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BRASIL:
O NOVO JEITO DE GOVERNAR.
PLANO DE GOVERNO DE AÉCIO NEVES E ALOYSIO NUNES
2015 2018
DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO
ÍNDICE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
MACROECONOMIA
CRÉDITO E MERCADO DE CAPITAIS
POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR:
INTEGRAR O BRASIL AO MUNDO
AGRICULTURA
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
COMPETIÇÃO
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
POLÍTICA INDUSTRIAL
REFORMA TRIBUTÁRIA
TURISMO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
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CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL COM JUSTIÇA SOCIAL
O crescimento econômico continuado e sustentável
gera as condições e possibilidades
para a manutenção dos empregos, o aumento
da renda dos trabalhadores, a criação de novos
empreendimentos, a segurança para o consumo
e a elevação dos padrões de bem-estar
das famílias. O crescimento possibilita ainda
a manutenção e a ampliação dos investimentos
estatais em áreas prioritárias como saúde,
educação e assistência social.
A economia brasileira, a cada nova sondagem,
vem apresentando sinais preocupantes de
recessão. Mais grave, a baixa taxa de investimento
do Brasil caiu ainda mais recentemente,
chegando a um patamar de 16,5% do PIB,
que compromete a taxa de crescimento daqui
para frente.
Em seu dia a dia as pessoas sentem cada vez
mais a carestia. No acumulado de 12 meses, a
taxa de inflação de 6,62%, medida pelo IPCA,
já supera o teto da meta de inflação estabelecido
pelo governo – 6,5%. O crescimento do
PIB em 2014 será pífio (0,3%) e a previsão do
Focus do BC para 2015 é de 1,0%, abaixo da
previsão de crescimento de muitos países ricos
e em desenvolvimento. Entre os Brics, o Brasil
vem ocupando a lanterna do crescimento
nesses últimos 12 anos, bem como as últimas
posições entre os países da América Latina.
O desafio de recolocar a economia brasileira
nos trilhos da estabilidade e do crescimento é
imperativo e urgente. A prioridade é conter a
inflação e recuperar a credibilidade nacional e
internacional do Brasil, revertendo a tendência
atual à estagflação. Na era da economia do
conhecimento, estruturar e ampliar os investimentos
científicos, integrar o país às novas
cadeias produtivas globais, introduzir uma política
de infraestrutura logística avançada que
seja eficiente e reduzir os entraves à competitividade
são caminhos inequívocos a serem
percorridos para a garantia da estabilidade e
do desenvolvimento econômico.
E, não menos importante, gerar confiança no
empreendedor, na sua iniciativa em investir,
como um ativo inalienável em um novo tempo
de prosperidade.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
MACROECONOMIA
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
NÃO PODEMOS SEGUIR COM INFLAÇÃO E SEM CRESCER
No campo da macroeconomia, o objetivo
maior é criar no Brasil um ambiente de menos
incerteza e maior segurança, que garanta
sem artificialismo e de forma sustentável taxas
de juros real e nominal significativamente
mais baixas que as atuais, semelhantes à média
histórica dos países mais avançados. Essa
é uma condição necessária para que possamos
convergir para os melhores padrões de vida do
planeta. Para tanto, firmamos aqui inequívoco
compromisso com o chamado tripé macro:
inflação na meta, ou seja, no centro da meta,
superávit primário obtido sem artifícios contábeis
e câmbio flutuante.
Uma taxa de juros normal reduzirá a pressão
de apreciação na taxa de câmbio e será um
forte indutor do investimento no Brasil, beneficiando
todos, e não apenas aqueles que
têm acesso às taxas de juros subsidiadas do
BNDES.
COMPROMISSOS
E PROPOSTAS
▶ Autonomia operacional ao Banco
Central, que irá, sem artificialismos,
levar a taxa de inflação à meta de
4,5% ao ano.
▶ Uma vez atingida em dois a três
anos, a meta de inflação será reduzida
gradualmente até 3%, assim
como a banda de flutuação, dos
atuais 2% para 1,5%.
▶ O Banco Central deverá também
suavizar as flutuações do ciclo econômico
e zelar pela estabilidade financeira.
▶ Geração, em dois anos, de um
superávit primário suficiente para,
gradualmente, reduzir as dívidas
líquida e bruta em comparação ao
PIB. Esse superávit poderá ser ajus-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
6
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
tado para refletir o movimento cíclico
da economia.
▶ Inclusão, no cálculo dos gastos
públicos do governo, de todas as
despesas, subsídios e desonerações,
sem uso de quaisquer artifícios.
Essa é uma necessidade absoluta
para a construção de um
regime macroeconômico robusto e
para que se cumpra a Lei de Responsabilidade
Fiscal. Mais do que
isso, é também uma condição básica
para o funcionamento de uma
democracia, que não admite espaços
para gastos públicos omitidos
do orçamento.
▶ A carga tributária chegou a níveis
bastante elevados, quando comparados
com países de renda média
semelhante à nossa. Para que a carga
pare de crescer, ou pelo menos
se estabilize, será necessário limitar
a taxa de crescimento do gasto público
à taxa de crescimento do PIB.
▶ Minucioso esforço de acompanhamento
e avaliação do gasto público,
que dê transparência à aplicação
desses recursos e permita o
contraditório.
▶ Aumento da taxa de investimento
agregada da economia, de 16,5%
do PIB para 24% do PIB, em quatro
anos. Essa ambiciosa meta será
atingida a partir da mudança do
regime macroeconômico definida
aqui e de um grande número de
reformas de natureza microeconômica,
por exemplo, as apresentadas
nas seções sobre infraestrutura, reforma
tributária e comércio exterior.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
CRÉDITO E MERCADO DE CAPITAIS
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Toda economia depende de crédito e capital
para financiar o seu crescimento. Os bancos
e o mercado de capitais têm um papel duplo,
de receber e remunerar a poupança do país,
e de reciclar esses recursos para os melhores
investimentos. Quando bem feita, essa função
contribui para um maior crescimento da produtividade
da economia.
O mercado financeiro no Brasil vem se desenvolvendo
a partir do Plano Real, com destaque
para a verdadeira revolução da governança corporativa
das empresas, o que reduziu o risco
para os investidores e o custo do capital para
as empresas, e para o crescimento do crédito,
especialmente aquele que se beneficia de taxas
de juros mais baixas, como as dos empréstimos
com garantias ou consignados.
Apesar disto, a média das taxas de juros para
as pessoas ainda se situa na faixa dos 28%, o
que vem onerando imensamente a vida das famílias.
Outro tema preocupante diz respeito ao excessivo
crescimento dos empréstimos concedidos
por bancos públicos, financiados em parte
pela emissão de títulos públicos, que pressionam
para cima a taxa de juros da economia.
Parte relevante desses empréstimos representa
um risco fiscal para o erário e, por atender
a critérios políticos, reduz a produtividade e o
crescimento.
COMPROMISSOS
E PROPOSTAS
▶ Empregar nas empresas públicas
alto padrão de governança e
transparência, com o objetivo de
aumentar sua eficiência e eliminar o
aparelhamento e a corrupção.
▶ Reviver o programa de redução
do custo dos empréstimos bancários,
que, a partir de 1999, diminuiu
em mais de 20 pontos percentuais
o custo médio do crédito no Brasil.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Reforçar programas de educação
financeira nas escolas para que as
pessoas saibam cuidar melhor de
suas finanças, evitando a armadilha
do crédito a taxas exorbitantes, que
hoje tanto apertam o orçamento
das famílias.
▶ Trabalhar com o setor financeiro
para desenvolver mecanismos que
alonguem os prazos e reduzam os
custos dos empréstimos concedidos
em modalidades mais caras,
adequadas apenas para linhas de
crédito temporárias.
▶ Definir critérios mais rigorosos
para a concessão de créditos subsidiados,
justificáveis seja por seu
impacto distributivo ou nos casos
em que o retorno para a sociedade
como um todo superar o retorno
privado daqueles que recebem
o subsídio. Esses empréstimos devem
ser avaliados e analisados de
forma rigorosa e aberta, de forma a
permitir sua expansão ou descontinuação,
conforme for o caso.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR:
INTEGRAR O BRASIL AO MUNDO
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A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO
PARA O DESENVOLVIMENTO – SEUS DESAFIOS
Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira
de elevada inflação combinada com reduzido
crescimento enfatizam o baixo investimento
e a alta carga tributária, além de um
baixo padrão educacional oferecido à população.
Menor presença no debate sobre a doença
brasileira tem tido um outro fator, de igual importância
que os anteriores, a saber, a reduzida
participação do comércio exterior na atividade
econômica do país. O Brasil destoa dos demais
países nesse quesito, tanto quanto ou mais do
que na taxa de investimento, na carga tributária
ou na qualificação da mão de obra.
De fato, de acordo com o World FactBook, em
termos do valor das exportações de mercadorias,
em 2013 o Brasil ocupou apenas a 22ª
posição no mundo, apesar de o PIB brasileiro
ter sido o 7º maior. Trata-se de uma anomalia,
pois os países com os maiores PIB do mundo
são também os maiores exportadores do
mundo. Assim, os EUA ocuparam o 1º lugar
em termos de PIB e o 2º em exportações. A
China ocupou o 2º lugar em termos de PIB
e o 1º em exportações. O Japão teve o 3º lugar
em termos de PIB e o 5º em exportações.
A Alemanha se posicionou como a 4ª maior
economia do mundo e a 3ª maior exportadora.
A França teve o 5º maior PIB e foi a 6ª maior
exportadora. O Reino Unido ocupou a 6ª posição
em termos de PIB e a 4ª em termos de
exportação.
O isolamento do país em relação ao comércio
internacional é preocupante, porque a
evidência do pós-guerra sugere não haver caminho
para o pleno desenvolvimento fora da
integração com o resto da comunidade internacional.
De fato, são poucos os países que
conseguiram superar a chamada armadilha da
renda média e chegar ao primeiro mundo nos
últimos sessenta anos. Alguns, como Israel e
os países do sudeste asiático – Coreia do Sul,
Hong Kong, Singapura e Taiwan – o fizeram
apoiados nas exportações industriais. Outros
como Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal –
nas exportações de serviços. Outros ainda,
como a Austrália, a Nova Zelândia e a Noruega,
nas exportações de commodities. Cada um
à sua maneira, explorando suas respectivas dotações
de recursos, mas todos eles com uma
característica em comum: uma crescente integração
com o comércio internacional.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Esse é o desafio que o Brasil enfrenta. Para
ultrapassar a renda média e se tornar próspero,
é imperativo que deixe de ser um dos
países mais fechados do mundo ao comércio
internacional. Urge definir uma estratégia de
integração competitiva das empresas brasileiras
às cadeias mundiais de valor. Somente
assim, além de sermos um exportador de
commodities, conseguiremos desenvolver uma
indústria e um setor de serviços competitivos.
OS DESCAMINHOS DA POLÍTICA COMERCIAL BRASILEIRA
Até o início do processo de liberalização comercial,
em 1988, a estrutura de proteção
em vigor no Brasil era praticamente a mesma
que fora implantada 30 anos antes, em 1957,
quando a substituição de importações encontrava-se
em etapa inicial. A abertura comercial
unilateral foi aprofundada em 1990 e concluída
no final de 1993, eliminando ampla gama
de barreiras não tarifárias fronteiriças e reduzindo
a tarifa média de 57,5%, em 1987, para
algo em torno de 13% no final de 1993. Em
1994, no contexto da implantação do Plano
Real, algumas reduções tarifárias adicionais
foram aplicadas e a tarifa média nominal reduziu-se
para 11,2%.
A liberalização comercial marcou uma inflexão
importante na trajetória das políticas industriais
e de comércio exterior do Brasil – até
então voltadas para o único objetivo de substituir
importações e promover a implantação de
novos setores industriais no país. Essa inflexão
tem menos a ver com a intensidade da exposição
à competição externa ou com a velocidade
da abertura do que com a mudança de sinal
que ela representou para os agentes econômicos:
a valorização da competição como um
instrumento da política de inserção internacional.
Junto com a liberalização unilateral, a conclusão
da Rodada Uruguai do Gatt e a constituição
do Mercosul, ambos na primeira metade
da década de 1990, foram os marcos mais relevantes
na história da política comercial brasileira
dos últimos 25 anos. Na Rodada Uruguai
do Gatt, o Brasil assumiu pela primeira vez
compromissos significativos de consolidação
tarifária – o estabelecimento de limites máximos
para as tarifas, ainda que elas tenham
sido consolidadas em níveis geralmente bastante
superiores aos efetivamente praticados
pelo país, deixando expressiva margem de
conforto para eventuais elevações unilaterais
nas tarifas aplicadas.
A integração sub-regional se inicia com a aproximação
entre Brasil e Argentina e se consolida
com a constituição do Mercosul. O bloco é
criado como área de livre comércio, mas opta
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
pelo modelo de união aduaneira, por pressão
do Brasil. A União Aduaneira é um modelo
exigente, em termos de coordenação de políticas
comerciais, e sua implementação foi comprometida
pelas dificuldades econômicas que
afetaram Brasil e Argentina no final dos anos
1990.
Essa fase não implicou o abandono das políticas
ativas no âmbito industrial e de exportação,
como o atestam o Programa Brasileiro
de Qualidade e Produtividade (PBQP) e os
mecanismos de apoio financeiro à exportação
reintroduzidos (Proex) ou criados (Finamex) à
época. A partir do final da década de 1990, enquanto
o Mercosul entrava em um longo período
de paralisia, o Brasil aprofundava negociações
com seus mais importantes parceiros
entre os países desenvolvidos: a União Europeia
e os EUA (este, no âmbito da Alca). São
precisamente essas iniciativas de negociação
que sofrem o impacto da revisão de política
externa do Governo Lula. O Brasil dá a sua
contribuição para o fracasso da Alca e as negociações
com a UE param, em 2004.
O Governo Lula abandona a agenda econômica
de integração internacional do Brasil e prioriza
coalizões sul-sul e uma agenda regional
que se pretende política e social. O resultado
líquido desses movimentos foi o esvaziamento
da agenda de negociações comerciais e o
legado da irrelevância econômica do reduzido
estoque de acordos comerciais firmados pelo
Brasil. Além do Mercosul e dos acordos com
os países andinos – que cobrem a grande maioria
do universo tarifário, embora com exceções
e longos períodos de redução de tarifas – o
Brasil tem hoje acordos de livre comércio com
três parceiros pouco relevantes (Egito, Israel
e Palestina) e acordos irrelevantes de alcance
parcial com dois parceiros potencialmente
muito relevantes (Índia e África do Sul).
