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Caderno de Mapeamento Arqueológico - Bahia Arqueológica

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SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO<br />

INTRODUÇÃO 11<br />

POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS? 13<br />

Inovações Tecnológicas 13<br />

Preservação do patrimônio arqueológico 14<br />

Responsabilida<strong>de</strong> Social e Cultural 15<br />

Objetivo do mapeamento 16<br />

Metodologia 17<br />

Questionário <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações 18<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre os resultados 19<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre a pesquisa 19<br />

SÍTIOS INDÍGENAS E HISTÓRICOS 21<br />

SÍTIOS IDENTIFICADOS 25<br />

VII


APRESENTAÇÃO<br />

Foi-me oferecido o convite para escrever a apresentação do ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> mapeamento arqueológico dos municípios<br />

<strong>de</strong> Cachoeira e São Felix, resultado <strong>de</strong> um trabalho coor<strong>de</strong>nado pelo arqueólogo Luydy Fernan<strong>de</strong>s, jovem professor da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Recôncavo da <strong>Bahia</strong>, no qual participaram alunos do curso <strong>de</strong> Museologia, <strong>de</strong>ssa instituição.<br />

Assim, escrevo esta apresentação com enorme prazer, não somente pelo excelente resultado do levantamento <strong>de</strong> sítios<br />

arqueológicos nesses municípios, mas também porque vislumbro, nesse trabalho, a continuida<strong>de</strong> do labor científico no<br />

campo da Arqueologia, através <strong>de</strong> novas gerações <strong>de</strong> pesquisadores interessados no patrimônio arqueológico baiano.<br />

Vários aspectos <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>stacados neste trabalho <strong>de</strong> mapeamento <strong>de</strong> sítios. Primeiramente, sobressai o caráter<br />

pedagógico, pautado na premissa que na educação da população resi<strong>de</strong> o sucesso da preservação e boa gestão dos<br />

bens coletivos, como são os arqueológicos. Por isso, houve especial atenção em que participassem as comunida<strong>de</strong>s<br />

escolares na i<strong>de</strong>ntificação dos locais com remanescentes materiais dos grupos sociais pretéritos. Decisão justa se se pensa<br />

estimular o conhecimento histórico através dos documentos arqueológicos disponíveis na região. O primeiro passo foi<br />

então ensinar aos escolares e professores como se reconhecem os vestígios físicos do passado, nesses municípios do<br />

Recôncavo. Para isto, a ação inicial foi preparar uma cartilha <strong>de</strong> apoio, distribuída em várias partes dos municípios,<br />

especialmente nas escolas. O efeito foi exatamente o esperado.<br />

Didático também foi o objetivo do trabalho realizado com estudantes do curso <strong>de</strong> Museologia, bolsistas <strong>de</strong> iniciação<br />

científica, que receberam a oportunida<strong>de</strong> ímpar <strong>de</strong> aplicar os conhecimentos apresentados na sala <strong>de</strong> aulas e, igualmente<br />

importante, tiveram <strong>de</strong> dialogar com pessoas com graus diferentes <strong>de</strong> instrução, procurando a sensibilização e cooperação<br />

no levantamento <strong>de</strong> informações. Ou seja, testaram-se como pesquisadores educadores no ato <strong>de</strong> contatar as populações<br />

distantes da produção acadêmica e transmitir as informações sobre o significado histórico dos sítios.<br />

Os segundo gran<strong>de</strong> aspecto a ser ressaltado neste trabalho refere-se aos aportes para o reconhecimento do potencial<br />

arqueológico <strong>de</strong>ssa região do Recôncavo. A iniciativa <strong>de</strong> mapear, isto é, i<strong>de</strong>ntificar, localizar no espaço, caracterizar,<br />

classificar, registrar por vários meios, filiar culturalmente e, por fim, incorporar todos esses dados em uma base<br />

informatizada sobre sítios é <strong>de</strong> extrema importância para dar começo a qualquer trabalho <strong>de</strong> pesquisa stricto sensu.<br />

Conhecer numericamente o universo <strong>de</strong> sítios e, ainda, a natureza dos mesmos serve para efetuar estatísticas, separar<br />

amostragens e estabelecer linhas <strong>de</strong> atuação, por exemplo, para preparação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> investigação com recortes


APRESENTAÇÃO<br />

temáticos. Em resumo, o sentido principal <strong>de</strong> todo mapeamento <strong>de</strong> sítios consiste em construir um corpo <strong>de</strong> dados gerais<br />

sobre o qual se <strong>de</strong>bruçar para <strong>de</strong>finir programas amplos ou projetos específicos, assim como estabelecer priorida<strong>de</strong>s<br />

conforme o interesse <strong>de</strong> cada pesquisador.<br />

Por outro lado, mapear <strong>de</strong>ve também contemplar, impreterivelmente, a averiguação sobre o estado <strong>de</strong> conservação<br />

dos sítios, da forma em que este trabalho o fez. Esta avaliação preliminar po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar intervenções <strong>de</strong> urgência ou,<br />

então, promover ações que mitiguem o <strong>de</strong>sgaste e <strong>de</strong>terioro <strong>de</strong> locais com vestígios, po<strong>de</strong>ndo dar subsídios para convocar<br />

o IPAC e o IPHAN órgãos públicos, estadual e fe<strong>de</strong>ral respectivamente, <strong>de</strong>stinados à preservação patrimonial.<br />

No Estado da <strong>Bahia</strong> houve várias experiências <strong>de</strong> mapeamento, com procedimentos, objetivos e alcances diversos.<br />

Não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser lembrado o mapeamento efetuado por Valentin Cal<strong>de</strong>rón, nas décadas <strong>de</strong> 60 e 70, pioneiro<br />

neste tipo <strong>de</strong> inventário, que atuou em distintas partes do território baiano, localizando sítios pré-coloniais e que com<br />

a caracterização da cerâmica ou do material lítico <strong>de</strong>terminou filiações culturais que ajudaram a organizar o até então<br />

<strong>de</strong>sconhecido universo indígena anterior à chegada dos portugueses.<br />

Entre 1998 e 2001, pesquisadores da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da <strong>Bahia</strong> (UFBA) realizaram um levantamento <strong>de</strong> sítios<br />

no litoral sul baiano, especificamente em Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália e no Recôncavo, centraram-se na região<br />

em torno do município <strong>de</strong> Jaguaripe. No mapeamento <strong>de</strong>ssas duas regiões foram consi<strong>de</strong>rados locais com vestígios dos<br />

períodos pré-colonial, colonial e pós-colonial para completar, do ponto <strong>de</strong> vista arqueológico, todo o continuum histórico.<br />

Além <strong>de</strong> novos dados sobre a ocupação humana nessa região, essa pesquisa permitiu levantar algumas hipóteses acerca<br />

dos específicos processos em que se viram envolvidos grupos indígenas e povoadores colonizadores, nesses territórios.<br />

Em outro projeto <strong>de</strong> mapeamento efetuado entre os anos 2003 e 2004, ainda pela equipe da UFBA, nos municípios<br />

<strong>de</strong> Cachoeira e São Félix, os sítios arqueológicos formavam parte <strong>de</strong> um universo mais amplo <strong>de</strong> registro. De fato, nesse<br />

projeto consi<strong>de</strong>rou-se o conjunto <strong>de</strong> manifestações culturais tangíveis e intangíveis ocorrentes nos territórios urbanos<br />

e rurais <strong>de</strong> ambos os municípios. Esta proposta trazia implícita, sem dúvida, uma nova percepção acerca dos locais<br />

com remanescentes materiais <strong>de</strong> grupos sociais passados, consi<strong>de</strong>rando-os como marcos temporais e sociais <strong>de</strong> extrema<br />

importância para a existência dos grupos atuais.<br />

Hoje, o trabalho <strong>de</strong> mapeamento coor<strong>de</strong>nado pelo Professor Luydy Fernan<strong>de</strong>s chega muito oportunamente para<br />

iniciar o processo <strong>de</strong> composição do panorama social em diferentes momentos históricos, em dois municípios do<br />

Recôncavo baiano que são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a dinâmica da história baiana, como são os <strong>de</strong> Cachoeira e São<br />

Félix. Contudo, como o próprio Fernan<strong>de</strong>s aponta, este é o início da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> sítios, que <strong>de</strong>verá<br />

prosseguir para aumentar o número <strong>de</strong> informações em <strong>de</strong>talhes. Ou seja, o quadro atual, publicado nesta obra, constitui<br />

uma base sobre a qual <strong>de</strong>verão ser continuadas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inventário, para posteriormente elaborar as linhas <strong>de</strong><br />

pesquisa e preservação em Arqueologia. Valha como exemplo, o fato que na listagem <strong>de</strong> sítios apresentados como ruínas,<br />

alguns tinham sido elencados, na década <strong>de</strong> 70 do século XX, pelo Inventário do Patrimônio Artístico e Cultural, como<br />

edifícios ainda em pé. Ou seja, este mapeamento permitiu registrar o acelerado processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação e até mesmo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saparição, pelo que passaram os bens edificados, nos últimos trinta anos, já classificados pelo IPAC.<br />

Por último, quero chamar a atenção para um <strong>de</strong>talhe na listagem <strong>de</strong> sítios que foram inventariados que po<strong>de</strong> parecer<br />

insignificante, mas que me penso seja assaz sintomático. Observa-se a pouca representativida<strong>de</strong> dos sítios atribuídos<br />

a instalações indígenas, sejam estas pré-coloniais ou coloniais. Se consi<strong>de</strong>ramos as informações <strong>de</strong> documentos<br />

históricos em que fica explícita a existência <strong>de</strong> numerosos grupos nativos na região, além <strong>de</strong> ser o ambiente natural<br />

VIII


APRESENTAÇÃO<br />

reconhecidamente com condições muito propícias para grupos sociais se instalarem, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> apenas dois sítios<br />

indígenas provoca uma certa perplexida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, esta ausência po<strong>de</strong> ser justificada, não pela comprovação <strong>de</strong> inexistência <strong>de</strong> vestígios, mas pela própria<br />

escolha da abordagem metodológica do trabalho, em que se <strong>de</strong>ixou nas mãos dos não especialistas a i<strong>de</strong>ntificação dos<br />

sítios arqueológicos. A dificulda<strong>de</strong> dos moradores dos territórios municipais em enten<strong>de</strong>rem o que é um sítio arqueológico<br />

indígena, pré-colonial ou não, manifesta, claramente, o estranhamento das populações contemporâneas com relação a<br />

esses locais e esses materiais. A meu ver, esta incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> percepção <strong>de</strong>verá ser superada progressivamente pela<br />

própria proposta educativa do projeto <strong>de</strong> mapeamento. Por isto, só me resta <strong>de</strong>sejar que ele aumente, se prolongue e<br />

se intensifique, mantendo as propostas <strong>de</strong> origem, porque acredito, sinceramente, que po<strong>de</strong>rá provocar transformações<br />

substanciais não somente no cuidado e gestão dos bens arqueológicos, mas na própria percepção da condição existencial<br />

dos grupos sociais contemporâneos.<br />

Carlos Etchevarne<br />

Prof. Arqueologia FFCH/UFBA<br />

IX


INTRODUÇÃO<br />

O Projeto <strong>de</strong> <strong>Mapeamento</strong> <strong>de</strong> Sítios Arqueológicos dos Municípios <strong>de</strong> Cachoeira e São Félix já era pensado <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2006. Em 2008 o projeto foi apresentado à Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado da <strong>Bahia</strong> (FAPESB) e submetido<br />

à seleção pública, concorrendo no Edital número 015/2008, <strong>de</strong>nominado Ação Referência. Tendo obtida a sua aprovação,<br />

a execução foi autorizada por meio da assinatura do Termo <strong>de</strong> Outorga número PET0073/2008 pelo Magnífico Reitor<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Recôncavo da <strong>Bahia</strong> (UFRB), Prof. Dr. Paulo Gabriel Soleda<strong>de</strong> Nacif; pela Diretora Geral<br />

da FAPESB, Sra. Dora Leal Rosa e pelo seu Coor<strong>de</strong>nador, Prof. Ms. Luydy Abraham Fernan<strong>de</strong>s do Centro <strong>de</strong> Artes,<br />

Humanida<strong>de</strong>s e Letras da UFRB.<br />

O resultado do presente mapeamento <strong>de</strong> sítios arqueológicos reflete, prioritariamente, o olhar e a concepção da<br />

população local. Amparados pelos elementos visuais da Cartilha Didática e dos Seminários, recursos metodológicos para<br />

transmitir e compartilhar o conhecimento acadêmico, obtivemos dos moradores a sua visão sobre o que consi<strong>de</strong>raram<br />

sítios arqueológicos. Decorre <strong>de</strong>sse fato que o mapeamento assim alcançado não é <strong>de</strong> forma nenhuma, exaustivo,<br />

abrangente ou mesmo sistemático se tomarmos os critérios exigidos para que se enquadre em tais qualificações.<br />

Por outro lado, também po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que o apresentado aqui é apenas uma fração do retrato indicado pelos<br />

habitantes <strong>de</strong> Cachoeira e <strong>de</strong> São Félix por meio das entrevistas. Uma sucessão <strong>de</strong> recortes nesse universo oriundo das<br />

entrevistas se fez sentir. A primeira restrição foi quanto aos locais que conseguimos i<strong>de</strong>ntificar; menor ainda foram os<br />

lugares aos quais conseguimos chegar; <strong>de</strong>stes, ainda <strong>de</strong>vemos excluir aquelas proprieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> não nos permitiram<br />

entrar. Por fim, dos pontos com acesso permitido, somente não consi<strong>de</strong>ramos aqueles que se revelaram obras da natureza,<br />

ou seja, não <strong>de</strong>rivados da ação humana e por isso mesmo, que não eram sítios arqueológicos.<br />

Desta forma justificamos o colocado inicialmente, ou seja, que os sítios apontados no mapa, produto final <strong>de</strong>sse<br />

projeto <strong>de</strong> mapeamento, são somente uma parte dos sítios que existem na área dos municípios <strong>de</strong> São Félix e <strong>de</strong><br />

Cachoeira. Ainda assim, servem para dar uma boa noção, uma amostragem do que resistiu ao tempo e à <strong>de</strong>struição, mas<br />

está esquecido e escondido pelos mangues, tabuleiros, matas, ilhas e grotões. E é justamente esse tipo <strong>de</strong> amostragem que<br />

norteará trabalhos futuros, quer seja o prosseguimento da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> novos sítios, quer seja a intervenção específica<br />

num dos contextos agora localizados, conhecendo-o <strong>de</strong>talhadamente por meio <strong>de</strong> uma escavação.


INTRODUÇÃO<br />

Outra coisa que <strong>de</strong>ve ser lembrada, o mapeamento não se encerra com a finalização do projeto. Se a nossa proposta<br />

apresentada e aprovada pela FAPESB teve um prazo <strong>de</strong>limitado, isso <strong>de</strong>corre da exigência formal da agência <strong>de</strong> fomento.<br />

Pensando na dinâmica da produção do conhecimento, a localização e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> sítios com a sua posterior<br />

inserção <strong>de</strong>ntro do mapa é um processo contínuo e que po<strong>de</strong> ser executado a todo o momento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as informações<br />

sejam trazidas até nós pela população local. Então, nesse caso, mãos a obra para constantemente melhorarmos e<br />

complementarmos o mapa <strong>de</strong> sítios gerado e doado às instituições públicas.<br />

12


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS<br />

Mapear sítios não é coisa nova. Durante a década <strong>de</strong> 60 o professor Valentin Cal<strong>de</strong>rón, arqueólogo da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral da <strong>Bahia</strong>, fez um extenso levantamento <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> sítios em todo o território do estado da <strong>Bahia</strong>. Infelizmente,<br />

muita informação dos seus registros se per<strong>de</strong>u ao longo <strong>de</strong>sses anos e os recursos tecnológicos daquela época não<br />

garantiram o retorno aos locais on<strong>de</strong> ele esteve. Para o caso do Recôncavo, várias antigas al<strong>de</strong>ias indígenas e sambaquis<br />

que Cal<strong>de</strong>rón visitou hoje são completamente <strong>de</strong>sconhecidos e não sabemos como eram, on<strong>de</strong> estão exatamente, se<br />

já foram <strong>de</strong>struídos ou se simplesmente foram novamente esquecidas e recobertas pelo mato. No caso particular dos<br />

sambaquis, pensávamos que localizaríamos pelo menos um <strong>de</strong>sses sítios, porém não conseguimos. Em vários pontos<br />

encontramos montes <strong>de</strong> conchas contemporâneos. Há uma foto feita no engenho da Ponte, que mostra um <strong>de</strong>sses montes.<br />

Os sambaquis são formados exatamente assim, contudo têm dimensões bem mais amplas e possivelmente estejam<br />

encobertos pelo mangue ou pela terra e isso impediu que os <strong>de</strong>scobríssemos.<br />

Fig. A: Sítios indígenas localizados por Cal<strong>de</strong>rón. [Fonte - CALDERÓN, 1974, p. 142]


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

14<br />

Dos anos 60 para cá, pensando nos recursos tecnológicos, atualmente temos disponíveis três inovações que garantem<br />

a precisão na coleta das informações em campo. 1. O aparelho GPS que capta sinais <strong>de</strong> satélites, assegurando a exata<br />

posição <strong>de</strong> cada ponto por meio das coor<strong>de</strong>nadas geográficas; 2. A máquina fotográfica digital que não mais limita<br />

quantida<strong>de</strong> ou a qualida<strong>de</strong> das fotografias, e; 3. Os satélites que produzem imagens com alta <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> qualquer<br />

região. Esses três novos aparelhos eletrônicos tornaram os mapeamentos mais confiáveis e precisos. Portanto, um sítio<br />

localizado hoje e com as coor<strong>de</strong>nadas registradas pelo GPS po<strong>de</strong>rá ser no futuro reencontrado sem nenhuma dificulda<strong>de</strong><br />

e indicado em uma imagem <strong>de</strong> satélite que retrata a realida<strong>de</strong> do terreno naquele momento. Além do mais, as muitas<br />

fotografias digitais feitas nesse sítio servirão <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> documentação e <strong>de</strong> comparação para mostrar como era,<br />

bem como as transformações acontecidas nesse lugar.<br />

Ainda tratando da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> sítios, seria impossível não abordar outros dois levantamentos que tiveram por<br />

foco essa região que ora mapeamos. O primeiro foi o amplo e profundo inventário realizado pelo Governo do Estado da<br />

<strong>Bahia</strong>, em todo o território, cujo volume III trata especificamente do Recôncavo. Sob o título <strong>de</strong> Inventário <strong>de</strong> Proteção<br />

do Acervo Cultural da <strong>Bahia</strong> foram documentados os monumentos e edifícios julgados <strong>de</strong> caráter relevante, <strong>de</strong>scritos<br />

minuciosamente nos aspectos <strong>de</strong> localização, uso, época, tipologia, histórico, sistema construtivo e restaurações.<br />

