24.11.2014 Views

notas sobre a transversalidade na pesquisa e no ... - Anpap

notas sobre a transversalidade na pesquisa e no ... - Anpap

notas sobre a transversalidade na pesquisa e no ... - Anpap

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

18º Encontro da Associação Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />

Transversalidades <strong>na</strong>s Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />

Não sei o que ainda é necessário fazer para que as pessoas compreendam<br />

isso – que não estamos aqui faz ape<strong>na</strong>s cinco séculos, mas há uns 15 mil a<strong>no</strong>s.<br />

Há 15 mil a<strong>no</strong>s somos brasileiros; e não sabemos <strong>na</strong>da do Brasil.<br />

Essa afirmação de Mussa tem muitas implicações. Dentre elas, o fato de<br />

que assumir uma perspectiva histórica e cultural de ape<strong>na</strong>s 500 a<strong>no</strong>s seria<br />

reiterar a <strong>no</strong>ssa suposta condição de <strong>no</strong>viços. E <strong>no</strong>viços não ensi<strong>na</strong>m, só<br />

aprendem. Não custa repetir que a revisão tem que ser feita desde o mito – e<br />

aqui falo de “mito” também <strong>no</strong> sentido barthesia<strong>no</strong> –, já que ele está <strong>na</strong> base do<br />

processo civilizatório, percebido pelos “i<strong>no</strong>centes” como processo causal e não<br />

como representação que é.<br />

As expressões peculiares e a diversidade linguística, os ritmos, os<br />

gestos, as cores, os sabores e saberes, os odores, a imensidão das águas e<br />

das florestas, a variedade biológica, a riqueza do solo e a pobreza da gente...<br />

Tudo isso deve dizer muito e, ao mesmo tempo, <strong>na</strong>da disso determi<strong>na</strong> a <strong>no</strong>ssa<br />

identidade de maneira unívoca. A complexidade da cultura brasileira é tamanha<br />

que só os incapazes de perceber a cultura e a sociedade como sistemas em<br />

rede acreditam que as perspectivas alieníge<strong>na</strong>s e extemporâneas dizem tudo,<br />

explicam tudo, concluem tudo. É necessário olharmos para o <strong>no</strong>sso contexto,<br />

verificarmos sua excelência e propor perspectivas diferenciadas. Não daquela<br />

maneira míope e folclórica que quer <strong>no</strong>s fazer crer que basta ser “autóctone” e<br />

“autêntico” para ganhar o selo de intocável e transcendente. O senso critico<br />

tem que ser dirigido não só para o centro, mas também para a periferia. Talvez<br />

assim consigamos fazer evaporar definitivamente <strong>no</strong>sso “complexo de viralatas”<br />

– até porque já se sabe que vira-latas são mais resistentes que os<br />

cani<strong>no</strong>s considerados “puros”.<br />

A dúvida oswaldia<strong>na</strong> – “Tupy or <strong>no</strong>t Tupy” – ainda <strong>no</strong>s interpela e<br />

incomoda em ple<strong>na</strong> contemporaneidade. Talvez o projeto antropofágico de<br />

<strong>no</strong>ssa modernidade ainda não esteja de todo concluído. Penso que, para nós<br />

da área de Arte, ainda é desejável um triplo ato antropofágico: 1) em relações<br />

culturais; 2) em relações científicas; 3) em relações institucio<strong>na</strong>is.<br />

A chamada “grande arte” – seja o que for que isso signifique –, antes de<br />

cruzar fronteiras e mundializar-se, sempre foi paroquial. Só pode ser<br />

cosmopolita quem conhece e ama profundamente a sua aldeia, quem conhece<br />

2012

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!