A crise econômica internacional, a apreciação
do real e o forte crescimento das importações
industriais levaram o governo a acionar um
arsenal de instrumentos de política comercial
e industrial a partir de 2010, consolidados
no Plano Brasil Maior – (PBM), de agosto de
2011. Enquanto isso, a agenda de negociações
comerciais entrava em modo de hibernação.
A nova política é caracterizada por uma bateria
de medidas nas áreas de promoção do investimento,
proteção comercial, apoio às exportações
e à inovação. O PBM intensificou o uso
de mecanismos direcionados ao aumento do
conteúdo nacional dos produtos industriais,
como o condicionamento de concessão de incentivos
fiscais e creditícios ao atendimento
de elevados graus de conteúdo doméstico.
A isso se somaram: expansão dos créditos do
Tesouro ao BNDES, acompanhada do aumento
do componente de subvenção nos programas
oficiais; iniciativas para a desoneração da
folha de pagamentos dos setores mais intensivos
em mão de obra; medidas adicionais de
aumento da proteção à produção doméstica,
com a elevação de um ponto percentual sobre
os encargos de PIS/ Cofins cobrados sobre os
produtos importados e aumento de tarifas de
importação de 100 produtos. Essas iniciativas
foram complementadas por uma miríade de
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
programas desenhados para setores específicos,
com incentivos variados.
Ao longo de 2012 ficou patente que as medidas
de política industrial e comercial adotadas
não lograram cumprir o papel a elas atribuído
pela estratégia de crescimento baseada no
consumo doméstico, qual seja: o de garantir
que os benefícios daquela expansão não fossem
capturados pelas importações, mas sim
pela produção doméstica. Ao contrário, o que
se observou foi pressão sobre os custos de
produção, fraco desempenho da indústria e
aumento do coeficiente de importações da indústria
de transformação.
A consequência foi a volta ao debate do tema
da falta de competitividade e da baixa e pouco
dinâmica produtividade da indústria, até então
ausente na agenda de políticas públicas.
No entanto, a abordagem da agenda de produtividade
e competitividade tem-se revelado
uma tarefa árdua para o Governo Dilma, como
fica patente nos vaivéns dos modelos de concessões
de serviços de infraestrutura (portos,
rodovias, aeroportos etc.).
COMPROMISSOS
UMA NOVA AGENDA PARA A PO-
LÍTICA COMERCIAL
▶ A nova política comercial deve ser
orientada pelo objetivo de conectar
a economia brasileira ao mundo.
Trata-se de um imperativo da política
de desenvolvimento: uma maior
integração do país ao comércio internacional
traria grandes benefícios
diretos e indiretos. De um lado
haveria ganhos de produtividade
e tecnológicos, de outro seria um
forte indutor para a simplificação e
eventual redução da carga tributária,
do aumento da taxa de investimento
e da melhoria da qualidade
do ensino e do ambiente de negócios.
▶ A integração competitiva da economia
brasileira ao mundo é essencial
para reduzir o hiato tecnológico
da indústria brasileira e para abrir
caminho para uma estratégia de
reindustrialização compatível com
a dinâmica do sistema econômico
internacional.
▶ Na atual conjuntura econômica
brasileira, a combinação de políticas
requeridas para a recuperação da
competitividade e para estimular a
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
maior e melhor inserção do país no
comércio internacional inclui medidas
de redução do custo Brasil, de
ampliação do comércio exterior, de
negociação de acordos comerciais
e de apoio ao investimento externo
de empresas brasileiras.
▶ O debate sobre a ordem cronológica
das reformas no Brasil – o
que deveria vir primeiro: a redução
do custo Brasil ou a ampliação do
comércio? – teve efeito paralisante
sobre a política comercial brasileira.
Mas o contexto internacional, com
o aprofundamento da fragmentação
da produção em escala global
e a negociação de mega-acordos
de comércio, não permite que o
país continue refém desse dilema.
É hora de avançar nas duas frentes
simultaneamente.
PROPOSTAS
▶ Reduzir os custos e melhorar o
ambiente institucional.
▶ Um programa de redução de custos
focado nos fatores que oneram
de forma especialmente intensa
a produção para a exportação
de produtos brasileiros é essencial
para que a política comercial possa
prover os resultados esperados.
Essa agenda deve ser combinada à
melhoria do ambiente institucional
em áreas essenciais para a maior
inserção nas cadeias de valor internacionais.
▶ Entre as medidas que concretizam
essa agenda, merecem atenção
prioritária:
• Desburocratizar as aduanas e os
portos. Para uma participação efetiva
nas cadeias globais de valor, o
tempo é uma variável fundamental.
Há uma abrangente agenda de
facilitação de comércio a ser adotada,
com ênfase na desburocratização
das operações portuárias,
que requer o engajamento de diferentes
órgãos governamentais.
• Reduzir a carga tributária sobre
as exportações. Simplificar os regimes
tributários nacionais, reduzindo
os custos acessórios no
cumprimento das exigências tri-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
butárias e eliminando os resíduos
tributários incidentes sobre as exportações
com o pagamento dos
créditos tributários devidos aos
exportadores, é fundamental para
dar previsibilidade e maior competitividade
à produção nacional.
• Reforçar as instituições de regulação
técnica e certificação de
produtos (ex: INPI e Inmetro). A
participação em cadeias globais
de valor exige garantias de direito
de propriedade para transferência
de tecnologia ao longo da cadeia
e capacidade de cumprimento de
normas e regulamentos técnicos.
É fundamental reduzir prazos na
obtenção de patentes e desenvolver
capacidade para participar de
definição de normas e regulamentos
internacionais que afetam as
exportações brasileiras.
• Reduzir os custos dos serviços. A
fragmentação da produção em
cadeias internacionais de valor aumentou
a importância dos serviços
para os fluxos de comércio. Os
serviços no Brasil são caros e ruins,
afetando as condições de competitividade
dos demais setores.
• Redefinir as políticas baseadas
em exigências de conteúdo local.
Esses programas devem ser progressivamente
integrados a políticas
horizontais e setoriais que
permitam a participação do país
em elos críticos das cadeias produtivas
internacionais.
▶ Promover a reforma tarifária do
lado da política de importação, a
reforma tarifária deve ser desenhada
para conferir maior racionalidade
à estrutura de proteção. A nova
estrutura de proteção deve ser projetada
de forma a dar previsibilidade
de longo prazo. O cronograma
de racionalização tarifária deve ser
anunciado com antecedência e ser
implementado de forma gradual.
▶ A reforma tarifária deve ser orientada
pelos seguintes objetivos: (i)
reduzir o caráter de escalada tarifária
da estrutura de proteção,
tornando-a mais homogênea; (ii)
simplificar a estrutura tarifária, definindo
um número reduzido de níveis
de alíquotas para o imposto de
importação.
▶ Promover a política comercial negociada.
▶ Reafirmando o histórico compromisso
do Brasil com o avanço de
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
uma agenda multilateral na OMC,
cabe dar à agenda de negociações
comerciais preferenciais a prioridade
que lhe vem sendo negada nos
últimos anos.
▶ As negociações preferenciais têm
papel relevante a cumprir na recuperação
da competitividade da
produção brasileira. A melhoria das
condições de acesso dos produtos
brasileiros aos grandes mercados
externos favorecerá as exportações
brasileiras. Para que os acordos preferenciais
cumpram esse papel, a
prioridade deve estar concentrada
nos países desenvolvidos, nossos
principais mercados de exportação
e maior fonte de investimentos e financiamentos
externos dirigidos ao
Brasil. Esses acordos cumpririam
a função adicional de permitir aos
produtores nacionais concorrer nos
mercados dos países desenvolvidos
em condições mais vantajosas
do que muitos concorrentes asiáticos
(inclusive os chineses).
▶ Nesse sentido, é essencial concluir
as negociações, em curso, com
a União Europeia. O bloco é o principal
mercado para as exportações
brasileiras e já há um grande esforço
negociador despendido nessa
frente de negociações. Além disso,
é necessário lançar as bases para
um acordo preferencial com os Estados
Unidos, mercado tradicionalmente
relevante para as exportações
de manufaturados brasileiros.
▶ A estratégia de relacionamento
do Brasil com seu entorno geográfico
– a América do Sul – deve ser
revista em profundidade, de acordo
com critérios econômicos e com
uma visão que não se confunda
com uma orientação ditada pelas
afinidades político-ideológicas do
partido no poder.
▶ O Brasil deve liderar o projeto de
criação de uma abrangente área de
livre comércio incluindo o México
e os países da América do Sul que
desejarem juntar-se à iniciativa, a
partir da convergência e do aprofundamento
dos acordos sub-regionais
e bilaterais já em vigor no
continente. Essa prioridade deveria
se desdobrar ainda no campo da
infraestrutura, criando condições
de integração física que permita
o desenvolvimento da integração
econômica.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
16
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Além disso, será necessário rever
o modelo de integração do Mercosul,
reduzindo o peso da união
aduaneira – que tem se mostrado
crescentemente disfuncional aos
interesses e estratégias dos países –
e atualizando a agenda de livre comércio,
para que ela possa apoiar
as atividades das empresas brasileiras
na região.
▶ Finalmente, a emergência da China
trouxe profundas transformações
para a economia global e tem
impactado, por meio do comércio
e do investimento, a economia brasileira,
suas exportações e sua competitividade.
O peso crescente da
China e da região asiática obriga o
Brasil a reavaliar prioridades estratégicas
e a conferir àquela região
atenção ampliada.
▶ No caso da China, trata-se de definir
uma estratégia de relacionamento
com aquele país, dentro de
uma perspectiva que vá além do
curto prazo.
▶ Promover políticas de apoio à
internacionalização de empresas
brasileiras. O apoio à internacionalização
das empresas brasileiras
compõe o quarto eixo da política
comercial aqui proposta. Os investimentos
diretos de empresas brasileiras
no exterior são indutores
importantes da incorporação de
novas tecnologias e do aumento da
produtividade das empresas brasileiras.
A agenda de apoio ao investimento
brasileiro no exterior deve
levar em consideração:
• Esses investimentos devem ser estimulados
não como ocorre atualmente,
com políticas concentradoras
da renda voltadas para criar
“campeões nacionais” à custa de
financiamentos subsidiados ou da
participação acionária do BNDES
nessas empresas.
• A revisão do regime tributário que
rege a tributação dos lucros auferidos
por subsidiárias de empresas
brasileiras no exterior.
• A negociação de acordos para
evitar a dupla tributação com países
relevantes como destino dos
investimentos brasileiros no exterior.A
negociação de acordos de
proteção de investimentos que
propiciem maior segurança jurídica
para os investidores brasileiros
em países mais sujeitos a mudanças
de políticas.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
AGRICULTURA
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
PLANTANDO E CRESCENDO
Nos últimos anos, ao crescimento da população
e da urbanização soma-se a expansão da
renda do mundo em desenvolvimento. O crescimento
econômico da Índia e da China, as
duas maiores populações do mundo, é de tal
radicalismo que altera profundamente a demanda
por alimentos. O crescimento chinês na
verdade impulsiona o preço de todas as commmodities,
não somente das agrícolas. A elevação
no preço dos metais, do petróleo e da comida
acaba por injetar renda nos países detentores
de recursos naturais. O mundo árabe pode agora
consumir mais alimentos, posto que a renda
do petróleo permite melhora considerável no
padrão de consumo de alimentos. A América
Latina e a África, que são exportadores de metais
e de petróleo, também passam pelo mesmo
choque positivo de renda. A mudança no nível
de renda altera definitivamente os padrões de
consumo de alimentos e fibras.
Simultaneamente a esses dois vetores de
transformação, surge de modo inesperado a
demanda por parte da agricultura de ampliar
sua produção de energia. A expansão na produção
de biocombustíveis foi de fato impressionante
na última década. Merece destaque
o enorme salto ocorrido nos EUA. Partindo
de um volume modesto de produção de etanol
de milho, o país atingiu em 2012 a produção
de mais de 50 bilhões de litros de etanol
fabricado com 130 milhões de toneladas de
milho. Esse montante representa quase 15%
da oferta global do cereal. Tamanha produção
afetou significativamente o padrão de oferta e
de preços do milho para o segmento de ração
para produção de proteína animal. Além disso,
vale observar que a Europa, o próprio Estados
Unidos, Brasil e Argentina se engajaram em
programas de produção de biodiesel que hoje
alcançam proporções significativas. No caso
brasileiro, por exemplo, chega-se a utilizar 10
milhões de toneladas de soja para produzir
óleo a ser queimado como biodiesel nos motores
brasileiros. O mesmo se dá na Argentina.
A consequência do uso de biocombustíveis a
partir de fontes que tradicionalmente eram
utilizadas para consumo humano ou animal
mudou o patamar de preços desses produtos.
Um quarto elemento pode ser incorporado a
esse quadro de forte demanda. O enfraquecimento
da economia norte-americana trouxe
com ele perda de valor do dólar. Muitos investidores
passaram a enxergar nos mercados
agrícolas uma forma de se proteger da perda
de valor da moeda americana. O mundo agrícola
assistiu nos últimos dez anos à entrada
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
18
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
maciça de fundos de investimentos e especuladores
nos mercados de futuros agrícolas. As
posições compradas e vendidas desses agentes
trouxeram grande volatilidade aos preços das
commodities agrícolas, complicando o quadro
de precificação desses produtos.
Um quinto elemento precisa ser adicionado a
esse contexto de transformação da demanda.
As mudanças na política agrícola dos EUA e
da Europa ajudaram a criar esse novo quadro
de equilíbrio da economia agrícola internacional.
As medidas liberalizantes iniciadas nos
anos 80 e fortalecidas na década de 90 do
século passado diminuíram sobremaneira a
posição dos estoques reguladores detidos pelo
setor público norte-americano e europeu.
Num mundo globalizado, colocar preços mínimos
acima do mercado internacional (como
na Europa) leva à acumulação insuportável de
estoque. Por razões que nada tinham que ver
com a transformação das sociedades asiáticas,
tampouco com os programas de biocombustíveis,
os países desenvolvidos desmontaram
suas políticas de preços mínimos e de carregamento
de estoques reguladores. A consequência
dessa transformação que levou duas
décadas foi que os principais traders do mundo
passaram a ter que mudar sua estratégia de
abastecimento, posto que não poderiam mais
contar com os estoques públicos americanos
e europeus.
A decisão estratégica nesses grandes grupos
é hoje muito clara e foi o principal motor do
financiamento da expansão da produção de
soja nos anos 90 no Brasil. A estratégia adotada
por essas grandes corporações foi procurar
se abastecer nos dois hemisférios do globo.
