22.11.2014 Views

A Mobilidade nas Cidades Médias.pdf - Câmara Municipal de ...

A Mobilidade nas Cidades Médias.pdf - Câmara Municipal de ...

A Mobilidade nas Cidades Médias.pdf - Câmara Municipal de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MUNICÍPIO DE VILA REAL<br />

A <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong> <strong>nas</strong> <strong>Cida<strong>de</strong>s</strong> Médias.<br />

Problemas e Respostas Locais – O Caso <strong>de</strong> Vila Real<br />

município <strong>de</strong> vila real


município <strong>de</strong> vila real<br />

283<br />

a mobilida<strong>de</strong> <strong>nas</strong> cida<strong>de</strong>s médias.<br />

problemas e respostas locais<br />

o caso <strong>de</strong> vila real<br />

Adriano António Pinto <strong>de</strong> Sousa<br />

Técnico Superior Assessor Principal<br />

Resumo<br />

A mobilida<strong>de</strong> urbana como um direito adquirido, sobretudo <strong>nas</strong> socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> matriz cultural<br />

oci<strong>de</strong>ntal é, certamente, a melhor forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a sua importância no contexto das<br />

políticas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.<br />

O Livro Branco – A Política Europeia <strong>de</strong> Transportes no Horizonte 2010: a hora das opções –<br />

refere que “a ausência <strong>de</strong> uma política integrada relativamente ao planeamento e aos transportes<br />

urbanos está a permitir um monopólio quase total do automóvel particular”.<br />

Consciente da importância da mobilida<strong>de</strong> e da acessibilida<strong>de</strong> no contexto da coesão territorial<br />

e da inclusão social, o Município <strong>de</strong> Vila Real tem vindo a implementar, gradualmente, um<br />

conjunto <strong>de</strong> acções <strong>de</strong>stinadas a promover a sua melhoria, privilegiando, contudo, o conceito <strong>de</strong><br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável.<br />

Apesar do progresso alcançado até ao momento, há muito ainda para fazer, sendo certo<br />

que “A mobilida<strong>de</strong> é mais que infra-estruturas, é cultura e comportamentos. Uma nova cultura<br />

da mobilida<strong>de</strong> requer que todos os grupos e sectores sociais modifiquem os seus hábitos <strong>de</strong><br />

mobilida<strong>de</strong>.”<br />

Palabras chave: <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong>, Acessibilida<strong>de</strong>, Transportes, Urbanismo.<br />

Abstract<br />

Consi<strong>de</strong>ring urban mobility as an acquired right, at least in what concerns western societies<br />

cultural matrix, is certainly the best way to un<strong>de</strong>rstand its importance in the context of city policies.<br />

The White Paper - European Transport Policy for 2010: time to <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> - states that “the<br />

absence of an integrated policy on planning and urban transports is allowing the monopoly of the<br />

private car.”<br />

Aware of the importance of mobility and accessibility in the context of territorial cohesion and<br />

social inclusion, the municipality of Vila Real has been gradually implementing a set of actions<br />

in or<strong>de</strong>r to promote their improvement, privileging however the concept of sustainable mobility.<br />

In spite of the progress achieved up to the moment, there is still a lot to do, since “Mobility<br />

is more than an infrastructure, is culture and behavior. A new culture of mobility requires that all<br />

groups and social sectors to change their mobility habits.”<br />

Keywords: Mobility, Accessibility, Transport, Urbanism.


município <strong>de</strong> vila real<br />

285<br />

1 Introdução<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila Real é a capital do distrito homónimo, sendo a principal urbe da região <strong>de</strong> Trásos-Montes<br />

e Alto Douro (TMAD). Para além da sua importância político-administrativa regional,<br />

assume igualmente relevância a sua localização geográfica, sensivelmente no centro da região<br />

Norte <strong>de</strong> Portugal. Esta posição mediana entre o litoral português e a fronteira com duas<br />

regiões autonómicas espanholas (Galiza, Castela e Leão), associada à construção <strong>de</strong> novas<br />

vias rodoviárias estruturantes (A4 e A24), têm contribuído para reforçar o seu papel no sistema<br />

urbano regional e favorecido um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico assente na indústria<br />

e nos serviços. Sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>mográfico, a cida<strong>de</strong> conta actualmente com mais <strong>de</strong><br />

30.000 habitantes (50.000 no concelho), registando uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média populacional <strong>de</strong> 130<br />

hab/km 2 . Importa assinalar que Vila Real registou um incremento populacional <strong>nas</strong> duas últimas<br />

décadas, sobretudo no período 1991-2001 (7,9%), contrariando uma tendência que se verificou<br />

em praticamente todos os concelhos da região <strong>de</strong> TMAD.<br />

Em 2001, a taxa <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> no concelho (44,5%) <strong>de</strong>monstra uma evolução positiva face<br />

aos resultados <strong>de</strong> 1991. As socieda<strong>de</strong>s do sector terciário correspon<strong>de</strong>m a 77% do total <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s registadas no município, em clara correspondência com o perfil administrativo<br />

característico do concelho. Em consonância com este número, a gran<strong>de</strong> maioria da população<br />

activa e empregada concentra-se nos CAE (Códigos da Activida<strong>de</strong> Económica) 5 a 9, com cerca<br />

<strong>de</strong> 14 500 indivíduos (INE, 2001).<br />

De acordo com os mais recentes dados, se bem que provisórios, dos censos <strong>de</strong> 2011, a<br />

população do concelho <strong>de</strong> Vila Real continuou a registar a tendência <strong>de</strong> crescimento que vem<br />

evi<strong>de</strong>nciando situando-se nos 52.219 habitantes. De realçar o facto <strong>de</strong> Vila Real, a par <strong>de</strong> Viseu e<br />

