Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Cícero Sandroni<br />
vres ou escravos, e sempre <strong>de</strong>siguais em direito e dignida<strong>de</strong>. Alguns estão dotados<br />
pela Natureza <strong>de</strong> razão e consciência, muitos <strong>de</strong> espírito <strong>de</strong> porco e <strong>de</strong> inconsciência,<br />
e todos <strong>de</strong> baixos instintos, <strong>de</strong> tal modo que <strong>de</strong>vem agir, reciprocamente,<br />
com a maior cautela e <strong>de</strong>sconfiança.”<br />
O 11 <strong>de</strong> Setembro e tudo o que tem acontecido <strong>de</strong>pois mostram que Rubem<br />
Braga tem uma certa razão. Mas, apesar do cáustico ceticismo do “sabiá<br />
da crônica”, Barbosa Lima Sobrinho manteve viva a chama da esperança numa<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, voltada para a justiça social, capaz <strong>de</strong> garantir aos seus<br />
membros um mínimo <strong>de</strong> segurança, trabalho e assistência, baseada nos princípios<br />
da Declaração. Assim, escreveu ele sobre o documento:<br />
“O verda<strong>de</strong>iro tratado <strong>de</strong> paz não foi o <strong>de</strong> São Francisco, mas o que se assinou<br />
em Paris, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que contou<br />
com a colaboração <strong>de</strong>stacada do jornalista Austregésilo <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong>. É em torno<br />
<strong>de</strong>la que <strong>de</strong>vem se reunir todos os povos da Terra, mas não basta, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />
ler o texto memorável. Não basta cumpri-lo com exatidão e entusiasmo:<br />
há que conscientizar os povos <strong>de</strong> que no amor aos seus preceitos está a<br />
barreira intransponível em que morrerão todas as formas <strong>de</strong> totalitarismo.”<br />
<br />
Minhas Senhoras e meus Senhores.<br />
Entre os patronos <strong>de</strong>sta Casa encontram-se alguns nomes luminares <strong>de</strong> brasileiros<br />
que, à época consi<strong>de</strong>rados subversivos, se bateram pela In<strong>de</strong>pendência.<br />
Entre os fundadores e sucessores encontramos abolicionistas da primeira hora,<br />
republicanos e pensadores liberais. Mais recentemente foram eleitos para a<br />
<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> intelectuais <strong>de</strong> primeira gran<strong>de</strong>za, <strong>de</strong>mocratas e socialistas que sofreram<br />
pelo fato <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> forma diversa dos que se instalaram em 1964.<br />
Redator da Declaração Universal dos Direitos Humanos, conservador dos<br />
melhores valores da Humanida<strong>de</strong>, sonhador da utopia liberal, Austregésilo <strong>de</strong><br />
Athay<strong>de</strong> nos diz, com os pés fincados no pragmatismo que Roberto Athay<strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntifica nele, que, apesar <strong>de</strong> tudo, “realizar o sonho ainda é possível”.<br />
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