Como há alternância entre a safra e a entressafra
entre os hemisférios, ou seja, quando
o hemisfério norte está colhendo, o sul está
plantando e vice-versa, é viável utilizar desse
fato da produção escalonada em vez de formar
estoques. Dessa maneira é possível comprar a
soja brasileira em setembro, quando ela está
sendo plantada para entrega em março, quando
a soja americana está sendo plantada. Ao
fazer isso, reduz-se substancialmente a quantidade
de estoques necessários para atender ao
comércio mundial. Entretanto, é forçoso reconhecer
que o risco do novo modelo agrícola
internacional é extremamente alto. Demanda
forte com baixos estoques e com alta presença
de especuladores acarreta instabilidade permanente
e altos preços. Eis o novo equilíbrio
da economia agrícola internacional.
É nessa realidade que o problema da segurança
alimentar ganhou força sem precedentes.
A maior parte dos países que hoje passam por
profunda transformação social e econômica
(Ásia e Oriente Médio) não possuem recursos
naturais suficientes para atender a suas
demandas internas de alimentos. Há, portanto,
forte preocupação com o futuro da oferta
agrícola mundial. É nesse contexto que o Brasil
ganha força geopolítica internacional, dada
sua capacidade na expansão da oferta. É nesse
contexto também que uma nova revolução
agrícola é demandada da agricultura. Novamente
a história está exigindo que a pesquisa
agrícola encontre solução para o problema da
produção de alimentos.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
19
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A IMPORTÂNCIA GEOPOLÍTICA
DA AGRICULTURA BRASILEIRA
Somente cinco países possuem, hoje, três atributos
principais que determinam a demanda
por produtos agrícolas, ou seja, elevada população
urbana, grande PIB e extensa área
agrícola. São eles: Estados Unidos, China, Índia,
Brasil e Rússia. Curiosamente, as quatro
maiores agriculturas do mundo aí se encontram.
De longe, Estados Unidos e China são
hoje as maiores agriculturas do globo. Ambos
os países produzem acima de 400 milhões de
toneladas de grãos; Estados Unidos produzem
40 milhões de toneladas de carne (suína, aves
e bovina). A China alcança patamares de 72
milhões de toneladas de carnes. A terceira
maior agricultura em termos de produção de
grãos é a Índia, que produz cerca de 240/250
milhões de toneladas por ano. Entretanto, a
Índia, é pequena produtora de carnes, alcançando
a modesta casa de 4 milhões de toneladas.
Do ponto de vista de grãos, o Brasil se posiciona
na quarta colocação com produção de
195 milhões de toneladas. Contudo, no que
se refere à produção e carnes, o país alcançou
25 milhões de toneladas ofertadas. É, portanto,
uma potência agrícola internacional. Por
ter uma população relativamente pequena, se
comparada à China, por exemplo, o Brasil é
capaz de produzir alimento para sua população,
mas também para os demais continentes.
A China, em contrapartida, a despeito de ser
o maior produtor do mundo, não é capaz de
produzir o suficiente para sua gigantesca população
e se tornou um grande importador de
alimentos. A China hoje rivaliza com o Japão
na posição de maior importador de alimentos.
O caso japonês é emblemático do que está por
vir com o crescimento asiático. O Japão tem
grande população, é o terceiro maior PIB do
mundo e tem uma diminuta área agrícola. Por
consequência, precisa importar alimentos.
O quadro internacional de comércio é de fato
impressionante. A transformação ocorrida nas
últimas duas décadas no mundo do comércio
internacional agrícola foi muito profunda. Em
1990 o Japão já detinha o maior déficit comercial
agrícola, alcançando US$ 47 bilhões.
A Europa vinha em segundo lugar, com uma
importação superando as exportações na magnitude
de US$ 34 bilhões. Naquele momento,
a Coreia e o Oriente Médio detinham déficits
da ordem US$ 7 bilhões. É curioso observar
que a China, em 1990, era superavitária no
comércio de produtos agrícolas na ordem de
US$ 2 bilhões. O maior superávit comercial
do mundo era dos EUA, alcançando US$ 19
bilhões. Brasil e Argentina tinham saldos positivos
de US$ 7 bilhões. Passadas duas décadas,
fica evidente o quadro de mudança no
padrão de consumo de alimentos nos países
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
20
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
pobres. A China, que era superavitária, em
2011 apresentou saldo comercial negativo de
US$ 80 bilhões, aproximando-se do déficit comercial
japonês, que atingiu a marca de US$
84 bilhões. O Oriente Médio apresentou US$
72 bilhões de déficit comercial agrícola. Coreia
do Sul e Europa seguem sendo dois polos
de forte importação de alimentos.
Do lado superavitário fica evidente a importância
das Américas na segurança alimentar
internacional. O Brasil atingiu, de acordo com
os dados da Organização Mundial do Comércio
– OMC, um expressivo superávit de US$
73 bilhões. A Argentina vem em segundo lugar,
com saldo comercial positivo de alimentos
de US$ 42 bilhões. Os Estados Unidos somaram
em 2011 US$ 31 bilhões de saldo comercial
agrícola.
A importância brasileira no abastecimento
internacional fica evidenciada em diversas cadeias
de alimentos. O Brasil assume hoje posição
de liderança nos mais importantes mercados
agrícolas do mundo. O país é o maior
exportador de soja, detendo 41% dos embarques
mundiais. O país é o maior exportador
mundial de açúcar, alcançando 46% do comércio
praticado.
É o maior exportador de suco de laranja, detendo
81% da participação global. É o maior
exportador de café, com 32% das exportações
mundiais. É também o maior exportador de
carne de frango, com um terço do comércio
mundial, ou seja, o país se transformou numa
potência agrícola internacional nessas últimas
duas décadas.
O futuro reserva ao Brasil um posicionamento
ainda mais expressivo no abastecimento mundial.
Ocorre que recursos naturais que permitem
a expansão da produção de alimentos
estão disponíveis no país: insolação adequada,
disponibilidade de água e terras apropriadas
ao cultivo.
COMPROMISSOS
RESGATE DO PAPEL DO MINISTÉ-
RIO DA AGRICULTURA
▶ Devolver ao Ministério da Agricultura
e Pecuária (Mapa) seu poder
de decisão sobre as políticas agrícolas.
Resgatar a sua representatividade.
▶ Resgatar o orçamento do Ministério
e sua capacidade de execução.
▶ Envolver o Mapa no tema das
negociações de abertura de mercado,
especialmente no que tange
às questões de barreiras sanitá-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
21
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
rias, posto que no mais das vezes
constituem barreiras não tarifárias
relevantes. A morosidade do Estado
brasileiro faz com que o Brasil
aceite passivamente diversas situações
evidentes de indevidas restrições
ao comércio de produtos
brasileiros.
▶ Abertura do mercado para realizar
acordos comerciais com blocos
econômicos estratégicos, em especial
Mercosul e União Europeia.
PROPOSTAS
TECNOLOGIA - BIOTECNOLOGIA
▶ Criar regras claras para o desenvolvimento,
uso e multiplicação dos
diferentes produtos e processos da
biotecnologia. A falta de clareza
das regras vem desestimulando o
investimento privado, comprometendo
seriamente o surgimento de
novas tecnologias.
▶ Resgatar o papel central da
CTNBIO. As decisões acerca de
biotecnologia devem ser tomadas
por especialistas, uma vez que são
necessários diversos estudos científicos
que exigem conhecimento
específico e profundo no que diz
respeito aos processos e produtos
da biotecnologia. Seriedade e agilidade
são os elementos-chave para
que novas tecnologias permitam
o desenvolvimento da agricultura
brasileira.
TECNOLOGIA - PESQUISA
▶ Resgatar os investimentos em
pesquisa pública no país. Integrar
na forma de redes de trabalho os
sistemas federais e estaduais de
pesquisa.
▶ Estimular e fortalecer os centros
estaduais de pesquisa (a Embrapa
não consegue sozinha atender
a toda a demanda e complexidade
da agropecuária brasileira).
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
22
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Envolver as universidades de ciências
agrárias e biológicas na rede de
desenvolvimento tecnológico. Há
um enorme potencial de pesquisa
sub-aproveitado nas universidades.
É preciso estimular nas universidades
federais o desenvolvimento
de novas tecnologias em conjunto
com o setor privado.
TECNOLOGIA - SEGURANÇA DA
PESQUISA E PATENTES
▶ Assegurar proteção jurídica e policial
aos centros de pesquisa do país
(sejam eles públicos ou privados).
▶ Melhorar o sistema brasileiro de
patentes, dando-lhe mais agilidade.
▶ Garantir o respeito ao direito de
propriedade sobre a patente, reprimindo
o uso indevido dos diferentes
produtos e processos (pirateamento).
AGRICULTURA DE QUALIDADE -
SANIDADE
▶ Resgatar o orçamento da defesa
sanitária. Houve redução expressiva
no decorrer dos últimos anos e não
é possível num país de dimensões
continentais contar com recursos
tão escassos. O contingenciamento
dos gastos promovido pelo Ministério
da Fazenda levou à redução expressiva
dos recursos para defesa
sanitária.
▶ Renovar o quadro de técnicos da
vigilância sanitária.
▶ Desenvolver trabalho conjunto
com as vigilâncias sanitárias estaduais,
a fim de maximizar os resultados
das estruturas existentes no
país.
▶ Envolver o setor privado no controle.
Diversas entidades, associações
de classes e de criadores etc.
contam com estrutura que pode
auxiliar no controle e no combate a
doenças.
▶ Desenvolver um trabalho de harmonização
dos sistemas de vigilância
do Brasil com os demais países
da região.
▶ Erradicar a febre aftosa de todo o
país, sem distinção de região.
▶ Priorizar a erradicação e o controle
de zoonoses: tuberculose, raiva,
brucelose, clostridiose.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
23
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Desenvolver a educação sanitária
dos produtores.
▶ Priorizar o Programa Nacional de
Controle de Resíduos.
▶ Dotar o país de laboratórios com
nível adequado de biossegurança.
▶ Ter representantes permanentes
em organismos técnicos como OIE
e Codex.
▶ Prevenir a influenza aviária, bem
como a continuidade do controle
da doença de New Castle e Marek,
principalmente no caso de aves.
▶ Promover a regionalizarção do
país é fundamental para a segurança
sanitária no caso de aves
e suínos.
AGRICULTURA DE QUALIDA-
DE – RASTREABILIDADE E
CERTIFICAÇÃO
▶ Estimular a adoção voluntária de
certificação.
▶ Organizar e divulgar aos produtores
os diferentes sistemas de certificação.
▶ Exigir rastreabilidade em produtos
de maior risco sanitário.
AGRICULTURA DE QUALIDADE -
BIOENERGIA
▶ Refletir as condições de mercado
no preço da gasolina. O álcool
bresileiro é competitivo a preços
de mercado. O estímulo dado pelo
atual governo ao consumo de gasolina
desestimulou o uso de etanol
e acentuou os problemas financeiros
da Petrobras.
▶ Produzir energia limpa na entressafra
da geração de energia hidráulica.
O governo desestimulou a
produção de energia de biomassa.
A prioridade de energia limpa foi
dada à energia eólica, assumindo
parâmetros não factíveis de eficiência
de geração de energia por parte
dessa fonte energética. O resultado
final foi que não se investiu mais em
cogeração e atualmente no período
seco estão se utilizando termoelétricas
(operadas com óleo ou gás),
o que claramente configura um desperdício
de capacidade produtiva.
▶ Estimular novamente a indústria
de bioenergia no Brasil com apoio
financeiro.
▶ Cobrar da indústria automobilística,
como contraparte das benesses
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
24
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
fiscais, um programa pragmático e
com metas claras de melhoria de
eficiência dos motores flex-fuel.
▶ Realizar amplo programa de marketing
internacional da energia limpa
produzida no Brasil.
PROTEÇÃO AO RISCO – RISCO DE
PRODUTIVIDADE
▶ Regulamentar o fundo de catástrofe.
▶ Desenvolver sistema de resseguro.
▶ Desenvolver amplo estudo técnico
para normatização do seguro
agrícola no Brasil.
▶ Estimular a adesão ao seguro por
meio de subsídios ao prêmio.
▶ Envolver empresas do setor privado
a fim de reduzir custos administrativos.
▶ Selecionar culturas com maiores
problemas (grãos).
PROTEÇÃO AO RISCO – RISCO DE
PREÇOS
▶ Desenvolver e estimular o mercado
de opções no Brasil. O elemento
de defesa de risco mais adequado
ao uso pelos agricultores é o mercado
de opções.
▶ Resgatar a atuação da Conab, estimulando
a adoção do mercado de
opções pelos produtores, cooperativas
e empresas ligadas ao setor.
A Conab tem larga experiência no
uso desses instrumentos. Entretanto,
no atual governo houve redução
da presença da Conab como elemento-chave
no desenvolvimento
do mercado de opções.
▶ Estímular o mercado futuro desenvolvendo
linhas de crédito para
o financiamento de margens.
PROTEÇÃO AO RISCO – MERCA-
DO FINANCEIRO
▶ Promover ajuste fiscal como forma
de reduzir a taxa básica de juro.
▶ Estimular e divulgar os mecanismos
de financiamento da agricultura.
▶ Estimular o Banco do Brasil a divulgar
os mecanismos de financiamento.
PROTEÇÃO AO RISCO – INCERTE-
ZA FUNDIÁRIA
▶ Regularizar a titulação de todas
as propriedades brasileiras.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
25
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Unificar os cadastros estaduais e
federais no que diz respeito à titulação
das propriedades, estabelecendo
um cadastro único de terras.
PROTEÇÃO AO RISCO – MERCA-
DO FINANCEIRO: ESTRUTURA
JURÍDICA
▶ Estimular a adesão dos produtores
ao regime de pessoa jurídica.
▶ Desenvolver um modelo tributário
como o Simples Agrícola.
▶ Reduzir a taxa de juro será elemento
vital à estratégia, por permitir
a competição da oferta de
crédito com as taxas de juro preferenciais.
PROTEÇÃO AO RISCO
▶ Utilizar o Mapa como apoio aos
estudos técnicos sobre a legitimidade
dos pleitos de reconhecimento
de áreas indígenas.
▶ Agilizar a aprovação de agroquímicos.
▶ Contratar equipe maior para agilizar
os estudos para aprovação das
novas tecnologias.
GENÉTICA: O PROBLEMA DA CO-
BRANÇA DOS ROYALTIES SOBRE
EVENTOS GENÉTICOS
▶ Desenvolver um marco regulatório
junto ao setor privado relativo
aos direitos de royalties das tecnologias
genéticas.
SUSTENTABILIDADE
▶ Estabelecer Programa de Aquisição
de Alimentos – PAA (Lei
10.696/2003), de “prêmios financeiros”
aos produtores que estejam
em conformidade com a legislação
ambiental ou que estejam realizando
programas de restauração.
▶ Criar o Programa de Aquisição de
Mudas e Sementes Florestais (Pasem),
com o objetivo de garantir
a oferta das mesmas no processo
de regularização ambiental de propriedades
rurais e restauração florestal
de assentamentos rurais de
reforma agrária.