Campo Maior, figurarem como os três únicos concelhos do interior que viram as suas populações<br />

aumentar na última década.<br />

Apesar <strong>de</strong>sta mudança registada na empregabilida<strong>de</strong> e no emprego, a activida<strong>de</strong> agrícola do<br />

concelho representa ainda uma importante fonte <strong>de</strong> riqueza, proveniente sobretudo do sector<br />

vitivinícola, já que o concelho se encontra integrado na Região Demarcada do Douro, produtora<br />

do maior ex-libris das exportações portuguesas, o Vinho do Porto. Para além da produção <strong>de</strong>ste<br />

vinho, regista-se uma clara aposta nos vinhos <strong>de</strong> mesa com Denominação <strong>de</strong> Origem Controlada<br />

(DOC). Ainda no sector vitivinícola, merece igualmente referência o vinho Rosé, exportado para<br />

mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong> países, e que se assume como um importante cartaz promocional a<br />

nível internacional.<br />

No que concerne às activida<strong>de</strong>s comerciais e <strong>de</strong> serviços, e como consequência da sua<br />

pujança regional, Vila Real tem vindo a assumir um papel cada vez mais prepon<strong>de</strong>rante <strong>nas</strong> trocas<br />

comerciais e na prestação <strong>de</strong> serviços. A recente abertura do seu primeiro centro comercial, que<br />

se junta a outras estruturas comerciais já existentes, reforça o seu protagonismo na concentração<br />

da oferta para um vasto território. Esta situação foi reforçada com a recente conclusão da A24<br />

e sê-lo-á ainda mais com a entrada em funcionamento da futura A4, assumindo-se como factor<br />

<strong>de</strong>terminante na atracção da procura regional. Em termos <strong>de</strong> serviços, é notório o fomento <strong>de</strong><br />

empresas com expressão local e regional, ao qual não é alheia a presença da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Trás-os-Montes e Alto Douro, como pólo <strong>de</strong> formação superior e <strong>de</strong> investigação científica, com<br />

provas dadas em alguns sectores estratégicos como a agricultura, a vitivinicultura, a floresta, as<br />

TIC ou ainda as engenharias.


286 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

Como corolário <strong>de</strong> uma actuação concertada <strong>de</strong> diversas instituições, Vila Real vem<br />

progressivamente atingindo padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ao nível da prestação <strong>de</strong> serviços públicos<br />

<strong>de</strong> índole local e regional, com a consequente melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos seus cidadãos.<br />

Estão nesta linha o reforço da cobertura dos serviços básicos (saneamento, abastecimento <strong>de</strong><br />

água e recolha e tratamento <strong>de</strong> resíduos), os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da educação. Para além disso,<br />

foi feita uma aposta <strong>de</strong>cisiva na criação <strong>de</strong> serviços e infra-estruturas <strong>de</strong> carácter formativo e<br />

cultural, como o Teatro <strong>de</strong> Vila Real, o Conservatório Regional <strong>de</strong> Música, o Arquivo <strong>Municipal</strong>,<br />

a Biblioteca <strong>Municipal</strong> e o Grémio Literário. Devemos por último assinalar os projectos que<br />

têm vindo a ser realizados no âmbito do Programa POLIS, que proporcionaram uma efectiva<br />

valorização ambiental e da própria qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos vila-realenses. Dentre as diversas<br />

acções e projectos empreendidos, <strong>de</strong>stacamos a criação <strong>de</strong> um parque urbano com características<br />

únicas (Parque Corgo) e as intervenções <strong>de</strong> requalificação realizadas no Bairro dos Ferreiros<br />

e na Vila Velha, procurando reabilitar e revalorizar estes espaços urbanos, importantes para a<br />

nossa memória colectiva, mas procurando igualmente reintroduzir a função habitacional nestes<br />

locais, <strong>de</strong>nsificando estas zo<strong>nas</strong> e aproximando os cidadãos do centro nevrálgico do concelho,<br />

fomentando <strong>de</strong>sta forma a melhoria da mobilida<strong>de</strong>.<br />

A escolha <strong>de</strong> Vila Real como se<strong>de</strong> da Agência <strong>de</strong> Ecologia Urbana do Eixo Atlântico, a<br />

criação do futuro Parque <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia (PCT) e da Nova Zona Empresarial (NZE),<br />

virão certamente reforçar a posição geo-estratégica do concelho como ponto <strong>de</strong> encontro e<br />

confluência <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s, serviços, bens e pessoas.<br />

2 Breve caracterização e evolução da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila Real<br />

Vila Real <strong>nas</strong>ceu no século XIII, através da concessão <strong>de</strong> um foral pelo rei D. Dinis, num local<br />

elevado (a cerca <strong>de</strong> 460 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) sobre a margem direita do rio Corgo, um dos afluentes<br />

do rio Douro.<br />

A vila primitiva, fortificada, foi fundada numa espécie <strong>de</strong> promontório sobranceiro à confluência<br />

dos rios Corgo e Cabril, cujo sítio recebeu a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Vila Velha, que aliás ainda hoje<br />

mantém, e on<strong>de</strong> ainda se encontra o cemitério e a igreja <strong>de</strong> D. Dinis (Figura 1).<br />

O seu <strong>de</strong>senvolvimento vai processar-se predominantemente no sentido sul/norte, chegando,<br />

nos meados do século XIX, ao local <strong>de</strong>signado por Pioledo (Figura 2).<br />

