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COMUNICAR, VERBO INTRANSITIVO Ensaio para uma ... - UFRJ

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<strong>uma</strong> forma de perceber e de se colocar no mundo (por esse motivo, indissociável de<br />

questões éticas).<br />

Por sua vez, a comunicação tateada neste trabalho difere daquela entendida como<br />

expressão, como troca de sentidos, como <strong>uma</strong> partilha de significados. A palavra<br />

comunicação não é confundida aqui com um campo ou disciplina, mas, sim, mais próxima<br />

a um processo, a <strong>uma</strong> situação, a um evento, a um modelo teórico.<br />

Em seu livro A Comunicação, publicado originalmente em 2004, o teórico da<br />

comunicação Lucien Sfez (2007) identificou três metáforas constitutivas do conjunto do<br />

fenômeno comunicacional, cujo modelo do processo comunicativo coincide com visões de<br />

mundo e políticas que convivem no mundo contemporâneo: a comunicação representativa,<br />

a comunicação expressiva e a comunicação confusional. São verdadeiras imagens do<br />

pensamento comunicacional, cujo modelo de comunicação subjacente dá suporte às mais<br />

diversas teorias que compõem o campo da comunicação.<br />

O primeiro modelo descreve a coincidência das teorias clássicas da comunicação e<br />

da representação: a distinção entre um mundo objetivo a representar e um mundo<br />

efetivamente representado, unidos por algum tipo de mediação, se encontra com a distinção<br />

básica do processo comunicativo entre um emissor e um receptor unidos por um canal.<br />

)<br />

Aqui prevalece o modelo cartesiano (posição dualista, cuja realidade é objetiva, universal e<br />

externa ao sujeito que a representa), mecanicista (esquema linear de causa e efeito),<br />

estocástico (é um processo que segue determinados passos <strong>para</strong> sua efetivação) e atomístico<br />

(comunicação realizada por duas partes se<strong>para</strong>das e indivisíveis). Imagem que sustenta as<br />

teorias informacionais, funcionalistas, hipodérmica, cibernéticas, as ciências clássicas das<br />

organizações, as teorias behavioristas da comunicação e todas aquelas que se ocupam das<br />

condições em que determinada mensagem emitida atinge seu alvo. É um modelo cuja<br />

simplicidade, “que mais ou menos temos em mente em nossas práticas, é sua grande<br />

perenidade” (SFEZ, 2007, p.33). Por isso ainda persistente em pesquisas de tecnologias<br />

midiáticas: um modelo operativo, que funciona em um nível mais específico, especialmente<br />

quando se reduz a comunicação à troca/transporte de informação (esta última entendida<br />

como aquilo que efetivamente pode ser representado).<br />

Já o segundo modelo, o expressivo, é baseado na metáfora do organismo, no qual “o<br />

sujeito e o objeto estão ligados, mas por níveis” (ibid., p.67). A máquina representativa de<br />

Descartes é substituída pelo pensamento de Espinosa que opõe à representação a partir da<br />

expressão: “A causa é imanente aos signos, ela lhes é interior. Dessa forma, as idéias

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