▶ Estabelecer política de prevenção
de conflitos em função de demarcações
tardias, com previsão de indenização
para os possuidores de
títulos legítimos.
▶ Estabelecer plano nacional de
conservação do solo a ser liderado
pelo Ministério da Agricultura e Ministério
do Meio Ambiente.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
26
DESENVOLVIMENTO INTELIGENTE
A produção de ciência e tecnologia é central
para o desenvolvimento econômico e social.
As possibilidades que se abrem na era do conhecimento
transformam as relações humanas
com repercussões definitivas para as formas
de se produzir, comercializar, comunicar,
aprender e ensinar. Os investimentos e a priorização
dessa área, portanto, transbordam em
benefícios para toda a sociedade, em todas as
suas dimensões.
O Brasil não tem sido capaz de acompanhar
o ritmo da inovação e produção tecnológica
mundial, inclusive quando comparamos com
os demais países em situação de desenvolvimento
semelhante. A falta de liderança e a
incapacidade de consolidar um ambiente favorável
à inovação se traduzem no não aproveitamento
de oportunidades de desenvolvimento
para o país.
Reconhecer os principais desafios e estabelecer
prioridades para ciência, tecnologia e inovação
é fundamental para colocar o Brasil em
posição de destaque internacional como produtor
de conhecimento e, consequentemente,
como um país que assegura, por meio de
práticas inovadoras, mais justiça social e vigor
econômico.
Nos últimos 12 anos, ao mesmo tempo em
que o Brasil passou por grandes e positivas
mudanças sociais, nosso setor econômico não
avançou em sua eficiência e competitividade.
Nesse período, o nosso aumento de produtividade
não só ficou abaixo do de nossos vizinhos,
mas significativamente abaixo do nosso
grupo de referência dos Brics.
Durante esse período, passamos por inúmeros
programas governamentais diferentes que
visaram ao aumento dessa competitividade,
com pouquíssimos benefícios, os quais também
foram distribuídos de forma desigual entre
os vários setores. Agravando ainda mais a
situação, nos convertemos em uma das economias
mais fechadas da América Latina, enquanto
nossa carga tributária aumentou para
níveis estarrecedores, sem um aumento correspondente
da eficiência de nosso governo.
Enquanto isso, a globalização e a internet demoliram
qualquer barreira de acesso à informação,
ajudando a quebrar nossos traumas
coletivos de forma irreversível e em um curtíssimo
espaço de tempo. Nesse novo contexto,
reconhecemos a crescente importância da
inovação, da inclusão digital e do empreendedorismo
como ferramentas de desenvolvimen-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
27
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
to social e econômico, apresentando potencial
de rapidamente mudar um país de patamar.
Diante dessa realidade, acreditamos que o
governo atual – resistente em largar as rédeas
econômicas diante de um mundo que aceitou
esta nova celeridade de ciclos econômicos –
adotou um modelo de gestão que reconheça
sua importância (evidenciado pelo aumento
de investimento), mas se mostrou completamente
inadequado e anacrônico em entregar
resultados.
Em nossa busca pela conquista de um Brasil
inovador, em que a tecnologia é a ponta de
lança de uma sociedade inclusiva, enxergamos
também o potencial para uma mudança positiva
e significativa em nossa política nacional
de inovação e desenvolvimento industrial. No
mesmo período, empregamos dezenas de bilhões
de reais como Estado na busca da inovação
– tanto da inovação pura, necessária, mas
de aplicação prática incerta, como daquelas
inovações práticas e necessárias para a competitividade
de nossa indústria e para o aumento
da qualidade de vida da população. Só o programa
mais recente, o Inova Empresa, datado
de 2011, se comprometeu a investir mais de
R$32,5 bilhões de reais. O resultado visto tem
sido uma piora na perspectiva de inovação pelas
empresas, além de uma queda nos principais
rankings de inovação e competitividade.
As universidades públicas e as instituições
de pesquisa, federais e estaduais precisam de
apoio para investir mais na sua infraestrutura
de pesquisa e nos demais instrumentos geradores
de conhecimento básico e aplicado,
além de mecanismos que garantam a retenção
de nossos talentos no Brasil.
Pouca pesquisa, porém, se faz direcionada
para o desenvolvimento industrial, da agropecuária
e do setor de serviços. Em patentes, a
participação do Brasil continua muito reduzida,
sem prioridades. Reforçar a mola do desenvolvimento
significa elevar a capacidade de
inovação tecnológica do país.
Ademais, o ensino da tecnologia deve estar
associado à resolução de problemas sociais e
ambientais e a uma atitude empreendedora.
COMPROMISSOS
▶ Aumento da parcela total de pesquisa
e desenvolvimento privado
no PIB para níveis comparáveis aos
da OCDE até 2023.
▶ Diminuição do custo de acesso
do brasileiro aos serviços de comunicação
(voz e dados) de forma
sustentável.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
28
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Aumento da velocidade média de
conexão de dados no Brasil para 30
Mbps até 2022.
▶ Redução de gargalos regulatórios
para a implementação de novas
tecnologias sem fim e de comunicação
máquina a máquina.
▶ Garantia de que todos os brasileiros,
de 15 a 24 anos, tenham um
nível básico de habilidades de informática.
▶ Potencialização do bom uso pelos
cidadãos e cidadãs das ferramentas
de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC) disponíveis.
▶ Fomento à criatividade e à inovação
desde a base, por meio do acesso
dos brasileiros aos métodos e ferramentas
de criação já existentes.
▶ Reforço do desenvolvimento brasileiro,
elevando a capacidade de
inovação tecnológica do país visando
a um novo patamar de à competitividade
e produtividade das
empresas brasileiras nas cadeias
globais de valor.
PROPOSTAS
▶ Estruturar um sistema nacional de
ciência, tecnologia & inovação com
governança clara e bem definida e
acompanhamento pelo Conselho
de Ciência e Tecnologia – CCT.
▶ Revitalizar o Conselho Nacional
de Ciência e Tecnologia.
▶ Criar o Sistema Nacional de Ciência
e Tecnologia, que possibilitará
a articulação entre as políticas de
educação e CT&I.
▶ Criar programa nacional para formação
de pesquisadores, considerando
quantidade, qualidade e fixação
descentralizada no país.
▶ Fortalecer a pesquisa e a infraestrutura
científica e tecnológica,
eliminando a fragmentação, pul-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
29
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
verização e estabelecendo foco e
prioridades em nível nacional.
▶ Elaborar plano de elevação gradual
dos investimentos – públicos e privados
– em CT&I, buscando atingir, até
2020, um patamar de 2,0% do PIB.
▶ Criar programas de incentivo à
pesquisa e à inovação nas empresas
públicas e privadas, promovendo
a modernização e a celeridade
no sistema de registro de patentes.
▶ Elaborar programa para internacionalização
da ciência, envolvendo
o intercâmbio de pesquisadores e a
criação de infraestrutura adequada
para receber cientistas estrangeiros.
▶ Promover políticas de inovação
em cadeias produtivas, integrando
grandes, médias e pequenas empresas,
assim como centros de pesquisa
nacionais e internacionais.
▶ Ampliar o programa Ciências sem
Fronteiras, para incluir professores
e pesquisadores.
▶ Criar programa brasileiro de formação
tecnológica, incentivando a
formação de técnicos, engenheiros
e pesquisadores em áreas aplicadas.
▶ Manter e ampliar os movimentos
de cooperação e diálogo entre os
setores público e privado, incluindo
representantes acadêmicos, empreendedores
e lideranças empresariais.
▶ Elaborar programa nacional de
disseminação de pesquisas e conhecimentos
em CT&I, incluindo a
ciência na educação básica, com
projetos de feiras e centros de ciências.
▶ Implantar o Programa Nacional
de Parques Tecnológicos de âmbito
nacional e regional, com temas
como bioenergia, química verde e
TIC.
▶ Reformar o sistema de incentivos
fiscais e a política industrial para infraestrutura
de TIC, equilibrando as
demandas de longo prazo com a
competitividade do setor no curto
prazo.
▶ Apoiar incubadoras de empresas,
com caráter de inovação, como
startups, em articulação com as
universidades.
▶ Instituir o Conselho Nacional de
Inovação, responsável por desen-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
30
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
volver, monitorar e avaliar a estratégia
nacional para inovação.
▶ Expandir imediatamente o quadro
funcional da Capes, contratando
gestores especializados por
áreas de estudo.
▶ Aumentar o valor da bolsa de
pesquisadores da Capes e CNPq.
▶ Expandir o Plano Brasil Banda
Larga, focando o aumento da velocidade
média, a confiabilidade e a
cobertura rural.
▶ Incentivar a construção e a ampliação
da rede de fibra ótica nacional
pública e privada e a redundância
de suas interligações com
outros países.
▶ Promover a construção e o uso
de data centers locais para hospedagem,
reduzindo os gargalos na
rede nacional de telecomunicações
e mitigando questões de segurança
e privacidade.
▶ Reformar o sistema de interconexão
via celular, a fim de baratear o
custo por minuto de voz e megabyte
de dados.
▶ Reformular o sistema de gestão
nacional de radioespectro, respeitando
as concessões atuais e atualizando
os parâmetros de alocação
futura.
▶ Regulamentar e formalizar rádios
comunitárias, inclusive com o subsídio
a equipamentos modernos e
confiáveis de radiodifusão.
▶ Garantir a isenção de cobrança
de tráfego para sites públicos e sites
considerados de utilidade pública
ou educacionais.
▶ Estabelecer a adoção de licenças
livres em todos os produtos do Governo
Federal.
▶ Reformular a política de compras
do governo na promoção do desenvolvimento
de softwares.
▶ Garantir a preferência, na compra
pelo governo, de softwares de
desenvolvimento exclusivo às soluções
de código-fonte aberto ou
uso obrigatório de royalties no caso
da venda de outras licenças.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
COMPETIÇÃO
31
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
COMPETIÇÃO PARA O BEM-ESTAR DO CONSUMIDOR E
COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS
Políticas que estimulam competição trazem
dois efeitos sobre o bem-estar dos cidadãos.
O primeiro efeito é direto: acesso a bens mais
baratos e de melhor qualidade. É sempre bom
lembrar que nós, brasileiros, pagamos caríssimo
por produtos que custam muito mais
barato em outros países. O segundo efeito é
indireto e, possivelmente, mais importante: a
competição aumenta a produtividade de uma
economia.
Como o crescimento de longo prazo (e, como
consequência, o bem-estar da população) está
intimamente relacionado aos aumentos de
produtividade, políticas que estimulem a competição
são indutoras de crescimento.
CRIAR CONDIÇÕES PARA MAIOR COMPETITIVIDADE AQUI
DENTRO E PARA FORA
Os preços no Brasil são notoriamente altos.
Vários comentaristas mostram isso para vários
produtos. Carros e aparelhos eletroeletrônicos
são dois entre muitos exemplos. Vários são os
suspeitos, como a alta carga tributária, o alto
custo de energia e os altos juros pagos pelos
produtores de bens e serviços. Falta de competição
pelos consumidores brasileiros certamente
é um dos problemas. Um dos grandes
desafios é aumentar a competição para que tenhamos
acesso a bens e serviços mais baratos.
As empresas brasileiras também são vítimas
da falta de competição. Insumos e bens intermediários
caros diminuem a competitividade
de nossas empresas no exterior, além de compor
parte do custo que o consumidor paga na
forma de preços altos. Um desafio é aumentar
a competição pelo mercado de bens intermediários
e insumos.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
32
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
COMPROMISSOS
COMPROMISSOS: UMA NOVA
AGENDA DE INDUÇÃO DA COM-
PETIÇÃO
▶ Temos compromisso com uma
agenda que aumentará a competição,
diminuindo preços e aumentando
a oferta, tanto dos bens finais
como dos bens de capital (máquinas)
e intermediários.
▶ O compromisso se materializa
com: 1) o combate incessante à
formação de cartéis; 2) o fortalecimento
e o aprimoramento da análise
de concentrações horizontais
e verticais por parte do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica
(Cade); 3) a coibição de abuso
de posição dominante por parte de
agentes que tenham poder de mercado,
tanto no mercado de insumos
como no mercado de produto; 4)
medidas gerais de estimulo à competição.
PROPOSTAS
IMPLANTAR MEDIDAS QUE FACILI-
TEM AÇÕES COLETIVAS PRIVADAS
PARA RESSARCIMENTO DE DANOS
CAUSADOS POR ARRANJOS DE
CARTEL
▶ A compensação dos consumidores
que pagaram além do devido
por causa do conluio cumpre os papéis
de se restabelecer justiça (os
prejudicados são ressarcidos pelo
dano causado) e, não menos importante,
de coibir esse comportamento.
Diante da probabilidade de
ter de ressarcir um valor não menor
do que os benefícios que extraem
do cartel, as firmas terão menos incentivos
ao conluio.
▶ Para que a compensação cumpra
plenamente seus papéis, é necessário
facilitar as condições para que os
prejudicados demandem por reparos
na justiça. Ações coletivas são
uma forma eficiente de tornar ba-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
33
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
rata a busca por ressarcimento por
parte de um prejudicado por cartéis.
INSTITUIR A MULTA TRIPLA
▶ Forçar os cartelistas a pagar somente
os prejuízos causados não
basta, porque há uma grande chance
de se safar. Uma forma de lidar
com esse problema é adotar multas
que aumentem o custo caso o
cartelista seja apanhado. Portanto,
a instituição de multas triplas, que
permitem que um tribunal de justiça
triplique o montante de compensação
por danos, é um mecanismo
complementar às multas para dissuasão.
PROPOR MEDIDAS PARA APRIMO-
RAR E INTENSIFICAR A PRÁTICA
DE IDENTIFICAÇÃO INDIRETA DE
CARTÉIS, A PARTIR DE ANÁLISE
CRITERIOSA DE DADOS E ESTU-
DO DE MERCADOS PROPENSOS À
CARTELIZAÇÃO
▶ A intensificação do monitoramento
por parte do Cade de potenciais
mercados cartelizados é
fundamental para que cartéis sejam
desmontados. É insuficiente
contar com denúncias por parte de
compradores. Afinal, denunciar um
fornecedor de um bem intermediário
indispensável pode ter consequências
deletérias para o fornecimento
futuro desse bem para um
produtor. Acordos de leniência são
importantes, mas não bastam, porque
em geral são feitos depois que
o cartel operou por muito tempo e
já prejudicou a concorrência. O monitoramento
baseado no extenso
conhecimento técnico do corpo de
colaboradores do Cade e no constante
desenvolvimento de técnicas
estatísticas desenvolvidas para o
uso em antitruste é ferramenta indispensável.