A construção da Ponte Metálica, no ano <strong>de</strong> 1904, vem substituir a antiga ponte <strong>de</strong> Santa<br />

Margarida, única passagem do rio para <strong>nas</strong>cente até então, e permite lançar a cida<strong>de</strong> a <strong>nas</strong>cente<br />

para uma zona on<strong>de</strong> dois anos mais tar<strong>de</strong> viria a <strong>nas</strong>cer a estação dos caminhos <strong>de</strong> ferro (Figura 3)<br />

No ano <strong>de</strong> 1925, a Vila é elevada à categoria <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>.<br />

Antes dos anos 50, é aberta a primeira gran<strong>de</strong> avenida, baptizada <strong>de</strong> Carvalho Araújo, que<br />

ainda hoje continua a constituir um ponto notável da cida<strong>de</strong>.<br />

Vive-se a época da procura da imagem da cida<strong>de</strong> que implica necessariamente a rotura dos<br />

sítios centrais e a sua transformação num gran<strong>de</strong> espaço cívico por excelência.<br />

Em 1950, surge o primeiro anteplano <strong>de</strong> urbanização da autoria do arquitecto João Aguiar<br />

(Figura 4).


município <strong>de</strong> vila real<br />

287<br />

figura 1<br />

Vila Real, Séc. XIII<br />

figura 2<br />

Vila Real, séc. XV a XI<br />

figura 3<br />

Vila Real, 1910<br />

figura 4<br />

Ante-Plano <strong>de</strong> Urbanização.<br />

Anos 50


288 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

que propõe a expansão da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novo para norte, com uma nova avenida que partiria<br />

do Pioledo e remataria num equipamento <strong>de</strong> prestígio - o estádio <strong>de</strong> futebol. No entanto, a<br />

localização dos equipamentos <strong>de</strong>finidos nesse anteplano ficou por concretizar.<br />

Nos anos 60, surge a 2ª versão do anteplano <strong>de</strong> urbanização (Figura 5) que se preocupa por<br />

tratar os novos espaços públicos, nomeadamente as novas zo<strong>nas</strong> resi<strong>de</strong>nciais, surgindo nessa<br />

altura os primeiros edifícios <strong>de</strong> apartamentos.<br />

É no entanto na década <strong>de</strong> 70 que surge a gran<strong>de</strong> pressão urbanística, traduzida nos<br />

fenómenos <strong>de</strong> massificação e na quebra <strong>de</strong> referências na forma da cida<strong>de</strong>.<br />

A 3ª versão do anteplano <strong>de</strong> urbanização (Figura 6) surge sem contudo acrescentar nada <strong>de</strong><br />

novo relativamente à versão anterior nem dar resposta à nova velocida<strong>de</strong> dos acontecimentos.<br />

Entre 1985 e 1990, a generalida<strong>de</strong> do país viveu um momento <strong>de</strong> crescimento com a<br />

multiplicação do investimento na habitação, no comércio, na indústria, na agricultura e no turismo,<br />

sem que o mesmo se baseasse em instrumentos <strong>de</strong> planeamento plenamente eficazes.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transpor para a or<strong>de</strong>m jurídica interna directivas da Comunida<strong>de</strong> Europeia<br />

fez com que a elaboração em massa <strong>de</strong> Planos Directores Municipais (PDM) começasse a surgir<br />

no início da década <strong>de</strong> 90.<br />

figura 5<br />

Ante-Plano <strong>de</strong> Urbanização.<br />

Anos 60<br />

figura 6<br />

Ante-Plano <strong>de</strong> Urbanização.<br />

Anos 70


município <strong>de</strong> vila real<br />

289<br />

Não obstante o PDM <strong>de</strong> Vila Real ter entrado em vigor no ano <strong>de</strong> 1993, tal não evitou, por<br />

força da ausência <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> planeamento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m superior plenamente eficazes,<br />

que a cida<strong>de</strong> crescesse à custa <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> loteamentos isolados, não tendo sido dada a<br />

<strong>de</strong>vida atenção a alguns aspectos importantes, como, por exemplo, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma estrutura<br />

viária <strong>de</strong>vidamente hierarquizada e a indispensável articulação do uso do solo com os sistemas<br />

<strong>de</strong> transporte.<br />

Entretanto, a cida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>morou cerca <strong>de</strong> 600 anos a chegar da Vila Velha ao Pioledo, <strong>de</strong>parase,<br />

num curto espaço <strong>de</strong> tempo, com um significativo aumento do seu espaço potencialmente<br />

urbanizável, o que levou à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar o processo <strong>de</strong> revisão do Plano<br />

Director <strong>Municipal</strong>, actualmente em fase final <strong>de</strong> aprovação.<br />

Neste novo instrumento, que se espera para breve a sua entrada em vigor, houve uma<br />

preocupação dominante <strong>de</strong> conter a expansão dos perímetros urbanos e <strong>de</strong> promover a<br />

diversificação dos usos. Desta forma preten<strong>de</strong>-se acompanhar as novas tendências das políticas<br />

