 22,1 60,3 30,3 64,8<br />

IET(Cl) 0,7 27 1,3 33,2 6,2 48,9 50,7 69,9<br />

IET(médio) 41,4 45,1 60,2 69,6<br />

Macroinvertebrados Bentônicos<br />

Foram coletados 54.512 macroinvertebrados bentônicos, na bacia dos reservatórios <strong>de</strong><br />

Serra Azul e Ibirité, pertencentes a 43 taxa (33 Insecta, 5 Gastropoda, 1 Hiruni<strong>de</strong>a, 1<br />

Oligochaeta, 1 Turbellaria, 1 Arachnida e 1 Bivalvia). No reservatório <strong>de</strong> Ibirité, incluindo os<br />

pontos a montante e a jusante do reservatório, foram coletados 49.849 macroinvertebrados<br />

bentônicos. A composição taxonômica no reservatório <strong>de</strong> Ibirité foi composta principalmente<br />

por Oligochaeta (76,6%), Chironomidae (17,6%), Thiaridae (1,8%), Hirudinea (1,5%),<br />

Chaoboridae (1,2%) e alguns taxa raros, representando 1,3% (Ceratopogonidae, Psychodidae,<br />

Baetidae, Elmidae, Gyrinidae, Hydrophilidae, Libellulidae, Megapodagrionidae, Physidae,<br />

Planorbidae e Planariidae) (Tabela 4 e Figura 6). As famílias Baetidae, Empididae,<br />

Grypopterygidae, Muscidae, Hydrophilidae, Libellulidae e Physidae foram encontradas<br />

somente na estação seca; e Elmidae foi encontrada exclusivamente na estação chuvosa.<br />

23


Figura 6 - Principais Macroinvertebrados Bentônicos encontrados no reservatório <strong>de</strong> Ibirité,<br />

na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, sendo (1)<br />

montante; (2), (3) e (4) reservatório e (5) jusante.<br />

No reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, incluindo os pontos a montante e a jusante do<br />

reservatório, foram coletados 4.663 macroinvertebrados bentônicos. Em Serra Azul foram<br />

encontrados Chironomidae (40%), Chaoboridae (22,7%), Oligochaeta (9,4%), Elmidae<br />

(8,4%), Baetidae (3,1%), Leptohyphidae (2,6%), Ceratopogonidae (2,4%), Leptophlebiidae<br />

(2,1%),Thiaridae (1,4%), Sphaeridae (1,3%), Naucoridae (0,9%), Simuliidae (0,5%),<br />

Hirudinea (0,4%), Dytiscidae (0,4%), Gomphidae (0,4%), Hydropsychidae (0,4%), Tipulidae<br />

(0,3%), Empididae (0,3%), Polycentropodidae (0,2%) e como taxa raros representando 2,8%<br />

Gyrinidae, Hydrophilidae, Libellulidae, Physidae, Planorbidae, Planariidae, Hidracarina,<br />

Coenagrionidae, Lymnaeidae, Philopotamidae, Muscidae, Glossosomatidae, Perlidae,<br />

Hydrobiosidae, Mesoveliidae, Hydroptilidae, Leptoceridae, Notonectidae, Odontoceridae,<br />

Veliidae e Corydalidae (Tabela 5 e Figura 7). As famílias Corydalidae, Dytiscidae,<br />

Glossosomatidae, Muscidae, Notonectidae, Hydrophilidae, Hydroptilidae, Hydrobiosidae,<br />

Physidae, Lymnaeidae e Sphaerium foram encontradas exclusivamente na estação chuvosa<br />

nos pontos amostrais na bacia do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul.<br />

24


Figura 7 - Principais Macroinvertebrados Bentônicos encontrados do reservatório <strong>de</strong> Serra<br />

Azul (MG), na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas<br />

Gerais, sendo (1) montante; (2), (3) e (4) reservatório e (5) jusante.<br />

25


Tabela 4 – Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos (ind/m 2 , média e <strong>de</strong>svio padrão) coletados no reservatório <strong>de</strong> Ibirité, nos pontos amostrais ao longo das<br />

estações chuvosa (out/07, <strong>de</strong>z/07 e fev/08) e seca (abr/08, jun/08 e ago/08). Obs: GTF = grupos tróficos funcionais, Co-Ca = coletores-catadores, Pr =<br />

predadores, Rsp = raspadores, (-) = ausência.<br />

GTF<br />

Reservatório <strong>de</strong> Ibirité<br />

Estação Chuvosa<br />

Estação Seca<br />

Taxon P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5<br />

Diptera<br />

Ceratopogonidae Pr 356±438 . . . 115±180 370±566 . 15±26 15±26 41±53<br />

Chaoboridae Pr . 30±51 119±205 30±51 . . 59±51 5511±5303 3570±5955 .<br />

Chironomidae não classificados 16874±21483 89±118 444±693 . 16930±23895 20978±18126 1304±1995 2933±3654 1259±1102 4722±4343<br />

Empididae Pr . . . . . . . . . 7±6<br />

Psychodidae Co-Ca 15±26 . . . . 15±26 . . . .<br />

Ephemeroptera<br />

Baetidae Co-Ca/Rsp . . . . . . . . . 22±39<br />

Coleoptera<br />

Elmidae Co-Ca/Rsp 15±26 . . . . . . . . .<br />

Gyrinidae Pr . . . . . . . . . 4±6<br />

Hydrophilidae Pr . . . . . 30±26 . . . 30±51<br />

Odonata<br />

Libellulidae Pr . . . . . 15±26 . . . .<br />

Megapodagrionidae Pr . . . . . . . . . 4±6<br />

Oligochaeta Co-Ca 242178±410032 4237±4585 74±93 7526±8551 234948±239480 104±180 3482±4928 89±154 12785±10600<br />

