Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das polÃticas digitais
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Estas manifestações partiam <strong>de</strong> um grupo social autô<strong>no</strong>mo:<br />
jovens estudantes que trabalhavam e, por isso, tinham<br />
acesso ao consumo, ainda que <strong>de</strong> forma crítica. Suas gran<strong>de</strong>s<br />
ban<strong>de</strong>iras naquele momento eram a liberalização dos costumes<br />
e reformas <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo universitário. Era um momento <strong>de</strong> questionamento,<br />
sobretudo existencial – <strong>no</strong> qual Sartre e Beauvoir<br />
foram importantes referências teóricas -, e a reivindicação por<br />
mais liberda<strong>de</strong>, emancipação e auto<strong>no</strong>mia eram a pauta do dia.<br />
Em uma perspectiva cultural, a causa trabalhista também foi um<br />
gran<strong>de</strong> foco da atenção dos estudantes naquele momento, que<br />
acreditavam que não se <strong>de</strong>veria viver para trabalhar, mas trabalhar<br />
para viver, e a aliança estudantil com o operariado se mostrou<br />
fundamental para as manifestações daquele período. Lemas<br />
como “Trabalhadores do mundo, divirtam-se” e “O patrão precisa<br />
<strong>de</strong> você, você não precisa <strong>de</strong>le”, visto nas ruas <strong>de</strong> Paris daquele a<strong>no</strong>,<br />
refletiam o clima <strong>de</strong> contestação da or<strong>de</strong>m burguesa <strong>de</strong> trabalho<br />
e do acúmulo <strong>de</strong> capital.<br />
Dada a situação política na França que, diferentemente <strong>de</strong><br />
outros países, não vivia um regime totalitário, apoiavam-se em<br />
causas externas para refletir sobre as contradições do próprio<br />
país, as quais iriam questionar nas manifestações. Estas transformações<br />
culturais na França <strong>de</strong> 68 po<strong>de</strong>m ser busca<strong>das</strong>, por<br />
exemplo, <strong>no</strong> movimento surrealista <strong>de</strong> 36, on<strong>de</strong> se questionava<br />
a concepção única <strong>de</strong> arte - se naquele momento buscava-se <strong>de</strong>mocratizar<br />
o acesso à cultura, o objetivo agora era transformar a<br />
cultura. Além disso, a Revolução <strong>Cultura</strong>l chinesa e o lí<strong>de</strong>r Mao-<br />
Tse-Tung influenciavam milhares <strong>de</strong> jovens franceses com o “Livro<br />
Vermelho”.<br />
Além da questão comportamental, a gran<strong>de</strong> reivindicação<br />
da juventu<strong>de</strong> francesa era por um <strong>no</strong>vo mo<strong>de</strong>lo educacional,<br />
<strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mia universitária e <strong>de</strong> revisão da pedagogia<br />
ultrapassada que não mais se adaptava à realida<strong>de</strong> daquela juventu<strong>de</strong>.<br />
Denunciavam-se as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, questionava-se<br />
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