<strong>de</strong> planeamento urbano, através da promoção da cida<strong>de</strong> compacta, pelo facto <strong>de</strong> ser, segundo<br />

vários autores, aquela que, provavelmente, é a mais eficaz do ponto <strong>de</strong> vista energético e aquela<br />

que reúne mais vantagens sociais e económicas.<br />

figura 7<br />

O perímetro urbano actual


290 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

3 Problemas: Os Constrangimentos à <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong><br />

Os problemas <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> com que a cida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>bate resultam <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> constrangimentos, alguns <strong>de</strong>correntes da própria natureza do território e outros <strong>de</strong><br />

comportamentos e atitu<strong>de</strong>s das pessoas.<br />

Conforme já referido, a cida<strong>de</strong> antiga <strong>de</strong> Vila Real <strong>nas</strong>ceu num promontório sobranceiro aos<br />

vales dos rios Corgo e Cabril e <strong>de</strong>senvolveu-se para norte sem nunca ter ultrapassado esses<br />

limites. Entretanto a cida<strong>de</strong> cresceu e houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transpor essas duas barreiras<br />

naturais. Para <strong>nas</strong>cente, através das duas pontes sobre o rio Corgo. Para poente, em direcção<br />

a Lor<strong>de</strong>lo, vencendo o vale do rio Cabril.<br />

No entanto, importa referir que mesmo a cida<strong>de</strong> mais antiga encerra em si dificulda<strong>de</strong>s<br />

acrescidas para a circulação pedonal <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sníveis acentuados entre diversos<br />

pontos da cida<strong>de</strong>.<br />

Esta realida<strong>de</strong> natural da cida<strong>de</strong> e a baixa taxa <strong>de</strong> motorização que então existia foram<br />

<strong>de</strong>terminantes para que, durante décadas, os principais serviços públicos se instalassem na<br />

chamada cida<strong>de</strong> antiga permitindo aos munícipes o acesso fácil através do modo pedonal.<br />

Entretanto a cida<strong>de</strong> expandiu-se. Os novos equipamentos e serviços <strong>de</strong> carácter estruturante<br />

começaram a instalar-se na sua periferia <strong>de</strong>vido, essencialmente, à disponibilida<strong>de</strong> dos terrenos<br />

e, também, ao seu menor custo. Os exemplos mais significativos dizem respeito ao campus da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e ao complexo do Hospital <strong>de</strong> Vila Real.<br />

A conjugação <strong>de</strong> factores como o aumento do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra das famílias, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong> dispersa, resultante fundamentalmente da proliferação dos loteamentos isolados da<br />

responsabilida<strong>de</strong> da iniciativa privada, a inexistência <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes públicos<br />

urbanos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e o culto do automóvel, típico das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>r<strong>nas</strong> oci<strong>de</strong>ntais,<br />

concorreram para que Vila Real, à semelhança <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s do género, fosse literalmente<br />

invadida pelo automóvel.<br />

Entretanto, as vias existentes começaram a dar mostras das suas fragilida<strong>de</strong>s perante a<br />

sobrecarga provocada pelo automóvel. Surgiram os primeiros congestionamentos, as primeiras<br />

horas <strong>de</strong> ponta e a constatação <strong>de</strong> que era necessário encontrar um mo<strong>de</strong>lo alternativo que<br />

permitisse aliviar a pressão a que a cida<strong>de</strong> estava a ser sujeita. Um mo<strong>de</strong>lo que garantisse as<br />

necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> dos cidadãos mas que fosse ao encontro das estratégias<br />

entretanto emergentes, consubstanciadas na chamada <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong> Sustentável.


município <strong>de</strong> vila real<br />

291<br />

4 Respostas Locais<br />

4.1 A Estratégia<br />

Perante o diagnóstico então efectuado, iniciou-se um novo ciclo assente nessa estratégia<br />

baseada na articulação consertada <strong>de</strong> diferentes políticas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as relacionadas com o<br />

planeamento urbano, passando pela promoção dos transportes públicos e dos modos suaves e<br />

acabando <strong>nas</strong> medidas dirigidas ao <strong>de</strong>sincentivo do (ab)uso do transportes individual.<br />

No âmbito das políticas <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>namento do Território <strong>de</strong>u-se ênfase às medidas <strong>de</strong><br />

compactação e diversificação do território urbano.<br />

No que se refere às acções relacionadas com a Promoção dos Transportes Públicos e<br />

dos Modos Suaves, <strong>de</strong>staca-se a requalificação do espaço urbano, nomeadamente da zona<br />

mais antiga da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se situa o Centro Histórico, e dois programas: o ARTICULAR e o<br />

EcoMobiReal – Sustainable Mobility for a Low Carbon City, ambos objecto <strong>de</strong> candidaturas aos<br />

QREN e actualmente em fase <strong>de</strong> execução.<br />

Quanto às medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sincentivo ao (ab)uso do transporte individual, sobressaem as<br />

políticas <strong>de</strong> gestão do estacionamento e as <strong>de</strong> pedonalização <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> artérias do<br />

Centro Histórico.<br />

4.2 Projectos Estruturantes no Domínio da <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong> Urbana<br />

4.2.1 Requalificação do Espaço Público<br />

Para além da pedonalização das ruas do centro histórico, continua em marcha o processo<br />

<strong>de</strong> requalificação <strong>de</strong> um conjunto significativo <strong>de</strong> vias urba<strong>nas</strong>, no sentido <strong>de</strong> as dotar das<br />

indispensáveis condições <strong>de</strong> circulação e segurança a<strong>de</strong>quadas à sua função predominante<br />

através: da adopção <strong>de</strong> perfis a<strong>de</strong>quados, (faixa <strong>de</strong> rodagem, zo<strong>nas</strong> <strong>de</strong> estacionamento, zo<strong>nas</strong><br />

<strong>de</strong> cargas e <strong>de</strong>scargas); do reforço da iluminação pública e da sinalização vertical e horizontal;<br />