Ilustrando os dados são apresentadas plantas, fotografias <strong>de</strong> fachada e outras <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento, tudo reunido <strong>de</strong> modo<br />

muito prático para a consulta. Inclusive com um pequeno mapa <strong>de</strong> posicionamento aproximado dos monumentos.<br />

O segundo levantamento concretizou-se no Relatório Final do Programa <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Locais <strong>de</strong> Importância<br />

Turística, Histórica e Cultural, realizado em 2003. Com um foco multidisciplinar, além <strong>de</strong> registrar <strong>de</strong>talhadamente<br />

as manifestações populares <strong>de</strong> Cachoeira e São Félix, os sítios arqueológicos também tiveram o seu lugar nesse<br />

intensivo diagnóstico. Tal estudo aborda temas que vão do reconhecimento espacial e cenográfico ao levantamento<br />

comportamental, do qual resultou um banco <strong>de</strong> dados calcado em imagens digitais, em papel, assim como <strong>de</strong> registros<br />

sonoros, todos voltados para os patrimônios tangíveis e intangíveis das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cachoeira e São Félix.<br />

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO<br />

Duas das <strong>de</strong>mandas mais sensíveis com relação ao patrimônio arqueológico consistem, primeiro, na proteção dos<br />

sítios e, em segundo lugar, na <strong>de</strong>sconstrução da nociva visão que o senso comum tem da Arqueologia como uma prática<br />

voltada para a caça ao tesouro, fato que vem provocando a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> muitos sítios. Ambos os aspectos influem<br />

diretamente sobre a preservação do patrimônio, <strong>de</strong> modo articulado.<br />

No que tange ao primeiro tema, para se conseguir programar uma a<strong>de</strong>quada gestão, tanto voltada à preservação<br />

como à pesquisa <strong>de</strong> campo, é necessário o passo inicial do mapeamento dos sítios. Por outro lado, agora pensando sobre<br />

a segunda temática – a distorcida visão do senso comum – a ação do mapeamento, se compartilhada com a comunida<strong>de</strong>,<br />

causa uma reflexão sobre a prática arqueológica, levando seus benefícios imediatos à <strong>de</strong>smistificação <strong>de</strong>ssa ciência.<br />

Apenas para exemplificar uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição dos sítios citamos os enormes buracos que encontramos em<br />

várias ruínas <strong>de</strong> engenhos e capelas visitadas. Essas escavações irregulares foram feitas por aquelas pessoas que se<br />

<strong>de</strong>ixaram enganar pela falsa i<strong>de</strong>ia do tesouro enterrado. Obviamente, não encontraram nada, cansaram-se a toa cavando<br />

por um longo tempo e o que fizeram, na realida<strong>de</strong>, foi <strong>de</strong>struir parte das estruturas que po<strong>de</strong>riam nos ajudar a enten<strong>de</strong>r<br />

o modo da vida das pessoas que construíram, habitaram, trabalharam e rezaram nesses lugares. Em suma, o que esses<br />

caçadores <strong>de</strong> tesouro fizeram foi <strong>de</strong>struir outro tesouro que não conhecerão: a informação.


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

Outro exemplo bastante comum quando falamos da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> sítios arqueológicos é o que acontece com as urnas<br />

funerárias. Essa é a <strong>de</strong>signação científica pela qual os arqueólogos chamam os ‘potes dos índios’ que são muito comuns<br />

na <strong>Bahia</strong>. Quando as pessoas encontram um gran<strong>de</strong> pote <strong>de</strong> barro enterrado, imediatamente o <strong>de</strong>stroem em busca <strong>de</strong> um<br />

suposto tesouro guardado em seu interior. Para a <strong>de</strong>cepção <strong>de</strong>ssas pessoas, o que elas acham são apenas restos <strong>de</strong> ossos<br />

humanos misturados com terra. É exatamente isso que existe <strong>de</strong>ntro das urnas, pois elas eram uma das formas que os<br />

indígenas usavam para enterrar os seus mortos, em outras palavras, esses potes eram os seus caixões.<br />

Não é difícil enten<strong>de</strong>r porque não existe ouro <strong>de</strong>ntro dos potes. Esses vasos são todos muito velhos, mais antigos<br />

que a <strong>de</strong>scoberta do Brasil. Como os indígenas <strong>de</strong> antes <strong>de</strong> 1500, ou seja, antes da chegada dos portugueses não usavam<br />

nenhum tipo <strong>de</strong> metal, por isso fabricavam os seus instrumentos com pedras, eles também não usavam o ouro. Portanto,<br />

é impossível que esses potes escondam riquezas ou tesouros. Quebrando um pote <strong>de</strong>sse tipo, mais uma vez o que se<br />

<strong>de</strong>struiu foi um artefato <strong>de</strong> muita importância para o conhecimento daqueles grupos indígenas extintos. A ciência per<strong>de</strong><br />

a informação e os pesquisadores per<strong>de</strong>m a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer um pouco mais sobre aquele povo que <strong>de</strong>sapareceu<br />

há muito tempo.<br />

Fig. A: Urna funerária indígena escavada por arqueólogos. [Acervo do autor]<br />

Fig. C: Esqueleto no interior <strong>de</strong> uma urna indígena <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> retirada a terra. [Acervo do autor]<br />

RESPONSABILIDADE SOCIAL E CULTURAL<br />

Voltando ao mapeamento e ao motivo <strong>de</strong> fazê-lo, a sua realização traduz dados técnicos complexos para uma forma<br />

<strong>de</strong> apresentação mais clara ao público amplo. Assim, todas as pessoas passam a ser as responsáveis pela formação <strong>de</strong><br />

15


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

um novo senso comum sobre a arqueologia e também se tornam responsáveis por cuidar <strong>de</strong>ssa herança cultural. Em<br />

último caso, sempre será a comunida<strong>de</strong> quem <strong>de</strong>cidirá, escolhendo se <strong>de</strong>strói os seus sítios por ganância, ignorância ou<br />

vandalismo, ou se os preserva para melhor os conhecer e talvez enten<strong>de</strong>r um pouco mais a si mesma, as suas ações, a sua<br />

condição social e econômica, bem como refletir sobre o papel que <strong>de</strong>sempenha no mundo atual.<br />

Caso a comunida<strong>de</strong> opte pelo conhecimento e pela preservação nós nos dispomos a ajudá-la. Começamos a fazer<br />

isso pela divulgação e pelo compartilhamento do universo <strong>de</strong> dados coletados durante essa pesquisa do mapeamento,<br />

razão pela qual o mapa foi doado gratuitamente às instituições relacionadas ao tema, à educação e à divulgação científica.<br />

Para abranger o maior número <strong>de</strong> pessoas possível preferimos organizar toda a informação <strong>de</strong> um modo visualmente fácil<br />

e direto, ou seja, na forma <strong>de</strong> um mapa, complementado, para quem quiser mais informações, com este ca<strong>de</strong>rno on<strong>de</strong> os<br />

sítios são sucintamente <strong>de</strong>scritos e outras fotos são publicadas.<br />

Uma das principais preocupações foi aproximar os cidadãos da prática arqueológica, colocando ao alcance dos<br />

alunos da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino um material didático especialmente preparado com eles, para eles e por eles. Essa<br />

publicação inicial foi elaborada a partir <strong>de</strong> referenciais locais e com a participação direta da população, para capacitá-los<br />

e os integrar no processo da correta compreensão do que é um sítio arqueológico, fomentando o surgimento e a inclusão<br />

em uma consciência preservacionista.<br />

É fundamental transformar as pessoas em agentes conscientes, capazes <strong>de</strong> tomar em suas próprias mãos a tarefa<br />

<strong>de</strong> escrever a sua história local, em particular no que se refere à história dos esquecidos, dos que nunca receberam a<br />

atenção das autorida<strong>de</strong>s, isto é, dos povos dominados e silenciados. Se essas pessoas não quiserem fazer isso, ou seja,<br />

escrever a sua própria história <strong>de</strong> vida, ninguém mais o fará por eles. Da mesma forma como ninguém escreveu a história<br />

das populações esquecidas do passado que agora tentamos revisitar e somente po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r com a ajuda da<br />

arqueologia.<br />

OBJETIVO DO MAPEAMENTO<br />

Prioritariamente, o nosso <strong>de</strong>sejo é o conhecimento e a preservação dos sítios presentes na região do<br />

Recôncavo, em especial, nos municípios <strong>de</strong> Cachoeira e São Félix, embora tenhamos encontrado sítios em Maragojipe,<br />

Cruz das Almas e em Conceição <strong>de</strong> Feira. Nosso objetivo também é fazer com que a população ao redor dos sítios passe<br />

a vê-los como parte integrante do seu patrimônio, da sua história e dos seus referenciais <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, memória e <strong>de</strong> vida.<br />

Somente a partir <strong>de</strong>ssa concepção se po<strong>de</strong>rá obter a preservação dos sítios. Não são as autorida<strong>de</strong>s nem a universida<strong>de</strong><br />

quem irá garantir a preservação <strong>de</strong>les, mas sim as próprias pessoas que vivem mais próximas a esses lugares especiais.<br />

Desta forma, efetuamos a localização e plotagem em carta dos sítios arqueológicos dos municípios <strong>de</strong> São Félix e<br />

Cachoeira, como um dos meios <strong>de</strong> nos aproximar <strong>de</strong>ssa intenção. Para tanto, contamos com o apoio e proporcionamos<br />

a inclusão e o envolvimento <strong>de</strong> professores e alunos da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino, capacitados para atuarem como<br />

pesquisadores. Em última análise, o projeto redundou na inclusão <strong>de</strong> vários dos segmentos da socieda<strong>de</strong>, ou seja, dos pais<br />

e <strong>de</strong>mais familiares dos próprios alunos empenhados na i<strong>de</strong>ntificação e mapeamento do seu patrimônio arqueológico.<br />

Assim, a iniciativa do ato da <strong>de</strong>scoberta, notadamente o fator mais sedutor e gratificante nas ciências, e em especial, na<br />

visão que o senso comum <strong>de</strong>vota à Arqueologia, foi facultado à comunida<strong>de</strong> através do envolvimento e engajamento<br />

dos seus filhos.<br />

16


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

METODOLOGIA<br />

De partida se faz necessário esclarecer que usamos aqui o termo sítio na sua <strong>de</strong>finição convencional, isto é, aludindo<br />

ao local no qual existem artefatos, sinais ou vestígios da passagem, presença ou atuação humana. Deriva <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>finição<br />

a inclusão no mapeamento <strong>de</strong> artefatos isolados que para outros pesquisadores não seriam suficientes para serem<br />

consi<strong>de</strong>rados sítios. Novamente, esclarecemos que esse mapeamento é o resultado dos dados que nos foram indicados<br />

pela comunida<strong>de</strong>.<br />

Em termos da metodologia, o <strong>Mapeamento</strong> foi pensado por meio <strong>de</strong> um enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> etapas que po<strong>de</strong>m ser<br />

assim resumidas: - levantamento bibliográfico acerca dos tipos <strong>de</strong> sítios que po<strong>de</strong>m ocorrer no ambiente dos municípios<br />

abordados; - seleção e imagens <strong>de</strong> artefatos e <strong>de</strong> sítios arqueológicos como aqueles levantados na etapa anterior; -<br />

elaboração <strong>de</strong> um texto explicativo em uma linguagem acessível a alunos do nível médio e, na medida do possível, a<br />

um público leigo mais amplo para a composição da cartilha didática ilustrada; - elaboração <strong>de</strong> um questionário simples<br />

para a entrevista da população, visando à i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> vestígios e sítios; - capacitação do público escolar <strong>de</strong> nível<br />

médio por meio <strong>de</strong> seminários ministrados pelos bolsistas do projeto, no uso da cartilha na aplicação dos questionários; -<br />

aplicação dos questionários <strong>de</strong> entrevista na população urbana e rural; - tabulação dos dados e estabelecimento <strong>de</strong> roteiros<br />

<strong>de</strong> visitação aos sítios apurados nos questionários; - execução <strong>de</strong> campanhas para o levantamento das coor<strong>de</strong>nadas<br />

geográficas com o GPS e registro fotográfico dos sítios; - elaboração e publicação <strong>de</strong> um mapa e um ca<strong>de</strong>rno com todos<br />

os sítios i<strong>de</strong>ntificados.<br />

Assim sendo, po<strong>de</strong>-se perceber que três foram os instrumentos/procedimentos preparatórios sobre os quais se<br />

amparou o projeto: a cartilha didática, os questionários, os seminários. Todas essas premissas visavam às idas ao campo<br />

para o reconhecimento dos sítios.<br />

Cartilha Didática. Instrumento impresso com tiragem <strong>de</strong> 1.000 exemplares doados para todas as escolas públicas,<br />

bibliotecas, centros culturais e outras instituições públicas dos municípios <strong>de</strong> Cachoeira e São Félix. A intenção<br />

original da cartilha foi servir <strong>de</strong> recurso visual, amplamente ilustrado, <strong>de</strong> apoio para as prospecções extensivas e para<br />

o levantamento <strong>de</strong> informações orais durante as entrevistas <strong>de</strong> campo com os moradores e com pessoas <strong>de</strong> notório<br />

saber local, os melhores conhecedores da sua região. Com ela nas mãos o pesquisador <strong>de</strong> campo conseguiu ilustrar<br />

as suas perguntas, <strong>de</strong> modo a facilitar a compreensão dos objetos e contextos sobre os quais falava ao entrevistado<br />

que os visualiza. Assim, as pessoas ouvidas pu<strong>de</strong>ram dar informações <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>, precisão e embasamento,<br />

simplesmente indicando as fotos dos objetos que mais se aproximavam daquilo que conhecia ou que já havia visto.<br />

Questionário para entrevistas. Instrumento usado pelos alunos das escolas públicas do ensino médio. Trata-se<br />

<strong>de</strong> uma ficha contendo campos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação do entrevistador, do entrevistado e <strong>de</strong> <strong>de</strong>z perguntas direcionadas ao<br />

reconhecimento e à localização dos vestígios <strong>de</strong> sítios arqueológicos. Foi pensado para ser aplicado com o apoio da<br />

Cartilha, <strong>de</strong> modo que o entrevistado possa transmitir ao entrevistador o seu conhecimento sobre possíveis sítios. Abaixo<br />

seguem as questões do formulário <strong>de</strong> entrevistas:<br />

17


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

QUESTIONÁRIO DE COLETA DE INFORMAÇÕES<br />

• Aplicar esse questionário somente<br />

com o apoio visual da CARTILHA<br />

DIDÁTICA.<br />

• Caso o entrevistado conheça mais<br />

<strong>de</strong> um lugar com sinais, use mais<br />

<strong>de</strong> um formulário.<br />

• Informações complementares<br />

<strong>de</strong>vem ser anotadas no verso <strong>de</strong>sse<br />

formulário.<br />

Seminários <strong>de</strong> capacitação dos alunos. Realizados pelos graduandos <strong>de</strong> Museologia, bolsistas do projeto <strong>de</strong><br />

mapeamento. Foram feitos nas escolas públicas estaduais e voltados para os alunos do ensino médio. Durante esses<br />

seminários o conteúdo da cartilha didática era apresentado na forma <strong>de</strong> projeção <strong>de</strong> imagens, <strong>de</strong> modo que os alunos<br />

enten<strong>de</strong>ssem a linguagem e a proposta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação dos sítios. Ao final dos seminários <strong>de</strong>sejava-se que os alunos<br />

estivessem capacitados a usar a cartilha e a fazer as entrevistas com seus familiares, seus vizinhos, amigos e conhecidos.<br />

Desta forma, eles atuariam como elementos multiplicadores do conhecimento, tornando-se os responsáveis pelo<br />

recolhimento das informações sobre os possíveis sítios arqueológicos.<br />

Campanhas. Até o final das incursões pelas áreas investigadas, foram feitas nove campanhas. Em 14/11/09<br />

visitamos as localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cachoeirinha, Capivari, Outeiro Redondo, Zona Urbana <strong>de</strong> São Félix, Capoeiruçu, Tupim,<br />

Belém e Vitória. Em 21/11/09 <strong>de</strong>scemos o rio Paraguaçu passando pelas fazenda Salamina em Maragojipe, Vitória,<br />

Tuazeiro, Beija-Flor e zona urbana <strong>de</strong> Cachoeira. Em 05/12/09 fomos até as comunida<strong>de</strong>s do Quilombo, Miudinha e Boa<br />

Vista em São Félix, além da zona urbana <strong>de</strong> São Félix e Cachoeira. Em 06/12/09 percorremos São Tiago do Iguape e<br />

Opalma em Cachoeira. Em 12/12/09 seguimos para a região da comunida<strong>de</strong>s do Saco, Alto do Camelo, Belém, fazendas<br />

Cabonha e Embiara em Cachoeira, além <strong>de</strong> uma área rural <strong>de</strong> Conceição da Feira e Coqueiros em Maragojipe. Em<br />

19/12/09 reconhecemos o Calolé e Capoeiruçu em Cachoeira e o campus da UFRB em Cruz das Almas. Em 16/01/10<br />

nos dirigimos à fazenda Guaíba e à comunida<strong>de</strong> Engenho da Ponte em Cachoeira e à comunida<strong>de</strong> Lagoa em Maragojipe.<br />

Em 22/01/10 alcançamos a fazenda Engenhoca, na zona rural <strong>de</strong> Cachoeira. Por fim, em 23/01/10 vimos São Francisco<br />

do Paraguaçu, a ilha do Capim e Opalma em Cachoeira e o Ferreiro na fazenda Salamina em Maragojipe.<br />

Todos os <strong>de</strong>slocamentos foram feitos com o apoio do veículo oficial do Centro <strong>de</strong> Artes, Humanida<strong>de</strong>s e Letras<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Recôncavo da <strong>Bahia</strong> (CAHL/UFRB). Complementarmente, em três oportunida<strong>de</strong>s, na<br />

18


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

segunda, na quarta e na última saída, usamos o transporte fluvial, para o qual contamos, com os serviços <strong>de</strong> barqueiros<br />

<strong>de</strong> Cachoeira, <strong>de</strong> São Tiago do Iguape e <strong>de</strong> São Francisco do Paraguaçu. O <strong>de</strong>slocamento usando o rio e os muitos canais<br />

que cortam suas margens e mangues particularmente na zona do Iguape, mostrou-se bem mais a<strong>de</strong>quado para o acesso<br />

aos engenhos <strong>de</strong> açúcar. Também teria se mostrado a<strong>de</strong>quado para acessar os sítios indígenas do tipo sambaqui, porém,<br />