Hirudinea Pr/Parasita 89±154 207±359 626±829 1259±791 15±26 15±26 1782±1762<br />

Pulmonata<br />

Physidae Rsp . . . . . . . . . 19±32<br />

Planorbidae Rsp 119±205 . 15±26 . 33±48 . . . . 385±343<br />

Mesogastropoda<br />

Thiaridae Rsp 430±744 . 1674±2900 . 848±1411 . . . . 2070±2259<br />

Seriata<br />

Planariidae Co-Ca . . 15±26 . 711±1222 30±51 . . . 222±375<br />

26


Tabela 5 - Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos (ind/m 2 , média e <strong>de</strong>svio padrão) coletados no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, nos pontos amostrais ao<br />

longo das estações chuvosa (out/07, <strong>de</strong>z/07 e fev/08) e seca (abr/08, jun/08 e ago/08). Obs: GTF = grupo trófico funcional, Co-Ca = coletores-catadores, Co-Fil<br />

= coletores- filtradores, Pr = predadores, Rsp = raspadores, Frg = fragmentadores, (-) = ausência.<br />

GTF<br />

Reservatório <strong>de</strong> Serra Azul<br />

Estação Chuvosa<br />

Estação Seca<br />

Taxon P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5<br />

Acari<br />

Hidracarina Pr . . . . 4±6 7±13 . . . .<br />

Diptera<br />

Ceratopogonidae Pr 474±466 . . . 115±68 115±72 30±26 . . 37±28<br />

Chaoboridae Pr . 24401±4007 1393±841 1437±2108 . . 9482±8862 637±603 59±68 .<br />

Chironomidae não classificados 8844±11351 356±541 370±496 215±316 2215±2024 941±424 1511±1062 741±228 519±667 178±139<br />

Empididae Pr 30±51 . . . 4±6 33±33 . . . .<br />

Muscidae Pr 15±25 . . . . . . . . .<br />

Simuliidae Co-Fil 341±590 . . . 4±6 4±6 . . . .<br />

Tipulidae Co-Ca/Frg 178±308 . . . . . . . . .<br />

Trichoptera<br />

Glossosomatidae Rsp 15±26 . . . . . . . . .<br />

Hydrobiosidae Pr 30±51 . . . 11±11 . . . . .<br />

Hydropsychidae Co-Fil 44±44 . . . . 52±46 . . . .<br />

Hydroptilidae Co-Ca 4±6 . . . . . . . . .<br />

Leptoceridae Co-Ca 15±26 . . . 19±17 . . 15±26 . 11±19<br />

Odontoceridae Co-Ca/Rsp . . . . 7±13 15±17 . . . .<br />

Philopotamidae Co-Fil . . . . 4±6 . 15±26 . . 4±6<br />

Polycentropodidae Co-Fil/Pr . . . . 22±22 . . . . 26±36<br />

Ephemeroptera<br />

Baetidae Co-Ca/Rsp 1081±1759 . . . 207±331 45±29 . . . 4±6<br />

Leptohyphidae Co-Ca 563±975 . . . 252±436 56±69 . . . .<br />

Leptophlebiidae Co-Ca/Rsp 770±1334 . . . 163±282 11±11 . . . .<br />

Plecoptera<br />

Perlidae Pr 30±51 . . . 4±6 4±6 . . . .<br />

Coleoptera<br />

Dytiscidae Pr 148±257 . . . 41±71 . . . . .<br />

Elmidae Co-Ca/Rsp 1748±3028 . . . 770±1325 204±45 . . . .<br />

Gyrinidae Pr 15±26 . . . 22±39 11±19 . . . .<br />

27


Tabela 7 (Continuação)<br />

GTF<br />

Reservatório <strong>de</strong> Serra Azul<br />

Estação Chuvosa<br />

Estação Seca<br />

Taxon P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 P5<br />

Hydrophilidae Pr 74±128 . . . . . . . . .<br />

Heteroptera<br />

Mesoveliidae Pr . . . . . . 15±26 . . .<br />

Naucoridae Pr 178±308 . . . 11±19 85±39 . . . .<br />

Notonectidae Pr 30±51 . . . . . . . . .<br />

Veliidae Pr 11±19 . . . . . . . . .<br />

Megaloptera<br />

Corydalidae Pr 30±51 . . . . . . . . .<br />

Odonata<br />

Coenagrionidae Pr 15±26 . . . . . . . . 4±6<br />

Gomphidae Pr 15±26 . . . 15±17 26±17 . . . 19±17<br />

Libellulidae Pr 15±26 . . . 19±6 7±13 . . . 15±6<br />

Oligochaeta Co-Ca 2060±3339 59±103 30±26 330±196 4±6 30±51 763±1196<br />

Hirudinea Pr/Parasita 44±77 19±17 15±26 44±29<br />

Seriata<br />

Planariidae Co-Ca 15±26 . . . . 7±13 . . . 7±13<br />

Bivalvia Rsp 60±51 104±180 26±28<br />

Sphaeriidae Rsp . . . . 226±391 . . . . .<br />

Pulmonata<br />

Physidae Rsp . . . . 11±19 . . . . .<br />

Planorbidae Rsp 30±51 . . . . . . . . 15±26<br />

Lymnaeidae Rsp 44±77 . . . . . . . . .<br />

Mesogastropoda<br />

Thiaridae Rsp 74±128 . . . 59±103 . . 74±128 . 148±23<br />

28


Na estação chuvosa em Serra Azul a menor riqueza taxonômica foi encontrada no<br />

Ponto 1 (0 taxa) e a maior nos Pontos 1 e 5 (23 taxa). Na estação seca a menor riqueza<br />

taxonômica foi encontrada no Ponto 4 (1 taxa) e a maior no Ponto 1(17 taxa). No Ponto 1<br />

foram observados o menor valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (0 ind/m 2 ) em fevereiro/08 e o maior (38.667<br />

ind/m 2 ) em outubro/07. Na estação seca o menor valor foi 133 ind/m 2 no Ponto 4 em<br />

<strong>de</strong>zembro/07 e o maior valor 20.400 ind/m 2 no Ponto 2 em outubro/07. O menor valor do<br />

índice <strong>de</strong> equitabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pielou encontrado foi 0 nos Pontos 2 (<strong>de</strong>zembro/07) e Pontos 1 e 4<br />

(fevereiro/08 e abril/08) e o maior valor, 0,9 no Ponto 3 (outubro/07). A diversida<strong>de</strong> analisada<br />

nas estações chuvosa e seca em Serra Azul variou <strong>de</strong> 0 nos Pontos 1, 2 e 4 a 1,97 no Ponto 5<br />

(Apêndice A).<br />

Comparando todas as famílias encontradas em Serra Azul e Ibirité com o teste U <strong>de</strong><br />

Mann-Whitney em todos os pontos amostrais, verificou-se que a estrutura das comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos foi diferente (p=0,002) sendo que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ind/m 2 ) <strong>de</strong><br />

Oligochaeta e Hirudinea apresentaram maiores valores em Ibirité; Chaoboridae e Elmidae<br />

apresentaram maiores valores em Serra Azul. Comparando as famílias encontradas em Ibirité<br />

na estação seca e chuvosa foi possível verificar diferenças significativas (p=0,01) on<strong>de</strong><br />

Chironomidae apresentou valores maiores na estação chuvosa; e Chaoboridae e<br />

Hydrophilidae na estação seca.<br />

A distribuição temporal e espacial foi diferente (p


<strong>de</strong>ntro dos reservatórios <strong>de</strong> Serra Azul e Ibirité, na estação chuvosa verificou-se que<br />

Chaoboridae (p=0,001) foi indicador do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul e na estação seca<br />

Oligochaeta (p=0,029) foi indicador do reservatório <strong>de</strong> Ibirité. Analisando os pontos<br />

amostrais localizados nos ecossistemas lóticos <strong>de</strong> Serra Azul e Ibirité, constatou-se que na<br />

estação chuvosa não houve espécies indicadoras <strong>de</strong>vido, possivelmente, às baixas<br />

abundâncias <strong>de</strong> organismos observadas nas áreas <strong>de</strong> estudo; na estação seca os taxa Hirudinea<br />

(p=0,0428), Oligochaeta (p=0,0038) e Chironomidae (p=0,0447) (Diptera) foram indicadores<br />

para os rios <strong>de</strong> Ibirité, sendo que Gomphidae (p=0,0163) (Odonata) foi indicador para os rios<br />

<strong>de</strong> Serra Azul.<br />

Análise Integrada dos Dados Abióticos e Bióticos<br />

O resultado da análise <strong>de</strong> DCA realizada com os dados bióticos encontrou o valor <strong>de</strong><br />

1,95 para o gradiente biótico nos ecossistemas lóticos e 2,7 para os lênticos. De acordo com<br />

Ter Braak (1995), isto indica que os dados da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos<br />

apresentam um gradiente com elevada redundância (gradiente


potencial redox da coluna d’água e oxigênio dissolvido na superfície nos pontos localizados a<br />

montante e a jusante do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul.<br />

Figura 8 – Diagrama <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação da Análise <strong>de</strong> Redundância (RDA) com a disposição dos<br />

pontos amostrais, variáveis abióticas e taxa <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos. Obs: Tempar<br />

= Temperatura do ar; Temagua = Temperatura da coluna d`água; mator = Matéria orgânica;<br />

Turb = Turbi<strong>de</strong>z; Fosf = Fósforo Total; N = Nitrogênio Total; Cond = Condutivida<strong>de</strong> elétrica;<br />

TDS = Sólidos totais dissolvidos; pH = Potencial hidrogeniônico da coluna d`água; Redox =<br />

Potencial redox da coluna d`água; Prot = Protocolo <strong>de</strong> avaliação rápida; Osup = Oxigêno<br />

dissolvido na superfície; Oligo = Oligochaeta; Libell = Libellulidae; Polycent =<br />

Polycentropodidae; Leptoce = Leptoceridae; Empid = Empididae; Leptophl =<br />

Leptophlebiidae; Baetid = Baetidae; Leptohyp = Leptohyphidae; Gomp = Gomphidae.<br />

A Figura 9 mostra que no Ponto 1 (montante do reservatório <strong>de</strong> Ibirité) foi observado<br />

maior valor <strong>de</strong> biomassa para a Classe Oligochaeta apresentando valores <strong>de</strong> 628±549mg/m 2 .<br />

Analisando a biomassa nos Pontos 2, 3 e 4, localizados na região limnética do reservatório <strong>de</strong><br />

Ibirité nota-se maiores valores para Thiaridae (5642±3139mg/m 2 ), Planorbidae (1080mg/m 2 )<br />

31


e Oligochaeta (108±150mg/m 2 ) na Figura 10. No Ponto 5 os maiores valores <strong>de</strong> biomassa<br />

foram para Thiaridae (4110±2352mg/m 2 ), Planorbidae (851±1499mg/m 2 ) e Oligochaeta<br />

(158±142mg/m 2 ) na Figura 11.<br />

10000<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

1000<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Figura 9 – Biomassa (mg/m 2 ) <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos coletados no Ponto 1, a<br />

montante do reservatório <strong>de</strong> Ibirité, bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São<br />

