Inibidores da GlicoproteÃna IIb/IIIa: Quando Indicar e Como Obter os ...
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Rev Bras Cardiol Invas 2004; 12(3): 146-153.<br />
Kormann APM, Maestri R. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e <strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>? Rev Bras Cardiol<br />
Invas 2004; 12(3): 146-153.<br />
Artigo de Revisão<br />
<strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e<br />
<strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>?<br />
Adrian Paulo Morales Kormann 1 , Rafael Maestri 1<br />
RESUMO<br />
A terapia farmacológica adjunta a<strong>os</strong> procediment<strong>os</strong> de<br />
intervenção coronária percutânea, em pacientes com doença<br />
arterial coronária, em suas diversas apresentações clínicas,<br />
é de fun<strong>da</strong>mental importância. A placa de ateroma rota ou<br />
a lesão <strong>da</strong> parede arterial que ocorre durante intervenções<br />
coronárias percutâneas têm, em geral, importante participação<br />
<strong>da</strong>s plaquetas como elemento fun<strong>da</strong>mental do trombo, cuja<br />
formação é estimula<strong>da</strong> pela exp<strong>os</strong>ição de material <strong>da</strong> placa.<br />
A introdução d<strong>os</strong> stents coronári<strong>os</strong> virtualmente eliminou<br />
complicações como a dissecção coronária e seu respectivo<br />
componente mecânico, não eliminando, entretanto, o componente<br />
dinâmico (trombo). Esse é o fun<strong>da</strong>mento básico para<br />
a utilização d<strong>os</strong> inibidores <strong>da</strong> glicoproteína (IGP) <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>,<br />
em pacientes com doença arterial coronária submetid<strong>os</strong> à<br />
angioplastia. Revisam<strong>os</strong> <strong>os</strong> mais importantes e relevantes<br />
estud<strong>os</strong> envolvendo o uso d<strong>os</strong> IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>, buscando identificar<br />
situações clínicas e evolutivas que permitam otimizar as<br />
indicações para seu uso. Nas Síndromes Coronarianas Agu<strong>da</strong>s<br />
(SCA) sem supradesnivelamento de ST, <strong>os</strong> maiores benefíci<strong>os</strong><br />
do uso d<strong>os</strong> IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> encontram-se n<strong>os</strong> pacientes de<br />
maior risco e em combinação com a estratégia de tratamento<br />
invasivo precoce. Caso o paciente não p<strong>os</strong>sa ser submetido<br />
a cateterismo cardíaco precoce, tanto o tirofiban, como o<br />
eptifibatide, poderão ser utilizad<strong>os</strong>. N<strong>os</strong> pacientes que apresentam<br />
SCA com supradesnivelamento de ST, alguns autores<br />
recomen<strong>da</strong>m o uso sistemático do abciximab como terapia<br />
adjunta à intervenção coronária percutânea (ICP) primária,<br />
porém faltam <strong>da</strong>d<strong>os</strong> consistentes para esta prática, e acreditam<strong>os</strong><br />
que a realização de estud<strong>os</strong> que incluam e avaliem<br />
<strong>os</strong> subgrup<strong>os</strong> mais graves de pacientes com IAM poderá<br />
demonstrar a melhor relação custo benefício e mais adequa<strong>da</strong><br />
seleção destes. N<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> de insuficiência coronariana<br />
crônica (estável), <strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> recentes sugerem que em pacientes<br />
de baixo ou moderado risco submetid<strong>os</strong> à ICP eletiva, após<br />
pré-tratamento ótimo com clopidogrel e AAS, o uso do<br />
abciximab não está associado a benefíci<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> significativ<strong>os</strong>,<br />
reservando-se seu uso para pacientes de maior risco.<br />
DESCRITORES: Coronariopatia. Angioplastia transluminal<br />
percutânea coronária. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> agregação de plaquetas.<br />
Complexo Glicoprotéico GP<strong>IIb</strong>-<strong>IIIa</strong> de Plaquetas, antagonistas<br />
& <strong>Inibidores</strong>.<br />
SUMMARY<br />
GP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> Inhibitors: When to Indicate<br />
and How to Obtain Optimal Results?<br />
Pharmacological therapy associated to percutaneous coronary<br />
intervention (PCI) on patients with coronary heart disease<br />
– in its different clinical conditions – is of critical importance.<br />
The rupture of the ather<strong>os</strong>clerotic plaque or the arterial<br />
wall lesions that occur during PCI procedures usually have<br />
platelets as key contributors for thrombus formation, which<br />
in its turn is stimulated by exp<strong>os</strong>ure to plaque material. The<br />
introduction of coronary stents have been found to virtually<br />
eliminate complications such as coronary dissection and<br />
respective mechanical component; however, the dynamic<br />