<strong>de</strong>safortunadamente, não encontramos nenhum <strong>de</strong>les.<br />

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS<br />

Os resultados das centenas <strong>de</strong> questionários aplicados pelos alunos secundaristas das duas escolas selecionadas<br />

apresentaram alguns problemas tais como a imprecisão e ausência <strong>de</strong> dados fundamentais para i<strong>de</strong>ntificarmos os sítios.<br />

Apesar disso, conseguimos localizar zonas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> potencial a partir <strong>de</strong>ssas entrevistas e, já nesses lugares, foi-nos<br />

possível chegar até alguns sítios arqueológicos.<br />

Para suprir as falhas sentidas no preenchimento dos questionários alteramos a metodologia prevista para a execução<br />

do projeto do mapeamento. Assim sendo, <strong>de</strong> forma complementar, os dois bolsistas <strong>de</strong> iniciação científica: Lise<br />

Marcelino Souza e Emanuel Silva Andra<strong>de</strong>, bem como o estagiário Gilcimar Costa Barbosa, alunos <strong>de</strong> graduação do<br />

curso <strong>de</strong> Museologia do CAHL, passaram a aplicar sistematicamente os questionários. Esses universitários abordaram<br />

potenciais bons informantes nas cida<strong>de</strong>s e nos povoados on<strong>de</strong> foram feitos os Seminários Arqueológicos. Mesmo durante<br />

as campanhas, os moradores das cercanias dos sítios ou possíveis sítios visitados também foram entrevistados e os<br />

resultados tornaram-se mais favoráveis e compatíveis com o <strong>de</strong>sejado para o mapeamento.<br />

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA<br />

Em alguns lugares nos negaram o acesso, não permitindo a nossa entrada, não dando ouvidos ao que tentávamos<br />

falar. Em outros chegamos a ser expulsos com uma certa dose <strong>de</strong> incompreensão, que por vezes beirou a agressivida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, também chegamos a locais - e po<strong>de</strong>mos dizer que esses formaram a gran<strong>de</strong> maioria dos visitados - on<strong>de</strong><br />

encontramos a acolhida gentil e amistosa <strong>de</strong>ssa boa gente que vive pelo Recôncavo, cuidando dos seus afazeres, mas<br />

disposta a <strong>de</strong>dicar o seu tempo em receber e conversar com quem lhes batesse à porta sem ser esperado. Mesmo não<br />

enten<strong>de</strong>ndo muito bem as nossas perguntas e o nosso interesse por coisas tão comuns, velhas e sem importância, ouviramnos,<br />

olharam com atenção as imagens da cartilha que lhes mostramos e, percebendo aos poucos que aquela gente um<br />

pouco estranha da Universida<strong>de</strong> estava apenas interessada nas coisas do passado, <strong>de</strong>ram-nos preciosas informações sobre<br />

os sítios arqueológicos que buscávamos.<br />

Em alguns casos pu<strong>de</strong>mos contar com bem mais que apenas informações. É admirável a disposição <strong>de</strong><br />

algumas pessoas, gente <strong>de</strong> bem com a vida, <strong>de</strong>sarmadas <strong>de</strong> espírito e dispostas, que <strong>de</strong>ixavam <strong>de</strong> lado o seu final <strong>de</strong><br />

semana e nos guiavam até o local do sítio, mostrando-o nos <strong>de</strong>talhes, contando-nos, satisfeitos, histórias sobre aquilo que<br />

víamos. Lembramo-nos bem <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sses agradáveis encontros.<br />

Na Fazenda Santo Antônio, localida<strong>de</strong> da Miudinha em São Félix, a Carine e sua mãe, dona Rosa, nos<br />

levaram até o exato local on<strong>de</strong> o seu pai encontrou, ao escavar um buraco para um mourão da cerca, o que verificamos ser<br />

um sepultamento indígena com cerâmica pintada Tupi. Aliás, a Carine, aluna do Colégio Rômulo Galvão, em seu anexo<br />

do Outeiro Redondo, é que foi a principal responsável pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sse sítio indígena. Com a sua percepção e a<br />

19


POR QUE MAPEAR OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS?<br />

atenção durante o seminário sobre como reconhecer os sítios ela relatou o fato ocorrido com o pai. Todos os dados foram<br />

anotados na Ficha <strong>de</strong> Entrevista e, assim que começaram as visitas <strong>de</strong> campo, fomos ver o que havia sido retirado da<br />

terra. Desta forma, constatamos como estavam corretas e acertadas as informações colhidas e conhecemos duas pessoas<br />

<strong>de</strong> bom coração, que nos fizeram companhia e nos mostraram aquele interessante sítio.<br />

No Engenho Quilombo, na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mesmo nome, também em São Félix, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer<br />

o senhor Toínho. Assim que chegamos à sua casa, guiados pela sua mãe que mora pouco a frente, ele se ofereceu<br />

por levar-nos às ruínas do engenho que buscávamos. Para isso, apenas entrou, vestiu uma camisa, pegou um facão e<br />

caminhou conosco até o local do sítio. Pessoa boa <strong>de</strong> prosa e muito divertida foi nos mostrando todos os trechos daquilo<br />

que <strong>de</strong>ve ter sido um engenho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões, apontando para cada minúcia e fazendo o favor <strong>de</strong> livrar do mato<br />

as estruturas que <strong>de</strong>sejávamos fotografar. Falou das suas lembranças do engenho <strong>de</strong> quando era criança, lamentou-se<br />

pelos objetos que foram levados por estranhos e, com muita modéstia, afirmou não ter ‘estudo’ que lhe permitisse<br />

enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ssas coisas. É comovente notar como essas pessoas que se pensam sem ‘estudo’ são justamente aquelas que<br />

mais têm por nos ensinar. São os verda<strong>de</strong>iros mestres da Cultura Popular, <strong>de</strong>tentoras <strong>de</strong> um acervo <strong>de</strong> conhecimentos e<br />

saberes tão bem elaborados ao longo das gerações e que se traduzem em ações já perfeitamente incorporadas aos seus<br />

quotidianos a tal ponto <strong>de</strong> as consi<strong>de</strong>ram coisas tão simples e prosaicas, que não enten<strong>de</strong>m como po<strong>de</strong>m ser foco <strong>de</strong><br />

estudos e pesquisas.<br />

No Calolé, agora em terras do município <strong>de</strong> Cachoeira, encontramos o senhor Bo<strong>de</strong>, que já fez <strong>de</strong> tudo um pouco pelas<br />

fazendas das bandas do norte da baía do Iguape. Sobre a sua montaria, atento, facão embainhado pen<strong>de</strong>ndo da cintura,<br />

viu-nos chegar e começar uma conversa com um monte <strong>de</strong> crianças sentadas num tronco <strong>de</strong> jaqueira. Observando o que<br />

ocorria, quando enten<strong>de</strong>u nossas intenções <strong>de</strong> imediato tomou a iniciativa manifestando conhecer os tais lugares que<br />

buscávamos. Sem pestanejar, amarrou o cavalo ali, embarcou no carro e nos levou até o engenho do Desterro e às ruínas<br />

da capela do Desterro. Homem a primeira vista sisudo, revelou-se muito brincalhão e gran<strong>de</strong> conhecedor dos antigos<br />

engenhos da região, citando nominalmente vários <strong>de</strong>les, mais do que conseguimos anotar. Depois <strong>de</strong> fotografarmos os<br />

sítios ele ainda fez questão que visitássemos a sua casa, oferecendo-nos água <strong>de</strong> coco e cacau do quintal. Eis mais uma<br />

pessoa que merece consi<strong>de</strong>ração pelo amplo conhecimento e domínio que tem da sua região, tão gran<strong>de</strong>s quanto a sua<br />

franqueza e sua facilida<strong>de</strong> em confiar e em compartilhar o que sabe com estranhos que nunca havia visto antes.<br />

20


SÍTIOS INDÍGENAS E HISTÓRICOS<br />

Po<strong>de</strong>mos dividir, didaticamente, os sítios mapeados em dois gran<strong>de</strong>s grupos ou tipos: Sítios Indígenas e Sítios<br />

Históricos.<br />

Sítios Indígenas são aqueles produzidos pelos grupos indígenas que habitavam essa região antes da chegada do<br />

elemento colonizador português, fato acontecido no ano <strong>de</strong> 1500. Como representam um modo <strong>de</strong> vida bastante distante<br />

e diferente do nosso tais sítios são menos perceptíveis pela população, mesmo estando muito visíveis e evi<strong>de</strong>ntes em<br />

superfície. Os principais vestígios <strong>de</strong>sses sítios que resistem ao tempo são os artefatos cerâmicos, em sua maioria, cacos<br />

<strong>de</strong> panelas <strong>de</strong> barro, e os artefatos <strong>de</strong> pedra, que po<strong>de</strong>m ser polidos ou lascados. Os objetos <strong>de</strong> cerâmica ainda guardam<br />

alguma ligação com o nosso modo atual <strong>de</strong> vida e por isso mesmo po<strong>de</strong>m ser reconhecidos. Já os objetos <strong>de</strong> pedra são<br />

coisas muito distantes da nossa atual realida<strong>de</strong>, por isso mesmo difíceis <strong>de</strong> serem i<strong>de</strong>ntificados como objetos feitos pela<br />

mão humana. Quando são polidos têm uma forma simétrica mais regular e ainda é possível que sejam reconhecidos.<br />

Contudo, quando são lascados é impossível a uma pessoa sem treinamento e sem conhecimento específico os reconhecer.<br />

Apesar dos sítios indígenas existirem em número muito maior, levando-se em conta o longo tempo em que<br />

apenas esses grupos dominaram a região, o fato <strong>de</strong> seus vestígios serem pouco familiares fez com que sua localização<br />

no mapeamento ficasse tão restrita e o número encontrado, tão pequeno. Sabemos que outros sítios indígenas existiram,<br />

pois o professor Valentin Cal<strong>de</strong>rón localizou vários <strong>de</strong>les durante as suas pesquisas nos anos 60. Indicamos a posição<br />

aproximada <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sses sítios no mapa, a partir dos dados obtidos em um dos artigos que esse professor publicou.<br />

Tentamos retornar a esses sítios, todavia, as informações remanescentes arquivadas no Museu <strong>de</strong> Arqueologia e Etnologia<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da <strong>Bahia</strong> (MAE/UFBA) são escassas e muito vagas, tornando impossível a localização.<br />

Em face ao dito, conseguirmos encontrar apenas dois sítios indígenas confirmados: o Miudinha, uma antiga<br />

al<strong>de</strong>ia Tupi e o Reitoria, outra antiga al<strong>de</strong>ia Aratu.<br />

Sítios Históricos são os sítios surgidos <strong>de</strong>pois da chegada dos portugueses e que, por isso mesmo, estão ligados às<br />

novas ativida<strong>de</strong>s que passaram a existir no Recôncavo, tais como a instalação das vilas, com as suas casas, igrejas, portos,<br />

fortes, fazendas e engenhos <strong>de</strong> açúcar.<br />

Revendo o levantamento notamos que o mais representativo tipo <strong>de</strong> sítio arqueológico encontrado foi o


SÍTIOS INDÍGENAS E HISTÓRICOS<br />

Engenho <strong>de</strong> Açúcar, bem como as instalações a ele associadas. Quando nos referimos a um engenho estamos fazendo<br />

alusão a um conjunto <strong>de</strong> edifícios e instalações que compunham uma unida<strong>de</strong> produtiva e articulada com o comércio<br />

internacional presente no Brasil e, especialmente, no Recôncavo da <strong>Bahia</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI. Integrando esse conjunto<br />

temos a casa gran<strong>de</strong>, residência do senhor do engenho; a capela, essencial numa socieda<strong>de</strong> extremamente católica; a<br />

senzala, local <strong>de</strong> confinamento da mão <strong>de</strong> obra escrava; as oficinas <strong>de</strong> transformação da cana em açúcar, que podiam<br />

se dividir em: casa da moenda – área do esmagamento da cana e da extração da garapa; fornalhas – on<strong>de</strong> o caldo era<br />

fervido nos gran<strong>de</strong>s tachos até chegar ao ponto <strong>de</strong>sejado; casa <strong>de</strong> purga – on<strong>de</strong> o melado era <strong>de</strong>spejado nas fôrmas <strong>de</strong><br />

pão <strong>de</strong> açúcar, nas quais esfriava, cristalizava e <strong>de</strong>scansava. Por fim, outras construções ainda po<strong>de</strong>riam existir no caso<br />

<strong>de</strong> engenhos hidráulicos, tais como a barragem ou represa; o canal <strong>de</strong> condução <strong>de</strong>sse fluxo represado; o aqueduto para<br />

direcionar a água, fazendo-a cair <strong>de</strong> uma maior altura, e; a roda d’água assentada no seu berço, que era usada para mover<br />

a moenda, esmagar a cana, extraindo a garapa.<br />

Como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sítios do tipo engenhos visitados foi gran<strong>de</strong>, nos foram permitidas algumas observações<br />

adicionais. Quanto à conservação dos engenhos, conseguimos i<strong>de</strong>ntificar cinco principais elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição das<br />

ruínas. Dois são <strong>de</strong> origem humana: - o vandalismo, que se traduziu na <strong>de</strong>struição, quebra e <strong>de</strong>rrubada das pare<strong>de</strong>s e dos<br />

pilares; - a <strong>de</strong>molição para o reaproveitamento do material construtivo: tijolos-lajota e pedras. Parece que foi isso o que<br />

ocorreu no Engenho da Ponte, conforme nos relataram dois informantes quando perguntamos pelo motivo da queda dos<br />

pilares que vimos ainda em pé, numa anterior visita que fizemos ao sítio, em 2003. E três <strong>de</strong> origem natural: - a erosão<br />

eólica, facilmente perceptível nos pilares <strong>de</strong> tijolos-lajota, pedras e argamassa, nos quais sempre a mesma face voltada<br />

diretamente para o vento se mostra mais <strong>de</strong>smanchada e com a argamassa se <strong>de</strong>sfazendo; o caráter argiloso do solo sobre<br />

o qual foram construídos, que ce<strong>de</strong> causando a inclinação e queda das pare<strong>de</strong>s e pilares, e; a tomada das estruturas pela<br />

vegetação, que aos poucos move tijolos e pedras e joga ao chão as pare<strong>de</strong>s.<br />

No que tange à reocupação <strong>de</strong>sses sítios, notamos que em dois <strong>de</strong>les as ruínas foram incorporadas em construções <strong>de</strong><br />

moradas contemporâneas simples. É precisamente isso que se nota nos sítios Salamina e Calembá.<br />

Outro aspecto notado nos engenhos foram as suas mo<strong>de</strong>rnizações. De início, essas fábricas <strong>de</strong> açúcar foram<br />

instaladas nos pontos que <strong>de</strong>tinham as melhores condições para uma boa produção. Para isso, foram escolhidos lugares<br />

que reunissem as características essenciais <strong>de</strong>:<br />

• ter um córrego perene, não muito gran<strong>de</strong> nem pequeno, com um <strong>de</strong>snível e uma largura apropriados para o<br />

barramento e o <strong>de</strong>svio parcial da suas águas até a roda que aciona a moenda da cana;<br />

• um terreno firme, plano e amplo o suficiente para as oficinas, casas <strong>de</strong> purga, fornos e as outras instalações e<br />

construções do serviço;<br />

• ter terras férteis on<strong>de</strong> se cultivar a cana e com matas próximas <strong>de</strong> on<strong>de</strong> extrair lenha para as fornalhas <strong>de</strong><br />

cozimento da garapa;<br />

• ter um cais para embarque da produção, pois o açúcar <strong>de</strong>stinava-se à exportação para o mercado europeu.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a tais exigências os primeiros engenhos situaram-se nos melhores lugares para terem as suas moendas<br />

movidas pela roda d’água, recebendo a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> engenhos reais. A preferência por essa força motriz explica-se<br />

por ser a forma mais produtiva quando comparada às moendas movidas a tração animal ou escrava. Dessa configuração<br />

restam nos sítios as ruínas dos aquedutos, das barragens e dos berços das rodas d’água. Todavia, em alguns <strong>de</strong>sses<br />

22


SÍTIOS INDÍGENAS E HISTÓRICOS<br />

mesmos sítios encontramos ao lado <strong>de</strong>ssas ruínas hidráulicas restos <strong>de</strong> engrenagens metálicas. Isso indica claramente a<br />

substituição das moendas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para esmagar a cana por conjuntos metálicos quando essa tecnologia se difundiu<br />

e, em um momento posterior, até mesmo a substituição da força motriz pelo uso do maquinário movido a vapor, muito<br />

mais produtivo que a velha roda d’água. Dessa última etapa o maior testemunho está nas gran<strong>de</strong>s chaminés inexistentes<br />

antes do advento da cal<strong>de</strong>ira a vapor. Essa mo<strong>de</strong>rnização aconteceu a partir do século XIX, proporcionando um gran<strong>de</strong><br />

aumento na produtivida<strong>de</strong> do açúcar e prolongando a vida <strong>de</strong> alguns engenhos, por vezes com mais <strong>de</strong> duzentos anos<br />

<strong>de</strong> serviços. Também provocou a centralização da produção nos engenhos mais ricos, com recursos para adquirir e<br />

instalar o maquinário a vapor <strong>de</strong> alto custo. No entanto, nem todas as mo<strong>de</strong>rnizações conseguiram salvar os engenhos<br />

da <strong>de</strong>cadência e da ruína na qual os vemos hoje, testemunhando as transformações sofridas pela socieda<strong>de</strong> ao longo do<br />

tempo.<br />

23


CACHOEIRA E SÃO FÉLIX


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Organizamos a apresentação dos sítios localizados <strong>de</strong> uma maneira unificada e que responda aos seguintes itens:<br />

Nome do sítio – trata-se da <strong>de</strong>signação escolhida para i<strong>de</strong>ntificar o sítio. Geralmente mantivemos a forma pela qual<br />

a população local conhecia o lugar, <strong>de</strong> modo que tanto esse ca<strong>de</strong>rno como o mapa sejam assimilados pelas pessoas e elas<br />

possam se reconhecer neles. Nos casos em que não encontramos moradores nas cercanias do sítio, <strong>de</strong>mos a <strong>de</strong>signação<br />

da região.<br />

Tipo – obe<strong>de</strong>cendo a classificação que explicamos acima, dividimos os sítios em históricos ou indígenas e nesse<br />

item essa distinção é apontada. Além <strong>de</strong>ssa indicação básica, nos casos em que é possível i<strong>de</strong>ntificar uma categoria <strong>de</strong><br />

sítio <strong>de</strong>ntro do tipo, ela será especificada também. Por exemplo: Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

Coor<strong>de</strong>nadas UTM – coor<strong>de</strong>nadas geográficas métricas que permitem retornar ao local com a maior precisão<br />

possível. São um dado essencial em mo<strong>de</strong>rnos mapeamentos e sem a sua correta divulgação não há sentido em se<br />

programar qualquer levantamento. Somos completamente contrários a posturas equivocadas da não divulgação das<br />

coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> sítios.<br />

Localida<strong>de</strong> – Quando existe alguma <strong>de</strong>nominação local conhecida e usual apontamos nesse campo o nome da<br />

região on<strong>de</strong> se insere o sítio.<br />

Município – Município ao qual pertence o sítio.<br />

Registro anterior – Se o sítio consta no Inventário <strong>de</strong> Proteção do Acervo Cultural da <strong>Bahia</strong> o indicamos pela sigla<br />

IPAC. Caso conste no Relatório Final do Programa <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Locais <strong>de</strong> Importância Turística, Histórica e Cultural,<br />

indicamos pela sigla ITHC.<br />

Na sequência vai o texto <strong>de</strong>talhando algumas características, tais como a implantação do sítio; artefatos<br />

existentes nesse local; uma estimativa do seu período cronológico; fatores <strong>de</strong>strutivos que o ameaçam e outros<br />

comentários julgados relevantes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> mapeamento. O texto po<strong>de</strong> ter uma foto <strong>de</strong> entrada, que<br />

mostra o aspecto geral <strong>de</strong>sse sítio e/ou outras que permitam visões das partes ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes mais interessantes e dignos<br />

<strong>de</strong> registro, suplementando a imagem que consta no mapa.


