22.11.2014 Views

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Estas manifestações partiam <strong>de</strong> um grupo social autô<strong>no</strong>mo:<br />

jovens estudantes que trabalhavam e, por isso, tinham<br />

acesso ao consumo, ainda que <strong>de</strong> forma crítica. Suas gran<strong>de</strong>s<br />

ban<strong>de</strong>iras naquele momento eram a liberalização dos costumes<br />

e reformas <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo universitário. Era um momento <strong>de</strong> questionamento,<br />

sobretudo existencial – <strong>no</strong> qual Sartre e Beauvoir<br />

foram importantes referências teóricas -, e a reivindicação por<br />

mais liberda<strong>de</strong>, emancipação e auto<strong>no</strong>mia eram a pauta do dia.<br />

Em uma perspectiva cultural, a causa trabalhista também foi um<br />

gran<strong>de</strong> foco da atenção dos estudantes naquele momento, que<br />

acreditavam que não se <strong>de</strong>veria viver para trabalhar, mas trabalhar<br />

para viver, e a aliança estudantil com o operariado se mostrou<br />

fundamental para as manifestações daquele período. Lemas<br />

como “Trabalhadores do mundo, divirtam-se” e “O patrão precisa<br />

<strong>de</strong> você, você não precisa <strong>de</strong>le”, visto nas ruas <strong>de</strong> Paris daquele a<strong>no</strong>,<br />

refletiam o clima <strong>de</strong> contestação da or<strong>de</strong>m burguesa <strong>de</strong> trabalho<br />

e do acúmulo <strong>de</strong> capital.<br />

Dada a situação política na França que, diferentemente <strong>de</strong><br />

outros países, não vivia um regime totalitário, apoiavam-se em<br />

causas externas para refletir sobre as contradições do próprio<br />

país, as quais iriam questionar nas manifestações. Estas transformações<br />

culturais na França <strong>de</strong> 68 po<strong>de</strong>m ser busca<strong>das</strong>, por<br />

exemplo, <strong>no</strong> movimento surrealista <strong>de</strong> 36, on<strong>de</strong> se questionava<br />

a concepção única <strong>de</strong> arte - se naquele momento buscava-se <strong>de</strong>mocratizar<br />

o acesso à cultura, o objetivo agora era transformar a<br />

cultura. Além disso, a Revolução <strong>Cultura</strong>l chinesa e o lí<strong>de</strong>r Mao-<br />

Tse-Tung influenciavam milhares <strong>de</strong> jovens franceses com o “Livro<br />

Vermelho”.<br />

Além da questão comportamental, a gran<strong>de</strong> reivindicação<br />

da juventu<strong>de</strong> francesa era por um <strong>no</strong>vo mo<strong>de</strong>lo educacional,<br />

<strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mia universitária e <strong>de</strong> revisão da pedagogia<br />

ultrapassada que não mais se adaptava à realida<strong>de</strong> daquela juventu<strong>de</strong>.<br />

Denunciavam-se as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, questionava-se<br />

32

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!