Francisco, Minas Gerais, nos períodos <strong>de</strong> chuva e seca <strong>de</strong> 2007-2008.<br />

10000<br />

1000<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

100<br />

10<br />

1<br />

32


Figura 10 – Biomassa (mg/m 2 ) <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos coletados nos Pontos 2, 3 e<br />

4, no reservatório <strong>de</strong> Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São<br />

Francisco, Minas Gerais, nos períodos <strong>de</strong> chuva e seca <strong>de</strong> 2007-2008.<br />

10000<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

1000<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Figura 11 – Biomassa (mg/m 2 ) <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos coletados no Pontos 5,<br />

jusante do reservatório <strong>de</strong> Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São<br />

Francisco, Minas Gerais, nos períodos <strong>de</strong> chuva e seca <strong>de</strong> 2007-2008.<br />

No Ponto 1 <strong>de</strong> Serra Azul foi verificado maior valor <strong>de</strong> biomassa para as famílias<br />

Libellulidae (166mg/m 2 ), Naucoridae (121±147mg/m 2 ), Corydalidae (57±62mg/m 2 ),<br />

Gomphidae (51±49mg/m 2 ), Elmidae (25±30mg/m 2 ) e Bivalvia (21mg/m 2 ) (Figura 12). Os<br />

Pontos 2, 3 e 4 localizados na região limnética do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul apresentaram os<br />

maiores valores <strong>de</strong> biomassa para as famílias Thiaridae (508±505mg/m 2 ), Elmidae<br />

(129mg/m 2 ), Mesoveliidae (76mg/m 2 ) e Chaoboridae (53±68mg/m 2 ) (Figura 13). Os maiores<br />

valores no Ponto 5 foram para Thiaridae (562±819mg/m 2 ), Planorbidae (471±643mg/m 2 ),<br />

Odontoceridae (217mg/m 2 ), Gomphidae (81±112mg/m 2 ), Naucoridae (51±61mg/m 2 ) e<br />

Elmidae (36±44mg/m 2 ) (Figura 14).<br />

33


1000<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Figura 12 – Biomassa (mg/m 2 ) <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos coletados no Ponto 1, a<br />

montante do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio<br />

São Francisco, Minas Gerais, nos períodos <strong>de</strong> chuva e seca <strong>de</strong> 2007-2008.<br />

10000<br />

1000<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Figura 13 – Biomassa (mg/m 2 ) <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos coletados nos Pontos 2, 3 e<br />

4, no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São<br />

Francisco, Minas Gerais, nos períodos <strong>de</strong> chuva e seca <strong>de</strong> 2007-2008.<br />

34


10000<br />

1000<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

Biomassa (mg/m 2 )<br />

100<br />

10<br />

1<br />

Figura 14 – Biomassa (mg/m 2 ) <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos coletados no Pontos 5,<br />

jusante do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio<br />

São Francisco, Minas Gerais, nos períodos <strong>de</strong> chuva e seca <strong>de</strong> 2007-2008.<br />

Análise da composição granulométrica e teores <strong>de</strong> matéria orgânica nos<br />

sedimentos<br />

No Ponto 1 <strong>de</strong> Ibirité, na estação chuvosa, predominaram sedimentos compostos na<br />

maior parte por cascalho, silte e argila (Figura 12). Nos Pontos 2, 3 e 4 não foram encontradas<br />

diferenças marcantes sendo que as frações areia muito grossa, areia grossa e areia média<br />

compõem a maior parte do sedimento. No Ponto 5 verificou-se maior porcentagem das<br />

frações areia fina e areia média. No Ponto 1, na estação seca, o sedimento encontrou-se<br />

formado predominantemente por siltes e argilas; no Ponto 2, 3 e 4 areia grossa e areia média;<br />

e no Ponto 5 areia muito fina e areia fina (Figura 13). A maior porcentagem <strong>de</strong> matéria<br />

orgânica encontrada em Ibirité foi <strong>de</strong> 17% no Ponto 3 (estação chuvosa) e no Ponto 2 e 4<br />

(estação seca) (Figuras 16 e17).<br />

35


100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

1 2 3 4 5<br />

Pontos <strong>de</strong> Coleta<br />

C AMG AG AM AF AMF S + Arg.<br />

Figura 15 – Composição granulométrica do sedimento no período chuvoso <strong>de</strong> 2007-2008, no<br />

Ponto 1 (montante), Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório <strong>de</strong><br />

Ibirité, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S<br />

= seixos, C = cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF<br />

= areia fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

1 2 3 4 5<br />

Pontos <strong>de</strong> Coleta<br />

C AMG AG AM AF AMF S + Arg.<br />

Figura 16 – Composição granulométrica do sedimento no período seco <strong>de</strong> 2008, no Ponto 1<br />

(montante), Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório Ibirité, na<br />

36


acia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S = seixos, C<br />

= cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF = areia<br />

fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.<br />

No Ponto 1 <strong>de</strong> Serra Azul, na estação chuvosa predominaram sedimentos compostos<br />

na maior parte pelas frações areia grossa e muito grossa. Nos Pontos 2, 3 e 4 predominaram as<br />

frações areia muito fina e média (Figura 14). No Ponto 5, verificou-se maior porcentagem <strong>de</strong><br />

seixos e cascalhos. Na estação seca o Ponto 1 apresentou predominantemente as frações<br />

cascalho e seixos; Ponto 2, 3 e 4 areia média, grosa e muito fina; e Ponto 5 areia muito grossa<br />

e cascalho (<br />

Figura 18). A maior porcentagem <strong>de</strong> matéria orgânica encontrada em Serra Azul foi <strong>de</strong><br />

