Morfometria comparativa entre discos ópticos <strong>de</strong> familiares <strong>de</strong> glaucomatosos e normais pelo HRTII 11 Tabela 1 Médias e <strong>de</strong>svios padrões das variáveis estereométricas analisadas pelo HRTII Variável Grupo 1 Grupo 2 Controle (N=25) (N=10) (N=39) Média/DP Média/DP Média/DP Área total 2,31±0,45 1,97±0,42 2,04±0,35 Àrea da escavação 0,78±0,41 0,49±0,34 0,51±0,33 Área da faixa neural 1,51±0,32 1,48±0,39 1,52±0,19 Relação E/D 0,33±0,14 0,24±0,17 0,23±0,13 Relação E/D linear 0,56±0,13 0,46±0,17 0,47±0,16 Tabela 2 Comparação entre os grupos 1 e 2 Variável Grupo 1 Grupo 2 t p (N=25) (N=10) Média/DP Média/DP Área total 2,31±0,45 1,97±0,42 2,04 0,049* Àrea da escavação 0,78±0,41 0,49±0,34 1,96 0,058 Área da faixa neural 1,51±0,32 1,48±0,39 0,25 0,806 Relação E/D 0,33±0,14 0,24±0,17 1,68 0,104 Relação E/D linear 0,56±0,13 0,46±0,17 1,92 0,063 *p
12 Costa AMC, Gonçalves RM, Almeida HG, Cronemberger S RESULTADOS A ida<strong>de</strong> dos pacientes variou <strong>de</strong> 16 a 73 anos (média <strong>de</strong> 44,8±13,1 anos no grupo 1, média <strong>de</strong> 41,5±14,1 anos no grupo 2 e média <strong>de</strong> 41,4±17,3 anos no grupo controle). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos na avaliação da variável ida<strong>de</strong>. Quarenta (54,1%) pacientes eram do sexo feminino e 34 (45,9%) do sexo masculino, sendo que no grupo 1 houve predominância feminina (88%) e, nos outros dois grupos, predominância masculina (60% no grupo 2 e 64% no controle). Os pacientes do grupo 1 apresentaram pressão intraocular média <strong>de</strong> 15,1±3,4 mmHg e espessura corneana central <strong>de</strong> 476 a 619 µm (média <strong>de</strong> 550,9±38,2). Os pacientes do grupo 2 apresentaram pressão intraocular que variou média <strong>de</strong> 13,7±1,9 mmHg e espessura corneana central <strong>de</strong> 504 a 589 µm (média <strong>de</strong> 547,2±36,9). O grupo controle apresentou pressão intraocular média <strong>de</strong> 15,5±2,8mmHg e espessura corneana central <strong>de</strong> 516 a 602 µm (média <strong>de</strong> 565,7±31,2). Não houve diferença estatisticamente significante entre os valores pressóricos e paquimétricos na comparação entre os grupos (Gráficos 1 e 2). Os campos visuais apresentaram MD médio <strong>de</strong> -0,96 dB no grupo 1, -1,05 dB no grupo 2 e -0,44 dB no grupo controle. O PSD médio no grupo 1 foi <strong>de</strong> 2,69 dB, no grupo 2 <strong>de</strong> 2,43 dB e no grupo controle <strong>de</strong> 1,17 dB.Diferença entre os grupos 1 e 3 foi consi<strong>de</strong>rada estatisticamente significativa no índice global PSD que foi mais elevado no grupo 1, fato esse que se repetiu na comparação entre os grupos 2 e 3 (Gráfico 3). Com relação aos dados topográficos dos discos ópticos verificou-se que as medidas seguem a distribuição normal. A tabela 1 lista as médias e os <strong>de</strong>svios padrões <strong>de</strong> todas as variáveis estereométricas analisadas para cada grupo. Na comparação entre os grupos 1 e 2, as diferenças entre a variável área do disco, foram estatisticamente significantes, observando-se discos ópticos maiores em parentes <strong>de</strong> primeiro grau <strong>de</strong> pacientes glaucomatosos. Comparando-se os grupos 1 e 3 (controle) as diferenças entre as variáveis área do disco, área da escavação, relação E/D e relação E/D linear foram estatisticamente significativas com predominância <strong>de</strong> valores mais elevados no grupo 1 (Tabelas 2 e 3). Comparando-se os dados estereométricos entre os grupos 2 e 3, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. DISCUSSÃO O glaucoma familiar é <strong>de</strong>finido como a presença <strong>de</strong> um parente até <strong>de</strong> quarto grau (tataravô ou filhos <strong>de</strong> primos <strong>de</strong> primeiro grau) <strong>de</strong> uma pessoa afetada pela doença. Casos sem história familiar da doença são consi<strong>de</strong>rados esporádicos. Segundo alguns autores (3) , pacientes com glaucoma familiar apresentam maior gravida<strong>de</strong> e início mais precoce do glaucoma quando comparados com pacientes com glaucoma esporádico, o que implica em maior importância <strong>de</strong> serem rastreados e tratados. Atualmente, a principal importância dos programas <strong>de</strong> rastreamento consiste na promoção do conhecimento sobre o risco <strong>de</strong> ser portador <strong>de</strong> glaucoma. Entretanto, apesar <strong>de</strong> várias entida<strong>de</strong>s promoverem a iniciativa <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> triagem em massa, um protocolo eficiente e custo-efetivo ainda não está disponível (8) . Uma possível estratégia para aumentar a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protocolos <strong>de</strong> triagem seria focar em populações <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong>ntre as quais as <strong>de</strong> raça negra, com pressão intraocular acima dos níveis estatisticamente aceitos e parentes <strong>de</strong> glaucomatosos. O HRTII apresenta boa reprodutibilida<strong>de</strong> das medidas já vastamente relatada na literatura (9) .Uma limitação no HRTII tem sido a sua <strong>de</strong>pendência do operador em <strong>de</strong>limitar a margem do disco antes que os parâmetros topográficos possam ser calculados. No presente trabalho, o exame foi realizado pelo mesmo examinador e respeitado o <strong>de</strong>svio padrão das imagens em valores inferiores a 30µm. O presente trabalho corrobora a hipótese <strong>de</strong> que a herança familiar é um forte fator <strong>de</strong> risco para o glaucoma, esten<strong>de</strong>ndo-se às características morfométricas do disco óptico avaliadas pelo HRTII. Verificou-se que os parentes <strong>de</strong> primeiro grau <strong>de</strong> portadores da doença (grupo1) apresentaram discos ópticos maiores, quando comparados aos outros grupos. Quando comparados ao grupo controle, a área da escavação (p=0,006), a relação E/D (p=0,006) e a relação E/D linear (p=0,016) também foram maiores. Um estudo genético da relação E/D entre parentes <strong>de</strong> primeiro grau relatou correlação altamente sugestiva <strong>de</strong> herança poligênica multifatorial (10) . Mais recentemente, Chang et al. consi<strong>de</strong>raram que a relação E/D em parentes <strong>de</strong> glaucomatosos era 0,07 (19%) maior que em parentes <strong>de</strong> probandos normais (p= 0,004) (11) . Existe controvérsia se discos ópticos maiores correlacionam-se com maior risco <strong>de</strong> dano glaucomatoso. Fatores consi<strong>de</strong>rados favoráveis a essa teoria incluiriam: discos maiores e maior susceptibilida<strong>de</strong> ao dano Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (1): 8-13
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