UTILIZAR DESENHOS QUE ESTI-
MULEM ENTRADA E COMPETIÇÃO
EM LEILÕES. ADICIONALMENTE, E
AO CONTRÁRIO DO QUE USUAL-
MENTE OCORRE, O CADE DEVERÁ
MONITORAR O COMPORTAMEN-
TO DOS PARTICIPANTES ANTES E
DURANTE O LEILÃO
▶ Conluio em licitações é um problema
grave. O Estado é lesado,
reduzindo os recursos disponíveis
para áreas fundamentais como
educação, saúde e segurança. Em
licitações, é crucial desenhar leilões
que promovam a participação de
vários interessados e estimulem a
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
34
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
competição efetiva entre eles. Muitas
vezes a comunicação entre potenciais
participantes é tratada com
passividade por parte do Cade. Adicionalmente,
numa licitação, é possível
observar parte substancial do
comportamento dos participantes,
o que facilita a identificação das
práticas colusivas. Portanto, o Cade
deve monitorar ativa e preventivamente
o comportamento dos concorrentes
em leilões.
MONITORAR AS SITUAÇÕES NAS
QUAIS O FORNECEDOR DE UM
INSUMO TAMBÉM POSSA COMPE-
TIR NO MERCADO DE PRODUTO
▶ Uma empresa integrada que produza
um insumo utilizado no seu
processo produtivo pode querer
encarecer (ou mesmo não vender)
o insumo para um competidor no
mercado de produto. Esse comportamento
predatório resulta em menor
competição. É preciso monitoramento
constante desses casos.
MONITORAR PRÁTICAS ANTI-
COMPETITIVAS POR PARTE DE
EMPRESAS DOMINANTES
▶ Uma empresa com posição dominante
pode ter incentivos a competir
de maneira predatória, cobrando
de seus consumidores preços
menores que o custo de produção,
ou adotando práticas de fidelização
anticompetitiva, com o intuito
de eliminar competidores e obter
maior poder de mercado no futuro.
Monitorar essas formas de competição
predatória é extremamente
importante.
PROMOVER A REVISÃO DE BAR-
REIRAS TÉCNICAS ADVINDAS DE
NORMAS INJUSTIFICÁVEIS
▶ Barreiras técnicas podem ser usadas
por produtores para manterem
seu poder de mercado, muitas vezes
disfarçadas de defesa dos interesses
da sociedade. No Brasil,
há cartéis condenados que fizeram
uso de imposição de barreiras técnicas
para impedir que consumidores
substituíssem seus produtos
por importados. É indispensável
que barreiras técnicas não justificáveis
sejam eliminadas.
PROVER ACESSO DE TERCEI-
ROS A FACILIDADES ESSENCIAIS
PARA COMPETIÇÃO
▶ Estimular a entrada é crucial. A
competição potencial, na forma de
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
35
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
entrada de novos produtores caso
haja lucros excepcionais, é uma
forma de competição tão efetiva
quanto a competição dos atuais
concorrentes. Políticas que reduzam
o custo de entrada terão, portanto,
efeitos benéficos.
▶ Uma forma de inibir a entrada é
negar acesso a um insumo ou facilidade
essencial para competição.
Ao promover políticas que, sempre
que possível, abram acesso às facilidades
essenciais, cairão os custos
de entrada e será estimulada a
competição.
REDUZIR O CUSTO DE SE FAZER
NEGÓCIOS
▶ As seguintes políticas serão implantadas
para reduzir custos de
entrada. Adoção de políticas que
destravem, agilizem e desburocratizem
os processos de aprovação
pelo Estado. Eliminação de requerimentos
desnecessários para se
abrir e fechar firmas. Reduzir o tempo
dedicado a atender burocracias
múltiplas.
RACIONALIZAR AS EXIGÊNCIAS
DE CONTEÚDO NACIONAL
▶ Políticas de exigência de conteúdo
local são formas indiretas de se
subsidiar produção local. A exigência
de conteúdo nacional é uma forma
bastante ineficiente de se subsidiar
uma atividade. Se a atividade
merece ser apoiada, que o seja diretamente,
com subsídio direto.
▶ As exigências de conteúdo nacional
aumentam os custos dos produtores
sujeitos a essas exigências, o
que reduz a sua competitividade e
insula de competição os potenciais
beneficiados com a política, reduzindo
seus incentivos a inovar e produzir
de maneira mais eficiente.
SIMPLIFICAR A ESTRUTURA DE
TARIFAS DE IMPORTAÇÃO DE
MODO A INCENTIVAR A CON-
CORRÊNCIA DOMÉSTICA
▶ Homogeneização da estrutura de
proteção para evitar a escalada tarifária;
diminuição do número de níveis
tarifários para simplificação da
estrutura tarifaria; redução do custo
de bens intermediários e bens de
capital.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
36
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
PROMOVER A REVISÃO GRA-
DUAL DOS EMPRÉSTIMOS COM
TAXAS SUBSIDIADAS A PROJE-
TOS QUE NÃO AS JUSTIFIQUEM
▶ A concessão de subsídios a projetos
que não os justifiquem tem
duas consequências ruins. O subsídio
infla artificialmente os retornos
de projetos e, com isso, maus projetos
são levados a cabo. Maus projetos
reduzem a produtividade da
economia. Subsídios injustificados
induzem uma diferença artificial de
produtividade entre diferentes setores.
Essa diferença reduz a produtividade
da economia por uma
razão simples: seria melhor alocar
recursos nas atividades nas quais a
produtividade é maior.
▶ Por fim, os subsídios favorecerem
algumas empresas em detrimento
de outras, desvirtuando o processo
competitivo justo. O resultado pode
ser a sobrevivência de empresas
que não sobreviveriam à competição,
ou a eliminação de empresas
mais produtivas, mas sem acesso
aos subsídios.
PROPOSTA 13: PROMOVER A
NEUTRALIDADE NA COMPETI-
ÇÃO ENTRE EMPRESA PRIVADAS
E PÚBLICAS
▶ O fato de empresas públicas poderem
contar com financiamento
mais barato ou garantias – explícitas
ou implícitas – contra a falência
distorce o processo produtivo. É
fundamental nivelar a competição
entre empresas públicas e privadas.
IMPLANTAR MEDIDAS QUE RE-
DUZAM CUSTOS DE TROCA E
MUDANÇA DE CONSUMIDORES
QUANDO RELEVANTES
▶ Custos de troca e de mudança
aumentam o poder de mercado de
um produtor junto a consumidores
que ele já serve. Esses custos reduzem
competição em vários setores,
como o bancário e de telefonia. Políticas
que reduzam esses custos
serão pró-competitivas, portanto.
Em bancos, por exemplo, é preciso
operacionalizar e dar agilidade ao
cadastro positivo. Em telecomunicações,
é preciso implantar efetivamente
a agilização do cancelamento
da conta.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
37
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
DESENHAR REGRAS MAIS EFE-
TIVAS DE COMPRAS GOVERNA-
MENTAIS QUE INDUZAM À COM-
PETIÇÃO, A MENORES PREÇOS, A
MAIOR QUALIDADE DESEJADA E
A MENOS CORRUPÇÃO
▶ Os montantes das compras públicas
no Brasil são expressivos. Os
bens e serviços adquiridos em licitações
são pagos com impostos
por todos nós, contribuintes. É fundamental
que se desenhem regras
que induzam a processos competitivos
e inibam malfeitos em licitações
e compras governamentais.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
38
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
CONDIÇÕES REAIS PARA FAZER O BRASIL CRESCER
INTRODUÇÃO
Quando se fala em infraestrutura, qual deve
ser o objetivo de um governo democrático, que
preza pelo interesse da população e garante o
uso judicioso dos recursos públicos – ou seja,
o dinheiro de todos? Primeiro, modernizar a
infraestrutura do país, de modo a promover o
crescimento e melhorar a qualidade de vida
da população. Segundo, aumentar a oferta e
reduzir os custos associados ao uso da infraestrutura,
de modo que a produção – seja da indústria,
do agronegócio ou serviços – seja mais
eficiente e competitiva. E o que fazer para modernizar
e expandir a infraestrutura do país?
Investir mais e melhor.
Em 2013, o Brasil investiu 2,45% do PIB em
infraestrutura. É muito pouco! Um parâmetro
amplamente aceito indica que deveríamos
estar investindo 3% do PIB apenas para compensar
a depreciação do capital fixo per capita.
Para sustentar um crescimento de 4% a.a. –
hoje acima do nosso potencial, mas alcançável
com reformas na economia – precisaríamos
investir em infraestrutura algo da ordem de
4,5% do PIB.
A baixa taxa de investimento em infraestrutura
é, porém, apenas parte do problema.
Igualmente importante é que investimos mal.
Ou seja, o Brasil necessita não apenas investir
mais, como também melhorar a eficiência
com que os investimentos são realizados. O
país desperdiça um grande volume de recursos
que aplica no setor por conta das conhecidas
dificuldades de execução. E pode-se ainda
questionar a qualidade do investimento, sendo
comum encontrarmos estradas recém-construídas
com buracos ou obras parcialmente
incompletas. O resultado é que nem sempre
os gastos entregam os benefícios prometidos.
O desperdício de recursos é considerável.
Quanta infraestrutura “compramos” com cerca
de 2,5% do PIB de investimentos? As indicações
são de que compramos pouco, por
conta da baixa produtividade do investimento.
E por que a baixa produtividade? Primeiro, por
falta de um planejamento abrangente (inclusive
no plano territorial, a exemplo de mobilidade
urbana), pela fragilidade dos projetos ou
ainda por falhas regulatórias. Segundo, pelas
más escolhas do que e onde investir. Comumente
nossas prioridades estão invertidas:
deixamos, por exemplo, o transporte público
de lado, quando esse deveria ser foco de todas
as atenções no campo da mobilidade. Esquecemos
o transporte de cargas sobre trilhos e
sobre as águas.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
39
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Infelizmente, o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) não solucionou os nossos
problemas. Além do fato de que grande parte
do PAC é na realidade financiamento habitacional
e não investimento em infraestrutura,
os prazos do PAC não têm sido observados e
a qualidade dos serviços é deficiente. Entre a
revisão do PAC de dez. 2010 e a nova previsão
de maio de 2014, houve um aumento médio
dos custos em 44% e dos prazos em 80%.
O problema do atraso, e a consequente alta
dos custos, é geral. No PAC, dois em cada
três projetos de transportes têm atraso de dois
anos ou mais. Em saneamento, de 138 obras
acompanhadas, apenas 28 tinham acompanhamento
normal, contra 18 não iniciadas no
prazo, 25 atrasadas e 47 paralisadas. Ademais,
os resultados finais deixam a desejar: no caso
dos serviços de dragagem do porto de Santos,
boa parte dos recursos empregados foi para
pouco: ao final, trechos importantes do canal
de acesso voltaram a ficar assoreados e a prejudicar
usuários.
COMPROMISSOS
▶ Implantação de uma revolução em
infraestrutura, reconhecendo que o
Estado simplesmente não tem a capacidade
e os meios de levar essa
transformação adiante sem a ajuda
do setor privado.
▶ Garantia de que as obras relacionados
à infraestrutura:
• sejam entregues com menores
custos e entregues nos prazos
acordados;
• durem por muitos anos e prestem
serviços de melhor qualidade.
▶ Investimento em infraestrutura
será uma política de Estado, não o
resultado de conchavos políticos
ou a consequência de caprichos do
governante de momento.
▶ A política de investimento em infraestrutura
reconhecerá as obrigações
do Estado no âmbito do
planejamento e da regulação, mas
também suas limitações no plano
do financiamento e, principalmente,
da execução.
▶ A política de investimento em infraestrutura
será desenhada para de
fato mobilizar o potencial de contribuição
do setor privado – substituindo
os subsídios e artificialismos
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
40
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
pela estabilidade de regras, um fluxo
constante de projetos e uma boa
estrutura de regulação.
▶ Busca por um maior envolvimento
dos bancos privados e do mercado
de capitais no financiamento
dos projetos.
▶ Ao Estado caberá assegurar que
os projetos obedeçam a uma lógica
de planejamento e que sejam regulados
e fiscalizados por agências
que sejam de fato independentes e
não meros apêndices do Executivo.
▶ Os investimentos em infraestrutura
serão bem planejados, com a definição
apropriada de prioridades,
eliminação de desperdícios, sobreposições
e falta de articulação entre
os modais.
▶ Valer-se, de forma arrojada, dos
mecanismos de PPP quando o setor
privado, com oferta privada eficiente
do serviço, puder cumprir
uma missão pública e acelerar os
investimentos necessários ao seu
provimento na infraestrutura viária,
em portos e aeroportos.
PROPOSTAS
CONTRATAR SERVIÇOS DE IN-
FRAESTRUTURA EM VEZ DE OBRAS
DE INFRAESTRUTURA
▶ O governo deve se encarregar de
definir de maneira precisa os serviços
de infraestrutura a serem contratados,
além de exigir garantias,
prover incentivos e efetuar monitoramento
a posteriori para garantir
que esses serviços sejam entregues
de acordo com os prazos e qualidades
estabelecidos na contratação.
Aos contratados, deve ser delegada
a melhor forma de projetar e executar
as obras associadas aos serviços
que serão providos.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
41
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
CONTRATAR OBRAS DE INFRAES-
TRUTURA, INVESTINDO MAIS NO
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO
PROJETO BÁSICO E EXECUTI-
VO, DEFININDO UM ORÇAMENTO
CONFIÁVEL
▶ Não se pode começar obras sem
projeto básico e executivo, sem orçamento
confiável, com base numa
“conta de padeiro”. Devemos avaliar
a receita do desastre: obras atrasadas,
inacabadas, com orçamento
estourado, a exemplo da Ferrovia
Transnordestina, da Transposição
do Rio São Francisco, da duplicação
da BR-101, da refinaria Abreu e
Lima e tantas outras. Qualquer obra
– principalmente as financiadas direta
ou indiretamente com recursos
públicos – necessita passar por um
crivo severo: a obra está corretamente
projetada? E o projeto está
detalhado o suficiente e elaborado
de forma íntegra, de maneira que se
possa fazer um orçamento realista?
E é factível cumprir as etapas em
tempo hábil, entregando o prometido
em termos de qualidade e quantidade,
mesmo quando se consideram
as possíveis contingências? Ao
responder de forma inequívoca a
essas perguntas, o governo evitaria
se lançar em aventuras; afinal, os recursos
são da população.
RESTABELECER PRINCÍPIOS RE-
GULATÓRIOS, O QUE AJUDARÁ
A ATRAIR O SETOR PRIVADO
▶ As agências são órgãos de Estado;
não de um governo A ou B. Elas
não podem ser manipuladas pelo
Executivo, usadas politicamente.