17% no Ponto 1 e 4 em ambas as estações (Figuras 18 e 19).<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

1 2 3 4 5<br />

Pontos <strong>de</strong> Coleta<br />

S C AMG AG AM AF AMF S + Arg.<br />

Figura 17 – Composição granulométrica do sedimento no período chuvoso 2007-2008, no<br />

Ponto 1 (montante, Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório Serra<br />

Azul, na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S =<br />

seixos, C = cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF =<br />

areia fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.<br />

37


100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

1 2 3 4 5<br />

Pontos <strong>de</strong> Coleta<br />

S C AMG AG AM AF AMF S + Arg.<br />

Figura 18 – Composição granulométrica do sedimento no período seco 2008, no Ponto 1<br />

(montante, Pontos 2, 3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) no reservatório Serra Azul,<br />

na bacia do rio Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais. S =<br />

seixos, C = cascalho, AMG = areia muito grossa, AG = areia grossa, AM = areia média, AF =<br />

areia fina, AMF = areia muito fina, S + Arg = silte + argila.<br />

25<br />

20<br />

% P.S.<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

P1 P2 P3 P4 P5<br />

Pontos <strong>de</strong> Amostragem<br />

Figura 19 – Teores <strong>de</strong> matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,<br />

3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Ibirité, na bacia do rio Paraopeba,<br />

trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período <strong>de</strong> chuva 2007-2008.<br />

38


25<br />

20<br />

% P.S.<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

P1 P2 P3 P4 P5<br />

Pontos <strong>de</strong> Amostragem<br />

Figura 20 - Teores <strong>de</strong> matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,<br />

3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Ibirité, na bacia do rio Paraopeba,<br />

trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período <strong>de</strong> seca 2008.<br />

25<br />

20<br />

% P.S.<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

P1 P2 P3 P4 P5<br />

Pontos <strong>de</strong> Amostragem<br />

Figura 21 - Teores <strong>de</strong> matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,<br />

3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Serra Azul, na bacia do rio<br />

Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período <strong>de</strong> chuva<br />

2007-2008.<br />

39


30<br />

25<br />

20<br />

% P.S.<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

P1 P2 P3 P4 P5<br />

Pontos <strong>de</strong> Amostragem<br />

Figura 22 - Teores <strong>de</strong> matéria orgânica (%P.S.) mensurados no Ponto 1 (montante), Pontos 2,<br />

3 e 4 (região limnética) e Ponto 5 (jusante) do reservatório Serra Azul, na bacia do rio<br />

Paraopeba, trecho alto da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais, no período <strong>de</strong> seca 2008.<br />

40


DISCUSSÃO<br />

• Variáveis Físicas e Químicas<br />

A eutrofização natural, em escala geológica, ocorre quando os ecossistemas lacustres<br />

ten<strong>de</strong>m a passar <strong>de</strong> uma condição oligotrófica para a mesotrófica e finalmente para a eutrófica<br />

resultando no seu assoreamento e <strong>de</strong>saparecimento. Por outro lado, a aceleração antrópica do<br />

processo <strong>de</strong> eutrofização, como o observado em Ibirité, ocorre em uma escala <strong>de</strong> tempo mais<br />

curta, como em décadas, e é mundialmente conhecido como eutrofização artificial ou<br />

antrópica (Esteves, 1998; Nowlin et al., 2005).<br />

As conseqüências da eutrofização artificial no reservatório <strong>de</strong> Ibirité são drásticas para<br />

o ambiente, impedindo a utilização múltipla <strong>de</strong> suas águas para abastecimento, irrigação e<br />

recreação em especial pela alta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substâncias tóxicas e mal-cheirosas, excretadas<br />

pelas algas e persistentes mesmo <strong>de</strong>pois da aplicação dos tratamentos mais sofisticados<br />

(Basso & Carvalho, 2007).<br />

O reservatório <strong>de</strong> Ibirité possui concentrações <strong>de</strong> Nitrogênio-Total, Fósforo-Total e<br />

oxigênio dissolvido, não permitidas na Resolução CONAMA Nº 357/2005 para águas doces<br />

da Classe 2, além da presença constante <strong>de</strong> florações algais observada em nossas coletas. Os<br />

limites previstos nesta Resolução são o que se espera para águas <strong>de</strong>stinadas à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesca, à proteção das comunida<strong>de</strong>s aquáticas e à recreação <strong>de</strong> contato primário, tais como<br />

natação.<br />

Os teores <strong>de</strong> oxigênio dissolvido verificados nos pontos localizados na região<br />

limnética do reservatório <strong>de</strong> Ibirité foram superiores aos dos trechos lóticos. Esta diferença<br />

po<strong>de</strong> estar associada ao aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> matéria orgânica, proveniente <strong>de</strong> esgotos<br />

nos córregos <strong>de</strong> Ibirité favorecendo o aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microrganismos<br />

<strong>de</strong>compositores livres na água e nos sedimentos, que acabam consumindo o oxigênio<br />

dissolvido na água (Lemes et al., 2008).<br />

Estudos focando a influência do sedimento sobre comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> macroinvertebrados<br />

bentônicos consi<strong>de</strong>ram a composição granulométrica como um dos principais fatores<br />

responsáveis pela estrutura e distribuição <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong> em ecossistemas aquáticos<br />

continentais (França et al., 2006). A composição granulométrica dos sedimentos em Ibirité<br />

apresentou predomínio das frações <strong>de</strong> areias evi<strong>de</strong>nciando o elevado processo <strong>de</strong> erosão em<br />

sua bacia <strong>de</strong> drenagem, aumentando a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sedimentos no reservatório <strong>de</strong>vido a<br />

impactos antrópicos como <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> mata ciliar nos pontos amostrais.<br />