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

VIRADOURO<br />

• Tipo: Histórico / Talvez um engenho.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503181 / 8607018<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu com acesso direto a um cais.<br />

Artefatos. Ruínas <strong>de</strong> uma possível instalação produtiva implantada diretamente na margem do rio, talvez uma<br />

construção associada a um engenho <strong>de</strong> açúcar. Alguns pilares, arcadas em tijolos lajota e alicerces em cantaria que<br />

contém um aterro, além <strong>de</strong> um longo paredão <strong>de</strong> contenção da margem que servia <strong>de</strong> cais são os elementos <strong>de</strong>sse sítio,<br />

completamente integrados e incorporados ás construções atuais. Sobre as arcadas há uma galeria acessada por uma<br />

escada externa que se dirige para o cais. Uma imagem aquarelada <strong>de</strong> Cachoeira, <strong>de</strong> datação estimada ao final do século<br />

XVIII, já mostra essa estrutura do cais e um conjunto <strong>de</strong> três edifícios nesse mesmo local É interessante observar que o<br />

conjunto estava posicionado ao lado da foz <strong>de</strong> um pequeno córrego atualmente canalizado sobre as vias (FERNANDES;<br />

OLIVEIRA, 2007, p. 17).<br />

Estimativa cronológica. Pela gravura essas construções talvez possam recuar ao final do século XVIII.<br />

Fatores Destrutivos. Aproveitamento da matéria prima, vandalismo, expansão urbana.<br />

Fig. 1.1: Piso da galeria superior.<br />

Fig. 1.2: Pare<strong>de</strong> em cantaria mista incorporada<br />

às construções atuais.<br />

26


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO BALNEÁRIO<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 504626 / 8607784<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana, entrada da cida<strong>de</strong>.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: ITHC.<br />

Implantação. Margens do riacho Pitanga. Sem acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. As ruínas do último arco do aqueduto que po<strong>de</strong>m ser vistas a partir da estrada (BA-026) que <strong>de</strong>sce a<br />

la<strong>de</strong>ira para Cachoeira pertencem a esse engenho que também é conhecido com Engenho do Japonês. O complemento<br />

do aqueduto até o encontro com o canal escavado na encosta não existe mais, tendo caído talvez por obra da vegetação.<br />

Gran<strong>de</strong>s estruturas em alvenaria mista <strong>de</strong> pedras e tijolos-lajota que serviram para a contenção <strong>de</strong> plataformas das <strong>de</strong>mais<br />

construções <strong>de</strong>saparecidas também são notadas no terreno, especialmente no período da seca. O berço da roda d’água<br />

resiste ao tempo, apesar <strong>de</strong> haver um gran<strong>de</strong> buraco exatamente on<strong>de</strong> se esperava encontrar a abertura do suporte do eixo<br />

da roda. Quando visitamos o sítio havia muita vegetação arbustiva e herbácea <strong>de</strong> modo que não vimos outros vestígios<br />

que não as estruturas construtivas, porém, algumas pessoas nos atestaram a presença <strong>de</strong> muitos cacos <strong>de</strong> pratos pelo chão,<br />

no passado. O córrego que passa pelo engenho é o Pitanga e acreditamos que os restos da barragem po<strong>de</strong>m ser facilmente<br />

encontrados seguindo-se o canal durante a época do estio, quando o solo torna-se exposto, o que acontece a partir <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro e antes das primeiras chuvas.<br />

Estimativa cronológica. Não obtida, contudo, as técnicas construtivas mostram que é anterior a meados do século<br />

XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Vegetação, queimadas.<br />

Fig. 2.1: Arco final do aqueduto, em cantaria<br />

mista.<br />

Fig. 2.2: Ruínas do aqueduto.<br />

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SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO CAPIVARI<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 504284 / 8603038<br />

• Localida<strong>de</strong>: Estrada para Maragojipe.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: ITHC.<br />

Implantação. Foz do riacho Capivari. Acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. As ruínas do arco final do aqueduto <strong>de</strong>sse engenho são muito conhecidas e bem visíveis na margem da<br />

estrada que liga São Félix até Coqueiros, Nagé e Maragojipe. Um pouco abaixo do aqueduto estão os restos do que <strong>de</strong>ve<br />

ter sido a instalação on<strong>de</strong> se assentava a roda d’água, que alguns arqueólogos <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> berço da roda. Seguindo<br />

para a esquerda <strong>de</strong> quem olha <strong>de</strong> baixo esse conjunto <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> construção, também se po<strong>de</strong> notar as pedras e tijolos<br />

lajota que configuram o muro <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> um antigo aterro. Talvez se trate das <strong>de</strong>mais instalações associadas à<br />

moenda e on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam ficar as fornalhas e a casa <strong>de</strong> purga. Além <strong>de</strong>sses notáveis elementos construtivos muitos<br />

fragmentos <strong>de</strong> louça do tipo faiança fina estão pelo solo. São os cacos <strong>de</strong> velhos pratos, xícaras e outros objetos do serviço<br />

<strong>de</strong> mesa <strong>de</strong> alguma casa que existiu por perto.<br />

Estimativa cronológica. Por esses restos é possível se pensar em uma cronologia ligada ao século XIX, embora<br />

nada impeça do engenho ser mais antigo que os cacos <strong>de</strong> faiança fina.<br />

Fatores Destrutivos. A estrada parece ter sido a principal responsável pela <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> um trecho <strong>de</strong> aqueduto,<br />

pois ele está interrompido exatamente no traçado <strong>de</strong>ssa via. Mesmo assim, não parece que foi muito extenso, pois a cerca<br />

<strong>de</strong> 20 metros já encontraria uma elevação, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> viria a água por meio <strong>de</strong> um canal. Procuramos pelos seus sinais na<br />

cota compatível com a altura do aqueduto, mas nada foi localizado. O córrego <strong>de</strong> procedência da água seguramente é o<br />

Capivari e também é provável que os restos da barragem <strong>de</strong>sse engenho ainda existam, bastando procurá-la seguindo a<br />

curva <strong>de</strong> nível correspon<strong>de</strong>nte. Um curral e uma casa foram construídos ao lado <strong>de</strong>ssas ruínas.<br />

Fig: 3.1:Trecho final do aqueduto e berço da roda d’água.<br />

28


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO CACHOEIRINHA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 502258 / 8603114<br />

• Localida<strong>de</strong>: Cachoeirinha.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem direita do riacho Capivari. Sem acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Os poucos pilares erodidos pelo vento <strong>de</strong> um lado da estrada <strong>de</strong> terra associados ao longo paredão da<br />

barragem no córrego Capivari, do outro lado da estrada, são os elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nesse sítio. O solo está coberto<br />

por vegetação herbácea e não foi possível verificarmos algum vestígio móvel que permitisse uma leitura cronológica.<br />

No entanto, a cota da sua barragem e a longa <strong>de</strong>pressão pelo pasto que coinci<strong>de</strong> com o canal <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> água aos<br />

pilares permite supor que se tratasse <strong>de</strong> um engenho cuja roda d’água era acionada pela parte inferior, ou seja, um<br />

engenho rasteiro. A sua barragem, atualmente rompida, é dotada <strong>de</strong> contrafortes e possui um gran<strong>de</strong> comprimento, cerca<br />

<strong>de</strong> duzentos metros, porém pouca altura, mas é inegável que representou um gran<strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> trabalho para a sua<br />

construção. Atualmente há um curral ao lado da área com os pilares.<br />

Um pouco a jusante, existe uma pequena cachoeira com queda <strong>de</strong> 2 ou 3 metros sobre um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>grau <strong>de</strong> granito<br />

ou rocha similar. Nesse local são muitos os testemunhos <strong>de</strong> oferendas das práticas das religiões afro-brasileiras.<br />

Fatores Destrutivos. A erosão eólica e o solo que permite a inclinação dos pilares parecem ser os principais<br />

elementos <strong>de</strong>strutivos atuais. Contudo, não excluímos a possibilida<strong>de</strong> do vandalismo. A estrada <strong>de</strong> terra <strong>de</strong>struiu pelo<br />

menos parte do canal da água.<br />

Fig: 4.1: Barragem <strong>de</strong> cantaria.<br />

Fig. 4.2: Trecho rompido da barragem.<br />

29


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 4.3: Pilar inclinado da fábrica.<br />

ENGENHO VITÓRIA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 506488 / 8600264<br />

• Localida<strong>de</strong>: Vitória.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu, com acesso imediato a um porto.<br />

Artefatos. Com vista direta para o Paraguaçu, a casa gran<strong>de</strong> é o cenário que mais impressiona o visitante, dada a<br />

sua implantação, integrida<strong>de</strong> e porte. Pelos seus elementos construtivos, associando vários tipos <strong>de</strong> tijolos, argamassas e<br />

vigas concretadas é possível notar que passou por reformulações. Complementam o conjunto a sequência <strong>de</strong> pilares da<br />

fábrica, o aqueduto íntegro e uma casa <strong>de</strong> banho com azulejos figurativos trazidos <strong>de</strong> fora, possivelmente do convento <strong>de</strong><br />

São Francisco do Paraguaçu, e que são partes <strong>de</strong> uma cena maior. Uma pequena gruta com uma imagem sacra parece ter<br />

sido a última intervenção construtiva no local. Dentro da casa há um portal em cujo arco há uma pedra brasonada. Não<br />

notamos presença <strong>de</strong> vestígios moveis nem faianças ou cerâmica. As pare<strong>de</strong>s internas da casa gran<strong>de</strong> estão recobertas<br />

<strong>de</strong> pichações a carvão.<br />

Estimativa cronológica. Século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo. Falta <strong>de</strong> uso e abandono.<br />

30


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 5.1: Capela do engenho, inserida no corpo<br />

da Casa Gran<strong>de</strong>.<br />

Fig. 5.2: Pilares da fábrica.<br />

Fig. 5.3: Pedra com brasão <strong>de</strong> armas entalhado no arco <strong>de</strong> uma porta.<br />

ENGENHO DA PONTA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 509408 / 8592746<br />

• Localida<strong>de</strong>: Montante da baía do Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Conforme a advertência do barqueiro que nos conduziu por essa campanha ao longo do Paraguaçu,<br />

não <strong>de</strong>sembarcamos nesse engenho, pois o proprietário não permite o acesso ao local. Do barco é possível contemplar<br />

as estruturas do aqueduto, da fábrica e do cais, formando um conjunto bem harmônico e quase totalmente íntegro.<br />

31


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

A distância nota-se apenas a ausência do telhado na fábrica. Ao fundo, sobre um outeiro, está a capela <strong>de</strong> dimensões<br />

consi<strong>de</strong>ráveis, aparentemente em perfeito estado. Ostenta um frontão revestido <strong>de</strong> azulejos e uma cúpula dotada <strong>de</strong><br />

lanterna.<br />

Estimativa cronológica. Sem maiores elementos não po<strong>de</strong>mos estimar nenhum período.<br />

Fatores Destrutivos. Não foi possível avaliar.<br />

Fig. 6.1: Capela do engenho<br />

Fig. 6.2: Aqueduto ligado às pare<strong>de</strong>s da fábrica.<br />

ENGENHO VELHO DA GUAÍBA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 510982 / 8599102<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Guaíba, Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Po<strong>de</strong>-se acessar esse engenho pela baía do Iguape, contudo a ele chegamos pela via terrestre, <strong>de</strong>scendo<br />

a longa la<strong>de</strong>ira com mais <strong>de</strong> um quilometro. O que se po<strong>de</strong> ver nesse sítio, como restos da sua antiga feição, são o berço<br />

da roda d’água, também dotado <strong>de</strong> um encaixe circular para o eixo da roda, um trecho pequeno do canal <strong>de</strong> condução<br />

da água e uma barragem, que parece ser intermediária, a poucos metros do berço, implantada na forte encosta. Além<br />

<strong>de</strong>ssas ruínas arquitetônicas, nos foi dito que há ruínas do cais e, provavelmente, das oficinas, embora não as tenhamos<br />

localizado. Ao lado do berço encontramos estruturas que evocavam as fornalhas, uma <strong>de</strong>las inclusive com o taxo <strong>de</strong> ferro<br />

arrebitado ainda instalado sobre a boca do fogo. Complementarmente, encontramos tachos fabricados sem arrebites, ou<br />

seja, fundidos em peça única e dotados <strong>de</strong> munhões, restos do que parecem ser cal<strong>de</strong>iras metálicas e canos metálicos para<br />

condução <strong>de</strong> água, indicando uma mo<strong>de</strong>rnização das ativida<strong>de</strong>s fabris <strong>de</strong>sse engenho. A proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse engenho com<br />

o Embiara e semelhanças construtivas, a exemplo do encaixe circular para o eixo da roda, sugerem uma forte ligação.<br />

32


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Estimativa cronológica. Sem elementos que permitam uma melhor avaliação, somente po<strong>de</strong>mos situar o que vimos<br />

no século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vegetação, aproveitamento <strong>de</strong> matéria prima, estradas.<br />

Fig. 7.1: Berço da roda d’água.<br />

Fig. 7.2: Berço da roda d’água visto por trás.<br />

Fig. 7.3: Abertura circular para o encaixe do<br />

eixo da roda d’água.<br />

Fig. 7.4: Tacho feito com placas <strong>de</strong> ferro unidas<br />

por arrebites.<br />

ENGENHO EMBIARA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 511636 / 8600606<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Embiara.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Po<strong>de</strong>-se chegar a esse engenho pelas águas da baía, porém nos o fizemos a partir <strong>de</strong> terra. Trata-se <strong>de</strong><br />

mais um engenho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões com várias estruturas e ruínas ainda notáveis, <strong>de</strong>ntre elas a casa gran<strong>de</strong>, a capela,<br />

a fábrica, o cais, o berço da roda e uma parte do canal <strong>de</strong> condução. Não são, necessariamente, todos eles <strong>de</strong> mesmo<br />

período, mas conformam um conjunto e dão uma boa noção do que foi aquele engenho. Destaque para a abertura <strong>de</strong><br />

33


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

encaixe da roda no seu berço. Nos outros engenhos, quando ela resiste, tem a forma <strong>de</strong> um pequeno portal em arco pleno.<br />

Nesse sítio é um circulo perfeito, o que cria problemas <strong>de</strong> imobilização do eixo rotativo, o que induz a se pensar em um<br />

outro tipo <strong>de</strong> encaixe. Outro elemento notável é a ampla escadaria poligonal que pertence às ruínas da casa gran<strong>de</strong>. Seu<br />

porte e número <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus parcialmente visíveis por entre os arbustos que os cobrem permite imaginar a imponência<br />

do edifício resi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong>sse engenho. No <strong>de</strong>ságue da roda e ao longo do cais uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong><br />

fôrmas <strong>de</strong> pão <strong>de</strong> açúcar e <strong>de</strong> faiança fina cobrem o solo. Além <strong>de</strong>sses testemunhos, restos <strong>de</strong> máquinas como roça<strong>de</strong>iras<br />

mecânicas e reboques com tanques pipa mostram o uso até bem recente do local.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota, a faiança fina e a força motriz nos levam a supor o século XIX como data<br />

mínima para o engenho, nada impedindo <strong>de</strong> ser mais antigo.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, reaproveitamento <strong>de</strong> material construtivo, vegetação.<br />

Fig. 8.1: Cais feito por um muro <strong>de</strong> contenção<br />

<strong>de</strong> pedras.<br />

Fig. 8.2: Abertura circular para o encaixe do<br />

eixo da roda d’água.<br />

Fig. 8.3: Gran<strong>de</strong> escadaria <strong>de</strong> acesso à Casa<br />

Gran<strong>de</strong>.<br />

Fig. 8.4: Caco <strong>de</strong> louça do tipo faiança fina.<br />

34


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO DESTERRO<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 513003 / 8604204<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Desterro.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano e sem acesso a um porto.<br />

Artefatos. Pouco resta acima do solo nesse engenho. Um trecho <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> entre dois pilares que compõem uma<br />

única linha <strong>de</strong> colunas. Essa ruína talvez integrasse um berço da roda d’água com acionamento pela sua parte inferior.<br />

Alguns outros trechos com presença <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> tijolos lajota dispersos configuram o que estava visível no atual pasto<br />

que ro<strong>de</strong>ia o sítio. Um disco metálico com vários orifícios alinhados na borda também estava no chão.<br />

Estimativa cronológica. Século XIX<br />

Fatores Destrutivos. Vegetação, vandalismo.<br />

Fig. 9.1: Conjunto <strong>de</strong> pilares da fábrica.<br />

Fig. 9.2: Pilar e trecho <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> em ruínas.<br />

35


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

CABONHA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 513039 / 8606586<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Cabonha.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

Artefatos. Ruínas <strong>de</strong> construções em tijolos lajota e um gran<strong>de</strong> tacho <strong>de</strong> placas ferro fundido unidas por arrebites<br />

foi tudo o que pu<strong>de</strong>mos avaliar na rápida e tumultuada passagem por esse sítio.<br />

Estimativa cronológica. Sem maiores elementos que os tijolos lajota e o tacho somente po<strong>de</strong>mos indicar o século<br />

XIX.<br />

Fatores Destrutivos. O sítio já se encontra <strong>de</strong>struído, somente o solo po<strong>de</strong> conter ainda alguma informação<br />

contextual do ponto <strong>de</strong> vista arqueológico.<br />

Fig. 10.1: Alicerces <strong>de</strong> construções <strong>de</strong>saparecidas.<br />

ENGENHOCA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 514479 / 8606422<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Engenhoca.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

36


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Implantação. Interiorano, sem acesso a um porto.<br />

Artefatos. As várias linhas <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> tijolos lajota chamam a atenção do visitante, ao lado <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

chaminé construída posteriormente, pois usa tijolos <strong>de</strong> outro tipo, mais similares aos tijolos hidráulicos. Essa chaminé,<br />

seguramente <strong>de</strong> uma fornalha que atingia gran<strong>de</strong> temperatura e, por isso, mais a<strong>de</strong>quada à produção do vapor, apresenta<br />

uma secção quadrada, como aquela encontrada no engenho Central do Iguape, mas não é tão alta. Apesar <strong>de</strong>ssa suposição,<br />

não encontramos restos <strong>de</strong> maquinário a vapor. Também não localizamos o berço da roda d’água, somente ruínas pouco<br />

consistentes e que não permitiram o reconhecimento da sua anterior função. Em todo o caso, a topografia e a re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

córregos teriam permitido o uso da força hidráulica. Um poço abandonado ainda po<strong>de</strong> ser visto ao lado <strong>de</strong> baixo da<br />

oficina. Dentro dos jardins <strong>de</strong> uma das casas atuais, vêem-se alguns tachos hemisféricos <strong>de</strong> ferro em peça única e com<br />

munhões.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota situam o limite mais recente no século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vegetação, reaproveitamento <strong>de</strong> matéria prima, queimadas, erosão eólica.<br />

Fig. 11.1: Conjunto <strong>de</strong> pilares e chaminé em meio à vegetação.<br />

Fig. 11.2: Gran<strong>de</strong> chaminé inclinada e construída com tijolos diferentes.<br />

37


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO DA CRUZ<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 517345 / 8605782<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Opalma.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: ITHC.<br />

Implantação. Interiorana, sem acesso a um porto.<br />

Artefatos. Pouca coisa resta <strong>de</strong>sse engenho, pelo menos visível acima da superfície do solo. A gran<strong>de</strong> chaminé<br />

<strong>de</strong> secção circular é o elemento mais marcante e visto a distância na paisagem. Esse tipo <strong>de</strong> chaminé está associado<br />

inquestionavelmente à produção mais concentrada do açúcar, que passou a ser realizada com o emprego da maquina a<br />

vapor. Muitos são as chaminés <strong>de</strong> enorme altura espalhados pelos campos do Recôncavo, inclusive <strong>de</strong>ntro das cida<strong>de</strong>s. A<br />

maioria <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> engenhos a vapor, outros, porém, são <strong>de</strong> olarias e <strong>de</strong>ve-se tomar algum cuidado nessa i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Formando o conjunto <strong>de</strong>sse sítio, temos gran<strong>de</strong>s engrenagens <strong>de</strong> ferro e uma sólida estrutura <strong>de</strong> tijolos lajota <strong>de</strong> função<br />

não i<strong>de</strong>ntificada. Em uma anterior visita a esse sítio, em 2003, vimos as ruínas <strong>de</strong> alicerces que nos foram apontados<br />

como pertencendo a uma casa. Desta vez o mato do pasto cobria por completo tais restos <strong>de</strong> forma que não os pu<strong>de</strong>mos<br />

avaliar.<br />

Estimativa cronológica. Século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, queimadas, vegetação epífita na chaminé.<br />

Fig. 12.1: Engrenagem <strong>de</strong> ferro do maquinário.<br />

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SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO DA PRAIA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 514165 / 8601948<br />

• Localida<strong>de</strong>: Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margens da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Das tranquilas águas da baía do Iguape já é possível avistar as colunas erodidas pelo vento e que se<br />

elevam do muro <strong>de</strong> contenção do aterro sobre a maré, nesse engenho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões. São os pilares da fábrica que<br />

tem, ao seu lado direito, o cais <strong>de</strong> atracação. Ao fundo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarcar, encontramos mais pilares, o berço da roda<br />

e as pare<strong>de</strong>s externas da casa gran<strong>de</strong>, bem próximas ao engenho. O que mais se <strong>de</strong>staca, comparativamente, nesse sítio é<br />

a presença <strong>de</strong> um enorme tacho <strong>de</strong> ferro arrebitado, o maior que vimos em todos os engenhos visitados, com um diâmetro<br />

<strong>de</strong> boca superior a 2,5 metros. Como elementos da cultura material encontramos vários fragmentos <strong>de</strong> fôrmas <strong>de</strong> pão <strong>de</strong><br />

açúcar, ao longo do cais, já rompido em vários pontos pela ação da maré. Complementarmente, uns poucos fragmentos<br />

<strong>de</strong> faiança fina foram vistos mais à esquerda do conjunto <strong>de</strong> ruínas.<br />

Estimativa cronológica. Somente os tijolos lajota, o tacho arrebitado e as faianças dão uma vaga idéia cronológica<br />

referente ao século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Ação da maré, vandalismo, vegetação, erosão eólica.<br />

Fig. 13.1: Pilares e cantaria <strong>de</strong> contenção do aterro sobre a maré.<br />

39


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 13.2: Cais em cantaria mista.<br />

Fig. 13.3: Continuação do cais em cantaria.<br />

Fig. 13.4: Gran<strong>de</strong> tacho <strong>de</strong> ferro arrebitado.<br />

40


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 13.5: Caco <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> forma para o pão <strong>de</strong> açúcar.<br />

ENGENHO DA PONTE<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 514963 / 8601894<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Opalma.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Outra instalação açucareira <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte que vem per<strong>de</strong>ndo seus vestígios paulatinamente. Visitamos<br />

esse engenho no ano <strong>de</strong> 2003 e ainda vimos vários pilares das oficinas em pé. Nessa nova passagem não mais<br />

encontramos nenhum <strong>de</strong>les. Segundo relatos <strong>de</strong> moradores do povoado existente ao lado, as colunas foram <strong>de</strong>rrubadas<br />

para o aproveitamento dos tijolos lajota. Marco na paisagem, a capela em uso <strong>de</strong>sse sítio, que resiste ao tempo, po<strong>de</strong> ser<br />

vista pelos barcos que navegam pelo Iguape à gran<strong>de</strong> distância e seguramente era o melhor guia para quem procurasse<br />

o seu porto no passado. Das ruínas, temos o cais <strong>de</strong> pedras e poucos alicerces vistos acima da camada <strong>de</strong> folhas caídas.<br />

Completam o ambiente amplos montes <strong>de</strong> conchas, <strong>de</strong>rivados da coleta intensa <strong>de</strong> mariscos que é <strong>de</strong>senvolvida pela<br />

população. Os sambaquis dos grupos indígenas que no passado viveram nesse ambiente são exatamente assim, porém,<br />

muito maiores e <strong>de</strong>vem estar cobertos pelo mangue e enterrados, pois não encontramos nenhum.<br />

Estimativa cronológica. Apenas os tijolos lajota dão um limite no século XIX para esse engenho que po<strong>de</strong> ser bem<br />

mais antigo.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo, vegetação, reaproveitamento <strong>de</strong> matéria prima.<br />

41


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 14.1: Capela do engenho.<br />

Fig. 14.2: Detalhe do sino e azulejos da janela.<br />

Fig. 14.3: Cais feito por um muro <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> pedras.<br />

42


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 14.4: Acúmulo <strong>de</strong> conchas <strong>de</strong>corrente da atual mariscagem.<br />

ENGENHO CALEMBÁ<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 515844 / 8601434<br />

• Localida<strong>de</strong>: Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape com acesso direto ao porto.<br />

Artefatos. Engenho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões. Quem a ele chega pelo rio precisa entrar em um longo e estreito corredor<br />

fechado em ambos os lados pelo mangue, <strong>de</strong> tal forma que os galhos tocam as laterais da canoa. Só é possível o embarque<br />

e o <strong>de</strong>sembarque em momentos <strong>de</strong> preamar. Isso não é condicionante apenas <strong>de</strong>sse sítio, outros que visitamos também<br />

estão sujeitos a essa variação da maré. Notam-se ainda o muro <strong>de</strong> pedras <strong>de</strong> contenção para o cais, ruínas <strong>de</strong> colunas e<br />

trechos baixos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s em tijolos lajota, as escadarias e ruínas da casa gran<strong>de</strong> encobertas pelo mato, um poço circular<br />

nos mesmos tijolos e restos <strong>de</strong> tachos arrebitados. Uma família habita uma casa <strong>de</strong> taipa <strong>de</strong> mão, construída entre as<br />

colunas, provavelmente da fábrica.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota são os únicos elementos que permitem uma estimativa que o coloca no<br />

século XIX, embora nada impeça <strong>de</strong> ser mais antigo.<br />

Fatores Destrutivos. Reaproveitamento <strong>de</strong> material construtivo.<br />

43


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig. 15.1: Poço revestido <strong>de</strong> tijolos lajota, parcialmente <strong>de</strong>struído.<br />

Fig. 15.2: Pilar do antigo engenho integrado a uma habitação atual.<br />

ENGENHO CASSINUM<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 515270 / 8599112<br />

• Localida<strong>de</strong>: Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Baía do Iguape. Provavelmente com acesso direto a um porto, embora não o tenhamos localizado.<br />

Artefatos. Trata-se das ruínas <strong>de</strong> uma possível casa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> engenho, da qual não restou mais que um amontoado<br />

<strong>de</strong> tijolos lajota sobre o antigo piso. Parte do material construtivo foi retirada, pois o que está presente é muito pouco<br />

44


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

para justificar a presença das pare<strong>de</strong>s. Atualmente há uma construção ao lado <strong>de</strong>ssas ruínas e a proprietária relatou-nos<br />

<strong>de</strong>talhes daquela antiga casa, bem como o reaproveitamento das suas telhas na atual construção. Um gran<strong>de</strong> tacho <strong>de</strong><br />

ferro arrebitado está presente no local, sendo um seguro indicador da existência do engenho. Complementando esse<br />

elemento material e os relatos da proprietária, a população <strong>de</strong> Santiago do Iguape <strong>de</strong>signa esse local como ‘engenho’<br />

Cassinum. Tomando isso por seguro, está por ser i<strong>de</strong>ntificada ainda a área produtiva do engenho.<br />

Estimativa cronológica. Pelo menos recua ao século XIX, pelos tijolos lajota e pela técnica <strong>de</strong> fabricação do tacho,<br />

ou seja, placas <strong>de</strong> fero fundido unidas por arrebites.<br />

Fatores Destrutivos. Já está completamente avassalado. A ocupação atual contribui para a contínua <strong>de</strong>scaracterização<br />

do sítio.<br />

Fig: 16.1: Restos construtivos <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong>saparecida.<br />

ENGENHO CENTRAL DO IGUAPE<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 515514 / 8597788<br />

• Localida<strong>de</strong>: Santiago do Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Artefatos. A enorme chaminé é o marco fundamental <strong>de</strong>sse sítio e rivaliza com a igreja do Iguape como <strong>de</strong>staque<br />

na paisagem daquele povoado. De perfil quadrado, diferente das <strong>de</strong>mais chaminés que são facilmente notadas por todo<br />

o Recôncavo, essa estrutura é a testemunha <strong>de</strong> um engenho na sua forma mais tardia que existiu nessa região. Chaminés<br />

<strong>de</strong>sse porte e técnica construtiva estão associados à uma produção quase industrial e a uma força motriz a vapor. Tais<br />

mudanças foram responsáveis pela extinção dos outros engenhos que se transformaram em fornecedores <strong>de</strong> cana para os<br />

45


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

então mais mo<strong>de</strong>rnos e por isso mesmo chamados <strong>de</strong> Centrais.<br />

Estimativa cronológica. Século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Uma gran<strong>de</strong> rachadura em um dos lados da chaminé põe em risco a integrida<strong>de</strong> estrutural. Se<br />

nada for feito, essa rachadura irá aumentando aos poucos e causará a ruína completa da construção. O vandalismo parece<br />

ser a causa da remoção <strong>de</strong> tijolos <strong>de</strong> um dos arcos numa das faces da fornalha e dos cantos mais próximos ao chão e ao<br />

alcance das mãos.<br />

Fig: 17.1: Gran<strong>de</strong> chaminé <strong>de</strong> secção quadrada <strong>de</strong> instalação do maquinário a vapor.<br />

Fig: 17.2: Abertura para a fornalha da chaminé.<br />

46


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO VELHO<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 514352 / 8588952<br />

• Localida<strong>de</strong>: Jusante da baía do Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Entrada da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Um dos mais antigos engenhos da região, por isso seu nome, <strong>de</strong>le sobrevive a capela em perfeito estado,<br />

alvo <strong>de</strong> vários estudos, notícias e fotografias. No pórtico <strong>de</strong>ssa construção, lavrado em arenito, consta da data <strong>de</strong> 1660.<br />

Além <strong>de</strong>la, estão presentes as ruínas <strong>de</strong> uma casa com evi<strong>de</strong>ntes indícios <strong>de</strong> sucessivas alterações, como são os tipos<br />

diferentes <strong>de</strong> tijolos nela usados, começando com o mais antigo, o tijolo lajota e chegando no atual bloco cerâmico. A<br />

outra estrutura que resistiu foi o berço da roda d’água e um conjunto <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> sustentação dos telheiros da fábrica.<br />

Provavelmente, na elevação e córrego mais próximo <strong>de</strong>vem estar a barragem e o canal <strong>de</strong> condução da água. Muitos<br />

fragmentos <strong>de</strong> faiança fina e portuguesa são vistos na estreita faixa <strong>de</strong> areia em frente à capela, além <strong>de</strong> azulejos, alguns<br />

do tipo maçaroca. Todo esse conjunto parece ter sido exposto pela erosão da margem, portanto foi trazido <strong>de</strong> um pouco<br />

acima. Ainda registramos nódulos líticos com vários sinais <strong>de</strong> lascamentos. A matéria prima é boa, similar ao silexito,<br />

porém não notamos coerência nas várias retiradas, havendo, portanto, dúvidas quanto a sua origem antrópica.<br />

Estimativa cronológica. Um engenho nesse local já consta nos mapas do século XVIII, além da data da capela, <strong>de</strong><br />

1660.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, reutilização <strong>de</strong> materiais construtivos.<br />

Fig: 18.1: Capela do engenho.<br />

47


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 18.2: Detalhe da portada da capela, em<br />

pedra lavrada e com a data.<br />

Fig: 18.3: Berço da roda d’água.<br />

Fig: 18.4: Caco <strong>de</strong> azulejo do tipo maçaroca.<br />

Fig: 18.5: Caco <strong>de</strong> azulejo com motivo <strong>de</strong> renda<br />

portuguesa.<br />

ENGENHO DA SALAMINA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 514146 / 8585880<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Salamina.<br />

• Município: Maragojipe.<br />

• Registro anterior: IPAC.<br />

Implantação. Margem direita do Paraguaçu com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. A porção final do aqueduto e o berço da roda d’água <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> engenho <strong>de</strong> açúcar são bem visíveis aos<br />

navegantes do baixo Paraguaçu. São arcos muito altos que <strong>de</strong>sembocam quase <strong>de</strong>ntro da maré, imediatamente num cais<br />

em ruínas. Nesse cais existe um canhão <strong>de</strong> ferro, bastante corroído, caído ao chão; uma gran<strong>de</strong> pedra <strong>de</strong> mó, talvez usada<br />

para esmagar coquinhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê e muitos cacos <strong>de</strong> fôrmas <strong>de</strong> pão <strong>de</strong> açúcar, que confirmam a produção principal <strong>de</strong>sse<br />

sítio. Avançando pela encosta acima estão as ruínas da casa gran<strong>de</strong> e todo o trecho do canal <strong>de</strong> condução da água para o<br />

48


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

aqueduto. Por todo o sítio e particularmente no seu cais predominam fragmentos <strong>de</strong> faiança fina, <strong>de</strong> cerâmica vidrada e<br />

<strong>de</strong> cerâmica comum. Um único fragmento <strong>de</strong> faiança portuguesa foi também localizado. Uma família habita uma casa<br />

que foi construída tendo o berço da roda d’água como uma das suas pare<strong>de</strong>s laterais.<br />

Estimativa cronológica. A faiança fina aponta para o século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Vegetação, reaproveitamento do material construtivo.<br />

Fig: 19.1: Casa construída a partir da pare<strong>de</strong> lateral do berço da roda d’água.<br />

Fig: 19.2: Final do aqueduto e pare<strong>de</strong>s que<br />

suportavam a roda d’água.<br />

Fig: 19.3: Canal <strong>de</strong> condução da água sobre o<br />

aqueduto.<br />

Fig: 19.4: Cais em ruínas. Notar a pedra <strong>de</strong> mó<br />

e o canhão.<br />

Fig: 19.5: Caco <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> forma para o pão<br />

<strong>de</strong> açúcar.<br />

49


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 19.6: Ruína da Casa Gran<strong>de</strong> com abertura<br />

<strong>de</strong> porta e <strong>de</strong> janela em seteira.<br />

Fig: 19.7: Ruínas <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> do piso térreo.<br />

ENGENHO DA LAGOA<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 507085 / 8585002<br />

• Localida<strong>de</strong>: Lagoa.<br />

• Município: Maragojipe.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano, sem acesso a um porto.<br />

Artefatos. Várias estruturas estão visíveis nesse sítio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões, <strong>de</strong>ntre elas, a mais notável é o duplo<br />

alinhamento <strong>de</strong> pilares correspon<strong>de</strong>nte a fábrica, em cuja qual, num dos cantos, está presente o berço da roda d‘água.<br />

Seguindo o alinhamento do berço encontra-se o final do canal <strong>de</strong> condução e, por este, chega-se à barragem, da qual ainda<br />

existe o paredão <strong>de</strong> cantaria, com um orifício retangular na base e as ombreiras em terra. Acima da fábrica, seguindo pela<br />

encosta, existem poucos restos construtivos com sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição recente. Talvez correspondam, possivelmente, à<br />

capela. Contudo não se po<strong>de</strong> assegurar pelo pouco que foi notado. A erosão eólica é facilmente constatada, comparandose<br />

um lado das colunas completamente açoitado e com perda <strong>de</strong> massa, ao qual se opõe o outro, que ainda mantém o<br />

reboco.<br />

Estimativa cronológica. Não encontramos indicadores seguros para a datação. Os tijolos lajota são o único<br />

elemento e sabemos que foram comuns até o século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Erosão eólica, inclinação das colunas pela baixa resistência do solo, linha <strong>de</strong> transmissão<br />

elétrica que passou exatamente sobre o sítio.<br />

50


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 20.1: Conjunto <strong>de</strong> pilares da fábrica do<br />

engenho.<br />

Fig: 20.2: Pilares erodidos e inclinados.<br />

Fig: 20.3: Trecho final do aqueduto em ruínas e<br />

berço da roda d’água.<br />

Fig: 20.4: Berço da roda d‘água e pilar erodido<br />

pelo vento.<br />

Fig: 20.5: Barragem com abertura inferior para o escoamento.<br />

51


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

ENGENHO QUILOMBO<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 496949 / 8593024<br />

• Localida<strong>de</strong>: Quilombo.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano, sem acesso a um porto.<br />

Artefatos. Engenho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões com várias estruturas remanescentes. Destaque para a estrutura <strong>de</strong><br />

barramento que criou um gran<strong>de</strong> lago, o berço da roda d’água, o canal <strong>de</strong> condução, os pilares da fábrica, tachos <strong>de</strong><br />

ferro arrebitado, fragmentos <strong>de</strong> fôrmas <strong>de</strong> pão <strong>de</strong> açúcar. Um pouco mais afastado, uma estrutura que nos foi <strong>de</strong>scrita<br />

como um forno e que po<strong>de</strong> ter sido uma olaria. Aparentemente, existem mais estruturas, contudo o mato e a vegetação<br />

herbácea cobriam quase tudo. Segundo a pessoa que nos mostrou o sítio e resi<strong>de</strong> local, em criança ele brincava na roda<br />

d’água já <strong>de</strong>sativada, mas ainda encaixada no seu <strong>de</strong>vido local. Esse senhor também lamentou que muitas coisas foram<br />

levadas dali por estranhos.<br />

Estimativa cronológica. Apenas os tijolos lajota foram i<strong>de</strong>ntificados como marcadores, o que nos dá o limite do<br />

final do século XIX, embora isso seja bastante impreciso.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono. Saque. Reaproveitamento do material construtivo.<br />

Fig: 21.1: Face interna <strong>de</strong> uma das pare<strong>de</strong>s do<br />

berço da roda d’água.<br />

Fig: 21.2: Restos do canal da abertura inferior<br />

da barragem <strong>de</strong>saparecida.<br />

52


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 21.3: Maciça estrutura <strong>de</strong> tijolos lajota que<br />

compunha a barragem.<br />

Fig: 21.4: Restos <strong>de</strong> um tacho <strong>de</strong> ferro<br />

arrebitado.<br />

Fig: 21.5: Caco <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> forma para o pão <strong>de</strong> açúcar com linha incisa.<br />

Implantação. Interiorano, sem acesso a um porto.<br />

ENGENHO SÃO JOÃO<br />

• Tipo: Histórico / Engenho <strong>de</strong> Açúcar.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 494760 / 8595726<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda São João.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Artefatos. Relativamente pouca coisa resta <strong>de</strong>sse engenho. Vimos os restos do berço da roda d’água, um trecho bem<br />

<strong>de</strong>scaracterizado do canal <strong>de</strong> condução da água, a barragem, também muito transformada. Chama a atenção o maquinário<br />

em ferro fundido abandonado no local. São as engrenagens e o conjunto <strong>de</strong> três cilindros horizontais <strong>de</strong>stinados ao<br />

esmagamento e moagem da cana. Apesar <strong>de</strong> não notarmos elementos mecânicos que nos permitissem <strong>de</strong>duzir a presença<br />

da cal<strong>de</strong>ira a vapor como força motriz das engrenagens, é justo supor que à tradicional roda <strong>de</strong> força hidráulica foi<br />

mantida e a ela acoplada a moenda metálica. Acima, subindo a encosta existe o edifício <strong>de</strong> uma se<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazenda, muito<br />

provavelmente contemporânea ao funcionamento do engenho, porém, com algumas transformações. A cobertura <strong>de</strong><br />

53


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

pasto para o gado não nos <strong>de</strong>ixou notar mais nenhum tipo <strong>de</strong> artefato ou vestígio.<br />

Estimativa cronológica. O maquinário em ferro do engenho é do século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono. Queimadas.<br />

Fig: 22.1: Casa nas imediações das ruínas do<br />

engenho.<br />

Fig: 22.2: Face interna das pare<strong>de</strong>s do berço da<br />

roda d’água.<br />

Fig: 22.3: Moenda metálica para esmagar a<br />

cana.<br />

Fig: 22.4: Engrenagens metálicas da moenda<br />

caídas no berço da roda d’água.<br />

Implantação. Interiorano.<br />

CEMITÉRIO DOS ALEMÃES<br />

• Tipo: Histórico / Cemitério.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503751 / 8607420<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> um cemitério murado, com alguns túmulos em alvenaria e outros <strong>de</strong>marcados apenas com<br />

lápi<strong>de</strong>s, todos bastante danificados. Quatro colunas em ferro fundido serviram, no passado, para sustentar algum tipo <strong>de</strong><br />

54


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

cobertura hoje <strong>de</strong>saparecida. A entrada é dotada <strong>de</strong> um pórtico <strong>de</strong> envasadura ogival fechada por um gradil em serralheria<br />

<strong>de</strong> ferro <strong>de</strong> duas folhas. No topo do gradil está indicada a data <strong>de</strong> 1881. Todo o interior do cemitério está tomado pelo<br />

mato e completamente abandonado.<br />

Estimativa cronológica. Data no portão: 1881.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, abandono.<br />

Fig: 23.1: Gradil com data (1881) que compõe o portão.<br />

CEMITÉRIO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO<br />

• Tipo: Histórico / Igreja e cemitério.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503721 / 8607240<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

Artefatos. Cemitério murado com capela ao centro, cuja fachada apresenta um brasão acima da porta. Alguns<br />

túmulos isolados se distribuem esparsamente no terreno e ao lado direito da capela há um gran<strong>de</strong> bloco <strong>de</strong> carneiras em<br />

três níveis sobrepostos. O gradil do portão <strong>de</strong> entrada em duas folhas, sustentado por dois gran<strong>de</strong>s pilares <strong>de</strong> alvenaria,<br />

ostenta a data <strong>de</strong> 1898.<br />

Estimativa cronológica. Data presente no portão: 1898.<br />

55


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo.<br />

Fig: 24.1: Muro, portão e gradil datado (1898).<br />

Fig: 24.2: Bloco <strong>de</strong> carneiras e tumulo isolado.<br />

SANTUÁRIO DE BELÉM<br />

• Tipo: Histórico / Igreja.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 506250 / 8612188<br />

• Localida<strong>de</strong>: Belém <strong>de</strong> Cachoeira.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Interiorano.<br />

Artefatos. Sítio em uso e elevado a categoria <strong>de</strong> santuário católico que mostra em todo o seu adro vestígios e<br />

artefatos <strong>de</strong> interesse. Faiança fina, cerâmica comum e vidrada estão presentes ao longo da rua e da praça. No terreno<br />

atrás da igreja são vistos sinais <strong>de</strong> enterramentos, tais como alças <strong>de</strong> caixões e pequenos fragmentos ósseos humanos.<br />

O templo era parte integrante do Colégio Jesuítico que existiu e do qual <strong>de</strong>vem restar os alicerces sob as casas atuais e<br />

por trás <strong>de</strong>las.<br />

Estimativa cronológica. Século XVII. Consta a data <strong>de</strong> 1686 no frontão da capela.<br />

Fatores Destrutivos. Quanto à capela, <strong>de</strong>ve-se atentar para a sua manutenção. Sobre o terreno circunvizinho,<br />

intervenções e escavações <strong>de</strong>scontroladas no solo, tais como as necessárias para a instalação dos serviços públicos <strong>de</strong><br />

água e esgotos estão <strong>de</strong>struindo a estratigrafia arqueológica.<br />

Fig: 25.1: Vista posterior da capela.<br />

56


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 25.2: Detalhe da pintura do forro da sacristia.<br />

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO<br />

• Tipo: Histórico / Igreja.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 506671 / 8594882<br />

• Localida<strong>de</strong>: Coqueiros.<br />

• Município: Maragojipe.<br />

• Registro anterior: IPAC.<br />

Implantação. Margem direita do Paraguaçu, no topo <strong>de</strong> uma elevação com gran<strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> sobre o vale.<br />

Artefatos. Tratam-se das ruínas <strong>de</strong> uma capela da qual apenas restam as pare<strong>de</strong>s externas em cantaria mista, com<br />

predomínio do tijolo lajota. A parte <strong>de</strong> trás apresenta-se bem mais arruinada, com gran<strong>de</strong>s trechos das pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sabadas.<br />

A lateral esquerda <strong>de</strong> quem a olha <strong>de</strong> frente está bem mais arruinada que a sua lateral direita, que mantém, inclusive,<br />

gran<strong>de</strong> parte do reboco externo. Internamente apresenta escavações <strong>de</strong> caçadores <strong>de</strong> tesouros. Segundo nos contou o guia<br />

que resi<strong>de</strong> na comunida<strong>de</strong> ao sopé do outeiro, havia uma imagem no nicho do frontão que foi levada há alguns anos por<br />

pessoas <strong>de</strong> fora.<br />

Estimativa cronológica. Século XVIII.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, erosão eólica, vegetação.<br />

Fig: 26.1: Ruína da capela vista em ligeira perspectiva.<br />

57


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 26.2: Fachada vista a partir da nave.<br />

Fig: 26.3: Vista da lateral mais arruinada.<br />

CAPELA DO DESTERRO<br />

• Tipo: Histórico / Igreja.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 513093 / 8604338<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Desterro.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano.<br />

Artefatos. Possivelmente está associada ao engenho do Desterro, po<strong>de</strong>ndo ser a sua capela ou, pelas dimensões,<br />

a capela da comunida<strong>de</strong> local. Trata-se das ruínas <strong>de</strong> uma igreja <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões com as pare<strong>de</strong>s externas quase<br />

completas. Apenas o vão da porta <strong>de</strong> entrada apresenta-se parcialmente <strong>de</strong>struído no umbral esquerdo. Outros vãos<br />

também se mostram parcialmente afetados. Um dos lados está bastante assolado pela erosão eólica. Por fim, <strong>de</strong>ntro<br />

da igreja, notamos os buracos dos caçadores <strong>de</strong> tesouros, que reviraram o solo na ilusão <strong>de</strong> encontrar algo valioso<br />

economicamente. A cantaria é mista, mas com o predomino <strong>de</strong> tijolos lajota. Alguns elementos, poucos, são lavrados em<br />

arenito, por exemplo, as bases dos ângulos da fachada.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota colocam um limite recente no século XIX, sem impedimentos para ser<br />

mais antiga.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, erosão eólica.<br />

58


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 27.1: Ruína da fachada da igreja vista em perspectiva.<br />

Fig: 27.2: Lateral mais afetada pela erosão<br />

eólica.<br />

Fig: 27.3: Peça da base da fachada entalhada<br />

em arenito <strong>de</strong> praia.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

CAPELA DE SÃO JOÃO BATISTA<br />

• Tipo: Histórico / Igreja.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 519139 / 8605058<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Opalma.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Artefatos. Capela que pertenceu a um antigo engenho <strong>de</strong> açúcar, chamado Acutinga. Ainda conserva sua estrutura,<br />

sua cobertura e está em condições <strong>de</strong> uso. Requer cuidados maiores, embora bastante simples, para que se evite a sua<br />

ruína.<br />

59


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Estimativa cronológica. Século XVIII.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo, vegetação.<br />

Fig: 28.1: Fachada e ligeira perspectiva da capela e do seu adro.<br />

IGREJA DO IGUAPE<br />

• Tipo: Histórico / Igreja.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 515240 / 8597784<br />

• Localida<strong>de</strong>: São Tiago do Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape, com acesso direto a um cais.<br />

Artefatos. Marco notável na paisagem da baía e visível <strong>de</strong> vários pontos <strong>de</strong> mar e <strong>de</strong> terra, a igreja do Iguape tem<br />

gran<strong>de</strong>s dimensões e serve à comunida<strong>de</strong> local. No seu adro são visíveis restos ósseos humanos <strong>de</strong> um possível antigo<br />

cemitério e que hoje está sendo lentamente erodido pelo <strong>de</strong>clive do terreno. Fragmentos <strong>de</strong> faianças finas, azulejos,<br />

cerâmica comum e vidrada também se apresentam no solo que está repleto <strong>de</strong> conchas <strong>de</strong> mariscos.<br />

Estimativa cronológica. Século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo.<br />

Fig: 29.1: Fachada da igreja.<br />

Fig: 29.2: Caco <strong>de</strong> azulejo do tipo maçaroca.<br />

60


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DO PARAGUAÇU<br />

• Tipo: Histórico / Igreja.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 513747 / 8591290<br />

• Localida<strong>de</strong>: São Francisco do Paraguaçu.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Esse magnífico complexo <strong>de</strong> edifícios integrados, dotados <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> capela, um adro e um cruzeiro,<br />

além do claustro e quintal murado se configura como um notável marco da paisagem, servindo <strong>de</strong> referência aos<br />

navegantes <strong>de</strong> mar e viajantes <strong>de</strong> terra. A partir da fachada da igreja o adro se conforma em vários níveis interligados por<br />

escadarias que terminam no cais <strong>de</strong> atracação do convento. Alguns fragmentos <strong>de</strong> azulejos po<strong>de</strong>m ser vistos pelo chão,<br />

além <strong>de</strong> alguns outros <strong>de</strong> cerâmica vermelha e vidrada. O local é muito frequentado tanto pela população local, como por<br />

visitantes que vem por terra e pela baía.<br />

Estimativa cronológica. Século XVII. Data na portada: 1686.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, abandono.<br />

Fig: 30.1: Fachada e escadarias do adro do convento.<br />

61


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 30.2: Fachada e arcadas laterais da igreja.<br />

Fig: 30.3: Escadarias, muro e cruzeiro do adro.<br />

CAPIANGA<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 509154 / 8615710<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Capianga.<br />

• Município: Conceição <strong>de</strong> Feira.<br />

• Registro anterior: IPAC.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

Artefatos. Residência rural <strong>de</strong> porte consi<strong>de</strong>rável ainda em uso, dotada <strong>de</strong> varanda, sustentada por pilares<br />

originalmente em ma<strong>de</strong>ira, mas que estão sendo substituídos paulatinamente por alvenaria. Possui cobertura em quatro<br />

águas e janelas com envasadura bastante alta. No quintal encontramos as ruínas <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong> farinha em tijolos <strong>de</strong><br />

adobe. O parafuso da prensa foi aproveitado como viga no banheiro externo e outras partes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira da prensa são<br />

vistas espalhadas no terreiro.<br />

Estimativa cronológica. Século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Perda do uso e abandono.<br />

62


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 31.1: Ruínas <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong> farinha ao lado da residência.<br />

Fig: 31.2: Peca em ma<strong>de</strong>ira da prensa da casa <strong>de</strong> farinha.<br />

CAQUENDE<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 504736 / 8606396<br />

• Localida<strong>de</strong>: Caquen<strong>de</strong>.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Área urbana.<br />

Artefatos. Ruínas <strong>de</strong> uma residência construída em tijolos lajota, situada no vale do riacho Caquen<strong>de</strong>, relativamente<br />

afastada do núcleo urbano <strong>de</strong> Cachoeira. Tivemos pouco acesso a esse sítio, tendo em vista a sua implantação, à vegetação<br />

que lhe cobria e ao contexto atual do ambiente. Atrás <strong>de</strong>ssa casa e se esten<strong>de</strong>ndo por um gran<strong>de</strong> trecho da encosta existe<br />

um canal <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> água que, possivelmente, está associado a algum maquinário hidráulico hoje <strong>de</strong>saparecido.<br />

Estimativa cronológica. Sem maiores elementos não po<strong>de</strong>mos atribuir o sítio a um período.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vegetação, vandalismo, reaproveitamento do material construtivo.<br />

63


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 32.1: Ruínas da residência.<br />

CAPOEIRUÇU<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503560 / 8608526<br />

• Localida<strong>de</strong>: Estrada para o Capoeiruçu.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

Artefatos. Desse sítio apenas restam as escadarias <strong>de</strong> acesso e uma estrutura construtiva em cantaria, correspon<strong>de</strong>ntes<br />

aos alicerces da habitação. Além <strong>de</strong>sses elementos, uma outra estrutura similar a um muro <strong>de</strong>senvolve-se na lateral.<br />

Estimativa cronológica. Sem estimativa.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, queimadas.<br />

64


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 33.1: Escada da porta <strong>de</strong> entrada e alicerces da residência <strong>de</strong>saparecida.<br />

CHALÉ DOS GUINLE<br />

• Tipo: Histórico / Residência urbana.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503134 / 8606490<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: IPAC, ITHC.<br />

Implantação. Topo <strong>de</strong> um outeiro em área urbana.<br />

Artefatos. Construção <strong>de</strong> notável <strong>de</strong>staque, tanto pela técnica como pelo partido arquitetônico e pela sua inserção<br />

na paisagem. Atualmente encontra-se em franca ruína, tendo já perdido gran<strong>de</strong> parte da sua cobertura, o que irá acelerar<br />

a sua <strong>de</strong>struição, caso não seja remediada. Naquela construção aconteceu a primeira tentativa <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> um<br />

núcleo <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> nível superior na região, por iniciativa <strong>de</strong> George Agostinho.<br />

Estimativa cronológica. Século XX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, falta <strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong> recuperação da cobertura e reparos gerais.<br />

65


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 34.1: Vista posterior do chalé.<br />

Fig: 34.2: Vista da fachada principal.<br />

BEIJA FLOR<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 506342 / 8598320<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Beija Flor.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem direita do rio Paraguaçu com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> um aterro contido por um muro em cantaria que sobe diretamente da linha d’água do rio.<br />

Sobre esse muro um conjunto <strong>de</strong> pilares em alvenaria mista <strong>de</strong>marca o piso da casa e, indicando a sua entrada, existe uma<br />

escadaria. A presença <strong>de</strong> cimento e <strong>de</strong> tijolos <strong>de</strong> outro tipo que não o tijolo lajota mostra uma manutenção na ocupação<br />

da residência até meados do século XX.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota permitem supor o século XIX e o cimento uma continuida<strong>de</strong> até o século<br />

XX.<br />

66


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fatores Destrutivos. Erosão eólica.<br />

Fig: 35.1: Pilares, aterro e escada <strong>de</strong> acesso à residência.<br />

CASA DO RIO<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 508109 / 8593456<br />

• Localida<strong>de</strong>: Rio Paraguaçu.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu, com acesso direto a um cais.<br />

Artefatos. Uma casa abandonada e em inicio <strong>de</strong> ruína, situada próxima a foz <strong>de</strong> um córrego, cuja margem esquerda<br />

apresenta um paredão <strong>de</strong> pedras que configura um cais. Sobre essa margem do córrego há um curral aparentemente em<br />

uso.<br />

Estimativa cronológica. Os elementos vistos situam-se no século XX.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, abandono, reaproveitamento do material construtivo.<br />

67


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 36.1: Cais <strong>de</strong> pedra na foz do córrego com o Paraguaçu.<br />

CASA 1 GUAÍBA<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 510623 / 8599040<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Guaíba.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

Artefatos. Ruínas <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> se<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazenda, situada na escarpa da falésia da baía do Iguape, por essa razão<br />

tem um vista privilegiada <strong>de</strong>ssa parte da baía. Os alicerces da residência apresentam tijolos lajota, porém, as pare<strong>de</strong>s<br />

parecem ser <strong>de</strong> tijolos hidráulicos. Muitos <strong>de</strong>les têm a marca VICTORIA impressa. O reboco <strong>de</strong> uma das escadas e outras<br />

partes menores mostram o uso <strong>de</strong> cimento. Um único fragmento <strong>de</strong> grés também foi encontrado.<br />

Estimativa cronológica. Século XX, a partir dos elementos vistos.<br />

Fatores Destrutivos. Reaproveitamento dos materiais construtivos, embora a casa já esteja totalmente arruinada.<br />

68


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 37.1: Vista a partir da residência <strong>de</strong>saparecida.<br />

Fig: 37.2: Alicerce e aterro da residência <strong>de</strong>saparecida.<br />

CASA 2 GUAÍBA<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 510937 / 8599268<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Guaíba.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Meia encosta.<br />

Artefatos. Pequena residência rural situado no caminho <strong>de</strong> terra que <strong>de</strong>sce para o Engenho Guaíba, da qual apenas<br />

resta o aterro contido por um muro <strong>de</strong> pedras que lhe servia <strong>de</strong> alicerce. A escada é revestida com cimento e um fragmento<br />

<strong>de</strong> faiança fina inglesa estava em superfície. Ao lado <strong>de</strong>ssa casa, escorrendo pela encosta, muitas cascas <strong>de</strong> ostras são<br />

visíveis.<br />

Estimativa cronológica. Apenas a faiança fina indica o século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Reaproveitamento <strong>de</strong> material construtivo.<br />

69


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 38.1: Alicerce, aterro e <strong>de</strong>graus da residência <strong>de</strong>saparecida.<br />

BURACO<br />

• Tipo: Histórico / Residência rural.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 506790 / 8597826<br />

• Localida<strong>de</strong>: Vitória.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu, com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. O nosso guia e barqueiro assegurou-nos que no local há um engenho conhecido como engenho do<br />

Buraco. Todavia, como não encontramos ninguém e uma placa informava sobre a presença <strong>de</strong> cães não nos arvoramos em<br />

a<strong>de</strong>ntrar o terreno. O que vimos resume-se a uma estrutura <strong>de</strong> cantaria recente, sem função conhecida, situada na margem<br />

do rio, assemelhando-se a um gran<strong>de</strong> paredão <strong>de</strong> contenção. Além disso, há também uma residência aparentemente em<br />

uso, mas sem ninguém.<br />

Estimativa cronológica. Segunda meta<strong>de</strong> do século XX<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo.<br />

70


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 39.1: Restos do cais.<br />

OLARIA DO JORGE<br />

• Tipo: Histórico / Olaria<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 506814 / 8596650<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Tuazeiro.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu, com acesso direto a um porto.<br />

Artefatos. Sítio composto por várias estruturas, tais como dois cais, um aparentemente mais recente e outro bem<br />

mais antigo. Nesse último está implantado um forno <strong>de</strong> olaria <strong>de</strong>sativado. Além do forno, há uma residência simples,<br />

também em uso atual, mas sem ninguém momento. Pouco mais a frente existem as ruínas <strong>de</strong> outra residência e uma<br />

barcaça para a secagem <strong>de</strong> cacau. Subindo a pequena elevação atrás <strong>de</strong>ssa instalação encontramos as ruínas <strong>de</strong> um<br />

cruzeiro. Além <strong>de</strong>ssas estruturas localizamos um fragmento <strong>de</strong> borda cerâmica grosseira cujo formato e espessura remete<br />

a uma borda <strong>de</strong> prato assador usado em antigas casas <strong>de</strong> farinha.<br />

Estimativa cronológica. O conjunto é bastante heterogêneo e, aparentemente, foram sendo construído em épocas<br />

diferentes, contudo, po<strong>de</strong> ser que sejam todos do século XX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo.<br />

71


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 40.1: Cais em ruína e forno da olaria.<br />

Fig: 40.2: Bocas do forno da olaria.<br />

Fig: 40.3: Barcaça <strong>de</strong> secagem do cacau.<br />

Fig: 40.4: Cruzeiro.<br />

Fig: 40.5: Caco cerâmico <strong>de</strong> um possível prato assador <strong>de</strong> antiga casa <strong>de</strong> farinha.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu.<br />

CAIEIRA<br />

• Tipo: Histórico / Cais.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 504231 / 8606178<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> um cais <strong>de</strong> pedra sobre o qual, segundo informações, havia um forno para a produção <strong>de</strong><br />

cal. Presumivelmente, outras estruturas existem sobre esse aterro cercado pelo cais, porém a cobertura vegetal e o lixo<br />

não nos <strong>de</strong>ixaram verificar. Embora haja muitas controvérsias, obtivemos a informação <strong>de</strong> que o canhão rachado que se<br />

72


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

encontra em frente da Casa <strong>de</strong> Câmara e Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Cachoeira foi retirado das águas do rio em um ponto perante a Caieira.<br />

Estimativa cronológica. Sem estimativas.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo.<br />

Fig: 41.1: Parapeito <strong>de</strong> cantaria no cais.<br />

CAIS DA PONTE<br />

• Tipo: Histórico / Cais.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503535 / 8606846<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem esquerda do Paraguaçu, sob a ponte Pedro II.<br />

Artefatos. Talvez se trate <strong>de</strong> um antigo cais que existiu naquele local, ou então, dos restos <strong>de</strong> uma antiga tentativa<br />

<strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma ponte anterior a atual. Outra possibilida<strong>de</strong> é que esse alinhamento <strong>de</strong> pedras, algumas aparelhadas,<br />

tenha certa relação com a construção da ponte Pedro II.<br />

Estimativa cronológica. Sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estimativa.<br />

Fatores Destrutivos. Reaproveitamento das pedras.<br />

73


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 42.1: Pedras alinhadas expostas na maré vazante, sob a ponte Pedro II.<br />

CAIS<br />

• Tipo: Histórico / Cais.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 508419 / 8593012<br />

• Localida<strong>de</strong>: Rio Paraguaçu.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Margem esquerda do rio Paraguaçu<br />

Artefatos. Sítio composto por um muro <strong>de</strong> pedras cortadas para a contenção <strong>de</strong> um aterro que avança para <strong>de</strong>ntro<br />

do rio. Tem a forma retangular e mostra cimento em sua estrutura. Sobre esse aterro existem os restos <strong>de</strong> uma pequena<br />

estrutura <strong>de</strong> tijolos aparentemente hidráulicos sem função i<strong>de</strong>ntificada, talvez um forno <strong>de</strong> olaria.<br />

Estimativa cronológica. O cimento, o corte das pedras e o tipo <strong>de</strong> tijolos apontam para o século XX.<br />

Fatores Destrutivos. Reaproveitamento da matéria prima.<br />

74


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 43.1: Cais <strong>de</strong> pedras cortadas.<br />

Fig: 43.2: Estrutura <strong>de</strong> tijolos sobre o aterro contido pelo cais, talvez um forno <strong>de</strong> olaria.<br />

PONTE DE BELÉM<br />

• Tipo: Histórico / Ponte.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 507405 / 8612847<br />

• Localida<strong>de</strong>: Tupim, Belém.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano.<br />

Artefatos. Ponte em arco único pleno em pedras, tijolos-lajota e argamassa <strong>de</strong> cal. Na sua superfície <strong>de</strong> rodagem<br />

e nos parapeitos laterais foi aplicado um pouco <strong>de</strong> cimento do qual restam apenas poucos vestígios. A sua largura é<br />

pequena, <strong>de</strong> modo que só permite a passagem <strong>de</strong> um veículo por vez. Por isso mesmo, caminhões maiores eventualmente<br />

raspam a parte interna dos seus parapeitos nas laterais.<br />

Estimativa cronológica. Pela técnica construtiva é possível apenas afirmar que ela é anterior ao século XX.<br />

75


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fatores Destrutivos. Trânsito <strong>de</strong> veículos muito largos compromete a superestrutura, embora a sua infraestrutura<br />

pareça bastante resistente. A erosão fluvial removeu muitos tijolos na base do arco, o que po<strong>de</strong> levar a sua ruína se a perda<br />

dos tijolos não for contida a tempo.<br />

Fig: 44.1: Final do arco pleno da ponte com vários tijolos lajota arrancados pela erosão.<br />

MURO<br />

• Tipo: Histórico / Muro.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503529 / 8606050<br />

• Localida<strong>de</strong>: Área urbana.<br />

• Município: São Félix.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorana.<br />

Artefatos. Um longo muro dotado <strong>de</strong> um portão num dos seus extremos. Construção <strong>de</strong> cantaria com poucas e<br />

<strong>de</strong>scontínuas fieiras retificadoras <strong>de</strong> tijolos lajota. Situa-se na parte elevada da cida<strong>de</strong> e, segundo relatos, era bem mais<br />

extenso que na atualida<strong>de</strong>.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota sugerem um limite mais recente para o século XIX, embora nada impeça<br />

<strong>de</strong> ser mais antigo.<br />

76


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fatores Destrutivos. Demolição por crescimento urbano. Reaproveitamento da matéria prima.<br />

Fig: 45.1: Vista do portão <strong>de</strong> entrada do muro.<br />

PORTAL<br />

• Tipo: Histórico / Fazenda.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 503450 / 8610106<br />

• Localida<strong>de</strong>: Capoeiruçu.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> um portal <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> uma suposta fazenda que atualmente se encontra na lateral da estrada<br />

que liga a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cachoeira ao distrito do Capoeiruçu. Não tivemos acesso ao terreno no seu interior, portanto,<br />

somente po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>screver esse dito portal. São estruturas laterais construídas com tijolos-lajota que sustentam um<br />

gran<strong>de</strong> portão <strong>de</strong> ferro, obra <strong>de</strong> serralheria, na qual se po<strong>de</strong> ler a data <strong>de</strong> 1891. Sobre um dos pilares que suportam as<br />

duas folhas do gradil resta uma estátua zoomorfa em postura sentada. Com está sem a cabeça é impossível dizer se é um<br />

cachorro ou mesmo um leão.<br />

77


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Estimativa cronológica. Data <strong>de</strong> 1891.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vegetação crescendo sobre as estruturas e vandalismo.<br />

Fig. 46.1: Detalhe da data <strong>de</strong> 1891 no gradil <strong>de</strong> ferro.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape.<br />

ILHA DO CAPIM<br />

• Tipo: Histórico / Cruzeiro e poço.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 513510 / 8593842<br />

• Localida<strong>de</strong>: Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Artefatos. Um conjunto muito disperso <strong>de</strong> poucos vestígios construtivos é notado nessa área chamada pelos<br />

moradores das cercanias <strong>de</strong> ‘ilha’ do Capim. Os principais elementos vistos foram a base <strong>de</strong> um cruzeiro em alvenaria <strong>de</strong><br />

tijolos lajota, no topo da colina, na face voltada para as águas da baía e um poço escavado quase na linha da maré, mais<br />

abaixo do cruzeiro, também aparelhado com tijolos lajota. Além <strong>de</strong>sses vestígios outros pontos com restos <strong>de</strong> construção<br />

e muitos fragmentos <strong>de</strong> faianças finas e cerâmicas foram notados. Alguns pesos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> com formato oval e feitos em<br />

cerâmica vermelha <strong>de</strong> pasta grosseira foram localizados. Como o notado no Engenho Velho, na linha <strong>de</strong> maré <strong>de</strong>sse sítio<br />

78


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

estão presentes muitos nódulos líticos com vários sinais <strong>de</strong> lascamentos. A matéria prima é boa, similar ao silexito, porém<br />

não notamos coerência nas várias retiradas, havendo, portanto, dúvidas quanto a sua origem antrópica.<br />

Estimativa cronológica. Os tijolos lajota apenas permitem supor um teto da ocupação no século XIX.<br />

Fatores Destrutivos. Abandono, vandalismo, vegetação.<br />

Fig: 47.1: Guarnição em tijolos lajota do poço escavado entre as rochas do solo.<br />

Fig: 47.2: Peso <strong>de</strong> re<strong>de</strong> em cerâmica grosseira com o olhal quebrado.<br />

79


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

BARRAGEM<br />

• Tipo: Histórico / Barragem.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 515709 / 8597316<br />

• Localida<strong>de</strong>: São Tiago do Iguape.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Área urbana<br />

Artefatos. Na sugestiva ‘rua do Taque’ são vistos os restos <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> barramento das águas para a<br />

formação <strong>de</strong> um reservatório. Tem o traçado em arco, feição bastante sólida e alta, foi construída em cantaria com<br />

acabamento em cimento.<br />

Estimativa cronológica. Sem maiores dados somente po<strong>de</strong>mos pensar em finais do século XIX e início do XX.<br />

Fatores Destrutivos. Uma parte <strong>de</strong>ssa barragem foi <strong>de</strong>struída para a passagem da rua. Vandalismo.<br />

Fig: 48.1: Face interna da barragem com embrechamento.<br />

FORTE SALAMINA<br />

• Tipo: Histórico / Forte.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 515120 / 8585174<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Salamina.<br />

• Município: Maragojipe.<br />

• Registro anterior: IPAC.<br />

Implantação. Margem direita do rio Paraguaçu.<br />

Artefatos. Bateria <strong>de</strong>fensiva da entrada da baía do Iguape, também conhecido como forte Salamina, foi construído<br />

80


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

para impedir os saques aos engenhos da região e <strong>de</strong> Cachoeira. A parte <strong>de</strong> jusante do parapeito já <strong>de</strong>sapareceu, levando<br />

consigo uma das guaritas. Na cortina frontal os parapeitos sem ameias e as duas guaritas nos ângulos salientes estão em<br />

bom estado. Uma peça <strong>de</strong> artilharia em ferro está cimentada sobre esse parapeito frontal. Na praça <strong>de</strong> armas frondosas<br />

mangueiras lançam as suas sombras que são aproveitadas por pescadores nas suas ativida<strong>de</strong>s e no seu <strong>de</strong>scanso. Um<br />

pouco atrás há um conjunto <strong>de</strong> edificações do século XX, em ruínas, que são chamadas <strong>de</strong> Salga<strong>de</strong>ira. Existem algumas<br />

casas e famílias residindo no local. Conforme informação dos pescadores, em frente ao forte existe o que chamam <strong>de</strong><br />

‘pega <strong>de</strong> re<strong>de</strong>’, ou seja, algo em que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca se enroscam e que, segundo alguns arqueólogos subaquáticos,<br />

po<strong>de</strong> ser um possível naufrágio.<br />

Estimativa cronológica. Século XVIII.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo.<br />

Fig: 49.1: Vista frontal do forte Salamina.<br />

Fig: 49.2: Canhão <strong>de</strong> ferro sobre a cortina.<br />

Implantação. Margem da baía do Iguape.<br />

FERREIRO<br />

• Tipo: Histórico / Praia.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 512571 / 8587528<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Salamina.<br />

• Município: Maragojipe.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> uma pequena praia on<strong>de</strong> aportam as canoas e que dá acesso às moradas existentes nessa<br />

região. Nas areias são encontrados pesos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> em cerâmica grosseira, faianças finas e portuguesas, cerâmica <strong>de</strong> torno<br />

e roletada. Ao que tudo indica e segundo relatos dos pescadores, tais vestígios são trazidos para a superfície pelas re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> arrasto, assim sendo, esse é um sítio <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição secundária.<br />

81


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Estimativa cronológica. Sem elementos para a datação.<br />

Fatores Destrutivos. Arraste pela maré.<br />

Fig: 50.1: Peso <strong>de</strong> re<strong>de</strong> em cerâmica grosseira<br />

com o olhal quebrado.<br />

Fig: 50.2: Dois gran<strong>de</strong>s fragmentos <strong>de</strong> cerâmica<br />

<strong>de</strong> torno pertencentes a um pote.<br />

Fig: 50.3: Fragmento <strong>de</strong> cerâmica roletada.<br />

Fig: 50.4: Fragmento <strong>de</strong> louça do tipo faiança<br />

portuguesa <strong>de</strong> uma tigela.<br />

Fig: 50.5: Fragmento <strong>de</strong> louça do tipo faiança<br />

portuguesa <strong>de</strong> uma tigela.<br />

Fig: 50.6: Fragmento <strong>de</strong> uma xícara <strong>de</strong> faiança<br />

fina inglesa.<br />

82


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

GRUTA DA SALAMINA<br />

• Tipo: Rupestre / Gruta.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 514062 / 8585494<br />

• Localida<strong>de</strong>: Fazenda Salamina.<br />

• Município: Maragojipe.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Meia encosta.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> um abrigo natural <strong>de</strong>ntro do qual cai um córrego por meio <strong>de</strong> um pequeno furo que a água<br />

abriu no teto há, relativamente, pouco tempo. Quando o visitamos não havia água corrente, mas a moradora local que nos<br />

guiou disse que na maior parte do ano há água. Esse córrego foi usado para mover a moenda do Engenho da Salamina.<br />

O que nos chamou a atenção nesse abrigo foram os blocos <strong>de</strong> arenito friável com gravuras feitas por incisões e por<br />

picoteamento. Aparentemente, a temática não remete a grupos indígenas e algumas incisões parecem ser bem recentes.<br />

Por isso mesmo é mais seguro atribuí-las aos escravos do engenho ou mesmo a outros moradores <strong>de</strong> períodos posteriores.<br />

Em todo o caso, são gravuras rupestres e pelo menos duas <strong>de</strong>las retratam traços sumários <strong>de</strong> rostos. Além disso, o abrigo<br />

tem alguns nomes pichados com carvão e fragmentos <strong>de</strong> cerâmica <strong>de</strong> torno. A torrente <strong>de</strong> água que cai do teto revolveu o<br />

sedimento e escavou um gran<strong>de</strong> ‘cal<strong>de</strong>irão’ no piso. Entretanto, o abrigo guarda vários outros trechos com a estratigrafia<br />

preservada.<br />

Estimativa cronológica. Século XVIII em diante.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, erosão fluvial.<br />

Fig: 51.1: Espaço interno da gruta com furo no<br />

teto por on<strong>de</strong> cai a água.<br />

Fig: 51.2: Bloco <strong>de</strong> arenito friável com linhas<br />

incisas e picoteadas.<br />

83


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fig: 51.3: Detalhe das incisões no bloco <strong>de</strong><br />

arenito.<br />

Fig: 51.4: Outro bloco <strong>de</strong> arenito friável com<br />

incisões formando um rosto estilizado.<br />

MIUDINHA<br />

• Tipo: Indígena / Al<strong>de</strong>ia Tupi.<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 500645 / 8598908<br />

• Localida<strong>de</strong>: Miudinha, Fazenda Santo Antônio.<br />

• Município: Cachoeira.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Interiorano, topo das colinas.<br />

Artefatos. O principal artefato <strong>de</strong>ssa al<strong>de</strong>ia indígena Tupi foi uma urna funerária encontrada durante a escavação<br />

<strong>de</strong> um buraco para um mourão <strong>de</strong> cerca. São fragmentos <strong>de</strong> dois recipientes, sendo um assador e um pote maior, ambos<br />

pintados com engobo branco, listel vermelho e linhas pretas. As bordas são tipicamente triangulares, reforçadas e<br />

extrovertidas. Durante essa escavação fragmentos <strong>de</strong> ossos e <strong>de</strong>ntes humanos foram recuperados, porém, com o tempo<br />

foram se per<strong>de</strong>ndo, restando apenas os cacos cerâmicos. Além <strong>de</strong>ssa urna, vários outros fragmentos <strong>de</strong> cerâmica indígena<br />

simples, alguns cacos <strong>de</strong> cerâmica vidrada, <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> faianças finas po<strong>de</strong>m ser vistos na área lavrada para o plantio <strong>de</strong><br />

inhame. Excetuando essa área lavrada, a superfície do terreno está coberta por um pasto <strong>de</strong> capim braquiara que impe<strong>de</strong><br />

a visualização do solo.<br />

Estimativa cronológica. Anterior a 1500.<br />

84


SÍTIOS IDENTIFICADOS<br />

Fatores Destrutivos. Erosão.<br />

Fig: 52.1: Dois cacos <strong>de</strong> cerâmica indígena Tupi, pintados com branco, vermelho e preto.<br />

REITORIA<br />

• Tipo: Indígena / Al<strong>de</strong>ia Aratu<br />

• Coor<strong>de</strong>nadas UTM: 24L 490620 / 8601580<br />

• Localida<strong>de</strong>: Terras da UFRB.<br />

• Município: Cruz das Almas.<br />

• Registro anterior: Desconhecido.<br />

Implantação. Topo do planalto.<br />

Artefatos. Trata-se <strong>de</strong> uma al<strong>de</strong>ia indígena Aratu, provavelmente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões. Caminhando pela área<br />

encontramos fragmentos cerâmicos e vários líticos lascados. Algumas informantes relataram a retirada <strong>de</strong> urnas<br />

funerárias ao lado da casa da dona Almeirina, que foram <strong>de</strong>struídas por pessoas ignorantes, pensando se tratar <strong>de</strong> um<br />

pote com ouro. Como o ambiente <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong>ssa al<strong>de</strong>ia é bem comum ao longo do vale do riacho Capivari,<br />

acreditamos que outras al<strong>de</strong>ias Aratu po<strong>de</strong>m existir nos topos das colinas, sendo necessário um trabalho <strong>de</strong> prospecções<br />

para a localização <strong>de</strong> tais al<strong>de</strong>ias.<br />

Estimativa cronológica. Anterior a 1500.<br />

Fatores Destrutivos. Vandalismo, escavações não autorizadas, erosão. Uma estrada que passa sobre o sítio e roças<br />

<strong>de</strong> subsistência prejudicaram essa al<strong>de</strong>ia.<br />

85


Fig: 53.1: Lasca <strong>de</strong> pedra preparada usada como instrumento cortante pelos indígenas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CALDERÓN, V. Contribuição para o conhecimento da arqueologia do Recôncavo e do Sul da <strong>Bahia</strong>. Publicações<br />

Avulsas Programa Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Arqueológicas: resultados preliminares do quinto ano 1969-1970. Museu<br />

Paraense Emílio Goeldi, Belém, n. 26, 1974. p. 141-156.<br />

ETCHEVARNE, C.; COSTA, C.; BARBOSA, M. K.; BEZERRA, A. Relatório Final do Programa <strong>de</strong> Proteção<br />

<strong>de</strong> Locais <strong>de</strong> Importância Turística, Histórica e Cultural. Salvador, 2004. 40 p.<br />

FERNANDES, L.; OLIVEIRA, A. Aspectos da “Villa <strong>de</strong> Cachoeira” no final do século XVIII: apontamentos e<br />

reflexões. Revista Recôncavos, Cachoeira, v. 1, p. 1-17, 2007.<br />

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA. Inventário <strong>de</strong> Proteção do Acervo Cultural da <strong>Bahia</strong>: inventário. 2. ed.<br />

Salvador, 1997. 386 p.<br />

PIRES, F. T. F. Antigos Engenhos <strong>de</strong> Açúcar no Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1994.<br />

FICHA TÉCNICA<br />

COORDENADOR<br />

Prof. Ms. Luydy Abraham Fernan<strong>de</strong>s (CAHL/UFRB)<br />

VICE-COORDENADOR<br />

Prof. Ms. Carlos Alberto Santos Costa (CAHL/UFRB)<br />

BOLSISTA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA FAPESB<br />

Emanuel Silva Andra<strong>de</strong> (CAHL/UFRB)<br />

Lise Marcelino Souza (CAHL/UFRB)<br />

ESTAGIÁRIO<br />

Gilcimar Costa Barbosa (CAHL/UFRB)<br />

BOLSISTA PESQUISADOR LOCAL FAPESB<br />

Profa. Rafaela Almeida dos Anjos (CEC)<br />

Prof. Emanoel Divino da Silva Junior (CERG)<br />

BOLSISTA INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR FAPESB<br />

Caroline dos Santos Lima (CEC)<br />

Gérsio Thiago Suzart Cazaes (CERG)<br />

EDITORAÇÃO E ARTE FINAL<br />

An<strong>de</strong>rson Silveira<br />

Taise Ane Santana


REALIZAÇÃO E PATROCÍNIO


LISTA DE FIGURAS<br />

Fig. A: Sítios indígenas localizados por Cal<strong>de</strong>rón. [Fonte - CALDERÓN, 1974, p. 142] 13<br />

Fig. A: Urna funerária indígena escavada por arqueólogos. [Acervo do autor] 15<br />

Fig. C: Esqueleto no interior <strong>de</strong> uma urna indígena <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> retirada a terra. [Acervo do autor] 15<br />

Fig. 1.1: Piso da galeria superior. 26<br />

Fig. 1.2: Pare<strong>de</strong> em cantaria mista incorporada às construções atuais. 26<br />

Fig. 2.1: Arco final do aqueduto, em cantaria mista. 27<br />

Fig. 2.2: Ruínas do aqueduto. 27<br />

Fig: 3.1:Trecho final do aqueduto e berço da roda d’água. 28<br />

Fig: 4.1: Barragem <strong>de</strong> cantaria. 29<br />

Fig. 4.2: Trecho rompido da barragem. 29<br />

Fig. 4.3: Pilar inclinado da fábrica. 30<br />

Fig. 5.1: Capela do engenho, inserida no corpo da Casa Gran<strong>de</strong>. 31<br />

Fig. 5.2: Pilares da fábrica. 31<br />

Fig. 5.3: Pedra com brasão <strong>de</strong> armas entalhado no arco <strong>de</strong> uma porta. 31<br />

Fig. 6.1: Capela do engenho 32<br />

Fig. 6.2: Aqueduto ligado às pare<strong>de</strong>s da fábrica. 32<br />

Fig. 7.1: Berço da roda d’água. 33<br />

Fig. 7.2: Berço da roda d’água visto por trás. 33<br />

Fig. 7.3: Abertura circular para o encaixe do eixo da roda d’água. 33<br />

Fig. 7.4: Tacho feito com placas <strong>de</strong> ferro unidas por arrebites. 33<br />

Fig. 8.1: Cais feito por um muro <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> pedras. 34<br />

Fig. 8.2: Abertura circular para o encaixe do eixo da roda d’água. 34<br />

Fig. 8.3: Gran<strong>de</strong> escadaria <strong>de</strong> acesso à Casa Gran<strong>de</strong>. 34<br />

Fig. 8.4: Caco <strong>de</strong> louça do tipo faiança fina. 34<br />

Fig. 9.1: Conjunto <strong>de</strong> pilares da fábrica. 35<br />

Fig. 9.2: Pilar e trecho <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> em ruínas. 35<br />

Fig. 10.1: Alicerces <strong>de</strong> construções <strong>de</strong>saparecidas. 36<br />

Fig. 11.1: Conjunto <strong>de</strong> pilares e chaminé em meio à vegetação. 37<br />

Fig. 11.2: Gran<strong>de</strong> chaminé inclinada e construída com tijolos diferentes. 37


Fig. 12.1: Engrenagem <strong>de</strong> ferro do maquinário. 38<br />

Fig. 13.1: Pilares e cantaria <strong>de</strong> contenção do aterro sobre a maré. 39<br />

Fig. 13.2: Cais em cantaria mista. 40<br />

Fig. 13.3: Continuação do cais em cantaria. 40<br />

Fig. 13.4: Gran<strong>de</strong> tacho <strong>de</strong> ferro arrebitado. 40<br />

Fig. 13.5: Caco <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> forma para o pão <strong>de</strong> açúcar. 41<br />

Fig. 14.1: Capela do engenho. 42<br />

Fig. 14.2: Detalhe do sino e azulejos da janela. 42<br />

Fig. 14.3: Cais feito por um muro <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> pedras. 42<br />

Fig. 14.4: Acúmulo <strong>de</strong> conchas <strong>de</strong>corrente da atual mariscagem. 43<br />

Fig. 15.1: Poço revestido <strong>de</strong> tijolos lajota, parcialmente <strong>de</strong>struído. 44<br />

Fig. 15.2: Pilar do antigo engenho integrado a uma habitação atual. 44<br />

Fig: 16.1: Restos construtivos <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong>saparecida. 45<br />

Fig: 17.1: Gran<strong>de</strong> chaminé <strong>de</strong> secção quadrada <strong>de</strong> instalação do maquinário a vapor. 46<br />

Fig: 17.2: Abertura para a fornalha da chaminé. 46<br />

Fig: 18.1: Capela do engenho. 47<br />

Fig: 18.2: Detalhe da portada da capela, em pedra lavrada e com a data. 48<br />

Fig: 18.3: Berço da roda d’água. 48<br />

Fig: 18.4: Caco <strong>de</strong> azulejo do tipo maçaroca. 48<br />

Fig: 18.5: Caco <strong>de</strong> azulejo com motivo <strong>de</strong> renda portuguesa. 48<br />

Fig: 19.1: Casa construída a partir da pare<strong>de</strong> lateral do berço da roda d’água. 49<br />

Fig: 19.2: Final do aqueduto e pare<strong>de</strong>s que suportavam a roda d’água. 49<br />

Fig: 19.3: Canal <strong>de</strong> condução da água sobre o aqueduto. 49<br />

Fig: 19.4: Cais em ruínas. Notar a pedra <strong>de</strong> mó e o canhão. 49<br />

Fig: 19.5: Caco <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> forma para o pão <strong>de</strong> açúcar. 49<br />

Fig: 19.6: Ruína da Casa Gran<strong>de</strong> com abertura <strong>de</strong> porta e <strong>de</strong> janela em seteira. 50<br />

Fig: 19.7: Ruínas <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> do piso térreo. 50<br />

Fig: 20.1: Conjunto <strong>de</strong> pilares da fábrica do engenho. 51<br />

Fig: 20.2: Pilares erodidos e inclinados. 51<br />

Fig: 20.3: Trecho final do aqueduto em ruínas e berço da roda d’água. 51<br />

Fig: 20.4: Berço da roda d‘água e pilar erodido pelo vento. 51<br />

Fig: 20.5: Barragem com abertura inferior para o escoamento. 51<br />

Fig: 21.1: Face interna <strong>de</strong> uma das pare<strong>de</strong>s do berço da roda d’água. 52<br />

Fig: 21.2: Restos do canal da abertura inferior da barragem <strong>de</strong>saparecida. 52<br />

Fig: 21.3: Maciça estrutura <strong>de</strong> tijolos lajota que compunha a barragem. 53<br />

Fig: 21.4: Restos <strong>de</strong> um tacho <strong>de</strong> ferro arrebitado. 53<br />

Fig: 21.5: Caco <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> forma para o pão <strong>de</strong> açúcar com linha incisa. 53<br />

Fig: 22.1: Casa nas imediações das ruínas do engenho. 54<br />

Fig: 22.2: Face interna das pare<strong>de</strong>s do berço da roda d’água. 54<br />

Fig: 22.3: Moenda metálica para esmagar a cana. 54<br />

Fig: 22.4: Engrenagens metálicas da moenda caídas no berço da roda d’água. 54<br />

Fig: 23.1: Gradil com data (1881) que compõe o portão. 55<br />

Fig: 24.1: Muro, portão e gradil datado (1898). 56<br />

Fig: 24.2: Bloco <strong>de</strong> carneiras e tumulo isolado. 56<br />

Fig: 25.1: Vista posterior da capela. 56<br />

Fig: 25.2: Detalhe da pintura do forro da sacristia. 57<br />

Fig: 26.1: Ruína da capela vista em ligeira perspectiva. 57<br />

Fig: 26.2: Fachada vista a partir da nave. 58<br />

Fig: 26.3: Vista da lateral mais arruinada. 58<br />

Fig: 27.1: Ruína da fachada da igreja vista em perspectiva. 59


Fig: 27.2: Lateral mais afetada pela erosão eólica. 59<br />

Fig: 27.3: Peça da base da fachada entalhada em arenito <strong>de</strong> praia. 59<br />

Fig: 28.1: Fachada e ligeira perspectiva da capela e do seu adro. 60<br />

Fig: 29.1: Fachada da igreja. 60<br />

Fig: 29.2: Caco <strong>de</strong> azulejo do tipo maçaroca. 60<br />

Fig: 30.1: Fachada e escadarias do adro do convento. 61<br />

Fig: 30.2: Fachada e arcadas laterais da igreja. 62<br />

Fig: 30.3: Escadarias, muro e cruzeiro do adro. 62<br />

Fig: 31.1: Ruínas <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong> farinha ao lado da residência. 63<br />

Fig: 31.2: Peca em ma<strong>de</strong>ira da prensa da casa <strong>de</strong> farinha. 63<br />

Fig: 32.1: Ruínas da residência. 64<br />

Fig: 33.1: Escada da porta <strong>de</strong> entrada e alicerces da residência <strong>de</strong>saparecida. 65<br />

Fig: 34.1: Vista posterior do chalé. 66<br />

Fig: 34.2: Vista da fachada principal. 66<br />

Fig: 35.1: Pilares, aterro e escada <strong>de</strong> acesso à residência. 67<br />

Fig: 36.1: Cais <strong>de</strong> pedra na foz do córrego com o Paraguaçu. 68<br />

Fig: 37.1: Vista a partir da residência <strong>de</strong>saparecida. 69<br />

Fig: 37.2: Alicerce e aterro da residência <strong>de</strong>saparecida. 69<br />

Fig: 38.1: Alicerce, aterro e <strong>de</strong>graus da residência <strong>de</strong>saparecida. 70<br />

Fig: 39.1: Restos do cais. 71<br />

Fig: 40.1: Cais em ruína e forno da olaria. 72<br />

Fig: 40.2: Bocas do forno da olaria. 72<br />

Fig: 40.3: Barcaça <strong>de</strong> secagem do cacau. 72<br />

Fig: 40.4: Cruzeiro. 72<br />

Fig: 40.5: Caco cerâmico <strong>de</strong> um possível prato assador <strong>de</strong> antiga casa <strong>de</strong> farinha. 72<br />

Fig: 41.1: Parapeito <strong>de</strong> cantaria no cais. 73<br />

Fig: 42.1: Pedras alinhadas expostas na maré vazante, sob a ponte Pedro II. 74<br />

Fig: 43.1: Cais <strong>de</strong> pedras cortadas. 75<br />

Fig: 43.2: Estrutura <strong>de</strong> tijolos sobre o aterro contido pelo cais, talvez um forno <strong>de</strong> olaria. 75<br />

Fig: 44.1: Final do arco pleno da ponte com vários tijolos lajota arrancados pela erosão. 76<br />

Fig: 45.1: Vista do portão <strong>de</strong> entrada do muro. 77<br />

Fig. 46.1: Detalhe da data <strong>de</strong> 1891 no gradil <strong>de</strong> ferro. 78<br />

Fig: 47.1: Guarnição em tijolos lajota do poço escavado entre as rochas do solo. 79<br />

Fig: 47.2: Peso <strong>de</strong> re<strong>de</strong> em cerâmica grosseira com o olhal quebrado. 79<br />

Fig: 48.1: Face interna da barragem com embrechamento. 80<br />

Fig: 49.1: Vista frontal do forte Salamina. 81<br />

Fig: 49.2: Canhão <strong>de</strong> ferro sobre a cortina. 81<br />

Fig: 50.1: Peso <strong>de</strong> re<strong>de</strong> em cerâmica grosseira com o olhal quebrado. 82<br />

Fig: 50.2: Dois gran<strong>de</strong>s fragmentos <strong>de</strong> cerâmica <strong>de</strong> torno pertencentes a um pote. 82<br />

Fig: 50.3: Fragmento <strong>de</strong> cerâmica roletada. 82<br />

Fig: 50.4: Fragmento <strong>de</strong> louça do tipo faiança portuguesa <strong>de</strong> uma tigela. 82<br />

Fig: 50.5: Fragmento <strong>de</strong> louça do tipo faiança portuguesa <strong>de</strong> uma tigela. 82<br />

Fig: 50.6: Fragmento <strong>de</strong> uma xícara <strong>de</strong> faiança fina inglesa. 82<br />

Fig: 51.1: Espaço interno da gruta com furo no teto por on<strong>de</strong> cai a água. 83<br />

Fig: 51.2: Bloco <strong>de</strong> arenito friável com linhas incisas e picoteadas. 83<br />

Fig: 51.3: Detalhe das incisões no bloco <strong>de</strong> arenito. 84<br />

Fig: 51.4: Outro bloco <strong>de</strong> arenito friável com incisões formando um rosto estilizado. 84<br />

Fig: 52.1: Dois cacos <strong>de</strong> cerâmica indígena Tupi, pintados com branco, vermelho e preto. 85<br />

Fig: 53.1: Lasca <strong>de</strong> pedra preparada usada como instrumento cortante pelos indígenas. 86

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