<strong>de</strong> um maior controlo nos acessos directos às vias rodoviárias; do tratamento e correcção<br />

geométrica <strong>de</strong> algumas intersecções, sempre com o intuito <strong>de</strong> reduzir o número <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong><br />

conflito existentes.<br />

Nas zo<strong>nas</strong> tipicamente resi<strong>de</strong>nciais estamos a tentar introduzir algumas medidas <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> tráfego à custa, sobretudo, da redução da largura das vias do tratamento da suas<br />

envolventes.<br />

Em alguns arruamentos do centro histórico, em que a circulação é condicionada, foram<br />

instalados dissuasores <strong>de</strong> estacionamento com vista a evitar o parqueamento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado que<br />

se verificava sobretudo nos locais on<strong>de</strong> a infra-estrutura pedonal está nivelada com a faixa <strong>de</strong><br />

rodagem.<br />

Por outro lado, procurou-se diminuir a circulação <strong>de</strong> veículos pesados no centro da cida<strong>de</strong>,<br />

motivada pela existência <strong>de</strong> armazéns em artérias que não comportavam aquele tipo <strong>de</strong><br />

movimento <strong>de</strong> veículos. Para tal, foi incentivada a transferência dos armazéns, instalados em<br />

artéria <strong>de</strong> fraca capacida<strong>de</strong>, para a Zona Industrial, localizada não muito distante do centro da<br />

cida<strong>de</strong>, sem antes garantir que essa zona fosse servida pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes urbanos <strong>de</strong><br />

Vila Real.


292 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

Nos projectos <strong>de</strong> requalificação das artérias do Centro Histórico, houve a preocupação <strong>de</strong><br />

adoptar perfis transversais compatíveis com a circulação <strong>de</strong> veículos prioritários, dos resi<strong>de</strong>ntes,<br />

e com o movimento gerado pelas operações <strong>de</strong> cargas e <strong>de</strong>scargas. Os perfis transversais<br />

adoptados foram condicionados ao espaço disponível e resultaram em dois tipos distintos <strong>de</strong><br />

arruamentos:<br />

• uns em que a separação entre a faixa <strong>de</strong> rodagem e os passeios adjacentes é feita através<br />

da interposição <strong>de</strong> lancil;<br />

• outros sem diferenças <strong>de</strong> nível entre a zona <strong>de</strong> peões e a zona <strong>de</strong> circulação automóvel,<br />

sendo a faixa <strong>de</strong> rodagem diferenciada da zona dos passeios através da adopção <strong>de</strong> diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> revestimento característicos da região ( cubos <strong>de</strong> granito <strong>de</strong> 11x11 ou<br />

paralelepípedos para a faixa <strong>de</strong> rodagem e cubos <strong>de</strong> granito <strong>de</strong> 5x5 para os passeios). De notar<br />

que neste caso a diferenciação das duas zo<strong>nas</strong> referidas é reforçada através da colocação <strong>de</strong><br />

separadores físicos. Este tipo <strong>de</strong> perfil tem vindo a ser o mais utilizado.<br />

figura 8<br />

Aspecto das ruas Miguel Bombarda e Avelino Patena após intervenção<br />

4.2.2 Re<strong>de</strong> De Transportes Urbanos Da Cida<strong>de</strong> De Vila Real<br />

O processo relativo à implementação dos transportes urbanos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila Real assume<br />

aqui uma importância acrescida, não só pelo papel que vem <strong>de</strong>sempenhando na alteração modal<br />

das <strong>de</strong>slocações na cida<strong>de</strong>, mas também por constituir um caso <strong>de</strong> estudo face ao sucesso que<br />

vem <strong>de</strong>monstrando.<br />

O estudo inicial apontou para a criação <strong>de</strong> cinco linhas com uma extensão total <strong>de</strong> 82,4 Km (ida<br />

e volta) totalmente urba<strong>nas</strong>, abrangendo os principais pólos geradores <strong>de</strong> tráfego, nomeadamente<br />

o Hospital <strong>de</strong> S. Pedro, a Universida<strong>de</strong>, a Zona Industrial, o Aeródromo, os novos equipamentos<br />

culturais, todos os estabelecimentos <strong>de</strong> ensino, o novo centro comercial, etc.<br />

O estudo final veio a contemplar ape<strong>nas</strong> quatro linhas. Esta proposta foi objecto <strong>de</strong> um estudo<br />

<strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> económica que se <strong>de</strong>bruçou sobre vários cenários <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong>finidos pela<br />

Câmara <strong>Municipal</strong>. O objectivo principal <strong>de</strong>ste estudo foi o <strong>de</strong> permitir à Câmara <strong>Municipal</strong> munirse<br />

<strong>de</strong> todas os dados – nomeadamente o montante da in<strong>de</strong>mnização compensatória previsível<br />

para garantir o equilíbrio da concessão, tendo em conta a assumpção da partilha <strong>de</strong> riscos<br />

acordada entre as partes – <strong>de</strong> modo a estar melhor habilitada para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão numa<br />

perspectiva da optimização do binómio custo/benefício.


município <strong>de</strong> vila real<br />

293<br />

figura 9<br />

Evolução da procura anual<br />

figura 10<br />

Apresentação da frota da Corgobus. Dezembro 2004<br />

O início da concessão teve lugar no mês <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2004 com o transporte <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

35.000 passageiros. Des<strong>de</strong> então para cá, a procura tem vindo sempre a subir ao ponto <strong>de</strong>, em<br />

Setembro <strong>de</strong> 2009, ter atingido o valor <strong>de</strong> 158.673 passageiros transportados e, em Dezembro<br />

do mesmo ano, ter ultrapassado a barreira dos 6.000.000 <strong>de</strong> passageiros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da<br />

concessão.