41


A qualida<strong>de</strong> das águas no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada boa <strong>de</strong><br />

acordo com os dados limnológicos analisados, com condições <strong>de</strong> oligotrofia na estação<br />

chuvosa, com tendência à mesotrofia na estação seca. Reservatórios com características<br />

típicas <strong>de</strong> ambientes oligotróficos em geral apresentam elevada transparência da coluna<br />

d`água, baixa concentração <strong>de</strong> nutrientes, valores elevados <strong>de</strong> oxigênio dissolvido na<br />

superfície e sedimentos com baixos teores <strong>de</strong> matéria orgânica (Ambrosetti et al., 2003;<br />

Takahashi et al., 2008), como os obtidos no reservatório <strong>de</strong> Serra Azul.<br />

O reservatório <strong>de</strong> Serra Azul possui concentrações <strong>de</strong> Fósforo-Total acima do<br />

permitido na Resolução CONAMA Nº 357/2005 para águas doces da Classe 2. O<br />

monitoramento sazonal do aporte <strong>de</strong> fósforo em um reservatório gera informações que, se<br />

bem utilizadas, po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> indicadoras das ativida<strong>de</strong>s poluidoras a montante,<br />

possibilitando a avaliação anual para medidas mitigadoras, como por exemplo, o tratamento<br />

<strong>de</strong> esgoto <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> a montante do reservatório, a diminuição na utilização <strong>de</strong><br />

fertilizantes agrícolas fosfatados em torno do reservatório (Luiz et al., 2003).<br />

• Macroinvertebrados Bentônicos<br />

Quando são consi<strong>de</strong>radas as comunida<strong>de</strong>s bentônicas, a aplicação <strong>de</strong> índices <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> e riqueza são ferramentas importantes para a avaliação ambiental (Callisto et al.,<br />

2005a). Na bacia do reservatório <strong>de</strong> Ibirité, <strong>de</strong> forma geral, a riqueza e o índice <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> taxa foram menores do que em Serra Azul, provavelmente <strong>de</strong>vido ao processo <strong>de</strong><br />

eutrofização artificial. A diminuição da riqueza taxonômica das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

macroinvertebrados estudadas no sentido montante-barragem foi observada em ambos os<br />

reservatórios estudados. Pamplin & Rocha (2007) estudando a distribuição <strong>de</strong><br />

macroinvertebrados bentônicos no reservatório <strong>de</strong> Ponte Nova, em São Paulo e Mei-Ling<br />

Shao et al. (2008) no reservatório <strong>de</strong> Três Gargantas, na China, confirmam a redução da<br />

riqueza montante-barragem.<br />

Os valores <strong>de</strong> riqueza taxonômica encontrados por Moreno & Callisto (2006) em 2002<br />

variaram <strong>de</strong> 3 a 20; a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Shannon-Wienner atingiu 0,48 no Córrego Pintados;<br />

mostrando que houve um pequeno aumento no presente estudo, entretanto somente <strong>de</strong> grupos<br />

tolerantes à poluição. Piedras et al. (2006) avaliando o impacto da barragem <strong>de</strong> Santa<br />

Bárbara, no município <strong>de</strong> Pelotas, RS, através da ocorrência <strong>de</strong> invertebrados bentônicos,<br />

mostrou que alguns anos após o represamento houve aumento do número <strong>de</strong> grupos tolerantes<br />

42


à quantida<strong>de</strong>s excessivas <strong>de</strong> resíduos domésticos e industriais como Oligochaeta e Hirudinea,<br />

corroborando com os resultados obtidos no presente estudo.<br />

As espécies <strong>de</strong> Oligochaeta <strong>de</strong> água doce vivem em todos os tipos <strong>de</strong> habitats, mas são<br />

mais abundantes em águas rasas, apesar <strong>de</strong> várias famílias terem representantes em lagos<br />

profundos (Barnes, 1995). Foi encontrada elevada abundância <strong>de</strong> Oligochaeta nos trechos<br />

lóticos <strong>de</strong> Ibirité. Sob condições <strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> nutrientes, Rodrigues (2003)<br />

analisando reservatórios em cascata no médio e baixo Rio Tietê concluiu que os Oligochaeta<br />

ten<strong>de</strong>m a aumentar sua abundância em relação aos Chironomidae, como observado no trecho<br />

mais impactado do reservatório <strong>de</strong> Ibirité.<br />

Os hirudíneos são importantes indicadores <strong>de</strong> poluição, sendo favorecidos em<br />

ambientes com altos teores <strong>de</strong> poluentes orgânicos (Myslinski & Ginsburg, 1977).<br />

Usualmente esses organismos não são encontrados em águas com pH abaixo <strong>de</strong> 5,5<br />

(Dougherty & Morgan, 1991), o que foi confirmado pelo presente estudo. O estabelecimento<br />

<strong>de</strong> numerosas populações da classe Hirudinea em Ibirité <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong>stes organismos<br />

serem predominantemente dulciaquícolas e por habitarem áreas marginais <strong>de</strong> pouca<br />

correnteza e com altos teores <strong>de</strong> poluentes orgânicos (Davies & Govedich, 1991; Sket et al.,<br />

2007).<br />

Os moluscos encontrados em Ibirité são também típicos <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas<br />

(Fernan<strong>de</strong>z et al., 2003). A presença <strong>de</strong> taxa invasores, como alguns gêneros da família<br />

Thiaridae que estão fora <strong>de</strong> suas áreas <strong>de</strong> origem, ameaçam a biodiversida<strong>de</strong> e os ecossistemas<br />

aquáticos (Fernan<strong>de</strong>z et al., 2003). No estudo realizado por Callisto et al. (2005b) na bacia do<br />

reservatório <strong>de</strong> Ibirité, 5 espécies <strong>de</strong> moluscos foram avaliados e não foi verificado infestação<br />

por Schistosoma mansoni em Biomphalaria straminea. Apesar <strong>de</strong> não ter sido encontrado<br />

Schistosoma mansoni a existência <strong>de</strong> planorbí<strong>de</strong>os <strong>de</strong>ve ser monitorada <strong>de</strong>vido à possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> contaminação da população local <strong>de</strong> moradores que frequentam o reservatório.<br />

Outra família registrada em todos os pontos amostrais localizados <strong>de</strong>ntro dos<br />

reservatórios <strong>de</strong> Ibirité e Serra Azul foi Chaoboridae (Diptera) tolerantes a condições <strong>de</strong><br />

hipóxia (Beutel et al., 2007). O presente estudo confirma os dados obtidos no trabalho<br />

realizado por Bezerra-Neto et al. (2002) na Lagoa do Nado, em Belo Horizonte, M.G.<br />

Durante todo o período <strong>de</strong> estudo estes autores observaram uma <strong>de</strong>nsa população <strong>de</strong><br />

Chaoboridae na coluna d`água do reservatório distribuídos verticalmente acompanhando<br />

conjuntamente a distribuição <strong>de</strong> suas presas e explorando as zonas <strong>de</strong> baixas concentrações <strong>de</strong><br />

oxigênio, possivelmente como uma resposta à predação por peixes.<br />

43


Indivíduos da or<strong>de</strong>m Ephemeroptera foram registrados nos trechos lóticos <strong>de</strong> Serra<br />

Azul, com maior diversida<strong>de</strong> granulométrica, o que favorece o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algas<br />

perifíticas e outros microrganismos no substrato que servem <strong>de</strong> alimento para muitos<br />

organismos coletores-catadores (Pamplin & Rocha, 2007).<br />

A i<strong>de</strong>ntificação na análise <strong>de</strong> espécies indicadoras <strong>de</strong> Gomphidae (Odonata) e<br />

Chaoboridae (Diptera) como taxa indicadores <strong>de</strong>veu-se à alta abundância <strong>de</strong> suas presas no<br />

reservatório <strong>de</strong> Serra Azul, pois são predadores vorazes, consumindo invertebrados aquáticos<br />

(incluindo larvas <strong>de</strong> mosquitos) (Costa et al., 2006). Visto que Hirudinea, Oligochaeta e<br />

Chironomidae são grupos indicadores em Ibirité, este reservatório caracteriza-se como um<br />

ecossistema impactado por poluição orgânica.<br />

Os macroinvertebrados bentônicos não foram correlacionados nos pontos amostrais<br />

localizados nos reservatórios com as variáveis ambientais selecionadas pelas análises<br />

multivariadas. No entanto, <strong>de</strong>ve-se pon<strong>de</strong>rar este resultado, pois é possível que a<br />

periodicida<strong>de</strong> amostral e a <strong>de</strong>finição das estações amostrais nos reservatórios não tenham sido<br />

capazes <strong>de</strong> relacionar parâmetros abióticos com a composição espaço-temporal e a<br />

distribuição da macrofauna bentônica. Outro fator é a intensa influência antrópica,<br />

lançamentos <strong>de</strong> efluentes domésticos sem tratamento, erosão e carreamento <strong>de</strong> sedimentos,<br />

responsáveis por intensas mudanças na qualida<strong>de</strong> das águas do reservatório <strong>de</strong> Ibirité. Para<br />

ecossistemas lóticos, a Análise <strong>de</strong> Redundância indicou uma correlação significativa entre as<br />

variáveis bióticas e abióticas analisadas.<br />

Os macroinvertebrados bentônicos utilizados como bioindicadores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

água e as condições ecológicas verificadas no presente estudo no reservatório <strong>de</strong> Ibirité,<br />

confirmam a má qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas águas, elevados teores <strong>de</strong> matéria orgânica e que não<br />

houve melhoria ambiental comparando com dados obtidos em 2002 por Moreno & Callisto<br />

(2006). Na bacia do reservatório <strong>de</strong> Serra Azul foram encontrados maiores índices <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> e riqueza comparando com Ibirité <strong>de</strong>vido às condições ecológicas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong><br />

boa qualida<strong>de</strong>.<br />

44


CONCLUSÕES<br />

‣ Os macroinvertebrados bentônicos, na Análise <strong>de</strong> Redundância, não foram<br />

correlacionados com os pontos amostrais localizados nos reservatórios e com<br />

as variáveis ambientais selecionadas. É possível que a periodicida<strong>de</strong> amostral e<br />

a <strong>de</strong>finição das estações amostrais nos reservatórios não tenham sido capazes<br />

<strong>de</strong> relacionar parâmetros abióticos com os macroinvertebrados bentônicos.<br />

‣ A maior riqueza <strong>de</strong> organismos aquáticos encontrada nos ecossistemas lóticos<br />

<strong>de</strong>veu-se à maior diversida<strong>de</strong> granulométrica. Seixos e cascalhos<br />

predominaram em Serra Azul proporcionando um ambiente físico mais<br />

heterogêneo e complexo, enquanto em Ibirité o sedimento foi formado por<br />

areias apontando áreas impactadas por ativida<strong>de</strong>s antrópicas.<br />

‣ Houve predominância <strong>de</strong> organismos da Classe Oligochaeta em relação à<br />

Família Chironomidae em Ibirité, sugerindo substituição por organismos mais<br />

tolerantes aos diversos tipos <strong>de</strong> poluição.<br />

‣ Comparando os dados obtidos no presente estudo com os obtidos em 2002-<br />

2003 em Ibirité, não houve diferença significativa, evi<strong>de</strong>nciando que a<br />

poluição está contribuindo para o baixo número <strong>de</strong> famílias na bacia <strong>de</strong>ste<br />

reservatório, característica <strong>de</strong> um ecossistema <strong>de</strong>gradado.<br />

45


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51


APÊNDICES<br />

Apêndice A - Riqueza taxonômica, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total, equitabilida<strong>de</strong> Pielou e índice <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> Shannon-Wiener para as amostras <strong>de</strong> Serra Azul durante a estação seca e<br />

chuvosa. S = riqueza; N = <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total; J’ = equitabilida<strong>de</strong>; H’ (loge) = índice <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> Shannon-Wiener.<br />

SERRA AZUL S N J' H'(loge)<br />

P1 Out/07 23 38666,67 0,522909 1,639577<br />

P2 Out/07 2 122,2722 0,845771 0,586244<br />

P3 Out/07 2 1733,333 0,995727 0,690186<br />

P4 Out/07 2 4444,444 0,557438 0,386387<br />

P5 Out/07 8 2411,111 0,361658 0,752047<br />

P1 Dez/07 14 12400 0,480488 1,268036<br />

P2 Dez/07 1 222,2222 0 0<br />

P3 Dez/07 3 2577,778 0,306579 0,336811<br />

P4 Dez/07 2 155,6556 0,985114 0,682829<br />

P5 Dez/07 23 10266,67 0,591212 1,85374<br />

P1 Fev/08 0 0 0 0<br />

P2 Fev/08 3 8222,222 0,424427 0,466281<br />

P3 Fev/08 2 1066,667 0,249882 0,173205<br />

P4 Fev/08 1 355,5556 0 0<br />

P5 Fev/08 12 1333,333 0,688615 1,711143<br />

P1 Abr/08 9 1745,444 0,327591 0,719791<br />

P2 Abr/08 2 533,3333 0,918296 0,636514<br />

P3 Abr/08 2 2133,333 0,954434 0,661563<br />

P4 Abr/08 1 133,3333 0 0<br />

P5 Abr/08 7 455,5556 0,836805 1,628347<br />

P1 Jun/08 17 1678,461 0,656372 1,859643<br />

P2 Jun/08 5 20400 0,256185 0,412314<br />

P3 Jun/08 2 1244,444 0,811278 0,562335<br />

P4 Jun/08 2 1422,222 0,448864 0,311129<br />

P5 Jun/08 13 3033,333 0,45968 1,179056<br />

P1 Ago/08 14 1456,606 0,732226 1,932385<br />

P2 Ago/08 3 12222,22 0,392993 0,431747<br />

P3 Ago/08 6 1155,556 0,818912 1,467293<br />

P4 Ago/08 2 177,7778 0,811278 0,562335<br />

P5 Ago/08 10 411,1111 0,858625 1,977057<br />

ESTAÇÃO CHUVOSA<br />

ESTAÇÃO SECA<br />

52


Apêndice B - Riqueza taxonômica, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total, equitabilida<strong>de</strong> Pielou e índice <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> Shannon-Wiener para as amostras <strong>de</strong> Ibirité durante a estação seca e chuvosa. S<br />

= riqueza; N = <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total; J’ = equitabilida<strong>de</strong>; H’ (log e ) = índice <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> Shannon-<br />

Wiener.<br />

ESTAÇÃO CHUVOSA<br />

ESTAÇÃO SECA<br />

IBIRITÉ S N J' H'(loge)<br />

P1 Out/07 1 177,778 0 0<br />

P2 Out/07 2 311,111 0,863121 0,59827<br />

P3 Out/07 7 16844,4 0,570751 1,110629<br />

P4 Out/07 2 133,333 0,918296 0,636514<br />

P5 Out/07 7 68288,9 0,498186 0,969426<br />

P1 Dez/07 3 21111,1 0,755836 0,830371<br />

P2 Dez/07 0 0 0 0<br />

P3 Dez/07 2 1244,44 0,222285 0,154076<br />

P4 Dez/07 1 177,778 0 0<br />

P5 Dez/07 6 3233,33 0,491654 0,880926<br />

P1 Fev/08 8 758933 0,112586 0,234116<br />

P2 Fev/08 1 44,4444 0 0<br />

P3 Fev/08 2 2044,44 0,151097 0,104732<br />

P4 Fev/08 0 0 0 0<br />

P5 Fev/08 5 8844,44 0,5103 0,821296<br />

P1 Abr/08 5 87866,7 0,371302 0,597588<br />

P2 Abr/08 2 355,556 0,543564 0,37677<br />

P3 Abr/08 3 444,444 0,817345 0,897946<br />

P4 Abr/08 0 0 0 0<br />

P5 Abr/08 3 966,667 0,532508 0,58502<br />

P1 Jun/08 6 171022 0,334716 0,599731<br />

P2 Jun/08 2 3688,89 0,163861 0,113579<br />

P3 Jun/08 3 22177,8 0,985542 1,082729<br />

P4 Jun/08 3 2577,78 0,594591 0,653225<br />

P5 Jun/08 10 26633,3 0,502243 1,156458<br />

P1 Ago/08 5 514044 0,041302 0,066472<br />

P2 Ago/08 2 1777,78 0,286397 0,198515<br />

P3 Ago/08 4 13244,4 0,470111 0,651713<br />

P4 Ago/08 3 12222,2 0,392993 0,431747<br />

P5 Ago/08 14 38677,8 0,484392 1,278338<br />

53

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