Seu bom funcionamento não comporta
nomeações para agradar a
base do governo. As agências devem
ser organismos técnicos e necessitam
ser defendidas pela sociedade
da penetração de interesses
escusos. Só assim vão cumprir suas
funções essenciais: assegurar que
as tarifas cobradas estejam em linha
com os custos dos serviços;
fiscalizar a qualidade dos serviços
prestados pelos concessionários; e
estabelecer regras e normas estáveis,
que não mudam ao sabor dos
objetivos imediatistas do Executivo.
Só assim se atrai o investimento de
qualidade e se defende o interesse
do consumidor.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
42
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
ALAVANCAR AO MÁXIMO O RE-
SULTADO DA UTILIZAÇÃO DE
RECURSOS PÚBLICOS SUBSI-
DIADOS NOS PROJETOS DE IN-
FRAESTRUTURA. ESTES SÓ SE-
RÃO USADOS QUANDO E NA
MEDIDA EM QUE OS PROJETOS
GEREM BENEFÍCIOS SOCIAIS,
MAS NÃO SEJAM AUTOFINAN-
CIÁVEIS. NESTE CASO, O RECUR-
SO ÀS PARCERIAS PÚBLICO-PRI-
VADAS VIABILIZARÁ PROJETOS
DE INFRAESTRUTURA UTILIZAN-
DO O MÍNIMO DE RECURSOS PÚ-
BLICOS E O MÁXIMO DE RECUR-
SOS PRIVADOS, QUE, SEMPRE
QUE POSSÍVEL, DEVERÃO SER A
FONTE PREPONDERANTE DO FI-
NANCIAMENTO À INFRAESTRU-
TURA NO PAÍS
▶ O governo não tem como continuar
expandindo o orçamento dos
bancos públicos – a exemplo do
BNDES – sem colocar em questão
a qualidade do seu crédito, aumentando
a percepção de risco e gerando
efeitos adversos por toda a economia.
Em 2012, mais de 64% dos
recursos investidos em infraestrutura
vieram do governo ou tiveram
garantias do Tesouro Nacional. No
caso de transportes, esse percentual
sobe para 79%!
▶ Igualmente importante: os recursos
subsidiados e vindos do setor
público só devem ser utilizados para
projetos que apresentem benefícios
sociais, mas que não sejam autofinanciáveis.
Nesses casos, embora
seja desejável levar os projetos a
cabo, os agentes privados não obterão
o retorno por seus investimentos
sem a parceria com o setor público.
O subsídio, então, será a forma de
dar aos agentes privados incentivos
para levar a cabo projetos não rentáveis,
mas que sejam benéficos para
a sociedade como um todo. Essa é
a justificativa para uso de subsídios
em projetos de infraestrutura. Proceder
de outra forma tem três consequências
perversas: em primeiro
lugar, os recursos subsidiados substituem
a poupança privada; na medida
em que o custo de capital próprio
dos acionistas é maior do que o
custo dos empréstimos do BNDES,
as empresas têm um forte incentivo
para distribuírem seus lucros, e não
os reterem para aumentarem seus
investimentos. Em segundo lugar,
financiamento subsidiado faz com
que maus projetos sejam levados a
cabo: o subsídio infla artificialmente
o retorno de um mau projeto. Em terceiro
lugar, e não menos importante,
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
43
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
subsídios injustificados transferem
renda da sociedade como um todo
para os acionistas das empresas responsáveis
pelo projeto, sendo, portanto,
concentradores de renda.
▶ E há uma razão adicional – e mesmo
crítica – para envolver o setor
privado no financiamento da infraestrutura
do país: quando bancos, seguradoras
e investidores direcionam
seus recursos, o fazem com o máximo
rigor, evitando financiar projetos
de má qualidade ou com pouca viabilidade.
Ao não mobilizar os recursos
privados, o país desperdiça uma
grande oportunidade de usar os financiadores
e as seguradoras como
filtro de qualidade e todos saem perdendo.
Finalmente, é essencial mudar
a forma de financiamento para
uma estrutura que é comum internacionalmente
– o project finance,
alavancado por fontes privadas, que
aliviaria as restrições a que as empresas
estão hoje submetidas por
falta de capacidade de dar garantias
para os empréstimos.
CORRIGIR OS MODELOS REGU-
LATÓRIOS NOS SETORES DE IN-
FRAESTRUTURA, CUJAS FALHAS
AUMENTAM O ÔNUS DO GOVERNO
E A INCERTEZA PARA O INVESTI-
DOR. FEITAS AS CORREÇÕES, SERÁ
DADA ESTABILIDADE ÀS REGRAS
COM QUE OPERAM OS CONCES-
SIONÁRIOS
▶ É melhor, de modo geral, usar modelos
testados, ajustar eventuais
distorções, do que “zerar a pedra”,
infringir direitos e gerar insegurança.
Os ativos de infraestrutura têm,
de modo geral, vida útil longa. Muitos,
senão a maior parte dos investidores
no setor, têm uma perspectiva
de médio e longo prazo e uma
preocupação com a sustentabilidade
dos seus investimentos. Mais
além da incerteza regulatória com a
politização de algumas agências, é
fundamental a estabilidade nos modelos
de operação.
▶ Em anos recentes, foram introduzidas
mudanças – geralmente por
meio de medidas provisórias – que
alteraram profundamente os modelos
de operação vigentes. Independentemente
do mérito dessas
medidas, a forma como foram feitas,
por vezes atropelando o Congresso
e ouvindo pouco a sociedade,
gerou bastante insegurança no
setor e questionamentos na justiça,
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
44
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
se tornando um freio para os investimentos.
Assim ocorreu com a MP
679, do setor elétrico, que não apenas
causou enormes prejuízos ao
setor (inclusive à Eletrobras) como
gerou profunda desconfiança entre
os investidores. A MP acabou ainda
por prejudicar os consumidores,
que foram instados a consumir uma
energia escassa e, de acordo com os
planos do governo atual, vão pagar
caro por isso nos próximos anos.
▶ Da mesma forma, a MP 595, dos
portos, foi aprovada a toque de caixa
e em muitos aspectos é um retrocesso,
com a excessiva centralização
das decisões em Brasília. Projetos
mal concebidos foram apresentados
pelo governo e rejeitados por
operadores portuários e mesmo
Companhias Docas; decisões foram
tomadas e estão sendo contestadas
na justiça; e investimentos significativos
permanecem suspensos até o
novo marco se sedimentar.
▶ Outro caso emblemático é o setor
ferroviário. É verdade que o país
necessita balancear seus modais de
transporte e expandir o peso das
ferrovias e hidrovias, além da navegação
de cabotagem. Porém, não é
de uma penada que se resolve uma
questão de grande complexidade.
Expandir a malha ferroviária requer
pensar em profundidade o modelo
de financiamento e de operação das
ferrovias, e tudo indica que as escolhas
do governo não foram as mais
adequadas.
▶ O caso de rodovias é igualmente
esclarecedor. Depois de quase três
anos em que o governo insistiu em
controlar a priori a taxa de retorno
e ver os investidores se desinteressarem,
fez-se uma meia-volta com
competência e os leilões passaram
a deslanchar. Qual foi o truque? Primeiro,
ouvir o mercado, e não impor
soluções de cima para baixo. Segundo,
usar de forma adequada a Lei
das Concessões, de 1995, que serve
bem ao país depois de quase duas
décadas (da mesma forma como a
Lei das Parcerias Público-Privadas,
de 2004, que governos estaduais –
a exemplo de MG – têm se incumbido
de fazer bom uso, e que anda
esquecida pelo Governo Federal).
Terceiro, criar um ambiente competitivo,
assegurando que um número
significativo de empresas concorra
ativamente, dessa forma eliminando
eventuais sobrelucros.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
45
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
DIMINUIR A SOBREPOSIÇÃO DE
ENTES REGULATÓRIOS, UNIFI-
CANDO AO MÁXIMO O PROCES-
SO DE LICENCIAMENTO. PROPOR
UM PROCEDIMENTO DE CONSUL-
TA PRÉVIA NO LICENCIAMENTO
▶ A necessidade de se reportar a
múltiplos entes com atuação sobreposta
aumenta o custo de operação
de uma concessão para provisão
de serviços de infraestrutura.
Não menos importante, aumenta
substancialmente o risco regulatório
e, consequência, o custo de capital
dos projetos, o que reduz sua
atratividade para o setor privado. A
implicação disso é a redução do investimento
e/ou um aumento, pelo
seu efeito sobre a taxa de retorno
demandada pelos concessionários,
do custo pago pela sociedade.
▶ A unificação do processo de licenciamento
reduzirá custos e aumentará
a provisão de serviços de
infraestrutura para os cidadãos. Os
mesmo se aplica ao procedimento
de consulta prévia, que, evidentemente,
reduz os riscos aos quais o
concessionário está exposto uma
vez obtida a aprovação.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
POLÍTICA INDUSTRIAL
46
CRESCIMENTO COM PRODUTIVIDADE E PERMANENTE
INOVAÇÃO NOS PROCESSOS PRODUTIVOS
A indústria está realmente enfrentando uma
grande crise, representada por queda na participação
no PIB, da produção física e na sua
participação na pauta de exportação.
De 1981 a 2007, a exportação de manufaturados
sempre superou 50% do total das exportações
brasileiras. Desde 2010 essa participação
passou para menos de 40% do total exportado
pelo Brasil. Adicionalmente, o saldo da Balança
Comercial da manufatura passou de um
superávit de US$ 5 bilhões, em 2006, para um
déficit de US$ 105 bilhões, em 2013.
É consensual que, no mundo pós-2008, há
um excesso de oferta de produtos manufaturados
e que esses produtos estão em busca de
mercados onde há crescimento da demanda,
como o Brasil. Dado o elevado custo de produção
no Brasil, a tendência é de aumento
das importações de produtos manufaturados
e substituição da parte da produção doméstica
por produtos importados. A preocupação
maior, portanto, é com o que vem pela frente,
mais do que o que ficou para trás.
A indústria no Brasil sofre, em geral, por problemas
micro (baixo crescimento da produtividade,
baixa capacidade de inovação, elevado
custo dos insumos etc.) e pelas consequências
de um modelo macro baseado no gasto público
crescente, carga tributária crescente e dependência
da poupança externa para financiar
o aumento do investimento.
O desafio de retomar a competitividade da indústria
brasileira, fomentar a internacionalização
de nossas empresas e uma maior integração
em cadeias de produção globais é urgente.
O grande desafio não é promover um setor
específico à custa dos demais, mas sim adotar
políticas macroeconômicas em conjunto com
políticas de aumento de competitividade que
favoreçam todos os setores da economia e,
principalmente, a indústria.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
47
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
COMPROMISSOS
MAIOR INTEGRAÇÃO COM O RES-
TO DO MUNDO
▶ É indispensável redefinir o relacionamento
da indústria brasileira
com o resto do mundo. Uma visão
bastante protecionista tem que ser
substituída por uma visão de integração
do nosso parque industrial
com a indústria global. Isto é ainda
mais importante quando se considera
que a indústria global passa
por uma nova revolução tecnológica,
com cadeias de produção
fragmentadas em diversos países.
Não podemos ficar cada vez mais
distantes do que fazem os polos industriais
mais desenvolvidos.
▶ Nesse contexto, é preciso considerar
o Mercosul e a política comercial
externa, a retomada do esforço
exportador e a percepção de que,
para produzir e exportar mais é preciso
também importar mais, como
faz inclusive a China, que, apesar de
ser um país grande e exportador de
manufaturas, importa perto de 30%
do seu PIB.
▶ O esforço de maior integração
com o resto do mundo será uma
agenda paralela às reformas microeconômicas,
assim, a maior integração
avançará em conjunto com
a redução do custo Brasil, melhoria
no ambiente de negócios, maiores
estímulos à inovação, aumento da
qualidade da educação e da produtividade
do trabalhador e redução
da taxa de juros.
▶ Ou seja, a maior integração com o
resto do mundo não pode ser vista
como uma medida isolada, mas sim
como um esforço complementar a
uma agenda de reformas para melhorar
a competitividade da economia
brasileira.
MELHORIA DO AMBIENTE MA-
CROECONÔMICO E APROVAÇÃO
DE REFORMAS MICROECONÔMI-
CAS QUE AUMENTEM A PRODU-
TIVIDADE DE TODOS OS SETO-
RES DA ECONOMIA
▶ Não há como ter uma indústria
competitiva sem um setor de serviços
competitivo e vice-versa. A atividade
de design, que é importante
para agregar valor a um produto,
é muitas vezes uma atividade que
ocorre fora da fábrica e até mesmo
em um outro país.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
48
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Adicionalmente, um bom produto
pode não ser competitivo pela
demora e custo que leva para chegar
ao consumidor final em decorrência
da falta de investimento em
logística. Por fim, é difícil o empresário
planejar os investimentos se
preços importantes para a competitividade
de sua atividade (taxa de
câmbio, tarifa da energia, custo de
transporte etc.) sofrem mudanças
bruscas devido a mudanças de regras
constantes.
▶ Uma verdadeira política industrial
não se faz em “reuniões fechadas
em Brasília”. A verdadeira política
industrial também não é uma política
que favorece setores da indústria
à custa de outros ou mesmo
aquela que discrimina entre atividades
industriais e não industriais. No
mundo moderno do séc. XXI é cada
vez mais difícil apostar em setores.
A tecnologia está embutida tanto
em remédios e carros, quanto em
roupas, sapatos e alimentos.
▶ A preocupação não deveria ser
com o que um país produz, mas
como se produz e o ambiente macroeconômico
que possibilite maior
competividade de todos os setores.
Para alcançarmos esse desafio,
a agenda de competividade da indústria
se mistura com a agenda de
competitividade da economia.
CRIAÇÃO DE UMA NOVA AGEN-
DA PARA INDÚSTRIA
▶ O PSDB entende que é necessário
recuperar novamente a agenda
de equilíbrio macroeconômico que
permita que os empresários resgatem
a confiança, no longo prazo, na
economia brasileira e logo possam
voltar a planejar e investir. A agenda
de estabilização macro deve ser
complementada por ações microeconômicas
que melhorem o funcionamento
da nossa economia, com
impacto positivo na produtividade
de todos os setores da economia.
▶ Por exemplo, melhorar a qualidade
do investimento em educação
significa ter uma mão de obra mais
escolarizada, o que torna mais fácil
a transferência de tecnologia de
outros países e inovação no “chão
da fábrica”. Uma reforma para facilitar
a abertura e o fechamento de
empresas e diminuir a burocracia
não será a solução para o nosso
problema de competitividade, mas
contribui com esse objetivo.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
49
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Aumentar os incentivos à P&D e
inovação em todos os setores é algo
que também ajuda o crescimento
da produtividade, ainda mais se
incentivos à inovação forem acompanhados
de maior concorrência
decorrente da maior abertura comercial.