294 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

figura 11<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte urbano <strong>de</strong> Vila Real<br />

Estes números adquirem especial relevo se aten<strong>de</strong>rmos ao facto da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte urbano<br />

servir uma população que ronda os 30.000 habitantes.<br />

A fim <strong>de</strong> avaliar a qualida<strong>de</strong> do serviço prestado e a opinião dos clientes, foi solicitado à UTAD<br />

a realização <strong>de</strong> inquéritos <strong>de</strong> satisfação, efectuados nos anos <strong>de</strong> 2007 e <strong>de</strong> 2009.<br />

Numa escala <strong>de</strong> 0 a 10, os dois inquéritos mostraram um grau <strong>de</strong> satisfação global <strong>de</strong> 8,36<br />

e 8,24, respectivamente, o que mostra uma elevada satisfação dos clientes que utilizam este<br />

modo <strong>de</strong> transporte.<br />

4.2.3 Articular<br />

Este projecto, constituído por um vasto conjunto <strong>de</strong> acções, foi objecto <strong>de</strong> uma candidatura ao<br />

QREN, já aprovada no âmbito do Programa Política <strong>de</strong> <strong>Cida<strong>de</strong>s</strong> - Parcerias para a Regeneração<br />

Urbana, e assenta em acções direccionadas ao reforço da coesão urbanística e ambiental, da<br />

coesão social e económica e do <strong>de</strong>senvolvimento cultural.<br />

Das inúmeras acções que compõem este vasto e completo programa, <strong>de</strong>stacam-se aquelas<br />

que mais directamente dizem respeito à mobilida<strong>de</strong> urbana.<br />

4.2.3.1 Ecovia Urbana – Compreen<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> um via <strong>de</strong>dicada a bicicletas, assente<br />

em gran<strong>de</strong> parte no antigo ramal da linha <strong>de</strong> caminho <strong>de</strong> ferro entre Vila Real e Chaves, com o<br />

objectivo <strong>de</strong> ligar os três bairros inseridos na zona <strong>de</strong> intervenção (Bairro <strong>de</strong> Santa Maria, Bairro<br />

da Araucária e Bairro da Pimenta), ao longo <strong>de</strong> um percurso <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3,5 quilómetros em<br />

cada um dos sentidos.


município <strong>de</strong> vila real<br />

295<br />

4.2.3.2 Circuitos Minibus – Preten<strong>de</strong> criar uma nova linha, articulada e conectada com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transportes urbanos <strong>de</strong> Vila Real, concessionada à Corgobus, <strong>de</strong>stinada a ligar os quatro bairros<br />

inseridos na zona <strong>de</strong> intervenção (Bairro dos Ferreiros, Bairro da Araucária, Bairro da Pimenta e<br />

Bairro <strong>de</strong> Santa Maria) à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes urbanos <strong>de</strong> Vila Real. Esta nova linha será operada<br />

com um minibus em virtu<strong>de</strong> dos bairros terem vias que não permitem o acesso <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong><br />

maiores dimensões, idênticos aos que se encontram ao serviço da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes urbanos<br />

da cida<strong>de</strong>.<br />

4.2.3.3 Corredor Ambiental – Composto por uma ligação pedonal e <strong>de</strong> bicicletas entre as cotas<br />

alta e baixa da cida<strong>de</strong>, ligando a zona do Calvário/Pioledo ao Parque Corgo, com uma diferença<br />

<strong>de</strong> cotas da or<strong>de</strong>m dos 60 metros, através <strong>de</strong> um corredor ambiental, <strong>de</strong>stinado a fortalecer<br />

modos <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> alternativos como as <strong>de</strong>slocações a pé e <strong>de</strong> bicicleta.<br />

4.2.3.4 Via Ver<strong>de</strong> aos Transportes Alternativos – Preten<strong>de</strong> dar corpo à construção <strong>de</strong> troços <strong>de</strong><br />

via previstos no PDM, <strong>de</strong> ligação entre Abambres e Mateus, passando pelo Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Mateus, potenciando a circulação dos transportes urbanos e os modos suaves. Estes dois<br />

núcleos estão bastante próximos mas, na prática, separados através <strong>de</strong> um vale com solos<br />

agrícolas <strong>de</strong> alto valor que se preten<strong>de</strong> manter em activida<strong>de</strong>.<br />

4.2.4 ECOMOBIREAL – Sustainable Mobility for a Low Carbon City<br />

Trata-se <strong>de</strong> um projecto que foi objecto <strong>de</strong> uma candidatura ao QREN, no âmbito do Programa Temático<br />

<strong>de</strong> Valorização do Território, no domínio das Acções Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano.<br />

As opções estratégicas <strong>de</strong>sta operação são quatro.<br />

4.2.4.1 - Partilha do Transporte Individual, com as seguintes acções:<br />

a. Criação da plataforma <strong>de</strong> gestão do Carpooling;<br />

b. Acção <strong>de</strong> sensibilização – Workshops, seminários, folhetos e brochuras;<br />

c. Gestão da plataforma através do Portal da <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong>.<br />

4.2.4.2 - Promoção dos Modos Suaves, com as seguintes acções:<br />

a. Criação <strong>de</strong> percursos acessíveis;<br />

b. Segurança <strong>nas</strong> travessias pedonais;<br />

c. Eliminação <strong>de</strong> barreiras arquitectónicas;<br />

d. Criação e implementação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> bicicletas;<br />

e. Pedibus;<br />

f. Campanhas <strong>de</strong> sensibilização;<br />

g. Concurso <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.<br />

4.2.4.3 - Reforço da Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atracção dos Transportes Públicos, com a acção <strong>de</strong><br />

implementação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> monitorização da exploração dos transportes urbanos e<br />

disponibilização <strong>de</strong> informação em tempo real <strong>nas</strong> paragens mais solicitadas, incluindo instalação<br />

<strong>de</strong> abrigos.


296 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

4.2.4.4 - Gestão da <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong> e Monitorização Ambiental, com as seguintes acções:<br />

a. Criação do Portal da <strong>Mobilida<strong>de</strong></strong>;<br />

b. Instalação <strong>de</strong> quiosques electrónicos <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>;<br />

c. Implementação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> monitorização do tráfego, da qualida<strong>de</strong> do ar e do ruído<br />

no perímetro urbano da cida<strong>de</strong>.<br />

No âmbito <strong>de</strong>sta operação já se encontram em curso algumas acções que estão a ser levadas<br />

a cabo com os parceiros da candidatura, nomeadamente a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trás-os-Montes e<br />

Alto Douro e com o Agrupamento Vertical <strong>de</strong> Escolas Diogo Cão.<br />

Tem-se também efectuado algumas palestras <strong>nas</strong> escolas, tanto para os alunos do ensino<br />

obrigatório como para os <strong>de</strong>nominados cursos EFA (Educação e Formação <strong>de</strong> Adultos).<br />

4.2.5 Gestão do Estacionamento<br />

4.2.5.1 Enquadramento<br />

O estacionamento é hoje consi<strong>de</strong>rado como um instrumento fundamental no contexto da<br />

abordagem da mobilida<strong>de</strong> urbana.<br />

A evolução da taxa <strong>de</strong> motorização, ocorrida a partir da década <strong>de</strong> 80, e o “divórcio” entre<br />

as políticas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento e uso do solo e as políticas <strong>de</strong> transporte estiveram na génese <strong>de</strong><br />

um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocações quotidia<strong>nas</strong> dos cidadãos, baseado no uso intensivo do transporte<br />

individual.<br />

As consequências estão à vista e são sobejamente conhecidas.<br />

O aumento do número <strong>de</strong> automóveis a circular <strong>nas</strong> cida<strong>de</strong>s, associado à impossibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se “fabricar” mais terreno, teve como consequência a invasão do espaço público por parte<br />

daquele meio <strong>de</strong> transporte, com o peão relegado para segundo plano, ficando, por assim dizer,<br />

com os “restos” do espaço público sobrante.<br />

Continua-se a planear e dimensionar as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estacionamento para as cida<strong>de</strong>s<br />

como se o território fosse todo homogéneo, o que é completamente falso. Basta aten<strong>de</strong>r aos dois<br />

exemplos seguintes.<br />

Nas novas zo<strong>nas</strong> <strong>de</strong> expansão urbana é aceitável a adopção <strong>de</strong> capitações <strong>de</strong><br />

estacionamento assentes na aplicação <strong>de</strong> índices mínimos, <strong>de</strong>vido ao facto da mobilida<strong>de</strong><br />

assentar maioritariamente no transporte individual. São zo<strong>nas</strong> que se preten<strong>de</strong>m dinamizar e<br />

<strong>nas</strong> quais o automóvel ainda <strong>de</strong>tém um papel <strong>de</strong>terminante. Nas zo<strong>nas</strong> consolidadas e centrais,<br />

mais ainda nos centros históricos, tal opção é manifestamente contraproducente, para não dizer<br />

incorrecta. Aqui é <strong>de</strong>sejável que se vá mais além e se utilizem também critérios <strong>de</strong> capitação <strong>de</strong><br />

estacionamento baseados em índices máximos, <strong>de</strong> forma a “aliviar” a pressão do automóvel. No<br />

entanto, isto só é válido se existirem no terreno modos <strong>de</strong> transporte alternativos ao transporte<br />

individual, a funcionarem <strong>de</strong> forma eficaz e atraente para os potenciais clientes.<br />

Por tudo isto, há que assumir a inevitabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> introduzir mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão do<br />

estacionamento alternativos aos que vigoram actualmente, que tenham por base o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> zo<strong>nas</strong> reservadas para resi<strong>de</strong>ntes e zo<strong>nas</strong> <strong>de</strong> estacionamento <strong>de</strong> duração limitada para os<br />

restantes tipos <strong>de</strong> utilizadores. Só assim será possível dar resposta às crescentes necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> estacionamento num conjunto <strong>de</strong> vias que não aumenta em idêntica proporção ao número <strong>de</strong><br />

veículos em circulação.


município <strong>de</strong> vila real<br />

297<br />

4.2.5.2 A situação actual<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar a oferta a uma procura, que não pára <strong>de</strong> crescer, e o facto <strong>de</strong><br />

este <strong>de</strong>sequilíbrio gerar situações <strong>de</strong> congestionamento levou a Câmara <strong>Municipal</strong>, em 1991,<br />

a introduzir o regime <strong>de</strong> estacionamento <strong>de</strong> duração limitada em algumas artérias da cida<strong>de</strong>,<br />

principalmente naquelas on<strong>de</strong> a pressão da procura era mais elevada.<br />