component (thrombus) was not eliminated. This is the foreground<br />
for the use of glycoprotein <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> inhibitors in patients<br />
undergoing PCI angioplasty. Major studies on the use of GP<br />
<strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> inhibitors have been reviewed in our attempt to<br />
identify clinical scenari<strong>os</strong>, as well as their evolution, aiming<br />
at optimal use indications. In acute coronary syndrome<br />
patients with non-ST-segment elevation, GP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> highest<br />
benefits have been seen in high risk patients, when combined<br />
with early percutaneous invasive treatment strategy. For<br />
patients who cannot be submitted to early cardiac catheterization,<br />
either Tirofiban or Epifibatide can be utilized. In acute<br />
coronary syndrome (ACS) patients with ST-segment elevation,<br />
some authors suggest systematic use of Abiximab as therapy,<br />
associated to primary percutaneous coronary intervention.<br />
However, such practice does lack consistent <strong>da</strong>ta. It is our<br />
belief that studies on high risk subgroups of acute myocardial<br />
infarction patients will demonstrate c<strong>os</strong>t-effectiveness as<br />
well as the best screening procedures. In cases of chronic<br />
coronary heart disease (stable), recent <strong>da</strong>ta suggest that<br />
low or intermediate risk patients submitted to elective PCI<br />
after pretreatment with clopidogrel and ASA, the use of<br />
Abciximab is not associated to significant clinical benefits;<br />
its use is to be reserved for high-risk patients.<br />
DESCRIPTORS: Coronary disease. Angioplasty, transluminal,<br />
percutaneous coronary. Platelet Aggregation Inhibitors. Platelet<br />
glycoprotein GP<strong>IIb</strong>-<strong>IIIa</strong> complex, antagonists & inhibitors.<br />
1<br />
Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, H<strong>os</strong>pital<br />
Santa Isabel, Blumenau – SC e H<strong>os</strong>pital do Coração de Balneário<br />
Camboriú, Balneário Camboriú – SC.<br />
Correspondência: Dr. Adrian Paulo Morales Kormann. H<strong>os</strong>pital Santa<br />
Isabel. Rua Floriano Peixoto, 300 - 4º and. - CEP 89010-906 -<br />
Blumenau - SC • Fone: (47) 321-1046 - e-mail: adrianmk@terra.com.br<br />
Recebido em: 11/10/2005 • Aceito em: 24/10/2005<br />
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Kormann APM, Maestri R. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e <strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>? Rev Bras Cardiol<br />
Invas 2004; 12(3): 146-153.<br />
Dentro do espectro de apresentações <strong>da</strong> Doença<br />
Arterial Coronária (DAC), podem<strong>os</strong> identificar<br />
as mais varia<strong>da</strong>s formas de manifestações clínicas,<br />
as quais podem levar a um quadro estável, desencadeado<br />
exclusivamente pel<strong>os</strong> esforç<strong>os</strong> físic<strong>os</strong>, ou a um<br />
quadro instável, com manifestações clínicas de dor<br />
precordial típica em repouso. Além disso, muito já foi<br />
investigado a respeito do benefício <strong>da</strong> terapia adjunta<br />
com inibidores plaquetári<strong>os</strong> <strong>da</strong> glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong><br />
(IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>) em pacientes com DAC submetid<strong>os</strong> à<br />
intervenção coronária percutânea (ICP) 1-6 . Para a correta<br />
interpretação d<strong>os</strong> benefíci<strong>os</strong> desta abor<strong>da</strong>gem terapêutica<br />
torna-se importante dividirm<strong>os</strong> <strong>os</strong> pacientes em<br />
três grup<strong>os</strong>: aqueles com Síndromes Coronárias Agu<strong>da</strong>s<br />
(SCA) sem supradesnivelamento do segmento ST (Angina<br />
Instável e IAM sem supra de ST), aqueles com SCA<br />
com supradesnivelamento do segmento ST e aqueles<br />
com DAC estável (Insuficiência Coronária Crônica).<br />
Este artigo procura revisar e avaliar <strong>os</strong> principais e<br />
mais relevantes estud<strong>os</strong> envolvendo o uso d<strong>os</strong> IGP <strong>IIb</strong>/<br />
<strong>IIIa</strong>, buscando identificar situações clínicas e evolutivas<br />
que permitam otimizar as indicações para seu uso.<br />
INIBIDORES DA GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA NAS<br />
SCA SEM SUPRADESNIVELAMENTO DE ST<br />
Nas SCA sem supradesnivelamento de segmento<br />
ST (Angina Instável e IAM sem supra de ST), o mecanismo<br />
mais comumente envolvido no desequilíbrio entre a<br />
oferta e deman<strong>da</strong> miocárdica de oxigênio é a formação<br />
de trombo, geralmente não oclusivo, sobre uma<br />
placa ater<strong>os</strong>clerótica rota 1 . Na tromb<strong>os</strong>e intra-coronariana,<br />
o fenômeno <strong>da</strong> agregação plaquetária exerce<br />