▶ Em resumo, o desafio maior para
recuperar a competitividade da indústria
doméstica é atuar nos fatores
que afetam a competitividade
de todos os setores da economia
brasileira. Não há como, no mundo
atual, alguém achar que uma política
de subsídios, que precisa ser periodicamente
renovada e de custo
incerto, será suficiente para compensar
a baixa qualidade de nossa
educação, a nossa elevada carga
tributária, o excesso de burocracia
e a baixa integração da indústria
brasileira nas cadeias globais de
produção.
▶ A solução para resgatar a competividade
da indústria brasileira não
é por meio da concessão de tratamento
privilegiado para algumas
poucas empresas com o objetivo
criar “enclaves de produtividade”.
O desafio é melhorar o ambiente
macro, o funcionamento das instituições
e incentivos à inovação para
todas as empresas e setores.
▶ A competividade da indústria
está intrinsecamente ligada à competividade
da economia brasileira e
o nosso compromisso é resgatar a
competitividade da indústria brasileira
a partir dessa visão integrada
da indústria com os demais setores
da economia.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
50
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
PROPOSTAS
MAIOR INTEGRAÇÃO COM O RES-
TO DO MUNDO E PARTICIPAÇÃO
MAIOR EM CADEIAS GLOBAIS DE
PRODUÇÃO
▶ É indiscutível a importância da
maior integração das empresas
brasileira nas cadeias de produção
globais. Uma maior integração com
o resto do mundo significa ter acesso
a produtos e insumos de melhorar
qualidade que contribuem para
a maior competitividade das empresas
brasileiras. Assim, o PSDB se
propõe a implementar as medidas
necessárias que facilitem e permitam
maior integração de nossas
empresas nas cadeias globais de
produção.
▶ Essa agenda, como detalhado em
outra seção deste plano de governo,
envolve uma nova política de
comércio exterior, além de médias
mais amplas de reformas macro e
microeconômicas que possibilitem
que os nossos empresários se integrem
ao comércio mundial em condições
mais homogêneas. Não há
como exigir eficiência do empresário
e maior integração nas cadeias
globais de produção quando ele
trabalha sob uma legislação tributária
que o leva a gastar 2.600 horas
do ano fiscal apenas para cumprir
com as suas obrigações fiscais
e tributárias.
▶ Assim, a proposta para facilitar a
integração das empresas brasileiras
nas cadeias globais de produção
não é uma medida isolada nem direcionada
a uns poucos setores. Essa
medida faz parte de um conjunto
de medidas de reformas macro e
micro que levariam à redução do
custo Brasil, permitindo que nossas
empresas se integrem ao comércio
mundial de forma competitiva.
INCENTIVAR MAIOR INTEGRA-
ÇÃO ENTRE INDÚSTRIA, AGRI-
CULTURA E SERVIÇOS
▶ A indústria tem que ser vista na
sua conexão com o agronegócio, o
único segmento realmente competitivo
da economia brasileira. Existe
muito que avançar nessa área,
como produção de energia, álcoolquímica,
novos produtos, serviços
industriais etc.
▶ A indústria tem que se integrar
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
51
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
mais com o setor de serviços, tanto
no que concerne aos produtos de
consumo (varejo, confecções, calçados
e têxteis), como o que concerne
à venda de equipamentos
(vender soluções e não máquinas,
como projetos e melhorias em gestão
de energia, segurança, gestão
de certos ativos etc.).
▶ O desafio para o Brasil não é decidir
quais produtos manufaturados
o país dever exportar, mas sim de
que forma esses produtos conseguem
agregar valor, porque incorporam
na sua produção inovação
em produto ou processo, inovação
em design, materiais especiais e/ou
uma estratégia ligada ao desenvolvimento
de marcas.
MELHORAR O AMBIENTE MA-
CROECONÔMICO PARA QUE
SEJA CONSISTENTE COM UM
MODELO QUE AUMENTE A COM-
PETITIVIDADE SISTÊMICA DA IN-
DÚSTRIA
▶ Não existe uma bala de prata que
resolva a perda sistêmica de competitividade
industrial. Muitas iniciativas
terão que ser tomadas e
exigirão tempo para surtirem efeito.
Parte dessas ações vêm da área
macro, como melhoria tributária,
redução consistente de juros, permitida
por uma melhor política fiscal,
que leve a uma taxa de câmbio
mais competitiva para indústria que
resulte do aumento da poupança
doméstica.
DEFINIR AÇÕES MICROECONÔ-
MICAS VOLTADAS PARA: REDU-
ÇÃO DE PREÇO DOS INSUMOS
BÁSICOS DA INDÚSTRIA, MAIO-
RES INCENTIVOS À INOVAÇÃO E
MAIOR TREINAMENTO DA MÃO
DE OBRA E MECANIZAÇÃO DO
PROCESSO DE PRODUÇÃO
▶ Além da área macro, muitas ações
do plano micro são desejáveis e necessárias.
Sem pretender ser exaustivo,
citam-se em seguida algumas
delas.
▶ As matérias-primas básicas, metálicas
e químicas não podem ter
preços locais muito maiores que os
dos similares importados colocados
no mercado interno. A política de
preços da Petrobras deveria levar
este conceito em consideração: é
difícil existir competitividade quando
se cobram preços de monopólio
para gás natural, nafta e outros derivados.
Apenas assim a manufatu-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
52
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
ra tem chance de competir com as
importações e exportar.
▶ Assim como ocorre na cadeia do
agronegócio, é indispensável que as
inovações sejam mais presentes na
indústria local. O papel do Estado
neste quesito é fundamental, inclusive,
com o uso de recursos a fundo
perdido no fomento à inovação
e constante avaliação dos casos de
sucesso e fracasso.
▶ Considerando-se o aperto no
mercado de trabalho, parece indispensável
um esforço na direção de
maior mecanização, robotização e
automação no setor. Só assim, poderemos
ter uma elevação significativa
na produtividade do trabalho
no segmento industrial. Precisamos
de empregos de melhor qualidade,
o que só existirá com maior qualificação
do pessoal e maior estoque
de capital por trabalhador.
MELHORAR A QUALIDADE DA
INFRAESTRUTURA E DIMINUIR A
BUROCRACIA
▶ Também para o setor industrial
(como no resto da economia), um
avanço significativo na qualidade
da infraestrutura e na redução do
custo de logística é indispensável.
Uma melhor infraestrutura propiciará
redução de custo para os produtos
de diversos setores e facilitará
a maior integração com cadeias
globais de produção.
▶ A excessiva regulação do mercado
de trabalho está colocando
custos extraordinariamente altos,
diretos e indiretos para o setor. Não
se fala apenas aqui dos custos trabalhistas,
mas também dos efeitos
financeiros de regulamentos, como
a normativa regulamentadora NR
12 – Segurança no Trabalho em Máquinas
e Equipamentos.
▶ É fundamental mudar a percepção
de que no Brasil empreender é
demasiadamente complicado e desanimador.
▶ Regulação e exigências burocráticas
em outras áreas têm que ser reduzidas,
inclusive na área parafiscal.
A própria Receita admite que muitos
formulários a serem preenchidos
são duplicados ou desnecessários.
Muito da nossa má posição no
ranking do Doing Business, do Banco
Mundial, decorre desse tipo de
problema, além da multiplicidade
de impostos e contribuições.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
53
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O USO DE INCENTIVOS PARA IN-
DÚSTRIA DEVE SER TRANSPA-
RENTE, AVALIADO E UTILIZADO
COMO UM INSTRUMENTO TEM-
PORÁRIO DE FOMENTO AO CRES-
CIMENTO DA PRODUTIVIDADE
▶ É perfeitamente razoável que se
concedam incentivos, de várias
naturezas, para as empresas. Entretanto,
eles devem sempre ser
transparentes, temporários e estar
associados a contrapartes de desempenho.
▶ A concessão de subsídios é justificável
em épocas de crise e como
instrumento temporário de fomento
setorial. Mas a concessão de
subsídios deve priorizar projetos de
inovação, que são projetos que, em
geral, resultam em externalidades
positivas: beneficiam diversas empresas
e setores da economia e não
apenas o setor beneficiado.
▶ O BNDES e outras agências de
crédito têm um papel importante a
cumprir. Entretanto, aqui também
a transparência e a universalidades
das regras têm que ser claramente
estabelecidas. Uma política de
subsídios de elevado custo para o
contribuinte não deve ser nem o
principal instrumento de fomento
à indústria como passou a ser a regra
dos últimos anos. Além de não
resolver o problema, tem elevado
custo fiscal em um país que já tem
uma carga tributária excessiva e
onde se investe pouco.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
REFORMA TRIBUTÁRIA
54
O Brasil é um país de elevada carga tributária
para seu nível atual de desenvolvimento. Temos
uma carga tributária de 36% do PIB para um país
com o PIB per capita de R$ 24 mil. Em geral,
países com carga tributária semelhante à nossa
têm um PIB per capita quase três vezes superior
ao nosso. Assim, aumentar a carga tributária deixou
de ser uma opção viável para o financiamento
das políticas públicas.
Por outro lado, no curto-prazo, também não
há espaço para reduzir fortemente a carga tributária,
dado o elevado crescimento do gasto
público nos últimos quatro anos. De 2011 a
2014, a despesa não financeira do Governo
Central (Governo Federal, Previdência e Banco
Central) deverá crescer em 2,2% do PIB,
um crescimento do gasto em quatro anos que
será equivalente ao crescimento dos doze anos
(1999-2010) que antecederam o governo atual.
Este forte crescimento da despesa nos levou
a uma situação de risco fiscal, algo que já havíamos
resolvido no passado com a introdução
do regime de metas de superávit primário, em
1999, em conjunto com a aprovação da Lei de
Responsabilidade Fiscal, em 2000. O superávit
primário do setor público em 12 meses, até
julho de 2014, foi de 1,2% do PIB, nível insuficiente
nas condições atuais para estabilizar a
razão da dívida bruta e líquida do setor público
em relação ao PIB.
A situação chega até a ser mais grave, porque,
quando descontadas as receitas atípicas,
aquelas que não se repetem ao longo dos anos,
e quando computadas as despesas não pagas,
o superávit primário do setor público (sem truques)
está próximo de “zero”. Assim, o próximo
governo terá que perseguir o duplo objetivo de
avançar em uma reforma tributária, que é necessária
e inadiável, e simultaneamente recuperar
a o superávit primário do setor público.
De qualquer forma, se não há espaço fiscal
para uma redução imediata da carga tributária
devido à herança maldita do governo atual,
é possível uma melhoria substancial no nosso
sistema tributário, que é extremamente complexo.
Por exemplo, o número elevado de impostos
e contribuições aumentam muito a burocracia
e o custo das empresas de cumprirem
com suas obrigações ficais.
De acordo com dados do Banco Mundial, as
empresas no Brasil levam cerca de 2.600 horas
para cumprirem com suas obrigações fiscais,
ante um média de apenas 366 horas para
todos os países da América Latina e Caribe.
Assim, é possível avançar de forma rápida na
forte redução do número de impostos e contribuições
e caminhar para a implementação
de um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA)
nacional, compartilhado entre Governo Federal
e estados.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
55
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
COMPROMISSOS
SIMPLIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA NO
CURTO PRAZO E REDUÇÃO DA
CARGA TRIBUTÁRIA NO LONGO
PRAZO. REDUZIR E SIMPLICAR O
NÚMERO DE IMPOSTOS E CONTRI-
BUIÇÕES
▶ É possível qualificar como reforma
tributária um conjunto de alterações
nas disposições legais que
regulam o tamanho e a estrutura
dos impostos, taxas e contribuições
vigentes em determinado país. Tais
mudanças influem diretamente na
vida da população, dos empresários
e do setor público.
▶ Dado que esse é um processo que
modifica a situação de todos, ele é
por natureza um evento difícil, exigindo
uma grande habilidade política
para se chegar a um consenso.
Para isso é preciso um partido político
estruturado e com a tradição
de saber montar e administrar uma
ampla coalização pró-reformas. Essas
são características dos governos
do PSDB.
▶ O desafio imediato da reforma tributária
é simplificar radicalmente a
legislação tributária e trazer previsibilidade
para o horizonte de planejamento
das empresas. Em um segundo
momento, o PSDB buscará
o controle do crescimento do gasto
púbico e, assim, uma redução gradual
e permanente da carga tributária
do Brasil.
SISTEMA TRIBUTÁRIO SIMPLES
COM REGRAS ESTÁVEIS
▶ O sistema tributário brasileiro
provoca danos à competitividade,
eficiência econômica e alocação de
recursos. As exportações e os investimentos
produtivos ainda são
taxados, indiretamente, porque os
créditos dos insumos e dos bens de
capital não são devolvidos depois
que acumulados. Esse era um problema
crônico do ICMS, mas cresceu
de forma acelerada no âmbito
dos tributos federais, com créditos
acumulados em tributos como IPI,
PIS e Cofins.
▶ Essas contribuições até passaram
a contar com um regime não cumulativo
desde 2004, mas ele é restrito
basicamente às empresas que declaram
IR pelo lucro real. Na prática,
os créditos continuam sendo acumulados,
sobretudo nas exporta-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
56
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
ções e no agrobusiness. O prejuízo
é imenso, reduzindo a competividade
do produto nacional internamente
e externamente, incentivando
a verticalização das empresas e
onerando excessivamente os bens
de capital, que tradicionalmente
possuem cadeias produtivas mais
longas.
▶ Além dos problemas acima, o
nosso sistema tributário é baseado
em mudanças constantes de regras,
que prejudicam as decisões de investimento
das empresas. Uma decisão
de internacionalização que levou
anos de planejamento pode ser
tornar inviável quando o governo
passa a dar uma nova interpretação
sobre a tributação que incide sobre
o lucro reinvestido por empresas
brasileiras em outros países.
▶ O compromisso do PSDB é encaminhar
no primeiro semestre do
novo governo uma proposta de reforma
tributária com base nos seguintes
princípios: (i) reduzir o número
de impostos e contribuições,
(ii) aperfeiçoar a técnica da não
cumulatividade para os tributos federais;
(iii) agilizar o aproveitamento
dos saldos credores acumulados,
especialmente por exportadores e
investidores; (iv) instituir o cadastro
fiscal único; e (v) implementar um
Imposto sobre Valor Adicionado
(IVA) nacional. Esses compromissos
serão detalhados nas propostas
seguintes.