Nas zo<strong>nas</strong> pedonais e <strong>nas</strong> artérias abrangidas por esta medida, os resi<strong>de</strong>ntes dispõem <strong>de</strong><br />

algumas facilida<strong>de</strong>s, como sejam:<br />

• um número limitado <strong>de</strong> lugares específicos para resi<strong>de</strong>ntes, isentos <strong>de</strong> qualquer pagamento<br />

durante todo o dia;<br />

• isenção <strong>de</strong> pagamento em qualquer dos restantes lugares concessionados, das 8 às 9,30<br />

horas e das 18 às 19 horas.<br />

Actualmente, existe um parque <strong>de</strong> estacionamento coberto na Praça do Município com uma<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 263 lugares, um parque <strong>de</strong> estacionamento <strong>de</strong>scoberto com capacida<strong>de</strong> para 250<br />

lugares, situado junto ao Hospital <strong>de</strong> Vila Real, dois parques <strong>de</strong> estacionamento em contsrução<br />

junto ao complexo do Seixo, com um total <strong>de</strong> 192 lugares, e 517 lugares distribuídos por diversas<br />

artérias da cida<strong>de</strong>, em regime <strong>de</strong> estacionamento <strong>de</strong> duração limitada.<br />

4.2.6 Terminal rodoviário<br />

No contexto das políticas <strong>de</strong> transporte, acessibilida<strong>de</strong> e mobilida<strong>de</strong> do concelho <strong>de</strong> Vila Real,<br />

está neste momento em construção o futuro Terminal Rodoviário, há muito ansiado pela autarquia.<br />

O concelho é actualmente atravessado por dois eixos rodoviários <strong>de</strong> extrema importância,<br />

integrados na Re<strong>de</strong> Transeuropeia <strong>de</strong> Transportes: a A24 (E801) e o IP4 (E82), futura A4. Para<br />

além <strong>de</strong>sta vantagem, acresce realçar o posicionamento geográfico estratégico da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Vila Real, situada na confluência dos dois eixos rodoviários atrás referidos, o que faz <strong>de</strong>la um<br />

ponto obrigatório <strong>de</strong> passagem e <strong>de</strong> transbordo dos inúmeros serviços regulares, expressos e<br />

internacionais.<br />

figura 12<br />

Mapa referente ao mo<strong>de</strong>lo territorial proposto pelo PNPOT


298 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

Por seu turno, o Programa Nacional da Política <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>namento do Território (PNPOT)<br />

realça e acentua, <strong>de</strong> igual forma, a importância do posicionamento <strong>de</strong> Vila Real no contexto da<br />

consolidação dos gran<strong>de</strong>s corredores rodoviários, como <strong>de</strong>corre da leitura da Figura 12.<br />

A importância que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vila Real <strong>de</strong>tém no contexto das ligações entre serviços<br />

Expresso e <strong>de</strong> Alta Qualida<strong>de</strong> em território nacional está bem expressa <strong>nas</strong> Figuras 13 e 14. que<br />

nos dão a i<strong>de</strong>ia dos percursos dos serviços Expresso e <strong>de</strong> Alta Qualida<strong>de</strong> que escalam Vila Real<br />

e dos seus níveis <strong>de</strong> conexão com as restantes capitais <strong>de</strong> distrito.<br />

Esta evidência não se po<strong>de</strong> dissociar da existência, entre outros, <strong>de</strong> dois gran<strong>de</strong>s equipamentos<br />

públicos: a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trás-os-Montes e Alto Douro e o Hospital <strong>de</strong> Vila Real.<br />

figura 13<br />

Mapa dos percursos e paragens<br />

dos Serviços Expresso.<br />

figura 14<br />

Mapa dos percursos entre capitais <strong>de</strong> distrito<br />

por serviços Expresso e <strong>de</strong> Alta Qualida<strong>de</strong>.<br />

Fonte: IMTT<br />

Fonte: IMTT


município <strong>de</strong> vila real<br />

299<br />

figura 15<br />

Antevisão do futuro edifício do Terminal Rodoviário<br />

figura 16<br />

Enquadramento do local do terminal rodoviário com as vias arteriais


300 movilidad sostenible en ciuda<strong>de</strong>s medias<br />

mobilida<strong>de</strong> sustentável em cida<strong>de</strong>s médias<br />

figura 17<br />

Localização do Terminal Rodoviário<br />

No processo <strong>de</strong> selecção do local do futuro terminal Rodoviário, houve sempre a preocupação<br />

<strong>de</strong> garantir alguns pressupostos consi<strong>de</strong>rados fundamentais e <strong>de</strong>cisivos para o sucesso do<br />

equipamento, nomeadamente o posicionamento face à re<strong>de</strong> viária fundamental da cida<strong>de</strong> e a<br />

proximida<strong>de</strong> a um nó do IP4 e ao centro da cida<strong>de</strong>.<br />

5 Conclusão<br />

Todos os projectos referidos – uns já implementados e outros em fase <strong>de</strong> estudo ou <strong>de</strong> execução<br />

– atestam bem a importância atribuída a estas matérias e a noção <strong>de</strong> como a oferta <strong>de</strong> elevados<br />

níveis <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> são <strong>de</strong>terminantes no contexto da competitivida<strong>de</strong> entre<br />

cida<strong>de</strong>s e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conseguirem atrair e fixar pessoas e empresas.<br />

A concretização <strong>de</strong>stes projectos, a par da afirmação <strong>de</strong> uma política continuada nestes<br />

domínios, será <strong>de</strong>terminante para o aumento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos vilarealenses, para a<br />

melhoria do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atracção <strong>de</strong> quadros qualificados e para o reforço do papel <strong>de</strong> Vila Real<br />

como plataforma turística para todo o Douro e como pilar fundamental no contexto do sistema<br />

urbano da região on<strong>de</strong> está inserida.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!