papel fun<strong>da</strong>mental. A ruptura <strong>da</strong> placa ater<strong>os</strong>clerótica<br />
expõe a matriz extracelular subendotelial, promovendo<br />
a aderência <strong>da</strong>s plaquetas ao subendotélio que são,<br />
então, ativa<strong>da</strong>s na presença de inúmer<strong>os</strong> fatores como<br />
ADP, trombina, epinefrina e tromboxane A2 2 . A ativação<br />
plaquetária induz uma alteração conformacional<br />
no receptor plaquetário <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>, estimulando a degranulação<br />
plaquetária, esta por sua vez promove a liberação<br />
de serotonina, ADP e outras substâncias vasoativas,<br />
precipitando o recrutamento e a ativação plaquetária<br />
adicional. A alteração conformacional do receptor <strong>IIb</strong>/<br />
<strong>IIIa</strong> estimula sua ligação ao fator de von Willebrand e<br />
ao fibrinogênio, com conseqüente agregação e propagação<br />
do trombo. Além disso, outro importante mecanismo<br />
de lesão miocárdica que tem sido estu<strong>da</strong>do e comprovado<br />
é a microembolização distal do trombo dep<strong>os</strong>itado<br />
sobre a placa ater<strong>os</strong>clerótica rota que pode comprometer<br />
a microcirculação, lesando o miocárdio, a<br />
despeito de um adequado tratamento <strong>da</strong> artéria epicárdica<br />
através de ICP 3 .<br />
Em face disto, a farmacologia adjunta intensa na<br />
tentativa de bloquear estes mecanism<strong>os</strong> é de fun<strong>da</strong>mental<br />
importância. Vári<strong>os</strong> fármac<strong>os</strong> que atuam na<br />
inibição destas substâncias e com eficácia em reduzir<br />
event<strong>os</strong> cardiovasculares em pacientes com SCA, demonstra<strong>da</strong><br />
em ensai<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> randomizad<strong>os</strong>, estão<br />
disponíveis 4-7 . Este é o caso do ácido acetilsalicílico<br />
(AAS) que age na via do tromboxane A2 e, mais recentemente,<br />
o Clopidogrel que atua como antiagregante<br />
através <strong>da</strong> inibição <strong>da</strong> via do ADP.<br />
Os estud<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> randomizad<strong>os</strong> iniciais indicaram<br />
que <strong>os</strong> IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> eram capazes de reduzir a<br />
ocorrência de event<strong>os</strong> cardiovasculares maiores (óbito,<br />
IAM, revascularização de emergência), quando comparad<strong>os</strong><br />
ao placebo, em pacientes submetid<strong>os</strong> à revascularização<br />
percutânea. Porém, alguns destes estud<strong>os</strong><br />
apresentavam uma grande variabili<strong>da</strong>de de situações<br />
clínicas em suas populações, já que incluíram pacientes<br />
com DAC estável, pacientes com angina instável e<br />
pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 7-12 .<br />
Nas últimas 3 déca<strong>da</strong>s, houve um avanço considerável<br />
no entendimento <strong>da</strong> patogênese <strong>da</strong>s SCA sem<br />
supradesnivelamento de ST, bem como no desenvolvimento<br />
de estratégias de tratamento invasivo com otimização<br />
d<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong>. O uso <strong>da</strong> aspirina,<br />
heparina não-fraciona<strong>da</strong>, heparina de baixo peso molecular,<br />
betabloqueadores e tienopiridínic<strong>os</strong> já teve<br />
seu benefício comprovado 5,6,13 . Em relação a<strong>os</strong> IGP<br />
<strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>, podem<strong>os</strong> dizer que a determinação <strong>da</strong> magnitude<br />
do benefício clínico nestes pacientes é bastante complexa.<br />
Os pont<strong>os</strong> mais importantes que parecem influenciar<br />
a magnitude do benefício clínico são: a estratificação<br />
de risco do paciente, o tempo até a abor<strong>da</strong>gem intervencionista,<br />
a terapia farmacológica adjunta e a escolha<br />
do inibidor <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>.<br />
Métod<strong>os</strong> de estratificação de risco muitas vezes<br />
simples e com uma ótima acurácia têm sido desenvolvid<strong>os</strong>.<br />
Boersma et al. 14 identificaram preditores de óbito<br />
e IAM em 30 dias, n<strong>os</strong> pacientes com SCA sem supra<br />
de ST: a pressão sistólica, freqüência cardíaca, depressão<br />
do segmento ST, sinais clínic<strong>os</strong> de ICC e elevação<br />
enzimática. Antman et al. 15 desenvolveram o TIMI<br />
(Thrombolysis In Myocardial Infarction) Risk Score, que<br />
é largamente utilizado em n<strong>os</strong>so meio e factível à beira<br />
do leito. Identificam-se um d<strong>os</strong> sete itens: i<strong>da</strong>de maior<br />
ou igual a 65 an<strong>os</strong>, mais de três fatores de risco para<br />
DAC, DAC prévia documenta<strong>da</strong>, alterações do segmento<br />
ST (infradesnível ou elevação transitória de ST ≥ 1mm<br />
em pelo men<strong>os</strong> duas derivações contíguas do ECG),<br />
mais de dois episódi<strong>os</strong> de dor precordial nas últimas<br />
24 horas, uso de AAS n<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> 7 dias e marcadores<br />
de <strong>da</strong>no miocárdico elevad<strong>os</strong>. Estud<strong>os</strong> subseqüentes<br />
revelaram que <strong>os</strong> três itens que têm maior poder preditivo<br />
na determinação do risco são: i<strong>da</strong>de acima de 60<br />
an<strong>os</strong>, alterações do segmento ST e elevação enzimática 16 .<br />
No estudo CAPTURE 9 , <strong>os</strong> pacientes foram randomizad<strong>os</strong><br />
para receber abciximab ou placebo, antes e<br />
durante a ICP, devido quadro de angina instável refratária.<br />
O grupo abciximab apresentou redução do risco relativo<br />
de 60% na ocorrência óbito e IAM não-fatal,<br />
após 6 meses, n<strong>os</strong> pacientes com troponina eleva<strong>da</strong>,<br />
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Kormann APM, Maestri R. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e <strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>? Rev Bras Cardiol<br />
Invas 2004; 12(3): 146-153.<br />
fato que não se verificou no grupo de pacientes com<br />
troponina normal. Este estudo revelou que a estratificação<br />
de risco, utilizando-se a elevação <strong>da</strong> troponina sérica<br />
e a presença de características clínicas de isquemia<br />
miocárdica é um método simples para a identificação<br />
d<strong>os</strong> pacientes que poderão ter benefíci<strong>os</strong> com o uso<br />
de IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> associad<strong>os</strong> à terapia padrão.<br />
Em relação ao tempo para a intervenção coronária<br />
percutânea, considera-se uma intervenção precoce<br />
quando esta é realiza<strong>da</strong> dentro <strong>da</strong>s primeiras 48 a 72<br />
horas do início d<strong>os</strong> sintomas. O estudo RITA-3 17 randomizou<br />
1810 pacientes com SCA sem supra de ST<br />
(média de i<strong>da</strong>de de 62 an<strong>os</strong>, 38% mulheres). Este<br />
estudo demonstrou redução de 33% no desfecho combinado<br />
de óbito, IAM não-fatal e angina refratária no<br />
grupo de estratégia invasiva precoce, em pacientes<br />
com dor precordial típica e alterações de ECG ou<br />
enzimas cardíacas eleva<strong>da</strong>s. No grupo de intervenção<br />
precoce entre <strong>os</strong> pacientes que foram submetid<strong>os</strong> à<br />
angioplastia, 88% destes receberam stent e cerca de<br />
um quarto recebeu IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>, sendo seu uso indicado<br />
a critério do operador. Este estudo não fez comparações<br />
específicas em relação ao resultado clínico obtido<br />
neste subgrupo de pacientes.<br />
O estudo FRISC-2 18 randomizou 2.457 pacientes<br />
(média de i<strong>da</strong>de de 66 an<strong>os</strong>, 30% mulheres) em dois<br />
grup<strong>os</strong>, sendo um para estratégia de tratamento invasiva<br />
precoce (dentro de 7 dias <strong>da</strong> randomização) e outro<br />
para estratégia não-invasiva. Verificou-se que após 6<br />
meses houve uma diminuição do desfecho comp<strong>os</strong>to<br />
de óbito e IAM de 9,4% no grupo invasivo versus<br />
12,1% no grupo não-invasivo (p=0,031). O uso de<br />
abciximab n<strong>os</strong> pacientes submetid<strong>os</strong> à ICP foi encorajado,<br />
ficando este a critério do operador. Também não<br />
houve uma análise específica d<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> no grupo<br />
que recebeu IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>.<br />
No estudo TATICS TIMI-18 16 foram randomizad<strong>os</strong><br />
2.220 pacientes com o objetivo de comparar uma<br />
estratégia de tratamento invasivo precoce, que incluiu<br />
cineangiocoronariografia rotineira dentro de 4 a 48<br />
horas <strong>da</strong> randomização, versus uma estratégia conservadora<br />
de tratamento chama<strong>da</strong> de seletivamente invasiva,<br />
sendo que neste a cineangiocoronariografia era realiza<strong>da</strong><br />
apenas se o paciente apresentasse evidência objetiva<br />
de isquemia recorrente e/ou um teste funcional<br />
anormal. O desfecho primário comp<strong>os</strong>to foi a ocorrência<br />
de óbito, IAM não-fatal e re-h<strong>os</strong>pitalização por SCA,<br />
em 6 meses. O IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> (tirofiban) foi administrado<br />
via endoven<strong>os</strong>a por 48 horas ou até a revascularização<br />
e por, pelo men<strong>os</strong>, 12 horas após a revascularização<br />
percutânea. Este estudo m<strong>os</strong>trou que uma estratégia<br />
invasiva precoce com revascularização durante o período<br />
de uso do IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> associa-se com redução<br />
de óbito, IAM e re-h<strong>os</strong>pitalização, em 6 meses, quando<br />
compara<strong>da</strong> ao tratamento clínico conservador (19,4%<br />
vs 15,9%, p=0,025).<br />
Recentemente, o estudo ISAR-COOL 19 m<strong>os</strong>trou que<br />
o pré-tratamento antitrombótico com duração de 3 a<br />
5 dias, na tentativa de “esfriar o processo” e protelando<br />
a conduta invasiva, foi associado com um risco<br />
relativo de IAM ou óbito de 1,96 (95% CI 1.01, 3.82)<br />
comparado com estratégia invasiva precoce e uso de<br />
antitrombótic<strong>os</strong> em pacientes com SCA sem supra de<br />
ST. Em amb<strong>os</strong> <strong>os</strong> grup<strong>os</strong>, o pré-tratamento consistiu<br />
de heparina não-fraciona<strong>da</strong> intraven<strong>os</strong>a (60 µ/kg em<br />
bolus e infusão contínua para manter um tempo parcial<br />
de tromboplastina entre 60 e 85 segund<strong>os</strong>), aspirina,<br />
clopidogrel e tirofiban (10 µg/kg em bolus e infusão<br />
contínua de 0,10 µg/kg por min). Estes achad<strong>os</strong> sugerem<br />
que o pré-tratamento antitrombótico associado à<br />
terapia antiagregante plaquetária tríplice deva ser mantido<br />
pelo menor tempo necessário até que a realização do<br />
cateterismo cardíaco e revascularização seja p<strong>os</strong>sível.<br />
Por outro lado, apesar <strong>da</strong>s correntes diretrizes 20<br />
recomen<strong>da</strong>rem a estratégia invasiva para pacientes com<br />
SCA sem supra de ST ou elevação enzimática, em<br />
recente publicação, Winter et al. 21 randomizaram 1200<br />
pacientes com SCA sem supradesnivelamento de ST,<br />
com dor precordial típica, elevação <strong>da</strong> troponina T<br />
(0,03 µg/L) e evidência eletrocardiográfica de isquemia<br />
à admissão ou história documenta<strong>da</strong> de DAC em dois<br />
grup<strong>os</strong>: um para estratégia invasiva precoce e outro<br />
para uma estratégia mais conservadora, também chama<strong>da</strong><br />
de seletivamente invasiva. Tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pacientes receberam<br />
aspirina, enoxaparina por 48 horas e abciximab,<br />
no momento <strong>da</strong> ICP. O uso de clopidogrel e intensa<br />
terapia antilipídica foram recomen<strong>da</strong>d<strong>os</strong> n<strong>os</strong> dois grup<strong>os</strong>.<br />
O desfecho primário comp<strong>os</strong>to foi o de ocorrência de<br />
óbito, IAM não-fatal e re-h<strong>os</strong>pitalização por SCA em<br />
um ano. No grupo de estratégia invasiva, <strong>os</strong> pacientes<br />
foram submetid<strong>os</strong> à angiografia dentro de 24 a 48<br />
horas após randomização e submetid<strong>os</strong> à ICP quando<br />
apropriado, com base na anatomia coronária. A cirurgia<br />
de revascularização miocárdica foi recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> em<br />
pacientes com doença triarterial ou doença importante<br />
de tronco de artéria coronária esquer<strong>da</strong>, sendo que a<br />
mesma foi realiza<strong>da</strong> assim que p<strong>os</strong>sível durante a h<strong>os</strong>pitalização<br />
inicial. Pacientes do grupo seletivamente<br />
invasivo foram tratad<strong>os</strong> clinicamente e foram submetid<strong>os</strong><br />
à angiografia e subseqüente revascularização apenas<br />
se apresentassem quadro clínico refratário a despeito<br />
<strong>da</strong> medicação otimiza<strong>da</strong>, ou instabili<strong>da</strong>de hemodinâmica,<br />
ou isquemia significativa em teste funcional pré-alta<br />
h<strong>os</strong>pitalar. A angiografia e revascularização foram realiza<strong>da</strong>s<br />
na fase pós-h<strong>os</strong>pitalar, na presença de quadro<br />
de angina severa a despeito de medicação otimiza<strong>da</strong><br />
ou isquemia documenta<strong>da</strong> em teste funcional. A taxa<br />
cumulativa estima<strong>da</strong> foi de 22,7% no grupo invasivo<br />
e 21,2% no grupo seletivamente invasivo (p=0,33). A<br />
taxa de mortali<strong>da</strong>de foi similar n<strong>os</strong> dois grup<strong>os</strong> (2,5%).<br />
IAM foi significativamente mais freqüente no grupo<br />
invasivo precoce (15,0% vs. 10,0%, p=0,005), mas reh<strong>os</strong>pitalização<br />
foi men<strong>os</strong> freqüente neste grupo (7,4%<br />
vs. 10,9%, p=004). Portanto, este estudo não conse-<br />
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Invas 2004; 12(3): 146-153.<br />
guiu demonstrar que pacientes com SCA sem supra de<br />
ST otimamente medicad<strong>os</strong> beneficiam-se de estratégia<br />
invasiva precoce, porém, cabe salientar que um <strong>da</strong>do<br />
importante deste estudo é o de que as taxas de revascularização<br />
n<strong>os</strong> dois grup<strong>os</strong> foram considera<strong>da</strong>s altas<br />
(79% no grupo invasivo precoce e 54% no grupo<br />
seletivamente invasivo) quando compara<strong>da</strong>s às taxas<br />
d<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> prévi<strong>os</strong> FRISC II e TATICS TIMI 18, após<br />
um ano <strong>da</strong> randomização, o que pode ter diminuído<br />
a diferença na evolução clínica d<strong>os</strong> dois grup<strong>os</strong>. Por<br />
outro lado, este estudo é importante pois sugere que<br />
em locais onde não é p<strong>os</strong>sível uma estratégia invasiva<br />
precoce, o tratamento clínico inicial agressivo com<br />
AAS 300 mg de início e 75 mg/dia, clopidogrel 300 mg<br />
de início e 75 mg/dia, atorvastatina 80 mg/dia e enoxaparina<br />
1 mg/kg de 12/12 horas por via subcutânea<br />
(máximo de 80 mg) pode ser satisfatório, analisand<strong>os</strong>e<br />
p<strong>os</strong>teriormente a necessi<strong>da</strong>de ou não de conduta<br />
invasiva através de comprovação de isquemia e/ou<br />
recorrência de quadro instável.<br />
Assim, pacientes com SCA sem supra de ST, principalmente<br />
<strong>os</strong> de alto risco, beneficiam-se <strong>da</strong> terapia<br />
inicial com IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> em combinação com estratégia<br />
de tratamento invasivo precoce. O momento mais apropriado<br />
para a intervenção pode variar bastante, conforme<br />
práticas locais e disponibili<strong>da</strong>de de centro de intervenção,<br />
sendo recomen<strong>da</strong>do que este intervalo de<br />
tempo seja o menor p<strong>os</strong>sível.<br />
Em relação à escolha do IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>, não existem<br />
<strong>da</strong>d<strong>os</strong> substanciais que comparam abciximab, tirofiban<br />
e epitifibatide no tratamento clínico precoce <strong>da</strong>s SCA<br />
sem supra de ST. Boersma et al. 22 analisaram de forma<br />
conjunta <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> randomizad<strong>os</strong> CAPTURE, PURSUIT,<br />
e PRISM-PLUS, <strong>os</strong> quais avaliaram <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> d<strong>os</strong> IGP<br />
<strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> abciximab, eptifibatide e tirofiban, respectivamente,<br />
em SCA sem supra de ST. Durante o tratamento<br />
exclusivamente farmacológico, ca<strong>da</strong> estudo demonstrou<br />
uma redução significativa de óbito ou IAM nãofatal<br />
em pacientes randomizad<strong>os</strong> para receber IGP <strong>IIb</strong>/<br />
<strong>IIIa</strong>, quando comparado ao placebo. Os três estud<strong>os</strong><br />
combinad<strong>os</strong> m<strong>os</strong>traram uma taxa de event<strong>os</strong> de 2,5%<br />
neste período no grupo de IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> (N=6125) versus<br />
3,8% no grupo placebo (N=6171) o que implica em<br />
uma redução relativa de 34% (p
Kormann APM, Maestri R. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e <strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>? Rev Bras Cardiol<br />
Invas 2004; 12(3): 146-153.<br />
IGP IIB/IIIA NAS SCA COM<br />
SUPRADESNIVELAMENTO DE ST<br />
<strong>Quando</strong> compara<strong>da</strong> à terapia trombolítica, a angioplastia<br />
primária m<strong>os</strong>tra superiori<strong>da</strong>de em seus resultad<strong>os</strong>,<br />
pois é capaz de reduzir as taxas de óbito, reinfarto<br />
e AVC 27-29 . O tratamento percutâneo do IAM tem sido<br />
considerado a melhor estratégia desde que seja realizado<br />
por centr<strong>os</strong> treinad<strong>os</strong> e com experiência, sendo<br />
que alguns fatores como o tempo desde o início d<strong>os</strong><br />
sintomas até a realização <strong>da</strong> ICP e a terapêutica adjunta<br />
podem influenciar sobremaneira <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> a<br />
médio e longo prazo 29 . O fenômeno de embolização<br />
distal de fragment<strong>os</strong> do trombo coronário, com conseqüente<br />
obstrução microvascular e lesão miocárdica<br />
definitiva, é ain<strong>da</strong> uma limitação <strong>da</strong> ICP primária. Este<br />
evento pode ser determinado angiograficamente pela<br />
presença de “Slow Flow” ou “No Reflow”, mas pode<br />
também ser evidenciado pela não resolução do supradesnivelamento<br />
de ST após a ICP primária e, até mesmo,<br />
pela evolução clínica do paciente com elevação enzimática<br />
importante e extenso IAM ao ECG, a despeito<br />
de uma adequa<strong>da</strong> resolução <strong>da</strong> artéria epicárdica responsável<br />
pelo evento 30 . A isquemia recorrente, reesten<strong>os</strong>e<br />
e reoclusão <strong>da</strong> artéria relaciona<strong>da</strong> ao infarto ain<strong>da</strong><br />
ocorrem em um razoável porcentual de pacientes e na<br />
tentativa de reduzir estes fenômen<strong>os</strong> descrit<strong>os</strong>, alguns<br />
estud<strong>os</strong> avaliaram <strong>os</strong> IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>, em especial o abciximab,<br />
já que seu potente efeito antiplaquetário poderia<br />
atuar de forma p<strong>os</strong>itiva na evolução d<strong>os</strong> pacientes<br />
com IAM 30,31 . Nestes, foram avalia<strong>da</strong>s a sua segurança<br />
e eficácia, porém, diferenças n<strong>os</strong> critéri<strong>os</strong> de recrutamento<br />
e as terapias adjuntas podem ter contribuído para<br />
<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> conflitantes e, por vezes, inconsistentes.<br />
O estudo ISAR-2 31 avaliou o efeito do abciximab<br />
na reesten<strong>os</strong>e clínica e angiográfica em pacientes com<br />
IAM submetid<strong>os</strong> à ICP primária com implante de stent.<br />
Foram randomizad<strong>os</strong> 401 pacientes tratad<strong>os</strong> com stent<br />
no IAM dentro de 48 horas do início d<strong>os</strong> sintomas,<br />
sendo que um grupo recebeu d<strong>os</strong>e stan<strong>da</strong>rd de heparina<br />
e outro recebeu abciximab mais d<strong>os</strong>e reduzi<strong>da</strong> de<br />
heparina. Do total, 80% d<strong>os</strong> pacientes foram elegíveis<br />
para reestudo angiográfico após 6 meses. A ocorrência<br />
de desfecho comp<strong>os</strong>to de óbito, reinfarto e revascularização<br />
<strong>da</strong> lesão-alvo em 30 dias foi de 5% no grupo<br />
abciximab e de 10,5% no grupo controle (p=0,038).<br />
Não houve diferença estatisticamente significativa na<br />
ocorrência do desfecho primário – per<strong>da</strong> luminal tardia<br />
e reesten<strong>os</strong>e binária. Os autores concluíram que o<br />
abciximab influenciou p<strong>os</strong>itivamente o resultado clínico<br />
n<strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> 30 dias, não havendo influência deste<br />
sobre a ocorrência de reesten<strong>os</strong>e.<br />
Outro estudo importante foi o ADMIRAL 32 , que<br />
randomizou 300 pacientes com IAM para receber abciximab<br />
mais stent (149 pacientes) ou placebo mais<br />
stent (151 pacientes). Os resultad<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> foram avaliad<strong>os</strong><br />
após 30 dias e 6 meses. A patência <strong>da</strong> artéria<br />
relaciona<strong>da</strong> ao infarto e a fração de ejeção foram<br />
avalia<strong>da</strong>s 24 horas e 6 meses após o procedimento.<br />
Após 30 dias, o desfecho primário comp<strong>os</strong>to de óbito,<br />
reinfarto ou revascularização de emergência do vasoalvo<br />
ocorreu em 6,0% d<strong>os</strong> pacientes do grupo abciximab<br />
e 14,6% no grupo placebo (p=0,01); após 6<br />
meses, <strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> correspondentes foram 7,4% vs. 15,9%<br />
(p=0,02). O melhor resultado clínico foi associado à<br />
maior freqüência de fluxo TIMI 3 no grupo abciximab<br />
antes do procedimento (16,8% vs. 5,4%, p=0,01), imediatamente<br />
após (95,1% vs. 86,7%, p=0,04), e seis<br />
meses após (94,3% vs. 82,8%, p=0,04). O grupo abciximab<br />
também apresentou mais rápi<strong>da</strong> e persistente<br />
melhora <strong>da</strong> fração de ejeção, o que se verificou 24<br />
horas e 6 meses após. As taxas de sangrament<strong>os</strong> maiores<br />
aconteceram no grupo abciximab em 0,7% d<strong>os</strong> pacientes.<br />
Este estudo revelou, então, melhor patência arterial<br />
antes <strong>da</strong> ICP/stent, maior índice de sucesso no procedimento,<br />
maior taxa de patência arterial em 6 meses,<br />
bem como melhor resultado clínico e de fração de<br />
ejeção no grupo tratado com abciximab.<br />
O estudo CADILLAC 33 randomizou 2082 pacientes<br />
com IAM em quatro grup<strong>os</strong> e avaliou <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> <strong>da</strong><br />
angioplastia primária com balão (com ou sem abciximab)<br />
e <strong>da</strong> angioplastia primária com stent (com ou sem<br />
abciximab). O desfecho primário comp<strong>os</strong>to foi a ocorrência<br />
de óbito, reinfarto, AVC e isquemia causa<strong>da</strong><br />
pela artéria relaciona<strong>da</strong> ao infarto em 6 meses. N<strong>os</strong><br />
pacientes do grupo tratado somente com balão, 20%<br />
apresentaram o desfecho primário, 16,5% no grupo<br />
balão mais abciximab, 11,5% no grupo stent e 10,2%<br />
no grupo stent mais abciximab (p
Kormann APM, Maestri R. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e <strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>? Rev Bras Cardiol<br />
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to de óbito e reinfarto foi menor no grupo stent/abciximab<br />
do que no grupo stent sem abciximab (5,5% vs 13,5%,<br />
p=0,006).<br />
Diante destes resultad<strong>os</strong> conflitantes, Araújo et al. 35<br />
realizaram uma meta-análise de 6 trials, que envolveu<br />
um total de 3755 pacientes com IAM tratad<strong>os</strong> com ICP<br />
mais abciximab, com o objetivo de avaliar a eficácia<br />
e segurança desta associação.<br />
Os principais indicadores de resultad<strong>os</strong> foram:<br />
mortali<strong>da</strong>de, reinfarto, revascularização do vaso-alvo<br />
e sangrament<strong>os</strong> maiores. A média de acompanhamento<br />
d<strong>os</strong> pacientes foi de 5,5 meses. <strong>Quando</strong> comparado<br />
ao grupo controle, o abciximab reduziu significativamente<br />
a mortali<strong>da</strong>de (OR 0.70, 95% CI 0.50–0.97), a revascularização<br />
do vaso-alvo (0.79, 95% CI 0.65–0.96) e<br />
<strong>os</strong> event<strong>os</strong> cardiovasculares maiores - MACE (0.76,<br />
95% CI 0.65–0.90). A redução de MACE e revascularização<br />
do vaso-alvo foi confirma<strong>da</strong> n<strong>os</strong> pacientes que<br />
receberam stent, mas não n<strong>os</strong> pacientes que foram<br />
submetid<strong>os</strong> à ICP apenas com balão. Além disso, o<br />
abciximab esteve associado ao risco aumentado de<br />
sangrament<strong>os</strong> maiores (OR 1.39, 95% CI 1.03–1.87),<br />
fato que foi reduzido ao se analisar pacientes que<br />
receberam menores d<strong>os</strong>es de heparina. Os autores<br />
concluíram que o abciximab, como terapia adjunta <strong>da</strong><br />
ICP no IAM, reduz mortali<strong>da</strong>de, revascularização do<br />
vaso-alvo e event<strong>os</strong> cardíac<strong>os</strong> maiores e recomen<strong>da</strong>m<br />
uma d<strong>os</strong>e reduzi<strong>da</strong> de heparina para prevenir sangrament<strong>os</strong><br />
maiores (bolus de 70U/kg).<br />
Recentemente, uma outra meta-análise realiza<strong>da</strong><br />
por De Luca et al. 36 avaliou 7 trials que envolveram<br />
27115 pacientes no grupo abciximab e 14513 pacientes<br />
no grupo controle. Nesta meta-análise, o abciximab<br />
esteve associado com uma significativa redução de<br />
mortali<strong>da</strong>de em 30 dias (2,4% vs. 3,4%, p=0,047) e<br />
em 6 a 12 meses (4,4% vs. 6,2%, p=0,01) n<strong>os</strong> pacientes<br />
submetid<strong>os</strong> à angioplastia primária, fato não observado<br />
n<strong>os</strong> pacientes que receberam terapia fibrinolítica.<br />
Além disso, o abciximab contribuiu para significativa<br />
redução <strong>da</strong> ocorrência de reinfarto em 30 dias <strong>da</strong><br />
seguinte forma: ao se analisar tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> trials (2,1% vs.<br />
3,3%, p
Kormann APM, Maestri R. <strong>Inibidores</strong> <strong>da</strong> Glicoproteína <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong>: <strong>Quando</strong> <strong>Indicar</strong> e <strong>Como</strong> <strong>Obter</strong> <strong>os</strong> Melhores Resultad<strong>os</strong>? Rev Bras Cardiol<br />
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no grupo placebo (p=0,82). A maioria d<strong>os</strong> event<strong>os</strong><br />
advers<strong>os</strong> foi infarto do miocárdio, sendo que o diagnóstico<br />
de IAM foi feito na presença de novas on<strong>da</strong>s Q<br />
patológicas em duas ou mais derivações contíguas do<br />
ECG ou elevação enzimática de CKMB pelo men<strong>os</strong> 3<br />
vezes o valor normal e em pelo men<strong>os</strong> duas am<strong>os</strong>tras.<br />
Um grande infarto foi definido na presença de elevação<br />
de CKMB maior que 5 vezes o normal em pelo<br />
men<strong>os</strong> duas am<strong>os</strong>tras. A incidência de IAM foi de 4%<br />
(40 pacientes) no grupo abciximab e de 4% (41 pacientes)<br />
no grupo placebo (p=0,91). Doze (1%) pacientes<br />
no grupo abciximab e oito (1%) no grupo placebo<br />
apresentaram complicações hemorrágicas maiores<br />
(p=0,37). Ocorreu 1 (0,1%) caso de trombocitopenia<br />
profun<strong>da</strong> no grupo abciximab e nenhum caso no grupo<br />
controle (p=0,002).<br />
Estes <strong>da</strong>d<strong>os</strong> sugerem que, em pacientes de baixo<br />
ou moderado risco submetid<strong>os</strong> à angioplastia coronária<br />
eletiva após pré-tratamento ótimo com clopidogrel, o<br />
uso do abciximab não está associado a benefíci<strong>os</strong><br />
clínic<strong>os</strong> n<strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> 30 dias.<br />
Permanece a questão sobre <strong>os</strong> benefíci<strong>os</strong> do uso<br />
de IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong> em pacientes considerad<strong>os</strong> mais graves<br />
submetid<strong>os</strong> à ICP para tratamento de DAC estável, ou<br />
seja, aqueles com lesões em ponte de safena, com<br />
diabete melito insulino-dependente ou com FE reduzi<strong>da</strong>.<br />
E, portanto, acreditam<strong>os</strong> que por enquanto, podem<strong>os</strong><br />
extrapolar as conclusões de estud<strong>os</strong> anteriores<br />
onde <strong>os</strong> pacientes de maior risco têm um maior benefício,<br />
sendo, então, indicado o emprego d<strong>os</strong> IGP <strong>IIb</strong>/<strong>IIIa</strong><br />
nestes subgrup<strong>os</strong> de pacientes.<br />
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