PROPOSTAS
IMPLEMENTAR A SISTEMÁTICA
DE CRÉDITO FINANCEIRO PARA
TODOS OS TRIBUTOS FEDERAIS
▶ Um dos grandes problemas do
nosso sistema tributário é o crédito
das empresas na compra de insumos
para a produção. Os insumos
destinados a integrar fisicamente
o produto industrializado geram
um crédito para as empresas. Mas
o mesmo insumo, quando utilizado
no processo administrativo da em-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
57
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
presa, não gera crédito. Essa diferença
significa que uma parte da
energia que uma empresa compra
gera crédito e outra não, como se
o processo produtivo não despendesse
da parte administrativa e
gestão de uma empresa.
▶ Assim, uma proposta imediata da
reforma tributária é aperfeiçoar a
técnica da não cumulatividade para
o caso dos tributos federais, IPI, Cofins
e PIS. Há que se abandonar a
sistemática de crédito físico – que
só dá crédito para insumos destinados
a integrar fisicamente o produto
industrializado – e implantar
a sistemática de crédito financeiro,
que permite às empresas recuperar
todo e qualquer tributo federal sobre
as compras que realizam, inclusive
de bens para uso e consumo
próprio e para o ativo permanente.
fisco. Aqui há duas formas de se resolver
esse problema. Primeiro, será
proposta a possibilidade de compensação
entre tributos de qualquer
natureza, no âmbito de um
mesmo ente federativo, por meio
de lei complementar. Isso significa,
na prática, que empresas poderão
pagar com seus créditos de tributos
federais suas obrigações junto
ao INSS.
▶ Segundo, a solução acima não soluciona
o problema do excesso de
acúmulo de crédito do ICMS dos
exportadores. Nesse caso, o Governo
Federal se compromete ajudar
os estados a implementar um
mercado secundário de créditos de
ICMS, possibilitando que empresas
com excesso de créditos transfiram
esses direitos para firmas devedoras
do fisco estadual.
AGILIZAR O APROVEITAMENTO
DOS SALDOS CREDORES ACUMU-
LADOS, ESPECIALMENTE POR EX-
PORTADORES E INVESTIDORES
▶ Um outro grande problema do
nosso sistema tributário é o excesso
de créditos que empresas
exportadoras acumulam junto ao
INSTITUIR O CADASTRO FISCAL
ÚNICO
▶ Ainda na linha de simplificação,
grande parte da complexidade do
sistema tributário nacional poderia
ser eliminada com a instituição,
por meio de Projeto de Lei Complementar,
do cadastro fiscal úni-
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
58
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
co dos contribuintes. Se o objetivo
no longo prazo da adoção de um
novo sistema tributário no Brasil é
que ele seja antes de tudo simplificado
e racional – para não falar em
mais justo e pró-eficiência – e que
lá a reforma caminhe gradualmente,
é preciso começar por algo que
seja marcante e definitivo da nova
estratégia nacional.
▶ Para o cidadão, significa que ele
ou sua empresa terão um único número
de identificação para se relacionar
com o fisco e também para
qualquer outra forma de contato
com qualquer órgão da administração
pública brasileira – para a segurança
pública, para votar, para ir à
escola pública, ao hospital público,
para receber a previdência, o seguro-desemprego,
a bolsa família.
A ideia é que, quando a criança for
registrada no cartório, a certidão de
nascimento já informe um número
que ela poderá usar para o resto de
sua vida. Não seria difícil e nem caro
recadastrar todos os brasileiros.
▶ A adoção da identidade única traria
muitos benefícios. A fiscalização
de impostos seria apenas o ponto
de partida, pois, com identidade
única, as bases de dados poderão
ser compartilhadas entre as diferentes
autoridades fazendárias e a
corrupção seria combatida de forma
implacável. A eficiência dos serviços
e gastos públicos poderá dar
um salto de qualidade enorme, pois
haverá um só prontuário eletrônico
para usar qualquer unidade do SUS
em qualquer lugar do país – e também
aí fiscalizar o que a rede lhe
presta de serviços. Os criminosos
poderão ter finalmente um banco
nacional de procurados etc.
▶ Os benefícios sociais já são pagos
com cartões, mas um para cada
caso. Já foi aprovada uma lei prevendo
a integração das identidades,
mas não foi implementada. Precisamos
construir o caminho para uma
verdadeira transparência cidadã em
que todos os brasileiros inscritos no
cadastro único sejam informados
anualmente de seus direitos sociais
ainda não conquistados. Um sistema
direto de informação, com gestão
social de um conselho formado
por usuários, trabalhadores sociais,
gestores e Ministério Público. As famílias
precisam conhecer os direitos
que não estão vivenciando. Que
a criança tem direito a uma vaga
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
59
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
na escola, que o adulto pode voltar
a estudar e que a moradia em que
vive não está segura.
CRIAR UM IMPOSTO SOBRE VALOR
ADICIONADO (IVA) NACIONAL.
▶ O sistema tributário atual do Brasil
foi criado, em 1965, para uma
economia fechada e pouco diversificada,
sem políticas sociais ativas
em uma Federação centralizada. O
novo sistema tributário teria como
objetivo revisar as competências
tributárias (unificar impostos e contribuições
sobre mesma base) e repartições
(alargar base de cálculo
de fundos e vinculações).
▶ De acordo com essa estratégia, a
proposta é radicalizar na simplificação
do sistema e propor a criação
de um único e amplo Imposto sobre
Valor Adicionado (IVA) Nacional. O
IVA Nacional incorporará tanto o
ICMS como todo e qualquer tributo
federal que hoje incide sobre o faturamento
ou a receita das empresas,
como é o caso IPI; das contribuições
sociais, Cofins e PIS; e das
contribuições econômicas, como
Cide, Fundo de Universalização
dos Serviços de Telecomunicações
(Fust) e Fundo para o Desenvolvimento
Tecnológico das Telecomunicações
(Funttel). O novo imposto
será um autêntico tributo sobre valor
adicionado, nos moldes adotados
na Europa há tempos e, agora,
na imensa maioria dos países.
▶ O IVA terá legislação e arrecadação
nacional. O que será compartilhado
entre a União e os estados é
a receita do IVA, e não a competência
para a sua criação (que será da
União) ou para a sua cobrança (que
será dos estados). Adicionalmente,
as exportações terão imunidade do
IVA e será reforçada a garantia de
aproveitamento dos eventuais saldos
credores acumulados.
▶ Em paralelo com a criação do IVA,
será proposta a criação de um fundo
de compensações, na forma de
transferência da União em favor dos
estados que tenham sofrido perdas
financeiras depois da criação do
novo sistema tributário e com base
no IVA. A origem dos recursos será
a receita tributária federal, a mesma
base dos fundos de participação.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
60
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
TURISMO
IR E VIR COM QUALIDADE
A falta de políticas públicas e de infraestrutura
básica estão entre os fatores que levaram o
Brasil, de 2009 a 2013, a cair seis posições, da
45ª posição para 51ª posição, no ranking mundial
do relatório The Travel & Tourism Competitiveness
Report, publicado pelo Fórum
Econômico Mundial (WEF) em 2014. Nesse
relatório, que tem como subtítulo “reduzindo
barreiras para o crescimento econômico e a
criação de empregos”, o Brasil ocupa o 1º lugar
em recursos naturais em todo o mundo,
por outro lado, ocupa a posição 129ª entre 140
países, na oferta de infraestrutura de transporte
terrestre. E a 131ª posição no indicador
“qualidade da infraestrutura do transporte aéreo”.
O documento chama a atenção para o
fato de que o Brasil, que recebe megaeventos
tais como Copa do Mundo e Olimpíadas, em
contraste assiste também a uma queda acentuada
em seus indicadores de competitividade
em turismo. O relatório em questão reúne
os diversos indicadores que norteiam as suas
conclusões em 3 grandes grupos:
• Pessoas, recursos naturais e recursos culturais,
no qual o Brasil ocupa a 12ª posição,
com destaque para a 1ª posição mundial em
recursos naturais.
• Ambiente de negócios e infraestrutura, em
que ocupa a 76ª posição.
• Estrutura de regulamentação de viagem e
turismo, em que ocupamos a 82ª posição,
com destaque negativo para o indicador
“normativo legal”, no qual ocupamos a 119ª
posição.
Assim, o Brasil, que ocupa o 1º lugar em competitividade
em turismo no quesito recursos
naturais, convive com um dos piores indicadores
no ambiente legal, que deveria ser parceiro
e direto incentivador das empresas de turismo.
Hoje, o setor convive com um enorme potencial
de crescimento e de geração de empregos
de qualidade e, por outro lado, refém de
um excesso de regulamentações burocráticas,
onerosas e morosas.
Compete à União desenvolver políticas públicas
de turismo e definir mecanismos de gestão,
por constatar que são bens públicos, em
regime de exclusividade para legislar e competência
para gerir: os mares, os rios, as ilhas
e os recursos naturais, as cavidades naturais
subterrâneas, os sítios e outros potenciais turísticos,
bem como outros insumos presentes
no território brasileiro: água, energia, telecomunicações
conforme disposto no artigo 20
da Carta Magna. Esses insumos são recursos
estratégicos para garantir a oferta e a acessibilidade
dos cidadãos aos principais destinos. O
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
61
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
país tem um marco legal com legados históricos
de excesso de exigências burocráticas, inócuas,
que não asseguram efetividade na ação.
Um dos principais desafios do setor terciário
no Brasil é promover reformas estruturantes,
regulação, conhecimento e inovação, acesso
a informação sobre mercados, financiamento
e governança corporativa. O Brasil tem baixos
índices de investimento em ciência e tecnologia
e de qualificação de mão de obra para o
setor como um todo.
A adoção de decisões estratégicas em turismo
requer informações qualificadas que permitam
orientar adequadamente as políticas e a
formulção de políticas de desenvolvimento,
diz o secretrário Geral da Organização Mundial
de Turismo, Taleb Rifai. O compêndio de
estatísticas de turismo de 2013 registra os dados
de 215 países no período de 2007 a 2011.
O Brasil tem se destacado como um grande
emissor de turistas e fraco desempenho no turismo
emissivo ou turismo interno. Segundo
a Organização Mundial de Turismo (WTO),
o Brasil e outros países emissores de turistas
(com perda de receita econômica) deveriam
mudar estruturalmente o seu modelo de negócios
e promover trocas internacionais para
assegurar a competitividade e a racionalidade
de custos
O ambiente institucional é de baixa governança
na gestão pública federal. Há falta de
articulação da área do turismo com órgãos e
entidades responsáveis pela elaboração de estratégias
de desenvolvimento do Brasil. Todo
o esforço institucional está centrado na promoção
do destino brasileiro, sem levar em
consideração a estruturação dos atrativos e
destinos internos. A função está fora do eixo
do desenvolvimento econômico, não integra
os principais comitês e fóruns internacionais e
nacionais de formulação e implementação de
políticas e transportes, esportes e lazer, meio
ambiente e outros dos quais depende diretamente.
Também não possui articulação com
os programas e projetos estruturadores dos
governos e não aloca recursos orçamentários
condizentes com as necessidades locais. O
atual modelo de desenvolvimento do turismo
é a regionalização do território, com a criação
de circuitos e polos, mas o financiamento da
atividade é meramente local. Assim, não há
competitividade no setor. Os preços da hotelaria,
deslocamento interno e demais serviços
são mais caros do que as demais cidades da
América Latina, da Europa e dos Estados Unidos
e de outros países concorrentes. A oferta
de cursos de formação de gestores técnicos e
demais profissionais da área está em queda,
uma vez que os empresários nãos os absorvem,
pela instabilidade da regulamentação e
falta de política de incentivos ao setor.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
62
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
COMPROMISSOS
E PROPOSTAS
▶ Desenvolver políticas públicas nacionais
de desenvolvimento econômico
do turismo que assegurem o
uso sustentável dos recursos culturais
e naturais, visando aumentar a
produtividade e a competitividade
dos destinos turísticos internos.
▶ Implementar políticas públicas de
promoção dos destinos internos
por meio da simplificação e desburocratização
dos marcos regulatórios
de transportes, telecomunicações,
energia, energia e água,
atrativos naturais e culturais e outros
afins, sob a responsabilidade
da União, como forma de promover
o turismo interno.
▶ Promover a articulação entre os
entes da Federação e atores societários
privados, em especial com os
agentes econômicos, para assegurar
qualidade na oferta de produtos
e destinos turísticos e a sustentabilidade
do setor.
▶ Criar mecanismos de promoção
e apoio à estruturação da indústria
turística, em especial os meios de
hospedagem, alimentos e bebidas,
transportes, agenciamento, atividades
culturais, esporte e lazer, comércio
de bens e serviços associados
ao turismo.
▶ Desenvolver programas e projetos
integrados com a finalidade de
melhorar a sinalização turística e a
mobilidade urbana e rural.
▶ Atuar de forma integrada na fiscalização
e no monitoramento do
turismo emissor, visando evitar a
entrada irregular de produtos que
possam ameaçar a economia local
e regional.
▶ Desenvolver programas de ciência
e tecnologia que visem à qualificação
profissional e à geração de
pesquisa e inovação, em especial
para estímulo tecnológico e intercâmbio
acadêmico.
▶ Rever os modelos de regulação
da atividade econômica de modo a
assegurar a inserção de projetos de
preservação da cultura local e sustentabilidade
dos recursos naturais.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
63
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
▶ Elaborar os planos de manejo e
promover o uso público das unidades
de conservação federais como
ativos do setor do turismo, com
destaque para a urgente regulamentação
dos atuais parques nacionais,
como forma potencial de
criação de atividades turísticas e de
empresas de qualidade.
▶ Estruturar programas e projetos
de formação e profissionalização
dos integrantes da cadeia produtiva
do turismo.
▶ Promover ações que visem atender
às necessidades do mercado sobre
a contratação de mão de obra
sazonal, bem como assegurar os direitos
sociais dos trabalhadores.
▶ Implantar modelo integrado e sistêmico
de governança para a institucionalização
da função turismo,
criar sistemas de cooperação entre
os entes públicos e privados.
▶ Promover a desregulamentação
do setor.
▶ Criar linhas de crédito de fomento
à matriz insumo/produto turístico,
em especial para micro e pequenas
empresas como forma de incentivo
ao crescimento dos investimentos
em infraestrutura turística, para
permitir a expansão da atividade e
valorização do artesanato e a economia
criativa no turismo.
▶ Intensificar o apoio aos Conventions
& Bureaus na captação de megaeventos
sustentáveis que promovam
o destino turístico brasileiro.
▶ Implantar a gestão das unidades
de conservação como instrumento
de desenvolvimento regional, como
ativos estratégicos com potencial
de geração de emprego e renda,
mediante políticas adequadas de
turismo sustentável.
▶ Estimular a criação de programas
especais de turismo de observação
de aves, baleias, turismo espeleológico,
turismo histórico e cultural,
turismo rural e de negócios.
▶ Incentivar em maior intensidade
a captação de eventos esportivos,
culturais e de negócios internacionais.
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE